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Comportamento em fluência de painéis sanduíche

compósitos com núcleos de espumas de poliuretano rígido


e polietileno tereftalato

Pedro Nuno Bacelar Barbosa

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador: Prof. Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia

Orientador: Doutora Susana Bravo Cordeiro Cabral da Fonseca

Júri

Presidente: Prof. Doutor Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa

Orientador: Doutora Susana Bravo Cordeiro Cabral da Fonseca

Vogal: Prof. Doutor Fernando António Baptista Branco

Outubro 2014
Comportamento em fluência de painéis sanduíche
compósitos com núcleos de espumas de poliuretano
rígido e polietileno tereftalato

Pedro Nuno Bacelar Barbosa

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil
(Dissertação elaborada ao abrigo do protocolo entre o IST e o LNEC)

Orientador: Prof. Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia

Orientador: Doutora Susana Bravo Cordeiro Cabral da Fonseca

Júri

Presidente: Prof. Doutor Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa

Orientador: Doutora Susana Bravo Cordeiro Cabral da Fonseca

Vogal: Prof. Doutor Fernando António Baptista Branco

Outubro 2014
Resumo

Nos últimos anos tem-se verificado um aumento considerável na utilização de materiais compósitos em
aplicações da Engenharia Civil, designadamente, de painéis sanduíche compósitos. Para tal, têm
contribuído a sua reduzida relação peso/resistência, as suas elevadas rigidez e durabilidade, a
possibilidade de serem produzidos em massa, com a qualidade assegurada, o bom isolamento térmico
que apresentam, a facilidade com que podem ser introduzidos em operações de reforço e reparação de
edifícios, entre outras. Estas propriedades tornam estes materiais competitivos no contexto da
reabilitação de pisos de edifícios em madeira, tendo esta razão servido de mote para a realização do
projecto de investigação “RehabGFRP – Rehabilitation of Building Floors with Lightweight High
Performance GFRP Sandwich Panels”, no qual se insere esta dissertação.

No entanto, estes materiais também apresentam algumas desvantagens, como sejam o custo elevado
das suas matérias-primas, a reduzida resistência a temperaturas elevadas, o baixo isolamento acústico
e a susceptibilidade que apresentam ao fenómeno da fluência.

Esta dissertação foca-se no estudo do comportamento a longo prazo dos painéis sanduíche constituídos
por lâminas em GFRP e núcleos de espumas de poliuretano rígido (PUR) e polietileno tereftalato (PET).
Para prever da forma mais adequada o seu comportamento, foram conduzidos ensaios de
caracterização das propriedades elásticas dos seus componentes e ensaios de fluência por corte nos
materiais de núcleo e por flexão em provetes à escala dos painéis.

Depois de concluída a campanha experimental, a expressão proposta por Findley, que permite prever
as deformações a longo prazo em materiais de origem polimérica, foi adaptada com base nos registos
efectuados nos ensaios ao corte em fluência nos materiais de núcleo, tendo em conta a influência do
efeito da temperatura. Foi ainda determinado um modelo de previsão das deformações a longo prazo
em painéis sanduíche, que incorpora a expressão anterior adaptada.

Palavras-chave

 Painéis sanduíche
 Laminados de GFRP
 Espumas de PUR e PET
 Fluência
 Influência da temperatura
 Modelo composto de fluência

i
ii
Abstract

In recent years, there has been a considerable increase in the use of composite materials in Civil
Engineering, particularly of composite sandwich panel applications. Their reduced self-weight/strength
ratio, reasonably high stiffness and durability, the possibility of mass production with assurance of the
quality of the end product, the good thermal insulation, an ease of application and repair, among others,
all contributed to this increasing use. The above mentioned properties make sandwich panels
competitive, in a context of rehabilitation of wood floors in buildings, this reason having been the motto
for this dissertation. Nevertheless, this structure’s form also presents some disadvantages, such as, the
high cost of its raw materials, the reduced resistance to high temperatures, the reduced acoustic
insulation, and its susceptibility to creep. This dissertation focus on the study of the long-term behavior of
sandwich panels, with GFRP faces and cores from rigid polyurethane and polyethylene terephthalate. To
predict its behavior in an accurate way, several tests were conducted for the characterization of its
components, including shear creep tests, conducted on specimens from foam cores, and flexural creep
tests, conducted on specimens in the same scale of the panels.

After the experimental campaign, Findley’s power law was adapted, based on the records of the shear
creep tests, in order to include the effect of temperature in the distortion of these foam cores, along time.

A composed creep model was also determined to predict the long term deflection on sandwich beams,
incorporating the adapted Findley’s power law for the core materials.

Keywords

 Sandwich panels
 GFRP laminates
 PUR and PET foams
 Creep
 Influence of temperature
 Composed creep model

iii
Aos meus pais,

Luís Barbosa e
Maria de Jesus Barbosa

iv
Agradecimentos
À Eng.ª Susana Fonseca, por ter aceitado ser co-orientadora da dissertação, pela cedência das
instalações no LNEC para a realização dos ensaios de fluência e pelas melhorias que introduziu no
documento final.

Aos técnicos do LERM, Sr. Fernando Alves e Sr. Fernando Costa, pelo que me ensinaram e pela
disponibilidade que sempre apresentaram.

Ao professor João Ramôa Correia, orientador desta dissertação, pelo rigor e profissionalismo que me
incutiu, não só válidos para esta dissertação, como para a minha vida profissional futura. Quero
agradecer ainda a disponibilidade e simpatia, sempre constantes, com que me acompanhou neste
processo.

Ao Eng. Mário Garrido, não só pelo que me ensinou dentro das várias temáticas desta dissertação, mas
sobretudo pela boa disposição e paciência com que se disponibilizou sempre em repetir algumas
respostas, a perguntas também frequentemente repetidas. Quero ainda agradecer-lhe pelas
competências que adquiri com ele especificamente, na actividade laboratorial e na actividade prática em
geral.

Ao Eng. Paulo Rodrigues e à Dra. Vitória Rodrigues, pelo acolhimento, simpatia e ajuda que me têm
dado.

Quero agradecer aos amigos que fiz no Técnico, em especial, à Ana Rita Moura, ao Diogo Soares, ao
Ricardo Grazina e ao Rui Carrajola, que tiveram uma enorme influência no meu trajecto nestes últimos
anos.

A dois grandes amigos, Jorge Pacopolido e André Pincho Morgado, pela influência que têm tido na minha
vida. Quero agradecer ainda ao Sergio Aguero, ele sabe porquê.

Aos meus avós, João Barbosa, Mª Emília Barbosa, Maria de Jesus da Chão e António Bacelar.

Às minhas irmãs, Marta e Rita, pela amizade, ajuda e paciência que sempre tiveram comigo.

À Lurdes, este canudo também lhe pertence, pois contribuiu com algo muito maior do que apontamentos
e exercícios resolvidos.

À Ana Teresa, por ter preenchido a minha vida de uma forma que ultrapassa todos os outros conceitos
de felicidade.

Aos meus pais, por me terem sempre proporcionado as melhores condições, ao ponto de terem permitido
concentrar o meu esforço no meu percurso académico. Quero agradecer ainda por todos os valores que
me transmitiram, além do apoio incondicional e paciência que sempre demonstraram. Espero, um dia,
poder compensar todo o esforço que aplicaram na minha formação.

v
vi
Simbologia

Letras minúsculas romanas

b - largura do provete / da viga / painel sanduíche

d - distância entre os centros das lâminas

e - espessura da viga

ec - espessura do núcleo

eL - espessura da lâmina

ep - espessura do painel sanduíche

g - comprimento da diagonal do provete

m - massa por unidade de painel

me - amplitude da componente transiente da extensão de fluência

m' - parâmetro de fluência , para uma tensão de referência

n - constante do material

nh - coeficiente de homogeneização

p - carga uniformemente distribuída

s - máxima dimensão da célula do núcleo

t - instante de tempo

w - flecha máxima

w(t) - flecha no instante t

xi - distância entre a face inferior da lâmina inferior e o centro de gravidade da lâmina i

z - distância do ponto ao eixo centroidal

Letras maiúsculas romanas

A - área da secção transversal da lâmina

Av - área de corte

Ap - área do provete

Ai - área da lâmina

vii
Ac - área de corte do núcleo

AL - área de corte da lâmina

E0 - módulo de elasticidade inicial independente do tempo

E(t) - módulo de elasticidade no instante t

Et - módulo de elasticidade que caracteriza o comportamento dependente do tempo

E0 - módulo de elasticidade instantâneo

E - módulo de elasticidade

Ea - módulo de elasticidade aparente

Ec - módulo de elasticidade do material de núcleo

Ei - módulo de elasticidade do material do elemento i ( núcleo ou lâmina)

EL - módulo de elasticidade do material das lâminas

Et - módulo de elasticidade em tracção

F - força

Fmax - força de rotura

G0 - módulo de distorção inicial independente do tempo

G(t) - módulo de distorção no instante t

Gt - módulo de distorção que caracteriza o comportamento dependente do tempo

G0 - módulo de distorção instantâneo

G - módulo de distorção

Ga - módulo de distorção aparente

I - momento de inércia

IL - momento d inércia das lâminas

K - rigidez

Kp - constante de permeabilidade

Kg - coeficiente da parcela de flexão, dependente das condições de apoio e carregamento

Ks - coeficiente da parcela de corte, dependente das condições de apoio e carregamento

L0 - comprimento de referência

L - comprimento do vão do painel

viii
Lp - comprimento do provete / painel sanduíche

Ls - largura do apoio

M - momento flector

Mmáx - momento máximo

P1 - carga aplicada para o vão 1

P2 - carga aplicada para o vão 2

P - carga aplicada

Pb - carga crítica de encurvadura

Pu - força de tracção última

S1 - comprimento do vão 1

S2 - comprimento do vão 2

Si - momento estático do elemento i (núcleo ou lâmina)

V - esforço de corte

Vmáx - esforço transverso máximo

Vu - esforço último de corte

W - módulo de flexão na fibra extrema traccionada

Letras minúsculas gregas

α - ângulo de degradação das tensões de compressão ao longo do painel

γ0 - componente inicial elástica da distorção

γ - distorção do provete

γe. - distorção elástica do provete

γ(t) - distorção total de fluência no instante t

δmáx. - deslocamento na rotura

δresid. - deslocamento residual do painel sanduíche

δVL/2 - deslocamento vertical na secção de meio vão

ε0’ - extensão instantânea

ε1 - valor de extensão

ix
ε2 - valor de extensão diferente de ε1

ε – extensão axial

ε45º - extensão segundo a direcção a 45°

ε (t) - extensão total no instante t

εB - extensão máxima na lâmina inferior

εC (t) - extensão total no instante t, em compressão

εL - extensão segundo a direcção longitudinal

εT - extensão segundo a direcção transversal

εT (t) - extensão total no instante t, em tracção

ρ - massa volúmica aparente

1 - valor de tensão medido para uma extensão ε1

2 - valor de tensão medido para uma extensão ε2

σ - tensão aplicada

σC - tensão axial no núcleo

σm - tensão de referência utilizada para determinar m’

0 - parâmetro da unidade de tempo

 - tensão de corte

m - tensão de referência utilizada para determinar m’

u - tensão de corte na rotura

 - coeficiente de Poisson

Acrónimos

ASTM - American Society For Testing And Materials

CCM - Composed Creep Model

CFRP - Carbon Fibre Reinforced Polymer

CV - Coeficiente de variação

DS - Diagonal Shear

EC - Edgewise Compression

x
ELS - Estados Limites de Serviço

ELU - Estados Limites Últimos

EN – Norma Europeia

FC - Flatwise Compression

FRP - Fibre Reinforced Polymer

GFRP - Glass Fibre Reinforced Polymer

ISO - International Organization for Standardization

IST - Instituto Superior Técnico

LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil

LERM - Laboratório de Estruturas e Resistência dos Materiais

PET - Politereftalato de Etileno

PIEP - Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros

PUR - Espuma Rígida de Poliuretano

SC - Shear Creep

SPDM - Structural Platics Design Manual

VIP - Vacuum Infusion Process

xi
ÍNDICE

1 Introdução...................................................................................................................1
1.1 Enquadramento geral ...............................................................................................1

1.2 Objectivos e metodologia .........................................................................................2

1.3 Organização da dissertação .....................................................................................2

2 Estado da Arte ..........................................................................................................4


2.1 Materiais compósitos de origem polimérica ..............................................................4

Enquadramento geral ........................................................................................4

Características gerais dos materiais FRP..........................................................8

2.2 Estruturas em sanduíche .......................................................................................11

A sua composição ...........................................................................................12

A crescente utilização dos painéis sanduíche na engenharia ..........................13

2.3 Processos de fabrico dos painéis sanduíche ..........................................................14

Produção dos núcleos .....................................................................................14

Produção das lâminas .....................................................................................16

Reforços..........................................................................................................17

2.4 Desempenho em serviço dos painéis sanduíche....................................................18

Comportamento térmico ..................................................................................18

Comportamento acústico dos painéis sanduíche ............................................18

Requisitos de comportamento ao fogo ............................................................19

2.5 Comportamento mecânico dos painéis sanduíche .................................................19

Introdução .......................................................................................................19

Rigidez de flexão.............................................................................................22

Rigidez de corte ..............................................................................................23

Comportamento em serviço ............................................................................24

Fluência ..........................................................................................................25

3 Campanha experimental .....................................................................................33


3.1 Objectivo ................................................................................................................33

xii
3.2 Caracterização do material ensaiado .....................................................................34

3.3 Equipamento de ensaio..........................................................................................35

3.4 Ensaio de corte diagonal de espumas ....................................................................36

Descrição do ensaio ........................................................................................36

Análise de resultados ......................................................................................39

3.5 Ensaio de tracção em provetes sanduíche na direcção transversal ao plano das


lâminas .............................................................................................................................40

Descrição do ensaio ........................................................................................40

Análise de resultados ......................................................................................42

3.6 Ensaio de compressão em provetes sanduíche, na direcção perpendicular ao plano


das lâminas ......................................................................................................................43

Descrição do ensaio ........................................................................................43

Análise de resultados ......................................................................................45

3.7 Ensaio de compressão em provetes sanduíche na direcção transversal ao plano das


lâminas .............................................................................................................................46

Descrição do ensaio ........................................................................................46

Análise de resultados ......................................................................................47

3.8 Ensaios de compressão de provetes de GFRP ......................................................48

Descrição dos ensaios ....................................................................................49

Análise de resultados ......................................................................................49

3.9 Ensaios de tracção em lâminas de GFRP ..............................................................52

Descrição do ensaio ........................................................................................53

Análise de resultados ......................................................................................55

3.10 Ensaio de flexão em provetes de GFRP.................................................................60

Descrição do ensaio ........................................................................................61

Análise de resultados ......................................................................................61

3.11 Ensaio de flexão até à rotura em painéis sanduíche ..............................................62

Descrição do ensaio ........................................................................................63

Análise de resultados ......................................................................................64

3.12 Ensaios de fluência em corte de espumas .............................................................70

xiii
Descrição dos ensaios ....................................................................................70

Análise de resultados ......................................................................................72

3.13 Ensaios de fluência em flexão de painéis sanduíche..............................................77

Descrição dos ensaios ....................................................................................77

Análise de resultados ......................................................................................79

4 Modelação analítica ..............................................................................................83


4.1 Considerações iniciais............................................................................................83

4.2 Análise das distorções nas espumas ensaiadas ao corte .......................................84

Análise das distorções elásticas ......................................................................85

Análise das distorções viscoelásticas..............................................................85

4.3 Análise dos deslocamentos nos painéis sanduíche ................................................92

5 Conclusão e perspectivas de desenvolvimentos futuros ........................96


5.1 Considerações finais ..............................................................................................96

5.2 Perspectivas de desenvolvimentos futuros.............................................................98

6 Referências Bibliográficas ..................................................................................99

Anexos .................................................................................................................................I
A Ensaio de corte diagonal nas espumas ........................................................................I

A-1 Relação tensão / distorção dos provetes de PUR ..................................................I

A-2 Relação tensão / distorção dos provetes de PET...................................................I

B Ensaio de tracção em provetes sanduíche na direcção transversal ao plano das lâminas


II

B-1 Relação 𝑭 vs ∆𝜹 em provetes de PUR .................................................................II

B-2 Relação F vs ∆δ em provetes de PET .................................................................II

C Ensaio de tracção em ptovetes de GFRP ...................................................................III

C-1 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 0º, retirados de


uma placa ...............................................................................……………………...........III

C-2 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 0º, retirados de


um painel sanduíche ......................................................................................................III

C-3 Relação força / extensão em provetes cortados na direcção 0º, retirados de uma
placa IV
xiv
C-4 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 90º, retirados de
uma placa ..................................................................................................................... IV

C-5 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 10º, retirados de


uma placa ...................................................................................................................... V

C-6 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 10º, retirados de


um painel sanduíche ...................................................................................................... V

xv
Índice de Figuras
Figura 2.1 – Diferentes vistas da Casa "Futuro", [8] ...............................................................4
Figura 2.2 – Diferentes vistas da “Kunststoffhaus / fg 2000 System”, [8] ................................5
Figura 2.3 - Varões FRP para o reforço do tabuleiro de uma ponte [1] ...................................5
Figura 2.4 - Laminados de CFRP no reforço do Viaduto Duarte Pacheco [1] .........................5
Figura 2.5 - Mantas de CFRP no reforço do Viaduto Duarte Pacheco [1] ...............................5
Figura 2.6 – Inauguração da ponte West Mill Bridge, [10] ......................................................6
Figura 2.7 - Colocação do tabuleiro da W.M. Bridge, [11].......................................................6
Figura 2.8 – Novas formas estruturais de perfis pultrudidos utilizados em tabuleiros de pontes
(adaptado de [12]) ..................................................................................................................6
Figura 2.9 – Vista de uma ponte com tabuleiro em GFRP, na autostrada B3, em Friedberg,
Alemanha [11]. .......................................................................................................................7
Figura 2.10 – Içamento integral da ponte, para a sua posição final [11]. ................................7
Figura 2.11 – Vista geral da Ponte pedonal Pontresina Bridge, Suíça [14] .............................7
Figura 2.12 - Em 4 horas um helicóptero posiciona a ponte nas fundações [14] ....................7
Figura 2.13 – Varões de GFRP E CFRP para aplicação em estruturas de betão armado, [16]
...............................................................................................................................................8
Figura 2.14 – Cabos de FRP para estruturas de betão armado pré-esforçado, [16] ...............8
Figura 2.15 - Formas de perfis pultrudidos de parede fina aberta, [18] ...................................9
Figura 2.16 - Fotografia ao microscópio a um provete de GFRP, cortado em ângulo recto,[19]
...............................................................................................................................................9
Figura 2.17 - Manta com fibras curtas dispostas aleatoriamente, [22] ..................................11
Figura 2.18 - Mecha de filamentos contínuos, [23] ...............................................................11
Figura 2.19 - Diferentes formas de apresentação das mantas de reforço [3,13] ...................11
Figura 2.20 - 4 exemplos de tipos de núcleos em painéis sanduíche respectivamente: a)
madeira de balsa; b) espuma PUR; c) “favos de mel”; d) espuma PET. As lâminas são todas
em GFRP. ............................................................................................................................12
Figura 2.21 - Havilland Mosquito TT35 TA639 [29]...............................................................14
Figura 2.22 - Cápsula Apollo [30] .........................................................................................14
Figura 2.23 - Construção em sanduíche da cápsula Apollo (adaptado de [24]) ....................14
Figura 2.24 - Arca frigorífica com paredes em sanduíche [27] ..............................................14
Figura 2.25 - Parede ornamental do novo estádio Maracana, em painéis sanduíche com
acabamento em porcelana [27] ............................................................................................14
Figura 2.26 - Projecto "arquitectura en el agua", com painéis sanduíche no pavimento [27] 14
Figura 2.27- Linha de formação contínua de espuma, (adaptado de [24]) ............................15
Figura 2.28 - Esquema do processo de pultrusão ................................................................16

xvi
Figura 2.29 - Processo de moldagem manual: aplicação da manta tipo véu de noiva, [22] ..16
Figura 2.30 - Processo de moldagem manual: compactação com rolo de borracha, [22] .....16
Figura 2.31 – Pormenor do tubo de admissão ......................................................................17
Figura 2.32 – Preenchimento das faces com resina .............................................................17
Figura 2.33 - Processo de infusão a vácuo no casco de um navio, [27] ...............................17
Figura 2.34 – Painel sanduíche com reforços em treliça ......................................................17
Figura 2.35 – Painel sanduíche com reforços longitudinais ..................................................17
Figura 2.36 - Ilustração que mostra a anologia entre uma viga de estrutura sanduíche, com
uma viga em "I" de aço, [28] .................................................................................................20
Figura 2.37 - Ilustração do "efeito sanduíche" numa peça (adaptado de [28]) ......................20
Figura 2.38 - Relação entre a variação da espessura do núcleo com a variação da rigidez do
painel (adaptado de [26])......................................................................................................21
Figura 2.39 - Dimensões de uma viga sanduíche. Secção AA à direita (adaptado de [32]) ..21
Figura 2.40 - "Silly Putty" exposto como um cubo sólido [68] ...............................................25
Figura 2.41 - "Silly Putty" a escorrer por um orifício [68] .......................................................25
Figura 2.42 - (a) Deformação de um sólido elástico; (b) deformação de um sólido viscoelástico
linear (adaptado de [39]) ......................................................................................................26
Figura 2.43 - Curva típica deformação-tempo num material de matriz polimérica em fluência
(adaptado de [40]) ................................................................................................................27
Figura 3.1 - Provete de PET em ensaio de corte diagonal....................................................36
Figura 3.2 - Provete de PUR em ensaio de corte diagonal ...................................................36
Figura 3.3 - Distorção imposta nos ensaios de corte das espumas (adaptado de [4]) ..........37
Figura 3.4- Pormenor da fixação do transdutor ao mecanismo.............................................37
Figura 3.5 – Ensaio de confirmação dos deslocamentos verticais ........................................37
Figura 3.6 – a), b), c), d), e), provetes de PUR (DS-1/5) ensaiados ao corte ........................39
Figura 3.7 – a), b), c), d), provetes de PET (DS-1/4) ensaiados ao corte............................39
Figura 3.8 - Relação tensão / distorção dos provetes de PUR..............................................40
Figura 3.9 - Relação tensão / distorção dos provetes de PET ..............................................40
Figura 3.10 - Ensaio de tracção num provete de PUR ..........................................................41
Figura 3.11 - Ensaio de tracção num provete de PET ..........................................................41
Figura 3.12 – a),b),c), provetes ensaiados à tracção com núcleos de PUR (FT-1,2,3) e d),e),f),
com núcleos de PET (FT-1,2,3)............................................................................................42
Figura 3.13 – Relação 𝐹 vs ∆𝛿 em provetes de PUR...........................................................42
Figura 3.14 - Relação 𝐹 vs ∆𝛿 em provetes de PET ............................................................42
Figura 3.15 - Ensaio de compressão em provete com núcleo de PUR .................................43
Figura 3.16 - Ensaio de compressão em provete .................................................................43
Figura 3.17 – a) - e) Provetes ensaiados com núcleos de PUR (EC-1/5); f) - h) provetes com
núcleos de PET (EC-5/7)......................................................................................................45
xvii
Figura 3.18 - Relação força / deslocamento em provetes de núcleos em PET .....................45
Figura 3.19 - Relação força / deslocamento em provetes denúcleos em PUR .....................45
Figura 3.20 - Provete sanduíche com núcleo de...................................................................46
Figura 3.21 - Provete sanduíche com núcleo .......................................................................46
Figura 3.22 – a), b), c) - provetes ensaiados com núcleo em PUR; d), e) – provetes ensaiados
com núcleo em PET .............................................................................................................47
Figura 3.23 - Relação força / deslocamento em compressão, em provetes com núcleo em
PUR .....................................................................................................................................48
Figura 3.24 - Relação força / deslocamento em compressão, em provetes com núcleo em PET
.............................................................................................................................................48
Figura 3.25 - Ensaio de compressão em lâminas de GFRP executado na prensa hidráulica
.............................................................................................................................................48
Figura 3.26 - Ensaio de compressão em lâminas de ............................................................48
Figura 3.27 - Provetes de GFRP cortados na direcção 0º,ensaiados à compressão na máquina
Instron ..................................................................................................................................50
Figura 3.28 - Provetes de GFRP cortados na direcção 90º ensaiados à compressão na
máquina Instron....................................................................................................................50
Figura 3.29 – Modo de rotura de provetes de GFRP cortados na direcção 0º, ensaiados à
compressão na prensa hidráulica .........................................................................................50
Figura 3.30 – Modo de rotura de provetes de GFRP cortados na direcção 0º, ensaiados à
compressão na prensa hidráulica .........................................................................................50
Figura 3.31 - Relação força / deslocamento em provetes de GFRP cortados na direcção 0º,
submetidos a compressão simples .......................................................................................50
Figura 3.32 - Relação força / deslocamento em provetes de GFRP cortados na direcção 90º,
submetidos compressão simples ..........................................................................................50
Figura 3.33 - Relação tensão / extensão em provetes de GFRP, cortados na direcção 0º,
ensaiados na prensa hidráulica ............................................................................................51
Figura 3.34 - Relação tensão / extensão em provetes de GFRP, cortados na direcção 90º,
ensaiados na prensa hidráulica ............................................................................................51
Figura 3.35 - Ensaio de tracção em provete de GFRP .........................................................53
Figura 3.36 - Provetes de lâminas GFRP ensaiados na direcção a) longitudinal (0°), b)
transversal (90°) e c) 10°, (adaptado de [4]) .........................................................................53
Figura 3.37 - Identificação e disposição dos extensómetros a, b e c no ensaio de corte por
tracção a 10° (adaptado de [65]) ..........................................................................................55
Figura 3.38 - Modo de rotura dos provetes a) 0º-PL-5-SG; b) 0º-PA-5-SG; c) 90º-PL-4; d) 90º-
PA-1; e) 10º-PL-1; f) 10º-PA-3. .............................................................................................56
Figura 3.39 - Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 0º, retirados de
uma placa.............................................................................................................................56
xviii
Figura 3.40 - Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 0º, retirados de
um painel sanduíche ............................................................................................................56
Figura 3.41 - Relação força / extensão em provetes cortados na direcção 0º, retirados de uma
placa ....................................................................................................................................56
Figura 3.42 - Relação força / extensão em provetes cortados na direcção 0º, retirados de um
painel sanduíche ..................................................................................................................56
Figura 3.43 - Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 90º, retirados
de uma placa........................................................................................................................57
Figura 3.44 - Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 90º, retirados
de um painel sanduíche .......................................................................................................57
Figura 3.45 – Relação força / extensão transversal (negativa) e força / extensão longitudinal
(positiva) em provetes cortados na direcção 90º, retirados da placa ....................................58
Figura 3.46 - Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 10º, retirados
de uma placa........................................................................................................................59
Figura 3.47 - Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção 10º, retirados
de um painel sanduíche .......................................................................................................59
Figura 3.48 - Relação força / extensões, para cada valor registado na roseta de extensómetros
.............................................................................................................................................59
Figura 3.49 – Relação tensão tangencial / distorção de três dos provetes ensaiados a 10º .59
Figura 3.50 - Ensaio de flexão em provete de GFRP ...........................................................61
Figura 3.51 - Ensaio de flexão em provete de GFRP - fase elástica .....................................62
Figura 3.52 - Ensaio de flexão em provete de GFRP - rotura ...............................................62
Figura 3.53 – Provete ensaiado: a) face comprimida; b) face traccionada ............................62
Figura 3.54 - Relação carga / deslocamento em provetes de GFRP cortados na orientação 0º
.............................................................................................................................................62
Figura 3.55 - Ensaio de flexão à rotura em painéis com núcleo PUR ...................................63
Figura 3.56 – Rotura do provete PUR-2: a) vista do provete; b), c), d) pormenores da junta dos
núcleos; e) vista contrária, rotura a 45º ................................................................................64
Figura 3.57 - Deslocamentos registados nos transdutores de fio e de ponteiro (Pont.) a 1/2
vão .......................................................................................................................................65
Figura 3.58 - Deslocamentos registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do vão ..............................65
Figura 3.59 - Extensões registadas nas lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a 1/2 vão ...65
Figura 3.60 - Rotura do provete PUR-3: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º 65
Figura 3.61 - Deslocamentos registados nos transdutores de fio e de ponteiro (Pont.) a 1/2
vão .......................................................................................................................................65
Figura 3.62 - Deslocamentos registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do vão ..............................65
Figura 3.63 - Extensões registadas nas lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a 1/2 vão ...65
Figura 3.64 - Rotura do provete PUR-3: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º 66
xix
Figura 3.65 - Deslocamentos registados nos transdutores de fio e de ponteiro (Pont.) ........66
Figura 3.66 - Deslocamentos registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do vão ..............................66
Figura 3.67 - Extensões registadas nas lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a 1/2 vão ...66
Figura 3.68 - Rotura do provete PET-2: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º.66
Figura 3.69 - Deslocamentos registados nos transdutores de fio e de ponteiro (Pont.) a 1/2
vão .......................................................................................................................................67
Figura 3.70 - Deslocamentos registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do vão ..............................67
Figura 3.71 - Extensões registadas nas lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a 1/2 vão ...67
Figura 3.72 - Rotura do provete PET-3: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º; d)
vista do provete ....................................................................................................................67
Figura 3.73 - Deslocamentos registados nos transdutores de fio e de ponteiro (Pont.) a 1/2
vão .......................................................................................................................................67
Figura 3.74 - Deslocamentos registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do vão ..............................67
Figura 3.75 - Extensões registadas nas lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a 1/2 vão ...67
Figura 3.76 - Rotura do provete PET-4: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º.68
Figura 3.77 - Deslocamentos registados nos transdutores de fio e de ponteiro (Pont.) a 1/2
vão .......................................................................................................................................68
Figura 3.78 - Deslocamentos registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do vão ..............................68
Figura 3.79 - Extensões registadas nas lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a 1/2 vão ...68
Figura 3.80 – Perspectiva da estrutura de ensaio aos provetes (adaptado de [45])..............71
Figura 3.81 - Detalhe do cabo de aço, seguro no gancho da chapa anterior (adaptado de [45])
.............................................................................................................................................71
Figura 3.82 – Vista geral do ensaio ......................................................................................71
Figura 3.83 - Evolução da temperatura e humidade relativa durante o ensaio PUR-SC-20 ºC
.............................................................................................................................................73
Figura 3.84 - Evolução da temperatura e humidade relativa durante o ensaio PUR-SC-24 ºC
.............................................................................................................................................73
Figura 3.85 - Evolução da temperatura e humidade relativa durante o ensaio PUR-SC-28(1)ºC
.............................................................................................................................................73
Figura 3.86 - Evolução da temperatura e humidade relativa durante o ensaio PUR-SC-28(2)ºC
.............................................................................................................................................73
Figura 3.87 - Evolução da distorção em função do tempo para os 3 provetes PUR ensaiados
a 20 ºC .................................................................................................................................74
Figura 3.88 - Evolução da distorção em função do tempo para os 3 provetes PUR ensaiados
a 24 ºC .................................................................................................................................74
Figura 3.89 - Evolução da distorção em função do tempo para os 3 provetes PUR ensaiados
a 28(1)ºC ...............................................................................................................................74

xx
Figura 3.90 - Evolução da distorção em função do tempo para os 3 provetes PUR ensaiados
a 28(2)ºC ...............................................................................................................................74
Figura 3.91 - Evolução da distorção em função do tempo para os 3 provetes PET ensaiados
a 20 ºC .................................................................................................................................74
Figura 3.92 – Compilação dos resultados para várias temperaturas nos provetes PUR
ensaiados a 11% da tensão última .......................................................................................75
Figura 3.93 - Compilação dos resultados para várias temperaturas nos provetes PUR
ensaiados a 23% da tensão última .......................................................................................75
Figura 3.94 - Compilação dos resultados para várias temperaturas nos provetes PUR
ensaiados a 45% da tensão última .......................................................................................75
Figura 3.95 - Evolução das distorções viscoelásticas nas espumas PUR, nos primeiros 30
segundos de ensaio, descontando o instante do carregamento ...........................................76
Figura 3.96 - Evolução das distorções viscoelásticas nas espumas PET, nos primeiros 30
segundos de ensaio, descontando o instante do carregamento ...........................................76
Figura 3.97 - Posicionamento a) dos provetes PUR-1 e 2; b) dos provetes PUR-3 e 4; c) dos
apoios; d) do transdutor, comparador e extensómetro inferiores; e) do comparador e
extensómetro superiores ......................................................................................................78
Figura 3.98 – a) Palete de lajetas; b) aplicação das lajetas; c) provete PUR-4, o mais
carregado; d) disposição na sala dos provetes carregados ..................................................78
Figura 3.99 - Deslocamentos registados no ensaio em provetes com núcleo PUR, a 20 ºC, e
tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura ....................................................................79
Figura 3.100 - Deslocamentos registados no ensaio em provetes com núcleo PUR, a 24 ºC, e
tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura ....................................................................79
Figura 3.101 - Deslocamentos registados no ensaio em provetes com núcleo PUR, a 28(1)ºC,
e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura .................................................................80
Figura 3.102 - Deslocamentos registados no ensaio em provetes com núcleo PUR, a 28(2)ºC,
e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura .................................................................80
Figura 3.103 - Deslocamentos registados no ensaio em provetes com núcleo PET, a 20 ºC, e
tensões a 5%, 11% e 22% da carga de rotura ......................................................................80
Figura 3.104 – Variação dos deslocamentos registados na fase de fluência, em provetes com
núcleo PET, a 20 ºC, e tensões a 5%, 11% e 22% da carga de rotura .................................80
Figura 3.105 – Extensões registadas pelos extensómetros, em provetes com núcleo PUR, a
20 ºC, e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção) e
superior (à compressão).......................................................................................................81
Figura 3.106 - Extensões registadas comparadores manuais, em provetes com núcleo PUR,
a 20 ºC, e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção) e
superior (à compressão).......................................................................................................81

