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Marcos Wiese

ANÁLISE TERMOMECÂNICA DE LAJES NERVURADAS DE


CONCRETO ARMADO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Dissertação submetida ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) como parte dos requisitos para
a obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil.

Orientadora: Profa. Dra. Poliana Dias de


Moraes.

Florianópolis
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária
da UFSC.
Marcos Wiese

ANÁLISE TERMOMECÂNICA DE LAJES NERVURADAS DE


CONCRETO ARMADO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de


Mestre em Engenharia Civil e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC).

Florianópolis, 22 de fevereiro de 2018.

________________________
Prof. Glicério Trichês, Dr.
Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________
Prof.ª Poliana Dias de Moraes, Dr.ª
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

________________________
Prof. Armando Lopes Moreno Junior, Dr.
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Examinador

________________________
Prof. Wellison José de Santana Gomes, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Examinador

________________________
Prof. Lourenço Panosso Perlin, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Examinador
AGRADECIMENTOS

À toda minha família, em especial aos meus pais, Guenter e Marlí


Wiese, por todo apoio, incentivo e compreensão que não me deixaram
desistir ao longo do árduo caminho. Desde a minha infância sempre
dedicaram o seu melhor para a minha formação e educação. À minha
irmã Tatiane Wiese Mathias pelo apoio, pelos conselhos e pelo
incentivo à carreira acadêmica. A Deus, que guia meus passos.
À Prof.ª Dr.ª Poliana Dias de Moraes, pela disponibilidade,
dedicação e atenção na orientação e no desenvolvimento deste trabalho e
ao decorrer de toda a pós-graduação.
A todos os professores do Programa de Pós-graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina, em
especial aos professores: PhD. Roberto Caldas de Andrade Pinto, Dr.
Wellison José de Santana Gomes, Dr. Lourenço Panosso Perlin e Dr.
Daniel Domingues Loriggio, cujos ensinamentos e considerações ao
longo das disciplinas, do exame de qualificação e da defesa da
dissertação foram essenciais ao desenvolvimento deste trabalho. Ao
professor Dr. Armando Lopes Moreno Junior da Universidade Estadual
de Campinas pela participação e importantes considerações durante a
defesa desta dissertação. Aos funcionários do PPGEC da UFSC, sempre
eficientes e prestativos.
Aos professores Msc. Ralf Klein e Dr. Ademar Cordero que
orientaram meus primeiros passos na carreira acadêmica ainda na
graduação, bem como aos demais professores do curso de Engenharia
Civil da Universidade Regional de Blumenau.
Aos amigos, Auro Candido Marcolan Junior, Steffi Carqueja
Klotz, Felipe Carraro, Marcela Alejandra Juliani, Matheus Silva
Gonçalves, Ananda Cristina Pertile, Fabio Caon de Souza, Paulo
Henrique Staciarini e demais colegas com quem compartilhamos as
dificuldades e as alegrias ao longo da pós-graduação.
Ao Eng. Sérgio Roberto Thieme Silva pelas oportunidades,
ensinamentos e exemplo profissional. Pela compreensão ao longo do
período que estive afastado das atividades laborais bem como pelo
interesse e incentivo aos estudos. Agradecimentos também a toda a
equipe da Engecálculo Projetos Estruturais LTDA.
À CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior pelo suporte financeiro essencial ao desenvolvimento
deste trabalho e ao aprimoramento pessoal e profissional.
RESUMO

Em situação de incêndio, as lajes devem ser verificadas para


assegurar a resistência estrutural e, na maioria dos casos, a função corta-
fogo. O objetivo deste trabalho é determinar a resistência ao fogo de
lajes nervuradas de concreto por meio de análise termomecânica. Foram
estudadas cinco lajes com dois tipos de preenchimento: poliestireno
expandido (EPS) ou blocos cerâmicos. Foram verificados o isolamento
térmico e a resistência à flexão das lajes sob a ação térmica segundo a
curva de incêndio padrão ISO 834 (1999). Os campos de temperaturas
das seções transversais foram obtidos pelo método dos elementos finitos
em análise bidimensional transiente, aplicado à resolução do problema
de transferência de calor, utilizando o software ANSYS v15.0.7 (2014).
Os momentos fletores resistentes foram determinados por meio de
rotinas programadas em MATLAB R2015a, considerando a redução da
resistência do aço e do concreto em função da temperatura. A
capacidade de carga da laje, considerando a redistribuição de esforços
no regime plástico, foi determinada pelo método das charneiras
plásticas. Os resultados foram comparados com os métodos
simplificados da isoterma de 500 oC e método das faixas e com os
métodos tabulares da NBR 15200 (2012) / EN 1992-1-2 (2004) e da BS
8110-2 (1985). O estudo permitiu concluir que as lajes com
preenchimento entre nervuras de blocos cerâmicos sofrem menor
degradação da resistência mecânica e apresentam maior isolamento
térmico do que as lajes com preenchimento de blocos de EPS. Os
carregamentos de ruína em situação de incêndio determinados pelo
método das charneiras plásticas indicaram, conforme esperado, que as
lajes hiperestáticas possuem maior capacidade de redistribuir esforços
que as lajes simplesmente apoiadas. Os resultados indicaram também
que o método tabular da NBR 15200 (2012) representou bem os casos
de lajes com preenchimento de EPS entre nervuras. Para lajes com
preenchimento de blocos cerâmicos o mesmo método se mostrou
conservador e a análise numérica permite a utilização mais racional dos
materiais de construção. Foram ainda estudados a influência da largura
da nervura e do cobrimento das armaduras na resistência à flexão em
situação de incêndio. O aumento do cobrimento se mostrou mais eficaz
para melhoria da resistência à flexão positiva em situação de incêndio,
porém com redução na resistência à flexão negativa.

Palavras chave: lajes nervuradas, concreto armado, incêndio,


método dos elementos finitos, análise térmica, análise estrutural.
ABSTRACT

In a fire situation, the slabs must be checked in order to secure the


structural resistance and in the majority of cases, the fire barrier. The
objective of this paper is to determine the fire resistance of concrete
ribbed/waffle slabs by means of thermomechanical analysis. Five slabs
were studied containing two types of filling: expanded polystyrene
(EPS) and clay bricks. The thermic isolation and the resistance to the
bending of the slabs were studied. The slabs were submitted to the
thermic action of the standard fire curve ISO 834 (1999). The cross-
section temperature fields were obtained through the finite element
method in transient two-dimensional analysis, applied to the resolution
of the problem of heat transferring, using the software ANSYS v15.0.7
(2014). The resistant bending moments were determined by means of
programmed routines in MATLAB R2015a, considering the steel and
concrete resistance reduction in function of the temperature. The load
capacity of the slab, considering redistribution of moments in plastic
regime was determined by the yield line method. The results are
compared to the simplified 500 oC isotherm method and to the zone
method, along with the tabular methods of NBR 15200 (2012) / EN
1992-1-2 (2004), and BS 8110-2 (1985). The study concluded that the
slabs with clay brick filling between the ribs suffer less degradation of
mechanical resistance and they show more thermic isolation than the
slabs filled with EPS blocks. The loads of ruin in fire situation,
determined by the yield line method indicated that, as expected, the
hyperstatic slabs have higher capacity of redistributing moments than
the slabs simply supported. The results have also indicated that the NBR
15200 (2012) tabular method has well represented the cases of slabs
with EPS filling between the ribs. As forthe slabs with the clay brick
filling, the same method has shown to be conservative and the numerical
analysis shows a more rational use of the building materials. The
influence of the width of the rib was also studied, as well as covering of
the reinforcements in resistance to the bending in a fire situation. The
amount of covering has shown to be more effective in improving
resistance to the positive bending moment in a fire situation, however,
reducing resistance to the negative bending moment.

Keywords: ribbed slabs, reinforced concrete, fire, finite element


method, thermal analysis, structural analysis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Edifício Joelma - a) Durante o incêndio b) Atualmente. .... 24


Figura 1.2: Edifício da CESP após incêndio. ........................................ 24
Figura 2.1: Curva temperatura × tempo de um incêndio real. ............... 30
Figura 2.2: Curvas temperatura × tempo de incêndios “normalizados”.32
Figura 2.3: Processos físico-químicos no aquecimento do concreto. .... 40
Figura 2.4: Condutividade térmica das rochas. ..................................... 42
Figura 2.5: Condutividade térmica do concreto. ................................... 44
Figura 2.6: Calor específico do concreto............................................... 46
Figura 2.7: Massa específica do concreto segundo a temperatura. ....... 48
Figura 2.8: Redução da resistência do concreto em função da
temperatura. ........................................................................................... 50
Figura 2.9: Diagramas tensão × deformação para o concreto aquecido.52
Figura 2.10: Redução da resistência do aço em função da temperatura.54
Figura 2.11:Diagramas tensão × deformação para o aço aquecido. ...... 58
Figura 2.12: Lascamentos em laje nervurada. ....................................... 61
Figura 2.13: Elemento submetido à deformação térmica. ..................... 63
Figura 2.14: Elemento sob deformação mecânica. ................................ 64
Figura 2.15: Vinculação semirrígida de elemento estrutural. ................ 64
Figura 2.16: Laje com dilatação axial restringida. ................................ 65
Figura 2.17: Mecanismos de ruptura de elementos unidirecionais. ...... 68
Figura 2.18: Plastificação em laje de concreto armado. ........................ 69
Figura 2.19: Ação de membrana em laje. .............................................. 70
Figura 2.20: Comportamento de lajes armadas em duas direções. ........ 70
Figura 2.21: Isotermas de seção 8 cm × 15 cm. .................................... 72
Figura 2.22: Mecanismos de convecção e radiação durante o incêndio.76
Figura 2.23: Método das cordas cruzadas. ............................................ 79
Figura 2.24: Características geométricas da nervura. ............................ 82
Figura 2.25: Tipos de lajes nervuradas. ................................................. 84
Figura 2.26: Elemento infinitesimal de placa. ....................................... 90
Figura 2.27: Redução da seção transversal pelo método das faixas. ..... 93
Figura 2.28: Momento × curvatura de material rígido plástico. ............ 96
Figura 2.29: Momento em linha de plastificação diagonal. .................. 96
Figura 2.30: Configuração de charneiras plásticas. ............................... 97
Figura 2.31: Deslocamento vertical e rotações das charneiras. ............. 98
Figura 2.32: Ângulo de rotação nas charneiras diagonais. .................... 99
Figura 3.1: Variação das propriedades térmicas da cerâmica. ............ 103
Figura 3.2: Elemento PLANE 55. ....................................................... 104
Figura 3.3: Elemento SURF 151. ........................................................ 105
Figura 3.4: Discretização de uma seção transversal. ........................... 108
Figura 3.5: Esquema para determinação do TRF. ............................... 111
Figura 4.1: Seção transversal para estudo da malha............................ 113
Figura 4.2: Temperaturas ao longo da seção transversal. ................... 114
Figura 4.3: Erro da solução numérica em relação a solução analítica. 115
Figura 4.4: Incremento de tempo [s] segundo a dimensão do elemento
finito. ................................................................................................... 116
Figura 4.5: Isotermas em seção retangular 8 cm × 15 cm - 30 min. ... 117
Figura 4.6:Isotermas em seção retangular 16 cm × 30 cm - 30 min. .. 117
Figura 4.7: Isotermas em seção retangular 16 cm × 30 cm - 60 min. . 118
Figura 4.8: Isotermas de laje mista nervurada -120 min. .................... 118
Figura 4.9: Seção transversal da laje ensaiada. ................................... 120
Figura 4.10: Temperaturas na armadura longitudinal (+). .................. 121
Figura 4.11: Temperaturas na armadura longitudinal (-). ................... 121
Figura 4.12: Planta de formas da laje 1. .............................................. 123
Figura 4.13: Armaduras da laje 1. ....................................................... 124
Figura 4.14: Campo de temperatura [oC] na seção transversal da L1. 125
Figura 4.15: Média e máxima temperaturas na face superior da L1. .. 125
Figura 4.16: Esforços em situação de incêndio na L1......................... 126
Figura 4.17: Esforços em situação de incêndio na L1......................... 127
Figura 4.18: Cargas na L1 em situação de incêndio. .......................... 128
Figura 4.19: Armaduras da laje 2. ....................................................... 130
Figura 4.20: Esforços em situação de incêndio na L2......................... 131
Figura 4.21: Esforços em situação de incêndio na L2......................... 133
Figura 4.22: Cargas na L2 em situação de incêndio. .......................... 133
Figura 4.23: Planta de formas da laje 3. .............................................. 135
Figura 4.24: Armaduras da laje 3. ....................................................... 135
Figura 4.25: Campo de temperatura [oC] na seção transversal da L3. 136
Figura 4.26: Média e Máxima temperaturas na face superior da L3. .. 137
Figura 4.27: Esforços em situação de incêndio na L3......................... 138
Figura 4.28: Cargas na L3 em situação de incêndio. .......................... 139
Figura 4.29: Armaduras da laje 4. ....................................................... 140
Figura 4.30: Esforços em situação de incêndio na L4......................... 141
Figura 4.31: Cargas na L4 em situação de incêndio. .......................... 143
Figura 4.32: Planta de formas da laje 5. .............................................. 145
Figura 4.33: Armaduras da laje 5. ....................................................... 145
Figura 4.34: Campo de temperatura na seção transversal da L5. ........ 146
Figura 4.35: Média e Máxima temperaturas na face superior da L5. .. 146
Figura 4.36: Esforços em situação de incêndio na L5......................... 147
Figura 4.37: Cargas na L5 em situação de incêndio. .......................... 148
Figura 4.38: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L2. ............... 152
Figura 4.39: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L4. ............... 152
Figura 4.40: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L2. ............... 154
Figura 4.41: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L4. ............... 155
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Tempo Requerido de Resistência ao Fogo [min]. .............. 34


Tabela 2.2: Fator de correção kb. ........................................................... 35
Tabela 2.3: Coeficiente δq1................................................................... 36
Tabela 2.4: Coeficiente δq2................................................................... 36
Tabela 2.5: Coeficientes δn. .................................................................. 36
Tabela 2.6: Valores de γn1, γn2 e γn3. ...................................................... 38
Tabela 2.7: Valores de γs2. ..................................................................... 38
Tabela 2.8: Condutividade térmica dos constituintes do concreto. ....... 42
Tabela 2.9: Calor específico do concreto segundo o teor de umidade. . 46
Tabela 2.10: Deformação específica do concreto na máxima tensão de
compressão. ........................................................................................... 51
Tabela 2.11: Fatores de redução do módulo de elasticidade para o aço
em função da temperatura. .................................................................... 55
Tabela 2.12: Fatores de redução do limite de proporcionalidade para o
aço em função da temperatura. .............................................................. 57
Tabela 2.13: Coeficiente c2 segundo o tipo de concreto........................ 75
Tabela 2.14: Dimensões mínimas para lajes nervuradas simplesmente
apoiadas. ................................................................................................ 82
Tabela 2.15: Dimensões mínimas para lajes nervuradas contínuas....... 83
Tabela 2.16: Dimensões mínimas para lajes nervuradas armadas em uma
só direção. ............................................................................................. 83
Tabela 2.17: Dimensões mínimas para lajes - fundo exposto ao fogo. . 84
Tabela 2.18: Dimensões mínimas para lajes - nervura exposta ao fogo.
............................................................................................................... 85
Tabela 2.19: Coeficientes de ponderação das ações para combinações
excepcionais. ......................................................................................... 87
Tabela 2.20: Fatores de redução das ações para combinações
excepcionais. ......................................................................................... 87
Tabela 4.1: Esforços solicitantes da laje 1........................................... 124
Tabela 4.2: Esforços resistentes da L1 [kN.m/nerv]. .......................... 127
Tabela 4.3: Tempo de resistência ao fogo da L1. ................................ 129
Tabela 4.4: Esforços solicitantes da L2. .............................................. 129
Tabela 4.5: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em
situação de incêndio na L2 [kN.m/nerv]. ............................................ 131
Tabela 4.6: Momentos fletores resistentes negativos por nervura em
situação de incêndio na L2 [kN.m/nerv]. ............................................ 132
Tabela 4.7: Tempo de resistência ao fogo da L2. ................................ 134
Tabela 4.8: Esforços solicitantes da laje L3. ....................................... 136
Tabela 4.9: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em
situação de incêndio na L3 [kN.m/nerv]. ............................................ 138
Tabela 4.10: Tempo de resistência ao fogo da L3............................... 139
Tabela 4.11: Esforços solicitantes da L4............................................. 141
Tabela 4.12: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em
situação de incêndio na L4 [kN.m/nerv]. ............................................ 142
Tabela 4.13: Momentos fletores resistentes negativos por nervura em
situação de incêndio na L4 [kN.m/nerv]. ............................................ 142
Tabela 4.14: Tempo de resistência ao fogo da L4............................... 144
Tabela 4.15: Esforços solicitantes da L5............................................. 145
Tabela 4.16: Momentos fletores positivos resisntentes por nervura em
situação de incêndio na L5 [kN.m/nerv]. ............................................ 147
Tabela 4.17: Tempo de resistência ao fogo da L5............................... 149
Tabela 4.18: Isolamento térmico das lajes. ......................................... 149
Tabela 4.19: Desempenho estrutural das lajes nervuradas em situação de
incêndio. .............................................................................................. 150
Tabela 4.20: Tempo de resistência ao fogo das lajes. ......................... 151
Tabela 4.21: Acréscimo no valor do momento fletor [%]. .................. 153
Tabela 4.22: Acréscimo no valor do momento fletor [%]. .................. 156
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACI – American Concrete Institute


APDL – ANSYS Parametric Design Language
ASTM – American Society for Testing and Materials
BS – British Standard
CESP – Companhia Energética de São Paulo
ELS – Estado limite de serviço
ELU – Estado Limite último
EN – Norme Européenne (European Standard)
EPS – Poliestireno Expandido
FIB – Fédération internationale du béton
ISO – International Organization for Standardization
MEF – Método dos elementos finitos
NBR – Norma Brasileira
TRF – Tempo de resistência ao fogo
TRRF – Tempo requerido de resistência ao fogo
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 23
1.1 OBJETIVOS.............................................................................. 27
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ................................................. 27
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................... 29
2.1 O INCÊNDIO ............................................................................ 29
2.1.1 Ação térmica - modelos de incêndio ......................................... 31
2.1.1.1 Curvas de Incêndio Padrão ........................................................ 31
2.1.2 Tempo requerido de resistência ao fogo e tempo equivalente ... 33
2.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA ................................................................................. 38
2.2.1 Efeito do aquecimento no concreto ........................................... 39
2.2.2 Propriedades térmicas do concreto ............................................ 41
2.2.2.1 Condutividade Térmica ............................................................. 41
2.2.2.2 Calor Específico ........................................................................ 44
2.2.2.3 Massa específica ........................................................................ 47
2.2.3 Propriedades mecânicas do concreto em temperaturas elevadas49
2.2.3.1 Redução da resistência à compressão do concreto .................... 49
2.2.3.2 Diagrama tensão × deformação do concreto ............................. 50
2.3 PROPRIEDADES DO AÇO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA ................................................................................. 53
2.3.1.1 Redução da resistência à tração e à compressão do aço de
armadura passiva ................................................................................... 53
2.3.1.2 Redução do módulo de elasticidade do aço de armadura passiva
....................................................................................................54
2.3.1.3 Diagrama tensão × deformação do aço de armadura passiva .... 55
2.4 LAJES NERVURADAS ........................................................... 58
2.4.1 Comportamento das lajes nervuradas em situação de incêndio. 59
2.4.1.1 Compartimentação..................................................................... 60
2.4.1.2 Lascamento (Spalling) ............................................................... 60
2.4.1.3 Deformações em situação de incêndio ...................................... 62
2.4.1.4 Mecanismos de falha em situação de incêndio .......................... 66
2.4.1.5 Teoremas de análise limite ........................................................ 71
2.5 ANÁLISE TÉRMICA ............................................................... 72
2.5.1 Método de Wickström ............................................................... 73
2.5.2 Método de Kodur....................................................................... 74
2.5.3 Princípios de transferência de calor ........................................... 76
2.5.4 Método dos elementos finitos .................................................... 79
2.6 ANÁLISE ESTRUTURAL EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO 81
2.6.1 Método prescritivo (tabular) ...................................................... 81
2.6.1.1 Método tabular da NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004) . 82
2.6.1.2 Método tabular da BS 8110-2 (1985)........................................ 83
2.6.2 Ações mecânicas e suas combinações....................................... 85
2.6.3 Métodos simplificados .............................................................. 88
2.6.3.1 Esforços solicitantes em situação de incêndio .......................... 88
2.6.3.2 Esforços resistentes em situação de incêndio ............................ 91
2.6.4 Método das charneiras plásticas ................................................ 95
3 MODELAGEM NUMÉRICA DE LAJES NERVURADAS
EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO .................................................... 101
3.1 FENÔMENO FÍSICO ASSOCIADO À LAJE NERVURADA
EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ....................................................... 101
3.2 ANÁLISE TÉRMICA ............................................................. 102
3.2.1 Ação térmica ........................................................................... 102
3.2.2 Propriedades térmicas dos materiais ....................................... 103
3.2.3 Método dos elementos finitos ................................................. 104
3.2.3.1 Elementos finitos e condições de contorno ............................. 104
3.2.3.2 Análise transiente .................................................................... 105
3.2.3.3 Não linearidade térmica .......................................................... 105
3.3 ANÁLISE ESTRUTURAL..................................................... 106
3.3.1 Ações e esforços solicitantes ................................................... 106
3.3.2 Esforços resistentes ................................................................. 107
3.3.3 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 110
3.3.4 Capacidade de carga................................................................ 112
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................ 113
4.1 VALIDAÇÃO DO MODELO ................................................ 113
4.1.1 Estudo da malha ...................................................................... 113
4.1.2 Estudo do incremento de tempo .............................................. 115
4.1.3 Campo de temperaturas da seção transversal .......................... 116
4.1.4 Momento fletor resistente ....................................................... 119
4.2 ANÁLISE TÉRMICA DA SEÇÃO TRANSVERSAL .......... 119
4.3 ANÁLISE DE LAJES NERVURADAS DE CONCRETO
ARMADO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO .................................... 122
4.3.1 Laje 1....................................................................................... 123
4.3.1.1 Isolamento térmico .................................................................. 125
4.3.1.2 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 126
4.3.1.3 Capacidade de carga em situação de incêndio ........................ 128
4.3.1.4 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 129
4.3.2 Laje 2....................................................................................... 129
4.3.2.1 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 130
4.3.2.2 Capacidade de carga em situação de incêndio ........................ 133
4.3.2.3 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 134
4.3.3 Laje 3 ....................................................................................... 134
4.3.3.1 Isolamento térmico .................................................................. 137
4.3.3.2 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 137
4.3.3.3 Capacidade de carga em situação de incêndio......................... 139
4.3.3.4 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 139
4.3.4 Laje 4 ....................................................................................... 140
4.3.4.1 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 141
4.3.4.2 Capacidade de carga em situação de incêndio......................... 143
4.3.4.3 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 144
4.3.5 Laje 5 ....................................................................................... 144
4.3.5.1 Isolamento térmico .................................................................. 146
4.3.5.2 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 147
4.3.5.3 Capacidade de carga em situação de incêndio......................... 148
4.3.5.4 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 148
4.4 DISCUSSÕES COMPLEMENTARES .................................. 149
4.5 ANÁLISE ESTRUTURAL PARAMÉTRICA ....................... 151
4.5.1 Influência da largura da nervura .............................................. 151
4.5.2 Influência do cobrimento das armaduras ................................. 154
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 157
5.1 CONCLUSÕES ....................................................................... 157
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................... 159
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................ 161
APÊNDICE A .................................................................................... 171
APÊNDICE B .................................................................................... 175
APÊNDICE C .................................................................................... 177
APÊNDICE D .................................................................................... 183
23

1 INTRODUÇÃO

O projeto de estruturas em situação de incêndio visa à proteção


da vida e do patrimônio, permitindo com segurança a desocupação do
edifício na ocorrência de sinistro, o resgate de vítimas, o combate ao
fogo e evitando a propagação do incêndio às edificações vizinhas.
As estruturas de concreto armado são bastante conhecidas por
apresentarem bom desempenho em situação de incêndio. Muitas
estruturas de concreto que sofreram incêndios severos voltaram a ser
utilizadas após reparos. Isto é possível devido à proteção da armadura
pelo concreto que a envolve (o concreto é um material não combustível
e de baixa condutividade térmica) e à capacidade das estruturas de
concreto armado de redistribuir esforços (desde que projetadas com
suficiente ductilidade). Contudo, tanto o concreto quanto o aço, quando
expostos a altas temperaturas, sofrem alterações nas suas propriedades
físicas que degradam sua resistência mecânica. Durante o incêndio,
podem ocorrer ainda solicitações adicionais na estrutura causadas por
alongamentos axiais restringidos ou gradientes térmicos. Também
podem ocorrer lascamentos na superfície do concreto reduzindo a seção
transversal e expondo as armaduras diretamente ao fogo. Embora
desastres ocasionados pela falha de estruturas de concreto armado em
situação de incêndio sejam raros, há casos registrados de sua ocorrência
(WADE, 1991; BUCHANAN, 2005) sendo necessários estudos
específicos para garantir a segurança estrutural.
Entre os incêndios ocorridos em estruturas de concreto armado no
Brasil vale destacar os ocorridos no Edifício Joelma e nos Edifícios da
CESP (Companhia Energética de São Paulo). O incêndio ocorrido no
Edifício Joelma em 1974 (Figura 1.1-a) foi uma tragédia de grande
repercussão com cerca de 180 vítimas fatais. Apesar de ser um incêndio
de grandes proporções, o edifício com estrutura em concreto armado
pôde ser recuperado e se encontra em utilização até os dias atuais
(Figura 1.1-b). Em 1987 um incêndio de grandes proporções se
desenvolveu nos edifícios da CESP. O fogo atingiu os dois edifícios da
companhia, sendo que parte de um deles desabou durante o incêndio, e o
restante foi implodido dias depois. O edifício da CESP era estruturado
por pórticos e lajes nervuradas de concreto armado. A ocorrência de
tragédias de grande repercussão como estas mobilizou diversos setores
da sociedade e conduziu à melhoria nas condições de proteção e
combate ao incêndio nas edificações.
24

Figura 1.1: Edifício Joelma - a) Durante o incêndio b) Atualmente.

Fonte: a) Molberg (1974); b) Canato (2014).


Figura 1.2: Edifício da CESP após incêndio.

Fonte: Lúcio (1987).


As lajes exercem diversas funções nas estruturas de concreto
armado. Suportam e transferem para as vigas e para os pilares cargas
permanentes e acidentais dos pavimentos. Podem atuar como
travamento entre lances de pilares, reduzindo o comprimento de
flambagem. São capazes de atuar como diafragmas, distribuindo as
forças horizontais entre os elementos verticais da estrutura. Ressalta-se
ainda que as lajes desempenham papel fundamental na proteção passiva
da edificação contra incêndio, por serem o principal elemento de
compartimentação vertical, evitando a propagação do fogo para outros
compartimentos.
25

Uma das principais dificuldades encontradas pelos projetistas


estruturais para garantir a segurança das estruturas em situação de
incêndio está no uso das lajes nervuradas projetadas segundo o método
tabular da NBR 15200 (2012)1. O método tabular é o único método
detalhado na norma NBR 15200 (2012) e consiste na adoção de
parâmetros geométricos mínimos, tabelados de acordo com o tempo
requerido de resistência ao fogo (TRRF) e as condições de apoio. A
escolha da seção transversal das lajes no projeto de estruturas é
influenciada por diversos fatores como: o uso da edificação, a
resistência do concreto à compressão, o material de enchimento, os vãos
e as cargas, havendo portanto uma grande variabilidade nos parâmetros
geométricos usualmente empregados. Assim, o método tabular se torna
muito limitado, pois reduz as soluções estruturais possíveis a poucos
valores tabelados.
O material de enchimento utilizado entre as nervuras influencia
significativamente o campo de temperaturas que se desenvolverá na
seção transversal. Lajes executadas com formas plásticas reutilizáveis e
lajes confeccionadas com EPS, que se extingue rapidamente quando
aquecido, são expostas diretamente ao fogo em todo o perímetro da
superfície inferior da laje (face inferior da capa e da nervura e nas faces
laterais da nervura). Lajes cujo enchimento adotado seja de material
incombustível, como blocos cerâmicos ou de concreto celular, estarão
expostas diretamente ao fogo apenas na face inferior da nervura (a face
inferior da capa e as faces laterais da nervura são aquecidas por
condução no contato com o material de enchimento). Essas questões
evidenciam a necessidade de estudos mais profundos sobre o
comportamento de lajes nervuradas em situação de incêndio, a fim de se
desenvolver um projeto mais racional desse elemento estrutural.
Para tal, o problema que se deseja resolver consiste em
determinar a resistência ao fogo de lajes nervuradas de concreto armado
em situação de incêndio. O fenômeno físico que ocorre no caso em
estudo pode ser descrito: durante o incêndio, a exposição ao fogo
provoca o aquecimento do interior do elemento estrutural e sob
temperaturas elevadas, ocorrem alterações físicas e químicas no
concreto e no aço que degradam a resistência mecânica destes materiais.
Este problema pode ser modelado numericamente adotando-se um
modelo de incêndio, um modelo térmico e um modelo estrutural. O
incêndio pode ser modelado utilizando-se uma curva de incêndio que
descreve a temperatura dos gases em função do tempo de exposição ao
1
NBR 15200 (2012): Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio.
26

fogo. Entre as curvas de incêndio mais empregadas pode-se citar a curva


de incêndio padrão ISO 834 (1999) e ASTM E119 (2000), a curva de
incêndio natural parametrizadas do EN 1991-1-2 (2002) e ainda
modelos mais elaborados de incêndio como os modelos de zona e os
modelos baseados em fluidodinâmica computacional. É necessário
adotar ainda um modelo térmico que permita, a partir dos princípios de
transferência de calor, encontrar o campo de temperaturas da seção
transversal e um modelo estrutural que permita determinar a resistência
do elemento estrutural considerando as propriedades mecânicas dos
materiais reduzidas pelo aquecimento. Dada a complexidade do
problema físico, uma solução matemática analítica (exata) poucas vezes
é viável ou mesmo possível, sendo necessário então empregar métodos
numéricos aproximados como o método dos elementos finitos (BATHÉ,
2006).
Entre os estudos encontrados na literatura sobre lajes
nervuradas de concreto armado em situação de incêndio, convém
destacar os desenvolvidos por Lawson (1985), Costa e Silva (2007) e
Min et al (2012). Lawson (1985) realizou ensaios de resistência ao fogo
com lajes nervuradas moldadas in loco com formas industrializadas, por
meio dos quais constatou que os critérios de dimensionamento BS 8110-
2 (1985) se mostraram satisfatórios e medidas adicionais para evitar a
ocorrência de lascamentos são desncessárias. Costa, Braga Jr e Silva
(2007) realizaram estudos sobre a influência da geometria das nervuras
no isolamento térmico das lajes nervuradas. Os estudos demonstraram
que as dimensões e espaçamento usualmente adotados para as nervuras
não influenciam significativamente no isolamento térmico das lajes.
Costa e Silva (2007) desenvolveram ainda um método gráfico para
dimensionamento de lajes nervuras em situação de incêndio. O método
consiste em um conjunto de ábacos que relacionam o tempo de
resistência ao fogo à razão entre a solicitação em situação de incêndio e
a resistência em situação normal. Min et al (2012) analisaram lajes
nervuradas, pré-moldadas, protendidas, em situação de incêndio por
métodos avançados. Os resultados das análises numéricas foram
coerentes com o método tabular do EN 1992-1-2 (2004). Verifica-se
haver ainda um amplo campo de estudos que podem ser desenvolvidos a
respeito de lajes nervuradas em situação de incêndio.
27

1.1 OBJETIVOS

O objetivo geral desta dissertação é avaliar o desempenho


térmico e mecânico de lajes nervuradas de concreto armado em situação
de incêndio. Especificamente, deseja-se:
a) avaliar a influência da variabilidade da condutividade térmica,
do calor específico e da massa específica do concreto em função da
temperatura no campo de temperaturas da seção transversal de lajes
nervuradas;
b) desenvolver uma ferramenta computacional para a
determinação do momento fletor resistente de seções transversais de
lajes nervuradas com preenchimento entre nervuras de blocos cerâmicos
ou de blocos de EPS;
c) verificar a resistência ao fogo de lajes nervuradas de concreto
armado, segundo os critérios de isolamento térmico e resistência à
flexão, por meio da ferramenta computacional desenvolvida e dos
métodos simplificados propostos pelo EN 1992-1-2 (2004) e comparar
os resultados com as prescrições de alguns métodos tabulares;
d) determinar a capacidade de carga das lajes nervuradas em
situação de incêndio pelo método das charneiras plásticas;
e) avaliar a influência da largura da nervura e do cobrimento das
armaduras no valor do momento fletor resistente da seção transversal
desse elemento estrutural.

