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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CHRISTIAN PISTILA FUJIMOTO

COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE SILO


UNICELULAR CILINDRICO DE CONCRETO
ARMADO:
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SISTEMA DE
CONE INVERTIDO E SISTEMA CONVENCIONAL

CAMPINAS
2018
CHRISTIAN PISTILA FUJIMOTO

COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE SILO


UNICELULAR CILINDRICO DE CONCRETO
ARMADO:

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SISTEMA DE


CONE INVERTIDO E SISTEMA CONVENCIONAL

Dissertação de Mestrado apresentada a


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo da Unicamp, para obtenção do
título de Mestre em Engenharia Civil, na área
de Estruturas e Geotécnica.

Orientador(a): Prof(a). Dr(a). Maria Cecília Amorim Teixeira da Silva

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO CHRISTIAN PISTILA
FUJIMOTO E ORIENTADO PELA PROF(A). DR(A). MARIA
CECILIA AMORIM TEIXEIRA DA SILVA.

ASSINATURA DA ORIENTADORA

______________________________________

CAMPINAS
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO

COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE SILO


UNICELULAR CILINDRICO DE CONCRETO
ARMADO:
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SISTEMA DE
CONE INVERTIDO E SISTEMA CONVENCIONAL

Christian Pistila Fujimoto

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dra Maria Cecilia Amorim Teixeira da Silva


Presidente e Orientadora - FEC/UNICAMP – Universidade Estadual de
Campinas

Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt


FEM/UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Andrés Batista Cheung


UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se


no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 22 de Fevereiro de 2018


AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por me ter me abençoado nesta caminhada, sendo
a minha fortaleza nos momentos de dificuldades e me dando forças para a superação
dos meus limites em várias circunstâncias em que duvidei de minha capacidade.
À minha orientadora prof.ª Dr.ª Maria Cecília Amorim Teixeira da Silva pela confiança,
por todo o conhecimento compartilhado, pela atenção prestada, pela paciência e
compreensão sobre as minhas dificuldades e pelo constante incentivo ao longo da
jornada, me motivando a seguir e ultrapassar por sobre todos os obstáculos.
Agradeço aos meus queridos pais Lúcia de Fátima Pistila Fujimoto e Ângelo Fujimoto
que com muito amor e disciplina me ensinaram desde a infância a importância da
busca pelo conhecimento e a perseverar no caminho certo, com simplicidade,
humildade e muita persistência para conquistar o meu objetivo.
À minha amada esposa Fernanda, minha filha Hayumi e meu filho Yuki que com muito
amor e carinho me apoiaram nos momentos mais difíceis, me incentivaram e
comemoraram comigo a cada etapa concluída fortalecendo minha autoestima,
agradeço-os também pela cumplicidade, companheirismo e compreensão.
Às minhas irmãs, meu sobrinho, sogro (a), e cunhadas (os) que sempre me apoiaram
e me incentivaram, sendo totalmente compreensíveis quanto ao tempo em que
precisei me ausentar para à dedicação aos estudos.
Aos meus gestores da empresa CBA que viabilizaram meus horários e estimularam o
meu crescimento.
RESUMO
Este trabalho tem a finalidade de apresentar um estudo teórico comparativo entre dois
tipos geométricos de silos de concreto armado de seção circular com a mesma
capacidade de armazenamento visando evidenciar o quanto tais diferenças podem
interferir no comportamento estrutural. Para o desenvolvimento do estudo são
propostos dois modelos de silo: o primeiro modelo com o cone disposto de acordo
com o sistema convencional e o segundo modelo com a inserção do cone invertido.
Para os dois modelos é também verificada a consideração do efeito térmico. O
carregamento é determinado segundo a norma europeia tanto para o silo de sistema
convencional quanto para o silo de cone invertido. A configuração geométrica do silo
de cone invertido apresenta uma descarrega excêntrica, sendo necessária a
consideração de procedimentos de cálculos específicos para esta condição. É
também considerado o procedimento sugerido pela empresa responsável pelo
desenvolvimento do sistema de cone invertido. Como partes integrantes desta análise
são comparadas as tensões e deformações obtidas nos dois modelos de silos
considerados, bem como as armaduras necessárias para resistir aos efeitos térmicos
nas paredes do silo conforme proposto por diversos pesquisadores, normas e teorias.
Como auxílio para a obtenção dos das tensões e deformações advindas dos
carregamentos nos silos é utilizado um programa computacional. Os resultados
apresentaram menores tensões e deformações no silo de cone invertido do que no
silo de sistema convencional. O cálculo da armadura destinada a absorver o efeito
térmico apresentou diferenças significativas entre os procedimentos utilizados,
principalmente pela consideração da condutividade térmica do concreto, que é uma
variável presente em todas as metodologias estudadas neste trabalho para o
dimensionamento da armadura.

Palavras-chave: silos, cone invertido, concreto armado, descarga excêntrica, efeito


térmico.
ABSTRACT

This work has the purpose of presenting a theoretical comparative study between two
geometric types of circular section reinforced concrete silos with the same storage
capacity aiming to show how much such differences obtained can be affecting the
structural behavior. Two silo models are proposed: the first model with the cone
arranged according to the conventional system, and the second model with the
insertion of inverted cone. For both models it is also verified the consideration of the
thermal effect. The loading is determined according to the European standard for both
the conventional and the inverted cone systems. The geometric configuration of the
inverted cone silo presents an eccentric discharge, being necessary the consideration
of procedures of calculations specific for this condition. It is also considered the
procedure suggested by the company responsible for the development of the inverted
cone system. As part of this analysis, the stresses and deformations of the two silo
models are compared, as well as the necessary reinforcement to resist the thermal
effects on the silo walls as proposed by some researchers, standards and theories. A
computational program is used to obtain the stresses and deformations from silo
loading. The results presented lower stresses and deformations in the inverted cone
silo than in the conventional silo system. The calculation of the reinforcement for the
thermal effect showed significant differences between the procedures adopted, mainly
considering the thermal conductivity of the concrete, which is a variable present in all
the methodologies studied in this work for the dimensioning of the reinforcement.

Keywords: silos, inverted cone, reinforced concrete, eccentric discharge, thermal


effects
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Modelo de silo com cone invertido ......................................................... 17
Figura 1.2 – Modelo de silo com cone invertido ........................................................ 18
Figura 1.3 – Carregamento com distribuição paralela no topo do silo ....................... 19
Figura 1.4 – Sistema de aeração e portões de canal de fluxo ................................... 19
Figura 4.1 - Canal de fluxo ........................................................................................ 32
Figura 4.2 - Padrão de pressões ............................................................................... 32
Figura 4.3 – Geometria do canal de fluxo .................................................................. 33
Figura 4.4 – Pressões na zona de fluxo e na região distante da zona de fluxo ......... 33
Figura 4.5 – Configuração de pressões no silo circular com saída concêntrica ........ 37
Figura 4.6 – Pressões na tremonha do silo convencional ......................................... 39
Figura 5.1 - Distribuição de temperatura em um perfil genérico ................................ 45
Figura 5.2 – Condutividade térmica do concreto usual em função da temperatura
Fonte: Eurocode 2 (2004) .......................................................................................... 46
Figura 5.3 - Redução de temperatura na travessia da parede do silo ....................... 48
Figura 5.4 - Gráfico Kt x parede do silo ..................................................................... 49
Figura 5.5 - Esforço normal circunferencial devido à pressão interna ....................... 56
Figura 5.6 - Deformação de um elemento livre pela ação de um gradiente térmico .. 57
Figura 5.7 - Distribuição das tensões radiais e circunferenciais ................................ 58
Figura 5.8 - Variação da temperatura em cascas espessas ...................................... 60
Figura 6.1 – Características do elemento finito SOLID 186 ....................................... 62
Figura 6.2 – Características do elemento finito SOLID 187 ....................................... 63
Figura 6.3 – Características do elemento finito SURF 154 ........................................ 63
Figura 7.1 - Seção do silo modelo convencional - Vol. 4050m³ ................................. 68
Figura 7.2 - Seção do Silo com cone invertido - Vol. 4050m³ .................................... 69
Figura 7.3 - Cargas pontuais na laje superior ............................................................ 70
Figura 7.4 – Configuração das pressões do silo com cone invertido ......................... 74
Figura 7.5 – Configuração das pressões para silo convencional............................... 79
Figura 7.6 – Pressões na célula do silo convencional ............................................... 80
Figura 7.7 – Pressões na tremonha do silo convencional ......................................... 81
Figura 7.8 – Propriedades do material utilizado na simulação .................................. 90
Figura 7.9 – Modelagem do silo de cone invertido .................................................... 92
Figura 7.10 – Condição de contorno ......................................................................... 93
Figura 7.11 – Discretização do silo de cone invertido ............................................... 94
Figura 7.12 – Discretização do cone invertido ........................................................... 95
Figura 7.13 – Modelagem do silo convencional......................................................... 96
Figura 7.14 – Discretização do silo convencional ...................................................... 97
Figura 7.15 – Discretização do cone convencional ................................................... 98
Figura 8.1 – Ilustração das camadas pré-definidas para o silo de cone invertido ... 102
Figura 8.2 – Ilustração dos pontos analisados no perímetro do silo ........................ 103
Figura 8.3 – Tensão na altura do silo na posição SE-300°...................................... 104
Figura 8.4 – Resultados de tensões Von-Mises (MPa) no silo de cone invertido .... 105
Figura 8.5 – Deformação total na altura do silo na posição SE-283° ...................... 107
Figura 8.6 – Resultados de deformação total (mm) no silo de cone invertido ......... 108
Figura 8.7 – Ilustração das camadas pré-definidas no silo convencional ................ 110
Figura 8.8 – Ilustração dos pontos analisados no perímetro do silo convencional .. 111
Figura 8.9 – Tensão na altura do silo na posição W-180° ....................................... 112
Figura 8.10 – Resultados de tensões Von-Mises (MPa) no silo convencional ........ 114
Figura 8.11 – Deformação total na altura do silo convencional na posição E-0° ..... 115
Figura 8.12 – Resultados de deformação total (mm) no silo convencional ............. 116
Figura 8.13 - Pressão horizontal.............................................................................. 117
Figura 8.14 - Pressão vertical .................................................................................. 117
Figura 8.15 – Força de atrito nas paredes do silo ................................................... 117
Figura 8.16 – Comparação de tensão entre os modelos ......................................... 118
Figura 8.17 – Comparação de deformação entre os modelos ................................. 119
Figura 8.18 – Interação do Ansys Workbench ......................................................... 126
Figura 8.18 – Considerações de temperatura nos silos .......................................... 127
Figura 8.20 – Dados de entrada do Ansys Workbench ........................................... 128
Figura 8.21 – Considerações de temperatura no silo de cone invertido .................. 129
Figura 8.22 – Considerações de temperatura no silo convencional ........................ 130
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 – Recomendação de classificação do silo para avaliação de ações ....... 30
Tabela 4.2 – Condições críticas para a definição do carregamento do silo ............... 31
Tabela 4.3 – Classificação dos silos de acordo com a esbeltez ................................ 31
Tabela 5.1 - Condutividade térmica do concreto e coeficiente de película do ar ....... 46
Tabela 7.1- Características do concreto .................................................................... 66
Tabela 7.2- Características do aço ............................................................................ 67
Tabela 7.3 - Características geométricas do silo ....................................................... 67
Tabela 7.4 – Resumo das ações verticais nos silos .................................................. 73
LISTA DE SÍMBOLOS
Letras Romanas Minúsculas
a1 Condutividade da superfície (concreto-ar)
a2 Condutância da superfície (concreto-calor do cimento)
b Dimensão da boca de saída
c Coesão do produto
d Altura útil da seção de concreto
e Espessura da parede do silo
ec Excentricidade do centro do canal de fluxo
ef Excentricidade de enchimento
e0 Excentricidade do centro da boca de saída
fck Resistência característica do concreto à compressão
fy Tensão de escoamento do aço a tração
g Aceleração da gravidade (g=9,81m/s²)
h Altura efetiva do silo (da boca de saída até a superfície equivalente)
hc Altura do corpo do silo, da transição até a superfície equivalente
hcob Altura da cobertura do silo
hcn Altura do cone da tremonha
ht Altura da tremonha
k Condutividade térmica do material
ki Coeficiente para determinação das geometrias do canal de fluxo
kt Coeficiente de transmissão de calor
nzsk Força de atrito característica a uma altura z, distribuída linearmente no
perímetro da seção
r Raio do silo
rc Raio do canal de fluxo excêntrico
r0 Raio do a abertura da boca de saída
y Distância da superfície superior do produto ao ponto onde se quer calcular
a pressão
z Ordenada a partir do nível de referência
z’ Ordenada a partir do vértice da tremonha
Letras Romanas Maiúsculas
A Área da seção transversal do corpo do silo
Ac Área da seção transversal do canal de fluxo na descarga excêntrica
As Área total da armadura horizontal circular
As,e Área do sólido estático
Ca Coeficiente de arrasto
Cd Coeficiente de majoração
CT Multiplicador de carga de temperatura
Ch Coeficiente de majoração aplicado às pressões horizontais iniciais para
obtenção das pressões horizontais de descarga
Cpe Coeficiente de sobrepressão para obtenção das pressões adicionais finais
D Diâmetro da seção transversal do silo
Ec Módulo de deformação longitudinal do concreto
Esu Módulo de elasticidade do produto armazenado na profundidade z
Fa Força de atrito
Far,i Força de arrasto aplicada em um trecho i da altura do silo
Fr Força horizontal resultante devido à pressão adicional em silos
Fu Força horizontal última de tração
Fv Força vertical na parede do silo
G Relação entre o raio do canal de fluxo e o raio do silo circular
H Altura da célula
HT Altura total do silo, incluindo pilares de sustentação
K Razão entre as pressões horizontal e vertical (valor característico)
Mtom Momento de tombamento
Mt Momento de flexão causado pelo efeito térmico
Pw Força de compressão sobre a parede por unidade de perímetro
Ph Pressão horizontal (normal) à parede do corpo do silo
Phae Pressão estática horizontal na parede próxima à saída excêntrica
Phce Pressão estática horizontal no canal de fluxo durante à descarga
excêntrica
Phco Pressão horizontal próxima ao canal de fluxo a durante a descarga
excêntrica
Phe Pressão horizontal durante a descarga
Phse Pressão horizontal estática na parede distante do canal de fluxo para
silos com excentricidade da boca de saída
PhT Pressão normal adicional devido ao efeito térmico
Pn Pressão normal à parede da tremonha devido ao produto armazenado
Pv Pressão vertical atuando sobre a seção transversal da massa
Pt Força de atrito sobre a parede da tremonha
Ps Pressão aplicada na transição em silos com fluxo de massa
Pvf Pressão vertical no produto armazenado após o enchimento do silo
Pvft Pressão vertical no produto armazenado na transição parede-tremonha
Pw Força de atrito na parede
Pwae Pressão tangencial no sólido estático adjacente ao canal de fluxo
durante a descarga excêntrica
Pwce Pressão de atrito na parede em contato com o canal de fluxo durante a
descarga excêntrica
Pwf Pressão de atrito na parede após o enchimento
Pwse Força de atrito na parede do sólido estático adjacente ao canal de fluxo
durante a descarga excêntrica
R Raio do silo
S1 Fator topográfico
S2 Fator de rugosidade
S3 Fator estatístico
Ti,pr Temperatura interna de projeto
Te Temperatura média externa (do meio ambiente)
U Perímetro da seção transversal da parede
Usc Comprimento do perímetro do canal de fluxo em contato com o produto
estacionário durante a descarga excêntrica
Uwc Comprimento do perímetro do canal de fluxo em contato com a parede
durante a descarga excêntrica
Vk Velocidade característica do vento
V0 Velocidade básico do vento

Letras Gregas
 Ângulo de inclinação da parede da tremonha com a horizontal
cCoeficiente de dilatação térmica do concreto
 Ângulo de inclinação da parede da tremonha com a horizontal
c Ângulo de contato do fluxo de canal excêntrico com a parede
e Efetivo ângulo de atrito interno do produto armazenado (valor médio)
i Ângulo de atrito interno (valor médio)
r Ângulo de repouso do produto armazenado
w Ângulo de atrito do produto armazenado com a parede (valor médio)
 Peso específico do produto armazenado
c Peso específico do concreto
μ Coeficiente de atrito do produto armazenado com a parede (valor médio)
 Condutividade térmica do concreto armado
σ Tensão Normal
 Deformação total
 Coeficiente de Poisson
 Tensão de Cisalhamento
T Diferença de temperatura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
1.1 Considerações gerais ................................................................................... 17
1.2 Objetivos ...................................................................................................... 20
1.3 Justificativa ................................................................................................... 20
1.4 Organização do trabalho .............................................................................. 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 23


2.1. Silos com cone invertido............................................................................... 23
2.2. Efeitos térmicos ............................................................................................ 25

3. METODOLOGIA ................................................................................................ 28

4. CARREGAMENTOS .......................................................................................... 30
4.1. Pressões em silos ........................................................................................ 30
4.1.1. Silo com cone invertido .......................................................................... 30
4.1.1.1. Considerações preliminares ............................................................ 30
4.1.1.2. Pressões devidas à descarga excêntrica ........................................ 31
4.1.2. Silo convencional de seção circular ....................................................... 37
4.1.2.1. Pressões e força de atrito na célula ....................................................... 37
4.1.2.2. Pressões na tremonha ........................................................................... 39
4.2. Ações devidas ao vento ............................................................................... 40
4.3. Outras ações ................................................................................................ 41

5. EFEITO TÉRMICO ............................................................................................. 44


5.1. Procedimento de cálculo devido ao efeito térmico na parede do silo ........... 44
5.2. Considerações de SAFARIAN & HARRIS (1985) sobre o efeito térmico ..... 47
5.3. Considerações de BOHM (1956) sobre o efeito térmico .............................. 50
5.4. Considerações de CIESIELSKI et al. (1970) sobre o efeito térmico ............. 51
5.5. Considerações de BROERSMA (1972) sobre o efeito térmico .................... 52
5.6. Considerações da norma americana ACI 313/2016 sobre o efeito térmico .. 53
5.7. Considerações do EUROCODE 1 – Parte 1 (2003) sobre efeito térmico ..... 54
5.8. Tensões Térmicas segundo a Resistência dos Materiais (POPOV, 1968)... 56
5.9. Tensões Térmicas segundo a Teoria da Elasticidade
(TIMOSHENKO,1968)............................................................................................ 58

6. MODELO COMPUTACIONAL PARA ANÁLISE ESTRUTURAL ...................... 62


7. ESTUDO DE CASO: SILO CONVENCIONAL x SILO DE CONE INVERTIDO 65
7.1. Considerações Preliminares ......................................................................... 65
7.2. Dados do produto armazenado .................................................................... 65
7.3. Dados dos materiais construtivos do silo ..................................................... 66
7.4. Características geométricas do silo .............................................................. 67
7.5. Carregamentos ............................................................................................. 70
7.5.1. Força vertical na parede do silo ............................................................. 70
7.5.2. Pressões na célula e na tremonha......................................................... 73
7.5.3. Efeito do vento ............................................................................................ 83
7.6. Efeito térmico ............................................................................................... 84
7.7. Análise estrutural .......................................................................................... 90
7.7.2. Análise estrutural do silo de cone invertido ............................................ 92
7.7.3. Análise estrutural do silo convencional .................................................. 95
8. RESULTADOS ................................................................................................... 99
8.1. Resultados do silo de cone invertido ............................................................ 99
8.1.1. Pressão e força de atrito no silo de cone invertido .............................. 100
8.1.2. Resultados das tensões (Von-Mises) no silo de cone invertido ........... 102
8.1.3. Deformações máximas no silo de cone invertido ................................. 106
8.2. Resultados do silo de sistema convencional .............................................. 108
8.2.1. Pressão no silo de sistema convencional ............................................ 108
8.2.2. Resultados das tensões (Von Mises) no silo de sistema
convencional .................................................................................................... 110
8.2.3. Deformações máximas no silo de sistema convencional ..................... 114
8.3. Análise comparativa das pressões entre os modelos de silos ................... 116
8.4. Análise dos resultados de tensão e deformação ........................................ 118
8.5. Resultados relativos ao efeito térmico ........................................................ 120
8.5.1. Resultados obtidos pelos diversos métodos propostos ....................... 120
8.5.2. Resultados obtidos pela análise numérica considerando o efeito
térmico 126
9. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................. 131

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 134


17

1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações gerais
As grandes indústrias de armazenamento de cimento, alumina, farinha, cinzas,
escória de alto forno, entre outras, utilizam um modelo especial de silos tendo em vista
obter um bom desempenho quanto à eficiência do descarregamento e do fluxo
controlado. Esse modelo ilustrado na Figura 1.1, além de contar com alguns
equipamentos como o sistema de aeração e filtro de partículas, tem como principal
aspecto a utilização do cone central invertido conforme ilustrado na Figura 1.2.

