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Emerson Antônio Penso

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO DA FACHADA


VENTILADA EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIO

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo -
PósARQ, como um dos requisitos
para obtenção do título de Mestre
em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. Martin


Gabriel Ordenes Mizgier

Florianópolis
2017
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Penso, Emerson Antônio


Análise do Desempenho Térmico da Fachadas
Ventiladas em Edifícios de Escritório / Emerson
Antônio Penso ; orientador, Martin Gabriel Ordenes
Mizgier, 2017.
144 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de


Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós
Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Florianópolis,
2017.

Inclui referências.

1. Arquitetura e Urbanismo. 2. Simulação


Computacional. 3. Energy Plus. 4. Fachada
Ventilada. I. Ordenes Mizgier, Martin Gabriel. II.
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. III. Título.
Emerson Antônio Penso

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO DA FACHADA


VENTILADA EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIO

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre


em Arquitetura e Urbanismo e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – PosARQ,
da Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 31 de agosto de 2017.

______________________
Prof. Renato T. de Saboya, Dr.
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo
Banca Examinadora:

_________________________________
Prof. Martin Gabriel Ordenes Mizgier, Dr.
Orientador - UFSC

_________________________________
Prof. Fernando Simon Westphal, Dr.
UFSC

________________________________
Prof. Roberto Lamberts, PhD.
UFSC

_________________________________
Prof. Alberto Hernandez Neto, Dr.
USP

Florianópolis
2017
AGRADECIMENTOS

Deixo expresso meus sinceros agradecimentos à CAPES pelo apoio


financeiro e concessão de bolsa durante essa pesquisa.
Agradeço a todos professores que contribuíram para minha formação,
desde meu jardim de infância até os dias atuais.
Aos meus pais e irmãos, minha profunda gratidão por serem minha
família e porto seguro.
Meu carinho e agradecimento especial às amigas Ani, Lu e Mônica, vocês
são muito especiais.
Ao meu companheiro Alexandre, agradeço o amor, auxílio e
compreensão diuturnos e em todos os momentos desse mestrado.
8

RESUMO

A redução do consumo de energia elétrica em edifícios


comerciais tem sido alvo de políticas públicas em diversos países, sendo
a diminuição da carga térmica para os sistemas de ar-condicionado uma
alternativa crucial. Nas edificações, a carga térmica é a soma da
densidade de carga interna com o ingresso ou perda de calor pelas
envoltórias. As partes opacas de uma envoltória podem ter
comportamentos diferentes em detrimento do seu revestimento, sendo
que este estudo teve como objetivo a comparação do desempenho termo
energético dos sistemas de fachada ventilada opaca com juntas abertas
(FVJA) e fachada com revestimento aderido, visando compreender os
impactos na escolha da FVJA frente o revestimento aderido, com o
software Energy Plus, relacionando cores e densidades de carga interna
(DCIs) distintas com o desempenho térmico, bem como investigando a
ventilação na câmara de ar por meio do efeito convectivo do ar. O clima
de duas capitais litorâneas brasileiras foram estudados: Florianópolis
(subtropical) e Maceió (tropical). Com os dados climáticos locais, foi
definindo um design day representativo do verão de Florianópolis e um
dia com similaridade de radiação e temperaturas em Maceió, para uma
comparação adequada entre os climas. A pesquisa investigou os sistemas
para oferecer subsídios e critérios para decisões mais conscientes sobre a
utilização do sistema ventilado como revestimento. Os resultados
sugerem que a FVJA é uma escolha adequada para os climas estudados,
quando do uso de revestimento com cores mais escuras (absortância solar
acima de 0,50) chegando a uma redução máxima de 7% (Florianópolis) e
6,4% (Maceió) no consumo de energia anual do ar-condicionado com o
uso de revestimento preto. A FVJA oferece reduções de carga térmica
para ambos os climas; exceto quando do uso de revestimento branco
(absortância solar abaixo de 0,20).

Palavras-chave: Simulação Computacional; Energy Plus; Fachada


Ventilada.
10

ABSTRACT

The reduction of electricity consumption in commercial buildings has


been the target of public policies in several countries. Aiming on this
topic, the reduction of the thermal load for air conditioning systems is a
crucial alternative. It is convenient to consider that thermal load is the
sum of the internal load density and the gain or loss of heat by the shells.
These are related to different coatings of the opaque parts of an envelope,
resulting in different thermos-energetic behaviors. The objective of this
study has been to analyze the energy performance of an open-joint
ventilated façade (OJVF) in comparison with that obtained by using an
adhered cladding façade. In order to understand the impacts on the choice
of the OJVF over the adhered coating, Energy Plus software outputs
related distinct interior load densities (ILDs) and colors with thermal
performance, as well as the ventilation in the air chamber through the
convective air effect. The climate of two Brazilian coastal capitals was
studied: Florianopolis (subtropical) and Maceio (tropical). It was defining
a day design representative of the summer of Florianopolis and a day with
similarity of radiation and temperatures in Maceio, for a suitable
comparison between the climates through climatic data investigation.
Looking for providing subsidies and criteria for more conscious decisions
about the use of the ventilated system as a coating, research has
investigated the two systems. The results suggest that OJVF is a suitable
choice for the climates studied, when using a darker color coating (solar
absorptivity above 0.50), reaching a maximum reduction of 7%
(Florianopolis) and 6.4% (Maceio) in the annual energy consumption of
the air conditioning system with the use of black coating. OJF offers
thermal load reductions for both climates except when using white
coating (solar absorptivity below 0.20).

Keywords: Computational Simulation; Energy Plus; Ventilated façade.


12

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação esquemática de uma fachada ventilada ......... 25


Figura 2 - Edifício da Telefônica em São Paulo .................................... 26
Figura 3 - Retrofit de fachada - Hospital Sírio Libanês - São Paulo...... 27
Figura 4 – Elementos que compõem uma envoltória com a fachada
ventilada ........................................................................................ 34
Figura 5 - Fachada ventilada com peças cerâmicas ............................... 35
Figura 6 - Fachada ventilada com placas de porcelanato ...................... 35
Figura 7 - Fachada ventilada com placas metálicas ............................... 35
Figura 8 - Esquema das trocas térmicas durante o verão ....................... 37
Figura 9 - Tipos de juntas em fachadas ventiladas ................................ 39
Figura 10 - Exemplo de fachada ventilada com uso de placa cimentícia
...................................................................................................... 40
Figura 11 - Detalhe de fixação oculto para porcelanato ........................ 41
Figura 12 - Corte de uma fachada ventilada com juntas seladas (esq.) e
com juntas abertas (dir.) ............................................................... 46
Figura 13 - Detalhes em planta e corte do experimento de campo ........ 47
Figura 14 - Esquema do modelo base para o estudo .............................. 48
Figura 15 – Valores preditos para a velocidade de ar na saída da cavidade
de fachadas duplas ........................................................................ 50
Figura 16 - Protótipos em escala real M1, M2 e M3 ............................. 51
Figura 17 - Esquema e detalhe do experimento ..................................... 53
Figura 18 - Experimento no laboratório................................................. 54
Figura 19 - Representação gráfica do movimento do ar na cavidade em
relação à altura .............................................................................. 55
Figura 20 - Esquema do experimento .................................................... 56
Figura 21 - Construção da célula PASLINK ......................................... 59
Figura 22 – Corte esquemático da fachada (E) e detalhes da fachada em
estudo (D) ..................................................................................... 60
Figura 23 – Ventilação na câmara de ar com fachada ventilada com juntas
abertas ........................................................................................... 60
Figura 24 - Detalhe da envoltória simulada ........................................... 62
Figura 25 – Detalhes do experimento .................................................... 63
Figura 26 - Fachada sul (a), detalhe das camadas (b) e detalhe junta aberta
(c) .................................................................................................. 64
Figura 27 - Diferença uma fachada com cavidade selada (es q.) com
FVJA (dir.) 65
Figura 28 – Velocidade do ar dentro da cavidade.................................. 66
Figura 29 – Temperaturas do ar externo e na cavidade selada (E) e com
juntas abertas (D) .......................................................................... 67
Figura 30 – Detalhes do modelo e módulo ............................................ 70
Figura 31 – Detalhe do modelo para a fachada ventilada ...................... 71
Figura 32 – Esquema das trocas térmicas e ventilação na cavidade de ar.
...................................................................................................... 74
Figura 33 - Cidades contempladas pelo estudo...................................... 84
Figura 34 – Mapa das normais climatológicas das temperaturas médias
anuais no Brasil............................................................................. 85
Figura 35 - Cartas solares para o clima de Florianópolis e Maceió ....... 88
Figura 36 – Comportamento anual do regime de ventos para as cidades
de Maceió e Florianópolis. ........................................................... 90
Figura 37- Planta esquemática do pavimento tipo ................................. 93
Figura 38 - Detalhes do modelo e tipos de envoltórias .......................... 94
Figura 39 – Fluxograma das etapas da simulação computacional ......... 96
14

Figura 40 - Representação esquemática dos pontos das temperaturas


simuladas ...................................................................................... 98
Figura 41 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor preta e
orientação norte – Florianópolis ................................................. 130
Figura 42 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor branca
e orientação norte – Florianópolis .............................................. 130
Figura 43 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor preta e
orientação norte – Maceió .......................................................... 131
Figura 44 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor preta e
orientação norte – Maceió .......................................................... 131
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Coeficientes relacionado ao terreno. ................................... 78


Quadro 2 - Parâmetros para a simulação ............................................... 92
Quadro 3 – Parâmetros de saída de dados da simulação ....................... 98
Quadro 4 - Resumo metodológico ....................................................... 101
Quadro 5 - Resumo dos resultados obtidos para os climas de Florianópolis
e Maceió ............................................................................................... 127
16

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Velocidade de ar com Cv constante ..................................... 57


Gráfico 2 - Velocidade de ar com Cv variável ...................................... 57
Gráfico 3 – Temperatura do ar na cavidade ventilada (oeste) para larguras
diferentes ................................................................................................ 72
Gráfico 4 - Temperaturas médias mensais - Florianópolis e Maceió .... 86
Gráfico 5 – Insolação total mensal para as cidades em estudo. ............. 87
Gráfico 6 – Radiação solar direta normal, global horizontal e difusa para
Florianópolis e Maceió. ......................................................................... 89
Gráfico 7 - Velocidade média mensal dos ventos nas cidades em estudo.
................................................................................................................ 90
Gráfico 8- Diferença no consumo do ar-condicionado entre os casos em
estudo - Florianópolis .......................................................................... 105
Gráfico 9 – Redução da carga nas zonas térmicas do 6º pavimento – FVJA
Preta - Florianópolis. ............................................................................ 105
Gráfico 10 – Fachada Aderida Preta - Norte – Condução de Calor e
Temperaturas – Florianópolis. ............................................................. 106
Gráfico 11 - Fachada Aderida Preta - Sul – Condução de Calor e
Temperaturas – Florianópolis. ............................................................. 107
Gráfico 12 - Fachada Aderida Preta - Leste – Condução de Calor e
Temperaturas– Florianópolis. .............................................................. 108
Gráfico 13 - Fachada Aderida Preta - Oeste – Condução de Calor e
Temperaturas – Florianópolis. ............................................................. 108
Gráfico 14 - FVJA Preta - Norte – Condução de Calor e Temperaturas –
Florianópolis. ....................................................................................... 109
Gráfico 15 – FVJA Preta - Sul – Condução de Calor e Temperaturas –
Florianópolis. ....................................................................................... 110
Gráfico 16 - FVJA Preta - Leste – Condução de Calor e Temperaturas –
Florianópolis. ....................................................................................... 110
Gráfico 17 - FVJA Preta - Oeste – Condução de Calor e Temperaturas –
Florianópolis. ....................................................................................... 111
Gráfico 18 – FVJA Preta - Norte - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Florianópolis ................................................................ 112
Gráfico 19 - FVJA Preta - Sul - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Florianópolis ................................................................ 113
Gráfico 20 - FVJA Preta - Leste - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Florianópolis ................................................................ 113
Gráfico 21 - FVJA Preta - Oeste - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Florianópolis ................................................................ 114
Gráfico 22 – FVJA Preta- Oeste - Diferença na velocidade do ar no
interior da cavidade por convecção em relação à cor do revestimento -
Florianópolis. ....................................................................................... 115
Gráfico 23 - Diferença no consumo do ar-condicionado entre os casos em
estudo - Maceió .................................................................................... 116
Gráfico 24 - Redução da carga nas zonas térmicas do 6º pavimento –
FVJA Preta – Maceió ........................................................................... 117
Gráfico 25 - Fachada Aderida Preta - Norte – Condução de Calor e
Temperaturas - Maceió. ....................................................................... 118
Gráfico 26 - Fachada Aderida Preta - Sul – Condução de Calor e
Temperaturas - Maceió. ....................................................................... 119
Gráfico 27 - Fachada Aderida Preta - Leste – Condução de Calor e
Temperaturas - Maceió. ....................................................................... 119
18

Gráfico 28 - Fachada Aderida Preta - Oeste – Condução de Calor e


Temperaturas - Maceió. ....................................................................... 120
Gráfico 29 - FVJA Preta - Norte – Condução de Calor e Temperaturas -
Maceió.................................................................................................. 121
Gráfico 30 - FVJA Preta - Sul – Condução de Calor e Temperaturas -
Maceió.................................................................................................. 121
Gráfico 31 - FVJA Preta Leste – Taxa média de condução de calor -
Maceió.................................................................................................. 122
Gráfico 32 - FVJA Preta Oeste – Taxa média de condução de calor -
Maceió.................................................................................................. 122
Gráfico 33 – FVJA Preta Norte - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Maceió.......................................................................... 123
Gráfico 34 – FVJA Preta - Sul - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Maceió.......................................................................... 124
Gráfico 35 FVJA Preta - Leste - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Maceió.......................................................................... 125
Gráfico 36 - FVJA Preta - Oeste - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Maceió.......................................................................... 125
Gráfico 37 – FVJA - Oeste - Diferença na velocidade do ar no interior da
cavidade por convecção em relação à cor do revestimento - Maceió .. 126
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Tércnicas


ACM - Aluminium Composite Material
CBSB - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CFD - Computational Fluid Dynamics
DCI - Densidade de Carga Interna
DSF - Double Skin Façade
EPE - Empresa de Pesquisa Energética
FVJA - Fachada Ventilada com Juntas Abertas
IMET - Instituto de Meteorologia
NBR - Norma Brasileira
RCD - Resíduos de Construção e Demolição
TRY - Test Reference Year
TS - Laminado Melamínico
!"#$% - Taxa de energia adicionada pelos ventos locais [W]
!'( - Taxa de energia adicionada pela ventilação por convecção [W]
!',*+,, - Taxa de energia adicionada no revestimento externo [W]
-"#$% - Volume de ventilação pela ação dos ventos locais [kg/s]
. - Densidade do ar [kg/m3]
/%(% - Taxa de ventilação total [kg/s]
/"#$%( - Taxa do volume de ventilação proveniente dos ventos locais
[kg/s]
/%#01+2 - Taxa do volume de ventilação proveniente do efeito chaminé
[kg/s]
3" - Coeficiente de descarga
45$ - Área livre das aberturas [m2]
20

67 - Velocidade média do vento para o intervalo do cálculo [m/s]


/1#% - Velocidade do vento medida pela estação [m/s]
Z - Altura central da superfície calculada [m]
81#% - Altura do sensor de medição da estação meteorológica [m]
9 - Referente ao tipo de superfície do terreno informado
91#% - Tipo de superfície do local da estação meteorológica
: - Coeficiente relacionado ao tipo de terreno
:1#% - Coeficiente relacionado ao tipo de terreno
3; - Coeficiente de descarga
< - Constante da aceleração da gravidade [9,81 m/s2]
∆>?@A - Ponto de pressão neutro [m].
CT - Capacidade térmica de um material kJ/(m2.K)
U - Transmitância térmica do componente W/(m2.K)
a - Absortância solar
- - Volume de ventilação na cavidade [kg/s]
. - Densidade do ar em [kg/m3]
4 - Área da envoltória em [m2]
B - Velocidade do vento em [m/s]
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................... 23

OBJETIVOS ............................................................................. 29

Objetivo Geral .......................................................................... 29


Objetivos Específicos ............................................................... 30
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................... 30

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................. 33

A FACHADA VENTILADA ................................................... 33

TECNOLOGIAS DE MONTAGEM DE FACHADA


VENTILADA ........................................................................... 37

PESQUISAS REALIZADAS PARA A INVESTIGAÇÃO DO


DESEMPENHO TÉRMICO DA FACHADA VENTILADA . 42

Desempenho térmico de fachada ventilada .............................. 42


Ensaios e protótipos para obtenção de dados experimentais .... 52
Medições em edificações para validação de simulações .......... 61
Métodos de simulações de desempenho para fachada
ventilada ................................................................................... 68

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL PARA AVALIAÇÃO DO


DESEMPENHO TÉRMICO DE FACHADAS VENTILADAS
COM O SOFTWARE ENERGY PLUS .................................. 73

CONCLUSÕES DA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............... 80


22

MÉTODO ................................................................................ 83

CARACTERIZAÇÃO DOS CLIMAS .................................... 84

Caracterização dos climas quanto à temperatura ..................... 85


Caracterização dos climas quanto à radiação incidente ........... 87
Caracterização dos climas quanto aos ventos locais ................ 89
DEFINIÇÃO DO MODELO DO EDIFÍCIO ........................... 91

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA METODOLOGIA .............. 95

ANÁLISE DOS DADOS ......................................................... 97

Parâmetros de saída para as simulações ................................... 97


Tratamento dos dados ............................................................... 99

RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................... 103

RESULTADOS PARA O CLIMA DE FLORIANÓPOLIS .. 103

RESULTADOS PARA O CLIMA DE MACEIÓ ................. 115

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE FLORIANÓPOLIS


E MACEIÓ ............................................................................. 126

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS ................ 128

CONCLUSÕES E ESTUDOS FUTUROS ......................... 133

REFERÊNCIAS ................................................................... 139


23

INTRODUÇÃO

Durante a última década, governos e agências internacionais têm


dedicado significativo esforço para aumentar o desempenho energético
de edificações existentes. Os governos dos Estados Unidos, Austrália e
Reino Unido, por exemplo, criaram programas que incentivam ações de
renovação e retrofit de edificações, além de orientações para soluções
pré-fabricadas que sejam consoantes com a eficiência energética (MA, Z.
et al, 2012).
De acordo com Cerqueira, et al. (2015) a falta de chuvas e a baixa
do nível dos reservatórios das hidroelétricas, principal matriz energética
do país, levaram à crise energética e ao risco de racionamento ocorridos
nos anos de 2014 e 2015. Estes resultaram, inclusive, no acionamento de
termoelétricas, energia com alto custo financeiro e ambiental. Esses
dados reforçam a preocupação em torno do tema, sendo que as
edificações brasileiras, segundo o Balanço Energético Nacional (EPE,
2015), são responsáveis por 50% do consumo de energia elétrica no país,
percentual superior ao observado no consumo das edificações nos
Estados Unidos e na Europa (BPIE, 2015), que fica em torno de 40%.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Conservação
de Energia (ABESCO. 2016) vários pontos devem ser observados para
reduzir o desperdício de energia em edificações, onde os
principais sistemas consumidores de energia elétrica são a climatização e
a iluminação. A envoltória do prédio é outro ponto que deve ser
observado, pois atua diretamente no consumo dos sistemas de ar-
condicionado e iluminação da edificação, uma vez que pode modificar o
comportamento de perdas e ganhos de calor pela radiação solar pelas
24

superfícies opacas (paredes e coberturas) e translúcidas (janelas e


aberturas).
Já o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS,
2011) aponta o retrofit e a requalificação de edifícios em regiões centrais
do Brasil como um nicho de mercado importante para empresas,
construtoras e agentes imobiliários. O termo retrofit surge da união dos
termos: “retro”, que significa movimentar-se para trás, e do termo “fit”,
do inglês, que significa ajustar-se. Sendo assim, trata-se da renovação de
um edifício de modo que o antigo seja reformulado em novo.
Já a Norma de Desempenho (NBR 15.575) define retrofit como
a "remodelação ou atualização do edifício ou de sistemas, através da
incorporação de novas tecnologias e conceitos, normalmente visando a
valorização do imóvel, mudança de uso, aumento da vida útil e eficiência
operacional e energética".
O retrofit promove um menor impacto ambiental quando
comparado à demolição e construção de novas edificações
(CAMARGOS, 2016), e as fachadas ventiladas, em retrofit, são utilizadas
pelas qualidades de eficiência energética, beleza, resistência, potencial
criativo e conforto, argumentos estes que incentivam as especificações
entre os profissionais da indústria da construção civil segundo Campos
(2011).
Permitindo o fluxo de ar por meio da cavidade entre a alvenaria
e o revestimento, como é observado na Figura 1, este sistema tem
tecnologias industrializadas em sua instalação e o seu desempenho
térmico envolve trocas térmicas complexas. Além desses parâmetros, a
influência da cor, a composição do revestimento externo e condições do
clima local (ventos, temperatura e radiação solar) interferem no modo
25

como este sistema de fachada não aderida se comporta quanto à economia


de energia.
Nos estudos de Sanjuan et al. (2011b) e Francés et al. (2013),
evidencia-se que o sistema de fachada ventilada tem um efeito maior na
redução do consumo de energia para climas de verão intenso e invernos
mais amenos, características climáticas comuns nos climas brasileiros

Figura 1 - Representação esquemática de uma fachada ventilada


Cavidade Ventilada
Ventos Locais + Efeito Chaminé
Ventos Locais

Revestimento
Externo

Parede de Alvenaria

Fonte: O Autor.

O edifício sede da Telefônica (Figura 2), na cidade de São Paulo,


é referenciado como a primeira obra de grande porte a adotar o sistema
de fachada ventilada para retrofit em 2001 no Brasil. Datado de 1975,
após 26 anos de sua inauguração, teve a instalação da fachada ventilada
com painéis de ACM (aluminium composit material), sistema esse que
não agregou cargas excessivas à estrutura existente. Este tipo de
26

tecnologia foi escolhido pela rapidez da obra e os benefícios térmicos do


uso do sistema. A fachada, com pequenas intervenções quanto a sua
forma, manteve a disposição das esquadrias, porém aumentando as torres
de circulação para a instalação de escadas de incêndio. A escolha dessa
tecnologia se deu pela rapidez na execução e melhora no desempenho
térmico, além da possibilidade de implementar mudanças estruturais sem
uma reforma invasiva para um edifício em operação.

Figura 2 - Edifício da Telefônica em São Paulo

Fonte: Repositório digital do portal Metálica 1

A reforma do Hospital Sírio Libanês (Figura 3) utilizou a fachada


ventilada devido a rapidez e menores impactos provenientes da obra. A
fachada teve uma mudança maior quanto às aberturas do que o retrofit do
edifício da Telefônica, mantendo as que se destinavam às áreas de
permanência e fechando grandes planos envidraçados em áreas de

1
Disponível em http://www.metalica.com.br/edificio-sede-da-telefonica-em-sp-revitalizacao-da-

fachada. Acessado em agosto. 2016.


27

circulação. Dessa forma, a mudança do percentual de abertura da fachada,


para as orientações norte e oeste, contribuiu para reduções no consumo
de energia com ar-condicionado e permitiu uma modificação das
características estéticas da edificação sem impedir o funcionamento das
atividades desenvolvidas na edificação.

Figura 3 - Retrofit de fachada - Hospital Sírio Libanês - São Paulo

Fonte: Repositório digital do site da empresa Kiir2

Tanto no retrofit da fachada do Edifício da Telefônica quanto no


Hospital Sírio Libanês foram utilizados o sistema de fachada ventilada
com juntas abertas (FVJA), sistema esse que no estudo de Sanjuan et al.
(2011b) é apontado como a solução mais utilizada em edifícios em
processo de retrofit da fachada e novas edificações, por diminuir questões
relacionadas com umidade da cavidade e relação com o ambiente externo.
A utilização da alvenaria com revestimento cerâmico aderido é
uma solução recorrente para renovação das vedações externas de

2
Disponível em http://www.kiir.com.br. Acessado em agosto. 2016
28

fachadas, porém não incorporando novas tecnologias e ocasionando


maior geração de resíduos. Dessa forma, a adoção de um sistema que
reaproveita edificações existentes, adicionando ao envelope existente da
edificação o sistema não aderido (fachada ventilada), gera menos
resíduos. Vale observar que o volume de resíduos de construção e
demolição (RCD) compreende mais da metade dos resíduos sólidos
urbanos conforme Santiago (2008), indicando que a escolha do sistema
de fachada ventilada tem outros fatores influenciadores na decisão de seu
uso.
Somada às questões já abordadas, o uso da fachada ventilada
para o retrofit das envoltórias opacas de edificações existentes oferece
alternativas mais flexíveis para o uso de materiais, correções de eventuais
desalinhamentos, rapidez para execução do novo revestimento e fácil
manutenção na eventualidade de troca de placas do revestimento.
Com este estudo, procura-se compreender as potencialidades no
uso da fachada ventilada frente ao sistema de revestimento aderido
(solução tradicional e culturalmente difundida no Brasil), uma vez que
existem poucas pesquisas sobre o desempenho térmico da fachada
ventilada para as condições climáticas e especificidades das envoltórias
das construções brasileiras.
Vale observar que normas como a NBR 15220 - Desempenho
Térmico de Edificações (ABNT, 2005) apresentam métodos de cálculo
das principais propriedades térmicas da envoltória: transmitância térmica,
capacidade térmica e atraso térmico e também relações entre as
propriedades térmicas dos materiais, absortância e emissividade de
superfícies devido às suas cores. Apesar de seu caráter prescritivo, os
dados por ela apresentados são de grande valia na concepção de projetos
29

de envoltórias. Cabe ressaltar, contudo, que as trocas térmicas em


componentes opacos aumentam consideravelmente de complexidade a
medida em que são adicionados elementos aos envelopes construtivos
como os que compõem as fachadas ventiladas.
No que tange a adoção de câmaras de ar como componente da
envoltória, a NBR 15220 não é específica, porém se reporta à utilização
destas para a melhoria do desempenho da envoltória. A norma caracteriza
as câmaras de ar em muito ou pouco ventiladas e não ventiladas, ao
mesmo tempo em que apresenta valores válidos para casos com
temperatura média da camada entre 0ºC e 20ºC e com uma diferença de
temperatura entre as superfícies limitantes menor do que 15ºC.
Resta, portanto, uma lacuna referente às situações onde ocorram
variações maiores de temperatura na câmara de ar, os efeitos do ingresso
dos ventos locais, a movimentação do ar na cavidade ventilada
proveniente do efeito chaminé (convecção natural) e, consequentemente,
o impacto no desempenho térmico do edifício com a utilização da fachada
ventilada.

OBJETIVOS

Objetivo Geral
Compreender o impacto termo energético da fachada ventilada
opaca com juntas abertas (FVJA) como revestimento de edificações
comerciais como alternativa ao uso de uma tecnologia convencional de
revestimento aderido.
30

Objetivos Específicos
• Identificar as características técnicas construtivas das fachadas
ventiladas
• Desenvolver um modelo para simulação computacional para a
análise térmica do sistema de fachada ventilada para edifícios
comerciais.
• Analisar o desempenho térmico obtido com o uso da FVJA como
acabamento das vedações externas.
• Testar os principais parâmetros que definem o desempenho
térmico de uma fachada ventilada.
• Investigar o fenômeno de ventilação na cavidade de ar da
fachada ventilada.
• Avaliar o potencial do uso da FVJA em função dos climas a
serem estudados.

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O tema da pesquisa é inicialmente abordado quanto aos aspectos


do cenário mundial e nacional sobre o consumo de energia elétrica por
edificações comerciais e as estratégias que têm sido orientadas para a
redução do consumo em edificações existentes. Considera, ainda, que a
participação dos sistemas de ar-condicionado é no consumo final de
energia elétrica em edificações comerciais é ponto chave para uma
redução efetiva. O retrofit de envoltórias é tido como uma das estratégias
a serem adotadas para essa economia de energia e o uso de fachada
ventilada tem sido observado como promissor para esse intento. O
Capítulo 1 é finalizado com a justificativa dessa pesquisa, que tange os
31

aspectos da avaliação do sistema ventilado, a falta de parâmetros em


norma que sejam efetivos para esse tipo de tecnologia e a pouca produção
científica sobre esse tema para o clima brasileiro. Os objetivos específicos
e gerais da pesquisa são descritos no final desse capítulo, bem como uma
visão geral dessa pesquisa.
Para aprofundar os conhecimentos relacionados ao tema da
fachada ventilada, o Capítulo 2 aborda a revisão bibliográfica,
discorrendo sobre o sistema de fachada ventilada, seus tipos e os
fenômenos físicos que envolvem o desempenho térmico da mesma. As
pesquisas sobre diferentes abordagens de estudos realizados sobre esse
sistema, bem como os programas computacionais para a simulação do
sistema de fachadas ventilada permitem uma compreensão de
metodologias, parâmetros investigados, particularidades relacionadas aos
climas estudados e valores referenciais baseados em climas similares.
A utilização de simulação computacional para a avaliação do
desempenho térmico da fachada ventilada conta com um método, descrito
no Capítulo 3. A compreensão dos climas em estudo e a definição dos
dias de referência para a ilustração dos resultados é abordada em capítulos
específicos. A forma que os dados serão trabalhados após as simulações
é sistematizada para que venha de encontro a oferecer subsídios para
compreensão do alcance da pesquisa aos objetivos iniciais. A
apresentação do método empregado nessa pesquisa para alcançar os
objetivos propostos e as estratégias escolhidas para a avaliação dos
resultados foi listada no final deste capítulo.
Os resultados são avaliados no Capítulo 4, discutidos e
comparados para um aprofundamento das informações produzidas no
capítulo anterior. Estas avaliações basearam-se, ainda, em informações
32

provenientes dos estudos revisados no Capítulo 2, bem como a


comparação dos resultados entre os climas, avaliando se os fenômenos se
relacionam com os mesmos e de que forma isso ocorre.
As considerações finais do trabalho, limitações, potencialidades
do método e as sugestões para trabalhos futuros foi desenvolvido no
Capítulo 5, e na sequência as referências bibliográficas.
33

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Por meio de pesquisa bibliográfica em periódicos, livros, artigos


e repositórios digitais, as questões relacionadas aos aspectos construtivos,
aos fenômenos físicos e ao desempenho térmico foram estudadas,
estruturando um repertório sobre a tecnologia de fachada ventilada e a
forma como este sistema de revestimento tem sido abordado em artigos
técnicos e acadêmicos.

A FACHADA VENTILADA

De acordo com Aparício-Fernández et al. (2014), Francés et


al.(2013) e Ibañez-Puy et al. (2017) o sistema de fachada ventilada
caracteriza-se como um revestimento não aderido à vedação externa,
composto de placas ou lâminas externas, uma cavidade de ar ventilada e
um sistema de fixação (ver Figura 4) .
A aparência de uma fachada ventilada depende não somente da
escolha do revestimento externo, mas também de decisões estéticas do
projetista uma vez que o sistema permite diversas alternativas de
composições como por exemplo: o acabamento cerâmico em padrões
retangulares e disposição regular das esquadrias (Figura 5), placas de
porcelanato com instalação plana e trechos com a placas inclinadas
(Figura 6) e formas retangulares variadas com material metálico e
esquadrias dispostas de forma aleatória (Figura 7), entre outras
possibilidade e materiais. Além do padrão, do tipo de juntas e do material
constituinte das placas, existe uma vasta gama de cores que oferecem
respostas estéticas e térmicas distintas.
34

Figura 4 – Elementos que compõem uma envoltória com a fachada ventilada

Fonte: Adaptado do repositório digital Construção e Mercado 3

3 Disponível em http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-
incorporacao-construcao/153/artigo309960-1.aspx. Acessado em julho.
2017
35

Figura 5 - Fachada ventilada com peças cerâmicas

Fonte: Repositório digital do site Edilportale4

Figura 6 - Fachada ventilada com Figura 7 - Fachada ventilada com


placas de porcelanato placas metálicas

Fonte: Repositório digital do site Fonte: Repositório digital do site


Casa Projeto Estilo5 Grafio 6
Desta forma, a definição da tipologia de fachada ventilada pode
ser realizada de acordo com critérios diferentes: o material da placa

4
Disponível em http://img.edilportale.com/products/prodotti-88233-rel9b5e9823af78485e858499e2

02559469.jpg. Acessado em Agosto. 2016


5
Disponível em http://www.casaprojetoeestilo.com.br/img/Fachada-Ventilada.jpg. Acessado em

agosto. 2016
6
Disponível em http://www.grafio.ro/files/produse/im_137_0.jpeg. Acessado em agosto. 2016
36

externa, a distribuição e a posição das aberturas, as propriedades radiantes


do revestimento externo, o tamanho e a forma do espaço entre a parede e
a placa externa, etc. (FRANCÉS et al., 2013).
Atualmente, o uso de fachadas ventiladas surge em artigos e
publicações como uma resposta termo energética eficiente para edifícios
novos ou em retrofit da fachada, de acordo com Corrado et al. (2013). As
abordagens visam compreender o comportamento do sistema e possíveis
reduções na carga térmica para sistemas de ar-condicionado, propondo
metodologias para estas verificações, que utilizam simulações,
experimentos e modelos matemáticos.
Os fenômenos físicos que envolvem esse tipo de sistema de
revestimento de fachadas são influenciados pelos ventos e temperatura
locais, radiação solar incidente, temperatura da superfície do
revestimento externo e da parede interna, temperatura do ar na cavidade,
fenômenos de convecção na cavidade de ar e a ventilação por efeito
chaminé como descrevem Ibañez-Puy et al. (2017). O esquema da Figura
8 apresenta o comportamento do balanço térmico para esse sistema de
fachada durante o verão, com a admissão de calor do meio externo para
o interno, bem como para o período de inverno com a perda de calor do
meio interno para o externo.
37

Figura 8 - Esquema das trocas térmicas durante o verão

Revestimento Aderido à Parede

Fonte: O Autor.

O desempenho térmico é abordado nos estudos de Roth,


Lawrence, Brodrick. (2007), De Gracia et al. (2015) e Iribar-Solaberrieta
et al. (2015), entre outros, e sinalizam ser um tópico de grande interesse
para projetistas que encontram nesse sistema, além de aspectos estéticos
e acústicos, a possibilidade de melhoria do desempenho termo energético
durante o verão e/ou inverno.

TECNOLOGIAS DE MONTAGEM DE FACHADA VENTILADA

As fachadas ventiladas podem ser caracterizadas em relação ao


tipo de material do revestimento externo, as juntas entre as placas, fluxo
de ar na cavidade e sistema de fixação.
O comportamento da fachada ventilada se modifica, dependendo
do material da placa de revestimento externo utilizado. Os materiais mais
comuns são: vidros (translúcido), placas cerâmicas ou metálicas (opaco).
38

Quanto à ventilação da câmara, encontram-se três tipos de fachada


ventilada: selado com camada de ar, em que a cavidade do ar e o ar
exterior não fazem trocas; juntas fechadas com grelhas abertas (na parte
superior e na parte inferior), neste caso a cavidade de ar está em contato
com o ar exterior e um fluxo de ar através da cavidade existente; e com
juntas abertas e grades abertas, o que representa a construção mais
comum (FRANCÉS et al., 2013).
As fachadas ventiladas podem ter as juntas abertas, fechadas ou
sobrepostas conforme a Figura 9, sendo que essa característica, segundo
Sousa (2010), Suárez et al. (2012) e Ibañez-Puy et al. (2017), é um dos
principais elementos que define o comportamento de uma fachada
ventilada, pois pode permitir uma maior circulação de ar na cavidade
(juntas abertas), ou somente pela grade inferior com as juntas fechadas
(com o uso de juntas sobrepostas ou perfil de junta) (Figura 9). A
definição de junta, conforme a ABNT (1996), é o “Espaço regular entre
duas peças de materiais idênticos ou distintos” e variam de acordo com a
dilatação dos materiais e sistemas de fixação. No caso das fachadas
ventiladas, este termo indica os espaços entre as placas, mantidos sem
aplicação de selantes ou rejuntes.
As juntas abertas são comuns nos sistemas em placas e que
buscam uma facilidade para a manutenção e troca das mesmas e devem
ter dimensões que considerem a dilatação dos materiais e o espaço
necessário para encaixe e desencaixe das placas. Estas aberturas
permitem o ingresso de ventos e umidade, não comprometendo a
integridade das subestruturas. As juntas fechadas ou seladas são
comumente usadas com placas de materiais do tipo aluminium composite
39

material (ACM) ou fenólicos, porém podem ser feitas com silicone ou


polímeros elásticos em porcelanatos e placas pétreas.