1.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

Neste capítulo de Introdução, foram apresentadas a justificativa


para a realização da pesquisa, o problema que será abordado, os
objetivos e uma breve descrição dos capítulos que compoe o trabalho.
No capítulo 2, Revisão de literatura, é apresentada a
fundamentação teórica dos estudos desenvolvidos. São expostos
conceitos e “discussões” sobre incêndio, os princípios de transferência
de calor, as propriedades térmicas e mecânicas dos materiais, as ações e
as suas combinações no estudo das estruturas em situação de incêndio,
definições sobre comportamento em situação de incêndio das lajes
nervuradas, métodos e procedimentos a serem adotados para realização
de análise térmica e estrutural.
No capítulo 3, Modelagem numérica de lajes nervuradas em
situação de incêndio, são descritos os modelos térmico e mecânico
adotados bem como os procedimentos adotados para realização das
análises.
28

No capítulo 4, Resultados e discussões, são apresentados os


resultados de estudos desenvolvidos neste trabalho. Foram
desenvolvidos estudos sobre a influência da variabilidade das
propriedades térmicas no campo de temperaturas na seção transversal de
lajes nervuradas expostas ao fogo. São analisadas 5 lajes nervuradas de
concreto em situação de incêndio segundo os métodos tabular, métodos
simplificados (Isoterma de 500 oC e método das faixas), formulações
mais refinadas e ainda análise da capacidade de carga em situação de
incêndio pelo método das charneiras plásticas.
No capítulo 5, Considerações finais, são expostas as conclusões
obtidas pela análise dos resultados desta pesquisa e apresentadas
sugestões para trabalhos futuros.
29

2 REVISÃO DE LITERATURA

Nesta revisão de literatura, são apresentados conceitos


fundamentais necessários para o desenvolvimento do trabalho tais
como: as curvas de incêndio, os princípios de transferência de calor, as
propriedades térmicas e mecânicas dos materiais, as ações e
combinações a serem consideradas. Adicionalmente, apresentam-se os
princípios que descrevem o comportamento em situação de incêndio das
lajes nervuradas, além de métodos para dimensionamento à flexão em
situação de incêndio (método tabular e métodos simplificados) bem
como os procedimentos a serem adotados para realização de análise
térmica e estrutural.

2.1 O INCÊNDIO

O fogo é definido como o processo de combustão associado à


emissão de luz e calor. A combustão é a reação exotérmica da
substância combustível com um oxidante, é comum apresentar chamas e
fumaça ou ambos durante sua ocorrência. Quando este processo se
alastra de forma descontrolada no tempo e no espaço, caracteriza-se o
incêndio (ISO 8421-1, 1987; NBR 13860, 1997).
Para a ocorrência do fogo é necessária a presença simultânea de
quatro elementos: combustível, comburente, fonte de ignição e reação
em cadeia. O combustível é o material que sofre queima, ou seja,
substância a ser oxidada. O comburente é a substância que alimenta a
combustão, ou seja, o oxidante. A fonte de ignição é responsável por
fornecer o calor para que a mistura entre combustível e comburente
entre em combustão. A reação em cadeira ocorre quando parte do calor
liberado pela combustão é fonte de calor para ignição do combustível,
mantendo o processo continuamente até que um dos fatores deixe de
existir (NBR 13860, 1997; SEITO, 2008).
Dentre os meios de proteção contra incêndio adotados na
concepção dos edifícios está a sua divisão em compartimentos
(compartimentação). O compartimento pode ser definido, segundo a
NBR 15200 (2012), como sendo: "edificação ou parte dela,
compreendendo um ou mais cômodos, espaços ou pavimentos,
construídos para evitar a propagação do incêndio de dentro para fora dos
seus limites (...)". É de interesse ao estudo de estruturas em situação de
incêndio, compreender o incêndio que se desenvolverá em cada
compartimento da edificação. Costuma-se representar um incêndio real
30

compartimentado utilizando um gráfico que relaciona a temperatura dos


gases do ambiente com o tempo de duração do incêndio (Figura 2.1).
Figura 2.1: Curva temperatura × tempo de um incêndio real.

Pode-se distinguir a ocorrência de três fases durante o


desenvolvimento de um incêndio: a fase de ignição, a fase de
aquecimento e a fase de resfriamento. A primeira fase do incêndio é
chamada de fase de ignição, na qual as temperaturas do compartimento
começam a se elevar e o material combustível é gradativamente
aquecido. Nesta fase, a combustão está localizada em pequenas áreas e a
elevação da temperatura é lenta. As temperaturas em média ainda não
são suficientemente elevadas para causar redução na resistência dos
materiais da estrutura. Há, porém, risco para a vida humana, devido à
asfixia por inalação de gases tóxicos. O incêndio, nesta fase, pode ser
extinto por meios de proteção ativa, como extintores e chuveiros
automáticos (PURKISS, 2007; LENNON 2011; SILVA 2012). Se o
incêndio não for extinto na fase de ignição e houver no ambiente
suficiente material combustível fornecimento de comburente, pode
ocorrer o flashover ou inflamação generalizada. Neste instante, a
superfície do material combustível de todo o ambiente entra em ignição,
e o fogo se alastra pelo compartimento. O flashover define a transição
da fase de ignição para a fase de aquecimento (PURKISS, 2007;
LENNON 2011; SILVA 2012). Na fase de aquecimento, o incêndio é de
31

grandes proporções e a combustão ocorre em todo o compartimento. A


taxa de elevação da temperatura, nesta fase, é elevada e o valor máximo
de temperatura dos gases do ambiente é atingido, podendo ultrapassar os
1000 oC. Há risco de colapso ou de perda de integridade dos elementos
estruturais expostos ao fogo (PURKISS, 2007; LENNON 2011; SILVA
2012). Após o fogo consumir boa parte do material combustível (cerca
de 70%), ocorre a diminuição da taxa de combustão e,
consequentemente, a temperatura dos gases também se reduz durante a
fase de resfriamento. É importante destacar que as maiores temperaturas
no interior da seção transversal não ocorrem no ponto da máxima
temperatura dos gases do compartimento. Esse pequeno atraso no
resfriamento da estrutura ocorre devido à inércia térmica dos elementos
estruturais (PURKISS, 2007; LENNON 2011; SILVA, 2012).

2.1.1 Ação térmica - modelos de incêndio

Diante das dificuldades de se prever a relação temperatura ×


tempo de um incêndio real e da necessidade de conduzir em laboratório
ensaios em fornos para o estudo do desempenho de diferentes materiais
quando submetidos ao fogo, desenvolveram-se modelos de incêndios
simplificados conhecidos como curvas de incêndio padrão, como a
curva ISO 834 (1999) (BUCHANAN, 2005). Existem ainda curvas de
incêndio parametrizadas, que consideram as características do
compartimento para caracterização do incêndio (EN 1991-1-2, 2002).
Há também modelos de incêndio mais precisos, como modelos baseados
em fluidodinâmica computacional (computacional fluid dynamics -
CFD), ou que consideram zonas de temperaturas (zone model),
possibilitando uma distribuição mais realística das temperaturas do
compartimento durante o incêndio (SILVA, PANONNI e PINTO,
2008).

2.1.1.1 Curvas de Incêndio Padrão

As curvas de incêndio padrão foram desenvolvidas com base em


incêndios reais e são modelos simplificados de incêndio. Nestes
modelos, a evolução da temperatura dos gases em função do tempo
obedece a uma lei teórica perfeitamente definida, utilizam como
incógnita unicamente a variável tempo. A temperatura dos gases é
considerada como uniforme em todo o volume do ambiente (LANDI,
1986; FIB, 2007).
32

As principais curvas de incêndio padrão são: ISO 834 (1999),


ASTM E119 (2000), incêndio exterior (EN 1991-1-2, 2002) e
hidrocarbonetos (EN 1991-1-2, 2002). Estas curvas são utilizadas em
ensaios, projetos e pesquisas. A curva ISO 834 (1999) é a mais utilizada
e é adotada em diversas normas como a NBR 14432 (2000)1 e o EN
1991-1-2 (2002)2. Os ensaios e normas norte-americanos e canadenses
se baseiam na curva ASTM E119 (2000). A curva de incêndio exterior
(EN 1991-1-2, 2002) é recomendada para análise de elementos
construtivos posicionados na face externa do compartimento, como em
sacadas e elementos de fachada. A curva de hidrocarbonetos (EN 1991-
1-2, 2002) deve ser utilizada quando a carga de incêndio possui
potencial calorífico equivalente a materiais formados por
hidrocarbonetos (derivados do petróleo). As diversas curvas
normalizadas são apresentadas na Figura 2.2.
Figura 2.2: Curvas temperatura × tempo de incêndios “normalizados”.
1200
1100
1000
900
Temperatura [oC]

800
700
600
500
400 Curva ISO 834 (1999)
300 Curva de incêndio Exterior
Curva de hidrocarbonetos
200
Curva ASTM E119 (2000)
100
0
0 30 60 90 120 150 180
Tempo [min]
A curva de incêndio padrão ISO 834 (1999) é caracterizada por
possuir apenas um ramo ascendente de temperatura. Ela é recomendada
para situações em que a carga de incêndio possui potencial calorífico

1
NBR 14432 (2000): Exigências de resistência ao fogo de elementos
construtivos de edificações.
2
Eurocode 1 (2002): Actions on structures - Part 1-2: General actions - Actions
on structures exposed to fire.
33

equivalente ao de material celulósico e pode ser descrita pela Equação


2.1.
= 20 + 345 log (8 + 1), (2.1)
onde:
θg = temperatura dos gases no ambiente em chamas [oC];
t = tempo em [min.].
Por ser um modelo simplificado de incêndio, quando utilizada na
verificação de projetos, a curva de incêndio padrão apresenta algumas
limitações: não leva em consideração a inércia térmica do
compartimento; a carga de incêndio e o grau de ventilação; a mesma
temperatura é considerada em todos os pontos do compartimento,
independente de suas dimensões; as fases de ignição e de resfriamento
de um incêndio real não são representadas (FIB, 2008).

2.1.2 Tempo requerido de resistência ao fogo e tempo equivalente

Como nas curvas de incêndio padrão a temperatura se eleva


continuamente, não é possível saber o ponto de temperatura máxima,
nem a duração do incêndio. Quando estas curvas são utilizadas nas
atividades de projeto, a gravidade do incêndio é então determinada
associando-se a curva de incêndio padrão a tempos requeridos de
resistência ao fogo (TRRF). Deste modo, o TRRF deve ser entendido
como um parâmetro de projeto, que determina o tempo mínimo de
resistência ao fogo necessário para um elemento construtivo quando
exposto ao incêndio padrão. O TRRF não representa, portanto o tempo
de duração do incêndio real, nem o tempo necessário para fuga dos
usuários, tampouco o tempo de atuação para combate ao incêndio (NBR
14432, 2000; SILVA, 2012).
Os tempos requeridos de resistência ao fogo para algumas classes
de edificações segundo a norma NBR 14432 são apresentados na Tabela
2.1. Os valores entre parênteses correspondem a subsolos com área bruta
menor ou igual a 500 m² e edificações acima do solo com área menor ou
igual a 750 m². A norma EN 1991-1-2 (2002) determina que sejam
utilizados valores definidos pela regulamentação específica local.
Existem ainda métodos que procuram relacionar as curvas de
incêndio padrão a curvas mais realistas. Nestes métodos determina-se
um tempo equivalente de exposição ao incêndio padrão, que se
considera que causaria o mesmo efeito de aquecimento na estrutura que
a exposição à ação de uma curva de incêndio natural compartimentado.
34

Tabela 2.1: Tempo Requerido de Resistência ao Fogo [min].

Profundidade do
Altura da edificação
subsolo
Uso / Ocupação
Classe S2 hs Classe S1 Classe P1 Classe P2 Classe P3 Classe P4 Classe P5
> 10 m hs ≤ 10 m h ≤ 6 m 6 m ≤ h ≤ 12 m 12 m ≤ h ≤ 23 m 23 m ≤ h ≤ 30 m h > 30 m
Residencial 90 60 (30) 30 30 60 90 120
Serviços de
90 60 30 60 (30) 60 90 120
Hospedagem
Comercial Varejista 90 60 60 (30) 60 (30) 60 90 120
Serviços profissionais
90 60 (30) 30 60 (30) 60 90 120
pessoais e técnicos
Educacional e cultura
90 60 (30) 30 30 60 90 120
física
Locais de reunião de
90 60 60 (30) 60 60 90 120
Público
Serviços de saúde e
90 60 30 60 60 90 120
institucionais
Fonte: NBR 14432 (2000).
35

O EN 1991-1-2 (2002) recomenda o uso da Equação 2.2 para


determinação do tempo equivalente.
, = , ∙ ∙ , (2.2)
onde:
te,d = tempo equivalente de exposição ao incêndio padrão [min];
qf,d = carga de incêndio de cálculo em relação a área de piso
[MJ/m²];
kb = fator de conversão, função de b (Tabela 2.2) [min.m²/MJ];
b = parâmetro das características físico-térmicas do
compartimento [J/m2s1/2K];
Wf = fator de ventilação, determinado pela Equação 2.6;
kc = fator de correção em função do material da seção transversal,
para concreto armado kc =1.
Tabela 2.2: Fator de correção kb.
b [J/m2s1/2K] kb [min.m²/MJ]
b > 2500 0,04
720 ≤ b ≤ 2500 0,055
b < 720 0,07
Fonte: EN 1991-1-2 (2002).
A carga de incêndio (ver APÊNDICE B) de cálculo em relação à
superfície do compartimento, observados os limites 50 ≤ qt,d ≤ 1000
[MJ/m²], pode ser determinada pela Equação (2.3).

, = , ,
(2.3)
onde:
Af = área de piso do compartimento [m²];
qf,d = carga de incêndio de cálculo em relação à área de piso
[MJ/m²] dada pela Equação (2.4).

, = , ∙ ∙ ∙ ∙ ,
(2.4)
onde:
qf,k = valor característico da carga de incêndio específica do
compartimento por área de piso [MJ/m2];
m = fator de combustão, para materiais celulósicos m = 0,8;
δq1 = coeficiente de risco de ativação devido ao tamanho do
compartimento, conforme a Tabela 2.3;
δq2 = coeficiente de risco de ativação devido a ocupação do
compartimento, conforme a Tabela 2.4;
36

δn = coeficiente que considera a existência de meios de proteção


contra incêndio, obtido pela multiplicação dos fatores δni, (Tabela 2.5);
Tabela 2.3: Coeficiente δq1.
Risco de ativação do
Área de piso do compartimento [m2]
incêndio δq1
25 1,10
250 1,50
2500 1,90
5000 2,00
10000 2,13
Fonte: EN 1991-1-2 (2002).
Tabela 2.4: Coeficiente δq2.
Risco de ativação do
Ocupação
incêndio δq2
Galeria de arte, museu, piscina. 0,78
Escritórios, residências, hotéis. 1,00
Fabricação de máquinas e motores. 1,22
Laboratório químico, ateliê de arte. 1,44
Fabricação de fogos de artifício e tintas. 1,66
Fonte: EN 1991-1-2 (2002).
Tabela 2.5: Coeficientes δn.
Meios de supressão automática do fogo
Chuveiros automáticos. Sim δn1 = 0,61 / Não δn1 = 1,0
Fornecimento de água independente. Sim δn2 = 0,87 / Não δn2 = 1,0
Meios de detecção automática
Alarme acionado pelo calor. Sim δn3 = 0,87 / Não δn3 = 1,0
Alarme acionado pela fumaça. Sim δn4 = 0,73 / Não δn4 = 1,0
Alarme interligado ao corpo de
Sim δn5 = 0,87 / Não δn5 = 1,0
bombeiros.
Meios de supressão manual
Brigada contra incêndio. Sim δn6 = 0,61 / Não δn6 = 1,0
Brigada contra incêndio fora do local. Sim δn7 = 0,78 / Não δn7 = 1,0
Rotas de fuga. Sim δn8 = 0,9 / Não δn8 = 1,5
Dispositivos de combate ao incêndio. Sim δn9 = 1,0 / Não δn9 = 1,5
Exaustor de fumaça. Sim δn10 = 1,0 / Não δn10 = 1,5
Fonte: Adaptado do EN 1991-1-2 (2002).
37

O parâmetro b das características físico-térmicas do


compartimento, observado o intervalo 100 ≤ b ≤ 2200 [J/m2s1/2K], é
determinado pela Equação 2.5.
= , (2.5)
onde:
ρ = massa específica do material da parede [kg/m³];
c = calor específico do material da parede [J/(kg.K)];
λ = condutividade térmica do material da parede [W/(m.K)].
O fator de ventilação Wf é determinado pela Equação 2.6.
, ,
6,0 90 ∙ (0,4 − )
= ∙ 0,62 + ≥ 0,5, (2.6)
1+ ∙
onde:
H = altura do compartimento [m];
αv = Av / Af razão entre e área das aberturas verticais de fachada Av
[m²] e a área de piso do compartimento Af [m²], devem ser observados
os limites: 0,025 ≤ αv ≤ 0,25;
αh = Av / Af razão entre e área das aberturas horizontais do teto do
compartimento Ah [m²] e a área de piso do compartimento Af [m²];
bv = 12,5.(1+10αv - αv²) ≥ 10,0.
A NBR 15200 (2012) recomenda o uso do método do tempo
equivalente apenas como redutor para o TRRF. Se o tempo equivalente
determinado pela Equação 2.7 for inferior ao TRRF definido pela NBR
14432 (2000) em mais de 30 min, então pode-se adotar como tempo
requerido de resistência ao fogo o tempo indicado pela NBR 14432
(2000) reduzido em 30 min. O tempo equivalente determinado pela
Equação 2.7 não deve ser adotado inferior a 15 min.
= 0,07 ∙ , ∙ ∙ ∙ , (2.7)
onde:
te = tempo equivalente de exposição ao incêndio padrão[min];
qfi,k = valor característico da carga de incêndio específica do
compartimento por área de piso [MJ/m²];
W = fator que considera a influência da ventilação e da altura do
compartimento, definida pela Equação 2.8, devem ser respeitados os
limites de 0,025 ≤ Av / Af ≤ 0,30;
γn = fator de ponderação determinado por γn = γn1.γn2.γn3,
fornecidos pela Tabela 2.6, na ausência de algum meio de proteção,
adota-se γni = 1;
38

γs = fator de ponderação determinado por γs = γs1. γs2. Sendo γs1


determinado pela Equação 2.9, devendo obedecer aos limites: 1 ≤ γs1 ≤
3. O fator γs2 é determinado pela Tabela 2.7.
6 ,
= ∙ 0,62 + 90 ∙ 0,4 − ≥ 0,5. (2.8)

Tabela 2.6: Valores de γn1, γn2 e γn3.


Chuveiros Brigada contra
Detecção automática
automáticos incêndio
γn1 = 0,60 γn2 = 0,90 γn3 = 0,90
Fonte: NBR 15200 (2012).

× (ℎ + 3)
=1+ . (2.9)
10
Tabela 2.7: Valores de γs2.
γs2 Risco Uso / Ocupação
Escola, Galeria de Arte, parque aquático, igreja
0,85 Pequeno
museu.
Biblioteca, cinema, correio, consultório médico,
escritório, farmácia, frigorífico, hotel, livraria,
1,0 Normal hospital, laboratório fotográfico, indústria de
papel, oficina elétrica ou mecânica, residência,
restaurante, supermercado, teatro e depósitos.
Montagem de automóveis, hangar, indústria
1,2 Médio
mecânica.
Laboratório químico, oficina de pintura de
1,5 Alto
automóveis.
Fonte: NBR 15200 (2012).

2.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO EM FUNÇÃO DA


TEMPERATURA

O efeito do aquecimento nos materiais de construção pode ser


considerado levando em conta a variação de suas propriedades em
função da temperatura. As propriedades dos materiais necessárias à
análise de estruturas em situação de incêndio se dividem em
propriedades térmicas e propriedades mecânicas. As propriedades
térmicas são necessárias para determinação do campo de temperaturas
no interior da seção transversal exposta ao fogo. As propriedades
39

mecânicas são necessárias para determinação da capacidade resistente


residual do elemento estrutural aquecido.
A seguir são apresentados: um resumo dos fenômenos que
ocorrem no concreto quando exposto ao fogo, as propriedades térmicas
e as propriedades mecânicas do concreto em função da temperatura.

2.2.1 Efeito do aquecimento no concreto

Em temperatura ambiente, a água está presente no concreto como


umidade livre e capilar, além de água adsorvida. Durante o incêndio, a
elevação da temperatura do concreto é retardada pela evaporação da
água livre e capilar, que consome grande quantidade de calor. Essa
evaporação se inicia aos 100 oC, a evaporação da água capilar se
completa entre 200 oC e 300 oC. A evaporação da água causa a elevação
da porosidade do concreto (LIMA et al., 2004; GUO e SHI, 2011).
A pasta de cimento no concreto endurecido é constituída
principalmente por silicato de cálcio hidratado, hidróxido de cálcio e
sulfoaluminato de cálcio hidratado. Aos 100 oC inicia-se a desidratação
do silicato de cálcio hidratado, este processo se intensifica aos 300 oC e
finaliza aos 400 oC, com redução da água e formação de silicatos
anidros e oxido de cálcio, causando considerável redução na resistência
e aparecimento de fissuras no concreto. Entre 400 oC e 600 oC o
hidróxido de cálcio se decompõe em óxido de cálcio e água, devido à
desidratação e à carbonatação (causada pela grande quantidade de
dióxido de carbono liberada durante o incêndio). Durante o
resfriamento, o óxido de cálcio pode sofrer reidratação, formando
novamente hidróxido de cálcio (LIMA et al., 2004; ALONSO e
MUNICIO, 2007).
Os agregados também sofrem alterações físico-químicas em sua
microestrutura com o aquecimento, que podem ser significativamente
diferentes conforme o tipo de agregado utilizado. O quartzo
(predominante no agregado fino, e presente em agregados graúdos
silicosos como granito, arenito, gnaisse etc.) sofre aos 573 oC,
transformação cristalina da forma α para β. Aos 700 oC, as rochas
carbonáticas como calcário e dolomita sofrem com a decomposição do
carbonato de cálcio em óxido de cálcio e dióxido de carbono. O
carbonato de magnésio também sofre decomposição entre 740 e 840 oC,
com liberação de dióxido de carbono. Em ambos os casos, a reação é
endotérmica e a liberação de dióxido de carbono absorve calor. Como
ocupam cerca de 60% a 80% do volume do concreto, os agregados
exercem importante influência nas propriedades do material. Há de se
40

considerar ainda que os diferentes tipos dee agregados possuem


coeficientes de dilatação diferentes e sua deformação térmica pode
causar fissuração na pasta de cimento além de alterações na aderência
entre eles (LIMA et al., 2004; FIB, 2007; GUO e SHI, 2011).
Em temperaturas muito elevadas ocorrem m ainda mudanças de
estado físico das rochas e da pasta de cimento. A fusão das rochas como
o basalto ocorre em cerca de 1060 oC, o granito entre 1210 oC e 1260
o
C, ou o quartzo em 1700 oC. A mudança de estado físico da pasta de
cimento ocorre acima dos 1100 oC (FIB, 2007).
A Figura 2.3 apresenta os principais processos causados pela
elevação da temperatura do concreto endurecido.
Figura 2.3: Processos físico-químicos no
o aquecimento do concreto.

Fonte: Adaptado de Khoury (2007).


41

2.2.2 Propriedades térmicas do concreto

Os componentes do concreto possuem diferentes composições


químicas minerais, logo as propriedades térmicas de cada componente
são diferentes. As propriedades térmicas do concreto são influenciadas
principalmente pelo tipo de agregado e também por outros fatores como:
dosagem, teor de umidade, porosidade, idade e condições de cura (GUO
e SHI, 2011).
Para determinação campo de temperaturas no interior do
elemento estrutural exposto à ação do fogo, é necessário conhecer as
propriedades térmicas do material: condutividade térmica, calor
específico e massa específica. Valores de referência para estas
propriedades podem ser encontrados na literatura. Os valores
recomendados pela norma EN 1992-1-2 (2004) são resultado de estudos
desenvolvidos a partir de ensaios e análises numéricas (SCHLEICH,
2005). Para valores mais precisos podem-se medir as propriedades
térmicas de um concreto específico por meio de ensaios
(WICKSTRÖM, 2016).

2.2.2.1 Condutividade Térmica

Condutividade térmica é um parâmetro do material que quantifica


a sua capacidade de transmitir calor. O coeficiente de condutividade
térmica é a propriedade do material que indica quantidade de calor
transmitido por condução, através de uma área unitária, durante uma
unidade de tempo, quando submetido a um incremento de temperatura
unitário. Materiais de condutividade térmica mais elevada transmitem o
calor mais rapidamente (BUCHANAN, 2005; GUO e SHI, 2011).
O concreto é um material composto, logo a sua condutividade
térmica depende da condutividade térmica dos diversos materiais que o
compõem. A Tabela 2.8 apresenta os valores da condutividade térmica
dos constituintes do concreto, em temperatura ambiente. Nota-se que há
uma grande variabilidade nos valores da condutividade térmica dos
agregados, pois depende do tipo de rocha do qual eles são originários.
Nota-se também, que o coeficiente de condução de calor da água é
muito maior do que o do ar (FIB, 2007).
42

Tabela 2.8: Condutividade térmica dos constituintes do concreto.


Condutividade
Material
térmica [W/moC]
Agregados 0,7 - 4,2
Pasta de cimento endurecida e saturada 1,1 - 1,6
Água 0,515
Ar 0,0034
Fonte: FIB (2007), apud Khoury (1983).
A dosagem do concreto é determinante na sua condutividade
térmica. Como o coeficiente de condução de calor dos agregados
costuma ser maior do que o da pasta de cimento, quanto maior a
proporção de agregados, maior será a condutividade térmica do
concreto. Um concreto cuja relação água/cimento for maior terá uma
condutividade térmica menor, por possuir maior porosidade, visto que a
condutividade térmica da água e do ar são menores do que a da pasta de
cimento (FIB, 2007).
O agregado graúdo compõe a maior parte do volume do concreto
(geralmente entre 60% e 80%) e, portanto é o fator de maior influência
na sua condutividade térmica. A condutividade térmica do agregado
depende principalmente da composição mineralógica, caráter cristalino e
estrutura dos grânulos. A Figura 2.4 apresenta os coeficientes de
condução de calor de algumas rochas em função da temperatura. Nota-
se que os valores de condutividade térmica em temperatura ambiente são
bastante diferentes, no entanto as condutividades tendem a valores
semelhantes com a elevação da temperatura (GUO e SHI, 2011).
Figura 2.4: Condutividade térmica das rochas.
Granito 1 Granito 2 Gnaisse
Diabásio Calcário Quartzo (areia)
Condutividade Térmica

5,0
4,5
4,0
λ [W/moC]

3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
0 50 100 150 200 250 300
Temperatura - θ [oC]
Fonte: Adaptado de Guo e Shi (2011), apud Birch e Clark (1940).
43

É comum também o uso de materiais como pedra-pomes, escória


ou argila expandida, como agregado graúdo, para confecção de concreto
leve. A alta porosidade destes materiais faz com que a capacidade de
condução do calor dos concretos leves seja inferior ao dos concretos de
densidade normal (GUO e SHI, 2011).
Os concretos de alta resistência (50 MPa ≤ fck ≤ 90 MPa)
possuem condutividade térmica superior aos concretos de resistência
normal (20 MPa ≤ fck ≤ 50 MPa). Em temperatura ambiente, a
condutividade térmica do concreto de alta resistência costuma estar
entre 2,4 W/moC e 3,6 W/moC, enquanto no concreto de resistência
normal costuma estar entre 1,0 W/moC e 3,6 W/moC. Esta diferença se
deve ao baixo fator água/cimento do concreto de alta resistência, bem
como o uso de aglomerantes diferenciados. A adição de fibras de aço ou
polipropileno ao concreto não altera significativamente a condutividade
térmica do concreto (KODUR, 2014).
A condutividade térmica λ de concretos de densidade normal, no
intervalo entre 20 oC e 1200 oC, pode ser determinada pelas Equações
2.10 e 2.11, as quais correspondem, segundo o EN 1992-1-2 (2004), ao
limite inferior e limite superior respectivamente. A adoção do limite
inferior ou superior pode ser definida por regulamentações específicas
de cada país. O limite inferior foi desenvolvido a partir de ensaios com
estruturas de concreto, e costuma apresentar resultados mais realistas do
que o limite superior que foi desenvolvido a partir de ensaios de
estruturas mistas aço/concreto (SCHLEICH, 2005). A NBR 15200
(2012) recomenda o uso da Equação 2.10 (limite inferior).

( ) = 1,36 − 0,136 ∙ + 0,0057 , (2.10)


100 100
( ) = 2 − 0,2451 ∙ + 0,0107 , (2.11)
100 100
onde:
λ = condutividade térmica [W/moC];
θc = temperatura do concreto [oC].
Os valores para os limites superior e inferior da variação da
condutividade térmica em função da temperatura recomendados para
projeto pelo EN 1992-1-2 (2004) estão representados na Figura 2.5,
juntamente com valores experimentais encontrados na literatura para
alguns concretos segundo o tipo de agregado. A condutividade térmica
do concreto diminui com o aumento da temperatura devido
principalmente à diminuição da umidade no concreto pela evaporação
devido ao aquecimento (KODUR, 2014).
44

Figura 2.5: Condutividade térmica do concreto.


Limite inferior (EN 1992-1-2, 2004)
Limite Superior (EN 1992-1-2, 2004)
2,5 Silicoso(LIE, 1992 apud COSTA, 2008)
Calcário (LIE, 1992 apud COSTA, 2008)
Condutividade Térmica

Concreto Leve (EN 1994-1-2, 2005)


2,0
Quartzo (SCHNEIDER, 1988)
Granito (ÖDEEN e NORDSTRÖM, 1972)
λ [W/moC]

1,5

1,0

0,5

0,0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
Nota-se que valores obtidos por alguns autores: Lie, 1992 apud
Costa, 2008; Schneider, 1988; Ödeen e Nordström, 1972, para
condutividade térmica extrapolam os limites apresentados para projeto
pelo EN 1992-1-2 (2004). Tais diferenças podem estar relacionadas à
influência da dosagem, porosidade do concreto e tipo dos agregados ou
mesmo pelo tipo de elementos estruturais ensaiados (COSTA, 2008).
Particularmente nos ensaios utilizados para definição dos limites do EN
1992-1-2 (2004), a presença de cavidades em lajes alveolares e de perfis
metálicos em seções de elementos mistos aço/concreto podem ter
influenciado nos resultados. Maiores informações sobre os ensaios que
deram origem aos limites definidos pelo EN 1992-1-2 (2004) podem ser
encontrados em Schleich (2005) e Hietanen (2002).
De forma simplificada, a NBR 15200 (2012) permite desprezar a
diminuição da condutividade térmica com a temperatura, adotando-se o
valor constante de 1,3W/moC.

2.2.2.2 Calor Específico

O calor específico é uma grandeza física que indica a quantidade


de calor que uma unidade de massa de certa substância deve receber ou
ceder para variar a temperatura em uma unidade. De modo geral, o calor
específico diminui com a densidade, ou seja, materiais mais densos
possuem valores baixos de calor específico enquanto materiais de baixa
45

densidade possuem calor específico mais alto. Em temperatura ambiente


a condutividade térmica para um concreto de densidade de 2300 kg/m³ é
de cerca de 900 J/kgoC enquanto o calor específico da água (densidade
1000 kg/m³) é de 4181 J/kgoC (WICKSTRÖM, 2016).
O valor do calor específico do concreto se eleva com o
aquecimento devido às diversas transformações que ocorrem no
concreto em temperaturas elevadas como a perda de água por
evaporação e as alterações físico-químicas dos seus constituintes. A
vaporização da água livre a cerca de 100 oC atua como um dissipador,
consumindo grande quantidade de calor. O aquecimento causa ainda
alterações físico-químicas na estrutura dos componentes do concreto
como a dissolução de Ca(OH)2 em CaO e H2O a cerca de 400 e 500 oC,
e alterações na microestrutura dos agregados como a transformação de
quartzo α - β em cerca 600 oC e a reação endotérmica com a
decomposição da dolomita aos 600-800 oC (FIB, 2007; WICKSTRÖM,
2016; KODUR, 2014).
A influência do tipo de agregado no calor específico, embora
exista, não é tão importante quanto sua influência na condutividade
térmica, visto que, o calor específico das rochas é semelhante ao do
concreto (cerca de 730 J/kgoC para o quartzo e 790 J/kgoC para o granito
em temperatura ambiente). O calor específico dos concretos leves
costuma ser um pouco menor do que o calor específico dos concretos de
densidade normal. O concreto de alta resistência por ser confeccionado
com uma relação água cimento menor, costuma apresentar calor
específico ligeiramente inferior ao concreto de resistência normal devido
a menor presença de água no seu interior (GUO e SHI, 2011; KODUR,
2014).
As normas NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004)
recomendam que sejam adotados para o concreto seco (teor de umidade
- U = 0%) confeccionado com agregados silicosos ou calcários, os
valores obtidos pelas Equações 2.12 a 2.15.
No intervalo 20 oC ≤ θc ≤ 100 oC:
( ) = 900 , (2.12)
onde:
cp(θ) = calor específico [J/(kgoC)].
No intervalo 100 oC < θc ≤ 200 oC:
( ) = 900 + ( − 100) , (2.13)
onde:
θc = temperatura do concreto [oC].
No intervalo 200 oC < θc ≤ 400 oC:
46

− 200
( ) = 1000 + . (2.14)
2
No intervalo 400 oC < θc ≤ 1200 oC:
( ) = 1100. (2.15)
Quando a umidade não for considerada diretamente no método
matemático, como nas Equações 2.12 a 2.15, pode-se adotar para o calor
específico os valores apresentados na Tabela 2.9 como sendo constantes
no intervalo 100 oC ≤ θc ≤ 115 oC, e valores linearmente decrescentes
entre 115 oC e 200 oC, conforme ilustrado na Figura 2.6. Costuma-se
adotar para os elementos de concreto armado localizados em ambientes
internos o teor de umidade de 1,5% e para os elementos localizados na
área externa teor de umidade de 3% (COSTA, 2008).
Tabela 2.9: Calor específico do concreto segundo o teor de umidade.
Teor de umidade [%] Calor específico [J/kgoC]
0 900
1,5 1470
3,0 2020
Fonte: Adaptado de EN 1992-1-2 (2004) e NBR 15200 (2012).
A variação do calor específico em função da temperatura de
concretos confeccionados com agregados silicosos e calcários conforme
a NBR 15200 (2012) e o EN 1992-1-2 (2004) estão representados na
Figura 2.6, juntamente com os valores do calor específico de alguns
concretos, segundo o tipo de agregado, encontrados na literatura.
Figura 2.6: Calor específico do concreto.
U=0% - Silicoso e Cálcario (EN
2200
1992-1-2, 2004)
Calor específico - Cp [J/kgoC]

U=1,5% - Silicoso e Cálcario (EN


2000 1992-1-2, 2004)
U=3% - Silicoso e Cálcario (EN
1800 1992-1-2, 2004)
Concreto leve (EN 1994-1-2, 2005)
1600
Calcário (SCHNEIDER, 1988)
1400
Granito (SCHNEIDER, 1988)
1200

1000

800
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
47

Segundo a NBR 15200 (2012) o calor específico pode ser


considerado, de forma simplificada, como um valor constante de 1000
J/kgoC para qualquer temperatura.

