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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Tecnologia

MARÍLIA MARTINES DE CAMARGO

ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE CONCRETO


AUTO-ADENSÁVEL REFORÇADO
COM FIBRAS DE AÇO

ANALYSIS OF PRODUCTION OF SELF-


COMPACTING CONCRETE REINFORCED
WITH STEEL FIBERS

LIMEIRA

2016
MARÍLIA MARTINES DE CAMARGO

ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL


REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO

ANALYSIS OF PRODUCTION OF SELF-COMPACTING CONCRETE


REINFORCED WITH STEEL FIBERS

Dissertação apresentada à Faculdade de Tecnologia da


Universidade Estadual de Campinas como parte dos
requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra
em Tecnologia, na Área de Ciência dos Materiais.

Orientador(a): Profª. Drª. Luísa Andréia Gachet Barbosa

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO MARÍLIA
MARTINES DE CAMARGO, E ORIENTADA PELA PROF(A).
DR(A). LUÍSA ANDRÉIA GACHET BARBOSA.

Limeira

2016
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES

Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Tecnologia
Felipe de Souza Bueno - CRB 8/8577

Camargo, Marília Martinês de, 1991-


C140a CamAnálise da produção de concreto auto-adensável reforçado com fibras de
aço / Marília Martinês de Camargo. – Limeira, SP : [s.n.], 2016.

CamOrientador: Luísa Andréia Gachet Barbosa.


CamDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Tecnologia.

Cam1. Concreto autoadensável. I. Barbosa, Luísa Andréia Gachet,1970-. II.


Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Tecnologia. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Analysis of production of self-compacting concrete reinforced with


steel fiber
Palavras-chave em inglês:
Self-compacting concrete
Área de concentração: Ciência dos Materiais
Titulação: Mestra em Tecnologia
Banca examinadora:
Luísa Andréia Gachet Barbosa [Orientador]
Rosa Cristina Cecche Lintz
Mirian de Lourdes Noronha Motta Melo
Data de defesa: 19-02-2016
Programa de Pós-Graduação: Tecnologia
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM TECNOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CIÊNCIA DOS MATERIAIS

Análise da produção de concreto auto-adensável reforçado com fibras de aço.

MARÍLIA MARTINES DE CAMARGO

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

__________________________________
Profa. Dra. Luísa Andréia Gachet Barbosa
UNICAMP/FT
Presidente

__________________________________
Profa. Dra. Rosa Cristina Cecce Lintz
UNICAMP/FT

__________________________________
Profa. Dra. Mirian de Lourdes Noronha Motta Melo
UNIFEI

A ATA DE DEFESA, ASSINADA PELOS MEMBROS DA


COMISSÃO EXAMINADORA, CONSTA NO PROCESSO DE
VIDA ACADÊMICA DO ALUNO.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me guiar, me capacitar e me abençoar em


todas as etapas da minha vida, inclusive na realização deste mestrado.
Um agradecimento especial a toda minha família, que esteve sempre presente, me
apoiando e me dando forças para que eu continuasse na luta durante essa etapa da minha vida,
e principalmente aos meus pais, Manoel e Mara, e à minha avó, Maria, pessoas que sempre
segui como exemplo e que me ensinaram os maiores valores que se pode ter na vida.
Agradeço também minhas amigas Pâmela Gazzola e Mariana Artal, que desde o
início da faculdade estiveram do meu lado e que hoje considero não apenas amigas, mas como
a família que Limeira me deu, as irmãs que eu escolhi a dedo.
Agradeço ao meu namorado, Bruno Merlin, e a sua família, que há pouco tempo
fazem parte da minha vida, mas que me acolheram como parte da família, me fornecendo
apoio e estímulo para continuar em frente.
Agradeço a Faculdade de Tecnologia da Unicamp, a Faculdade de Engenharia
Civil da Unicamp, a minha orientadora, Profª. Drª. Luísa Andréia Gachet Barbosa, a Profª. Rosa
Cristina Cecche Lintz, o técnico do laboratório de materiais da Faculdade de Tecnologia,
Reginaldo Ferreira, e a todos os funcionários e professores da Unicamp por gentilmente terem
me ajudado e me guiado no decorrer deste trabalho, me dando todo o suporte necessário.
Por último, mas não menos importante, agradeço a Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo e o Prof. Dr. Antônio Domingues de Figueiredo, por terem
colaborado na execução desta pesquisa, e em especial a especialista em laboratório, Renata
Monte que, mesmo sem obrigação nenhuma, me recebeu em seu laboratório de braços abertos
e me deu toda ajuda necessária para conclusão desta pesquisa.
RESUMO

Esta pesquisa versa sobre o estudo das propriedades mecânicas do concreto auto-
adensável reforçado com fibras de aço e a análise de sua produção. A introdução de fibras de aço
no concreto contribui para o reforço do compósito quando submetido a carregamento que gera
tensão de tração, melhorando principalmente sua ductilidade e tenacidade. Devido ao acréscimo
de fibras, as tensões são transferidas por meio das fissuras, diminuindo a propagação e expansão
das mesmas, conferindo resistência residual pós-fissuração do concreto, além de proporcionarem
grande capacidade de absorção de energia, tornando o comportamento do compósito pseudo-
dúctil. Para realização deste trabalho foram utilizadas fibras de aço Dramix 45/30, com
ancoragem nas extremidades, dosadas nos teores 25 kg/m³, 50 kg/m³ e 75 kg/m³. Manteve-se a
relação água/cimento, bem como o teor de argamassa para todas as misturas envolvidas. Para cada
teor foram moldados corpos de prova cilíndricos de dimensões 10x20cm que foram submetidos
aos ensaios de resistência à compressão e resistência à tração por compressão diametral, e prismas
de concreto de 10x10x40 cm, que foram submetidas ao ensaio de tenacidade JSCE-SF4 e destas,
foram extraídos corpos de prova de 10x10x10 cm para realização do Ensaio Barcelona,
normalizado pela UNE 83515 (2010). Foram extraídas, também, pequenas amostras que,
posteriormente, foram submetidas à Miscroscopia Eletrônica de Varredura (MEV), realizados no
Centro Nacional de Pesquisa e Materiais CNPEM, onde foi possível analisar a interação da fibra
de aço com a matriz de cimento. Os resultados mostraram-se favoráveis à utilização de fibras de
aço no concreto auto-adensável e, por meio das curvas carga versus deslocamento foi possível
correlacionar os ensaios Barcelona e JSCE-SF4, tendo um controle maior da abertura de fissuras,
principalmente para os baixos teores de fibras.

Palavras chave: Materiais de construção; Ensaio Barcelona; tenacidade; fibras de aço; concreto
auto-adensável.
ABSTRACT

This research deals with the study of mechanical properties of self-compacting


concrete reinforced with steel fibers and the analysis of its production. The introduction of
steel fibers in concrete help to strengthen the composite when subjected to force that
generates tensile stress, especially improving the ductility and toughness of the material.
Fibers transfer stresses through the cracks, reducing its propagation and expansion, giving
residual strength after cracking of the concrete, and provide a great capacity of absorption of
energy, thus making the behavior pseudo-ductile of the composite. For this work, were used
steel fibers Dramix 45/30, with anchoring at the ends, dosed at levels 25 kg / m³, 50 kg / m³
and 75 kg / m³. Remained the water/cement ratio and the content of mortar for all involved
mixtures. For each content, were molded cylindrical specimens with dimensions 10x20 cm
that were subjected to compressive strength tests and tensile strength by diametrical
compression tests, and concrete prisms with dimensions 10x10x40 cm, that were submitted to
JSCE-SF4 tenacity test and, from these, were extracted specimens of 10x10x10 cm for
performing the Barcelona test, normalized by the UNE 83 515 (2010).
Small samples were also extracted, which subsequently underwent to Electronic Miscroscopy,
performed at the National Center for Research and Materials CNPEM, where it was possible
to analyze the interaction of steel fiber to the cement matrix. The results were favorable to the
use of steel fibers in self-compacting concrete and, through the load curves versus
displacement, was possible to correlate the Barcelona test and JSCE-SF4 taking greater
control of crack width, especially for the low fiber content.

Key words: Building materials; Barcelona test; tenacity; steel fibers; self-compacting
concrete.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Detalhe do pilar de ancoragem da ponte Akashi-Kaikyo..................... 22

FIGURA 2: Foto da ponte Akashi-Kaikyo............................................................... 22

FIGURA 3: Detalhes o pilar de ancoragem da fundação da ponte.......................... 23

FIGURA 4: Utilização do CAA na fundação da ponte Akashi-Kaikyo................... 23

FIGURA 5: Laje sendo concretada com CAA em Goiás......................................... 24

FIGURA 6: Ensaio com o cone de Abrams............................................................. 26

FIGURA 7: Modelo de caixa L com medidas em milímetros................................. 28

FIGURA 8: Equipamento para o ensaio de viscosidade Funil V com medidas em


milímetros................................................................................................................ 30

FIGURA 9: Diferentes tipos de fibras de aço.......................................................... 34

FIGURA 10: Princípio de reforço da matriz com fibra de aço................................ 36

FIGURA 11: Esquema de concentração de tensões para um concreto com o


reforço de fibras........................................................................................................ 37

FIGURA 12: Posicionamento de corpo-de-prova, LVDT e cutelos no ensaio de 39


tração na flexão com o sistema "yoke".....................................................................

FIGURA 13: Critério da JSCE SF-4 (1984) para a determinação da tenacidade.... 40

FIGURA 14: Ensaio Barcelona................................................................................ 41

FIGURA 15: Ensaio Barcelona simplificado........................................................... 41

FIGURA 16: Esquema do procedimento de ensaio: medida nos 3 eixos


principais................................................................................................................... 43

FIGURA 17: Fluxograma da parte experimental da pesquisa.................................. 45

FIGURA 18: Fibras de aço Dramix.......................................................................... 50

FIGURA 19: Corpos de prova produzidos............................................................... 51

FIGURA 20: Valores da determinação do espalhamento......................................... 53

FIGURA 21: Realização do ensaio de determinação do espalhamento................... 53


FIGURA 22: Realização do ensaio de determinação da habilidade passante.......... 54

FIGURA 23: Valores da determinação da habilidade passante................................ 55

FIGURA 24: Valores da determinação da viscosidade............................................ 55

FIGURA 25: Realização do ensaio de determinação da viscosidade....................... 56

FIGURA 26: Realização do ensaio de resistência à compressão............................. 57

FIGURA 27: Valores da resistência à compressão................................................... 58

FIGURA 28: Realização do ensaio de resistência à tração...................................... 59

FIGURA 29: Valores da resistência à tração............................................................ 60

FIGURA 30: Amostras a serem analisadas no MEV............................................... 61

FIGURA 31: Interação fibra-matriz......................................................................... 61

FIGURA 32: Local ocupado pela fibra antes de sua movimentação........................ 62

FIGURA 33: MEV da parte fixa da fibra com a matriz (a) e amostra analisada
(b).............................................................................................................................. 63

FIGURA 34: Calibração do equipamento................................................................ 63

FIGURA 35: Gráfico de indutância.......................................................................... 65

FIGURA 36: Medida do corpo de prova.................................................................. 66

FIGURA 37: Porcentagem de fibras em cada eixo para o traço 1............................ 67

FIGURA 38: Porcentagem de fibras em cada eixo para o traço 2............................ 67

FIGURA 39: Porcentagem de fibras em cada eixo para o traço 3............................ 68

FIGURA 40: Execução do ensaio de flexão JSCE-SF4........................................... 69

FIGURA 41: Resultados do ensaio JSCE – SF4 para o teor 25 kg/m³ de fibra de
aço............................................................................................................................. 69

FIGURA 42: Resultados do ensaio JSCE – SF4 para o teor 50 kg/m³ de fibra de
aço............................................................................................................................. 70

FIGURA 43: Resultados do ensaio JSCE – SF4 para o teor 75 kg/m³ de fibra de
aço............................................................................................................................. 70

FIGURA 44: Execução do Ensaio Barcelona........................................................... 71


FIGURA 45: Resultados do Ensaio Barcelona para o teor 25 kg/m³ de fibra de
aço............................................................................................................................. 72

FIGURA 46: Resultados do Ensaio Barcelona para o teor 50 kg/m³ de fibra de


aço............................................................................................................................. 72

FIGURA 47: Resultados do Ensaio Barcelona para o teor 75 kg/m³ de fibra de


aço............................................................................................................................. 73
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Classes de espalhamento (slump-flow)........................................................ 26

TABELA 2: Classes de Viscosidade plástica aparente t50 (sob fluxo livre)..................... 27

TABELA 3: Classes de espalhamento do CAA em função de sua aplicação.................... 27

TABELA 4: Classes de habilidade passante caixa L (sob fluxo confinado)...................... 28

