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Flávio Curbani
Universidade Federal do Espírito Santo
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FLÁVIO CURBANI
VITÓRIA
2004
FLÁVIO CURBANI
VITÓRIA
2004
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
CDU: 628
FLÁVIO CURBANI
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Dr. Neyval Costa Reis Jr.
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientador
______________________________________________________
Profª. Drª. Jane Méri Santos
Universidade Federal do Espírito Santo
Co-Orientadora
______________________________________________________
Prof. Dr. Julio Tomás Aquije Chacaltana
Universidade Federal do Espírito Santo
Examinador Interno
______________________________________________________
Profª. Drª. Angela Ourivio Nieckele
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Examinadora Externa
AGRADECIMENTOS
Albert Einstein
RESUMO
Keywords: air pollution; pollutant dispersion; large eddy simulation; atmospheric turbulence;
building; numerical simulation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Dispersão de contaminantes ao redor de prédios. (a) um prédio cúbico isolado, (b)
um arranjo de vários prédios .................................................................................. 27
Figura 12 – Configuração geométrica do domínio físico estudado por Laatar et al. (2002). ... 75
Figura 20 – Variação de uma variável com o tempo para três diferentes esquemas de avanço
.............................................................................................................................. 103
Figura 28 – Vetores velocidade ao redor do obstáculo no plano central: (a) dados de túnel de
vento (Sada e Sato, 2002), (b) simulação numérica através da LES (Sada e Sato,
2002), (c) simulação numérica através da LES (Presente Estudo). ...................... 130
Figura 34 – Campo médio de velocidades no plano central ao redor do obstáculo. (a) LES –
presente estudo, (b) - (Santos, 2000). ............................................................... 140
Figura 35 - Campo médio de velocidades no plano paralelo e próximo ao solo. (a) LES –
presente estudo, (b) - (Santos, 2000). ............................................................... 141
Figura 36 – Campo de velocidade nas paredes do prédio. (a) LES – presente estudo, (b) -
(Santos, 2000). ...................................................................................................... 143
Figura 37 – Campo de velocidades na secção transversal X=3,5 (centro do prédio). (a) LES –
presente estudo, (b) - (Santos, 2000). ............................................................... 145
Figura 38 – Campo de velocidades na secção transversal X=4,5. (a) LES – presente estudo,
(b) - (Santos, 2000). .......................................................................................... 145
Figura 39 – Campo de velocidades na secção transversal X=6,5. (a) LES – presente estudo,
(b) - (Santos, 2000). .......................................................................................... 146
Figura 40 – Campo de velocidades na secção transversal X=9,5. (a) LES – presente estudo,
(b) - (Santos, 2000). .......................................................................................... 146
Figura 42 – Concentração de contaminantes no plano central. (a) LES – presente estudo, (b)
- (Santos, 2000)................................................................................................. 148
Figura 49 – Concentração de contaminantes nas paredes do prédio. LES – presente estudo 153
Figura A.4 – Vetores velocidade ao redor do obstáculo cúbico no plano central. (a) malha com
menor resolução (443621), (b) malha com resolução média (845440), (c)
malha com maior resolução (1007048). ........................................................... 176
Tabela 1 – Resumo das condições de contorno utilizadas para a solução das equações de
conservação ............................................................................................................ 91
2D Bidimensional
3D Tridimensional
A-D Analógico Digital
ADI Alternating Direction Implicit
ASM Modelo de Algébrico das Tensões de Reynolds
CDS-4 Diferenças Centrais de Quarta Ordem
CFD Dinâmica dos Fluidos Computacional
CLP Camada Limite Planetária
DES Dettached Eddy Simulation
DNS Simulação Numérica Direta
LAN Rede Local de Comunicação
LCAD Laboratório de Computação de Alto Desempenho
LES Simulação das Grandes Escalas
LU Lower and Uper
MIT Massachusetts Institute of Technology
MPI Message Passing Interface
NUMMPA Núcleo de Modelagem Matemática de Processos Atmosféricos
NCV Número Total de Volumes de Controle
PC Computador Pessoal
RAM Memória de Acesso Aleatório
RANS Equações Médias de Reynolds
RNG Renormalized Group
RSM Modelo de Transporte das Tensões de Reynolds
SIMPLE Semi-Implicit Method for Pressure-Linked Equations
SIMPLEC SIMPLE-Consistent
SOR Sobre-Relaxações Sucessivas
TDMA Tridiagonal-Matrix Algorithm
UFES Universidade Federal do Espírito Santo
VC Volume de Controle
LISTA DE SÍMBOLOS
Nota: (*) indica que a unidade para a quantidade depende da dimensão da propriedade .
Símbolos Romanos
A( Pe ) função de interpolação
Símbolos Gregos
concentração [ppm]
concentração média [ppm]
flutuação de concentração [ppm]
concentração adimensional
fator de relaxação SOR
Subscritos
i, j, k índices de direção
P, W, E, S, N, B, T pontos nodais
w, e, s, n, b, t faces dos volumes de controle
nb vizinho
HB altura do prédio
corrente livre
GS Gauss-Seidel
Sobrescritos
~ correção
* valor estimado; valor adimensional
0 instante anterior
k índice da iteração
− média; campo filtrado
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 23
1. INTRODUÇÃO
preocupação crescente em relação aos danos por ela causados, em especial, nos grandes
vários processos que vão desde a emissão, o transporte na atmosfera (dispersão atmosférica) e
de exposição da população que pode ser realizada através de medições em campo. Contudo,
existem casos em que não há a possibilidade de efetuar essas medições, face ao seu elevado
por uma fonte ainda inexistente, como ocorre no caso dos estudos de impacto ambiental,
gestão ambiental, podendo ser utilizados para subsidiar diversas decisões que vão desde o
âmbito local, como o tratamento dos efluentes gasosos de uma fonte potencialmente
provenientes de fontes emissoras sob diferentes regimes de emissão, pode ser utilizada
para essa questão pode ser elaborada com a realização de um inventário das fontes
emissoras associado com a modelagem dos efeitos dessas fontes, de onde podem ser
ar;
episódios críticos de qualidade do ar. Sob esse ponto de vista, os modelos de dispersão
podem ser utilizados para prever os níveis de concentração ao qual uma região estará
solo.
25
largamente utilizados os modelos de pluma gaussiana, que são modelos analíticos capazes de
Assim, muitos estudos têm sido realizados através da utilização de modelos com base nas
BORREGO et al. 2003). A principal motivação é melhorar a acurácia das previsões através de
uma modelagem matemática mais complexa, com um menor número de simplificações. Esses
modelos mais complexos podem ser utilizados, até mesmo, como base para o
ou em laboratório.
CASTRO, 1997; GIAMBANIS et al. 1998; VENKATRAM et al. 2001), diferentes classes de
comportamento das plumas de poluentes na região próxima às edificações. Para ilustrar essa
perturbação causada pelos prédios, a Figura 1 apresenta duas fotografias dos experimentos
redor de um prédio cúbico isolado (Figura 1a) e considerando o arranjo de vários prédios
(Figura 1b). Nessas fotografias pode-se observar a influência dos obstáculos no escoamento
obstáculo dificultam ainda mais a solução que apresenta regiões de intensa recirculação e
Paterson e Apelt (1986), Murakami (1993), Rodi (1997) e Sada e Sato (2002). As abordagens
Os estudos mais recentes apontam que os modelos de turbulência baseados na simulação das
grandes escalas turbulentas (Large Eddy Simulation - LES) têm obtido melhores resultados
que outros modelos, quando comparados aos dados experimentais desta classe de problemas
(MURAKAMI, 1997). Assim, muitos trabalhos têm surgido na literatura empregando a LES
para a simulação do escoamento ao redor de obstáculos, entre outros Murakami (1993), Rodi
(1997), Jiang e Chen (2001) e Lübcke et al.(2001). Todavia, o foco principal destes trabalhos
(a)
(b)
Figura 1 – Dispersão de contaminantes ao redor de prédios. (a) um prédio cúbico isolado, (b) um arranjo de
vários prédios
Fonte: Mavroidis (1997)
(ZHANG et al., 1996; SANTOS, 2000). Até o momento, uma revisão bibliográfica dos
estudos científicos publicados na área, não apresenta nenhum trabalho publicado referente à
28
Essa dissertação de mestrado faz parte de um projeto de pesquisa de longo prazo que objetiva
túnel de vento) e simulações numéricas de outros autores (SADA e SATO, 2002; SANTOS,
empregada.
Esta dissertação está dividida em sete capítulos. Após essa introdução, o capítulo 2 descreve
ferramenta.
O capítulo 5 apresenta uma descrição sucinta do método numérico aplicado para a solução das
A apresentação dos resultados obtidos e sua discussão são apresentadas no capítulo 6. Neste
campo de concentrações obtido através das simulações são apresentados. Por fim, é
em literatura científica.
2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
capítulo está dividido em três seções. A seção 2.1 apresenta uma visão geral sobre o
fenômeno da turbulência, enfatizando os aspectos mais relevantes a este trabalho. A seção 2.2
descreve os principais aspectos da turbulência atmosférica, enquanto que a seção 2.4 descreve
considerado laminar. Por outro lado, se os efeitos viscosos não forem suficientemente fortes
O parâmetro adimensional que mede a importância relativa das forças de inércia em relação
significam que os efeitos da viscosidade são relevantes, e sua influência é forte o suficiente
para suavizar as instabilidades que ocorrem no escoamento. Por outro lado, sob grandes
ul
Re =
(2.1)
suave como se uma camada de fluido deslizasse suavemente sobre a outra, daí o nome
traçador (cor vermelha) sendo transportada no escoamento. Nesta figura são apresentadas as
rotação). É possível observar que durante o regime laminar a linha é transportada sem
Contudo após a transição para o regime turbulento, o traçador passa a ter o seu regime de
transporte alterado pelos vórtices turbulentos formados, que proporcionam uma maior
espaço, tal que podem ser diferenciados estatisticamente de seus valores médios”. Assim,
transiente.
como sendo ui = ui − ui . Além da flutuação é necessária a definição de uma propriedade que
u i .
2
como
disso, quando existe uma direção preferencial, as propriedades não são iguais em todas as
34
Segundo Ferziger e Peric (1999), os movimentos de grandes escala contêm muito mais
energia do que os de pequena escala. O seu tamanho e energia fazem com que essas escalas
sejam responsáveis pelo transporte das propriedades do escoamento. As escalas menores são,
escoamento.
Deve-se ter em mente, que a maior quantidade de energia é gerada nas grandes escalas. Essa
energia é dissipada por efeitos viscosos nas menores escalas. A viscosidade atua na forma de
transformar energia cinética em calor. Por esse motivo o escoamento turbulento é dissipativo,
E(f)
f
Figura 5 – Espectro de energia no escoamento turbulento na camada limite planetária
Fonte: Veidt (1996)
A idéia descrita no parágrafo anterior está baseada na teoria da cascata de energia proposta
vórtices de comprimento l, possuem uma velocidade característica u(l) e uma escala de tempo
(l ) l u(l ) . A região ocupada por um vórtice de grande escala contém, também, vórtices de
para esses vórtices, Re 0 u0 l0 , é suficientemente grande e pode-se dizer que os efeitos
transferem a energia cinética para os vórtices menores, isto é, o sentido do fluxo de energia é
das grandes para as pequenas escalas. Esses vórtices menores, por um processo similar,
(cascata de energia) dos maiores para os menores vórtices continua até que o número de
maior escala. Nessa escala, os vórtices contém a energia da ordem de u 02 e escala de tempo
A teoria da cascata de Richardson descreve o sentido do fluxo de energia das maiores para as
36
menores escalas. Contudo, ainda restam algumas questões a serem respondidas. Qual é o
A primeira hipótese consiste na isotropia das menores escalas. Em geral, os grandes vórtices
ressaltou que, o efeito direcional que ocorre nas grandes escalas é perdido no processo caótico
de transferência de energia das menores escalas para escalas ainda menores. Assim, pode-se
resumir essa hipótese da seguinte forma (POPE, 2000): “Sob um número de Reynolds
estatisticamente isotrópicos.”
comprimento característico, lEI, que separe as escalas entre isotrópica (l<lEI) e anisotrópica
(l>lEI). Considerando que a anisotropia é perdida, quando a energia é passada das maiores
para as menores escalas, Kolmogorov infere que também são perdidas as informações acerca
da geometria (determinada pelas condições de contorno) presente nas grandes escalas. E como
conseqüência, as menores escalas são em geral mais universais do ponto de vista estatístico.
