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Centro de Tecnologia
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
- MESTRADO-
Por
UFPB/BC CDU:
“Tudo posso em Cristo que me fortalece”
[Filipenses 4, 13]
AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho foi uma realização pessoal, porém uma árdua conquista tanto no
aspecto técnico, quanto no aspecto emocional. A superação de obstáculos foi essencial e o
apoio de inúmeras pessoas a quem devo prestar meus sinceros agradecimentos.
Agradeço a Deus pelo dom da vida, ao professor Roberto Pimentel, meu orientador, pelo
exemplo como profissional, pelo auxílio na escolha de um tema que considero de grande
relevância. Ao meu coorientador, professor Ângelo Vieira, pelos seus ensinamentos e
humildade.
Aos amigos Antônio Sobrinho e Cícero da Rocha, pelos auxílios técnicos neste trabalho, bem
como ao apoio motivacional.
Ao aluno de iniciação cientifica, Arnaldo Almeida, pelo seu auxílio, companheirismo e
dedicação ao trabalho desenvolvido.
Ao Coordenador do LABEME, Prof. Normando Perazzo, aos funcionários, Zito, Delby, Gato,
Rodrigo e Milson que prestaram grande auxílio na calibração da câmara reverberante. Ao
Diretor do Centro de Tecnologia que cedeu as instalações do laboratório de hidráulica para
realização dos experimentos. Estendo meus agradecimentos aqueles que somaram
indiretamente para essa conquista, seja contribuindo na minha formação ou com um bom
convívio.
À minha esposa Alessandra Cavalcanti, minhas filhas Catharine e Ana Beatriz, que mesmo
em sua tenra idade soube compreender a ausência de seu pai em alguns momentos do
convívio familiar.
Agradeço aos meus pais por minha formação como pessoa, tornando uma pessoa em busca de
conhecimentos e de valores. Agradeço também pelo carinho e atenção me tornando uma
pessoa feliz.
A todos os membros da minha família pelos bons momentos de convívio, pelo apoio e pela
união.
Agradeço ainda aos amigos e colegas de turma pelos bons momentos compartilhados e pela
parceria em momentos bons e difíceis.
RESUMO
In this work, the properties of cementitious matrix composites were studied, using the
Ethylene Vinyl Acetate (EVA) residue as an aggregate, with a view to its use as acoustic
absorbent material, in the form of plates. In particular, the effect of porosity and resistivity on
the air flow in the acoustic absorption capacity of the prepared plate was investigated. The
method used to determine the acoustic absorption coefficient of the plates was by means of a
reverberant chamber test, one of the objectives of the present work being to assemble and
calibrate such reverberant chamber. The applied methodology was aimed at characterizing the
relationship between granulometry, void index, resistivity to the air flow and the acoustic
absorption capacity of plates made with the residue under study, besides defining the
prototypes to be tested in reverberant chamber. The results indicated the possibility of
replacing industrialized materials with the compounds produced from cement and EVA
residue in frequency bands above 1 kHz.
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12
1.1. OBJETIVOS ............................................................................................................ 15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 16
2.1. Medição do som e o nível de pressão sonora ........................................................... 17
2.2. Tempo de reverberação e coeficiente de absorção sonora ....................................... 21
3. GERAÇÃO DE RESÍDUO DE EVA E A PRODUÇÃO DE PLACAS
CIMENTÍCIAS COM RESÍDUO DE EVA ............................................................ 30
3.1. Produção do resíduo de EVA ................................................................................... 31
3.2. Processo produtivo placas expandidas de EVA ....................................................... 32
3.3. Produção de agregado artificial de EVA.................................................................. 36
4. O RESÍDUO DE EVA COMO MATERIAL ABSORVENTE ACÚSTICO .................... 39
4.1. Espessura das placas ................................................................................................ 41
5. MEDIÇÃO DE ABSORÇÃO SONORA EM CÂMARA REVERBERANTE ................. 43
5.1. Características gerais do método de medição e definições ...................................... 43
5.2. Amostra de ensaio .................................................................................................... 47
5.3. Condições ambientais .............................................................................................. 48
5.4. Princípio de medição e método de cálculo............................................................... 48
5.4.1. Formulação de Sabine .............................................................................................. 49
5.5. Medição do tempo de reverberação ......................................................................... 53
5.5.1. Número de posições do microfone e da fonte sonora, e de curvas de
decaimento ............................................................................................................... 53
5.5.2. Método da interrupção de ruído ............................................................................... 54
5.5.3. Avaliação das curvas de decaimento ....................................................................... 56
5.6. Difusidade do campo sonoro na câmara reverberante ............................................. 57
5.6.1. Dispositivos utilizados para atingir um grau de difusão sonora adequado .............. 58
5.7. Critérios da norma ISO 354 ..................................................................................... 59
6. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ............................................................................... 60
6.1. Confecção dos protótipos ......................................................................................... 60
6.1.1. Materiais utilizados .................................................................................................. 63
6.1.2. Preparação dos compósitos leves ............................................................................. 65
6.2. Parâmetros investigados nas placas ......................................................................... 70
6.2.1. Índice de vazios........................................................................................................ 70
6.2.2. Resistividade ao fluxo de ar ..................................................................................... 72
6.2.3. Determinação do coeficiente de absorção sonora em câmara reverberante ............. 78
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 97
7.1. Estudo dos parâmetros intervenientes no coeficiente de absorção sonora .............. 97
7.1.1. Índice de vazios........................................................................................................ 97
7.1.2. Resistividade ao fluxo de ar ..................................................................................... 99
7.1.3. Calibração da câmara reverberante ........................................................................ 101
7.1.4. Coeficiente de absorção sonora dos protótipos ensaiados em câmara
reverberante ............................................................................................................ 105
8. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 110
8.1. Sugestões para futuros trabalhos ............................................................................ 111
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 112
LISTA DE FIGURAS
No caso do Brasil, não raro são encontradas cidades que tiveram uma ocupação
urbana sem um prévio planejamento, principalmente as fundadas no período colonial, de
modo que vias de tráfego veicular foram dispostas para utilização de veículos de tração
animal, sendo as mesmas estreitas e próximas as residências, tornando-se nos dias atuais
inadequadas para utilização por meio de veículos motorizados, degradando a qualidade de
vida da população vizinha a essas vias. Com o crescimento das cidades, foram necessárias
vias com maior capacidade de fluxo e consequentemente um aumento na emissão dos níveis
de ruído. Em atividades educacionais, ambientes hospitalares e outros, os níveis de ruído
ambiental são de grande importância.
12
As fontes de ruído no ambiente urbano não estão restritas apenas a ruído proveniente
do tráfego de veículos, estando sujeito ainda a diversas outras fontes de ruídos de
procedências as mais variadas possíveis, a exemplo dos ruídos gerados pela construção de
edificações, atividades fabris, entre outras. Tais ruídos afetam as pessoas tanto ao ar livre
quanto no interior das edificações. Na atualidade observa-se que as pessoas permanecem a
maior parte do tempo diário no interior de edificações, sendo assim de extrema importância
que estes ambientes sejam adequados, do ponto de vista acústico, reduzindo-se assim
situações de desconforto ou mesmo prejudiciais à saúde.
Dois aspectos devem ser observados no que diz respeito à adequação acústica de um
ambiente e que estão diretamente relacionados ao emprego de materiais com propriedades
acústicas: o isolamento acústico, de modo a diminuir a níveis aceitáveis a entrada de ruído
externo ao ambiente; absorção acústica dos materiais empregados nos ambientes, cujas
propriedades influem para que o mesmo se torne acusticamente adequado à finalidade ao qual
se destina.