2.2.2.3 Massa específica

A massa específica é definida como a razão entre a massa e o


volume de uma substância. As variações na massa específica do
concreto durante o aquecimento se devem à perda de massa e à variação
de volume devido à dilatação térmica e às alterações físico-químicas
(FIB, 2007). Nos primeiros estágios de aquecimento, a variação da
massa específica do concreto se deve principalmente à perda de massa
causada pela evaporação da água contida no mesmo. A pasta de cimento
e os agregados sofrem alterações de volume (expansão) com o
aquecimento, devido à dilatação térmica, diminuindo a densidade do
concreto. A variação de volume pela dilatação ocorre durante todo o
período de aquecimento e sua influência aumenta gradualmente nas
temperaturas mais altas. Variações de volume ocorrem ainda devido às
alterações físico-químicas de agregados como a dissolução e a formação
de cristais que ocorre em agregados silicosos entre 600 oC e 800 oC, e a
decomposição do calcário em cerca de 800 oC (BUCHANAN, 2005;
GUO e SHI, 2011; KODUR, 2014).
A variação da massa específica em função da temperatura para
concretos confeccionados com agregados leves é similar à de concretos
de densidade normal, porém ligeiramente inferior. A perda de massa de
concretos de alta resistência é muito similar a de concretos de resistência
normal (GUO e SHI, 2011; KODUR, 2014).
Segundo a NBR 15200(2012) e o EN 1992-1-2 (2004), a variação
da densidade com a temperatura do concreto pode ser determinada pelas
Equações 2.16 a 2.19:
No intervalo 20 oC ≤ θc ≤ 115 oC:
( ) = (20℃) , (2.16)
onde:
ρ(θ) = massa específica [kg/m³].
No intervalo 115 oC < θc ≤ 200 oC:
( − 115)
( ) = (20℃) ∙ 1 − 0,02 ∙ , (2.17)
85
onde:
θc = temperatura do concreto [oC].
No intervalo 200 oC < θc ≤ 400 oC:
48

( − 200)
( ) = (20℃) ∙ 0,98 − 0,03 ∙ . (2.18)
200
No intervalo 400 oC < θc ≤ 1200 oC:
− 400) (
( ) = (20℃) ∙ 0,95 − 0,07 ∙
. (2.19)
800
Os valores para a variação da massa específica em função da
temperatura de concretos de densidade normal confeccionados com
agregados silicosos ou calcários, recomendados pelo EN 1992-1-2
(2004), estão representados na Figura 2.7, juntamente com os valores
encontrados na literatura da massa específica de alguns concretos
segundo o tipo de agregado.
Para análise térmica, simplificadamente, pode-se considerar a
massa específica do concreto independente da temperatura. Adota-se
portanto um valor constante que corresponde à massa específica do
concreto (desconsiderando a armadura) à temperatura ambiente
(SCHLEICH, 2005). Quando a massa específica real do concreto não for
conhecida, a NBR 6118 (2015)1 recomenda que se adote para o concreto
simples 2400 kg/m³ e para o concreto armado 2500 kg/m³.
Figura 2.7: Massa específica do concreto segundo a temperatura.
Silicoso e Cálcario (EN 1992-1-2, 2004)
Calcário (SCHNEIDER, 1988)
Quartzo (SCHNEIDER, 1988)
Basalto (SCHNEIDER, 1988)
2600
Massa específica - ρ [kg/m³]

2400

2200

2000

1800

1600

1400
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]

1
NBR 6118 (2014): Projeto de estruturas de concreto - procedimento.
49

2.2.3 Propriedades mecânicas do concreto em temperaturas


elevadas

São apresentadas nesta seção a redução da resistência à


compressão e as curvas tensão × deformação do concreto em função da
temperatura.

2.2.3.1 Redução da resistência à compressão do concreto

A resistência característica à compressão do concreto em função


da temperatura é descrita pela Equação 2.20.
, = , . , (2.20)
onde:
fck,θ = resistência característica à compressão do concreto na
temperatura θ [MPa];
fck = resistência característica à compressão do concreto em
temperatura ambiente [MPa];
kc,θ = fator de redução da resistência à compressão do concreto,
em função da temperatura θ.
Os valores para redução da resistência à compressão do concreto
em função da temperatura de concretos de densidade normal
confeccionados com agregados silicosos ou calcários, recomendados
pelo EN 1992-1-2 (2004) e NBR 15200 (2012), estão representados na
Figura 2.8, juntamente com os valores da redução da resistência à
compressão de alguns concretos em função do tipo de agregado,
encontrados na literatura.
O valor de cálculo para resistência à compressão do concreto
aquecido é determinado pela Equação 2.21.
,
, = = , , (2.21)
,
onde:
fcd,θ = resistência de cálculo à compressão do concreto na
temperatura θ [MPa];
γc,fi = coeficiente de ponderação da resistência do concreto em
situação de incêndio.
Segundo a NBR 15200 (2012) deve-se adotar γc,fi = 1, logo os
valores de cálculo e característico da resistência à compressão do
concreto são iguais.
50

Figura 2.8: Redução da resistência do concreto em função da temperatura.


silicosos (EN 1992-1-2, 2004)
calcários (EN 1992-1-2, 2004)
silicosos (ACI 216, 2007)
carbonáticos (ACI 216, 2007)
concreto leve (EN 1994-1-2, 2005)
Dens. Normal (BS 8110, 1985)
dens. normal (SCHNEIDER, 1988)
Fator de redução da resistência do concreto à

1,00
0,90
0,80
0,70
compressão - kc

0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]

2.2.3.2 Diagrama tensão × deformação do concreto

Segundo a NBR 15200 (2012) e o EN 1992-1-2 (2004) o ramo


ascendente, ou seja, εc,θ ≤ εc1,θ, da curva tensão × deformação do
concreto comprimido, confeccionado com agregados silicosos ou
calcários, é descrita pela Equação 2.22.
,
3∙
,
, = , ∙ , (2.22)
,
2+
,
onde:
σc,θ = tensão de compressão do concreto na temperatura θ [MPa];
51

fc,θ = resistência (característica ou de cálculo) à compressão do


concreto na temperatura θ [MPa];
εc,θ = deformação específica correspondente do concreto na
temperatura θ [‰];
εc1,θ = deformação específica correspondente à tensão de
compressão resistente máxima do concreto na temperatura θ [‰],
conforme a Tabela 2.10.
Tabela 2.10: Deformação específica do concreto na máxima tensão de
compressão.
Temperatura do
εc1,θ [‰]
concreto - θ [oC]
20 2,0
100 3,5
200 4, 5
300 6,0
400 7,5
500 9,5
600 12,5
700 14,0
800 14,5
900 15,0
1000 15,0
1100 15,0
1200 15,0
Fonte: EN 1992-1-2 (2004); NBR 15200 (2012).
Quando for desejável, para efeito de análise numérica, pode-se
adotar um ramo descendente, ou seja, εc1,θ < εc,θ ≤ εcu,θ. Este ramo pode
ser definido por modelos lineares como uma reta ligando εc1,θ à εcu,θ ou
não lineares como a própria Equação 2.22. O termo εcu,θ corresponde a
deformação específica última do concreto à temperatura θ. Em
temperatura ambiente no diagrama tensão × deformação idealizado,
como o diagrama parábola-retângulo, a deformação última corresponde
à deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura. Em
situação de incêndio, segundo Youssef (2007) “as pesquisas que
relacionem a deformação específica do concreto na ruptura são muito
limitadas e o ramo descendente do diagrama não é bem representado”.
Porém, a deformação de maior interesse à verificação da capacidade
resistente da estrutura corresponde à εc1,θ, na qual ocorre tensão de pico,
que indica a resistência máxima do concreto. Se a mesma for
ultrapassada ocorre ruptura do material. O ramo descendente do
52

diagrama é útil apenas em modelagens numéricas não-lineares, sem


necessitar de exatidão (RIGBERTH, 2000 apud ANDERBERG, 1976;
COSTA, 2008).
Os diagramas tensão × deformação de um concreto comprimido
de fck = 25 MPa em temperatura ambiente, e em temperatura elevada
estão ilustrados na Figura 2.9. Em temperatura ambiente, estão
apresentados os diagramas parábola-retângulo e o diagrama para análise
não linear1. Para o concreto aquecido, foi utilizada a Equação 2.22, tanto
para o ramo ascendente, quanto para o ramo descendente (quando
representado no gráfico).
Como pode ser visualizado na Figura 2.9, verifica-se que o
aumento da temperatura provoca:
 redução da inclinação da reta na fase elástica (diminuição
do módulo de elasticidade);
 diminuição na tensão máxima de compressão (diminuição
da resistência à compressão);
 redução na inclinação do ramo descendente (material
menos frágil e mais dúctil);
 elevação da deformação de tensão máxima e da
deformação de esmagamento do concreto (FIB, 2007).
Figura 2.9: Diagramas tensão × deformação para o concreto aquecido.
Não-linear Parábola-retângulo
100 °C 300 °C
500 °C 700 °C
35
Tensão de compressão no
concreto - σc,θ [MPa]

30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deformação específica do concreto - εc,θ [‰]

1
O diagrama tensão × deformação para análise não-linear apresentado no EN
1922-1-1 (2004), utiliza o valor de fcm, ao invés de fck. No caso, foi considerado
fcm = 33 MPa.
53

2.3 PROPRIEDADES DO AÇO EM FUNÇÃO DA


TEMPERATURA

O efeito do aquecimento no aço é mais bem caracterizado do que


no concreto, visto ser um material homogêneo, de fabricação industrial,
com menor variabilidade e maior padronização em sua composição. A
exposição a temperaturas elevadas provoca transformações na
cristalografia do aço. Um ponto importante a ser observado é o da
temperatura crítica. Se no processo de aquecimento o aço não atingir o
ponto eutético, ele recupera totalmente a sua resistência quando
resfriado. O ponto eutético corresponde à temperatura na qual a
austenita começa a se transformar em perlita (cerca de 720 oC -
temperatura crítica) (SILVA, 2012).
São apresentadas aqui a redução das propriedades mecânicas:
resistência ao escoamento do aço, módulo de elasticidade e as curvas
tensão × deformação do aço em função da temperatura.

2.3.1.1 Redução da resistência à tração e à compressão do aço de


armadura passiva

A resistência ao escoamento do aço de armadura passiva em


função da temperatura é descrita pela Equação 2.23.
, = , . , (2.23)
onde:
fyk,θ = resistência característica do aço à tração ou à compressão
na temperatura θ [MPa];
fyk = resistência característica do aço à tração ou à compressão em
temperatura ambiente [MPa];
ks,θ = fator de redução da resistência do aço na temperatura θ.
Os valores para redução da resistência à tração e à compressão do
aço de armadura passiva em função da temperatura recomendados pelo
EN 1992-1-2 (2004) e pela NBR 15200 (2012) estão representados na
Figura 2.10, juntamente com os valores encontrados na literatura da
redução da resistência à tração do aço de armadura passiva.
O valor de cálculo para resistência à tração ou à compressão do
aço aquecido é determinado pela Equação 2.24.
,
, = = , , (2.24)
,
onde:
54

fyd,θ = resistência de cálculo à tração ou à compressão do aço na


temperatura θ [MPa];
γs,fi = coeficiente de ponderação da resistência do aço em situação
de incêndio.
Segundo a NBR 15200 (2012), deve-se adotar γs,fi = 1, logo os
valores de cálculo e característico da resistência à tração ou à
compressão do aço são iguais.
Figura 2.10: Redução da resistência do aço em função da temperatura.
CA-50 (t) (EN 1992-1-2, 2004)
CA-60 ( t)(EN 1992-1-2, 2004)
(t) tração
CA-50 e CA-60 (c) (EN, 1992-1-2, 2004)
(c) compressão
Laminado a quente (t) (ACI 216, 2007)
Aderente de alta resist. (t) (ACI 216, 2007)
Armaduras BS 8110 (t) (1985)
1
Fator de redução da resistência

0,9
0,8
0,7
do aço - ks

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]

2.3.1.2 Redução do módulo de elasticidade do aço de armadura


passiva

O módulo de elasticidade do aço de armadura passiva em função


da temperatura é descrito pela 2.25:
, = , . , (2.25)
onde:
Es,θ = módulo de elasticidade do aço na temperatura θ [GPa];
55

Es = módulo de elasticidade do aço em temperatura ambiente


[GPa], costuma-se admitir Es = 210 GPa;
kEs,θ = fator de redução do módulo de elasticidade do aço na
temperatura θ.
Os fatores de redução fornecidos pela NBR 15200:2012 são
apresentados na Tabela 2.11, que correspondem à classe N do EN 1992-
1-2 (2004). Para valores intermediários pode-se utilizar interpolação
linear.
Tabela 2.11: Fatores de redução do módulo de elasticidade para o aço em
função da temperatura.
kEs,θ
Temperatura do Aço - θ (oC)
CA-50 CA-60
20 1,00 1,00
100 1,00 1,00
200 0,90 0,87
300 0,80 0,72
400 0,70 0,56
500 0,60 0,40
600 0,31 0,24
700 0,13 0,08
800 0,09 0,06
900 0,07 0,05
1000 0,04 0,03
1100 0,02 0,02
1200 0,00 0,00
Fonte: EN 1992-1-2 (2004); NBR15200 (2012).

2.3.1.3 Diagrama tensão × deformação do aço de armadura passiva

O diagrama tensão × deformação do aço em temperaturas


elevadas segundo a NBR 15200 (2012) e o EN 1992-1-2 (2004) é
constituído de 4 intervalos, descritos pelas Equações 2.26 à 2.34.
No intervalo 0 ≤ εs,θ ≤ εp,θ (região linear), deve-se empregar a
Equação 2.26.
, = , ∙ , , (2.26)
onde:
56

εp,θ = deformação específica do aço em temperatura θ, no limite


da proporcionalidade do material;
σs,θ = tensão de tração do aço na temperatura θ [MPa];
εs,θ = deformação específica correspondente do aço na
temperatura θ.
No intervalo εp,θ ≤ εs,θ ≤ εy,θ (região não-linear), deve-se empregar
a Equação 2.27.

, = , − + ∙ − , − , , (2.27)
onde:
εy,θ = deformação específica do aço em temperatura θ, no início
do patamar de escoamento, segundo a NBR 15200 (2012) e o EN 1992-
1-2 (2004) εy,θ = 0,02;
fp,θ = resistência correspondente ao limite de proporcionalidade
do aço na temperatura θ [MPa]; e pode ser determinada pela Equação
2.28.
, = , ∙ , (2.28)
onde:
kp,θ = redutor do limite de proporcionalidade, de acordo com a
Tabela 2.12;
fyk = resistência ao escoamento do aço em temperatura ambiente.
A deformação específica do aço em temperatura θ, no limite da
proporcionalidade do material é determinada pela Equação 2.29.
,
, = (2.29)
,
Os parâmetros a, b e c são determinados respectivamente pelas
Equações 2.30 à 2.32.
= , − , ∙ , − , + , (2.30)
,
= ∙ , − , ∙ , + (2.31)
, − ,
= (2.32)
,− , ∙ , −2∙ , − ,
No intervalo εy,θ ≤ εs,θ ≤ εt,θ (patamar de escoamento), deve-se
empregar a Equação 2.33.
, = , , (2.33)
onde:
εt,θ = deformação específica do aço em temperatura θ, no final do
patamar de escoamento, segundo a NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2
(2004) εt,θ = 0,05 para o CA-60 e εt,θ = 0,15 para o CA-50.
57

No intervalo εt,θ ≤ εs,θ ≤ εu,θ (ramo descendente), deve-se


empregar a Equação 2.34.
, − ,
, = , ∙ 1− , (2.34)
, − ,
onde:
εu,θ = deformação específica última do aço à temperatura θ,
segundo a NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004) εu,θ = 0,1 para o
CA-60 e εu,θ = 0,2 para o CA-50.
Tabela 2.12: Fatores de redução do limite de proporcionalidade para o aço em
função da temperatura.
kp,θ
Temperatura do aço - θ (oC)
CA-50 CA-60
20 1,00 1,00
100 1,00 0,96
200 0,81 0,92
300 0,61 0,81
400 0,42 0,63
500 0,36 0,44
600 0,18 0,26
700 0,07 0,08
800 0,05 0,06
900 0,04 0,05
1000 0,02 0,03
1100 0,01 0,02
1200 0,00 0,00
Fonte: EN 1992-1-2 (2004); NBR15200 (2012).
A Figura 2.11 compara os diagramas tensão × deformação dos
aços tracionados de armadura passiva CA-50 e CA-60 em temperatura
ambiente e em temperatura elevada. Em temperatura ambiente estão
apresentados os diagramas simplificados (bi-lineares), conforme a NBR
6118 (2014). Para o concreto aquecido foi utilizada a formulação
apresentada pela NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004).
58

Figura 2.11:Diagramas tensão × deformação para o aço aquecido.


CA-50 20 °C CA-60 20 °C CA-50 300 °C
CA-50 500 °C CA-50 700 °C CA-60 300 °C
CA-60 500 °C CA-60 700 °C
700
Tensão de escoamento do aço

600
500
σs,θ [MPa]

400
300
200
100
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2
Deformação específica do aço - εs,θ
Como pode ser visualizado na Figura 2.11, o aumento da
temperatura provoca:
 redução da inclinação da reta na fase elástica (diminuição
do módulo de elasticidade);
 diminuição na tensão máxima (diminuição da resistência
ao escoamento);
 aumento da fase de comportamento elastoplástico (não
linear), o início do patamar de escoamento pode deixar de
ser um ponto bem definido (COSTA, 2008).

2.4 LAJES NERVURADAS

Segundo a NBR 6118 (2015), lajes nervuradas são aquelas "cuja


zona de tração para momentos positivos está localizada nas nervuras
entre as quais pode ser colocado material inerte". Em pavimentos cujas
lajes apresentem vãos médios a grandes, uma solução com lajes maciças
resultaria em lajes de altura considerável para atender os estados limites
último (ELU) e de serviço (ELS). Opta-se então pela substituição de
parte do concreto localizado abaixo da linha neutra (região tracionada)
por material inerte, o qual possui custo e peso próprio inferiores,
permitindo o uso mais racional dos materiais (CARVALHO e
PINHEIRO, 2013).
59

As lajes nervuradas apresentam algumas vantagens do ponto de


vista estrutural, arquitetônico, construtivo e econômico. Trata-se de uma
solução versátil que pode ser adotada em pavimentos dos mais diversos
usos e ocupações (edifícios residenciais, comerciais, repartições
públicas, hospitais, etc.), além da flexibilidade na locação de paredes. É
possível vencer grandes vãos e suportar cargas mais elevadas. Resultam
em menor consumo de aço e concreto, o que representa menor peso
próprio e menor custo. São de fácil execução, utilizam-se da mesma
tecnologia que lajes maciças, sem a necessidade de equipamentos e
técnicas específicas. Podem ser utilizadas na concepção de lajes lisas,
lajes pré-fabricadas e lajes protendidas (STRAMANDINOLI, 2003;
CARVALHO e PINHEIRO, 2013).
Quando as lajes nervuradas são adotadas como solução estrutural
existem algumas poucas desvantagens que devem ser consideradas. São
lajes cuja altura costuma ser superior a outras soluções, portanto há a
necessidade de pés-direitos mais altos entre pavimentos e,
consequentemente demandam edifícios mais altos. Pode haver ainda
dificuldade na passagem de tubulações (CARVALHO e PINHEIRO,
2013).

2.4.1 Comportamento das lajes nervuradas em situação de incêndio

As lajes apresentam elevada capacidade de deformação, por


serem os elementos mais dúcteis e, geralmente menos carregados de um
edifício. Estudos indicam que as lajes costumam ser os elementos
estruturais de melhor desempenho portante em situação de incêndio.
Contudo, é importante lembrar que, diferentemente de vigas e de pilares,
as lajes também devem apresentar isolamento térmico e integridade
suficientes, para evitar a propagação do incêndio a outros
compartimentos (WADE, 1991; COSTA, 2008).
Para compreensão do comportamento das lajes nervuradas em
situação de incêndio são apresentados nesta seção conceitos e
conhecimentos teóricos a respeito da sua atuação como elemento de
compartimentação, do fenômeno dos lascamentos do elemento estrutural
exposto ao fogo, das deformações que ocorrem na estrutura em situação
de incêndio, dos mecanismos de falha de elementos estruturais sujeitos a
elevadas temperaturas e ainda sobre a possibilidade da ocorrência de
redistribuição de esforços.
60

2.4.1.1 Compartimentação

As lajes atuam na proteção passiva da edificação como elemento


de compartimentação vertical, evitando a propagação do incêndio para
os compartimentos adjacentes. Portanto, elas devem garantir suficiente
isolamento e estanqueidade. O isolamento tem o propósito de limitar a
elevação das temperaturas na face não exposta ao fogo, na média em
140 oC ou em 180 oC em qualquer ponto. A estanqueidade tem a
finalidade de coibir a passagem de chamas e gases aquecidos, através de
fissuras, falhas ou aberturas, capazes de ignizar um chumaço de algodão
na face não exposta ao fogo do elemento de compartimentação (NBR
15200, 2012).
Nas lajes nervuradas, o isolamento térmico é assegurado pela
espessura da capa de concreto que, no método tabular apresentado na
NBR 15200 (2012), é adotada igual à espessura de lajes maciças, sem
levar em consideração a influência das nervuras no campo de
temperaturas e a natureza do material de enchimento.
Durante o incêndio, as nervuras podem influenciar a temperatura
da mesa mediante dois fenômenos físicos distintos: pelo efeito de aleta,
facilitando a condução de calor entre as faces expostas e não expostas ao
fogo, ou pela massividade das nervuras, melhorando a propriedade de
isolamento. Contudo análises numéricas desenvolvidas por Costa, Braga
Jr e Silva (2007) concluíram que a altura e a largura (bw) das nervuras
não influenciam significativamente na temperatura da capa, quando a
distância entre faces das nervuras é mantida constante, não sendo,
portanto, observado o efeito de aleta que implicaria na elevação da
temperatura da mesa. A atuação favorável das nervuras ao isolamento da
mesa ocorre apenas para nervuras muito próximas, cuja distância entre
faces de nervuras é muito reduzida, não sendo usual ou viável à
construção civil do ponto de vista econômico e executivo.

2.4.1.2 Lascamento (Spalling)

A ocorrência de lascamentos (desprendimentos de fragmentos) na


superfície do concreto expõe o interior da seção transversal e a armadura
diretamente ao fogo (Figura 2.12), acelerando o processo de perda de
resistência do elemento estrutural. Estudos têm demonstrado que
concretos de resistência normal (20 MPa ≤ fck ≤ 50 MPa) podem resistir
a condições severas de incêndio sem a ocorrência de grandes
desplacamentos, porém lascamentos menores podem, às vezes, ocorrer
(BUCHANAN, 2005).
61

Figura 2.12:: Lascamentos em laje nervurada.

Fonte: Lawson (1985).


Os lascamentos costumam ser classificados em lascamentos
progressivos e lascamentos explosivos (PURKISS, 2007). 2007) Os
lascamentos progressivos ocorrem após um longo período de
aquecimento
ecimento do elemento estrutural, quando ocorre a quebra de ligações
químicas existentes entre as moléculas de água presentes no concreto,
destruindo ligações entre vários constituintes. Por consequência, o
concreto perde a sua coesão e a sua superfície se desintegra. Por ocorrer
apenas após um longo período de aquecimento, normalmente próximo
ao final do incêndio, a ocorrência de lascamentos progressivos
raramente se torna uma condição crítica para a estrutura. O lascamento
explosivo é caracterizado pela perda
rda instantânea de grandes placas de
concreto da superfície do elemento estrutural. Ocorre,
Ocorre principalmente,
pela evaporação da umidade presente no interior do elemento estrutural,
estrutural
a qual causa pressões internas nos poros daa microestrutura do concreto.
Pode ser ocasionado por tensões causadas pela restrição à dilatação na
superfície do elemento estrutural aquecido.. Por ocorrer no início do
incêndio, os lascamentos explosivos podem ser um fenômeno crítico
para estrutura, pois expõem as armaduras ao fogo, acelerando
erando o processo
de aquecimento e perda de resistência(FRANSSEN,
(FRANSSEN, HANUS e
DOTREPPE, 2007; PURKISS, 2007). Outros fatores que também
podem influenciar na ocorrência de lascamentos são relacionados aos
tipos de agregados, à densidade e ao arranjo da armadura,
armadura ao cobrimento
e à taxa de aquecimento (PURKISS, 2007).
Alguns modelos matemáticos vêm m sendo desenvolvidos para
prever a ocorrência do lascamento,, como o modelo de Ozbolt, Periskc e
Reinhardt (2007) para o lascamento explosivo e o modelo de Phan et al.
(2011) para o lascamento progressivo. Ambos os modelos são
desenvolvidos utilizando-se o método dos elementos finitos por meio de
modelos termo-hidro-mecânicos.
62

É mais vantajoso evitar a ocorrência do lascamento


(particularmente o lascamento explosivo) ao invés de prevê-lo
numericamente. Algumas formas de minimizar ou mesmo extinguir a
ocorrência de lascamentos são: adição de microfibras de polipropileno
ao concreto; aplicação de acabamentos de gesso, vermiculita ou outros
materiais isolantes; execução de forros com função corta-fogo; uso de
agregados leves e adoção de armadura suplementar (LENNON, 2011).
A prescrição da adição de microfibras de polipropileno ao concreto se
mostrou bastante eficaz para evitar os lascamentos causados pela
pressão interna nos microporos devida à evaporação de umidade interna.
As microfibras derretem quando aquecidas, formando canais permeáveis
que são ocupados pelo vapor pressurizado, reduzindo a pressão nos
poros do concreto (LU e FONTANA, 2016).

2.4.1.3 Deformações em situação de incêndio

A deformação linear específica total εc,total do concreto em


situação de incêndio é composta por componentes de origem térmica
e/ou mecânica. As deformações de origem térmica correspondem
principalmente à dilatação térmica, εc,th, e em menor intensidade à
causada pela retração, εc,sh. A deformação mecânica possui uma
componente referente à deformação elastoplástica inicial, εc,elpl,i, função
do carregamento aplicado e outra transiente causada pela redução do
módulo de elasticidade provocado pelo aquecimento, εc,lits, função
portanto do carregamento aplicado e da temperatura. Há ainda a
deformação causada pela fluência transiente no concreto sob
temperatura elevada, εc,creep. A deformação causada pela fissuração
εc,crack costuma ser desprezada na análise do ELU de seções transversais
em situação de incêndio (BUCHANAN, 2005; SILVA, 2012). Os
diagramas tensão × deformação das normas EN 1992-1-2 (2004) e NBR
15200 (2012) (ver seção 2.2.3.2) consideram todas as deformações de
origem mecânica incluindo a fluência causada pelo aquecimento.
A resposta da estrutura em situação de incêndio está diretamente
ligada ao modo como o conjunto dos elementos estruturais e suas
vinculações se comportam diante das deformações causadas pelo
aquecimento. Essas deformações podem induzir um incremento de
comprimento devido à dilatação térmica, caso que não produz tensões
adicionais no elemento estrutural se ele estiver livre para deformar, ou
seja, se seus vínculos permitirem a translação (Figura 2.13-a). No
entanto, se os vínculos deste elemento forem indeslocáveis à translação,
a restrição da deformação térmica produz tensões axiais de compressão
63

(Figura 2.13-b) (ROTTER e USMANI, 2000). Quando o aquecimento


provocar um incremento na curvatura ra do elemento estrutural, se ele
estiver ligado a um vínculo
nculo que permita a translação nessa direção, pode
ocorrer aproximação dos apoios (Figura 2.14-a). a). Neste caso, se o
vínculo for um apoio indeslocável à translação, porém livre livr para
rotacionar, ocorrerão reações nos apoios de sentido contrário aquelas
causadas pela dilatação térmica (Figura 2.14-b).
b). Se a rotação junto aos
apoios for impedida, pode haver ainda um incremento nas reações de
momento junto aos apoios (Figura 2.14-c) c) (WADE 1991; ROTTER e
USMANI, 2000; BUCHANAN, 2005). Na realidade, o comportamento
dos vínculos dos elementos estruturais pode ser intermediário aos apoios
de um tipo ou outro, impedindo os deslocamentos apenas parcialmente,
a depender de sua rigidez. A situação real é melhor representada por um
modelo mecânico em que a translação e a rotação são impedidas
parcialmente a depender da rigidez da mola à qual o elemento estrutural
está vinculado (Figura 2.15). (ROTTER e USMANI, 2000).
Figura 2.13: Elemento
lemento submetido à deformação térmica.

Fonte: Adaptado de Rotter e Usmani (2000).


64

Figura 2.14: Elemento sob deformação mecânica.

Fonte: Adaptado de Rotter e Usmani (2000).


Figura 2.15: Vinculação semirrígida de elemento estrutural.

Fonte: Adaptado de Rotter e Usmani (2000).

2.4.1.3.1 Esforços causados porr deformações restringidas

A interação entre os diversos elementos que compõem a estrutura


pode restringir as deformações causadas pelo aquecimento. Quando
estas deformações são restringidas geram-se se esforços nos elementos
estruturais. A restrição à dilatação
ção térmica causa esforços axiais,
enquanto a restrição à rotação ocasiona o aparecimento de momentos
fletores adicionais, e consequentemente, redistribuição dos momentos
fletores de elementos contínuos.
65

As forças axiais decorrentes da restrição à dilatação da laje


podem ser benéficas ao comportamento da mesma, pois quando
combinadas às tensões causadas pelo momento fletor positivo podem
reduzir as tensões de tração na face inferior da peça. A resultante "P"
dessa força axial só é benéfica se sua linha de atuação no ponto de
máxima deflexão da laje está localizada abaixo do eixo do centróide da
seção transversal da laje deformada (Figura 2.16-a), pois o sentido do
momento gerado pela excentricidade da força P é contrário ao do
momento fletor causado pelas cargas verticais. Se a linha de atuação da
força P no ponto de máxima deflexão da laje estiver localizada acima da
linha do centróide da laje deformada (Figura 2.16-b), haverá incremento
no momento positivo e, consequentemente, na deformação da laje (LIM,
BUCHANAN e MOSS, 2004).
Figura 2.16: Laje com dilatação axial restringida.

Ressalta-se que é complicado prever em situações reais a


capacidade da estrutura restringir o alongamento do elemento. É
necessário um contorno bastante rígido para que a laje se beneficie de
esforços de restrição axial. Embora ensaios possam prever o
comportamento de subestruturas, ainda assim não representam a
situação real, sendo necessário considerar a rigidez do contorno
(também afetada pelo incêndio) (ANDERBERG e FORSÉN, 1982;
BUCHANAN, 2007). Sabe-se que uma pequena diminuição na restrição
imposta é acompanhada de uma grande redução na intensidade da força
de compressão axial desenvolvida (ANDERBERG e FORSÉN, 1982).
O comportamento de uma laje sob deformação axial restringida é muito
difícil de quantificar e modelar, mesmo com um programa sofisticado de
elementos finitos (LIM, BUCHANAN e MOSS, 2004). Além de que, o
ponto de aplicação da força axial em lajes moldadas in loco se modifica
66

ao longo do período do incêndio. A linha de compressão tende a subir


na direção da face não aquecida à medida que a resistência e a rigidez da
face aquecida vão se reduzindo (LIM, BUCHANAN e MOSS, 2004).
Silva (2012) afirma que ainda não existem "métodos simplificados
confiáveis e gerais o suficiente para serem normatizados".
Já a restrição à rotação junto aos apoios, pode causar acréscimos
no momento negativo, enquanto a seção transversal tiver capacidade de
resistir aos momentos adicionais. A elevação do momento negativo
implica na redução do momento positivo no centro do vão
(BUCHANAN, 2005). É possível, portanto, em alguns casos, em
situação de incêndio, fazer a redistribuição de esforços do momento
positivo do centro do vão para o momento negativo junto ao apoio.
Porém, conforme o EN 1992-1-2 (2004), para tal deve haver suficiente
área de aço junto aos apoios para resistir à solicitação em situação de
incêndio. As armaduras negativas devem ainda ter maior comprimento,
pois devem atender ao diagrama redistribuído e serem ancoradas
adequadamente. O EN 1992-1-2 (2004) permite que a redistribuição seja
feita apenas para redução da distância entre o eixo da armadura e a face
do elemento exposta ao fogo, sendo necessário obedecer as demais
prescrições do método tabular.

