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Florianópolis
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária
da UFSC.
Marcos Wiese
________________________
Prof. Glicério Trichês, Dr.
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof.ª Poliana Dias de Moraes, Dr.ª
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
________________________
Prof. Armando Lopes Moreno Junior, Dr.
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Examinador
________________________
Prof. Wellison José de Santana Gomes, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Examinador
________________________
Prof. Lourenço Panosso Perlin, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Examinador
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 23
1.1 OBJETIVOS.............................................................................. 27
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ................................................. 27
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................... 29
2.1 O INCÊNDIO ............................................................................ 29
2.1.1 Ação térmica - modelos de incêndio ......................................... 31
2.1.1.1 Curvas de Incêndio Padrão ........................................................ 31
2.1.2 Tempo requerido de resistência ao fogo e tempo equivalente ... 33
2.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA ................................................................................. 38
2.2.1 Efeito do aquecimento no concreto ........................................... 39
2.2.2 Propriedades térmicas do concreto ............................................ 41
2.2.2.1 Condutividade Térmica ............................................................. 41
2.2.2.2 Calor Específico ........................................................................ 44
2.2.2.3 Massa específica ........................................................................ 47
2.2.3 Propriedades mecânicas do concreto em temperaturas elevadas49
2.2.3.1 Redução da resistência à compressão do concreto .................... 49
2.2.3.2 Diagrama tensão × deformação do concreto ............................. 50
2.3 PROPRIEDADES DO AÇO EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA ................................................................................. 53
2.3.1.1 Redução da resistência à tração e à compressão do aço de
armadura passiva ................................................................................... 53
2.3.1.2 Redução do módulo de elasticidade do aço de armadura passiva
....................................................................................................54
2.3.1.3 Diagrama tensão × deformação do aço de armadura passiva .... 55
2.4 LAJES NERVURADAS ........................................................... 58
2.4.1 Comportamento das lajes nervuradas em situação de incêndio. 59
2.4.1.1 Compartimentação..................................................................... 60
2.4.1.2 Lascamento (Spalling) ............................................................... 60
2.4.1.3 Deformações em situação de incêndio ...................................... 62
2.4.1.4 Mecanismos de falha em situação de incêndio .......................... 66
2.4.1.5 Teoremas de análise limite ........................................................ 71
2.5 ANÁLISE TÉRMICA ............................................................... 72
2.5.1 Método de Wickström ............................................................... 73
2.5.2 Método de Kodur....................................................................... 74
2.5.3 Princípios de transferência de calor ........................................... 76
2.5.4 Método dos elementos finitos .................................................... 79
2.6 ANÁLISE ESTRUTURAL EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO 81
2.6.1 Método prescritivo (tabular) ...................................................... 81
2.6.1.1 Método tabular da NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2 (2004) . 82
2.6.1.2 Método tabular da BS 8110-2 (1985)........................................ 83
2.6.2 Ações mecânicas e suas combinações....................................... 85
2.6.3 Métodos simplificados .............................................................. 88
2.6.3.1 Esforços solicitantes em situação de incêndio .......................... 88
2.6.3.2 Esforços resistentes em situação de incêndio ............................ 91
2.6.4 Método das charneiras plásticas ................................................ 95
3 MODELAGEM NUMÉRICA DE LAJES NERVURADAS
EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO .................................................... 101
3.1 FENÔMENO FÍSICO ASSOCIADO À LAJE NERVURADA
EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ....................................................... 101
3.2 ANÁLISE TÉRMICA ............................................................. 102
3.2.1 Ação térmica ........................................................................... 102
3.2.2 Propriedades térmicas dos materiais ....................................... 103
3.2.3 Método dos elementos finitos ................................................. 104
3.2.3.1 Elementos finitos e condições de contorno ............................. 104
3.2.3.2 Análise transiente .................................................................... 105