1) Carregamento com distribuição paralela


2) Produto armazenado
3) Funil ocasionado pelo canal de fluxo no
descarregamento
4) Cone central invertido
5) Portão de canal de fluxo
6) Sistema de injeção de ar circunferencial
7) Equipamento de pesagem
8) Equipamento de medição de fluxo
9) Seções de aeração com tipo de abertura
por aletas automatizadas

Figura 1.1 - Modelo de silo com cone invertido


Fonte: Ibau Hamburg, 2008
18

Outro aspecto favorável do silo de modelo especial com cone invertido é quanto à
eficiência ao esvaziamento que se aproxima de 99% do volume armazenado, devido
à condição de fluxo imposta, além do pequeno consumo de energia para a descarga.

Figura 1.2 – Modelo de silo com cone invertido


Fonte: Teeuwen, 2012

Há algumas características fundamentais de funcionamento neste modelo para que


sejam alcançados bons resultados no desempenho referente ao esvaziamento, tais
como:
 a distribuição paralela no carregamento do silo, conforme ilustrado na Figura
1.3;
 a disposição do cone central que direciona o produto armazenado em toda
a circunferência interna do fundo do silo;
 o sistema de aeração onde é injetado ar comprimido e distribuído por aletas
metálicas em todo o perímetro no fundo do silo (Figura 1.4), o que impede a
formação de zonas estacionárias;
 a instalação de portões de canal de fluxo ao longo do perímetro, que são
programados para operar de modo alternado, ou seja, são controlados por
sistema automatizado que aciona a abertura de um portão por vez, em
posições opostas, por um determinado tempo, conforme ilustrado na Figura
1.4.
19

Figura 1.3 – Carregamento com distribuição paralela no topo do silo


Fonte: Ibau Hamburg, 2008

Portões Aletas do
de canal sistema de
de fluxo aeração

Figura 1.4 – Sistema de aeração e portões de canal de fluxo


Fonte: Ibau Hamburg, 2008

Em contrapartida, quanto ao ponto de vista estrutural surgem esforços de diferentes


condições relativamente aos que ocorrem em silos convencionais, de alta
complexidade quanto a sua determinação, exigindo a análise do descarregamento
excêntrico oriundo da variabilidade de abertura das bocas de saída, e dos esforços no
cone central invertido.
20

Apesar da grande evolução da engenharia quanto a este tipo de projeto, ainda é


comum serem encontradas diversas patologias quando o assunto são silos esbeltos
e uma das causas dos problemas é a presença do efeito térmico gerado pelo produto
armazenado. Assim, o silo deve ser projetado para resistir também aos efeitos de
cargas térmicas. A consideração dos esforços advindos do efeito térmico ainda não
está bem esclarecida, pois apresenta divergências significativas entre as
especificações de normas (ACI 313, 2016 e Eurocode 1 – Parte 1, 2006) e teorias
encontradas na literatura corrente (SAFFARIAN & HARRIS, 1985; BOHM, 1956;
CIZIELSKI, 1985; BROERSMA, 1972).

1.2 Objetivos
O objetivo geral deste projeto é realizar uma análise comparativa de tensões e
deformações em um silo do método convencional com um silo especial com cone
central invertido, além de abordar os diversos métodos propostos para as
considerações do efeito térmico.
Como objetivos específicos desta pesquisa destacam-se os itens:
 descrever os procedimentos utilizados para a definição do carregamento e para
análise estrutural de silo de concreto armado pelo método convencional e de silo
composto por cone central invertido com descargas excêntricas conforme descrito em
normas e encontrados na literatura corrente;
 desenvolver modelagem numérica para obtenção das tensões, deformações e
esforços causados pela presença das pressões e da temperatura, nos dois modelos
de silo propostos e realizar uma análise comparativa entre os resultados;
 abordar, discutir e comparar os diversos métodos propostos para a consideração
do efeito térmico em silos de concreto armado e verificar as armaduras resultantes;
 apresentar um exemplo de aplicação utilizando os dois modelos de silo com base
nas considerações e conceitos abordados no trabalho.

1.3 Justificativa
Historicamente no Brasil são evidenciadas várias incidências de problemas em silos
pelo considerável número de obras de recuperação e reforço neste tipo de estrutura,
cujos tratamentos demandam procedimentos onerosos. Estudos adequados em fase
de projeto previnem gastos excessivos não previstos durante e após a execução da
obra.
21

O silo com cone invertido tem sido bastante utilizado em grandes complexos
industriais.
No presente trabalho, é apresentado o procedimento de cálculo com base nas
orientações do fabricante (IBAU, 2008) que desenvolveu este sistema com cone
invertido e que também é descrito no Eurocode 1 – Parte 4 (2006). Dessa forma, é
possível comparar o comportamento estrutural de um silo de cone invertido com o
modelo convencional de capacidade e dimensões equivalentes.
A investigação sobre o efeito térmico em silos de concreto, também realizados no
presente trabalho, apresenta considerações conflitantes entre normas e
pesquisadores quanto à determinação dos esforços, incluindo os mais variados
coeficientes utilizados para a obtenção desse efeito. Com a comparação dos diversos
procedimentos e considerações apresentadas quanto ao efeito térmico tem-se como
meta contribuir para a discussão sobre a condição mais econômica e segura sob o
ponto de vista estrutural.

1.4 Organização do trabalho


Este trabalho está dividido em sete capítulos.
No capítulo 1 são apresentadas as considerações gerais, os objetivos, justificativa
e organização do trabalho.
No capítulo 2 é apresentada a revisão bibliográfica sobre silos de cone invertido
apresentando estudos de caso complementados por análises comparativas de
ensaios experimentais e sobre as considerações devido ao efeito térmico em silos
com diferentes metodologias de cálculos propostas por pesquisadores e normas.
No Capítulo 3 é exposta a metodologia empregada no procedimento para a
determinação dos carregamentos de dois modelos de silos, nas considerações do
efeito térmico, na análise estrutural, no estudo de caso e análise comparativa dos
resultados.
No capítulo 4, são descritas as formulações indicadas no Eurocode 1 – Parte 4
(2006) para determinação dos carregamentos (pressões, força de atrito, vento e
cargas pontuais nas lajes provenientes dos equipamentos de processo) para cada
modelo de silo.
No capítulo 5, são abordadas as diversas considerações e formulações propostas
em normas e literatura para absorver os esforços advindos do efeito térmico no silo.
22

No capítulo 6 são apresentados os elementos utilizados para a análise estrutural


dos silos pela via computacional, descrevendo as principais características dos
elementos.
No capítulo 7 é apresentado um estudo de caso utilizando dois silos de mesma
capacidade, mas com diferentes configurações do cone (convencional e invertido).
No capítulo 8 são apresentados os resultados de tensão, deformação e momento
para ambos os modelos de silos e da armadura calculada para absorver o efeito
térmico para os diversos métodos. Posteriormente, é apresentada uma análise
comparativa dos resultados obtidos.
No capítulo 9, são apresentadas as conclusões e recomendações para trabalhos
futuros.
23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Silos com cone invertido
BLIGHT (2007) analisou um caso de colapso de um silo disposto por um cone
invertido para armazenamento de pó de cimento com capacidade de 42000 toneladas,
diâmetro de 25m e altura de 59m. O silo somente apresentou falhas após 2 anos de
operação chegando ao colapso. Após análises do caso, o autor concluiu que houve
várias falhas na construção como o excesso de juntas frias, espaçamento entre
barras, não escalonamento das emendas de armaduras verticais e horizontais, entre
outros. O fato de não ter apresentado falhas no início da operação deu-se pela
estrutura estar se comportando no início como seção não fissurada, mas que, ao longo
do tempo foram se desenvolvendo as fissuras progressivamente até chegar ao
colapso. Outro aspecto importante mencionado é que mesmo que tenha sido
especificado corretamente no projeto, se não houver a devida fiscalização na
execução poderão ocorrer desastres como este estudado.
IBAU HAMBURG (2008), desenvolveu um tipo de silo diferenciado com a
introdução do cone central. Este modelo tem sido bem difundido nas grandes
indústrias de produtos pulverulentos, tais como: cimento, farinha crua, cinzas, alumina
e outros similares. O projeto é composto por um cone central invertido disposto por
várias aberturas (normalmente seis) em seu perímetro, interligadas às bocas de saída
para descarregamento do silo. No fundo do silo são construídos os sistemas de
aeração ligeiramente inclinados para as bocas de saída com controles individuais de
fluxo e injeção de ar. Segundo o fabricante, este sistema comprovadamente aumenta
o canal de fluxo e aumenta a taxa de descarregamento. No conceito de descarga da
IBAU o fluxo de descarga é excêntrico, com vazão e fluxo controlados por bocas de
saída automatizadas e requerem pequenas quantidades de ar e pouco consumo de
energia para a descarga. Todos os equipamentos de descarga, do sistema de
aeração, filtros, equipamentos auxiliares e plataformas de acesso podem ser apoiados
no cone central sem a necessidade de reforços adicionais na fundação já que estas
cargas são relativamente pequenas quando comparadas ao peso do volume do
produto armazenado no silo, além de que todo esse carregamento é transferido
diretamente para a parede abaixo do cone.
HÄRTL (2008) analisou estudos experimentais sobre a influência da inserção de
um cone invertido na tremonha quanto ao padrão de fluxo e das pressões na parede
24

de um silo cilíndrico de aço, cujo diâmetro do silo é de 2,5m, altura de 8m e capacidade


de armazenamento de 35m³. Os ensaios foram realizados em um silo sem e com o
cone invertido para comparação dos resultados. Para os ensaios foram instalados
extensômetros na célula e na tremonha do silo para medição das pressões nas
paredes durante o enchimento e esvaziamento. O cone invertido não foi monitorado
neste ensaio. Os resultados mostraram que, sem a inserção do cone, o silo exibiu um
padrão de fluxo de funil com canal estreito e com a inserção do cone invertido o fluxo
aumentou consideravelmente, porém nunca alcançou o fluxo de massa. Segundo o
autor, a presença do cone invertido aparenta ser o significado da causa de um
aumento significativo na pressão normal na parede da célula durante a descarga,
ocasionado provavelmente pela proximidade entre o canal de fluxo e a parede do silo,
além de aumento de pressão na parede da tremonha do cone invertido perto da
transição, e redução de pressão na boca de saída do silo. O autor concluiu que a
inserção do cone pode ter influência significativa no padrão de fluxo e nas pressões
que atuam na parede do silo durante a descarga, enfatizando a necessária cautela
quanto a implementação e uso desta solução principalmente no setor industrial.
WÓJCIK (2012) apresentou os resultados da investigação experimental obtidos em
um silo metálico com inserção de três tipos de cones na tremonha para análise do tipo
de fluxo e de pressões na parede do silo com armazenamento de areia. Foram
utilizados no silo: cone duplo, cone em tronco de cone e cone invertido sendo
comparados os resultados experimentais para os tipos de inserções e com aqueles
sem inserção. Segundo o autor, as inserções ampliaram consideravelmente o canal
de fluxo e dependem do seu diâmetro e do tipo de inserção, porém o fluxo de massa
ideal nunca foi obtido em qualquer configuração. O cone invertido foi a inserção mais
eficiente em aproximar-se do fluxo de massa. As distribuições de tensões na parede
não se mostraram dependentes da inserção do cone durante o enchimento, porém
mostraram-se dependentes na tremonha. Durante o enchimento, quando comparadas
as tensões normais e de cisalhamento nos silos com inserção com aqueles sem
inserção, foram constatadas que as tensões normais e de cisalhamento foram maiores
nos silos com inserções, em torno de 15% a 50% na parte superior da tremonha, perto
da transição. Durante o descarregamento do silo, a evolução e variação das tensões
na parede do silo com inserções foram mais drásticas e mais oscilantes em relação à
evolução das tensões no silo sem inserções. No início do descarregamento do silo
sem inserções a tensão máxima normal da parede ocorreu na transição célula /
25

tremonha, já nos silos com inserções, a tensão máxima normal da parede ocorreu
numa posição mais elevada da zona de transição, e apresentou um aumento de
tensão em torno de 20% a 60% na parte inferior da célula e de 45% na parte superior
da tremonha, quando comparados aos silos sem inserção. As maiores alterações das
tensões normais nas paredes em comparação com o silo sem inserção ocorreram
com a tremonha em duplo cone e com cone invertido.
TEEUWEN (2012) apresentou algumas questões relativas ao projeto e execução
de um silo para armazenamento de cinza volante. O silo foi concebido em concreto
armado e protendido com diâmetro de 24m e altura de 65m, sendo composto por um
cone central invertido disposto por oito aberturas para descarregamento. Para
facilidades na operação, o cone do silo foi elevado em 5,50m do nível do solo. A
parede do silo abaixo do cone é de 0,8m de espessura e acima do cone é de 0,40m.
As principais pressões foram analisadas, destacando-se uma pressão não uniforme a
partir da formação dos canais de fluxo devido a descarga excêntrica. Para obter as
tensões no silo foram realizados estudos tridimensionais, utilizando-se o método dos
elementos finitos. Para uma redução no tempo de cálculo, foram modeladas
separadamente a célula da tremonha, sendo considerado o ajuste de iteração entre
os componentes. Foram respeitados os valores estabelecidos no Eurocode 2, classe
I para os limites de fissuração de forma a garantir a estanqueidade e durabilidade da
estrutura. Também foi considerado o efeito térmico gerado na estrutura, pelo
diferencial de temperatura entre o produto armazenado que é de 150°C e o ambiente
externo no inverno em torno de 4°C, sendo este diferencial de temperatura capaz de
produzir uma expansão axial e alteração na curvatura cilíndrica da parede gerando
formação de fissuras. Quanto ao processo construtivo, foram executadas as
concretagens sob formas deslizantes para as paredes cilíndricas e foram instalados
painéis pré-fabricados para a execução do cone e da cobertura. O autor concluiu que,
apesar do silo com cone invertido ter sido desenvolvido a mais de 40 anos, o projeto
deste silo não está coberto por norma alguma, que o método construtivo por forma
deslizante determina a posição da armadura e que o uso de armadura protendida para
contribuir na tensão radial e momentos de flexão é o sistema mais econômico.

2.2. Efeitos térmicos


LAPKO e PRUSIEL (2001) apresentaram um estudo comparativo do efeito de
temperatura no silo em operação comparando os resultados obtidos em ensaio
26

realizado em um modelo de um silo cilíndrico em concreto armado sujeito as variações


térmicas do ambiente e resultados obtidos de uma análise numérica que utilizou o
método dos elementos finitos (MEF). Os ensaios foram feitos em duas séries, sendo
uma delas em um silo de tamanho real para observar a variação ao longo do perímetro
e a outra em um silo em escala reduzida para verificar a variação ao longo da altura
do silo. Nos ensaios observou-se que, durante o resfriamento do silo, houve um
aumento nas deformações causadas por tensões circunferenciais que resultou em
retração térmica da parede e aumento de forças horizontais. Pode-se observar
também que na região mais próxima do topo do silo ocorreram deformações mais
consideráveis que nos demais níveis. Os autores observaram que as variações de
temperatura não são uniformes ao longo da circunferência e, na espessura das
paredes. Contudo, a força pode ser ampliada devido à pressão estática do produto
armazenado. O aumento das tensões horizontais na parede é fortemente dependente
da rigidez da casca cilíndrica (a relação entre o raio e a espessura da parede). O silo
de raio pequeno, como o silo de escala reduzida, apresentou aumento de 130% das
forças tangenciais na parede durante à fase de resfriamento (t –35°C), enquanto
que, no silo com as dimensões reais, o aumento não ultrapassou a 40%.
LAPKO (2003) investigou os efeitos causados nas interações entre o produto
armazenado e a estrutura da parede do silo em concreto armado, considerando
também a combinação com outros componentes impostos como: as ações pelo efeito
térmico e vento. Foram formuladas duas aproximações numéricas utilizando o método
dos elementos finitos para determinar a interação entre a estrutura da parede e o
produto armazenado. Para a validação da análise numérica foram realizadas
investigações experimentais em um silo de modelo reduzido em concreto armado
simulando imposições de ações térmicas, onde foram embutidos nas paredes do silo
vários tubos de aço de pequenos diâmetros, interligando estes tubos às mangueiras
e a um tanque externo equipado com um sistema de aquecimento que controlava as
mudanças de temperatura na parede. A comparação quantitativa de forças na célula
do silo apresentou uma convergência satisfatória entre os resultados experimentais e
numéricos. Os dois modelos numéricos de silos formulados podem ser aplicados no
projeto do silo. Ensaios experimentais confirmaram a importância das ações térmicas
na estrutura do silo, já que as quedas de temperatura demonstram ser uma causa
visível do aumento nas forças de tração na parede o silo.
27

CARMONA (2005) apresentou um estudo das tensões originadas por gradiente


térmico em tanques de concreto de seção circular. O autor apontou uma coerência
entre os vários procedimentos de cálculo encontrados na literatura corrente. Porém
não conseguiu constatar de forma clara os coeficientes de condutividade térmica a
serem adotados. Abordou a consideração de cálculo das tensões advindas do efeito
térmico para a seção fissurada como sendo uma forma mais realista à aplicação de
um momento fletor equivalente. O autor concluiu que o efeito do gradiente térmico
isoladamente dificilmente pode oferecer risco à segurança, mas que o efeito deve ser
levado em consideração na verificação da abertura de fissuras.
28

3. METODOLOGIA
O desenvolvimento desta pesquisa é constituído por cinco etapas relacionadas à
análise estrutural de silos em concreto armado de seção cilíndrica unicelular,
conforme descrita abaixo:
 são apresentadas as formulações de cálculo para a determinação dos
carregamentos tanto para o silo com o cone invertido quanto para o silo de
modelo convencional. Para determinação das pressões é utilizado como
referência o Eurocode 1 – Parte 4 (2006), tendo em vista que não existe
uma norma brasileira que aborde este assunto. Para os carregamentos das
cargas na laje de cobertura e da força vertical na parede do silo também foi
utilizado o Eurocode 1 – Parte 1 (2006), já para o carregamento de vento
foi considerada a NBR 6123 (ABNT, 2013);

 o efeito térmico, apesar de fazer parte do carregamento do silo, é


apresentado de forma mais detalhada, pois podem-se observar
divergências significativas entre as especificações de normas e teorias
encontradas na literatura. São apresentadas as formulações,
considerações e coeficientes propostos nas várias abordagens
selecionadas;

 a análise estrutural foi realizada pelo método dos elementos finitos com o
auxílio do programa computacional ANSYS WORKBENCH. Foram
inseridos no programa computacional os resultados dos carregamentos
calculados por via analítica, para se obter as tensões e deformações
atuantes. Foram definidos os elementos adequados para cada componente
do silo e determinada uma malha de discretização compatível à geometria.
Na análise numérica o efeito térmico foi também considerado, sendo
adotado para a condutividade térmica um valor médio entre aqueles
propostos pelas normas e pelos pesquisadores tratados neste trabalho;

 é realizada uma análise comparativa sobre as variações de tensão,


deformação entre um silo de concreto armado com um cone central
invertido e um silo de concreto armado de sistema convencional, ambos
29

com a mesma capacidade de armazenamento e de mesma altura. Para


isso, é proposto um estudo de caso onde são adotados alguns dados
obtidos com experiências em projetos recentes e dados extraídos da
literatura corrente. Os dados do produto armazenado foram considerados
conforme indicado pelo Eurocode 1 – Parte 4 (2006). Para os materiais
construtivos do silo, como o aço e o concreto, foram consideradas as
especificações comumente aplicadas nas industrias neste tipo de estrutura.
As características geométricas dos silos foram adotadas tomando como
referência projetos executados nas industrias em geral. Da mesma forma,
também foram adotadas as cargas provenientes dos equipamentos
diversos do processo que são suportados pela estrutura do silo;

 são evidenciadas as diferenças de pressões entre os modelos propostos,


ressaltando-se que o silo de sistema convencional possui um
descarregamento concêntrico, e o silo com o sistema de cone invertido
possui um descarregamento excêntrico. A determinação do efeito do vento
é comum para ambos os modelos, pois possuem o mesmo diâmetro e a
mesma altura. Para o efeito térmico, é realizada uma comparação entre as
armaduras exigidas pelos diversos métodos propostos.
30

4. CARREGAMENTOS
4.1. Pressões em silos
4.1.1. Silo com cone invertido
4.1.1.1. Considerações preliminares
Como o silo com cone invertido possui bocas de saída excêntricas, é considerado
o procedimento de cálculo de acordo com o Eurocode 1- Parte 4 (2006), que adota o
critério de projeto estrutural conforme as classes de confiabilidade de acordo com a
Tabela 4.1 e que tem a finalidade de reduzir o risco de falha para diferentes estruturas.
Quanto maior a classe de confiabilidade do silo, mais rigoroso o método de cálculo
para o seu projeto.
Em geral, a configuração de silo com cone invertido disposto por várias bocas de
saída se enquadra como Classe 3, para a situação específica de silo com grande
excentricidade, por apresentar uma descarga excêntrica, com a relação entre a
excentricidade do centro da boca de saída (e0) e o diâmetro do silo (D) maior que 0,25.