Na cascata de energia, para l<lEI, os dois processos dominantes são a transferência sucessiva
de energia para as menores escalas e a dissipação viscosa. Assim, dois parâmetros importantes
hipótese da similaridade pode ser escrita (POPE, 2000): “Em todo o escoamento turbulento
movimento turbulento (l<lEI) possuem uma forma universal e determinada unicamente pela
faixa, as escalas de tempo são muito pequenas quando comparadas às escalas de tempo das
grandes escalas. Devido a isso, os pequenos vórtices podem se adaptar rapidamente para
manter o equilíbrio dinâmico em relação à taxa transferência de energia imposta pelas grandes
escalas.
definidas de uma única forma. Essas são denominadas escalas de Kolmogorov. As equações
1
3 4
(2.2)
u ( )
1
4
(2.3)
1
2
(2.4)
Observa-se que o número de Reynolds calculado com base nas escalas de Kolmogorov é igual
sucessiva de energia através das escalas ocorre até que o efeito da viscosidade seja suficiente
Considerando que a taxa de dissipação da energia cinética turbulenta, através de uma análise
u3
l
(2.5)
38
3
−
u l
3
4 −
0 0 Re 4
l0
(2.6)
1
−
u l
1
u 4 −
0 0 Re 4
u0
(2.7)
1
−
u0 l0 2 −
1
Re 2
0
(2.8)
Até aqui foram apresentados os conceitos fundamentais sobre a turbulência, suas escalas e o
essa descrição são utilizados os modelos de turbulência que são o foco das próximas seções
desse capítulo, onde serão descritos os modelos matemáticos para a descrição dos efeitos da
turbulência.
estabilidade atmosférica neutra (vide seção 2.3), são governados pelas equações de
Essas equações, na sua forma completa e considerando o fluido Newtoniano são escritas
como:
39
Equação da Continuidade
( U i )
+ =0
t xi
I II
(2.9)
Equação da Conservação da Quantidade de Movimento
U i (U i U j ) ij
+ = + g i
t
x
j
x j IV
I III
II
(2.10)
onde
2 U
ij = 2 S ij − p + k
ij
3 x k
(2.11)
e:
1 U i U j
S ij = +
2 x j x i
(2.12)
Equação da Conservação da Espécie Química
( ) ( U i )
+ = Dm +
t x
i x i
IV
x i
I II III
(2.13)
gravitacional [Lt-2], ij é o tensor das tensões (pressão e tensões viscosas) [mL-1t-2], ij é
termo de fonte de massa da espécie química [mt-1L-3]. Com as dimensões escritas como segue:
[m] massa, [L] comprimento e [t] tempo. A vazão da fonte é muito pequena em relação ao
movimento linear e fração de massa de uma espécie química. As equações 2.9 a 2.13 são a
(2.9) podem ser assim interpretados: I é a taxa de variação de massa no interior do volume de
Newton aplicada a uma partícula infinitesimal de fluido. Os termos da equação 2.10 possuem
dos termos da equação 2.13 são: I representa a taxa de variação da massa da espécie química
química (termo difusivo) e IV representa o termo de fonte, podendo ser interpretado como
equações de conservação, como escritas acima, são válidas para a solução do escoamento em
regime laminar ou turbulento. Contudo, como será apresentado nas próximas seções, a
solução numérica utilizando diretamente as equações como descritas acima exige uma
41
discretização de altíssima resolução no tempo e espaço, o que torna essa prática inaplicável a
• Simulação Numérica Direta (DNS): a DNS calcula diretamente a partir das equações
Nas seções que seguem, são descritos em linhas gerais, os modelos mais utilizados em cada
solução exata das equações diferenciais de conservação, exceto pelos erros de aproximação do
mais simples entendimento e aplicação para a modelagem da turbulência. Contudo, o seu uso
Pope (2000), apresenta o tempo necessário em dias para se obter a solução de um escoamento
1 Gflops.
3
10 3 N 3 S T Re
T= 9
10 60 60 24 800
(2.14)
passos no tempo. Uma vez que as escalas de Kolmogorov podem ser escritas em função do
tempo podem ser avaliados em função do número de Re. Assim, uma estimativa da ordem de
processamento igual a 1,95×106 dias ou 5.342 anos. O computador com a maior capacidade
2003 do site www.top500.org que relaciona os computadores com mais alto desempenho no
Portanto, o uso da DNS para solução de escoamentos turbulentos na atmosfera ainda não é
43
factível do ponto de vista prático. O uso da DNS ainda está restrito a escoamentos com
geometrias simples e a baixos números de Reynolds. Assim, outras técnicas para descrever a
envolvidas, na forma de valores médios e suas flutuações (equação 2.15), nas equações de
(RANS). De forma análoga, esse tratamento estatístico também foi estendido às outras
equações de conservação.
= +
= 0
(2.15)
onde representa uma variável genérica, como, por exemplo, a velocidade ou a concentração
Após a substituição de todas as variáveis nas equações de conservação pelos seus valores
Teoricamente, esse intervalo de tempo deve ser infinito. Contudo, t é apenas grande o
suficiente para que exceda as escalas de tempo das variações de mais baixa freqüência
idênticos que é denominada média das repetições (ensemble average) (STULL, 2001).
Equação da Continuidade
U i
=0
xi
(2.16)
U i ( ) =
(U i U j ) uiu j 2 U k
+ + − p + ij + 2S ij + g i
t xi xi xi 3 xk
(2.17)
onde
1 U i U j
S ij = +
2 x j xi
e
2 U k
− p + ij + 2 S ij = ijlam − uiu j = ijturb
3 x k
( U i ) ( u i ) Dm
+ + = +
t xi xi xi xi
(2.18)
onde:
Dm
= i ,lam − u i = i ,turb
xi
( turb
ij )
, i ,turb são conhecidos como fluxos turbulentos. O fluxo turbulento da equação da
reduzido ao cálculo do tensor das tensões de Reynolds e dos outros fluxos turbulentos.
isto é, existem mais variáveis do que equações. As equações para todas as quantidades físicas
principais como velocidade e concentração médias são definidas, mas não existem equações
para os fluxos turbulentos. Dessa forma, é necessário definir equações adicionais para a
modelagem da turbulência. Para fazer com que a descrição matemática da turbulência seja um
desconhecidos, de segunda ordem, são aproximados através de valores calculados através das
segunda ordem, surgem termos desconhecidos de terceira ordem que são aproximados através
dos valores calculados nas equações de primeira e segunda ordem, o fechamento é dito de
segunda ordem.
Existem várias formas de modelar os termos que surgem da integração proposta pelas
equações médias de Reynolds. De uma maneira geral, existem aproximações baseadas nos
atualmente a mais utilizada (RODI, 1984), foi introduzida em 1877 por Boussinesq, que
definiu o conceito de viscosidade turbulenta, representando cada uma das tensões de Reynolds
De acordo com a analogia de Boussinesq, o tensor de Reynolds pode ser calculado como
2 U k
ijturb = − + t ij + 2 t S ij
3 x k
( )
(2.19)
= 12 u´2 + v´2 + w´2
(2.20)
complexidade. Esses modelos podem ser categorizados em modelos algébricos (sem equação
diferencial adicional); modelos com uma equação diferencial adicional e modelos com duas
U 0 l
t =
RT
(2.21)
desenvolvido por Prandtl (1925), sendo conhecido como hipótese do comprimento de mistura
de Prandtl. Baseado na teoria cinética dos gases, o modelo de Prandtl assume que a
seu cálculo.
t = Cl
(2.22)
t = C l
(2.23)
Considerando que a maior parte da energia cinética turbulenta está contida nos movimentos
de grandes escalas e que l é o comprimento das escalas que interagem com o escoamento
médio, é coerente concluir que existe uma conexão entre o escoamento médio e o
U
= cl
y
(2.24)
U
t = l m2
y
49
(2.25)
=c
(2.26)
comprimento de mistura, a viscosidade turbulenta pode ser expressa pela equação abaixo.
t = c l m
(2.27)
Para utilizar a equação 2.27, a energia cinética turbulenta precisa ser conhecida ou estimada.
Kolmogorov e Prandtl sugeriram a solução através da adição de mais uma equação diferencial
de conservação para a energia cinética turbulenta. Por isso, esse modelo é denominado
D P
(U j ) u j u j p
2
U i u i u i
+ = u i + + 2 − u iu j −
t x j xj 2 x j x j x j x j
(2.28)
gradiente da energia cinética turbulenta, os fluxos turbulentos podem ser modelados de acordo
(U j ) t
+ = + −
t x j x j x j
(2.29)
com
U i t U i U j U i
= −u iu j = +
x j x j xi x
j
(2.30)
u i u i
=
x j x j
(2.31)
onde é uma constante empírica, P é a produção de energia cinética turbulenta por tensão
O parâmetro deve ser modelado. Usando uma análise dimensional, é possível escrever a
32
dissipação da energia cinética como sendo: = C D onde CD é uma constante empírica.
lm
Como descrito em Santos (2000), existem vários modelos com duas equações diferenciais
51
encontrados na literatura, por exemplo, o modelo q-w onde q é a raiz quadrada da energia
tempo. Contudo o modelo mais popular é o modelo -, onde é a energia cinética turbulenta
u3 32
l l
(2.32)
O crédito ao desenvolvimento do modelo - deve ser dado ao trabalho desenvolvido por
Jones e Launder (1972), após isso as constantes do modelo foram aprimoradas por Launder e
Sharma (1974). Ao longo dos anos diversos estudos têm sido apresentados no sentido de
ampliar a generalidade e acurácia desta classe de modelos, entre outros Yakhot e Orzag
C 2
t =
(2.33)
a mesma já descrita para o modelo de uma equação diferencial (equação 2.29). O termo
dissipação da energia cinética turbulenta é calculado com a adição de mais uma equação
(U j ) t 2
+ = + (C1 + C3G ) − C 2
t x j x j x j
(2.34)
Segundo Murakami (1993), o modelo -, em geral, não consegue boa representação para a
correções têm sido propostas para estender a sua generalidade (KATO e LAUNDER, 1993).
Nos modelos das tensões de Reynolds, são resolvidos os termos das tensões de Reynolds
através da inserção de uma equação diferencial de transporte para as tensões. Portanto, nessa
classe de modelos a hipótese da viscosidade turbulenta não é requerida. Uma vez que as
dá em segunda ordem.
Du iu j u iu j
+Uk = Dij + Pij + ij − ij
Dt x k
(2.35)
onde Dij é o termo de transporte difusivo das tensões de Reynolds, sendo escrito da seguinte
53
forma:
uiu j 1
Dij =
xk
uiu j u k +
xk
+
(
p jk ui + p ik u j )
(2.36)
U i U j
Pij = − u j u k − u iu k
x x
k k
(2.37)
O termo ij é o termo devido à pressão, escrito como segue:
p u i u j
ij = +
x j xi
(2.38)
E ij é o termo de dissipação da energia cinética, escrito a seguir.
u i u j
ij = 2
x k x k
(2.39)
Considerando que o tensor de Reynolds é simétrico, a equação 2.35 implica na solução de seis
equações diferenciais parciais, uma equação para cada um dos componentes independentes do
tensor de Reynolds. Além disso, existem termos desconhecidos nas equações de Dij, ij, e ij
tensões de Reynolds. A aproximação consiste em assumir que a soma dos termos convectivos
e difusivos das tensões de Reynolds é proporcional à soma dos termos difusivos e convectivos
algébrico das tensões de Reynolds pode ser expresso, conforme apresentado abaixo:
2
u iu j = ij +
CD ij − 2 ij
3 3
C1 − 1 +
(2.40)
onde CD é uma constante empírica. As seis equações algébricas para o tensor das tensões de
resolvidas simultaneamente, uma vez que seus valores são requeridos para o cálculo algébrico
demais modelos baseados nas médias de Reynolds. Contudo deve-se observar que os custos
serem resolvidas. O modelo algébrico das tensões de Reynolds (ASM), embora mais
econômico possui sérias restrições para a solução de escoamentos onde a consideração feita
1995)
realizada nas equações médias de Reynolds (RANS) são abandonadas. Ao invés disso, um
forma transiente. A Figura 6 ilustra, de forma esquemática a forma de solução como proposta
55
pela LES em comparação com a DNS. A parte esquerda representa o escoamento turbulento
diretamente por meio da DNS e LES. Como descrito, a DNS calcula diretamente todas as
LES
Simulação Modelagem
direta + de submalha
DNS
u
DNS
LES
t
(a) (b)
Figura 6 – Representação esquemática do escoamento (a) e série temporal da velocidade em um ponto (b)
Fonte: Ferziger e Peric (1999)
a DNS.
escalas são resolvidas diretamente com a incorporação dos efeitos das pequenas
2000). Com o passar dos anos a LES têm sido utilizada com sucesso por muitos outros
autores para aplicações em escoamentos turbulentos, dentre outros Murakami (1993), Rodi
O modelo de turbulência LES foi escolhido para a descrição dos efeitos da turbulência nesse
forças de empuxo, devido à sua interação com a superfície da Terra e devido aos escoamentos
tensões de cisalhamento e forças de empuxo são limitadas a uma camada fina da troposfera
conhecida como Camada Limite Planetária (CLP) ou camada de fricção (Figura 7).