3.2.3.3 Não linearidade térmica .......................................................... 105
3.3 ANÁLISE ESTRUTURAL..................................................... 106
3.3.1 Ações e esforços solicitantes ................................................... 106
3.3.2 Esforços resistentes ................................................................. 107
3.3.3 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 110
3.3.4 Capacidade de carga................................................................ 112
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................ 113
4.1 VALIDAÇÃO DO MODELO ................................................ 113
4.1.1 Estudo da malha ...................................................................... 113
4.1.2 Estudo do incremento de tempo .............................................. 115
4.1.3 Campo de temperaturas da seção transversal .......................... 116
4.1.4 Momento fletor resistente ....................................................... 119
4.2 ANÁLISE TÉRMICA DA SEÇÃO TRANSVERSAL .......... 119
4.3 ANÁLISE DE LAJES NERVURADAS DE CONCRETO
ARMADO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO .................................... 122
4.3.1 Laje 1....................................................................................... 123
4.3.1.1 Isolamento térmico .................................................................. 125
4.3.1.2 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 126
4.3.1.3 Capacidade de carga em situação de incêndio ........................ 128
4.3.1.4 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 129
4.3.2 Laje 2....................................................................................... 129
4.3.2.1 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 130
4.3.2.2 Capacidade de carga em situação de incêndio ........................ 133
4.3.2.3 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 134
4.3.3 Laje 3 ....................................................................................... 134
4.3.3.1 Isolamento térmico .................................................................. 137
4.3.3.2 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 137
4.3.3.3 Capacidade de carga em situação de incêndio......................... 139
4.3.3.4 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 139
4.3.4 Laje 4 ....................................................................................... 140
4.3.4.1 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 141
4.3.4.2 Capacidade de carga em situação de incêndio......................... 143
4.3.4.3 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 144
4.3.5 Laje 5 ....................................................................................... 144
4.3.5.1 Isolamento térmico .................................................................. 146
4.3.5.2 Esforços resistentes das seções transversais ............................ 147
4.3.5.3 Capacidade de carga em situação de incêndio......................... 148
4.3.5.4 Tempo de resistência ao fogo .................................................. 148
4.4 DISCUSSÕES COMPLEMENTARES .................................. 149
4.5 ANÁLISE ESTRUTURAL PARAMÉTRICA ....................... 151
4.5.1 Influência da largura da nervura .............................................. 151
4.5.2 Influência do cobrimento das armaduras ................................. 154
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 157
5.1 CONCLUSÕES ....................................................................... 157
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................... 159
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................ 161
APÊNDICE A .................................................................................... 171
APÊNDICE B .................................................................................... 175
APÊNDICE C .................................................................................... 177
APÊNDICE D .................................................................................... 183
23
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O INCÊNDIO
800
700
600
500
400 Curva ISO 834 (1999)
300 Curva de incêndio Exterior
Curva de hidrocarbonetos
200
Curva ASTM E119 (2000)
100
0
0 30 60 90 120 150 180
Tempo [min]
A curva de incêndio padrão ISO 834 (1999) é caracterizada por
possuir apenas um ramo ascendente de temperatura. Ela é recomendada
para situações em que a carga de incêndio possui potencial calorífico
1
NBR 14432 (2000): Exigências de resistência ao fogo de elementos
construtivos de edificações.
2
Eurocode 1 (2002): Actions on structures - Part 1-2: General actions - Actions
on structures exposed to fire.
33
Profundidade do
Altura da edificação
subsolo
Uso / Ocupação
Classe S2 hs Classe S1 Classe P1 Classe P2 Classe P3 Classe P4 Classe P5
> 10 m hs ≤ 10 m h ≤ 6 m 6 m ≤ h ≤ 12 m 12 m ≤ h ≤ 23 m 23 m ≤ h ≤ 30 m h > 30 m
Residencial 90 60 (30) 30 30 60 90 120
Serviços de
90 60 30 60 (30) 60 90 120
Hospedagem
Comercial Varejista 90 60 60 (30) 60 (30) 60 90 120
Serviços profissionais
90 60 (30) 30 60 (30) 60 90 120
pessoais e técnicos
Educacional e cultura
90 60 (30) 30 30 60 90 120
física
Locais de reunião de
90 60 60 (30) 60 60 90 120
Público
Serviços de saúde e
90 60 30 60 60 90 120
institucionais
Fonte: NBR 14432 (2000).
35
, = , ,
(2.3)
onde:
Af = área de piso do compartimento [m²];
qf,d = carga de incêndio de cálculo em relação à área de piso
[MJ/m²] dada pela Equação (2.4).