TABELA 5: Classes de habilidade passante do CAA em função de sua aplicação........... 29

TABELA 6: Classes de viscosidade plástica aparente do CAA em função de sua


aplicação................................................................................................................... 31

TABELA 7: Classificação e geometria das fibras de aço.................................................. 35

TABELA 8: Propriedades físicas e químicas do CPV ARI............................................... 46

TABELA 9: Análise química da sílica ativa...................................................................... 46

TABELA 10: Composição granulométrica do agregado graúdo....................................... 47

TABELA 11: Composição granulométrica do pó de pedra.............................................. 48

TABELA 12: Composição granulométrica do agregado miúdo........................................ 48

TABELA 13: Características do aditivo plastificante MC-TechniFlow 520..................... 49

TABELA 14: Especificações das fibras de aço.................................................................. 49

..............................................
TABELA 15: Traço utilizado na pesquisa......................................................................... 50

TABELA 16: Dosagem das fibras de aço.......................................................................... 51

TABELA 17: Resultados do concreto no estado fresco..................................................... 52

TABELA 18: Resultados do concreto no estado endurecido............................................. 56

TABELA 19: Resultados da resistência à compressão aos 28 dias................................... 57

TABELA 20: Resultados da resistência à tração aos 28 dias............................................. 59

TABELA 21: Valores de i e i para o corpo de prova de isopor de 25 g de fibras de


aço.................................................................................................................................... 64

..............................................
TABELA 22: Valores de Cf encontrados para cada corpo de prova................................. 65
TABELA 23: Valores dos teores de fibras de cada traço................................................... 66

TABELA 24: Tenacidade média para cada traço............................................................... 74


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 15
1.1 Contextualização e justificativa................................................................................ 15
1.2 Objetivos...................................................................................................................... 17

2 O CONCRETO AUTO ADENSÁVEL.......................................................................... 19


2.1 Definição...................................................................................................................... 19
2.2 Histórico...................................................................................................................... 19
2.3 Vantagens e desvantagens.......................................................................................... 20
2.4 Utilização..................................................................................................................... 21
2.5 Trabalhabilidade e normalização do CAA.............................................................. 24
2.5.1 Classificação, controle e aceitação no estado fresco............................................... 24
2.5.2 Determinação do espalhamento e do tempo de escoamento – Método do Cone de
Abrams................................................................................................................................ 25
2.5.3 Determinação da habilidade passante – Método da Caixa “L”............................... 27
2.5.4 Determinação da viscosidade – Método do Funil “V”............................................. 29

3 O CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO............................................. 32


3.1 Histórico...................................................................................................................... 32
3.2 Fibras de aço............................................................................................................... 33
3.3 Características e comportamento do Concreto Reforçado com Fibras (CRF).... 35

4 CONTROLE DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS.................................... 38


4.1 Tenacidade e o método JSCE-SF4............................................................................ 38
4.2 Ensaio Barcelona........................................................................................................ 40
4.3 Ensaio de quantificação e caracterização da orientação das fibras....................... 42

5 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL.................................................................. 44
5.1 Materiais...................................................................................................................... 45
5.1.1 Cimento Portland...................................................................................................... 46
5.1.2 Sílica Ativa................................................................................................................ 46
5.1.3 Agregado Graúdo...................................................................................................... 47
5.1.4 Pó de Pedra............................................................................................................... 47
5.1.5 Agregado Miúdo........................................................................................................ 48
5.1.6 Aditivo Plastificante.................................................................................................. 49
5.1.7 Fibras de Aço............................................................................................................ 49
5.2 Dosagem Experimental.............................................................................................. 50
5.3 Produção dos Concretos............................................................................................ 51

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................... 52


6.1 Ensaios no estado fresco............................................................................................. 52
6.1.1 Determinação do espalhamento – Método do Cone de Abrams............................... 52
6.1.2 Determinação da habilidade passante – Método da Caixa “L”............................... 54
6.1.3 Determinação da viscosidade – Método do Funil “V”............................................. 55
6.2 Ensaios no estado endurecido.................................................................................... 56
6.2.1 Resistência à compressão.......................................................................................... 57
6.2.2 Resistência à tração por compressão diametral....................................................... 58
6.2.3 Microestrutura Eletrônica de Varredura (MEV)...................................................... 60
6.2.4 Ensaio de quantificação e caracterização da orientação das fibras........................ 63
6.2.5 Ensaio de flexão JSCE-SF4....................................................................................... 68
6.2.6 Ensaio Barcelona...................................................................................................... 71
6.2.7 Tenacidade................................................................................................................ 71

7 CONCLUSÕES............................................................................................................... 75

8 PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO FUTURO.................................................. 77

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 78
15

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização e justificativa

O concreto auto-adensável (CAA) foi desenvolvido na Universidade de Tóquio,


no Japão, em 1986, com seu primeiro protótipo obtido em 1988 (GOMES, 2002). Atualmente,
muitos pesquisadores tem estudado o CAA, como Celik et al. (2014), Khaleel et al. (2014),
Oliveira et al. (2014), Marques et al. (2015), Benito et al. (2015).
As principais características do concreto auto-adensável são a elevada fluidez e
viscosidade moderada, sendo que o mesmo é capaz de se mover no interior das formas,
preenchendo-as uniformemente, somente pela ação de seu peso próprio. Apresenta inúmeras
vantagens, entre as quais pode-se citar economia pela ausência de vibração e redução do
número de operários necessários na concretagem, melhoria das condições no ambiente de
trabalho pela eliminação de ruídos provocados pelos equipamentos de adensamento mecânico.
Sua aplicação é indicada em concretagens de peças com formas complexas ou com elevada
densidade de armadura. O CAA deve apresentar resistência à segregação e à exsudação, além
de diminuir o teor de vazios da mistura fresca sem a necessidade de vibração. Tais
características no estado fresco são obtidas pela utilização de aditivo superplastificante e pela
adição à mistura de uma grande quantidade de finos e/ou o uso de aditivos modificadores de
viscosidade (BENTUR e MINDESS, 2007).
Segundo Gomes et al. (2006), os benefícios do CAA geralmente são mais
direcionados ao estado fresco, tendo suas propriedades no estado endurecido menos
discutidas, porém, alguns estudos constataram que o CAA alcança resistências superiores
quando comparadas com a dos concretos convencionais.
No estado endurecido, considerando-se o mesmo fator água/cimento, o CAA
apresenta resistências mecânicas superiores ao concreto convencional, não apresentando
diferença significativa entre os valores de módulo de elasticidade (BARROS, 2006). Apesar
de algumas controvérsias, alguns trabalhos indicam que pela elevada quantidade de finos
presentes na mistura do CAA, o mesmo pode apresentar retração maior do que a do concreto
convencional (ROZIÈRE et al., 2007).
Para a produção de CAA, são utilizados os mesmos materiais dos concretos
convencionais, porém com maior adição de finos, sendo eles adições minerais ou fílers,
juntamente com o uso de aditivos plastificantes e superplastificantes e por vezes aditivos
modificadores de viscosidade. (CHENG, 2013). A adição de finos melhora diversas
16

propriedades do CAA, tanto no estado fresco como no endurecido. Acredita-se que os finos
atuam como pontos de nucleação, quebrando a inércia do sistema, fazendo com que as
partículas de cimento sofram reação mais rápida com a água, fazendo com que ocorra ganhos
de resistências nas primeiras idades. Atuam também no aumento do pacote de finos, fazendo
com que haja um crescimento na densidade da pasta, dificultando a penetração de agentes
agressivos e melhorando a zona de transição (BOSILJKOV, 2003).
A adição de fibras de aço no concreto pode incrementar várias de suas
propriedades, como resistência à tração, compressão, tenacidade, resistência à fadiga, impacto
e cargas explosivas, além de permitirem melhorias na resistência à abrasão, cisalhamento e no
controle de fragmentação (FIGUEIREDO, 2011). Tais benefícios são possíveis devido à
capacidade das fibras em modificar o mecanismo de ruptura do compósito, por meio do
controle dos seus processos de micro e macro-fissuração. Este comportamento é melhor
quando se tem um compósito com adequada dispersão das fibras, maximizando suas
propriedades mecânicas (NUNES, 2005).
Devida à adição de fibras de aço, a resistência à compressão e o módulo de
elasticidade do concreto permanecem praticamente os mesmos. Sob flexão, a carga que
provoca a fissura inicial pode ser aumentada, e quando a primeira fissura ocorrer, as forças
podem ser transferidas por meio das seções da fissura, e consequentemente, é prevenida uma
ruptura frágil (HOLSCHEMACHER et al., 2002).
De acordo com Chenkui e Guofan (1995), a acomodação das fibras tende a
ocorrer na interface entre o agregado graúdo e a matriz argamassa, onde há uma maior
probabilidade de desenvolvimento da fissura. Dessa forma, se as fibras são muito curtas, não
interceptam as fissuras, e, se as fibras são muito longas, prejudicam as propriedades do
concreto no estado fresco, afetando, consequentemente, as propriedades no estado endurecido.
Assim, é recomendado que a relação entre o comprimento da fibra e a dimensão máxima do
agregado graúdo esteja na faixa de 1,5 a 2,0.
Sendo conhecidos os benefícios do CAA, a adição de fibras de aço pode melhorar
suas propriedades no estado endurecido, principalmente os esforços que induzem tensões de
tração, como a solicitação que o concreto em vigas submetidas à flexão e cisalhamento sofre.
Portanto, se o uso do CAA traz inúmeras vantagens, o reforço com fibras de aço trará novas
vantagens e possibilidades de aplicação, tornando o material mais eficiente (BARROS, 2009).
Segundo Figueiredo (2011), a pesquisa sobre o concreto reforçado com fibras
(CRF) no mundo é liderada pela Europa e Estados Unidos da América. Nos países
desenvolvidos a realidade é bem distinta dos demais e do Brasil em particular, começando por
17

uma normalização bem estabelecida. A falta de fundamento técnico de especificadores e


pesquisadores brasileiros é agravada pela carência de referências normativas a respeito do
assunto, o que pode ser explicado pela pouca quantidade de pesquisadores brasileiros atuando
na área do CRF, além de haver uma grande dificuldade de transferir os resultados de
pesquisas para o meio produtivo.
De acordo com Figueiredo (2011), um dos maiores desafios da tecnologia do CRF
no Brasil é conseguir laboratórios capacitados para realizar ensaios de tenacidade com
condição mínima de reprodutibilidade. No estudo apresentado por Guimarães e Figueiredo
(2002) resultados de ensaio obtidos em quatro laboratórios paulistas dotados de equipamentos
para a realização do ensaio de tração na flexão com deformação controlada foram avaliados.
Foram enviados para todos os laboratórios corpos de prova de CRFA moldados de forma
similar e com o mesmo material em um mesmo laboratório, com o intuito de prejuízos no
resultado do ensaio devido às variáveis provenientes da produção dos corpos de prova em
condições distintas. Porém, todos os cuidados se mostraram inúteis em função do baixo nível
de qualidade de resposta de alguns laboratórios, que apresentaram gráficos completamente
diferentes dos usuais, problemas com a prensa utilizada no ensaio, entre outros problemas, na
execução do ensaio de controle do CRF de concepção mais simples entre todos os
normalizados no mundo.
Diante disto, a presente pesquisa foi desenvolvida com a finalidade de avançar no
conhecimento referente à dosagem e controle do concreto auto-adensável reforçado com
fibras de aço.

1.2 Objetivos

O objetivo principal do presente trabalho foi desenvolver e analisar ensaios


mecânicos em concreto auto- adensável reforçado com diferentes porcentagens de fibras de
aço, 25 kg/m³, 50 kg/m³ e 75 kg/m³, tanto em seu estado fresco como endurecido.
Como objetivos complementares:
 Avaliar as propriedades no estado fresco: determinação do espalhamento
pelo método do Cone de Abrams, determinação da habilidade passante pelo método da Caixa
L e determinação da viscosidade pelo método do Funil V;
 Moldar corpos de prova cilíndricos de dimensões 10 cm x 20 cm e vigas de
concreto de dimensões 10 cm x 10 cm x 40 cm para realização do ensaio de tenacidade;
18

 Avaliar as propriedades nos ensaios no estado endurecido: resistência à


compressão, resistência à tração por compressão diametral e de tenacidade (utilizar tanto o
método de ensaio de tenacidade JSCE-SF4 como o Ensaio Barcelona, normalizado pela UNE
83515-2010);
 Comparar os resultados entre os dois métodos de ensaios de tenacidade;
 Verificar a interação entre as fibras de aço e a matriz de concreto por meio
do ensaio de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).
19

2 O CONCRETO AUTO ADENSÁVEL

2.1 Definição

O concreto auto-adensável é descrito como um material cimentício capaz de


moldar as formas e preencher todo seu espaço por meio da ação do seu peso próprio, sem a
necessidade de qualquer forma de compactação ou vibração externa (ARAÚJO et al., 2003).
Sua auto-adensabilidade no estado fresco é descrita como a habilidade que ele tem de
preencher todos os espaços, envolvendo as barras de aço e obstáculo com uma
homogeneidade adequada (BOSILJKOV, 2003).
Para ser considerado auto-adensável, o concreto deve apresentar três
propriedades principais: fluidez, habilidade passante e a resistência à segregação (European
Federation for Specialist Construction Chemicals and Concrete Systems, 2002).
Fluidez é a capacidade que o concreto auto-adensável tem de fluir dentro da
forma, preenchendo todos os espaços. Habilidade passante é a propriedade que caracteriza a
capacidade que o CAA tem de escoar intacto entre as armaduras sem que ocorra segregação
ou obstrução do fluxo (FURNAS, 2004). E a resistência à segregação é a capacidade da
mistura se manter coesa ao fluir dentro das formas, passando ou não por obstáculos
(EFNARC, 2002).