xxi
Figura 3.107 - Extensões registadas pelos extensómetros, em provetes com núcleo PUR, a
28(1)ºC, e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção) e
superior (à compressão).......................................................................................................81
Figura 3.108 - Extensões registadas comparadores manuais, em provetes com núcleo PUR,
a 28(1) ºC, e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção)
e superior (à compressão) ....................................................................................................81
Figura 4.1 - Modelos de degradação do módulo de elasticidade do material GFRP, no tempo
.............................................................................................................................................84
Figura 4.2 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura
20 ºC, em escala bi-logarítmica, para cada nível de tensão .................................................86
Figura 4.3 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura
24 ºC, em escala bi-logarítmica, para cada nível de tensão .................................................86
Figura 4.4 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura
28(1) ºC, em escala bi-logarítmica, para cada nível de tensão .............................................86
Figura 4.5 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura
28(2) ºC, em escala bi-logarítmica, para cada nível de tensão .............................................87
Figura 4.6 - Evolução das deformações por corte nos provetes PET, ensaiados à temperatura
20 ºC, em escala bi-logarítmica, para cada nível de tensão .................................................87
Figura 4.7 - Relação entre o comportamento modelado e o experimental, para a temperatura
20ºC .....................................................................................................................................89
Figura 4.8 - Relação entre o comportamento modelado e o experimental, para a temperatura
24ºC .....................................................................................................................................89
Figura 4.9 - Relação entre o comportamento modelado e o experimental, para a temperatura
28ºC(2) .................................................................................................................................90
Figura 4.10 – Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
20ºC e nível de tensão de 15% da tensão de rotura .............................................................90
Figura 4.11 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
20ºC e nível de tensão de 30% da tensão de rotura .............................................................90
Figura 4.12 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
20ºC e nível de tensão de 61% da tensão de rotura .............................................................90
Figura 4.13 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
24ºC e nível de tensão de 15% da tensão de rotura .............................................................91
Figura 4.14 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
24ºC e nível de tensão de 30% da tensão de rotura .............................................................91
Figura 4.15 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
24ºC e nível de tensão de 61% da tensão de rotura .............................................................91
Figura 4.16 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
28(2)ºC e nível de tensão de 15% da tensão de rotura ........................................................91
xxii
Figura 4.17 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
28(2)ºC e nível de tensão de 30% da tensão de rotura ........................................................91
Figura 4.18 - Relação entre G(t,T) e os resultados experimentais, no ensaio à temperatura
28(2)ºC e nível de tensão de 61% da tensão de rotura ........................................................91
Figura 4.19 – Diferença entre o comportamento modelado de G e o que se verificou no ensaio
de fluência em provetes PET, com o nível de tensão de 4% da rotura. ................................92
Figura 4.20 - Diferença entre o comportamento modelado de G e o que se verificou no ensaio
de fluência em provetes PET, com o nível de tensão de 11% da rotura. ..............................92
Figura 4.21 – Comparação entre os deslocamentos medidos a ½ vão no ensaio realizado a
20ºC e o modelo aplicado, nas espumas PUR, para cada nível de tensão...........................94
Figura 4.22 - Comparação entre os deslocamentos medidos a ½ vão no ensaio realizado a
28(2)ºC e o modelo aplicado, nas espumas PUR, para cada nível de tensão ......................94
Figura 4.23 - Comparação entre os deslocamentos medidos a ½ vão no ensaio realizado a 20
ºC e o modelo aplicado, nas espumas PET, para cada nível de tensão ...............................95

xxiii
xxiv
Índice de Tabelas
Tabela 2.1 - Propriedades físicas e mecânicas das principais resinas termoendurecíveis
(adaptado de [20]) ................................................................................................................10
Tabela 2.2 - Propriedades típicas das fibras de vidro antes do processamento (adaptado de
[20]) ......................................................................................................................................11
Tabela 2.3 - Valores de Kg e Ks para diferentes condições de apoio e de carregamento
(adaptado de [22]) ................................................................................................................25
Tabela 3.1 - Ensaios realizados e respectivas normas .........................................................34
Tabela 3.2 - Densidade dos núcleos de espuma ..................................................................35
Tabela 3.3 - Equipamento utilizado na campanha experimental ...........................................35
Tabela 3.4 - Parâmetros relevantes determinados a partir dos ensaios de corte em
provetescom núcleos de PUR ..............................................................................................40
Tabela 3.5 - Parâmetros relevantes determinados a partir ...................................................40
Tabela 3.6 - Dimensões dos provetes do ensaio de tracção ................................................41
Tabela 3.7- Parâmetros relevantes determinados a partir do ensaio de tracção em provetes
com núcleo de PUR .............................................................................................................43
Tabela 3.8- Parâmetros relevantes determinados a partir do ensaio de tracção em provetes
com núcleo de PET ..............................................................................................................43
Tabela 3.9 – Dimensões dos provetes (em mm) ..................................................................44
Tabela 3.10 - Parâmetros relevantes da análise dos provetes com núcleos em PUR ..........46
Tabela 3.11 - Parâmetros relevantes da análise dos provetes com núcleos em PET ...........46
Tabela 3.12 - Valores de área de contacto e de espessura do núcleo ensaiado ..................47
Tabela 3.13 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de compressão em provetes com
núcleo em PUR ....................................................................................................................48
Tabela 3.14 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de compressão em provetes com
núcleo em PET .....................................................................................................................48
Tabela 3.15 - Dimensões dos provetes de GFRP ensaiados na máquina Instron ................49
Tabela 3.16 - Dimensões dos provetes de GFRP ensaiados na prensa hidráulica ...............49
Tabela 3.17 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de compressão na Instron, em
provetes de GFRP cortados na direcção 0º ..........................................................................51
Tabela 3.18 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de compressão na Instron em
provetes de GFRP cortados na direcção 90º ........................................................................51
Tabela 3.19 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de compressão na prensa, em
provetes de GFRP cortados na direcção 0º ..........................................................................52
Tabela 3.20 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de compressão na prensa, em
provetes de GFRP cortados na direcção 90º ........................................................................52

xxv
Tabela 3.21 - Extensometria utilizada no ensaio e dimensões médias dos provetes ............54
Tabela 3.22 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção de provetes extraídos de uma
placa, na direcção 0º ............................................................................................................57
Tabela 3.23 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção de provetes extraídos de um
painel sanduíche, na direcção 90º ........................................................................................57
Tabela 3.24 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção de provetes extraídos de uma
placa, segundo a direcção 90º .............................................................................................58
Tabela 3.25 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção de provetes extraídos de um
painel sanduíche, na direcção 90º ........................................................................................58
Tabela 3.26 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção a 10º de provetes extraídos de
uma placa.............................................................................................................................60
Tabela 3.27 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção a 10º de provetes extraídos de
um painel..............................................................................................................................60
Tabela 3.28 - Dimensões dos provetes de GFRP ensaiados à flexão simples .....................61
Tabela 3.29 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de flexão na prensa, em provetes de
GFRP cortados na direcção 0º .............................................................................................62
Tabela 3.30 - Dimensões dos painéis ensaiados à rotura, com núcleos de PUR e PET.......63
Tabela 3.31 - Parâmetros relevantes calculados a partir do ensaio de flexão à rotura de
provetes sanduíche com núcleos de PET e PUR .................................................................69
Tabela 3.32 – Dimensões e valores de carregamento dos provetes de PUR ensaiados ao corte
.............................................................................................................................................71
Tabela 3.33 - Dimensões e valores de carregamento dos provetes de PUR ensaiados ao corte
.............................................................................................................................................71
Tabela 3.34 - Registos de temperatura e humidade relativa .................................................73
Tabela 3.35 – Variação do módulo de distorção elástico Ge do PUR nos ensaios às 5
temperaturas ........................................................................................................................75
Tabela 3.36 - Variação do módulo de distorção viscoelástico Gv do PUR nos ensaios às 5
temperaturas ........................................................................................................................75
Tabela 3.37 – Parâmetros elásticos determinados no ensaio de fluência das espumas PET
.............................................................................................................................................76
Tabela 3.38 – Propriedades registadas nos provetes sanduíche para ambos os tipos de
espuma ................................................................................................................................78
Tabela 3.39 – Alguns parâmetros relevantes, relativos ao ensaio de fluência em flexão de
provetes sanduíche ..............................................................................................................79
Tabela 3.40 - Variação da flecha elástica a ½ vão nos ensaios às 5 temperaturas ..............81
Tabela 3.41 - Variação da flecha viscoelástica a ½ vão nos ensaios às 5 temperaturas ......82
Tabela 4.1 - Parâmetros 𝛾′𝑒 e 𝜏𝑒, determinados no ensaio de fluência em corte..................85

xxvi
Tabela 4.2 - Registo dos parâmetros "m" e "n" obtidos para cada nível de tensão e temperatura
.............................................................................................................................................87
Tabela 4.3 - Diferenças registadas entre os parâmetros "m" e "n", entre os 4 níveis de
temperatura testados ...........................................................................................................88
Tabela 4.4 - Parâmetros que definiram o modelo de Findley com os efeitos da temperatura
incorporados ........................................................................................................................89
Tabela 4.5 – Parâmetros “m” e “n” do modelo determinado para prever o comportamento da
espuma PET ........................................................................................................................92
Tabela 4.6 - Outros parâmetros geométricos dos provetes sanduíche .................................93
Tabela 4.7 – Valores da flecha a ½ plo vão devida a esforços de diferentes naturezas e vários
horizontes temporais ............................................................................................................95

xxvii
1 Introdução

1.1 Enquadramento geral

Os custos de manutenção e reabilitação das estruturas construídas com materiais tradicionais, sejam
metálicas ou em betão armado, têm vindo a aumentar consideravelmente [1]. A título de exemplo, nos
Estados Unidos da América (E.U.A.), estima-se que 42% das cerca de 575.000 pontes da rede de
estradas necessitem de reparação, sobretudo devido a problemas corrosão dos tabuleiros (Keller [2]
citado por Correia [1]) e que 40% das pontes construídas depois de 1945 necessitem de substituição a
curto prazo (Hayes [3] citado por Correia [1]).

Em obras de reabilitação surgem muitas vezes restrições ao uso de materiais e técnicas convencionais,
devido a diversos factores como a tipologia e a solução estrutural, as condições de fundação, a
resistência dos elementos, entre outros [4]. Além disso, os efeitos da durabilidade limitada dos materiais
tradicionais têm-se tornado cada vez mais relevantes e a rapidez de processos tornou-se condicionante
no sucesso das empresas de construção, bem como no controlo dos custos das obras. Foi neste cenário
que os materiais compósitos de natureza polimérica ou FRP (do inglês fibre reynforced polymers) foram
introduzidos na construção civil.

Os materiais compósitos, pelos quais são constituídos os painéis sanduíche, têm apresentado uma
grande competitividade face aos materiais tradicionais, devido à boa relação que possuem entre o peso
próprio e a sua resistência, pela facilidade com que podem ser introduzidos em operações de reforço e
reparação de edifícios, pela reduzida necessidade de manutenção que apresentam, a elevada
resistência à degradação provocada pelo meio ambiente, a capacidade de se adaptarem a formas
complexas e uma resistência elevada à fadiga [5]. Apesar do seu elevado potencial, os materiais FRP
também apresentam algumas desvantagens, como sejam o reduzido módulo de elasticidade, um
comportamento frágil e um mau comportamento em situação de incêndio [1]. Os compósitos apresentam
também características inferiores na direcção ortogonal àquela em que existem mais fibras, são
susceptíveis às acções de impacto e delaminação, para além de também serem susceptíveis ao
fenómeno da fluência, que pode ser ainda agravado por variações de temperatura e humidade.

À semelhança da função dos Eurocódigos no dimensionamento de materiais como o aço e o betão, é


importante desenvolver uma regulamentação que defina metodologias de dimensionamento destes
materiais aos estados Limites Últimos e de Serviço. No entanto, actualmente, devido à ausência dessa
regulamentação, o dimensionamento dos materiais FRP, em particular, dos painéis sanduíche, é
efectuado apenas com base em recomendações por parte da literatura especializada [4].

1
1.2 Objectivos e metodologia

Inserida na linha de investigação que está a ser desenvolvida pela Secção de Construção do Instituto
Superior Técnico desde 2001, mais especificamente, no projecto de investigação “RehabGFRP –
Rehabilitation of Building Floors with Lightweight High Performance GFRO Sandwich Panels”, financiado
pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – FCT – (PTDC/ECM/113041/2009), a presente
dissertação de mestrado tem como objectivo principal a caracterização do comportamento em fluência
de painéis sanduíche, com faces de laminados em GFRP e núcleos de poliuretano rígido e polietileno
tereftalato, tendo em vista a sua aplicação na substituição de pisos de madeira no âmbito das obras de
reabilitação em edifícios.

A necessidade de estudar o comportamento em fluência desta solução estrutural advém, em primeiro


lugar, do facto de ainda não ter sido desenvolvido um trabalho de investigação suficiente, que permita a
adopção destes materiais pelo mercado tradicional da construção, e a sua inclusão nos documentos
normativos de cada país. Os materiais constituintes dos painéis apresentam um comportamento
viscoelástico e, por isso, como se encontra detalhado na secção 2.5.5 desta dissertação, apresentam
uma maior susceptibilidade ao fenómeno da fluência. Além disso, estima-se que a temperatura ambiente
tenha uma influência significativa no seu comportamento viscoelástico, para além da humidade relativa,
existindo muito poucos estudos que tivessem em conta a influência deste parâmetro, sobre os materiais
em causa.

Face ao evidenciado no parágrafo anterior, considerou-se oportuna a realização de uma dissertação,


suportada por uma componente experimental, onde fosse feita uma caracterização da maioria das
propriedades mecânicas destes materiais, elásticas e viscoelásticas, e ainda o desenvolvimento de
modelos de fluência com capacidade para estimar as deformações de longo prazo, mediante condições
genéricas de carregamento e condições genéricas de temperatura ambiente.

A campanha experimental ocorreu em simultâneo nas instalações do LNEC e nas instalações do IST,
com ensaios de fluência em provetes à escala do painel e ensaios de caracterização do material, em
provetes à escala do componente, respectivamente. Para tal, teve de ser seguida uma programação de
ensaio, que permitisse alguma flexibilidade entre as duas actividades paralelas, cada uma com requisitos
específicos, a nível dos recursos e a nível temporal.

1.3 Organização da dissertação

Para além do presente capítulo de introdução, a dissertação encontra-se estruturada em mais quatro
capítulos. No próximo capítulo, o Estado da Arte, é feito um enquadramento geral da utilização dos
materiais FRP pelas diversas áreas da engenharia e é feita uma caracterização das matérias-primas que
os constituem. Neste capítulo são também introduzidos os painéis sanduíche, desde o historial da sua
utilização, a alguns dos seus processos de fabrico mais conhecidos, a apresentação das suas
propriedades mecânicas, a elaboração de um enquadramento geral do fenómeno da fluência, bem como
os estudos elaborados à data sobre esta temática.
2
O terceiro capítulo corresponde à Campanha Experimental, na qual são descritos os ensaios realizados
e analisados os resultados obtidos. Neste capítulo estão incluídos os seguintes ensaios: i) ensaio de
corte diagonal de espumas de núcleo; ii) ensaio de tracção de provetes sanduíche, na direcção
perpendicular ao plano das lâminas; iii) ensaio de compressão de provetes sanduíche, na direcção
perpendicular ao plano das lâminas; iv) ensaio de compressão de provetes sanduíche, na direcção do
plano das lâminas; v) ensaio de compressão em provetes de GFRP; vi) ensaio de flexão em provetes de
GFRP; vii) ensaio de tracção em provetes de GFRP; viii) ensaio de flexão à rotura de painéis sanduíche;
ix) ensaio de fluência em corte de espumas de núcleo; x) ensaio de fluência em flexão de painéis
sanduíche.

O quarto capítulo corresponde à Modelação Analítica, onde são elaborados modelos de fluência para os
painéis que foram alvo de ensaio no capítulo anterior.

A dissertação encerra com o capítulo cinco, no qual são tecidas as principais conclusões resultantes
do trabalho desenvolvido e sugeridos temas para desenvolvimentos futuros, de modo a dar
continuidade ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na secção de Construção do IST.

3
2 Estado da Arte

2.1 Materiais compósitos de natureza polimérica

Enquadramento geral

No âmbito dos materiais de construção, entende-se por material compósito aquele que resulta da
combinação de dois ou mais materiais, possuindo melhores propriedades do que as dos materiais que
lhe deram origem, quando aplicados isoladamente.

Crê-se que o uso de materiais compósitos remonta a 5 000 a.C., quando, na Mesopotânia, se utizaram
tijolos de terra reforçada com palha, com o objectivo de reduzir a fissuração durante o processo de
secagem. Este sistema da Antiguidade em tudo se assemelha aos sistemas compósitos de matriz
polimérica actuais, sendo que a lama funcionava como matriz polimérica e a palha desempenhava as
funções das fibras de reforço [1]. O próprio betão armado pertence ao grupo dos materiais compósitos,
sendo distintos o papel desempenhado pela matriz (agregados mais pasta ligante) e o das armaduras.

A incorporação de fibras de reforço numa matriz polimérica é uma tecnologia relativamente recente,
tendo sido possibilitada pelo desenvolvimento da indústria dos plásticos, a partir do século XX. Durante
a década de 1940, estes materiais viram a sua utilidade ser reconhecida pelas indústrias naval e
aeroespacial, tendo sido alargada posteriormente (de acordo com [6], citado por [1]), nas décadas de
1950 e 1960, para a indústria da construção, com o aparecimento de cerca de 70 edifícios protótipo,
durante este período. Os materiais FRP eram essencialmente utilizados em fachadas, muitas vezes
integrados numa estrutura primária com materiais tradicionais, [7]. A Figuras 2.1 e 2.2 mostram dois
exemplos destas realizações iniciais: a Futuro House (1968) e Kunststoffhaus (1970).

Figura 2.1 – Diferentes vistas da Casa "Futuro", [7]

4
Figura 2.2 – Diferentes vistas da “Kunststoffhaus / fg 2000 System”, [7]

Hoje em dia, o campo de aplicação estrutural dos materiais compósitos de origem polimérica na
Engenharia Civil estende-se essencialmente por quatro áreas: (i) armadura de reforço interior; (ii)
reparação e reforço (normalmente exterior) de estruturas; (iii) estruturas híbridas novas; e (iv) estruturas
novas totalmente compósitas [1].

2.1.1.1 Armadura de reforço interior

Neste campo de aplicação o reforço com varões de aço é parcial ou integralmente substituído por
reforços de betão reforçado com fibras (GRC – glass reinforced concrete) e por varões ou cabos internos
de pré-esforço em materiais FRP, (Figura 2.3). Este último tipo de reforço tem tido uma prática cada vez
mais comum em operações de reforço de tabuleiros de pontes na Europa (para além das diversas
aplicações em paredes de contenção, túneis e alvenarias), dado que muitas delas estão sujeitas a
ambientes agressivos, nomeadamente as pontes nas quais são depositados sais anti-congelantes, visto
que este material apresenta índices de corrosibilidade muito baixos, [1].

2.1.1.2 Reparação e reforço de estruturas existentes

Como materiais de reparação e reforço, os materiais FRP têm revelado bastante versatilidade, com
aplicações conhecidas em estruturas existentes de betão armado, estruturas metálicas, em madeira e
alvenaria. Considera-se importante referir ainda o sucesso comercial da utilização de laminados
(Figura 2.4) e mantas (Figura 2.5) de CFRP (FRP com fibras de carbono) no reforço de lajes e pilares
em betão armado de edifícios e pontes [1].

Figura 2.3 - Varões FRP para o Figura 2.4 - Laminados de CFRP no Figura 2.5 - Mantas de CFRP no
reforço do tabuleiro de uma ponte reforço do Viaduto Duarte Pacheco reforço do Viaduto Duarte Pacheco [1]
[1] [1]

5
2.1.1.3 Estruturas novas híbridas

O mercado dos plásticos na construção tem também evoluído na combinação de materiais tradicionais
com materiais FRP, existindo diversos exemplos desta forma de concepção, sobretudo em pontes e
viadutos. Em Outubro de 2002, em Inglaterra, foi inaugurada a West Mill Bridge (Figura 2.6), a primeira
ponte rodoviária na Europa em materiais compósitos, com 12 toneladas de materiais compósitos e 25
toneladas de betão (vencendo 10 metros de vão e com 6,8 metros de largura). A um mês da sua
inauguração, o director do projecto (Dr. Sam Luke) afirmou que, tendo-se optado pela utilização destes
materiais, a ponte seria substancialmente mais leve, teria um melhor comportamento face a cargas
cíclicas, era mais durável (sobretudo sendo-lhe aplicado sal no inverno) e permitia a sua rápida
substituição no fim do seu ciclo de vida, devido ao seu peso reduzido, sendo esta última uma vantagem
ainda mais preponderante, tratando-se de uma ponte instalada numa localização remota [8]. O tabuleiro
desta ponte é constituído por painéis pré-fabricados em GFRP (polímero reforçado com fibras de vidro-
– glass fiber reinforced polymer) e CFRP (polímero reforçado com fibras de carbono) do sistema ASSET
(Advanced Structural SystEms for Tomorrow’s Infrastructure) (Figura 2.8) e foi colocado através de uma
grua móvel, com apenas um içamento na sua posição final (Figura 2.7).

Figura 2.6 – Inauguração da ponte West Mill Bridge, [9] Figura 2.7 - Colocação do tabuleiro da W.M. Bridge, [10]

Figura 2.8 – Novas formas estruturais de perfis pultrudidos utilizados em tabuleiros de pontes (adaptado de [11])

Em 2008, foi instalada na Alemanha uma ponte rodoviária, através de um sistema híbrido FRP-aço
(Figura 2.9). A ponte, de 27 metros de comprimento, compreende um tabuleiro multicelular em perfis de
GFRP, também do sistema ASSET, colados com adesivo estrutural a duas vigas principais em aço. Um
6
dos principais obstáculos vencidos neste projecto foi a condição da mínima perturbação do tráfego da
auto-estrada que passa em baixo, exigindo um período de montagem bastante rápido. Tal foi
conseguido, novamente, por içamento de uma única peça, correspondente a todo o tabuleiro da ponte
(Figura 2.10).

Figura 2.9 – Vista de uma ponte com Figura 2.10 – Içamento integral da ponte, para a sua posição final [10].
tabuleiro em GFRP, na autostrada B3, em
Friedberg, Alemanha [10].

2.1.1.4 Estruturas novas totalmente compósitas

Na construção de pontes, estas aplicações estruturais correspondem essencialmente à superstrutura, já


que os pilares e os encontros continuam a ser frequentemente construídos com materiais tradicionais,
[1].

A ponte pedonal Pontresina Bridge foi inaugurada em 1997, na Suíça, e é constituída por duas treliças
simplesmente apoiadas com 12,5 m de vão, utilizando apenas perfis de GFRP (Figura 2.11). A ponte foi
projectada para ser removida anualmente no final do Inverno, antes da neve derreter, e para ser
reinstalada após o risco de cheia diminuir. Assim, para além da durabilidade e não corrosibilidade, a
leveza foi um factor chave para a selecção de perfis pultrudidos de GFRP. A instalação dos dois tramos
demorou apenas 4 horas, através do seu içamento com o helicóptero da estância de esqui (Figura 2.12)
[12].

Figura 2.11 – Vista geral da Ponte pedonal Pontresina Bridge, Suíça [13] Figura 2.12 - Em 4 horas um
helicóptero posiciona a ponte
nas fundações [13]

7
Características gerais dos materiais FRP

2.1.2.1 Tipologias e formas dos materiais FRP

Os materiais FRP têm ganho bastante popularidade na indústria da construção sob a forma de
componentes em tracção, como varões, cabos de pré-esforço, laminados, mantas e barras para reforço
de estruturas de betão, ou de componentes em flexão, como perfis e painéis estruturais (ex. painéis
sanduíche), [14] citado por [1].

Os varões em FRP (Figura 2.13) começaram a ser utilizados na década de 1950 em estruturas de betão
armado. Os diâmetros correntes variam entre os 9 e 25 mm e, à semelhança dos varões de aço rugoso
(A NR), também os varões de FRP possuem uma superfície rugosa que melhora a sua aderência ao
betão. A sua resistência normalmente decresce com o aumento do diâmetro da secção. O módulo
elástico longitudinal dos varões FRP varia tipicamente entre 40 e 60 GPa e a sua resistência à tracção
varia entre 480 e 880 MPa, [15] citado por [16].

Os cabos em FRP (Figura 2.14) para betão pré-esforçado foram desenvolvidos na década de 1980 e,
tal como no caso dos varões simples, o seu desenvolvimento foi motivado pela necessidade de
incorporar elementos estruturais duráveis e resistentes a ambientes altamente corrosivos ([15] citado por
[16]).

Figura 2.13 – Varões de GFRP E CFRP para aplicação em Figura 2.14 – Cabos de FRP para estruturas
estruturas de betão armado, [15] de betão armado pré-esforçado, [15]

Os perfis pultrudidos1 de FRP começaram a ser desenvolvidos na década de 1950 nos Estados Unidos
da América [15]. As suas secções transversais começaram por ser copiadas da construção metálica,
reproduzindo essencialmente secções de parede fina aberta (Figura 2.15) [1]. No entanto, devido à sua
elevada sensibilidade ao impacto e à susceptibilidade a fenómenos de instabilidade quando sujeitos a
cargas de compressão, têm-se desenvolvido recentemente peças pultrudidas multicelulares ligadas
entre si por colagem, formando elementos de laje, bastante utilizados em tabuleiros de pontes como
demonstram os exemplos em 2.1.1.3 (Figura 2.8) [1].

1 A pultrusão é o método mais utilizado no fabrico que permite elaborar perfis em compósitos, ver 2.3.2
8
Figura 2.15 - Formas de perfis pultrudidos de parede fina aberta, [17]

2.1.2.2 Materiais constituintes

Os materiais compósitos são formados por duas fases: i) a matriz polimérica; e ii) o reforço com fibras.
A matriz polimérica é composta por resina, podendo incorporar alguns materiais de enchimento e aditivos
com a finalidade de reduzir os custos, melhorar algumas características e facilitar o processo de fabrico.
As fibras de reforço têm a finalidade de conferir maior resistência ao conjunto, sendo a transmissão de
esforços entre as fibras garantida pela matriz, que impede a sua instabilidade quando o elemento é
sujeito a esforços de compressão, para além de as proteger das agressões ambientais.

As propriedades mecânicas da ligação fibra-matriz dependem essencialmente do ângulo que as fibras


de reforço fazem com a direcção da solicitação, do grau de adesão à matriz e da compatibilidade
mecânica entre as fibras e a matriz. Por exemplo, para evitar o desenvolvimento de microfissuras na
matriz antes de ser atingida a capacidade de deformação máxima das fibras, a extensão na rotura da
matriz deve ser superior à das fibras, [1] de acordo com [2]. A título ilustrativo, apresenta-se na
Figura 2.16 uma observação microscópica da composição de uma secção transversal de um laminado
de poliéster, reforçado com fibras de vidro.

Figura 2.16 - Fotografia ao microscópio a um provete de GFRP, secção transversal [18]

2.1.2.3 Matriz polimérica

A escolha entre resinas poliméricas para uso em estruturas compósitas depende não só das suas
propriedades como sejam, a rigidez, a dureza, a resistência e a durabilidade, mas também de condições
externas, como o método de fabrico do material compósito ou as condições ambientais do local de
aplicação, [19]. As resinas termoendurecíveis, cujas cadeias moleculares não permitem a sua refundição
(em contraste com as resinas termoplásticas) são as mais interessantes neste mercado por permitirem
velocidades de processamento mais elevadas. São exemplos deste tipo de resinas o poliéster
insaturado, o viniléster, as epóxidas e as fenólicas [1]. As propriedades destas resinas são apresentadas
na Tabela 2.1, sob a forma de intervalos, pois para cada tipo de resina existem algumas subcategorias,
às quais correspondem modos de produção diferentes.

9
Tabela 2.1 - Propriedades físicas e mecânicas das principais resinas termoendurecíveis (adaptado de [19])

Propriedades Poliéster Epóxida Viniléster Fenólica

Tensão de rotura em tracção pura [MPa] 50 – 70 62 – 125 68 – 82 24 – 40


Módulo de elasticidade em tracção [GPa] 3.3 – 4.1 3 – 4.1 3.5 1.5 – 2.5
Extensão na rotura em tracção [%] 1.5 – 3.5 2–8 3–6 1.8
Desidade relativa 1.1 – 1.3 1.2 1.12 – 1.16 1.24

Dentro do grupo das resinas de poliéster insaturado, estas podem ser divididas em resinas de poliéster
ortoftálicas e isoftálicas. As resinas isoftálicas apresentam uma resistência à corrosão moderada e uma
boa resistência à humidade, a ácidos leves, à alcális e a derivados do petróleo, como a gasolina, para
temperaturas inferiores a 80 ºC. As resinas ortoftálicas divergem na posição dos grupos de COOH, na
molécula do ácido ftálico, apresentando resistências aos agentes abrasivos bastante inferiores [20].

À resina podem ser ainda adicionados outros componentes aditivos, que não alteram de forma
significativa as propriedades mecânicas da matriz, mas podem-lhe conferir outras propriedades (ex:
pigmentos, retardadores de chama) [19].

Os designados fillers são partículas inorgânicas que podem ser adicionados para reduzir a retracção, a
libertação de calor durante a cura, para aumentar a viscosidade, aumentar localmente a dureza, reduzir
a inflamabilidade e até o próprio custo de fabrico. Podem ainda aumentar a rigidez e a resistência à
compressão, sendo bastante utilizados também como protecções superficiais para melhorar
propriedades específicas [19].

2.1.2.4 Fibras de reforço

Para além do tipo de resina utilizada para a matriz, a resistência e rigidez dos compósitos depende da
fracção volumétrica das fibras na sua secção, das propriedades individuais das fibras e da sua orientação
em relação à direcção de carregamento [19]. Entre os principais tipos de fibras utilizados em aplicações
comerciais estão o vidro, o carbono e a aramida. Deste conjunto, as fibras de vidro (a partir delas são
produzidos os polímeros reforçados com fibras de vidro – GFRP) são as mais utilizadas na indústria da
construção, apresentando como principais vantagens uma resistência elevada e o seu custo,
relativamente reduzido (as fibras em carbono são ainda mais resistentes, em detrimento de um preço
mais elevado). No entanto, também apresentam algumas desvantagens face aos outros tipos, como
sendo o seu módulo de elasticidade (cerca de 4 vezes inferior ao das fibras de carbono), a
susceptibilidade à humidade, a ambientes alcalinos e à rotura por fluência [1].

Dada a importância do material GFRP para esta dissertação, na Tabela 2.2 são apresentadas algumas
propriedades dos subtipos de fibras de vidro mais utilizados, apesar de os seus valores não variarem
significativamente entre eles. Esses subtipos de fibras são designadas comercialmente por E-glass, C-
glass e ECR-glass.

10
Tabela 2.2 - Propriedades típicas das fibras de vidro antes do processamento (adaptado de [19])

Propriedades E-glass C-glass ECR-glass

Tensão de rotura em tracção pura [MPa] 3400 3000 3300


Módulo de elasticidade em tracção [GPa] 72 69 72
Extensão na rotura em tracção [%] 4.8 4.8 4.8
Desidade relativa 2.54 2.5 2.71

As fibras do tipo E-glass são as mais utilizadas, devido à sua maior tensão de rotura que possuem e às
suas boas propriedades de isolamento eléctrico [19].

Existem várias formas de comercialização destas fibras: na forma de “manta” (CSM – chopped strand
mat), em mechas de filamentos contínuos (rovings) e tecido de fibras [19].

A forma comercial CSM consiste num material plano em que cordões de fibras são picados em pequenos
comprimentos e uniformemente espalhados de forma arbitrária. O “tapete de fibras” é mantido unido
através de um ligante que se pode dissociar na fase de impregnação (Figura 2.17). Devido à organização
não alinhada das suas fibras, este tipo de material não permite que a percentagem volumétrica de fibras
seja superior a 25%, dependendo do método de fabrico, sob pena que a resina fique mal distribuída no
seu interior [19].

Os rovings (Figura 2.18) são os mais indicados para processos de fabrico automatizados, onde seja
aplicada tensão nos filamentos para controlar a sua orientação e consolidação (ex: pultrusão, confirmar
secção 2.3.2) [19].

Na produção de tecidos, as fibras ou filamentos são entrelaçados, podendo formar vários padrões, como
0º/90º, unidireccional, entre outros (Figura 2.19).

Figura 2.17 - Manta com fibras Figura 2.18 - Mecha de filamentos Figura 2.19 - Diferentes formas de
curtas dispostas aleatoriamente, contínuos, [22] apresentação das mantas de reforço
[21] [3,13]

2.2 Estruturas em sanduíche

Uma vez apresentado o material GFRP, este capítulo incide sobre a solução estrutural que o utiliza como
um dos seus componentes, e que servirá como base de estudo nos capítulos a desenvolver nesta
dissertação.

11
A sua composição

Quaisquer que sejam os materiais que a incorporam, a estrutura em sanduíche segue sempre o mesmo
princípio de desempenho: duas faces, relativamente finas e de elevada resistência, ligadas a um núcleo
que é relativamente espesso, leve e que também tem uma resistência adequada na direcção normal ao
plano das lâminas [23].

Podem ser obtidas muitas soluções óptimas em construção sanduíche por combinação de diferentes
materiais para as faces e para o núcleo. As faces são usualmente em aço, alumínio, madeira, plástico
reforçado com fibras ou até em betão. De entre os materiais tipicamente utilizados nos núcleos estão a
cortiça, a madeira de balsa, a borracha, material plástico sólido (ex.: polietileno), material de espuma
rígida (ex.: poliuretano (PUR), polietileno tereftalato (PET), poliestireno, espumas fenólicas), lã mineral,
o mesmo material das faces na forma de “favos de mel” (normalmente em GFRP), metal e até papel [23].
A Figura 2.20 mostra 4 exemplos de núcleos em estruturas sanduíche.

Figura 2.20 - 4 exemplos de tipos de núcleos em painéis sanduíche respectivamente: a) madeira de balsa; b) espuma PUR; c)
“favos de mel”; d) espuma PET. As lâminas são todas em GFRP.