2.4.1.4 Mecanismos de falha em situação de incêndio

A falha de elementos estruturais de concreto armado em situação


de incêndio ocorre por razões diversas, sendo as mais comuns: falha por
flexão; falha por instabilidade/compressão; falha de ancoragem; falha
por esforço de torção/cortante. Em situação de incêndio, a flexão é a
causa mais comum de falha em elementos horizontais como vigas e lajes
armadas em uma direção. A falha de lajes armadas em duas direções
pode ocorrer por flexão, ou pela formação de um mecanismo secundário
de membrana de tração. A falha por instabilidade ou compressão é a
mais comum em elementos verticais como pilares e paredes. A falha de
ancoragem pode ocorrer se as tensões na armadura não puderem ser
transferidas ao concreto ao longo do comprimento da ancoragem. A
falha por ancoragem em estruturas armadas apenas por armadura
passiva é muito rara, porém em estruturas protendidas a falha por
ancoragem pode ser a mais importante. A falha por cisalhamento
(esforço cortante ou torção) não costuma dominar o comportamento das
estruturas de concreto armado expostas ao fogo. Na prática, a
verificação ao cisalhamento é relevante em vigas de concreto armado,
67

sobretudo quando houver armaduras ativas, ou ainda em lajes


protendidas (FIB, 2007).
Nas seções transversais submetidas à momentos fletores
positivos, o escoamento do aço tracionado ocorre antes da ruptura do
concreto comprimido, já que o aço se encontra na região mais aquecida.
Para momentos fletores negativos, a ruptura pode ocorrer no concreto
comprimido que se encontra na região mais aquecida da seção
transversal, ou nas armaduras situadas na face superior. De fato, o
escoamento da armadura costuma ocorrer primeiro, pois além da
redução da resistência pelo aquecimento, as armaduras da face superior
podem receber acréscimo de solicitação pelo desenvolvimento de
grandes rotações junto aos apoios (BUCHANAN, 2005; FIB 2007).
O colapso plástico de vigas e lajes armadas em uma só direção
em temperatura ambiente ocorre quando, sob determinado carregamento
constante, a deflexão cresce indefinidamente. O colapso plástico é
resultado da formação de um mecanismo cinemático pelas rótulas
plásticas que se formam nas seções transversais mais solicitadas, quando
o valor do momento solicitante atinge o valor do momento resistente (ou
de plastificação) (NEAL, 1977). Em situação de incêndio, o
aquecimento do elemento estrutural conduz à redução da resistência dos
materiais e da rigidez da estrutura. Deste modo, enquanto o
carregamento se mantém relativamente constante ao longo do incêndio,
com o avanço do aquecimento, a estrutura se torna gradualmente menos
resistente e menos rígida, culminando na formação de rótulas plásticas
(COSTA, 2008).
Elementos isostáticos são mais suscetíveis ao colapso por
aquecimento do que os elementos hiperestáticos, pois não possuem a
capacidade de redistribuir esforços. A Figura 2.17 ilustra os mecanismos
de ruptura à flexão de elementos lineares como vigas, ou lajes
nervuradas unidirecionais. O elemento simplesmente apoiado pode
sofrer colapso mediante o aparecimento de uma única rótula plástica no
ponto que apresenta o maior momento fletor (Figura 2.17-a). Elementos
hiperestáticos apresentam melhor desempenho em situação de incêndio
pela capacidade de redistribuir esforços (Figura 2.17-b). Nestes
elementos a formação de apenas uma rótula plástica não ocasiona o
colapso da estrutura. É necessário que haja a ruptura de mais de uma
seção transversal para o colapso do elemento (BUCHANAN, 2005).
68

Figura 2.17: Mecanismos de ruptura de elementos unidirecionais.


unidirecionais

Fonte: Adaptado de Buchanan (2005).


As lajes armadas
rmadas em duas direções podem apresentar quatro ou
mais estágios de comportamento, que ocorrem em temperatura ambiente
com a elevação da carga, ou em situação de incêndio devido à perda de
resistência dos materiais, sob carregamento constante.
Estágio 1 - Anterior à fissuração: nessa fase a laje se comporta
como uma placa elástica. Tensões e deformações são proporcionais e
podem ser determinadas através de análise linear elástica, considerando-
considerando
se toda rigidez da peça (não fissurada) (PARK e GAMBLE, 2000;
WIGHT e MACGREGOR, 2012).
Estágio 2 - Posterior à fissuração e anterior à plastificação da
armadura: a rigidez da laje deixa de ser constante, pois as regiões
fissuradas possuem menor rigidez à flexão “EI” do que as regiões não
fissuradas. Neste estágio a teoria
eoria elástica das placas continua fornecendo
adequadamente os valores dos momentos solicitantes. Pode-se se também
determinar solicitações e deformações utilizando a teoria elástica das
placas reduzindo a rigidez do elemento estrutural na região fissurada.
(PARK e GAMBLE, 2000; WIGHT e MACGREGOR, 2012; 2012 NBR
6118, 2014).
Estágio 3 - Plastificação da armadura: inicia na região ou nas
regiões mais solicitadas, quando o momento solicitante atinge o valor do
momento de plastificação. A plastificação se propaga ao longo ongo da laje
69

pela redistribuição dos momentos dos pontos que sofreram plastificação


para aqueles que ainda permanecem no regime elástico. Na Figura 2.18
está representada a evolução da plastificação em uma laje engastada nas
quatroo bordas. Neste caso, a plastificação iniciou na face superior, com a
formação de rótulas plásticas causadas pelo momento negativo que se
propagaram ao longo das bordas (Figura 2.18-a). Em seguida ocorreuo a
elevação do momento positivositivo nas faixas da laje na menor direção,
direção
devido à redistribuição de esforços causada pelas rótulas plásticas junto
aos apoios dessas faixas. Quando o momento solicitante positivo das
faixas atingiu o momento de plastificação, ocorreu a plastificação da
armadura na face inferior (Figura 2.18-b). Formaram-se se então nas faces
tracionadas, regiões de elevada fissuração, com plastificação de
armadura, chamadas de linhas de plastificação ou charneiras plásticas,
plásticas
dividindo a laje em uma série de placas elásticas triangulares ou
trapezoidais (ver Figura 2.18-c). c). A formação de um mecanismo
hipostático levará ao colapso da laje. (LANGENDONCK,
LANGENDONCK, 1970;
FUSCO, 2003; WIGHT e MACGREGOR, 2012).
Figura 2.18:: Plastificação em laje de concreto armado.

Fonte: Adaptado de Wight e MacGregor, (2012


2012).
Estágio 4 - Após a plastificação: as placas formadas pelas
charneiras comprimem-se umas àss outras devido ao arqueamento da
70

laje, podendo formar um arco de compressão (Figura 2.19 19). Esses


esforços no plano da placa são chamados esforços de membrana. Para
que atuem é necessário que a estrutura circundante seja rígida o
suficiente para resistir às reações do arco. São considerados como
efeitos de ordem superior, que ocorrem em virtude do comportamento
não linear geométrico (WIGHT e MACGREGOR, 2012) .
Figura 2.19: Ação de membrana em laje.

Fonte: Adaptado de Wight e MacGregor, (2012).


A existência de um arco que cause forças de compressão só é
possível enquanto o deslocamento máximo é inferior à cerca de metade
da altura da laje, pois sob determinado valor de deslocamento, o arco
assume a forma horizontal. Pode ocorrer então um snap through
(transição
transição de uma configuração de equilíbrio estático para outro),
outro)
passam então a existir esforços de tração. Esses esforços são resistidos
pela armadura tracionada (COSTA, 2008). Este estágio de
comportamento geralmente é desprezado do em projetos ou verificações
estruturais (WIGHT e MACGREGOR, 2012).
A Figura 2.20 representa o avanço do deslocamento vertical no
centro do vão em cada estágio dos regimes elástico e plástico do
comportamento das lajes:
Figura 2.20: Comportamento
omportamento de lajes armadas em duas direções.

Fonte: Adaptado de Wight e MacGregor, (2012).


71

2.4.1.5 Teoremas de análise limite

Admitindo-se que o estado limite último ocorra no estágio de


plastificação da armadura e desprezando-se, portanto, esforços de
membrana, a carga de ruína de uma estrutura em regime elasto-plástico
é resultado de combinações entre três condições:
 condição de equilíbrio: todas as forças internas e externas
satisfazem as condições de equilíbrio;
 condição última: em todos os pontos da estrutura o esforço
interno não ultrapassa o valor do esforço que causa a
plastificação naquele ponto;
 condição de mecanismo: os pontos sob plastificação
juntamente com as regiões que assumem movimentos de
corpo rígido, formam um mecanismo cinematicamente
admissível que torna a estrutura hipostática;
A condição de equilíbrio deve ser sempre satisfeita. Se forem
consideradas apenas as condições de equilíbrio e última o valor da carga
de ruína encontrado pode ser inferior ao real. Se forem consideradas
apenas as condições de mecanismo e de equilíbrio pode ser encontrada
uma carga de ruína superior a real (LANGENDOCK, 1970; GUO e SHI,
2011).
Obtem-se, portanto, dois teoremas para definição da carga de
ruptura da estrutura, um teorema estático ou de limite inferior e um
teorema cinemático ou de limite superior. O teorema de limite estático
ou inferior define que um corpo não sofrerá colapso sob um
determinado carregamento, se houver uma distribuição de tensões que
atenda as condições de equilíbrio e não ultrapasse a tensão de
plastificação do material. O teorema do limite cinemático ou superior
define que um corpo sofrerá colapso sob determinado carregamento,
caso se forme um mecanismo cinemático admissível para o qual a
dissipação interna seja inferior ao trabalho realizado pela força aplicada
(LUBLINER, 2005; NIELSEN 2011).
Elementos estruturais de concreto armado, submetidos à flexão (e
sem efeitos de ordem superior relevantes), quando projetados a partir de
solicitações obtidas por análise elástica, se dimensionados no Estádio
III1 de deformação, com suficiente ductilidade, atendem ao teorema
estático. Pode-se também utilizar análises que levem em conta a
redistribuição de esforços devido à plastificação em seções transversais.
Essas análises se enquadram no teorema cinemático. O método das
1
Estádio III: ELU com ações majoradas e resistências minoradas.
72

charneiras plásticas é um método que se baseia no teorema do limite


superior. Particularmente as lajes armadas em duas direções apresentam
considerável reserva de segurança em relação à ruína (e
consequentemente contra a economia), quando dimensionadas segundo
o teorema de limite inferior (LORIGGIO, 2016).

2.5 ANÁLISE TÉRMICA

Para análise de estruturas em situação de incêndio, é essencial


conhecer o campo de temperaturas no interior do elemento estrutural
aquecido. Nesta etapa, pode-se recorrer a ábacos e isotermas publicadas
na literatura, ou empregar-se métodos simplificados ou avançados para a
determinação do gradiente térmico.
O campo de temperaturas pode ser representado graficamente por
isotermas formadas por linhas que unem os pontos de mesma
temperatura na seção transversal. Isotermas podem ser encontradas em
publicações (artigos, boletins técnicos, etc.) e normas como o EN1992-
1-2 (2004) e a ACI 216-1 (2014)1. As isotermas de uma seção
transversal de 8 cm × 15 cm, com três faces (fundo e laterais) expostas
por 30 min ao incêndio padrão ISO 834 (1999) são apresentadas na
Figura 2.21.
Figura 2.21: Isotermas de seção 8 cm × 15 cm.

Fonte: Adaptado de EN 1992-1-2 (2004).

1
ACI 216.1 (2014): Code Requirements for Determining Fire Resistance of
Concrete and Masonry Construction Assemblies.
73

Diversos autores como Wickström (1986-2016) e Kodur (2013)


apresentaram métodos simplificados para determinação da temperatura
de elementos estruturais. Estes métodos são ferramentas úteis em
projetos de estruturas para verificações manuais de elementos estruturais
isoladamente (PURKISS, 2007). Com a popularização dos
computadores, a utilização de métodos numéricos como o método dos
elementos finitos para solução do problema de transferência de calor,
tornou-se viável e acessível. Este método é hoje o mais utilizado para
análise térmica em estruturas (PURKISS, 2007).

2.5.1 Método de Wickström

O método de Wickström foi desenvolvido a partir de análises


numéricas utilizando-se método dos elementos finitos através do
software TASEF-2. Os valores de temperaturas obtidos por este método
são bastante próximos e ligeiramente superiores aos calculados pelo
método dos elementos finitos no intervalo 300 oC ≤ θxy ≤ 600 oC
(WICKSTRÖM, 1986 e 2016). A seguir, apresenta-se a formulação a
ser aplicada em domínios bidimensionais, expostos à ação térmica da
curva de incêndio ISO 834 (1999)1.
A temperatura em um ponto de coordenadas x e y em relação à
face exposta ao fogo, pode ser determinada pela Equação 2.35.
, = ∙ + −2∙ + ∙ , (2.35)
onde:
θx,y = temperatura no ponto de coordenadas x e y no interior da
seção transversal [oC];
ηs = taxa de superfície;
ηx = taxa de profundidade na direção x;
ηy = taxa de profundidade na direção y;
θg = temperatura dos gases do compartimento [oC].
A taxa de superfície representa a razão entre a elevação de
temperatura da superfície do elemento exposto ao fogo, pela elevação da
temperatura dos gases do ambiente e pode ser determinada pela Equação
2.36 (WICKSTRÖM, 2016):
,
= = 1 − 0,060 , (2.36)
onde:
θs = elevação da temperatura na superfície exposta ao fogo [oC];
1
A formulação aqui reproduzida foi apresentada por Wickström (2016), sendo
ligeiramente modificada em comparação ao método original Wickström (1986).
74

t = tempo de exposição ao fogo [h].


A taxa de profundidade representa a razão entre a elevação de
temperatura no ponto do interior da seção transversal pela elevação da
temperatura da superfície exposta ao fogo e pode ser determinada na
direção x pela Equação 2.37 e na direção y pela Equação 2.38
(WICKSTRÖM, 2016).
= = 0,172 ∙ − 0,74 , (2.37)
onde:
θx = elevação da temperatura no ponto no interior da seção
transversal, causada pela exposição ao fogo na face horizontal [oC];
x = distância na direção x do ponto até a face exposta ao fogo
[m].
= = 0,172 ∙ − 0,74 , (2.38)
onde:
θy = elevação da temperatura no ponto no interior da seção
transversal, causada pela exposição ao fogo na face vertical [oC];
y = distância na direção y do ponto até a face exposta ao fogo
[m].
A taxa de profundidade é função do Número de Fourier, que
corresponde à difusividade térmica (λ/cρ) do concreto, multiplicado pelo
tempo de exposição ao fogo dividido pelo quadrado do comprimento
onde ocorre a difusão. Nas simulações numéricas desenvolvidas para
determinação das Equações 2.36 e 2.37, são consideradas as
propriedades térmicas do concreto de densidade normal conforme o EN
1992-1-2 (2004), assumindo o limite inferior para condutividade térmica
do concreto e teor de umidade de 1,5% (WICKSTRÖM, 2016).

2.5.2 Método de Kodur

O método desenvolvido por Kodur, Yu e Dwaikat (2013),


permite, de forma simplificada, avaliar a temperatura de um ponto da
seção transversal de elementos de concreto armado. Ele foi
desenvolvido a partir de análise estatística de regressão não linear,
utilizando dados obtidos de análises realizadas pelo método dos
elementos finitos. A validação do método foi feito pela comparação dos
resultados obtidos pelo método proposto com dados de ensaios e de
simulações via método dos elementos finitos (KODUR, YU e
DWAIKAT, 2013). A seguir, apresenta-se a formulação a ser aplicada
75

em domínios bidimensionais, expostos à ação térmica da curva de


incêndio ISO 834 (1999).
A temperatura em um ponto de coordenadas x e y em relação à
face exposta ao fogo, pode ser determinada pela Equação 2.39.
, = −1,481. ∙ + 0,985 ∙ + + 0,017
, (2.39)
∙ (935 ∙ ),
onde:
θx,y = temperatura no ponto de coordenadas x e y no interior da
seção transversal [oC];
c2 = coeficiente que leva em conta o tipo de concreto;
ηx = fator de transferência de calor, devido à exposição ao fogo na
direção x;
ηy = fator de transferência de calor, devido à exposição ao fogo na
direção y;
t = tempo de exposição ao fogo [h].
A Tabela 2.13 apresenta os valores a serem adotados para o
coeficientes c2, segundo o tipo de concreto.
Tabela 2.13: Coeficiente c2 segundo o tipo de concreto.
Tipo de concreto Valores de c2
Resistência normal - calcário 1,00
Alta resistência - calcário 1,06
Resistência normal - silicoso 1,12
Alta resistência - silicoso 1,20
Fonte: Adaptado de Kodur (2013).
O fator de transferência de calor devido à exposição ao fogo na
direção x pode ser determinado pela Equação 2.40 e o fator de
transferência de calor devido à exposição ao fogo na direção y pode ser
determinado pela Equação 2.41.
= 0,155 ∙ ,
− 0,348 ∙ √ − 0,371 , (2.40)
onde:
x = distância na direção x do ponto até a face exposta ao fogo
[m].
= 0,155 ∙ ,
− 0,348 ∙ − 0,371 , (2.41)
onde:
y = distância na direção y do ponto até a face exposta ao fogo
[m].
76

2.5.3 Princípios de transferência de calor

A transferência de calor em um meio (ou


ou de um meio para outro)
ocorre segundo três mecanismos diferentes: condução, convecção e
radiação. Condução é um mecanismo microscópico, típico dos sólidos
(mas não restrito a eles), na qual a energia térmica é transmitida
transmitid pela
interação entre as partículas do meio. Convecção é o mecanismo
macroscópico, que envolve fluxo de matéria (movimento de fluídos).
Radiação é o mecanismo que se baseia na propagação de ondas
eletromagnéticas, e diferente da condução e da convecção, não necessita
necessariamente de um meio material para ocorrer (INCROPERA
INCROPERA e
DEWITT, 2007; CANEDO, 2010).
Durante o incêndio, o processo de radiação, se dá principalmente
pela difusão das chamas e da fumaça nas superfícies do material
combustível e da edificação (Figura 2.22-b). O calor radiante ao incidir
sobre um meio é, em parte, absorvido e, em parte, refletido pela
superfície. O processo de convecção é causado pela diminuição da
densidade dos gases inferiores
res do ambiente devido ao aquecimento. Por
ação da gravidade, estes gases aquecidos (mais leves) tendem a subir e
os gases mais pesados tendem a descer, causando movimentação do
fluído (Figura 2.22-a). Estes dois mecanismos em conjunto
junto transmitem
calor ao entrar em contato com a face exposta ao fogo dos elementos
estruturais, que passam então a transmitir calor internamente por
condução, da face mais aquecida para a face menos aquecida da peça
(BUCHANAN, 2005; SILVA, PANNONI e PINTO, 2008).
Figura 2.22:: Mecanismos de convecção e radiação durante o incêndio.

Fonte: Silva et al. (2008).


A condução de calor é regida pela Lei de Fourier, a qual define
que o fluxo de calor (vetor que representa
esenta a taxa de transferência de
calor em determinada direção dividido pela área perpendicular a essa
77

direção) é proporcional à condutividade térmica e ao gradiente térmico


(INCROPERA e DEWITT, 2007; WICKSTRÖM, 2016). Para domínios
bidimensionais, pode-se escrever a equação diferencial da condução de
calor, dada pela Equação 2.42.
+ + ̇ = ∙ , (2.42)
onde:
θ = temperatura [oC];
̇ = calor gerado internamente por unidade de volume e de
tempo;
λ = condutividade térmica do material [W/m2.oC];
c = calor específico do material, [J/kg.oC];
ρ = massa específica do material [kg/m3];
t = tempo [segundos];
x,y = coordenadas cartesianas [m].
Como o concreto e o aço são materiais incombustíveis, não há
geração interna de calor durante o processo de condução de calor, logo o
termo ̇ pode ser desconsiderado.
O fluxo de calor radiante em um ponto da superfície exposta a
este mecanismo é determinado pela Equação 2.43, conhecida como Lei
de Stefan-Boltzmann.
= 5,67 × 10 ∙ ∙ + 273 − ( + 273) , (2.43)
onde:
φr = fluxo de calor radiante [W/m2];
εres = emissividade resultante;
θg = temperatura dos gases [oC];
θs = temperatura da superfície aquecida [oC].
O fluxo de calor radiante que incide sob a superfície de um corpo
é parcialmente absorvido e parcialmente refletido. A emissividade
resultante é uma grandeza que define a capacidade de irradiar ou
absorver o calor sendo compreendida no intervalo 0 ≤ ≤ 1 sendo 1
a emissividade resultante de um irradiador perfeito (corpo negro), que
absorve e irradia todo o fluxo de calor que incide sob sua superfície
(INCROPERA e DEWITT, 2007). A NBR 15200:2012 e o EN 1992-1-2
(2004) recomendam para o concreto adotar εres= 0,7.
O fluxo de calor convectivo é obtido pela lei de arrefecimento de
Newton, e é determinado pela Equação 2.44.
= − , (2.44)
onde:
φc = fluxo de calor convectivo [W/m2];
78

αc = coeficiente de transferência de calor por convecção


[W/m2∙oC].
O coeficiente de transferência de calor por convecção é
influenciado pelas condições da camada limite que dependem da
natureza do escoamento, da velocidade dos gases, da temperatura, do
tipo de fluido e da geometria da superfície exposta ao fluxo de calor
convectivo (INCROPERA e DEWITT, 2007). A NBR 15200:2012 e o
EN 1992-1-2 (2004) recomendam, simplificadamente, que se adote 25
W/m2 oC quando o combustível for de potencial calorífico equivalente
ao material celulósico. Quando o combustível for de hidrocarbonetos, o
EN 1992-1-2 (2004) recomenda a utilização de αc igual a 50 W/m2 oC. O
EN 1991-1-2 (2002) especifica ainda que, na face não exposta ao fogo
de elementos de compartimentação, se considere o coeficiente de
transferência de calor por convecção igual a 4 W/m2 oC. Pode-se ainda,
de forma simplificada, adotar-se αc igual a 9 W/m2 oC, já inclusos os
efeitos da radiação.
Há de se levar em consideração ainda a existência de cavidades,
como os furos em blocos cerâmicos. No interior de cavidades atuam os
três mecanismos de transferência de calor. A condutividade térmica do
ar é bastante baixa (cerca de 0,024 W/m∙oC), e portanto a condução de
calor pode ser desprezada. Na maioria dos casos, a radiação é o
fenômeno predominante na transferência de calor em cavidades diante
de um gradiente de temperatura (WICKSTRÖM, 1979; WICKSTRÖM,
2016). Para problemas envolvendo a convecção do fluido confinado no
interior de uma cavidade fechada pode se aplicar formulações empíricas,
como as encontradas em Incropera e Dewitt (2007) e Wickström (2016).
Quando a radiação é emitida por uma superfície mais aquecida e
absorvida ou refletida por outras superfícies no interior da cavidade, este
fluxo de calor é influenciado significativamente pela sua geometria. A
fração de radiação que pode ser absorvida por uma superfície em relação
à superfície emissora, é chamada de fator de forma. O somatório dos
fatores de forma das superfícies que irão receber a radiação deve ser
igual a um, pois toda a radiação emitida deve ser interceptada pelas
demais superfícies. O fator de forma da superfície emissora para ela
mesma, para superfícies planas ou convexas deve ser igual à zero, e
diferente de zero se ela for côncava (parte da radiação que a superfície
emite é absorvida por ela mesma) (INCROPERA e DEWITT, 2007).
Para determinação do fator de forma, pode-se empregar o método
de Hottel das cordas cruzadas. Por este método, o fator de forma de
uma superfície Ai, para uma superfície Aj pode ser determinado pela
Equação 2.45 (Figura 2.23).
79

Figura 2.23: Método das cordas cruzadas.

Fonte: Wickström (1979).


+ − −
= , (2.45)
2∙
onde:
Fij = Fator de forma da superfície i para j;
Lab; Lbc; Lac; Lbd = comprimento da reta que une os pontos ab, bc,
ac ou bd [m].

2.5.4 Método dos elementos finitos

O método dos elementos finitos permite encontrar soluções


matematicamente aproximadas para problemas contínuos complexos,
por meio da subdivisão do domínio em um conjunto de subdomínios
justapostos (elementos). O domínio pode ser um corpo ou região do
espaço no qual ocorre algum fenômeno de interesse. No caso do
problema de transferência de calor no qual se deseja determinar o campo
de temperaturas, o valor da temperatura é variável para cada ponto do
corpo ou região, sendo portanto um problema de infinitas incógnitas. O
método dos elementos finitos reduz a solução do problema a um número
finito de pontos, chamados de nós. O campo de temperaturas é então
definido por um conjunto de funções de interpolação para cada elemento
(ZIENKIEWICS e MORGAN, 1983; PURKISS, 2007).
A discretização do domínio em elementos unidimensionais,
bidimensionais ou tridimensionais depende da forma do elemento e das
condições de exposição ao fogo. Como se costumam adotar modelos de
80

incêndio em que a temperatura dos gases é considerada com o mesmo


valor em toda a superfície exposta, a análise pode ser simplificada a
problemas unidimensionais ou estados planos. Em elementos expostos
ao fogo em apenas uma face como paredes e lajes maciças, o gradiente
térmico pode ser determinado por análise unidimensional ao longo da
espessura. Em elementos lineares como vigas e pilares pode-se
considerar o campo de temperaturas independe do eixo longitudinal e
adotar-se análise bidimensional da seção transversal (PURKISS, 2007).
No caso de lajes nervuradas pode-se optar por análises bidimensionais
das seções transversais (nervuras da direção principal e nervura da
direção secundária), ou adotar-se uma análise tridimensional. Verifica-
se boa correlação entre temperaturas medidas em ensaio e determinadas
numericamente por meio de uma análise não linear, transiente e
bidimensional utilizando elementos finitos (KWON et al., 2013).
Na análise térmica de elementos de concreto armado as
temperaturas costumam ser calculadas considerando-se apenas as
propriedades térmicas do concreto, conforme admite o EN 1992-1-2
(2004). Considera-se que o aço assume a temperatura do concreto que o
envolve. Embora a condutividade térmica do aço seja muito superior à
do concreto, a área de aço na seção transversal é muito pequena e a
maior parte das armaduras se encontra paralela à face exposta ao fogo e,
portanto não influencia significativamente na condução do calor
perpendicular às faces (BUCHANAN, 2005; GUO e SHI, 2011).
A formulação do método dos elementos finitos para solução do
problema transiente de transferência de calor a partir do método dos
resíduos ponderados pode ser consultada no APÊNDICE C.
O meio contínuo é discretizado em elementos finitos, nos quais a
temperatura no seu interior é aproximada a partir de funções de
interpolação, conforme a Equação 2.46.

( , , )= ( , ) ( ), (2.46)

onde:
n = número de nós do elemento;
Ni (x,y) = função de interpolação do elemento;
θi (t) = temperatura nodal [oC].
É necessário definir as condições de contorno do problema, que
podem ser condições de contorno essenciais ou condições de contorno
naturais. As condições de contorno essenciais (condição de contorno de
Dirichlet) do problema de transferência de calor compreendem
temperaturas prescritas em uma região do contorno. As condições de
81

contorno naturais (condição de contorno de Neumann) correspondem a


fluxos de calor numa região do contorno, que matematicamente
representam a derivada do campo de temperaturas em relação à normal
{n} à superfície de contorno. Em problemas de análise térmica de
elementos estruturais em situação de incêndio, as condições de contorno
a serem definidas são as condições naturais, formadas pelo fluxo de
calor radiante e convectivo (PIERIN, SILVA e ROVERE, 2015).
O equilíbrio térmico pode então ser escrito matricialmente
conforme a Equação 2.47.
[ ] ∙ ̇ + [ ] ∙ { } = { }, (2.47)
onde:
[C] = matriz de capacidade térmica;
{ ̇ } = primeira derivada da temperatura em função do tempo;
[K] = matriz de condutância;
{θ} = matriz coluna das temperaturas nodais;
{F} = vetor fluxo de calor.
Matrizes locais são construídas para cada elemento finito. A
partir das matrizes dos elementos pode-se construir as matrizes globais,
respeitando-se os graus de liberdade e coordenadas globais e impor as
condições de contorno no vetor fluxo de calor.

2.6 ANÁLISE ESTRUTURAL EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Nesta seção são apresentados métodos que podem ser utilizados


na verificação de lajes nervuradas em situação de incêndio. São
apresentados os métodos tabulares da BS8110-2 (1985)1, da NBR 15200
(2012) / EN 1992-1-2 (2004), os métodos simplificados para verificação
da seção transversal do EN 1992-1-2 (2004) (método da isoterma de 500
o
C e método das faixas), e o método das charneiras plásticas.

2.6.1 Método prescritivo (tabular)

O método tabular consiste em um conjunto de tabelas que


definem, conforme o tempo requerido de resistência ao fogo, as
características geométricas mínimas que devem ser adotadas no
projeto(Figura 2.24). A espessura mínima de capa (hf) tem o objetivo de
garantir a função corta-fogo (isolamento e estanqueidade). Caso a laje
não tenha esta função, pode-se empregar espessuras menores. A
espessura da nervura (bw,min) e a distância da face exposta ao fogo até o

1
BS 8110-2 (1985): Concreto estrutural, parte 2: situações especiais.
82

centro geométrico da armadura passiva longitudinal (c1) têm m o objetivo


de assegurar a função suporte, ou seja, a estabilidade estrutural. Pode-se
Pode
ainda considerar o revestimento aderente incombustível como parte da
peça na determinação das dimensões mínimas.
Figura 2.24: Características geométricas da nervura.

2.6.1.1 Método tabular da NBR 15200 (2012) e EN 1992-1--2 (2004)

O método tabular da NBR 15200 (2012) foi inspirado no EN


1992-1-2:2004 o qual é resultado de estudos empíricos baseados em
análises experimentais,
perimentais, conhecimentos teóricos e modelagens
numéricas.. É aplicável somente à curva de incêndio padrão ISO 834
(1999) e elementos estruturais isolados (SCHLEICH, 2005).
Nas tabelas apresentadas a seguir, quando o EN 1992-1 1-2 (2004)
prescreve valores diferentes da NBR 15200 (2012), estes valores estão
entre parênteses. Para as nervuras são apresentadas nas tabelas duas ou
três combinações possíveis para os valores mínimos de bw e c1.
As dimensões mínimas exigidas para assegurar a resistência ao
fogo de lajes nervuradas simplesmente apoiadas são apresentadas na
Tabela 2.14.
Tabela 2.14:: Dimensões mínimas para lajes nervuradas simplesmente apoiadas.
Capa Nervuras: bw,min/c1 [mm/mm
mm/mm]
TRRF
hf / c1
[min] 1 2 3
[mm/mm]
30 60(80)/10 80/15 --- ---
60 80/10 100/35 120/25 190(200)/15
/15
90 100/15 120/45 160/40 250/30
120 120/20 160/60 190/55 300/40
180 150/30 220/75 260/70 410/60
Fonte: NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004).
83

As dimensões mínimas exigidas para assegurar a resistência ao


fogo de lajes nervuradas contínuas em ao menos uma das bordas são
apresentadas na Tabela 2.15.
Tabela 2.15: Dimensões mínimas para lajes nervuradas contínuas.
Capa Nervuras: bw,min/c1 [mm/mm]
TRRF
h f / c1
[min] 1 2 3
[mm/mm]
30 60(80)/10 80/10 --- ---
60 80/10 100/25 120/15 190(200)/10
90 100/15 120/35 160/25 250/15
120 120/20 160/45 190/40 300/30
180 150/30 310/60 600/50 ---
Fonte: NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004).
As dimensões mínimas para assegurar a resistência ao fogo de
lajes nervuradas armadas em uma só direção são apresentadas na Tabela
2.16.
Tabela 2.16: Dimensões mínimas para lajes nervuradas armadas em uma só
direção.
Capa Nervuras: bw,min/c1 [mm/mm]
TRRF
h f / c1
[min] 1 2
[mm/mm]
30 60/10 80/25 100(120)/20
60 80/20 100/45 (160/35) 120/40
90 100/30 130/60 (200/45) 150/50
120 120/40 160/65 (200/65) 220/50 (240/60)
180 150/55 220/80 (240/80) ---
Fonte: NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004).

2.6.1.2 Método tabular da BS 8110-2 (1985)

A norma BS 8110-2 (1985), divide as lajes nervuradas em duas


situações. Lajes em que a exposição ao fogo ocorre apenas no fundo, e
aquelas que estão expostas no fundo e faces das nervuras. Na primeira
situação se enquadram as lajes com enchimento de blocos cerâmicos
(Figura 2.25a). Na segunda situação estão as lajes de enchimento em
EPS e as executadas com formas industrializadas (Figura 2.25b).
84

Figura 2.25: Tipos de lajes nervuradas.

Fonte: Adaptado de BS 8110-2 (1985).