2.2 Histórico

Segundo Okamura e Ouchi (2003) a partir de 1983, no Japão, o problema de


durabilidade das estruturas de concreto foi o assunto de maior interesse. Um concreto de boa
qualidade deve ter uma compactação feita corretamente, porém devido a falta de mão de obra
especializada na construção civil era difícil obter essa compactação por meio de funcionários.
Houve então a necessidade de desenvolver um tipo de concreto que não necessitasse de
vibração, que seu próprio peso fosse o suficiente para sua compactação. A necessidade deste
tipo de concreto foi proposta por Okamura em 1986.
O sucesso do desenvolvimento do aditivo superplastificante, anti-segregante em
concretos submersos no oeste da Alemanha impulsionou o desenvolvimento do CAA no
Japão nos anos 80 (METHA, 1999).
De acordo com Bartos (2000), no Brasil, até a década de 70, a utilização do CAA
era presente apenas em concretagens submersas, como na fundação da ponte Rio Niterói e nas
20

paredes diafragmas da Estação São Bento do metrô paulistano. Nessas obras, a utilização do
CAA se deu pelo fato do mesmo não necessitar de compactação ou adensamento externo,
ações impossíveis de se realizar. Mas como estes concretos continham alto teor de pasta de
cimento e aditivos plastificantes, apresentavam problemas de retração, calor de hidratação
elevado e alto custo. Até meados dos anos 70, o ACI (American Concrete Institute) não
recomendava que se utilizassem misturas com resultados de abatimento (Slump test) acima de
175 mm, devido ao aumento exponencialmente da exsudação. Mas com a evolução dos
aditivos superplastificantes, foi possível dosar concretos fluidos com valores de abatimento
acima de 250 mm com nenhuma ou desprezível exsudação. Assim, foi surgimento do que
chamamos de concretos fluidos com baixa tendência a exsudação.
No início do século 21, este tipo de concreto foi utilizado em outros tipos de
obras, tais como em concretagem com excesso de armaduras ou fundações de difícil acesso
para vibração. A partir de 2004, em cidades como Goiânia, Belo Horizonte, Florianópolis e
Porto Alegre, surgiram as aplicações de CAA em edifícios (GEYER; SENA, 2001).

2.3 Vantagens e desvantagens

O concreto auto-adensável é tido como uma grande revolução ocorrida na


tecnologia do concreto para a construção nas últimas décadas por possibilitar vários ganhos,
diretos e indiretos, entre os quais pode-se citar (ARAÚJO et al., 2003):
 Acelera a construção;
 Reduz a mão de obra no canteiro;
 Melhora o acabamento final da superfície;
 Pode aumentar a durabilidade por ser mais fácil de adensar;
 Permite concretagem em peças de seções reduzidas;
 Elimina o barulho da vibração
 Torna o local de trabalho mais seguro, em função da diminuição do
número de trabalhadores;
 Pode obter um ganho ecológico;
 Pode reduzir o custo final do concreto e/ou estrutura.
Além das vantagens mencionadas, De La Peña (2001) afirma que o CAA
apresenta altas resistências à compressão a curto e longo prazo, baixa relação água/cimento,
baixa permeabilidade e alta durabilidade. O seu principal atrativo é a eliminação de vibração,
21

que além de proporcionar economia de energia elétrica e de mão de obra, elimina o ruído
produzido pela vibração que pode causar doenças nos operários. Além disso, a vibração pode
desgastar e exercer pressão sobre as formas, podendo estas ceder se não estiverem bem presas
e colaborar para a diminuição da vida útil das mesmas.
Uma melhoria nas propriedades do CAA, tanto no estado fresco como no
endurecido, pode ser obtida com a adição de finos no concreto. Estes atuam como pontes de
nucleação quebrando a inércia do sistema, fazendo com que as partículas de cimento reajam
mais rapidamente com a água, obtendo-se, assim, ganhos de resistência mais rapidamente
(BOSILJKOV, 2003).
Segundo Okamura e Ouchi (2003), além da adição de finos, a produção do CAA
também exige a diminuição da quantidade de agregado graúdo presente na mistura, o que
torna o uso do CAA em obras limitante devido ao elevado custo destes materiais. Seu uso se
torna um grande desafio para as concreteiras, primeiro, porque impulsiona as fabricas a
investir em pesquisas a fim de se determinar um traço ideal de CAA; segundo, porque obriga
as usinas a monitorar o processo de fabricação do concreto para garantir a qualidade das
matérias-primas que o constituem, evitando possíveis variações do material no estado fresco
que podem vir a ocorrer, além de se fazer necessários treinamentos específicos das equipes de
recebimento e aplicação do CAA na obra.
Em relação ao controle dos processos de transporte, são necessários alguns
cuidados especiais no transporte do CAA da usina até a obra para evitar, principalmente, sua
segregação. Devido a utilização de aditivos químicos, o tempo de aplicação do concreto auto-
adensável é menor que o concreto convencional, levando as empresas a ter uma logística de
transporte eficiente, o que nem sempre é possível, em função dos problemas de trânsito. Outra
desvantagem do concreto auto-adensável é que, em função de sua característica reológica e de
sua alta fluidez, o CAA se comporta como um líquido quando lançado nas formas, gerando
maiores pressões quando comparado ao concreto convencional. Neste caso são necessários
maiores cuidados na escolha do tipo de escoramento das formas, obrigando os construtores a
utilizarem equipamentos mais caros que garantam um travamento eficiente e completo de
todas pecas estruturais (CAMPOS, 2013).

2.4 Utilização

O concreto auto-adensável pode ser utilizado nas mesmas estruturas que o


concreto convencional, no entanto, devido ao seu alto valor, ele é mais utilizado em estruturas
22

que apresentam elevadas taxas de armadura ou estruturas onde o adensamento seja mais
difícil.
De acordo com Tutikian (2004), um exemplo da utilização do concreto auto-
adensável são as ancoragens da ponte Akashi-Kaikyo, conforme ilustram as Figuras 1 a 4,
aberta em abril de 1998. A ponte em questão possuía m vão de 1991 metros, título de maior
vão na época e foram utilizados cerca de 290 mil m³ de CAA.

Figura 1 – Detalhe do pilar de ancoragem da ponte Akashi-Kaikyo.

Fonte: O'Donnell, 1998.

Figura 2 – Foto da ponte Akashi-Kaikyo.

Fonte: O'Donnell, 1998.


23

Figura 3 – Detalhes o pilar de ancoragem da fundação da ponte.

Fonte: http://www.hsba.go.jp/bridge/aksubst1.htm

Figura 4 – Utilização do CAA na fundação da ponte Akashi-Kaikyo.

Fonte: http://www.hsba.go.jp/bridge/aksubst1.html

Um dos fatores que colaborou para a utilização de CAA nessa obra foi a alta taxa
de armadura, além da grande dificuldade de adensamento. Porém, o principal motivo pelo uso
do CAA na obra da ponte foi a diminuição do tempo total de obra, estimada em 20%. Com o
uso do CAA a obra foi concluída em 2 anos, ao invés de 2,5 anos, como previsto se fosse
utilizado o concreto convencional (TUTIKIAN, 2004).
No Brasil, o seu uso é pouco difundido devido a falta de informações sobre a
utilização de aditivos, como superplastificantes e modificadores de viscosidade, bem como os
altos custos desses aditivos (GEYER, 2005).
De acordo com Geyer (2005), um edifício em Goiás, Brasil, provavelmente foi a
primeira construção convencional no Brasil a utilizar o CAA na totalidade da estrutura com
24

um acompanhamento técnico e econômico de todos os passos. O autor cita as vamtagens da


utilização do CAA nessa obra como a redução em torno de 70% do número de trabalhadores,
conforme mostra a Figura 5, uma maior velocidade na execução da estrutura (em até 300%),
maior qualidade e facilidade no nivelamento da laje e eliminação de ninhos e falhas de
concretagem, elevando a qualidade e, consequentemente, a durabilidade do edifício. Então, o
CAA foi aprovado pela empresa, apesar de ter apresentado nesta obra um custo global de 8%
superior ao concreto convencional.

Figura 5 – Laje sendo concretada com CAA em Goiás.

Fonte: Geyer, 2005.

Pode-se citar também como exemplo de utilização do CAA a ponte Arboga U955,
na Suécia, desenvolvida para a travessia de pedestres e bicicletas. Essa ponte é um exemplo
de como o CAA pode ser utilizado para todo tipo de estrutura desde estruturas complexas a
construções simples (BERNABEU e LABORDE, 2000).

2.5 Trabalhabilidade e normalização do CAA

2.5.1 Classificação, controle e aceitação no estado fresco

A aceitação do concreto auto-adensável dosado em central e recebido na obra


deve ser baseada na comprovação das seguintes propriedades:
 Fluidez e viscosidade plástica aparente, avaliadas pelos ensaios:

Espalhamento e t50 - Previstos na ABNT NBR 15823-2:2010 ou Método do

Funil V previsto na ABNT NBR 15823-5:2010.


25

 Habilidade passante, avaliada pelos ensaios:


Utilização do anel J – conforme a ABNT NBR 15823-3:2010 ou Método da caixa
L - conforme ABNT NBR 15823-4:2010.
A seguir são descrevidos os testes determinados por norma e a parametrização.

2.5.2 Determinação do Espalhamento e do Tempo de Escoamento


– Método do Cone de Abrams

A norma ABNT NBR 15823-2:2010 prescreve o método de ensaio para a


determinação da fluidez do CAA, em fluxo livre, sob a ação de seu peso próprio,
empregando-se o cone de Abrams.

Para a execução desse ensaio são utilizados uma base de um metro quadrado,
geralmente de metal, mas pode ser de outros materiais desde que não absorva água e nem
provoque atrito com a massa de concreto, um tronco de cone de material om as mesmas
características da base, uma régua para medir o espalhamento e uma concha para colocar o
concreto dentro do cone.

Primeiramente, deve-se umedecer os equipamentos para que os mesmos não


absorvam a água do concreto. Posiciona-se sobre o círculo de diâmetro de 200 mm da base o
tronco, de altura de 300 mm, diâmetro maior 200 mm e diâmetro menor 100 mm, sobre o
círculo de diâmetro de 200 mm da base, como mostra a Figura 6.

A amostra de concreto deve ser coletada seguindo a ABNT NBR NM 33 (1998):


concreto – Amostragem de concreto fresco. São utilizados cerca de 6 litros de concreto para o
ensaio. Com ajuda da concha, o cone é preenchido com concreto, removendo com uma
espátula o excesso do topo.

Não deve haver nenhum tipo de vibração, seja ela mecânica ou manual. O
adensamento deve ser feito apenas pela ação da força da gravidade. Remove-se o cone
verticalmente deixando que o concreto flua livremente. Mede-se o diâmetro do espalhamento
em duas direções perpendiculares. A média destas medidas é o resultado do ensaio em
milímetros.
26

Figura 6 – Ensaio com o cone de Abrams.

Fonte: Cavalcante, 2006.

O teste t50 é realizado simultaneamente com o cone de Abrams, porém, ao invés


das medidas perpendiculares, usa-se um cronômetro para medir o intervalo de tempo, em
segundos, entre o início e o final do escoamento do molde (200 mm) até cobrir totalmente a
marca circular de diâmetro 50 cm da placa base, que será o resultado do ensaio.
Para a classificação do concreto utiliza-se os dados da ABNT NBR 15823-2:2010
segundo as Tabelas 1 a 3.

Tabela 1 – Classes de espalhamento (slump-flow).