Estes materiais devem ser utilizados de modo a que as suas propriedades positivas possam ser
combinadas e as suas propriedades negativas anuladas. Por exemplo, as boas propriedades de
isolamento térmico das espumas de polímeros apenas podem ser aproveitadas se forem protegidas
pelas faces da humidade e radiação solar, enquanto as faces de metal fino só podem ser
convenientemente aproveitadas se forem reforçadas contra a encurvadura por compressão pela
presença do material de núcleo [23].

Algumas das vantagens que advêm da utilização de painéis sanduíche com faces em plásticos
reforçados com fibras e núcleos em espumas de polímeros são listadas de seguida:

 Reduzida relação peso/resistência [24];


 Elevada durabilidade, na medida em que os seus materiais plásticos não corrosíveis possibilitam
um período de vida útil maior [25];
 Possuem elevada rigidez [24];
 Têm a possibilidade de serem produzidos em massa, com a qualidade do produto assegurada
[24];
 Possibilitam um bom isolamento térmico (as espumas de polímeros têm uma estrutura celular
com ar no seu interior, conduzindo a valores de condutividade térmica muito reduzidos) [25];
 Permitem uma reparação fácil; as fissuras e danos por pancadas podem ser reparados com
relativa facilidade, sem reduzir o desempenho mecânico da estrutura; comparados com o aço,
não necessitam de que se tenha de cortar e substituir uma porção da estrutura, podem ser
reparados localmente, sem afectar o seu comportamento ou o aspecto estético [26];
12
 Possuem flexibilidade no design (sendo um material moldado, possibilitam curvaturas e
geometrias complexas) [27];
 Têm capacidade para absorver os impactos (os núcleos são constituídos por materiais
elastómeros, que recuperam rapidamente a sua forma e dimensões iniciais após cessar a
aplicação de uma tensão [27];
 Têm boas propriedades de isolamento eléctrico (os seus materiais não interferem com as ondas
rádio, radar ou raio-x) [26].

Do conjunto de vantagens acima mencionadas, considera-se que a primeira é particularmente relevante.


Quer como elementos estruturais primários, quer como elementos secundários, o seu reduzido peso
próprio introduz uma série de outras vantagens. Não só permitem a redução do esforço de montagem,
como facilitam o seu transporte. Além disso, por transmitirem cargas menores aos elementos principais,
viabilizam soluções estruturais (em construção nova ou operações de reabilitação) mais económicas.
Por isso, numa análise da viabilidade económica da utilização destes materiais, existem ganhos directos
e indirectos que devem ser considerados e que podem ser alcançados pelo aproveitamento adequado
deste conjunto de características.

No entanto, a sua aplicação também tem desvantagens, algumas delas mencionadas abaixo:

 O custo elevado das matérias-primas [27];


 As propriedades não isotrópicas das faces e a variedade de critérios de rotura dificultam o seu
dimensionamento, bem como os seus processos de validação [27];
 Apresentam uma reduzida resistência a temperaturas elevadas, apresentando deformações
excessivas quando expostos ao calor [21];
 O seu isolamento acústico é fraco: apesar de, quando comparados com outras soluções de peso
reduzido, serem um bom isolante acústico, perante as soluções estruturais mais pesadas como
o betão e as alvenarias, os painéis apresentam reduzidas propriedades de isolamento acústico
[21].

A crescente utilização dos painéis sanduíche na engenharia

Historicamente, o princípio de utilização de duas faces cooperantes com uma distância entre elas foi
introduzido por Delau na década de 1820. O uso extensivo de painéis sanduíche começou durante a
Segunda Guerra Mundial, quando foram construídos os aviões “Mosquito” (Figura 2.21), essencialmente
devido à escassez de outros materiais que se sentiu em Inglaterra durante a guerra. As suas faces eram
constituídas por folhas de madeira e os núcleos eram de madeira de balsa [25].

Por volta de 1960, o número de utilizações alternativas aumentou, como por exemplo, nas indústrias da
construção, armazenamento refrigerado, automóvel e naval.

O ano de 1969 ficou marcado pelo sucesso da missão Apollo pela aterragem em solo lunar. Embora o
interesse público se tenha concentrado na ciência dos foguetões e na tecnologia de computadores, foi
uma estrutura em sanduíche, pela qual era constituída a cápsula Apollo (Figuras 2.22 e 2.23) que
absorveu os esforços gerados pelas descolagens e aterragens desta aeronave [23].

13
Figura 2.21 - Havilland Mosquito TT35 Figura 2.22 - Cápsula Apollo Figura 2.23 - Construção em sanduíche
TA639 [28] [29] da cápsula Apollo (adaptado de [23])

O uso de estruturas sanduíche tem vindo a expandir-se e a diversificar-se e, nos dias de hoje são
utilizadas em projectos tão díspares como camiões frigoríficos (Figura 2.24) (em que a sanduíche serve
simultaneamente de estrutura e de isolamento), pranchas de surf e interiores de aviões [30].

Na indústria da construção, os painéis sanduíche começaram por ter um carácter maioritariamente semi-
estrutural, suportando cargas relativamente reduzidas em vãos razoavelmente elevados, [31]. Porém, o
crescente interesse na aplicação de materiais compósitos na reabilitação de estruturas e em novas
construções tem proporcionado uma excelente oportunidade para o desenvolvimento e a implementação
de estruturas primárias em sanduíche [32].

Desde os edifícios públicos, aos estádios (Figura 2.25) e aeroportos, os painéis têm vindo a ser utilizados
como revestimentos de fachada, tectos, coberturas, pavimentos, paredes divisórias e outros
revestimentos (Figura 2.26) ([33] citado por [21]).

Figura 2.24 - Arca frigorífica Figura 2.25 - Parede ornamental do novo Figura 2.26 - Projecto "arquitectura en el
com paredes em sanduíche estádio Maracana, em painéis sanduíche agua", com painéis sanduíche no pavimento
[26] com acabamento em porcelana [26] [26]

2.3 Processos de fabrico dos painéis sanduíche

Produção dos núcleos

Entre os materiais de núcleo homogéneos mais comuns que constituem os painéis, distinguem-se as
espumas e as lãs. As espumas de poliuretano são as mais utilizadas na indústria e uma vez que o
material de núcleo estudado nesta dissertação é uma espuma polimérica, apenas é feita referência ao
seu processo de fabrico.

As características deste material dependem do modo de fabrico dos painéis, podendo ser efectuado de
duas maneiras:

 São usadas placas pré-fabricadas do material de espuma e coladas às faces usando adesivos;

14
 Os componentes da espuma são misturados in situ e a expansão da mistura é limitada pelas
faces laminadas, devidamente espaçadas, formando uma ligação natural e resistente entre os
elementos.

Dos vários polímeros que são utilizados na produção de núcleos, um deles é o polietileno tereftalato
(PET), mais conhecido pela sua aplicação em garrafas de plástico. Sendo um material termoplástico (a
sua estrutura molecular é reversível após fusão e arrefecimento), permite a reutilização do material
desperdiçado, bem como a sua reciclagem.

No entanto, o material mais comum é a espuma de poliuretano rígida (PUR). O material poliuretano é
termoendurecível, o que implica que apenas possa ser formado uma vez; depois disso, não pode ser
moldado devido às extensas ligações cruzadas entre as suas moléculas. Este tipo de espuma é obtido
através da mistura de dois componentes líquidos (poliol e isocianato) com determinados activadores e
um agente difusor que controlam a reacção. Depois de os químicos serem misturados, a espuma líquida
inicia uma expansão rápida. O tempo que decorre entre a mistura e a espuma ficar rígida é de
aproximadamente 3 a 6 minutos, dependendo da espessura do produto. Na sua transição para espuma,
a mistura é muito aderente às superfícies com que entra em contacto. A reacção química é exotérmica,
podendo a temperatura dos núcleos atingir 150 oC. Por isso, os produtos de reacção devem ser
armazenados durante um período de 24 horas para completar o processo de endurecimento e
refrigeração, antes de serem enviados para o local de aplicação [23].

Este processo pode ser executado numa linha de produção contínua. A produção inicia-se com o
aquecimento das lâminas, necessário para haver compatibilidade química entre os elementos. Os dois
componentes são introduzidos ao mesmo tempo que os laminados são conduzidos por tapetes rolantes,
com capacidade para resistir à pressão que se gera e de manter as lâminas na posição devida. Os lados
do painel são cofrados e os produtos de reacção da espuma permitem, à partida, que se crie a adesão
necessária com as faces. O comprimento desta secção pode atingir os 30 metros. Depois do painel
contínuo atravessar uma zona de arrefecimento, é cortado à medida e empilhado com os restantes
(Figura 2.27) [23].

Figura 2.27- Linha de formação contínua de espuma, (adaptado de [23])

Nas linhas de produção por colagem, a adesão entre o núcleo e as lâminas tem de ser garantida por um
terceiro elemento (normalmente com adesivos de poliuretano [23]), mas também é possível fazer-se
utilizando a resina das próprias lâminas.

15
Produção das lâminas

Os materiais FRP podem ser produzidos através de diversos métodos, que incluem, entre outros, os
seguintes: i) pultrusão; ii) moldagem manual e iii) infusão a vácuo.

i) Pultrusão

A pultrusão é um processo utilizado para aplicações comerciais desde 1950. No processo de pultrusão,
uma mecha contínua de fibras é impregnada numa matriz, que vai sendo continuamente consolidada
até ao estado de compósito sólido. Este processo é dividido em duas fases: a fase de impregnação das
fibras por resina no estado líquido e a fase de cura da resina num molde aquecido com a forma
pretendida. A Figura 2.28 esquematiza o processo de pultrusão para perfis, mas o processo é
semelhante para as placas.

Figura 2.28 - Esquema do processo de pultrusão

ii) Moldagem manual

Este método consiste na deposição sucessiva de camadas de fibras de reforço e na sua posterior
impregnação com uma dada matriz polimérica, que cura para formar um elemento FRP sólido
(Figuras 2.29 e 2.30). Este elemento tomará a forma e as dimensões do molde ou da superfície em que
foi aplicado [1], sendo bastante utilizado na produção de painéis sanduíche.

Figura 2.29 - Processo de moldagem manual: Figura 2.30 - Processo de moldagem manual:
aplicação da manta tipo véu [21] compactação com rolo de borracha [21]

iii) Infusão a vácuo

Esta técnica utiliza o vácuo como meio de transporte e impregnação da resina. O material do núcleo é
envolvido por um plástico, no qual são criados dois orifícios, um de admissão e outro de purga. A resina
é inserida através de um tubo de admissão (Figura 2.31), enquanto o ar é extraído pelo tubo de purga,
até preencher todas as cavidades. Quando a peça se encontra totalmente preenchida, a resina sai pelo
tubo de purga e a infusão fica concluída (Figura 2.32). Este método permite uma grande liberdade de
16
formas geométricas nos produtos finais (Figura 2.33). As Figuras 2.31 e 2.32 pertencem ao processo de
produção dos painéis que foram alvo de ensaio na campanha experimental desta dissertação.

Na produção de painéis sanduíche com este método, os núcleos são pré-fabricados. Os reforços de
fibras são posicionados antes da injecção da resina (rever 2.1.2.4) e a ligação com o núcleo é garantida
pela própria resina que, depois de impregnada, garante uma união bastante coesa após a cura.

A empresa DIAB, que produz materiais compósitos, afirma que com este método é possível reduzir até
50% o tempo nos ciclos de moldagem, e 30% nos custos de mão-de-obra, face a técnicas tradicionais
(como a moldagem manual) [26].

Figura 2.31 – Pormenor do Figura 2.32 – Preenchimento das Figura 2.33 - Processo de infusão a
tubo de admissão faces com resina vácuo no casco de um navio [26]

iv) Outros processos

Para além dos processos acima mencionados, utilizados na generalidade das aplicações de materiais
FRP na construção, existem outros processos de fabrico, utilizados essencialmente na produção
industrial de peças individuais, dos quais se salientam os seguintes: (i) enrolamento filamentar, utilizado
no fabrico de produtos tubulares; (ii) centrifugação, (iii) moldagem por transferência de resina (RTM-resin
transfer molding) [1].

Reforços

A ligação entre lâminas pode ser complementada por reforços, devendo o seu posicionamento
corresponder ao sentido de encaminhamento das cargas. Os reforços contribuem para o aumento da
rigidez, resistência ao corte e resistência à delaminação. Para que o comportamento seja o desejado, é
crucial garantir a ligação eficaz destes elementos ao núcleo. Podem ser distinguidos dois tipos de
reforços: i) reforços que atravessam o núcleo (Figura 2.34) e ii) reforços laterais (Figura 2.35) [34].

Figura 2.34 – Painel sanduíche com reforços em treliça Figura 2.35 – Painel sanduíche com reforços longitudinais

17
2.4 Desempenho em serviço dos painéis sanduíche

Comportamento térmico

O fluxo de calor nas espumas rígidas de polímeros resulta essencialmente da condução pelos gases
aprisionados nas células e pela própria estrutura celular. A condutividade térmica é, por isso, influenciada
pelo tipo de gás presente nas células da espuma, sendo que a maior parte dos agentes difusores
utilizados na sua produção são favoráveis neste aspecto. Devendo a sua capacidade de aprisionar os
gases às lâminas do painel, a espuma de poliuretano rígido atinge condutibilidades térmicas na ordem
de [0,024 – 0,030] W/mºC [23], o que significa aproximadamente metade dos valores que se atingem
com núcleos de balsa, [35]. A título de exemplo, compara-se o valor da resistência térmica de um painel
sanduíche com núcleo em PUR e 15 cm de espessura, com um pano de alvenaria de tijolo furado, de
igual espessura:

1. Desprezando a contribuição das faces e admitindo uma espessura de núcleo em PUR


de 136 mm (7 mm a espessura de cada face, o valor da sua resistência térmica obtém-se
e 0,136
por, R = = ~0,027 = 5 m2.ºC/W );


2. O valor recomendado pelo LNEC [35] para tijolos furados de 15 cm, R=0,39 m2.ºC/W;

em que,

 e – espessura do elemento;
 λ – condutibilidade térmica do material;
 R – Resistência térmica do elemento;

3. Um painel sanduíche com núcleo em PUR tem uma resistência térmica 13 vezes
superior a um pano de alvenaria com a mesma espessura.

Contudo, é relevante manter o material do núcleo afastado do contacto com a água, por ser um material
muito permeável e pelo facto de a água ser muito melhor condutor térmico que o ar seco, sobretudo em
países onde as baixas temperaturas atinjam valores negativos, podendo a humidade congelar no interior
dos painéis [23].

Comportamento acústico dos painéis sanduíche

Como os painéis sanduíche são construídos para serem rígidos e leves em consequência das exigências
que são feitas para as suas propriedades mecânicas, não é fácil obter painéis convencionais com um
bom isolamento sonoro [23].

Os painéis comportam-se de forma diferente, consoante as frequências sonoras a que são sujeitos. Para
frequências reduzidas, inferiores a 500 Hz, os painéis tendem a vibrar e fazer ressonância. Esta
ressonância não afecta painéis suficientemente rígidos, com materiais de núcleo mais espessos e

18
densos. As gamas de frequência intermédias e altas, superiores a 1000 Hz, afectam, sobretudo, painéis
menos rígidos, de espessura insuficiente para dissipar a energia de vibração que os atravessa [25].

Requisitos de comportamento ao fogo

O comportamento ao fogo dos materiais FRP tem constituído um obstáculo ao aumento da sua utilização
estrutural, sobretudo em edifícios. Os materiais FRP são combustíveis e susceptíveis à ignição – quando
submetidos a temperaturas elevadas (300 ºC a 500 ºC), a matriz orgânica decompõe-se, libertando calor,
fumo e diversos gases. Por outro lado, sob temperaturas moderadamente elevadas (100 ºC a 200 ºC),
os materiais FRP manifestam reduções nas suas propriedades mecânicas. No entanto, hoje em dia é
possível aplicar diversas soluções de protecção para melhorar o desempenho de materiais FRP em
situação de incêndio [1].

No que toca aos materiais das espumas, todos os plásticos que lhes dão origem são orgânicos, e por
isso, são combustíveis. O seu comportamento é fortemente afetado pela sua reduzida inércia térmica.
Esta propriedade permite que a superfície do material responda rapidamente a qualquer fluxo de calor
imposto, e, por isso, é muito fácil que a sua ignição se dê, que se atinjam de seguida altas taxas de
inflamabilidade e de forma rápida. O seu comportamento ao fogo pode ser muito melhorado, através da
escolha das matérias-primas mais adequadas, pela escolha de processos de fabrico específicos, pela
introdução de agentes de retardação, ou até pela inclusão de material de enchimento inorgânico. No
entanto, os aditivos têm pouca influência nas temperaturas a que os plásticos iniciam a sua
decomposição química, sendo que contribuem essencialmente para o retardamento do processo de
combustão.

Existe um vasto número de retardadores de chama que podem ser adicionados antes de se dar a mistura
química dos componentes das espumas. Estes aditivos podem ser divididos por duas categorias. Os
retardadores de chama “reactivos” contêm halogénio e bromo e inibem activamente a combustão do
material. Os retardadores “passivos” contêm compostos de fósforo que reagem durante a decomposição
térmica, formando ácido fosfórico que se transforma numa camada protectora de carvão, apesar de não
inibirem activamente o processo de combustão [23]. Segundo a mesma fonte, é provável que a utilização
conjunta destes dois compostos não restrinja as suas propriedades, apesar de aumentar
significativamente os custos de produção.

2.5 Comportamento mecânico dos painéis sanduíche

Introdução

Os conteúdos a desenvolver neste capítulo são válidos para a generalidade dos painéis sanduíche. No
entanto, tendo em conta os objectivos desta dissertação, neste capítulo e nos capítulos subsequentes
serão apenas considerados os painéis constituídos por núcleos de espumas de polímeros e faces em
GFRP.

19
O comportamento de uma viga em estrutura sanduíche pode ser comparado ao de uma viga homogénea
em “I”, no sentido que quando sujeita a flexão, as suas faces equilibram a quase totalidade dos esforços
de compressão e tracção no seu plano, desempenhando as mesmas funções dos banzos da viga
homogénea. O núcleo equilibra os esforços de corte, sendo válida esta mesma analogia para a alma da
viga genérica (Figura 2.36). Quanto mais espesso for o núcleo, maior é a inércia do conjunto, sem que
haja um aumento de peso assinalável.

Figura 2.36 - Ilustração que mostra a anologia entre uma viga de estrutura sanduíche, com uma viga em "I" de aço, [27]

A título ilustrativo, pode seguir-se o exercício ilustrado na Figura 2.37, onde são perceptíveis os ganhos
inerentes ao aumento (mesmo que pequeno) da espessura do núcleo.

Lâminas
coladas

Figura 2.37 - Ilustração do "efeito sanduíche" numa peça (adaptado de [27])

Da mesma forma, se pode-se estabelecer uma relação entre a rigidez e o peso do painel, para um núcleo
de espuma genérica (Figura 2.38).

20
Figura 2.38 - Relação entre a variação da espessura do núcleo com a variação da rigidez do painel (adaptado de [25])

Para esta analogia ser válida, devem ser assumidas as seguintes hipóteses, de acordo com Allen [31]:

 As três camadas estão firmemente ligadas;


 A rigidez das lâminas é significativamente superior à rigidez do núcleo;
 As lâminas e o núcleo são isotrópicos: admite-se que ao longo do eixo da peça as propriedades
mecânicas não variam (no entanto, na análise de peças bidimensionais, deve ter-se em atenção
à dependência que as propriedades do GFRP têm com a configuração das suas fibras de
reforço;
 A secção transversal é plana e ortogonal ao eixo longitudinal da viga e assim o permanece
quando a viga é flectida (hipótese de Bernoulli).

As deduções seguintes têm em conta as dimensões indicadas na Figura 2.39:

Figura 2.39 - Dimensões de uma viga sanduíche. Secção AA à direita (adaptado de [31])

21
Rigidez de flexão

Em qualquer elemento, a rigidez de flexão é calculada através do produto do seu módulo de elasticidade
pelo valor do momento de inércia. Numa viga sanduíche, a secção é heterogénea e a resultante da
rigidez (𝐸𝐼𝑒𝑞 ) corresponde à soma de três parcelas:

𝑏𝑡3 𝑏𝑡𝑑2 𝑏𝑐3


(𝐸𝐼𝑒𝑞 ) = 𝐸𝐿 + 𝐸𝐿 + 𝐸𝑁 ( 2.1 )
6 2 12
em que, EL e EN são os módulos de elasticidade das lâminas e do núcleo, 𝑏 é a largura, 𝑡 é a espessura
das lâminas, 𝑐 é a espessura do núcleo e 𝑑 é a distância entre os centros de gravidade das lâminas.

O primeiro termo corresponde à rigidez das lâminas sobre o seu próprio eixo centroidal, o segundo termo
transpõe a rigidez das lâminas para o eixo centroidal da viga e o terceiro corresponde à rigidez do núcleo
sobre o seu eixo centroidal (e o da secção). Nos painéis comuns, as lâminas, apesar de muito mais finas,
são mais rígidas do que o núcleo (t << c, E L>> EN) [31] . O segundo termo é cerca de 100 vezes superior
ao primeiro, quando:

𝑑 2 ( 2.2 )
3 ( ) > 100
𝑡

O terceiro termo significa (na generalidade dos casos) menos de 1% do segundo quando se verifica a
seguinte condição:

𝐸𝐿 𝑡 𝑑 2
6 ( ) > 100 ( 2.3 )
𝐸𝑁 𝑐 𝑐

Desta forma, o primeiro e terceiro termos podem ser negligenciados, simplificando-se a expressão para:

𝑏𝑡𝑑2
(𝐸𝐼)𝑒𝑞 ≈ 𝐸𝐿 ( 2.4 )
2

Quando um momento de valor genérico é aplicado, segundo a direcção y, resulta a seguinte extensão
axial:

𝑀𝑦 . 𝑧 ( 2.5 )
𝜀=
(𝐸𝐼)𝑒𝑞

em que,

 𝑀𝑦 – o momento aplicado;
 𝑧 – a localização do ponto onde estão a ser calculadas as deformações, segundo o eixo vertical;
 𝜀 – o valor da deformação no pondo 𝑧.

Observando as equações ( 2.4 ) e ( 2.5 ) e de acordo com a hipotese simplificativa adoptada, pode-se
concluir que as deformações numa viga sanduíche, quando sujeita a flexão simples, dependem apenas
das propriedades físicas e geométricas das lâminas, bem como do seu afastamento.

22
Rigidez de corte

A expressão que permite calcular as tensões de corte máximas numa viga sanduíche é a seguinte [23]:

𝑉(∑ 𝐸𝑖 𝑆𝑖 )𝑚á𝑥
𝜏= ( 2.6 )
(∑ 𝐸𝑖 𝐼𝑖 ) . 𝑏

em que,

 𝑉 – esforço transverso na secção;


 (∑ 𝐸𝑖 𝑆𝑖 )𝑚á𝑥 – somatório do produto dos momentos estáticos das secções a considerar no

percurso do fluxo de corte, pelo módulo de elasticidade que lhes corresponde;


 (∑ 𝐸𝑖 𝐼𝑖 ) - o somatório do produto dos momentos de inércia de todas as secções, pelos módulos
de elasticidade que lhes correspondem.

A expressão anterior pode ser simplificada, partindo do pressuposto de que a espessura das lâminas 𝑡
é de tal forma pequena, que: (i) o momento de inércia das lâminas, sobre o seu centro de gravidade é
desprezável; (ii) a face de contacto entre os dois materiais encontra-se no centro de gravidade das
lâminas (𝑐 ≈ 𝑐 + 𝑡).

𝐸 .𝑐
𝑉 (1 + 4𝐸𝑁 . 𝑡)
𝐿
𝜏≈ ( 2.7 )
𝐸 .𝑐
(1 + 6𝐸𝑁 . 𝑡) . 𝑐. 𝑏
𝐿

𝐸𝑁 .𝑐
Para a arquitetura de um painel sanduíche típico, o termo tem um valor inferior a 0,03. A equação
4𝐸𝐿 .𝑡
( 2.7 ) pode ser simplificada de novo, para:

𝑉 ( 2.8 )
𝜏≈
𝑐. 𝑏

Assim, a resistência ao corte de uma viga sanduíche com lâminas finas, pode ser dada por:

𝑉𝐶𝑅 = 𝑐. 𝑏. 𝑓𝐶𝑣 ( 2.9 )

com,

 𝑉𝐶𝑅 – valor do esforço transverso resistente da viga;


 𝑓𝐶𝑣 – tensão de rotura do núcleo;

Por esta razão, pode-se afirmar que a espuma do núcleo suporta praticamente a totalidade do esforço
de corte, pois a expressão apenas depende das propriedades físicas e geométricas do núcleo.

23
Comportamento em serviço

2.5.4.1 Deformações elásticas

Num painel sanduíche com núcleos de espumas de polímeros, é geralmente o valor da flecha máxima
admissível que condiciona o seu dimensionamento, seguido da resistência ao corte do núcleo. Sendo
uma estrutura muito flexível, a rotura é atingida para deformações muito superiores às admissíveis,
sendo que os factores de segurança para os estados limite últimos são muitas vezes elevados [36].

Segundo Almeida [21], as deformações neste tipo de estrutura devem-se à acção simultânea dos
esforços de flexão das lâminas, com os esforços de corte do núcleo. A deformação total de um painel
com lâminas planas e pouco espessas corresponde à soma das deformações por flexão e por corte. O
cálculo rigoroso dessa deformação é uma tarefa complexa, pelo que se recorre, geralmente, a
expressões aproximadas.

A deformação elástica total numa viga sanduíche corresponde à soma das componentes de flexão (𝛿𝑏 )
e de corte (𝛿𝑠 ) é dada por:

𝛿 = 𝛿𝑏 + 𝛿𝑠 ( 2.10 )

Recorrendo a uma teoria de vigas não convencional que inclui a parcela de deformações por corte, os
termos da equação ( 2.10 ), podem ser atribuídos, substituindo os parâmetros de rigidez correspondentes
a cada parcela:

𝐾𝑔 𝑝𝐿4 𝐾𝑠 𝑝𝐿2
𝑤= + ( 2.111 )
(𝐸𝐼)𝑒𝑞 𝑏(𝑐 + 𝑡)𝐺𝑁
onde:
 𝑤 - flecha máxima;
 𝐾𝑔 - coeficiente da parcela de flexão, dependente das condições de apoio e carregamento (ver
Tabela 2.3);
 𝑝 - carga uniformemente distribuída;
 (𝐸𝐼)𝑒𝑞 - rigidez de flexão do painel;
 𝐿 - vão do painel;
 𝐾𝑠 - coeficiente da parcela de corte, dependente das condições de apoio e carregamento (ver
Tabela 2.3);
 b - largura do painel;
 𝑐 - espessura do núcleo;
 𝑡 - espessura das lâminas;
 𝐺𝑁 - módulo de distorção do núcleo.

Os valores de Kg e Ks são apresentados na Tabela 2.3, para diferentes condições de apoio e de


carregamento.

24
Tabela 2.3 - Valores de Kg e Ks para diferentes condições de apoio e de carregamento (adaptado de [21])

Kg Ks
Condições de apoio e carregamento

1/48 1/4

1/3 1

1/8 1/2

5/384 1/8

Para este tipo de aplicações, em que frequentemente a carga aplicada pode ser classificada como
continuada, a resposta à fluência é crítica, pois pode ser associada a redistribuições de esforços e
deslocamentos na estrutura [37].

Fluência

Segundo os autores Ward e Hadley [38], o comportamento dos materiais de baixa densidade é
normalmente discutido em termos de dois tipos de matérias ideais: o sólido elástico e o líquido viscoso.
O primeiro tem uma forma definida e deforma-se por aplicação de esforços externos para uma nova
forma de equilíbrio. Por remoção destas forças, o sólido elástico reverte instantaneamente para a sua
forma original. Este armazena toda a energia que obtém das forças externas durante a deformação, e
esta energia está disponível para que recupere a forma original quando as forças são removidas. Pelo
oposto, um líquido viscoso não possui nenhuma forma definida e flui irreversivelmente sob a acção das
forças externas.

Uma das características mais interessantes dos polímeros é o facto de estes exibirem um
comportamento compreendido entre um sólido elástico e um líquido viscoso, dependendo da
temperatura, do tempo experimentalmente escolhido e do estado de tensão. O “Silly Putty”, um produto
à base de silicone, comporta-se como um fluido para períodos de horas, fractura-se como um sólido
dúctil quando deformado rapidamente e ressalta como um elastómero quando largado (Figuras 2.40 e
2.41).

Figura 2.40 - "Silly Putty" exposto como um cubo sólido Figura 2.41 - "Silly Putty" a escorrer por um orifício
[67] [67]

25
Segundo Yicheng Du et al. [39], a fluência pode ser definida como o aumento gradual da deformação de
um material, quando sujeito a tensões de longo prazo. Ao contrário da fluência dos materiais
metalúrgicos, a fluência nos polímeros, para pequenas extensões (1%), é essencialmente recuperável
depois da descarga, sem ser necessária nenhuma recozedura, nem o aumento da temperatura [38].
Compara-se na Figura 2.42 as respostas para dois níveis de tensão, em materiais elásticos lineares e
viscoelásticos lineares.

Figura 2.42 - (a) Deformação de um sólido elástico; (b) deformação de um sólido viscoelástico linear (adaptado de [38])

No primeiro caso, as extensões seguem um padrão exactamente proporcional às tensões aplicadas.


Para a generalidade dos sólidos com comportamento viscoelástico linear, as extensões totais 𝑒
correspondem à soma de três fases distintas: 𝑒1 a deformação elástica imediata, 𝑒2 a deformação
elástica não imediata e 𝑒3 o escoamento Newtoniano, que é idêntico à deformação de um líquido viscoso.

Complementarmente, num ensaio de fluência, se houver um aumento da temperatura, a frequência dos


arranjos moleculares dos materiais poliméricos aumenta, diminuindo o tempo de transição (τ’) entre o
comportamento vítreo e o comportamento do tipo borracha. A temperaturas suficientemente baixas, uma
borracha comporta-se como um plástico vidrado, e estilhaça-se sob condições de impacto;
correspondentemente, um plástico vidrado tornar-se-á tipo-borracha a temperaturas suficientemente
altas.

26
2.5.5.1 Modelos de fluência nos painéis sanduíche

Se for traçada a curva de fluência de uma estrutura que apresente um comportamento viscoelástico,
podem ser observadas três fases distintas: fase primária, secundária e terciária (como exemplificado na
Figura 2.43), sendo que o fim da fase terciária corresponde à rotura do material. A curva de fluência de
um material pode variar, consoante as suas propriedades, o tempo de exposição, a temperatura, e o
nível de carga aplicado [39].


T = constante rotura

0

tempo
primária secundária terciária

Figura 2.43 - Curva típica deformação-tempo num material de matriz polimérica em fluência (adaptado de [39])

De entre os vários factores que influenciam o comportamento em fluência deste tipo de material,
destacam-se a temperatura ambiente, o nível de humidade, o tempo sob carregamento e o valor da
tensão aplicada.

Durante o carregamento, podem ocorrer deformações permanentes significativas, mesmo com níveis de
tensão inferiores aos da rotura do material. Por isso, em adição aos testes de resistência e de
caracterização dos módulos elásticos em condições padrão, é também importante caracterizar a sua
resposta às deformações de longo prazo e observar o efeito da temperatura e da humidade na
deformação por fluência [39].

De acordo com Huang e Gibson [40], quando as espumas poliméricas são sujeitas a carregamentos
elevados, ou por longos períodos de tempo, o seu comportamento torna-se viscoelástico não-linear (a
deformação a um dado instante já não é proporcional ao estado de tensão). Este fenómeno é previsto
em alguns modelos complexos, como o proposto por Schapery em 1969 [41], um modelo viscoelástico-
não linear baseado em “processos termodinâmicos irreversíveis” [42].

Uma outra abordagem, também bastante aplicada na previsão da fluência de materiais com
comportamento viscoelástico, utiliza uma combinação de componentes de “mola” (elástico) e
“amortecedor” (viscoso) em série, sendo conhecida como o modelo de Maxwell [42].

Estes modelos apresentam uma formulação matemática complexa, com integrais Volterra2, e, por esta
razão, têm constituído um obstáculo na sua adopção pelas áreas da engenharia [43].

2 Integrais Volterra – Forma especial de equações integrais com aplicações em estudos de demografia,
viscoelasticidade dos materiais e estudos probabilísticos [67].
27
De acordo com Garrido et al. [44], em 1960 Findley propôs um modelo de previsão através de uma lei
de potência, que apenas depende do tempo de carregamento e das tensões aplicadas. Para o
comprovar, o autor conduziu vários ensaios de fluência, com uma duração total de cerca de 230.000
horas, ou 26 anos, em vários materiais de matriz polimérica e para vários tipos de carregamento (tracção,
compressão e tracção combinada com torção). Desde então, vários autores têm usado a sua formulação
para modelar a fluência em materiais FRP, confirmando a sua aplicabilidade também para estes
materiais [8, 12–16].

O modelo proposto por Findley tem por base três pressupostos [44]:

1. Em condições higrotérmicas semelhantes, a deformação total (𝜀) que ocorre num material sob a
actuação de uma carga constante, continuamente aplicada, pode ser separada em duas
componentes diferentes: (i) a deformação elástica (𝜀0 ), que é apenas função da tensão; ii) a
deformação viscoelástica (𝜀𝑣 ), que é função da tensão aplicada e do tempo decorrido desde a
sua aplicação:

𝜀(𝜎, 𝑡) = 𝜀0 (𝜎) + 𝜀𝑣 (𝜎, 𝑡) ( 2.12 )

2. O deslocamento viscoelástico (𝜀𝑣 ), para um dado valor de tensão, segue uma lei de potência,
em função do tempo,

𝜀(𝑣) = 𝑚𝑡 𝑛 ( 2.13 )

em que 𝑛 é o expoente de tempo, 𝑚 é a amplitude de transição de fluência e 𝑡 o tempo decorrido desde


a aplicação da carga, tipicamente expresso em horas.