Tabela 4.1 – Recomendação de classificação do silo para avaliação de ações


Avaliação de
Classe por Descrição
Ação
Classe 1 Silos com capacidade abaixo de 100 toneladas
Classe 2 Todos os silos que não pertencem à classe 1 e classe 3
Silos com capacidade maior que 10.000 toneladas.
Silos com capacidade maior que 1000 toneladas conforme
geometria indicada nas descrições abaixo:
Classe 3
a) descarga excêntrica com e0/D > 0,25
b) acomodação excêntrica da pilha do produto no topo do
silo com et/D > 0,25
Fonte: Eurocode 1 – Parte 4 (2006)

Como descrito no Eurocode 1 – Parte 4 (2006), o cálculo deve ser realizado usando-
se o valor característico inferior do coeficiente de atrito com a parede (k,lower) e o valor
característico superior do ângulo de atrito interno (ik,upper). Além disso, as situações
mais críticas devem ser consideradas conforme indicado na Tabela 4.2.
31

Tabela 4.2 – Condições críticas para a definição do carregamento do silo


Coeficiente de
Caso Coeficiente Ângulo de atrito
Condição analisada atrito com a
Crítico K interno i
parede ()
A Máxima pressão normal na Inferior Superior Inferior
célula
B Máxima pressão de atrito na Superior Superior Inferior
célula
C Máxima pressão na tremonha Inferior Superior Superior
no descarregamento
D Máxima carga vertical na Inferior Inferior Superior
tremonha
Fonte: Eurocode 1 - Parte 4 (2006)

A metodologia de cálculo das pressões estáticas e dinâmicas nas paredes do silo


também varia de acordo com sua esbeltez, segundo a relação entre a altura do corpo
do silo na transição até superfície equivalente (hc) e o diâmetro do silo (D). Os valores
limites da relação hc/D para cada classe de esbeltez são apresentados na Tabela 4.3.
Neste trabalho são estudadas apenas as recomendações para o cálculo das pressões
em silos esbeltos, ou seja, com relação hc/D superior a 2.

Tabela 4.3 – Classificação dos silos de acordo com a esbeltez


Classificação Limite da Relação hc/D
Silo esbelto hc/D ≥ 2
Silo medianamente esbelto 1 ≥ hc/D ≥ 2
Silo baixo 0,4 ≥ hc/D ≥ 1
Silo horizontal hc/D ≤ 0,4
Fonte: Eurocode 1 – Parte 4 (2006)

4.1.1.2. Pressões devidas à descarga excêntrica


São apresentados a seguir os procedimentos descritos no Eurocode 1 – Parte 4
(2006) para determinação das pressões no silo devido à descarga excêntrica. Na
Figura 4.1 pode ser observada a configuração do canal de fluxo e, na Figura 4.2, o
padrão de pressões devido à descarga excêntrica.
32

Figura 4.1 - Canal de fluxo


Fonte: Ibau Hamburg, 2008

Legenda

1 – Pressão estática
2 – Pressão do produto armazenado
3 – Alta pressão local
4 – Pressão na borda do canal
5 – Pressão no canal de fluxo

Figura 4.2 - Padrão de pressões


Fonte: Eurocode 1 - Parte 4 (2006)
33

A configuração geométrica do canal de fluxo gerado pelo descarregamento


excêntrico é apresentada na Figura 4.3.

Legenda
r: raio do silo
e0: excentricidade de descarregamento
rc: raio do canal de fluxo
Ac: área do canal de fluxo
As,e: área do sólido estático
Uwc: comprimento do arco no canal de fluxo
Uws: comprimento do arco região sólido estático
Usc: comprimento do arco entre canal de fluxo e
sólido estático

Figura 4.3 – Geometria do canal de fluxo


Fonte: Eurocode 1 – Parte 4 (2006)

As pressões variam ao longo da circunferência do silo, apresentando na região de


zona de fluxo alguns picos de intensidades significativamente superiores àquelas
observadas na região distante da zona de fluxo, como pode ser observado na Figura
4.4.

Figura 4.4 – Pressões na zona de fluxo e na região distante da zona de fluxo


Fonte: Eurocode 1 – Parte 4 (2006)
34

Como o sistema de cone invertido proposto neste trabalho refere-se a silos com
capacidade maior que 1000 toneladas e com excentricidade de descarga (e0) que
excede o valor de 25% do diâmetro do silo (D), é utilizado o procedimento de cálculo
correspondente a classe 3, de acordo com o Eurocode 1- Parte 4 (2006), e conforme
indicado na Tabela 4.1 do presente trabalho.

Método para avaliação conforme ação Classe 3

Antes de considerar o equilíbrio, é importante quantificar os parâmetros


geométricos da seção transversal, conforme ilustrado na Figura 4.3.
O Eurocode 1 – Parte 4 (2006) sugere que o cálculo das pressões seja realizado
para pelo menos três valores do raio do canal de fluxo ( rc), caso o canal de fluxo não
seja conhecido:
rc = k1 r Eq. 4-1
rc = k2 r Eq. 4-2
rc = k3 r Eq. 4-3

onde
r é o raio do silo de seção circular (d/2);
rc é o raio de projeto do canal de fluxo.

Segundo recomendações do Eurocode 1 – Parte 4 (2006), são adotados 3 valores


para ki:
k1 = 0,25 k2 = 0,40 k3 = 0,60

A excentricidade do canal de fluxo (ec), como apresentada na Figura 4.3, pode ser
determinada pela expressão:

ec = r {η (1 - G) + (1 - η) √1 - G } Eq. 4-4

onde
rc
G= Eq. 4-5
r
μ
η= Eq. 4-6
tan ϕi
 é o valor característico inferior do coeficiente de atrito na parede vertical
35

i é o valor característico superior do ângulo de atrito interno do produto armazenado.


O comprimento de arco (Uwc) que estabelece o contato entre canal de fluxo e a
parede da célula é dado pela equação (4-7):

Uwc = 2 θc r Eq. 4-7

cos θc = ( r2 + e2c - r2c ) ⁄ ( 2 r ec ) (c em radianos) Eq. 4-8

O comprimento de arco (Usc) situado entre o canal de fluxo e o sólido estático é


obtido pela equação (4-9):
Usc = 2 rc (π - ψ) Eq. 4-9

sendo  o ângulo relacionado com o raio do silo (r) e o raio do canal de fluxo (rc)
obtido a partir da equação (4-10):
sen ψ = r⁄rc sen θc ( em radianos) Eq. 4-10

Os parâmetros geométricos da seção transversal do canal de fluxo e do sólido


estático podem ser determinados pelas equações (4-11) e (4-12), respectivamente:

Área da seção transversal do canal de fluxo (Ac)


Ac = (π - ψ) r2c + θc r2 - rc sen (ψ - θc ) Eq. 4-11

Área do sólido estático (As)


As = π r2 - Ac Eq. 4-12

Pressões nas paredes devido à descarga excêntrica

As pressões nas paredes do silo na zona de fluxo dependem da profundidade (z)


abaixo da superfície equivalente do sólido.
A pressão horizontal (Phce) e a força de atrito (Pwce) na parede vertical, na zona do
canal de fluxo durante a descarga são calculadas, pelas equações (4-13) e (4-14),
respectivamente:

Phce = Phc0 (1 - e -z ⁄ z0c ) Eq. 4-13

Pwce = μ Phce = μ Phc0 (1 - e -z⁄z0c ) Eq. 4-14


36

onde
Phc0 =  K z0c Eq. 4-15
1 Ac
z0c = ( ) Eq. 4-16
K Uwc μ + Usc tan ϕi

 é coeficiente de atrito com a parede;


K é coeficiente de pressão lateral devido ao produto armazenado;
z é a profundidade considerada, medida a partir da superfície equivalente do sólido;
z0c é profundidade característica de Janssen no canal de fluxo com descarga
excêntrica;
Phc0 é pressão horizontal no canal de fluxo na profundidade Z 0c, durante a descarga
excêntrica.
A pressão horizontal (Phse) e a força de atrito (Pwse) na parede vertical na região
distante da zona do canal de fluxo que ocorrem durante a descarga, como ilustrado
na Figura 4.4, são idênticas às pressões horizontais (Phf) e às forças de atrito (Pwf)
que ocorrem no silo de sistema convencional com descarga concêntrica, e calculadas
pelas equações (4-17) e (4-18), respectivamente:
Phse = Phf (z) = Phc0 Yj (z) Eq. 4-17
Pwse = Pwf (z) =  Phc0 Yj (z) Eq. 4-18

onde
1 A
Phc0 =  Eq. 4-19
μ U

Yj (z) = [1 - e (-z ⁄ z0) ] Eq. 4-20


1 A
z0 = Eq. 4-21
Kμ U
 é o peso específico do produto armazenado;
 é o coeficiente de atrito com a parede;
K é coeficiente de pressão lateral devido ao produto armazenado;
z é a profundidade considerada, medida a partir da superfície equivalente do sólido;
z0c é profundidade característica de Janssen no canal de fluxo com descarga
excêntrica;
37

A é a área da seção transversal da célula;


U é o perímetro interno da seção transversal da célula.

A pressão máxima horizontal (Phae) exercida na parede vertical na região adjacente


à zona de fluxo é dada pela equação (4-22):
Phae = 2 Phf - Phce Eq. 4-22

A pressão de atrito na parede adjacente ao canal de fluxo (P wae) é dada pela


equação (4-23):
Pwae = μ Phae Eq. 4-23

4.1.2. Silo convencional de seção circular


O silo convencional apresenta uma configuração de célula de seção circular e
tremonha cônica com descarregamento concêntrico, onde são geradas as pressões
nas paredes pelas cargas de carregamento do produto no silo conforme Figura 4.5.

Figura 4.5 – Configuração de pressões no silo circular com saída concêntrica

4.1.2.1. Pressões e força de atrito na célula


Os valores de pressão horizontal (Phf), força de atrito (Pwf) na parede da célula do
silo e pressão vertical (Pvf) podem ser determinados pelas equações (4-24), (4-25) e
(4-26), respectivamente:
Phf (z) = Ph0 Yj (z) Eq. 4-24

Pwf (z) = μ Ph0 Yj (z) Eq. 4-25


38

Ph0
Pvf (z) = Y Eq. 4-26
K j (z)

sendo
Ph0 =  K z0 Eq. 4-27

𝑌𝑗 (𝑧) = 1 - e (-z ⁄ z0) Eq. 4-28

1 A
z0 = Eq. 4-29
Kμ U
onde
 é o peso específico do produto;
 é o coeficiente de atrito com a parede;
K é coeficiente de pressão lateral devido ao produto armazenado;
z é a profundidade considerada, medida a partir da superfície equivalente do sólido;
A é a área da seção transversal da célula;
U é o perímetro interno da seção transversal da célula.

Para as cargas na célula advinda do descarregamento, o Eurocode 1-Part 4 (2006)


sugere que sejam considerados alguns fatores de majoração: Ch para pressão
horizontal e Cb para força de atrito na parede, de acordo com a avaliação de classe
por ação (Tabela 4.1).

Para silos esbeltos com descarga centrada, classe de ação 3, a pressão no


descarregamento horizontal Phe e a força de atrito na parede Pwe, podem ser
determinadas conforme indicado no Eurocode 1-Part 4 (2006), pelas equações (4-30)
e (4-31), respectivamente:
Phe (z) = Ch Phf (z) Eq. 4-30
Pwe (z) = Cw Pwf (z) Eq. 4-31

onde
Ch é o fator de descarga para pressão horizontal igual a 1,15;
Cw é o fator de descarga para força de atrito na parede igual a 1,33.
39

Neste trabalho não foi considerado o path load, pois o trabalho refere-se a silos
para o armazenamento de produto pulverulento que fica aerado durante o processo
de enchimento.

4.1.2.2. Pressões na tremonha


Na Figura 4.6 pode-se observar a distribuição das pressões na tremonha,
conforme o Anexo G da norma Eurocode 1 – Parte 4 (2006) devido a maior experiência
do autor com a metodologia indicada, podendo ser também calculada conforme o
capítulo 6 da norma indicada. As equações utilizadas para definir todas as pressões
que ocorrem na tremonha são apresentadas a seguir.

Figura 4.6 – Pressões na tremonha do silo convencional

A força de atrito (Pt) na parede da tremonha é dada pela equação (4-32):


Pt = Pn μ e Eq. 4-32
A pressão normal na parede inclinada da tremonha (Pn) pode ser calculada para
qualquer posição na direção x da parede da tremonha, pela equação (4-33):
x
Pn = Pn3 + Pn2 + (Pn1 - Pn2 ) Eq. 4-33
lh
onde
x é a coordenada vertical na tremonha com origem no eixo do cone da tremonha
lh é a distância entre a origem do eixo do cone da tremonha até a transição com a célula.
40

A pressão normal na tremonha advinda da pressão vertical que ocorre na transição


célula/tremonha devido ao produto armazenado na célula (Pn1) é obtida pela equação
(4-34):
Pn1 = Pvf (Cb sen2 β + cos2 β) Eq. 4-34
onde
 é o ângulo entre o eixo de simetria do silo e a parede da tremonha.

A pressão normal na tremonha, na altura da boca de saída Pn2, é obtida pela equação
(4-35):
Pn2 = Pvf Cb sen2 β Eq. 4-35

A pressão na tremonha gerada pelo peso do produto armazenado no interior da


tremonha Pn3 é dada pela equação (4-36):
A  K Eq. 4-36
Pn3 = 3,0 cos2 β
U √μ h

Para silos com fluxo de massa, uma pressão fixa (Ps) é adicionada à parede da
tremonha em todo seu perímetro, a uma distância 0,2D a partir da borda conforme
mostrado na Figura 4.6. Essa pressão Ps é calculada pela equação (4-37):
Ps = 2 K Pvf Eq. 4-37

onde
Ph0 Eq. 4-38
Pvf(z) = Yj (z)
K
Ph0 =  K z0 Eq. 4-39
1 A Eq. 4-40
z0 =
Kμ U
Yj (z) = [1 - e ( -z⁄ z0) ] Eq. 4-41

4.2. Ações devidas ao vento


As considerações das ações provenientes do vento são essenciais no
dimensionamento de silos, pois a negligência destes efeitos pode gerar acidentes por
diversas falhas, como o arrancamento da cobertura e/ou tombamento do silo.
41

Para calcular as ações devidas ao vento foram utilizadas as especificações da


norma brasileira NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações (ABNT, 2013).
A ação predominante do vento que atua em uma estrutura de silo é a força de
arrasto, calculada pela equação (4-42):
Far,i = Ca qi Aei Eq. 4-42

onde
Far,i é a força de arrasto atuando no trecho i da célula em kN;
Ca é o coeficiente de arrasto
qi é a pressão de obstrução no trecho i da célula em kN/m;
Aei é a área frontal efetiva, projeção ortogonal do silo em m².

A pressão de obstrução (qi) é dada pela equação (4-43):


qi = 0,613 Vk,i2 Eq. 4-43

sendo
Vk,i = V0 S1 S2 S3 Eq. 4-44

onde
Vk,i é a velocidade característica para o trecho i da célula, em m/s;
V0 é a velocidade básica do vento, em m/s;
S1 é o fator topográfico;
S2 é o fator de rugosidade para o trecho i da célula;
S3 é o fator estatístico.

4.3. Outras ações


Cargas pontuais na laje superior
Na cobertura do silo são instalados alguns equipamentos inerente ao processo de
operação do silo, como filtros e dutos onde são transportados os produtos de
armazenamento. Os silos onde são armazenados produtos pulverulentos possuem
um filtro de partículas e calhas de abastecimento do silo.
42

Força vertical na parede do silo


A força vertical uniformemente distribuída no perímetro da base da célula (Fv) é
obtida pela equação (4-45):
Fv = g (PPcel + PPL ) + q [ nzsk (Hc) + SL ] Eq. 4-45

onde
PPcel é o peso próprio da célula, distribuído linearmente no perímetro da seção;
PPL é o peso próprio da cobertura da célula, distribuído linearmente no perímetro
da seção;
SL é a sobrecarga na cobertura, distribuída linearmente no perímetro da seção (de
acordo com o Eurocode 1 - Parte 1, 2003);
nzsk (Hc) é a força de atrito na base da célula de altura Hc (altura da superfície
equivalente), distribuída linearmente no perímetro da seção;
g é o coeficiente de ponderação para as ações permanentes (Eurocode 1–Parte 1,
2003);
q é o coeficiente de ponderação para as ações variáveis (Eurocode 1–Parte 1, 2003).

A ação devido ao peso próprio da célula (PPcel) é obtida pela equação (4-46):
PPcel = c e H Eq. 4-46

onde
c é o peso específico do concreto armado;
e é a espessura da parede do silo;
H é a altura total da célula.

A variável PPCA representa o peso próprio da laje de cobertura devido ao concreto


armado, distribuído linearmente no perímetro da seção transversal da célula, e é
obtida pela equação (4-47):
PPCA = [ c ( D2 / 4) elaje ] /  D Eq. 4-47

onde
c é o peso específico do material construtivo;
D é o diâmetro da seção transversal da célula cilíndrica;
43

elaje é a espessura da laje.

O valor adotado para a sobrecarga por unidade de área na cobertura foi considerado
igual 7,5 kN/m2 (Eurocode 1 - Parte 1:2003). Esse valor é transformado em uma força
SL distribuída linearmente pelo perímetro da célula usando-se a equação (4-48):
SL = [ 7,5 (  D2 / 4 )] /  D Eq. 4-48
onde
D é o diâmetro da seção transversal da célula cilíndrica.

A força de atrito (nzsk) na base da célula de altura Hc, distribuída linearmente no


perímetro da seção é obtida pela equação (4-49):

nzsk (Hc) =  Pwf (z) dz =  Ph0 [ z – z0 YJ (z) ] Eq. 4-49


44

5. EFEITO TÉRMICO
5.1. Procedimento de cálculo devido ao efeito térmico na parede do silo
Neste capítulo são estudados os esforços circunferenciais advindos do gradiente
térmico para silos constituídos por paredes delgadas, analisando-se a distribuição da
temperatura na espessura da parede além da diferença de temperatura entre as faces
internas e externas do silo. São também apresentados procedimentos de cálculo da
armadura necessária para absorver o efeito térmico.
A diferença de temperatura entre as duas faces da estrutura de um silo depende
do coeficiente de transferência de calor do material que o constitui. Esta propriedade
recebe o nome de condutividade térmica k, e indica a quantidade de calor que fluirá
através de uma área unitária no tempo, se o gradiente de temperatura for unitário.
Uma das propriedades importantes para a análise térmica nos elementos estruturais,
neste caso para a estrutura de silos de concreto, é a condutividade térmica do
concreto (λ) que reduz com o aumento da temperatura. Ela está diretamente
relacionada ao tipo de agregados que constituem cerca de 70% do concreto
endurecido, sendo também influenciada pela porosidade da pasta de cimento.
A variabilidade de combinações de dosagens do concreto, a natureza dos
agregados e a porosidade geram muitas discrepâncias nos resultados dos ensaios de
medição da condutividade.
No Brasil, não há regulamentação que estabeleça algum valor para a condutividade
térmica do concreto de densidade normal a temperaturas elevadas (COSTA, 2008).
Para o cálculo dos esforços oriundos do efeito térmico são apresentados métodos
propostos por vários pesquisadores (SAFARIAN & HARRIS, 1985; BOHM, 1956;
CIEIZIELSKI, 1970; BROERSMA, 1972), por normas internacionais (ACI 313, 2016 e
EUROCODE 1 –PARTE 4:2006) e estudos teóricos (POPOV, 1968 e TIMOSHENKO,
1968).
Dentre os diversos métodos existem alguns fatores que exigem estudos mais
aprimorados a serem considerados, o qual pode-se destacar a diferença de
temperatura t entre as faces internas e externas do silo.
Quando o produto armazenado no silo gera calor elevado, a temperatura interna no
silo é maior que a externa, ocorrendo a condução térmica de calor na parede do silo
conforme mostrado na Figura 5.1. Considerando-se a Teoria de Transferência de
Calor, a quantidade de calor que transita de uma face para a outra da parede é
45

designada por Q, sendo diretamente proporcional à diferença de temperatura entre as


duas faces do elemento (Ti – Te), e inversamente proporcional à espessura da parede
do silo.