Imediatamente acima da camada limite planetária, está localizada a camada geostrófica, onde
57
A altura da CLP não é constante, e varia dentro de uma faixa e depende da taxa do fluxo de
localização geográfica.
escoamentos na atmosfera é 106, o que indica que a escala de tempo dos fenômenos
moleculares é 106 vezes maior do que a escala de tempo do escoamento médio. Assim, os
efeitos da viscosidade molecular são muito pequenos para suavizar as perturbações, e como
Troposfera
104 m
Nuvens
Superfície
102 m
Rugosidade
101 m
espectro da turbulência é definido como sendo a intensidade desses vórtices nas diferentes
Vórtices de pequena escala possuem menores períodos de tempo do que os vórtices de grande
escala (STULL, 2001). Os picos no espectro apresentam quais os comprimentos de escala que
mais contribuem para o incremento dos níveis de energia cinética turbulenta. O maior pico, à
associadas, por exemplo, à passagem de uma frente fria, essas escalas maiores são
denominadas escalas sinóticas e em geral estão relacionadas aos fenômenos de larga escala
temperatura, aumento durante o dia e diminuição durante a noite. O último pico, mais à
outros.
Na Figura 8, pode ser observada a região denominada lacuna espectral (spectral gap). Essa
turbulência na atmosfera necessita de uma fonte de geração para se manter. Como relatado
Por outro lado, para caracterizar a turbulência dominada por empuxo, é necessário o
perfil real de temperatura com o perfil adiabático (-0,98 ºC/100 m). Considere uma partícula
de ar seco que ascende verticalmente devido à interação com os vórtices turbulentos sem que
perfil adiabático, a mesma permanecerá em equilíbrio com a vizinhança, pois não será afetada
por forças de empuxo, ou seja, estará numa condição de equilíbrio indiferente denominada
empuxo se somam ao movimento vertical. Nessa situação, a parcela de ar está numa condição
atmosférica instável. E por fim, se a partícula de ar possui uma temperatura menor que a
inibido, essa é denominada condição atmosférica estável. Assim, a condição instável facilita a
turbulentas (Figura 8) e estão situados em uma pequena faixa da CLP, próxima ao solo nas
imediações dos prédios, e além disso a atmosfera foi considerada em condição neutra. Assim,
nessa dissertação não foram estudados os efeitos da estratificação vertical térmica e, portanto
61
prédio atua impedindo a passagem livre do escoamento. Além disso, paredes sólidas são
fluido.
Figura 9 – Representação esquemática do escoamento ao redor de um prédio cúbico – vista do plano central
Fonte: Adaptado de Murakami (1993)
face frontal do prédio existe um ponto formado pela divisão do escoamento denominado
prédio.
um vórtice primário é desenvolvido ao redor das laterais do prédio por efeito de convecção.
Esse vórtice, conhecido como vórtice da ferradura (horseshoe vortex) induz à formação de
No teto e laterais do prédio ocorrem regiões de fluxo reverso onde o escoamento tem sentido
parede vai a zero, e o escoamento passa a se movimentar todo no mesmo sentido. Esse ponto
teto e laterais do prédio e após o prédio em toda a linha de recolamento. Essa linha define a
cavidade de recirculação, formada após o prédio desde a parede posterior. Segundo Peterka et
b
A
r = h
b
1 + B h
(2.41)
recebem os valores: A=1,75 e B=0,25. Quando o recolamento não ocorre, os valores são:
prédio é função apenas da sua razão de aspecto. Segundo Wilson (1979), para que o
recolamento ocorra a seguinte condição deve ser atendida, l 0,9 R , onde R é definido
2 1
R = BS 3 B L 3
(2.42)
onde BS e BL são, respectivamente, o maior e o menor valor entre a largura e altura do prédio.
Obviamente, para um prédio cúbico R=l, portanto, para prédios cúbicos a condição de
Após passar pelo prédio, o escoamento requer algum tempo para recuperar as características
perturbações causadas pelo prédio. A região mais afastada do prédio, onde ainda persistem
alguns efeitos das perturbações é denominada esteira turbulenta (far wake), quando
comparada à região do perfil de vento incidente, possui menor velocidade média e maior
intensidade de turbulência.
com as estruturas de fluxo indicadas. Nesta figura podem ser vistas, a região do vento
incidente, as zonas de fluxo reverso no teto e laterais do prédio, as linhas de separação no teto
capturada pela região do escoamento afetada pelo prédio. A Figura 11 apresenta uma
devido ao fluxo reverso na região de recirculação e são rapidamente misturados devido a alta
importante papel na dispersão dos contaminantes na região da esteira turbulenta (wake). Essa
a velocidade média na direção principal possui valores inferiores às do escoamento isento das
contaminantes nessa região tendem a ser mais elevados quando comparados aos níveis de
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 11 – Representação da dispersão de contaminantes ao redor de um prédio isolado, sob diversas
configurações da posição de lançamento. (a) fonte de emissão posicionada na parede posterior do prédio, (b)
fonte de emissão posicionada à montante do prédio, (c) fonte posicionada no teto do prédio, (d) fonte
posicionada em alturas maiores que o prédio
Fonte: Meroney (1982).
próximas ao solo, devido ao vórtice da ferradura. Por outro lado, plumas lançadas de fontes
isso a pluma é afetada pelo vórtice da ferradura e pela parte superior do escoamento incidente,
separado na parede frontal, fazendo com que parte da pluma seja transportada por sobre o teto
do prédio.
A Figura 11c apresenta uma fonte de emissão situada no teto do obstáculo. Os contaminantes
lançados do teto do prédio seguem o fluxo reverso que ocorre no teto. A pluma de
maiores do que a altura do prédio. Para o caso de fontes localizadas a alturas maiores que o
estudo da dispersão de poluentes através da técnica LES. Com a implementação da LES existe
ou mesmo modelos de turbulência baseados em RANS. A melhoria dos resultados deve ser
3. REVISÃO DA LITERATURA
Um dos primeiros trabalhos sobre escoamentos ao redor de obstáculos foi realizado por
apresentados mostraram boa concordância com os dados de pressão medidos ao longo das
superfícies não afetadas pela recirculação do escoamento. Contudo, não foram geradas
Puttock e Hunt (1979) apresentaram um dos primeiros estudos para modelar a dispersão ao
similar à utilizada por Parkinson e Jandali (1970), isto é, o escoamento foi descrito como
investigadas.
Os estudos citados, até aqui, descreveram o escoamento ao redor de obstáculos com muitas
valores do número de Reynolds. Essas hipóteses são “muito fortes” para descrever o
regime turbulento.
Nos últimos vinte anos, os avanços na tecnologia dos computadores, tornaram viável a
solução completa das equações de conservação, e uma maior quantidade de trabalhos foi
utilizando o modelo -. As equações foram resolvidas através do método numérico dos
O estudo descrito no parágrafo anterior trata a turbulência do ponto de vista das equações
médias de Reynolds (RANS) utilizando o modelo -. A grande diferença entre a LES e os
modelos baseados em RANS é que a LES modela apenas as pequenas escalas, enquanto as
escoamento. Os menores vórtices, por outro lado são universais (KOLMOGOROV, 1941).
Portanto, as grandes escalas são altamente anisotrópicas enquanto as pequenas escalas são
quase isotrópicas. Sendo isotrópicas e universais, as pequenas escalas são muito mais fáceis
O trabalho realizado por Murakami et al. (1987), é um dos primeiros estudos do escoamento
tridimensional ao redor de um cubo por meio da LES. Esses autores usaram a LES, para obter
Como conclusões, Murakami et al. (1987) destacaram que (1) a LES apresenta um grande
potencial para a descrição do escoamento ao redor de prédios; (2) a constante CS exerce uma
experimentais, mas um significante aumento destes valores foi verificado ao serem utilizadas
71
a condição de contorno periódica no solo e teto do domínio e o valor igual a 0,1 para a
constante CS.
Kot (1989) apresentou uma revisão de literatura sobre as várias formas de modelagem da
conservação da espécie química para o cálculo das concentrações seria a extensão lógica do
uso do modelo de turbulência -, utilizado para descrever o escoamento ao redor do prédio.
Uma alternativa para a substituição do modelo - seria o uso da simulação de grandes
escalas (LES). Contudo, o autor comenta que o uso da LES ainda é restrito devido à
Murakami et al. (1992) realizaram a solução dos campos de pressão e velocidade e das forças
provocadas pela ação do vento na superfície e no entorno de um prédio. Nesse estudo foram
utilizados os modelos de turbulência -, modelo algébrico das tensões de Reynolds (ASM) e
a simulação de grandes escalas (LES). A acurácia das soluções foi estudada através da
comparados com os dados experimentais, foram obtidos pelo modelo LES. Em segundo
momento, a LES foi utilizada para a simulação do escoamento na forma bidimensional (2D) e
tridimensional (3D). Foi confirmado que os resultados obtidos com 3D concordaram com os
os estudos dos escoamentos por meio de simulações numéricas. Alguns estudos foram
possuem níveis não representativos de transporte viscoso e turbulento, são os que têm
contorno.
ordem, que são mais estáveis. Contudo, esses esquemas de menor ordem introduzem erros
numéricos na solução. Leschziner aponta que, de uma maneira geral, existe uma tendência de
substanciais e altos custos computacionais. Existe uma contínua ênfase em torno do uso da
tipo -, ASM e LES. Murakami apresentou a comparação entre o campo de velocidades,
Frank (1996) utilizou um código computacional com base em LES para modelar escoamentos
experimentais. Contudo, foram comparados apenas resultados com base nos campos de
Rodi (1997) apresentou uma comparação entre os modelos LES e RANS para prever o
resultados para a configuração RANS foram obtidos com a utilização de várias versões do
modelo - e com o modelo algébrico das tensões de Reynolds (ASM). Em geral, resultados
significativamente melhores foram obtidos com a utilização da LES. Além disso, observou-se
que a LES com modelo de submalha Smagorinsky superestimou a energia total de flutuação
- com alteração na função de parede, como modelo de turbulência. Os dados obtidos
através das simulações foram comparados e validados através de dados de túnel de vento e de
campo. O estudo confirmou que as correções sugeridas por Kato e Launder (1993) para o
investigados e verificou-se uma forte influência dos valores dessas constantes sobre a energia
cinética turbulenta. Santos ressalta que, as constantes turbulentas do modelo - não são
através da LES. Segundo a autora, o uso da LES deve propiciar a obtenção de melhores
resultados, com o aumento da generalidade. Contudo, ficou ressaltado que o uso da LES para
contorno.
Um dos primeiros trabalhos disponíveis na literatura científica, reportando o uso da LES para
por Laatar et al. (2002). Foi estudado o escoamento e o campo de concentração de poluentes
em uma estrada coberta, tendo os veículos como fontes emissoras. Foi utilizado o método de
turbulência foi resolvida por meio do modelo LES dinâmico. Considerou-se a via fechada em
apenas uma das laterais, e foram simuladas duas condições de vento, a barlavento e a
Figura 12 – Configuração geométrica do domínio físico estudado por Laatar et al. (2002).
Fonte: Laatar et al. (2002).
Outras técnicas de simulação têm sido desenvolvidas para o estudo do escoamento ao redor de
simulação da turbulência utilizando a técnica dettached eddy simulation (DES) sugerem que
essa técnica será capaz de substituir a simulação de grandes escalas (LES) na próxima década.
mesma qualidade que a LES, enquanto os modelos RANS forneceram apenas uma pobre
técnica dos volumes finitos, sobre o escoamento turbulento ao redor de dois prédios paralelos
turbulência: -, renormalized group-- (RNG--), realizable-- (SHIH et al., 1995), LES
1989). Os resultados das simulações foram comparados aos resultados experimentais obtidos
em túnel de vento por Murakami e Mochida (1988). Observou-se que o modelo que melhor
resultados experimentais e o modelo LES também foi muito boa. Na segunda parte do
trabalho foram apresentadas simulações ao redor dos prédios paralelos, utilizando apenas o
LES, as concentrações e o escoamento ao redor de um prédio cúbico foi realizado por Sada e
LES para descrever a turbulência, com esquema QUICK (LEONARD, 1979) de interpolação
calculadas através de números aleatórios tendo como base dos dados médios de intensidade de
processamento dos computadores, aliado ao refinamento dos modelos, faz da dinâmica dos
fluidos computacional (CFD) uma poderosa ferramenta, para o estudo dos fenômenos de
escoamento e dispersão na atmosfera, e sob essa ótica, muitos outros estudos estão sendo
atmosfera.
78
4. MODELAGEM MATEMÁTICA
descrito o modelo de turbulência utilizado, são relatados os motivos que nortearam a escolha
conservação na sua forma final (equações filtradas) e as condições de contorno utilizadas para
Considerando que uma simulação baseada em DNS ainda não é factível, devido a sérias
restrições computacionais, uma outra opção deve ser selecionada, entre os modelos
a Figura 13. De acordo com a Figura 13, a DNS resolve diretamente todas as escalas do
integral. Essa característica dos modelos LES é o grande atrativo do uso dessa técnica na
modelagem da turbulência.
partindo de um valor dentro da faixa inercial até a escala integral enquanto que os modelos
RANS modelam todo o espectro. Essa observação pode ser vista nas Figura 14 e 15.
proposta por Kolmogorov corroboram com a idéia de que a LES proporciona melhores
resultados quando comparada a modelos RANS. Existe uma forte expectativa na obtenção de
um modelo mais generalista com o uso da LES. Essa é a principal idéia apresentada em
turbulência.