13
proporcional ao crescimento econômico do setor na região. Segundo POLARI FILHO et al.
(2003), esse tipo de resíduo (EVA) possui baixa massa específica, tem boas características
acústicas e térmicas, é inerte, não suscetível a fungos e pode ser aproveitado como agregado
sintético para elaboração de compósitos leves. Entre as aplicações e vantagens possíveis dos
compósitos leves na construção civil podem ser citadas: enchimento para lajes rebaixadas,
isolamento acústico entre pavimentos, blocos e/ou painéis para vedação com redução da carga
estrutural, isolamento térmico nas lajes de forro, etc. Essas características evidenciam a
grande potencialidade desse resíduo para uso em diversos componentes e sistemas na
construção civil, sem função estrutural.
14
1.1. OBJETIVOS
iii. Desenvolver protótipo de placa para ser usado como absorvedor acústico;
15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo SILVA (1971), o som pode ser definido de duas maneiras, fisicamente, é a
vibração mecânica ou movimento oscilatório de um meio elástico gasoso, líquido ou sólido,
através do qual energia é transferida para fora da fonte mediante ondas sonoras progressivas;
genericamente pode ser definido como uma variação de pressão que gera uma excitação do
mecanismo auditivo, resultando na percepção do som. O parâmetro utilizado para quantificar
essa variação é a frequência, medida em ciclos por segundo (Hertz).
De acordo com SILVA (1971), define-se como ruído ou poluição sonora qualquer
som indesejável que atinja níveis não aceitáveis e possa afetar, de forma negativa, a saúde e o
bem-estar de um indivíduo ou de uma população. O ruído, além de gerar desconforto ao ser
humano, pode prejudicar diretamente o aparelho auditivo, provocando a perda ou a
diminuição gradual da audição, podendo, ainda, atuar sobre outros órgãos do corpo humano,
perturbando as funções neurovegetativas com implicações no funcionamento orgânico,
causando alteração da pressão arterial, náuseas, cefaleia, vômitos, perda de equilíbrio, perda
de concentração, aumento do nível de estresse, inquietude, irritabilidade, entre outras.
16
2.1. Medição do som e o nível de pressão sonora
O som pode ser medido através do nível de pressão sonora (NPS), expresso em
decibéis (dB). Decibéis não são unidades como centímetros ou kilogramas, no sentido de que
não estão linearmente relacionados a uma grandeza específica. Na realidade, decibéis
expressam a razão logarítmica entre a potência ou intensidade sonora e uma potência ou
intensidade de referência. Potência e intensidade sonoras não são fáceis de medir. Porém, a
pressão sonora é facilmente medida com um medidor de nível sonoro. A pressão sonora pode
também ser expressa em dB já que o quadrado da pressão sonora é proporcional à potência ou
intensidade sonora. Utiliza-se o dB no lugar da amplitude real do som em unidades de
pressão, porque o seu valor logarítmico é compatível com a forma como o ouvido humano
interpreta o som, e porque os números são mais facilmente manipuláveis nos cálculos. No
caso de medições de nível sonoro a pressão de referência corresponde a 20Pa que é definido
como 0dB e fora definido assim porque este valor corresponde ao limiar da audição. O
cálculo do NPS é dado pela seguinte equação:
Pm
NPS 20 log [1]
P0
Onde:
17
Para MATTOS (2004), Loudness1 é o volume do som como é percebido
subjetivamente pelas pessoas. A potência acústica pode aumentar de 1,26 vezes (1dB, ou
26%), porém para o ouvido humano o volume permanece o mesmo. Pode aumentar 10 vezes
(10dB, ou 900%), mas o ouvido acha que o volume apenas dobrou. Ou ainda, a Intensidade
pode ser de 60 dB (nível de uma conversação normal), mas a 20 Hz o ouvido não percebe
nada (volume zero), pois é surdo para essa intensidade nessa frequência.
1
O termo pode ser substituído por Audibilidade que é o estudo de como nosso ouvido recebe e interpreta as
flutuações da pressão sonora associada a variações de frequência.
18
que sejam convertidos para pressão ao quadrado, somados e convertidos novamente para
decibéis, entretanto os cálculos podem ser aproximados usando-se a Tabela 2.
19
Tabela 3 – Limites máximos de nível de ruído permitido por diferentes legislações
NBR 10.152/1987 (nível de ruído para 50 dB(A) Nível sonoro para conforto
restaurantes populares) 60 dB(A) Nível sonoro aceitável para a finalidade
KUSUKAWA (2002 apud NAVARRO, 2004) apresentou uma coletânea dos níveis
de ruído máximos admissíveis em normas internacionais, através da qual se observa que o
valor de 85 dB(A), adotado pela Norma Regulamentadora (NR) 15, do Ministério do
Trabalho, encontra-se em consonância com os limites adotados em outros países.
20
Tabela 4 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente
Nível de Máxima exposição
ruído dB(A) diária permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e trinta minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Para SILVA (1971), entende-se por tempo de reverberação (TR) o tempo necessário,
para que o nível de pressão sonora de determinado ambiente seja reduzido em 60dB, a partir
do momento em que a fonte de excitação for extinta ou desligada.
Várias fórmulas analíticas vêm sendo propostas para avaliá-lo. Há mais de 100 anos,
um professor de física de Harvard chamado Wallace Sabine desenvolveu a primeira fórmula
para o cálculo do tempo de reverberação, a qual recebeu o seu sobrenome, sendo ainda
bastante útil. A fórmula de Sabine é simplesmente dada por:
0,161V
TR (60) [2]
Si i
i
Onde:
21
i – Coeficiente de absorção do material em uma dada frequência, em cada superfície Si;
V
TR 0,161 [3]
Sa 4mV
Onde:
Observe que com relação à absorção do ar, presente na fórmula para o cálculo do TR,
a mesma é sensível a temperatura, à composição atmosférica, à concentração de vapor d’água
e à frequência sonora.
Uma das importantes observações que BISFATA e BRADLEY (2000) fizeram é que
as fórmulas para o cálculo do TR se diferenciam umas das outras pelas diferentes abordagens
utilizadas, para a determinação dos coeficientes de absorção dos materiais.
S i i
Sab . i
[4]
S
22
Onde:
Inicialmente, o trabalho de Sabine foi limitado à frequência de 500 Hz, de modo que,
quando a expressão “tempo de reverberação” é usada sem especificação de uma frequência
em particular, entende-se que se refere a esta frequência. Posteriormente, seus estudos
incluíram as bandas de oitava, entre 125 e 4.000 Hz. Desse modo, torna-se necessário
especificar em que frequência o TR está sendo calculado.
EYRING (1933 apud BISFATA e BRADLEY, 2000) verificou uma falha na fórmula
de Sabine (Eq. 2), que consiste no fato de que, quando o Sab . = 1, ou seja, a absorção do
ambiente é total, o TR não é nulo. Desse modo, propôs uma fórmula de reverberação em que
o coeficiente de absorção calculado de acordo com a seguinte equação:
Onde:
Note que se substituirmos a = Eyr na Eq. (3) a mesma conduz a o valor de TR nulo
para Sab . = 1.
resultados de Eyr. maiores que 1. Desse modo, com o intuito de corrigir a fórmula de Eyring,
A fórmula de Millington é dada pela fórmula básica (Eq. 3), utilizando o seguinte
coeficiente de absorção:
23
Si ln 1 i
1
Mil. [6]
S i
Onde:
1 1
Cre. Si ln 1
S i
Sij ij
[7]
Si j
Onde:
24
Onde:
l2 l2
2 – variação da trajetória do som = ;
l2
4V
l – trajetória média do som;
S
O primeiro termo na Eq. (8) refere-se à influência das diferentes trajetórias do som,
enquanto o segundo refere-se à não uniformidade de absorção das superfícies.