, = , ∙ ∙ ∙ ∙ ,
(2.4)
onde:
qf,k = valor característico da carga de incêndio específica do
compartimento por área de piso [MJ/m2];
m = fator de combustão, para materiais celulósicos m = 0,8;
δq1 = coeficiente de risco de ativação devido ao tamanho do
compartimento, conforme a Tabela 2.3;
δq2 = coeficiente de risco de ativação devido a ocupação do
compartimento, conforme a Tabela 2.4;
36
× (ℎ + 3)
=1+ . (2.9)
10
Tabela 2.7: Valores de γs2.
γs2 Risco Uso / Ocupação
Escola, Galeria de Arte, parque aquático, igreja
0,85 Pequeno
museu.
Biblioteca, cinema, correio, consultório médico,
escritório, farmácia, frigorífico, hotel, livraria,
1,0 Normal hospital, laboratório fotográfico, indústria de
papel, oficina elétrica ou mecânica, residência,
restaurante, supermercado, teatro e depósitos.
Montagem de automóveis, hangar, indústria
1,2 Médio
mecânica.
Laboratório químico, oficina de pintura de
1,5 Alto
automóveis.
Fonte: NBR 15200 (2012).
5,0
4,5
4,0
λ [W/moC]
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
0 50 100 150 200 250 300
Temperatura - θ [oC]
Fonte: Adaptado de Guo e Shi (2011), apud Birch e Clark (1940).
43
1,5
1,0
0,5
0,0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
Nota-se que valores obtidos por alguns autores: Lie, 1992 apud
Costa, 2008; Schneider, 1988; Ödeen e Nordström, 1972, para
condutividade térmica extrapolam os limites apresentados para projeto
pelo EN 1992-1-2 (2004). Tais diferenças podem estar relacionadas à
influência da dosagem, porosidade do concreto e tipo dos agregados ou
mesmo pelo tipo de elementos estruturais ensaiados (COSTA, 2008).
Particularmente nos ensaios utilizados para definição dos limites do EN
1992-1-2 (2004), a presença de cavidades em lajes alveolares e de perfis
metálicos em seções de elementos mistos aço/concreto podem ter
influenciado nos resultados. Maiores informações sobre os ensaios que
deram origem aos limites definidos pelo EN 1992-1-2 (2004) podem ser
encontrados em Schleich (2005) e Hietanen (2002).
De forma simplificada, a NBR 15200 (2012) permite desprezar a
diminuição da condutividade térmica com a temperatura, adotando-se o
valor constante de 1,3W/moC.
− 200
( ) = 1000 + . (2.14)
2
No intervalo 400 oC < θc ≤ 1200 oC:
( ) = 1100. (2.15)
Quando a umidade não for considerada diretamente no método
matemático, como nas Equações 2.12 a 2.15, pode-se adotar para o calor
específico os valores apresentados na Tabela 2.9 como sendo constantes
no intervalo 100 oC ≤ θc ≤ 115 oC, e valores linearmente decrescentes
entre 115 oC e 200 oC, conforme ilustrado na Figura 2.6. Costuma-se
adotar para os elementos de concreto armado localizados em ambientes
internos o teor de umidade de 1,5% e para os elementos localizados na
área externa teor de umidade de 3% (COSTA, 2008).
Tabela 2.9: Calor específico do concreto segundo o teor de umidade.
Teor de umidade [%] Calor específico [J/kgoC]
0 900
1,5 1470
3,0 2020
Fonte: Adaptado de EN 1992-1-2 (2004) e NBR 15200 (2012).
A variação do calor específico em função da temperatura de
concretos confeccionados com agregados silicosos e calcários conforme
a NBR 15200 (2012) e o EN 1992-1-2 (2004) estão representados na
Figura 2.6, juntamente com os valores do calor específico de alguns
concretos, segundo o tipo de agregado, encontrados na literatura.
Figura 2.6: Calor específico do concreto.