É importante destacar que, por se tratar de uma solução transiente, a simulação das grandes
RANS. Como exemplo dessa exigência computacional, foi notado por Rodi (1997), que
mesmo computador, com processador vetorial, são aproximadamente 640 vezes mais
Além das considerações acerca da isotropia das menores escalas, o modelo LES, por ser
resolvido de forma transiente, possibilita a obtenção das séries temporais das variáveis
escoamento, também por meio da análise do espectro, é mais um fator positivo para a escolha
do modelo LES para descrição da turbulência, permitindo uma análise mais aprofundada dos
das grandes escalas, o modelo LES foi escolhido para a solução do escoamento e dispersão de
Como descrito, na LES não são utilizados os conceitos de média no tempo como nos modelos
RANS. Mas é utilizado um processo de filtragem no espaço, para a separação das escalas
entre resolvidas diretamente e escalas residuais que são modeladas através de um modelo de
submalha. Nesta seção são apresentados o filtro aplicado às equações originais e o modelo de
submalha utilizado neste estudo. Além disso, a forma final das equações de conservação, após
Como descrito anteriormente, na simulação das grandes escalas um filtro é aplicado para a
separação das escalas que serão resolvidas diretamente ( U ) as escalas de submalha que serão
U ( x , t ) = U ( x , t ) + u ( x , t )
(4.1)
82
Uma definição geral da operação de filtragem foi introduzida por Leonard (1974) através da
seguinte operação:
U ( x, t ) = G( x − x, t − t , x, t )U ( x, t )dxdt
D
(4.2)
onde a integração é realizada sobre todo o domínio (D) e a função filtro (G), deve satisfazer a
condição de conservação.
G( x − x, t − t , x, t )dxdt = 1
D
(4.3)
Deve-se ressaltar que, a equação 4.1 acima é análoga à decomposição proposta por Reynolds.
Contudo, u ( x , t ) 0. Outras duas propriedades importantes do filtro são a propriedade da
+ = +
(4.4)
u u
=
x x
(4.5)
A função filtro utilizada nesse estudo é função filtro de corte no espaço físico. Existem, outras
funções filtro muito utilizadas como o filtro de corte no espaço de Fourier e o filtro gaussiano.
utilizado no método dos volumes finitos, desde que, no interior do volume de discretização, as
A definição do filtro de corte no espaço físico, também conhecido como top-hat no espaço
3 1 1
se xi − xi i
2
G ( x , x ) = i =1 i
0 se x − x 1
i i
2
i
(4.6)
1987).
Contudo, nesse estudo são consideradas duas hipóteses simplificadoras para a solução do
1. O fluido é considerado como incompressível, isto é, a massa específica não varia com
2. Foi considerada apenas a classe de estabilidade atmosférica neutra. Dessa forma, não
reescritas:
84
Equação da Continuidade
U i
=0
xi
(4.7)
Equação da Conservação da Quantidade de Movimento
U i (U i U j ) 1 ij
+ = +gi
t xj xj
(4.8)
onde
2 U
ij = 2 S ij − p + k
ij
3 x k
(4.9)
e:
1 U i U j
S ij = +
2 x j x i
(4.10)
Equação da Conservação da Espécie Química
(U i )
+ = Dm +
t xi xi xi
(4.11)
onde xi [L] são as coordenas cartesianas, com a orientação conforme o referencial adotado
(Figura 16) onde x1 representa a direção coordenada principal do escoamento representada por
componente da velocidade na direção i [Lt-1], onde U1=U, U2=V e U3=W. p é a pressão [mL-
gravitacional [Lt-2], ij é o tensor das tensões (pressão e tensões viscosas) [mL-1t-2], ij é
contaminante no fluido [L2t-1], ij é o tensor das tensões (pressão e tensões viscosas) [mL-1t-2],
Sij é o tensor deformação [s-1] e M é o termo de fonte de massa da espécie química [mt-1L-3].
85
Com as dimensões escritas como segue: [m] massa, [L] comprimento e [t] tempo.
U i
=0
xi
(4.12)
U i U iU j 1 p U i
+ =− + + gi
t x j xi x j x j
(4.13)
Neste ponto surge a dificuldade de representação dos termos não lineares ( U iU j ), que se
Assim o termo U iU j pode ser escrito da forma como apresentado na equação 4.14.
U iU j = U iU j + uiU j + U i u j + uiu j
I II III
(4.14)
onde I é dependente das grandes escalas e em tese calculável, II é o tensor cruzado (Cij) e III é
o tensor análogo ao tensor das tensões de Reynolds (Rij). Os componentes das escalas
residuais ( u i ) não são calculadas diretamente, e portanto, precisam ser modeladas. Deardorff
4.14). Embora, possa ser calculado diretamente a partir das escalas resolvidas, esse termo é
obtido através da filtragem do produto de duas variáveis. Com o objetivo de não incrementar
( )
tensor de Leonard, Lij = U iU j − U iU j . Daí pôde-se então, reescrever a equação 4.14 da
forma como:
(4.15)
U i U iU j 1 p U ijS
+ =− + i
+ + gi
t x j xi x j x j
(4.16)
onde S
ij
é o tensor análogo ao de Reynolds de submalha definido como:
S
ij
( )
= U iU j − U iU j = Lij + C ij + Rij .
Como apresentado na equação 4.14 existem termos que são resolvidos diretamente ( U ),
enquanto que os termos residuais na forma que compõe o tensor das tensões de Reynolds são
turbulenta.
87
1
S − kkS ij = −2 t S ij
ij
3
(4.17)
efeitos das pequenas escalas. Neste estudo foi utilizado o modelo de Smagorinsky para o
cálculo da viscosidade turbulenta. Esse modelo foi proposto em Smagorinsky (1963), sendo
até os dias de hoje o mais difundido entre a comunidade científica. O modelo de Smagorinsky
cinética turbulenta. Considerando que o corte entre as escalas resolvidas e modeladas se situe
na faixa inercial do espectro de energia, pode-se assumir que a produção de energia por
− ijS S ij = ij
(4.18)
Considerando ijS = −2 t S ij , a expressão acima pode ser reescrita como 2 t S ij S ij = ij . Com
base numa análise dimensional, a viscosidade turbulenta pode ser escrita como (MURAKAMI
et al., 1987):
vt = (C S ) 4 3 ij
13
(4.19)
t = (C S )2 2S ij S ij
(4.20)
próximo à parede (TUTAR e OGUZ, 2002). Para remediar esse problema, nesse estudo foi
utilizada uma modificação conforme proposta por Lilly (1966). A expressão para o cálculo da
t = LS 2 2S ij S ij
(4.21)
equação 4.22.
LS = min (kd, C S )
(4.22)
parede, para as regiões afastadas o modelo é igual ao modelo de Smagorinsky na sua forma
original. Esta metodologia têm sido amplamente utilizada na literatura, entre outros Tutar e
determinar o valor da constante CS foi desenvolvida por Germano et al. (1991). O modelo
modelagem dinâmica propõe que a constante CS seja calculada dinamicamente, tendo como
submalha, entre outros, Rodi (1997), Breuer (1998) e Chindambaram (1998). Contudo, neste
trabalho por se tratar de um estudo inicial no uso da LES, optou-se pela utilização inicial do
dinâmico.
Nas seções 4.2.2 e 4.2.3 foram apresentadas as equações de conservação na forma filtrada e o
modelo de submalha a ser utilizado nesse estudo. Porém, antes de escrever as equações de
conservação foi escrita da forma supracitada. Essa consideração foi sugerida por Jones e
Launder (1972) para melhorar as predições dos escoamentos na camada viscosa adjacente à
parede.
Assim, com base nas equações fundamentais, no modelo de turbulência escolhido e nas
de conservação na forma final (filtradas) que foram utilizadas como base para a solução
Equação da Continuidade
U i
=0
xi
(4.23)
Equação da Conservação da Quantidade de Movimento
(
U i U iU j
+
) ef
U i U j p
- + gi
x j xi
= +
t xj xi
(4.24)
Equação da Conservação da Espécie Química
+
( )
U i
=
ef
+
t xi xi Sc xi
(4.25)
Uma vez definido o referencial adotado e a forma final das equações de conservação, resta
definir as condições de contorno para a solução das equações. Foram consideradas duas
primeira em túnel de vento, conforme proposto por Sada e Sato (2002) e a segunda condição
para escoamento na atmosfera com classe de estabilidade neutra, conforme estudado por
Mavroidis (1997). Assim, nesse capítulo são apresentadas as condições de contorno de uma
forma geral. A diferença nas condições de contorno entre a primeira e segunda simulação está
Tabela 1 – Resumo das condições de contorno utilizadas para a solução das equações de conservação
U V W
Velocidade = = =0
x x x
Saída
Concentração =0
x
U W
Velocidade =V = =0
y y
Laterais
Concentração =0
y
Velocidade U =V =W = 0
Solo
Concentração =0
z
U V
Velocidade = =W = 0
z z
Topo
Concentração =0
z
Velocidade U =V =W = 0
Paredes do Prédio
Concentração = 0 , n é a direção normal à parede.
n
inseridas com base na geração aleatória de valores em torno de um perfil vertical médio, a
No solo, os componentes da velocidade são considerados nulos, assim como o fluxo de massa
componentes da velocidade são nulas. Além disso, o fluxo de massa é considerado nulo,
nulas.
adimensionais.
xi
i =
Hb
(4.26)
tU
t = Hb
Hb
(4.27)
ef
* =
(4.28)
Ui
Ui =
U Hb
(4.29)
p
P=
U Hb
2
(4.30)
U Hb H 2
* = b
Q
(4.31)
93
Equação da Continuidade
Ui
=0
i
(4.32)
Equação da Conservação da Quantidade de Movimento
(
Ui U i U j ) Uj U 1
+ = + i − P +
i j Fr
t j i Re
(4.33)
Equação da Conservação da Espécie Química
Ui
+
(=
)
t i i Sc i
(4.34)
Tabela 2 – Resumo das condições de contorno para as equações de conservação na forma adimensional
U V W
Velocidade = = =0
Saída
Concentração =0
X
U W
Velocidade =V= =0
Y Y
Laterais
Concentração =0
Y
Velocidade U= V = W =0
Solo
Concentração =0
Z
U V
Velocidade = =W =0
Z Z
Topo
Concentração =0
Z
Velocidade U= V = W =0
Paredes do Prédio
Concentração = 0 , n é a direção normal à parede.
n
95
5. MÉTODO NUMÉRICO
Neste capítulo, são apresentadas as técnicas aplicadas para a solução numérica das equações
paralelo, descrita de maneira sucinta nesse capítulo. Por fim, é apresentado o fluxograma de
O método numérico utilizado para a solução das equações diferenciais parciais governantes é
o método dos volumes finitos, que é baseado na técnica das diferenças finitas com formulação
t+t). Este procedimento gera um conjunto de equações algébricas a ser resolvido por um
96
algoritmo de solução de sistemas lineares. Uma descrição completa do método dos volumes
finitos é apresentada por Patankar (1980) e Versteeg e Malalasekera (1995). Neste estudo, o
método dos volumes finitos e os métodos auxiliares que possibilitaram a solução do problema
volume de controle
z
x
Figura 17 – Representação da discretização do domínio computacional através da técnica dos volumes finitos
Fonte: Adaptado de Santos (2000)
As equações apresentadas no capítulo 4 podem ser escritas na forma de uma equação geral de
( ) (U i )
+
xi xi
= +S
t xi
(5.1)
equação.
Conforme citado anteriormente, o método dos volumes finitos consiste na divisão do domínio
longo desse volume de controle. Essa integração ao longo do volume de controle implica no
97
variáveis escalares, como pressão e concentração, têm seus valores calculados nos pontos
nodais (P) e os componentes da velocidade tem os seus valores calculados nas faces dos
volumes de controle.
Na Figura 18, são apresentadas as vistas em duas dimensões de um volume de controle típico.
Os pontos nodais principais são representados por letras maiúsculas e as faces do volume de
utilizadas para definir as localizações em relação ao ponto nodal do volume de controle (VC)
de interesse.
N N
n n
w b
W P E B P T
y
y
U e W t
V s V s
S S
x z
y y
x z
A configuração de malha deslocada foi utilizada para evitar os campos de pressão oscilatórios
t + t
( ) t + t
(U i ) t + t
t + t
VC
t
t
dtdV +
t
VC x i
dVdt =
t
VC x i
x i
dVdt + t VCSdVdt
(5.2)
( )
t + t t + t
J i t + t
(5.3)
onde Ji é o fluxo total, que representa a soma do fluxo convectivo e fluxo difusivo.