Figura 5.1 - Distribuição de temperatura em um perfil genérico

O fluxo de calor que transpassa a parede do silo está associado à condutividade


térmica do concreto (λ) e ao coeficiente de película de ar (a1), e que apresentam
significativas diferenças nos valores encontrados na literatura corrente, conforme
observa-se na Tabela 5.1 (Carmona, 2005).
46

Tabela 5.1 - Condutividade térmica do concreto e coeficiente de película do ar


λ – concreto a1 – ar externo
Referência 𝐖 𝐖
( ) ( )
𝐦. 𝐊 𝐦𝟐 . 𝐊
CIZIELSKI ET AL (1970) 1,746 0,059
ACI 307 (2016) 1,725 0,067
MANNING ET AL (1973) 0,879 a 2,512 0,075 a 0,138
SAFARIAN (1985) 2,345 0,175
PRIESTLEY (1976) 2,010 0,088
KREITH (1973) 1,884 0,057 a 0,283
Fonte: Carmona, 2005

O Eurocode 2 (EN 1992-1-2, 2004) fornece equações correspondentes a


condutividade térmica do concreto (λ) de densidade normal em função da
temperatura, estabelecendo uma faixa de valores (Figura 5.2) entre aos limites inferior
(Eq. 5-1) e superior (Eq. 5-2), para o intervalo 20°C ≤ T ≤ 1200°C:
T T 2
Limite inferior λinf = 1,36 - 0,136 100 + 0,0057 (100) Eq. 5-1

T T 2 Eq. 5-2
Limite superior λsup = 2 - 0,2451 100 + 0,0107 (100)
 (W/m°C)

Temperatura T (°C)
Figura 5.2 – Condutividade térmica do concreto usual em função da
temperatura Fonte: Eurocode 2 (2004)
47

5.2. Considerações de SAFARIAN & HARRIS (1985) sobre o efeito térmico


SAFARIAN & HARRIS (1985) apresentaram um método para a determinação das
tensões térmicas utilizando uma aproximação para obter a armadura adicional
correspondente ao momento fletor proveniente do efeito térmico. O método foi
desenvolvido para silos circulares para estocagem de cimento, porém foi
recomendado pelos autores que o mesmo método também pode ser aplicado a outros
produtos granulares ou pulverulentos que liberam calor. Para o método, foram
impostas algumas considerações como: dimensionamento para uma seção não
fissurada no estádio I, resistência à tração do concreto desprezada, variação da
temperatura somente na direção radial. São ainda desprezadas as diferenças
menores que 44,5°C, provenientes de práticas usuais em construções e também são
reduzidas as diferenças de temperatura T por meio de um coeficiente de transmissão
de calor Kt, de acordo com o princípio da Tranferência de Calor, e que pode ser
definido pela relação entre a resistência térmica da parede, a combinação do produto
armazenado e o ar externo.
A temperatura interna de projeto do produto armazenado (Ti,proj), é dada pela
diferença da temperatura interna no silo (Ti) por 44,5ºC, conforme indicado na Eq. 5-
3:
Ti,proj = Ti - 44,5°C Eq. 5-3

A temperatura de material granular com liberação de calor em silos não é uniforme,


pois diminui sensivelmente perto da face interna da parede. Esta diminuição pode ser
considerada quando determinada a diferença de temperatura de projeto, T, entre as
faces interna e externa da parede. Os autores utilizaram como exemplo o calor do
cimento a uma espessura de 203 mm de cimento adjacente à face interior da parede,
sendo considerada como material isolante gerando uma resistência térmica R1, onde
a temperatura varia linearmente, como pode ser observado na Figura 5.3. A diferença
de temperatura T entre as faces interna (Ti,des) e externa (Te) é calculada pela
equação (5-4):
ΔT = Ti,proj - Te Eq. 5-4
48

Figura 5.3 - Redução de temperatura na travessia da parede do silo

Os valores de Ti,des e Te são considerados na equação do fluxo de calor (Q).


Substituindo-se T pela diferença de temperatura (T), Q é calculada pela equação
(5-5):
Q = k A (ΔT) Eq. 5-5

onde
Q é o fluxo de calor (W);
k é o coeficiente da transferência de calor (W/m.K);
A é a área da seção da parede através da qual ocorre o fluxo (m²).
A temperatura que diminui dentro da parede (Ti,proj – Te) sofrerá uma redução a
partir da aplicação do coeficiente Kt, que por sua vez depende da combinação da
resistência térmica da parede, da espessura da parede e da película do ar externo. A
redução de T, é dada pela equação (5-6):
T = Kt [ Ti,proj - Te ] Eq. 5-6

onde o fator Kt é obtido pelo princípio da Transferência de Calor, podendo ser


determinado para várias espessuras de parede pela curva indicada na Figura 5.4,
onde Ti,proj é a temperatura do cimento armazenado – 26,67°C (80°F) e Te é a
temperatura externa do silo em período de inverno.
49

Figura 5.4 - Gráfico Kt x parede do silo


Fonte: Safarian & Harris (1985)

Para o desenvolvimento do gráfico os autores assumiram as seguintes considerações


de resistências térmicas no caminho do fluxo de calor:
 resistência de uma camada de 203 mm (R1) de produto armazenado
atuando como material isolante a um valor de 4,56 W/m.K
 resistência de uma camada de 25,4 mm de espessura de concreto (R2) a
um valor de 0,09 W/m.K
 resistência da película na superfície externa (R3) a um valor de 0,20 W/m.K.

O momento fletor devido ao gradiente térmico é estabelecido por uma seção não
fissurada. A armadura adicional, no entanto, é escolhida para uma seção fissurada.
O momento fletor térmico último (Mt,u) na seção horizontal é devido à diferença de
temperatura T. Usando-se a análise plana de tensões, um coeficiente de Poisson 
igual a 0,2, e um coeficiente de ponderação q, Mt,u pode ser calculado pela equação
(5-7):
Mt,u = 10,41 Ec h2 α1 ΔT q ( kg cm⁄m ) Eq. 5-7

onde
50

o fator de carga q é adotado como igual a 1,4 (sugerido pelos autores);


α1 é o coeficiente de dilatação térmica do concreto.
A área necessária de armadura horizontal adicional,que tem como finalidade
absorver o efeito térmco, é calculada pela equação (5-8):
Ast = Mt,u / fyd (d – d’) Eq. 5-8

onde
fyd é a tensão de cálculo de escoamento do aço a tração;
d é a altura útil da seção de concreto;
d’ é a distância da armadura de compressão à borda mais próxima.

A armadura adicional Ast deve ser localizada perto da face externa (mais fria).

5.3. Considerações de BOHM (1956) sobre o efeito térmico


BOHM (1956) propôs um método diferenciado do proposto por Safarian e Harris
(1985) para a determinação do cálculo da diferença de temperatura T, entre as faces
internas e externas das paredes do silo, no qual não é permitido que sejam
negligenciados os primeiros 44,5°C. Valores para a condutividade térmica do concreto
armado, para a condutividade da superfície concreto-ar e para a condutância da
superfície concreto-calor do cimento são assumidos pelo autor. A procedência dos
valores adotados não são mencionados pelo autor.
Segundo a abordagem de Bohm, a temperatura de projeto (T i,proj) é estabelecida
pela equação (5-9):
Eq.
Ti,proj = Ti - Te
5-9
onde
Ti e Te são as temperaturas interna e externa do silo, respectivamente.
O coeficiente de transmissão de calor Kt é determinado pela equação (5-10):
1 1 e 1
= + + Eq. 5-10
Kt a 1  a 2

onde
e é a espessura da parede do silo;
 é o condutividade térmica do concreto armado, valor médio assumido igual a 2;
51

a1 é a condutividade da superfície (concreto-ar), valor médio assumido igual a 15;


a2 é a condutância da superfície (concreto-calor do cimento), valor médio assumido
igual a 5.
Substituindo-se os valores, na equação (5-10), chega-se à equação (5-11):
1 1 e 1 e
= + + = 0,267 + Eq. 5-11
Kt 15 2 5 2

Então, o valor de T é obtido pela equação (5-12):


(Ti - Te ) e Ti - Te
ΔT= 0,1 = ( ) (°C) Eq. 5-12
1 ⁄ Kt 2 0,267 + e⁄
2

Para determinar o momento fletor devido ao efeito térmico é usada a equação (5-
13):
Ec e2 αc ΔT
Mt = Eq. 5-13
12 (1 - )

onde
Ec é o módulo de elasticidade do concreto;
c é o coeficiente térmico da expansão do concreto;
 é o coeficiente de Poisson do concreto, assumida como sendo 0,2;
e é a espessura da parede do silo;
Mt é o momento térmico de flexão por unidade de altura da parede do silo;
T é a diferença de temperatura entre a face interna e face externa da parede do silo.

A armadura para absorver o efeito térmico é calculada pela equação (5-8).

5.4. Considerações de CIESIELSKI et al. (1970) sobre o efeito térmico


CIESIELSKI et al. (1970) assumem uma equação similar à proposta por Bohm para
calcular o coeficiente de transmissão de calor K t, porém indicam diferentes valores
para redução do T adotando os seguintes coeficientes: condutividade térmica do
concreto armado () igual a 1,5, condutividade da superfície concreto-ar (a1) igual a 5
e a condutância da superfície concreto-calor do cimento (a2) igual a 20. Os valores de
Kt e T são, então, obtidos pelas equações (5-14) e (5-15), respectivamente:
52

1 1 e 1 e Eq.
= + + = 0,25 +
Kt 5 1,5 20 1,5 5-14

e Ti - Te
ΔT = (°C)
1,5 0,25 + 0,666 e

(Ti - Te ) e Eq.
ΔT = (°C)
0,375 + e 5-15

O momento fletor devido ao efeito térmico é determinado pela equação (5-13), e a


armadura para absorver o efeito térmico é calculada pela equação (5-8).

5.5. Considerações de BROERSMA (1972) sobre o efeito térmico


BROERSMA (1972) sugere que a temperatura do cimento armazenado diminui com
a profundidade de armazenamento. O autor calcula a diferença de temperatura T, a
uma profundidade de armazenamento em z, adotando alguns coeficientes de
resistência ao calor da parede de concreto, sem indicar sua procedência, como segue:
Eq.
ΔTz = ΔT0 [1 - (z⁄H)2 ]
5-16

onde H é a altura total do silo, e T0 é a diferença de temperatura no topo da parede


(z=0), obtida pela equação (5-17):
Eq.
ΔT0 = [Rio ⁄ (Ri + Rio + Ro )] (Ti - Te )
5-17

sendo
Ri é a resistência ao calor no interior da parede do silo (parede de concreto),
assumida ser 1,72x105 mm² °C;
Ro é a resistência ao calor na parede externa do silo (parede de concreto),
assumido ser 5,7x104 mm² °C;
Ti é a temperatura do produto armazenado no topo da parede do silo (z=0);
Te é a temperatura do ar adjacente ao silo;
Rio é a resistência ao calor da parede do silo,
R io = h⁄Cw
53

onde Cw é o fator de descarga para força de atrito na parede igual a 2,33x10-3/mm


/°C.

As considerações apresentadas por Broersma na obtenção do momento fletor


proviente do efeito térmico (eq. 5-13) são baseadas na hipótese de que ocorra
expansão térmica livre nas paredes sem alteração da forma, ou seja, uma parede
circular expande, mas continua a ser circular.
O momento fletor devido ao efeito térmico é determinado pela equação (5-13), e a
armadura para absorver o efeito térmico é calculada pela equação (5-8).

5.6. Considerações da norma americana ACI 313/2016 sobre o efeito térmico


Segundo a norma americana ACI 313/2016, é necessário verificar duas condições:
 a pior condição térmica, que normalmente ocorre na parte superior do silo,
próximo à cobertura, onde o ar é mantido a uma temperatura elevada;
 a condição menos severa, que se dá abaixo da superfície do produto
armazenado, onde ocorre a queda de temperatura com os fluxos de calor
dissipados pela parede da face interna à face externa, e um gradiente de
temperatura se desenvolve através do produto armazenado.

Na determinação do momento fletor devido ao efeito térmico é utilizada a redução


de temperatura por meio do coeficiente Kt, apresentado no gráfico da Figura 5.4, que
foi desenvolvido para armazenamento de cimento e que pode ser determinado a partir
da correlação com a espessura da parede.
A obtenção do momento de flexão, devido ao efeito térmico requer a determinação
da diferença de temperatura através da parede. Para tanto, o projetista deve
considerar as taxas de fluxos de calor a partir do produto armazenado na face interna
da parede, por meio da espessura da parede e da parede à área externa do silo.
A diferença de temperatura pode ser estimada utilizando-se a equação (5-18):
Eq.
ΔT = (Ti - Te - 26,67°C) Kt
5-18

O projeto também deve considerar que os componentes estruturais de aço, como


vigas do telhado dentro de um silo de concreto, podem se expandir mais rapidamente
54

do que o concreto e causar uma tensão excessiva nas áreas de contato caso não
sejam previstas juntas de dilatação.
No caso de paredes circulares com restrição total de deformação, o momento fletor
devido ao efeito térmico é calculado pela equação (5-19):
Ec e2 αc ΔT Eq.
Mt =
12 (1 - ν) 5-19

onde
Ec é o módulo de elasticidade do concreto;
c é o coeficiente térmico da expansão do concreto;
 é o coeficiente de Poisson do concreto, assumida como sendo 0,2;
e é a espessura da parede;
Mt é o momento térmico de flexão por unidade de altura da parede;
T é a diferença de temperatura entre a face interna e face externa da parede.

Para se obter o valor de T deve ser utilizada a equação (5-20) para Kt:
0,08 e
Kt = ( ) Eq. 5-20
10,37 + 0,08 e

É recomendado que o dimensionamento da armadura seja feito a partir do


momento atuante no estado limite último (Mt,u), de acordo com a equação (5-21):
Ast = Mt,u ⁄ fyd (d - d' ) Eq. 5-21

onde
fyd é a tensão de cálculo de escoamento do aço a tração;
d é a altura útil da seção de concreto;
d’ é a distância da armadura de compressão à borda mais próxima.

5.7. Considerações do EUROCODE 1 – Parte 1 (2003) sobre efeito térmico


Segundo o EUROCODE 1 – parte 1 (2003), no projeto de uma estrutura do silo
deve ser considerado o efeito térmico devido a uma diferença de temperatura entre o
produto sólido armazenado e a estrutura do silo e/ou entre o ambiente externo e a
estrutura do silo analisando-se suas possíveis consequências (deslocamentos,
deformações, curvaturas, tensões, forças e momentos). E nos casos de possível
55

queda significativa da temperatura ambiente dentro de um curto período de tempo, o


modelo deve considerar as pressões induzidas pela contração térmica entre a
estrutura na face externa e o produto armazenado.
Para os silos de seção circular, é considerado um adicional de pressão normal (PhT)
na parede vertical do silo determinado pela equação (5-22):
Ew
PhT = CT αw ΔT Eq. 5-22
[(r ⁄ e) + (1 - )(Ew ⁄ EsU )]
onde
CT é o multiplicador de carga de temperatura;
w é o coeficiente de expansão térmica da parede do silo;
T é a diferença de temperatura na parede do silo;
r é o raio do silo (D / 2);
e é a espessura da parede do silo;

Ew é o módulo de elasticidade do material utilizado na construção da parede do silo;


 é o coeficiente de Poisson para o produto armazenado ( = 0,3 pode ser assumido).

EsU é o módulo de elasticidade do produto armazenado na profundidade z,


normalmente obtido por ensaios de caracterização do produto, ou pode ser obtido de
forma aproximada pela equação (5-23):
EsU = χ 𝑃𝑣𝑓𝑡 Eq. 5-23

sendo
𝜒 = 7 𝛾 3/2 Eq. 5-24

Pvft é a pressão vertical na transição parede-tremonha;


 é o coeficiente que correlaciona o módulo de elasticidade com o peso específico
do produto;
 é o peso específico do produto armazenado.

A força última adicional devido ao efeito térmico (Fu) é determinada pela equação (5-
25):
Fu = PhT r Eq. 5-25
56

onde r é o raio do silo e PhT é a pressão normal na parede vertical do silo.

O dimensionamento da armadura é dada pela equação (5-26):


1,4 Fu
Ast = Eq. 5-26
0,9 fyd

5.8. Tensões Térmicas segundo a Resistência dos Materiais (POPOV, 1968)


Para a obtenção do esforço normal circunferencial devido a pressão interna,
segundo os conceitos da Resistência dos Materiais, é possível estabelecer uma
dedução simplificada, onde se supõe um setor circular solicitado por uma pressão
interna. Neste caso, são equilibradas as resultantes das tensões no sentido do eixo y
nas extremidades do setor circular, como apresentado na Figura 5.5.

Figura 5.5 - Esforço normal circunferencial devido à pressão interna

Da integração da projeção da força, que atua em uma porção diferencial de


arco na direção y, se obtém a resultante das tensões neste eixo conforme
apresentado nas equações (5-27) a (5-31):
π
2 Nθ = ∫ p r sen θ dθ Eq. 5-27
0
57

π
-2 Nθ = p r ∫ sen θ dθ Eq. 5-28
0

-2 Nθ = p r ( cos π - cos 0 ) Eq. 5-29

-2 Nθ = p r (-1 -1) Eq. 5-30

Nθ = p r Eq. 5-31

De uma forma simplificada, abordando-se o problema pelo conceito da Resistência


dos Materiais, considera-se um elemento de comprimento L, submetido às diferentes
temperaturas Ti e Te com Ti > 0 e Te < 0. Caso o elemento esteja livre o mesmo tenderá
a se deformar na configuração da linha tracejada representada na Figura 5.6.

Figura 5.6 - Deformação de um elemento livre pela ação de um gradiente


térmico

As fibras aquecidas aumentarão de comprimento (L1), enquanto que as resfriadas


sofrerão encurtamento (L2). Denotando-se por L a diferença entre estes
comprimentos, as seguintes expressões podem ser escritas:

L1 = T i L α (Ti -Te ) L α
∆L = Eq. 5-32
L2 = T e L α 2

∆L (Ti - Te ) α
𝜀= = Eq. 5-33
L 2
𝜎=𝐸 𝜀 Eq. 5-34
(Ti -Te ) E α
σ= Eq. 5-35
2
58

Chamando-se (Ti – Te) de T, o momento fletor que provoca esta tensão é obtido
pela equação (5-36):
∆T E I α Eq.
M=
e 5-36
onde
E é o módulo de deformação longitudinal do concreto;
α é o conficiente de dilatação térmica do concreto;
e é a espessura da parede do silo.

A armadura para absorver o efeito térmico é calculada pela equação (5-21).

5.9. Tensões Térmicas segundo a Teoria da Elasticidade


(TIMOSHENKO,1968)
Para o esforço normal circunferencial advindo da pressão interna (p) é utilizada a
Teoria de Cascas.
Em silos de seção circular, das pressões internas surgem tensões radiais e
circunferenciais como mostrado na Figura 5.7, onde as tensões máximas radiais se
dão na superfície interna (r) e igual a zero na face externa, sendo então de pequena
importância para estruturas civis.