Classe Espalhamento (mm) Método de Ensaio

SF1 550 a 650 ABNT NBR 15823 - 2

SF2 660 a 750 ABNT NBR 15823 - 2

SF3 760 a 850 ABNT NBR 15823 - 2


Fonte: ABNT NBR 15823 – 1: 2010.
27

Tabela 2 – Classes de Viscosidade plástica aparente t50 (sob fluxo livre).

Classe T 50 (segundos) Método de Ensaio

VS1 ≤2 ABNT NBR 15823 - 2

VS2 >2 ABNT NBR 15823 - 2


Fonte: ABNT NBR 15823 – 1:2010.

Tabela 3 – Classes de espalhamento do CAA em função de sua aplicação.

Classes de Espalhamento Aplicação Exemplo


Espalhamento (mm)

Estruturas não armadas ou com


Laje
baixa taxa de armadura e
embutidos, cuja concretagem é
realizada a partir do ponto mais
alto com deslocamentos livre.

SF 1 550 a 650 Revestimento de


Concreto auto-adensável túneis
bombeado.

Estacas e certas
Estruturas que exigem uma curta fundações profundas
distância de espalhamento
horizontal do concreto auto-
adensável.

Adequada para a maioria das Paredes, vigas,


SF2 660 a 750
aplicações correntes. pilares e outros

Pilares-parede
Estruturas com alta densidade de
armadura e/ou de forma
arquitetônica complexa, com o
Parede-diafragma
SF3 760 a 850 uso de concreto com agregado
graúdo de pequenas dimensões
(menor que 12,5 mm)
Pilares

Fonte: ABNT NBR 15823 – 1:2010.

2.5.3 Determinação da Habilidade Passante – Método da Caixa L

Segundo a ABNT NBR 15823-4:2010 o ensaio da caixa L mede a fluidez do


concreto e determina a habilidade passante em fluxo confinado do CAA. O equipamento
consiste em uma caixa em forma de “L”, constituída por um depósito vertical com uma
28

abertura, controlada por uma comporta e um canal horizontal, mostrada na Figura 7. Atrás da
comporta são colocadas barras de ferro que simulam a armadura real de uma estrutura.

Figura 7 – Modelo de caixa L com medidas em milímetros.

Fonte: ABNT NBR 15823 – 4:2010.

Para a execução do ensaio, umedece-se os equipamentos, que também devem ser


feitos de material liso e não poroso, aloca-se o equipamento em local firme e fecha-se a
comporta da caixa L. A câmara vertical da caixa é preenchida completamente, utilizando
cerca de 12 litros de CAA, amostrado de acordo com ABNT NBR NM 33 (ABNT,1998a), de
forma uniforme e sem qualquer tipo de adensamento, deixando o material se acomodar por
cerca de 1 minuto.
Efetua-se a abertura da comporta de forma rápida, uniforme e sem interrupções,
permitindo o escoamento do concreto para a câmara horizontal. Quando cessar o escoamento,
mede-se a razão entre as alturas H1 e H2, de forma a se obter o valor do resultado do ensaio.
Para a classificação do concreto utiliza-se os dados da ABNT NBR 15823-4:2010
segundo as Tabelas 4 e 5.

Tabela 4 – Classes de habilidade passante caixa L (sob fluxo confinado).

Caixa L (H2 / H1)


Classe Método de ensaio

PL1 ≥ 0,80 com duas barras de aço ABNT NBR 15823 – 4

PL2 ≥ 0,80 com três barras de aço ABNT NBR 15823 – 4

Fonte: ABNT NBR 15823 – 1:2010.


29

Tabela 5 – Classes de habilidade passante do CAA em função de sua aplicação.


Caixa L Aplicação Exemplo
Classe de
Anel L
viscosidade (H2 / H1)
plástica
aparente

Adequada para elementos


PL 1 / PJ 1 25 mm a 50 ≥ 0,80 com estruturais com Lajes, painéis,
mm com 16 duas barras de espaçamentos de elementos de
barras de aço aço armadura de 80 mm a 100 fundação
mm

Adequada para a maioria


0 a 25 mm com ≥ 0,80 com das aplicações correntes. Vigas, pilares,
PL 2 / PJ 2 16 barras de três barras de Elementos estruturais tirantes, indústria
aço aço com espaçamento de de pré-moldados
armadura de 60 mm a 80
mm

Fonte: ABNT NBR 15823 – 1:2010.

2.5.4 Determinação da Viscosidade – Método do Funil V

Este ensaio se aplica a CAA preparado com agregado graúdo de dimensão


máxima característica menor ou igual a 20 mm.
O aparelho utilizado neste ensaio, mostrado na Figura 8, é composto por um funil
em forma de V retangular com uma porta que pode ser deslizante ou com dobradiça, para que
mantenha o concreto no interior do aparelho até o início do ensaio.
30

Figura 8 – Equipamento para o ensaio de viscosidade Funil V com medidas em milímetros.

Fonte: ABNT NBR 15823 – 5:2010.

Para a realização deste ensaio, são necessários o equipamento em forma de funil,


espátula, concha côncava e um cronômetro.
Deve-se umedecer todos os equipamentos antes da realização do ensaio, o funil
deve estar suspenso para que o concreto possa fluir e em um local firme e nivelado.
Com a concha, deve-se preencher o funil com concreto coletado de acordo com a
ABNT NBR NM 33 (1998), sendo que o mesmo deve ser adensado apenas pela ação do seu
peso próprio, como nos outros ensaios, sem que haja qualquer interferência mecânica de
vibração. Com ajuda da espátula, nivela-se o aparelho para retirar o excesso de concreto.
Abre-se a porta do funil, permitindo um fluxo continuo apenas sob a ação da gravidade. O
tempo que o concreto leva para esvaziar completamente o funil é o resultado do ensaio.
Para um concreto ser considerado auto-adensável, o tempo de escoamento deve se
situar de acordo com a Tabela 6.
31

Tabela 6 – Classes de viscosidade plástica aparente do CAA em função de sua aplicação.

Classes de
viscosidade plástica t50 Funil V Aplicação Exemplo
aparente (s) (s)

Adequado para elementos estruturais


com alta densidade de armadura e Lajes, paredes
embutidos, mas exige controle da diafragma, pilares-
exsudação e da segregação paredes, indústria de
VS 1 / VF 1 <2 <8 pré-moldados e
concreto aparente
Concretagens realizadas a partir do
ponto mais alto com deslocamento
livre

Adequado para a maioria das


aplicações correntes. Apresenta efeito
tixotrópico que acarreta menor pressão
sobre as formas e melhor resistência à
segregação.
Vigas, pilares e
VS 2 / VF 2 >2 9 a 25 outras.
Efeitos negativos podem ser obtidos
como relação à superfície de
acabamento (ar aprisionado), no
preenchimento de cantos e
suscetibilidade a interrupções ou
demora entre sucessivas camadas.
Fonte: ABNT NBR 15823 – 1:2010.

Por meio deste ensaio é possível observar a facilidade do fluxo do concreto, sendo
que quanto menor o tempo medido, maior a fluidez do concreto.
32

3 O CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO

3.1 Histórico

Fibras são utilizadas para reforçar matrizes frágeis desde a antiguidade, quando
palha ou capim eram usados como reforços de tijolos de barro secos ao sol (BENTUR e
MINDESS, 2007 e BALAGURU e SHAH, 1992). Um exemplo da utilização de reforço
fibroso em matrizes frágeis na natureza é a madeira, compósito fibroso cuja matriz,
constituída de lignina e pectina, é reforçada com fibras de celulose.
Há décadas atrás, com o objetivo de incrementar as propriedades de resinas,
metais e cerâmicas houve o crescente interesse no desenvolvimento de compósitos reforçados
com fibras. No entanto, segundo Swamy (1975), a fibra de asbestos foi a primeira fibra
inorgânica utilizada em materiais compósitos, provavelmente em 2500 a.C., no norte da
Europa, com o objetivo de reforçar laterais de produtos cerâmicos.
Apesar do desenvolvimento de compósitos reforçados com fibras ter ocorrido com
maior intensidade nas últimas décadas, em matrizes cimentíceas a primeira patente registrada
data de 1874, por Berard. Em 1910, o concreto estrutural reforçado com pequenos pedaços de
aço começou a ser considerado por Porter (1910), citado por Swamy (1975). Em 1911, o uso
de fibras de aço como reforço do concreto para melhorar suas propriedades relacionadas à
resistência e estabilidade foi sugerido por Graham (1911). A necessidade de alterar o formato
das fibras para melhorar as propriedades de aderência foi reconhecida por Meischke-Smith
em 1920 e Etheridge em 1933 (SWAMY, 1975).
Porém, o desenvolvimento do concreto reforçado com fibras (CRF), se deu após a
I Guerra Mundial devido a procura das instituições militares de um material que absorvesse os
impactos das explosões com baixa destruição do mesmo (EVANGELISTA, 2003). A partir
daí, seu uso começou a ser disseminado no meio civil e nos anos 50 e 60 foram desenvolvidos
concretos reforçados com fibras de aço (CRFA) (LOPES, 2005).
Nas décadas de 50 e 60 teve início a utilização de fibras como reforço de matrizes
frágeis cimentíceas, inicialmente utilizando apenas fibras de aço retas (BENTUR e
MINDESS, 2007). Algumas alterações no comportamento do material após o surgimento da
primeira fissura, com o aumento na tenacidade pós-fissuração, foram mostradas nos
resultados iniciais. Além disso, também surgiram os primeiros problemas relacionados à
trabalhabilidade dessas matrizes reforçadas com fibras de aço, como a formação de novelos
de fibras, principalmente quando eram utilizadas fibras longas, que apresentavam melhor
33

desempenho mecânico. Para impedir ou minimizar a formação destes novelos durante o


processo de mistura, tentou-se diminuir o diâmetro do agregado graúdo utilizado, mas ainda
assim, a redução na trabalhabilidade provocada pelo acréscimo de fibras insistia
(BALAGURU e SHAH, 1992).
Surgiram, então, as fibras com gancho, que poderiam ser usadas em menores
teores em relação às fibras retas, produzindo os mesmos resultados com relação à tenacidade
do concreto, como mostraram Ramakrishanan et al. (1980), citados por Balaguru e Shah
(1992). Tal avanço, junto com o surgimento de aditivos redutores de água capazes de tornar a
mistura mais trabalhável, apontaram para perspectivas de surgimento de novos materiais, com
grande aplicabilidade e com muitos benefícios em diversos ramos da engenharia.
A partir de então, vários tipos de fibras de aço com variadas formas e
características foram desenvolvidos, proporcionando sua utilização também em reforços
secundários (BENTUR e MINDESS, 2007).
Atualmente, o mercado de fibras de aço para utilização como reforço em matrizes
cimentíceas possui uma grande variedade em tipos, tamanhos e geometrias, podendo as fibras
serem lisas ou corrugadas, podendo ou não apresentar ancoragem, características estas que
influenciam diretamente na aderência entre a fibra e a matriz e, consequentemente, nas
propriedades mecânicas dos compósitos. Seu comprimento geralmente varia entre 5 mm a 65
mm e o diâmetro de 0,10 mm a 1,0 mm, com valores de tensão de ruptura podendo alcançar
2100 MPa; possuem valores de módulo de elasticidade de 200 a 210 GPa e deformação na
ruptura entre 0,5% e 3,5% e podem ser encontradas no mercado soltas ou em feixes
(VELASCO, 2008).

3.2 Fibras de Aço

O código do American Concrete Institute, ACI 544.1R (1996), define as fibras de


aço para reforço do concreto como sendo comprimentos discretos de aço tendo uma relação
entre o comprimento e o diâmetro da seção transversal entre 20 e 100, com várias formas de
seção transversal, pequenas o suficiente para serem dispersas aleatoriamente e misturadas no
concreto fresco por procedimentos usuais. O intuito da utilização deste tipo de fibra é
aumentar a tenacidade, resistência à flexão, resistência ao impacto e fadiga e o controle da
fissuração do compósito.
As fibras de aço apresentaram desenvolvimentos constantes, perceptíveis pelas
patentes existentes, como mostra a Figura 9. Elas variam em processo de fabricação, nas
34

características do aço utilizado ou nas propriedades mecânicas, como resistência à tração,


grau de ancoragem mecânica e capacidade de absorver e distribuir tensões. Estão longe dos
“pregos” que originalmente eram utilizados, segundo Evangelista (2003).

Figura 9 – Diferentes tipos de fibras de aço.