3. A deformação elástica (𝜀0 ) e o coeficiente 𝑚 são ambos funções da tensão e, como


demonstrado por Findley, para valores moderados de tensão, podem ser satisfatoriamente
definidos na seguinte forma:

𝜎 ( 2.142
𝜀0 (𝜎) = 𝜀′0 𝑠𝑖𝑛ℎ ( )
𝜎0 )

𝜎
𝑚(𝜎) = 𝑚′ 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) ( 2.15 )
𝜎𝑚

em que 𝜎0 é o nível de tensão de referência associado a 𝜀0 e 𝜎𝑚 é a tensão de referência associada a


𝑚′;

As constantes anteriores podem ser determinadas experimentalmente. No entanto, note-se que de


acordo com Huang e Gibson [40], esta equação empírica adequa-se à fluência devida a um único
incremento de carga e não é adequada para prever a fluência em historiais complexos de estados de
tensão. Por outro lado, Sain et al. [50] apontou que a lei de potência de Findley simplifica em demasia

28
as situações práticas, sendo que os valores obtidos por este modelo não podem ser utilizados
universalmente, devido às diferenças obtidas para cada material.

Apesar de o modelo de potência ter sido apresentado acima em termos dos deslocamentos e tensões
axiais (,), o mesmo pode ser adaptado, por exemplo, a outros tipos de tensão, ou ainda para um
sistema em fluência, composto por mais do que um material. A título de exemplo, as equações (2.16) e
( 2.17 ) expõem formas alternativas da lei de Findley, adaptadas para fluência sob esforço de corte (𝛾, 𝜏)
e para fluência numa viga genérica, sujeita a um carregamento distribuído, avaliada pela sua flecha a
longo prazo (δ, 𝑝), respectivamente, [44],

𝜏 𝜏
𝛾(𝜏, 𝑡) = 𝛾′𝑒 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) + 𝑚′𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) 𝑡 𝑛 ( 2.16 )
𝜏𝑒 𝜏𝑚

𝑝 𝑝
𝛿(𝑝, 𝑡) = 𝛿𝑒′ 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) + 𝑚′𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) 𝑡 𝑛 ( 2.17 )
𝑝𝑒 𝑝𝑚

onde,

 𝛾 – distorção por corte;


 𝜏 – tensão de corte;
 𝛿 – flecha da viga;
 𝑝 – a respectiva carga aplicada na viga.

De acordo com Scott e Zureick [48], é possível introduzir uma outra simplificação a esta lei geral de
Findley. Esta simplificação consiste na possibilidade de a deformação elástica (𝜀0 ) e a amplitude de
fluência (𝑚), que dependem de um seno hiperbólico, possam de facto, passar a depender de uma
relação linear, desde que os valores de tensão permaneçam suficientemente baixos.

Esta simplificação consiste em desprezar os termos de ordem superior a um da série de Taylor (ver
equações (2.18) e (2.19)), aplicada ao seno hiperbólico. A sua validade depende da importância dos
termos desprezados, que aumenta consoante o nível de tensão.

𝜎 𝜎 1 𝜎 3
𝜀0 (𝜎, 𝑡) = 𝜀′0 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) = 𝜀′0 [ + ( ) + ⋯ ] ( 2.183 )
𝜎𝑒 𝜎𝑒 3! 𝜎𝑒
𝜎 𝜎 1 𝜎 3
𝑚(𝜎, 𝑡) = 𝑚′𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) = 𝑚′ [ + ( ) + ⋯ ] ( 2.19 )
𝜎𝑚 𝜎𝑚 3! 𝜎𝑚

Assumindo esta hipótese, a lei de potência simplificada assume a seguinte forma:

𝜀0 𝑚′ 𝑛
𝜀(𝜎, 𝑡) = 𝜎+ 𝜎𝑡 ( 2.20 )
𝜎𝑒 𝜎𝑚

Esta equação pode ser reescrita como,

29
1 1
𝜀(𝜎, 𝑡) = 𝜎 ( + 𝑡 𝑛 ) ( 2.21 )
𝐸𝑒 𝐸𝑡

onde, 𝐸𝑒 = 𝜎𝑒 /𝜀0 e 𝐸𝑡 = 𝜎𝑚 /𝑚′, são respectivamente, os módulos elástico e viscoelástico de Young do


material. Com base em (2.21), é possível definir um módulo elástico de Young, como sendo dependente
do tempo, 𝐸(𝑡):

−1
1 1 𝐸𝑒 𝐸𝑡
𝐸(𝑡) = ( + 𝑡 𝑛 ) = ( 2.22 )
𝐸𝑒 𝐸𝑡 𝐸𝑡 + 𝐸𝑒 𝑡 𝑛

O módulo elástico dependente do tempo pode ser usado para prever a variação da perda de rigidez do
material a um dado instante, sob determinadas condições de carregamento e conhecidas as constantes
da equação de Findley. Todavia, como resultado das simplificações adoptadas, a sua função não
incorpora nenhuma dependência com o nível de tensão. Isto significa que a redução da rigidez obtida, é
independente do historial de carregamento. Este facto, apesar de comprometer a sua capacidade em
modelar a resposta do material sob carregamentos complexos, não impede que forneça um indicador
simples de como a viscoelasticidade do material vai afectar o seu comportamento a longo prazo.
Complementarmente, Garrido et al. [44] lembra a sua utilidade para situações de dimensionamento, nas
quais os modelos complexos de fluência são geralmente muito difíceis de impletentar.

2.5.5.2 Incorporação dos efeitos da temperatura

Em 2013 foi publicado um trabalho [37] onde foram quantificados os efeitos da temperatura na fluência
dos painéis sanduíche. Esse trabalho partiu de alguns pressupostos, dos quais se considera que um
deles é relevante no desenvolvimento deste subcapítulo: os efeitos do tempo na variação da fluência
verificam-se para intervalos relativamente longos, quando uma estrutura pode ser exposta a diferentes
temperaturas ambiente, o que influencia o seu comportamento estrutural. Em geral, as alterações de
temperatura têm dois efeitos, [11,12]: induzem extensões térmicas, e por isso, deformações na estrutura
e ainda alteram as características viscoelásticas de vários materiais, podendo fazer aumentar/decrescer
a velocidade de fluência/relaxação, respectivamente. Estes efeitos podem alterar significativamente
(degradar ou aumentar) a rigidez e resistência da viga em sanduíche, bem como a sua resposta para
carregamentos prolongados no tempo.

A resposta termo-mecânica de vigas sanduíche em fluência ainda não foi suficientemente investigada.
Neste sentido, Ramezani e Hamed criaram um modelo [37] baseado na “generalização reológica de
Maxwell”, tendo utilizado os resultados experimentais obtidos por Kim et al. [52], de ensaios em painéis
(com lâminas de GFRP e núcleo em poliuretano) em flexão a três pontos e sob uma carga monotónica,
para validar o seu modelo. Nesse trabalho foi comprovado que a resposta em fluência dos painéis
sanduíche está associada a alterações no mecanismo de transmissão de tensões, devidas a um alívio
gradual das tensões de corte no núcleo, conduzindo ainda a uma diminuição das forças axiais
suportadas pelas lâminas. Adicionalmente, foi demonstrado que a variação nas condições de
temperatura modifica a taxa de fluência e relaxação das deformações e das tensões a longo prazo na
estrutura. Por fim, Ramezani e Hamed remetem para estudos futuros a importância de estudar outras

30
características do comportamento não linear destes materiais, como a delaminação das faces, a
encurvadura por fluência e outros efeitos ambientais.

Em 2000, Dutta e Hui [53] conduziram um estudo onde foi feita uma adaptação do modelo de Findley
para ter em conta os efeitos conjuntos do tempo e da temperatura, num modelo semi-empírico
reconhecido como “modelo de sobreposição tempo-temperatura”. O propósito deste estudo foi criar uma
alternativa ao modelo “pesado” de Schapery, que, apesar de fornecer uma caracterização mais precisa
dos compósitos a temperaturas mais elevadas, não é simples o suficiente para ser utilizado em
aplicações práticas da engenharia. Para validar este modelo, os autores conduziram uma série de
ensaios de fluência com provetes de GFRP (de resina de poliéster insaturado), às temperaturas 25, 50
e 80 ºC, no intervalo de tempo necessário até o material atingir a rotura.

O modelo proposto é o seguinte:

𝑡 𝛽(𝑇/𝑇0 )
𝜀(𝑡) = 𝜀0 + 𝑝 ( ) ( 2.23 )
𝑡0

O número de constantes não difere face ao modelo de Findley, todavia o seu significado é diferente. A
constante 𝑝 é o coeficiente linear que multiplica pelo rácio da variação do tempo (𝑡/𝑡0 ), e 𝛽 é um
coeficiente que influencia o declive da curva de fluência, relacionando-se com o rácio da variação de
temperatura (𝑇/𝑇0 ).

Sobre este novo modelo, considera-se relevante apontar a alteração da sua dependência com o tempo,
diferenciando-se do modelo que lhe deu origem por esta ter passado a ser linear. A sua dependência
com a temperatura é exponencial.

Em 2014, Chang et al. [42] apresentou um modelo que incorpora os efeitos da tensão e da temperatura,
para prever o comportamento de compósitos de plástico-madeira (WPC-wood-plastic composites),
materiais que também apresentam um comportamento viscoelástico. Este modelo tem por base um
outro, desenvolvido por Baley-Norton [54], para definir a deformação por fluência em condições
isotérmicas:

𝜀(𝑡, 𝜎) = 𝑎𝜎 𝑛 𝑡 𝑏 ( 2.24 )

em que 𝜎 é a tensão; 𝑡 é o tempo e 𝑎, 𝑏 e 𝑛 são parâmetros obtidos por ajuste de curvas de dados.

Para estender a sua abrangência aos efeitos da temperatura, foi establecida uma nova dependência,
obtida por linhas isócronas de resultados experimentais,

𝜀(𝑇) = 𝑐. 𝑒 (𝑇/𝑚) + 𝑑 ( 2.254 )

em que 𝑇 é a temperatura, 𝑒 é a constante neperiana e 𝑐 , 𝑚 e 𝑑 são parâmetros obtidos por ajuste com
as linhas isócronas.

Combinando as equações (2.24) e (2.25) obtém-se:


31
𝑇
( )
𝜀(𝑡, 𝑇, 𝜎) = (𝑎𝜎 𝑛 𝑡 𝑏 ). 𝑒 𝑚 +𝑑 ( 2.26 )

No entanto, este modelo não contém nenhuma parcela que contemple a deformação instantânea, nem
o efeito da temperatura sobre esta parcela. Para colmatar esta lacuna, recorreu-se ao modelo de Findley,
combinando-o com a equação anterior, em detrimento da constante 𝑑 . Desta forma, foi desenvolvido o
modelo que os autores denominam por (STIC – stress-temperature incororated creep) e que se
representa na forma seguinte:

𝜎 𝑇
( )
𝜀(𝑡, 𝑇, 𝜎) = + (𝑎𝜎 𝑛 𝑡 𝑏 ). 𝑒 𝑚 ( 2.27 )
𝐸𝑇

em que 𝐸𝑇 é o módulo elástico dependente da temperatura.

Com base no modelo de Findley e nas suas adaptações para abranger os efeitos da temperatura, é
possível reescrever a expressão (2.11), transformando-a no “modelo composto de fluência”, que é
função da variação dos parâmetros de rigidez no tempo. A expressão permite determinar os
deslocamentos a longo prazo, a meio vão de uma viga sanduíche, simplesmente apoiada e toma a forma
seguinte:

5 𝑝𝐿4 𝑝𝐿2
𝑤= + ( 2.28 )
384 𝐸(𝑡)𝐼 8 𝐺(𝑡)𝐴𝑣

Depois de apresentados os modelos, através dos quais a modelação analítica será baseada, o capítulo
seguinte destina-se à determinação de algumas propriedades dos materiais, cujo comportamento será
estudado nesse capítulo.

32
3 Campanha experimental

3.1 Objectivo

A campanha experimental inseriu-se no projecto de investigação “RehabGFRP – Rehabilitation of


Building Floors with Lightweight High Performance GFRP Sandwich Panels”, financiado pela Fundação
para a Ciência e a Tecnologia – FCT – (PTDC/ECM/113041/2009).

Inserida neste âmbito, o objectivo foi caracterizar o comportamento em fluência de painéis sanduíche,
com lâminas de GFRP e núcleos de espumas de PUR e PET, e ainda estudar a influência da temperatura
sobre este fenómeno. Antes de definir o comportamento dos painéis em fluência, considerou-se oportuno
caracterizar a sua resposta elástica. Considerou-se igualmente relevante, conhecer os patamares de
tensão/deformação suportados pelos materiais que constituem os painéis, para se dispor de uma
percepção dos níveis percentuais a que estes foram sujeitos, quando solicitados nos ensaios de fluência.
A definição da presente campanha experimental torna-se ainda mais relevante do ponto de vista da
caracterização material, se for tido em conta que os materiais que constituem os painéis sanduíche
apresentam uma elevada variabilidade nas suas propriedades, sendo apresentadas abaixo, algumas
justificações para este facto:

 Tal como apresentado em 2.3.2, o material GFRP pode ser produzido a partir de uma gama de
matérias-primas diferentes, impossibilitando a definição de apenas um material de referência,
apesar de já existirem alguns valores de referência para as propriedades mecânicas de algumas
das suas configurações;
 As propriedades mecânicas do GFRP dependem da arquitectura de fibras no seu interior, que
pode não ser igual nas duas direcções ortogonais principais, resultando em comportamentos
diferentes para cada uma delas;
 Cada uma das várias alternativas aos métodos de produção que existem influencia as
propriedades quer do GFRP, quer das espumas;

Por estas razões, e apesar de existir na literatura informação que permite fazer uma estimativa das
propriedades mecânicas do GFRP a partir da sua composição [55], para cumprir o objectivo de
caracterizar o comportamento dos painéis a longo prazo, foi necessário realizar, paralelamente, uma
campanha de ensaios de caracterização do comportamento elástico dos seus materiais constituintes.

Os ensaios efectuados no âmbito da campanha experimental constam na Tabela 3.1, assim como as
respectivas normas de ensaio. Os trabalhos realizados no âmbito da campanha experimental foram
integralmente executados em cooperação com o Engenheiro Mário Garrido e supervisionados pelo
próprio.

33
Tabela 3.1 - Ensaios realizados e respectivas normas

Tipologia de ensaio Norma seguida Nº

Corte diagonal de espumas de


Adaptado de ASTM E 509-02 1
núcleo
Tracção de provetes sanduíche,
na direcção perpendicular ao ASTM C297/C297M – 04 (Reaprovado em 2010) 2
plano das lâminas
Compressão de provetes
sanduíche, na direcção
ASTM C364/C364M – 07 3
perpendicular ao plano das
lâminas
Compressão de provetes
sanduíche, na direcção do plano ASTM C365/C365M – 11 4
das lâminas

Ensaios de compressão em ASTM D695 - 02


5
provetes de GFRP ASTM D6641/D6641M - 09

Ensaios de flexão em provetes


EN ISO 14125 6
de GFRP

Ensaios de tracção em provetes ISO 527 - 01


7
de GFRP ASTM D3039/D3039M – 08

Ensaios de flexão até à rotura de


ASTM D7249/D7249M – 06 8
painéis sanduíche

Fluência em corte de espumas


Procedimento interno [44] 9
de núcleo
Fluência em flexão em painéis
Procedimento interno [44] 10
sanduíche

3.2 Caracterização do material ensaiado

Os painéis sanduíche foram produzidos no Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), pelo
método de infusão a vácuo, cujo processo se encontra descrito na 2.3.2.

As lâminas eram constituídas por 12 camadas de manta de fibra de vidro que ocupavam, no total, 8
milímetros de espessura, correspondendo uma percentagem volumétrica de 45%. As camadas
possuíam a seguinte orientação: [ 0º / 0º / 30º / - 30º / 90º / 0º // simétrico ]. A matriz era constituída por
resina de poliéster ortoftálica.

Os núcleos foram produzidos de acordo com 2.3.1 e foram fornecidos sob a forma de placas, na
espessura pretendida e com as características indicadas na Tabela 3.2.

34
Tabela 3.2 - Densidade dos núcleos de espuma

Tipo de núcleo Fornecedor Massa volúmica [Kg/m3]

PUR Polirígido 87,40


PET AirexBaltekBanova 105,35

Foram ainda produzidas lâminas e painéis de espumas de núcleo em separado, que serviram de objecto
a ensaios específicos.

3.3 Equipamento de ensaio

Nesta secção é feita uma compilação dos equipamentos de ensaio e medição que foram utilizados no
decorrer da campanha experimental. Cada entrada da Tabela 3.3 contem os números correspondentes
aos ensaios em que o equipamento foi utilizado. Nas secções seguintes apenas será mencionado o
nome dos equipamentos, por uma questão de simplicidade.

Tabela 3.3 - Equipamento utilizado na campanha experimental

Curso / Nº do
Equipamento Marca Modelo Precisão
Capacidade ensaio

TML CDP-25 25 mm 0,01 mm 6,9

TML CDP-50 50 mm 0,01 mm 8,10

DF-500C
Deflectómetros TML 500 mm 0,1 mm 8
(com fio)

APEK 25 25 mm 0,01 mm 4,9

APEK 10 10 mm 0,01 mm 1

Comparadores Mitutoyo 2118 SB-10 5 mm 0,001 mm 9,10

analógicos Mitutoyo 2052S-19 25 mm 0,01 mm 10

Extensómetros TML FLA-30-11-3L 30 mm 10-6 mm 6,7

Unidade de aquisição de
HBM MX840 - - 1-10
dados de 8 canais

Máquina universal de
Instron - 250 kN - 1,2,3,5,6
ensaios hidráulica

Walter +
Central hidraúlica - 3 MN - 4
BaiAG

Form+Test D-7940
Prensa hidráulica 10 kN - 5,6
Seidner Riedlingen

35
3.4 Ensaio de corte diagonal de espumas

O ensaio de corte diagonal (Diagonal Shear - DS) foi realizado no Laboratório de Estruturas e Resistência
de Materiais (LERM) no IST. Este ensaio teve como objectivo determinar o módulo elástico de distorção

(G) e a tensão tangencial máxima admissível (  max) das espumas de núcleo PUR e PET. Neste ensaio
foi imposta uma distorção nos provetes, tendo-se registado os valores relevantes (Figuras 3.1 e 3.2).

Figura 3.1 - Provete de PET em ensaio de corte Figura 3.2 - Provete de PUR em ensaio de corte diagonal
diagonal

Descrição do ensaio

Devido à ausência de documentação que normalize este ensaio específico, optou-se por seguir o
documento ASTM E 509-02 [56], que especifica o método de ensaio para um provete de alvenaria com
1,2 x 1,2 m2. O objectivo e o método da norma são semelhantes, diferenciando-se apenas nas dimensões
dos provetes e no tipo de material ensaiado.

As amostras foram cortadas com uma forma cúbica de arestas chanfradas, a partir de placas de espuma.
As suas dimensões não têm variações superiores a 1 mm e são de 118 x 118 x 118 mm3. No total, foram
ensaiados 5 provetes de PUR e 4 provetes de PET, cumprindo o requisito do mínimo de três provetes,
exigido pela norma referida.

O mecanismo foi especificamente concebido para este ensaio e era constituído por quatro chapas de
alumínio que encostavam nas quatro faces do provete. A transmissão de esforços era assegurada por 6
rótulas que garantiam que as chapas fossem apenas sujeitas a tracção pura, evitando a flexão que
pudesse ser induzida pelo desalinhamento das garras de puxe, ou por um desalinhamento no eixo das
cabeças hidráulicas da máquina de ensaio.

Os provetes foram colocados numa posição que permitiu que a força de tracção aplicada pela máquina
tivesse a mesma direcção de uma das suas diagonais, a 45º. Quando as cabeças hidráulicas eram
afastadas, o mecanismo tendia a esticar na direcção vertical e a encolher na horizontal, criando um
estado de corte puro (Figura 3.3).

36
Figura 3.3 - Distorção imposta nos ensaios de corte das espumas (adaptado de [4])

O mecanismo deveria por si só garantir uma distribuição uniforme de tensões tangenciais no elemento.
No entanto, com a possibilidade de existir alguma imprecisão nesta transmissão, optou-se por fixar as
faces do provete às chapas através de um adesivo à base de poliuretano, Sikaforce 7710 L100. Neste
sentido, as dimensões dos provetes foram definidas para que existisse uma folga em todo o perímetro
de contacto com o mecanismo, de 0,5 milímetros, correspondente à espessura do adesivo.

Da mesma forma, como foi importante garantir o alinhamento, no decorrer do ensaio, dos dois nós que
se alinhavam na vertical (sendo garantido pelo sentido de aplicação da força), o mesmo se aplicou aos
dois nós que se alinhavam na horizontal. Este alinhamento foi assegurado por uma vareta metálica
lubrificada, fixa a esses pontos, que restringia os deslocamentos verticais relativos entre esses nós, não
interferindo com os deslocamentos horizontais. Este pormenor permitiu ainda a fixação de um transdutor
e do respectivo batente, como se pode observar na Figura 3.4.

Figura 3.4- Pormenor da fixação do transdutor ao mecanismo Figura 3.5 – Ensaio de confirmação dos
deslocamentos verticais

Foi utilizada a máquina de ensaio Instron para a aplicação da força F, tendo sido efectuado o registo do
seu valor ao longo do ensaio, e ainda do registo do alongamento vertical do provete ΔV, medido a partir
do deslocamento relativo entre as cabeças hidráulicas. O encurtamento do provete na direcção
horizontal ΔH foi medido com recurso a um transdutor, colocado na horizontal, como ilustrado na Figura
3.4. Foram ainda realizados dois ensaios extra com provetes de PUR, com dois objectivos: (i) comprovar
a importância da colocação de adesivo nos provetes de corte e (ii) comprovar a precisão da máquina
em fornecer os valores dos deslocamentos verticais (Figura 3.5). Para tal, o primeiro ensaio foi

37
executado pelo mesmo procedimento, mas sem colocar o adesivo no provete. O segundo ensaio foi
efectuado com o transdutor orientado na vertical e não na direcção horizontal, registando-se em
duplicado o alongamento do provete. Os resultados registados nestes dois ensaios validaram ambos os
objectivos.

Os ensaios principais foram realizados com aplicação monotónica da carga, a uma velocidade de 2
mm/min, de maneira a que a rotura ocorresse após 1 a 2 min do início do ensaio.

Os métodos de obtenção de valores como a tensão tangencial máxima do material ( 𝜏máx), a distorção

na rotura (máx) e o módulo elástico de distorção G são os recomendados pela norma ASTM E 509-02,
que indica as seguintes formulações:

0,707F (3.1)
τ=
𝐴𝑛
em que,

τ – tensão tangencial na área de corte [MPa];

F – carga aplicada [N];

𝐴𝑛 – área de corte que é dada por [mm2]:


(𝑤 + h) (3.2)
𝐴𝑛 = 𝑡𝑛
2
em que,

𝑤 – largura do provete [mm];

h – altura do provete [mm];

𝑡 – espessura do provete [mm].

Notas:

 A componente vertical da força tem de ser transposta para o referencial dos eixos principais do
provete, daí o factor multiplicativo 0,707, presente na eq. (3.1).
 A definição de 𝐴𝑛 para o caso, não é mais do que a área de uma das faces do provete, sendo
calculada a média entre as dimensões 𝑤 e h (que apenas diferem quando há imprecisões no
provete), fazendo corresponder assim uma tensão tangencial média (Figura 3.3).

A distorção do provete é calculada da seguinte forma:

(∆𝑉 + ∆𝐻) (3.3)


γ=
𝑔
em que,

γ – valor da distorção;

∆𝑉 – valor do incremento de deslocamento vertical [mm];

∆𝐻 – valor do incremento de deslocamento horizontal [mm];

38
g – valor da diagonal total [mm].

Os valores de 𝜏máx e 𝛾 máx foram obtidos a partir do valor de Fmáx, registado na rotura do provete e o

valor de G, foi obtido a partir do declive da relação τ vs γ, no período em que esta foi aproximadamente
linear. A escolha dos pontos a usar no cálculo do declive foi relevante, tendo-se descartado a fase de
ajuste das garras na máquina e a fase que corresponde ao início da perda de rigidez do material.

Análise de resultados

Verificou-se uma tendência para ambos os materiais apresentarem uma linha de rotura com 45º de
inclinação (segundo os eixos principais do provete). Este facto comprova que os provetes foram sujeitos
a um estado de corte puro e que ambos os materiais apresentaram um comportamento
aproximadamente isotrópico. Apesar de se verificar consistência no modo de rotura, dois dos quatro
provetes do material PET apresentaram modos diferentes, aparentemente na zona de interface entre o
material e as chapas.

A Figura 3.6 ilustra o modo de rotura para cada provete de PUR e a Figura 3.7 ilustra os modos de rotura
dos provetes de PET.

Figura 3.6 – a), b), c), d), e), provetes de PUR (DS-1/5) ensaiados ao corte

Figura 3.7 – a), b), c), d), provetes de PET (DS-1/4) ensaiados ao corte

As Figuras 3.8 e 3.9 ilustram a resposta dos provetes em termos de curvas de tensão de corte vs
distorção. Note-se que em ambos os materiais é possível observar uma zona onde a relação
tensão/deformação é linear (consultar ANEXO A onde constam as Figuras 3.8 e 3.9, a uma escala
maior), permitindo calcular os seus módulos de distorção. Refira-se ainda que o material PET suporta
praticamente o dobro da tensão e deformação na rotura, quando comparado com o material PUR.

39
0,4 1
PUR-DS-1
0,3 0,8
PET-DS-1
PUR-DS-2

Tensão [MPa]
Tensão [MPa]

0,6 PET-DS-2
PUR-DS-3
0,2 PET-DS-3
PUR-DS-4 0,4 PET-DS-4
0,1 PUR-DS-5
0,2

0 0
0 0,03 0,06 0 0,03 0,06 0,09
Distorção [m/m] Distorção [m/m]

Figura 3.8 - Relação tensão / distorção dos provetes de PUR Figura 3.9 - Relação tensão / distorção dos provetes de PET

As Tabelas 4 e 5 fornecem parâmetros relevantes, determinados a partir dos provetes ensaiados.


Desses parâmetros destaca-se a uniformidade dos resultados.

Tabela 3.4 - Parâmetros relevantes determinados a partir Tabela 3.5 - Parâmetros relevantes determinados a partir
dos ensaios de corte em provetescom núcleos de PUR dos ensaios de corte em provetes com núcleos de PET

G [MPa] τu [MPa] u [mm/mm] G [MPa] τu [MPa] u [mm/mm]


PUR-DS-1 7,66 0,26 0,036 PET-DS-1 18,56 0,95 0,072
PUR-DS-2 8,01 0,32 0,049
PUR-DS-3 9,67 0,40 PET-DS-2 20,19 0,94 0,066
0,051
PUR-DS-4 8,12 0,27 0,041 PET-DS-3 19,02 0,94 0,067
PUR-DS-5 10,07 0,36 0,042 PET-DS-4 20,68 0,97 0,066
Média 8,71 0,32 0,044 Média 19,61 0,95 0,068
Desvio.P 1,09 0,06 0,006 Desvio.P 0,99 0,01 0,003
CV 12% 18% 13,8% CV 5% 1% 4,2%

3.5 Ensaio de tracção em provetes sanduíche na direcção


transversal ao plano das lâminas

O ensaio de tracção na direcção transversal ao plano das lâminas (Flatwise Tension - FT) foi realizado
no LERM do IST. Este ensaio permitiu testar, de acordo com a norma ASTM C297/C297M – 04 [57], o
elo mais fraco das estruturas sanduíche com núcleos de PUR e PET, quando submetidas a tensões de
tracção nesta direcção.

Descrição do ensaio

Na fase de preparação, as faces laminadas dos provetes foram coladas com resina epóxida a um
mecanismo constituído por 6 peças de alumínio, concebido para o efeito. As peças deste mecanismo
eram unidas por ligações rotuladas, libertando quaisquer tipo de esforços que pudessem surgir,
originados por defeitos. O esquema de ensaio pode ser observado nas Figuras 3.12 e 3.13.

40
Figura 3.10 - Ensaio de tracção num provete de Figura 3.11 - Ensaio de tracção num provete de PET
PUR

Se a colagem for bem efectuada, a tensão de tracção é igual na ligação, nas lâminas de GFRP e no
núcleo, porque estes elementos ocupam a mesma área. Tendo em conta que a resina epóxida apresenta
uma tensão de rotura que varia entre 60 e 80 MPa [1], sendo a da resina de poliéster de 50 a 70 MPa,
só seriam considerados válidos os ensaios nos quais a rotura ocorresse pelo núcleo, cuja tensão de
rotura apresenta uma ordem de grandeza 100 vezes inferior.

O ensaio foi realizado na máquina Instron, utilizando provetes que foram retirados dos painéis sanduíche,
previamente ensaiados à rotura por flexão. Os provetes foram retirados da zona central dos painéis,
onde a concentração de esforços foi menor, de forma a cumprir o requisito da norma, de “apresentar
faces planas e paralelas”. Esta restrição implicou que a quantidade de provetes que se consideraram
válidos para o ensaio não tenha sido a desejada, resumindo-se a 3 provetes com núcleo de PUR e 3
com núcleo de PET. A norma aconselha uma amostra de ensaio com pelo menos 5 espécimes, no
entanto, permite que este número seja reduzido se os resultados forem válidos e regulares. As
dimensões dos provetes (e respectivos desvios padrão) encontram-se na Tabela 3.6.

Tabela 3.6 - Dimensões dos provetes do ensaio de tracção

H lâminas [mm] H núcleo [mm] Largura [mm] Espessura [mm]

PUR 8 121 ± 1 125 ± 1 120 ± 0,5


PET 8 120 ± 1 121 ± 0,5 117 ± 1

A velocidade de aplicação da carga foi de aproximadamente 0,003 mm/seg.

Para uma caracterização adequada do comportamento do material, foram monitorizados o deslocamento


relativo entre as garras da máquina ∆𝛿 , e a força 𝐹 que gerou esse deslocamento (valores registados
pela máquina de ensaio).

O valor das tensões instaladas é obtido a partir da seguinte relação:

𝐹
𝜎= (3.4)
𝐴
em que,

𝜎 – valor da tensão no provete [MPa];


𝐹 – força aplicada ao provete [N];
𝐴 – área de cálculo [mm2];

41
O módulo de elasticidade aparente à tracção 𝐸, do material pode por fim ser deduzido da seguinte forma:

𝐹
𝐸=
∆𝛿 (3.5)
𝑒𝑒𝑠𝑝𝑢𝑚𝑎 . 𝐴

O valor de 𝐸 foi calculado a partir de rectas de regressão das curvas força/deslocamento, nas zonas
onde se verificou que esta relação era linear.

Análise de resultados

Os 6 provetes ensaiados obtiveram um modo de rotura válido, tendo ocorrido na espuma do núcleo. Nos
provetes PUR verificou-se que as arestas, junto à interface com as lâminas, constituem um ponto de
fragilidade, pelo facto de nos três provetes a rotura se ter despoletado nessa zona (Figura 3.12: a);b);c).
Nos provetes de PET a rotura ocorreu afastada da interface com as lâminas (Figura 3.12: d);e);f)). Apesar
de a representatividade das amostras ser relativamente pequena, aparentemente, a ligação entre as
lâminas e o núcleo de provetes de PET é mais eficiente, para este tipo de solicitação, do que nos
provetes de PUR.

Figura 3.12 – a),b),c), provetes ensaiados à tracção com núcleos de PUR (FT-1,2,3) e d),e),f), com núcleos de PET (FT-1,2,3)

As Figuras 3.15 e 3.16 ilustram a evolução dos deslocamentos em função da tensão, para cada material.
O provete PUR-FT-1 atingiu a rotura para um valor de tensão 30% inferior aos outros dois provetes do
mesmo material, desconhecendo-se as razões que levaram a esta ocorrência. Comparando os dois
materiais de núcleo, verificou-se que o PET possui um valor da tensão de rotura cerca de 90% superior
ao PUR, sendo o valor da sua deformação na rotura cerca de 30% inferior, em relação ao PUR. As
Figuras 3.15 e 3.16 encontram-se também no ANEXO B, com maior detalhe.

0,7 1,2
0,6 1
0,5
0,8
Tensão [MPa]
Tensão [MPa]

0,4
PUR-FT-1 0,6 PET-FT-1
0,3 PUR-FT-2 PET-FT-2
0,2 0,4
PUR-FT-3 PET-FT-3
0,1 0,2
0 0
0 1 2 3 0 1 2
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]
Figura 3.13 – Relação 𝐹 vs ∆𝛿 em provetes de PUR Figura 3.14 - Relação 𝐹 vs ∆𝛿 em provetes de PET

42
As Tabelas 3.7 e 3.8 fornecem os valores de σ max e E de cada provete, obtidos neste ensaio. Dada a
reduzida quantidade de resultados consistentes, considera-se que o ensaio apenas permitiu obter uma
estimativa das propriedades destes materiais com um grau de confiança relativamente reduzido.

Tabela 3.7- Parâmetros relevantes determinados a partir do Tabela 3.8- Parâmetros relevantes determinados a partir
ensaio de tracção em provetes com núcleo de PUR do ensaio de tracção em provetes com núcleo de PET

ID Fmax [kN] σmax [MPa] E [MPa] ID Fmax [kN] σmax [MPa] E [MPa]
PUR-FT-1 9,23 0,62 30,79 PET-FT-1 15,26 1,08 75,28
PUR-FT-2 9,33 0,62 30,29 PET-FT-2 13,93 0,99 71,85
PUR-FT-3 6,29 0,42 31,38 PET-FT-3 14,34 1,01 76,77
Média 8,28 0,55 30,82 Média 14,51 1,03 74,63
Desvio.P 1,73 0,12 0,54 Desvio.P 0,68 0,05 2,52
CV 21% 21% 2% CV 5% 5% 3%

3.6 Ensaio de compressão em provetes sanduíche, na


direcção perpendicular ao plano das lâminas

O ensaio de compressão na direcção do plano das lâminas (Edgewise Compression – EC) foi realizado
no LERM do IST. Este ensaio permitiu determinar o valor de tensão de compressão máxima, de acordo
com a norma ASTM C364/C364M – 07 [58], numa direcção em que a estrutura sanduíche (núcleos de
PUR e PET) é bastante solicitada (Figuras 3.17 e 3.18).