Figura 9 - Tipos de juntas em fachadas ventiladas

Fonte: Sousa. (2010)

A diferença entre o tipo de juntas é quanto à entrada de ar externo


na cavidade ventilada. Com juntas seladas a tomada de ar se dá pela base
do plano ventilado e tem a descarga de ar pela parte superior, sendo esse
comportamento acentuado pelo efeito chaminé. Este sistema permite,
inclusive, o controle da abertura da cavidade de ar, e pode ser totalmente
fechada caso considere-se necessário quanto às condições climáticas
(principalmente em países onde o período do inverno é mais longo).
Já nas juntas abertas, o ar é admitido inclusive pelas juntas, bem
como o escape de ar, e permite um melhor desempenho em climas onde
o período de verão é mais intenso, como observado por Sanjuan et al.
(2011b), Suárez et al. (2012) e Ibañez-Puy et al. (2017).
40

Quanto aos materiais de revestimento externo há os porcelanatos


com espessura regular ou laminar, ACM, placas pétreas, placas cerâmicas
extrudadas, laminado melamínico (TS), vidro, painéis fotovoltaicos,
cimentício e madeira.
A Figura 10 apresenta na esquerda o potencial estético das placas
de cimentícias que apresentam juntas abertas conferindo um aspecto
minimalista à fachada, e, ao lado, o mesmo material utilizado em réguas
sobrepostas remetendo ao tradicional sidding.

Figura 10 - Exemplo de fachada ventilada com uso de placa cimentícia

Fonte: Sousa. (2010)

Os revestimentos têm características muito singulares quando, ao


custo, resistência, manutenção, durabilidade, peso e sistemas de fixação.
A decisão por um tipo de revestimento envolve questões estéticas,
estruturais e termo energéticas. O uso em retrofit de fachadas deve avaliar
o peso do sistema e os critérios previstos em norma. No Brasil tem-se
somente a NBR 15846:2010 (Rochas para revestimento – Projeto,
execução e inspeção de revestimento de fachadas de edificações com
41

placas fixadas por insertos metálicos) que se refere às fachadas não


aderidas que utilizam inserts metálicos para fixação de placas pétreas.
Esta norma não contempla os novos sistemas que estão em uso no
mercado e deixa a maior parte dos sistemas que estão em uso na
construção civil sem orientações e parâmetros a serem atendidos.
Os sistemas de fixação são variáveis conforme o material de
revestimento externo, principalmente. Os principais tipos são os por
ancoragem ou oculto (cavilhas, grampos, linear por encaixe) e os com
fixação por parafusos e rebites ou com laminas fixas ou móveis. O
sistema oculto pode ser visto na Figura 13, utilizado com placas pétreas
ou porcelanatos.

Figura 11 - Detalhe de fixação oculto para porcelanato

01

02

03

04

01 Revestimento Externo | 02 Fixador | 03 Material Isolante | 04 Parede Externa

Fonte: Repositório digital da revista AU7

7
Disponível em http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/169/
especial-pini-60-anos-futuro-da-ceramica-77735-1.aspx. Acesso em agosto.
2016
42

Causs (2014) dedicou-se ao estudo do sistema de fachada


ventilada, abordando cada elemento estrutural do sistema e as variações
encontradas no mercado brasileiro, discorrendo com maior abrangência
os aspectos técnicos desse sistema e compilando com mais detalhe as
variadas informações sobre este assunto. O estudo relaciona as
tecnologias de fachada ventilada abordando aspectos construtivos e
considerações quanto às questões estruturais da implantação do sistema.

PESQUISAS REALIZADAS PARA A INVESTIGAÇÃO DO


DESEMPENHO TÉRMICO DA FACHADA VENTILADA

Foram selecionados artigos que estudam o desempenho térmico,


métodos de simulação e validação desses dados provenientes de cálculos
computacionais, visando uma compreensão dos métodos desenvolvidos,
resultados obtidos e parâmetros para referência.

Desempenho térmico de fachada ventilada


Encontra-se uma vasta bibliografia referente ao estudo do
desempenho térmico dos sistemas de fachada ventilada em artigos e
periódicos técnicos e acadêmicos, predominantemente para os climas da
Europa.
Para os climas em que tem uma preocupação relaciona-se com
os invernos rigorosos, os estudos são dirigidos para sistemas de fachada
ventilada opacos e com juntas seladas, bem como para fachadas com
dupla camada de vidros (que permite maior ingresso da luz natural). Já
para os climas em que apresentam verões mais intensos e períodos de
43

inverno menos rigorosos, os estudos investigam as fachadas ventiladas


com juntas abertas.
Com o intuito de compreender o desemprenho da fachada
ventilada como alternativa de diminuição da perda de calor, Seferis et al.
(2011) estudam o desempenho de fachadas ventiladas para o clima do sul
da Europa, Shameri et al. (2011) investigam a relação da largura da
cavidade em uma DSF (Double Skin Façade) na Bélgica. Os
experimentos ou simulações são orientados para fachadas com cavidades
ventiladas e com juntas seladas, que apresentam um melhor desempenho
em climas frios, por protegerem a parede de vedação externa da umidade
e permitindo a instalação de sistemas que permitem regular as aberturas
inferiores e superiores, opção esta que auxilia na redução da perda de
calor e diminuição da umidade que pode ingressar na parede externa,
sendo que estes são pontos de atenção coerentes aos climas
predominantemente frios.
Buscando avaliar o desempenho da fachada ventilada selada para
um melhor desempenho térmico durante o inverno, De Gracia et al.
(2015) desenvolveram um estudo, na cidade de Puigverd de Lleida,
Espanha, por meio de um experimento físico em escala real. Os resultados
demonstram que o uso do sistema de aquecimento durante o inverno é
quase desnecessário quando do uso da fachada ventilada, aumentando a
temperatura de 9ºC para 18ºC, com a reutilização do calor proveniente da
cavidade ventilada para renovação do ar no interior da edificação. A
redução do consumo de ar-condicionado para aquecimento teve variação
entre 19% a 26% dependendo do setpoint do sistema de climatização
(21ºC e19ºC respectivamente).
44

A utilização do sistema de fachada ventilada com juntas abertas


tem sido referenciada também nos estudos de Francés et al. (2013) e
Sanjuan et al. (2011a) como uma solução para a redução de carga térmica
para o período quente do ano, contribuindo para uma redução no consumo
de energia pelo sistema de ar-condicionado. Estes estudos foram
conduzidos no clima mediterrâneo da Espanha, trazendo considerações
válidas para a aplicação das metodologias de pesquisa e do próprio
sistema para o clima brasileiro.
Sanjuan et al. (2011a) abordam que uma dificuldade encontrada
no estudo das fachadas ventiladas com juntas abertas é a grande variedade
de sistemas e tipos de revestimento externo que existem disponíveis no
mercado. O estudo sobre este sistema, apontam os autores, no que tange
o comportamento térmico e da dinâmica dos fluidos, tem sido uma área
de interesse que cresceu nos últimos tempos. Esse sistema tem um apelo
estético bastante utilizado por arquitetos, porém necessita de uma maior
compreensão dos impactos da sua escolha sobre o consumo de energia e
projetos de envoltórias orientados para o seu uso.
Segundo Sanjuan et al. (2011a), uma forma de compreender o
desempenho desse sistema é a comparação com os sistemas já conhecidos
e que se tem uma boa resposta em simulações quando comparados a
dados experimentais. A diferença principal do sistema com juntas abertas
é o comportamento de difícil predição do efeito chaminé, decorrente das
diferenças de temperaturas superficiais e do ar local.
Outro ponto a observar é que o sistema ventilado com juntas
abertas diferencia-se do sistema com juntas seladas, em que o ar se
movimenta por convecção dentro da cavidade, subindo junto à camada
mais quente e descendo próximo à face mais fria; o sistema ventilado
45

força a entrada de ar externo, removendo ou aumentando a temperatura


interna da camada de ar, isso tendo variações térmicas com relação à
diferença de temperatura entre a superfície interna e o ar ambiente. O
ingresso de ar na cavidade se dá também pelas aberturas entre as placas
do revestimento externo, bem como a saída do mesmo. Ibañez-Puy et al.
(2017) observam que os ventos locais encontram passagem ao longo de
toda a superfície opaca, através das juntas, somando-se à ventilação
decorrente do efeito chaminé.
A fachada ventilada com juntas abertas, diferente da fachada
com juntas seladas, não permite a operacionalização das aberturas
inferiores e superiores. Esta característica, durante o inverno, não permite
o fechamento destas ventilações, impedindo diminuir as trocas de calor
com o meio externo através das áreas opacas da envoltória. Dessa forma,
é comum verificar que o uso do sistema ventilado com juntas abertas tem
sido considerado uma resposta para climas quentes nos quais o maior
consumo de energia por climatização recai sobre a carga térmica de
refrigeração, conforme observa Ibañez-Puy et al. (2017).
Visando compreender a diferença de comportamento térmico da
edificação com a adoção da fachada ventilada com juntas abertas e
seladas, o estudo de Sanjuan et al. (2011b) teve como objetivo avaliar o
comportamento termo energético de uma fachada ventilada com juntas
seladas e comparar com os resultados obtidos com a fachada ventilada
com juntas abertas, para o clima de Madri, Espanha (Figura 12).
Os autores observaram que a fachada ventilada com juntas
abertas tem sido utilizada para construções que estão em processo de
retrofit e para condições climáticas onde o pico de consumo de energia
com ar-condicionado é no período do verão.
46

Figura 12 - Corte de uma fachada ventilada com juntas seladas (esq.) e com
juntas abertas (dir.)

Fonte: Adaptado de Sanjuan et al. (2011b)

As simulações computacionais termo energéticas tiveram como


resultados os fluxos de condução de calor entre a superfície externa da
fachada e a interna. Além disso, a análise da velocidade do vento dentro
da cavidade e as diferenças de temperatura entre os dois sistemas (com
juntas seladas e juntas abertas) ofereceram subsídios para concluir que,
para a orientação sul, o desempenho da fachada com juntas abertas levou
a uma redução de 26% no ganho de carga térmica.
Porém, para a fachada norte ocorre uma perda de calor de até
50% para os períodos de inverno, durante a noite. Vale ressaltar que se
tratando de um estudo no hemisfério norte, tem-se a orientação sul como
a com maior incidência de radiação solar durante o dia.
López et al. (2012) investigam a contribuição da ventilação
natural e o comportamento da ventilação por efeito chaminé,
47

relacionando com as condicionantes do clima local: radiação solar,


velocidade e direção do vento e temperatura local. Primeiramente foram
coletadas informações em campo, através de sensores e aparelhos de
medição no edifício da Universidade de Aalborg, Dinamarca (Figura 13).

Figura 13 - Detalhes em planta e corte do experimento de campo

Fonte: Adaptado de López et al. (2012)

Uma simulação computacional com o software TRNSYS foi


implementada, dividindo a cavidade de ar da fachada em 5 zonas
térmicas, correspondendo aos locais dos sensores no experimento in loco.
No estudo foi observado que dependendo das condições
climáticas, tanto a ventilação proveniente dos ventos locais, quanto a por
efeito chaminé podem se destacar como a principal ventilação dentro da
camada de ar da fachada. Além dos fatores climáticos, a geometria da
edificação e principalmente o coeficiente de descarga interfere nesse
processo.
48

Este estudo reitera que a compreensão do fenômeno de


ventilação, ora por efeito dos ventos locais ora por efeito chaminé, é o
ponto principal quanto às diferentes formas de comportamento térmico
do sistema ventilado.
Já o comportamento da ventilação em dutos e fachadas duplas é
estudada por Gan (2006), utilizando modelos computacionais com o
software de CFD Fluent e comparando com dados obtidos através de
medições em modelos físicos. Este estudo observou o comportamento da
velocidade do vento e volume de ventilação em dutos de ventilação e
cavidades ventiladas de fachadas, variando a largura e altura das mesmas,
bem como o número de entradas de ar nas cavidades, para um modelo
com 4 pavimentos, conforme a Figura 14.

Figura 14 - Esquema do modelo base para o estudo

Fonte: Adaptado de Gan. (2006)


49

A relação da espessura da cavidade é relacionada com o a


velocidade do ar na cavidade proveniente do efeito chaminé. Quanto
maior a largura da cavidade, menor é a velocidade do ar por efeitos da
convecção do ar. Para uma dada quantidade de calor que é transferida
para dentro da cavidade, o aumento da largura da cavidade afeta no
gradiente de temperatura e fenômenos físicos que envolvem o efeito
chaminé e, quando observado os aspectos relacionados à convecção. A
Figura 15 demonstra essa relação entre a velocidade na cavidade, largura
da cavidade e número de entradas de ar. No estudo, uma das conclusões
se faz sobre a interferência que ocorre na velocidade do vento proveniente
do efeito chaminé. Ocorre um incremento de 21% na velocidade na saída
superior da cavidade no caso em que a entrada de ar se dá somente pela
base do prédio. Para a mesma largura de cavidade, porém com quatro
entradas de ar ao longo dos pavimentos, a velocidade diminui, conforme
comentado anteriormente sobre a diminuição da temperatura na cavidade
com o maior ingresso de ar na mesma.
O estudo também conclui que a utilização da ventilação por
efeito chaminé é variável ao longo da altura do edifício, em ambos os
casos, sendo necessários outros tipos de abordagem técnica para a
utilização desse tipo de ventilação como alternativa à ventilação natural.
50

Figura 15 – Valores preditos para a velocidade de ar na saída da cavidade de


fachadas duplas

Fonte: Adaptado de Gan. (2006)

Considerando que as características dos materiais de


revestimento da envoltória influenciam diretamente nos ganhos e perdas
de carga térmica no interior da edificação, Alonso et al. (2017) analisam
a fachada da edificação tendo como parâmetros a cor, emissividade e
refletância solar dos materiais de revestimento externo, para um edifício
em Madri, Espanha. O estudo compara, também, as diferenças no
51

comportamento termo energético de um edifício, com uma fachada


tradicional das edificações em Madri, frente a duas opções de retrofit da
fachada do mesmo (sistemas ventilado e parede dupla).
Para isso, foram feitos três protótipos das envoltórias estudadas
em escala real, denominadas M1 (parede dupla com câmara de ar
intermediária não ventilada) considerada como o caso base, M2 (fachada
ventilada em conformidade com a DIT, aplicada sobre o caso base) e M3
(o caso base com a adição exterior de um sistema de isolamento térmico
externo composto) , conforme a Figura 16.

Figura 16 - Protótipos em escala real M1, M2 e M3

Fonte: Adaptado de Alonso et al. ( 2017)

Um monitoramento anual foi feito, sendo que as células tiveram


suas faces com o revestimento em estudo orientadas para o sul e as demais
partes da envoltória com vedações altamente isoladas. Foram instalados
equipamentos de ar-condicionado idênticos nas três células, e o consumo
de energia registrado de forma horária.
Paralelas às medições in loco, simulações computacionais com o
software Energy Plus foram processadas, com o intuito de avaliar o
52

impacto das características ópticas dos revestimentos em relação ao


desempenho energético. Foram realizados cálculos e análises em
laboratório das amostras dos revestimentos para definir os valores de
entrada para Absortância Visível, Absortância Solar e Absortância
Térmica. Já a emissividade foi calculada utilizando Termografia por
Infravermelho nas células do protótipo.
O estudo aponta que cor, absortância e emissividade são
parâmetros que devem ser avaliados para a definição de revestimentos em
sistemas como fachadas ventiladas ou com materiais altamente isolantes.
Em ambos os casos ocorrem impactos na temperatura interna,
comparando com o modelo base. Porém, os resultados com maiores
diferenças foram encontrados com o sistema ventilado.
A absortância solar é um parâmetro que interfere diretamente na
temperatura do revestimento externo, sendo que os modelos físicos não
tinham exatamente a mesma cor, por serem revestimentos provenientes
de diferentes fornecedores. Porém, a cor, dentre os parâmetros analisados,
não necessariamente precisa ser o primeiro aspecto na escolha do
revestimento ou sistema. A refletância solar gera impactos maiores no
que tange o ingresso de carga térmica, porém pode não ser uma boa
alternativa o uso de um material muito reflexivo no contexto urbano por
causa das ilhas de calor, segundo Alonso et al. ( 2017).

Ensaios e protótipos para obtenção de dados experimentais

O desenvolvimento de experimentos pode ser feito em condições


controladas de laboratório, necessitando para tal a construção de modelos
físicos em tamanho reduzido, chamados de ensaios. Outra abordagem são
53

os protótipos em tamanho real e expostos a condições climáticas reais. Os


estudos que seguem foram desenvolvidos com a intenção de identificar,
com maior precisão, os fenômenos físicos e comportamento térmico do
sistema de fachada ventilada.
Sanjuan et al. (2011a), Francés et al. (2013) e Iribar-Solaberrieta
et al. (2015) desenvolveram experimentos visando uma melhor
compreensão dos fenômenos físicos e do desempenho térmico da fachada
ventilada.
No estudo de Sanjuan et al. (2011a), um ensaio em laboratório
foi desenvolvido para investigar o comportamento da ventilação em uma
fachada ventilada com juntas abertas. Na Figura17, segue um esquema de
como foi montado o experimento, com o uso de placas aquecidas, para
observar o efeito chaminé na cavidade. Um feixe de laser e uma câmera
foram utilizados para criar imagens do movimento de entrada e saída ar,
bem como do movimento deste dentro da cavidade ventilada.

Figura 17 - Esquema e detalhe do experimento

Fonte: Sanjuan et al. (2011a).


54

A Figura 18 apresenta uma foto do experimento montado no


laboratório. A temperatura dentro da caixa de alimentação de ar era
constante para os três experimentos que se desenvolveram mudando a
temperatura das placas (30ºC, 39ºC e 49ºC). A forma como o ar se
movimenta na cavidade pode ser observada na Figura 19, na qual é
possível perceber um comportamento similar da velocidade do vento com
o aumento da mesma conforme temperatura das placas.

Figura 18 - Experimento no laboratório

Fonte: Sanjuan et al. (2011a).