Figura 5.7 - Distribuição das tensões radiais e circunferenciais

Quando as tensões são deduzidas em coordenadas polares, as tensões


circunferenciais () são obtidas pela equação (5-37):
59

a2 p b2
σθ = (1 + ) Eq. 5-37
b2 - a2 r20

onde
a é o raio interno do silo;
b é o raio externo do silo;
p é a pressão interna no silo;
r é o raio genérico do silo;
r0 é o raio médio do silo.

A expressão acima revela uma distribuição parabólica das tensões na espessura


da parede. Contudo o comportamento não-linear das tensões tende a ser menos
significativo quanto mais delgada for a parede do cilindro. TIMOSHENKO (1968)
propõe que quando a espessura e = (b-a) é muito pequena em comparação com o
raio médio r0 = (b-a)/2, ou seja, se existe uma pequena diferença entre os raios interno
e externo, as tensões podem ser tomadas como constantes na espessura da parede.
Para a determinação das tensões térmicas é considerada a teoria clássica
apresentada por TIMOSHENKO (1968). Assumindo-se um comportamento elástico-
linear do material são apresentadas, de forma simplificada, as expressões para obter
as tensões radiais e circunferenciais utilizando-se a notação em coordenadas polares.
Para o estudo em questão, onde não existem tensões de cisalhamento por se tratar
de um problema axialmente simétrico, pode-se assumir, para o cálculo da tensão
circunferencial (), a equação (5-38):
α Ε r2 - a2 b r
σθ = ( 2 ∫ T r dr + ∫ T r dr - T r2 ) Eq. 5-38
(1 - ν) b - a2 a a

onde

𝛼 é o conficiente de dilatação térmica do concreto;


E é o módulo de deformação longitudinal do concreto;
T é a temperatura do produto armazenado.

Aplicando-se a distribuição logarítmica da temperatura ao longo da espessura da


parede com base no fluxo estacionário de calor, a temperatura T é obtida pela
equação (5-39):
60

Ti b
T= log Eq. 5-39
log(b⁄a) r

Sabendo-se que Ti é a temperatura interna do silo, considerando-se a temperatura


externa igual a zero, como apresentado na Figura 5.8, e denotando-se Ti por T, o
valor da tensão  passa a ser obtido pela equação (5-40):
α Ε ΔT b a2 b2 b
σθ = [1 - ln - 2 (1 + 2 ) ln ] Eq. 5-40
2(1 - ν) ln(b⁄a) r b - a2 r a

Figura 5.8 - Variação da temperatura em cascas espessas

As tensões assumem seus valores máximos nas superfícies interna (r = a) e externa


(r = b). Quando Ti resulta em valor positivo, ocorrem tensões de compressão para r =
a e tensões de tração para r=b, conforme as equações (5-41) e (5-42),
respectivamente:

α E ΔT 2 b2 b
(σθ )r = a = (1 - ln ) Eq. 5-41
b b2 - a2 a
2 (1 - ν) ln a

α E ΔT 2 a2 b
(σθ )r = b = (1 - ln ) Eq. 5-42
b 2
b - a2 a
2(1 - ν) ln a

onde
61

𝛼 é o conficiente de dilatação térmica do concreto;


𝑣 é o conficiente de poisson do concreto;
E é o módulo de deformação longitudinal do concreto.

As expressões descritas acima apresentam uma distribuição não-linear de tensões.


Contudo, analisando-se a condição em que a espessura da parede é pequena em
relação ao diâmetro do tubo, é possível assumir, de forma aproximada, uma equação
linearizada. Então, para o cálculo da tensão circunferencial, utilizam-se as equações
(5-43) e (5-44) para r=a e r=b, respectivamente:

α E ΔT
(σθ )r=a = - Eq. 5-43
2(1 - ν)

α E ΔT
(σθ )r=b = Eq. 5-44
2(1 - ν)

Para simplificar o dimensionamento do silo é comum utilizar um momento fletor


equivalente (M), que produz as mesmas tensões obtidas no equacionamento acima,
aplicando-se a equação (5-45):
α E Ti e2
Mθ = Eq. 5-45
2(1 - ν) 6

Considerando-se ainda uma altura unitária da parede com espessura e, e


denotando-se I = e3/12 (momento de inércia da seção), o momento fletor uniforme em
todo o comprimento da circunferência da parede é obtido pela equação (5-46):
α E I ∆T
Mθ = Eq. 5-46
e (1 - ν)

O fato importante a ser observado é que a formulação acima foi baseada numa
seção trabalhando elasticamente sem a ocorrência de fissuração em uma dedução
onde os vínculos foram considerados engastados.
A armadura para absorver o efeito térmico é calculada pela equação (5-21).
62

6. MODELO COMPUTACIONAL PARA ANÁLISE ESTRUTURAL


A análise estrutural dos silos foi desenvolvida via método dos elementos finitos com
a utilização do programa computacional ANSYS WORKBENCH (versão 2015).
Para a análise dos modelos investigados neste trabalho foi considerado um
comportamento elástico-linear do concreto. O aço não foi considerado na modelagem
numérica.
A modelagem do silo foi feita em 3-D, sendo utilizados os elementos SOLID 186 e
SOLID 187 para a modelagem da célula, cone, viga de transição e base e o elemento
SURF154 para a modelagem da laje de cobertura.
A seguir, descrevem-se as características dos elementos empregados.

Elemento SOLID 186


Este elemento hexaédrico SOLID 186 é utilizado para modelagem de estruturas em
3D. É um elemento quadrático tridimensional de 20 nós e três graus de liberdade por
nó (apenas translações). Com esse elemento é possível obter bons resultados sem a
necessidade de uma discretização muito refinada, o que reduz bastante o tempo de
análise estrutural. Sua matriz de rigidez possui 14 pontos de integração e a matriz de
massa possui formato 3x3x3 para os pontos de integração. Os pontos de integração
do elemento para a matriz de rigidez ficam próximos a cada um dos 8 vértices e aos
centros de cada uma das 6 faces, totalizando 14 pontos (Figura 6.1).

Figura 6.1 – Características do elemento finito SOLID 186


63

Elemento SOLID 187


O elemento SOLID187 é um elemento tridimensional composto por 10 nós, com
três graus de liberdade em cada nó, ideal para situações onde é gerada uma malha
irregular por força da geometria imposta. Este elemento suporta plasticidade,
hiperelasticidade, e é capaz de simular grandes deflexões e extensões, tal como o
elemento SOLID186 anteriormente citado. Também possui capacidade de formulação
mista para simular deformações de materiais com características elastoplásticas
(Figura 6.2).

Figura 6.2 – Características do elemento finito SOLID 187

Elemento SURFACE 154


O elemento SURF154 é um elemento definido por 4 a 8 nós, e tem várias aplicações
de carga em superfície. Pode ser colocado sobre a face de qualquer área de um
elemento 3D. Permite aplicação de várias cargas e efeitos de superfície
simultaneamente (Figura 6.3).

Figura 6.3 – Características do elemento finito SURF 154


64

Modelos físicos dos materiais


Para a simulação, é necessário definir o comportamento dos materiais estruturais,
relativos à tensão-deformação ao longo do tempo, também conhecido como modelos
constitutivos dos materiais.
Podem-se realizar simplificações nas simulações em elementos finitos que levem
a resultados eficazes.
O modelo utilizado possui uma simplificação com relação ao comportamento do
concreto que é considerado isotrópico elástico linear, onde as tensões são
linearmente proporcionais às deformações e o material recupera totalmente a forma
anterior ao carregamento quando descarregado. Para materiais isotrópicos, a relação
é dada pela Lei de Hooke. Para a configuração desse comportamento é necessário
definir o módulo de elasticidade longitudinal (EX) do material e o coeficiente de
Poisson (PRXY). O módulo de elasticidade transversal (GX) é definido pela equação
[EX / x (1 + PRXY)].
65

7. ESTUDO DE CASO: SILO CONVENCIONAL x SILO DE CONE


INVERTIDO

7.1. Considerações Preliminares


São propostos dois silos de mesma capacidade de armazenamento, sendo
adotadas características idênticas tanto para o produto armazenado quanto para os
materiais construtivos do silo, além de serem consideradas geometrias similares
buscando a máxima equivalência entre os modelos.
As características do produto armazenado são consideradas conforme indicado no
Eurocode 1 – Parte 4 (2006).
São consideradas as cargas devidas ao peso próprio do silo, ao peso do produto
armazenado, ao peso da laje de cobertura, aos pesos das estruturas metálicas e dos
equipamentos (filtro manga, dutos distribuidores) e sobrecargas.
Seguindo os procedimentos do Eurocode 1 – Parte 4 (2006) podem ser obtidas as
pressões horizontais, verticais e força de atrito na célula e na tremonha para ambos
os modelos.
Para a consideração do efeito térmico, são calculadas as armaduras para os
diversos procedimentos propostos por pesquisadores e normas, sendo possível uma
posterior comparação entre os resultados obtidos.
Para ambos os casos também é considerado o efeito do vento seguindo o conceito
de força de arrasto conforme os critérios indicados na norma NBR 6123 (2013). Como
os dois modelos de silo possuem o mesmo diâmetro e a mesma altura total, as forças
de arrasto são idênticas nos dois modelos.
A determinação das tensões e deformações é feita através da análise numérica
com o auxílio computacional, sendo utilizado como dados de entrada os
carregamentos obtidos pelos procedimentos normativos (Eurocode 1 – Parte 4, 2006).
A comparação consiste basicamente em analisar as diferenças obtidas nos
resultados de tensões e deformações.

7.2. Dados do produto armazenado


Produto armazenado: alumina
Densidade - (): 12 kN/m³
Ângulo de repouso - (r): 36°
Granulometria: D > 0,5mm - granulares
66

Ângulo de atrito interno c/ a parede – (i):


ik,sup = a . im ik,inf = im / a
Valor médio im = 30 Fator a= 1,22
ik,sup = 36,6° ik,inf = 24,6°
Coeficiente de pressão lateral – (k):
ksup = ak . Km kinf = Km / ak
Valor médio Km = 0,54 Fator ak= 1,20
ksup = 0,648 kinf = 0,45
Coeficiente de atrito c/ a parede – (:
k,sup = a . m k,inf = m / a
Valor médio m = 0,51 Fator a= 1,07
k,sup = 0,55 k,inf = 0,48

Para a utilização do coeficiente de atrito nas paredes indicado no Eurocode 1 –


Parte 4 (2006), foi considerada a categoria da superfície da parede tipo D3, que
relaciona os coeficientes conforme o tipo de material utilizado, sendo para o presente
caso o concreto armado.
De acordo com o item 5.2.4 do EUROCODE 1 - Parte 4 (2006), para a situação
específica de silo com grande excentricidade, o cálculo deve ser realizado usando-se
o valor característico inferior do coeficiente de atrito com a parede ( k,inf) e o valor

característico superior do ângulo de atrito interno (ik,sup).

7.3. Dados dos materiais construtivos do silo


São apresentadas a seguir as características do concreto estrutural e do aço
adotados para a estrutura.

Material de construção: concreto armado

Tabela 7.1- Características do concreto


Concreto
Resistência a compressão - (fck) 30 MPa
Módulo de Elasticidade (Ec) 3067 kN/cm²
Peso específico - (c) 24 kg/m³
Coeficiente de Poisson - () 0,2
Coeficiente de dilatação térmica (°C) 9,35 x 10-6 temp. ambiente
67

Tabela 7.2- Características do aço


Aço
Módulo de elasticidade do aço (Eaço) 21000 kN/cm²
Tensão de escoamento - (fyk) 50 kN/cm²
Coeficiente de Poisson - () 0,3
Coeficiente de dilatação térmica 12 x 10-6

7.4. Características geométricas do silo


As características geométricas do silo (Tabela 7.3) foram adotadas de forma a se
obter um silo esbelto com fluxo de massa.

Tabela 7.3 - Características geométricas do silo


Dimensionais do silo
Forma da célula: seção cilíndrica unicelular Altura total do silo = 45m
Diâmetro interno = 14m Espessura da parede = 35 cm
Área da seção circular = 153,94m² Capacidade armazenamento = 4050m³
Perímetro da seção circular = 44m Altura do cone = 10,98m / 9,39m

São mencionadas somente as dimensões principais de célula e tremonha, visto


que, este é o foco deste trabalho.
A seguir são apresentadas duas seções transversais de diferentes geometrias, mas
de mesma capacidade de armazenamento, sendo uma delas relativa ao modelo do
padrão convencional e outra relativa ao modelo com cone central invertido (Figura 7.1
e Figura 7.2).
68

Figura 7.1 - Seção do silo de sistema convencional - Vol. 4050m³


69

Figura 7.2 - Seção do silo com cone invertido - Vol. 4050m³


70

7.5. Carregamentos
Para o carregamento foram adotados os mesmos valores de equipamentos, peso
de cobertura/estruturas metálicas e sobrecargas acidentais, porém os carregamentos
oriundos do produto armazenado e do peso próprio variam conforme as dimensões
de cada silo.
Para facilitar o entendimento das considerações de cálculo, são utilizados os dados
de entrada que geram como resultados os valores máximos.
Para estabelecer as cargas dispostas na laje superior do silo, foi considerado um
plano de carga de um silo de uma obra de referência com dimensões similares (

Figura 7.3).
Em relação ao centro do silo
Carga X Y
Ponto
Fz (kN) (m) (m)
1 -17,30 2,030 3,080
2 -17,60 3,680 1,110
3 -34,20 5,090 5,030
4 -29,50 6,470 3,060
5 -7,40 6,930 -1,800
6 -7,40 7,160 -0,060
7 -8,00 -0,060 7,160
8 -8,00 -1,800 6,920
= 129,4

Figura 7.3 - Cargas pontuais na laje superior

7.5.1. Força vertical na parede do silo


A força vertical uniformemente distribuída no perímetro da célula (Fv), aplicada na
transição célula/tremonha, é obtida pela expressão:
Fv = g (PPcel + PPCA) + q [ nzsk (Hc) + SL]
= 1,50 (283,94 + 18,4) + 1,35 [ 1044,3 + 27,6]
= 1900,58 kN/m
71

onde
PPcel é o peso próprio da célula, distribuído linearmente no perímetro da seção;
PPCA é o peso próprio da laje de cobertura, devido ao concreto armado, distribuído
linearmente no perímetro da seção transversal da célula;
SL é a sobrecarga na cobertura, distribuída linearmente no perímetro da seção (de
acordo com o Eurocode 1 - Parte1, 2003);
nzsk (Hc) é a força de atrito na base da célula de altura Hc (altura de transição),
distribuída linearmente no perímetro da seção;
g é o coeficiente de ponderação para as ações permanentes - Eurocode 1 - Parte1,
2003;
q é o coeficiente de ponderação para as ações variáveis - Eurocode 1 - Parte1, 2003.

A ação devido ao peso próprio da célula (PPcel) é obtida pela expressão:


PPcel = c e H
= 25 . 0,35 . 32,45
= 283,94 kN/m
onde
c é o peso específico do concreto armado;
e é a espessura da parede do silo;
H é a altura total da célula.

O peso próprio da laje de cobertura devido ao concreto armado (PPCA) é distribuído


linearmente no perímetro da seção transversal da célula, e é obtido pela expressão:

PPCA = [ c ( D2 / 4) elaje ] /  D
= [ 25 . ( . 14,72 / 4) . 0,20 ] /  .14,7
= 18,4 kN/m

onde
c é o peso específico do material construtivo (kN/m³);
D é o diâmetro da seção transversal da célula cilíndrica (m);
elaje é a espessura da laje (m).
72

O valor adotado para a sobrecarga por unidade de área na cobertura foi


considerado igual 7,5 kN/m2 (Eurocode 1 - Parte1, 2003). Esse valor é transformado
em uma força distribuída linearmente pelo perímetro da célula (SL):
SL = [ 7,5 (  D2 / 4 )] /  D
= [ 7,5 . (  .14,72 / 4 )] /  . 14,7
= 27,6 kN/m
onde
D é o diâmetro da seção transversal da célula cilíndrica.
A força de atrito nzsk (Hc) na base da célula de altura Hc que está localizada na
altura da transição, distribuída linearmente no perímetro da seção, é obtida pela
expressão:
𝑧
nzsk (Hc) = ∫0 pwf (z) dz =  Ph0 [ z – z0 YJ (z) ]
= 0,55 . 88,12 [ 32,4 – 11,33 . 0,943]
= 1044,30 kN/m
onde
Ph0 =  K z0
= 12 . 0,648 . 11,33
= 88,12 kN/m²

1 A
z0 =
Kμ U
1 153,94
= .
0,648.0,48 44
= 11,33

k,upper = 0,55

Yj (z) = (1 - e(-z⁄z0) )
Yj =(1 - e(-32,4⁄11,33) )
(32,4)

= 0,943

A Tabela 7.4 apresenta os valores das ações verticais nos silos.


73

Tabela 7.4 – Resumo das ações verticais nos silos


Valor do
Descrição do carregamento Un.
carregamento
Peso Próprio célula (PPCA) kN/m 18,4
Peso Próprio da cobertura (PPcel) kN/m 283,94
Equipamentos kN 129,4
Sobrecargas (SL) kN/m 27,6

O valor da força vertical na parede do silo, uniformemente distribuída no perímetro


da célula e aplicada na transição célula/tremonha (Fv) para o caso analisado é igual a
1900,49 kN/m.

7.5.2. Pressões na célula e na tremonha


Silo com cone invertido

São apresentadas a seguir as formulações utilizadas para determinação das


pressões no silo de cone invertido (Figura 7.4) conforme os dados de entrada
indicados anteriormente.
O raio de projeto do canal de fluxo (rc) é dado por:
rc = ki r i = 1, 2 e 3

K1 = 0,25; K2 = 0,40; K3 = 0,60


onde
rc = 0,25 . 7
= 1,75
= 5,54m
74

Legenda
1 – Pressão estática
2 – Pressão do produto armazenado
3 – Pressão na borda do canal
4 – Pressão no canal de fluxo

Figura 7.4 – Configuração das pressões no silo com cone invertido

A excentricidade do canal de fluxo (ec) é calculada pela expressão:


ec = r {η (1 - G) + (1 - η) √1 - G}

=7 {0,482 (1 - 0,25)+(1 - 0,482).√1 - 0,25}

onde
μ
 =
tan ϕi

0,48
=
tan 44,65°
= 0,482
75

G = rc / r
= 1,75 / 7
= 0,25

O comprimento de arco entre canal de fluxo e a parede da célula (UWC) é


calculado pela expressão:
Uwc = 2 θc r
= 2 . 0,155 . 7
= 2,17m
onde
r2 + e2c - r2c
cos θc =
2 r ec
2 2
72 + 5,67 - 1,75
=
2 . 7 . 5,67
= 0,984
Portanto,
c = 0,155 rad = 8,89°.

A área do sólido estático (As,e) é dada por:


As,e =π r2 - Ac
=  . 72 – 9,19
= 144,75m²

O comprimento de arco entre o canal de fluxo e o sólido estático (Usc) é dado por:
Usc = 2 rc (π - ψ)
=2 . 1,75(π - 0,80)
= 8,66 m
onde
sen ψ = r⁄rc sen θc

= 7⁄1,75 . sen 8,89°

= 0,62 rad
Portanto,
 = 0,667 rad = 38,22°
76

A área da seção transversal do canal de fluxo (Ac) é dada por:


Ac =(π - ψ)r2c + θc r2 - r rc sen(ψ - θc )
= (π - 0,667).1,752 + 0,155. 72 - 7 . 1,75. sen(0,667 - 0,155)
= 9,19 m²

São apresentadas a seguir as equações para determinações das pressões nas


regiões consideradas fora da zona de fluxo.
A pressão horizontal após o carregamento pode ser calculada por:
Phf (z) = Ph0 YJ (z)
= 88,12 . 0,943
= 83,07 kN/m²
onde
Yj (z) =(1 - e (-z ⁄ z0) )
Yj =(1 - e (-32,4 ⁄ 11,33) )
(32,4)

= 0,943

z0 = 1⁄K μ . A⁄U
= 1⁄(0,648 . 0,48) . 153,94⁄44
= 11,33 m

Ph0 =  K z0
=12 . 0,648 . 11,33
= 88,12 kN/m²

Como a pressão horizontal do sólido distante do canal de fluxo durante a descarga


excêntrica (Phse) é a mesma que a pressão horizontal após o carregamento (Phf), tem-
se que:
Phse =Phf = 83,07 kN/m²

Sabendo-se também que a força de atrito do sólido adjacente ao canal de fluxo


durante a descarga excêntrica (Pwse) é igual à força de atrito na parede após o
enchimento (Pwf), tem-se que:
Pwse = Pwf
77

Pwf(32,4) = μ Ph0 Yj(z)

= 0,48 . 88,12 . 0,943 = 39,59 kN/m²


= 39,59 kN/m²

São apresentadas a seguir as equações para determinações das pressões nas


regiões da zona de fluxo.