Figura 3.15 - Ensaio de compressão em provete com Figura 3.16 - Ensaio de compressão em provete
núcleo de PUR com núcleo de PET

Descrição do ensaio

Ao nível da secção, a área de espuma é aproximadamente 15 vezes superior à área das lâminas e o
seu módulo de elasticidade é cerca de 1000 vezes inferior. Sendo a tensão numa secção heterogénea,
uma função destes dois parâmetros, são as lâminas de GFRP que acarretam praticamente a totalidade
dos esforços de compressão nesta direcção. Por isso, os parâmetros de resistência e de deformabilidade
que se obtêm neste ensaio, permitem definir as propriedades das lâminas, quando solicitadas em
compressão.

43
Todavia, não é possível obter o seu valor da tensão de compressão máxima, devido a fenómenos de
instabilidade que ocorrem para tensões inferiores à sua tensão última. No entanto, a espuma dos núcleos
desempenha um papel importante na resposta da secção, proporcionando algum contraventamento às
lâminas.

Os provetes foram retirados dos painéis que, à data de cada ensaio, tinham sido previamente ensaiados
à rotura, tendo dado origem a uma quantidade limitada de material que cumprisse os requisitos do
ensaio. A norma recomenda uma amostra de no mínimo 5 provetes de cada tipo, tendo sido ensaiados
5 com núcleos de PUR e 7 com núcleos de PET. A norma acrescenta ainda especificações para as suas
dimensões: (i) o comprimento deve ser 8 vezes superior à espessura do provete; (ii) a largura deve estar
compreendida entre 50 mm e o seu comprimento, ou superior a duas vezes a espessura do provete. A
geometria dos provetes ensaiados (e respectivos desvios padrão) consta na Tabela 3.9:

Tabela 3.9 – Dimensões dos provetes (valor médio e desvio padrão)

Núcleo Altura [mm] Largura [mm] Espessura núcleo [mm] Espessura lâminas [mm]

PUR 250,5  0,5 249,5  0,5 121,5  0,5 7,5  0,5


PET 251,5  0,5 259,5  0,5 135,5  0,5 8,0  0,0

Os provetes foram ensaiados na central hidráulica Walter + BaiAG. O contacto entre os provetes e a
máquina foi estabelecido por dois pratos, cujos deslocamentos foram monitorizados por 4 transdutores.
O primeiro transdutor registou os deslocamentos do prato móvel e os três restantes mediram as
pequenas oscilações do prato fixo, que ocorreram durante os ensaios. Foram ainda instalados dois
extensómetros, no centro de cada face das lâminas, para registar as suas deformações. O carregamento
foi aplicado a uma velocidade aproximada de 0,02 mm/seg.

A tensão última das lâminas e o seu módulo de elasticidade aparente, podem ser calculados através das
expressões seguintes,

𝐹𝑚á𝑥 𝜎. ℎ
𝜎= e 𝐸= ( 3.6 ) e ( 3.7 )
𝑤(2𝑡𝑙 ) 𝛿. 𝑤(2𝑡𝑙 ). 1000
em que,

𝜎 – tensão última nas lâminas [MPa];


𝐹𝑚á𝑥 – força medida no instante da rotura [N];
𝑤 – largura das lâminas [mm];
𝑡𝑙 – espessura das lâminas [mm];
ℎ – altura média das duas lâminas [mm];
𝛿 – deslocamento corrigido relativo, corrigido, entre os pratos [mm];
𝐸 – módulo de elasticidade aparente das lâminas [GPa].

O módulo elástico aparente foi calculado com recurso aos deslocamentos entre os dois pratos e não ao
valor das extensões, registadas pelos extensómetros, pelo facto de os últimos terem apresentado
relações diferentes de força/extensão, entre a lâmina direita e a esquerda.

44
Análise de resultados

De acordo com a ASTM C364/C364M – 07, os modos de rotura que se verificaram foram todos
aceitáveis, pois foram originados ou por encurvadura das lâminas, ou pelo seu esmagamento
Figura 3.17.

Figura 3.17 – a) - e) Provetes ensaiados com núcleos de PUR (EC-1/5); f) - h) provetes com núcleos de PET (EC-5/7)

As Figuras 3.18 e 3.19 traduzem as relações força/deslocamento observadas em cada provete. Os


provetes de núcleo em PUR apresentaram uma fase de adaptação inicial, na qual houve um incremento
significativo da sua deformação, para um incremento reduzido de força. O declive das relações
força/deslocamento apresentou alguma variabilidade, traduzindo-se numa variação relevante de valores
do módulo elástico aparente E, das lâminas. Considerou-se que o facto de os provetes terem sido
retirados de painéis previamente ensaiados à rotura possa ter influenciado o seu comportamento
elástico. Os provetes de núcleo em PET apresentaram uma elevada variação de resultados, por razões
que se prendem com a aplicação de uma camada de forma em gesso, nos provetes PET-EC-1/4, na
tentativa de melhorar a superfície de contacto. Dado o desprovimento de significado físico das relações
destes 4 provetes, o seu contributo não foi considerado na análise de resultados.

600 800 PET-EC-1


500 PET-EC-2
PUR-EC-1 600
Força [KN]

400 PET-EC-3
Força [KN]

PUR-EC-2
300 400 PET-EC-4
PUR-EC-3
200 PUR-EC-4 PET-EC-5
200
100 PUR-EC-5 PUR-EC-6
0 0 PUR-EC-7
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5 6 7
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]
Figura 3.18 - Relação força / deslocamento em provetes de Figura 3.19 - Relação força / deslocamento em provetes
núcleos em PUR denúcleos em PET

Dos valores apresentados nas Tabelas 3.10 e 3.11 destacam-se os valores semelhantes das tensões
que conduziram à rotura das lâminas, nos ensaios aos provetes com os dois tipos de espuma. Tendo
em conta que o material PET possui uma resistência à tracção e compressão superiores (confirmadas
nos respectivos ensaios), esta semelhança indica que a adopção de um tipo de espuma, em detrimento
do outro, tem pouca influência na resistência às solicitações desta natureza. No mesmo seguimento,
módulo de elasticidade que se verificou para os dois tipos de provetes é semelhante, comprovando a
importância do papel das lâminas para este tipo de solicitação.

45
Tabela 3.10 - Parâmetros relevantes da análise dos provetes Tabela 3.11 - Parâmetros relevantes da análise dos
com núcleos em PUR provetes com núcleos em PET

ID Fmax [kN] σ [MPa] E- [GPa] ID Fmax [kN] σ [MPa] E- [GPa]


PET-EC-1 - - -
PUR-EC-1 529 141 23
PET-EC-2 - - -
PUR-EC-2 526 132 19 PET-EC-3 - - -
PUR-EC-3 485 122 25 PET-EC-4 - - -
PET-EC-5 788 130 27
PUR-EC-4 537 144 47 PET-EC-6 772 187 24
PUR-EC-5 517 130 30 PET-EC-7 532 128 25
Média 519,1 133,7 28,8 Média 697,6 148,2 25,3
Desvio.P 20,2 9,0 10,9 Desvio.P 143,7 33,7 1,3
CV 4% 7% 38% CV 21% 23% 5%

3.7 Ensaio de compressão em provetes sanduíche na


direcção transversal ao plano das lâminas

O ensaio de compressão na direcção perpendicular ao plano das lâminas (Edgewise Compression – EC)
foi realizado no LERM do IST, de acordo com a norma ASTM C365/C365M – 11 [59] (Figuras 3.20 e
3.21). Este ensaio permite obter um valor máximo da tensão de compressão, nesta direcção, e o módulo
de elasticidade aparente em compressão do material do núcleo.

Figura 3.20 - Provete sanduíche com núcleo de Figura 3.21 - Provete sanduíche com núcleo
PUR ensaiado à compressão de PET ensaiado à compressão

Descrição do ensaio

Os provetes foram retirados de painéis que, à data do ensaio, tinham sido previamente ensaiados à
rotura. Devido à limitação da quantidade de material e ainda ao facto de estes terem sido extraídos numa
zona de ligação entre placas de núcleo (zona com presença de adesivo que altera a sua rigidez), apenas
3 provetes com núcleo em PUR possuíram as características necessárias para serem ensaiados. Em
relação aos provetes com espuma de PET, foram ensaiados 5. A norma ASTM C365/C365M – 11
aconselha a realização de testes com uma amostra de no mínimo 5 provetes, no entanto também permite

46
a sua redução, no caso de os ensaios serem válidos e os resultados serem regulares. Os parâmetros
geométricos relevantes das amostras (e respectivos desvios padrão) constam da Tabela 3.12.

Tabela 3.12 - Valores médios (e respectivo desvio parão) da área de contacto e de espessura do núcleo ensaiado

A [mm2] Enúcleo [mm]

PUR 14.944  324 137  1


PET 14.229  106 135

Os ensaios foram realizados na máquina Instron, com recurso a duas chapas de aço e uma rótula
esférica. O provete assentava numa chapa fixa, previamente nivelada, enquanto uma outra chapa era
colocada no topo do provete. A esta última estava associada uma rótula esférica que libertava a
excentricidade que pudesse ser induzida pelo cabeçote da máquina. Os ensaios foram executados a
uma velocidade constante de 0,04 mm/s e os registos da força F e do deslocamento  foram fornecidos
pela máquina.

Tendo em conta que o módulo elástico em compressão do núcleo é cerca de 1000 vezes inferior ao das
lâminas, as deformações registadas no ensaio são basicamente as deformações do núcleo, tendo as
lâminas um papel de distribuição uniforme das tensões aplicadas às chapas.

Análise de resultados

De acordo com a norma ASTM C365/C365M – 11, os modos de rotura foram válidos, não se tendo
observado nenhum modo de rotura influenciado pela presença de material defeituoso, ou de outros
elementos. A Figura 3.22 ilustra os modos de rotura que foram observados, tendo sido semelhantes
entre os dois tipos de espuma.

a) b) c) d) e)

Figura 3.22 – a), b), c) - provetes ensaiados com núcleo em PUR; d), e) – provetes ensaiados com núcleo em PET

As Figuras 3.23 e 3.24 ilustram as relações entre a carga e o deslocamento, obtidas para cada provete.
Pela sua observação, verifica-se que os dois tipos de espumas ensaiadas apresentam um
comportamento semelhante perante este tipo de solicitação, sendo nítidas duas fases durante o
carregamento: a fase elástica-linear e a fase elasto-plástica.

47
10 20
8 16 PET-FC-1
Força [KN]

6 PUR-FC-1 12 PET-FC-2
PUR-FC-2

Força [kN]
4 8 PET-FC-3
PUR-FC-3 PET-FC-4
2 4 PET-FC-5
0 0
0 5 10 15 0 3 6 9
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]
Figura 3.23 - Relação força / deslocamento em compressão, Figura 3.24 - Relação força / deslocamento em compressão, em
em provetes com núcleo em PUR provetes com núcleo em PET

Nas Tabelas 3.13 e 3.14 constam alguns parâmetros relevantes determinados nos ensaios. Com base
nestes parâmetros, destaca-se o facto de o material PET apresentar o dobro da rigidez e o dobro da
resistência, em compressão, quando comparado com o material PUR.

Tabela 3.13 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de Tabela 3.14 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de
compressão em provetes com núcleo em PUR compressão em provetes com núcleo em PET

ID Fmáx) [mm] máx [MPa] E- [MPa] ID Fmáx) [mm] σmáx [MPa] E- [MPa]
PET-FC-1 3,19 1,272 63,08
PUR-FC-1 4,41 0,64 30,01
PET-FC-2 3,15 1,276 65,17
PUR-FC-2 4,47 0,64 29,65 PET-FC-3 3,27 1,376 64,96
PET-FC-4 3,18 1,314 65,94
PUR-FC-3 4,78 0,63 27,70 PET-FC-5 3,32 1,336 62,11

Média 4,55 0,64 29,12 Média 3,22 1,315 64,25


Desvio.P 0,20 0,01 1,24 Desvio.P 0,07 0,043 1,59
CV (%) 4,% 1% 4% CV (%) 2% 3% 2%

3.8 Ensaios de compressão de provetes de GFRP

Os ensaios de compressão das lâminas de GFRP foram realizados no LERM e no Laboratório de


Construção (LC), do IST. Foram realizados dois tipos de ensaio, tendo por base as normas
ASTM D695-02 [60] e ASTM D6641/D6641M-09 [61] (Figuras 3.25 e 3.26, respectivamente). Em ambos
os ensaios foram testados provetes que foram cortados segundo duas orientações ortogonais (0º e 90º),
na placa que lhes deu origem, para testar as suas propriedades nestas duas direcções.

Figura 3.25 - Ensaio de compressão em lâminas de Figura 3.26 - Ensaio de compressão em lâminas de
GFRP executado na prensa hidráulica GFRP executado na máquina Instron

48
Descrição dos ensaios

As razões pelas quais foram utilizadas duas metodologias de ensaio foram o facto de a primeira não ter
sido efectuada estritamente de acordo com a norma que a prescreve e o facto de não se considerar a
segunda metodologia como sendo completamente fiável.

A norma ASTM D6641/D6641M-09 prescreve condições de fixação e aplicação da carga semelhantes


às que a máquina Instron proporciona. No entanto, a mesma norma determina uma altura livre máxima
para o provete (afastamento das garras) que se traduz no seu comprimento de encurvadura. Esse
comprimento (3 cm) é muito inferior ao espaçamento mínimo entre garras que a Instron permite (12 cm).
Não havendo possibilidade de cumprir este critério, efectuou-se o primeiro ensaio com o propósito de
determinar um valor minorante da resistência em compressão das lâminas, com uma velocidade de
carregamento aproximada, de 0,02 mm/seg. No total, foram ensaiados 5 provetes, cortados em cada
direcção. As suas propriedades geométricas constam da Tabela 3.15.

Tabela 3.15 - Dimensões dos provetes de GFRP ensaiados na máquina Instron

Espessura [mm] Largura [mm] Comprimento livre [mm] Área [mm2]

7,0 23,0 150,0 161,0


O segundo ensaio foi efectuado de acordo com a norma ASTM D695-02, na prensa hidráulica. Para tal,
foram cortados 16 provetes de uma placa de GFRP (8 com orientação a 0º e 8 com orientação a 90º),
com aproximadamente 2,5 centímetros de comprimento. Na preparação dos provetes foi essencial
assegurar que as suas faces se encontravam perfeitamente perpendiculares e sem irregularidades, para
evitar esmagamentos localizados nas faces de contacto. Devido às dimensões reduzidas dos provetes
e à impossibilidade de aplicar uma técnica de corte controlada e precisa, não se pôde garantir a sua
perfeição geométrica, comprometendo o grau de confiança do ensaio. As suas propriedades (e
respectivos desvios padrão) constam da Tabela 3.16, tendo as dimensões sido registadas com recurso
a uma craveira para diminuir o erro relativo, face à escala dos provetes.

Tabela 3.16 - Dimensões (média e respectivo desvio padrão) dos provetes de GFRP ensaiados na prensa hidráulica

Espessura [mm] Largura [mm] Comprimento [mm] Área [mm2]

7,41  0,2 10,17  0,3 25,70  0,4 75,29  2,1

Análise de resultados

Tendo-se verificado um modo predominante de rotura por encurvadura nos provetes ensaiados na
Instron (Figuras 3.27 e 3.28), aparentemente, os provetes ensaiados na prensa atingiram a sua carga
última por compressão simples (Figuras 3.29 e 3.30). Em relação aos primeiros, houve ainda uma
distinção entre os modos de rotura de provetes cortados nas direcções 0º e 90º. Os provetes cortados a
0º colapsaram por fenómenos de encurvadura global e delaminação, enquanto os provetes cortados a
90º apresentaram dois modos: esmagamento local e encurvadura global.

49
Figura 3.27 - Provetes de GFRP cortados na direcção Figura 3.28 - Provetes de GFRP cortados na direcção 90º
0º,ensaiados à compressão na máquina Instron ensaiados à compressão na máquina Instron

Figura 3.29 – Modo de rotura de provetes de GFRP cortados na direcção 0º, ensaiados à compressão na prensa hidráulica

Figura 3.30 – Modo de rotura de provetes de GFRP cortados na direcção 90º, ensaiados à compressão na prensa hidráulica

As figuras Figuras 3.31 e 3.32 ilustram as relações força / deslocamento obtidas para os provetes
ensaiados na Instron, a 0º e a 90º, respectivamente. As várias amostras ensaiadas apresentaram
relações muito semelhantes entre provetes do mesmo tipo.

40 25

20
30 C0-PL-1 C90-PL-1
Força [kN]
Força [kN]

C0-PL-2 15 C90-PL-2
20 C0-PL-3 C90-PL-3
10
C0-PL-4 C90-PL-4
10 C0-PL-5 5 C90-PL-5

0
0
0 0,4 0,8 1,2 1,6
0 1 2
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]

Figura 3.31 - Relação força / deslocamento em provetes de Figura 3.32 - Relação força / deslocamento em provetes de
GFRP cortados na direcção 0º, submetidos a compressão GFRP cortados na direcção 90º, submetidos compressão
simples simples

Nas Tabelas 3.17 e 3.18 constam alguns parâmetros relevantes determinados no ensaio efectuado na
Instron, em lâminas cortadas na direcção 0º e 90º respectivamente. Por observação desses parâmetros,
é possível constatar que o material GFRP, quando ensaiado por este método, atinge a rotura para
estados de deformação semelhantes, em ambas as direcções. No entanto, a tensão de rotura e o módulo
elástico aparente são significativamente superiores quando o material é solicitado na direcção 0º. Esta

50
discrepância era previsível, tendo em conta que o material possui 4 vezes mais fibras orientadas na
direcção 0º, do que na direcção 90º. Considera-se ainda relevante mencionar que a fiabilidade dos
resultados pode ter sido ligeiramente comprometida por não ter havido condições para garantir que os
provetes não escorregassem nas garras, aquando da execução do ensaio.

Tabela 3.17 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de Tabela 3.18 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de
compressão na Instron, em provetes de GFRP cortados na compressão na Instron em provetes de GFRP cortados na
direcção 0º direcção 90º

δFmax [mm] σ [MPa] Ec [GPa] ID δFmax [mm] σ [MPa] Ec [GPa]


C0-PL-1 1,5 217 17,7 C90-PL-1 1,5 115 10,9
C0-PL-2 1,4 201 18,9 C90-PL-2 1,4 104 10,8
C0-PL-3 1,6 221 18,2 C90-PL-3 1,5 122 10,9
C0-PL-4 1,8 209 17,1 C90-PL-4 1,4 106 11,1
C0-PL-5 1,7 221 18,4 C90-PL-5 1,3 110 11,4
Média 1,6 213 18,1 Média 1,4 111 11,0
Desvio.P 0,1 9 0,7 Desvio.P 0,1 7 0,2
CV (%) 9% 4% 4% CV (%) 5% 6% 2%

As Figuras 3.33 e 3.34 ilustram as relações tensão/extensão obtidas para os provetes ensaiados na
prensa hidráulica, nas direcções 0º e 90º, respectivamente. As amostras apresentaram relações muito
semelhantes entre provetes do mesmo tipo. No entanto, apenas 3 provetes do conjunto C-0 mantiveram
uma deformação elástica constante até à rotura. Admite-se que nos restantes tenha existido
esmagamento local, devido a imperfeições no seu corte. Comparando ainda as duas disposições do
material, as figuras indicam extensões na rotura muito semelhantes entre eles.

300 250
C-0-PL-1 C-90-PL-1
C-0-PL-2 200 C-90-PL-2
Tensão [MPa]

C-90-PL-3
Tensão [Mpa]

C-0-PL-3
200
C-0-PL-4 150 C-90-PL-4
C-0-PL-5 C-90-PL-5
100 C-90-PL-6
100 C-0-PL-6
C-0-PL-7 C-90-PL-7
50
C-0-PL-8 C-90-PL-8
0 0
0 10000 20000 0 10000 20000
Extensão [με] Extensão [με]
Figura 3.33 - Relação tensão / extensão em provetes de Figura 3.34 - Relação tensão / extensão em provetes de GFRP,
GFRP, cortados na direcção 0º, ensaiados na prensa cortados na direcção 90º, ensaiados na prensa hidráulica
hidráulica

Nas Tabelas 3.19 e 3.20 constam alguns parâmetros relevantes, determinados nos ensaios efectuados
na prensa. Com base nestes parâmetros, destaca-se novamente o facto de os provetes cortados na
direcção 0º apresentarem melhores propriedades médias do que os provetes cortados a 90º.

51
Tabela 3.19 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de Tabela 3.20 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de
compressão na prensa, em provetes de GFRP cortados na compressão na prensa, em provetes de GFRP cortados na
direcção 0º direcção 90º
ID δFmax [mm] max [MPa] Ec [GPa] ID δFmax [mm] max [MPa] Ec [GPa]
C-0-PL-1 0,39 281 24,7 C-90-PL-1 0,49 189 14,4
C-0-PL-2 0,44 257 19,3 C-90-PL-2 0,68 195 13,2
C-0-PL-3 0,36 298 22,0 C-90-PL-3 0,57 190 14,5
C-0-PL-4 0,40 243 19,5 C-90-PL-4 0,59 177 16,7
C-0-PL-5 0,37 199 19,0 C-90-PL-5 0,66 187 14,7
C-0-PL-6 0,39 213 19,2 C-90-PL-6 0,64 203 14,6
C-0-PL-7 0,39 274 21,7 C-90-PL-7 0,53 202 13,3
C-0-PL-8 0,42 233 21,0 C-90-PL-8 0,65 210 14,8
Média 0,40 249 20,4 Média 0,60 194 13,9
Desvio.P 0,03 34 1,8 Desvio.P 0,07 10 0,8
CV 13% 14% 9% CV 11% 5% 6%

Uma vez feita a análise individual de cada método de ensaio de compressão em lâminas de GFRP, é
necessário por fim, realizar uma comparação entre os resultados obtidos por estes dois métodos. As
extensões na rotura obtidas em cada método são significativamente diferentes. Dividindo o valor da
deformação dos provetes do primeiro ensaio (1,5 mm) pelo comprimento livre do provete (120 mm) e
convertendo para as unidades με, obtém-se um valor de extensão média de 12,5 με, duas vezes inferior
aos aproximados 19,4 με (0,5/25,7), obtidos no segundo método. Comparando os módulos de
elasticidade aparente médios, obtidos por cada método, obtém-se uma diferença de 12% nos provetes
orientados a 0º e 21% nos provetes orientados a 90º, diferenças que se consideram relativamente
baixas. Os valores da tensão de rotura médios variaram 15% no primeiro caso e 43% no segundo,
indicando a possibilidade de, na direcção 90º este material ser mais susceptível aos fenómenos de
encurvadura.

Uma vez que nas secções seguintes serão discutidos os resultados obtidos através destes ensaios,
considera-se importante esclarecer que, deste ponto adiante, serão apenas considerados os resultados
dos ensaios obtidos pelos provetes testados na prensa hidráulica, porque se crê na menor
susceptibilidade que este método apresenta aos fenómenos de encurvadura, e na maior capacidade
para fornecer parâmetros mais fiáveis do comportamento do GFRP em compressão simples.

3.9 Ensaios de tracção em lâminas de GFRP

Os ensaios de tracção em lâminas de GFRP (Figura 3.35) foram realizados no LERM do IST, de acordo
com as normas ISO-527-01 [62] e ASTM D3039/D3039M-09 [63]. Estes ensaios permitiram determinar
algumas propriedades em tracção das lâminas, sendo estas (i) a resistência à tracção; (ii) o módulo de
elasticidade; (iii) a extensão na rotura e (iv) o módulo de distorção no seu plano.

52
Figura 3.35 - Ensaio de tracção em provete de GFRP

Descrição do ensaio

De acordo com as normas referidas, devem ser ensaiados no mínimo cinco provetes, que devem ter as
seguintes dimensões: espessura (e) compreendida entre 2 e 10 mm, largura (b) de 25 mm ou 50 mm,
comprimento (Lp) superior a 250 mm e distância entre garras de 150 mm. Para a realização dos ensaios,
adoptaram-se provetes com duas origens distintas: (i) cortados de uma placa de GFRP fabricada pelo
processo de infusão a vácuo, com as características das lâminas de GFRP produzidas nos painéis
sanduíche e (ii) cortados de um painel, que tinha sido ensaiado à rotura, fora do âmbito desta dissertação
(tendo estes sido cortados numa zona suficientemente afastada da zona onde ocorreu a rotura). Neste
sentido, utilizaram-se os seguintes provetes com diferentes características:

 10 lâminas extraídas da placa cortadas na direcção principal de reforço com fibras (direcção 0º);
 10 lâminas extraídas da placa cortadas na direcção transversal das fibras de vidro (90º);
 7 lâminas extraídas da placa cortadas com um desvio de 10º relativamente à direcção 0º;
 7 lâminas extraídas do painel, cortadas na direcção 0°;
 7 lâminas extraídas do painel, cortadas na direcção 90°;
 7 lâminas extraídas do painel, cortadas na direcção 10º.

A Figura 3.36 exemplifica a orientação das vibras nos três tipos de provetes ensaiados.

Figura 3.36 - Provetes de lâminas GFRP ensaiados na direcção a) longitudinal (0°), b) transversal (90°) e c) 10°, (adaptado de
[4])

Para a obtenção do módulo de distorção G foi necessário realizar o ensaio numa direcção que não fosse
uma das duas direcções principais deste elemento. Nesta situação as normas recomendam a escolha
de uma direcção que contenha um número suficiente de fibras e que represente a matriz de forma
razoável. Desta forma, optou-se por uma direcção de corte dos provetes a 10º por ser uma direcção que
alcança as fibras orientadas a 0º, com um comprimento satisfatório. As dimensões médias (e respectivo
desvio padrão), em conjunto com a extensometria associada a cada tipo de provete constam da
Tabela 3.21.
53
Tabela 3.21 - Extensometria utilizada no ensaio e dimensões médias dos provetes

Quantidade Nº de Disposição dos e b Lp A


Origem Orientação
/designação extensómetros extensõmetros [mm] [mm] [mm] [mm2]

4 0 - 7,4 25,2 301,0 185,2


0º 3 / SG 1 sentido longitudinal do provete    
3 / PR 2 perpendicularmente 0,2 1,4 2,1 15,9
4 0 - 7,4 25,8 302,0 189,4
Placa 90º 3 / SG 1 sentido longitudinal do provete    
3 / PR 2 perpendicularmente 0,2 0,4 2,6 9,1
4 0 -
7,5 26,0 303,6 195,0
10º
3 / SG 3 forma de roseta    
0,0 0,0 2,4 0,0
4 0 -
0,8 25,4 299,8 202,9

3 / SG 1 sentido longitudinal do provete    
0,0 0,2 0,4 2,0

8,0 25,3 238,5 202,3


Painel 90º 4 0 -    
0,0 0,4 0,8 3,1

8,0 25,9 300,0 206,9


10º 4 0 -    
0,0 0,2 0,0 2,0

Os ensaios foram realizados na máquina Instron, em controlo de deslocamentos, a uma velocidade de


carregamento de 2 mm/min, para que a rotura ocorresse entre 1 e 10 min de ensaio, como recomendado
pelas normas referidas.

Previamente à realização dos ensaios, foram efectuados quatro ensaios de teste para aferir a pressão a
aplicar nas garras de aperto, de modo a que a rotura não ocorresse pela zona das garras nem que
ocorresse deslizamento dos provetes. Neste sentido, considerou-se ideal um valor de 30 bar de pressão
nas garras de aperto hidráulico.

As propriedades mecânicas dos provetes foram determinadas da seguinte forma:

 Resistência à tracção,
𝐹 ( 3.8 )
𝜎𝑡𝑢 =
𝐴
em que 𝜎𝑡𝑢 é a tensão de rotura à tracção das lâminas, 𝐹 é a força aplicada e 𝐴 a área da secção
transversal.

 Módulo de elasticidade,
𝜎2 − 𝜎1
𝐸𝑥𝑥 ( 3.9 )
𝜀2 − 𝜀1
em que 𝐸𝑥𝑥 é o módulo de elasticidade aparente do material na direcção xx, 𝜎2 a tensão que se verifica

para uma extensão 𝜀2 de 0,0025 e 𝜎1 a tensão que se verifica para uma extensão 𝜀1 de 0,00025.

 Coeficiente de Poisson (PR),


𝑃𝑅 = 𝜀𝑇 /𝜀𝐿 ( 3.10 )

54
em que 𝜀𝑇 é a extensão transversal elástica e 𝜀𝐿 a extensão longitudinal elástica, registadas pelos
extensómetros orientados nas direcções Y e X, correspondentes a “c” e “a” na Figura 3.37.

Figura 3.37 - Identificação e disposição dos extensómetros a, b e c no ensaio de corte por tracção a 10° (adaptado de [64])

 Módulo de distorção G,
∆𝜏 ( 3.11 )
𝐺=
∆𝛾
em que ∆𝜏 e ∆𝛾 são a tensão tangencial e a distorção no provete respectivamente, calculados para a
direcção principal 0º, da seguinte maneira:
𝜏 = 0,5 𝜎 sin(2𝜃) ( 3.12 )

com 𝜃 = 10° = 0,1745 𝑟𝑎𝑑, o ângulo entre o carregamento e a direcção principal 0º,

𝛾 = (−𝜀𝐿 + 𝜀𝑇 ) sin(2𝜃) + 𝛾𝑥𝑦 cos(2𝜃) ( 3.13 )

com 𝛾𝑥𝑦 sendo a distorção entre as direcções longitudinal e transversal do provete,

𝛾𝑥𝑦 = 2𝜀𝐿 + 𝜀𝑇 + 𝜀45° ( 3.14 )

e 𝜀45° como sendo a extensão medida a 45º (extensómetro “b” da Figura 3.37).

Análise de resultados

A rotura ocorreu sempre de forma frágil, tendo os provetes revelado modos de rotura que se enquadram
nos parâmetros definidos pelas normas. A Figura 3.38 mostra exemplos de modos de rotura para cada
categoria de provete. Nos provetes cortados na direcção 90º verificou-se uma tendência para
apresentarem danos menores, em comparação com os provetes orientados a 0º. Nas alíneas e) e f) da
Figura 3.38, é possível observar a orientação das fibras principais, tendo o modo de rotura desses
provetes (10º) ocorrido na matriz, com posterior escorregamento entre as fibras principais.

 Provetes extraídos segundo a orientação 0º:

As Figuras 3.39 e 3.40 (que se apresentam com maior detalhe no Anexo C ilustram a relação
força/deslocamento determinada para os provetes extraídos da placa e do painel. A relação não
apresentou uma linearidade que seria espectável na fase do comportamento elástico do material. Uma
explicação plausível, que está de acordo com estudos anteriores [4], será o facto de os provetes sofrerem
algum escorregamento nas garras durante a fase de puxe.
55
a) b) c) d) e) f)

Figura 3.38 - Modo de rotura dos provetes a) 0º-PL-5-SG; b) 0º-PA-5-SG; c) 90º-PL-4; d) 90º-PA-1; e) 10º-PL-1; f) 10º-PA-3.

100 0-PL-1 100 0-PA-1


0-PL-2
80 0-PL-3 80 0-PA-2

Força [KN]
Força [KN]

0-PL-4 0-PA-3
60 60
0-PL-5-SG 0-PA-4
40 0-PL-6-SG 40 0-PA-5-SG
0-PL-7-SG 0-PA-6-SG
20 20
0-PL-8-PR
0-PA-7-SG
0 0-PL-9-PR 0
0 2 4 6 0-PL-10-PR 0 2 4 6
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]
Figura 3.39 - Relação força / deslocamento em provetes Figura 3.40 - Relação força / deslocamento em provetes
cortados na direcção 0º, retirados de uma placa cortados na direcção 0º, retirados de um painel sanduíche

Nas Figuras 3.41 e 3.42 são apresentados os diagramas tensão/extensão axial resultantes dos ensaios
à tracção, efectuados nas lâminas provenientes da placa (PL) e do painel (PA), respectivamente. Na
Figura 3.41 são visíveis duas tendências diferentes, com as lâminas retiradas da placa a apresentarem
uma rigidez maior por comparação com as lâminas retiradas do painel. A Figura 3.41 apresenta-se a
uma escala superior no Anexo C.

500 0-7-PL-SG 500

400 0-5-PL-SG 400


Tensão [MPa]

Tensão [MPa]

0-PL-8_PR
300 0-6-PL-SG 300
0-PL-9_PR
200 0-PA-5-SG 200
0-PL-10_PR
0-PA-6-SG
100 100
0-PA-7-SG
0 0
0 0,01 0,02 -0,01 1E-17 0,01 0,02
Extensão [m/m] Extensão [m/m]
Figura 3.41 - Relação tensão / extensão em provetes de GFRP Figura 3.42 - Relação tensão / extensão (longitudinal e
cortados na direcção 0º, retirados de uma placa e de um painel transversalmente) em provetes cortados na direcção 0º,
sanduíche retirados de uma placa de GFRP

Nas Tabelas 3.22 e 3.23 constam algumas propriedades que foram estimadas para este conjunto de
provetes. Salienta-se o facto de os provetes extraídos da placa apresentarem uma tensão de rotura e
um módulo elástico aparente médios, 10 e 11% superiores, respectivamente, quando comparados com
os valore obtidos nos ensaios aos provetes extraídos dos painéis sanduíche.