U=0% - Silicoso e Cálcario (EN
2200
1992-1-2, 2004)
Calor específico - Cp [J/kgoC]
1000
800
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
47
( − 200)
( ) = (20℃) ∙ 0,98 − 0,03 ∙ . (2.18)
200
No intervalo 400 oC < θc ≤ 1200 oC:
− 400) (
( ) = (20℃) ∙ 0,95 − 0,07 ∙
. (2.19)
800
Os valores para a variação da massa específica em função da
temperatura de concretos de densidade normal confeccionados com
agregados silicosos ou calcários, recomendados pelo EN 1992-1-2
(2004), estão representados na Figura 2.7, juntamente com os valores
encontrados na literatura da massa específica de alguns concretos
segundo o tipo de agregado.
Para análise térmica, simplificadamente, pode-se considerar a
massa específica do concreto independente da temperatura. Adota-se
portanto um valor constante que corresponde à massa específica do
concreto (desconsiderando a armadura) à temperatura ambiente
(SCHLEICH, 2005). Quando a massa específica real do concreto não for
conhecida, a NBR 6118 (2015)1 recomenda que se adote para o concreto
simples 2400 kg/m³ e para o concreto armado 2500 kg/m³.
Figura 2.7: Massa específica do concreto segundo a temperatura.
Silicoso e Cálcario (EN 1992-1-2, 2004)
Calcário (SCHNEIDER, 1988)
Quartzo (SCHNEIDER, 1988)
Basalto (SCHNEIDER, 1988)
2600
Massa específica - ρ [kg/m³]
2400
2200
2000
1800
1600
1400
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
1
NBR 6118 (2014): Projeto de estruturas de concreto - procedimento.
49
1,00
0,90
0,80
0,70
compressão - kc
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deformação específica do concreto - εc,θ [‰]
1
O diagrama tensão × deformação para análise não-linear apresentado no EN
1922-1-1 (2004), utiliza o valor de fcm, ao invés de fck. No caso, foi considerado
fcm = 33 MPa.
53
0,9
0,8
0,7
do aço - ks
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
, = , − + ∙ − , − , , (2.27)
onde:
εy,θ = deformação específica do aço em temperatura θ, no início
do patamar de escoamento, segundo a NBR 15200 (2012) e o EN 1992-
1-2 (2004) εy,θ = 0,02;
fp,θ = resistência correspondente ao limite de proporcionalidade
do aço na temperatura θ [MPa]; e pode ser determinada pela Equação
2.28.
, = , ∙ , (2.28)
onde:
kp,θ = redutor do limite de proporcionalidade, de acordo com a
Tabela 2.12;
fyk = resistência ao escoamento do aço em temperatura ambiente.
A deformação específica do aço em temperatura θ, no limite da
proporcionalidade do material é determinada pela Equação 2.29.
,
, = (2.29)
,
Os parâmetros a, b e c são determinados respectivamente pelas
Equações 2.30 à 2.32.
= , − , ∙ , − , + , (2.30)
,
= ∙ , − , ∙ , + (2.31)
, − ,
= (2.32)
,− , ∙ , −2∙ , − ,
No intervalo εy,θ ≤ εs,θ ≤ εt,θ (patamar de escoamento), deve-se
empregar a Equação 2.33.
, = , , (2.33)
onde:
εt,θ = deformação específica do aço em temperatura θ, no final do
patamar de escoamento, segundo a NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2
(2004) εt,θ = 0,05 para o CA-60 e εt,θ = 0,15 para o CA-50.
57
600
500
σs,θ [MPa]
400
300
200
100
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2
Deformação específica do aço - εs,θ
Como pode ser visualizado na Figura 2.11, o aumento da
temperatura provoca:
redução da inclinação da reta na fase elástica (diminuição
do módulo de elasticidade);
diminuição na tensão máxima (diminuição da resistência
ao escoamento);
aumento da fase de comportamento elastoplástico (não
linear), o início do patamar de escoamento pode deixar de
ser um ponto bem definido (COSTA, 2008).
2.4.1.1 Compartimentação
1
ACI 216.1 (2014): Code Requirements for Determining Fire Resistance of
Concrete and Masonry Construction Assemblies.
73
( , , )= ( , ) ( ), (2.46)
onde:
n = número de nós do elemento;
Ni (x,y) = função de interpolação do elemento;
θi (t) = temperatura nodal [oC].