Para as lajes nervuradas em que apenas o fundo está exposto ao
fogo, as dimensões mínimas exigidas pela BS8110-2 2 (1985) para
assegurar a resistência ao fogo são as mesmas exigidas para lajes
maciças (Tabela 2.17).. Na espessura da laje pode ser considerada a
espessura de material aderente não combustível. O cobrimento
corresponde à distância da face exposta ao fogo até a superfície da
primeira armadura da seção transversal.
Tabela 2.17: Dimensões mínimas para lajes - fundo exposto ao fogo.
30 60 90 120 180 240
min. min. min. min. min. min.
Simplesmente apoiadas
Concreto h [mm] 75 95 110 125 150 170
densidade
normal cobr. [mm] 15 20 25 35 45 55
concreto h [mm] 70 90 105 115 135 150
leve cobr. [mm] 15 15 20 25 35 45
Contínuas
Concreto h [mm] 75 95 110 125 150 170
densidade
normal cobr. [mm] 15 20 20 25 35 45
concreto h [mm] 70 90 105 115 135 150
leve cobr. [mm] 15 15 20 20 25 35
Fonte: Adaptado de BS 8110-2 (1985).
85

Para as lajes nervuradas em que o fundo e as faces da nervura


estão expostos ao fogo, as dimensões mínimas exigidas para assegurar a
resistência ao fogo são apresentadas na Tabela 2.18.
Tabela 2.18: Dimensões mínimas para lajes - nervura exposta ao fogo.
30 60 90 120 180 240
min. min. min. min. min. min.
Simplesmente apoiadas
Concreto h f [mm] 70 90 105 115 135 150
densidade bw,min [mm] 75 90 110 125 150 175
normal cobr. [mm] 15 25 35 45 55 65
hf [mm] 70 85 95 100 115 130
concreto
bw,min [mm] 60 75 85 100 125 150
leve
cobr. [mm] 15 25 30 35 45 55
Contínuas
Concreto h f [mm] 70 90 105 115 135 150
densidade bw,min [mm] 75 80 90 110 125 150
normal cobr. [mm] 15 20 25 35 45 55
hf [mm] 70 85 95 100 115 130
concreto
bw,min [mm] 70 75 80 90 100 125
leve
cobr. [mm] 15 20 25 30 35 45
Fonte: Adaptado de BS 8110-2 (1985).
Ressalta-se que os coeficientes majoradores das cargas e os
coeficientes minoradores das resistências definidos pela BS 8110-2
(1985) são diferentes dos coeficientes definidos pela NBR 15200 (2012)
e pelo EN 1992-1-2 (2004). Também as dimensões dos blocos
cerâmicos definidos pela BS 3921 (1985) e pela BS 6649 (1985) são
diferentes das dimensões definidas pela NBR 15270 (2015). As
cavidades dos blocos definidos pela BS 3921 (1985) representam um
percentual muito menor do volume total do bloco se comparados aos
blocos definidos com as dimensões mínimas da NBR 15270 (2005).
Logo, o método tabular da BS 8110-2 (1985) é aplicado a uma realidade
diferente da realidade brasileira, e pode não atender aos requisitos de
segurança da NBR 15200 (2012).

2.6.2 Ações mecânicas e suas combinações

Entende-se como ação toda influência ou conjunto de influências


capazes de causar na estrutura um estado de tensão ou de deformação
86

(CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO, 2013). A NBR86811 (2003)


define que, na prática, sejam consideradas as forças e as deformações
impostas como as próprias ações.
As ações causadas por incêndios são classificadas como ações
excepcionais, que são aquelas de duração extremamente curta (apenas
algumas horas durante a vida útil da estrutura) e baixíssima
probabilidade de ocorrer. As ações excepcionais de incêndio atuam na
estrutura através da redução da resistência dos materiais por exposição
às temperaturas elevadas, e também por tensões devidas a alongamentos
axiais restringidos. Contudo é usual desprezar os esforços causados por
deformações impostas, por serem em geral muito reduzidos, sendo
suficiente a consideração da redução nas propriedades físicas dos
materiais em função da temperatura (NBR 15200, 2012).
Deve-se esclarecer que, quando da necessidade de se considerar
alguma ação excepcional no projeto da estrutura, não se pretende que a
mesma se apresente perfeitamente íntegra após cessada a atuação da
ação excepcional, mas sim garantir a segurança estrutural por um
intervalo de tempo específico. O uso da estrutura após a ocorrência de
uma ação excepcional exige a avaliação e, quando necessária, a
reabilitação estrutural (FUSCO, 1993).
A norma NBR 15200 (2012) estabelece que as estruturas devem
ser projetadas à temperatura ambiente, e, de acordo com as suas
características ou ocupação, devem ser verificadas em situação de
incêndio, no estado limite último, para uma combinação excepcional de
ações conforme a Equação 2.48.

, = ∙ + ∙ , + ∙
(2.48)
≤ , , , , ,
onde:
Sd,fi = valor de cálculo do esforço solicitante na combinação
excepcional de ações em situação de incêndio;
γg = coeficiente de ponderação das ações permanentes (Tabela
2.19);
Fgk = valor característico da ação permanente;
Fq,fi = valor representativo da ação excepcional (ação térmica);
γq = coeficiente de ponderação das ações variáveis (Tabela 2.19);

1
NBR 8681 (2003): Ações e Segurança nas Estruturas.
87

ψ2j = fator de redução da ação variável j na combinação de ações


(Tabela 2.20). Em situação de incêndio a NBR 8681 recomenda a
redução de ψ2 para 0,7ψ2;
Fqjk = valor característico das ações variáveis j;
Rd,fi = valor de cálculo do esforço resistente em situação de
incêndio;
fck,θ = resistência característica do concreto à compressão na
temperatura θ;
fyk,θ = resistência característica ao escoamento do aço na
temperatura θ.
Tabela 2.19: Coeficientes de ponderação das ações para combinações
excepcionais.
Ações permanentes - γg
Peso próprio
Peso próprio - Peso próprio
de elementos Efeitos de
estruturas de de
construtivos recalque de
concreto e equipamentos
industrializa apoio e
elementos e elementos
dos com retração de
construtivos construtivos
adições in materiais
industrializados em geral
loco
Desfavorável: Desfavorável: Desfavorável:
Desfavorável: 1,15
1,20 1,30 0,00
Favorável: Favorável:
Favorável: 1,00 Favorável: 1,00
1,00 0,00
Ações variáveis em geral: γq=1,00
Fonte: NBR 8681 (2003).
Tabela 2.20: Fatores de redução das ações para combinações excepcionais.
Locais em que não Locais em que há
há predominância predominância
de pesos e de pesos de
Pressão
equipamentos que equipamentos Bibliotecas,
dinâmica
permanecem fixos que permanecem arquivos,
do vento
por longos fixos por longos depósitos,
nas
períodos de períodos de oficinas e
estruturas
tempo, nem de tempo, ou de garagens
em geral
elevadas elevadas
concentrações de concentrações de
pessoas pessoas
0,3 0,4 0,6 0
Fonte: NBR 8681 (2003).
88

2.6.3 Métodos simplificados

A NBR 15200 (2012) define as hipóteses a serem adotadas para a


verificação quando forem utilizados métodos simplificados. As
solicitações em situação de incêndio podem ser determinadas
considerando a combinação excepcional de ações, ou adotando-se 70%
da solicitação em situação normal. Os esforços resistentes em situação
de incêndio devem ser determinados considerando a distribuição de
temperatura da seção transversal exposta ao incêndio padrão durante o
TRRF. A distribuição de temperaturas pode ser obtida em literatura
técnica ou por modelos numéricos. Podem ser adotados os mesmos
critérios de dimensionamento da NBR 6118 (2015), adotando-se para o
concreto comprimido e o aço a resistência média em situação de
incêndio, ou adotar-se métodos para redução da seção transversal.
Considera-se a estrutura segura para determinado TRRF se os
esforços atuantes forem menores ou iguais aos esforços resistentes em
situação de incêndio. Condição representada pela Equação 2.49.
, ≤ , , (2.49)
onde:
Sd,fi = valor de cálculo do esforço solicitante em situação de
incêndio;
Rd,fi: valor de cálculo do esforço resistente em situação de
incêndio.
A verificação de lajes em situação de incêndio é feita pela análise
da ruptura à flexão, pois como apresentado anteriormente, o colapso
desses elementos se dá pela ruptura do aço tracionado, ou ainda (embora
a ocorrência seja rara), pelo esmagamento do concreto em regiões de
momento fletor negativo. A verificação da resistência ao esforço
cortante não costuma ser um problema em situação de incêndio, exceto
para lajes protendidas. O esforço axial gerado pela dilatação térmica em
estruturas de concreto armado é bastante reduzido e, em geral, pode ser
desprezado (BUCHANAN, 2005; NBR15200, 2012).

2.6.3.1 Esforços solicitantes em situação de incêndio

Para as lajes cujo comprimento do maior vão seja maior ou igual


a duas vezes o comprimento do menor vão, costuma-se levar em conta
apenas os esforços que ocorrem na direção do menor vão, estas lajes são
chamadas de lajes armadas em uma só direção e soluções analíticas que
permitem determinar os esforços solicitantes são conhecidas. Do
89

contrário, deve-se considerar a ocorrência dos esforços nas duas


direções, para o caso de lajes armadas em duas direções ou em cruz.
Para compreensão das solicitações que ocorrem em lajes
nervuradas é necessário compreender os conceitos de placa e grelha.
Placas são elementos superficiais em que uma das dimensões (altura ou
espessura) é consideravelmente inferior às outras duas: (largura e
comprimento), sendo submetidas a ações normais ao seu plano
(CARVALHO e FIGUEIREDO, 2013). Grelhas são estruturas ou
subestruturas planas reticuladas, formadas por um conjunto de
elementos lineares (vigas) que se cruzam, submetidas a ações normais
ao seu plano. Pode-se entender as lajes nervuradas como um arranjo
monolítico de placas (capa de concreto) em uma grelha de vigas
(nervuras). Estudos apontam que lajes com espaçamento menor entre
nervuras apresentam comportamento mais semelhante às placas,
enquanto lajes com maiores espaçamentos entre nervuras apresentam
comportamento mais próximo das grelhas (STRAMANDINOLI, 2003).
Como as lajes estudadas neste trabalho apresentam espaçamentos
pequenos entre eixo de nervuras, os esforços solicitantes são
determinados pela teoria elástica das placas delgadas (conforme o item
14.7.7 da NBR 6118 (2015)). A ação do carregamento sobre a laje
acarreta em um estado de tensão e deformação representado na Figura
2.26. Pode-se notar que o carregamento deverá ser resistido por um
conjunto de forças cortantes (Vx e Vy), de momentos fletores (Mx e My) e
momentos torsores (Mxy e Myx).
Pelo equilíbrio de forças no elemento infinitesimal pode-se obter
a equação diferencial do equilíbrio de placas (Equação 2.50).
− ( , )= −2∙ + , (2.50)
onde:
q = carregamento perpendicular ao plano da laje, distribuído por
área [kN/m²];
Mx = Momento fletor atuante na direção x [kN∙m];
My = Momento fletor atuante na direção y [kN∙m];
Mxy = Momento torsor [kN∙m].
A utilização da letra "M" maiúscula indica o valor do momento
total, o momento por metro é indicado pela letra "m" minúscula.
A Equação diferencial (Equação 2.50) possui solução analítica
para poucos casos. A solução pode ser obtida através da utilização de
séries, método dos elementos finitos, método das diferenças finitas e
outros. Pode-se também recorrer ao uso de tabelas como as de Czerny
90

ou de Bares. Neste trabalho será adotada a tabela de Bares que pode ser
encontrada em Carvalho e Figueiredo Filho (2013).
Figura 2.26: Elemento infinitesimal de placa.

Fonte: FUSCO (2003).


É importante lembrar que a rigidez à torção das lajes nervuradas é
inferior à rigidez à torção de umaa laje maciça (placa), logo os momentos
torsores também são menores. Os momentos fletores e deslocamentos
serão então maiores do que aqueles correspondentes à laje maciça. Para
levar em consideração a redução da rigidez à torção algumas normas
recomendam que sejam empregados os coeficientes de Hahn (1972).
Estes coeficientes devem multiplicar os momentos fletores positivos e
deslocamentos obtidos pelas tabelas da teoria da elasticidade
(STRAMANDINOLI, 2003; CARVALHO e PINHEIRO, 2013). Os
coeficientes de Hahn podem ser encontrados em Stramandinoli (2003) e
Carvalho e Pinheiro (2013).
Os esforços solicitantes em situação de incêndio podem pode ser
determinados utilizando-se se a combinação excepcional de ações descrita
pela Equação 2.48. O mesmo valor pode ser obtido pela multiplicação
dos esforços solicitantes de cálculo em situação normal pelo coeficiente
ηfi determinado pela Equação 2.51,, que representa a razão entre a
solicitação de cálculo em situação de incêndio pela solicitação de
cálculo em situação normal (BUCHANAN, 2005).
91

, + 0,7
= , (2.51)
+
A NBR 15200 (2012) permite que, na ausência de ação
excepcional indireta (deformações impostas) em situação de incêndio, as
solicitações de cálculo em situação de incêndio possam ser consideradas
como sendo 70% do valor de cálculo das solicitações em situação
normal (temperatura ambiente).

2.6.3.2 Esforços resistentes em situação de incêndio

Para determinar os esforços resistentes à flexão de uma seção


transversal em situação de incêndio, segundo Guo e Shi (2011), são
assumidas as seguintes hipóteses para métodos simplificados:
 o campo de temperaturas no interior da seção transversal é
conhecido;
 admite-se que, em faixas suficientemente estreitas, as
deformações normais na seção são distribuídas linearmente
(hipóteses das seções planas permanecerem planas após a
deformação são satisfeitas). Essa hipótese só é válida
quando o campo de temperaturas de todas as seções
transversais for igual, independente do comprimento
(PURKISS, 2007)1;
 solidariedade entre os materiais (não ocorre
escorregamento entre a armadura e o concreto adjacente);
 tensões de tração no concreto são desprezadas.
Ressalta-se que nos primeiros estágios do incêndio, a laje se
encontra em um regime de pequenas deformações e deslocamentos e seu
comportamento é regido pelo mecanismo resistente do momento fletor.
Nesta fase, as forças de membrana e de catenária são desprezíveis, e a
hipótese das seções planas é considerada válida. Se com o avanço do
incêndio a laje entrar em um regime de grandes deformações, o
mecanismo resistente propenderante deixa de ser o momento fletor e
passa a ser o de membrana de tração ou de catenária. Neste caso, a
hipótese das seções planas perde a validade e a laje deve ser verificada
em análise não linear geométrica.
A hipótese das seções planas é assumida para o conjunto de
deformações térmicas e mecânicas "εc,total". Conforme Silva (2012): "A

1
Situação dos modelos de incêndio que assumem a temperatura dos gases igual
em todos os pontos do compartimento (regime turbulento).
92

planicidade da seção transversal de um elemento de concreto sob


carregamento e à alta temperatura mantém-se para a soma das
deformações mecânicas e térmicas".
A seguir são apresentados os métodos simplificados
recomendados pelo EN 1992-1-2 (2004): método da isoterma de 500 oC
e método das faixas.

2.6.3.2.1 Métodos simplificados do EN 1992-1-2 (2004)

O EN 1992-1-2 (2004) recomenda a utilização do método da


isoterma de 500 oC (ANDERBERG, 1978) e do método das seções
(HERTZ, 1981). Em função do gradiente de temperatura que se
desenvolve no interior da seção transversal (em situação de incêndio) as
tensões de compressão do concreto passam a ser variáveis em cada
ponto da seção transversal. Isto torna muito complicada a definição da
posição da linha neutra. Ambos os métodos tem como princípio a
redução da sessão transversal, a fim de definir uma seção transversal de
efeito estrutural equivalente, porém sujeita à temperatura constante e
não aquecida (HERTZ, 2000). A diferença entre os métodos está na
forma de reduzir a sessão transversal. O restante da solução é análogo ao
cálculo em temperatura ambiente. O efeito do fogo no aço é considerado
pela redução da resistência, e o efeito do fogo no concreto é considerado
por meio da redução da seção transversal. Para redução da resistência do
aço considera-se que as armaduras estão localizadas pontualmente na
sessão, adotando-se a temperatura do centro de cada barra das
armaduras (COSTA e SILVA, 2005). Admite-se que a ruptura do
concreto à compressão ocorra para εcu=3,5%o, o limite de deformação do
aço é desprezado e admite-se que o mesmo se encontra solicitado por
sua tensão resistente máxima.
O método da isoterma de 500 oC é baseado em uma série de
testes de incêndio realizados em elementos de concreto armado
submetidos à flexão. O método consiste em desprezar a região do
concreto que ultrapassa os 500 oC, de modo que a seção a ser
considerada para o cálculo será aquela demarcada pela linha da
isoterma que delimita a região cuja temperatura seja inferior a 500 oC
(PURKISS, 2007; COSTA, 2008). Embora essa hipótese não
corresponda diretamente à realidade, foram realizados experimentos que
levaram a concluir que os resultados obtidos com esta simplificação são
satisfatórios (RIGBERTH, 2000).
O método das faixas também foi desenvolvido com base em
estudos experimentais de elementos submetidos à flexão. O método
93

consiste na redução da seção transversal desconsiderando a espessura


"az", determinada com base na divisão da seção em faixas, nas quais a
resistência do concreto será reduzida (HERTZ, 2000; PURKISS, 2007).
Inicialmente definem-se os trechos W, aos quais se aplicará o método. A
Figura 2.27 apresenta os trechos W1 e W2 a serem considerados para
definição das espessuras az1 e az2 a serem reduzidas em uma seção “T”.
Cada trecho W deve ser divido em no mínimo 3 faixas paralelas de
larguras iguais. O fator de redução da resistência de cada faixa será
determinado conforme a temperatura no centro geométrico da faixa.
Figura 2.27: Redução da seção transversal pelo método das faixas.

Fonte: EN 1992-1-2 (2004).


A espessura az a ser descartada é determinada pela Equação 2.52.
= ∙ 1− , ⁄ , , (2.52)
onde:
W = largura para aplicação do método [mm];
kc,m = valor médio dos fatores de redução da resistência das
faixas;
kc,θM = fator de redução da resistência segundo a temperatura do
ponto M, que corresponde ao centro geométrico da seção transversal.
Após determinar-se a seção transversal reduzida, definem-se as
forças resultantes no aço e no concreto e a posição da linha neutra. A
força na armadura em situação de incêndio pode ser obtida pela Equação
2.53.
, = ∙ , , (2.53)
onde:
Fs,fi = força atuante na armadura em situação de incêndio [kN];
Asi = área de aço da armadura da barra i [cm²];
94

fyd,θ = resistência de cálculo à tração do aço na temperatura θ da


barra i [kN/cm²].
Considerando-se o concreto solicitado no domínio 3 de
deformação e o diagrama tensão × deformação sendo o simplificado
retangular. A força resultante de compressão no concreto em situação de
incêndio é determinada pela Equação 2.54.
, = ∙ ∙ ∙ , (2.54)
onde:
Fc,fi = força de compressão atuante no concreto em situação de
incêndio [kN];
fcd,θ = resistência de cálculo à compressão do concreto [kN/cm²];
b = largura da seção transversal reduzida [cm];
λ = parâmetro do diagrama tensão × deformação simplificado
retangular. Para concretos de fck ≤ 50 MPa λ = 0,8;
xfi = profundidade da linha neutra em situação de incêndio [cm].
Por se tratar de uma seção "T", o valor de b depende da posição
da linha neutra. Para momento fletor positivo, se a linha neutra passa na
mesa de compressão, o valor de b corresponde à largura da mesa. Se a
linha neutra está posicionada abaixo da mesa de compressão, então
devem ser consideradas duas parcelas, uma em que b corresponde à
largura da mesa e outra em que b corresponde à largura da nervura. Para
momentos negativos, o valor de b será a largura da nervura. A largura
colaborante da mesa de compressão de lajes nervuradas costuma ser
igual ao espaçamento entre eixos de nervuras. Para o caso de nervuras
muito espaçadas em que as nervuras são calculadas como vigas, pode-se
empregar a recomendação do item 14.6.2.2 da NBR 6118 (2015) que
define que a largura colaborante deve ser limitada pelo valor da soma da
espessura da nervura com 10% do valor da distância entre pontos de
momento fletor negativo para cada lado da nervura.
Como as forças no aço e no concreto devem ter a mesma
intensidade, a posição da linha neutra pode ser determinada conforme a
Equação 2.55.
∑ ∙ ,
= . (2.55)
0,68 ∙ ∙
O momento fletor resistente é determinado por equilíbrio de
momentos, pela Equação 2.56.
, = ∙ , ∙ − 0,8 ∙ ⁄2 , (2.56)
onde:
95

MRd,fi = Momento fletor resistente de cálculo em situação de


incêndio [kN.m/nerv.];
d = altura útil da seção [m].

2.6.4 Método das charneiras plásticas

A capacidade de carga de elementos estruturais, subestruturas ou


mesmo estruturas inteiras expostas ao fogo pode ser realizada, segundo
o EN 1992-1-2 item 4.3.3 (6), pelos mesmos métodos e critérios
adotados em temperatura ambiente. O método das charneiras plásticas
permite verificar a capacidade de carga da laje considerando o regime
plástico. Particularmente às lajes nervuradas, sua aplicabilidade é
limitada aos casos em que as mesmas podem ser tratadas como placas.
Entende-se que há uma ressalva importante na aplicação do método das
charneiras plásticas em situação de incêndio. Caso a laje tenha função de
compartimentação, é possível que no regime plástico a integridade seja
comprometida pela fissuração que ocorre na formação das linhas de
plastificação (BURGESS, HUANG e STAIKOVA, 2014).
Conforme apresentado na seção 2.4.1.4, admite-se que a ruína da
laje ocorre com a formação de linhas de plastificação que resultem em
um mecanismo hipostático. O método abrange uma grande quantidade
de possibilidades de aplicação. Este trabalho se restringe ao seu uso em
lajes retangulares de concreto armado, sujeitas a carregamento
uniformemente distribuído e sem bordas livres.
As seguintes hipóteses são consideradas no método das
charneiras plásticas (PINHEIRO, 1988):
 esforços no plano da laje (esforços de membrana) são
desprezados;
 não deve ocorrer ruptura por cisalhamento. A resistência à
força cortante e à punção não é tratada diretamente pelo
método das charneiras plásticas e deve ser verificada
separadamente;
 para que se formem as linhas de plastificação a laje deve
ser subarmada, ou seja, não deve ocorrer ruptura do
concreto comprimido antes do escoamento da armadura;
 as deformações elásticas são desprezadas por serem muito
pequenas em relação às deformações plásticas, considera-
se o material como rígido-plástico (Figura 2.28). Logo,
ocorrem rotações nas charneiras, e as placas entre
charneiras assumem deslocamentos de corpo rígido;
96

 oss momentos de plastificação positivo e negativo, são


considerados constantes ao longo das charneiras..
Figura 2.28: Momento × curvatura de material rígido plástico.

O momento de plastificação pode ser obtido pelo cálculo da seção


transversal no estádio III. Para aplicação do método das charneiras
plásticas, será utilizado o momento de plastificação por unidade de
largura mp [kN∙m/m]. A direção ão das linhas de plastificação não
necessariamente é perpendicular às nervuras (Figura 2.29).
Figura 2.29:: Momento em linha de plastificação diagonal.

O momento de plastificação por metro ao longo da charneira


pode ser determinado pela Equação 2.57 (LANGENDONCK, 1970).
= ∙ ( )+ ∙ ( ), (2.57)
onde:
mpi = momento de plastificação por unidade de largura na direção
da charneira i [kN∙m/m];
mpx = momento de plastificação por unidade de largura na direção
x [kN∙m/m];
mpy = momento de plastificação por unidade de largura na direção
y [kN∙m/m];
α = ângulolo entre a direção considerada e a charneira plástica i [o].
97

A configuração das charneiras plásticas depende da natureza e


distribuição das cargas, da disposição das armaduras e da vinculação da
laje. Há, portanto, diversas configurações geometricamente possíveis
para as charneiras. A cada configuração possível corresponde uma
intensidade de carga que causa o colapso da laje. A configuração de
ruína é aquela que fornece o menor valor para a carga de ruína.
(LANGENDONCK, 1970; PINHEIRO, 1988). Na Figura 2.30, está
representada a configuração de charneiras plásticas de laje retangular
submetida a carregamento distribuído. Convenciona-se denominar de
charneiras positivas aquelas relacionadas aos momentos positivos
(tração na face inferior), e charneiras negativas aquelas relacionadas aos
momentos negativos (tração na face superior) (LANGENDONCK,
1970).
Figura 2.30: Configuração de charneiras plásticas.

Estabelecida determinada configuração de charneiras plásticas e


conhecidos os momentos de plastificação em cada charneira pode-se
encontrar a carga que a provoca, a partir dos métodos de energia. O
equilíbrio é verificado pela igualdade entre trabalho realizado pelo
carregamento externo e a energia consumida na deformação das
charneiras, expresso pela Equação 2.58.
∙∆ = ∙ ∙ , (2.58)
onde:
q = carregamento externo distribuído [kN/m²];
Δ = deslocamento vertical [m];
mpi = momento de plastificação por unidade de comprimento da
charneira i [kN.m/m];
98

li = comprimento da charneira i [m];


θi = angulo de rotação da charneira i [rad].
A Figura 2.31 apresenta o deslocamento vertical Δ e os ângulos
de rotação das charneiras de uma laje retangular, simplesmente apoiada
em todo o contorno. O ângulo θ1 corresponde à rotação das placas 3 e 4
e o ângulo θ2 corresponde à rotação das placas 1 e 2.
Figura 2.31: Deslocamento vertical e rotações das charneiras.

Para determinação do trabalho interno, conforme a Equação 2.57,


é necessário definir os ângulos de rotação das charneiras. Considerando
que todas as bordas apresentam o mesmo tipo de vinculação e
considerando α=α1-3= α2-3= α1-4= α2-41. Os ângulos de rotação das placas
podem então ser escritos conforme as Equações 2.59 e 2.60.
∆ ∆
tan( ) = , ≅ , (2.59)
2 2
∆ ∆
tan( ) = , ≅ . (2.60)
2 ∙ tan( ) 2 ∙ tan( )
A Figura 2.32 apresenta os ângulos de rotação das charneiras
diagonais de uma laje retangular, simplesmente apoiada em todo o

1
Para os casos em que os diversos ângulos "α" sejam diferentes, pode-se
determinar os ângulos "θ" de maneira análoga, por semelhança de triângulos.
99

contorno. O ângulo θ3 é devido à rotação das placas 1 e 2 e o ângulo θ4 é


devido à rotação das placas 3 e 4.
Figura 2.32: Ângulo de rotação nas charneiras diagonais.

A rotação a ser considerada na charneira inclinada, corresponde à


soma dos ângulos θ3 e θ4, conforme a Equação 2.61.
∆ ∆ ∙ tan( ) ∆ 1
+ = + = ∙ + tan( ) . (2.61)
∙ tan( ) tan( )
O trabalho externo para carregamento uniformemente distribuído
pode ser obtido conforme a Equação 2.62. Desenvolvida a integral,
verifica-se que o trabalho externo é resultado da multiplicação do
carregamento, pela área "S" da superfície da placa considerada e pelo
valor do deslocamento vertical "Δ" em cada ponto. Assim, o trabalho
externo é obtido pela multiplicação do carregamento pelo volume entre
a posição deformada e indeformada da placa.
∙∆ = ∙ ∆ = ∙∆∙ = ∙ , (2.62)
onde:
S = Área da superfície da placa [m²];
V = Volume delimitado entre a posição deformada e indeformada
da laje [m³].
Em situação de incêndio, o trabalho virtual externo realizado pelo
carregamento aplicado, sob um deslocamento unitário, se mantém
constante ao longo do incêndio. O trabalho virtual interno corresponde à
rotação das charneiras diante do deslocamento unitário, multiplicada
100

pelo momento de plastificação. Como o momento de plastificação se


reduz durante o incêndio devido à redução da resistência dos materiais
sob altas temperaturas, haverá um tempo para o qual o trabalho interno
não será suficiente para igualar o trabalho externo, ocorrendo então o
colapso da laje (DUCHOW e ABU, 2014).
A consideração do regime plástico na verificação de lajes em
situação de incêndio deve ser avaliada com cautela. Burgess, Huang e
Staikova (2014) destacam que a formação das linhas de plastificação e
elevada fissuração prejudicam a compartimentação da laje. Pode ser
necessário ainda levar em conta que, após a formação inicial das
charneiras plásticas, as armaduras que as cruzam ficam expostas aos
fluxos de calor convectivo e radiativo, que pode influenciar a
temperatura e, consequentemente, a resistência das armaduras.
101

3 MODELAGEM NUMÉRICA DE LAJES NERVURADAS EM


SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Neste capítulo são apresentados os modelos adotados nas análises


(térmica e estrutural) desenvolvidas, a fim de avaliar o desempenho
térmico e estrutural das lajes nervuradas de concreto armado em
situação de incêndio e, consequentemente, atribuir qualitativamente sua
resistência ao fogo.

3.1 FENÔMENO FÍSICO ASSOCIADO À LAJE NERVURADA


EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Durante o incêndio (fenômeno transiente), as lajes expostas ao


fogo são submetidas a fluxos de calor de convecção e radiação (ver
seção 2.5.3). Estes mecanismos provocam o aquecimento da superfície
externa do elemento estrutural, no qual o calor é transferido
internamente por condução, da face mais aquecida para a face menos
aquecida. O incêndio pode ser modelado por uma curva de incêndio que
relaciona o tempo de duração do incêndio com a temperatura dos gases
do compartimento, ou por modelos mais elaborados de incêndio como
modelos de zona, ou modelos de fluidodinâmica computacional.
Para as seções transversais de lajes nervuradas confeccionadas
com formas industrializadas ou com material de enchimento entre
nervuras de blocos de poliestireno expandido (EPS)1, são expostas
diretamente ao fogo: a face inferior da capa, a face inferior da nervura e
as faces laterais da nervura, nas quais são aplicadas as condições de
contorno. A transferência do calor no interior da seção transversal se dá
por condução no concreto. Para as seções transversais de lajes
nervuradas com preenchimento de blocos cerâmicos, a face inferior da
nervura e a face inferior do bloco cerâmico são expostas diretamente ao
fogo. O calor é transmitido no interior do bloco cerâmico por condução
e no interior das cavidadas do bloco ocorrem fluxos de convecção e
radiação. O calor é transmitido do bloco cerâmico para o concreto por
condução no contato entre as superfícies dos dois materiais. Adota-se
então um modelo térmico que permita, a partir dos princípios de
transferência de calor, encontrar o campo de temperaturas da seção
transversal. Para esta finalidade, pode-se empregar o método dos
elementos finitos.

1
O EPS se extingue rapidamente quando aquecido.
102

O aquecimento provoca alterações físicas e químicas no concreto


e no aço. Essas alterações se refletem em variações nas propriedades
térmicas (condutividade térmica, massa específica e calor específico)
dos materias. O aquecimento causa também a redução da resistência
mecânica do concreto e do aço. Adota-se então um modelo estrutural
que permita determinar a capacidade resistente do elemento estrutural,
considerando a redução em função da temperatura das propriedades
mecânicas dos materiais.
A resposta da estrutura à elevação da temperatura depende
também do modo como o conjunto dos elementos estruturais e suas
vinculações se comportam perante as deformações causadas pelo
aquecimento. Durante o incêndio, podem ocorrer na estrutura
solicitações adicionais causadas por alongamentos axiais restringidos ou
gradientes térmicos. Também podem ocorrer lascamentos na superfície
do concreto, reduzindo a seção transversal e expondo armaduras
diretamente ao fogo. Conforme apresentado na seção 2.4.1.2, é mais
interessante do ponto de vista estrutural, evitar a ocorrência de
lascamento do que prevê-los, logo este fenômeno não foi modelado
neste trabalho.
Durante o incêndio, caso ocorra a falha de algum mecanismo
resistente do elemento estrutural, podem ocorrer redistribuições de
esforços (se houver condições para isso), situação esta que é
característica de elementos hiperestáticos. O modelo estrutural pode
empregar métodos que levem em consideração a redistribuição de
esforços que ocorrem no regime plástico.

3.2 ANÁLISE TÉRMICA

Esta seção descreve o modelo adotado para análise térmica. O


modelo de incêndio (ação térmica), as propriedades térmicas dos
materiais e a descrição do modelo em elementos finitos. A seção
transversal da nervura foi modelada considerando-se apenas a presença
do concreto, desconsiderando nesta fase a presença do aço, conforme
admite o EN 1992-1-2 (2004) (ver seção 2.5.4). As análises foram
limitadas a 120 min, por ser o maior tempo requerido de resistência ao
fogo exigido pela NBR 14432 (2001).

3.2.1 Ação térmica

O modelo de incêndio adotado foi a curva de incêndio padrão


ISO 834 (1999), na qual as normas brasileiras se baseiam. A
103

transferência de calor entre os gases do ambiente e a superfície dos


elementos estruturais deu-se pela consideração dos fluxos de calor de
convecção e radiação, conforme descrito na seção 2.5.3.

3.2.2 Propriedades térmicas dos materiais

As propriedades térmicas (condutividade térmica, densidade e


calor específico) do concreto foram consideradas com os valores
variáveis com a temperatura para concretos de densidade normal
confeccionado com agregados silicosos conforme a NBR 15200 (2012)
e EN 1992-1-2 (2004) (ver seção 2.2.2). Foi considerado o teor de
umidade de 1,5% para o concreto, considerando-se que o modelo de
incêndio é compartimentado e, portanto, as lajes estão localizadas no
ambiente interno.
As propriedades térmicas do bloco cerâmico foram consideradas
variáveis com a temperatura e a emissividade constante de 0,8 conforme
o EN 1996-1-2 (2005)1. Em temperatura ambiente, foram considerados a
condutividade térmica como sendo igual a 0,42 W/(m∙oC), o calor
específico igual a 564 J/kg∙oC e a densidade de 1200 kg/m3. A variação
das propriedades térmicas da cerâmica com a temperatura é obtido pela
multiplicação dos valores à temperatura ambiente pelos coeficientes
apresentados na Figura 3.1.
Figura 3.1: Variação das propriedades térmicas da cerâmica.
λ [W/m°C] C (J/kg°C) ρ [kg/m³]
20
18
16
Coeficientes

14
12
10
8
6
4
2
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
Fonte: Adaptado do EN 1996-1-2 (2005).