J i = U i +
xi
(5.4)
Para a realização dessa integração numérica dois esquemas são necessários: (1) O esquema de
O esquema de avanço no tempo para a evolução da solução transiente requerida pela LES.
law (PATANKAR, 1980). O esquema descreve a variação de entre dois pontos adjacentes
transporte convectivo (Fk) e difusivo (Dk) através das faces do volume de controle. A
Fk U k xk
Pe = =
Dk k
(5.5)
100
Fk = U k Ak
(5.6)
A
Dk = k k
xk
(5.7)
1 − 0,5 Pe se Pe 2
A( Pe ) =
0, (1 − 0,1 Pe )
5
se Pe 2
(5.8)
quando o número de Peclet é maior do que dois ( Pe 2 ), essa é uma condição geralmente
Na equação 5.3 quando o valor absoluto número de Peclet é menor ou igual a 2, o esquema de
law quando o valor absoluto do número de Peclet é maior ou igual a 10, o transporte
convectivo predomina entre os dois pontos adjacentes e o transporte por difusão é igual a
101
zero. Se o valor absoluto do número de Peclet é menor que 10, o transporte é realizado por
Deve-se ressaltar que foi utilizada uma malha não uniforme para a discretização, garantindo
uma distribuição de pontos mais refinada nas vizinhanças do obstáculo, fonte de emissão e
superfície sólida. Assim, é esperado que o esquema híbrido represente uma solução como o
método das diferenças centrais nas regiões de malha mais refinada. Enquanto que nas regiões
mais afastadas do obstáculo este método seja reduzido ao power-law evitando as oscilações
Para avaliar as integrais no tempo t até t+t da equação 5.3 é necessário avaliar o perfil de
variação de cada termo com o tempo. O esquema Crank-Nicolson de avanço no tempo foi
Para apresentar a idéia proposta pelo esquema Crank-Nicolson, foi considerada a equação
( ) J x J y J z
+ + + =S
t x y z
(5.9)
(PATANKAR, 1980).
102
tempo.
t n e t + t
( ) t + t t n e
J t + t t n e J
t + t t n e
J t + t t n e
+ z dxdydzdt = S dxdydzdt
t b s w z t b s w
(5.10)
A ordem das integrações é escolhida de acordo com a natureza do termo a ser integrado.
Assumindo que o valor de no ponto nodal prevalece ao longo de todo o volume de controle
segue a integração.
t t t
(5.11)
sobrescrito.
abaixo.
t + t
P
dt = f P + (1 − f ) P0 t
t
(5.12)
Figura 20 – Variação de uma variável com o tempo para três diferentes esquemas de avanço
Fonte: Adaptado de Patankar (1980)
O esquema explícito assume que o valor do tempo t ( P0 ) prevalece através do passo de tempo
tempo. Assim, a variável durante o passo de tempo é caracterizada pelo novo valor P . O
esquema de Crank-Nicolson assume uma variação linear de P , isto é, o esquema assume que
J i (t ) + J i (t + t )
J i (t + 12 t ) =
2
(5.13)
(t2), enquanto os esquemas explícito e totalmente implícito possuem erro de primeira ordem.
Devido a maior acurácia, o esquema Crank-Nicolson foi selecionado para a integração das
equações no tempo.
104
Combinado com a consideração de que os fluxos de transporte são uniformes nas faces do
algébrica 5.14.
a P P =
1
2
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
a E E + a E0 E0 + aW W + aW0 W0 + a S S + a S0 S0 + a N N + a N0 N0 + a B B + a B0 B0 +
( ) 1
( )
+ aT T + aT0T0 + a P0 − a E0 − aW0 − a S0 − a N0 − a B0 − aT0 P0 + b
2
(5.14)
onde:
a E = De A( Pe ) + − Fe ,0
aW = Dw A( Pe ) + + Fw ,0
a S = Ds A( Pe ) + + Fs ,0
a N = Dn A( Pe ) + − Fn ,0
a B = Db A( Pe ) + + Fb ,0
aT = Dt A( Pe ) + − Ft ,0
S C + S P P0
b = V
2
V
aP0 = c
t
aP =
1
(aE + aW + aS + aW + aB + aT ) + aP0 − 1 S P V
2 2
(5.15)
A equação 5.6 representa um balanço entre os fluxos que entram e saem e do termo fonte em
a influência da convecção e difusão em cada uma das faces do volume de controle, em termos
avaliados no instante t + t .
como qualquer variável genérica . Contudo, as velocidades são calculadas nas faces do
volume de controle original (Figura 19), devido a utilização da malha deslocada para o
de cálculo. Os termos convectivos das equações contêm quantidades não lineares, isto é, os
um método para calcular essa variável é necessário. Esses problemas são resolvidos com a
RAITHBY, 1984).
(1984), implica na utilização de uma técnica de solução iterativa, com a solução seqüencial
representada como:
a wU w = anbU nb + S + Aw ( pW − p P )
(5.16)
onde a U nb
nb é o somatório dos coeficientes dos volumes de controle vizinhos,
de pressão que atua como uma fonte de quantidade de movimento. Entretanto o campo de
pressões não é conhecido, e precisa ser determinado junto com o campo de velocidades.
A pressão verdadeira é definida como a somatória entre a pressão estimada (p*) e uma
correção de pressão ( ~p ).
p = p + ~
p
(5.17)
~
Similarmente, pode ser definida uma correção de velocidade ( U ), que representa a resposta
~
U w = U w + U w
(5.18)
(
a wU w* = a nbU w* + s + Aw pW − p P* )
(5.19)
~ ~
awU w = anbU nb + Aw ( ~ pP )
pW − ~
(5.20)
~
O termo a nb U w é subtraído em ambos os lados da equação obtendo:
(a − a )U
w nb
~
w
~
( ~
)
= anb U nb − U w + Aw ( ~ pP )
pW − ~
(5.21)
~ ~
Assumindo que as correções da velocidade U nb e U w possuem a mesma ordem de grandeza o
termo a nb (U~ nb
~
−U w ) é desprezado obtendo a equação 5.22 (VAN DOORMAL E
RAITHBY, 1984).
U w = U w + d w ( ~ pP )
pW − ~
(5.22)
onde:
Aw
dw =
a w − a nb
(5.23)
solução.
U w = U w + d w ( ~ pP )
pW − ~ U e = U e + d e ( ~ pE )
pP − ~
Vs = Vs + d s ( ~ pP )
pS − ~ Vn = Vn + d n ( ~ pN )
pP − ~
Wb = Wb + d b ( ~ pP )
pB − ~ Wt = Wt + d t ( ~ pT )
pP − ~
(5.24)
onde:
Aw Ae
dw = de =
a w − anbu ae − anbu
As An
ds = dn =
as − anbv an − anbv
Ab At
db = dt =
ab − anbw at − anbw
(5.25)
onde anbu , a nbv e a nbw correspondem aos coeficientes vizinhos referentes as equações para u, v e
campo de pressão suposto e das correções de pressão. Todavia, é necessário estabelecer uma
(U yz ) − (U yz ) + (V xz ) − (V xz ) + (W xy ) − (W yx ) = 0
e w n s t b
(5.26)
= (dyz ) ~
p + (dyz ) ~
e E
p + (dxz ) ~
w W
p + (dxz ) ~
n pN s S
+ (dxy ) ~
p + (dxy ) ~
t T
p +F −F +F −F +F −F
b B e
*
w
*
n
*
s
*
t
*
b
*
(5.27)
onde Fe* , Fw* , Fn* , Fs* , Fb* , Ft * são os valores dos fluxos de massa através das faces do
aP ~
p P=a E ~
p E+aW ~
pW+aS ~
p S+a N ~
p N+a B ~
p B+aT ~
pT+b
(5.28)
onde
a E = e d e Ae
aS = s d s As
aW = wd w Aw
a N = n d n An
a B = b d b Ab
aT = t d t At
aP=aE+aW+aN+aS+aB+aT
b = − Fw + Fe − Fs + Fn − Fb + Ft
(5.29)
De uma forma geral o algoritmo SIMPLEC pode ser resumido através dos seguintes passos
w ;
110
correspondentes;
seja obtida.
onde A, é a matriz dos coeficientes, é a matriz das incógnitas e D é a matriz dos termos
independentes.
Contudo, a maior parte dos valores dos coeficientes nas equações do sistema linear são nulos.
Devido a isso, métodos iterativos como TDMA, Gauss-Seidel, SOR ou ADI são preferidos
em relação aos métodos diretos como eliminação gaussiana ou decomposição LU. Essa
valores diferentes de zero na matriz dos coeficientes. Como conseqüência, são mais
econômicos em termos de uso de memória dos computadores, do que os métodos diretos que
Para a solução do sistema de equações lineares foi utilizado o método das sobre-relaxações
O método SOR consiste na solução obtida com algum método iterativo de solução visando
acelerar a convergência.
(5.30)
caso pelo método Gauss-Seidel, o índice k representa a iteração corrente e i indica o ponto a
ser resolvido. Um fator maior que 1 indica uma sobre-relaxação e um fator menor que 1
apresentada a seguir.
Di − i j Aij jk − i j Aij jk −1
=
i
k
Aii
(5.31)
O processo de solução iterativa foi executado até que dois critérios de convergência fossem
de massa. Calculado em função do máximo resíduo do fluxo de massa entre todos os volumes
de controle do domínio. O valor desse critério foi arbitrado em 0,01 % do fluxo de massa
correção de pressão (b), quando as velocidades satisfazem a condição imposta pela equação
iterativo é finalizado.
sistema linear, e consiste nos resíduos, R(), para todas as equações de transporte. Os valores
uma nova iteração, o resíduo é calculado, quando a variação dos valores de ou dos
coeficientes for suficientemente pequena entre uma iteração e outra, o valor de R() tende
para zero.
velocidade oscilando em torno de zero), o valor de R() tende a diminuir mais rapidamente, e
fisicamente realista. Para contornar esse inconveniente, o resíduo foi normalizado (equação
5.33). O procedimento de solução é continuado até que o valor do resíduo médio normalizado
113
1 NCV
R( )
a 10 −4
NCV m =1 E E , aW W , a N N , a S S , a B B , a D D , a P P , b
(5.33)
onde NCV é o número total de volumes de controle do domínio e [a, b, c, ...] retorna o maior
Devido à alta exigência de recursos computacionais, o código LES foi desenvolvido para uso
algoritmo desenvolvido por Nascimento et al. (2003). A seguir, é apresentada uma síntese da
(2003).
computacional foi desenvolvido para uso em clusters de PC’s, que representa uma moderna
permitem que elevados níveis de desempenho à apenas uma fração do custo financeiro dos
processador pode acessar qualquer posição da memória num tempo igualmente rápido. Por
outro lado, em sistemas com memória distribuída, cada processador possui sua própria
memória, e pode acessar uma posição de memória localizada em outro processador somente
conexão, que pode ser rápida em supercomputadores maciçamente paralelos (como o Cray
T3E e T3D) ou relativamente lenta para o caso de clusters de PC’s, onde a conexão entre os
processadores é efetuada usando a tecnologia de rede local (LAN). Além disso, uma vez que
as memórias dos processadores não estão diretamente ligadas, cabe ao programador controlar
mesmo código computacional é executado por todos os processadores. A Figura 21a apresenta
diferentes processadores. Entretanto, para computar o valor das variáveis em cada volume de
(a) (b)
Figura 21 – Representação esquemática do domínio computacional (a) e a divisão do domínio em 16
subdomínios (b)
Fonte: Nascimento et al. (2003)
principais: (1) divisão do domínio computacional; (2) execução das operações em cada
processador, sobre seu próprio conjunto de dados; (3) comunicação dos dados entre os
processadores, porém não tenta obter uma divisão que minimize a comunicação entre
processadores, isto é, uma divisão que possua o menor número de volume de controle nas
domínios com interfaces longas que podem ser reduzidas pela aplicação recursiva e alternada
da direção com o maior número de pontos. Então, uma nova bissecção é aplicada em cada
continuamente.
Após a divisão do domínio em blocos, as operações sobre cada bloco são efetuadas em
116
paralelo por cada processador para condições de contorno que podem ser físicas ou internas
adicional buffer é alocado para armazenar uma cópia dos dados da região fronteira do
Quando os dados relativos as variáveis de cada vizinho são recebidos por um processador,
inicia-se a execução de uma iteração sobre seu conjunto de dados, usando um algoritmo
seqüencial. Tão logo o processador complete as instruções, os novos valores das variáveis nos
pontos do contorno são enviados para os blocos vizinhos e o processador aguarda os valores
das variáveis dos blocos vizinhos para computar uma nova iteração.
Figura 22 – Domínio Computacional dividido em 4 subdomínios, indicando o buffer de cada subdomínio a ser
atualizado com dados enviados pelos vizinhos.
Fonte: Abboud et al. (2003)
117
computacional utilizado neste estudo. Na próxima seção são apresentadas as operações que
Finalizando este capítulo e apresentado uma visão geral sobre o método numérico é
As caixas com contorno tracejado são operações apenas do processamento paralelo, e dizem
comuns aos dois modos de execução. É importante destacar, que o cálculo e comunicação da
viscosidade turbulenta são executados a cada novo cálculo dos coeficientes para os
componentes da velocidade ( U , V e W ).