É necessário definir as condições de contorno do problema, que
podem ser condições de contorno essenciais ou condições de contorno
naturais. As condições de contorno essenciais (condição de contorno de
Dirichlet) do problema de transferência de calor compreendem
temperaturas prescritas em uma região do contorno. As condições de
81
1
BS 8110-2 (1985): Concreto estrutural, parte 2: situações especiais.
82
, = ∙ + ∙ , + ∙
(2.48)
≤ , , , , ,
onde:
Sd,fi = valor de cálculo do esforço solicitante na combinação
excepcional de ações em situação de incêndio;
γg = coeficiente de ponderação das ações permanentes (Tabela
2.19);
Fgk = valor característico da ação permanente;
Fq,fi = valor representativo da ação excepcional (ação térmica);
γq = coeficiente de ponderação das ações variáveis (Tabela 2.19);
1
NBR 8681 (2003): Ações e Segurança nas Estruturas.
87
ou de Bares. Neste trabalho será adotada a tabela de Bares que pode ser
encontrada em Carvalho e Figueiredo Filho (2013).
Figura 2.26: Elemento infinitesimal de placa.
, + 0,7
= , (2.51)
+
A NBR 15200 (2012) permite que, na ausência de ação
excepcional indireta (deformações impostas) em situação de incêndio, as
solicitações de cálculo em situação de incêndio possam ser consideradas
como sendo 70% do valor de cálculo das solicitações em situação
normal (temperatura ambiente).
1
Situação dos modelos de incêndio que assumem a temperatura dos gases igual
em todos os pontos do compartimento (regime turbulento).
92
1
Para os casos em que os diversos ângulos "α" sejam diferentes, pode-se
determinar os ângulos "θ" de maneira análoga, por semelhança de triângulos.
99
1
O EPS se extingue rapidamente quando aquecido.
102
14
12
10
8
6
4
2
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura - θ [oC]
Fonte: Adaptado do EN 1996-1-2 (2005).
1
EN 1996-1-2 (2005): Eurocode 6: Design of masonry structures - Part 1-2:
General rules - Structural fire design.
104
1
Dimensão típica para furos retangulares de blocos cerâmicos
âmicos que atendam as
dimensões estabelecidas pela NBR 15270 (2005): Componentes cerâmicos.
106
Para
ara redução da resistência do aço em função do aquecimento,
adota-se a temperatura do centroide de cada barra como uniforme em
toda a barra. A força no aço em situação de incêndio é determinada
conforme a Equação 2.53, apresentada na seção 2.6.3.2.1.
A resistência do concreto aquecido é determinada adotando-se
adotando a
temperatura do centroide do elemento como sendo uniforme em todo o
elemento. A altura do bloco de concreto comprimido1 é determinada
determ por
um processo iterativo. Inicialmente, considera-se
se como altura do bloco
comprimido a faixa formada pela linha horizontal dos elementos finitos
da fibra mais comprimida. É determinada a força resistente residual do
concreto para cada elemento finito o da região comprimida da seção.
1
Corresponde ao 0,8∙x do diagrama tensão × deformação simplificado
retangular.
109
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Desenvolveu-se
se um estudo sobre a discretização da malha em
elementos finitos comparando-se se a solução numérica e a solução
analítica. Considerou-se um elemento em concreto de 100 cm × 25 cm
com condição de contorno imposta de 900 oC nos nós da face inferior
(Figura 4.1).. Foram consideradas as propriedades térmicas constantes
para concreto de agregados silicosos conforme a NBR 15200 (2012).
(2012)
Figura 4.1:: Seção transversal para estudo da malha.
114
800
700
Temperatura [oC]
600
500
400 90 min
120 min
300
200 30 min
60 min
100
0
0 5 10 15 20 25
Espessura [cm]
Erro [%]
15 15
10 10
5 5
0 0
-5 -5
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Espessura [cm] Espessura [cm]
90 min 120 min
25 25
20 20
Erro [%]
Erro [%]
15 15
10 10
5 5
0 0
-5 -5
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Espessura [cm] Espessura [cm]
A malha discretizada com elementos de 0,5 cm × 0,5 cm se
mostra percentualmente bastante precisa em quase todo o domínio,
apenas para 90 e 120 min, apresenta erro de no máximo 17% no topo da
seção. Contudo, esse erro corresponde a apenas 4 oC, diferença
irrelevante no análise do problema proposto. A partir deste estudo foram
utilizados elementos com dimensões de no máximo 0,5 cm para
discretização das seções transversais deste trabalho.