Devido a este fato, uma nova formulação fora proposta por Fitzroy em que o
coeficiente de absorção é calculado por uma média ponderada das áreas, usando o coeficiente
de absorção de Eyring nas três direções ortogonais. Assim:
1
Sx Sy Sz
Fit. S
ln 1 x ln 1 y ln 1 z
[9]
Onde:
25
Baseado na experiência de Fiztroy, ARAU-PUCHADES (1988 apud BISFATA e
BRADLEY, 2000) propôs uma fórmula de reverberação em que o coeficiente de absorção é
dado pela ponderação do coeficiente de absorção de Eyring em cada uma das principais
direções, conforme segue:
ArP. ln 1 x ln 1 ln 1
Sx S
y
Sy S
z
Sz S
(1)
Onde:
É importante destacar que nos ambientes das salas de aula simuladas, o menor tempo
de reverberação não fora alcançado pela configuração que possuía maior quantidade de
material absorvente, com 100% do teto revestido, e sim na configuração com 50% de
26
revestimento do teto nas configurações em que esse percentual foi arranjado em torno do
limite superior das paredes e formando um anel ao redor do teto. Desta forma, observou-se
ainda que quando o material absorvente era disposto concentrado em determinadas áreas da
sala tende a produzir tempos de reverberação mais longos que aqueles obtidos quando a
mesma quantidade de material é aplicada seguindo uma certa distribuição.
O fato de não garantir que o campo sonoro difuso no ambiente de salas de aula, fez
com que BISFATA e BRADLEY (2000) não fossem conclusivos neste estudo comparativo,
não destacando, dentre as fórmulas analisadas, a mais apropriada para o ambiente estudado,
pois todas as fórmulas se revelaram inconsistentes para o cálculo do TR em ambientes cujo
campo sonoro não é difuso.
27
Absorção sonora consiste em reduzir a reflexão sonora que incide sobre uma
superfície. A energia sonora absorvida pelo material é parcialmente dissipada, como energia
térmica, e parcialmente transmitida, transmissão essa quer seja através de energia refletida ou
através de energia transmitida pela estrutura do material ao outro meio no qual está inserido o
material.
Transmissão é a propriedade sonora que permite que o som passe de um lado para
outro de uma superfície, continuando sua propagação. Fisicamente, o fenômeno tem as
seguintes características: a onda sonora ao atingir uma superfície, faz com que a mesma vibre,
transformando-a em uma fonte sonora. Assim, a superfície vibrante passa a gerar som em sua
outra face.
Quando uma onda sonora incide sobre um obstáculo, três situações são possíveis de
ocorrer, são elas: 1) a onda sonora é transmitida através do material; 2) a onda sonora pode ser
absorvida pelo obstáculo; e 3) a onda sonora poderá ser refletida. De modo que essas
situações podem ocorrer individualmente, simultaneamente ou em combinações de duas
dessas situações.
28
Tabela 5 – Coeficiente de absorção acústica
29
3. GERAÇÃO DE RESÍDUO DE EVA E A PRODUÇÃO DE PLACAS
CIMENTÍCIAS COM RESÍDUO DE EVA
Ano
2002 2006 2007*
ESTADOS
Pares Parcela de Pares Parcela de Pares Parcela de
(MILHÕES) Mercado (%) (MILHÕES) Mercado (%) (MILHÕES) Mercado (%)
RIO GRANDE DO SUL 115 70% 81 47% 14,8 44,5%
SÃO PAULO 15 9% 17 10% 2,5 7,6%
CEARÁ 24 15% 45 26% 10,9 32,8%
BAHIA 5 3% 6 3% 0,7 2,2%
PARAÍBA 3 2% 18 10% 2,8 8,5%
MINAS GERAIS 1 1% 1 1% 0,3 1,0%
PERNAMBUCO 1 1% 5 3% 0,7 2%
Fonte: Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (2007)
30
A Paraíba obteve um crescimento aproximadamente linear (Figura 1) na sua parcela
de mercado, com um incremento contínuo no volume de produção de pares de calçados,
conforme pode ser observado no gráfico a seguir, representando assim uma maior geração de
resíduos industriais que tem fundamental importância no tema abordado na presente pesquisa.
12
Parcela de Mercado exportações(%)
10
10
8 7,4
6 5,1
4 3,2
2
2
0
2002 Brasileira
Fonte: Associação 2003 das Indústrias
2004 de2005
Calçados2006
(2006)
31
GREVEN, 1997) propõe critérios de avaliação baseados nos estudos da Réunion International
des Laboratories d’Essais et Matériaux (RILEM).
O EVA é obtido por polimerização, via radicais livres, do Etileno com Acetato de
Vinila em reatores de alta pressão. Sua elevada homogeneidade na concentração de acetato de
vinila garante estabilidade no processamento, assegurando qualidade uniforme no produto
final, que tem como principais características: alta elasticidade, flexibilidade, resistência
mecânica, soldabilidade, elevada resistência à quebra, sob tensões ambientais e a baixas
temperaturas (TECPAR, 2005).
32
Os resíduos de EVA são gerados em dois processos distintos, sendo uma no processo
de fabricação de placas expandidas e a outra no processo de fabricação do calçado
propriamente dito.
33
de acabamento, sendo esses reaproveitados da mesma forma que os gerados no processo de
fabricação das placas expandidas.
34
Figura 4 - Etapa do processo de reciclagem de sobras em forma de aparas
GARLET (1998) afirma que várias indústrias os depositam em áreas a céu aberto,
causando problemas ambientais, como poluição visual, proliferação de insetos e pequenos
animais, além de existir uma ameaça constante de combustão do material. Por outro lado,
algumas indústrias depositam esses resíduos em aterros clandestinos, situados em locais de
difícil acesso, de modo a evitar fiscalizações dos órgãos competentes. A falha na fiscalização
tem contribuído para esse tipo de comportamento das indústrias, sobretudo aquelas que geram
grandes volumes de resíduos.
Algumas empresas estocam seus resíduos em galpões (Figura 5), porém essa opção
tem limitação, pois o volume de resíduo ultrapassa a capacidade de armazenamento dos
mesmos e passam então a serem estocados em pátios, e assim sucessivamente, tornando-se
um problema de gravidade crescente e com limitações de áreas que as empresas possuem.
35
Fonte: BEZERRA (2002)
De acordo com BEZERRA (2002), outras indústrias estão negociando seus resíduos
com as indústrias de cimento, na tentativa de livrar-se deles. Essas por sua vez aproveitam o
potencial combustível do resíduo para alimentar os fornos rotativos na fabricação de clínquer.
Assim sendo, essa solução não se mostra sustentável, pois o que ocorre é apenas uma
transferência de problema de uma localidade para outra. Cabe então estudar alternativas
sustentáveis de reaproveitamento dos resíduos produzidos.