Fonte: Weiler & Grosse (1996)

São provenientes de diversos processos de fabricação, sendo o mais comum o que


a fibra é obtida por corte de arame de aço-carbono ordinário trefilado, sendo as fibras
produzidas com ligas metálicas as mais indicadas para situações onde se exige maior
resistência à corrosão ou concretos submetidos à altas temperaturas (OLIVEIRA, 2005).
As fibras de aço são normalizadas pela norma brasileira ABNT NBR 15530
(2007), que prevê três classes, definidas de acordo com o aço que as deu origem: indica fibra
de aço proveniente de arame trefilado à frio, a Classe II corresponde à fibra de aço obtida a
partir de chapa laminada cortada à frio e a Classe III, referenciando fibra de aço oriunda de
arame trefilado e escarificado. Além disso, há três tipos mais comuns segundo sua geometria,
como mostra a Tabela 7.
35

Tabela 7 – Classificação e geometria das fibras de aço.

Fonte: FIGUEIREDO et al. (2008).

Segundo Figueiredo et al. (2008), além de possibilitar o estabelecimento de


requisitos mínimos que podem ser correlacionados com o comportamento final do CRFA,
essa classificação procurou também abranger a maioria das fibras de aço disponíveis no
mercado nacional.

3.3 Características e Comportamento do Concreto Reforçado com


Fibras (CRF)

Apesar do concreto de cimento Portland apresentar inúmeras vantagens, como a


capacidade de produzir estruturas com infinitas variações de forma, capacidade de apresentar
uma grande variação de suas propriedades em função do tipo de componentes principais e de
suas proporções, bem como de utilização ou não de uma grande variedade de aditivos e
adições, apresenta também algumas limitações, como o comportamento de ruptura frágil e
36

pequena capacidade de deformação, quando comparado com outros materiais estruturais


como o aço, além do concreto apresenta resistência à tração bem inferior à resistência à
compressão. Tal comportamento está associado às fissuras que se formam ou já estão
presentes no concreto, que prejudicam muito mais o material quando solicitado à tração do
que à compressão (MEHTA e MONTEIRO, 2014).
Quando submetida à flexão, uma viga de concreto possui zonas com altas tensões
de compressão e de tração. A solução para este problema é o concreto armado, onde a
inserção de armaduras nos elementos de concreto é capaz de absorver as tensões de tração que
surgem (WEILER & GROSSE, 1996).
Como recurso alternativo, fibras de aço podem ser adicionadas ao concreto em
frações volumétricas adequadas aliando-se ao concreto armado no combate às tensões de
tração induzidas. Assim, as fibras podem reduzir o aparecimento de fissuras, inclusive aquelas
decorrentes da retração do concreto (BARROS, 2009).
A adição de fibras de aço praticamente não altera a resistência à compressão e o
módulo de elasticidade do concreto, porém, sob flexão, pode aumentar a carga que provoca a
fissura inicial, e quando a primeira fissura ocorrer, as forças que são liberadas podem ser
transferidas por meio das seções da fissura, e consequentemente, é prevenida uma ruptura
frágil (HOLSCHEMACHER et al., 2002), conforme Figura 10.

Figura 10 – Princípio de reforço da matriz com fibra de aço.

Fonte: WEILER & GROSSE (1996).

Diversos fatores podem influenciar as propriedades mecânicas dos concretos


reforçados com fibras de aço, entre os quais, segundo Lopes (2005), os principais são a
interação fibra/matriz, o comprimento das fibras e orientação e volume das fibras no concreto.
Concretos simples tendem a concentrar tensões na extremidade das fissuras e
quando a tensão superar a resistência da matriz ocorre a ruptura abrupta do material,
caracterizando um comportamento frágil. Já o concreto reforçado com fibras deixa de ter o
comportamento frágil pelo fato da fibra servir como ponte de transferência de tensões pelas
37

fissuras, minimizando a concentração de tensões nas extremidades das mesmas, conforme o


ilustrado na Figura 11, apresentando certa capacidade portante pós-fissuração
(FIGUEIREDO, 2000).

Figura 11 – Esquema de concentração de tensões para um concreto com o reforço de fibras.

Fonte: Figueiredo (2000).


38

4 CONTROLE DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

4.1 Tenacidade e o método JSCE-SF4

Tenacidade, para CRF, é a energia absorvida pelo compósito quando carregado,


abrangendo a energia absorvida antes e depois da fissuração da matriz, quando as fibras
passam a atuar de maneira mais efetiva. Essa tenacidade é calculada pela área sob a curva
carga por deslocamento, que representa o trabalho dissipado no material, valor utilizado na
avaliação dos compósitos, sendo que apresenta a desvantagem de depender das dimensões dos
corpos de prova utilizados e do sistema de aplicação dos esforços (FIGUEIREDO, 2011).
Segundo Figueiredo (2011), o método de ensaio para determinação da tenacidade
mais utilizado no Brasil é o ensaio prescrito pela Japan Society of Civil Engineers (JSCE-
SF4, 1984), porém existem outros métodos, como os propostos pela European Federation of
Producers and Applicators of Specialist Products for Structures (EFNARC, 1996), pela
American Society for Testing and Materials (ASTM C1399, 2002), pela International Union
of Laboratories and Experts in Construction Materials, Systems and Structures (RILEM
TC162-TDF, 2003) e pelo Institut Belge de Normalisation NBN B 15-238.
O ensaio proposto pela JSCE-SF4 determina a tenacidade por meio da flexão de
prismas com deformação controlada. Para isso, é necessário a utilização de prensas com
capacidade de controle da velocidade de deslocamento, além da utilização do controle
eletrônico de deslocamento por meio de um transdutor do tipo LVDT para garantir uma
acuidade mínimo no levantamento da curva de carga por deslocamento. O transdutor deve ser
apoiado num suporte denominado "yoke" (JSCE-SF4, 1984), o qual se encontra apresentado
na Figura 12.
39

Figura 12 – Posicionamento de corpo-de-prova, LVDT e cutelos no ensaio de tração na flexão com o sistema
"yoke".

Fonte: Figueiredo (1999).

A norma japonesa JSCE SF-4 (1984) é baseada na flexão de prismas sem entalhe.
O vão deve ser equivalente a três vezes a altura do corpo de prova. Corpos de prova de
10x10x40cm³ são ensaiados com 30 cm de vão, e os de 15x15x50cm³ são ensaiados com 45
cm de vão. A dimensão do corpo de prova depende do tamanho da fibra utilizada no concreto.
A medida da tenacidade é obtida a partir da curva de carga por deslocamento por meio da
determinação do fator de tenacidade, que é obtido pela área total (Tb), medida em Joules ou
kgf.cm, até o deslocamento equivalente a L/150, onde L é o vão que pode ter 30 cm ou 45 cm,
como mostra a Figura 13 (FIGUEIREDO, 2011).
40

Figura 13 – Critério da JSCE SF-4 (1984) para a determinação da tenacidade

Fonte: Figueiredo; Helene (1997).

4.2 Ensaio Barcelona

De acordo com Pujadas (2013), devido a algumas falhas nos ensaios de tração
uniaxial, o Departamento de Engenharia de Construção na Universidade Politécnica da
Catalunha (UPC), como uma alternativa para caracterizar a CRF, propôs o ensaio Barcelona
(MOLINS et al., 2009), uma adaptação do ensaio de duplo puncionamento DPT (CHEN,
1970). Este ensaio conduz a valores representativos da resistência e tenacidade do material
com um coeficiente de variação médio inferior a 13% (MOLINS et al., 2009), que o tornam
um ensaio muito adequado para o controle sistemático de CRF.
O Ensaio Barcelona (EB) normalizado pela AENOR UNE 83515 (2010) utiliza
corpos de prova cilíndricos ou cúbicos e de dimensões pequenas, permitindo a extração de
amostras de estruturas. Porém, segundo a norma, para a realização deste ensaio é necessário
extensômetro circunferencial para medida do aumento do perímetro do corpo de prova ou
TCOD (total circumferential opening displacement), que resulta numa limitação do ensaio,
tendo em vista que este é um equipamento raro e incomum na maioria dos laboratórios. Com
isso, Pujadas et al. (2013) propôs um Ensaio Barcelona simplificado, no qual um modelo
converte o deslocamento vertical da presa no TCOD com um erro inferior a 6,7%,
eliminando-se, assim, a necessidade do uso do extensômetro, e tornando possível a realização
41

do EB utilizando os recursos disponíveis nas máquinas universais dos laboratórios brasileiros,


inclusive aquelas produzidas no Brasil (MONTE, 2015).
Na configuração original do EB, mostrado na Figura 14, mede-se o aumento do
perímetro do cilindro por meio de um extensômetro de circunferência. Já o EB simplificado,
mostrado na Figura 15, consiste no duplo puncionamento de um corpo de prova cilíndrico ou
cúbico com relação entre o diâmetro e a altura igual a um O puncionamento é feito a partir de
discos de carga com diâmetro de 1/4 do diâmetro do corpo de prova e altura de 1/5 da altura
do corpo de prova, dispostos nas faces deste. A carga deve ser aplicada de forma uniforme
com velocidade de descida do equipamento de 0,5 mm/min (MONTE et al., 2014).

Figura 14 – Ensaio Barcelona.

Fonte: Molins et al. (2009).

Figura 15 – Ensaio Barcelona simplificado.

Fonte: Autor
42

4.3 Ensaio de Quantificação e Caracterização da Orientação das Fibras

Estudos demostram que existe uma relação entre as resistências obtidas nos
ensaios de tenacidade e o teor de fibras (Cf) do CRF (LIAO et al., 2015). Por esse motivo, é
necessário avaliar o Cf para comprovar que o material utilizado na estrutura cumpre com o
indicado no projeto. Com esse fim o método indutivo pode ser utilizado (GALOBARDES et
al., 2015). Esta metodologia, que utiliza o eletromagnetismo produzido por uma bobina
eléctrica para avaliar a quantidade de fibras metálicas que há dentro de um corpo de prova, foi
desenvolvida por pesquisadores da Universidade Politécnica da Catalunya (LOPEZ, 2013).
Existem diferentes técnicas para a determinação da orientação das fibras, que
podem ser classificadas em destrutiva e não destrutiva. Um exemplo de uma medição
destrutiva da orientação das fibras é a contagem manual (SOROUSHIAN E LEE, 1990;.
GETTU et al., 2005; DUPONT e VANDEWALLE, 2005), que refere-se indiretamente a
quantidade de fibras em uma seção transversal com a orientação média das fibras com uma
expressão teórica (KRENCHEL, 1975).
Nos últimos anos, as propriedades elétricas do concreto têm levado muitos
estudos que enfocam o desenvolvimento e a utilização de métodos elétricos, a fim de
consolidar a ensaios não destrutivos para a monitorização e diagnóstico das fibras (ÖZYURT
et al., 2006). Neste sentido, a norma espanhola UNE 83512-1: 2005 (cancelada em 2006, por
isso seu uso não se disseminou) propôs uma técnica de teste baseado na indução magnética
aplicada a elementos cilíndricos.
A técnica envolve a colocação de um corpo de prova rodeado por duas bobinas
que geram um campo magnético e um fluxo magnético devido a circulação de corrente
eléctrica em uma das bobinas. Se este fluxo magnético for variável provoca um corrente
induzida na outra bobina. Há reciprocidade entre o fluxo gerado por uma bobina e a corrente
induzida na outra, e a sua relação é chamada de coeficiente de indutância mútua, que é uma
medida da influência magnética entre as duas bobinas. Pode-se demonstrar que esse
coeficiente depende somente da forma e da distância entre as bobinas assim como a natureza
(ferromagnética) dos materiais perto das bobinas. Portanto, se o material das provetas muda, o
coeficiente de indução também muda (BLANCO et al., 2012).
O método indutivo sugere a utilização de um enrolamento não uniforme para
diminuir a diferença entre o centro e os extremos, alcançando um coeficiente de ponderação
mais equilibrado entre todas as fibras, independentemente da sua localização geométrica. O
método é capaz de medir o teor e a orientação das fibras de aço nos corpos de prova cúbicos.
43

O procedimento de ensaio consiste em colocar o corpo de prova sobre uma superfície não
metálica, com a face do concreto na parte superior (eixo z), por exemplo. Em seguida, ao
corpo de prova é envolvido pela indutância gerada pela bobina, como mostrado na Figura 16,
e o aumento da indutância é medido. O mesmo procedimento é repetido com o corpo de prova
para os eixos Y e X (BLANCO et al., 2012).

Figura 16 – Esquema do procedimento de ensaio: medida nos 3 eixos principais.

Fonte: Blanco et al. (2012).