225
200
175
150
125
100
75
50
25
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura [oC]
Verifica-se que quanto maior a temperatura e a dimensão
característica dos elementos finitos, maior o incremento de tempo
necessário para que os resultados apresentem convergência. Destaca-se
que a discretização do domínio pode ser realizada com elementos de
dimensões diversas. Em problemas de estruturas em situação de
incêndio é comum a aplicação de incrementos de tempo da ordem de 5 s
(RIBEIRO, 2004).
1000
800
600
400
200
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Figura 4.11: Temperaturas na armadura longitudinal (-).
ISO 834 (1999) Forno (Lawson, 1985)
Ensaio (Lawson, 1985) Método de Wickström
Método de Kodur MEF - λ, ρ, c - const.
MEF - λ - var; ρ, c - const. MEF - λ, ρ, c - var.
1200
Temperatura [oC]
1000
800
600
400
200
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
4.3.1 Laje 1
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Para capa de 8 cm, mesmo ao final dos 120 min de análise não
ocorrem incrementos de temperatura superiores a 140 oC em média, ou
126
20
600
8 200
6
100
4
2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Verifica-se que as nervuras das duas direções da laje 1 começam
a perder resistência à flexão a partir dos 51 min, tempo no qual a
temperatura das armaduras ultrapassa os 400 oC. A plastificação na
nervura mais solicitada, tanto na direção x quanto na direção y, ocorre
aos 82 min. A resistência ao fogo da laje 1 pode ser tomada como sendo
de 82 min de exposição ao fogo segundo a curva de incêndio padrão
ISO 834 (1999).
Os valores obtidos para os momentos fletores resistentes em
situação do incêndio segundo a modelagem adotada e os métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) estão apresentados na Tabela 4.2:
127
700
14 600
12
500
10
400
8
300
6
4 200
2 100
0 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
A resistência à flexão da L1 foi de 65 min. O tempo de resistência
ao fogo ficaria limitado pelo isolamento térmico de 60 minutos (ver
128
20
18
Carregamento
16
[kN/m²]
14
12
10
8
6
4
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 1 apresenta ao início do incêndio uma
margem de segurança significativa em relação ao carregamento
aplicado. A partir de 51 min a capacidade de carga da laje 1 passa a
reduzir, devido à diminuição dos momentos fletores resistentes (Figura
4.16). Embora a plastificação na seção transversal mais solicitada inicie
aos 82 min (limite inferior), pela redistribuição de esforços no regime
plástico, o limite superior é atingido aos 105 min. O ângulo "α" entre as
charneiras e a direção principal da laje foi de 44,5o e permaneceu
inalterado ao longo de toda a análise. Logo, pode-se afirmar que o
mecanismo cinemático que se forma permanece o mesmo do início da
plastificação até a ruína.
129
4.3.2 Laje 2
16 600
Momento fletor [kN.m/nerv.]
4 100
2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Os valores obtidos pela metodologia adotada e pelos métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) para os momentos fletores
resistentes em situação do incêndio são comparados na Tabela 4.5 para
os momentos fletores positivos, e na Tabela 4.6 para os momentos
fletores negativos.
Tabela 4.5: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em situação de
incêndio na L2 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500 oC faixas
[min]
mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi mRdx,fi mRdy,fi
30 9,10 9,10 9,28 9,28 9,28 9,28
60 7,98 7,98 7,99 7,99 7,99 7,99
90 4,36 4,36 4,28 4,28 4,28 4,28
120 2,09 2,09 2,05 2,05 2,05 2,05
132
2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
28
26
24
distribuído [kN/m²]
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
0 30 60 90 120
Tempo [min]
134
4.3.3 Laje 3
300
250
200
150
100
50
0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
A laje 3 possui isolamento térmico de 74 min, tempo no qual não
ocorrem incrementos de temperatura superiores a 140 oC em média, ou a
180 oC na temperatura máxima. Verifica-se que a espessura de capa
definida pelo método tabular da NBR 15200 (2012) e EN 1992-1-2
(2004) representa bem o caso estudado na L3.