1
EN 1996-1-2 (2005): Eurocode 6: Design of masonry structures - Part 1-2:
General rules - Structural fire design.
104

3.2.3 Método dos elementos finitos

A análise térmica foi realizada utilizando o método dos elementos


finitos, para domínio bidimensional em regime transiente, com o auxílio
do software ANSYS v15.0.7 (2014), a partir de rotinas programadas em
linguagem APDL (Ansys parametrical design language).

3.2.3.1 Elementos finitos e condições de contorno

Foi utilizado o elemento finito térmico, bidimensional retangular,


axissimétrico de 4 nós denominado PLANE 55, com um grau de
liberdade (temperatura) por nó (Figura 3.2). As seções transversais
analisadas neste trabalho foram discretizadas com elementos com
dimensões de no máximo 0,5 cm, conforme estudo desenvolvido na
seção 4.1.1.

Figura 3.2: Elemento PLANE 55.

Fonte: Ansys online manuals 5.5:


http://www.ansys.stuba.sk/html/elem_55/chapter4/ES4-55.htm
55.htm.
Os fluxos de calor convectivo e radiante foram aplicados através
da utilização de elementos finitos de superfície. Nas faces expostas
diretamente ao fogo, foi utilizado o elemento SURF 151 (Figura
Figura 3.3),
com nó extra. A temperatura dos gases do compartimento em chamas é
aplicada diretamente ao nó extra. Nos casos em que há a presença de ar
enclausurado em cavidades, os fluxos de calor foram modelados por
meio dos elementos LINK 31 para radiação, e LINK 34 para convecção.
105

Figura 3.3: Elemento SURF 151.

Fonte: Ansys online manuals 5.5:


http://www.ansys.stuba.sk/html/elem_55/chapter4/ES4
5/chapter4/ES4-151.htm.
Para a consideração dos fluxos de calor no interior de cavidades é
necessário que se adote um coeficiente de convecção, e um fator de
forma para radiação. A fim de simplificar o problema da determinação
de um coeficiente de convecção, realizou-se se um estudo aplicando a
formulação de Wickström (2016) ao caso em que a superfície inferior é
aquecida. Considerando-sese os gradientes térmicos possíveis ao longo de
duas horas de exposição ao incêndio padrão ISO 834 (1999) e distância
entre superfícies de 6 cm1. A favor da segurança foi adotado o maior
valor encontrado para o coeficiente de transferência de calor por
convecção, αc = 12,13 W/m2∙oC.. Estudo semelhante desenvolvido por
Ribeiro (2004) sugere a adoção de αc = 12,834 W/m2∙oC. C Para o fator de
forma para radiação foi adotado o método de Hottel das cordas cruzadas.

3.2.3.2 Análise transiente

Para a análise transiente foi utilizadaa uma aplicação do método


das diferenças finitas (ver APÊNDICE C). Foram adotados incrementos
de tempo de 5 segundos, conforme estudo desenvolvido na seção 4.1.2.

3.2.3.3 Não linearidade térmica

A transferência de calor nas estruturas em situação de incêndio


configura um problema não linear. As propriedades dos materiais são
variáveis com as temperaturas do campo térmico do interior do elemento
estrutural e os fluxos térmicos no contorno são variáveis com a

1
Dimensão típica para furos retangulares de blocos cerâmicos
âmicos que atendam as
dimensões estabelecidas pela NBR 15270 (2005): Componentes cerâmicos.
106

temperatura da superfície do elemento estrutural e dos gases do


compartimento. Como as temperaturas no interior do elemento estrutural
constituem a incógnita do problema, é necessário fazer uso de alguma
estratégia de resolução iterativa. A análise não linear foi realizada neste
trabalho por meio do método de Newton-Raphson modificado, com a
convergência controlada pela norma Euclidiana com tolerância ξ =
0,005. A formulação do método de Newton-Raphson é apresentada no
APÊNDICE D.

3.3 ANÁLISE ESTRUTURAL

Para análise estrutural de lajes nervuradas de concreto armado em


situação de incêndio, foi desenvolvido um código computacional em
ambiente MATLAB R2015a. A análise consistiu de duas etapas: análise
térmica e análise estrutural. A análise térmica é realizada no software
ANSYS v.15.0.7 (2014) por meio de rotinas programadas em APDL, e
acoplada à ferramenta desenvolvida. Os dados iniciais são inseridos no
MATLAB que os fornece também às rotinas em APDL da análise
térmica. A ferramenta desenvolvida executa a análise térmica no
software ANSYS e importa os resultados das temperaturas nos nós da
seção transversal ao MATLAB. Nesta seção é apresentada a metodologia
adotada para a determinação dos esforços solicitantes e resistentes em
situação de incêndio, do tempo de resistência ao fogo e da capacidade de
carga em situação de incêndio.

3.3.1 Ações e esforços solicitantes

Nas lajes estudadas foram consideradas a atuação de ações


permanentes, acidentais e térmicas. As ações permanentes referentes ao
peso próprio do elemento estrutural e dos elementos construtivos foram
calculadas com base na massa específica definida pela NBR 6120
(1980). As ações variáveis diretas consideradas foram os carregamentos
acidentais referentes ao uso da edificação (pessoas, móveis, materiais
diversos, etc), definidos pela NBR 6120 (1980). A consideração da ação
térmica foi feita por meio da redução da resistência dos materiais em
função da temperatura. Não foram consideradas, neste trabalho, tensões
devidas a alongamentos axiais restringidos, conforme indicado pela
NBR 15200 (2012). Para consideração de tais esforços seria necessário
modelar além da laje estudada todo o seu contorno, ou seja, os
elementos estruturais de todo o pavimento ou de parte dele.
107

Neste trabalho não foram considerados os esforços de membrana,


tendo em vista que as lajes de concreto usuais devem cumprir a função
de compartimentação, sendo necessário que se cumpram os requisitos de
isolamento e estanqueidade, expostos em 2.4.1.1. Não sendo possível
assegurar a estanqueidade da laje nesta fase, conforme Silva (2012):
Para situação de incêndio, no entanto, uma laje
de concreto armado sob o efeito de membrana já
terá ultrapassado os limites de fissuração
permitidos para ambientes em que a
compartimentação é exigida. O efeito de
membrana, entretanto, pode ser aceito para o
caso de lajes mistas de aço e concreto, pois a
fôrma de aço incorporada impede a passagem de
fogo permitida pelas fissuras, e mantém a
compartimentação (SILVA, 2012, p. 153).
Os esforços solicitantes em situação normal foram determinados
considerando laje maciça, conforme o item 14.7.7 da NBR 6118 (2015),
determinados por meio da tabela de Bares. Os momentos fletores
positivos foram multiplicados pelos coeficientes de Hahn (1972), para
levar considerar nula a rigidez à torção na laje nervurada.
Os esforços solicitantes em situação de incêndio foram
determinados para as duas direções (longitudinal e transversal),
considerando a combinação excepcional de ações, por meio da
multiplicação dos esforços solicitantes em situação normal pelo
coeficiente ηfi, determinado pela Equação 2.51.

3.3.2 Esforços resistentes

As análises desenvolvidas neste trabalho adotam a metodologia a


seguir, baseada nos trabalhos de Anderberg (1991, apud RIGBERTH,
2000; COSTA, 2008; ALBUQUERQUE, 2012), e Gonçalves e
Rodrigues (2007).
Realizada a análise térmica pelo método dos elementos finitos,
conforme descrito na seção 2.5, o momento fletor resistente pode ser
determinado através do equilíbrio de forças de cada elemento finito da
análise térmica. Deste modo, o método dos elementos finitos é utilizado
apenas para determinação do campo de temperaturas, sendo aproveitada
a discretização da etapa anterior para o cálculo do esforço resistente em
situação de incêndio. Pelo método proposto por Anderberg (1991) e
implementado no software SUPER-TEMPCALC os esforços são obtidos
pelo equilíbrio das forças determinadas a partir da resistência máxima
108

admissível (considerando-se se a redução em função da temperatura) dos


materiais da seção transversalersal (COSTA, 2008; ALBUQUERQUE,
2012). Considera-se que:
 não são impostos limites de deformações específicas,
específicas
nem verificada a compatibilidade de deformações;
deformações
 as armaduras estão sujeitas à tensão de escoamento;
 cada elemento finito de concreto submetido à sua tensão
resistente máxima.
Ressalta-se
se que, conforme observado pro Albuquerque (2012),
outros autores como: Capua e Mari (2007) e Huang Burgess e Plank
(2006), também desconsideram a imposição de deformações específicas
limites (variáveis em função da temperatura).
A Figura 3.4 ilustra uma seção transversal de uma nervura,
discretizada em elementos finitos, após realizada a análise térmica.
Figura 3.4: Discretização de uma seção transversal.

Para
ara redução da resistência do aço em função do aquecimento,
adota-se a temperatura do centroide de cada barra como uniforme em
toda a barra. A força no aço em situação de incêndio é determinada
conforme a Equação 2.53, apresentada na seção 2.6.3.2.1.
A resistência do concreto aquecido é determinada adotando-se
adotando a
temperatura do centroide do elemento como sendo uniforme em todo o
elemento. A altura do bloco de concreto comprimido1 é determinada
determ por
um processo iterativo. Inicialmente, considera-se
se como altura do bloco
comprimido a faixa formada pela linha horizontal dos elementos finitos
da fibra mais comprimida. É determinada a força resistente residual do
concreto para cada elemento finito o da região comprimida da seção.

1
Corresponde ao 0,8∙x do diagrama tensão × deformação simplificado
retangular.
109

Compara-se o somatório do esforço resistente residual dos elementos


finitos de concreto com a força resistente do aço. Se a força no concreto
for inferior à força exercida pelo aço, adiciona-se ao bloco de concreto
comprimido a próxima linha horizontal de elementos finitos. O processo
iterativo continua até que a força no concreto seja maior ou igual à força
no aço. O esforço resistente do concreto aquecido é determinado
conforme a Equação 3.1.
, = , ∙ , , (3.1)
onde:
Fc,fi = força atuante no concreto em situação de incêndio [kN];
Ac,j = área de concreto do elemento finito j [cm²];
fcd,θj = resistência de cálculo à compressão do concreto na
temperatura θ do centroide do elemento finito j [kN/cm²].
Ressalta-se que, ao fim do processo iterativo da Equação 3.1, é
muito provável que haja um resíduo devido à diferença de intensidade
das duas forças (aço e concreto). A fim de garantir maior precisão à
análise, o autor do presente trabalho efetua uma correção na posição da
linha neutra, reduzindo linearmente a altura dos elementos finitos da
ultima linha considerada no somatório das forças de compressão do
concreto, pela Equação 3.2.
, − ,
0,8 ∙ = 0,8 ∙ − , (3.2)
ℎ , ∙ ∑( , ∙ , )
onde:
xfi = Posição da linha neutra em situação de incêndio [cm];
0,8∙xfi = altura do bloco de concreto comprimido em situação de
incêndio, considerando o diagrama tensão × deformação simplificado
retangular [cm];
hc,j = altura dos elementos finitos [cm];
∑( , ∙ , ) = força resistente do concreto da linha de
elementos finitos menos comprimidos (somatório apenas daquela linha).
Em temperatura ambiente a NBR 6118 (2014) recomenda, a fim
de garantir suficiente ductilidade, que se limite a relação x/d para no
máximo 0,45 em concretos até 50 MPa, e no máximo 0,35 para
concretos com mais de 50 MPa. A NBR 15200 (2012) e o EN 1992-1-2
(2004) não trazem recomendações específicas a este respeito. Os limites
de deformação do concreto em situação de incêndio se modificam em
função da temperatura, logo a relação limite de x/d que assegura a
ductilidade também se modifica. Considera-se ainda que, durante o
incêndio, a posição da linha neutra se desloca em direção à face não
110

exposta ao fogo. Portanto, nas regiões de momento fletor positivo, a


verificação quando do dimensionamento em situação normal é
suficiente. Para o momento negativo, a relação x/d em situação de
incêndio aumenta ao longo do tempo. Costa (2008) afirma que: “na
flexão simples, o risco de ruptura frágil deveria ser ponderado em
situação de incêndio nas seções de momento negativo, mesmo quando já
verificados em temperatura ambiente.” É importante lembrar que o
concreto armado se torna mais dúctil em situação de incêndio. Buchanan
(2005) afirma ainda que: "Esta verificação não é necessária se houver
significativa armadura longitudinal na região comprimida". Tal situação
de fato costuma ocorrer em lajes nervuradas, visto que as armaduras
longitudinais positivas são ancoradas junto aos apoios. É prática comum
de diversos autores, incluindo Anderberg (1991), admitir que a
verificação da ruptura frágil em situação normal seja suficiente
(RIGBERTH, 2000).
O momento fletor resistente por nervura pode ser determinado
pela Equação 3.3.
, = , ∙ , ∙ , (3.3)
MRd,fi = Momento fletor resistente de cálculo em situação de
incêndio [kN.cm/nerv.];
yj = braço de alavanca, medido do centroide do elemento finito de
concreto j, e o centroide das armaduras[cm].

3.3.3 Tempo de resistência ao fogo

O tempo de resistência ao fogo pode ser limitado pelo isolamento


térmico ou pela resistencia mecânica. Para determinação do tempo de
isolamento térmico foram considerados o valor máximo e a média dos
valores de temperaturas resultantes nos nós da superfície superior da
capa. Sendo o tempo de isolamento térmico aquele em que a média das
temperaturas não resulta incrementos de temperatura superiores a 140
o
C e a máxima temperatura desenvolvida não resulta em incremento
superior a 180 oC. O tempo de resistência estrutural em situação de
incêndio foi determinado considerando-se o limite inferior, como sendo
aquele em que o esforço solicitante em situação de incêndio na seção
mais solicitada for igual ao esforço resistente em situação de incêndio
daquela seção.
O procedimento para determinação dos esforços resistentes das
seções transversais, adotado na ferramenta computacional desenvolvida
é apresentado no esquema da Figura 3.5.
111

Figura 3.5: Esquema para determinação do TRF.


112

3.3.4 Capacidade de carga

Para análise da capacidade de carga da laje em situação de


incêndio, considerando a redistribuição de esforços causada pela
plastificação, foi utilizado o método das charneiras plásticas, conforme
apresentado na seção 2.6.4. Neste caso os momentos de plastificação são
conhecidos e a incógnita definida é a carga que causa determinada
configuração de linhas de plastificação. A determinação da carga de
ruína em situação de incêndio foi realizada para diversos intervalos de
tempo. O tempo no qual ocorreria o colapso da laje é aquele a partir do
qual a capacidade de carga for inferior à carga aplicada.
113

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados a validação do modelo, estudos


sobre a determinação de temperaturas naa seção transversal, análises de
lajes nervuradas de concreto armado em situação de incêndio e estudos
sobre a influência da largura das nervuras e do cobrimento das
armaduras na resistência à flexão em situação
o de incêndio.
incêndio

4.1 VALIDAÇÃO DO MODELO

4.1.1 Estudo da malha

Desenvolveu-se
se um estudo sobre a discretização da malha em
elementos finitos comparando-se se a solução numérica e a solução
analítica. Considerou-se um elemento em concreto de 100 cm × 25 cm
com condição de contorno imposta de 900 oC nos nós da face inferior
(Figura 4.1).. Foram consideradas as propriedades térmicas constantes
para concreto de agregados silicosos conforme a NBR 15200 (2012).
(2012)
Figura 4.1:: Seção transversal para estudo da malha.
114

A seção transversal foi discretizada em malhas estruturadas com


elementos finitos de dimensões 2,5 cm × 2,5 cm, 1,25 cm × 1,25 cm e
0,5 cm × 0,5 cm. As temperaturas ao longo da espessura para os tempos
de 30, 60, 90 e 120 min estão representadas na Figura 4.2.
Figura 4.2: Temperaturas ao longo da seção transversal.
Solução analítica MEF - h = 2,5 cm
MEF - h = 1,25 cm MEF - h = 0,5 cm
900

800

700
Temperatura [oC]

600

500

400 90 min
120 min
300

200 30 min
60 min
100

0
0 5 10 15 20 25
Espessura [cm]

Não houve diferenças significativas entre oss resultados


provenientes da solução analítica e da solução via método dos elementos
finitos. Entre todas as malhas, aquela discretizada em elementos de 0,5
cm × 0,5 cm foi a que resultou em temperaturas mais próximas à
solução analítica, em todo o domínio espacial e temporal. O percentual
de erro das soluções obtidas pelo método dos elementos finitos em
relação à solução analítica é apresentado na Figura 4.3.
115

Figura 4.3: Erro da solução numérica em relação a solução analítica.


h=2,5cm h=1,25cm h=0,5cm
30 min 60 min
25 25
20 20
Erro [%]

Erro [%]
15 15
10 10
5 5
0 0
-5 -5
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Espessura [cm] Espessura [cm]
90 min 120 min
25 25
20 20
Erro [%]
Erro [%]

15 15
10 10
5 5
0 0
-5 -5
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Espessura [cm] Espessura [cm]
A malha discretizada com elementos de 0,5 cm × 0,5 cm se
mostra percentualmente bastante precisa em quase todo o domínio,
apenas para 90 e 120 min, apresenta erro de no máximo 17% no topo da
seção. Contudo, esse erro corresponde a apenas 4 oC, diferença
irrelevante no análise do problema proposto. A partir deste estudo foram
utilizados elementos com dimensões de no máximo 0,5 cm para
discretização das seções transversais deste trabalho.

4.1.2 Estudo do incremento de tempo

Para determinação do incremento de tempo Δt Huang e Usmani


(1994, apud RIBEIRO, 2004) recomendam a Equação (4.1), a partir da
qual se elaborou o gráfico da Figura 4.4:
∆ < ℎ , (4.1)
onde:
Δt = incremento de tempo [seg.];
h = dimensão característica dos elementos [m].
116

Figura 4.4: Incremento de tempo [s] segundo a dimensão do elemento finito.


h = 0,75 cm h = 0,5 cm
h = 0,25 cm h = 0,10 cm
250
Incremento de tempo [s]

225
200
175
150
125
100
75
50
25
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura [oC]
Verifica-se que quanto maior a temperatura e a dimensão
característica dos elementos finitos, maior o incremento de tempo
necessário para que os resultados apresentem convergência. Destaca-se
que a discretização do domínio pode ser realizada com elementos de
dimensões diversas. Em problemas de estruturas em situação de
incêndio é comum a aplicação de incrementos de tempo da ordem de 5 s
(RIBEIRO, 2004).

4.1.3 Campo de temperaturas da seção transversal

A solução obtida pela modelagem numérica foi comparada com a


solução encontrada na literatura. A seção foi submetida aos fluxos de
calor de convecção e radiação nas faces laterais e inferior. O modelo de
incêndio adotado foi a curva de incêndio padrão ISO 834 (1999). Foram
consideradas as propriedades térmicas do concreto variáveis com a
temperatura, para concretos de densidade normal, confeccionados com
agregados silicosos e teor de umidade de 1,5%.
Os resultados da simulação numérica foram comparados a
isotermas fornecidas pelo EN 1992-1-2 (2004). A Figura 4.5
corresponde a uma seção transversal de 8 cm × 15 cm, após 30 min de
exposição ao fogo. A Figura 4.6 e a Figura 4.7 correspondem a uma
seção transversal de 16 cm × 30 cm, após 30 min e 60 min de exposição
ao fogo, respectivamente. As três seções transversais analisadas pela
metodologia adotada neste trabalho apresentaram resultados muito
próximos das isotermas fornecidas pelo EN 1992-1-2 (2004).
117

Figura 4.5: Isotermas em seção retangular 8 cm × 15 cm - 30 min.

Figura 4.6:Isotermas em seção retangular 16 cm × 30 cm - 30 min.


118

Figura 4.7: Isotermas em seção retangular 16 cm × 30 cm - 60 min.

Para validar o modelo com cavidades, desenvolveu-se um estudo


comparativo entre o campo de temperaturas de uma laje mista nervurada
com enchimento de tavela cerâmica, com a isoterma desenvolvida em
um estudo de Silva e Pierin (2014) conforme a Figura 4.8. A seção
transversal analisada pela metodologia adotada neste trabalho
apresentou resultados muito próximos das isotermas obtidas por Silva e
Pierin (2014).
Figura 4.8: Isotermas de laje mista nervurada -120 min.
119

4.1.4 Momento fletor resistente

Foram comparados resultados obtidos pela metodologia adotada


(seção 3.3.2) com os resultados apresentados por Albuquerque (2012).
A análise consistiu em uma viga de dimensões 19 cm × 40 cm, concreto
de resistência de 25 MPa, cobrimento de 2,5 cm, estribo de 5 mm e
armadura longitudinal positiva formada por duas barras de 20 mm de
aço CA-50, exposta nas faces inferior e laterais aos fluxos de calor
causados pelo incêndio padrão ISO 834 (1999) por 90 min.
A primeira verificação realizada para validação da metodologia
foi o cálculo do momento fletor resistente de cálculo em situação de
incêndio no instante t = 0 s. Como neste instante a temperatura em todo
o elemento estrutural é igual à temperatura ambiente, o resultado é
facilmente obtido com a mesma formulação utilizada para o cálculo em
situação normal, apenas adotando-se os coeficientes de ponderação para
situação de incêndio. Neste caso, a solução do problema corresponde a
102,66 kN∙m com a linha neutra passando a 8,26 cm da fibra mais
comprimida do concreto. Pela ferramenta computacional desenvolvida,
o resultado obtido foi de 102,7 kN∙m com a linha neutra passando à 8,25
cm da fibra mais comprimida do concreto.
O estudo realizado por Albuquerque (2012) consistiu em análise
numérica através do software SuperTempcalc (2007). Para o tempo de
90 min de exposição ao incêndio padrão ISO 834 (1999), o momento
fletor resistente cálculo em situação de incêndio foi de 45,252 kN∙m,
valor muito próximo do obtido pela ferramenta desenvolvida neste
trabalho que foi de de 44,8 kN∙m.

4.2 ANÁLISE TÉRMICA DA SEÇÃO TRANSVERSAL

Nesta seção, desenvolveu-se um estudo sobre a influência da


variação das propriedades térmicas do concreto na temperatura,
utilizando o método dos elementos finitos. Os resultados são
comparados com resultados experimentais obtidos por Lawson (1985).
São avaliados também os métodos simplificados de Wickström (2016) e
de Kodur (2014).
Na modelagem numérica foram adotadas as propriedades
térmicas indicadas na NBR 15200 (2012) para concretos de densidade
normal de agregados silicosos e teor de umidade de 3%. Foram
realizadas análises via método dos elementos finitos considerando-se
três casos:
120

a) condutividade térmica (λ), massa específica (ρ) ρ) e calor


específico (cp) com valores constantes;
b) condutividade térmica (λ) com valor variável em função da
temperatura e massa específica (ρ) e calor específico (cp) com valores
constantes;
c) condutividade térmica (λ), massa específica (ρ) ρ) e calor
específico (cp) com valor variável em função da temperatura.
Lawson (1985) realizou ensaios em fornos de larga escala em
lajes nervuradas de concreto armado. A laje estudada foi executada com
concreto de densidade normal e moldada com m formas plásticas
industrializadas. A resistência à compressão aos 28 dias foi de 45 MPa e
o teor de umidade na data de ensaio estava entre 3,3% e 4,8%. A seção
transversal é apresentada na Figura 4.9.. A armadura positiva
longitudinal
dinal corresponde a duas barras de 16 mm de diâmetro e a
armadura transversal a duas barras de 12 mm de aço de resistência (485
MPa). A armadura negativa sobre um apoio contínuo foi de barras de
aço de alta resistência de 12 mm de diâmetro espaçadas a cada 15 cm. O
cobrimento das armaduras foi de 3,5 cm. As temperaturas foram
medidas nas armaduras longitudinais positiva e negativa. A curva de
incêndio adotada no ensaio foi a curva de incêndio padrão ISO 834
(1999).
Figura 4.9: Seção transversal da laje ensaiada.

Fonte: Lawson (1985).


Os resultados das temperaturas obtidos pelas análises
desenvolvidas por meio método dos elementos finitos e dos métodos
simplificados são comparados aos resultados obtidos noo ensaio
ens de
Lawson (1985) na Figura 4.10 e na Figura 4.11,, referentes às à
temperaturas da armadura longitudinal positiva e negativa
respectivamente.
121

Figura 4.10: Temperaturas na armadura longitudinal (+).


ISO 834 (1999) Forno (Lawson, 1985)
Ensaio (Lawson, 1985) Método de Wickström
Método de Kodur MEF - λ, ρ, c - const.
MEF - λ - var; ρ, c - const. MEF - λ, ρ, c - var.
1200
Temperatura [oC]

1000

800

600

400

200

0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Figura 4.11: Temperaturas na armadura longitudinal (-).
ISO 834 (1999) Forno (Lawson, 1985)
Ensaio (Lawson, 1985) Método de Wickström
Método de Kodur MEF - λ, ρ, c - const.
MEF - λ - var; ρ, c - const. MEF - λ, ρ, c - var.
1200
Temperatura [oC]

1000
800
600
400
200
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]

Verifica-se que os valores obtidos por meio do modelo em


elementos finitos, considerando-se todas as propriedades térmicas do
concreto com valor constante, são claramente superestimados. Neste
caso, a diferença entre os valores da temperatura determinada
122

numericamente e a temperatura medida em ensaio chega a 159 oC (42%)


na armadura positiva e 189 oC (41%) na armadura negativa.
Quando a condutividade térmica é considerada variável em
função da temperatura, os resultados são bastante próximos das
temperaturas medidas no ensaio. Durante a maior parte do tempo a
diferença entre as temperaturas destes modelos com os resultados do
ensaio ficam abaixo de 15%, tanto para as armaduras positivas quanto
para as armaduras negativas. A variação da massa específica e do calor
específico em função da temperatura tem influência muito menor nas
temperaturas do que a variação da condutividade térmica. A diferença
entre as temperaturas do modelo que considera a massa específica e o
calor específico constantes para o que os considera variáveis é de no
máximo 41 oC nas armaduras negativas e 37 oC nas armaduras positivas.
Os métodos simplificados apresentaram resultados muito
próximos entre si e razoável precisão para os casos estudados. A
máxima diferença entre o método de Wickström e as temperaturas
obtidos por Lawson (1985) é de 116 oC na armadura positiva e 71 oC
para armadura negativa. Para o método de Kodur essas diferenças são de
113 oC para armadura positiva e 71 oC para armadura negativa.
Conclui-se que o modelo em elementos finitos que melhor
representou o fenômeno real foi aquele que considera todas as
propriedades térmicas variáveis em função da temperatura, embora o
modelo que considera a condutividade térmica variável e as demais
propriedades constantes apresentou resultados satisfatórios. Os métodos
simplificados também apresentaram aproximação razoável. As análises
realizadas pelo MEF considerando todas as propriedades térmicas como
constantes resultou em temperaturas superestimadas.

4.3 ANÁLISE DE LAJES NERVURADAS DE CONCRETO


ARMADO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Foram estudadas cinco lajes com diferentes geometrias e


condições de vinculação. Quatro lajes são bidimensionais, armadas em
cruz e uma das lajes é unidirecional. As lajes foram dimensionadas para
concreto de fck de 25 MPa, cobrimento de 2,5 cm e aço CA-50. O
dimensionamento das lajes em situação normal pode ser encontrado no
APÊNDICE A. Não foram considerados os revestimentos aderentes na
determinação dos campos de temperatura das seções transversais das
lajes estudadas.
Para cada laje estudada foi determinado o tempo de isolamento
térmico, os esforços solicitantes em situação de incêndio na seção
123

transversal mais solicitada (análise elástica), o tempo de resistência ao


fogo pelos métodos tabulares da NBR 15200 (2012) e BS 8110-1-2 8110
(1985), os esforços resistentes das seções transversais em situação de
incêndio pela ferramenta
amenta desenvolvida e pelos métodos simplificados da
isoterma de 500 oC e do método das faixas e, por fim,, a capacidade de
carga em situação de incêndio pelo método das charneiras plásticas. Não
foram realizados estudos para verificação da estanqueidade das da lajes
expostas ao fogo.

4.3.1 Laje 1

O primeiro caso estudado consiste em uma laje nervurada de


concreto armado moldado in loco,, com preenchimento entre nervuras de
blocos cerâmicos e simplesmente apoiada em todo o contorno. As
dimensões geométricas da seção transversal
ransversal foram adotadas a fim de
atender a 60 min de incêndio pelo método tabular da NBR 15200
(2012). A planta de formas da laje 1 está apresentada na Figura 4.12 e a
planta de armaduras é apresentada na Figura 4.13.
Figura 4.12: Planta de formas da laje 1.
124

Figura 4.13: Armaduras da laje 1.

A laje 1 foi considerada como parte de uma estrutura de edifício


residencial, com peso próprio de 4,53 kN/m², a qual é adicionada uma
carga permanente uniformemente distribuída de 1 kN/m² e carga
acidental uniformemente distribuída de 1,5 kN/m². Pela combinação
excepcional de ações em situação de incêndio o carregamento
uniformemente distribuído de cálculo em situação de incêndio é de 6,82
kN/m².
As solicitações em situação de incêndio apresentadas na Tabela
4.1 foram determinadas a partir da multiplicação das solicitações em
situação normal (ver Apêndice B) pelo coeficiente ηfi cujo valor resultou
em 0,69.
Tabela 4.1: Esforços solicitantes da laje 1.
Situação normal Situação de incêndio
mdx (+) mdy (+) mdx,fi (+) mdy,fi (+)
[kN.m/nerv] [kN.m/nerv] [kN.m/nerv] [kN.m/nerv]
17,51 11,73 12,14 8,13

As isotermas das seções transversais (iguais nas duas direções)


para os tempos 30, 60, 90 e 120 min de exposição à curva de incêndio
ISO 834 (1999) estão representados na Figura 4.14:
125

Figura 4.14: Campo de temperatura [oC] na seção transversal da L1.

4.3.1.1 Isolamento térmico

As temperaturas média e máxima dos nós localizados na


superfície da face não exposta ao fogo da capa da laje nervurada de
concreto são apresentados na Figura 4.15.
Figura 4.15: Média e máxima temperaturas na face superior da L1.
θ médio - hf = 8 cm θ máximo - hf = 8 cm
θ médio - hf = 3 cm θ máximo - hf = 3 cm
Δθmáx (θ médio) Δθmáx (θ máx)
450
Temperatura do concreto [oC]

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Para capa de 8 cm, mesmo ao final dos 120 min de análise não
ocorrem incrementos de temperatura superiores a 140 oC em média, ou
126

de 180 oC na temperatura máxima. Verifica-se que a espessura da mesa


poderia, neste caso, ser reduzida em relação à espessura exigida pelo
método tabular da NBR 15200 (2012). Para garantir o isolamento
térmico da laje 1, a espessura mínima de capa exigida pela NBR 6118
(2015) de 3 cm seria suficiente.

4.3.1.2 Esforços resistentes das seções transversais

Os esforços resistentes de cálculo em situação de incêndio em


função do tempo, bem como a temperatura das armaduras são
apresentados na Figura 4.16:
Figura 4.16: Esforços em situação de incêndio na L1.
mRdx,fi (+) mRdy,fi (+) mdx,fi (+)
mdy,fi (+) θsx e θsy (+)
22 700
Momento fletor [kN.m/nerv.]

20
600

Temperatura do aço [oC]


18
16 500
14 400
12
10 300

8 200
6
100
4
2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Verifica-se que as nervuras das duas direções da laje 1 começam
a perder resistência à flexão a partir dos 51 min, tempo no qual a
temperatura das armaduras ultrapassa os 400 oC. A plastificação na
nervura mais solicitada, tanto na direção x quanto na direção y, ocorre
aos 82 min. A resistência ao fogo da laje 1 pode ser tomada como sendo
de 82 min de exposição ao fogo segundo a curva de incêndio padrão
ISO 834 (1999).
Os valores obtidos para os momentos fletores resistentes em
situação do incêndio segundo a modelagem adotada e os métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) estão apresentados na Tabela 4.2:
127

Tabela 4.2: Esforços resistentes da L1 [kN.m/nerv].


Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500 oC faixas
[min]
mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi
30 21,33 13,89 21,69 14,04 21,69 14,04
60 18,75 12,20 19,70 12,10 19,70 12,10
90 10,33 6,69 11,45 6,50 11,45 6,50
120 4,96 3,20 5,64 3,13 5,64 3,13
Verifica-se que os métodos simplificados forneceram resultados
bastante próximos à metodologia adotada neste trabalho. A máxima
diferença entre os resultados dos métodos simplificados e da modelagem
realizada foi de 1,12 kN.m/nervura que corresponde a 10,8%.
Como a laje 1 demonstrou margem de segurança significativa
para 60 min pelo método tabular da NBR 15200 (2012), simulou-se a
mesma para as dimensões mínimas para situação normal (NBR 6118,
2014). Considerou-se neste caso a capa de 3 cm de espessura, nervuras
de 5 cm de largura, e preenchimento entre nervuras de bloco cerâmico
de 19 × 19 × 19 cm. A laje foi armada na direção x com 1 ø 16 mm
(CA-50) c/ 43 cm e na direção y 1 ø 12,5 mm (CA-50) c/ 43 cm. Os
esforços em situação de incêndio para este caso estão apresentados na
Figura 4.17.
Figura 4.17: Esforços em situação de incêndio na L1.
mRdx,fi (+) mRdy,fi (+) mdx,fi (+)
mdy,fi (+) θsx e θsy (+)
18 800 Temperatura do aço [oC]
16
Esforços [kN.m/nerv.]