Devido à natureza física dos campos eletromagnéticos, as fibras que se encontram


em uma posição paralela à da direção do campo magnético variam a indutância da bobina,
enquanto as situadas em posição perpendicular praticamente não geram nenhuma variação.
Este princípio é o que permite determinar a orientação das fibras de acordo com os três eixos
principais do corpo de prova. A dispersão nas medidas dos três eixos permite determinar a
orientação e a média das medidas indica o conteúdo fibra. Uma característica a se destacar
deste método é que as medidas utilizadas são independentes da idade do concreto (BLANCO
et al., 2012).
44

5 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL

A parte experimental desta pesquisa foi composta por três principais etapas, que
foram: a) caracterização dos materiais, b) produção dos concretos e, c) realização dos ensaios.
Além da caracterização dos concretos no estado fresco, foram moldados, para cada traço
desenvolvido nesta pesquisa, 8 corpos de prova cilíndricos de 10x20cm, posteriormente
ensaiados aos 28 dias. Foram utilizados 4 corpos de prova para o ensaio de resistência à
compressão (ABNT NBR 5739:2007) e 4 corpos de prova para o ensaio de resistência à
tração por compressão diametral (ABNT NBR 7222:2011).
Para a avaliação da tenacidade pelo método JSCE-SF4 foram moldados 4 prismas
de 10x10x40cm para cada traço, e posteriormente, destes primas foi extraído um cubo de 10
cm para a realização do Ensaio Barcelona e do Ensaio de Caracterização Multidirecional.
Após a realização desses ensaios da determinação da resistência à compressão
foram coletados fragmentos desses corpos de prova e realizados ensaios de Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV). As amostras foram coletadas no laboratório de materiais de
construção civil da Faculdade de Tecnologia - Unicamp e analisados a interação entre a
matriz de concreto e as fibras de aço.
Este capítulo apresenta o detalhamento do programa experimental adotado para o
estudo dos concretos auto adensável reforçado com fibras de aço, como descrito no
fluxograma apresentado na Figura 17.
45

Figura 17 – Fluxograma da parte experimental da pesquisa.

Materiais
Utilizados

Cimento CPV ARI Sílica Ativa Agregado Miúdo Pó de Pedra

Agregado Graúdo Aditivo Fibras de Aço

Caracterização dos
Materiais

Dosagem do
Concreto

Ensaios no
Estado Fresco

Espalhamento Viscosidade Habilidade Passante

Ensaios no
Estado Endurecido

Resistência à Compressão Resistência à Tração MEV

Indutância Ensaio JSCE-SF4 Ensaio Barcelona

Fonte: Autor.

5.1 Materiais

Os materiais utilizados nesta pesquisa foram caracterizados por meio de ensaios


físicos, obedecendo às prescrições da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
46

5.1.1 Cimento Portland

O Cimento escolhido para a produção do concreto foi o Cimento Portland CPV


ARI (Alta Resistência Inicial - ABNT NBR 5733/1991) da fabricante Holcim Brasil, com
massa específica (ABNT NBR NM 23:2001) de 3,15 kg/dm3. Este tipo de cimento é bastante
utilizado na fabricação de concreto, pois permite que o mesmo alcance alta resistências em
poucos dias.
A Tabela 8 apresenta as características e propriedades desse cimento.

Tabela 8 – Propriedades físicas e químicas do CPV ARI.

Características e Propriedades Unidade CPV ARI

Massa específica (ABNT NBR NM 23:2001) Kg/dm³ 3,15

Massa unitária no estado solto (ABNT NBR NM 45:2006) Kg/dm³ 1,03

Tempo de pega (ABNT NBR 65:2003) Início min 130

Fim min 210

1 dia MPa 27,5

Resistência à compressão (fcj) (ABNT NBR 3 dias MPa 42,3


7215:1997)
7 dias MPa 46,8

28 dias MPa 56,0


Fonte: Valores disponibilizados pelo fabricante Holcim.

5.1.2 Sílica Ativa

Utilizou-se sílica ativa fornecida pela empresa SILICON Indústria e Comércio de


Produtos Químicos Ltda., com massa específica (ABNT NBR NM 23:2001) igual a 2,20
kg/dm³. A Tabela 9 apresenta a composição química da sílica ativa utilizada nesta pesquisa.

Tabela 9 – Análise química da sílica ativa.

Composto %
Fe2O3 0,08
CaO 0,36
Al2O3 0,17
M 0,55
Na2O 0,19
K2O 1,29
SiO2 95,61
Fonte: Site SILICON.
47

5.1.3 Agregado Graúdo

O agregado graúdo para a produção do concreto foi do tipo basáltico, proveniente


da região de Limeira/SP. Apresentou massa específica (ABNT NBR NM 53:2009) de 2,90
kg/dm3 e massa unitária compacta (ABNT NBR NM 45:2006) de 1,51 kg/dm3. A
composição granulométrica desse material foi realizada de acordo com as prescrições da
ABNT NBR NM 248:2003. A Tabela 10 apresenta a composição granulométrica do agregado
graúdo.
Tabela 10 – Composição granulométrica do agregado graúdo.

Abertura da peneira (mm) Pedrisco

% retida % acumulada
12,5 0 0
9,5 1 1
6,3 27 28
4,8 34 63
2,4 29 91
1,2 2 94
0,6 1 94
0,3 0 94
0,15 0 94
Resíduo 6 100
Dmáx característica 9,5 mm
Módulo de finura 5,31
Fonte: Autor.

5.1.4 Pó de Pedra

Empregou-se pó de pedra proveniente da região do município de Limeira, estado


de São Paulo. A Tabela 11 apresenta a composição granulométrica, segundo as prescrições da
ABNT NBR NM 248:2003. O pó de pedra utilizado apresentou massa específica (ABNT
NBR NM 52:2009) igual a 2,64 kg/dm3 e massa unitária no estado solto e seco (ABNT NBR
NM 45:2006) igual a 1,58 kg/dm3.
48

Tabela 11 – Composição granulométrica do pó de pedra.

Abertura da peneira (mm) Pó de Pedra

% retida % acumulada
4,8 0 0
2,4 12 13
1,2 25 37
0,6 19 56
0,3 15 71
0,15 11 82
Resíduo 18 100
Dmáx Característica 4,8 mm
Módulo de Finura 2,59
Classificação Zona Ótima
Fonte: Autor.

5.1.5 Agregado Miúdo

Empregou-se areia natural quartzosa proveniente do município de Limeira, estado


de São Paulo. A Tabela 12 apresenta a composição granulométrica, segundo as prescrições da
ABNT NBR NM 248:2003. A areia utilizada apresentou massa específica (ABNT NBR NM
52:2009) igual a 2,65 kg/dm3 e massa unitária no estado solto e seco (ABNT NBR NM
45:2006) igual a 1,52 kg/dm3.

Tabela 12 – Composição granulométrica do agregado miúdo.

Abertura da peneira (mm) Areia Natural

% retida % acumulada
4,8 0,132 0,132
2,4 1,021 1,153
1,2 3,018 4,171
0,6 8,909 13,079
0,3 41,818 54,897
0,15 36,383 91,281
Resíduo 8,719 100,00
Dmáx Característica 1,2 mm
Módulo de Finura 1,64
Classificação Zona Utilizável Inferior
Fonte: Autor.
49

5.1.6 Aditivo Plastificante

O aditivo plastificante utilizado foi do tipo acelerador com elevado efeito redutor
de água, classificado como plastificante e superplastificante em algumas dosagens, segundo a
ABNT NBR 11768:2011, fabricado pela empresa MC-Bauchemie Brasil. A Tabela 13
apresenta as características físicas e químicas do aditivo superplastificante.

Tabela 13 – Características do aditivo plastificante MC-TechniFlow 520.


Propriedades e características Unidade Resultado
Densidade g/cm3 1,08
Dosagem % 0,2 a 2,0 sobre o peso do cimento
Aspecto - Líquido
Cor - Marrom
Fonte: Manual do produto disponibilizado pela MC-Bauchemie Brasil.

5.1.7 Fibras de Aço

As fibras de aço são produzidas a partir de fios de aço trefilados tendo como matéria
prima o Fio Máquina de cada fabricante e têm a função de reforçar o concreto, substituindo
completamente a armadura tradicional em algumas aplicações, tais como pisos e pavimentos
industriais, revestimentos de túneis (concreto projetado, anéis segmentados) e elementos pré-
fabricados (tubos de concreto, refratários, placas, cofres, etc.).
As fibras de aço utilizadas foram a Dramix 45/30 fornecidas pela empresa Belgo
Bekaert. Essas fibras possuem resistência à tração de 1.270 N/mm² e suas especificações estão
apresentadas na Tabela 14.

Tabela 14 – Especificações das fibras de aço.


Dramix Fator de Forma Comprimento Diametro Fibras/Kg Dosagem Mínima
RL 45/30 45 30 mm 0,62 mm 13.311 30 kg/m³

Fonte: Manual do produto disponibilizado pela Dramix.

A fibra de aço utilizada nessa pesquisa (Figura 18) é classificada como A-I (tipo
A – ancoragem nas extremidades; classe I – oriunda de arame trefilado a frio). As fibras A-I
são especificadas pelo diâmetro equivalente (de) e comprimento total (l). O fator de forma é
obtido por meio da razão l/de.
Foram escolhidas fibras curtas, mesmo sabendo-se que fibras mais longas tem melhor
desempenho mecânico, pois, segundo Figueiredo (2011), recomenda-se que o comprimento da
50

fibra seja 1/3 da menor dimensão do corpo de prova. Como o corpo de prova utilizado foi de 100
x 100 x 400 mm, a fibra devia ter um comprimento menor que 100/3, ou seja, menor que 33,33
mm. Além disso, fibras grandes atrapalham a trabalhabilidade do concreto auto-adensável,
fazendo com que o mesmo não alcance os resultados no estado fresco prescritos por norma.

Figura 18 – Fibras de aço Dramix.

Fonte: Autor.

5.2 Dosagem Experimental

As dosagens dos concretos seguiram as recomendações propostas por Tutikian


(2004). A Tabela 15 apresenta o traço desenvolvido nesta pesquisa, no qual houve a manutenção
da relação água/cimento, bem como do teor de argamassa para todas as misturas desenvolvidas.
Foram feitas três dosagem de fibras de aço: 25 kg/m³, 50 kg/m³ e 75 kg/m³, como mostra a Tabela
16.
Borja (2011), Bogas et al. (2012) e Hubertová et al., 2013, aconselham a utilização de
sílica ativa em, no máximo, 10% em relação a quantidade de cimento introduzido na mistura do
concreto, além da incorporação de pequenas porcentagens de aditivos que auxiliam na
manutenção da consistência, permitindo a redução da relação água/cimento.

Tabela 15 – Traço utilizado na pesquisa.


Materiais Utilizados Consumo
Cimento CPV ARI 1
Sílica ativa 0,10
Areia 2,75
Pó de pedra 0,48
Agregado graúdo 2,26
Água 0,7
Aditivo 1,21%
Fonte: Autor.
51

Tabela 16 – Dosagem das fibras de aço.

Traço Teor (kg fibras de aço/m³ concreto)

T1 25 kg/m³

T2 50 kg/m³

T3 75 kg/m³
Fonte: Autor.

5.3 Produção dos Concretos

O processo de mistura do concreto de referência, em betoneira de eixo inclinado


previamente umedecida, ocorreu da seguinte forma: primeiramente introduziu-se o agregado
graúdo convencional, em seguida, a água proveniente da rede pública, logo após, o cimento
Portland de alta resistência inicial, seguido do pó de pedra, da areia e da sílica ativa. Em seguida
houve a mistura dos materiais na betoneira de eixo inclinado por aproximadamente 5 minutos.
Logo após introduziu-se o aditivo superplastificante, ocorrendo uma nova mistura até que o
concreto atingisse uma fluidez adequada. Depois do concreto pronto, foram adicionadas as fibras
de aço, misturando por mais 1 minuto.
Para cada traço foram moldados 8 corpos de prova cilíndricos de 10x20cm e 4 corpos
de prova prismáticos de 10x10x40cm, como mostra a Figura 19.
Após 24 horas, os corpos de prova foram desmoldados, e, em seguida, submetidos ao
processo de cura úmida.

Figura 19 – Corpos de prova produzidos.

Fonte: Autor.
52

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo reserva-se à apresentação e discussão dos resultados das análises


experimentais dos concretos reforçados com fibras de aço, divididas em duas etapas
principais:
a) caracterização das propriedades físicas e mecânicas dos concretos;
b) estudo da microestrutura da matriz de cimento.
Os ensaios no estado fresco do concreto, as análises físicas e mecânicas, de
resistência à compressão e à tração por compressão diametral, foram realizadas no
Laboratório de Materiais da Construção Civil da Faculdade de Tecnologia – FT da
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
Os ensaios de tenacidade JSCE-SF4 e Ensaio Barcelona, bem como o Ensaio de
Quantificação e Caracterização da Orientação das Fibras foram realizados no Departamento
de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP.
A análise da microestrutura da matriz de cimento foi realizada no Laboratório
Nacional de Luz Síncontron, em Campinas.