55

Figura 19 - Representação gráfica do movimento do ar na cavidade em relação


à altura

Fonte: Sanjuan et al. (2011a)

Os resultados demonstraram, ainda, que o ar entra pelas juntas


inferiores e sai pelas superiores, sendo que 55% a 60% do ar entra pela
junta inferior da base e o restante da ventilação pela segunda junta. Este
estudo sugere que quanto maior a disposição de radiação solar nas placas,
maior será o efeito da ventilação, e que a velocidade da ventilação tem
seu pico no ponto mais central do vão da cavidade.
Já nos estudo de Francés et al. (2013), Iribar-Solaberrieta et al.
(2015) e De Gracia et al. (2015), modelos em tamanho real foram
expostos ao clima local de Castellón (Espanha), Almeida (Portugal) e
56

Burgos (Espanha) (com célula de teste PASLINK) e Puigverd de Lleida


consecutivamente. Em ambos estudos foram obtidas as temperaturas da
cavidade de ar, velocidade do vento e temperatura do revestimento
externos com o objetivo de comparar com os dados obtidos em
simulações e verificar o potencial para economia de energia.
No estudo de Francés et al. (2013), o estudo foi desenvolvido
com uma fachada com juntas fechadas, com abertura inferior e superior,
conforme o esquema da Figura 20. O experimento conta com 3 paredes,
teto e piso adiabáticos e uma parede, orientada para o sul, com alvenaria
de tijolos e revestida com os módulos ventilados

Figura 20 - Esquema do experimento

Fonte: Francés et al. (2013)

Os dados da velocidade do vento na câmara de ar tiveram que


adotar um coeficiente de descarga variável para que o modelo matemático
pudesse calcular valores similares aos medidos. O coeficiente de descarga
é razão entre resultados reais e resultados teóricos para vazão de entrada
de ar pela abertura da cavidade ventilada, e representa os efeitos de
turbulência causados pela redução abrupta da área da abertura. Os
resultados com o coeficiente de descarga fixo apresentaram discrepâncias
57

possíveis de se observar no Gráficos 01, sendo que esse erro foi corrigido
com o coeficiente de descarga variável, como se observa no Gráfico 02.

Gráfico 1 - Velocidade de ar com Cv constante

Fonte: Francés et al. (2013)

Gráfico 2 - Velocidade de ar com Cv variável

Fonte: Francés et al. (2013)


58

Essa mudança permitiu melhorar os resultados obtidos para


temperaturas da cavidade e revestimento externo. Os resultados indicam
uma correlação R2 de 0,987 para a temperatura do revestimento externo
para os resultados medidos e calculados, bem como uma correlação R2 de
0,976 para a temperatura interna da cavidade. O estudo demonstra que a
metodologia aplicada para os cálculos apresentou resultados confiáveis,
sendo que em outros estudos com condições similares os resultados das
simulações computacionais podem ser validados sem a necessidade de
experimentos físicos.
No experimento de Iribar-Solaberrieta et al. (2015) propõe-se
uma metodologia para obter dados em campo do comportamento de uma
fachada ventilada opaca, com o uso de uma célula de teste PASLINK e
posterior validação da simulação computacional com o software
TRNSYS. Na Figura 21, pode-se ver o processo de construção do
experimento, com medidas de 8 x 2,7 x 2,7 (profundidade x altura x
largura em metros).
O modelo foi desenvolvido para simular os efeitos da fachada
ventilada e aplicar a tecnologia em edifícios residenciais construídos nos
anos 60 em Almeria e Burgos, na Espanha, sendo que a primeira região
tem maior demanda energética para resfriamento e a segunda para o
sistema de calefação.
Um modelo para simulação foi desenvolvido para atender um
edifício residencial com seis pavimentos, e foi feita a comparação do
consumo de energia anual para o modelo com a envoltória original (tijolo
e bloco) e outra simulação com a instalação da fachada ventilada opaca
(com três opções de materiais de revestimento com emissividades
diferentes).
59

Figura 21 - Construção da célula PASLINK

Fonte: Iribar-Solaberrieta et al. (2015)

Dentre as opções simuladas, a utilização de placas de concreto


com maior emissividade (0,9) leva a uma economia de 31,15kWh/m2.ano
para o sistema de aquecimento na região de Burgos. Na região mais
quente, Almeria, as mudanças não representaram diferenças sensíveis
(economia de 0,57kWh/m2ano) para o sistema de refrigeração.
No estudo de Giancola et al. (2012) uma fachada ventilada em
um edifício é investigada experimental e numericamente. O edifício situa-
se na cidade de Almeira, Espanha, com clima Mediterrâneo. A fachada
em estudo está orientada para o sul e é composta por placas cerâmicas
com juntas abertas, conforme a Figura 22.
Nesse estudo, o comportamento assimétrico e não homogêneo
do movimento de ar na cavidade ventilada é estudado, uma vez que a
fachada tem juntas abertas e, por essa característica, difere do
comportamento de uma fachada com juntas fechadas, na qual o
movimento do ar é homogêneo e simétrico, como é visto na Figura 23.
60

Figura 22 – Corte esquemático da fachada (E) e detalhes da fachada em estudo


(D)

Fonte: Adaptado de Giancola et al. (2012)

Figura 23 – Ventilação na câmara de ar com fachada ventilada com juntas


abertas

Fonte: Adaptado de Giancola et al. (2012)


61

O estudo comparou os dados obtidos em campo para


temperatura, fluxo de calor e velocidade do ar na cavidade com os do
modelo computacional desenvolvido com o software Fluent. A
temperatura das placas do revestimento externo foi medida com
termografia e também foi comparada com os resultados obtidos em
simulação computacional.
Dos resultados obtidos, os autores observam que durante os
períodos de inverno, quando de uma incidência solar maior, a fachada
ventilada auxilia o isolamento e evita a perda de calor do interior da
edificação. Caso a incidência solar seja muito baixa e a temperatura
externa menor que a interna, essa tecnologia de fachada acaba
aumentando a perda de calor.
Já no caso do período de verão, caso a radiação e temperaturas
externas sejam altas, a fachada pode contribuir a diminuição dos ganhos
de calor, considerando o clima Mediterrâneo do estudo.
Quanto à comparação dos dados de campo com os provenientes
da simulação computacional, o desvio entre os resultados ficou em até
10%, sugerindo o uso da simulação uma boa alternativa, principalmente
em estágios iniciais de projeto.

Medições em edificações para validação de simulações

Uma das abordagens para coleta de dados sobre o


comportamento de envoltórias é a medição através de sensores e módulos
de aquisição de dados. As informações coletadas são utilizadas para
desenvolver modelos matemáticos, regressões lineares e validação de
metodologias de simulações computacionais.
62

Anđelković, Mujan, Dakić. (2016) desenvolveram uma pesquisa


em um edifício comercial em Belgrado, Sérvia. O retrofit da fachada,
utilizando uma DSF, foi objeto de medições in loco. É possível observar
na Figura 24 o edifício que foi modelado no software Designer Builder
(interface do EnergyPlus para a realização de simulações termo
energéticas).
Foram coletados dados referentes às temperaturas externa e
interna à cavidade, velocidade e direção dos ventos dentro da cavidade de
ar. Além desses dados, as características termo físicas dos materiais,
número de ocupantes, sombreamento, pressão de ventos e informação do
sistema de ar-condicionado foram considerados. Foi desenvolvido um
arquivo climático com os dados coletados no ano, para que a simulação
considerasse as temperaturas, regime de ventos e insolação, com o mesmo
cenário das medições experimentais.

Figura 24 - Detalhe da envoltória simulada

Fonte: Anđelković, Mujan, Dakić. (2016)


63

Os dados foram comparados com os obtidos na simulação. Os


resultados foram processados estatisticamente, conforme os períodos do
ano (verão, meia-estação e inverno). Os resultados referentes às
temperaturas tiveram correlações R2 de 0,97, e o coeficiente de variação
do erro médio quadrático variou sua porcentagem em 11,95%, 11,97% e
13,85% para as zonas 1, 2 e 3 respectivamente. Estes resultados indicam
que a simulação ofereceu resultados confiáveis, sendo um processo com
baixa demanda de tempo, em torno de 10 minutos para cada simulação.
No caso analisado por Aparicio-Fernández et al. (2014), a
fachada ventilada em estudo localizada em Valência, Espanha, teve
sensores instalados em pontos determinados e dados de temperatura na
cavidade foram coletados conforme se observa na Figura 25: corte
esquemático (a), detalhe da fachada (b) e detalhes da placa de ACM. A
fachada tem um sistema de captação de ar externo através da cavidade de
ar, buscando uma redução no consumo de energia com calefação,
utilizando o ar da cavidade ventilada (que tem uma temperatura maior
que a do ar externo) para a renovação de ar do sistema de ar-
condicionado.

Figura 25 – Detalhes do experimento

Fonte: Aparicio-Fernández et al. (2014)


64

Os dados foram coletados durante o período de um ano com o


objetivo de avaliar as simulações com os softwares TRNSYS e
TRNFLOW. O arquivo climático utilizado contém os dados de:
velocidade e direção do vento, radiação solar horizontal, temperatura e
umidade relativa.
Os resultados quanto à eficiência do sistema indicaram que a
redução do consumo de energia com aquecimento caiu 76%. A fachada
com orientação sul apresentou o melhor desempenho e a norte, mesmo
com resultados menos efetivos, indica que seu uso nessa orientação é
viável. Resultado similar surge no estudo de Sanchez et al. (2016), no
qual a economia de energia pode variar de 44,3% a 75,1% para uma
fachada ventilada, sendo que a variação é proveniente da quantidade de
incidência solar no inverno para a fachada sul.
No artigo de Suárez et al. (2012) os autores focam no
desempenho energético de uma fachada ventilada de juntas abertas
(FVJA), comparando suas temperaturas e fluxos de transferência de calor
com os de uma fachada convencional de cavidade de ar selada (Figura
26) e validando os dados com as medições obtidas em campo para uma
fachada com orientação Sul em Madrid, Espanha (Figura 26).

Figura 26 - Fachada sul (a), detalhe das camadas (b) e detalhe junta aberta (c)

(a) (b) (c)


Fonte: Adaptado de Suárez et al. (2012)
65

Figura 27 - Diferença uma fachada com cavidade selada (esq.) com FVJA (dir.)

Fonte: Adaptado de Suárez et al. (2012)

O comportamento térmico e fluido-dinâmico de ambos os


modelos foi analisado com modelos computacionais de CFD, onde se
observa a forma de ingresso e saída do ar na cavidade ventilada na Figura
28. A velocidade do ar e comportamento dentro da cavidade muda em
relação à altura, por ser um fenômeno assimétrico sem uniformidade,
conforme visto no trabalho de Giancola et al. (2012) anteriormente.
66

Figura 28 – Velocidade do ar dentro da cavidade

Fonte: Adaptado de Suárez et al. (2012)

A comparação entre as temperaturas, dentro da cavidade selada


com as da cavidade ventilada, demonstra diferenças de até 10ºC para a
mesma altura da fachada como se observa na Figura 29. As temperaturas
superficiais no revestimento ventilado assumem valores similares aos da
fachada selada, porém a transferência desse calor para a camada de ar é
minimizada pela movimentação do ar entre o interior e exterior da
camada, criando um ambiente intermediário com menores temperaturas.
67

Figura 29 – Temperaturas do ar externo e na cavidade selada (E) e com juntas


abertas (D)

Fonte: Adaptado de Suárez et al. (2012)

Os resultados das simulações, segundo Suárez et al. (2012),


indicam que o comportamento de ambas as fachadas está fortemente
relacionado às condições climáticas e orientação. Mas, em termos gerais,
pode-se dizer que quanto maior a radiação solar e a temperatura do ar
ambiente, maior a eventual economia de energia com uma fachada
ventilada com juntas abertas nos períodos de verão.
O padrão de fluxo do ar dentro da cavidade é completamente
diferente para fachadas abertas e seladas. Enquanto em uma fachada de
cavidade selada o fluxo é caracterizado por um ciclo convectivo, o fluxo
de ar em uma fachada ventilada com juntas abertas está sempre para cima,
e com a velocidade do ar na cavidade atingindo uma grandeza de cinco
vezes maior que as obtidas na cavidade selada. Vale ressaltar que o
comportamento do fluxo depende fortemente da altura da entrada do ar
68

pelas juntas abertas ao longo da fachada. O ar entra na cavidade aberta


pelas juntas inferiores aumentando sua velocidade e temperatura em
relação à altura da mesma. Do meio para o topo, o ar sai da cavidade
através das juntas, retirando o calor.
Sobre o comportamento térmico, verificou-se que, em condições
de radiação, as temperaturas de uma fachada ventilada com juntas abertas
são mais baixas, especialmente o ar dentro da cavidade, e isso resulta em
uma menor transferência de fluxo de calor para o interior do edifício.
Para o clima estudado, a estimativa de economia de energia com
resfriamento, com o sistema ventilado, na ordem de 9% para a fachada
sul, e para a fachada norte pode chegar até 4%. Esta redução ajuda a
compensar os custos mais elevados do sistema de fachada ventilada,
entretanto, os motivos econômicos não são os únicos que devem ser
considerados para a escolha do sistema de fachada ventilada estudado
segundo os autores.

Métodos de simulações de desempenho para fachada ventilada


Albuquerque e Graça (2015) apresentam uma metodologia de
simulação computacional que emprega diferentes softwares para a
avaliação do desempenho térmico da envoltória de um edifício de
escritórios no centro de Lisboa, Portugal, bem como o de fluxo de ar
gerado pela edificação no ambiente urbano circundante.
O edifício, de dezessete pavimentos, teve o desenho da fachada
e do sistema de ventilação natural otimizados usando três ferramentas de
simulação inter-relacionados: Ecotect, EnergyPlus e PHOENICS (CFD).
A simulação térmica dinâmica (EnergyPlus) incorporou os dados
fornecidos pelos outros programas e as velocidades do ar provenientes
69

dos ventos foram obtidos utilizando CFD. Os resultados das simulações


mostram que um edifício cuidadosamente otimizado no clima ameno de
Lisboa pode operar com ventilação natural para arrefecimento 70% do
ano.
O software EnergyPlus foi utilizado para calcular efeito chaminé
na fachada ventilada, Ecotect para calcular a radiação incidente na
fachada (com uma maior liberdade) e o PHOENICS (CFD) para gerar o
arquivo referente às pressões de vento no ambiente urbano circundantes
ao edifício.
O estudo comparou o consumo anual com ar-condicionado para
os cenários definidos na metodologia. Estes levaram a uma otimização
total do edifício, gerando uma economia de 60% no consumo do ar-
condicionado, sendo 30% proveniente do uso da ventilação natural e os
outros 30% pelas características da envoltória.
Além disso, foram estudadas as condições de conforto em
relação à velocidade do vento nas áreas externas do edifício, com
avaliação “A” para todas orientações exceto para o sul com ventos mais
intensos e com avaliação “C”, conforme a ASHRAE.
A pesquisa de López e Santiago (2015) foi desenvolvida para
entender os locais da Espanha que mais favorecem a eficiência obtida
com o uso de uma fachada ventilada opaca, a eficiência do sistema foi
estudada na temporada do inverno. Uma análise de sensibilidade foi
desenvolvida para verificar quais as condicionantes climáticas que mais
influenciam na eficiência desse tipo de fachada.
O estudo foi desenvolvido para 12 localidades daquele país e os
resultados obtidos das simulações com o software TRNSYS
demonstraram que a radiação solar foi a condicionante que mais
70

influenciou a economia de energia. Porém, a combinação de temperatura


e ventos com baixa velocidade também pode oferecer economias
significativas.
O modelo da simulação pode ser visto na Figura 30, que
representa um edifício de escritórios com parede de tijolos furados
aparentes na face externa e as placas metálicas da fachada ventilada,
aplicadas pela frente da parede de tijolos. Abaixo apresenta-se o detalhe
do módulo de uma das salas.

Figura 30 – Detalhes do modelo e módulo

Fonte: López, Santiago. (2015)


71

A fachada ventilada estudada pode ser melhor observada na


Figura 31, com as camadas identificadas e a indicação do canal de
ventilação.

Figura 31 – Detalhe do modelo para a fachada ventilada

Fonte: López, Santiago. (2015)

A utilização da fachada ventilada opaca levou a uma economia


média de energia na ordem de 43% quando comparada ao edifício
somente com a parede de tijolos aparentes.
A pesquisa de Corrado et al. (2013) foi desenvolvida para o clima
de Turim, Itália, para um design day de verão. A metodologia propõe uma
simulação computacional de uma fachada ventilada com superfície
externa contínua, utilizando o software EnergyPlus e o módulo external
natural vented cavity, e considerando que a fração de abertura de áreas é
igual a 1, condição que define a fachada com juntas fechadas (quando a
área da parede é igual a área do revestimento).
72

Para a absortância solar, emissividade, eficiência das aberturas


em relação ao vento e coeficiente de descarga da camada de ar foram
definidos valores fixos. Porém a altura da parede e, consequentemente, a
altura do ponto de pressão médios variaram, além da largura da cavidade
ventilada.
O estudo avaliou a diferença entre a transmitância térmica
definida em norma com a transmitância térmica dinâmica, a partir dos
dados obtidos na simulação. A ventilação natural modificou o fluxo de
calor na cavidade ventilada, influenciando a transmitância térmica ao
longo do dia.
A cavidade com largura de 10cm teve melhor desempenho,
mantendo uma temperatura interna menor durante as horas de maior
exposição solar para o dia de estudo e para a orientação oeste, conforme
o Gráfico 3.

Gráfico 3 – Temperatura do ar na cavidade ventilada (oeste) para larguras


diferentes

Fonte: Corrado et al. (2013)


73

O autor ainda considera que o método adotado na pesquisa


permite sua replicação para outras situações em que projetistas
necessitem avaliar o impacto do uso da fachada ventilada para variados
tipos de paredes e estruturas que estejam em contato com a cavidade
ventilada.

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL PARA AVALIAÇÃO DO


DESEMPENHO TÉRMICO DE FACHADAS VENTILADAS COM O
SOFTWARE ENERGY PLUS
O EnergyPlus, software de distribuição gratuita desenvolvido
pelo Departamento de Energia do governo dos Estados Unidos, permite
uma variedade expressiva de tipos de simulações energéticas de
edificações, dados de entrada e saída, apresenta-se como um programa
complexo, com interface menos amigável, porém permitindo um controle
maior da simulação. Trabalha em paralelo com programas como o
OpenStudio (plug-in do software Sketchup), permitindo a edição e
criação de volumes, zonas térmicas e demais elementos construtivos com
uma interface intuitiva.
O programa de simulação EnergyPlus contém um módulo que
simula o desempenho térmico de fachadas ventiladas, segundo
ENERGYPLUS (2013). Chamado de “Surface Property: Exterior
Natural Vented Cavity”, permite a configuração da alvenaria ou materiais
que compõem a vedação da fachada, a cavidade de ar e as características
do revestimento externo. O balanço térmico na fachada leva em
consideração a radiação solar direta e refletida e a ventilação natural e
derivada do efeito chaminé na cavidade de ar (Figura 32). O programa
utiliza as informações contidas no arquivo climático, bem como a
74

definição de um coeficiente para caracterizar o ângulo com o qual as


aberturas das juntas estão em relação aos ventos. O EnergyPlus utiliza de
algoritmos para o cálculo da ventilação na cavidade ventilada.

Figura 32 – Esquema das trocas térmicas e ventilação na cavidade de ar.