A determinação da pressão horizontal no canal de fluxo na altura ótima durante a


descarga excêntrica (Phc0) é dada por:
Phc0 =  K z0c
= 12 . 0,648 . 2,35
= 18,27 kN/m²

onde K é o coeficiente de pressão lateral devido ao produto armazenado e a variável


z0c é obtida pela expressão:
1 Ac
z0c = ( )
K Uwc μ + Usc tan ϕi
1 9,19
= 0,648 ( )
2,17 . 0,48 + 8,66 . tan 30°
= 2,35 m

A pressão estática horizontal no canal de fluxo durante a descarga excêntrica (Phce)


é dada por:
Phce = Phc0 (1 - e -z⁄z0c )
= 18,27 (1 - e-32,4⁄2,35 )
= 18,27 kN/m²

A pressão de atrito na parede em contato com o canal de fluxo durante a descarga


excêntrica (Pwce) é dada por:
Pwce = μ Phce = μ Phco (1 - e -z⁄z0c )
= 0,48 . 18,27(1 - e -32,4⁄2,35 )
= 8,71 kN/m²
78

A pressão horizontal estática na parede distante do canal de fluxo (Phse) é dada


por:
Phse = Phf = 83,07 kN/m²

A pressão de atrito na parede do sólido estático adjacente ao canal de fluxo durante


a descarga excêntrica (Pwse) é dada por:
Pwse = Pwf
= μ Ph0 Yj(z)
= 39,59 kN/m²

A pressão estática horizontal na parede próxima à saída excêntrica (Phae) é dada


por:
Phae = 2 Phf - Phce
= 2 (83,07) - 18,27
= 147,87kN/m²

A força de atrito no sólido estático adjacente ao canal de fluxo durante a descarga


excêntrica (Pwae) é dada por:
Pwae = μ Phae
= 0,48 . 147,87 = 70,48 kN/m²

A pressão vertical gerada na célula pelo produto armazenado durante a descarga


excêntrica (Pvft) é a mesma pressão do silo convencional de descarga concêntrica
(Pv), sendo variável conforme a profundidade de armazenamento (z):
Pv (z) = Pvft (z)

A pressão vertical na transição (célula/tremonha) oriunda do produto armazenado


após o carregamento é dada por:
Pvft (z) = Cb Pvf (z)
onde
Ph0
Pvft (z) =( Yj (z)) Cb
K
88,12
=( . 0,943) . 1,33
0,648
79

= 170,49 kN/m²

Silo de sistema convencional


São apresentadas a seguir as formulações utilizadas para determinação das
pressões no silo de sistema convencional conforme os dados de entrada já indicados
anteriormente, sendo apresentada a configuração das pressões na Figura 7.5.

Figura 7.5 – Configuração das pressões para silo convencional

As pressões na célula para o silo de sistema convencional conforme ilustrado na


Figura 7.6, podem ser obtidas pelas formulações estabelecidas por Janssen (1895) e
apresentadas a seguir.
80

Figura 7.6 – Pressões na célula do silo convencional

U
 A -z K μ A
Ph (z) = (1 - e )
μ U
44
12 153,94 -32,4 . 0,33 . 0,55 . 153,94
= 0,55 . 44
(1 - e )

= 62,37 kN/m²

1 - sen ϕi
K =
1 + sen ϕi

1 - sen 30°
= = 0,33
1 + sen 30°

Ph
Pv =
K
62,37
=
0,33
= 187,12 kN/m2

A
Pw (32,4) = μ ∫ dz =  A/U [z - (1 - e -μ K U/A
)]
μKU
= A⁄U ( z - Pv)
81

153,94
= (12 . 32,4 – 187,12)
44
= 705, 88 kN/m²

Na Figura 7.7 pode-se observar a distribuição das pressões na tremonha para o


silo de sistema convencional.

Figura 7.7 – Pressões na tremonha do silo de sistema convencional

Pt = Pn μ h
= 212,33 . 0,33 . 11,69
= 827,09 kN/m²

x
Pn = Pn3 + Pn2 + (Pn1 - Pn2 ) l
h

0
= 4,14 + 129,43 + (129,68 - 129,43) 3,2

= 212,23 kN/m²

Pn1 = Pvft (Cb sen2 β + cos2 β)


= 172,58 (1,60 . sen² 60° + cos² 60°)
= 331,60 kN/m²

Pn2 = Pvft Cb sen2 β


82

= 172,58 . 1,60 . sen² 60°


= 207,09

A K
Pn3 = 3,0 cos2
U √μ e
153,94 12 . 0,33
= 3,0. . .cos2 60
44 √0,55.11,69
= 4,14 kN/m²

Ps = 2 K Pvft
= 2 . 0,33 . 172,58
= 115,05 kN/m²

Phf (26,72) = Ph0 Yj (z)

= 76,36 . 0,753
= 57,50 kN/m²

Pvf (26,72) =(𝑃ℎ0 ⁄𝐾 ) Yj (z)

= (76,36/0,33) . 0,753
= 172,58 kN/m²

Ph0 =  K z0
= 12 . 0,33 . 19,09
= 76,36 kN/m²

Z0 = (1/ K ) (A / U)
Z0 = (1 / 0,33 . 0,55) . (153,94 / 44)
= 19,09m

Yj = (1 - e(-z⁄z0 ) )
(26,72)

= (1 - e (-26,72⁄19,09) )
= 0,753m
83

7.5.3. Efeito do vento


Para calcular as ações devidas ao vento foram utilizadas as especificações da
norma brasileira NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações (ABNT, 2013).
A ação predominante do vento que atua em uma estrutura de silo é a força de
arrasto, calculada pela expressão abaixo:

Far,i = Ca qi Aei

onde
Far,i é a força de arrasto atuando no trecho i da célula em kN;
Ca é o coeficiente de arrasto, fornecido pela norma NBR-6123:2013;
qi é a pressão de obstrução no trecho i da célula em N/m;
Aei é a área frontal efetiva, projeção ortogonal do silo em m².

A pressão de obstrução (qi) é dada pela seguinte expressão:

qi = 0,613 Vk,i2

onde
Vk,i é a velocidade característica para o trecho i da célula;
V0 é a velocidade básica do vento, em m/s;
S1 é o fator topográfico;
S2 é o fator de rugosidade para o trecho i da célula;
S3 é o fator estatístico.

Os dados considerados para o cálculo das forças devidas ao vento atuando em


ambos os modelos são apresentados na Tabela 7.5.

Tabela 7.5 – Dados característicos para cálculo do efeito do vento


Efeito do vento
Velocidade média (V0) – m/s 45
S1 - Fator topográfico 1,0
S2 - Rugosidade, dimensões e altura Variável
84

Categoria IV
Classe B
Altura (z) - m 45
S3 - Fator estatístico 0,95
Coeficiente de arrasto 1,2

Os valores das forças de arrasto em nove pontos previamente escolhidos ao longo


das paredes dos silos são apresentados na Tabela 7.6. Nessa tabela, além dos
valores adotados para o coeficiente S2, são apresentados os valores das forças de
arrasto (Far,i) e das respectivas pressões do vento para as alturas (y) pré-definidas. As
pressões do vento são obtidas pelo produto do coeficiente de arrasto (Ca) pela pressão
de obstrução no trecho i da estrutura (qi). A variável y representa a altura do ponto
considerado, medida a partir do solo.

Tabela 7.6 – Força de arrasto devido ao vento ao longo das paredes


y qi Far,i Pressão do
S2
(m) (N/m²) (kN) Vento (kN/m²)
0 0,860 828,57 118,07 0,9943
5,4 0,865 837,85 119,40 1,0054
10,8 0,926 961,46 137,01 1,1537
16,2 0,967 1048,01 149,34 1,2576
21,6 0,996 1112,24 158,50 1,3347
26,72 1,020 1165,92 166,15 1,3991
32,4 1,037 1205,20 171,74 1,4462
37,8 1,055 1245,74 177,52 1,4949
45 1,080 1306,71 186,21 1,5681

7.6. Efeito térmico


Inicialmente são apresentados na Tabela 7.7 os dados de entrada utilizados para
todos os métodos estudados.
85

Tabela 7.7 – Dados de entrada utilizados para todos os métodos estudados


Dados de Entrada
fck = 30 MPa resistência a compressão do concreto
Ec = 3067,2 kN/cm² módulo de deformação longitudinal do concreto
e = 35 cm espessura da parede do silo
1 = 10 -5
°C coeficiente de dilatação térmica do concreto = 10-5/°C
q = 1,2 coeficiente de ponderação de ações variáveis (efeito de temperatura)
Ti,pr = 95 °C temperatura interna de projeto
To =5 °C temperatura externa (do meio ambiente) em média
fyd = 43,5 kN/cm² tensão de escoamento do aço à tração
d = 27 cm altura útil da seção do concreto
d' =3 cm distância da armadura de compressão à borda mais próxima
 = 0,2 adotado coeficiente de Poisson do concreto
H = 32,4 m altura da célula do silo
r = 700 cm raio do silo
q = 1,4 coeficiente de ponderação conforme proposto na norma ACI 313

Safarian
Com a utilização das equações apresentadas por Safarian, pode-se calcular o
momento fletor Mxt,u advindo do efeito térmico no silo por diferença de temperatura
entre o produto armazenado e a temperatura ambiente, conforme apresentado a
seguir:
Ti,des =Ti - 44,5°C
= 95 – 44,5°C
= 50,5°C

ΔT = Kt [Ti,des - T0 ]
= 0,213 [50,5 - 5]
= 13,46°C

0,08 e
Kt =( )
10,37 + 0,08 e

0,08 . 35
=( )
10,37 + 0,08 . 35

= 0,213 Kcal/cm²h °C
86

ΔT
Mxt,u = g [ Ec e2 t (1 - )
]

=10,41 [ 3067,25 . 352 . 10-5 .13,46 . 1,4].100


= 54.760,01 kN.cm/m

Bohm
Calculando pelo método de Bohm que considera a redução de T conforme os
coeficientes propostos pelo autor com valores adotados para a condutividade térmica
do concreto e da superfície do ar, um momento fletor, Mt, também é obtido:
h i T - T
0
T =
2
(0,267 +e
)
⁄2

35 95 - 5
= ( )
2 0,267 + 35⁄2

= 88,6°C

1 1 e 1
= + +
Kt a1  a2

1 e 1 e
= + + = 0,267+
15 2 5 2
= 0,267 + (35 / 2)
= 0,0563

Ec e2 c ΔT
Mt =
12(1 - )

3067,25 . 352 . 10-5 . 88,6


= .100
12(1 - 0,2)

= 22.205,47 kN.cm/m

Ciesielski
A teoria de Ciesielski utiliza o mesmo conceito do método anterior, porém com
diferentes valores propostos para a condutividade térmica do concreto e da superfície
do ar:
1 1 0,30 1
= + +
Kt 20 1,5 8
87

= 0,375 h.m² °C/ k .cal

e Ti - T 0
T = (°C)
1,5 0,25 + 0,666 e
(Ti - T0 ) e
= (°C)
0,375 + e
(95 - 5).35
=
0,375 + 35
= 89,0 °C

E e2  ΔT
Mt = c12 (1 -c)

3067,25 . 352 . 10-5 . 89,0


= .100
12(1 - 0,2)

= 26,766,33 kN.cm/m

Broersma
Segundo a consideração de Broersma, é possível determinar diferentes valores de
momentos em função da altura do silo. Esse procedimento permite otimizar a
armadura conforme o esforço em cada região. A seguir é apresentado o cálculo do
momento na posição mais crítica, ou seja, com maior esforço para as diferentes
alturas:
Tz = T0 [1 – (z / H)2)]
= 35,65 [1 – (1 / 32,4)2]
= 35,62 °C

ΔT0 = [R io ⁄(R i + R io + R o )] (Ti − T0 )


= [150215 / (172000 + 150215 + 57000)] . (35,62)
= 35,65°C

Rio = e / Cw
= 35 / 2,33.10-3
= 150.215 mm² °C
88

Ec e2 c ΔT
Mt =
12 (1 - )

3067,25 . 352 . 10-5 . 35,65


= . 100
12(1 - 0,2)

= 12490,42 kN.cm/m
onde
Ri é resistência ao calor no interior da parede lateral igual a 1,72x105 mm² °C;
Ro é a resistência ao calor na parede externa lateral igual a 5,7x104 mm²;
Ti é a temperatura do cimento no topo (Y=0);
To é a temperatura do ar adjacente ao silo;
Rio é a resistência ao calor da parede do silo;
Cw = 2,33 x 10-3/ mm /°C

ACI 313/2016
O momento na célula do silo devido ao efeito térmico segundo a norma ACI
313/2016 pode ser obtido pela seguinte formulação:
T = (Ti – T0 – 26,67°C) kt
= (95 – 5 – 26,67°C) . 0,213
= 13,46°C

0,08 e
Kt =( )
10,37+0,08 e

0,08 . 35
= (10,37 + 0,08 . 35)

= 0,213

Ec e2 c ΔT
Mt =
12 (1 - )

3067,25 . 352 .10-5 .13,46


= . 100
12(1 - 0,2)

= 88.532,87 kN.cm/m

Eurocode 1 – Parte 4 (2006)


A norma Eurocode 1 – Parte 4 (2006) considera um adicional (Pht) para a pressão
normal em cada altura do silo. Diferentemente dos demais métodos acima já
89

apresentados, ao invés de calcular o momento fletor causado pelo efeito térmico,


considera o acréscimo de uma força normal Fu:

Fu = Pht r
= 0,414 . 700
= 289,85 kN.cm/m
onde
𝐸𝑠𝑈 = 𝜒 𝑃𝑣𝑓𝑡
= 290,98 . 1
= 290,98

𝜒 = 7 𝛾 3⁄2
= 7 . 123/2
= 290,98

Ec
Pht = CT w T
[(r⁄t) + (1 - ) (Ec ⁄ EsU )]

3067,25
= 3.10-5 (95 - 5) .
[(700⁄35) + (1 - 0,2) (3067,25⁄ 290 . 98)]

= 0,414 kN.cm²/m
CT é o multiplicador de carga de temperatura igual a 3.

Tensões Térmicas segundo a Resistência dos Materiais (POPOV, 1968)


Com a aplicação dos conceitos da Resistência dos Materiais, pode-se obter o
momento causado pelo efeito térmico (Mt):
∆T E I 
Mt =
e

90 . 3067,25 . 353 .10-5


= . 100
35 . 12
= 28.180,4 kN.cm/m
90

Tensões Térmicas segundo a Teoria da Elasticidade (Timoshenko, 1968)


Seguindo o conceito da Teoria da Elasticidade, a distribuição logarítmica da
temperatura ao longo da espessura da parede com base no fluxo estacionário de
calor, é dada por:
 E ΔT
() r=b =
2(1 - )

 E Ti e2
M =
2(1 - ) 6

10-5 . 3067,25 . 90 352


= . . 100
2 (1 - 0,2) 6

= 35.225,5 kN.cm/m

7.7. Análise estrutural


7.7.1. Informações preliminares

A modelagem em 3D foi realizada no AutoCad e posteriormente importada para o


Ansys Workbench 2015. Para a simulação foi considerada uma análise estrutural
estática.
O material da simulação possui propriedades elástico-lineares isotrópicas,
conforme apresentado na Figura 7.8.

Figura 7.8 – Propriedades do material utilizado na simulação


91

Combinações

Para a realização da análise estrutural, foram inicialmente consideradas as


combinações de ações nos silos conforme indicadas na Tabela 7.8.
Com base nessas combinações, um estudo prévio foi realizado a fim de se
estabelecer qual a condição crítica a ser utilizada na análise comparativa entre os dois
modelos de silo: sistema convencional x sistema de cone invertido. Verificou-se que a
Combinação 1, que considera as ações permanentes, as ações resultantes do produto
armazenado e o efeito térmico e desconsidera as ações devias ao vento, apresentou
a condição mais crítica com relação aos valores resultantes de tensões e
deformações.

Tabela 7.8 – Combinações de ações nos silos


Combinação Combinação Combinação Combinação
Ações
1 2 3 4
Permanentes X X X X
Produto
X X X
armazenado
Efeito térmico X X

Vento X X

Especificamente em relação à consideração das forças devidas ao vento, uma


segunda análise foi realizada, confrontando duas combinações: a Combinação 3, na
qual o silo está carregado com o produto sólido, e a Combinação 4 na qual o silo está
vazio e consequentemente o efeito térmico não ocorre. Nessa análise, foi possível
verificar que as forças devidas ao vento atuando na estrutura descarregada leva a
resultados pouco significativos de tensão e deformação, e por esse motivo essa
situação não foi considerada.
Os resultados dessas análises preliminares não foram incluídos no presente
trabalho.
92

7.7.2. Análise estrutural do silo de cone invertido


É apresentada a seguir a modelagem proposta para o silo de cone invertido, sendo
composta por cone, célula e viga de transição. A malha foi constituída por 379.414
nós e 118.611 elementos, sendo adotados os elementos da malha com tamanho de
300 mm. Para a obtenção dos resultados foram utilizados os elementos SOLID 186,
SOLID 187 e SURF 154, descritos no capítulo 6.
A Figura 7.9 ilustra a modelagem do silo com cone invertido, onde a célula do silo
foi dividida em 6 camadas com o objetivo de analisar as tensões e deformações ao
longo de sua altura.

Figura 7.9 – Modelagem do silo de cone invertido


93

O silo foi fixado na extremidade da sua base conforme apresentada na Figura 7.10.
Em outras palavras, todos os graus de liberdade foram imobilizados de forma que a
face seja impedida de se mover ou de se rotacionar.

Figura 7.10 – Condição de contorno


94

A Figura 7.11 ilustra a discretização do silo, onde são mostrados a face externa do
silo e um corte vertical, sendo gerado maior refinamento na região da viga de transição
e no entorno das aberturas do cone.

Figura 7.11 – Discretização do silo de cone invertido


95

Na Figura 7.12 observa-se o formato da divisão dos elementos na malha do cone


invertido gerado de forma automática pelo Workbench.

Figura 7.12 – Discretização do cone invertido

7.7.3. Análise estrutural do silo convencional


É apresentada a seguir a modelagem proposta para o silo convencional, também
sendo composta por cone, célula e viga de transição. A malha foi constituída por
355.066 nós e 129.008 elementos, sendo adotados os elementos da malha com
tamanho de 300 mm. Para a obtenção dos resultados foram utilizados os elementos
SOLID 186, SOLID 187 e SURF 154, descritos no capítulo 6.
A Figura 7.13 ilustra a modelagem do silo convencional, onde a célula do silo foi
dividida em 5 camadas com o objetivo de analisar os esforços ao longo de sua altura.
96

Figura 7.13 – Modelagem do silo convencional

A Figura 7.14 ilustra a discretização do silo, onde são mostrados a face externa do
silo e um corte vertical, sendo gerado maior refinamento na região da viga de transição
e no entorno das aberturas do cone.
97

Figura 7.14 – Discretização do silo convencional


98

A Figura 7.15 ilustra a modelagem do silo convencional, podendo ser observado o


formato e divisão dos elementos na malha gerada de forma automática pelo
Workbench.

Figura 7.15 – Discretização do cone convencional


99

8. RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados primeiramente os resultados encontrados nas
simulações do estudo de caso para os silos de sistema convencional e de cone
invertido, modelados no pacote computacional ANSYS Workbench 2015, sendo
utilizadas para a determinação do carregamento as formulações apresentadas no
Eurocode 1 – Parte 4 (2006). Os resultados de tensão e deformação obtidos
numericamente pelo critério de Von Mises são comparados para diferentes alturas dos
silos.
Para se ter uma ideia da ordem de grandeza dos momentos de flexão resultantes
na estrutura dos silos, e como o pacote computacional ANSYS Workbench 2015 não
fornece esses momentos quando a estrutura é modelada como sólido (3D), foi feita
uma aproximação para a determinação dos momentos (M), com base na teoria de
flexão de vigas, conforme a equação 8.1:
M =  . Wx Eq. 8-1
onde
W x =  (D4 – d4) / 32 D Eq. 8-2
D é o diâmetro externo do silo;
d é o diâmetro interno do silo.