Nesse item, é importante ressaltar que o código computacional para a solução tridimensional
versão foi desenvolvida para a execução em modo serial. Essa versão foi adaptada partindo do
código computacional desenvolvido por Santos (2000) que se trata da versão tridimensional
utilizando o modelo de turbulência -. A segunda versão do programa foi desenvolvida para
operacional LINUX. Essa versão foi adaptada a partir do código computacional desenvolvido
por Nascimento et al. (2003), que utiliza o programa MPI (Message Passing Interface) para a
solução.
119
Início
Gerar malha
Não
Convergência?
Sim
Calcular coeficientes para
Não t t final ?
Sim
Fim
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos através das simulações numéricas
realizadas com a utilização do código computacional desenvolvido durante este estudo que
está dividido em duas seções. A primeira seção trata da análise de acurácia da simulação
numérica são comparados com os dados experimentais obtidos por Mavroidis (1997), em
experimentos de campo e em túnel de vento. Além disso, os resultados obtidos são ainda
comparados com a simulação numérica realizada por Santos (2000), que utilizou o modelo -
de um obstáculo cúbico similar à estudada por Sada e Sato (2002) foi simulada. Conforme
121
túnel de vento e as simulações efetuadas por Sada e Sato, respectivamente. A seção 6.1.3
seção 6.1.4 apresenta a comparação dos dados, numéricos e experimentais, apresentados por
Sada e Sato (2002) com os resultados obtidos pelo algoritmo desenvolvido neste trabalho.
Sada e Sato (2002) realizaram os experimentos em túnel de vento a fim de permitir sua
comprimento. Neste túnel foi simulado o desenvolvimento de uma camada limite turbulenta
com uma velocidade de corrente livre ( U ) igual a 2,0 m/s (mesmo valor foi utilizado na
cúbico de altura igual a 0,2 m (Hb=0,2 m) foi localizado a 4 m da entrada da seção de teste do
e etileno foi lançada de uma chaminé como sendo o contaminante traçador. Amostras de gás
pela TECHNICA Co. Ltda. As amostras foram tomadas através de um tubo capilar de 0,25
0,002 s e o tempo total de média foi de 40 s, perfazendo um total de 20.000 registros em cada
onde podem ser vistos os elementos principais que compõe a instrumentação necessária para
Câmara de Amostragem
Direção do
Escoamento
Sistema de Transporte
Tubo de Amostragem
Sinal de Saída
z
Computador
x
C2H4 Ar H2 Ar
CS=0,15, e banda do filtro () calculada em função das dimensões da malha. O domínio
computacional utilizado pelos autores possui dimensões x=12,5Hb, y=5Hb e z=5Hb. Com base
nas dimensões do domínio, os autores utilizaram uma malha de 344.500 pontos divididos 100,
emissora foi localizada a 1,5Hb à montante do centro do obstáculo, a altura da fonte é igual a
altura do obstáculo. O sistema de coordenadas cartesianas teve sua origem arbitrada na base
computacional utilizado.
Figura 25 – Representação esquemática do domínio computacional utilizado por Sada e Sato (2002)
valores das flutuações foram geradas através de números aleatórios ao redor das médias. As
fronteiras horizontais do domínio foram tratadas com a condição de contorno periódica. Nas
fronteiras laterais e na fronteira de saída foi considerada a condição de derivada nula. No solo
e nas paredes do obstáculo, o perfil de velocidades foi ajustado para obedecer a uma função
logarítmica (lei da parede). Foram utilizados dois diferentes esquemas de interpolação: Antes
obstáculo, foi utilizado o esquema de interpolação QUICK (LEONARD, 1979), para prevenir
livre ( U ) igual a 2,0 m/s. Os autores utilizaram um filtro de corte no espaço físico, com a
As concentrações calculadas por Sada e Sato foram obtidas por duas diferentes formas de
124
Schmidt (Sc) igual a 0,5. Além da solução da equação da conservação da espécie química, os
autores utilizaram um modelo do tipo puff, na região próxima a fonte emissora. O modelo do
tipo puff, que consiste no tratamento da pluma como se fosse um corpo integrado por várias
concentração, apresentadas por Sada e Sato, foram obtidos através de um modelo híbrido
modelo puff foi utilizado até o centro do obstáculo, deste ponto diante foi utilizado o modelo
próximo à fonte emissora. Segundo os autores, isto foi causado pela representação da pequena
próximo à fonte. Os autores não detalham as condições iniciais e de contorno utilizadas para
as concentrações.
idênticas àquelas utilizadas por Sada e Sato (2002). Os efeitos da turbulência foram
apresentado na seção 4.1.2) com CS=0,15. Este modelo proposto por Lilly acarreta em uma
provocaram diferença significativa nos resultados obtidos, tanto em termos de média, quanto
(336.000 volumes de controle). A solução com a malha 100×70×48 não pode ser considerada
ainda independente em relação ao tamanho da malha e testes com malha ainda mais refinada
são necessários. Apesar deste fato, a malha de 100×70×48 foi selecionada para gerar os
necessário. Uma discussão sobre o teste de malha seus resultados e os efeitos sobre a solução
é apresentada no APÊNDICE A.
obstáculo é igual a 0,2 m, o centro do obstáculo foi localizado a 3,5Hb da entrada do domínio,
a fonte emissora foi localizada a 1,5Hb à montante do centro do obstáculo, a altura da fonte é
igual a altura do obstáculo. Nesse caso, a região entre a parede posterior do obstáculo e a
fronteira de saída do domínio possui comprimento igual 8Hb. A Figura 26 apresenta uma
sugerido por Santos (2000), que estudou o escoamento e dispersão ao redor de prédios
apresentadas na seção 4.3. Em relação às condições de contorno duas diferenças são notadas
entre o presente estudo e o estudo de Sada e Sato (2002). Estes autores utilizaram a condição
de contorno periódica nas fronteiras horizontais, no presente estudo foi utilizada a condição
de derivada nula para todas as variáveis, exceto para a componente do vetor velocidade
normal ao plano da fronteira, que foi considerada nula. No estudo de Sada e Sato (2002), as
condições de contorno nas superfícies sólidas foram inseridas através de uma função
logarítmica para o perfil vertical da velocidade. Nesse estudo, estas condições foram inseridas
na entrada do domínio. Entretanto, o trabalho de Sada e Sato (2002) não apresenta tais
importante notar que os perfis exibidos na cor vermelha na Figura 27 representam uma
127
simulação efetuada por Sada e Sato sem a presença do obstáculo, somente com o objetivo de
5 5 5 5
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
0 0.5 1 1.5 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0 0.05 0.1 0.15 0.2
U/U Hb u2 U Hb v2 U Hb w2 U Hb
Sada e Sato (2002) Presente estudo
consideradas nulas, na entrada do domínio, a condição de entrada para a velocidade foi gerada
com base em números aleatórios em torno da média. Essa geração foi feita com base nos
perfis de velocidade média e intensidade de flutuação, exibidos na cor azul na Figura 27. A
função para a geração das velocidades aleatórias na fronteira de entrada é descrita pela
equação 6.1.
U i = U i − ui + Ai ui
2 2
2
(6.1)
onde é uma constante ajustada para manter as propriedades da média e desvio padrão da
série temporal, nesse estudo utilizou-se o valor =1,75, Ai é um número entre 0 e 1 gerado
É fácil verificar que a equação acima atende aos critérios de geração das propriedades
estatísticas de média e desvio padrão da série temporal. Entretanto, o tratamento proposto não
estendeu até o tempo adimensional ( t ) igual a 200, o período necessário para o fenômeno
estudado atingir o regime permanente (intervalo entre 0 e 100) foi desconsiderado para a
das propriedades estatísticas. Um tempo de média igual a 100 t foi utilizado para a
Nesta seção, são apresentados os principais resultados obtidos neste estudo, para a
comparação com os dados experimentais e numéricos obtidos por Sada e Sato (2002). Os
vertical central na direção principal do escoamento, dos perfis verticais de velocidade média
escoamento. São apresentados os dados obtidos em túnel de vento (Figura 28a) e os dados da
simulação numérica (Figura 28b), ambos gerados por Sada e Sato (2002) e os resultados da
simulação numérica desenvolvidos neste estudo (Figura 28c). É importante notar que as
129
Figuras 28a e 28b de Sada e Sato (2002), e não incluem as escalas utilizadas para os vetores
Observa-se que os resultados da simulação numérica realizada por Sada e Sato (2002),
tiveram concordância satisfatória com os dados obtidos em túnel de vento. Pode-se observar
recirculação. Segundo Murakami (apud SADA e SATO, 2002), as simulações através da LES,
vento.
satisfatoriamente, do que os resultados apresentados por Sada e Sato (2002). Pode-se observar
evidencia essa formação. Contudo, o recolamento no teto do obstáculo não foi obtido, o que
A diferença mais significativa entre a presente simulação e os dados obtidos por Sada e Sato
(a)
(b)
(c)
Figura 28 – Vetores velocidade ao redor do obstáculo no plano central: (a) dados de túnel de vento (Sada e Sato,
2002), (b) simulação numérica através da LES (Sada e Sato, 2002), (c) simulação numérica através da LES
(Presente Estudo).
Esse comportamento da cavidade de recirculação pode ser visto também na Figura 29, que
secções X=0, 1,5; 2,5; 3,5 (X=0 é a posição da fonte). Observa-se uma boa concordância dos
resultados da presente simulação em relação aos resultados experimentais nas secções 0 e 1,5.
Contudo as secções 2,5 e 3,5 não apresentaram a mesma concordância. A secção X=2,5 está
negativas na região próxima ao solo. A secção X=3,5, segundo os resultados apresentados por
Sada e Sato (2002), já se encontra fora da cavidade de recirculação. No presente estudo, essa
secção ainda se encontra dentro da cavidade de recirculação, como pode ser visto pela
5 5 5 5
x/Hb=0 x/Hb=1,5 x/Hb=2,5 x/Hb=3,5
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
-0.5 0 0.5 1 1.5 -0.5 0 0.5 1 1.5 -0.5 0 0.5 1 1.5 -0.5 0 0.5 1 1.5
U/U Hb U/U Hb U/U Hb U/U Hb
Túnel de Vento (Sada e Sato, 2002) LES (Sada e Sato, 2002) LES (Presente Estudo)
Figura 29 – Perfil vertical da velocidade média na direção principal do escoamento em quatro secções do
domínio computacional
concentração média ao longo das secções X=1,5, 2,5; 3,5; 5,0 (X=1,5 é o centro do
obstáculo).
5 5 5 5
x/Hb=1,5 x/Hb=2,5 x/Hb=3,5 x/Hb=5,0
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
0 5 10 15 0 2 4 6 0 1 2 3 4 0 0.5 1 1.5 2 2.5
Túnel de Vento (Sada e Sato, 2002) LES (Sada e Sato, 2002) LES (Presente Estudo)
Figura 30 – Perfil vertical da concentração média de contaminante em quatro secções do domínio computacional
132
domínio, obtidos através do presente estudo apresentam a mesma ordem de grandeza que os
resultados experimentais apresentados por Sada e Sato (2002). Observando com mais detalhe
presente estudo. O presente estudo previu a altura da pluma ligeiramente mais elevada, em
torno de 0,25Hb acima da altura prevista por Sada e Sato. Esse comportamento se deve à
discordância entre os campos de velocidades obtidos nos dois estudos, devido à não
Por fim, são apresentados nas Figuras 31, 32 e 33, respectivamente, os perfis de intensidade
Sada e Sato (2002) tiveram boa concordância com os resultados obtidos em túnel de vento. Os
5 5 5 5
x/Hb=0 x/Hb=1,5 x/Hb=2,5 x/Hb=3,5
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3
Túnel de Vento (Sada e Sato, 2002) LES (Sada e Sato, 2002) LES (Presente Estudo)
Figura 31 – Perfil vertical da intensidade de flutuação da componente transversal do vetor velocidade em quatro
secções do domínio computacional
133
5 5 5 5
x/Hb=0 x/Hb=1,5 x/Hb=2,5 x/Hb=3,5
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3
w2 U Hb w U Hb
2
w U Hb
2
w2 U Hb
Túnel de Vento (Sada e Sato, 2002) LES (Sada e Sato, 2002) LES (Presente Estudo)
Figura 32 – Perfil vertical da intensidade de flutuação da componente vertical do vetor velocidade em quatro
secções do domínio computacional
5 5 5 5
x/Hb=1,5 x/Hb=2,5 x/Hb=3,5 x/Hb=5,0
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
0 4 8 12 16 0 1.5 3 4.5 6 0 0.75 1.5 2.25 3 0 0.4 0.8 1.2 1.6
U Hb
2
U Hb
2
U Hb
2
U Hb
2
Túnel de Vento (Sada e Sato, 2002) LES (Sada e Sato, 2002) LES (Presente Estudo)
notado nas seções X=0 e 1,5, respectivamente, posição da fonte e no centro do obstáculo.
possível observar que em todas as seções, as intensidades de flutuação próximas ao solo e teto
do obstáculo calculadas no presente estudo são muito menores (partindo de zero) do que as
predição do recolamento das linhas de corrente no teto do prédio. Este fator altera,
apresentados não é simples, visto que muitos fatores influenciam e interagem dinamicamente
entre si para a obtenção da solução numérica. A seguir são apresentados quatro fatores
(Pe) com valor absoluto maior que dois, devido ao pequeno valor da viscosidade.