36
Figura 6 – Detalhe das malhas das peneiras e do agregado artificial de EVA
Tabela 7 – Malhas das peneiras com respectivas dimensões máximas dos agregados obtidos e
produção
37
Malha da Dmáx do
Peneira Produção de Agregado
Agregado
(mm) (mm) (dm3/h) (kg/h)
15 12,5 380 45
9,5 9,5 190 25
6 4,8 70 10
Fonte: BEZERRA (2002)
38
4. O RESÍDUO DE EVA COMO MATERIAL ABSORVENTE ACÚSTICO
Definiu-se então que as placas fossem confeccionadas medindo 31x31cm, pois desta
forma o conjunto de quatro destas placas, quando montadas, corresponderia a uma placa de
gesso, pois haveria uma superposição de 1 cm entre as placas para encaixe, resultando assim
nas dimensões de uma placa de gesso, conforme apresentado na Figura 8.
39
Figura 8 - Esquema de montagem dos forros
1 Legenda:
1 – Laje de teto
2
2 – Arame de
fixação/suspensão
3 – Forro com placas de
3
material alternativo
4 – Forro de gesso perfurado
Figura 9 – Forro em lã de rocha envolta em sacos plásticos preto sobre estrutura de grades em
madeira utilizada no Aeroporto Internacional dos Guararapes – Recife/PE
40
4.1. Espessura das placas
c
[10]
f
41
Conforme descrito anteriormente, a espessura do material está correlacionada com o
comprimento de onda sonora, de modo que apresente melhores resultados quanto ao
coeficiente de absorção sonora, pela equação 11 expressa a seguir:
e 0,25 [11]
Para uma espessura das placas de 2,00cm, irá corresponder a uma melhor absorção
para as frequências superiores a 4 kHz, se a mesma for instalada junto ao substrato
(parede/teto/piso), porém se usada a mesma placa afastada de 0,25 do substrato a mesma terá
sua eficiência aumentada em faixas de frequência inferiores a 4 kHz, conforme descrito
anteriormente. Importante lembrar que existem outros parâmetros, além da espessura do
material, que tem relação direta com o coeficiente de absorção sonora, conforme citados
anteriormente.
42
5. MEDIÇÃO DE ABSORÇÃO SONORA EM CÂMARA REVERBERANTE
43
de métodos in situ, que não tem valor superior a unidade. Essa definição não se aplica a
amostra de teste como objetos, cadeiras, etc.
Características
Volume 200,55 m³
Área 217,78 m²
Forma parede não paralelas
Difusores 20 m² de difusores em chapa de aço com áreas
de 2,4 m², 1,4 m² e 1,2 m². Massa por unidade
de área igual a 5,2 kg/m²
44
Figura 11 - Planta baixa laboratório reverberante da UFPB (câmara reverberante), sem escala
45
Figura 12 - Corte esquemático laboratório reverberante
A norma ISO 354 recomenda que nas novas instalações (câmaras) o volume mínimo
interno das mesmas seja de 200m³, entretanto volumes superiores a 500 m³ não devem ser
utilizados, pois podem comprometer os resultados obtidos, principalmente nas frequências
mais altas, tendo em vista que a absorção do ar passa a ser significativa. Conforme
discriminado na Tabela 8, esse requisito está prontamente satisfeito nas instalações da câmara
reverberante da UFPB.
Onde, lmax é o comprimento da maior linha reta que pode ser traçada entre os
contornos da sala, por exemplo, a maior diagonal no caso de câmara retangular, e V é o
volume da câmara, em m³, sendo aquela medida nos contornos em planta baixa.
Da Figura 11, tem-se que lmax é igual a 10,56 m, sendo o volume dado na Tabela 8,
logo a câmara reverberante atende à condição apresentada na Eq. 12, estando assim dentro
dos critérios exigidos por norma.
46
Tabela 9 – Área de absorção sonora equivalente máxima para câmara de volume V=200m³
É recomendado que a amostra tenha forma retangular com uma relação entre o
comprimento e a largura entre 0,7 e 1,0. A mesma deverá ser disposta afastada de no mínimo
1,0 m das bordas das paredes da câmara, e tal que preferencialmente as bordas não estejam
paralelas à parede mais próxima. Sendo assim a amostra deve ficar posicionada no interior da
área hachurada mostrada na Figura 13.
47
Caso as amostras sejam colocadas diretamente sobre uma superfície da câmara, suas
bordas devem ser totalmente cobertas por uma moldura de seção retangular construída de
material acusticamente reflexivo e, em geral, de espessura inferior a 2 cm. A mesma não deve
estender-se acima da amostra e nem deve apresentar folgas em relação à superfície da câmara
onde está sendo montada. Utilizou-se no presente trabalho molduras confeccionadas em
alumínio.
Algumas condições ambientais devem ser satisfeitas para a realização dos ensaios,
uma delas determina que a umidade relativa do ar no interior da câmara deve ser maior que
40%.
48
Essa diferença determina a área de absorção sonora equivalente correspondente à amostra
ensaiada.
De acordo com ARAÚJO (2002), Sabine em sua metodologia para realizar o estudo
sobre a duração da audibilidade do som residual em 1895, montou um sistema de medição
que incluía um tubo de órgão com frequência de 512 Hz, alimentado através de um tanque
com ar comprimido e controlado por uma válvula eletro-pneumática sincronizada a um
cronômetro de boa qualidade. Acionando e desligando o tubo de órgão, Sabine conseguiu
medir a duração da audibilidade residual ou o tempo para que o nível de som na sala atingisse
o nível de ruído de fundo, ou nível de audibilidade mínima.
ARAÚJO (2002) ainda destaca que é importante observar que os volumes das salas
utilizadas nesta fase da investigação eram da ordem de 1500 m³. Sendo assim, os fenômenos
relacionados à ressonância e modos de normais de vibração praticamente inexistiam,
principalmente na frequência utilizada durante a realização dos experimentos. Dessa forma
seria de se esperar desvios espaciais baixos, como os encontrados por Sabine.
49
ARAÚJO (2002) destaca ainda que a “definição de tempo de reverberação utilizada
até hoje, como o tempo necessário para que a energia sonora na sala seja reduzida em
1.000.000 de vezes, 60 dB, após a fonte sonora ter sido abruptamente desligada, é resultado
destes estudos. Aplicando as condições iniciais à solução da equação para a reverberação na
sala, Sabine conseguiu determinar quantas vezes a energia inicial do teste para um tubo de
órgão era maior que a correspondente ao nível mínimo de audibilidade”.
Experimentos diversos foram realizados por Sabine, esses realizados com conjuntos
de tubos diferentes cobrindo uma faixa de frequências de menos de 100 Hz até em torno de
4000 Hz, ampliando assim a aplicação de sua expressão. Ressalta-se que os experimentos
eram realizados baseados na percepção do som pelo sistema auditivo, aferindo assim realismo
aos resultados obtidos, visto que esses estudos pretendiam resolver problemas acústicos de
salas. Há de ser considerado que Sabine utilizou materiais com baixa absorção em salas
consideravelmente reverberantes, levando cerca de 8 segundos para atingir a condição de
audibilidade mínima em 512 Hz, situação em que, mesmo se utilizados sinais para excitação
da sala em banda larga de frequências, os desvios observados são sempre pequenos, uma vez
que não foram introduzidos materiais altamente absorventes normalmente responsáveis por
comprometer a difusão do campo sonoro durante o decaimento.
55,3V
A1 4Vm1 [13]
cT1
50
normas ISO 9613-1 (1993) e ISO 9613-2 (1996), para as condições ambientais da câmara sem
amostra. Essa formulação é a mesma desenvolvida por Sabine.