6.1 Ensaios no Estado Fresco

A Tabela 17 apresenta os resultados obtidos nos ensaios no estado fresco para os 3


traços, que serão discutidos abaixo.

Tabela 17 – Resultados do concreto no estado fresco.


T1 T2 T3
Espalhamento 75,5 cm 68 cm 60,5 cm
Habilidade Passante 0,90 0,88 0,83
Viscosidade 3s 3s 3s
Fonte: Autor.

6.1.1 Determinação do Espalhamento – Método do Cone de Abrams

Os valores da determinação do espalhamento pelo método do cone de Abrams dos


concretos produzidos nesta pesquisa encontram-se na Figura 20.
53

Figura 20 – Valores da determinação do espalhamento.

800

700

600

500
Espalhamento
400
(mm)
300

200

100

0
T1 T2 T3

Fonte: Autor.

Observou-se a partir dos dados encontrados que a consistência recomendada pela


ABNT NBR 15823:2010-Parte 2, que delimita que para um concreto ser classificado como
auto adensável faz-se necessário atingir valor maior ou igual a 550 mm, foi atingida por todos
os traços desenvolvidos nesta pesquisa. A Figura 21 mostra a realização do ensaio de
determinação do espalhamento.

Figura 21 – Realização do ensaio de determinação do espalhamento.

Fonte: Autor.

Nota-se que, quanto mais o teor de fibras no concreto, menor o espalhamento do


mesmo. Isto ocorre pelo fato de se ter uma elevada área específica, que demanda uma grande
54

quantidade de água de molhagem aumentando o atrito interno do concreto e reduzindo a sua


mobilidade. Por outro lado, isto pode até ser positivo em determinadas aplicações onde se
exige um elevado nível de coesão do material (FIGUEIREDO, 2000).

6.1.2 Determinação da Habilidade Passante – Método da Caixa “L”

Este ensaio, mostrado na Figura 22, tem como finalidade determinar a fluidez e a
capacidade de passagem do CAA por obstáculos. O equipamento utilizado, descrito no item
4.5.3, foi preparado conforme recomendações e limites segundo ABNT. Neste ensaio
determina-se o tempo que o CAA leva para percorrer uma distância horizontal de 20 cm e de
40 cm, e a razão H2/H1, como sendo a relação entre as alturas do concreto nos pontos final e
inicial, respectivamente, na horizontal.

Figura 22 – Realização do ensaio de determinação da habilidade passante.

Fonte: Autor.

Os valores da determinação da habilidade passante por meio do método da caixa


“L” dos concretos produzidos nesta pesquisa encontram-se na Figura 23.
55

Figura 23 – Valores da determinação da habilidade passante.

0.92
0.90
0.88
0.86

Habilidade 0.84
Passante 0.82
0.80
0.78
0.76
0.74
T1 T2 T3

Fonte: Autor.

A partir dos dados observados na Figura 23, notou-se que todos os traços
apresentaram valores maiores ou iguais a 0,80, valor mínimo exigido pela ABNT NBR
15823:2010-Parte 4, para caracterizar os concretos como auto-adensáveis.
Assim como observado no ensaio de espalhamento, quanto maior o teor de fibras
no concreto, menor o valore da habilidade passante.

6.1.3 Determinação da Viscosidade – Método do Funil “V”

Os valores da determinação da viscosidade a partir do método do funil “V” dos


concretos produzidos nesta pesquisa encontram-se na Figura 24.

Figura 24 – Valores da determinação da viscosidade.

10
9
8
7

Viscosidade 6
(s) 5
4
3
2
1
0
T1 T2 T3

Fonte: Autor.
56

Este ensaio, mostrado na Figura 25, tem como finalidade determinar a viscosidade
do CAA. Nele, determina-se o tempo que o CAA leva para sair do funil V. Quanto menor o
tempo, mais viscoso e mais auto adensável pode ser considerado o concreto.
Analisando a Figura 25, ambos os traços estão em conformidade com a ABNT
NBR 15823:2010-Parte 5, a qual prescreve que a viscosidade dos concretos auto adensáveis
deve apresentar valor menor ou igual a 9 segundos.
Observou-se, ainda, que o teor de fibras não alterou a viscosidade dos traços
apresentados.
Figura 25 – Realização do ensaio de determinação da viscosidade.

Fonte: Autor.

6.2 Ensaios no Estado Endurecido

A Tabela 18 apresenta os resultados de resistência à compressão e resistência à


tração dos concretos aos 28 dias, que serão discutidos posteriormente.

Tabela 18 – Resultados do concreto no estado endurecido.


Traço Resistência à Compressão Resistência à Tração
(MPa) (MPa)
T1 médio 52,73 4,63
T2 médio 48,65 4,76
T3 médio 47,28 4,45
Fonte: Autor.
57

6.2.1 Resistência à Compressão

Os corpos de prova foram ensaiados à compressão segundo as prescrições da


ABNT NBR 5739:2007, conforme mostra a Figura 26, aos 28 dias após moldados. Os
resultados alcançados das resistências estão apresentados na Tabela 19 e as resistências
médias foram dispostos no gráfico da Figura 27.

Figura 26 – Realização do ensaio de resistência à compressão.

Fonte: Autor.

Tabela 19 – Resultados da resistência à compressão aos 28 dias.


CP Resistência à Compressão
T1-1 55,4 MPa
T1-2 51,4 MPa
T1-3 49,7 MPa
T1-4 54,4 MPa
T1 médio 52,73 MPa
T2-1 45,5 MPa
T2-2 50,4 MPa
T2-3 49,7 MPa
T2-4 49,0 MPa
T2 médio 48,65 MPa
T3-1 49,2 MPa
T3-2 46,2 MPa
T3-3 45,7 MPa
T3-4 48,0 MPa
T3 médio 47,28 MPa
Fonte: Autor.
58

Figura 27 – Valores da resistência à compressão.

60.00

50.00

40.00
Resistência à
Compressão 30.00
(MPa)
20.00

10.00

0.00
T1 T2 T3

Fonte: Autor.
Todos as misturas apresentaram valores de resistência à compressão maiores que
20 MPa, valor mínimo exigido pela norma (ABNT NBR 6118:2014) para concretos
estruturais.
A partir dos resultados observados na Figura 28, notou-se que, o concreto com
menor teor de fibras apresentou uma resistência à compressão maior que o concreto com
maior teor de fibras. Isso ocorreu devido uma simples variação de resultados, pois as fibras
não interferem diretamente na resistência à compressão.

6.2.2 Resistência à Tração por Compressão Diametral

O ensaio de resistência à tração por compressão diametral foi realizado segundo


as prescrições da ABNT NBR 7222:2011, como mostra a Figura 28, aos 28 dias de idade, e
seus resultados encontram-se na Tabela 20 e na Figura 29.
59

Figura 28 – Realização do ensaio de resistência à tração.

Fonte: Autor.

Tabela 20 – Resultados da resistência à tração aos 28 dias.


CP Resistência à Compressão
T1-1 4,03 MPa
T1-2 4,48 MPa
T1-3 4,54 MPa
T1-4 5,45 MPa
T1 médio 4,63 MPa
T2-1 4,74 MPa
T2-2 4,28 MPa
T2-3 4,48 MPa
T2-4 5,52 MPa
T2 médio 4,76 MPa
T3-1 4,28 MPa
T3-2 4,48 MPa
T3-3 4,48 MPa
T3-4 4,54 MPa
T3 médio 4,45 MPa
Fonte: Autor.
60

Figura 29 – Valores da resistência à tração.

5.00

4.00

3.00
Resistência à
Tração (MPa)
2.00

1.00

0.00
T1 T2 T3

Fonte: Autor.

A partir dos resultados observados na Figura 29, notou-se o mesmo padrão da


resistência à compressão, considerado também como uma simples variação de resultados, pois
a presença das fibras de aço também não interfere na resistência à tração.

6.2.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

O microscópio eletrônico de varredura é considerado um dos mais versáteis


instrumentos disponíveis para a observação e análise de características microestruturais de
objetos sólidos. Seu principal uso deve-se à sua capacidade de imagens de alta resolução
obtidas pela observação de amostras, podendo chegar em valores da ordem de 2 a 5
nanômetros para instrumentos comerciais e resoluções melhores que 1 nm para instrumentos
de pesquisas avançadas (NAGATANI et al., 1987).
Além disso, possui aparência tridimensional da imagem das amostras, resultado
direto da grande profundidade de campo, permitindo o exame em pequenos aumentos e com
grande profundidade de foco, característica extremamente útil, pois a imagem eletrônica
complementa a informação dada pela imagem óptica (DEDAVID et al., 2007).
As imagens do MEV podem ser utilizadas na análise da interação das fibras com o
compósito, determinando teores de vazios, composição química e defeitos na ligação das
fibras com os materiais constituintes (CHRIST et al., 2015).
61

Nesta pesquisa, as imagens do MEV foram utilizadas para analisar essa interação,
fator muito importante nas propriedades mecânicas do CRF, como visto no item 5.3.1.
Na Figura 30 pode-se ver as amostras analisadas no microscópio. A amostra do
lado esquerdo possui uma fibra, já a do lado direito é apenas a matriz de concreto.

Figura 30 – Amostras a serem analisadas no MEV.

Fonte: Autor.

As Figuras 31, 32 e 33 são imagens de MEV realizadas em uma amostra extraída


de um dos traços desenvolvidos nessa pesquisa. Aqui, a dosagem de fibras não importa, pois é
analisada apenas a interação entre uma fibra de aço e a matriz de cimento.

Figura 31 – Interação fibra-matriz.

Fonte: Autor.

Na Figura 30, pode-se visualizar nitidamente a fibra e ao lado a matriz de


concreto. A amostra foi arrancada, e não serrada, o que fez com que a fibra se movimentasse,
62

saindo do seu lugar original. Porém, na Figura 31, pode-se ver o lugar que era ocupado pela
fibra anteriormente, antes de sua movimentação, e é possível notar que a fibra estava
totalmente envolvida e fixada pelo concreto, obtendo-se assim uma excelente interação entre
os dois elementos, o que contribuiu para os ótimos resultados mecânicos dos concretos feitos
nessa pesquisa.
Já na Figura 32, é possível visualizar a matriz de concreto onde antes era ocupado
pela fibra de aço. Pode-se observar que a matriz de concreto da Figura 32 possui rugosidade
aproximada da rugosidade da fibra da Figura 31, o que, novamente, aponta para a interação
entre a fibra e a matriz de concreto.

Figura 32 – Local ocupado pela fibra antes de sua movimentação.

Fonte: Autor.

A Figura 33b mostra em vermelho onde é focada a imagem de MEV da Figura


33a. Ela é focada na parte que a fibra está mais presa à matriz de concreto. Na Figura 34a
pode-se ver um pouco mais a aderência entre a fibra e a matriz de concreto, já que nessa parte
não houve movimentação da fibra.
63

Figura 33 – MEV da parte fixa da fibra com a matriz (a) e amostra analisada (b).

Fonte: Autor.

6.2.4 Ensaio de Quantificação e Caracterização da Orientação das Fibras

Para a obtenção dos resultados de indutância, primeiramente foi necessário fazer a


calibração do equipamento, utilizando dois corpos de prova cúbicos de isopor com lado de 10
cm, um com 25 gramas de fibras de aço e o outro com 50 gramas, mostrados na Figura 34. O
equipamento utilizado é um medidor com um analisador de impedância à frequência de 1
kHz.

Figura 34 – Calibração do equipamento.

Fonte: Autor.
64

Colocou-se cada um dos corpos de prova dentro do equipamento e para cada um


dos 3 eixos foram obtidos 3 valores de indutância (i). Tirou-se a média dos valores de i para
cada eixo, fez-se a somatória de todos os eixos, obtendo-se o coeficiente de indutância (i) do
corpo de prova, como mostra a Tabela 21.

Tabela 21 – Valores de i e i para o corpo de prova de isopor de 25 g de fibras de aço.

25 g i Média de i
1,3168
Eixo x (mH) 1,3023 1,3141
1,3233
1,1900
Eixo y (mH) 1,1928 1,1962
1,2059
0,1863
Eixo z (mH) 0,1752 0,1825
0,1860
i = 2,6928
Fonte: Autor.

Realizou-se o procedimento especificado acima para todos os corpos de prova,


sendo 2 corpos de prova de isopor de referencia, e 3 corpos de prova para cada traço moldado.
Por meio do i encontrado para os corpos de prova de referência, foi possível traçar um
gráfico, mostrado na Figura 35, e, por meio deste e dos valores de i encontrado para os
outros corpos de prova, foi possível encontrar a massa de fibras de aço em cada corpo de
prova (Cf), apontados na Tabela 22.
65

Figura 35 – Gráfico de indutância.

Fonte: Autor.