20 800
18 700
16
600
14
500
12
400
10
8 300
6 200
4 100
2 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Os valores obtidos para os momentos fletores resistentes em
situação de incêndio segundo a metodologia adotada e os métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) são comparados na Tabela 4.9:
Tabela 4.9: Momentos fletores resistentes positivos por nervura em situação de
incêndio na L3 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo adotada 500oC faixas
[min] mrdx,fi mrdy,fi mrdx,fi mrdy,fi mrdx,fi mrdy,fi
(+) (+) (+) (+) (+) (+)
30 22,58 14,69 22,94 14,84 22,94 14,84
60 10,45 7,58 10,51 7,64 10,51 7,64
90 3,58 2,63 3,66 2,67 3,66 2,67
120 1,76 1,25 1,80 1,22 1,80 1,22
22
20
18
distribuído [kN/m²]
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 3 possui ao início do incêndio certa
margem de segurança. A partir de 35 min a capacidade de carga da laje
3 passa a reduzir, sendo superior ao carregamento aplicado até os 59
min pelo limite inferior, e 71 min pelo limite superior (considerando
redistribuição de esforços pelo método das charneiras plásticas). O
ângulo "α" entre as charneiras e a direção principal da laje foi de 44,3o e
permaneceu inalterado ao longo de toda a análise.
4.3.4 Laje 4
28
26
24
distribuído [kN/m²]
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 4, contínua em todo o contorno, possui
margem de segurança significativa quando considerada a redistribuição
de esforços que ocorre no regime plástico. Enquanto o limite inferior é
atingido aos 62 min, o limite superior (que considera a redistribuição de
esforços) ao final dos 120 min da análise ainda apresenta carga de ruína
é 31% maior do que a carga aplicada. O ângulo "α" entre as charneiras
e a direção principal da laje foi de 47,0o e permaneceu inalterado ao
longo de toda a análise.
144
4.3.5 Laje 5
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
A laje 5 possui isolamento térmico de 45 min, tempo no qual não
ocorrem incrementos de temperatura superiores a 140 oC em média, ou a
147
Temperatura do aço
Momento fletor
10,00 800
[kN.m/nerv.]
8,00 600
[oC]
6,00 400
4,00 200
2,00 0
0 30 60 90 120
Tempo [min.]
Verifica-se que as nervuras da laje 5 começam a perder
resistência à flexão a partir dos 30 min, tempo no qual a temperatura das
armaduras ultrapassa os 400 oC. A plastificação da seção transversal
mais solicitada ocorre aos 56 min. Neste caso o tempo de resistência ao
fogo seria limitado aos 45 min devido ao isolamento térmico.
Os valores obtidos para os momentos fletores resistentes em
situação de incêndio segundo a metodologia adotada e os métodos
simplificados do EN 1992-1-2 (2004) são apresentados na Tabela 4.16.
Tabela 4.16: Momentos fletores positivos resisntentes por nervura em situação
de incêndio na L5 [kN.m/nerv].
Metodologia Isoterma de Método das
Tempo [min] adotada 500 oC faixas
mRdx,fi (+) mrdx,fi (+) mrdx,fi (+)
30 11,09 11,47 11,47
60 3,41 3,71 3,71
90 1,09 1,16 1,16
120 0,63 0,66 0,66
148
10
uniformemente
Carregamento
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Verifica-se que a laje 5, simplesmente apoiada e armada em uma
só direção, possui ao início do incêndio certa margem de segurança. O
colapso ocorreria aos 56 min, tempo no qual ocorre a ruptura da seção
mais solicitada ao momento fletor positivo. Ou seja, a formação de uma
única rótula plástica ou linha de plastificação é suficiente para ocasionar
o colapso da laje em questão.