55,3V
A2 4Vm2 [15]
cT2
1 1
4V m2 m1
55,3V
Aa [16]
c T2 T1
Se mantidas as condições ambientais dentro dos limites estabelecidos pela Tabela 10,
o termo correspondente aos coeficientes de absorção do ar na Eq. 16 pode ser ignorado. O
coeficiente de absorção sonora do material, s, é obtido pela divisão da equação 16 pela área
do mesmo, tem-se então:
Aa
s [17]
Sa
Note-se que a norma ISO 354:2003 propõe que a área de absorção sonora
equivalente seja calculada ignorando a área do piso coberta pela amostra. Há apenas um
51
pequeno erro nos cálculos ao se desprezar a absorção da área coberta pelo material de ensaio,
pois esse valor é sensivelmente menor do que o dos materiais de absorção normalmente
utilizados. Um erro maior, todavia, resultaria certamente se fosse utilizado o coeficiente de
absorção sonora da área coberta calculado a partir do tempo de reverberação da câmara vazia,
onde esse tempo depende não somente da absorção das paredes, mas também da absorção de
outros objetos (como porta, alto-falantes, luminárias), da dissipação da energia sonora no ar e
das vibrações de paredes e do teto. Sendo assim o coeficiente de absorção sonora da
superfície coberta não corresponderia apenas ao material que a constitui, e sim de outros
elementos, conforme citados, que interferiram na determinação do coeficiente de absorção
sonora das superfícies da câmara.
55,3V 1 1
a [18]
Sac T2 T1
Uma expressão alternativa, porém mais rigorosa, que leva em conta a área de
absorção sonora coberta pela amostra de ensaio, pode ser obtida conforme o procedimento a
seguir, o qual tem os efeitos de absorção do som desprezado, considerando as condições
ambientais mantidas dentro dos padrões estabelecidos na Tabela 10.
55,3V
T1 [19]
cS vs
Onde S é a área total das superfícies da câmara, e vs é seu coeficiente de absorção
sonoro médio calculado pela equação a seguir:
A1 S vs S11 S 2 2 S n n
[20]
Onde S1, S2, ..., Sn são as áreas de cada superfície da câmara, em m², com coeficientes
de absorção sonora médios respectivamente 1, 2, ..., n.
52
55,3V
T2 [21]
cS S a vs S a a
55,3V 1 1
a vs [22]
cS a T2 T1
A diferença entre as expressões da norma ISO 354 (Eq. 18) e a Eq. 22 está
exatamente na parcela correspondente ao coeficiente de absorção sonora médio da câmara
sem a amostra, vs.
53
omnidirecionais, ou seja, ter as mesmas propriedades em todas as direções, embora não sejam
estabelecidos pela norma ISO 354 os critérios para avaliação dessa característica de ambos
transdutores. Teoricamente, segundo o princípio da reciprocidade, que se aplica ao campo
sonoro em um ambiente, se as posições da fonte e do microfone forem permutadas, a pressão
sonora deveria ser a mesma. Experimentalmente, essa expectativa não se confirma em todos
os casos.
A norma ISO 354 recomenda que as posições do microfone devem estar separadas
por pelo menos 1,5 m, distantes 2,0 m das posições da fonte e 1,0 m afastadas de quaisquer
superfícies da câmara, da amostra ou dos difusores. Segundo o texto atual da norma ISO 354,
pelo menos duas posições de fonte devem ser utilizadas. Embora nenhuma sugestão para a
localização da fonte esteja disponível na ISO 354, é muito comum se instalar a fonte sonora
nos cantos da sala, uma vez que nessa posição a probabilidade de inúmeros modos acústicos
da sala serem excitados é maior que nas demais posições.
a) doze decaimentos de 100 Hz a 250 Hz (por exemplo, dois para cada uma de
seis combinações de fonte/microfone);
b) nove decaimentos de 315 Hz a 800 Hz (por exemplo, três para cada uma de
três combinações de fonte/microfone);
c) seis decaimentos de 1000 Hz a 5000 Hz (por exemplo, dois para cada uma de
três combinações de fonte/microfone).
Um ruído de banda larga ou de banda larga filtrado em 1/1 de oitava deve ser
utilizado para alimentar uma fonte composta por alto-falantes que gere ondas sonoras em
várias direções. Quando for utilizado um sinal de banda larga e um analisador de tempo real,
o espectro do ruído usado deve ser tal que as diferenças no nível de pressão sonora na sala
devem ser menores que 6 dB nas bandas de 1/1 de oitava adjacentes.
De acordo com ARAÚJO (2002), de maneira geral, pode-se dizer que o nível de
pressão sonora, ou a pressão sonora na câmara é o resultado da convolução da função de
transferência entre uma certa posição dos centros acústicos da fonte e do microfone com a
pressão sonora gerada pela fonte em seu centro acústico, ou seja o resultado do acoplamento
entre as posições dos microfones e da própria fonte.
ARAÚJO (2002) afirma ainda que essa função de transferência muda com a
introdução de uma amostra na sala, cujo coeficiente de absorção é diferente nas diversas
55
bandas de 1/3 de oitava do teste e, consequentemente, o nível sonoro nessas bandas de
frequência também muda, de forma que uma fonte que atendesse as exigências de norma com
a câmara sem amostra poderia deixar de atendê-las com sua presença na sala.
O sinal de excitação deve ter um tempo de duração de pelo menos metade do valor
estimado para o tempo de reverberação, para que o nível de pressão sonora na sala atinja o
valor de regime permanente.
São sugeridos dois métodos para o cálculo do valor médio dos tempos de
reverberação para cada posição do microfone: o método da curva de decaimento média,
obtida segundo a Eq. 23, com o posterior ajuste de uma reta (mínimos quadrados) para o
cálculo do tempo de reverberação, e o método do cálculo do tempo de reverberação médio a
partir dos valores médios calculados para cada um dos grupos de decaimentos obtidos.
1 N L pn t
L p t 10 log 10 10 [23]
N n1
Na Eq. 23, Lp(t) é o nível de pressão sonora no tempo t calculado para o número total
N de decaimentos e Lpn(t) é o nível de pressão sonora do enésimo decaimento no tempo t.
A norma ISO 354 informa que em laboratórios de ensaios ambos os métodos levam
ao mesmo resultado do tempo de reverberação médio da câmara reverberante. O primeiro
método de cálculo foi o adotado neste trabalho, onde o tempo de reverberação médio da
câmara será obtido através da curva de decaimento média das medições realizadas.
A faixa usada não deve ser menor do que 20 dB, no caso do T20, e 30 dB, para o T30,
nem tão grande que o decaimento observado não possa ser aproximado por uma linha reta, em
outras palavras, o T20 corresponde o tempo de decaimento para 20 dB, enquanto o T30
equivale ao tempo de decaimento de 30 dB. O fundo dessa faixa deve ser de pelo menos 10
56
dB acima do nível de ruído de fundo combinado da câmara reverberante e do equipamento de
gravação para cada banda de oitava.
Embora o grau de difusão sonora seja a condição mais importante a ser atendida para
a validação dos resultados obtidos na medição da absorção sonora de materiais em câmaras
reverberantes, sua definição, bem como métodos para sua avaliação ainda não estão
satisfatoriamente consolidados.
Cabe observar que os graus de difusão necessários para a validação da norma não são
fixados quantitativamente, como inclusive os meios de verificá-los não são normalizados. A
seguir serão apresentados alguns tipos de dispositivos difusores, bem como as recomendações
da norma ISO 354 no que concerne à verificação da difusibilidade na câmara reverberante.