INTERIOR

Face Externa da Parede


EXTERIOR
CAVIDADE

Fonte: Adaptado de ENERGYPLUS (2013)

O programa oferece os módulos: “Surface Property: Exterior


Natural Vented Cavity” em conjunto com “Surface Property: Other Side
Conditions Model”, que juntos permitem calcular as trocas de calor que
ocorrem na cavidade ventilada, admissão de ventilação proveniente dos
ventos locais e por efeito chaminé entre o revestimento externo, chamado
de “baffle”, e a parede de alvenaria revestida. Esse parâmetro será
configurado no “Building Surface: Detailed” e, ao invés das superfícies
das paredes externas serem configuradas para “Outdoors”, elas serão
configuradas como “Other Side Conditions Model”.
75

O balanço térmico do volume de ar na cavidade é dado pela


Equação 01, que define que a somatória do fluxo de calor proveniente da
ventilação natural, da convecção na cavidade e da convecção no
revestimento é igual a zero. Isso ocorre, pois, os fluxos de calor assumem
valores positivos e negativos (ganhos e perdas).
!"#$% + !'( + !',*+,, = 0
(1)
Onde:
!"#$% é a taxa de energia adicionada pelos ventos locais [W];
!'( é a taxa de energia adicionada pela ventilação por
convecção entre as superfícies do revestimento externo e a parede externa
[W];
!',*+,, é a taxa de energia adicionada pela convecção de calor
do revestimento externo [W].

O cálculo da temperatura na cavidade (Equação 02) é uma média


da somatória dos produtos das temperaturas superficiais do revestimento
com a área de cada superfície e o coeficiente de convecção de cada
elemento e a temperatura ambiente multiplicado pelo volume de
ventilação, que considera a ventilação total e a densidade do ar (Equação
03), em relação aos coeficientes de convecção e o volume de ventilação
por forças naturais e o coeficiente de pressão. Dessa forma, o cálculo da
temperatura da cavidade de ar considera o calor que é retirado pela ação
da ventilação dentro da cavidade.

(ℎ','+" + -"#$% IJ F+1* + ℎ','+" 4FK,*+,, )


F+,'+" = (2)
(ℎ','+" 4 + -"#$% IJ + ℎ','+" 4)
76

Onde:
-"#$% é o volume de ventilação pela ação dos ventos locais
[kg/s].

-"#$% = ./%(% (3)

Onde:
. é a densidade do ar [kg/m3];
/%(% é a taxa de ventilação total [m3/s].

As equações de ventilação 05 e 07 demonstram os cálculos da


ventilação total que é aplicada na Equação 04, que demonstra que a
ventilação total dentro da cavidade é a soma da ventilação proveniente da
entrada dos ventos locais pelas juntas com a ventilação proveniente dos
fenômenos de convecção térmica (efeito chaminé).Os inputs no
componente “Surface Property: Exterior Natural Vented Cavity”
interferem nessa parte da equação como: CV que se refere ao parâmetro
da eficiência das aberturas (Efectiveness of the Openings), CD ao
coeficiente de descarga (Discharge Coefficient) e DHNPL ao ponto neutro
de pressão (Height for Buoancy Driven Ventilation). Este parâmetro é
configurado em metros e define a altura do ponto neutro de pressão na
envoltória.
A Equação 05 demonstra o cálculo da ventilação proveniente dos
ventos locais, que é o produto do coeficiente CV, a área de infiltração e a
velocidade do vento.

/%(% = /"#$%( + /'($". $+%N0+2 (4)


77

Onde:
/"#$%( é a taxa do volume de ventilação proveniente dos ventos
locais [kg/s],
/'($". $+%N0+2 é a taxa do volume de ventilação por efeito
chaminé [kg/s].

/"#$%( = C" 45$ 67 (5)


Onde:
3" é o coeficiente de descarga;
45$ é área livre das aberturas [m2];
67 é a velocidade média do vento para o intervalo do cálculo
[m/s] (ver Eq. 6).

O regime de ventos locais influencia na simulação, uma vez que


a velocidade do vento é interpretada como proveniente de uma estação
meteorológica localizada em campo aberto e com os dados coletados a 10
metros de altura. Porém o programa não considera a orientação de
incidência dos ventos, adotando um comportamento igual da ação dos
ventos locais para todas as orientações. Para ajustar-se às várias
condições de terreno e diferentes alturas das superfícies da envoltória do
edifício, a velocidade do vento é calculada para as diferentes alturas dos
pavimentos. A Equação 7 demonstra como é feito esse ajuste na
velocidade do vento, segundo a ASHRAE (2001).

+PQR +
91#% 8
67 = /1#% (6)
81#% 9
78

Onde:
/1#% é a velocidade do vento medida pela estação [m/s];
Z é a altura central da superfície calculada [m];
81#% é a altura do sensor de medição da estação meteorológica
[m];
9 é referente ao tipo de superfície do terreno informado;
91#% é o tipo de superfície do local da estação meteorológica;
:1#% S : são coeficientes relacionados ao tipo de terreno. (ver
Quadro 1)

Quadro 1 – Coeficientes relacionado ao terreno.


Terreno Descrição a T (m)
1 Plano, Campo Aberto 0,14 270
2 Irregular, Arborizado 0,22 370
3 Cidade 0,33 460
4 Oceano 0,10 210
5 Urbano, Industrial, Florestal 0,22 370

Fonte: Adaptado de ENERGYPLUS (2013)

Já o volume de ventilação por efeito chaminé se dá pela Equação


07, que considera se o revestimento externo está na horizontal** ou
vertical*.

/%#01+2
3; 45$ 2<∆>?@A F+,'+" − F+1* F+,'+" F+,'+" > F+1* ∗ (7)
=
3; 45$ 2<∆>?@A F+1* − F+,'+" F+1* F+,'+" < F+1* ∗∗

Onde:
79

3; é o coeficiente de descarga;
< é a constante da aceleração da gravidade [9,81 m/s2] ;
∆>?@A é o ponto de pressão neutro [m].

Uma investigação sobre os resultados obtidos em simulação


computacional com esse módulo e a comparação com os valores
coletados em campo foi desenvolvida por Naboni (2007). Neste estudo,
as temperaturas do revestimento externo (Baffle), do ar na cavidade e
temperatura interna apresentaram valores similares. Quanto ao 3; , este
parâmetro foi mantido com o valor padrão do programa, gerando
resultados confiáveis quanto ao comportamento térmico da fachada
ventilada opaca. Porém, algumas lacunas nos resultados parecem ser
devidas ao fato de que os efeitos de vento calculados dependem da
magnitude da velocidade do vento, porém não consideram a direção dos
mesmos. Entretanto, os valores obtidos permitem avaliações da eficiência
termo energética de fachadas ventiladas opacas.
O autor sugere, também, aperfeiçoamentos em futuras
atualizações do programa para esse módulo como: a sensibilidade do
módulo para a direção do vento, a possibilidade do módulo permitir a
configuração de diferentes tipos de revestimento externo que tenham
maior capacidade térmica e a conexão do módulo com o módulo “Air
Flow” de ventilação natural para uma maior gama de opções para
configuração, dados de entrada e saída.
80

CONCLUSÕES DA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os estudos selecionados investigam o comportamento da


fachada ventilada sob enfoques distintos: os tipos de fachada ventilada, o
comportamento termo energético do sistema, a validade dos resultados
medidos em experimento e simulados, o impacto no consumo de energia
com aquecimento e resfriamento de edifícios, a orientação da fachada e o
desempenho da mesma, métodos de simulação, comportamento da
ventilação na cavidade de ar, influência de características dos materiais
de revestimento, validação dos dados obtidos com o módulo “Exterior
Natural Vented Cavity” do EnergyPlus e sua limitações, entre outros.
A pesquisa sobre os vários tipos de materiais, sistemas e
revestimentos externos demonstrou que esse tipo de revestimento não
aderido é disponibilizado em vários sistemas de fixação e diferentes
revestimentos, atendendo às mais diversas necessidades. O uso da
fachada ventilada com juntas abertas é avaliado como uma solução
promissora para a redução de carga térmica com refrigeração para climas
que tenham períodos de verão com temperaturas altas e invernos
moderados, conforme os estudos de Sanjuan et al. (2011b), Suárez et al.
(2012) e Ibañez-Puy et al. (2017).
Os estudos com protótipos e ensaios de laboratório indicam a
importância da ventilação na cavidade, bem como as fontes distintas
desse fenômeno provenientes dos ventos locais ou por fenômenos de
convecção (efeito chaminé). As simulações computacionais, sejam com
métodos que buscaram validação de resultados com experimentos, ou a
avaliação comparativa entre sistemas de revestimento distintos,
apresentam-se como uma método eficaz, como visto nos estudos de
81

López, Santiago. (2015), Iribar-Solaberrieta et al. (2015) e Suárez et al.


(2012).
Anđelković, Mujan, Dakić. (2016) desenvolveram um estudo por
meio de um método que que utilizou um arquivo climático proveniente
de medições feitas experimentalmente durante um ano, atingindo assim
resultados confiáveis, porém, segundo os autores, é um método que
demanda uma quantidade significativa de tempo para a coleta e
tratamento de dados para a montagem do arquivo.
A comparação da carga térmica anual para compreender a
diferença de desempenho entre tipos de envoltórias distintas se faz
presente nos trabalhos de López, Santiago. (2015) e Iribar-Solaberrieta et
al. (2015), bem como a comparação do fluxo médio horário de calor das
envoltórias no trabalho de Corrado et al. (2013) e Iribar-Solaberrieta et
al. (2015) . Os resultados em gráficos apresentam fácil leitura do
comportamento térmico das envoltórias, apresentando o panorama anual
de consumo da edificação com o sistema de ar-condicionado, permitindo
uma avaliação inicial da diferença na escolha de um sistema ou outro.
A simulação computacional, para avaliação do desempenho
térmico apresenta-se viável com o uso do EnergyPlus. Por meio das
simulações computacionais com este software, pode-se utilizar o mesmo
modelo e simular tanto a envoltória com revestimento aderido quando
com a fachada ventilada. Os resultados obtidos foram avaliados como
coerentes e viáveis conforme o estudo de Corrado et al. (2013), que
avaliou a economia de energia com a fachada ventilada como alternativa
de retrofit de uma edificação em Turim. Já as considerações sobre a
viabilidade do uso do módulo “Exterior Natural Vented Cavity” e as
limitações que o mesmo apresenta, segundo os estudos de Naboni (2007),
82

apontam o mesmo como uma alternativa que envolve uma menor


colplexidade e traz resultados confiáveis.
83

MÉTODO
Com o intuito de compreender o comportamento do sistema de
fachada ventilada em comparação à fachada com revestimento aderido,
como alternativa para redução de carga térmica em retrofit de edifícios
comerciais, destacam-se as trocas de calor através de componentes
opacos da envoltória.
Estes fenômenos de trocas térmicas foram calculados por meio
de simulação computacional com o software EnergyPlus. Este
oportunizou o cálculo das trocas térmicas e dados de saída de condução
térmica, temperaturas e ventilação, tanto para o sistema de fachada com
revestimento aderido quanto para a fachada ventilada opaca, a partir de
um mesmo modelo base, possibilitando comparar o desempenho térmico
dos sistemas em climas distintos. Uma vez que é um software gratuito e
utilizado de forma ampla por pesquisadores e consultores na área de
eficiência energética, a adoção do mesmo permitiu o desenvolvimento de
um método que pode ser reproduzido para a simulação térmica de
fachadas ventiladas.
Para este estudo, as cidades de Florianópolis e Maceió foram
contempladas (Figura 33), considerando aspectos que as caracterizaram
adequadas para esta pesquisa por se tratarem de cidades localizadas no
litoral brasileiro, porém com condições climáticas distintas, sendo a
primeira situada em um clima subtropical e a segunda em um clima
tropical. As características climáticas de cada cidade em estudo, bem
como as datas selecionadas para os estudos referentes à parte dessa
pesquisa serão apresentados em detalhes na sequência.
84

Figura 33 - Cidades contempladas pelo estudo.

Fonte: O Autor.

CARACTERIZAÇÃO DOS CLIMAS

Os climas em estudo nessa pesquisa foram avaliados em relação


às temperaturas, regime de ventos e radiação incidente, uma vez que,
conforme mostrado na revisão bibliográfica desta pesquisa, esses são os
principais parâmetros que determinam o desempenho térmico da fachada
ventilada. Os arquivos climáticos TRY (Test Reference Year) disponíveis
no site do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
(LABEEE) da UFSC, foram investigados com os softwares Energy Plus
e Climate Consultant, bem como foram utilizados mapas e dados
disponíveis no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para
algumas avaliações como será apresentado na sequência.
Os climas das cidades selecionadas para o estudo são litorâneos,
porém com diferenças em relação à latitude. A comparação entre esses
climas permitiu uma avaliação anual da influência de um clima que é
caracterizado por quatro estações definidas (Florianópolis), com o clima
85

nordestino, com a predominância dos períodos chuvosos e secos


(Maceió), relacionado ao uso de um sistema de fachada ventilada.

Caracterização dos climas quanto à temperatura

As capitais selecionadas para estudo apresentam diferenças


significativas relacionadas às temperaturas durante o ano e a amplitude
térmica, como pode ser observado na Figura 34

Figura 34 – Mapa das normais climatológicas das temperaturas médias anuais


no Brasil.

Fonte: Adaptado do repositório digital do site INMET8

8
Disponível em
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/normaisClimatologicas.
Acessado em setembro. 2016.
86

O Gráfico 4 apresenta as médias mensais das temperaturas de


bulbo seco, sendo um dado climático que interfere nos fenômenos de
trocas térmicas (Equação 2), uma vez que a edificação será mantida a
24ºC durante o verão e 20ºC no inverno pelo sistema de ar-condicionado.
A temperatura ambiente também influencia no fenômeno que ocorre na
cavidade da fachada ventilada, denominado como efeito chaminé,
conforme a Equação 7.

Gráfico 4 - Temperaturas médias mensais - Florianópolis e Maceió

29
27
25
23
ºC

21 Maceió
19
17 Florianópolis
15
Março

Novembro

Dezembro
Julho
Abril

Maio
Fevereiro

Junho
Janeiro

Setembro
Agosto

Outubro

Fonte: O Autor – Dados dos arquivos climáticos TRY.

As temperaturas médias em Maceió, com pequena variação nas


médias mensais, apresentam uma amplitude máxima, entre as médias
mensais, de 2,2ºC e uma média anual de 24,8ºC. Já os dados referentes à
Florianópolis demonstram uma variação maior das médias de
temperatura, tendo uma amplitude máxima das médias mensais de 8,1ºC
e temperatura média anual de 20,4ºC, com estações bem definidas.
87

Caracterização dos climas quanto à radiação incidente

A radiação incidente pode ser analisada como: direta normal,


difusa e global horizontal. O Gráfico 5 apresenta o número de horas de
insolação total (representa o número de horas nas quais, durante o dia, o
disco solar é visível para um observador situado à superfície terrestre, em
um local com horizonte desobstruído). Os valores médios mensais, com
base nos dados dos arquivos climáticos TRY, indicam uma
disponibilidade de horas da luz solar 20% maior para a cidade de Maceió
ao longo do ano.

Gráfico 5 – Insolação total mensal para as cidades em estudo.


300
275
250
225 Média Maceió
200 Média Florianópolis
175
150
125
Maceió
Horas

100
75
50 Florianópolis
25
0
Março

Novembro

Dezembro
Julho
Abril

Maio
Fevereiro

Junho
Janeiro

Setembro
Agosto

Outubro

Fonte: O Autor – Dados climáticos dos arquivos TRY.

As cartas solares na Figura 35 permitem observar que em


Florianópolis, a orientação sul tem uma menor incidência de radiação
solar direta durante o verão e sem radiação direta no inverno. Já o clima
de Maceió tem uma incidência da radiação solar quase simétrica, ou seja,
as orientações norte e sul apresentam quase a mesma exposição.
88

Figura 35 - Cartas solares para o clima de Florianópolis e Maceió


Florianópolis Maceió

Fonte: Adaptado do site Andrewmarsh9

Pode-se observar no Gráfico 6 as diferenças nas radiações


solares entre Florianópolis e Maceió. A média anual da radiação global
horizontal para Florianópolis fica aproximadamente em 515 Wh/m2,
tendo média mensal máxima de 750 Wh/m2 e mínima de 400Wh/m2. Este
valor médio anual da radiação global horizontal em Florianópolis é
inferior à menor média mensal do clima de Maceió, no mês de Julho, com
580Wh/m2.

9
Disponível em http://www.andrewmarsh.com. Acessado em Agosto
de 2017
89

Gráfico 6 – Radiação solar direta normal, global horizontal e difusa para


Florianópolis
Maceió
Florianópolis e Maceió.

Fonte: Adaptado do software Climate Consultant e arquivo TRY.

Caracterização dos climas quanto aos ventos locais

As cidades selecionadas para a pesquisa apresentam climas com


regimes distintos em relação à velocidade dos ventos. Florianópolis
apresenta velocidades médias mensais menores em relação à Maceió,
exceto nos meses de fevereiro e março. Durante o período seco do clima
de Maceió, os ventos são mais intensos no litoral nordestino, diferente do
clima de Florianópolis com uma pequena redução durante parte do outono
e início do inverno (Gráfico 7).
90

Gráfico 7 - Velocidade média mensal dos ventos nas cidades em estudo.

5
4,5
4
3,5
3
m/s

2,5
2 Maceió
1,5
1 Florianópolis
0,5
0

Agosto

Outubro
Junho
Março

Setembro
Janeiro

Maio

Julho

Novembro

Dezembro
Fevereiro

Abril

Fonte: O Autor - Dados dos arquivos climáticos TRY.

A direção e intensidade do vento são observadas na Figura 36


que apresenta uma rosa dos ventos em conjunto com a quantidade de
horas, temperatura e umidade relativa.

Figura 36 – Comportamento anual do regime de ventos para as cidades de


Maceió e Florianópolis.
Maceió Velocidade 10
Máxima Florianópolis
N 8 N
do Vento 6 Média
(m/s) 4
2 Mínima
0
0%
Média UR
100% Mínima
0 0
Média 2
Temp 4
Máxima 6

10% Horas

O L 20% O L

Temperatura (ºC)
<0 4
2
0 - 20 2
0 0
20 - 24
24 - 38
> 38
0% 0%
Umidade Relativa (%)
<30
30-70
S S
>70

Fonte: Adaptado do software Climate Consultant e arquivo TRY.