Considerando isso, o esquema de interpolação utilizado foi o esquema power-law, com ordem
de erro de truncamento (x), principalmente nas regiões mais afastadas do obstáculo, onde o
primeira ordem são fortemente dissipativos. Moin e Kravchenko (1998) relatam que em
simulações através da LES, uma larga faixa do espectro da turbulência é fortemente afetada
discretização das equações governantes. Segundo os autores, os erros tendem a serem mais
truncamento dos métodos de interpolação pode ser significativamente maior que os efeitos
das menores escalas turbulentas representadas pelo modelo de submalha. Assim os efeitos da
135
podem, até mesmo, impossibilitar a solução coerente dos efeitos da turbulência por meio da
modelagem de submalha. Os autores relatam, que os efeitos dos erros de truncamento nas
escalas de submalha são reduzidos com a utilização de esquemas de ordem superior e também
Condição de contorno nas paredes: foi considerada a condição de não deslizamento, isto é,
nas Figuras 31, 32 e 33, as intensidades de flutuação apresentadas pelo presente estudo
sempre partem do valor zero e são mais amortecidas na região próxima à parede sólida do que
os resultados apresentados por Sada e Sato (2002). A consideração de velocidade nula, sem
inadequada das tensões de Reynolds, visto que na região próxima às paredes os valores das
tanto as simulações de Sada e Sato (2002), quanto a de Murakami (1993) utilizaram perfis
Reynolds. Contudo, como descrito no parágrafo anterior, esse tratamento também não se
região após o obstáculo (4,75Hb), foi o menor encontrado em toda a literatura investigada,
velocidades não sofre alterações entre duas secções subseqüentes. Essa imposição em uma
região próxima ao prédio pode acarretar em uma restrição muito forte e alterar o padrão do
pode ter o seu comprimento diminuído para se adaptar à forte restrição imposta pela condição
de contorno na saída. Santos (2000) recomenda um comprimento maior que 8Hb. Neste
trabalho é utilizado o modelo - modificado por Kato e Launder (1993) para simular o
resultados numéricos indicam que até uma distância superior a 7Hb ainda existe uma
Sada e Sato (2002) não só apresentaram o menor comprimento de domínio após o obstáculo,
a montante da entrada do domínio é uma tarefa difícil, se o escoamento não é conhecido e não
de entrada pode introduzir fontes de erro. Neste estudo foi utilizada uma técnica de
equação reproduz as propriedades estatísticas da série temporal no ponto, mas, não consegue
turbulência são perdidas e as informações acerca da flutuação são diluídas pelo escoamento.
Portanto, observa-se que nas secções anteriores ao prédio, mais influenciadas pela condição
137
que nas secções após o prédio os valores de intensidade de flutuação, embora amortecidos,
Cúbico Isolado
são comparados aos resultados obtidos pela simulação realizada por Santos (2000), e por fim
(Hb) igual a 1,15 m, com perfil de velocidade incidente igual definido pela equação 6.2.
u z
U= ln
k z0
(6.2)
fricção igual a 0,37 m/s, k é a constante de Von Kármán igual a 0,4187, z é a altura em relação
equação acima, a velocidade na altura do prédio é igual a 4,57 m/s, com um número de
A condição na fronteira de entrada foi tratada da mesma forma como apresentada na seção 6.1
(Equação 6.1). Os valores das intensidades de flutuação foram considerados iguais nas três
6.3.
139
2
ui 2 =
3
(6.3)
constante do modelo -, neste caso utilizada com valor igual a 0,09, conforme proposto por
No caso estudado, a fonte emissora está localizada a uma distância 2Hb à montante do centro
do prédio e a altura da fonte é igual a 0,575 m (0,5Hb). Para a simulação desse problema foi
utilizada uma malha computacional com 362.880 pontos (1087840). O tempo total de
cluster LINUX possuem a seguinte configuração: processador AMD ATHLON XP-1,8 GHz
por simulação numérica com a utilização da simulação das grandes escalas (presente estudo,
Figura 34a) e através da utilização do modelo - modificado por Kato e Launder (1993)
médios de velocidade obtidos no plano paralelo e próximo ao solo obtidos no presente estudo
1.5
1
Z
0.5
0
2 3 4 5 6 7 8 9
(a)
2
1.5
1
Z
0.5
0
2 3 4 5 6 7 8 9
X
(b)
Figura 34 – Campo médio de velocidades no plano central ao redor do obstáculo. (a) LES – presente estudo, (b)
- (Santos, 2000).
Nas Figuras 34 e 35 é possível observar que escoamento incide sobre a parede frontal do
movimento nas direções vertical e lateral. Em ambos os casos, são visíveis a formação do
seção 6.1. A formação da recirculação obtida neste estudo, não é tão nítida quanto a
141
apresentado por Santos (2000) e se prolonga por um maior comprimento igual a 3,96Hb
enquanto que o comprimento da recirculação apresentado por Santos (2000) foi de 2,17Hb.
1.5
0.5
Y
-0.5
-1
-1.5
-2
2 3 4 5 6 7 8 9 (a)
1.5
0.5
Y
-0.5
-1
-1.5
-2
2 3 4 5 6 7 8 9
X
(b)
Figura 35 - Campo médio de velocidades no plano paralelo e próximo ao solo. (a) LES – presente estudo, (b) -
(Santos, 2000).
na equação empírica (Equação 2.41) proposta por Hosker (apud FACKRELL, 1984, p.105).
142
seria Lr=3,9Hb. Assim, o valor obtido no presente estudo, apresenta boa concordância com o
valor dado pela equação de Hosker para o caso de não ocorrência do recolamento. Contudo,
pela expressão de Wilson (1979), o recolamento sempre deverá ocorrer para prédios cúbicos.
A Figura 36 apresenta o campo médio de velocidades nas paredes do prédio. Obtidos por
Santos e neste trabalho. Na parede frontal, não são observadas diferenças relevantes entre a
presente simulação e a simulação utilizando o modelo -, são pequenas. A literatura aponta a
2 3
altura da estagnação (ponto 1 nas Figuras 36a e 36b) entre 3 Hb e 4 H b (PETERKA et al.,
1985). É possível observar que a região de separação, na LES, se situa mais próximo aos
As principais diferenças são observadas no teto do prédio e nas paredes laterais e posterior.
No teto do prédio, o escoamento previsto pela simulação através do modelo - apresenta o
recolamento no teto do obstáculo (ponto 2 na Figura 36b), evento que não ocorre na
simulação através da LES apresentada neste estudo. Nas paredes laterais, o campo de
campo previsto através do modelo -. Na simulação através do modelo - é observado o
próximo ao solo.
143
1
0 0 0
Y
0.5
Z
0
3 3.5 4
X
(a)
Parede Frontal Teto Parede Posterior
-0.5 -0.5 -0.5
0 1 0 2 0
Y
Figura 36 – Campo de velocidade nas paredes do prédio. (a) LES – presente estudo, (b) - (Santos, 2000).
principal do escoamento, em quatro diferentes secções (X= 3,5; 4,5; 6,5 e 9,5), considerando
velocidade calculado através da LES (Figura 37a) apresenta maiores velocidades (maior
quantidade de movimento) nas direções vertical e lateral do que os resultados obtidos através
parede posterior do prédio. Nesta Figura, são observadas relevantes diferenças entre as duas
com modelo -. É importante ressaltar que essas estruturas são responsáveis pelo transporte
145
9,5. Nessas secções é possível observar que o vórtice da ferradura se propaga na direção
com o aumento do diâmetro do vórtice. Também nessas secções são observadas maiores
2.5 2.5
2 2
1.5
Z
1.5
Z
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01
(a) (b)
Figura 37 – Campo de velocidades na secção transversal X=3,5 (centro do prédio). (a) LES – presente estudo, (b)
- (Santos, 2000).
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5
Z
1.5
Z
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01
(a) (b)
Figura 38 – Campo de velocidades na secção transversal X=4,5. (a) LES – presente estudo, (b) - (Santos,
2000).
146
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5
Z
1.5
Z
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01
(a) (b)
Figura 39 – Campo de velocidades na secção transversal X=6,5. (a) LES – presente estudo, (b) - (Santos,
2000).
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
Z
Z
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01
(a) (b)
Figura 40 – Campo de velocidades na secção transversal X=9,5. (a) LES – presente estudo, (b) - (Santos,
2000).
Figura 41 – Pluma de contaminantes ao redor do prédio cúbico, fotografia do experimento em túnel de vento.
Fonte: Mavroidis (1997)
Para o caso do presente estudo a fonte localiza na posição 2Hb à montante do prédio com uma
poluentes da seguinte forma: “Para o caso da fonte situada na altura de 0,5Hb parte da pluma
concentração nessa região, quando comparadas com fontes localizadas em posições mais
elevadas”.
A Figura 42 apresenta uma vista do plano central das concentrações de contaminantes obtidas
através de simulações numéricas utilizando a LES (Figura 42a) e modelo - (Figura 42b).
Comparando as Figuras 42a e 42b, é possível observar que na simulação através da LES
apresentados na Figura 42 com a fotografia apresentada na Figura 41, nota-se uma tendência
148
posterior ao obstáculo. Deve-se ressaltar, que na Figura 41 é apresentada uma vista lateral da
integrada, enquanto na Figura 42 são apresentadas vistas em corte no plano central. Uma
análise quantitativa das concentrações é apresentada na seção 6.2.3, onde as medições dos
experimentos de campo e túnel de vento são comparadas com os resultados das simulações
numéricas.
1
Z
0
2 3 4 5 6 7 8 9 10 (a)
2
1
Z
0
2 3 4 5 6 7 8 9 10
X
solo apresentam, nas duas simulações numéricas, maiores valores do que as concentrações em
não apenas espalha lateralmente os contaminantes, mas também transporta os poluentes para
Mavroidis (1997). Em todos os resultados são observados elevados níveis de concentração nas
1
Y
-1
-2
2 3 4 5 6 7 8 9 10
(a)
2
1
Y
-1
-2
2 3 4 5 6 7 8 9 10
X
1
Y
-1
-2
2 3 4 5 6 7 8 9 10
(a)
2
1
Y
-1
-2
2 3 4 5 6 7 8 9 10
X
Como apresentado na Figura 44, pode-se observar a presença de níveis de concentração não
nulos em Y 1,5 nos resultados obtidos através da LES. A presença destes valores de
ferradura nos resultados obtidos através LES, conforme apresentado nas Figuras 37 a 40.
151
Esta influência pode ser mais claramente observada na seqüência de Figuras 45 a 48, onde os
concentração é causada pela dispersão provocada tanto por efeitos difusivos, como por efeito
secção transversal anterior, nesse corte já é possível notar que o vórtice da ferradura é
a altura Z=0,5 em Y = 2 . Deve-se ressaltar que, embora a secção X=6,5, apresente maiores
concentrações quando comparada à secção X=9,5, nesta última são verificadas maiores
concentração são devidos ao maior espalhamento provocado pelo vórtice da ferradura que têm
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5
Z
Z
1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02 5.50+ 4.28 to 4.89 3.06 to 3.67 1.83 to 2.44 0.61 to 1.22
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01 4.89 to 5.50 3.67 to 4.28 2.44 to 3.06 1.22 to 1.83 0.00 to 0.61
(a) (b)
Figura 45 – Campo de velocidades e concentração na secção transversal X=3,5 (centro do prédio).
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5
Z
1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02 3.00+ 2.33 to 2.67 1.67 to 2.00 1.00 to 1.33 0.33 to 0.67
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01 2.67 to 3.00 2.00 to 2.33 1.33 to 1.67 0.67 to 1.00 0.00 to 0.33
(a) (b)
Figura 46 – Campo de velocidades e concentração na secção transversal X=4,5
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5
Z
1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02 1.15+ 0.89 to 1.02 0.64 to 0.77 0.38 to 0.51 0.13 to 0.26
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01 1.02 to 1.15 0.77 to 0.89 0.51 to 0.64 0.26 to 0.38 0.00 to 0.13
(a) (b)
Figura 47 – Campo de velocidades e concentração na secção transversal X=6,5.
153
3 3
2.5 2.5
2 2
1.5
Z
Z
1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
Y Y
0.10+ 0.08 to 0.09 0.06 to 0.07 0.03 to 0.04 0.01 to 0.02 0.80+ 0.62 to 0.71 0.44 to 0.53 0.27 to 0.36 0.09 to 0.18
0.09 to 0.10 0.07 to 0.08 0.04 to 0.06 0.02 to 0.03 0.00 to 0.01 0.71 to 0.80 0.53 to 0.62 0.36 to 0.44 0.18 to 0.27 0.00 to 0.09
(a) (b)
Figura 48 – Campo de velocidades e concentração na secção transversal X=9,5.