57
5.6.1. Dispositivos utilizados para atingir um grau de difusão sonora adequado
De acordo com ARAÚJO (2002), Sabine, em seus experimentos realizados por volta
da década de 30, desenvolveu formulações para a reverberação, e estudou a influência de
corpos de forma cilíndrica na difusão do campo sonoro.
A partir desses estudos, Sabine praticamente iniciava uma série de pesquisas que
continuam a se desenvolver até a atualidade para se avaliar melhor o grau de difusão e tentar
uma relação com valores medidos da absorção sonora.
A eficiência da utilização de salas com paredes não paralelas parece dificultar mais
os cálculos teóricos (SCHULTZ, 1971 apud ARAÚJO, 2002) do que ajudar a difusão sonora
na sala (DAMMIG, 1991 apud ARAÚJO, 2002).
58
5.7. Critérios da norma ISO 354
A norma ISO 354 permite que sejam utilizados difusores estáticos ou rotativos, desde
que esses comprovem a mesma eficácia daqueles. Ambos devem ser compostos por placas
com material de baixo coeficiente de absorção e com massa por unidade de área de no
mínimo 5kg/m².
A norma ISO 354 prevê que a adequação é obtida através da instalação sucessiva de
difusores estáticos, em conjuntos de 5 m², até que o coeficiente de absorção sonora médio
(calculado de 500 a 4000 Hz) medido para uma amostra de ensaio com coeficiente de
absorção maior que 0,9 na faixa de frequências de 500 a 4000 Hz se estabilize.
59
6. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Definidas as formas das placas fabricadas com resíduo de EVA e matriz cimentícia, a
etapa seguinte seria a definição dos traços para produção das mesmas.
o 1 : 1,7
o 1 : 2,0
o 1 : 1,7
o 1 : 3,4
o 1 : 5,1
o 1 : 6,8
60
Os moldes utilizados para a produção das placas estão apresentados nas figuras 14 e
15, de forma esquemática quanto a montagem dos mesmos.
Figura 14 - Vista superior e corte da fôrma dos protótipos (sem escala), medidas em
centímetros
61
Figura 15 - Esquema de montagem dos moldes dos protótipos (sem escala)
62
6.1.1. Materiais utilizados
Utilizou-se cimento Portland tipo CPII-Z-32, sendo esse atualmente um dos mais
utilizados na região.
Foram coletados dois lotes (lotes A e B) contendo agregados leves de EVA que
foram ensaiados conforme estes procedimentos.
63
Figura 16 - Massa unitária no estado solto do agregado de EVA
0,25
0,2
0,138
0,15
0,1
0,05
0
A B
Lotes
Observe que a massa unitária dos dois lotes apresentou uma variação de cerca de
113%, sendo esse um fator determinante na definição do traço ser dado em volume, pois caso
fosse utilizado o traço em peso, o mesmo iria apresentar uma variação na sua constituição,
sendo negativa para o estudo em questão, uma vez que objetivasse verificar a influência dessa
dosagem no coeficiente de absorção sonora. Se a dosagem fosse dada em peso, caso se
produzisse dois lotes de placas com mesmo traço em peso, porém utilizando agregados dos
dois lotes, esses iriam se apresentar completamente distintos, pois sua composição em volume
seria dada de forma que uma seria o dobro da outra.
64
Figura 17 - Curva granulométrica dos agregados de EVA
65
O tempo de imersão foi determinado em 15 minutos. Segundo BEZERRA (2002),
este tempo é necessário para garantir uma absorção de cerca de 35%. O fator
água/aglomerante adotado foi de 0,50.
66
Figura 20 - Pré-mistura do agregado e 1/2 do aglomerante
67
6.1.2.3. Moldagem das placas
68
Figura 24 - Colocação da argamassa sobre o molde
69
Confeccionadas as primeiras placas com o agregado de EVA sem correção
granulométrica, observou-se uma dificuldade de moldagem dos encaixes das placas, uma vez
que o agregado apresentava dimensão máxima característica de 6,3 mm. Fez-se então uma
correção granulométrica utilizando os seguintes critérios:
M sat M s
Iv 100 [24]
M sat M i
Na Eq. 24, Msat é a massa do corpo-de-prova saturado em água com superfície seca,
Ms é massa do corpo de prova seco em estufa e Mi a massa do corpo-de-prova saturado,
imerso em água.
71
h, onde a amostra deve ser mantida com 1/3 de seu volume imerso nas
primeiras 4 h e 2/3 nas 4 h subseqüentes, sendo completamente
imerso nas 64 h restantes.
p
R [25]
u´b
De maneira a se obter tal parâmetro, adaptou-se o procedimento determinado na
norma NBR 8517:2003 – Espuma flexível de poliuretano – Determinação da passagem de ar
através da espuma – sendo esse o procedimento disponível nas normas nacionais.
72
Essa norma descreve o método para determinação da passagem de ar através das
espumas flexíveis de poliuretano. A facilidade com que o ar passa através da espuma pode ser
empregada como uma medida indireta de certas características de estrutura celular da espuma.
Porém, para a aplicação que está sendo realizada neste trabalho, a mesma apresenta-se como
solução, pois o princípio dessa norma consiste em se sujeitar um corpo-de-prova de espuma
flexível a um diferencial de pressão de ar constante e pré-especificada. A taxa de fluxo de ar
necessária para manter este diferencial de pressão é dada como valor de passagem de ar, em
centímetros cúbicos por segundo, estando tal procedimento relacionado com a definição da
resistividade ao fluxo de ar citado anteriormente.
73
Devem ser ensaiados no mínimo três corpos-de-prova.
460 T 14,7
Vact Vstd [26]
460 70 P
74
Figura 27 – Desenho esquemático dos pontos de medição de velocidade do fluxo e respectivas
áreas de influência (medidas em centímetros)
Área de
Ponto de Área
influência
medição influência
(cm²)
P1 A1 110,25
P2 A2 73,50
P3 A3 110,25
P4 A4 73,50
P5 A5 49,00
P6 A6 73,50
P7 A7 110,25
P8 A8 73,50
P9 A9 110,25
TOTAL 784,00
75
Figura 28 - Equipamentos utilizados na medição do fluxo de ar
Ponto de tomada de
Equipamento Túnel pressão à montante
de Vento
Estrutura de suporte da
amostra Anemômetro fio quente
P1 P2 P3
P4 P5 P6
P7 P8 P9
Pontos de medição
Amostra de ensaio
76
Figura 30 - Esquema de montagem da amostra no túnel de vento utilizado para medição do
fluxo de ar
Estrutura de suporte
Pontos de medição
Amostra de ensaio
O resultado expresso deve ser a média aritmética dos três ensaios efetuados, que
devem ser substituídos na Eq. 26 e expressos na unidade definida como Rayl/m (ou Ns/m4).