91

Florianópolis apresenta ventos predominantes vindo do


Nordeste e com a presença do vento Sul de forma ocasional e demais
orientações, porém com a característica de velocidades altas.
Maceió tem os ventos predominantes ao longo do ano na direção
Sudeste e Leste com maiores velocidades, com contribuições mais
ocasionais dos ventos Leste, Sul variando a velocidade.
Quanto a temperatura média dos ventos, em Maceió é alta
durante o ano, diferente de um comportamento com uma variação maior
das médias de temperatura em Florianópolis, uma vez que é um clima
com estações bem definidas.

DEFINIÇÃO DO MODELO DO EDIFÍCIO

O modelo de referência foi desenvolvido com base na ASHRAE


Standard 90.1(2013) com um modelo core and shell que se apresenta com
um núcleo central e uma área periférica climatizada.
A edificação tem dimensões de 16 m para a largura e
profundidade, pé-direito com 3,15m, quatro zonas térmicas perimetrais
com 4,5m de profundidade com mesma área e uma zona térmica central
separada das demais por uma parede de alvenaria com 15 cm de
espessura.
O percentual de abertura da fachada (PAF) é de 40% para as
quatro orientações com esquadrias ao longo da totalidade do pé-direito e
os demais fechamentos opacos da fachada configuram-se com alvenaria
revestida com revestimento cerâmico.
Para os valores de absortância solar do revestimento externo, que
pode ser entendida como a fração de calor da radiação solar incidente
92

absorvida pelo material, foram simulados os valores (0,20), (0,55) e


(0,97), adotando-se respectivamente as cores branca, marrom e preta,
conforme a NBR 15220 (ABNT, 2005). Além dessas características, o
modelo se configura com 10 pavimentos tipo, cargas internas e padrões
de ocupação, iluminação e ar-condicionado conforme a NBR 16401
(ABNT, 2008), apresentadas no Quadro 2 e Figura 37.

Quadro 2 - Parâmetros para a simulação


Parâmetro Entrada
Localizações / Florianópolis – SC – Brasil / Centro Urbano
Terreno Maceió – AL – Brasil / Centro Urbano
Arquivos FlorianopolisTRY1963_05CSV.epw
Climáticos MaceioTRY1962_05CSV.epw
Parede de Espessura CT U
Alvenaria 15cm 141,8kJ/m2.K 2,62 W/m2.K
Aberturas Fator Solar Vidro :0,42 PAF: 40%
Revestimento Cerâmica Preta Cerâmica Marrom Cerâmica Branca
Externo a:0,90 a 0,55 a 0,20
Tecnologia de Aderido Não Aderido (Ventilado)
Fixação
Cargas Internas Alta Média Baixa
Iluminação 16 W/m2 14W/m2 12W/m2
Pessoas 7,7m2/pessoa 10m2/pessoa 15m2/pessoa
Equipamentos 21,5 W/m2 10,7 W/m2 5,4 W/m2
Geometria No. Pavimentos Pé Direito Largura Profundidade
10 Tipo 3,15m 16m 16m
Orientação das Leste, Oeste, Norte, Sul
Zonas Térmicas
Climatizadas
Zona Térmica Central
Não Climatização
Cobertura Ucob: 1,0 W/m2.ºC (Atendendo o RTQC Nível A)
Funcionamento Anual, Dias da Semana, 8;00 – 12:00 e 14:00 – 18:00
Ar-condicionado Configuração COP Setpoint Renovaçã
PTHP 3,0 Refrig:24ºC/ Aquec:20ºC o de Ar
27m3/h/p
essoa
Fonte: O Autor – Elaborado a partir da NBR 15220 (ABNT. 2005) e NBR
16401 (ABNT. 2008).
93

Figura 37- Planta esquemática do pavimento tipo


1600
485 630 485

Zona Norte

450

485
Zona Central

1600
630
Zona Oeste Circulação Zona Leste
Elevadores

485
Zona Sul

Pé Direito: 3,15m - Planta Esquemática - 10 Pavimentos Tipo - PAF 40%


*Unidades em centímetros
Fonte: O Autor

Na Figura 38 são apresentados o sistema de fachada comum e o


sistema ventilado com juntas abertas. Com o objetivo de analisar a
diferença de desempenho termo energético da edificação ao adotar a
solução ventilada de revestimento, considerou-se no modelo ventilado a
alvenaria revestida por cerâmica, uma vez que o modelo base é revestido.
94

Figura 38 - Detalhes do modelo e tipos de envoltórias

*Unidades em centímetros.
Fonte: O Autor

O software Energy Plus permite configurar a exposição das


envoltórias ao meio externo tanto para o sistema aderido quanto para o
sistema ventilado com o mesmo modelo base. Desta forma, as envoltórias
foram consideradas para todas as orientações com um único sistema: ou
aderido ou ventilado.
Para o caso da fachada com revestimento aderido, foi utilizado o
componente “Constructions” que define como são as camadas que
compõe as superfícies e, em conjunto com o “Building Surface:
Detailed”, configura-se qual tipo de construção dessas superfícies e como
elas estão expostas ao meio externo (nesse caso expostas ao sol e vento).
Já o sistema ventilado foi configurado com o uso do componente “Surface
Property: Exterior Natural Vented Cavity” em conjunto com o “Surface
Property: Other Side Conditions Model”. Assim, as trocas de calor que
95

ocorrem na cavidade ventilada são calculadas considerando a admissão


de ventilação natural e por efeito chaminé entre o revestimento externo,
chamado de “baffle”, e a parede de alvenaria revestida. Esse parâmetro
foi configurado no “Building Surface: Detailed” e, ao invés das
superfícies das paredes externas serem configuradas para “Outdoors”,
elas foram configuradas como “Other Side Conditions Model”.
Considerando a Equação 5, no componente “Surface Property:
Exterior Natural Vented Cavity” para os parâmetros CV, que se refere ao
parâmetro da eficiência das aberturas (Efectiveness of the Openings),
mantendo o valor adimensional 0,25, padrão do programa. Na Equação
7, o parâmetro CD, coeficiente de descarga (Discharge Coefficient), foi
mantido o valor 0,65. Na mesma equação, para o valor ∆>?@A (ponto de
pressão neutro) considera que o revestimento externo tem aberturas ao
logo de toda a superfície (por se tratar de uma fachada ventilada com
juntas abertas), a relação de diferença do ponto de pressão neutro entre o
interior da cavidade e o ambiente externo é dada pela distância entre as
entradas de ar, que ocorrem pelas juntas da fachada ventilada com juntas
abertas, ao longo da fachada, considerando por esse motivo DHNPL como
1,0m, uma vez que os pavimentos tem 3,0 m de altura (1/3 da altura).

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA METODOLOGIA

A Figura 39 traz um fluxograma das simulações, demonstrando


quais os parâmetros de densidade de carga interna (DCIs), as diferentes
condições da envoltória (revestimento aderido e fachada ventilada opaca)
e as cores, configuradas conforme as absortâncias solares dos materiais
de revestimento.
96

Figura 39 – Fluxograma das etapas da simulação computacional

Arquivos Climáticos

Florianópolis Maceió

Modelo Base

Variação das Cargas Internas


Building Surface: Fachada com Fachada Building Surface: Detailed
Detailed Revestimento Ventilada
<Other Side Conditions Model>
<Outdoors> Aderido Opaca

Baixa Média Alta


Surface Property: Exterior
Variação da Absortância Solar (𝛼) Natural Vented Cavity
do Revestimento Externo

Branca Marrom Preta


Variação da Absortância Solar (𝛼)
(𝛼) = 0,20 (𝛼) = 0,55 (𝛼) = 0,90
do Revestimento Externo

Branca Marrom Preta


Outputs: (𝛼) = 0,20 (𝛼) = 0,55 (𝛼) = 0,90
• Temperatura Externa de Bulbo Seco ºC (hora)
• Temperatura da Superfície do Revestimento ºC (hora)
• Taxa Média de Condução de Calor em W/m2 (hora)
• Carga Térmica Anual de Resfriamento kWh (ano)
• Arquivo *Table.csv Outputs:
• Temperatura Externa de Bulbo Seco ºC (hora)
• Temperatura da Superfície do Revestimento ºC (hora)
• Taxa Média de Condução de Calor em W/m2 (hora)
• Carga Térmica Anual de Resfriamento kWh (ano)
• Volume de Ventilação Total na Cavidade em kg/s (hora)
• Volume de Ventilação pela Ação dos Ventos em kg/s (hora)
• Volume de Ventilação pela Ação do Efeito Chaminé em kg/s (hora)
• Temperatura da Superfície do Revestimento ºC (hora)
Gráficos • Arquivo *Table.csv

Fonte: O Autor
97

O método possibilita a reprodução do estudo para casos


similares, desde que o revestimento externo da fachada ventilada seja de
fina espessura e homogêneo. A adoção de um modelo com o núcleo não
climatizado (onde ocorrer os acessos verticais e horizontais) e quatro
zonas periféricas climatizadas, foi escolhido por oferecer uma análise
mais direta do impacto da envoltória na carga térmica e consumo de ar-
condicionado por zona térmica.
Este módulo não permite o estudo da ventilação proveniente dos
ventos locais considerando a direção dos mesmos, sendo uma limitação
do programa. Este somente considera a intensidade dos ventos e cria um
comportamento igual para todas as orientações. Dessa forma, a ventilação
foi estudada somente sobre o aspecto da ventilação por efeito chaminé
(convecção natural) e a relação com as cores, como será visto de forma
mais detalhada na sequência.

ANÁLISE DOS DADOS

Parâmetros de saída para as simulações

Para a avaliação do comportamento dos sistemas de envoltórias


em estudo, foram configurados parâmetros de saída para a simulação da
fachada com revestimento aderido e para a fachada ventilada conforme o
Quadro 3, sendo que a Figura 40 demonstra um corte esquemático dos
dois sistemas de fachada e o código para os dados das temperaturas.
98

Quadro 3 – Parâmetros de saída de dados da simulação


Sistema de
Dados de Saída
Fachada
Temperatura Externa de Bulbo Seco ºC (hora) Ta
Revestimento Temperatura da Superfície Externa ºC (hora) Tse
aderido e Temperatura da Superfície Interna ºC (hora) Tsi
ventilada Taxa Média de Condução de Calor em W/m2 (hora)
Carga Térmica Anual de Resfriamento kWh (ano)

Temperatura da Superfície do Revestimento (baffle) ºC


Tb
(hora)
Temperatura da Cavidade de Ventilada ºC (hora) Tcav
Ventilada Volume de Ventilação Total na Cavidade em kg/s (hora)
Volume de Ventilação pela Ação dos Ventos em kg/s (hora)
Volume de Ventilação pela Ação do Efeito Chaminé em
kg/s (hora)
Fonte: O Autor

Figura 40 - Representação esquemática dos pontos das temperaturas simuladas

Revestimento Aderido Fachada Ventilada


EXTERIOR

EXTERIOR
INTERIOR

INTERIOR

Tb

Tcav
Tse
Tse
Ta Tsi Ta Tsi

01 Parede de Alvenaria

02 Revestimento Existente

03 Cavidade Ventilada

02 01 04 03 02 01 04 Revestimento Externo (Baffle)

Fonte: O Autor.
99

Tratamento dos dados

Os dados provenientes dos outputs do programa Energy Plus


foram importados para planilhas eletrônicas com o auxílio do software
Excel. Para a avaliação do desempenho anual, foi utilizado o output
[arquivo]Table.csv, com informações do consumo de energia, consumo
de energia do sistema de ar-condicionado e carga térmica anual por zona
térmica. Já as informações de temperatura ambiente, temperaturas
superficiais dos revestimentos e face interna da alvenaria de vedação
externa foram selecionados com o output [arquivo].csv para os dias
típicos para verão e o consumo com refrigeração.
A análise dos resultados foi desenvolvida com a comparação dos
dados obtidos para todas as orientações, bem como do edifício como um
todo. A comparação da carga térmica anual entre os dois sistemas de
fachada considerou os parâmetros de absortância solar (cores) do
revestimento externo e diferentes densidades de carga interna, gerando
gráficos que levam a uma leitura inicial de como a edificação e os
diferentes tipos de tecnologia de fachada modificam o comportamento
termo energético nos climas estudados. Além dos dados totais anuais, os
gráficos da carga térmica total anual por zona térmica indicam quais são
as orientações em que as diferenças entre os sistemas são maiores.
O fluxo de calor foi investigado com a elaboração de gráficos
que demonstram as taxas médias de condução de calor por área, referente
vedação externa do edifício (a parede de alvenaria). Esses foram
elaborados para todas as orientações e absortâncias, com base nos dados
obtidos das simulações com baixa densidade de carga interna. Auxiliando
a compreensão desse fenômeno de condução de calor, e a diferença entre
100

os dois tipos de revestimento externo, foram gerados gráficos das


temperaturas superficiais e do ar. No sistema aderido, as temperaturas do
ar, da superfície externa e da superfície interna apresentaram o
comportamento ao longo do dia de estudo em valores horários. Da mesma
forma, com o sistema ventilado, além dos dados considerados no sistema
anterior, a temperatura do revestimento não aderido e da câmara de ar
entre este a superfície externa da alvenaria de vedação aprofundaram a
compreensão das diferenças de temperaturas no sistema.
A análise do sistema ventilado também contou com informações
de ventilação da câmara de ar provenientes dos ventos locais. Para esse
fenômeno o programa trata a admissão dos ventos locais na cavidade
ventilada como igual para todas as orientações, tratando assim como uma
resultante do algoritmo que considera a condição do terreno que a
edificação está inserida e altura do pavimento, conforme visto
anteriormente com a Equação 6 e Quadro 1. Esses dados que são listados
como volume de ventilação em kg/s foram convertidos em velocidade do
ar conforme a Equação 8.
! = #. %. & (8)
Onde:
! é o volume de ventilação na cavidade [kg/s]
# é a densidade do ar em [kg/m3]
% é a área da envoltória em [m2]
& é a velocidade do vento em [m/s]

Os dias de estudo são para Florianópolis dia 29 de janeiro e para


Maceió dia 09 de abril, por serem datas que a incidência de radiação
global são similares, 494 Wh/m2 em Florianópolis e 462Wh/m2 em
Maceió. Já os valores para as temperaturas locais com valores médios
101

aproximados de 27ºC para ambas as cidades. Estes dias produzem dados


que são mais adequados para a comparação entre climas distintos,
visando a compreensão do funcionamento do sistema em relação aos
climas locais no que se refere aos ventos e latitude.
Segue o Quadro 4 que demonstra como o método de pesquisa
proposto atendeu aos objetivos do estudo e quais os resultados esperados.

Quadro 4 - Resumo metodológico


Objetivo Método Resultado
Identificar as Pesquisar em estudos Resumo textual dos aspectos
características técnicas científicos, periódicos mais significativos das
construtivas das fachadas técnicos e repositórios fachadas ventiladas, tipos de
ventiladas digitais, nacionais e sistemas de fixação e
internacionais, sobre fachada revestimento.
ventilada
Desenvolver um modelo Definir as cargas internas Modelo virtual para
para simulação conforme a NBR 16401 simulação no programa
computacional para a (ABNT. 2008), EnergyPlus, configurável
análise térmica do características da alvenaria e com os dois tipos de fachada
sistema de fachada materiais conforme a NBR (FVJA e fachada com
ventilada para edifícios 15220 (ABNT. 2005). Ar- revestimento aderido) com a
comerciais. condicionado configurado alternância da absortância
com sistema PTHP para térmica do material opaco e
obter resultados de carga de revestimento e diferentes
térmica para aquecimento e densidades de carga térmica
refrigeração anuais. (DCI).
Analisar o desempenho Obter dos dados de carga Gráfico comparativo dos
térmico obtido com o térmica anual, para sistemas de fachada em
Específico

uso da FVJA como refrigeração e aquecimento estudo, relacionando cor do


acabamento das para cada clima em estudo, revestimento, DCIs, e
vedações externas. cores e DCIs, com orientação das zonas
simulação no EnergyPlus. térmicas.
Testar os principais Comparar a temperatura Gráficos do fluxo de ganho e
parâmetros que definem superficial do revestimento perda de calor através da
o desempenho térmico externo para o sistema envoltória com o sistema
de uma fachada comum e o sistema comum e o sistema
ventilada. ventilado, relacionando com ventilado, alternando as
os resultados da taxa média absortâncias térmicas ao
de condução de calor e longo de um dia.
absortância térmica, por
meio dos resultados obtidos
na simulação com o
EnergyPlus,
102

Investigar o fenômeno Análise do volume de Gráfico com a temperatura


de ventilação na ventilação dentro da local, temperatura da
cavidade de ar da cavidade (ventilação superfície e os volumes de
fachada ventilada. proveniente dos ventos ventilação proveniente dos
locais e por convecção), ventos locais e por
comparando com a convecção, ao longo de um
temperatura superficial do dia para cada clima
revestimento e o regime de estudado, alternando a
ventos predominantes no absortância térmica do
período de estudo. material de revestimento
externo para o sistema
ventilado.
Avaliar o potencial do Investigar e comparar os Avaliações textuais e
uso da FVJA em função dados obtidos nas gráficas para exemplificar as
dos climas a serem simulações com informações características climáticas que
estudados. anuais e do dia de estudo interferem no funcionamento
relacionadas aos climas em da FVJA.
estudo
Compreender o impacto termo energético da fachada ventilada opaca com juntas abertas
Geral

(FVJA) como revestimento de edificações comerciais como alternativa ao uso de uma


tecnologia convencional de revestimento aderido.

Fonte: O Autor
103

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estudo desenvolvido através de simulações computacionais


ofereceu parâmetros quantitativos para o consumo de energia anual com
climatização, valores de fluxo de calor nas envoltória e temperaturas das
superfícies dos elementos que compõe as vedações, bem como a
possibilidade de observar o comportamento do sistema de fachada
ventilada em comparação à solução convencional de fachada com
revestimento aderido. Nessas avaliações, pode-se observar que o
desempenho dos sistemas de vedação de envoltórias é suscetível aos
fenômenos climáticos e físicos, levando os resultados a serem
considerados como um apoio para a decisão sobre qual sistema usar, ou
quais estudos mais aprofundados devem ser conduzidos em um caso
específico.
A convenção de cores adotada para o desenvolvimento dos
gráficos relaciona os valores de absortância térmica com as cores do
revestimento, sendo: a baixa: 0,20 (branca), média: 0,55 (marrom) e alta:
0,90 (preta). Os casos estudados levam em conta a cor do material do
revestimento externo, nível de densidade de carga interna (DCI) e a
fachada com dois sistemas: fachada aderida e fachada ventilada opaca
com juntas abertas (FVJA), que é um sistema não aderido.