56
Tabela 3.22 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção de Tabela 3.23 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção
provetes extraídos de uma placa, na direcção 0º de provetes extraídos de um painel sanduíche, na direcção

ID Fu [kN] σ [MPa] Et [GPa] PR ID Fu [kN] σ [MPa] Et [GPa] PR
0°-PL-1 84,2 431 - -
0°-PA-1 76,8 376 - -
0°-PL-2 86,3 442 - -
0°-PL-3 74,5 382 - - 0°-PA-2 82,3 403 - -
0°-PL-4 86,3 442 - -
0°-PA-3 86,6 424 - -
0°-PL-5_SG 79,2 406 30,6 -
0°-PL-6_SG 90,0 461 29,2 - 0°-PA-4 75,7 378 - -
0°-PL-7_SG 89,0 456 28,3 - 0°-PA-5_SG 81,9 401 26,2 -
0°-PL-8_PR 74,5 462 29,0 0,30
0°-PL-9_PR 73,8 448 29,3 0,34 0°-PA-6_SG 78,2 383 26,5 -
0°-PL-10_PR 75,0 465 30,0 0,28 0°-PA-7_SG 80,5 394 25,6 -
Média 81,3 440 29,4 0,30 Média 80,3 394 26,1
Desvio P. 6,5 26 0,8 0,03 Desvio P. 3,8 17 0,5
CV (%) 8% 6% 3% 9% CV (%) 5% 4% 2%

Nos capítulos seguintes serão utilizados/discutidos alguns parâmetros determinados neste ensaio. Por
conseguinte, considera-se importante esclarecer que foram considerados os parâmetros obtidos nos
ensaios realizados em provetes retirados da placa, pelo facto de, tendo o processo de fabrico sido igual,
tanto para a placa, como para os painéis, as propriedades entre os dois deveriam ser semelhantes, e,
uma vez que os provetes extraídos dos painéis foram submetidos a um processo abrasivo de raspagem
do material de núcleo, estima-se que esse processo possa ter afectado a qualidade dos provetes,
podendo, por isso, ter influenciado algumas das propriedades que foram determinadas neste ensaio.

 Provetes extraídos segundo a orientação 90º:

As Figuras 3.43 e 3.44 ilustram a relação força/deslocamento determinada para os provetes extraídos
da placa e do painel. Para uma visualização com melhor precisão, as Figuras 3.43 e 3.44 apresentam-se
no Anexo C a uma escala superior. Os provetes de ambas as fontes apresentaram um decaimento na
sua rigidez, num patamar próximo dos 45 MPa. Este decaimento pode ser explicado pela rotura da matriz
(com resistência à tracção na ordem dos 50-70 MPa), ficando apenas as fibras a absorver os esforços
de tracção, para tensões superiores.

40 90-PL-1 40
90-PL-2
30 90-PL-3 30
90-PA-1
Força [KN]
Força [KN]

90-PL-4
90-PA-2
20 90-PL-5_SG 20
90-PL-6_SG 90-PA-3

10 90-PL-7_SG 10 90-PA-4
90-PL-8_PR

0 90-PL-9_PR
0
0 3,5 7 90-PL-10_PR 0 2 4 6
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]

Figura 3.43 - Relação força / deslocamento em provetes Figura 3.44 - Relação força / deslocamento em provetes
cortados na direcção 90º, retirados de uma placa cortados na direcção 90º, retirados de um painel sanduíche

57
A extensometria colocada nos provetes com orientação a 90º não permitiu obter resultados satisfatórios,
pelo facto de que quando se deu a rotura da matriz (a uma força aproximadas de 10 kN), os
extensómetros longitudinais também romperam, como é visível na Figura 3.45.

35
30
25
Força [kN]

20
90-PL-8_PR

15 90-PL-9_PR
10 90-PL-10_PR
5
0
-0,003 -0,002 -0,001 0 0,001 0,002 0,003 0,004
Extensão [m/m]
Figura 3.45 – Relação força / extensão transversal (negativa) e força / extensão longitudinal (positiva) em provetes cortados na
direcção 90º, retirados da placa

Apesar da impossibilidade de registar as extensões, foi possível determinar algumas propriedades deste
material (Tabelas 3.24 e 3.25), nesta direcção, utilizando registos efectuados em intervalos de tensões
reduzidas. Considera-se importante referir novamente que a tensão de rotura média registada nos
provetes extraídos da placa foi superior à registada em provetes retirados do painel em 5%.

Tabela 3.24 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção de Tabela 3.25 - Propriedades estimadas pelo ensaio à
provetes extraídos de uma placa, segundo a direcção 90º tracção de provetes extraídos de um painel sanduíche, na
direcção 90º

ID Fu [kN] σ [MPa] Et [GPa] PR ID Fu [kN] σ [MPa]


90°-PL-1 32,9 168 - - 90°-PA-1 33,0 165
90°-PL-2 34,7 178 - - 90°-PA-2 33,7 168
90°-PL-3 36,2 185 - - 90°-PA-3 35,3 169
90°-PL-4 32,8 168 - - 90°-PA-4 35,7 178
90°-PL-5_SG 35,7 183 15,2 - Média 34,4 170
90°-PL-6_SG 33,4 171 16,0 - Desvio P. 1,3 5
90°-PL-7_SG 32,9 168 16,0 - CV 4% 3%
90°-PL-8_PR 33,8 189 15,3 0,16
90°-PL-9_PR 33,0 188 17,8 0,17
90°-PL-10_PR 34,1 194 16,5 0,17
Média 33,9 179 16,2 0,2
Desvio. P 1,2 10 0,9 0,0
CV 4% 6% 6% 4%

 Provetes extraídos segundo a orientação 10º:

As Figuras 3.46 e 3.47 ilustram a relação força / deslocamento determinada para os provetes extraídos
da placa e do painel, respectivamente. Para uma visualização mais pormenorizada, as Figuras 3.46 e
3.47 encontram-se ilustradas, a uma escala maior, no Anexo C.

58
60 80

10-PL-1
60 10-PA-1

Força [kN]
Força [kN]

40 10-PL-2
10-PA-2
10-PL-3 40 10-PA-3
10-PL-4
20 10-PA-4
10-PL-5_SG 20
10-PL-6_SG
0 10-PL-7_SG
0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]

Figura 3.46 - Relação força / deslocamento em provetes Figura 3.47 - Relação força / deslocamento em provetes
cortados na direcção 10º, retirados de uma placa cortados na direcção 10º, retirados de um painel
sanduíche

A Figura 3.48 ilustra as deformações registadas pelos extensómetros, nas direcções transversal,
longitudinal e 45º, podendo ser observada uma maior amplitude de resultados nas extensões a 45º.

60
longitudinal
longitudinal
Força [kN]

40 longitudinal
45º
45º
20
45º
transversal
0 transversal
-10000 -5000 0 5000 10000 15000 20000
transversal

Extensão [m/m]

Figura 3.48 - Relação força / extensões, para cada valor registado na roseta de extensómetros

Pela análise do diagrama verifica-se que a totalidade dos provetes ensaiados apresenta um
comportamento marcadamente não linear, com perda progressiva de rigidez. Pela Figura 3.49 é possível
observar que as relações das tensões de corte vs distorções de dois dos provetes foram
aproximadamente lineares, tendo o provete 10-PL-5_SG apresentado um comportamento
marcadamente não linear.

50
Tenção tangencial [MPa]

40

30 10-PL-5-SG
10-PL-6_SG
20
10-PL-7_SG
10

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
Distorção [m/m]

Figura 3.49 – Relação tensão tangencial / distorção de três dos provetes ensaiados a 10º

Nas Tabelas 3.26 e 3.27 constam algumas propriedades que foram estimadas para este conjunto de
provetes.
59
Tabela 3.26 - Propriedades estimadas pelo ensaio à tracção a 10º Tabela 3.27 - Propriedades estimadas pelo ensaio à
de provetes extraídos de uma placa tracção a 10º de provetes extraídos de um painel

ID Fu [kN] σ [MPa] τmax [MPa] G [GPa] ID Fu [kN] σ [MPa] τmax [MPa]


10°-PL-1 52,7 270 46,2 -
10°-PA-1 67,2 323 55,3
10°-PL-2 54,9 281 48,2 -
10°-PL-3 58,4 299 51,3 -
10°-PA-2 66,5 319 54,6
10°-PL-4 57,4 294 50,4 -
10°-PL-5_SG 57,4 294 50,3 22,2 10°-PA-3 67,5 324 55,5
10°-PL-6_SG 57,8 296 50,9 8,7
10°-PL-7_SG 56,2 288 49,3 6,3 10°-PA-4 66,8 321 55,0

Média 56,2 288 49,4 7,5 Média 67,0 322 55,1


Desvio P. 2,2 11 1,9 - Desvio P. 0,5 2 0,4
CV 4% 4% 4% - CV 1% 1% 1%

No provete 10º-PL-5_SG foi calculado um valor do módulo de distorção anormalmente elevado. Por
conseguinte, a sua contribuição foi desprezada no cálculo do valor médio de G. Neste ensaio, os valores
obtidos para as tensões de rotura foram superiores nos provetes extraídos do painel (em cerca de 10%).

3.10 Ensaio de flexão em provetes de GFRP

O ensaio de flexão em provetes de GFRP foi realizado no LC, do IST, de acordo com a norma EN ISO
14125 [65]. Este ensaio permitiu obter um valor de referência da resistência e rigidez de flexão em
lâminas de GFRP cortadas com a orientação 0º, que foram retiradas de uma placa fornecida para o
efeito. Convém referir que esta placa possui a mesma arquitectura de fibras das lâminas dos painéis
sanduíche em estudo, no entanto, apresenta em média menos 0,5 milímetros de espessura.

Em condições normais de funcionamento, as lâminas que incorporam os painéis sanduíche são


maioritariamente sujeitas a esforços de compressão ou tracção, apesar de as tensões nas suas fibras
superiores serem diferentes das que existem nas fibras inferiores (variação com significado reduzido).
No entanto, considerou-se relevante quantificar o comportamento em flexão das lâminas e avaliar o seu
modo de rotura, de forma a garantir que não existem fenómenos que originem roturas localizadas no
elemento. Tendo sobrado três provetes dos ensaios de compressão e tracção, aproveitou-se esses
provetes para este ensaio. Apesar de só existirem provetes cortados na direcção 0º, esta era a direcção
na qual era mais interessante realizar o ensaio, visto que é a direcção em que os painéis sanduíche são
mais solicitados. Os provetes foram ensaiados na prensa hidráulica (Figura 3.50).

60
Figura 3.50 - Ensaio de flexão em provete de GFRP

Descrição do ensaio

Neste ensaio os provetes foram centrados sobre dois apoios, afastados de 20 cm. À cota do ponto de
aplicação da carga foi colocado um transdutor que registou o deslocamento (Figura 3.50). A prensa
impõe um deslocamento constante nos dois apoios inferiores, simulando um caso de aplicação de uma
carga pontual a meio vão assim que o provete entra em contacto com o terceiro apoio. Os registos da
força aplicada durante o ensaio foram efectuados por uma célula de carga associada à prensa. A
velocidade de aplicação da carga foi em média 2,4 mm/min, parâmetro que está entre os 0,5 e os
500 mm/min exigidos pela norma.

A amostra de ensaio é constituída por três provetes, cujas dimensões médias (e respectivo desvio
padrão) se encontram na Tabela 3.28.

Tabela 3.28 - Dimensões dos provetes de GFRP ensaiados à flexão simples

Largura [mm] Espessura [mm] Vão [mm]

24,0  0,9 7,7  0,1 200

Com base nas dimensões dos provetes, é possível determinar o módulo de elasticidade em flexão, 𝐸𝑓.
A norma EN ISO 14125 fornece uma fórmula expedita para calcular o seu valor:
𝐿3 ∆𝐹 0,0005𝐿2 0,0025𝐿2
𝐸𝑓 = ( ) , 𝛿′ = , 𝛿′′ = ( 3.15 )
4𝑏ℎ3 (𝛿′′ − 𝛿′ ) 6ℎ 6ℎ
em que, 𝑏, ℎ e 𝐿 são a largura, a espessura e o vão de ensaio, respectivamente. ∆𝐹 corresponde ao
intervalo de força compreendida no intervalo de deslocamentos a ½ vão [𝛿 ′′ ; 𝛿 ′ ], calculados entre as
extensões superiores a 0,5 m/m e inferiores a 2,5 m/m. A expressão que determina as tensões
máximas no provete é a seguinte:

3𝐹𝐿 ( 3.16 )
𝜎𝑓 =
2𝑏ℎ2

Análise de resultados

O modo de rotura foi idêntico para os três provetes, tendo ocorrido nas fibras inferiores, em simultâneo
com as fibras superiores (Figuras 3.51, 3.52 e 3.53).

61
a)

b)
Figura 3.51 - Ensaio de flexão em Figura 3.52 - Ensaio de flexão em Figura 3.53 – Provete ensaiado: a) face
provete de GFRP - fase elástica provete de GFRP - rotura comprimida; b) face traccionada

A Figura 3.54 ilustra a relação força / deslocamento apresentada pelos três provetes. Desta relação é
possível observar uma diferença ligeira na rigidez entre eles.

2,5
2
Carga [kN]

1,5 F-0-PL-1

1 F-0-PL-2

0,5 F-0-PL-3

0
0 4 8 12 16
Deslocamento [mm]

Figura 3.54 - Relação carga / deslocamento em provetes de GFRP cortados na


orientação 0º

Na Tabela 3.29 constam alguns parâmetros relevantes determinados no ensaio. Entre eles, destaca-se
o nível médio da tensão de rotura, que foi aproximadamente 40% superior à máxima tensão de
compressão dos provetes ensaiados na Instron. No entanto, se forem considerados apenas os dois
primeiros provetes, esse valor baixa para 32%. Comparando este valor com o da tensão última,
determinada nos ensaios de tracção, constata-se que são semelhantes (-7%). Este facto aponta para
uma rotura por tracção, apesar de se ter verificado danos maiores nas fibras comprimidas. Destaca-se
ainda o valor do módulo de elasticidade em flexão, que diferiu -15% do módulo de elasticidade em
tracção e +20% do módulo de elasticidade em compressão, determinados nos ensaios de tracção e
compressão das lâminas, respectivamente.

Tabela 3.29 - Parâmetros relevantes retirados do ensaio de flexão na prensa, em provetes de GFRP cortados na direcção 0º

F-0-PL-1 F-0-PL-2 F-0-PL-3 Média Desvio.P CV


Módulo de elasticidade em flexão [GPa] 27,2 24,6 25,1 25,6 1,4 5%
Carga máxima [kN] 1,60 1,83 2,36 1,93 0,39 20%
Tensão máxima [MPa] 355 376 503 411 79 19%

3.11 Ensaio de flexão até à rotura em painéis sanduíche

Uma vez concluídos os ensaios de caracterização dos materiais que os constituem, este ensaio e os
seguintes focaram-se nos painéis em estrutura sanduíche. Os ensaios à rotura em provetes de painéis
sanduíche foram realizados no LERM do IST, de acordo com a norma ASTM D7249/D7249M – 06. Este
ensaio teve como objetivo avaliar a resistência e o modo de rotura em flexão a 4 pontos (Figura 3.55).
Ao todo, foram ensaiados 6 painéis, 3 com núcleos em PET e 3 com núcleos de PUR.
62
Figura 3.55 - Ensaio de flexão à rotura em painéis com núcleo PUR

Descrição do ensaio

Os ensaios foram realizados no pórtico fechado, representado na Figura 3.55. Os provetes foram
colocados em apoios que permitiram simular as condições de viga simplesmente apoiada (um apoio fixo,
outro deslizante). O contacto entre os provetes e os apoios e entre os apoios e o pórtico, foi estabelecido
por intermédio de uma camada de gesso, colocada para garantir um assentamento uniforme destes
elementos. O afastamento entre os apoios foi de 3300 mm. A aplicação da carga foi garantida por um
macaco hidráulico, fixo ao pórtico e a medição da força foi efetuada através de uma célula de carga,
colocada em série com o macaco. O sistema de carregamento possuia ainda uma viga de distribuição
que assentou em dois apoios cilíndricos (a 1/3 e 2/3 do vão), criando um sistema de flexão a 4 pontos.

Os deslocamentos foram monitorizados por intermédio de defletómetros de ponteiro, colocados a 1/3,


1/2, e 2/3 do vão e ainda um deflectómetro de fio, colocado a 1/2 vão. Apesar de não ser visível nas
figuras, na linha de meio vão, o defletómetro de fio foi colocado cerca de 5 cm mais afastado (do plano
do observador) em relação ao deflectómetro de ponteiro. Por uma questão de salvaguarda do
equipamento, os transdutores de ponteiro eram removidos quando a carga atingia um valor de
sensivelmente metade da carga de colapso. Foram também registadas as extensões a 1/2 vão por
intermédio de extensómetros.

Os provetes ensaiados possuiam as seguintes denominações: PUR-2/4 e PET-2/4. As suas dimensões


médias (e respectivo desvio padrão) constam na Tabela 3.30.

Tabela 3.30 - Dimensões dos painéis ensaiados à rotura, com núcleos de PUR e PET

Núcleo Comprimento [mm] Largura [mm] Espessura [mm]

PUR 3553,3  5 250,0  0,4 136,6  1


PET 3560,0 237,6  0,2 121,0  0,0

Para a correta interpretação dos resultados, considera-se de alguma relevância esclarecer que os
provetes PUR tinham sido testados em fluência previamente a este ensaio, num total de 4075 horas,
com níveis de carregamento que variaram entre 15% e 61% da tensão de rotura. Os provetes PET foram
alvo do mesmo ensaio, mas por apenas 1080 horas e para níveis de tensão ligeiramente inferiores. Os

63
provetes (em especial os PUR) apresentavam à data do ensaio flechas residuais, permanentes,
decorrentes dos ensaios anteriores. Apesar de não ser esperado que as deformações permanentes dos
provetes tenham influenciado as suas propriedades mecânicas, considerou-se relevante comparar o seu
comportamento e relacioná-lo com o respectivo carregamento a que foram sujeitos nos ensaios de
fluência.

Análise de resultados

Nos 6 provetes que foram ensaiados, a rotura ocorreu por corte do núcleo, correspondendo ao previsto,
dado que nestas condições de carregamento, com as dimensões dos elementos e os materiais
utilizados, o núcleo é o elo mais fraco deste elemento estrutura.

A análise aos resultados será efetuada individualmente para cada provete, devido à quantidade de
parâmetros a avaliar para cada ensaio.

O provete PUR-2 foi o primeiro a ser ensaiado e o único a apresentar um comportamento anormal. Na
Figura 3.56 é visível a presença de material de ligação entre placas de núcleo (cuja existência era
desconhecida), que descolou quando se deu a rotura do provete. Através dos registos que serão
revelados seguidamente, constatou-se que este material de ligação possuía uma rigidez superior face à
da espuma.

A Figura 3.56 e) comprova que no instante em que o material de ligação rompeu, o núcleo atingiu a
rotura por corte, como é possível observar pela linha de rotura com aproximadamente 45º de inclinação.

a) b)

c) d) e)

Figura 3.56 – Rotura do provete PUR-2: a) vista do provete; b), c), d) pormenores da junta dos núcleos; e) vista contrária, rotura a 45º

Na Figura 3.57 é possível observar que os deslocamentos a meio vão registados pelos dois transdutores
que coexistem nessa marca, divergiram à medida que a carga foi aumentando. Este registo indica que
o provete foi torcendo ao longo do ensaio. O facto de o transdutor de fio (o mais afastado da face com o
material de ligação) ter apresentado deslocamentos superiores, comprova que o material de ligação
possui uma rigidez superior, tendo a deformação por corte nessa face sido menor.

As Figuras 3.58 e 3.59 indicam que houve uma distribuição eficaz dos esforços, nas duas direcções de
encaminhamento de carga e entre as lâminas de compressão e tracção.

64
20 40
30
15

Força [kN]

Força [kN]
Força [kN]

20
10 20

10 5

0 0 0
0 50 100 0 20 40 -3000 0 3000
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm] Extensão [μm/mm]
Fio Pont Esq. Dir. Inf. Sup.

Figura 3.57 - Deslocamentos registados Figura 3.58 - Deslocamentos Figura 3.59 - Extensões registadas
nos transdutores de fio e de ponteiro registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do nas lâminas superior (Sup.) e inferior
(Pont.) a 1/2 vão vão (Inf.), a 1/2 vão

A Figura 3.60 ilustra o modo de rotura do provete PUR-3, que se deu através do núcleo. Na Figura 3.60,
alíneas b) e c), é possível observar uma linha de rotura a 45º que progride para a zona de contacto entre
as faces e o núcleo, isolando os elementos uns dos outros.

a)

c)

b)

Figura 3.60 - Rotura do provete PUR-3: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º

As Figuras 3.61, 3.62 e 3.63 indicam respectivamente: (i) que o provete não torceu; (ii) a distribuição de
carga foi uniforme nas duas direcções; (iii) a distribuição de tensões entre lâminas foi semelhante nas
duas faces.

40 15 40

30
10
Força [kN]
Força [kN]

Força [kN]

20 20
5
10

0 0 0
0 50 100 150 0 25 50 -3000 0 3000
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm] Extensão [μm/mm]
Fio Pont. Dir. Esq. Inf. Sup.

Figura 3.61 - Deslocamentos registados Figura 3.62 - Deslocamentos Figura 3.63 - Extensões registadas nas
nos transdutores de fio e de ponteiro registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a
(Pont.) a 1/2 vão vão 1/2 vão

O modo de rotura do provete PUR-4 foi semelhante ao do provete PUR-3, como é possível constatar
pela Figura 3.64.

65
a)

c)

b)

Figura 3.64 - Rotura do provete PUR-3: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º

As Figuras 3.65, 3.66 e 3.67 confirmam a semelhança de comportamento entre os dois painéis,
podendo-se aplicar ao provete PUR - 4 as elações tiradas para o comportamento do PUR - 3.

30 25 40

20
20
Força [kN]
Força [kN]

Força [kN]
15
20
10 10

5
0 0
0
0 60 120 -3000 0 3000
0 20 40 60
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm] Extensão [μm/mm]
Fio Pont. Esq. Dir. Sup. Inf.

Figura 3.65 - Deslocamentos Figura 3.66 - Deslocamentos Figura 3.67 - Extensões registadas nas
registados nos transdutores de fio e de registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a
ponteiro (Pont.) vão 1/2 vão

O provete PET-2 apresentou um modo de rotura semelhante ao dos provetes PUR, verificando-se pela
Figura 3.68, várias linhas de rotura, com inclinação próxima de 45º, especialmente na zona entre o apoio
e o ponto a 1/3 de vão, onde há esforço transverso.

a)

b) c)

Figura 3.68 - Rotura do provete PET-2: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º

Pelas Figuras 3.69, 3.70 e 3.71, conclui-se que também o comportamento do provete PET-2 neste ensaio
foi semelhante ao dos provetes PUR.

66
50 30 50

40 40
20
Força [kN]

30

Força [kN]
30

Força [kN]
20 20
10
10 10

0 0 0
0 60 120 0 30 60 -5000 0 5000
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm] Extensão [μm/mm]
Fio Pont. Esq. Dir. Sup. Inf.
Figura 3.69 - Deslocamentos registados Figura 3.70 - Deslocamentos registados Figura 3.71 - Extensões registadas nas
nos transdutores de fio e de ponteiro a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do vão lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a
(Pont.) a 1/2 vão 1/2 vão

A rotura do provete PET-3 apresentou contornos ligeiramente diferentes. A Figura 3.72 ilustra um modo
de rotura por corte, numa zona próxima do apoio, que progrediu para a interface com as lâminas. Admite-
se que as linhas de rotura que se verificaram na espuma, a meio vão, apenas tenham ocorrido por
alastramento de tensões originadas pela rotura na secção mais próxima do apoio.

a) c)

b) d)

Figura 3.72 - Rotura do provete PET-3: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º; d) vista do provete

Como é possível observar pelas Figuras 3.73, 3.74 e 3.75, o provete PET-3 apresentou sinais de uma
rotura em fase prematura, por duas razões: (i) a relação força/deslocamento a 1/2 vão não apresentou
uma fase de decaimento ligeira antes de atingir a rotura, ao contrário do comportamento exibido pelos
outros dois provetes; (ii) a carga de rotura foi substancialmente inferior neste ensaio, em comparação
com os outros dois.

30 30 30
25
20 20 20
Força [kN]
Força [kN]
Força [kN]

15
10 10 10
5
0 0 0
0 35 70 0 25 50 -2500 -500 1500
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm] Extensão [μm/mm]
Fio. Pont. Dir. Esq. Inf. Sup.
Figura 3.73 - Deslocamentos registados Figura 3.74 - Deslocamentos Figura 3.75 - Extensões registadas nas
nos transdutores de fio e de ponteiro registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a
(Pont.) a 1/2 vão vão 1/2 vão

Por fim, o provete PET- 4, para além de ter exibido um comportamento esperado, apresentou um modo
de rotura que iniciou pelo lado oposto, ao lado onde os 5 provetes anteriores iniciaram a rotura
(Figura 3.76).
67
a)

b) c)

Figura 3.76 - Rotura do provete PET-4: a) vista do provete; b), c) pormenores rotura a 45º

As Figuras 3.77 e 3.78 confirmam a tendência de comportamento apresentada pelos painéis anteriores.
No entanto, na Figura 3.79 é possível observar-se uma diferença significativa na variação das extensões
das duas lâminas, indicando que a lâmina inferior foi sendo progressivamente mais solicitada ao longo
do ensaio, por evidenciar uma variação superior de extensões.

50 30 50

40 25 40
Força [kN]

20
Força [kN]

30 30

Força [kN]
15
20 20
10
10 5 10

0 0 0
0 60 120 0 40 80 -4000 0 4000
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm] Extensão [μm/mm]
Fio Pont. Esq. Dir. Sup. Inf.

Figura 3.77 - Deslocamentos Figura 3.78 - Deslocamentos Figura 3.79 - Extensões registadas nas
registados nos transdutores de fio e registados a 1/3 (Esq.) e 2/3 (Dir.) do lâminas superior (Sup.) e inferior (Inf.), a
de ponteiro (Pont.) a 1/2 vão vão 1/2 vão

Com base nos registos força/flecha e força/extensões, foram estimadas/confirmadas na Tabela 3.31: (i)
as tensões normais máximas instaladas nas lâminas; (ii) as tensões de corte máximas nos núcleos e
(iii) as flechas dos painéis na rotura. Para tal, foram consideradas as hipóteses simplificativas
apresentadas em 2.5. Foi ainda calculada a diferença relativa entre as tensões nas lâminas, derivadas
das extensões registadas na rotura e as tensões calculadas a partir do carregamento. Admitiu-se um
módulo elástico do material GFRP em tracção igual em compressão, com o valor 29,38 GPa (valor
justificado em 3.9.2), como hipótese simplificativa (apesar de a diferença entre os valores que se
registaram neste parâmetro, à tracção e à compressão ter sido de 31%).

68
Tabela 3.31 - Parâmetros relevantes calculados a partir do ensaio de flexão à rotura de provetes sanduíche com núcleos de PET
e PUR

Tendo em conta
Desvio Desvio
apenas o PUR-2 PUR-3 PUR-4 Média PET-2 PET-3 PET-4 Média
Padrão Padrão
carregamento
F,máx [kN] 33,5 31,0 30,9 31,8 1,5 45,0 28,6 42,5 38,7 8,8
V,máx [kN] 16,8 15,5 15,5 15,9 0,7 22,5 14,3 21,2 19,3 4,4
τc’,máx [MPa] 0,52 0,48 0,48 0,49 0,00 0,80 0,51 0,80 0,70 0,2
M,máx [kNm] 18,4 17,0 17,0 17,5 0,8 24,7 15,8 23,3 21,3 4,8
f’,máx [MPa] 76,2 69,9 69,7 71,9 3,7 102,8 65,5 97,8 88,7 20,3
Tendo em conta
apenas as Desvio Desvio
PUR-2 PUR-3 PUR-4 Média PET-2 PET-3 PET-4 Média
extensões Padrão Padrão
registadas
+,máx [μm/m] 2968 2233 2449 2549 377,9 3861 1980 3076 2973 945
-,máx [μm/m] 2787 2402 2458 2548 208,0 4137 2128 2178 2814 1145
f+,máx [MPa] 86,1 64,7 71,0 73,9 11,0 114,1 58,5 90,9 87,8 27,9
f-,máx [MPa] 80,8 69,7 71,3 73,9 6,0 122,3 62,9 64,4 83,2 33,8
diferença (f+,máx) [%] -15% 6% -2% -4% 10% -11% 11% 7% 2% 12%
-
diferença (f ,máx) [%] -8% -2% 4% -2% 3% -19% 4% 34% 6% 27%

em que:

 F – força registada na célula de carga;


 V – esforço transverso decorrente da força aplicada;
 τc’– tensão tangencial no núcleo (core) calculada, introduzindo as hipóteses simplificativas
enunciadas em (2.5.2);

 M – momento flector decorrente da força aplicada;

 f’ – tensão de compressão ou tracção, estimada para as lâminas através do carregamento,


introduzindo as hipóteses simplificativas enunciadas em ( 2.5.3);
 +/- – extensões de tracção e compressão, registadas pelos extensómetros, nas lâminas ;
 f +/- –tensões nas lâminas calculadas a partir dos valores das extensões;

 –flecha elástica a 1/2 vão, registada pelo transdutor de fio;


 ’ – flecha elástica a 1/2 vão estimada, com recurso às hipóteses simplificativas enunciadas
em 2.5.4);

Com base nos dados da Tabela 3.31, é possível observar que os provetes PUR apresentaram tensões
nas lâminas relativamente próximas das tensões deduzidas através do carregamento, com uma
diferença relativa média e desvio padrão de 1% e 11%, respectivamente. Os provetes PET também
apresentaram diferenças relativas reduzidas (2 e 6%), no entanto, o seu desvio padrão foi bastante
elevado (12 e 27%), tendo sido influenciado sobretudo pelo ensaio PET- 4, no qual houve o maior

69
desequilíbrio entre extensões positivas e negativas. As tensões máximas no núcleo, nos ensaios aos
painéis com núcleo PUR, foram superiores ao valor de tensão tangencial máximo, calculado nos ensaios
de corte diagonal nas espumas (0,32 MPa), tendo sido o seu valor médio 56% mais elevado.

Os deslocamentos a 1/2 vão, calculados na fase elástica, conduziram a uma diferença inferior, no
conjunto dos provetes PUR, por comparação com os valores determinados pelo transdutor de fio. No
entanto é necessário ter em conta a existência de material defeituoso no provete PUR-2, que influenciou
os resultados. A diferença média, relativa aos painéis PET, foi bastante elevada (22%), tendo
apresentado um desvio padrão reduzido (2%).

Por fim, constata-se que dos provetes PUR-2 ao 4 houve uma ligeira degradação da sua resistência à
flexão, mas não o suficiente para que possa ser relacionada com os efeitos das deformações residuais
de cada provete.

3.12 Ensaios de fluência em corte de espumas

Uma vez efectuada a caracterização a curto prazo dos materiais que constituem os painéis sanduíche,
enquanto materiais elásticos, os ensaios de fluência serviram o propósito de caracterizar o
comportamento a longo prazo dos painéis, neste caso, com núcleos em PUR e PET, que já foram
abordados nos capítulos anteriores. Num plano ainda mais específico, foi também estudada a influência
da temperatura no comportamento viscoelástico dos painéis com núcleo de PUR. Foi neste sentido que
se enquadraram os ensaios de fluência em corte das espumas, que, em conjunto com os ensaios de
fluência à escala do painel sanduíche, permitiram satisfazer os objectivos mencionados.

Os ensaios de fluência em corte de espumas foram realizados numa sala climatizada nas instalações do
LNEC. Ao todo, foram conduzidos cerca de 290 dias em fluência, em espumas de PUR, e 45 dias em
fluência, em espumas PET. Do total do tempo em fluência a que foram sujeitas as espumas PUR,
contabilizaram-se 4 ensaios, com uma duração média de 1738 horas, nos quais apenas variaram as
condições de temperatura, tendo-se mantido sempre as mesmas condições de carregamento. Uma vez
que o nível de humidade também condiciona o comportamento a longo prazo destes materiais, assumiu-
se o seu controlo com alguma relevância. Apesar de não se ter disposto de nenhum equipamento de
regulação do nível da humidade, a sua variação foi limitada pelo aparelho de ar condicionado, tendo-se
procedido a um registo de forma regular do seu nível, ao longo dos ensaios.

Descrição dos ensaios

A estrutura do ensaio apresentou a seguinte configuração: 3 provetes com forma paralelepipédica foram
colados a duas chapas de aço; na primeira foi aplicada a carga, a segunda foi fixa a uma travessa (em
forma de cantoneira) de um pórtico (Figura 3.80). O ponto de aplicação da carga (coincidente com o
centro de gravidade da espuma) foi escolhido de forma a minimizar as tensões normais por flexão,
geradas pelas seguintes excentricidades: (i) comprimento do gancho em relação à chapa anterior “e2”
(Figura 3.80) e (ii) espessura da espuma em relação à chapa posterior “e1” (Figuras 3.80 e 3.81), criando
uma situação de corte puro. Os provetes PUR-SC-1 (SC - Shear Creep) foram colocados no centro da
70
travessa, por serem os menos carregados, enquanto os provetes PUR-SC-2 e 3, progressivamente mais
carregados, eram colocados nas extremidades. No final de cada ensaio, as chapas eram transportadas
para o IST, onde era feita a sua limpeza e a nova colagem dos provetes.

O carregamento foi efectuado com bidons, envoltos em cabos de aço e abastecidos de água e/ou água
com areia. Foram ainda utilizados blocos de betão e outros objectos para calibrar o peso pretendido
(Figura 3.82).

Figura 3.80 – Perspectiva da Figura 3.81 - Detalhe do cabo de aço, seguro no Figura 3.82 – Vista geral do
estrutura de ensaio aos gancho da chapa anterior (adaptado de [44]) ensaio
provetes (adaptado de [44])

Devido à inexistência de normas sobre este tipo de ensaio, a metodologia utilizada seguiu trabalhos
anteriores, como o de Garrido et al. (2013) [44].

Na Tabela 3.32 apresentam-se os parâmetros médios (e desvio padrão) das dimensões e carregamento
aplicados, nos 4 ensaios com espumas PUR. Considerou-se o valor da carga de rotura médio obtido nos
ensaios ao corte (capítulo 3.4.2) de 0,34 MPa.

Tabela 3.32 – Dimensões e valores de carregamento dos provetes de PUR ensaiados ao corte

Largura Altura Espessura Área Carga  % da carga


ID
[mm] [mm] [mm] [mm2] [Kg] [MPa] de rotura

PUR-1 248  5 251  1 122  3 62216  4 229  4 0,036  0,001 11%


PUR-2 247  7 250  1 121  3 61874  7 456  7 0,072  0,001 23%
PUR-3 249  4 251  1 122  1 62593  3 912  14 0,143  0,001 45%

Na Tabela 3.33 apresentam-se as dimensões e os valores do carregamento aplicado, no ensaio com


espuma PET. Considerou-se o valor da carga de rotura médio obtido nos ensaios ao corte (capítulo
3.4.2) de 0,95 MPa.