GERGES (1992) afirma que para os materiais de alta porosidade a relação entre o
coeficiente de absorção acústica n , para onda incidente normal, e a resistividade ao fluxo, é
dada pela Eq. 1.1-2 abaixo:
4k
n [27]
k 12 2
Onde:
0 , 754
f
k 1 0,0571 0 [28]
R
77
0, 732
f
0,0870 0 [29]
R
78
Figura 31 - Disposição da amostra de placas de compostas de cimento e EVA na câmara
reverberante
79
Definidas as posições onde foram colocadas as amostras, partiu-se para a locação das
posições das fontes geradoras do ruído e dos microfones receptores. A norma ISO 354
recomenda que as posições do microfone devem estar separadas por pelo menos 1,5 m,
distantes 2,0 m das posições da fonte e 1,0 m afastadas de quaisquer superfícies da câmara, da
amostra ou dos difusores. Foram utilizadas três posições de fonte e quatro posições de
microfone, medindo-se dois decaimentos em cada posição do microfone, totalizando vinte e
quatro decaimentos em cada ciclo de medição do tempo de reverberação. Atendendo a essas
recomendações os mesmos foram dispostos conforme Figuras 33, tomando-se por base a
configuração que continha a amostra de SONIQUE CLASSIC 50C, por esta ocupar uma área
maior na câmara e dessa forma compor o cenário mais desfavorável.
80
Figura 33 - Posição da fonte sonora e microfone no interior da câmara reverberante
81
O equipamento de medição utilizado foi INVESTIGATOR 2260 D, fabricado pela
Brüel & Kjaer, o qual além de gerar o sinal (ruído) de banda larga, também funciona como
receptor e analisador do som recebido, determinando o tempo de reverberação e as curvas de
decaimento do ruído em cada faixa de frequência pré-determinada pelo usuário.
O método utilizado nas medições foi o do ruído interrompido, que tem seu ciclo
representado esquematicamente na Figura 35 a seguir.
82
Figura 35 - Ciclo de medição típica do tempo de reverberação para o método do ruído
interrompido (Adaptado de Brüel e Kjaer, 2003)
83
O nível é então medido aproximadamente 1 segundo após a etapa anterior
para identificar o nível de referência 0 dB.
84
A verificação da difusividade da câmara é uma exigência normativa, que objetiva
uma homogeneidade nos resultados obtidos nas mais diversas câmaras reverberantes. O
procedimento para realizar tal verificação consiste nos seguintes procedimentos:
85
superficial de 5,0 m² em cada lado dos difusores. As dimensões e formas dos difusores estão
apresentadas nas Figuras 37 a 39 a seguir.
Figura 37 - – Planta esquemática dos difusores estáticos nas dimensões 1,20 x 1,00m
(medidas em metros)
86
Figura 38 - Planta esquemática dos difusores estáticos nas dimensões 1,40 x 1,00m (medidas
em metros)
87
Figura 39 - Planta difusores estáticos nas dimensões 2,00 x 1,20m (medidas em metros)
88
A fim de se obter a calibração da câmara quanto à difusão do campo sonoro em seu
interior, realizou-se o ensaio sem amostra e sem difusores de modo a se obter o tempo de
referência para o cálculo do coeficiente de absorção sonora do material que seria
posteriormente ensaiado. Neste momento foram medidas as condições ambientais,
temperatura e umidade, de modo a verificar durante todo o procedimento de ensaio as
variações ocorridas que podem levar a uma correção nos resultados, casos as mesmas não
fiquem dentro dos limites expressos na Tabela 10. A Figura 40 apresenta o aparelho, da marca
Brunton, que mede pressão atmosférica, umidade relativa do ar e temperatura ambiente, sendo
este equipamento utilizado para fazer tais medição. Observar na parte inferior os valores de
umidade relativa e temperatura do ar medidos, estes necessários ao ensaio realizado.
89
Figura 41 - Montagem da amostra de referência no interior da câmara
90
Figura 43 - Câmara contendo amostra de referência e sem difusores
Realizada essa etapa, foi então instalado um conjunto de três difusores estáticos,
conforme apresentados anteriormente, perfazendo uma área 5,0 m² de cada lado da superfície
dos mesmos, conforme Figuras 45 e 46, e em seguida foi medido o novo tempo de
reverberação da câmara nessa configuração.
91
Figura 45 - Instalação de difusores estáticos
92
Figura 47 - Câmara com 20 m² de difusores instalados vista lateral em relação a porta
Tendo agora o campo sonoro como sendo difuso, prosseguiu-se a determinação dos
coeficientes de absorção sonora das amostras confeccionadas com cimento e EVA.
Inicialmente mediu-se o tempo de reverberação da câmara sem amostra, fazendo os mesmos
procedimentos anteriormente adotados, tomando-se esse novo tempo como sendo a referência
93
para a determinação dos coeficientes de absorção. Esses valores serão apresentados
posteriormente.
94
Figura 51 - Detalhe da borda da amostra no traço 1:3,4 (cimento:EVA) protegida com
material reflexivo (alumínio)
95
Figura 53 - Detalhe da borda da amostra no traço 1:1,7 (cimento:EVA) protegida com
material reflexivo (alumínio)
96
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 12 - Índice de vazios traço 1:1,7 e 1:2,0 (cimento:EVA) sem correção granulométrica
Tabela 13 – Índice de vazios traço 1:1,7 e 1:3,4 (cimento:EVA) com correção granulométrica
Os traços 1:5,1 e 1:6,8, não foram ensaiados quanto ao índice de vazios. O primeiro
traço devido a problemas ocasionados durante o ensaio que não foi possível obter-se a massa
do material seco em estufa e o segundo traço devido ao fato das amostras produzidas, pois as
mesmas tornaram-se quebradiças até mesmo quando sujeitas a esforços do seu próprio peso.
97
Observa-se que após realizar a correção granulométrica do granulado de EVA
materiais houve um ganho médio de aproximadamente 13,00% no índice de vazios,
comparando-se os dados dos compósitos produzidos nos traços 1:1,7.
No que se refere aos traços 1:1,7 e 1:3,4 com correção granulométrica, houve um
acréscimo de cerca de 3,32% no índice de vazios, no comparativo entre esses dois traços,
porém esse baixo percentual em relação ao aumento no traço pode ter ocorrido devido ao fato
das placas confeccionadas no traço 1:3,4 possuir poros que iam de uma face a outra da placa,
o que praticamente não ocorria no traço 1:1,7. Sendo assim quando as mesmas eram pesadas
na condição saturada com superfície seca, a água contida nesses poros escorria e dessa forma
não era contabilizado esse valor adicional, sendo esse fenômeno observado visualmente
quando da realização dos ensaios. Os resultados obtidos no ensaio de determinação do índice
de vazios estão apresentados graficamente na Figura 54 a seguir.
Figura 54 - Índice de vazios das amostras nos traços 1:1,7 e 1:2,0 sem correção
granulométrica, e 1:1,7 e 1:3,4 com correção granulométrica
98
7.1.2. Resistividade ao fluxo de ar
Figura 55 – Instalação da amostra no túnel de vento com fluxo direcionado por canal
prismático
99
De modo a representar a situação real em que essas placas irão funcionar, optou-se
pela retirada desse canal, pois quando as mesmas forem instaladas e postas em funcionamento
esse canal direcionador fisicamente não irá existir.
Observa-se que houve uma diferença significativa entre as resistividades ao fluxo das
amostras confeccionadas no traço 1:1,7 e 1:3,4, ambos com correção granulométrica.
Entretanto a mesma taxa de crescimento não se deu entre os traços 1:3,4 e 1:5,1 com correção
granulométrica, uma vez que o aumento na relação aglomerante/agregado é mesma que no
primeiro caso.