RESULTADOS PARA O CLIMA DE FLORIANÓPOLIS

O Gráfico 8 compara o consumo anual de energia com ar-


condicionado. Estes valores oferecem dados para uma avaliação inicial
do impacto de cada tipo de envoltória, a influência da absortância térmica
104

na eficiência do sistema e a representatividade frente os diferentes níveis


de densidade de carga interna (DCI).
Ocorre um aumento da carga térmica, proporcional ao aumento
da absortância térmica, em ambos sistemas de fachada. Porém,
comparando o sistema aderido com o ventilado, para a mesma absortância
térmica, a maior redução percentual sempre ocorre com o caso com
revestimento preto, e sendo maior quanto menor é o nível de DCI. Para a
cor marrom, a diferença varia entre 0,5% a 1,3%, valores estes que
indicam um comportamento similar, mas com uma pequena vantagem
com o uso da FVJA. O caso que se refere ao uso da cor branca no
revestimento, a relação se inverte, uma vez que ocorre o aumento do
consumo anual entre 2,9% e 3,1%. Este comportamento ocorre,
principalmente pelo aumento do consumo de energia para os meses de
com aquecimento durante o inverno (entre junho e setembro) em 34%,
fato esse decorrente do menor fluxo de calor pelas camadas da fachada
ventilada nos momentos em que as superfícies estão expostas à radiação
solar.
A redução que ocorre, relacionada à orientação e DCI no Gráfico
9, tem comportamento similar em todos os casos. Em números absolutos,
para s casos com a cor preta de revestimentos, para os três níveis de DCI
o valor fica aproximadamente em 2,00kWh/m2.ano (5.120 kWh.ano) de
redução com o uso da FVJA. Essa redução de consumo tem valores
similares no estudo de Suaréz et al. (2012), que estudou os impactos de
redução com uma fachada ventilada com juntas abertas.
105

Gráfico 8- Diferença no consumo do ar-condicionado entre os casos em estudo -


Florianópolis
80

70
Consumo do Ar Condicionado

60 Branca Aderida !: 0,20

-4,6%
-0,5%
+2,9%
kWh/m2.ano

50 Branca Ventilada !: 0,20

+3,1%

-6%
-1%
40 Marrom Aderida ! =0,50

-1,3%
+3,1%

-7%
30 Marrom Ventilada ! =0,50
20 Preta Aderida ! =0,97
10 Preta Ventilada ! =0,97
0
Alta: 54 W/m2 Média: 40 W/m2 Baixa: 26 W/m2
Níveis de DCI

Fonte: O Autor

Gráfico 9 - Redução da carga nas zonas térmicas do 6º pavimento – FVJA Preta


- Florianópolis.
Norte Sul Leste Oeste
0%
-1%
Redução Percentual

-2%
-3%
-4%
-5%
-6%
-7%
-8%
-9%

Alta DCI Média DCI Baixa DCI

Fonte: O Autor

A condução de calor e a temperatura do ar, revestimento externo


e superfície interna da parede foi estudada, como podem ser analisadas
nos Gráficos 10, 11, 12 e 13 para a fachada aderida, na cor preta e baixa
DCI. O comportamento do fluxo de calor com a temperatura demonstra
106

que o ingresso de calor é intensificado com o aumento das temperaturas


superficiais e não com o aumento da temperatura do ar externo.

Gráfico 10 - Fachada Aderida Preta - Norte – Condução de Calor e


Temperaturas – Florianópolis.

300 50
45
250
40
200 35
150 30
W/m2

25

ºC
100 20
50 15
10
0
5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Norte Condução de Calor Média [W/m2]
Temperatura do Ar [C]
Fachada Norte Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Norte Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor

Com o aumento da temperatura do ar, ocorre o aumento do fluxo


para o interior da edificação, sendo que na fachada norte o aumento da
temperatura da superfície externa da alvenaria é intensificado pela
incidência direta da radiação solar. O comportamento da perda de calor
durante a noite, momento em que o ar-condicionado não está em
funcionamento, se intensifica e as temperaturas superficiais interna e
externa diminuem gradualmente.
107

Gráfico 11 - Fachada Aderida Preta - Sul – Condução de Calor e Temperaturas


– Florianópolis.

300 50
45
250
40
200 35
150 30
W/m2

25

ºC
100 20
50 15
10
0
5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Sul Condução de Calor Média [W/m2]
Temperatura do Ar [C]
Fachada Sul Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Sul Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor

Observando os comportamentos do fluxo de calor nas


orientações leste e oeste, estes apontam para uma perda de temperatura
mais lenta na orientação leste, que leva mais tempo para diminuir as
temperaturas superficiais após o horário de maior temperatura da
superfície externa da alvenaria às 9:00 hs.
108

Gráfico 12 - Fachada Aderida Preta - Leste – Condução de Calor e


Temperaturas– Florianópolis.

300 50
45
250
40
200 35
150 30
W/m2

25

ºC
100 20
50 15
10
0
5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Leste Condução de Calor Média [W/m2]
Temperatura do Ar [C]
Fachada Leste Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Leste Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor
Gráfico 13 - Fachada Aderida Preta - Oeste – Condução de Calor e
Temperaturas – Florianópolis.
300 50
45
250
40
200 35
150 30
W/m2

ºC

25
100 20
50 15
10
0
5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Fachada Oeste Condução de Calor Média [W/m2]


Temperatura do Ar [C]
Fachada Oeste Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Oeste Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor
109

O fluxo de calor nos Gráficos 14, 15, 16 e 17 são referentes às


trocas feitas entre a câmara ventilada e a parede de alvenaria. A condução
térmica varia conforme a temperatura do ar externo, que é praticamente a
mesma da cavidade ventilada. Isso indica que a condução de calor com a
FVJA está mais relacionada com a temperatura do ar do que com a
temperatura superficial do revestimento externo.

Gráfico 14 - FVJA Preta - Norte – Condução de Calor e Temperaturas –


Florianópolis.
300

250 40

200
30
150
W/m2

ºC
100 20

50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Fachada Norte Condução Média de Calor [W/m2] 00:00
Temperatura do Ar [C]
Fachada Norte Temp Sup Interna [C]
Fachada Norte Temp Sup Externa [C]
Fachada Norte - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Norte - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

Nos Gráficos 14, 15, 16 e 17. o fluxo de calor é expressivamente


menor em todos os casos com o uso da fachada ventilada, quando
comparados aos gráficos do revestimento aderido, uma vez que o
revestimento não está aderido à superfície da alvenaria, e a câmara de ar
permite que o calor seja dissipado pelo movimento do ar.
110

Gráfico 15 - FVJA Preta - Sul – Condução de Calor e Temperaturas –


Florianópolis.
300

250 40

200
30
150
W/m2

ºC
100 20

50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Sul Condução Média de Calor [W/m2]
Temperatura do Ar [C]
Fachada Sul Temp Sup Interna [C]
Fachada Sul Temp Sup Externa [C]
Fachada Sul - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Sul - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

Gráfico 16 - FVJA Preta - Leste – Condução de Calor e Temperaturas –


Florianópolis.
300

250 40

200
30
150
W/m2

ºC

100 20

50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Fachada Leste Condução Média de Calor [W/m2]


Temperatura do Ar [C]
Fachada Leste Temp Sup Interna [C]
Fachada Leste Temp Sup Externa [C]
Fachada Leste - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Leste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor
111

Gráfico 17 - FVJA Preta - Oeste – Condução de Calor e Temperaturas –


Florianópolis.

300

250 40

200
30
150
W/m2

ºC
100 20

50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Oeste Condução Média de Calor [W/m2]
Temperatura do Ar [C]
Fachada Oeste Temp Sup Interna [C]
Fachada Oeste Temp Sup Externa [C]
Fachada Oeste - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Oeste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

Faz-se oportuno observar que a temperatura do ar e a temperatura


na cavidade ventilada é praticamente a mesma para em todas orientações.
A ventilação no interior da cavidade de ar foi analisada em
relação à convecção (efeito chaminé), que se refere à velocidade termal
na Equação 7. Esta movimentação ascendente do ar na cavidade é um
fenômeno que depende de diferença de temperaturas superficiais e das
trocas de calor que ocorrem dentro da cavidade com o ambiente interno e
com o revestimento não aderido. Dentro do algoritmo de simulação no
programa Energy Plus, a velocidade do ar por efeito chaminé ocorre de
forma direta à variação da temperatura do ar, superfície do revestimento
externo e da face externa da alvenaria de tijolos durante as horas que
ocorre a incidência de radiação solar na fachada. Durante os períodos
112

noturnos, o sistema entra em equilíbrio, mantendo valores constantes de


velocidade.
Gráfico 18 - FVJA Preta - Norte - Velocidade do ar por convecção e
temperaturas - Florianópolis

50 1,4
Temperatura em ºC

Velocidade em m/s
1,2
40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Cavidade Norte - Velocidade Ar por Convecção (V ̇termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Norte Temp Sup Externa [C]

Fachada Norte - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Norte - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

O aumento da velocidade do ar dentro da cavidade apresenta um


comportamento similar para todas as orientações. Durante o período
noturno, com as temperaturas do ar, da cavidade ventilada e do
revestimento externo atingindo valores similares e a temperatura da
superfície externa da parede de alvenaria com um valor maior, a
ventilação por convecção (diferenças térmicas) apresenta um
comportamento sem variações ao longo das horas no final do dia, a partir
das1:00h às 5:00 e das 19:00 hs à meia noite, período sem a incidência
solar, oportunizando o resfriamento do revestimento não aderido e a
perda de calor da edificação.
113

Gráfico 19 - FVJA Preta - Sul - Velocidade do ar por convecção e temperaturas


- Florianópolis

50 1,4
Temperatura em ºC

Velocidade em m/s
1,2
40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Cavidade Sul - Velocidade Ar por Convecção (V ̇termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Sul Temp Sup Externa [C]

Fachada Sul - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Sul - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

Gráfico 20 - FVJA Preta - Leste - Velocidade do ar por convecção e


temperaturas - Florianópolis

50 1,4
Temperatura em ºC

1,2 Velocidade em m/s


40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Cavidade Leste - Velocidade Ar por Convecção (V ̇termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Leste Temp Sup Externa [C]

Fachada Leste - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Leste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor
114

Gráfico 21 - FVJA Preta - Oeste - Velocidade do ar por convecção e


temperaturas - Florianópolis
50 1,4
Temperatura em ºC

Velocidade em m/s
1,2
40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Cavidade Oeste - Velocidade Ar por Convecção (V ̇termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Leste Temp Sup Externa [C]

Fachada Leste - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Leste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

No Gráfico 22, quando observada a diferença da velocidade do


ar por convecção face às diferentes cores do revestimento, as cores com
maiores absortâncias solares atingem as maiores velocidades do ar dentro
da cavidade. Uma vez que estas apresentam, não só maiores diferenças
de temperatura do revestimento externo durante ao longo dos períodos
com incidência solar direta nas fachadas, bem como uma maior perda de
calor no período noturno.
115

Gráfico 22 - FVJA Preta- Oeste - Diferença na velocidade do ar no interior da


cavidade por convecção em relação à cor do revestimento - Florianópolis.
0,4
0,35
0,3
Velocidade em m/s

0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Ventilada Preta - Velocidade do Ar por Convecção (V. Termal)

Fachada Ventilada Marrom - Velocidade do Ar por Convecção (V. Termal)

Fachada Ventilada Branca - Velocidade do Ar por Convecção (V. Termal)

Fonte: O Autor

RESULTADOS PARA O CLIMA DE MACEIÓ

A influência da absortância térmica na eficiência do sistema e a


representatividade frente os diferentes níveis de densidade de carga
interna (DCI) são apresentadas no Gráfico 23, que compara os consumos
anuais de energia com ar-condicionado, dados que permitem uma
avaliação inicial do impacto de cada tipo de envoltória.
O aumento da carga térmica é proporcional ao aumento da
absortância térmica, em ambos sistemas de fachada, como se observa no
Gráfico 23. A redução percentual do consumo de energia é maior para os
níveis de DCI menores, uma vez que a influência da envoltória é mais
representativa quando da menor ocupação do edifício, nos casos com o
revestimento marrom e preto. Para a cor marrom, a diferença varia entre
116

2,0 % a 2,8%, valores estes que indicam um comportamento similar e


pequena diminuição do consumo com o uso da fachada ventilada com
juntas abertas (FVJA). O caso que se refere ao uso da cor branca no
revestimento, a relação se inverte, uma vez que ocorre o aumento do
consumo anual entre 0,6 % e 0,5%.

Gráfico 23 - Diferença no consumo do ar-condicionado entre os casos em


estudo - Maceió

90
-4,7%
+0,6%

-2%

80
-5,6%
-2,2%
Consumo do Ar Condicionado

+0,7%

70

-6,4%
-2,8%
+0,5%
60 Branca Aderida !: 0,20
kWh/m2.ano

50 Branca Ventilada !: 0,20


40 Marrom Aderida ! =0,50
30
Marrom Ventilada ! =0,50
20
Preta Aderida ! =0,97
10
Preta Ventilada ! =0,97
0
Alta: 54 W/m2 Média: 40 W/m2 Baixa: 26 W/m2
Nível de DCI

Fonte: O Autor

Em números absolutos, para os casos com a cor preta de


revestimentos, para os três níveis de DCI o valor fica aproximadamente
em 3,70kWh/m2.ano (9.472 kWh.ano) de redução com o uso da FVJA.
Observando as reduções percentuais em detrimento às
orientações das zonas térmicas e os níveis de DCI no Gráfico 24, o
comportamento é similar em todos os casos, sendo que os ganhos e perdas
não estão diretamente relacionados com a carga interna de ocupação, no
que se refere ao sistema de FVJA.
117

Gráfico 24 - Redução da carga nas zonas térmicas do 6º pavimento – FVJA


Preta – Maceió

Norte Sul Leste Oeste


0%
Redução Percentual

-1%
-2%
-3%
-4%
-5%
-6%
-7%

Alta DCI Média DCI Baixa DCI

Fonte: O Autor

Os Gráficos 25, 26, 27 e 28 para a fachada aderida, na cor preta


e baixa DCI, apresentam a condução de calor e a temperatura do ar,
revestimento externo e superfície interna da parede. O comportamento do
fluxo de calor com a temperatura demonstra que o ingresso de calor é
intensificado com o aumento das temperaturas superficiais e não com o
aumento da temperatura do ar externo.
118

Gráfico 25 - Fachada Aderida Preta - Norte – Condução de Calor e


Temperaturas - Maceió.

300 50
45
250
40
200 35
150 30
W/m2

ºC
25
100 20
50 15
10
0
5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Norte Condução de Calor Média [W/m2]
Temperatura Externa [C]
Fachada Norte Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Norte Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor

O aumento do fluxo de calor tem aumento com relação direta ao


aumento do revestimento externo. A compensação dessa condução de
calor para o interior da edificação requer do sistema de ar-condicionado
a redução da mesma, uma vez que o setpoint encontra-se em 24ºC no
interior da edificação.
119

Gráfico 26 - Fachada Aderida Preta - Sul – Condução de Calor e Temperaturas -


Maceió.

300 50
45
250
40
200 35
150 30
W/m2

ºC
25
100 20
50 15
10
0
5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Sul Condução de Calor Média [W/m2]
Temperatura Externa [C]
Fachada Sul Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Sul Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor

Gráfico 27 - Fachada Aderida Preta - Leste – Condução de Calor e


Temperaturas - Maceió.

300 45

250 40
35
200
30
150
W/m2

25
ºC

100 20
15
50
10
0 5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Fachada Leste Condução de Calor Média [W/m2]


Temperatura Externa [C]
Fachada Leste Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Leste Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor
120

Com o início da ocupação às 8:00hs, a zona térmica com


orientação leste apresenta um ingresso de calor mais intenso pela
alvenaria referente à incidência direta de radiação solar, dando um salto
inicial nas trocas térmicas, da mesma forma com a orientação oeste às
17:00hs.

Gráfico 28 - Fachada Aderida Preta - Oeste – Condução de Calor e


Temperaturas - Maceió.

300 50
45
250
40
200 35
150 30
W/m2

ºC
25
100 20
50 15
10
0
5
-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Fachada Oeste Condução de Calor Média [W/m2]


Temperatura Externa [C]
Fachada Oeste Temp. Sup. Interna [C]
Fachada Oeste Temp. Sup. Externa [C]

Fonte: O Autor

A troca de calor entre a câmara de ar ventilada e alvenaria de


vedação do edifício é representado nos gráficos 29, 30, 31 e 32 são
referentes ao fluxo de calor na alvenaria de tijolos.
A temperatura do ar do que com a temperatura superficial do
revestimento externo são as principais condicionantes que interferem na
condução de calor com a FVJA.
121

Gráfico 29 - FVJA Preta - Norte – Condução de Calor e Temperaturas -


Maceió.

300 50

250
40
200

150 30
W/m2

ºC
100 20
50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Norte Condução Média de Calor [W/m2]
Temperatura do Ar [C]
Fachada Norte Temp Sup Interna [C]
Fachada Norte Temp Sup Externa [C]
Fachada Norte - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Norte - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

Gráfico 30 - FVJA Preta - Sul – Condução de Calor e Temperaturas - Maceió.

300

250 40

200
30
150
W/m2

ºC

100 20

50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Fachada Sul Condução Média de Calor [W/m2]


Temperatura do Ar [C]
Fachada Sul Temp Sup Interna [C]
Fachada Sul Temp Sup Externa [C]
Fachada Sul - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Sul - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor
122

Gráfico 31 - FVJA Preta Leste – Taxa média de condução de calor - Maceió.

300

250 40

200
30
150
W/m2

ºC
100 20

50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Fachada Leste Condução Média de Calor [W/m2]
Temperatura do Ar [C]
Fachada Leste Temp Sup Interna [C]
Fachada Leste Temp Sup Externa [C]
Fachada Leste - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Leste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

Gráfico 32 - FVJA Preta Oeste – Taxa média de condução de calor - Maceió.

300
50
250

200 40

150
W/m2

30
ºC

100
20
50
10
0

-50 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Fachada Oeste Condução Média de Calor [W/m2]


Temperatura do Ar [C]
Fachada Oeste Temp Sup Interna [C]
Fachada Oeste Temp Sup Externa [C]
Fachada Oeste - Temperatura Revestimento Externo [C]
Cavidade Oeste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor
Durante as horas que ocorre a incidência de radiação solar na
FVJA, a velocidade do ar por convecção ocorre de forma proporcional à
123

variação da temperatura do ar, superfície do revestimento externo ou da


face externa da alvenaria de tijolos, já nos períodos noturnos, o sistema
entra em equilíbrio, tende a valores constantes de velocidade, como se
observa nos Gráficos 33, 34, 35 e 36.