Um segundo conjunto de resultados, composto pelos valores obtidos para as


armaduras responsáveis por absorver os efeitos térmicos nos silos utilizando-se os
vários procedimentos encontrados na literatura corrente e em normas estrangeiras,
são também analisados e comparados. A fim de incluir nesse conjunto os valores das
tensões e das deformações causadas especificamente pelo efeito térmico na estrutura
de cada silo a partir da simulação numérica, um procedimento aproximado foi adotado:
determinou-se a diferença entre os respectivos valores obtidos pela Combinação 1
(ações permanentes + ações causadas pelo produto armazenado + efeito térmico) e
pela Combinação 2 (ações permanentes + ações causadas pelo produto
armazenado).

8.1. Resultados do silo de cone invertido


São apresentados a seguir os resultados de pressões e força de atrito obtidas para
o silo de cone invertido conforme referências normativas.
100

Para o modelo de silo de cone invertido deste estudo de caso, o descarregamento


ocorre em apenas uma boca de saída por vez. Nesta configuração, as pressões que
ocorrem são diferentes no perímetro do silo, sendo de maior proporção na região
próxima ao ponto de descarregamento.
Há também uma variação de pressões conforme a profundidade do produto
armazenado, a partir do topo do silo. As pressões foram calculadas por faixas de
5,4m de altura do silo pelas formulações apresentadas no Eurocode 1 – Parte 4
(2006), conforme apresentado nos capítulos anteriores.

8.1.1. Pressão e força de atrito no silo de cone invertido


Conforme sugerido no Eurocode 1 – Parte 4 (2006), as pressões são calculadas
para 3 considerações de raio de canal de fluxo, ki, devendo ser considerada, na
análise e no dimensionamento, a condição mais crítica.
Os valores do coeficiente de atrito com a parede, do ângulo de atrito interno do
produto e do coeficiente K são estabelecidos conforme a condição analisada, com
base nos casos críticos descritos no Eurocode 1 – Parte 4 (2006), e apresentados
neste trabalho na Tabela 4.2.
São apresentados a seguir na Tabela 8.1 os resultados obtidos a partir das
formulações analíticas indicadas no Eurocode 1 – Parte 4 (2006).

Tabela 8.1 - Resultados de pressões e força de atrito no silo cone invertido

Caso 1: ki=0,25
Phse = Pwse =
Phce Pwce Phae Pwae Pv n-zsk
z Yj Phf Pwf
(m) (z)
(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m)
(kN/m2) (kN/m2)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5,4 0,379 33,40 15,92 16,43 7,83 50,37 24,01 68,56 53,11
10,8 0,614 54,14 25,81 18,08 8,62 90,20 42,99 111,13 184,51
16,2 0,761 67,02 31,94 18,25 8,70 115,80 55,19 137,56 364,54
21,6 0,851 75,02 35,76 18,26 8,71 131,77 62,81 153,97 574,75
27 0,908 79,98 38,12 18,27 8,71 141,70 67,54 164,16 803,71
32,4 0,943 83,07 39,59 18,27 8,71 147,87 70,48 170,49 1044,30
Caso crítico (A) (B) (C) (B) (A) (A) (D) (D)
(ver tab. 4.2)
101

Caso 2: ki=0,40
Phse = Pwse =
Phce Pwce Phae Pwae Pv n-zsk
z Yj Phf Pwf
(m) (z)
(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m)
(kN/m2) (kN/m2)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5,4 0,379 33,40 15,92 22,33 10,64 44,48 21,20 68,56 53,11
10,8 0,614 54,14 25,81 27,66 13,19 80,62 38,43 111,13 184,51
16,2 0,761 67,02 31,94 28,94 13,79 105,10 50,10 137,56 364,54
21,6 0,851 75,02 35,76 29,24 13,94 120,79 57,57 153,97 574,75
27 0,908 79,98 38,12 29,32 13,97 130,65 62,27 164,16 803,71
32,4 0,943 83,07 39,59 29,33 13,98 136,80 65,20 170,49 1044,30
Caso crítico (A) (B) (C) (B) (A) (A) (D) (D)
(ver tab. 4.2)

Caso 3: ki=0,60

z Phse = Pwse = Phce Pwce Phae Pwae Pv n-zsk


Yj
Phf Pwf
(m) (z)
(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m)
0 0 0 0 0 0 0,00 0 0 0
5,4 0,379 33,40 15,92 27,14 12,93 39,67 18,91 68,56 53,11
10,8 0,614 54,14 25,81 37,66 17,95 70,63 33,66 111,13 184,51
16,2 0,761 67,02 31,94 41,74 19,89 92,31 44,00 137,56 364,54
21,6 0,851 75,02 35,76 43,32 20,65 106,72 50,87 153,97 574,75
27 0,908 79,98 38,12 43,93 20,94 116,04 55,31 164,16 803,71
32,4 0,943 83,07 39,59 44,17 21,05 121,97 58,13 170,49 1044,30
Caso crítico (A) (B) (C) (B) (A) (A) (D) (D)
(ver tab. 4.2)

As pressões com maior intensidade se deram no caso 1, cuja consideração de ki é


igual a 0,25, sendo estas as pressões utilizadas na análise numérica da estrutura do
silo, realizada pelo pacote computacional ANSYS Workbench 2015.
102

8.1.2. Resultados das tensões (Von-Mises) no silo de cone invertido


Foram obtidos os resultados de tensão (Von-Mises) na célula do silo, considerando-
se as pressões atuantes aplicadas na interface das camadas previamente definidas a
cada 5,4 metros ao longo de sua altura, conforme ilustrado na Figura 8.1.

Figura 8.1 – Ilustração das camadas pré-definidas para o silo de cone invertido

Além das camadas citadas anteriormente, também foram definidas algumas


posições ao longo do perímetro do silo, conforme indicado na Figura 8.2, a fim de
identificar a região mais crítica e possibilitando a comparação com o silo de sistema
convencional.
103

Figura 8.2 – Ilustração dos pontos analisados no perímetro do silo

Os resultados de tensões provenientes da Combinação 1, onde foram consideradas


as ações permanentes (peso próprio e equipamentos), as pressões advindas do
produto armazenado e o efeito térmico, são apresentados na Tabela 8.2.

Tabela 8.2 - Resultados das tensões (MPa) no silo cone invertido em cada
posição
Tensões Von Misses em relação à posição e a profundidade da célula
z
0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 257° 270° 283° 300° 330°
(m)
5,4 16,91 16,92 16,94 16,98 16,94 16,92 16,91 16,97 17,09 17,02 16,50 17,02 17,09 16,97
10,8 16,79 16,82 16,88 16,92 16,88 16,82 16,79 16,90 17,10 17,05 16,11 17,05 17,10 16,90
16,2 16,73 16,82 16,89 16,93 16,89 16,82 16,73 16,88 17,32 17,10 15,73 17,10 17,32 16,88
21,6 16,97 17,03 17,05 17,08 17,05 17,03 16,97 16,98 17,53 17,38 15,72 17,38 17,54 16,98
27 17,84 17,77 17,75 17,77 17,75 17,77 17,84 17,77 17,81 18,18 16,51 18,18 17,81 17,77
32,4 27,35 27,20 27,53 27,33 27,40 27,32 27,36 27,43 27,41 26,83 26,47 26,63 27,45 27,44
37,8 7,06 7,08 7,66 7,05 7,17 6,74 5,01 6,61 5,18 6,86 5,42 7,03 5,37 6,71
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de tensão para cada profundidade

Para exemplificar os valores de tensão máxima ao longo do silo, são apresentados


na Figura 8.3 os resultados de tensões na posição SE-300°, em que se obteve a maior
quantidade de camadas com valores máximos.
104

Figura 8.3 – Tensão na altura do silo na posição SE-300°

Utilizando-se a equação Eq. 8-1 pode-se obter, de forma aproximada, os momentos


de flexão relacionados às tensões atuantes, nos respectivos pontos considerados na
estrutura do silo.

Na Tabela 8.3 são apresentados as tensões máximas e os respectivos momentos


de flexão, para as camadas do silo consideradas.
105

Tabela 8.3 – Tensões máximas e respectivos momentos de flexão


no silo de cone invertido por camada

z máx. Momento
(m) (MPa) (kN.m)

5,4 17,09 94.465

10,8 17,10 94.570

16,2 17,32 95.753

21,6 17,54 96.953

27 18,18 100.502

32,4 27,53 152.227

37,8 7,66 42.339

Os resultados das tensões de Von-Mises estão ilustrados na Figura 8.4, que mostra
as regiões do silo onde ocorreram as tensões mais relevantes.

Figura 8.4 – Resultados de tensões Von-Mises (MPa) no silo de cone invertido


106

Os resultados de tensão são crescentes conforme o aumento da profundidade em


relação ao topo do silo, apresentando um aumento significativo na região de transição
entre a célula e o cone.
Devido a condição de descarregamento nesta configuração do modelo, sendo uma
boca de saída por vez, observa-se que a pressão máxima atuante fica restrita a uma
pequena região próxima ao canal de fluxo, obtendo-se pressões menores nas demais
regiões distantes do canal de fluxo no momento do descarregamento.
Outro aspecto que deve ser destacado é relativo ao conjunto de valores de tensão
na base para acesso de caminhões, onde ocorrem as tensões máximas, como pode
ser observado na Figura 8.4.

8.1.3. Deformações máximas no silo de cone invertido


Foram obtidas as deformações máximas na célula do silo, geradas pelas pressões
aplicadas na interface das camadas previamente definidas a cada 5,4 metros ao longo
da altura da célula. Esses valores são apresentados na Tabela 8.4.

Tabela 8.4 - Resultados das deformações (mm) do silo cone invertido em cada
posição

Deformação total (mm) na célula do silo de cone invertido para cada posição
z
0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 257° 270° 283° 300° 330° Máx.
(m)
5,4 4,47 4,37 4,35 4,35 4,35 4,38 4,47 4,59 4,68 4,68 4,67 4,68 4,68 4,59 4,68
10,8 2,88 2,74 2,76 2,80 2,76 2,74 2,88 3,19 3,31 3,12 2,96 3,12 3,31 3,19 3,31
16,2 1,87 1,64 1,78 1,90 1,78 1,64 1,87 2,48 2,70 2,29 1,95 2,29 2,69 2,47 2,70
21,6 1,84 1,73 1,97 2,13 1,97 1,73 1,84 2,45 2,97 2,55 2,09 2,55 2,97 2,45 2,97
27 2,58 2,52 2,67 2,79 2,67 2,52 2,58 2,83 3,33 3,48 3,28 3,48 3,33 2,83 3,48
32,4 3,88 3,88 4,03 4,10 4,02 3,89 3,88 4,10 4,47 4,70 4,67 4,70 4,47 4,10 4,70
37,8 3,32 3,31 3,41 3,47 3,41 3,31 3,32 3,50 3,79 3,91 3,94 3,91 3,79 3,50 3,94
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de deformação para cada
profundidade

Para exemplificar os valores de deformação total ao longo do silo, são


apresentados na Figura 8.5 os resultados de deformações na posição SE-283°, em
que ocorreu a maior quantidade de camadas com valores máximos.
107

Figura 8.5 – Deformação total ao longo da altura do silo na posição SE-283°

Os resultados das deformações totais são ilustrados na Figura 8.6, que mostra as
regiões do silo onde ocorreram as máximas deformações.
108

Figura 8.6 – Resultados de deformação total (mm) no silo de cone invertido

Os resultados de deformação são crescentes quando se aproximam do topo do


silo, podendo-se destacar que a deformação máxima resultante se deu no topo do
cone invertido, conforme ilustrado na Figura 8.6.

8.2. Resultados do silo de sistema convencional


8.2.1. Pressão no silo de sistema convencional
Para as pressões nas paredes do silo de sistema convencional, foram consideradas
as formulações indicadas no Eurocode 1– Parte 4 (2006) para silo esbelto com
descarregamento concêntrico.
109

Para se obter uma análise comparativa, também foram determinadas as pressões


por faixas de 5,4 metros ao longo da altura do silo.
São apresentados a seguir, nas Tabela 8.5 e 8.6, os resultados de pressões na
célula e na tremonha, respectivamente, a serem consideradas no carregamento do
silo de sistema convencional, conforme formulações propostas pelo Eurocode 1–
Parte 4 (2006).

Tabela 8.5 - Pressões na célula do silo de sistema convencional

z Yj(z) Phf Pwf Pvf n-zsk

(m)
distância a (m) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m)
partir do topo
0 0 0 0 0 0
5,4 0,379 33,40 15,92 51,55 53,11
10,8 0,614 54,14 25,81 83,55 184,51
16,2 0,761 67,02 31,94 103,43 364,54
21,6 0,851 75,02 35,76 115,77 574,75
27 0,908 79,98 38,12 123,43 803,71

Tabela 8.6 - Pressões na tremonha do silo de sistema convencional

Pressões na tremonha
Pt 827,09 kN/m²

Pn 212,23 kN/m²

Pvf 172,58 kN/m²

Ps 115,05 kN/m²

Pho 76,36 kN/m²

Pn1 331,60 kN/m²

Pn2 207,09 kN/m²

Pn3 4,14 kN/m²


110

8.2.2. Resultados das tensões (Von Mises) no silo de sistema convencional


Para o silo de sistema convencional também foram obtidos os resultados de tensão
(Von-Mises) na célula do silo, conforme as pressões atuantes aplicadas na interface
das camadas previamente definidas a cada 5,4 metros ao longo de sua altura,
conforme ilustrados na Figura 8.7.
.

Figura 8.7 – Ilustração das camadas pré-definidas no silo


de sistema convencional

Além das camadas citadas anteriormente, também foram definidas algumas


posições ao longo do perímetro do silo, conforme indicado na Figura 8.8, a fim de
111

identificar a região mais crítica e possibilitando a comparação com o silo de cone


invertido.

Figura 8.8 – Ilustração dos pontos analisados no perímetro do silo


de sistema convencional

Os resultados de tensões provenientes da Combinação 1, onde foram consideradas


as ações permanentes (peso próprio e equipamentos), as pressões advindas do
produto armazenado e do efeito térmico, são apresentados na Tabela 8.7.

Tabela 8.7 - Resultados das tensões no silo de sistema convencional


em cada posição

Tensão de Von Misses (MPa) na célula do silo convencional para cada posição

z (m) 0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 270° 300° 330°

5,4 23,20 24,38 24,64 23,42 24,28 24,45 23,12 24,47 24,27 23,45 24,42 24,55
10,8 23,25 23,06 22,84 23,04 23,26 22,99 22,81 23,01 23,25 23,04 22,86 23,02
16,2 23,49 23,27 22,92 23,17 23,43 23,20 23,10 23,22 23,41 23,17 22,94 23,23
21,6 23,54 23,48 23,22 23,21 23,46 23,29 23,56 23,31 23,44 23,21 23,23 23,45
27 26,20 27,23 30,35 41,26 46,74 50,77 56,30 50,79 46,58 41,32 30,36 27,20
32,4 68,61 78,97 79,24 75,25 82,38 75,63 70,62 74,85 82,66 74,32 78,98 77,61
37,8 41,56 46,18 33,21 25,18 28,49 16,88 13,90 16,82 28,44 25,00 33,34 46,59
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de tensão para cada profundidade
Para exemplificar os valores de tensão máxima ao longo do silo, são apresentados
na Figura 8.9 os resultados de tensões na posição W-180°, em que se obteve a maior
quantidade de camadas com valores máximos.
112

Figura 8.9 – Tensão na altura do silo na posição W-180°

Utilizando-se a equação Eq. 8-1 pode-se obter de forma aproximada, os momentos


de flexão relacionados às tensões atuantes nos respectivos pontos considerados na
estrutura do silo.
Na Tabela 8.8 são apresentados as tensões máximas e os respectivos momentos
de flexão para as camadas do silo consideradas.
113

Tabela 8.8 - Resultados máximos das tensões no silo de sistema convencional


por camada

z máx. Momento
(m) (MPa) (kN.m)
5,4 24,64 136.220
10,8 23,26 128.618
16,2 23,49 129.851
21,6 23,56 130.255
27 56,30 311.266
32,4 82,66 457.024
37,8 46,59 257.623

Os resultados das tensões de Von-Mises estão ilustrados na Figura 8.10, que


mostra as regiões do silo onde ocorreram as tensões mais relevantes.
Os resultados de tensão são crescentes na célula conforme o aumento da
profundidade em relação ao topo do silo, apresentando um aumento significativo na
região de transição entre a célula e o cone.
Outro aspecto que deve ser destacado é relativo ao conjunto de valores de tensão
na base para acesso de caminhões, onde ocorrem as tensões máximas, como pode
ser observado na Figura 8.10.
114

Figura 8.10 – Resultados de tensões Von-Mises (MPa) no silo


de sistema convencional

8.2.3. Deformações máximas no silo de sistema convencional


Foram obtidas as deformações máximas na célula do silo, geradas pelas pressões
aplicadas na interface das camadas previamente definidas a cada 5,4 metros ao longo
da altura da célula. Esses valores são apresentados na Tabela 8.9.
115

Tabela 8.9 - Resultados das deformações do silo convencional em cada


posição

Deformação total (mm) da célula do silo convencional para cada posição


z (m) 0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 270° 300° 330°
máx.
5,4 86,96 86,77 85,54 83,64 82,49 81,46 80,74 81,46 82,49 83,64 85,54 86,77 86,96
10,8 81,74 81,43 80,11 78,15 76,73 76,02 75,80 76,02 76,73 78,15 80,11 81,43 81,74
16,2 77,26 76,75 75,35 73,41 71,85 71,43 71,57 71,43 71,85 73,41 75,35 76,76 77,26
21,6 72,96 72,25 70,71 68,78 67,06 66,80 67,15 66,80 67,06 68,78 70,71 72,26 72,96
27 68,72 68,04 66,44 64,38 62,47 64,61 65,87 64,57 62,48 64,38 66,44 68,05 68,72
32,4 64,82 64,47 62,77 60,05 58,44 57,82 57,23 57,82 58,45 60,06 62,77 64,47 64,82
37,8 44,01 46,58 50,73 50,14 49,89 47,14 45,25 47,13 49,89 50,14 50,73 46,59 50,73
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de deformação para cada
profundidade
Para exemplificar os valores de deformação total ao longo do silo, são
apresentados na Figura 8.11 os resultados de deformações na posição E-0°, em que
ocorreu a maior quantidade de camadas com valores máximos.

Figura 8.11 – Deformação total na altura do silo de sistema convencional


na posição E-0°
116

Os resultados das deformações totais são ilustrados na Figura 8.12, que mostra as
regiões do silo onde ocorreram as máximas deformações.

Figura 8.12 – Resultados de deformação total (mm) no silo convencional

Os resultados de deformação são crescentes quando se aproximam do topo do


silo, podendo ser destacado que a deformação máxima resultante se deu no topo do
silo conforme ilustrado na Figura 8.12.

8.3. Análise comparativa das pressões entre os modelos de silos


As pressões horizontais, verticais e forças de atrito na célula calculadas para o silo
de sistema convencional e para o silo de cone invertido são apresentadas nas Figura
117

8.13, Figura 8.14 e 8.15, respectivamente, onde observa-se que as pressões e as


forças de atrito para ambos os modelos aumentam com a profundidade do produto
armazenado, ou seja, os valores de pressão e de força de atrito aumentam à medida
que o ponto analisado se distancia do topo do silo, e se aproxima do ponto de
descarregamento.

Gráfico comparativo Gráfico comparativo de


de Pressão horizontal Pressão vertical
Ph (kN/m²) Pv (kN/m²)
(altura a partir do topo do silo)

0 100 200 0 100 200

(altura a partir do topo do silo)


0,0 0,0
5,0 5,0
10,0 10,0
Y em m

Y em m
15,0 15,0
20,0 20,0
25,0 25,0
30,0 30,0
35,0 35,0

cone invertido (Phae) cone invertido (Pv)


convencional (Phf) convencional (Pvf)

Figura 8.13 - Pressão horizontal Figura 8.14 - Pressão vertical

Gráfico comparativo
de força de atrito
Pw (kN/m²)
0 50 100
0,0
(altura a partir do topo do silo)

5,0
10,0
15,0
Y em m

20,0
25,0
30,0
35,0

cone invertido (Pwae)


convencional (Pwf)

Figura 8.15 – Força de atrito nas paredes do silo


118

Outro aspecto evidenciado é que o silo de cone invertido apresenta pressões


máximas maiores que o silo de sistema convencional, ressaltando-se que para o silo
de cone invertido a pressão máxima aplicada é restrita a uma área menor por ser
concentrada próximo ao canal de fluxo durante o descarregamento, mas isso ocorre
em cada uma das saídas, portanto haverá tensões dessa grandeza ao longo de todo
perímetro no final das operações de carregamento e de descarregamento.