16
14
[kN.m/nerv]
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Figura 4.39: Momento fletor resistente [kN.m/nerv] na L4.
bf: 10 cm mRdfi (+) bf: 10 cm mRdfi (-)
bf: 12 cm mRdfi (+) bf: 12 cm mRdfi (-)
bf: 14 cm mRdfi (+) bf: 14 cm mRdfi (-)
bf: 16 cm mRdfi (+) bf: 16 cm mRdfi (-)
bf: 18 cm mRdfi (+) bf: 18 cm mRdfi (-)
bf: 20 cm mRdfi (+) bf: 20 cm mRdfi (-)
20
Momento fletor resistente
18
16
[kN.m/nerv]
14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Para melhor visualização dos resultados, são apresentados na
Tabela 4.21 os percentuais de acréscimo ou decréscimo no valor do
153
18
16
[kN.m/nerv]
14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
155
18
16
[kN.m/nerv]
14
12
10
8
6
4
2
0
0 30 60 90 120
Tempo [min]
Para os momentos fletores negativos, verificou-se que quanto
menor o cobrimento, maior o momento fletor resistente, tanto em
situação normal quanto em situação de incêndio. Em temperatura
ambiente, menores cobrimentos resultam em maior altura útil (d). Em
situação de incêndio, além de maior altura útil, cobrimentos menores
para armaduras negativas também resultam em menor temperatura.
Para os momentos fletores positivos, verificou-se que em situação
normal há um pequeno acréscimo ao valor do momento fletor resistente
para menores cobrimentos, devido à maior altura útil. No entanto em
situação de incêndio, menores cobrimentos resultam em reduções
consideráveis de resistência, devido à maior temperatura desenvolvida
nas armaduras.
Para melhor visualização dos resultados, são apresentados na
Tabela 4.22 os percentuais de acréscimo ou decréscimo no valor do
momento fletor das seções transversais em relação à seção de
cobrimento = 2,5 cm.
156
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 CONCLUSÕES
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICE A
APÊNDICE B
CARGA DE INCÊNDIO
1
NSCI (1994): Normas de Segurança Contra Incêndio - Corpo de Bombeiros do
Estado de Santa Catarina.
176
177
APÊNDICE C
( , , )= ( , ) ( ), (C.4)
sendo:
n = número de nós do elemento;
178
+ + (C.5)
− . + .
onde:
Ae = área do elemento [m²];
Se = superfície do elemento [m (domínio bi-dimensional)].
É necessário definir as condições de contorno do problema, que
podem ser condições de contorno essenciais ou condições de contorno
naturais. As condições de contorno essenciais (condição de contorno de
Dirichlet) do problema de transferência de calor compreendem
temperaturas prescritas em uma região do contorno. As condições de
contorno naturais (condição de contorno de Neumann) correspondem a
fluxos de calor numa região do contorno, que matematicamente
representa a derivada do campo de temperaturas em relação à normal
{n} à superfície de contorno. Em problemas de análise térmica de
elementos estruturais em situação de incêndio, as condições de contorno
a serem definidas são as condições naturais, formadas pelo fluxo de
calor radiante e convectivo, que são apresentadas e matematicamente
desenvolvidas na Equação C.6.
, = − + 5,67 × 10 ∙
∙ + 273 −( + 273)
=( + ) − = (C.6)
= + ,
onde:
φc,r = fluxo de calor convectivo e radiativo [W/m2];
αr = coeficiente de transferência de calor por radiação, definido
pela Equação C.7.
179
+ ( + ) − (C.8)
− . + . = 0,
0
[ ]= , (C.13)
0
⎧
⎫
{∇} = . (C.14)
⎨ ⎬
⎩ ⎭
O vetor fluxo de calor do elemento {Fe} é dependente da
temperatura dos gases do ambiente e da temperatura superfície do
elemento estrutural (pelo coeficiente αr), é determinada através da
Equação C.15.
{ }= ( + ) . (C.15)
A partir das matrizes dos elementos podem-se construir as
matrizes globais, respeitando-se os graus de liberdade e coordenadas
globais, e impor as condições de contorno no vetor fluxo de calor. Nos
nós que não façam parte da superfície exposta ao fogo deve-se inserir o
valor zero. A matriz de capacidade térmica global, a matriz de
condutância global e o vetor fluxo de calor global são definidos nas
Equações C.16 à C.18.
[ ]= [ ], (C.16)
[ ]= [ ], (C.17)
{ }= { }. (C.18)
Discretização do tempo
= + . (C.27)
Após a solução para θn+β, determina-se θn+1 pela Equação C.28,
que corresponde à condição inicial no próximo passo.
1 1
= + 1− . (C.28)
183
APÊNDICE D