Gráfico 33 - FVJA Preta Norte - Velocidade do ar por convecção e


temperaturas - Maceió.

50 1,4
Temperatura em ºC

Velocidade em m/s
1,2
40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Cavidade Norte - Velocidade do Ar por Convecção (V Termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Norte Temp Sup Externa [C]

Fachada Norte - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Norte - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor
124

Gráfico 34 - FVJA Preta - Sul - Velocidade do ar por convecção e temperaturas


- Maceió.
50 1,4
Temperatura em ºC

Velocidade em m/s
1,2
40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Cavidade Sul - Velocidade do Ar por Convecção (V Termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Sul Temp Sup Externa [C]

Fachada Sul - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Sul - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

A ventilação por convecção (efeito chaminé) tem um


comportamento similar para as orientações norte e sul, com uma pequena
diferença em números absolutos durante os períodos noturnos e
velocidades maiores para a cavidade norte ao longo dos períodos com
radiação solar.
125

Gráfico 35 - FVJA Preta - Leste - Velocidade do ar por convecção e


temperaturas - Maceió.

50 1,4
Temperatura em ºC

Velocidade em m/s
1,2
40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
Cavidade Leste - Velocidade do Ar por Convecção (V Termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Leste Temp Sup Externa [C]

Fachada Leste - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Leste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor

Gráfico 36 - FVJA Preta - Oeste - Velocidade do ar por convecção e


temperaturas - Maceió.

50 1,4
Temperatura em ºC

1,2 Velocidade em m/s


40
1
30 0,8
20 0,6
0,4
10
0,2
0 0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Cavidade Oeste - Velocidade do Ar por Convecção (V Termal) [m/s]

Temperatura do Ar [C]

Fachada Oeste Temp Sup Externa [C]

Fachada Oeste - Temperatura Revestimento Externo [C]

Cavidade Oeste - Temperatura do Ar na Cavidade [C]

Fonte: O Autor
126

A diferença da velocidade do ar por convecção (Gráfico 37), face


às diferentes cores do revestimento, indicam que as cores com maiores
absortâncias solares atingem as maiores velocidades do ar dentro da
cavidade para o clima de Maceió, uma vez que a temperatura do ar é a
mesma para os casos estudados e a variação ocorre em detrimento das
diferentes temperaturas do revestimento que é maior quanto mais escuro.

Gráfico 37 - FVJA - Oeste - Diferença na velocidade do ar no interior da


cavidade por convecção em relação à cor do revestimento - Maceió
0,6

0,5
Velocidade em m/s

0,4

0,3

0,2

0,1

0
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Fachada Ventilada Preta - Velocidade do Ar por Convecção (V. Termal)


Fachada Ventilada Marrom - Velocidade do Ar por Convecção (V. Termal)
Fachada Ventilada Branca - Velocidade do Ar por Convecção (V. Termal)

Fonte: O Autor
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE FLORIANÓPOLIS E
MACEIÓ

Os climas em estudo são costeiros ao litoral brasileiro e


apresentam diferenças quanto às médias de temperaturas anuais,
incidência de ventos, temperatura do vento e latitude. O Quadro 5
apresenta os principais comportamentos e resultados encontrados para
com o estudo entre os diferentes climas.
127

Quadro 5 - Resumo dos resultados obtidos para os climas de Florianópolis e Maceió


Florianópolis Maceió
Variação do consumo Alta Média Baixa Alta Média Baixa
Branca +2,9% +3,1% +3,1% Branca +0,5% +0,7% +0,5%
Marrom -0,5% -1% -1% Marrom -2% -2,2% -2,8%
Preta -4,6% -6% -7% Preta -4,7% -5,6% -6,4%
Velocidade do ar na A ventilação por efeito chaminé se relaciona diretamente com as diferenças
cavidade das temperaturas superficiais, do ar e do revestimento. O fenômeno atinge
maiores velocidades quanto mais escuro é o revestimento.
Comportamento da FVJA A zona térmica norte é a que As zonas térmicas têm reduções de
em relação à orientação da apresenta uma maior redução de carga térmica similares, independente
zona térmica. carga térmica com o uso da FVJA, da orientação, variando entre 4% e
entre 7% e 8%. As demais 6%.
orientações apresentam reduções
entre 4% e 5%.
Direção dos ventos locais O módulo do Energy Plus considera de forma simplificada a direção dos
ventos locais, limitando a análise da ventilação dentro da cavidade à
proveniente do efeito chaminé, considerando as diferentes incidências
solares sobre o revestimento em detrimento da orientação da fachada.
Fonte: O Autor
128

O aumento do consumo com o uso da FVJA e revestimento


branco ocorre no clima de Florianópolis por um consumo maior de
energia para aquecimento, como já comentado. Em Maceió, os valores
percentuais indicam uma diferença pequena, que pode ser
desconsiderada.
A ventilação por efeito chaminé é um fenômeno que está
diretamente relacionado com as diferenças de temperaturas e as cores dos
revestimentos, conforme o apresentado para os dias e os climas em
estudo.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS

As variações no consumo de energia pelo sistema de ar-


condicionado apresentadas nos Gráficos 8 e 23, para os climas de
Florianópolis e Maceió respectivamente, sugerem que a redução de carga
térmica se dá pelo menor ingresso de calor na edificação durante o verão
para fachadas com as cores marrom e preta, para ambos os climas, com o
uso da FVJA em comparação ao sistema aderido. O aumento no consumo
de energia com o uso da fachada ventilada com revestimento branco, que
ocorre em ambos os climas, é decorrente da baixa absorção de calor que
ocorre quando comparado às outras cores. Considerando que a
absortância solar do revestimento é muito baixa, a radiação solar
incidente não eleva a temperatura superficial do mesmo. Este tipo de
comportamento ocasiona uma redução da movimentação do ar por
convecção (velocidade termal), que ocorre com as outras cores de
revestimento, e a variação da temperatura do revestimento acaba por ser
mais influenciada pela temperatura local.
129

As questões relacionada com a cor, e o aumento da temperatura


do revestimento e condução térmica pela alvenaria é reforçada nas
Figuras 41 e 42, onde temos uma representação da condução térmica,
temperaturas superficiais, do ar e interna para os acabamentos na cor preta
e branca respectivamente, para a cidade de Florianópolis e nas Figuras 43
e 44 para o clima de Maceió.
Os dados de radiação solar incidente e radiação solar global
horizontal estão apresentados para compreender a intensidade e ângulo
de incidência são similares nos dois climas.
Nos casos com o revestimento preto (Figuras 41 e 43) a diferença
das temperaturas na alvenaria de tijolos é 18ºC para Florianópolis e 9 ºC
em Maceió. Este comparativo auxilia a compreensão dos Gráficos
anteriormente vistos, demonstrando o fluxo de calor, conforme as
orientações e temperaturas do ar e superficiais para os dois climas e as
quatro orientações em estudo. Sugere que o maior impacto na diminuição
da carga térmica nas zonas térmicas se dá pela diminuição da temperatura
superficial do revestimento externo e consequente diminuição do fluxo
de calor. A perda maior de calor ocorre nos períodos noturnos, uma vez
que a diminuição da temperatura externa incentiva esse comportamento
através das alvenarias.
130

Figura 41 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor preta e


orientação norte – Florianópolis
Radiação Global Horizontal: 494 Wh/m2
Fachada Ventilada Preta - Norte 29/01 | 13:00h Fachada Aderida Preta - Norte
Radiação Solar Radiação Solar
Incidente 10° Incidente 10°
228 Wh/m2 228 Wh/m2
49ºC
EXTERIOR

EXTERIOR
INTERIOR

INTERIOR
39ºC

31ºC
27ºC 28ºC 27ºC 28ºC
26ºC
24ºC 24ºC

16,7W/m2 112W/m2

01 02 03 04 03 04
01 Revestimento Externo 02 Cavidade Ventilada 03 Revestimento Existente 04Parede de Alvenaria

Fonte: O Autor

Figura 42 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor branca e


orientação norte – Florianópolis
Radiação Global Horizontal: 494 Wh/m2
Fachada Ventilada Branca - Norte 29/01 | 13:00h Fachada Aderida Branca - Norte
Radiação Solar Radiação Solar
Incidente 10° Incidente 10°
228 Wh/m2 228 Wh/m2
EXTERIOR

EXTERIOR
INTERIOR

INTERIOR

29ºC
27ºC 27ºC 27ºC 27ºC 28ºC 27ºC
27ºC
24ºC 24ºC

4,7W/m2 10,7W/m2

01 02 03 04 03 04
01 Revestimento Externo 02 Cavidade Ventilada 03 Revestimento Existente 04Parede de Alvenaria

Fonte: O Autor
131

Figura 43 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor preta e


orientação norte – Maceió
Radiação Global Horizontal: 462 Wh/m2
Fachada Ventilada Preta - Norte 09/04 | 13:00h Fachada Aderida Preta - Norte
Radiação Solar Radiação Solar
Incidente 13° Incidente 13°
291 Wh/m2 291 Wh/m2
EXTERIOR

EXTERIOR
INTERIOR

INTERIOR
41ºC 40ºC

31ºC
28ºC 26ºC 28ºC
26ºC 26ºC
24ºC 24ºC

19,91W/m2 53,53W/m2

01 02 03 04 03 04
01 Revestimento Externo 02 Cavidade Ventilada 03 Revestimento Existente 04Parede de Alvenaria

Fonte: O Autor

Figura 44 - Comparação entre Fachada Ventilada e Aderia na cor preta e


orientação norte – Maceió
Radiação Global Horizontal: 462 Wh/m2
Fachada Ventilada Branca - Norte 09/04 | 13:00h Fachada Aderida Branca - Norte
Radiação Solar Radiação Solar
Incidente 13° Incidente 13°
291 Wh/m2 291 Wh/m2
EXTERIOR

EXTERIOR
INTERIOR

INTERIOR

29ºC
27ºC 28ºC 27ºC
26ºC 26ºC
26ºC 24ºC 26ºC 24ºC

4,9W/m2 13W/m2

01 02 03 04 03 04
01 Revestimento Externo 02 Cavidade Ventilada 03 Revestimento Existente 04Parede de Alvenaria

Fonte: O Autor
132

Quanto à velocidade do ar em função da convecção dentro da


cavidade no sistema de FVJA, mesmo observando que a mesma se
relaciona com as diferenças de temperatura do revestimento externo e da
face externa da alvenaria, a limitação do módulo “Exterior Natural
Vented Cavity” não permite investigar com maior profundidade a atuação
dos ventos locais em conjunto ao ingresso dos ventos locais na cavidade,
conforme visto no estudo de Naboni (2007). A ventilação por efeito
chaminé (velocidade termal) e é um fenômeno que varia conforme o
ingresso dos ventos locais e da intensidade dos mesmos, situação
estudada por Ibañez-Puy et al. (2017). Nos estudos de Naboni (2007), o
autor reitera que, mesmo com essa limitação do módulo de fachada
ventilada do Energy Plus no que tange a direção dos ventos locais, os
resultados oferecidos para o estudo da redução da carga térmica são
válidos, bem como das temperaturas superficiais.
133

CONCLUSÕES E ESTUDOS FUTUROS

A pesquisa desenvolvida para compreender os tipos de sistema


de fachadas ventiladas, os diferentes sistemas de fixação e juntas ofereceu
uma visão geral sobre as tecnologias disponíveis. A escolha pela fachada
ventilada com juntas abertas se deu pela compilação das tecnologias mais
viáveis para o retrofit de edifícios, aliando tecnologias que já tinham sido
usadas no Brasil, bem como os indicativos de estudos, com climas
similares ao do Brasil, os quais utilizavam essa configuração com juntas
abertas, sendo referenciado como ideal para climas de verão quente e
invernos amenos.
Para a realização dos cálculos e simulações computacionais foi
utilizado o programa computacional Energy Plus, que permitiu a
obtenção de dados para os dois tipos de sistemas de revestimento, a FVJA
(não aderido) e o sistema aderido, variando a cor do revestimento
(absortância solar) e densidade de carga interna (DCI), partindo de um
mesmo modelo base. Com os dados gerados, comparou-se a diferença do
comportamento da envoltória quanto às temperaturas superficiais, fluxo
de calor na parede de alvenaria e a diferença no consumo de energia com
o sistema de ar-condicionado nas zonas térmicas, para os dois sistemas
de revestimento e dois climas distintos em estudo.
As cores indicaram que, quanto maior absortância solar da cor
do revestimento maior o incremento da carga térmica que ingressa na
zona térmica através da parede de alvenaria, proveniente das trocas
térmicas com o meio externo. Para o dia de estudo, a redução das
temperaturas na superfície externa da parede de alvenaria apontou uma
134

diferença de 19ºC para o dia de estudo em Florianópolis e 9ºC para


Maceió com o uso da fachada ventilada com revestimento na cor preta.
Uma vez que o aquecimento da superfície da envoltória aumenta a
condução térmica para o interior da edificação climatizada, o estudo
indicou que durante o dia a FVJA tem potencial em reduzir esse ganho de
calor em um período em que o sistema de ar-condicionado está em
funcionamento com a maior carga térmica interna proveniente da
ocupação do edifício. A variação das DCIs sugere que a redução do fluxo
de calor pela alvenaria para o interior da edificação é, em número
absoluto, de mesma grandeza quando comparados os valores do consumo
de energia elétrica pelo sistema de ar-condicionado com o uso do sistema
aderido com os dados obtidos com o uso da FVJA, porém a
representatividade percentual dessa redução de carga térmica fica menor
quanto maior a DCI. O estudo indicou que em Florianópolis a redução de
2,00kW/m2.ano se mantém constante entre os casos com baixa, média e
alta DCIs para o clima de Florianópolis com o revestimento externo na
cor preta, e para Maceió este valor fica em 3,70kWh/m2.ano para a mesma
cor. Esse dado enfatiza que o uso do sistema ventilado é uma opção para
a redução da admissão da carga térmica proveniente das vedações opacas
da envoltória (parede de alvenaria).
A ventilação na cavidade pode ser analisada segundo a
movimentação do ar proveniente da ventilação por efeito chaminé
(convecção natural). A limitação do software em considerar somente a
intensidade dos ventos locais e não considerar a direção destes limitou o
estudo da influência dos ventos locais frente às características dos climas
em estudo, uma vez que o software cria uma condição de ventilação pela
ação dos ventos locais igual para as 4 orientações. Dessa forma, o estudo
135

considerou somente a ventilação por convecção e a velocidade termal do


ar na cavidade, compreendendo a variação desse fenômeno durante o dia
de estudo e a variação das temperaturas. Este fenômeno não é diretamente
ligado somente às temperaturas e suas variações, sendo que para o estudo
da ventilação na cavidade se mostra importante a adoção de outra
metodologia que permita a análise das duas formas de ventilação que
ocorrem dentro da cavidade: pela ação dos ventos locais e pela
convecção.
O uso da FVJA com a adoção de revestimentos com cores mais
escuras (absortâncias solares maiores), segundo o estudo e para ambos os
climas, apresenta-se como uma alternativa eficiente quanto à redução do
ingresso de carga térmica, sendo que em edifícios com uma menor
ocupação e cargas internas esta tecnologia apresenta uma maior redução
percentual do consumo de energia com condicionamento de ar ao longo
do ano, comparada ao mesmo edifício e ocupação com o uso do
revestimento aderido.
Para revestimentos brancos, considerando o consumo de energia
com ar-condicionado, a adoção dentre os sistemas sugere um cenário
praticamente igual para o clima de Maceió e com um aumento no
consumo de 2,7% para o clima de Florianópolis, comparando o sistema
aderido (caso base) com o de FVJA. Uma vez que durante o inverno o
ganho de carga térmica pelo aquecimento das superfícies opacas contribui
com o aumento da temperatura interna e a redução do uso do ar
condiciona para esse fim, o sistema ventilado diminui a exposição da
alvenaria à radiação solar, a qual atinge o revestimento não aderido. Já no
caso do clima de Maceió, o aumento inferior a 1% no consumo de energia
136

anual ocorre de variações dos modelos matemáticos da simulação


computacional.
Esse estudo indicou que o tipo de sistema de revestimento pode
resultar em uma diferença no consumo anual de energia com climatização
do edifício. Esta diferença comporta-se de forma distinta quanto à
orientação solar da fachada, sendo que as fachadas sul e leste são as que
menor impacto na redução no consumo com resfriamento apresentaram.
Vale observar que a escolha de um sistema aderido ou FVJA na fase de
projeto ou retrofit de uma edificação deve considerar outras
condicionantes, que passam pela estética, custo e facilidade de
manutenção. Nesse estudo, foi avaliado somente o impacto com o
consumo de energia pelo sistema de ar-condicionado, mostrando-se,
nesse aspecto, um sistema que oferece reduções de carga térmica e
redução do consumo de energia com climatização.
O estudo entre os climas litorâneos tropical e subtropical
Brasileiros indicaram que, independente do clima, o comportamento da
FVJA é promissor como estratégia para redução de carga térmica. Com
os parâmetros de redução relacionados às cores do revestimento externo
nesse estudo, as avaliações iniciais de viabilidade financeira na escolha
entre os sistemas de revestimento aderido ou de FVJA podem ser feitas
por projetistas e investidores, desde que se observado o uso de um
material de revestimento de fina espessura.
A utilização do software Energy Plus, como ferramenta de
obtenção de dados nesse trabalho, apresentou-se viável por ser um
programa largamente utilizado para esse fim, com credibilidade nos
dados e modelos matemáticos utilizados. O software demanda um nível
137

médio de complexidade para resultados iniciais, porém tem limitações


como verificadas ao longo da pesquisa.
Para futuros estudos, a ação dos ventos locais poderá ser
estudada com a adoção de um arquivo climático personalizado,
considerando a variação da intensidade (velocidade) do vento e
observando o comportamento da velocidade do ar proveniente dos
processos convectivos dentro da cavidade ventilada da FVJA, sem a
necessidade do uso de softwares mais complexos, limitando estudos
rápidos para situações similares em outros climas.
A investigação do uso misto do sistema de fachada ventilada e o
sistema de revestimento aderido poderá oferecer soluções intermediárias
de redução do consumo.
A comparação do uso da fachada ventilada com juntas abertas e
com juntas fechadas poderá ser um estudo comparativo para avaliar as
diferenças entre os sistemas, partindo de um caso base aderido.
A atualização do programa em futuras versões poderá trazer
uma maior gama de configurações para o revestimento externo e
sensibilidade aos dados de orientação da incidência dos ventos dos
arquivos climáticos com o uso do módulo “Exterior Natural Vented
Cavity”, e que permita a configuração de um “baffle” (revestimento) com
maior espessura e capacidade térmica.
139

REFERÊNCIAS

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