Tabela 3.33 - Dimensões e valores de carregamento dos provetes de PET ensaiados ao corte

Largura Altura Espessura Área Carga  % da carga


ID
2
[mm] [mm] [mm] [mm ] [Kg] [MPa] de rotura

PET-1 250 250 121 62500 230 0,036 4%


PET-2 248 250 120 62000 459 0,073 8%
PET-3 251 250 120 62750 918 0,143 15%

71
Os provetes de espuma de PUR foram colados com o adesivo de poliuretano Sikaforce 7710 L100 (com
resistência à tracção recomendada de 13 MPa), enquanto nos provetes PET foi utilizada resina epóxida
Sikadur 330 (com resistência à tracção recomendada de 30 MPa).

Os ensaios podem ser divididos em duas fases, nas quais foram utilizados dois tipos de equipamentos
de medição diferentes. Na fase do carregamento e nos 10 minutos subsequentes, foram utilizados
transdutores eléctricos, tendo sido utilizada uma frequência de medição de 10 Hz e nas
(aproximadamente) 72 horas seguintes, a frequência de medição foi reduzida para 0,02 Hz. Na fase
seguinte, foram utilizados comparadores manuais, com frequências de leitura médias de uma por dia.
Ambos os instrumentos de medição eram fixos ao pórtico e apontados à chapa anterior, na qual era
pendurada a carga, segundo a direcção vertical. A definição da duração de cada ensaio dependeu de
diversos factores externos, como a disponibilidade dos equipamentos, ou a coordenação com outros
ensaios que ocorreram em paralelo. Por estas razões, o planeamento das actividades foi sendo
frequentemente modificado, para ajustar os vários compromissos que foram surgindo no decorrer da
campanha experimental.

O objectivo inicialmente estabelecido era a realização de dois ensaios às espumas PUR, às


temperaturas 20 ºC e 30 ºC e um ensaio para as espumas PET à temperatura 20 ºC. Devido a limitações
no sistema de climatização e à necessidade de confirmar alguns resultados, acabou por se definir três
ensaios às espumas PUR com temperaturas nominais de 20 ºC, 24 ºC e 28 ºC, tendo-se mantido o
ensaio a 20 ºC nas espumas PET. No entanto, à data da conclusão do ensaio na espuma PUR a 24 ºC,
constatou-se que as deformações registadas tinham sido superiores às deformações registadas no
ensaio a 28 ºC, agravando o facto de o último ensaio ter tido menos 837 horas do que o anterior. Os
registos de humidade relativa não evidenciaram uma influência sobre este facto. No entanto, devido a
falhas de energia na sala de climatização, durante o ensaio a 28 ºC, não foi possível manter a
uniformidade dos registos de temperatura, tendo-se apontado esta, como a principal causa para o facto
de os registos das deformações terem sido menores. Devido a esta razão, optou-se por se repetir o
ensaio a 28 ºC.

Análise de resultados

As Figuras 3.83 a 3.87 ilustram a variação dos registos da temperatura e humidade relativa ao longo dos
5 ensaios. Para futuras referências, os dois ensaios realizados às temperaturas nominais de 28 ºC
designam-se PUR-SC-28(1)ºC e PUR-SC-28(2)ºC, tendo sido respeitada a sequência temporal para a sua
designação.

A Tabela 3.34 contem os registos médios das condições climatéricas (e respectivo desvio padrão).

72
80 64
70 56
60
48
50
40
40
30 32
20 24
10 16
0 500 1000 1500 2000 2500 0 500 1000 1500
Tempo [horas] Tempo [horas]
HR % Temperatura ºC Temperatura ºC HR %

Figura 3.83 - Evolução da temperatura e humidade relativa Figura 3.84 - Evolução da temperatura e humidade relativa
durante o ensaio PUR-SC-20 ºC durante o ensaio PUR-SC-24 ºC

63 63
56 56
49 49
42
42
35
35
28
21 28
14 21
0 500 1000 1500 2000 2500 0 500 1000 1500
Tempo [horas] Tempo [horas]
HR % Temperatura ºC Temperatura ºC HR %

Figura 3.85 - Evolução da temperatura e humidade relativa Figura 3.86- Evolução da temperatura e humidade relativa
durante o ensaio PUR-SC-28(1)ºC durante o ensaio PUR-SC-28(2)ºC

80
Tabela 3.34 - Registos de temperatura e humidade relativa (valores médios
70 e desvio padrão)
60
50 Ordem de Temperatura Temperatura HR Média
ID
40 ensaio nominal [ºC] média [ºC] [%]
30 1 20 19,9  0,4 63  5,4
20 2 28 27,6  0,8 37  6,5
PUR
10 4 24 24,0  0,7 50  6,3
0 500 1000 1500 2000 5 28 28,0  0,2 28  5,5
Tempo [horas]
PET 3 20 20,0  0,7 57  7,0
HR % Temperatura ºC

Figura 3.87- Evolução da temperatura e humidade


relativa durante o ensaio PET-SC-20 ºC

Os resultados dos ensaios serão, a partir deste ponto, avaliados segundo as distorções correspondentes
aos deslocamentos registados entre as faces verticais dos provetes, divididos pelo seu afastamento na
horizontal.

As Figuras 3.88 a 3.91 ilustram a evolução das distorções por fluência nos provetes PUR, para cada
nível de temperatura, em função do tempo e das tensões 11%, 23% e 45% da tensão de rotura. Os
deslocamentos elásticos não foram considerados nesta análise. Por observação das figuras, é possível
constatar a tendência para este material apresentar um comportamento de uma função de potência, do
tipo 𝑚𝑡 𝑛 e que este é influenciado pelo nível de tensão, tendo-se registado três patamares de
deformação nítidos, correspondentes a cada nível de carregamento. O ensaio PUR-SC-28(2)ºC, a 45%

73
da tensão de rotura, terminou precocemente, devido ao facto de o provete ter sofrido a rotura próximo
das 400 horas. Era estimado que a probabilidade de ocorrência da rotura neste provete fosse elevada,
uma vez que o último registo da sua distorção foi de 52,9 x 10 3 mm/mm, quando os ensaios de
caracterização do material forneceram um valor médio para a distorção elástica na rotura de 43,7 x 10 3
mm/mm.

A Figura 3.92 ilustra a mesma relação registada no ensaio a 20 ºC em provetes PET, para níveis de
tensão de 4%, 8% e 15% da tensão de rotura. Neste ensaio denotaram-se diferenças significativas por
comparação com os provetes PUR, pois os provetes PET apresentaram um comportamento cuja
tradução para uma fórmula matemática se torna mais elaborada. A Figura 3.92 mostra, ainda,
deformações de longo prazo superiores no provete ensaiado a 4% do nível de rotura, por comparação
com o provete ensaiado a 8% do nível de rotura. Considera-se que esta ocorrência é pouco relevante,
devido à proximidade entre ambos os níveis de tensão.

No cômputo geral, registaram-se diferenças relevantes entre as deformações destes dois materiais,
sendo que as deformações a longo prazo da espuma PUR foram cerca de 40 vezes superiores, às
deformações registadas nas espumas PET.

40 40 40
35 35 35
Distorção [10-3 m/m]

Distorção [10-3 m/m]

30 30 Distorção [10-3 m/m] 30


25 25 25
20 20 20
15 15 15
10 10 10
5 5 5
0 0 0
0 1000 2000 0 1000 2000 0 1000 2000
Tempo [horas] Tempo [horas] Tempo [horas]
11% 23% 45% 11% 23% 45% 11% 23% 45%

Figura 3.88 - Evolução da distorção em Figura 3.89 - Evolução da distorção em Figura 3.90 - Evolução da distorção em
função do tempo para os 3 provetes PUR função do tempo para os 3 provetes função do tempo para os 3 provetes PUR
ensaiados a 20 ºC PUR ensaiados a 24 ºC ensaiados a 28(1)ºC

40 1
35
30 0,8
Distorção [10-3 m/m]

Distorção [10-3 m/m]

25
0,6
20
15 0,4
10
5 0,2

0 0
0 1000 2000 0 400 800 1200
Tempo [horas] Tempo [horas]
11% 23% 45% 4% 8% 15%

Figura 3.91 - Evolução da distorção em função do tempo Figura 3.92 - Evolução da distorção em função do tempo para
para os 3 provetes PUR ensaiados a 28(2)ºC os 3 provetes PET ensaiados a 20 ºC

74
As Figuras 3.93, 3.94 e 3.95 permitem identificar as diferenças registadas entre ensaios com o mesmo
nível de tensão, mas a temperaturas diferentes. Nas Figuras 3.93 e 3.95 é perceptível um escalonamento
geral nas deformações entre as temperaturas 20 ºC, 24 ºC e 28(2)ºC. No entanto, este escalonamento
não é comprovado na Figura 3.94, para temperaturas entre 24 ºC e 28 ºC, não se podendo apontar uma
causa clara para este facto, com base nos registos efectuados.

14 40
8
12 35
7

Distorção [10-3 m/m]


Distorção [10-3 m/m]
30
10
Distorção [10-3 m/m]

6
25
8
5
20
4 6
15
3 4
10
2 2 5
1 0 0
0 1000 2000 0 1000 2000 0 1000 2000
Tempo [horas] Tempo [horas] Tempo [horas]
20ºC 24ºC 28ºC 28ºC-2 20ºC 24ºC 28ºC 28ºC-2 20ºC 24ºC 28ºC 28ºC-2

Figura 3.93 – Compilação dos Figura 3.94 - Compilação dos Figura 3.95 - Compilação dos resultados
resultados para várias temperaturas nos resultados para várias temperaturas nos para várias temperaturas nos provetes
provetes PUR ensaiados a 11% da provetes PUR ensaiados a 23% da PUR ensaiados a 45% da tensão última
tensão última tensão última

Para finalizar a análise e discussão de resultados, foi feita uma avaliação da influência da temperatura,
tanto nas deformações elásticas como nas deformações viscoelásticas. Essa avaliação foi feita através
do modo de distorção elástico Ge e viscoelástico Gv, pois são parâmetros que apenas dependem das
propriedades do material. Os módulos Ge e Gv foram calculados dividindo a tensão de cada provete
pelas distorções elásticas e viscoelásticas correspondentes, respectivamente.

Tabela 3.35 – Variação do módulo de distorção elástico Ge do PUR nos ensaios às 5 temperaturas

Ge
Nível de
20 ºC 24 ºC 28(1)ºC 28(2)ºC 20 -> 24 24 -> 28(1) 24 -> 28(2)
tensão
 = 11% 7,84 7,50 8,41 7,95 -4% 12% 6%
 = 23% 8,39 8,28 7,56 7,52 -1% -9% -9%
 = 45% 8,28 8,27 7,29 7,91 0% -12% -4%

As variações de Ge registadas na Tabela 3.35 não permitem comprovar a influência clara da temperatura
nesta propriedade, uma vez que apenas no provete carregado a 23% da tensão de rotura apresenta uma
degradação sistemática de Ge, com o aumento da temperatura.

Tabela 3.36 - Variação do módulo de distorção viscoelástico Gv do PUR nos ensaios às 5 temperaturas

75
Gv (às 1128 horas)
Nível de
20 ºC 24 ºC 28(1)ºC 28(2)ºC 20 -> 24 24 -> 28(1) 24 -> 28(2)
tensão
 = 11% 3,85 3,47 3,80 2,98 -10% 10% -14%
 = 23% 4,27 3,34 3,53 3,27 -22% 6% -2%
 = 45% 3,56 2,67 2,70 - -25% 1% -

Descartando a contribuição do ensaio PUR-SC-28(1)ºC, os valores da Tabela 3.36 permitem identificar a


influência da temperatura na degradação do módulo de distorção viscoelástico Gv, apesar de o último
ensaio com tensão a 45% da tensão de rotura não ter fornecido um valor para esta comparação.

Em relação aos resultados do ensaio efectuado às espumas PET, verificou-se uma incongruência na
relação entre os parâmetros elásticos obtidos. Se se analisar os módulos de distorção Ge, determinados
a partir das deformações elásticas apresentadas pelos provetes e que constam da Tabela 3.37,
constata-se uma elevada variabilidade entre os valores obtidos, uma característica que não foi
observada nos provetes ensaiados em corte diagonal (secção 3.4). Tal facto pode ser explicado pela
dificuldade que se gerou neste ensaio, em distinguir-se a fase elástica do carregamento da fase de
fluência.

Tabela 3.37 – Parâmetros elásticos determinados no ensaio de fluência das espumas PET

Nível de tensão Tensão tangencial aplicada [MPa] e [103m/m] Ge [MPa]

4% 0,036 2,33 15,45


8% 0,072 3,24 22,35
15% 0,143 8,22 17,44

Ge médio do ensaio ao corte diagonal: 19,61

As Figuras 3.96 e 3.97 ilustram as diferenças de comportamento apresentadas entre os dois materiais,
nos 30 segundos subsequentes ao carregamento. Os provetes de PET apresentaram um
comportamento mais próximo de um oscilador livre, aquando do impacto da carga, impossibilitando uma
determinação precisa dos seus parâmetros elásticos.

0,2 0,1
Distorção [10-3 m/m]

Distorção [10-3 m/m]

0,1 0,05

0 0
0 10 20 30 0 10 20 30
Tempo [segundos] Tempo [segundos]
PUR-SC-1 PUR-SC-2 PUR-SC-3 PET-SC-1 PET-SC-2 PET-SC-3
Figura 3.96 - Evolução das distorções viscoelásticas nas Figura 3.97 - Evolução das distorções viscoelásticas nas
espumas PUR, nos primeiros 30 segundos de ensaio, espumas PET, nos primeiros 30 segundos de ensaio,
descontando o instante do carregamento descontando o instante do carregamento

Com base nos resultados obtidos a partir deste ensaio, foram criadas expressões analíticas no capítulo
4, que se adequaram ao comportamento evidenciado pelas espumas, incluindo, no caso da espuma
PUR, os efeitos da temperatura. As expressões determinadas foram incorporadas num modelo de

76
fluência composto, que foi utilizado para estimar o comportamento em flexão dos provetes sanduíche,
que foram testados no ensaio que se apresenta de seguida.

3.13 Ensaios de fluência em flexão de painéis sanduíche

Em conjunto com os ensaios de fluência em corte das espumas, estes ensaios permitiram estudar o
comportamento a longo prazo dos painéis sanduíche, com as configurações já mencionadas, na direcção
para a qual as faces apresentam melhores propriedades, a direcção 0º. Foi ainda avaliada a influência
da temperatura sobre este fenómeno.

Novamente, devido à inexistência, à data, de normas publicadas, a metodologia utilizada seguiu


trabalhos anteriores, como o de Garrido et al. (2013) [44].

Descrição dos ensaios

Os ensaios foram conduzidos nas instalações do LNEC, no interior de uma sala climatizada. Por
questões logísticas, estes ensaios iniciavam-se após os ensaios em corte terem também iniciado e
terminavam, novamente, antes do término dos ensaios em corte, correspondendo assi, a períodos de
fluência menores. A sala climatizada apenas permitia a realização de ensaios em três provetes em
simultâneo, por razões de limitação espacial. Desta forma, o número de ensaios de fluência nos provetes
e as temperaturas nominais correspondentes foram os mesmos dos provetes ensaiados ao corte.

A estrutura dos dois primeiros ensaios correspondeu à forma seguinte (Figura 3.98): quatro provetes em
forma de viga (comprimento de aproximadamente 3,5 m) foram distribuídos no espaço da sala e assentes
em apoios simples, afastados de 3,30 metros, simulando a forma de viga simplesmente apoiada. Na
zona de ½ vão foram colocados: (i) na face inferior, um transdutor, um extensómetro, um comparador
manual que registou extensões na lâmina inferior e ainda um outro comparador que substituiu o
transdutor, na medição da flecha do provete, a partir das 72 horas de ensaio; (ii) na face superior, um
extensómetro e um comparador, que registaram as extensões na lâmina superior. Entre os elementos
que transmitiram a carga dos provetes para a base do laboratório, foram colocadas camadas de gesso
para garantir uma distribuição uniforme de tensões. Nos primeiros dois ensaios, o quarto provete
(PUR-1) apenas serviu para efectuar correcções ao longo do tempo, às medições dos extensómetros,
por estes serem muito sensíveis a alterações climatéricas. Por isso, neste provete apenas foram
colocados extensómetros, tendo sido carregado apenas no último ensaio, à temperatura 28 (2)ºC. Do
terceiro ao quinto ensaio, as extensões deixaram de ser monitorizadas, tendo-se descartado a
contribuição de um quarto provete, para este aspecto. Ainda em relação à medição das extensões, como
referido, estas foram efectuadas em duplicado, através de extensómetros e comparadores manuais.

a) b) c) d) e)

77
Figura 3.98 - Posicionamento a) dos provetes PUR-1 e 2; b) dos provetes PUR-3 e 4; c) dos apoios; d) do transdutor, comparador
e extensómetro inferiores; e) do comparador e extensómetro superiores

Tendo sido considerado que a fluência é um fenómeno que não afecta significativamente as
propriedades mecânicas dos materiais envolvidos (para os níveis de tensão praticados), no conjunto de
ensaios que envolveram os provetes com núcleos PUR, foram utilizados apenas 6 provetes, tendo três
deles sido utilizados nos ensaios às temperaturas 20 ºC, 24 ºC e 28(1)ºC.

O carregamento foi efectuado por intermédio de lajetas de betão (Figura 3.99), dispostas de forma a
simular um carregamento o mais distribuído possível, em 6 colunas. A aplicação das lajetas foi feita, por
ordem, das extremidades para o interior, o mais rapidamente possível, para que na fase do carregamento
não ocorressem, em simultâneo, deformações elásticas e deformações por fluência significativas. Nas
operações de descarga foi adoptado o mesmo procedimento, mas de forma inversa.

a) b) c) d)

Figura 3.99 – a) Palete de lajetas; b) aplicação das lajetas; c) provete PUR-4, o mais carregado; d) disposição na sala dos
provetes carregados

Um outro objectivo estabelecido foi estudar a recuperação das deformações nos provetes, depois de
submetidos a carregamentos a longo prazo. Neste sentido, foram registadas ainda 1780 horas em
recuperação nos provetes PUR. A medição da recuperação foi efectuada nos ensaios a 20 ºC e 28(1)ºC.

Na Tabela 3.38 constam algumas propriedades médias (e respectivo desvio padrão) registadas no
conjunto dos provetes. Entre elas, destaca-se o seu reduzido peso próprio, cerca de 3 kN/m 2 a menos
do que um provete equivalente em betão armado, com a mesma espessura.

Tabela 3.38 – Propriedades registadas nos provetes sanduíche para ambos os tipos de espuma (valores médios e desvio
padrão)

Largura Espessura da espuma Espessura das faces


ID Peso próprio [kg/m2]
[mm] [mm] [mm]
PUR 250  1 120  1 8 39,7  0,4
PET 238 118 8 42,1  0,2

A Tabela 3.39 contém parâmetros relacionados com os ensaios, como as temperaturas ambiente
nominais dos ensaios a que cada provete foi submetido, o número de fiadas de lajetas suportadas, a
tensão normal estimada para as suas lâminas, a tensão tangencial estimada para os núcleos e a
percentagem da carga de colapso, que acaba por se traduzir na percentagem da carga de rotura nos
núcleos.

78
Tabela 3.39 – Alguns parâmetros relevantes, relativos ao ensaio de fluência em flexão de provetes sanduíche

Temperatura Nº de Carga aplicada  núcleo % Carga de


ID  faces [MPa]
[ºC] fiadas [kN/m] [MPa] rotura

PUR - 1 28(2) 2 0,953 5,4 0,049 15%


PUR - 2 20, 24, 28(1) 2 0,953 5,4 0,049 15%
PUR - 3 20, 24, 28(1) 4 1,906 10,7 0,097 30%
PUR - 4 20, 24, 28(1) 8 3,813 21,3 0,195 61%
PUR - 5 28(2) 4 1,906 10,7 0,097 30%
PUR - 6 28(2) 8 3,813 21,3 0,195 61%
PET - 1 20 2 0,953 5,4 0,049 5%
PET - 2 20 4 1,906 10,7 0,0105 11%
PET - 3 20 8 3,813 21,3 0,210 22%

Análise de resultados

As Figuras 3.100 e 3.101 correspondem aos ensaios realizados em espumas PUR, às temperaturas
20 ºC e 28(1)ºC, nos quais foi monitorizada também a descarga e a fase de recuperação, além das fases
de carregamento e fluência. Nas Figuras 3.100 a 3.103 é possível identificar uma lei de potência do tipo
𝑚𝑡 𝑛 que traduz o comportamento viscoelástico do conjunto dos ensaios às três temperaturas.

50 50

40 40
Deslocamento 1/2 vão [mm]

Deslocamento 1/2 vão [mm]

30 30

20 20

10 10

0 0
0 800 1600 0 400 800 1200
Tempo [horas] Tempo [horas]
15% 30% 61% 15% 30% 61%
Figura 3.100 - Deslocamentos registados no ensaio em provetes com Figura 3.101 - Deslocamentos registados no
núcleo PUR, a 20 ºC, e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura ensaio em provetes com núcleo PUR, a 24 ºC,
e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura

Comparando as Figuras 3.99 e 3.100, perto das 800 horas, é perceptível que os provetes com núcleos
de PUR, ensaiados a 20 ºC e 24 ºC, sofreram deformações semelhantes, independentemente de a
temperatura média ter variado 4 ºC.

As Figuras 3.102 e 3.103 representam os dois ensaios realizados à temperatura nominal de 28 ºC. Num
horizonte próximo das 1000 horas é perceptível uma ligeira diferença entre ambos, nas flechas
registadas a meio vão. Apesar de se ter registado uma diferença de 0,4 ºC entre as temperaturas médias
dos ensaios e do facto de o ensaio PUR-28(2)ºC ter sido realizado com provetes novos, enquanto que no
ensaio PUR-28(1)ºC os provetes já tinham sido submetidos ao ensaio a 20 ºC, as diferenças relativas
entre as flechas registadas não excederam os 7%.

Analisando as fases de recuperação, constata-se que o seu andamento é semelhante ao andamento na


fase de fluência, mas de forma inversa, podendo igualmente, ser adaptado a uma função do tipo 𝑚𝑡 𝑛 .
79
Depois de decorrido um período semelhante ao da fluência, mantiveram-se deformações residuais, que
corresponderam a cerca de 15% das deformações no momento anterior à descarga.

50 50

Deslocamento a 1/2 vão [mm]


Deslocamento 1/2 vão [mm]

40 40

30 30

20 20

10 10

0 0
0 500 1000 1500 2000 0 400 800 1200
Tempo [horas] Tempo [horas]
15% 30% 61% 15%C 30% 61%
Figura 3.102 - Deslocamentos registados no ensaio em provetes com núcleo Figura 3.103 - Deslocamentos registados no
PUR, a 28(1)ºC, e tensões a 15%, 30% e 61% da carga de rotura ensaio em provetes com núcleo PUR, a
28(2)ºC, e tensões a 15%, 30% e 61% da
carga de rotura

A Figura 3.104 apresenta o comportamento dos provetes com espuma PET ensaiados a 20 ºC, estando
este em conformidade com os ensaios de fluência por corte. Comparando este ensaio com o realizado
aos provetes com núcleo PUR, a flecha elástica e a flecha por fluência, foram em média, 23% e 77%
inferiores, respectivamente. Também a evolução das deformações foi semelhante à registada nos
ensaios ao corte. A Figura 3.105 ilustra em pormenor a evolução das deformações a longo prazo deste
ensaio, onde são visíveis as irregularidades apresentadas no comportamento desta estrutura.

25 2,5
Variação do deslocamento a
Deslocamento a 1/2 vão [mm]

20 2
1/2 vão [mm]

15 1,5

10 1

5 0,5
0 0
0 500 1000 0 500 1000
Tempo [horas] Tempo [horas]
5% 11% 22% 5% 11% 22%
Figura 3.104 - Deslocamentos registados no ensaio em Figura 3.105 – Variação dos deslocamentos registados na
provetes com núcleo PET, a 20 ºC, e tensões a 5%, 11% e fase de fluência, em provetes com núcleo PET, a 20 ºC, e
22% da carga de rotura tensões a 5%, 11% e 22% da carga de rotura

Em relação às medições das extensões pelos extensómetros e pelos comparadores manuais, não foi
possível obter registos coerentes para ambos os métodos, como se pode observar pelas Figuras 3.106
à 3.109, expressas em μ (106mm/mm). Os resultados das medições nos comparadores manuais no
ensaio à temperatura 28(1)ºC foram cerca de 25 vezes inferiores ao esperado.

80
150 100

100 50

0
50 0 500 1000
μ

-50

μ
0
0 500 1000 -100
-50
-150

-100 -200
Tempo [horas] Tempo [horas]

15% 30% 61% 15% 30% 61%

Figura 3.106 – Extensões registadas pelos extensómetros, em Figura 3.107 - Extensões registadas comparadores manuais,
provetes com núcleo PUR, a 20 ºC, e tensões a 15%, 30% e em provetes com núcleo PUR, a 20 ºC, e tensões a 15%, 30%
61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção) e e 61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção) e
superior (à compressão) superior (à compressão)

200 8

150 6
Extensão [μ]
Extensão [μ]

100 4

50 2

0 0
0 200 400 600 800 0 500 1000
-50 -2

-100 -4
Tempo [horas] Tempo [horas]

15% 30% 61% 15% 30% 61%

Figura 3.108 - Extensões registadas pelos extensómetros, em Figura 3.109 - Extensões registadas comparadores manuais,
provetes com núcleo PUR, a 28(1)ºC, e tensões a 15%, 30% e em provetes com núcleo PUR, a 28(1) ºC, e tensões a 15%,
61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção) e 30% e 61% da carga de rotura, nas lâminas inferior (à tracção)
superior (à compressão) e superior (à compressão)

Para finalizar a análise e discussão de resultados, foi feita uma avaliação da influência da temperatura,
tanto nas deformações elásticas como nas deformações viscoelásticas. Essa avaliação foi feita através
do valor da flecha a ½ vão.

Tabela 3.40 - Variação da flecha elástica a ½ vão nos ensaios às 4 temperaturas, realizados em painéis com núcleo PUR

Carregamento Flecha elástica


[kN/m] 20 ºC 24 ºC 28(1) ºC 28(2) ºC 20 -> 24 24 -> 28(1) 24 -> 28(2)
0,9 6,4 6,5 6,8 6,3 3% 3% -4%
1,9 14,5 14,4 14,8 14,8 0% 3% 3%
3,8 28,6 30,1 31,2 30,0 5% 3% 0%

81
As variações da flecha elástica, registadas na Tabela 3.40, não permitem comprovar a influência da
temperatura na rigidez de flexão e de corte dos provetes, devido ao facto de não se verificar um aumento
gradual do seu valor à medida que a temperatura aumenta.

Tabela 3.41 - Variação da flecha viscoelástica a ½ vão nos ensaios às 4 temperaturas, realizados em painéis com núcleo PUR

Carregamento Flecha viscoelástica (às 820 horas)


[kN/m] 20 ºC 24 ºC 28(1) ºC 28(2) ºC 20 -> 24 20 -> 28(1) 20 -> 28(2)
0,9 2,22 2,02 3,00 3,06 -9% 35% 38%
1,9 5,83 4,91 7,69 6,14 -16% 32% 5%
3,8 15,00 12,90 18,54 15,64 -14% 24% 4%

Se for feita uma comparação entre as diferenças apresentadas na penúltima coluna da Tabela 3.41,
rapidamente se confirma que o efeito da temperatura também influencia o comportamento a longo prazo
dos painéis. No entanto, relembra-se que o ensaio à temperatura 28(1) ºC foi realizado nos mesmos
provetes, depois de estes terem sido submetidos aos ensaios às temperaturas 20 ºC e 24 ºC e como
consequência, apresentavam deformações residuais permanentes no início do ensaio. Se se analisar a
última coluna da tabela (com excepção ao provete carregado com 0,9 kN/m), essa influência esbate-se,
indicando a existência de re-distribuição de esforços de corte, do núcleo para as lâminas, que
apresentam menor susceptibilidade à fluência. O ensaio realizado a 24 ºC revelou-se pouco
representativo, pois os registos da deformação às 820 horas de ensaio foram inferiores aos registos do
ensaio realizado a 20 ºC.

Não tendo sido possível definir uma expressão para a degradação do módulo elástico das lâminas de
GFRP a longo prazo, com os efeitos da temperatura incluídos, este ensaio resumiu-se à confirmação
das expressões definidas para o módulo de distorção a longo prazo das espumas PUR e PET, com base
nos ensaios efectuados às mesmas ao corte. Para isso, definiu-se uma função do módulo elástico a
longo prazo das lâminas, com recurso a expressões recolhidas na literatura. A modelação do
comportamento viscoelástico da espuma PUR e a sua transposição para a escala dos painéis sanduíche
é apresentada no capítulo 4.

82
4 Modelação analítica

4.1 Considerações iniciais

Nste capítulo apresenta-se o desenvolvimento de um modelo de previsão da deformação ao longo do


tempo nos painéis sanduíche, com núcleos de PUR e PET, que se adeque da melhor forma possível aos
resultados dos ensaios realizados aos provetes em fluência.

O modelo elaborado para os painéis com núcleo PUR tem em conta a influência dos níveis de tensão e
da temperatura, enquanto o modelo elaborado para os painéis PET apenas tem em conta os níveis de
tensão, uma vez que a campanha experimental não contemplou o estudo da influência da temperatura
sobre este material.

Para tal, foi utilizado o modelo proposto por Findley em 1960 (secção 2.5.5.1) e foram considerados os
modelos de Dutta e Hui [53] e de Chang et al. [42] (secção 2.5.5.2) para a inclusão do efeito da
temperatura.

Com base nos resultados dos ensaios efectuados em 3.12 e 3.13, nota-se que nos ensaios realizados o
efeito da temperatura na deformação dos painéis apenas influenciou as deformações a longo prazo, não
se tendo observado uma influência clara nas deformações elásticas. Por esta razão, o modelo
desenvolvido apenas contempla o seu efeito na parcela viscoelástica.

Tal como foi mencionado em 3.13.2, devido à ausência de registos das extensões nas lâminas, nos
ensaios de fluência em flexão, coerentes com a evolução das deformações dos provetes, não foi possível
desenvolver uma função de previsão da degradação do seu módulo elástico E(t). Por esta razão,
recorreu-se a expressões fornecidas na literatura para prever a evolução deste parâmetro. No entanto,
alerta-se que a utilização destas expressões deve ser efectuada com algum cuidado, uma vez que o
comportamento do GFRP em fluência é influenciado por uma série de factores, que não são
considerados nestas expressões, entre os quais os seguintes [19]:

 Tipo de resina e seu grau de cura;


 Ligação na interface entre as fibras e a matriz;
 Fracção volumétrica das fibras, a forma com que são dispostas e a sua orientação;
 Método de fabrico;
 Temperatura ambiente;
 Tipo de solicitação;
 Presença de químicos agressivos;
 Presença de humidade.

As expressões consideradas na definição de uma expressão para E(t) constam nas publicações
seguintes:

83
 Manual Eurocomp Design Handbook, 1996, [19], cuja expressão foi determinada para laminados
de matriz de resina de poliéster e reforços de fibras dispostas aleatoriamente, ensaiados à
tracção;
 Dissertação de mestrado de Videira, 2013, [4], cuja expressão foi determinada para laminados
com as mesmas propriedades daqueles que foram utilizados na campanha experimental descrita
neste documento, mas através de ensaios à flexão, em painéis com núcleos de madeira de
balsa;
 Estudo de Scott e Zureick, 1998 [48], cuja expressão foi determinada para laminados de matriz
de resina de viniléster e um reforço de fibras unidireccional, ensaiados à compressão;
 Pré-regulamento dos E.U.A para estruturas pultrudidas de FRP, 2010 [66], cuja expressão é
sugerida para estruturas FRP em geral.

A Figura 4.1 ilustra as quatro expressões mencionadas, num espectro que abrange um horizonte de 50
anos. É possível observar que as expressões sugeridas por Videira e Scott e Zureick não só apresentam
alguma concordância, como conduzem a degradações de E(t) menores. Na secção seguinte mostra-se
que o modelo que forneceu o melhor ajuste aos resultados experimentais foi o de Scott e Zureick, que
tem a seguinte forma:

𝐸𝑒
𝐸(𝑡) = ( 4.1 )
10
1 + 𝑡 0,25
𝛽
em que,

𝐸𝑒 – é o módulo de elasticidade instantâneo do material;

𝛽 – uma contante, neste caso, de valor igual a 45;

𝑡 – o tempo em anos.

29
EUROCOMP
24
Videira
E(t) - GFRP

19 Scott e Zureick

Pré-regulamento
14 americano

9
0 10 20 30 40 50
Tempo [anos]

Figura 4.1 - Modelos de degradação do módulo de elasticidade do material GFRP, no tempo

4.2 Análise das distorções nas espumas ensaiadas ao corte

A modelação das distorções nas espumas teve por base a expressão ( 2.16 ), elaborada a partir do
modelo de Findley adaptado às distorções, que se apresenta novamente:
84
𝜏 𝜏
𝛾(𝜏, 𝑡) = 𝛾′𝑒 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) + 𝑚′𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) 𝑡 𝑛 (2.16)
𝜏𝑒 𝜏𝑚
Para adaptar a expressão ao comportamento dos materiais, os membros correspondentes às distorções
elásticas e às distorções viscoelásticas foram separados, tendo sido modelados com base nos
deslocamentos instantâneos e de longo prazo, respectivamente.

Análise das distorções elásticas

Esta secção apresenta-se a modelação do primeiro membro da expressão de Findley. Como referido
em 3.12, foi considerado que o nível de temperatura (dentro da gama das temperaturas de serviço) não
influencia as deformações instantâneas destes materiais, dependendo apenas do nível de tensão
instalado. Desta forma, com base nos níveis de tensão praticados nos ensaios, foram determinados os
valores dos parâmetros 𝛾′𝑒 e 𝜏𝑒 , que constam na Tabela 4.1. A aproximação dos valores da distorção

elástica 𝑒 previstos, aos valores do ensaio foi efectuada com recurso à expressão “Erro Quadrático

Médio - EQM”, que consiste na média entre o quadrado das diferenças de todos os valores obtidos.