700
14 600
12
500
10
400
8
300
6
4 200
2 100
0 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
A resistência à flexão da L1 foi de 65 min. O tempo de resistência
ao fogo ficaria limitado pelo isolamento térmico de 60 minutos (ver
128

4.3.1.1). Verifica-se que, pelos critérios de resistência estrutural e


isolamento térmico, as dimensões mínimas em situação normal (NBR
6118, 2014), seriam suficientes para garantir à L1 resistência ao fogo de
60 min. Não foi verificada a estanqueidade da L1 para a capa de 3 cm.

4.3.1.3 Capacidade de carga em situação de incêndio

A capacidade de carga em situação de incêndio da L1, para os


limites: inferior e superior (método das charneiras plásticas) é
apresentada na Figura 4.18.
Figura 4.18: Cargas na L1 em situação de incêndio.
Carga Aplicada Carga de ruína - limite inferior
Carga de ruína - limite superior
22
uniformemente distribuído

20
18
Carregamento

16
[kN/m²]

14
12
10
8
6
4
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 1 apresenta ao início do incêndio uma
margem de segurança significativa em relação ao carregamento
aplicado. A partir de 51 min a capacidade de carga da laje 1 passa a
reduzir, devido à diminuição dos momentos fletores resistentes (Figura
4.16). Embora a plastificação na seção transversal mais solicitada inicie
aos 82 min (limite inferior), pela redistribuição de esforços no regime
plástico, o limite superior é atingido aos 105 min. O ângulo "α" entre as
charneiras e a direção principal da laje foi de 44,5o e permaneceu
inalterado ao longo de toda a análise. Logo, pode-se afirmar que o
mecanismo cinemático que se forma permanece o mesmo do início da
plastificação até a ruína.
129

4.3.1.4 Tempo de resistência ao fogo

O tempo de resistência ao fogo da laje 1 segundo a análise


numérica e os métodos tabulares da NBR 15200 (2012), EN 1992-1-2
(2004) e BS 8110-2 (1985) são apresentados na Tabela 4.3.
Tabela 4.3: Tempo de resistência ao fogo da L1.
Métodos tabulares
Modelagem
NBR 15200 EN 1992-1-2 BS 8110-2 numérica
(2012) (2004) (1985)
60 min 60 min 90 min 82 min

O tempo de resistência ao fogo da laje 1 pela modelagem


numérica foi de 82 min, o qual foi superior ao método tabular da NBR
15200 (2012) e do EN 1992-1-2 (2004), que é de 60 min. Os resultados
ficaram mais próximos, porém um pouco inferiores a BS 8110-2 (1985),
pela qual a L1 possui 90 min de resistência ao incêndio padrão.

4.3.2 Laje 2

O segundo caso estudado consiste novamente em uma laje


nervurada de concreto armado moldado in loco com preenchimento
entre nervuras de blocos cerâmicos. As dimensões geométricas da seção
transversal foram adotadas a fim de atender a 60 min de incêndio pelo
método tabular da NBR 15200 (2012). A planta de formas da L2 é igual
à planta de formas da L1. A diferença entre ambas é a vinculação, pois a
laje 2 é contínua em todo o contorno. Os campos de temperatura e o
isolamento térmico da laje 2 são idênticos aos da laje l. A planta de
armaduras da laje 2 é apresentada na Figura 4.19.
Foram considerados os mesmos carregamentos da laje 1. As
solicitações em situação de incêndio apresentadas na Tabela 4.4 foram
determinadas a partir da multiplicação das solicitações em situação
normal pelo coeficiente ηfi cujo valor resultou em 0,6934.
Tabela 4.4: Esforços solicitantes da L2.
Situação normal Situação de incêndio
mdx,fi mdy,fi mdx,fi mdy,fi mdx,fi mdy,fi mdx,fi mdy,fi
(+) (+) (-) (-) (+) (+) (-) (-)
[kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/
nerv] nerv] nerv] nerv] nerv] nerv] nerv] nerv]
6,01 3,67 11,62 9,56 4,16 2,54 8,06 6,63
130

Figura 4.19: Armaduras da laje 2.

4.3.2.1 Esforços resistentes das seções transversais

Os esforços resistentes de cálculo em situação de incêndio em


função do tempo são apresentados na Figura 4.20. Verifica-se que as
nervuras da laje 2 começam a perder resistência ao momento fletor
positivo a partir dos 50 min em ambas as direções, tempo no qual a
temperatura das armaduras ultrapassa os 400 oC. A resistência à flexão
negativa se reduz desde o início da exposição ao fogo, porém muito
mais lentamente. A temperatura das armaduras negativas fica abaixo de
400 oC nas duas horas de análise, a diminuição de resistência neste
período se deve ao aquecimento do concreto na região comprimida. A
plastificação da seção transversal mais solicitada ao momento fletor
positivo ocorre primeiramente na direção x após 92 min e na direção y
após 113 min. Não se constatou falha pelo momento fletor negativo nos
120 min de análise. A resistência ao fogo da laje 2 pode ser tomada
131

como sendo de 92 min de exposição à curva de incêndio padrão ISO 834


(1999).
Figura 4.20: Esforços em situação de incêndio na L2.
mRdx,fi e mRdy,fi (+) mdx,fi (+)
mdy,fi (+) mRdx,fi (-)
mRdy,fi (-) mdx,fi (-)
Mdy,fi (-) θsx e θsy (+)
θsx e θsy (-)
18 700

16 600
Momento fletor [kN.m/nerv.]

Temperatura do aço [oC]


14
500
12
400
10
300
8
200
6

4 100

2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Os valores obtidos pela metodologia adotada e pelos métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) para os momentos fletores
resistentes em situação do incêndio são comparados na Tabela 4.5 para
os momentos fletores positivos, e na Tabela 4.6 para os momentos
fletores negativos.
Tabela 4.5: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em situação de
incêndio na L2 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500 oC faixas
[min]
mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi
30 9,10 9,10 9,28 9,28 9,28 9,28
60 7,98 7,98 7,99 7,99 7,99 7,99
90 4,36 4,36 4,28 4,28 4,28 4,28
120 2,09 2,09 2,05 2,05 2,05 2,05
132

Tabela 4.6: Momentos fletores resistentes negativos por nervura em situação de


incêndio na L2 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500 oC faixas
[min]
mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi
30 15,98 12,80 13,70 12,84 14,59 13,73
60 14,93 12,05 13,28 12,45 13,99 13,18
90 13,89 11,32 11,61 10,89 13,00 12,21
120 12,81 10,54 9,93 9,33 12,04 11,41

Verifica-se que os métodos simplificados e a metodologia


adotada neste trabalho fornecem resultados próximos para os momentos
positivos. A máxima diferença entre os métodos simplificados e a
metodologia adotada foi de 0,18 kN.m/nervura que corresponde a
1,98%. Para os momentos fletores negativos, verifica-se que os métodos
simplificados e a metodologia adotada neste trabalho apresentam
diferenças maiores do que para os momentos positivos. A máxima
diferença entre os resultoados os métodos simplificados e da
metodologia adotada foi de 2,88 kN∙m/nervura que corresponde a
22,45%. Ainda assim, pode-se afirmar que os esforços determinados
para a laje 2 pelos métodos da isoterma de 500 oC e pelo método das
faixas apresentaram aproximação suficiente para análise da seção
transversal em estudo, pois atendem ao mesmo tempo requerido de
resistência ao fogo que a análise numérica mais elaborada.
Como a laje 2 demonstrou margem de segurança significativa
para 60 min pelo método tabular da NBR 15200 (2012), simulou-se a
mesma para as dimensões mínimas exigidas pela NBR 6118 (2015) para
situação normal. Considerou-se neste caso a capa de 3 cm de espessura,
nervuras de 5 cm de largura, e preenchimento entre nervuras de bloco
cerâmico de 19 × 19 × 19 cm. Foi adotada armadura positiva na direção
x de 1 ø 10 mm (CA-50) c/ 43 cm e na direção y 1 ø 8 mm (CA-50) c/
43 cm e armadura negativa na direção x de 1 ø 8 mm (CA-50) c/ 15 cm
e na direção y 1 ø 6.3 mm (CA-50) c/ 12 cm. Os esforços em situação de
incêndio para a L2 quando projetada segundo as dimensões mínimas em
situação normal estão apresentados na Figura 4.21.
A falha à flexão da nervura mais solicitada ocorre na direção x,
devido ao momento fletor positivo, aos 65 min. O tempo de resistência
ao fogo ficaria limitado pelo isolamento térmico de 60 min (ver 4.3.1.1).
Verifica-se que as dimensões mínimas para situação normal (NBR 6118,
2014), seriam suficientes para garantir à L2 resistência ao fogo de 60
133

min pelos critérios de resistência estrutural e isolamento térmico. Não


foi verificada a estanqueidade da L2 para a capa de 3 cm.
Figura 4.21: Esforços em situação de incêndio na L2.
mRdx,fi (+) mRdy,fi (+) mdx,fi (+)
mdy,fi (+) mRdx,fi (-) mRdy,fi (-)
mdx,fi (-) Mdy,fi (-) θsx e θsy (+)
θsx e θsy (-)
12 800
Momento fletor [kN.m/nerv.]

Temperatura do aço [oC]


10
600
8
400
6
200
4

2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]

4.3.2.2 Capacidade de carga em situação de incêndio

A capacidade de carga em situação de incêndio da L2 para os


limites inferior e superior é apresentada na Figura 4.22.
Figura 4.22: Cargas na L2 em situação de incêndio.
Carga Aplicada Carga de ruína - limite inferior
Carga de ruína - limite superior
Carregamento uniformemente

28
26
24
distribuído [kN/m²]

22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
0 30 60 90 120
Tempo [min]
134

Verifica-se que a laje 2 possui ao início do incêndio uma margem


de segurança significativa. Embora o limite inferior seja atingido aos 92
min, com a redistribuição de esforços no regime plástico, a carga de
ruína aos 120 min pelo limite superior ainda é 2,2 vezes maior do que a
carga aplicada. O ângulo "α" entre as charneiras e a direção principal da
laje foi de 47,2o e permaneceu inalterado ao longo de toda a análise.

4.3.2.3 Tempo de resistência ao fogo

O tempo de resistência ao fogo da laje 2 segundo a análise


numérica e os métodos tabulares da NBR 15200 (2012), EN 1992-1-2
(2004) e BS 8110-2 (1985) são apresentados na Tabela 4.7.
Tabela 4.7: Tempo de resistência ao fogo da L2.
Métodos tabulares
Modelagem
NBR 15200 EN 1992-1-2 BS 8110-2 numérica
(2012) (2004) (1985)
60 min 60 min 90 min 92 min

O tempo de resistência ao fogo da laje 2 pela modelagem


numérica foi de 92 min, o qual que coincide com o especificado pela
antiga norma britânica BS 8110-2 (1985). Os resultados da modelagem
numérica indicaram tempo de resistência ao fogo consideravelmente
superior ao especificado pelo método tabular da NBR 15200 (2012) e do
EN 1992-1-2 (2004) que é de 60 min.

4.3.3 Laje 3

O terceiro caso estudado consiste em uma laje nervurada de


concreto armado moldado in loco, com preenchimento entre nervuras de
blocos de poliestireno expandido (EPS) e simplesmente apoiada em todo
o contorno. As dimensões geométricas da seção transversal foram
adotadas a fim de atender a 60 min de incêndio pelo método tabular da
NBR 15200 (2012). A planta de formas da laje 3 está apresentada na
Figura 4.23 e a planta de armaduras é apresentada na Figura 4.24.
135

Figura 4.23: Planta de formas da laje 3.

Figura 4.24: Armaduras da laje 3.


136

A laje 3 foi considerada como parte de uma estrutura de edifício


residencial, com peso próprio de 3,56 kN/m², à qual é adicionada uma
carga permanente uniformemente distribuída de 1 kN/m² e carga
acidental uniformemente distribuída de 1,5 kN/m². Pela combinação
excepcional de ações em situação de incêndio o carregamento
uniformemente distribuído de cálculo em situação de incêndio é de 5,71
kN/m².
As solicitações em situação de incêndio apresentadas na Tabela
4.8 foram determinadas a partir da multiplicação das solicitações em
situação normal pelo coeficiente ηfi cujo valor resultou em 0,67.
Tabela 4.8: Esforços solicitantes da laje L3.
Situação normal Situação de incêndio
mdx (+) mdy (+) mdx,fi (+) mdy,fi (+)
[kN.m/nerv] [kN.m/nerv] [kN.m/nerv] [kN.m/nerv]
15,69 10,51 10,56 7,08

Os campos de temperatura nas seções transversais (iguais nas


duas direções) para os tempos de exposição de 30, 60, 90 e 120 min à
curva de incêndio ISO 834 (1999) estão representados na Figura 4.25:
Figura 4.25: Campo de temperatura [oC] na seção transversal da L3.
137

4.3.3.1 Isolamento térmico

Os valores das temperaturas média e máxima dos nós localizados


na superfície da face não exposta ao fogo da capa da laje nervurada de
concreto são apresentados na Figura 4.26.
Figura 4.26: Média e Máxima temperaturas na face superior da L3.
θ médio θ máximo
Δθmáx (θ médio) Δθmáx (θ máx)
350
Temperatura do concreto [oC]

300

250

200

150

100

50

0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
A laje 3 possui isolamento térmico de 74 min, tempo no qual não
ocorrem incrementos de temperatura superiores a 140 oC em média, ou a
180 oC na temperatura máxima. Verifica-se que a espessura de capa
definida pelo método tabular da NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2
(2004) representa bem o caso estudado na L3.

4.3.3.2 Esforços resistentes das seções transversais

Os esforços resistentes de cálculo em situação de incêndio em


função do tempo são apresentados na Figura 4.27. Verifica-se que as
nervuras das duas direções da laje 3 começam a perder resistência à
flexão a partir dos 35 min, tempo no qual a temperatura das armaduras
ultrapassa os 400 oC. A falha à flexão da seção transversal mais
solicitada ocorre na direção x aos 59 min. A resistência ao fogo da laje 3
pode ser tomada como sendo de 59 min de exposição à curva de
incêndio padrão ISO 834 (1999).
138

Figura 4.27: Esforços em situação de incêndio na L3.


mRdx,fi (+) mRdy,fi (+) mdx,fi (+)
mdy,fi (+) θsx (+) θsy (+)
24 1000
22 900

Temperatura do aço [oC]


Esforços [kN.m/nerv.]

20 800
18 700
16
600
14
500
12
400
10
8 300
6 200
4 100
2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Os valores obtidos para os momentos fletores resistentes em
situação de incêndio segundo a metodologia adotada e os métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) são comparados na Tabela 4.9:
Tabela 4.9: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em situação de
incêndio na L3 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500oC faixas
[min] mrdx,fi mrdy,fi mrdx,fi mrdy,fi mrdx,fi mrdy,fi
(+) (+) (+) (+) (+) (+)
30 22,58 14,69 22,94 14,84 22,94 14,84
60 10,45 7,58 10,51 7,64 10,51 7,64
90 3,58 2,63 3,66 2,67 3,66 2,67
120 1,76 1,25 1,80 1,22 1,80 1,22

Verifica-se que os métodos simplificados forneceram resultados


para os momentos fletores resistentes bastante próximos à metodologia
adotada neste trabalho. A máxima diferença entre os resultados obtidos
pelos métodos simplificados e a metodologia adotada foi de 0,36
kN.m/nervura que corresponde a 1,6%.
139

4.3.3.3 Capacidade de carga em situação de incêndio

A capacidade de carga em situação de incêndio da L3 para o


limite inferior e o limite superior é apresentada na Figura 4.28.
Figura 4.28: Cargas na L3 em situação de incêndio.
Carga Aplicada Carga de ruína - limite inferior
Carga de ruína - limite superior
Carregamento uniformemente

22
20
18
distribuído [kN/m²]

16
14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 3 possui ao início do incêndio certa
margem de segurança. A partir de 35 min a capacidade de carga da laje
3 passa a reduzir, sendo superior ao carregamento aplicado até os 59
min pelo limite inferior, e 71 min pelo limite superior (considerando
redistribuição de esforços pelo método das charneiras plásticas). O
ângulo "α" entre as charneiras e a direção principal da laje foi de 44,3o e
permaneceu inalterado ao longo de toda a análise.

4.3.3.4 Tempo de resistência ao fogo

O tempo de resistência ao fogo da laje 3 segundo a análise


numérica desenvolvida e segundo os métodos tabulares da NBR 15200
(2012), EN 1992-1-2 (2004) e BS 8110-2 (1985) são apresentados na
Tabela 4.10.
Tabela 4.10: Tempo de resistência ao fogo da L3.
Métodos tabulares
Modelagem
NBR 15200 EN 1992-1-2 BS 8110-2 numérica
(2012) (2004) (1985)
60 min 60 min 30 min 59 min
140

O tempo de resistência ao fogo da laje 3 pela modelagem


numérica foi de 59 min, tempo muito próximo do método tabular da
NBR 15200 (2012) e do EN 1992-1-2 (2004), que é de 60 min. Pelo
método tabular da BS 8110-2 (1985) a laje 3 apresenta resistência ao
fogo de 30 min. Para atender aos 60 min pelo método da BS 8110-2
(1985) a espessura da capa deveria ser aumentada para 9 cm.

4.3.4 Laje 4

O quarto caso estudado consiste em uma laje nervurada de


concreto armado, moldado in loco com preenchimento entre nervuras de
blocos de poliestireno expandido (EPS). As dimensões geométricas da
seção transversal foram adotadas a fim de atender a 60 min de incêndio
pelo método tabular da NBR 15200 (2012). A planta de formas da L4 é
igual à planta de formas da L3. A diferença entre ambas é a vinculação,
pois a laje 4 é contínua em todo o contorno. Os campos de temperatura e
o isolamento térmico da laje 4 são idênticos aos da Laje 3. A planta de
armaduras da laje 4 é apresentada na Figura 4.29.
Figura 4.29: Armaduras da laje 4.
141

Foram considerados os mesmos carregamentos da laje 3. As


solicitações em situação de incêndio apresentadas na Tabela 4.11 foram
determinadas a partir da multiplicação das solicitações em situação
normal pelo coeficiente ηfi cujo valor resultou em 0,6729.
Tabela 4.11: Esforços solicitantes da L4.
Situação normal Situação de incêndio
mdx,fi mdy,fi mdx,fi mdy,fi mdx,fi mdy,fi mdx,fi mdy,fi
(+) (+) (-) (-) (+) (+) (-) (-)
[kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/ [kN.m/
nerv] nerv] nerv] nerv] nerv] nerv] nerv] nerv]
5,38 3,28 10,40 8,57 3,62 2,20 7,00 5,77

4.3.4.1 Esforços resistentes das seções transversais

Os esforços resistentes de cálculo em situação de incêndio em


função do tempo são apresentados na Figura 4.30.
Figura 4.30: Esforços em situação de incêndio na L4.
mRdx,fi e mRdy,fi (+) mdx,fi (+)
mdy,fi (+) mRdx,fi (-)
mRdy,fi (-) mdx,fi (-)
mdy,fi (-) θsx e θsy(+)
θsx e θsy(-)
18,00 900
Momento fletor [kN.m/nerv.]

Temperatura do aço [oC]


16,00 800
14,00 700
12,00 600
10,00 500
8,00 400
6,00 300
4,00 200
2,00 100
0,00 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Verifica-se que as nervuras da laje 4 começam a perder
resistência e ao momento fletor positivo a partir dos 30 min em ambas
as direções, tempo no qual a temperatura das armaduras ultrapassa os
400 oC. A resistência à flexão negativa se reduz desde o início da
142

exposição ao fogo. A redução da resistência ao momento fletor negativo


se acentua após 81 min quando a temperatura das armaduras negativas
atinge 400 oC. A falha à flexão da seção transversal mais solicitada ao
momento fletor positivo ocorre na direção x após 62 min e na direção y
aos 75 min. A ruptura causada pelo momento fletor negativo ocorre
primeiro na direção y aos 113 min, não ocorrendo ruptura na direção x
durante os 120 min da análise. A resistência ao fogo da laje 4 pode ser
tomada como sendo de 62 min de exposição à curva de incêndio padrão
ISO 834 (1999).
Os valores obtidos para os momentos fletores resistentes
positivos em situação de incêndio segundo a metodologia adotada e os
métodos simplificados do EN 1992-1-2 (2004) são apresentados na
Tabela 4.12, os valores para os momentos fletores resistentes negativos
são apresentados na Tabela 4.13.
Tabela 4.12: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em situação de
incêndio na L4 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500 oC faixas
[min] mrdx,fi mrdy,fi mrdx,fi mrdy,fi mrdx,fi mrdy,fi
(+) (+) (+) (+) (+) (+)
30 9,60 9,60 9,79 9,79 9,79 9,79
60 4,02 4,02 4,44 4,06 4,44 4,06
90 1,36 1,36 1,54 1,37 1,54 1,37
120 0,69 0,69 0,76 0,70 0,76 0,70
Tabela 4.13: Momentos fletores resistentes negativos por nervura em situação
de incêndio na L4 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500 oC faixas
[min] mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi
(-) (-) (-) (-) (-) (-)
30 16,43 10,81 12,89 8,34 14,86 9,68
60 14,47 9,85 11,72 7,69 12,96 8,67
90 11,49 8,16 10,21 6,80 11,14 7,76
120 7,19 5,16 6,92 4,71 8,16 5,89

A máxima diferença entre os resultados obtidos pelos métodos


simplificados e pela metodologia adotada, para os momentos fletores
positivos, foi de 0,42 kN.m/nervura que corresponde a 10,55%. A
máxima diferença entre os resultados obtidos pelos métodos para os
143

momentos fletores negativos foi de 3,54 kN∙m/nervura que corresponde


à uma diferença 21,56%. Verifica-se que os esforços determinados para
a laje 4 pelos métodos da isoterma de 500 oC e pelo método das faixas
apresentaram aproximação suficiente para análise da seção transversal
em estudo, atendendo o mesmo tempo requerido de resistência ao fogo
que a modelagem numérica.

4.3.4.2 Capacidade de carga em situação de incêndio

A capacidade de carga em situação de incêndio da L4,


determinada para os limites inferior e superior (determinada a partir do
método das charneiras plásticas) é apresentada na Figura 4.31.
Figura 4.31: Cargas na L4 em situação de incêndio.
Carga Aplicada Carga de ruína - limite inferior
Carga de ruína - limite superior
Carregamento uniformemente

28
26
24
distribuído [kN/m²]

22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 4, contínua em todo o contorno, possui
margem de segurança significativa quando considerada a redistribuição
de esforços que ocorre no regime plástico. Enquanto o limite inferior é
atingido aos 62 min, o limite superior (que considera a redistribuição de
esforços) ao final dos 120 min da análise ainda apresenta carga de ruína
é 31% maior do que a carga aplicada. O ângulo "α" entre as charneiras
e a direção principal da laje foi de 47,0o e permaneceu inalterado ao
longo de toda a análise.
144

4.3.4.3 Tempo de resistência ao fogo

O tempo de resistência ao fogo da laje 4 segundo a análise


numérica e os métodos tabulares da NBR 15200 (2012), EN 1992-1-2
(2004) e BS 8110-2 (1985) são apresentados na Tabela 4.14.
Tabela 4.14: Tempo de resistência ao fogo da L4.
Métodos tabulares
Modelagem
NBR 15200 EN 1992-1-2 BS 8110-2 numérica
(2012) (2004) (1985)
60 min 60 min 30 min 62 min

O tempo de resistência ao fogo da laje 4 pela modelagem


numérica foi de 62 min, coincidindo com os valores especificados pelo
método tabular da NBR 15200 (2012) e do EN 1992-1-2 (2004). Pelo
método tabular da BS 8110-2 (1985) a laje 4 apresenta resistência ao
fogo de 30 min. Para atender aos 60 min de resistência ao fogo segundo
o método da BS 8110-2 (1985) a espessura da capa deveria ser
aumentada para 9 cm.

4.3.5 Laje 5

O quinto e último caso estudado consiste em uma laje nervurada


de concreto armado moldado in loco, com preenchimento entre nervuras
de blocos de poliestireno expandido (EPS). A laje é unidirecional
(nervuras apenas na direção principal) e simplesmente apoiada. As
dimensões geométricas da seção transversal foram adotadas a fim de
atender a 30 min de incêndio pelo método tabular da NBR 15200
(2012). A planta de formas da laje 5 é apresentada na Figura 4.32 e a
planta de armaduras da laje 5 é apresentada na Figura 4.33.
A laje 5 foi considerada como parte de uma estrutura de edifício
comercial, com peso próprio de 2,09 kN/m², à qual é adicionada uma
carga permanente uniformemente distribuída de 1 kN/m² e carga
acidental uniformemente distribuída de 2,0 kN/m². Pela combinação
excepcional de ações em situação de incêndio o carregamento
uniformemente distribuído de cálculo em situação de incêndio é de 4,26
kN/m². As solicitações em situação de incêndio apresentadas na Tabela
4.15 foram determinadas a partir da multiplicação das solicitações em
situação normal pelo coeficiente ηfi cujo valor resultou em 0,5978.
145

Figura 4.32: Planta de formas da laje 5.

Figura 4.33: Armaduras da laje 5.

Tabela 4.15: Esforços solicitantes da L5.


Situação normal Situação de incêndio
mdx (+) [kN.m/nerv] mdx,fi (+) [kN.m/nerv]
6,846 4,096
146

Os campos de temperatura da seção transversal para os tempos de


exposição de 30, 60, 90 e 120 min à curva de incêndio ISO 834 (1999)
estão representados na Figura 4.34.
Figura 4.34: Campo de temperatura na seção transversal da L5.

4.3.5.1 Isolamento térmico

Os valores das temperaturas média e máxima dos nós localizados


na superfície da face não exposta ao fogo da capa da laje nervurada de
concreto são apresentados na Figura 4.35.
Figura 4.35: Média e Máxima temperaturas na face superior da L5.
θ médio θ máximo
Δθmáx (θ médio) Δθmáx (θ máx)
Temperatura do concreto [oC]

450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
A laje 5 possui isolamento térmico de 45 min, tempo no qual não
ocorrem incrementos de temperatura superiores a 140 oC em média, ou a
147

180 oC na temperatura máxima. Verifica-se que a espessura de capa


definida pelo método tabular da NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2
(2004) representa bem (embora de maneira ligeiramente conservadora) o
caso estudado na L5.

4.3.5.2 Esforços resistentes das seções transversais

Os momentos fletores resistente e solicitante de cálculo, em


situação de incêndio, em função do tempo são apresentados na Figura
4.36:
Figura 4.36: Esforços em situação de incêndio na L5.
mRdx,fi (+) mdx,fi (+) θsx (+)
12,00 1000

Temperatura do aço
Momento fletor

10,00 800
[kN.m/nerv.]

8,00 600

[oC]
6,00 400
4,00 200
2,00 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Verifica-se que as nervuras da laje 5 começam a perder
resistência à flexão a partir dos 30 min, tempo no qual a temperatura das
armaduras ultrapassa os 400 oC. A plastificação da seção transversal
mais solicitada ocorre aos 56 min. Neste caso o tempo de resistência ao
fogo seria limitado aos 45 min devido ao isolamento térmico.
Os valores obtidos para os momentos fletores resistentes em
situação de incêndio segundo a metodologia adotada e os métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) são apresentados na Tabela 4.16.
Tabela 4.16: Momentos fletores positivos resisntentes por nervura em situação
de incêndio na L5 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo [min] adotada 500 oC faixas
mRdx,fi (+) mrdx,fi (+) mrdx,fi (+)
30 11,09 11,47 11,47
60 3,41 3,71 3,71
90 1,09 1,16 1,16
120 0,63 0,66 0,66
148

Verifica-se que os métodos simplificados forneceram resultados


próximos a metodologia adotada neste trabalho. A máxima diferença
entre os resultados dos métodos simplificados e da metodologia adotada
foi de 0,38 kN.m/nervura que corresponde a 3,46%.

4.3.5.3 Capacidade de carga em situação de incêndio

A capacidade de carga em situação de incêndio da L5


determinada a partir do método das charneiras plásticas é apresentada na
Figura 4.37.
Figura 4.37: Cargas na L5 em situação de incêndio.
Carga de ruína Carga Aplicada
12
11
distribuído [kN/m²]

10
uniformemente
Carregamento

9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 5, simplesmente apoiada e armada em uma
só direção, possui ao início do incêndio certa margem de segurança. O
colapso ocorreria aos 56 min, tempo no qual ocorre a ruptura da seção
mais solicitada ao momento fletor positivo. Ou seja, a formação de uma
única rótula plástica ou linha de plastificação é suficiente para ocasionar
o colapso da laje em questão.

4.3.5.4 Tempo de resistência ao fogo

O tempo de resistência ao fogo da laje 5 segundo a análise


numérica desenvolvida e segundo os métodos tabulares da NBR 15200
(2012), EN 1992-1-2 (2004) e BS 8110-2 (1985) é apresentado na
Tabela 4.17.
O tempo de resistência ao fogo da laje 5 pela modelagem
numérica foi de 45 min, tempo superior ao do método tabular da NBR
15200 (2012) e do EN 1992-1-2 (2004) que foi de 30 min. Pelo método
tabular da BS 8110-2 (1985) para que a laje 5 tenha resistência ao fogo
149

de 30 min, a espessura da capa deveria ser aumentada para 7 cm. O


tempo de resistência ao fogo foi superior ao método tabular
principalmente no desempenho estrutural que pela análise numérica é de
56 min. Isto se deve primeiro ao valor baixo do coeficiente ηfi, que
resultou em 0,5978. Outro fator que colaborou neste sentido, é o fato da
área de aço efetiva ser consideravelmente superior à área de aço
calculada para a nervura (As,calc/As,ef = 0,71). Contribui ainda o fato de a
nervura ser armada com uma única barra, de modo que ela se posiciona
mais afastada das faces laterais da nervura expostas ao fogo.
Tabela 4.17: Tempo de resistência ao fogo da L5.
Métodos tabulares
Modelagem
NBR 15200 EN 1992-1-2 BS 8110-2 numérica
(2012) (2004) (1985)
30 min 30 min --- 45 min

4.4 DISCUSSÕES COMPLEMENTARES

Nesta seção são discutidos os resultados quanto ao isolamento


térmico, o desempenho estrutural e o tempo de resistência ao fogo das
cinco lajes estudadas.
Os resultados da análise numérica para o isolamento térmico das
cinco lajes estudadas são apresentados na Tabela 4.18.
Tabela 4.18: Isolamento térmico das lajes.
Geometria da seção Isolamento
Material de transversal [cm]
Laje térmico
enchimento
bw h hf ix iy [min]
bloco
1 12 22 8 50 50 > 120
cerâmico
bloco
2 12 22 8 50 50 > 120
cerâmico
3 EPS 12 23 8 52 52 74
4 EPS 12 23 8 52 52 74
5 EPS 8 16 6 48 --- 45

Verifica-se que a adoção de um material não combustível para o


preenchimento da região entre nervuras da laje, faz com que o
aquecimento da capa ocorra de forma bem mais lenta do que ocorreria
se a sua superfície inferior fosse exposta diretamente ao fogo,
150

conferindo maior isolamento térmico. Para as lajes com preenchimento


entre nervuras de blocos de EPS, as dimensões mínimas recomendadas
para espessura de capa pelo método tabular da NBR 15200 (2012) foram
suficientes e ligeiramente conservadoras, enquanto para as lajes com
preenchimento entre nervuras de blocos cerâmicos, a espessura de capa
poderia ser reduzida.
Os resultados da análise numérica para o desempenho estrutural
em situação de incêndio das cinco lajes são apresentados na Tabela 4.19.
Tabela 4.19: Desempenho estrutural das lajes nervuradas em situação de
incêndio.
Tempo de falha à flexão da seção Tempo de
transversal mais solicitada [min] ruína da
Laje vinculação laje - limite
direção direção direção direção
superior
x (+) y (+) x (-) y (-)
[min]
Simplesmente
1 Apoiada
82 82 --- --- 105
contínua nas
2 4 bordas
92 113 > 120 > 120 > 120
Simplesmente
3 Apoiada
59 62 --- --- 71
contínua nas
4 4 bordas
62 75 > 120 113 > 120
Simplesmente
5 Apoiada
56 --- --- --- 56

Verifica-se que, em situação de incêndio, a falha à flexão ocorre


inicialmente nas seções solicitadas ao momento fletor positivo em todas
as cinco lajes. As lajes 1 e 2, com enchimento entre nervuras de blocos
cerâmicos, apresentaram melhor desempenho estrutural em situação de
incêndio devido ao campo de temperaturas mais brando e, por
consequência, menor degradação das propriedades mecânicas. Verifica-
se também que a laje 5, simplesmente apoiada e armada em uma só
direção, sofre colapso com a formação de uma única rótula plástica. As
lajes 1 e 3, simplesmente apoiadas e armadas em cruz, apresentam
alguma margem de segurança se considerada a redistribuição de
esforços no regime plástico. As lajes 2 e 4, contínuas em todo contorno
e armadas em cruz, indicam permitir uma capacidade de carga
significativamente maior, se considerada a redistribuição de esforços no
regime plástico. Particularmente a laje 4, embora sofra falha à flexão aos
62 min, não atinge o limite superior antes dos 120 min. O limite superior
151

estabele um valor máximo possível para a carga de ruína, sendo


provável que o valor real do carregamento de colapso seja inferior a este
limite. Ressalta-se que não foi considerado o quesito de estanqueidade
para determinação do tempo de resistência ao fogo da laje.
Os resultados da análise numérica para o tempo de resistência ao
fogo das cinco lajes são apresentados na Tabela 4.20.
Tabela 4.20: Tempo de resistência ao fogo das lajes.
análise métodos tabulares [min]
Laje numérica NBR 15200 EN 1992-1-2 BS 8110-2
[min] (2012) (2004) (1985)
1 82 60 60 90
2 92 60 60 90
3 59 60 60 30
4 62 60 60 30
5 45 30 30 ---

Verifica-se que as lajes com material de enchimento entre


nervuras de blocos cerâmicos apresentaram resultados mais próximos do
método tabular da norma britânica BS 8110-2 (1985), que trata estas
lajes de forma distinta daquelas em que as faces laterais da nervura e
fundo da capa são expostas diretamente ao fogo. As lajes cujas faces
laterais das nervuras e o fundo da nervura e da capa são expostos
diretamente ao fogo, são mais bem caracterizadas pelo método tabular
da NBR 15200 (2012) e do EN 1992-1-2 (2004). Entre todas as lajes
analisadas a laje L2 apresentou maior tempo de resistência ao fogo.