Tabela 22 – Valores de Cf encontrados para cada corpo de prova.


Corpo de prova i Cf (g) Volume (cm³)
Ref. 1 2,6928 25,000 1000,00
Ref. 2 5,0022 50,000 1000,00
T1-1A 2,5895 23,881 1012,79
T1-2A 2,5506 23,460 977,52
T1-3A 3,2374 30,895 1077,93
T2-1A 4,9466 49,399 1048,54
T2-2A 4,0813 40,031 996,58
T2-3A 4,7119 46,857 941,62
T3-1A 5,3394 53,651 958,01
T3-2A 6,4882 66,088 962,15
T3-3A 6,2604 63,621 940,36
Fonte: Autor.

Foram tiradas todas as medidas dos corpos de prova, como mostra a Figura 36, e a
partir destas medidas foi calculada a área. Tendo a área e a massa de fibras de cada corpo de
66

prova, foi possível então calcular a dosagem de fibras exata contida em cada traço, como
mostra a Tabela 23.

Figura 36 – Medida do corpo de prova.

Fonte: Autor.

Tabela 23 – Valores dos teores de fibras de cada traço.


Traço Teor de Fibras Estipulado Teor de Fibras Calculado
T1 25 kg/m³ 25,51 kg/m³
T2 50 kg/m³ 45,68 kg/m³
T3 75 kg/m³ 64,17 kg/m³
Fonte: Autor.

Os resultados obtidos na Tabela 23 mostram que os teores de fibras calculados de


cada traço estão aproximados aos teores de fibras estipulados e que não houve nenhuma
grande variação capaz de alterar os resultados de tenacidade.
Por meio dos resultados obtidos foi possível, também, determinar a orientação das
fibras de aço, dividindo-se os valores da média do i de cada eixo pelo valor de i,
encontrando-se assim a porcentagem de fibras de aço naquele eixo.
A orientação das fibras de aço para cada traço encontra-se nas Figuras 37 a 39.
67

Figura 37 – Porcentagem de fibras em cada eixo para o traço 1.

Traço 1 = 25,51 kg/m³

z x
27.35% 34.37%

y
38.27%

Fonte: Autor.

Figura 38 – Porcentagem de fibras em cada eixo para o traço 2.

Traço 2 = 45,68 kg/m³

z x
28.98% 32.08%

y
38.94%

Fonte: Autor.
68

Figura 39 – Porcentagem de fibras em cada eixo para o traço 3.

Traço 3 = 64,17 kg/m³

z x
20.73% 38.33%

y
40.94%

Fonte: Autor.

Os resultados obtidos nas Figuras 38, 39 e 40 mostram que as fibras se orientaram


proporcionalmente em cada eixo, não apresentando resultados que interferissem na tenacidade
dos traços.

6.2.5 Ensaio de Flexão JSCE-SF4

O comportamento pós-fissuração dos concretos foi avaliado por meio do ensaio


de flexão de vigas pelo método JSCE-SF4, mostrado na Figura 40.
69

Figura 40 – Execução do ensaio de flexão JSCE-SF4.

Fonte: Autor.

Tanto os ensaios de flexão JSCE-SF4 quanto o ensaio Barcelona foram realizados


na máquina EMIC DL, com capacidade de 100 KN.
As Figuras 41, 42 e 43 apresentam os resultados deste ensaio.

Figura 41 – Resultados do ensaio JSCE – SF4 para o teor 25 kg/m³ de fibra de aço.

25 kg/m³
25

20
Carga (KN)

15
T3-1
T3-2
10
T3-3
T3-4
5

0
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento vertical (mm)

Fonte: Autor.
70

Figura 42 – Resultados do ensaio JSCE – SF4 para o teor 50 kg/m³ de fibra de aço.

50 kg/m³
25

20
Carga (KN)

15
T2-1
T2-2
10
T2-3
T2-4
5

0
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento vertical (mm)

Fonte: Autor.

Figura 43 – Resultados do ensaio JSCE – SF4 para o teor 75 kg/m³ de fibra de aço.

75 kg/m³
25

20
Carga (KN)

15
T1-1
T1-2
10
T1-3
T1-4
5

0
0 1 2 3 4 5 6
Deslocamento vertical (mm)

Fonte: Autor.

Pelas Figuras 41, 42 e 43, pode-se observar que as cargas de ruptura a flexão
ficaram próximas do valor de 20 KN, independente do teor de fibras. Observa-se também que
houve uma certa instabilidade pós-fissuração, evidenciada pela distância entre os pontos logo
71

após a ruptura da matriz, pós-pico. De acordo com Monte (2015), o afastamento maior ocorre
após a carga de pico por causa do aumento da velocidade de deslocamento que o LVDT
registrou, já que a taxa de aquisição de dados é constante. Essa instabilidade ocorre porque o
ensaio em questão utiliza o controle tipo open loop, no qual a velocidade do equipamento é
mantida constante, e não a do corpo de prova, o que não aconteceria se o ensaio fosse
realizado com um sistema de controle da velocidade de deslocamento fechado (BANTHIA;
DUBEY, 1999; SALVADOR; FIGUEIREDO, 2013).
Monte (2015) afirma também a instabilidade é progressivamente reduzida
conforme o teor de fibra é aumentado. Nota-se nos gráficos que a instabilidade do concreto
com 25 kg/m³ foi maior para o teor de 75 kg/m³. Porém, nota-se que dois corpos de prova do
gráfico de teor de 50 kg/m³ apresentaram instabilidade maior que o teor 25 kg/m³. Isso deve-
se a uma simples variância cuja significância não é relevante para os resultados de tenacidade.

6.2.6 Ensaio Barcelona

O comportamento pós-fissuração dos concretos foi avaliado por meio do ensaio


Barcelona, mostrado na Figura 44.

Figura 44 – Execução do Ensaio Barcelona.

Fonte: Autor.

As Figuras 45, 46 e 47 mostram as curvas de carga de puncionamento (Fp) por


deslocamento vertical (p) de três testemunhos no ensaio Barcelona, para a fibra de aço nos
teores avaliados.
72

Figura 45 – Resultados do Ensaio Barcelona para o teor 25 kg/m³ de fibra de aço.

25 kg/m³
90

80

70

60
Carga - Fp (KN)

50
T3-1
40
T3-2
30 T3-3
20

10

0
0 1 2 3 4 5
Deslocamento vertical - p (mm)

Fonte: Autor.

Figura 46 – Resultados do Ensaio Barcelona para o teor 50 kg/m³ de fibra de aço.

50 kg/m³
90

80

70

60
Carga - Fp (KN)

50
T2-1
40
T2-2
30 T2-3
20

10

0
0 1 2 3 4 5
Deslocamento vertical - p (mm)

Fonte: Autor.
73

Figura 47 – Resultados do Ensaio Barcelona para o teor 75 kg/m³ de fibra de aço.

75 kg/m³
90

80

70

60
Carga - Fp (KN)

50
T1-1
40
T1-2
30 T1-3
20

10

0
0 1 2 3 4 5
Deslocamento vertical - p (mm)

Fonte: Autor.

Observa-se pelas Figuras 45, 46 e 47 que as cargas máximas de puncionamento


(Fp) foram todas próximas de 80 KN, independente do teor de fibras utilizado, e que a
variação ocorrida foi parecida com a variação da resistência à compressão. A instabilidade
pós-pico do ensaio Barcelona apresentou-se menor quando comparada ao ensaio JSCE-SF4,
apesar de ambos terem sido realizados em sistema aberto de controle da velocidade, como
comprova Monte (2015). A instabilidade do ensaio Barcelona foi mais percebida nos menores
teores de fibra, assim como no ensaio JSCE-SF4.

6.2.7 Tenacidade

Como já mencionado anteriormente, a medida da tenacidade calcula-se por meio


da área sob as curvas carga x deslocamento obtidas no ensaio JSCE-SF4 e no ensaio
Barcelona. Para o ensaio Barcelona considera-se o intervalo inteiro, de 0 a 5 mm. Já para o
JSCE-SF4, segundo Figueiredo (2011), o intervalo será de 0 até o deslocamento equivalente a
L/150, onde L é o vão, que neste caso é 300 mm, e, portanto o intervalo será de 0 a 2 mm.
74

Na Tabela 24 estão apresentados os resultados do fator tenacidade para cada traço


e para cada tipo de ensaio especificado.

Tabela 24 – Tenacidade média para cada traço.


Traço Tenacidade Média (N.m)
Ensaio JSCE-SF4 Ensaio Barcelona
T1 19,97 45,75
T2 19,11 56,75
T3 31,73 85,93
Fonte: Autor.

A Tabela 24 comprova que os ensaios Barcelona e JSCE-SF4 apresentam


resultados diferentes de tenacidade, porém, estes resultados mantém uma relação de 1:2 entre
si, como afirma Monte (2015). É possível também verificar que quanto maior a dosagem de
fibras de aço no concreto, maior sua tenacidade, exceto para o traço T2 do ensaio JSCE-SF4,
que apresentou uma discrepância de resultado devido à instabilidade do ensaio.
75

7 CONCLUSÕES

Esta dissertação apresenta um estudo sobre o concreto auto adensável reforçado


com fibras de aço, avaliando suas propriedades no estado fresco e endurecido e analisando o
comportamento pós-fissuração do concreto reforçado com fibras de aço. A partir dos
resultados obtidos e as análises realizadas as seguintes conclusões podem ser destacadas:
 O traço utilizado teve trabalhabilidade suficiente para moldar tanto os
corpos de prova como as vigas de concreto, não apresentando segregação e com
consistência adequada, sendo assim classificado como auto adensável;
 As fibras de aço fizeram com que houvesse uma redução na
trabalhabilidade do concreto, porém, com a dosagem certa do concreto, das fibras e do
aditivo, foi possível alcançar suas características de concreto auto adensável;
 Observou-se que os valores da resistência à compressão dos concretos
apresentaram, em média, 50 MPa, valor bem acima do valor mínimo que a norma
prescreve para concretos estruturais (20 MPa). Quanto a resistência à tração,
observou-se que os concretos apresentaram valores acima de 4 MPa. Observou-se,
ainda, que a presença das fibras de aço não interferiu diretamente nas resistências à
compressão e à tração;
 Com relação ao método indutivo, por meio do equipamento utilizado
foi possível identificar o teor de fibras de aço em cada traço e sua porcentagem em
cada eixo principal, concluindo-se, assim, que todos os traços apresentaram um teor de
fibras de aço próximo ao teor dosado, e sua orientação apresentou-se mais presente no
eixo Y e menos presente no eixo Z, mas que essa variação não ocasionou nenhuma
interferência no comportamento pós-fissuração do concreto;
 Nos estudos microestruturais, observou-se que houve uma excelente
interação da fibra de aço com a matriz de concreto, fator que melhorou o
comportamento pós-fissuração do concreto e sua tenacidade.
Para a análise do comportamento pós-fissuração do concreto, os métodos de
ensaio Barcelona e de flexão JSCE-SF4 foram avaliados comparativamente, ambos utilizando
sistema aberto para controle da velocidade, obtendo-se as seguintes conclusões:
 O uso do sistema aberto para controle de velocidade resultou elevada
instabilidade no ensaio de flexão, principalmente para baixos teores de fibras.
76

 O ensaio Barcelona apresentou uma instabilidade relativamente menor


que o ensaio de flexão JSCE-SF4, mesmo adotando o sistema aberto de controle de
velocidade, o que confirma a viabilidade desse ensaio para determinação da resistência
à fissuração, tenacidade e resistência residual à tração do concreto reforçado com
fibras.
Sendo assim, o ensaio Barcelona apresenta-se como uma alternativa ao método
JSCE-SF4 por proporcionar uma economia de material e resíduos sólidos devido às
dimensões do corpo de prova, a execução do ensaio é possível com a utilização de uma prensa
convencional de ensaio de resistência à compressão, tendo custo menor que a máquina
utilizada para a execução do método JSCE-SF4 e de mais fácil execução, confirmando os
resultados encontrados por Blanco et al. (2012).
77

8 PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi estudado um traço de concreto que


apresentasse todas as características no estado fresco do concreto auto adensável bem como
uma alta resistência à compressão. Porém as fibras de aço foram dosadas de acordo com
dosagens previamente estudadas para que se fosse possível ter uma melhor comparação e
análise dos resultados.
Portanto, para desenvolvimentos futuros, aconselha-se:
 Dosagem de fibras de aço diferente das realizadas nesta pesquisa;
 O uso de fibras mais longas, para concretos que não sejam auto
adensável;
 Misturar diferentes tipos de fibras de aço (longas, curtas, com
ancoragem, sem ancoragem);
 Estudo mais aprofundado das dosagens de fibras de aço, bem como a
proposta de um método de dosagem de fibras de aço.
78

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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