Tabela 4.1 - Parâmetros 𝛾′ e


𝑒
𝜏𝑒 , determinados no ensaio de fluência em corte

PUR PET

𝜸′𝒆 1664,9 710,3


𝝉𝒆 13,2 12,2
EQM 0,618 0,063

Análise das distorções viscoelásticas

Nesta secção descreve-se a modelação do segundo membro da expressão de Findley. A evolução das
distorções para cada nível de tensão e nível de temperatura nas espumas PUR e PET, é representada
nas Figuras 4.2 a 4.6, sob a forma de uma escala bi-logarítmica. Esta escala permite identificar com
maior facilidade um comportamento de potência, do tipo 𝑚𝑡 𝑛 , pelo facto de o reduzir a uma recta. Neste
formato, o parâmetro 𝑚 é a ordenada na origem e 𝑛 o seu declive. Devido ao grau de pormenor com que
as deformações de curto prazo são retratadas nesta escala, é possível identificar na Figura 4.6 que
houve uma anomalia nas leituras, nas primeiras sete horas (facto que não é perceptível na Figura 3.91),
ao comportamento do provete de PET, ensaiado a 8% da sua tensão de rotura. Após esse período, a
situação foi corrigida, tendo o seu comportamento sido registado de forma normal, até às 1084 horas de
ensaio.

85
100
Distorção [10-3 m/m]
61%
10 15%
30%
Tendência (61%)
1
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 Tendência (15%)
Tendência (30%)
0,1
Tempo [horas]
Figura 4.2 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura 20 ºC, em escala bi-logarítmica,
para cada nível de tensão

100

10 15%
Distorção [10-3 m/m]

30%

1 61%
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 Tendência (15%)
0,1 Tendência (30%)
Tendência (61%)
0,01
Tempo [horas]
Figura 4.3 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura 24 ºC, em escala bi-logarítmica,
para cada nível de tensão

100

15%
Distorção [10-3 m/m]

10
30%

1 61%
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 Tendência (15%)
0,1 Tendência (30%)
Tendência (61%)
0,01
Tempo [horas]
Figura 4.4 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura 28(1) ºC, em escala
bi-logarítmica, para cada nível de tensão

86
100

15%
Distorção [10-3 m/m]

10 30%
61%
Tendência (15%)
1 Tendência (30%)
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 Tendência (61%)

0,1
Tempo [horas]
Figura 4.5 - Evolução das deformações por corte nos provetes PUR, ensaiados à temperatura 28(2) ºC, em escala bi-
logarítmica, para cada nível de tensão

10
1
Distorção [10-3 m/m]

0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000 4%


0,1
8%
0,01
0,001 15%

0,0001 Tendência (4%)


0,00001
Tendência (15%)
0,000001
Tempo [horas]
Figura 4.6 - Evolução das deformações por corte nos provetes PET, ensaiados à temperatura 20 ºC, em escala bi-logarítmica,
para cada nível de tensão

Nos parágrafos seguintes será feita a modelação do comportamento dos provetes PUR, em
conformidade com os níveis de temperatura dos ensaios.

Tendo por base as linhas de tendência apresentadas nas Figuras 4.2 a 4.5, na Tabela 4.2 identificaram-
se os parâmetros 𝑚 e 𝑛 que caracterizam com maior rigor o comportamento apresentado pelos provetes.
Sendo identificável à partida uma maior regularidade do parâmetro “n” (uma vez que não apresenta uma
dependência com o nível de tensão), na Tabela 4.2 apresenta-se o seu valor médio e o respectivo desvio
padrão, para cada nível de temperatura. Tendo sido repetido o ensaio à temperatura 28 ºC, os registos
obtidos no primeiro ensaio com esta temperatura não foram considerados na modelação e, por isso,
encontram-se representados pela cor cinzenta na tabela.

Tabela 4.2 - Registo dos parâmetros "m" e "n" obtidos para cada nível de tensão e temperatura nos provetes PUR

Nível de tensão m20 n20 m24 n24 m28(1) n28(1) m28(2) n28(2)

15% 0,80 0,24 0,99 0,24 1,29 0,20 1,04 0,27

30% 1,36 0,25 2,37 0,23 2,33 0,22 1,35 0,30


61% 4,07 0,24 5,83 0,25 7,00 0,23 6,43 0,28

Média - 0,24 - 0,24 - 0,22 - 0,29


Desvio P. - 0,00 - 0,01 - 0,02 - 0,02

87
Dada a necessidade em estudar a influência da temperatura sobre estes dois parâmetros, foi ainda feita
uma análise à sua evolução, consoante a variação dos valores da temperatura. Na Tabela 4.3 é
apresentada essa comparação.

Tabela 4.3 - Diferenças registadas entre os parâmetros "m" e "n", entre os 4 níveis de temperatura testados em provetes PUR

Nível de tensão m20 -> m24 n20 -> n24 m24 -> m28(1) n24 -> n28(1) m24 -> m28(2) n24 -> n28(2)

15% 0,19 -0,01 0,30 -0,04 0,05 0,03


30% 1,01 -0,02 -0,04 0,00 -1,02 0,08
61% 1,76 0,01 1,17 -0,02 0,60 0,03

Média 47% -3% 16% -9% -9% 21%


Desvio P. 1,74 0,01 0,62 0,02 0,82 0,03

Com base nos valores médios das diferenças apresentados na Tabela 4.3, e descartando a contribuição
do primeiro ensaio à temperatura 28 ºC, não é possível constatar uma dependência clara destes
parâmetros com a temperatura. Este facto pode ser explicado pela dependência da curva  (t) vs t (à
escala real), simultaneamente com 𝑚 e 𝑛, não se identificando uma separação clara entre a influência
de cada um. Por esta razão, admitiu-se que a temperatura influencia ambos os parâmetros e seguiu-se,
simultaneamente, os modelos de Dutta e Hui (que incorpora esta parcela no parâmetro 𝑛) e o de Chang
et al. (que incorpora esta parcela no parâmetro 𝑚), para a determinação de um novo modelo, adaptado
às condições referidas. Quando foram elaborados os primeiros modelos, mais se observou que não era
possível calibrá-los, de forma adequada, aos resultados destes ensaios, sem que a tensão 𝜏 fosse uma
função de um seno hiperbólico.

Para determinar o parâmetro 𝑚, foi necessário, ainda, definir outros dois parâmetros, 𝑚' e m (recordando
𝜏
a expressão de Findley, 𝑚 = 𝑚′ 𝑠𝑖𝑛ℎ ( )). À falta de um critério melhor, optou-se por incorporar o efeito
𝜏𝑚
da temperatura em ambas as constantes, com 𝑚′ = 𝑇⁄𝑏 e 𝜏𝑚 = 𝑇⁄𝑎 , tomando 𝑚 a forma seguinte:

𝑇 𝜏
𝑚(𝜏, 𝑇) = 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) ( 4.2 )
𝑏 𝑇/𝑎
O parâmetro 𝑛 foi adaptado à forma 𝑇. 𝑐 . A expressão final do modelo toma, então, a seguinte forma:

𝑇 𝜏
𝛾(𝜏, 𝑡, 𝑇) = 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) . 𝑡 𝑇.𝑐 ( 4.2 )
𝑏 𝑇/𝑎
A adaptação do modelo aos resultados foi efectuada, utilizando a função do erro quadrático médio
(EQM), aplicada a todas as diferenças, calculadas entre cada registo dos ensaios a 20 ºC, 24 ºC e 28(2) ºC
e os valores previstos pelo modelo, para o instante temporal correspondente. Na Tabela 4.4 constam os
valores de todas as constantes determinadas, inclusive os parâmetros principais, 𝑚 e 𝑛.

88
Tabela 4.4 - Parâmetros que definiram o modelo de Findley, aplicado a elementos PUR, com os efeitos da temperatura
incorporados

Temperatura (T) [ºC] 20 24 28(2)

Tensão ( ) [MPa] 0,036 0,072 0,144 0,036 0,073 0,143 0,036 0,072 0,143
Constante a 13,62
Constante b 0,33
Constante c 0,01
m (T/a) 1,47 1,76 2,06
m' (T/b) 60,49 72,58 84,68
sinh( /m) 0,02 0,05 0,10 0,02 0,04 0,08 0,02 0,03 0,07
m 1,48 2,97 5,94 1,49 3,00 5,87 1,49 2,95 5,91
n (T.c) 0,18
EQM 6,10

As Figuras 4.7 a 4.9 ilustram a relação entre os resultados experimentais e o modelo definido, para as
três temperaturas de ensaio. Considerou-se que os resultados foram bastante satisfatórios.

50
45
40 modelo (15%)
γ [10-3 mm/mm]

35
modelo (30%)
30
25 modelo (61%)
20 15%
15 30%
10
61%
5
0
0 500 1000 1500 2000
Tempo [horas]

Figura 4.7 - Relação entre o comportamento modelado e o experimental, para a temperatura 20ºC, em provetes PUR

60

50

40 modelo (15%)
γ [10-3 mm/mm]

modelo (30%)
30
modelo (61%)
20 15%
30%
10
61%
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Tempo [horas]

Figura 4.8 - Relação entre o comportamento modelado e o experimental, para a temperatura 24ºC, em provetes PUR

89
60

50
modelo (15%)
40
γ [10-3 mm/mm]

modelo (30%)
30 modelo (61%)

20 15%
30%
10
61%
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

Tempo [horas]
Figura 4.9 - Relação entre o comportamento modelado e o experimental, para a temperatura 28ºC(2), em provetes PUR)

Para determinar a função 𝐺(𝑡, 𝑇) aplicou-se directamente o modelo de Findley, tendo tomado a forma
seguinte:

  
𝐺(, 𝑡, 𝑇) = = = ( 4.3 )
 (, 𝑡, 𝑇) 𝑒 + 𝑚𝑡 𝑛  𝑇 
1664,9𝑠𝑖𝑛ℎ (13,2) + 0,33 𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) 𝑡 0,009𝑇
𝑇/13,62

com  sendo o nível de tensão aplicado em MPa, 𝑒 a distorção elástica, 𝑡 o tempo em horas, e 𝑇 a
temperatura ambiente, em ºC.

As Figuras 4.10 a 4.18 foram obtidas por adaptação da expressão ( 4.3.4 ) às condições dos ensaios,
tendo sido representadas as curvas de decaimento de 𝐺 , conforme o nível de tensão e de temperatura
aplicados, nos provetes PUR. Considerou-se que o modelo se adaptou aos resultados experimentais de
forma satisfatória.

9 9 9
8 8 8
7 7 7
G [MPa]
G [MPa]
G [MPa]

6 6 6
5 5 5
4 4 4
3 3 3
0 1000 2000 0 1000 2000 0 1000 2000
Tempo [horas] Tempo [horas] Tempo [horas
15% modelo G(t,T) 30% modelo G(t,T) 61% modelo G(t,T)
Figura 4.10 – Relação entre G(t,T) e os Figura 4.11 - Relação entre G(t,T) e os Figura 4.12 - Relação entre G(t,T) e os
resultados experimentais, no ensaio à resultados experimentais, no ensaio à resultados experimentais, no ensaio à
temperatura 20ºC e nível de tensão de temperatura 20ºC e nível de tensão de temperatura 20ºC e nível de tensão de
15% da tensão de rotura 30% da tensão de rotura 61% da tensão de rotura

90
9 9 9
8 8 8
7 7 7
6 6 6
5 5 5

G [MPa]
G [MPa]

G [MPa]
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 700 1400 0 700 1400 0 200 400
Tempo [horas] Tempo [horas] Tempo [horas
modelo G(t,T) 15% modelo G(t,T) 30% modelo G(t,T) 61%
Figura 4.13 - Relação entre G(t,T) e os Figura 4.14 - Relação entre G(t,T) e os Figura 4.15 - Relação entre G(t,T) e os
resultados experimentais, no ensaio à resultados experimentais, no ensaio à resultados experimentais, no ensaio à
temperatura 24ºC e nível de tensão de temperatura 24ºC e nível de tensão de temperatura 24ºC e nível de tensão de
15% da tensão de rotura 30% da tensão de rotura 61% da tensão de rotura

9 9 9
8 8 8
7 7 7
6 6 6
G [MPa]

G [MPa]

5 5 5

G [MPa]
4 4 4
3 3 3
2 2 2
1 1 1
0 0 0
0 500 1000 1500 0 500 1000 1500 0 500 1000 1500
Tempo [horas] Tempo [horas] Tempo [horas]
modelo G(t,T) 15% modelo G(t,T) 30% modelo G(t,T)
Figura 4.16 - Relação entre G(t,T) e os Figura 4.17 - Relação entre G(t,T) e os Figura 4.18 - Relação entre G(t,T) e os
resultados experimentais, no ensaio à resultados experimentais, no ensaio à resultados experimentais, no ensaio à
temperatura 28(2)ºC e nível de tensão de temperatura 28(2)ºC e nível de tensão temperatura 28(2)ºC e nível de tensão de
15% da tensão de rotura de 30% da tensão de rotura 61% da tensão de rotura

No caso dos provetes PET, a modelação do seu comportamento a longo prazo resume-se à aplicação
directa do modelo de Findley, sendo este apenas influenciado pelo nível de tensão. Na Tabela 4.5 são
apresentados os parâmetros 𝑚 e 𝑛 correspondentes. O parâmetro 𝑚 foi obtido pelo mesmo processo
que foi utilizado na modelação do comportamento da espuma PUR. Já o parâmetro 𝑛, foi obtido pela
média dos valores 𝑛 que se verificaram nas curvas de ajuste ao comportamento dos dois provetes
considerados. A influência do provete ensaiado a 8% da tensão de rotura (a partir dos registos
efectuados depois das primeiras 8 horas) foi inicialmente considerada, tendo-se verificado que o modelo
não convergia para os valores m e n de 0,015 e 0,417 respectivamente. Assim, optou-se não se
considerar a influência deste provete.

91
Tabela 4.5 – Parâmetros “m” e “n” do modelo determinado para prever o comportamento da espuma PET

Modelo Experimental
Nível de tensão 4% 8% 15% 4% 8% 15%
𝒎 3,949 -
m’ 12,756 -
sinh( /𝒎 ) 0,009 - 0,036 -
m 0,116 - 0,463 0,124 0,015 0,462
n 0,123 0,147 0,417 0,099

EQM 1,84 x 10-5

A função que modela a degradação do módulo de distorção 𝐺 do material PET toma a forma seguinte:


𝐺(, 𝑡) =   ( 4.4 )
710,3𝑠𝑖𝑛ℎ (12,2) + 12,76𝑠𝑖𝑛ℎ ( ) 𝑡 0,123
3,95
Apesar de o modelo ter sido ajustado com um elevado nível de precisão, a expressão do decaimento
deste parâmetro, para o nível 4% da tensão de rotura, não se aproximou de forma satisfatória à curva
determinada no ensaio, como é possível observar na Figura 4.19. A razão para esta ocorrência prende-
se com a dificuldade que se verificou em determinar os parâmetros elásticos dos provetes, como
enunciado em 3.12.2. Na Figura 4.20 já se nota uma concordância superior entre o comportamento
modelado e o que se verificou no ensaio.

18 18
17 17
16
16
G [MPa]

15
G [MPa]

14 15
13 14
12
13
11
10 12
0 400 800 1200 0 400 800 1200
Tempo [horas] Tempo [horas]
modelo de G G experimental modelo de G G experimental
Figura 4.19 – Diferença entre o comportamento modelado de Figura 4.20 - Diferença entre o comportamento modelado de G
G e o que se verificou no ensaio de fluência em provetes PET, e o que se verificou no ensaio de fluência em provetes PET, com
com o nível de tensão de 4% da rotura. o nível de tensão de 11% da rotura.

4.3 Análise dos deslocamentos nos painéis sanduíche

Esta secção destina-se à validação do modelo proposto na secção anterior, utilizando os resultados dos
ensaios de fluência em flexão de provetes sanduíche. Para tal, foi utilizado o modelo composto de
fluência, descrito em 2.5.5.2, cuja expressão ( 2.28 ) se apresenta novamente (adaptada a uma viga
simplesmente apoiada, sujeita a um carregamento uniforme):

5 𝑝𝐿4 𝑝𝐿2
𝑤= + ( 2.28 )
384 𝐸(𝑡)𝐼 8 𝐺(𝑡)𝐴𝑣

92
Na secção 3.13 foram apresentadas algumas propriedades geométricas dos painéis. Na Tabela 4.6
apresentam-se outras propriedades geométricas (valores médios e respectivo desvio padrão), como da
inércia de flexão dos provetes (que se considera resultado apenas do contributo das lâminas) e a área
de corte da secção (igual à área da secção da espuma mais metade da área da secção das lâminas),
tendo sido determinadas de acordo com as secções 2.5.2 e 2.5.3 respectivamente.

Tabela 4.6 - Outros parâmetros geométricos dos provetes sanduíche

Provetes PUR Provetes PET


Inércia lâminas [mm4] Av [mm2] Inércia lâminas [mm4] Av [mm2]

Média 1,665 x 107 3,22 x 104 1,554 x 107 3,08 x 104


Desvio padrão 1,428 x 105 2,95 x 102 6,976 x 105 1,38 x 102

CV 1% 1% 4% 4%

As expressões ( 4.4 ) e ( 4.5 ) não podem, todavia, ser aplicadas directamente na expressão ( 2.28 ) pois
a função de decaimento do módulo de distorção depende do valor da tensão tangencial aplicada. Ora,
um painel sujeito a um carregamento distribuído possui níveis de tensão tangencial variáveis, sendo esta
máxima nos apoios e nula a 1/2 vão. Dado o elevado grau de complexidade em integrar a função
𝐺(, 𝑡, 𝑇) no comprimento do provete, uma solução possível para este problema seria considerar uma
tensão tangencial média e admitir um módulo 𝐺 constante ao longo do comprimento do painel. A solução
adoptada, de acordo com o carregamento aplicado, admite um valor de 𝐺 médio para 6 secções do
provete (1/6, 2/6,…, até 6/6 do vão). A expressão da flecha a ½ vão tomou a forma seguinte:

5 𝑝𝐿4 ̅
1/6𝐿 𝑉𝑉 1/3𝐿 𝑉𝑉̅ 1/2𝐿 𝑉𝑉̅
( 4.5 )
𝑤= + 2 × (∫ 𝑑𝐿 + ∫ 𝑑𝐿 + ∫ 𝑑𝐿)
384 𝐸(𝑡)𝐼 0 𝐺1𝐴𝑣 1/6𝐿 𝐺2 𝐴𝑣 1/3𝐿 𝐺3 𝐴𝑣

em que,

 𝑉 - diagrama de esforço transverso devido ao carregamento;


 𝑉̅ - diagrama de esforço transverso devido a uma carga unitária aplicada a meio vão;
 𝐿 - comprimento do vão, neste caso, 3300 mm;
 𝐺1 - função do módulo de distorção, calculada para a tensão média, registada entre 0 e 1/6 𝐿;
 𝐺2 - função do módulo de distorção, calculada para a tensão média, registada entre 1/6 𝐿 e
1/3 𝐿;

 𝐺3 - função do módulo de distorção, calculada para a tensão média registada entre 1/3 𝐿 e 1/2
𝐿;

As Figuras 4.21 e 4.22 apresentam uma comparação entre os valores fornecidos pelo modelo e os
resultados obtidos experimentalmente nos provetes de PUR. A Figura 4.23 permite comparar o modelo
aplicado aos provetes PET. É possível, desde logo, constatar que o modelo erra por excesso a previsão
das deformações, para ambos os níveis de temperatura nos três níveis de carregamento.
93
60
Deslocamento a 1/2 vão [mm]

50

15%
40
30%
30 61%
modelo 15%
20
modelo 30%

10 modelo 61%

0
0 200 400 600 800 1000
Tempo [horas]

Figura 4.21 – Comparação entre os deslocamentos medidos a ½ vão no ensaio realizado a 20ºC e o modelo aplicado, nas
espumas PUR, para cada nível de tensão

80
Deslocamento a 1/2 vão [mm]

70

60 15%
50 30%
40 61%

30 modelo 15%

20 modelo 30%
modelo 61%
10

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo [horas]

Figura 4.22 - Comparação entre os deslocamentos medidos a ½ vão no ensaio realizado a 28(2)ºC e o modelo aplicado, nas
espumas PUR, para cada nível de tensão

94
35

30
Deslocamento a 1/2 vão [mm]

25 modelo 5%
modelo 11%
20
modelo 22%
15
5%
10 11%
22%
5

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tempo [horas]

Figura 4.23 - Comparação entre os deslocamentos medidos a ½ vão no ensaio realizado a 20 ºC e o modelo aplicado, nas
espumas PET, para cada nível de tensão

A título ilustrativo, apresenta-se na Tabela 4.7 os deslocamentos a 1/2 vão previstos pelo modelo no
momento do carregamento (0 seg.) e no final do período de fluência. Os deslocamentos encontram-se
separados nas parcelas de flexão e corte. A deformação total corresponde à sua soma, tendo por base
o modelo composto de fluência. Por observação destes valores, constata-se que o modelo admite
deformações por fluência em corte muito superiores às deformações por flexão.

Analisando agora as duas últimas colunas da Tabela 4.7, é possível constatar que o modelo determina
deslocamentos muito superiores aos previstos por extrapolação dos resultados experimentas.

Tabela 4.7 – Valores da flecha a ½ vão devida a esforços de diferentes naturezas e vários horizontes temporais, nos provetes de
PUR

 por esforços  por esforços  experimental Diferença entre 


 total [mm]
de flexão [mm] de corte [mm] [mm] experimental e  total
0 seg. 910 h 0 seg. 910 h 0 seg. 910 h 910 h
15% 3,1 3,5 5,1 10,8 8,2 14,2 8,6 +64%
PUR
30% 6,0 6,7 10,2 21,6 16,2 28,3 20,5 +38%
20 ºC
61% 12,0 13,6 20,4 43,1 32,4 56,7 44,0 +29%
0 seg 1102 h 0 seg 1102 h 0 seg 1102 h 1102 h
15% 3,1 3,5 5,1 14,8 8,2 18,4 9,6 +91%
PUR
30% 6,0 6,7 10,3 29,6 16,2 36,7 21,3 +72%
28(2)ºC
61% 12,0 13,6 20,5 59,3 32,6 73,5 46,6 +58%

As diferenças registadas entre o modelo e os resultados obtidos experimentalmente sugerem que a


aplicação do modelo composto de fluência pode subestimar a capacidade de as lâminas restringirem
as deformações por corte do núcleo, a longo prazo, confirmando a possibilidade de existência de
redistribuição de esforços entre os elementos, ao longo do processo de fluência.

95
5 Conclusão e perspectivas de
desenvolvimentos futuros

5.1 Considerações finais

Terminado o presente trabalho, pode concluir-se que, em geral, os objectivos inicialmente traçados foram
alcançados. Nesta secção, serão tecidos alguns comentários relativos aos resultados mais relevantes
obtidos nos ensaios de caracterização, nos ensaios de fluência e ainda à sua integração nos modelos
desenvolvidos no capítulo 4. O assunto dominante nas considerações que serão feitas será a
comparação entre os materiais de núcleo PUR e PET, uma vez que não se encontrou na literatura
nenhuma comparação semelhante tendo por base as propriedades testadas.

Relativamente às propriedades determinadas nas lâminas em GFRP, considera-se que os dois ensaios
efectuados à compressão (em 3.8) apenas permitem fornecer uma estimativa das propriedades deste
material em compressão. No entanto, considera-se pertinente realizar uma comparação entre os valores
médios obtidos para as propriedades determinadas no ensaio na prensa hidráulica (com grau de
fiabilidade mais elevado, por não terem ocorrido fenómenos de instabilidade) e os valores das
propriedades determinadas nos ensaios à tracção em provetes retirados da placa (em 3.9). Constata-se
que algumas das propriedades em compressão são semelhantes às propriedades em tracção, mas
também existem outras que são bastante diferentes. O módulo elástico na direcção 90º é semelhante
em tracção e compressão, com uma diferença de cerca de 16% (superior em tracção). O mesmo
acontece com a tensão última, com uma variação de 8% (também superior em tracção). Estas
semelhanças são plausíveis, uma vez que a resina absorve uma parcela maior das solicitações nesta
direcção, sendo que as suas propriedades são semelhantes em tracção e compressão. Já na direcção
a 0º, registam-se diferenças de 76% na tensão última e 31% no módulo de elasticidade, constituindo
indicadores das diferenças entre o comportamento das fibras (e do compósito) em tracção e em
compressão.

No que se refere à análise do comportamento apresentado pelas espumas, o ensaio ao corte diagonal
(em 3.4) evidenciou as melhores propriedades do material PET por comparação com o PUR. A rigidez
ao corte determinada neste ensaio para a espuma de PET foi 2.25 vezes superior à da espuma de PUR.
O valor da tensão última da espuma de PET foi 3 vezes superior à da espuma de PUR, no entanto, o
valor de distorção na rotura da primeira foi cerca de 50% inferior ao da segunda.

Os ensaios de tracção na direcção perpendicular ao plano das lâminas (em 3.5) mostraram que a
resistência à tracção, a deformação na rotura e o módulo de elasticidade aparente da espuma PET são
superiores ao da espuma PUR 1.4, 1.3 e 1.4 vezes, respectivamente.

96
Os ensaios de compressão na direcção perpendicular ao plano das lâminas (em 3.7) permitiram
identificar uma resistência à compressão 2.0 vezes superior e um módulo elástico aparente em
compressão 2.2 vezes superior na espuma PET por comparação com a espuma PUR.

Nos ensaios de flexão à rotura nos painéis sanduíche (em 3.11) registaram-se níveis médios de carga
na rotura em painéis com núcleos de PET 1.23 vezes superiores aos dos painéis com núcleos em PUR,
um facto que ganha mais relevância se se acrescentar que as dimensões da secção dos primeiros eram
menores (ver tabela 3.30).

Sobre os ensaios de fluência em corte nas espumas (em 3.12), considera-se pertinente referir que o
valor médio obtido para o módulo de distorção instantâneo G das espumas PUR foi semelhante (8,2
MPa) ao valor obtido nos ensaios de corte diagonal (8,71 MPa), divergindo em apenas 6%.

Nos ensaios de fluência em flexão dos painéis (em 3.13) (com uma duração de 820 horas), registou-se
uma flecha elástica média nos provetes com núcleo PUR (ensaiados a 20 ºC) 1,12 vezes superior à dos
provetes de PET (ensaiados a 20 ºC) e uma flecha viscoelástica (sem a parcela elástica) 4,65 vezes
superior. Para os diferentes níveis de carregamento 0,9, 1,9 e 3,8 kN/m, as diferenças relativas entre os
painéis com espumas de PUR e PET foram respectivamente 300%, 438% e 658%, indicando que o
material PET não só sofre menos fluência em geral, como é muito menos afetado pelo nível de tensã

Como comentário final ao comportamento das espumas, salienta-se a mais-valia que o material PET
representa, no cômputo geral, para este tipo de utilização, em comparação com o PUR, face ao seu
custo de produção (20% mais elevado do que o do PUR) e ao seu peso próprio (25% mais elevado).

Relativamente aos modelos desenvolvidos no capítulo 4, as expressões obtidas para prever o


comportamento dos materiais com núcleos de PET possuem um menor grau de fiabilidade (por
comparação com as obtidas para os núcleos de PUR), devido ao grau de confiança com que foram
obtidos os seus parâmetros elásticos e o facto de não ter sido incluído o efeito da temperatura. Um facto
que contribuiu negativamente para a determinação, com maior grau de fiabilidade, de um modelo
composto de fluência, foi a dificuldade em medir (com os extensómetros e comparadores) a variação
das extensões das lâminas ao longo do tempo, inviabilizando a determinação de uma função de
degradação do módulo elástico das lâminas. Independentemente desta contrariedade, considera-se que
o modelo composto de fluência poderá não simular com exatidão o comportamento apresentado por
estes materiais/painéis, devendo, para isso, incluir o efeito da retransmissão de esforços do núcleo para
as lâminas, ao longo do processo de fluência.

Como nota final, salienta-se o elevado potencial que este sistema/forma estrutural apresenta para ser
adoptado pelo mercado da construção nas décadas que se seguem.

97
5.2 Perspectivas de desenvolvimentos futuros

O facto de a área dos materiais compósitos, especificamente dos painéis sanduíche com carácter
estrutural, se encontrar ainda numa fase embrionária do conhecimento, comparativamente aos materiais
tradicionais, como o betão armado, reforça a necessidade de se realizarem estudos adicionais e mais
aprofundados. Desta forma, referem-se de seguida sugestões e aspectos passíveis de serem
desenvolvidos em trabalhos futuros, visando complementar o trabalho desenvolvido nesta dissertação:

 Caracterização experimental do comportamento à compressão de lâminas em GFRP para


várias direcções, com recurso a ensaios normalizados;
 Caracterização experimental do comportamento à tracção dos painéis sanduíche, na
direcção do plano das lâminas;
 Realização de ensaios de fluência em painéis sanduíche com núcleos de PUR para outros
intervalos de temperatura;
 Realização de ensaios de fluência em painéis sanduíche com núcleos de PUR, em meios
com temperatura controlada, com variação da humidade relativa;
 Realização de ensaios de fluência em painéis sanduíche com núcleos de PET sob condições
de temperatura e humidade relativa constantes;
 Ensaios de caracterização de painéis sanduíche com núcleos de diferentes densidades;
 Ensaios de caracterização de painéis sanduíche com reforços laterais;
 Ensaios de caracterização de painéis sanduíche com treliças de GFRP no interior dos
núcleos;
 Estudo do efeito dos reforços longitudinais no comportamento em fluência;
 Aplicação do modelo composto de fluência a painéis sanduíche com materiais de núcleo
diferentes dos utilizados, tendo em vista o estudo da viabilidade deste modelo em qualquer
painel sanduíche e o ajuste dos parâmetros do modelo;
 Estudo da resistência à fadiga dos painéis sanduíche;
 Estudo da resistência ao fogo dos painéis sanduíche;
 Estudo do comportamento acústico e térmico dos painéis sanduíche;
 Estudo de sistemas de ligação para aplicação na reabilitação de pisos de edifícios;
 Estudo das ligações entre painéis;
 Estudo da compatibilidade dos painéis sanduíche com elementos de betão armado;
 Avaliação das mais-valias directas, que a construção sanduíche pode trazer ao mercado da
construção, quer em reabilitação de estruturas, quer em construção nova;
 Avaliação das mais-valias indirectas, que a construção sanduíche pode trazer ao mercado
da construção, quer em reabilitação de estruturas, quer em construção nova;
 Estudo dos impactes ambientais que advêm da utilização dos materiais FRP na construção;
 Estudo do ciclo de vida dos materiais FRP, incluindo os seus processos de reciclagem.

98
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102
Anexos

A Ensaio de corte diagonal nas espumas

A-1 Relação tensão / distorção dos provetes de PUR

0,4

0,35

0,3 PUR-DS-1
Tensão [MPa]

0,25 PUR-DS-2

0,2 PUR-DS-3

0,15 PUR-DS-4

0,1 PUR-DS-5

0,05

0
0 0,03 0,06
Distorção [m/m]

A-2 Relação tensão / distorção dos provetes de PET

1
0,9
0,8
PET-DS-1
0,7
Tensão [MPa]

0,6 PET-DS-2
0,5
0,4 PET-DS-3

0,3
PET-DS-4
0,2
0,1
0
0 0,03 0,06 0,09

Distorção [m/m]

I
B Ensaio de tracção em provetes sanduíche na direcção
transversal ao plano das lâminas

B-1 Relação 𝑭 vs ∆𝜹 em provetes de PUR

0,7

0,6

0,5
PUR-FT-1
Tensão [MPa]

0,4

0,3 PUR-FT-2

0,2 PUR-FT-3

0,1

0
0 1 2 3

Deslocamento [mm]

B-2 Relação F vs ∆δ em provetes de PET

1,2

0,8
Tensão [MPa]

PET-FT-1
0,6
PET-FT-2

0,4 PET-FT-3

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2
Deslocamento [mm]

II
C Ensaio de tracção em ptovetes de GFRP

C-1 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção


0º, retirados de uma placa

100 0-PL-1

80
0-PL-2

0-PL-3
Força [KN]

60
0-PL-4
40
0-PL-5-SG
20
0-PL-6-SG
0
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento [mm]

C-2 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção


0º, retirados de um painel sanduíche

100
90 0-PA-1
80
0-PA-2
70
60 0-PA-3
Força [KN]

50 0-PA-4
40
30
0-PA-5-SG
20 0-PA-6-SG
10 0-PA-7-SG
0
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento [mm]

III
C-3 Relação força / extensão em provetes cortados na direcção 0º,
retirados de uma placa

500
450
400 0-7-PL-SG
350 0-5-PL-SG
Tensão [MPa]

300
250 0-6-PL-SG
200 0-PA-5-SG
150
0-PA-6-SG
100
50 0-PA-7-SG
0
0 0,005 0,01 0,015 0,02
Extensão [m/m]

C-4 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção


90º, retirados de uma placa

40
90-PL-1
90-PL-2
30 90-PL-3
90-PL-4
Força [KN]

90-PL-5_SG
20
90-PL-6_SG
90-PL-7_SG
10 90-PL-8_PR
90-PL-9_PR

0 90-PL-10_PR
0 2 4 6 8
Deslocamento [mm]

IV
C-5 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção
10º, retirados de uma placa

60

10-PL-1

10-PL-2
Força [kN]

40
10-PL-3

10-PL-4

10-PL-5_SG
20
10-PL-6_SG

10-PL-7_SG

0
0 1 2 3 4 5
Deslocamento [mm]

C-6 Relação força / deslocamento em provetes cortados na direcção


10º, retirados de um painel sanduíche

80

60 10-PA-1

10-PA-2
Força [kN]

40
10-PA-3

10-PA-4
20

0
0 1 2 3 4 5
Deslocamento [mm]

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