4.5 ANÁLISE ESTRUTURAL PARAMÉTRICA

Considerando-se a seção transversal das lajes 2 e 4 na direção x,


desenvolveram-se análises paramétricas sobre a influência da largura da
nervura e do cobrimento na resistência à flexão.

4.5.1 Influência da largura da nervura

Os resultados obtidos para o momento fletor resistente positivo e


negativo em função do tempo de exposição ao fogo, variando-se apenas
a espessura das nervuras na direção x para a L2 estão apresentados na
Figura 4.38 e para a L4 na Figura 4.39.
152

Figura 4.38: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L2.


bw: 10 cm mRdfi (+) bw: 10 cm mRdfi (-)
bw: 12 cm mRdfi (+) bw: 12 cm mRdfi (-)
bw: 14 cm mRdfi (+) bw: 14 cm mRdfi (-)
bw: 16 cm mRdfi (+) bw: 16 cm mRdfi (-)
bw: 18 cm mRdfi (+) bw: 18 cm mRdfi (-)
bw: 20 cm mRdfi (+) bw: 20 cm mRdfi (-)
18
Momento fletor resistente

16
14
[kN.m/nerv]

12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Figura 4.39: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L4.
bf: 10 cm mRdfi (+) bf: 10 cm mRdfi (-)
bf: 12 cm mRdfi (+) bf: 12 cm mRdfi (-)
bf: 14 cm mRdfi (+) bf: 14 cm mRdfi (-)
bf: 16 cm mRdfi (+) bf: 16 cm mRdfi (-)
bf: 18 cm mRdfi (+) bf: 18 cm mRdfi (-)
bf: 20 cm mRdfi (+) bf: 20 cm mRdfi (-)
20
Momento fletor resistente

18
16
[kN.m/nerv]

14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Para melhor visualização dos resultados, são apresentados na
Tabela 4.21 os percentuais de acréscimo ou decréscimo no valor do
153

momento fletor resistente das seções transversais em relação à seção de


bw = 12 cm.
Tabela 4.21: Acréscimo no valor do momento fletor [%].
L2 L4
bw [cm]
mRd,fi (+) mRd,fi (-) mRd,fi (+) mRd,fi (-)
30 min
10 0,0 -2,5 0,0 -4,0
14 0,0 1,8 0,0 2,7
16 0,0 3,2 0,0 4,6
18 0,0 4,3 0,0 6,0
20 0,0 5,2 0,0 7,1
60 min
10 -2,4 -3,6 -23,3 -10,2
14 1,1 2,6 0,6 5,9
16 1,8 4,6 3,8 9,7
18 2,4 6,2 5,1 12,4
20 2,8 7,4 5,6 14,4
90 min
10 -7,8 -5,3 -28,0 -17,5
14 5,7 3,8 7,9 11,3
16 8,7 6,6 16,8 18,1
18 11,0 8,7 21,9 22,7
20 12,4 10,4 24,1 26,1
120 min
10 -10,0 -7,7 -20,7 -7,2
14 11,5 5,3 9,6 14,5
16 18,2 9,2 18,2 23,0
18 23,4 12,2 24,0 28,6
20 25,8 14,4 26,9 32,5

Verifica-se que a largura da nervura apresentou maior influência


na resistência à flexão da laje com preenchimento entre nervuras de EPS
(L4) do que na laje com preenchimento entre nervuras de bloco
cerâmico (L2). Para a laje 2, aos 90 min de exposição ao fogo, a
nervura com 16 cm de largura eleva o valor momento fletor resistente
positivo em relação à nervura de 12 cm em apenas 8,7%, enquanto na
154

L4 o momento fletor aumenta em 16,8%. Neste mesmo caso, o


momento fletor negativo se eleva em apenas 6,6% na L2, enquanto na
L4 o acréscimo é de 18,1%. Verifica-se também que a redução da
largura da nervura de 12 cm para 10 cm tem pouca influência sobre a
L2, porém considerável influência sobre a L4.
A maior elevação percentual no valor do momento fletor positivo
foi de 32,5% para nervura de 20 cm de largura aos 120 minutos de
exposição ao fogo. Ressalta-se que o aumento da largura da nervura
implica em maior consumo de material e elevação do peso próprio da
laje. Logo os ganhos na resistência obtidos com o aumento da largura da
nervura além de discretos implicam ainda em elevação das solicitações.

4.5.2 Influência do cobrimento das armaduras

Os resultados obtidos para o momento fletor resistente positivo e


negativo em função do tempo de exposição ao fogo, variando-se apenas
o cobrimento das armaduras, sem varia a altura total da peça, na direção
x para a L2 estão apresentados na Figura 4.40 e para a L4 na Figura
4.41.
Figura 4.40: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L2.
cobr.: 1,5 cm mRdfi (+) cobr.: 1,5 cm mRdfi (-)
cobr.: 2,0 cm mRdfi (+) cobr.: 2,0 cm mRdfi (-)
cobr.: 2,5 cm mRdfi (+) cobr.: 2,5 cm mRdfi (-)
cobr.: 3,0 cm mRdfi (+) cobr.: 3,0 cm mRdfi (-)
cobr.: 3,5 cm mRdfi (+) cobr.: 3,5 cm mRdfi (-)
20
Momento fletor resistente

18
16
[kN.m/nerv]

14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
155

Figura 4.41: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L4.


cobr.: 1,5 cm mRdfi (+) cobr.: 1,5 cm mRdfi (-)
cobr.: 2,0 cm mRdfi (+) cobr.: 2,0 cm mRdfi (-)
cobr.: 2,5 cm mRdfi (+) cobr.: 2,5 cm mRdfi (-)
cobr.: 3,0 cm mRdfi (+) cobr.: 3,0 cm mRdfi (-)
cobr.: 3,5 cm mRdfi (+) cobr.: 3,5 cm mRdfi (-)
20
Momento fletor resistente

18
16
[kN.m/nerv]

14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Para os momentos fletores negativos, verificou-se que quanto
menor o cobrimento, maior o momento fletor resistente, tanto em
situação normal quanto em situação de incêndio. Em temperatura
ambiente, menores cobrimentos resultam em maior altura útil (d). Em
situação de incêndio, além de maior altura útil, cobrimentos menores
para armaduras negativas também resultam em menor temperatura.
Para os momentos fletores positivos, verificou-se que em situação
normal há um pequeno acréscimo ao valor do momento fletor resistente
para menores cobrimentos, devido à maior altura útil. No entanto em
situação de incêndio, menores cobrimentos resultam em reduções
consideráveis de resistência, devido à maior temperatura desenvolvida
nas armaduras.
Para melhor visualização dos resultados, são apresentados na
Tabela 4.22 os percentuais de acréscimo ou decréscimo no valor do
momento fletor das seções transversais em relação à seção de
cobrimento = 2,5 cm.
156

Tabela 4.22: Acréscimo no valor do momento fletor [%].


Cobr. L2 L4
[cm] mRd,fi (+) mRd,fi (-) mRd,fi (+) mRd,fi (-)
30 min
1,5 5,5 6,3 -29,8 6,1
2 2,7 3,1 -9,4 3,0
3 -2,7 -3,1 -2,6 -3,0
3,5 -5,6 -6,3 -5,2 -6,1
60 min
1,5 -36,1 6,8 -60,9 7,0
2 -14,3 3,4 -42,2 3,4
3 10,4 -3,3 27,7 -3,5
3,5 7,6 -6,7 60,8 -6,9
90 min
1,5 -52,3 7,3 -48,6 8,0
2 -26,6 3,6 -32,4 4,0
3 30,5 -3,6 29,2 -4,0
3,5 55,7 -7,2 68,2 -8,1
120 min
1,5 -50,2 7,8 -29,4 8,5
2 -24,9 3,9 -20,7 4,2
3 45,9 -4,0 18,2 -4,3
3,5 87,1 -7,9 39,8 -8,5

Verifica-se que o aumento do cobrimento apresentou pouca


influência no valor do momento fletor resistente negativo (pequena
redução) em ambas as lajes, porém considerável ganho de resistência
para momentos fletores positivos. A alteração do cobrimento de 2,5 cm
para 3,0 cm permite, por exemplo, um acréscimo de 45,9% no valor do
momento fletor positivo da L2 aos 120 minutos e de 29,2% para L4 aos
90 minutos de exposição à curva de incêndio padrão ISO 834 (1999).
Destaca-se ainda que o aumento do cobrimento não implica em maior
maior peso próprio ou consumo de concreto (pode acarretar em maior
consumo de aço). Assim, o aumento do cobrimento se mostra uma
solução mais efetiva para melhoria da resistência ao fogo do que o
aumento da espessura das nervuras.
157

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES

Neste trabalho foram desenvolvidos estudos para avaliar


numericamente o desempenho térmico e estrutural de lajes nervuradas
de concreto armado em situação de incêndio. As análises foram
realizadas em duas etapas: análise térmica e em seguida a análise
estrutural. Para a análise térmica foi utilizado o método dos elementos
finitos aplicado à resolução das equações da transferência de calor. Para
análise estrutural foi realizada a verificação da resistência à flexão da
seção transversal no estado limite último e também utilizado o método
das charneiras plásticas, levando em consideração a redução da
resistência dos materiais em função da temperatura.
Sobre a modelagem térmica dos elementos estruturais, os
resultados permitiram concluir que:
 o modelo em elementos finitos que melhor representou o
fenômeno real foi aquele que considerou todas as
propriedades térmicas como função da temperatura, a
diferença entre os resultados numéricos e os resultados
experimentais foi inferior a 15% na maior parte do tempo;
 as análises considerando todas as propriedades térmicas
constantes resultaram em temperaturas considerávelmente
superiores ao caso real, em média 94 oC;
 os métodos simplificados de Wickström (2016) e de Kodur
(2014) apresentaram aproximação de 18% (em média) em
relação aos resultados experimentais.
Sobre a análise estrutural em situação de incêndio, os resultados
permitiram concluir que:
 a ferramenta computacional desenvolvida permitiu a
determinação da resistência ao fogo de lajes nervuradas;
 as lajes com preenchimento entre nervuras de blocos
cerâmicos sofrem menor degradação da resistência
mecânica e apresentam maior isolamento térmico do que
as lajes com preenchimento em EPS. A laje com blocos
cerâmicos e contínua em todos os apoios apresentou o
maior tempo de resistência ao fogo, sendo de 92 min (32
min a mais do que o método tabular da NBR 15200, 2012);
 foram comparados os tempos de resistência ao fogo das
lajes obtidos pela análise numérica com os tempos
158

indicados pelos métodos tabulares da NBR 15200 (2012) /


EN 1992-1-2 (2004) e da BS 8110-2 (1985). As lajes com
enchimento de blocos cerâmicos apresentaram resultados
mais próximos do método da BS 8110-2 (1985). Já as lajes
com enchimento de EPS foram mais bem caracterizadas
pelo método da NBR 15200 (2012) / EN 1992-1-2 (2004);
 o método da isoterma de 500 oC e o método das faixas
permitiram atender ao mesmo tempo requerido de
resistência ao fogo da análise numérica;
 o método das charneiras plásticas foi utilizado para avaliar
a capacidade de carga das lajes nervuradas em situação de
incêndio e determinar o tempo de ruína pela teoria do
limite superior. Verificou-se que, pela redistribuição de
esforços no regime plástico, a margem de segurança em
relação ao início da plastificação seria de no máximo 23
min para as lajes simplesmente apoiadas e superior a 60
min para as lajes contínuas. Conclui-se que, a continuidade
pode proporcionar às lajes significativa margem de
segurança em situação de incêndio;
 o aumento da nervura de 12 cm para 20 cm produziu um
incremento de apenas 32% no momento fletor resistente,
enquanto a alteração no cobrimento de 2,5 cm para 3,0 cm
permitiu um acréscimo de 45,9% no valor do momento
fletor positivo. O aumento da largura da nervura implica
em maior carregamento, logo o aumento do cobrimento se
mostra uma solução mais viável para melhoria da
resistência ao fogo da seção transversal.
Conclui-se que, para a maioria das situações correntes em
projeto, o método tabular das normas EN 1992-1-2 (2004) e NBR 15200
(2012) é adequado para garantir a segurança em situação de incêndio.
Para alguns casos ele pode ser antieconômico e uma análise numérica
mais refinada possibilita o uso mais racional dos materiais construtivos.
Considerando a larga aplicabilidade no Brasil de blocos cerâmicos como
material de enchimento em lajes nervuradas, sugere-se o
desenvolvimento de um método tabular diferenciado para este tipo de
laje na próxima revisão da NBR 15200 (2012).
159

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Sugere-se para trabalhos futuros:


a) desenvolvimento de um método tabular para lajes nervuradas
com preenchimento de blocos cerâmicos entre nervuras;
b) ampliar o estudo da aplicação do método das charneiras
plásticas para lajes em situação de incêndio considerando diferentes
tipos de geometrias, condições de apoio e carregamentos.
c) realizar ensaios para avaliar a estanqueidade de lajes
nervuradas de concreto armado no regime plástico.
d) desenvolver uma metodologia para utilização de analogia de
grelha na análise de lajes nervuradas em concreto armado em situação
de incêndio;
e) desenvolver análises conjuntas em pavimentos de edifício
sujeitos a incêndio, considerando todos os seus elementos estruturais e
vinculações entre eles;
f) estudar a aplicação do método dos elementos finitos,
considerando a não linearidade geométrica e por consequência os
esforços de restrição axial e de membrana, na análise estrutural de lajes
nervuradas de concreto armado expostas ao fogo.
160
161

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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concreto armado em situação de incêndio. 2012. 245 f. Dissertação
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15200: Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. 2 ed.
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15270-1: Componentes cerâmicos Parte 1: Blocos cerâmicos para
alvenaria de vedação – Terminologia e requisistos. Projeto de estruturas
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:


Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2015.
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BATHE, K. J. Finite Element Procedure: 2. ed. Nova Jersey: Prentice


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171

APÊNDICE A

DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO DAS LAJES ESTUDADAS

As características geométricas e a vinculação das 5 lajes estão


apresentadas na Tabela A.1. As lajes 1 a 4 são armadas em duas
direções, enquanto a laje 5 é armada em uma só direção, unidirecional
(nervuras apenas em uma direção). Em todas as lajes foi considerado
concreto de fck = 25 MPa e cobrimento de armaduras de 2,5 cm.
Tabela A.1: Características geométricas das lajes.
geometria da seção
vão [cm]
laje enchimento vinculação transversal [cm]
bw h hf ix iy lx ly
Bloco Simplesmente
1 12 22 8 50 50 585 760
Cerâmico Apoiada
Bloco Engastado
2 12 22 8 50 50 585 760
Cerâmico nas 4 bordas
Simplesmente
3 EPS 12 23 8 52 52 585 760
Apoiada
Engastado
4 EPS 12 23 8 52 52 585 760
nas 4 bordas
Simplesmente
5 EPS 8 16 6 48 --- 400 820
Apoiada
Os carregamentos considerados no dimensionamento das lajes
estão apresentados na Tabela A.2.
Tabela A.2: Carregamentos considerados nas lajes.
Cargas [kN/m²]
laje peso permanente
acidental
próprio aplicada
1 4,53 1 1,5
2 4,53 1 1,5
3 3,56 1 1,5
4 3,56 1 1,5
5 2,09 1 2,0

Os momentos máximos para as lajes 1 a 4 (armadas em duas


direções) obtidos através da tabela de Bares (disponível em
172

CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO, 2013) estão apresentados na


Tabela A.3.
Tabela A.3: Momentos máximos segundo a tabela de Bares.
(+) mkx (+) mky (-) mkx (-) mky
laje
[kN.m/m] [kN.m/m] [kN.m/m] [kN.m/m]
1 15,88 10,63 --- ---
2 7,53 4,59 16,60 13,66
3 13,68 9,16 --- ---
4 6,49 3,96 14,30 11,77

Os valores dos momentos solicitantes máximos por nervura estão


apresentados na Tabela A.4. Os momentos fletores positivos das lajes 1
a 4 foram multiplicados pelos coeficientes de Hahn.
Tabela A.4: Momentos máximos por nervura.
δ
(+) mkx (+) mky (-) mkx (-) mky
laje (coef.
[kN.m/nerv.] [kN.m/nerv.] [kN.m/nerv.] [kN.m/nerv.]
Hahn)
1 1,58 12,51 8,38 --- ---
2 1,14 4,29 2,62 8,30 6,83
3 1,58 11,21 7,51 --- ---
4 1,14 3,84 2,34 7,43 6,12
5 --- 4,89 --- --- ---

Os valores da largura da mesa colaborante e da altura útil para as


seções transversais estão apresentados na Tabela A.5.
Tabela A.5: Mesa colaborante e altura útil.
Mesa colaborante
laje dx [cm] dy [cm] dx' [cm] dy' [cm]
bfx [cm] bfy [cm]

1 50 50 17,88 17,75 --- ---


2 50 50 18,30 18,30 18,47 18,39
3 52 52 18,88 18,75 --- ---
4 52 52 19,30 19,30 19,47 19,39
5 48 --- 11,45 --- --- ---
173

Os valores da posição da linha neutra e da relação X/d estão


apresentados na Tabela A.6.
Tabela A.6: Posição da linha neutra.
Linha neutra X/d X'/d'
laje xx' xy ' Dir. Dir. Dir. Dir.
xx [cm] xy [cm]
[cm] [cm] X Y X Y
1 1,68 1,12 --- --- 0,09 0,06 --- ---
2 0,55 0,33 4,82 3,90 0,03 0,02 0,26 0,21
3 1,36 0,91 --- --- 0,07 0,05 --- ---
4 0,45 0,27 4,00 3,25 0,02 0,01 0,21 0,17
5 1,07 --- --- --- 0,09 --- --- ---

Os valores da área de aço calculada e os valores de armadura


mínima das seções transversais são apresentados na Tabela A.7.
Tabela A.6: Área de aço calculada.
Armadura (+) Armadura (-)
A A
Laje sminx sminy Asxcalc Asycalc Asxcalc' Asycalc'
[cm²] [cm²]
[cm²/nerv.] [cm²/nerv.] [cm²/m] [cm²/m]
1 0,85 0,85 2,34 1,56 --- ---
2 0,85 0,85 0,76 0,46 3,23 2,62
3 0,89 0,89 1,97 1,31 --- ---
4 0,89 0,89 0,65 0,39 2,58 2,10
5 0,55 1,09 1,43 --- --- ---

O arranjo de armaduras adotado e a área de aço efetiva em cada


seção transversal são apresentados nas Tabela A.7 e A.8.
Tabela A.7: Armaduras positivas.
Armadura (+)
laje φx φy Asxefetivo Asyefetivo
[mm/nerv.] [mm/nerv.] [cm²/nerv.] [cm²/nerv.]
1 2 φ 12,5 2 Φ 10 2,45 1,57
2 2 φ 8 2 Φ 8 1,01 1,01
3 2 φ 12,5 2 Φ 10 2,45 1,57
4 2 φ 8 2 Φ 8 1,01 1,01
5 1 φ 16 1 φ 12,5 2,01 1,23
174

Tabela A.8: Armaduras negativas.


Armadura (-)
laje Asxefetivo' Asyefetivo'
φx [mm] φy [mm]
[cm²/m] [cm²/m]
1 --- --- --- ---
2 φ 8 c/ 15 φ 6,3 c/ 10 3,35 3,12
3 --- --- --- ---
4 φ 8 c/ 15 φ 6,3 c/ 15 3,35 2,08
5 --- --- --- ---

Foi ainda realizada a verificação ao cisalhamento. Na Tabela A.9


são apresentados os esforços (determinados a partir da tabela de Bares)
e na Tabela A.10 é apresentada a verificação de tensões.
Tabela A.9: Esforços de cisalhamento.
Esforço Cortante
laje qx qy Vkx Vky
kx ky
[kN/m] [kN/m] [kN/nerv] [kN/nerv]
1 3,08 2,5 12,67 10,28 6,33 5,14
2 3,08 2,5 12,67 10,28 6,33 5,14
3 3,08 2,5 10,91 8,86 5,67 4,60
4 3,08 2,5 10,91 8,86 5,67 4,60
5 Arm. uma direção 10,18 --- 4,89 ---
Tabela A.10: Verificação das tensões.

No da τSdx τSdy τRd τRd1x τRd1y


Laje [kN/m²] [kN/m²] [kN/m²] [kN/m²] [kN/m²]

1 413,34 337,87 320,62 755,38 681,84


2 403,74 327,71 320,62 628,38 628,38
3 350,66 286,52 320,62 739,09 669,92
4 342,94 278,36 320,62 619,66 619,66
5 747,10 --- 320,62 989,71 ---
175

APÊNDICE B

CARGA DE INCÊNDIO

O material disponível como combustível pode ser parte da


construção, revestimento ou dos materiais, móveis, objetos etc. contidos
temporariamente ou permanentemente na edificação. Diferentes tipos de
materiais liberam quantidades diferentes de calor durante sua
combustão. A quantidade de calor que pode ser liberada pela combustão
completa de todos os materiais combustíveis de uma edificação é
chamada de carga de incêndio (BUCHANAN, 2005; MORAES, 2007).
A carga de incêndio pode ser calculada a partir do poder calorífico dos
materiais combustíveis presentes no compartimento, ou definida por
tabelas de referência obtidas em normas como a NBR 14432 (2000) e o
EN 1991-1-2 (2002). Na Tabela B.1 são apresentadas algumas cargas de
incêndio específicas características por área de piso a serem
consideradas como referência em projeto segundo a NBR 14432 (2000)
e o EN 1991-1-2 (2002). É apresentado também um quadro de
referências de ensaios de carga de fogo em edifícios de concreto armado
da NSCI (1994)1 (convertidos para MJ/m²).
Tabela B.1: Carga característica de incêndio.
Carga característica de incêndio (MJ/m²)
Ocupação NBR EN 1991-1-2 (2002)
NSCI (1994) 14432
(2000) média fractil de 80%
Residências 736 - 1288 300 780 948
Hospitais á partir de 552 300 230 280
Hotéis 460 - 736 500 310 377
Escritórios 552 - 2761 700 420 511
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1
NSCI (1994): Normas de Segurança Contra Incêndio - Corpo de Bombeiros do
Estado de Santa Catarina.
176
177

APÊNDICE C

FORMULAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS


PARA O PROBLEMA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Neste apêndice é apresentada a formulação do método dos


elementos finitos para o problema de transferência de calor, no domínio
bi-dimensional em regime transiente. A formulação do MEF para o
problema de transferência de calor pode ser deduzida a partir do método
dos resíduos ponderados (Equação C.1). O método dos resíduos
ponderados permite encontrar soluções aproximadas de um problema de
valor de contorno. Mais informações sobre o método dos resíduos
ponderados são fornecidas por Bathe (2006).
W R dΩ = 0, (C.1)
onde:
Wi = função peso i;
RΩ = resíduo no domínio Ω;
Ω = domínio do problema.
Escrevendo a equação diferencial da condução de calor (Equação
2.42) na forma de resíduos ponderados, obtemos a Equação C.2.
+ − . = 0. (C.2)
Através da integração por partes dos dois primeiros termos e da
aplicação do teorema de Gauss, obtém-se a Equação C.3.
− + +
(C.3)
− + = 0,
onde:
S = região do contorno do problema;
l ; m = cossenos diretores;
O meio contínuo será discretizado em elementos finitos, nos
quais a temperatura no seu interior é aproximada a partir de funções de
interpolação, conforme a Equação C.4.

( , , )= ( , ) ( ), (C.4)

sendo:
n = número de nós do elemento;
178

Ni(x,y) = função de interpolação do elemento;


θi(t) = temperatura nodal [oC].
Pelo método de Galerkin, adotam-se as funções peso iguais as
funções de forma utilizadas na aproximação. Substituindo as funções
peso (W), pela função definida na Equação C.3, obtemos a Equação C.5.

+ + (C.5)

− . + .

onde:
Ae = área do elemento [m²];
Se = superfície do elemento [m (domínio bi-dimensional)].
É necessário definir as condições de contorno do problema, que
podem ser condições de contorno essenciais ou condições de contorno
naturais. As condições de contorno essenciais (condição de contorno de
Dirichlet) do problema de transferência de calor compreendem
temperaturas prescritas em uma região do contorno. As condições de
contorno naturais (condição de contorno de Neumann) correspondem a
fluxos de calor numa região do contorno, que matematicamente
representa a derivada do campo de temperaturas em relação à normal
{n} à superfície de contorno. Em problemas de análise térmica de
elementos estruturais em situação de incêndio, as condições de contorno
a serem definidas são as condições naturais, formadas pelo fluxo de
calor radiante e convectivo, que são apresentadas e matematicamente
desenvolvidas na Equação C.6.
, = − + 5,67 × 10 ∙
∙ + 273 −( + 273)

=( + ) − = (C.6)

= + ,
onde:
φc,r = fluxo de calor convectivo e radiativo [W/m2];
αr = coeficiente de transferência de calor por radiação, definido
pela Equação C.7.
179

= 5,67 × 10 ∙ ∙ + 273 +( + 273)


(C.7)
∙ + 273 + ( + 273)
Aplicando as condições de contorno na superfície Se do elemento
finito, o equilíbrio térmico é definido pela Equação C.8.

+ ( + ) − (C.8)

− . + . = 0,

Essa mesma relação de equilíbrio térmico pode ser escrita


matricialmente, na forma da Equação C.9.
[ ] ∙ ̇ + [ ] ∙ { } = { }, (C.9)
onde:
[C] = matriz de capacidade térmica;
{ ̇ } = primeira derivada da temperatura em função do tempo;
[K] = matriz de condutância;
{θ} = matriz coluna das temperaturas nodais;
{F} = vetor fluxo de calor.
A matriz de capacidade térmica do elemento [Ce] é determinada
através da Equação C.10.
[ ]= , (C.10)
onde:
N = vetor funções de forma (Equação C.11).
{ }=[ … ]. (C.11)
A matriz de condutância do elemento [Ke], possui duas parcelas,
uma relacionada ao fenômeno da condução de calor no interior do
elemento, e outra referente à temperatura desenvolvida na superfície do
elemento, devido aos fluxos de calor convectivo e radiante. A matriz de
condutância do elemento é determinada pela Equação C.12.
[ ]= ∇N ∇N + ( + ) (C.12)
onde:
[λ] = matriz de condutividade do material, definido pela Equação
C.13 (para material isótropo);
{∇} = vetor gradiente, definido pela Equação C.14.
180

0
[ ]= , (C.13)
0


{∇} = . (C.14)
⎨ ⎬
⎩ ⎭
O vetor fluxo de calor do elemento {Fe} é dependente da
temperatura dos gases do ambiente e da temperatura superfície do
elemento estrutural (pelo coeficiente αr), é determinada através da
Equação C.15.
{ }= ( + ) . (C.15)
A partir das matrizes dos elementos podem-se construir as
matrizes globais, respeitando-se os graus de liberdade e coordenadas
globais, e impor as condições de contorno no vetor fluxo de calor. Nos
nós que não façam parte da superfície exposta ao fogo deve-se inserir o
valor zero. A matriz de capacidade térmica global, a matriz de
condutância global e o vetor fluxo de calor global são definidos nas
Equações C.16 à C.18.

[ ]= [ ], (C.16)

[ ]= [ ], (C.17)

{ }= { }. (C.18)

A matriz coluna das temperaturas nodais é definida pela Equação


C.19, e a matriz que contém a primeira derivada da temperatura em
função do tempo é definida pela Equação C.20.
[ ]=[ … ] , (C.19)
∂ ∂ ∂
[ ̇] = … , (C.20)
∂t ∂t ∂t ∂t

Discretização do tempo

A formulação apresentada pela Equação C.9, constitui um


sistema de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem, para o
qual foi apresentada apenas a discretização no espaço (∂/∂x e ∂/∂y). Para
181

solução do problema transiente é necessário que se realize a


discretização do operador diferencial relacionado à variação no tempo
(∂/∂t). Neste trabalho é utilizada uma aplicação do método das
diferenças finitas. O tempo total é divido em "n" incrementos de tempo
Δt, dentro dos quais a Equação C.9 é atendida em um ponto discreto tn+β,
conforme a Figura C.1. Dentro do intervalo Δt, considera-se que as
temperaturas variam linearmente.
Figura C.1: Variação da temperatura no intervalo de tempo Δt.

A condição inicial é estabelecida sempre no início do passo e


corresponde ao campo de temperaturas no tempo t = tn, definida pela
Equação C.21.
( , , ) = ( , ) em Ω. (C.21)
A derivada da temperatura em função do tempo (∂θ /∂t) então é
determinada pela Equação C.22.
− −
= = , (C.22)
∆ β∆
A temperatura θn+β no instante tn+β=tn+βΔt é definida pela
Equação C.23.
= + ∆ ( − )/∆ . (C.23)
Com a Equação C.22 se reescreve o equilíbrio térmico na
Equação C.24.
+ = + . (C.24)
182

A Equação C.24 pode ser simplificada na forma da Equação


C.25.
∙ = , (C.25)
onde:
= + ; (C.26)

= + . (C.27)
Após a solução para θn+β, determina-se θn+1 pela Equação C.28,
que corresponde à condição inicial no próximo passo.
1 1
= + 1− . (C.28)
183

APÊNDICE D

MÉTODO ITERATIVO DE NEWTON-RAPHSON

A transferência de calor nas estruturas em situação de incêndio


configura um problema não linear. As propriedades dos materiais são
variáveis com as temperaturas do campo térmico do interior do elemento
estrutural, e os fluxos térmicos no contorno são variáveis com a
temperatura da superfície do elemento estrutural e dos gases do
compartimento. Como as temperaturas no interior do elemento estrutural
constituem a incógnita do problema, é necessário fazer uso de alguma
estratégia de resolução iterativa, uma possibilidade é o método de
Newton-Raphson.
Em um problema não linear, a solução da Equação C.24 na
interação "i", gera um resíduo Rin+β diferente de zero, que pode ser
determinado pela Equação D.1.
= − ∙ ≠ 0. (D.1)
Para que a solução do problema seja encontrada na iteração
seguinte (i+1), é necessário que o resíduo seja nulo, conforme a
Equação D.2.
= 0. (D.2)
O resíduo da iteração (i+1), pode ser aproximado utilizando
expansão sem série de Taylor, termos até 1ª ordem (Equação 5.43), pelo
qual pode-se determinar o valor de uma função por aproximação ao
redor de um ponto contido em seu domínio utilizando uma função
polinomial. A Equação D.3 configura a equação de uma reta cujo
coeficiente angular corresponde à f´(x0). O gráfico de F(x) é uma reta
tangente a função f, nos pontos [x0 , f(x0)].
( ) = ( ) + ( ) ∙ ( − ), (D.3)
onde:
F(x) = Função linear que aproxima f(x) ao redor do ponto x0;
f(x0) = valor da função f em x0;
f´(x0) = valor da derivada da função f em x0.
Aproximando o resíduo pela equação de Taylor (Equação D.3),
pode-se escrever a Equação D. 4.
= +∇ ∙∆ (D.4)
onde:
∇ = matriz Jacobiana de ;
184

Como a solução do problema implica na hipótese de resíduo nulo


em i+1 (Equação D.2), pode-se aproximar ∆ conforme a Equação
D.5.
∆ =− ∇ ∙ (D.5)
A matriz Jacobiana de resulta a soma da matriz − com
uma matriz não simétrica. A fim de manter a simetria despreza-se a
parcela não simétrica, deste modo ∆ é determinada pela Equação
D.6 (VILA REAL, 1988).
∆ = ∙ (D.6)
As temperaturas são então estimadas segundo a Equação D.7.
= +∆ (D.7)
O processo iterativo consiste na resolução do sistema de equações
apresentado na Equação 5.46 a cada nova iteração até se atingir a
convergência. Pelo método de Newton-Raphson completo, a matriz é
atualizada em cada nova iteração. Pelo método de Newton-Raphson
modificado, a matriz não é calculada a cada iteração, apenas no início
do cada incremento de tempo (BATHÉ, 2006).
A convergência pode ser verificada pela Equação D.8 (norma
euclidiana). O processo iterativo pode ser interrompido quando a norma
da diferença do resultado da iteração i+1, em relação à iteração i,
resultar menor que a tolerância ξ.

≤ (D.8)

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