100
Figura 56 - Coeficiente de absorção sonora obtidos a partir da resistividade ao fluxo de ar
1,20
Coeficiente de absorção sonora
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
125 250 500 1000 2000 4000 8000
Freqüência (Hz)
1:1,7 sem correção granulométrica 1:2,0 sem correção granulométrica
1:1,7 com correção granulométrica 1:3,4 com correção granulométrica
1:5,1 com correção granulométrica
Dessa forma a Figura 56 apresenta uma estimativa matemática dos valores dos
coeficientes de absorção acústica, obtidos a partir da determinação da resistividade ao fluxo
de ar da placa.
101
4000 Hz, e representá-los graficamente em função da área de difusores instalados a cada
medição. Na Tabela 15 apresenta-se os tempos de reverberação obtidos nas diversas
configurações utilizadas durante o procedimento de calibração, enquanto na Tabela 16
apresenta-se os valores do coeficiente de absorção sonora obtidos durante o procedimento de
calibração da câmara, e na Figura 57 representa-se a média dos coeficientes nas faixas de 500
a 4000 Hz em função da área de difusores instalados. A amostra de referência utilizada foi a
espuma acústica SONIQUE CLASSIC 50C, conforme descrito no capítulo referente a
metodologia experimental.
102
Figura 57 – Coeficiente de absorção sonora da amostra de referência em função da área de
difusores estáticos instalados no interior da câmara
1,00
Coeficiente de absorção sonora
0,90
0,88 0,90
0,80
0,80
0,71
0,70
0,60
0,52
0,50
0 5 10 15 20
Área dos difusores (m²)
Com uma área, em cada face, de 20 m², o valor do coeficiente de absorção sonora da
amostra de ensaio permaneceu praticamente constante com variações em torno de 1,5%,
quando a tendência de variação até a instalação de 15 m² de difusores era superior a 10%.
Logo, conforme os critérios da norma ISO 354:2003, o número ótimo de difusores
corresponde à área de 20 m², e dessa forma o campo sonoro no interior da câmara é dito
difuso.
103
Figura 58 - Coeficiente de absorção sonora do material absorvente de referência nas faixas de
125 a 8000 Hz em função da área de difusores instalados
1,10
Coeficiente de absorção sonora
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
125 250 500 1000 2000 4000 8000
Freqüência (Hz)
Importante destacar que os ensaios foram realizados dentro das condições ambientais
recomendadas na Tabela 10, não necessitando assim de correções nos valores obtidos.
104
7.1.4. Coeficiente de absorção sonora dos protótipos ensaiados em câmara
reverberante
T 2 Prom edio dB
80
40
8k
4k
2k
1k
500
250
0 2 4 6 8 10 12 14
125
s Hz
Da mesma forma foram então ensaiadas as amostras no traço 1:1,7 com correção
granulométrica, sendo esse realizado nas mesmas condições de temperatura e umidade as do
traço 1:3,4 e dentro dos limites estabelecidos na Tabela 10, os resultados obtidos em ambos
ensaios estão apresentados nas Tabelas 18 e 19, e comparados graficamente na Figura 60.
105
Tabela 18 – Tempo de reverberação de referência e com amostras nos traços 1:1,7 e 1:3,4
com correção granulométrica
Tabela 19 – Coeficiente de absorção sonora das amostras nos traços 1:1,7 e 1:3,4 com
correção granulométrica
Figura 60 – Coeficiente de absorção sonora das amostras traços 1:1,7 e 1:3,4 com correção
granulométrica
Coeficiente de absorção
0,65
0,61
0,55
0,51
0,45
0,39
0,35
0,28 0,33
0,28
0,25
0,17
0,15
0,15
0,09
0,02 0,04
0,05 0,04
0,01
0,00
-0,05
125 250 500 1000 2000 4000 8000
Freqüência (Hz)
106
Figura 61 – Multi-espectro para curvas médias de decaimento da câmara com amostra 1:1,7
com correção granulométrica
T 2 Prom edio dB
80
40
8k
4k
2k
1k
500
250
0 2 4 6 8 10 12 14
125
s Hz
Figura 62 - Multi-espectro para curvas médias de decaimento da câmara com amostra 1:3,4
com correção granulométrica
T 2 Prom edio dB
80
40
8k
4k
2k
1k
500
250
0 2 4 6 8 10 12 14
125
s Hz
107
Observa-se dos resultados obtidos na Tabela 19 que houve um aumento significativo
do coeficiente de absorção sonora nas frequências de 1 a 4 kHz nas amostras confeccionadas
no traço 1:3,4.
Espessura
Produto Fabricante Composição
(mm)
Fibra mineral biossolúvel, perlita, argila e
Silence dB AMF/KNAUF 30 aglomerantes orgânicos
Fibra mineral biossolúvel, perlita, argila e
Mercure AMF/KNAUF 15 aglomerantes orgânicos
Rilievo Quadril AMF/KNAUF 12,5 Chapas de gesso acartonado
Painéis de fibra longas de madeira
Fibracoustic AMF/KNAUF 25 agregadas com cimento cinza ou banco
espuma flexível de poliuretano poliéster
Sonique Classic 20C VIBRASOM 20 expandido
1,00
Coeficiente de absorção sonora
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
125 250 500 1000 2000 4000
Freqüência (Hz)
Placa traço 1:3,4(cimento:EVA) Silence dB
Mercure Rilievo Quadril
Fibracoustic Sonique Classic 20C
108
O tratamento acústico nas faixas de frequências entre 1 e 4 kHz se faz importante,
pois inclusive é na faixa de 1 a 3kHz que se situa a zona de conversação, ou seja, nesta faixa é
onde a fala pode ser audível ao receptor. De maneira a obter melhores resultados em faixas de
frequência mais baixas, as placas poderiam ser posicionadas afastadas da superfície refletora,
de acordo com MEHTA et al (1999), os valores máximos de velocidade das partículas
ocorrem às distâncias de 0,25, 1,25, etc., no caso em estudo, se quisermos que o material
tenha um melhor desempenho de absorção na frequência de 2kHz, considerando a velocidade
de propagação do ar como sendo 340 m/s, sendo a espessura do material de 2cm, utilizando as
equações 10 e 11, teríamos que afastar a placa em 2,25cm da superfície refletora para que ela
tenha uma melhor absorção acústica na faixa de inferior ou igual a 2kHz, porém
continuaríamos a utilizar o mesmo material, trazendo assim economia, pois caso contrário
seria necessária uma placa com pelo menos 4,25cm para obter-se melhores resultados na faixa
de frequência de 2kHz.
109
8. CONCLUSÕES
110
sonora, bem como o fator estrutural correspondente à espessura do material, pois os
coeficientes de absorção acústica foram melhores na faixa de 4 kHz, sendo essa a faixa
inicialmente esperada para que o material obtivesse melhor desempenho.
111
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRÜEL & KJAER. Technical Documentation: User Manual. Brüel e Kjaer Sound &
Vibration Measurement A/S, 2003.
112
CONCHA-BARRIENTOS, M.; CAMPBELL-LEDRUN, D.; STEENLAND, K.
Occupational noise: Assessing the burden of disease from work-related hearing impairment
at national and local levels. Geneva, World Health Organization, 2004.
EVEREST, F. A. Master Handbook of Acoustics. New York, 4th. ed., McGraw-Hill, 2001
MAIA, P. A. O Ruído nas Obras da Construção Civil e o Risco de Surdez Ocupacional. Tese
de Mestrado. Campinas, Universidade Estadual de Campinas, 2001.
113
MILLINGTON, G. A Modified Formula for Reverberation. Journal of Acoustical Society
of America, IV, (Jul), pp. 69-82, 1932.
114