0 0 0
0.5
0
3 3.5 4
X
5.00+ 2.50 to 3.00
4.50 to 5.00 2.00 to 2.50
4.00 to 4.50 1.50 to 2.00
3.50 to 4.00 1.00 to 1.50
3.00 to 3.50 0.50 to 1.00
vertical para baixo pelo vórtice da ferradura. Este padrão de escoamento promove níveis de
Para avaliar a qualidade dos resultados gerados pela simulação numérica através da LES, os
resultados obtidos neste estudo foram comparados aos resultados obtidos experimentalmente
em túnel de vento e em campo por Mavroidis (1997) e com resultados das simulações
No caso do estudo desenvolvido por Santos foram realizadas duas diferentes simulações. A
por Richards e Hoxey (1993, apud SANTOS, 2000, p. 160), em ambas as simulações foi
utilizado o número de Schmidt (Sc) igual a 0,77. Neste estudo foi utilizado o número de
Schmidt (Sc) igual a 1, conforme descrito em Seinfeld e Pandis (1998) para a classe de
estabilidade neutra.
Como ressaltado por Mavroidis (1997), nos experimentos em túnel de vento não é possível a
sejam mais próximos dos resultados experimentais obtidos em túnel de vento do que dos
obtidas em túnel de vento e campo por Mavroidis (1997), os dados obtidos através das
simulações numéricas, através do modelo -, realizadas por Santos (2000) e a simulação
numérica, através da LES, realizada neste estudo. As simulações reslizadas por Santos (2000)
2 2
1.6 1.6
1.2 1.2
0.8 0.8
0.4 0.4
0 0
4 5 6 7 8 9 10 4 5 6 7 8 9 10
X X
. -modificado (Santos, 2000)
. -modificado e c/ constantes modificadas (Santos, 2000)
Experimento de campo (Mavroidis, 1997) LES - Presente Estudo
Túnel de vento (Mavroidis, 1997)
(a) (b)
Figura 50 – Perfis de concentração na linha de centro ao longo da direção principal. (a) em Z=0.5, (b) no solo
obtidos através do modelo - se apresentaram em níveis inferiores aos dados experimentais.
Numa segunda análise, observa-se que o modelo - não obteve boa concordância na região
1.6
1.2
0.8
0.4
0
0 1 2 3
Y
. -modificado (Santos, 2000) Experimento de campo (Mavroidis, 1997)
Túnel de Vento (Mavroidis, 1997) LES - Presente Estudo
. -modificado e c/ constantes modificadas (Santos, 2000)
experimentalmente por Mavroidis (1997), provavelmente, tenha sido melhor representado por
meio da LES. Contudo, não é possível estabelecer essa afirmação de forma definitiva, visto
que, não foram gerados dados experimentais detalhados sobre o escoamento ao redor do
obstáculo.
157
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste capítulo são descritas as principais conclusões acerca do estudo apresentado nesta
dissertação. Além disso, são apresentadas as recomendações para trabalhos futuros visando o
aperfeiçoamento dos resultados obtidos através das técnicas utilizadas neste estudo e avanços
7.1 Conclusões
prédio cúbico isolado. O modelo matemático utilizado é baseado nas equações de conservação
volumes finitos e tratando os efeitos da turbulência através da simulação das grandes escalas
(LES). Devido a alta exigência de recursos computacionais, inerente ao uso da LES, o código
Sada e Sato (2002) e a segunda simulação objetivou a reprodução dos resultados apresentados
por Mavroidis (1997). Os resultados das simulações foram comparados a outras simulações
158
A primeira observação acerca dos resultados do presente estudo foi a não ocorrência do
pela simulação realizada por Sada e Sato (2002). Em função da não ocorrência do
presente estudo foi de 3,25Hb enquanto no estudo de referência foi de 1,3Hb. Em função disso,
discrepância em relação aos dados obtidos por Sada e Sato (2002), quando comparado aos
demais perfis analisados. Outro efeito da não ocorrência do recolamento foi a elevação, em
Os fatores responsáveis pelas diferenças entre os resultados do estudo realizado por Sada e
Sato (2002) e do presente estudo são: (1) o esquema de interpolação: o estudo de referência
utiliza o esquema QUICK enquanto nesse estudo foi utilizado um esquema híbrido
tratada através da aproximação por um perfil logarítmico, enquanto, nesse estudo, as paredes
foram tratadas como condição de não deslizamento, foi observado, no presente estudo, que
nas regiões próximas às paredes, as flutuações tendem a zero muito rapidamente, enquanto
que na simulação de Sada e Sato (2002) este efeito não é observado, o que indica uma
Smagorinsky com a modificação proposta por Lilly (1966) foi utilizado a fim de melhorar a
entrada: nesse estudo, foi utilizada a técnica de geração de números aleatórios para a
2001). Essa técnica se mostrou satisfatória para a reprodução das propriedades no plano de
reprodução coerente das estruturas turbulentas e por esse motivo as flutuações foram
com os resultados da simulação numérica através do modelo - realizada por Santos (2000) e
com os dados experimentais gerados por Mavroidis (1997) que contemplam apenas a
160
restrições já relatadas para a primeira simulação que teve como referência o estudo realizado
com os resultados obtidos numericamente por Santos (2000) e obtidos experimentalmente por
obtidos através da LES representaram melhor a região próxima ao prédio do que os resultados
obtidos através do modelo -, isto é evidenciado pela melhor descrição do gradiente de
desenvolvimento para aprimorar os resultados obtidos por meio da simulação através da LES.
Assim, são apresentadas na próxima seção, as recomendações para trabalhos futuros que
visem a melhoria dos resultados e/ou o prosseguimento da pesquisa iniciada com esse estudo.
Foram ressaltados fatores importantes acerca da modelagem realizada nesse estudo, que
de ordem superior traria como benefício a redução dos efeitos da difusão numérica. O
esquema QUICK (LEONARD, 1979) têm sido utilizado com sucesso em muitos
Murakami (1993), Murakami et al. (1992), Laatar et al. (2002) e Sada e Sato (2002).
diferenças centrais de quarta ordem (CDS-4), que têm como vantagem a condição de
simetria não existente no esquema QUICK. O esquema QUICK utiliza 3 pontos para a
• Condição de contorno nas paredes: a condição de contorno utilizada nas paredes foi a
realizado por Sada e Sato (2002), foi utilizada a aproximação por uma função
estudo foi o modelo de Smagorinsky com a modificação proposta por Lilly (1966).
CS ;
base nos números aleatórios, sem a coerência física, pode ser uma das principais
presente dissertação.
Seguem também como recomendações para trabalhos futuros, visando avanços na simulação
instável. Ressalta-se que, até o momento, nenhum trabalho científico foi publicado
recomendação anterior.
163
8. REFERÊNCIAS
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172
resolução da malha influencia fortemente o resultado, uma vez que o modelo de submalha é
malha através da equação = (xyz ) . Nesse estudo, o problema descrito na seção 6.1,
13
foi calculado com a utilização de três malhas com diferentes resoluções. Em um primeiro
calculados com a utilização de uma malha de 33.264 pontos (443621). Essa malha possui
uma resolução da mesma ordem da malha utilizada por Murakami et al. (1987) para descrever
versão serial.
A Figura A.1 apresenta a malha de menor resolução (443621) utilizada para a discretização
173
5 4
3
4
Z
2
3
1
Z
2 0
9
1 8
7
6
0
5
0
1 4
2 3
3 2
X
4 1
5
Y 0
6
-1
7
-2
8
-3
A segunda malha, de resolução média, foi utilizada para a execução em modo paralelo. A
UFES possuem a seguinte configuração: processador AMD ATHLON XP-1,8 GHz com 256
MB de memória RAM.
A Figura A.2 apresenta a malha de resolução média (845440) utilizada para a discretização
3
4
Z
2
3
1
Z 0
2
8
1
6
0
0 4
1
X
2 2
3
4
Y 0
5
-2
A terceira malha, de resolução mais fina, foi utilizada para a execução em modo paralelo. A
segunda malha utilizada possui 336.000 pontos (1007840). A malha utilizada no estudo de
Sada e Sato (2002) possui uma resolução de mesma ordem (344.500 pontos).
UFES possuem a seguinte configuração: processador AMD ATHLON XP-1,8 GHz com 256
MB de memória RAM.
3
4
Z
2
3
1
Z 0
2
8
1
6
0
0 4
1
X
2 2
3
4
Y 0
5
-2
Como apresentado nas Figuras A.1 a A.3 as malhas são ortogonais e não uniformes. As
regiões sujeitas às maiores variações (maiores gradientes) foram tratadas para conter os
menor volume de controle, localizado nas quinas do obstáculo possui aresta igual a Hb/10, na
malha de resolução média (845440) o menor volume de controle possui aresta igual a
Hb/20, e na malha de maior resolução (1007048), o menor volume de controle possui aresta
igual a Hb/30.
A Figura A.4 apresenta os vetores velocidade média no plano central ao redor do obstáculo,
obtidos através da simulação com a malha de menor resolução (Figura A.4a), com a malha de
resolução média (A.4b) e com a malha de maior resolução (A.4c). Observa-se que, em todos
na face frontal do obstáculo são geradas. Contudo, existem diferenças visíveis que podem ser
os vetores no final do teto do prédio (X=2) possuem um alinhamento com a direção principal
do escoamento, isto é, a componente vertical da velocidade é nula, enquanto que nas Figuras
A.4b A.4c a componente vertical apresenta-se positiva, e dessa forma os vetores têm a direção
inclinada para cima. Os comportamentos apresentados nas Figuras A.4b e A.4c fazem com
que a pluma de contaminantes tenha o seu eixo principal em posição mais elevada.
2
1.5
1
Z
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 (a)
2
1.5
1
Z
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6 (b)
2
1.5
1
Z
0.5
0
0 1 2 3 4 5 6
X
A região de recirculação se apresenta de forma diferente nas três figuras. Na execução com a
177
logo após a parede posterior do obstáculo, enquanto que nas malhas de maiores resoluções
(Figura A.4b e A.4c) essa região não se apresenta com tanta nitidez, e a recirculação só é
evidenciada pelas velocidades negativas que ocorrem logo após a parede posterior do
obstáculo.
comportamento diferenciado na região de recirculação pode ser visto nos perfis referentes às
secções X=2,5 e 3,5, onde as curvas obtidas através da simulação com a malha de menor
resolução se apresenta com a maior diferença em relação às demais simulações. Nota-se que
5 5 5 5
x/Hb=0 x/Hb=1,5 x/Hb=2,5 x/Hb=3,5
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
-0.5 0 0.5 1 1.5 -0.5 0 0.5 1 1.5 -0.5 0 0.5 1 1.5 -0.5 0 0.5 1 1.5
U/U Hb U/U Hb U/U Hb U/U Hb
Figura A.5 – Perfis verticais de velocidade média na direção principal do escoamento em quatro secções do
domínio
A Figura A.6 apresenta os perfis verticais de concentração média obtidos numericamente com
posição do eixo da pluma de contaminantes, que para o caso das malhas de resolução média e
178
de maior resolução se situa em uma posição mais elevada. Essa elevação da pluma é causada
pela inclinação para cima dos vetores velocidade sobre o teto do prédio (Figura A.4),
5 5 5 5
x/Hb=1,5 x/Hb=2,5 x/Hb=3,5 x/Hb=5,0
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
0 5 10 15 0 2 4 6 0 1 2 3 4 5 0 0.75 1.5 2.25 3
A Figura A.7 apresenta os perfis verticais da intensidade de flutuação dos três componentes
resolução são, em geral, maiores quando comparadas com as flutuações obtidas com as
5 5 5 5
x/Hb=3,5 x/Hb=3,5 x/Hb=3,5 x/Hb=3,5
y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0 y/Hb=0
4 4 4 4
3 3 3 3
Z
Z
Z
Z
2 2 2 2
1 1 1 1
0 0 0 0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0 0.1 0.2 0.3 0 0.025 0.05 0.075 0.1 0 0.25 0.5 0.75 1
Figura A.7 – Perfis verticais de intensidades de flutuação dos componentes do vetor velocidade e da
concentração uma secção do domínio
calculado diretamente em função da resolução das malha, = (xyz ) . Assim, uma malha
13
comportamento dessa variável nas malhas de maior resolução é análogo, malhas mais finas
Todas as três soluções apresentadas estão sujeitas à difusão numérica. Contudo, no caso a
malha de maior resolução esse erro é menor. O erro numérico acarretado pelo esquema de
interpolação de primeira ordem (power-law) é da ordem x, isto é, quanto mais fina a
resolução da malha, menor será o erro numérico. A difusão numérica tem o efeito idêntico ao
suavizado com menores flutuações quando a malha de menor resolução é utilizada, como