8.4. Análise dos resultados de tensão e deformação


A Figura 8.16 e a Figura 8.17 mostram os valores de tensões e de deformações,
respectivamente, no silo de sistema convencional e no silo de cone invertido,
provenientes das pressões geradas pelo produto armazenado.

Tensão Máxima (MPa)

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00


0
5
profundidade z (m)

10
15
20
25
30
35
Silo cone Invertido Silo convencional

Figura 8.16 – Comparação de tensão entre os modelos

Os valores de tensões máximas e deformações máximas são apresentadas nas


Tabelas 8.10 e 8.11, respectivamente.
119

Tabela 8.10 – Resultados de tensão ao longo da profundidade (z) dos modelos


de silo
Tensão Máxima
(MPa)
Z Sistema
Cone Invertido
(m) Convencional
5,4 25,64 17,09
10,8 23,26 17,10
16,2 23,49 17,32
21,6 23,56 17,54
27 56,30 18,18
27,2 82,66 27,53
32 46,59 7,66

As tensões são variáveis e crescentes do topo do silo para a tremonha até o ponto
de descarregamento, apresentando um pico na região de transição célula e tremonha
para ambos os modelos, porém sendo mais significativo para o silo de sistema
convencional.

Deformação Máxima (mm)

0 20 40 60 80 100
0
5
Altura do Silo - h (m)

10
15
20
25
30
35
40
Silo cone Invertido Silo convencional

Figura 8.17 – Comparação de deformação entre os modelos


120

Tabela 8.11 – Resultados de deformação (mm) ao longo da profundidade (z)


dos modelos de silos
Deformação
(mm)
Z Sistema
Cone Invertido
(m) Convencional
5,4 86,96 4,68
10,8 81,74 3,31
16,2 77,26 2,7
21,6 72,96 2,97
27 68,72 3,48
32,4 64,82 4,70
37,8 50,73 3,94

As deformações são maiores do topo do silo, sendo obtidos valores mais


significativos no silo de sistema convencional.

Nos resultados pode-se observar que o silo de cone invertido apresentou menores
valores de tensão e deformação, principalmente na região de transição
célula/tremonha onde o silo de cone invertido apresenta maior rigidez.

8.5. Resultados relativos ao efeito térmico


8.5.1. Resultados obtidos pelos diversos métodos propostos
São apresentados abaixo os esforços causados pelo efeito térmico na parede do
silo, e a armadura necessária para absorver este efeito, segundo normas e
pesquisadores.
Safarian

Mxt,u,Safarian 54.760,01 kN.cm/m Mxt,u = 10,41 Ec e2 1 ΔT q ( kg.cm⁄m )


0,08 e
Kt = ( ) T = Kt [Ti,des - Text ]
10,37 + 0,08 e
TSafarian 13,46 °C diferença de temperatura entre as faces internas e externas da parede
Ast,Safarian = 43,43 cm²/m
121

Mt,u
para cada face Ast =
Ast,min = 3,50 cm²/m fyd (d - d')

Bohm
Ec e2 c ΔT
Mt =
Mxt,u,Bohm 22.205,47 kN.cm/m 12 (1 - )

h i T -T
0
TBohm 88,6 °C T =
2
(0,267 +e
) (°C)
⁄2

 2 adotado condutividade térmica do concreto armado


a1 15 adotado condutividade da superfície (concreto-ar)
a2 5 adotado condutância da superfície (concreto-calor do cimento)
1 1 e 1
= + +
kt 0,0563 Kt a1  a2

Ast,Bohm = 17,61 cm²/m Mt,u


Ast =
fyd (d - d')
0,2% . 100 . e
Ast,min = Ast,min =
3,50 cm²/m 2

Ciesielski
Ec e2 c ΔT
Mt =
Mxt,u,Ciesielski = 26.766,33 kN.cm/m 12 (1 - )
(Ti - T0 ) e
TCiesielski T = (°C)
89,0 °C 0,375 + e
Mt,u
Ast = fyd (d - d')
Ast,Ciesielski = 21,23 cm²/m
0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2

ACI 313
Mxt,ACI 313 = 88.532,87 kN.cm/m Ec e2 c ΔT
Mt = T = (Ti – T0 – 80°F)kt
12 (1 - )
Kt = 0,213 °C 0,08 e
Kt = ( )
10,37 + 0,08 e

TACI 313 = 13,46 °C Mt,u


Ast =
fyd (d - d')
Ast,ACI 313 = 70,22 cm²/m
0,2% . 100 . e
Ast,min = 3,50 cm²/m Ast,min =
2
122

Broersma

Cw = 0,00233 mm/°C
Rio = 128.755 mm².°C Rio = h / Cw
Ri = 172000 mm².°C
R0 = 57000 mm².°C
T0 = 32,39 °C ΔT0 = [Rio ⁄ (Ri + Rio + Ro )]. (Ti - T0 )
H= 32,40 m
Ast,min = 3,00 cm²/m
Ec e2 c ΔT
Mt =
Mt,u = 12.490,4 kN.cm/m 12 (1 - )
Mt,u
Ast = fyd (d - d')
Ast,Broersma = 9,91 cm²/m
0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2

Eurocode 1 - Parte 4 (2006)


CT = 3 CT: é o multiplicador de carga de temperatura = 3;
Esu = 5 Esu: módulo elástico na profundidade z. EsU =  . Pvft
= 291 tf/cm³
: é o coeficiente de Poisson para o sólido particulado (= 0,3 podem
= 0,3
ser assumidos);

= 12 kN/m³
T = 90 T: é o diferencial de temperatura;

Ew
Pvft = Pht = CT .w .ΔT.
0,017 kN/cm² [(r⁄t)+(1-ν)(Ew ⁄EsU )]

Pht = 1,583 kN/cm²/m


Fu = 1107,83 kN/m N = p r
Ast,Eurocode 1,4 Fu
cm²/m Ast =
= 39,64 0,9 fyd

0,2% . 100 . e
Ast,min = cm²/m Ast,min =
3,50 2
123

Resistência dos Materiais


ΔT E I c
T= (Ti – Te) Mt =
M= 28.180,33 kN.cm/m e

Mt,u
Ast = 22,35 cm²/m Ast =
fyd (d - d')

0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2

Teoria da Elasticidade
c E ΔT e2
kN.cm/ T= (Ti – Te) Mt =
M= 35.225,41 2 (1 - ) 6
m

Mt,u
Ast = 27,94 cm²/m Ast =
fyd (d - d')

0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2

Na Tabela 8.12, além do intervalo de temperatura, do momento devido ao efeito


térmico e da correspondente armadura obtidos para cada método, foi incluída uma
coluna contendo observações sobre as especificidades de cada método.
Os resultados de esforços provenientes do efeito térmico apresentaram diferenças
significativas entre os métodos estudados.
Ao analisar a armadura necessária obtida pelos métodos propostos, pode-se
observar que a armadura a ser considerada pode ser sete vezes maior entre o método
mais conservador e método mais arrojado, que é o caso quando se comparam os
resultados obtidos a partir das especificações do ACI 313 com os resultados obtidos
pelo procedimento sugerido por Broersma.
124

Fazendo-se uma análise comparativa somente entre os procedimentos propostos


pelas normas ACI 313 e o Eurocode 1 – Parte 4, observa-se uma diferença acima de
77%. Esta diferença tende a gerar variações financeiras significativas no projeto,
dependendo da premissa de cálculo utilizada pelo projetista, ou seja, a norma adotada
para o dimensionamento.

Tabela 8.12 – Resumo das armaduras relativas ao efeito térmico para cada
método

T Mt,u Ast
Método Observações
(°C) (kN.cm/m) (cm²/m)
Safarian apresenta um menor valor de T por desprezar
44,5°C na diferença entre as temperaturas internas com
as externas alegando que a temperatura do produto
armazenado diminui quando se aproxima da face interna
do silo, além de indicar uma equação para Kt
(transferência de calor pela parede de concreto), que
também reduz o valor de T, e pode ser determinada
Safarian 13,46 54.760,01 43,43
somente pela espessura da parede. Para o cálculo do
esforço propõe a determinação de um momento fletor
circunferencial pela equação proposta segundo a
Resistência dos Materiais. Uma observação importante é
que Safarian faz uma conversão da temperatura a ser
desprezada de 80°F para 44,5°C ao que deveria ser
26,6°C.
Bohm não despreza valor algum para o T, porém considera
a redução pelo princípio da transferência de calor numa
relação entre condutividade térmica do concreto,
Bohm 88,6 22.205,47 17,61
condutividade da superfície concreto-ar e da condutância da
superfície concreto-calor do produto cujos valores são
respectivamente 2, 15 e 5.
Ciesielski apresenta a mesma metodologia e critério de
Bohm para a redução do T pelo princípio da transferência
Ciesielski 89,0 26.766,33 21,23
de calor, porém com diferentes valores, conforme adotado
pelo autor, respectivamente 1.5, 8 e 20.
A norma ACI 313, utiliza os mesmos critérios e métodos do
Safarian, exceto por algumas diferenças: para o cálculo do
ACI 313 13,46 88.532,87 70,22
momento fletor utiliza a equação segundo a teoria da
elasticidade e não menciona a conversão de 80°F.
125

Broersma sugere que a temperatura do produto


armazenado diminui com a profundidade de
armazenamento. Adota vários coeficientes para a redução
Broersma 35,65 12.490,42 9,91 da temperatura como a resistência ao calor das paredes na
parte interna e externa para diferentes alturas do silo,
temperatura do ar adjacente ao silo e temperatura do
produto no topo do silo (Y=0).
A norma Eurocode 1- Parte 4 (2006) considera um adicional
à pressão normal para cada altura do silo. Diferente dos
Eurocode 1 Fu= demais métodos acima, ao invés de calcular o momento
- Parte 4 90 1107,83 39,64 fletor advindo do efeito térmico, a norma considera
(2006) kN acréscimo de uma força normal Fu. Também considera no
equacionamento, o peso específico do produto
armazenado.
Com a aplicação dos conceitos da Resistência dos
Resistência
Materiais, pode-se obter os esforços por uma dedução
dos 90 28.180,33 22,35
simplificada. Para esta metodologia não é considerado o
Materiais
coeficiente de Poisson.
Seguindo o conceito da Teoria da Elasticidade, a
Teoria da distribuição logarítmica da temperatura ao longo da
90 35.225,41 27,94
Elasticidade espessura da parede com base no fluxo estacionário de
calor. Também é considerado o coeficiente de Poisson.

Também a partir da Tabela 8.12, verifica-se que a principal variação se dá na


consideração da diferença de temperatura, T. Seguindo-se a teoria da Transferência
de Calor, a diferença de temperatura T está diretamente relacionada à condutividade
térmica do concreto.
Ao longo dos anos, conforme os pesquisadores foram avançando os estudos neste
assunto, foram adotados diferentes coeficientes de condutividade térmica e propostos
ajustes na diferença de temperatura conforme a indicação de cada metodologia.
Como não há uma especificação normativa para a consideração da condutividade
térmica do concreto, a escolha da metodologia fica, a princípio, a critério do projetista.
Tendo em vista que o valor da condutividade térmica do concreto pode variar em
função das características do material utilizado, tais como: tipos de agregados,
porosidade da pasta de cimento, traço, entre outras, é recomendada a realização de
ensaios para a determinação mais adequada do valor a ser realizado. O ensaio citado,
126

porém, tem sido pouco praticado no mercado por razões financeiras, culturais e de
prazo exigido para o término do projeto.

8.5.2. Resultados obtidos pela análise numérica considerando o efeito


térmico
Com a utilização de elementos sólidos, não foi possível obter resultados diretos de
momento pelo ANSYS Workbench, além das várias outras variáveis consideradas nas
teorias que não condizem com os dados de entrada do software como por exemplo a
condutividade térmica do concreto, impossibilitando assim a comparação com os
resultados analíticos. Além disto, há um fator determinante na análise que é a
condutividade térmica do concreto. Contudo, para obter os resultados aproximados
buscou-se realizar duas simulações: uma delas considerou-se a ação da temperatura
e a outra desconsiderando esta ação.
O ANSYS Workbench permite que seja feita uma interação entre as ações do efeito
térmico e os demais carregamentos da análise estrutural, conforme mostrado na
Figura 8.18.

Figura 8.18 – Interação do ANSYS Workbench

Como premissa para a análise, foi considerada a temperatura interna (Ti) igual a
95°C e a temperatura externa (Te) numa condição extrema de inverno como sendo
5°C, conforme Figura 8.19.
127

Figura 8.19 – Considerações de temperatura nos silos

Para a condutividade térmica, foi adotado um valor médio entre os coeficientes


propostos pelas normas ACI 313 e Eurocode 1 – Parte 4, que resultou no valor de
1,725 W/m.k.
Os dados de entrada para o pacote computacional são apresentados na Figura
8.20.
128

Figura 8.20 – Dados de entrada do ANSYS Workbench

Foram consideradas as mesmas características geométricas, as mesmas


propriedades dos materiais e o mesmo produto armazenado, adotados no estudo de
caso. Também foram mantidas as malhas e as ações permanentes, sendo apenas
destacada a consideração ou não da ação da temperatura, de modo a permitir a
verificação das diferenças, como pode ser observado na Tabela 8.13.

Tabela 8.13 – Resultados da consideração da temperatura no silo de cone


invertido
Caso (1) Caso (2)
sem a consideração da considerando a Caso (2) – Caso (1)
temperatura temperatura
z  Máx.  máx. z  Máx.  máx. z  Máx.  máx.
(m) (MPa) (mm) (m) (MPa) (mm) (m) (MPa) (mm)
5,4 1,99 2,80 5,4 17,09 4,68 5,4 15,09 1,88
10,8 3,23 2,81 10,8 17,10 3,31 10,8 13,88 0,50
16,2 4,21 2,78 16,2 17,32 2,70 16,2 13,11 -0,09
21,6 4,71 2,69 21,6 17,54 2,97 21,6 12,82 0,29
27 4,73 2,50 27 18,18 3,48 27 13,45 0,98
32,4 3,54 2,14 32,4 27,53 4,70 32,4 23,99 2,56
37,8 2,94 1,47 37,8 7,66 3,94 37,8 4,72 2,47

Com a análise numérica, também podem-se obter as diferenças de temperatura


das paredes do silo e o fluxo de calor, como observado na Figura 8.21.
129

Figura 8.21 – Considerações de temperatura no silo de cone invertido

Para o silo de sistema convencional também foi utilizado o mesmo critério, sendo
consideradas as mesmas características geométricas, as mesmas propriedades dos
materiais construtivos e do produto armazenado. Também foram mantidas as malhas
e as ações permanentes, sendo apenas destacada a consideração ou não da ação
da temperatura, de modo a permitir a verificação das diferenças, como pode ser
observado na Tabela 8.14.

Tabela 8.14 – Resultados da consideração da temperatura no silo convencional


Caso (1) Caso (2)
sem a consideração da considerando a Caso (2) – Caso (1)
temperatura temperatura
z  Máx.  máx. z  Máx.  máx. z  Máx.  máx.
(m) (MPa) (mm) (m) (MPa) (mm) (m) (MPa) (mm)
5,4 1,31 85,45 5,4 24,64 86,96 5,4 23,33 1,51
10,8 2,01 79,80 10,8 23,26 81,74 10,8 21,25 1,94
16,2 2,78 74,95 16,2 23,49 77,26 16,2 20,71 2,32
21,6 4,04 70,16 21,6 23,56 72,96 21,6 19,52 2,79
27 50,61 68,53 27 56,30 68,72 27 5,69 0,19
32,4 54,40 60,64 32,4 82,66 64,82 32,4 28,26 4,18
37,8 46,63 50,92 37,8 46,59 50,73 37,8 -0,03 -0,19
130

Com a análise numérica também podem-se obter as diferenças de temperatura das


paredes do silo e o fluxo de calor, como pode ser observado Figura 8.22.

Figura 8.22 – Considerações de temperatura no silo de sistema convencional


131

9. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS


Este trabalho apresentou as diferentes considerações relativas ao modelo de silo
com cone invertido e ao modelo de silo de sistema convencional. Com a análise
numérica, pode-se realizar a comparação dos resultados do comportamento
estrutural, sendo evidenciadas as diferenças de tensão e deformação entre os
modelos propostos.

O modelo de silo de cone invertido estudado neste trabalho possui 8 bocas de


saída, entretanto o descarregamento ocorre em uma boca de saída por vez. Dessa
forma, embora as tensões máximas ocorram pontualmente na região próxima à boca
de saída analisada, o dimensionamento é estendido a todo o perímetro considerando-
se a maior tensão obtida, já que o efeito ocorre em qualquer ponto do perímetro do
silo dependendo da boca a ser descarregada.

A partir dos resultados obtidos, conclui-se que o silo de cone invertido resultou em
menores tensões e deformações do que no silo de sistema convencional, e que as
pressões de maiores valores estão localizadas numa pequena área próxima ao canal
de fluxo, e não foram suficientes para gerar tensões e deformações maiores do que
as constatadas no silo de sistema convencional. Para os dois modelos, as tensões
crescem quando se aproximam da tremonha, enquanto as deformações são maiores
quando estão mais próximas do topo do silo. Pelos resultados já mencionados, supõe-
se que o silo de cone invertido exigirá menor taxa de armadura, podendo ser uma
solução mais econômica, mas como o dimensionamento e o detalhamento não
fizeram parte deste trabalho, ainda não há como ratificar de forma assertiva esta
potencial economia.

Relativamente à consideração do efeito térmico, constatou-se que a armadura


exigida pode ter variações significativas entre os vários procedimentos sugeridos –
por quatro pesquisadores, duas normas e duas teorias - estando estas variações
diretamente ligadas à consideração da condutividade térmica do concreto. Entende-
se que, para o atual estado-da-arte das pesquisas sobre o efeito térmico em silos, a
solução mais coerente, no presente momento, é seguir os procedimentos de uma
132

única norma, ou seja, adotar os critérios sugeridos pela mesma norma utilizada na
determinação dos carregamentos.

Na análise numérica foram constatadas diferenças significativas de tensões e


deformações quando consideradas as ações geradas pela diferença de temperatura,
principalmente na configuração do silo de sistema convencional, confirmando que a
consideração do efeito térmico não deve ser negligenciada no dimensionamento de
estruturas de silos.

Sugestões para trabalhos futuros

A partir da pesquisa ora concluída, novas abordagens foram constatadas, e


algumas das ideias que surgiram ao longo do desenvolvimento do trabalho são a
seguir relacionadas, tendo em vista futuros temas de pesquisa que poderão ser
tratados na área de silos:

- estudo sobre o dimensionamento dos silos, aplicando-se a metodologia descrita


neste trabalho, de modo a obter as armaduras necessárias para os dois modelos de
silo estudados, e avaliar a relação custo/benefício das soluções quanto ao ponto de
vista estrutural;

- pesquisa sobre a utilização de silo de cone invertido para armazenamento de


produtos granulares, e não apenas para produtos pulverulentos como tem sido
aplicado no mercado. O intuito é que a análise seja feita quanto ao ponto de vista
estrutural, indo além da consideração isolada sobre os ganhos e as restrições do
processo de armazenamento propriamente dito;

- pesquisa comparativa sobre o comportamento e o dimensionamento de um outro


modelo de cone invertido de maior complexidade e de bastante utilização no mercado
industrial, que é o silo de múltiplos compartimentos;

- estudo do comportamento estrutural de silos de cone invertido de concreto


protendido que possibilite considerar as não linearidades física e geométrica;
133

- estudo experimental sobre o comportamento dinâmico do silo de cone invertido


através de modelos reduzidos, buscando validar as pressões consideradas no
descarregamento, principalmente na tremonha e na zona de transição
célula/tremonha. Outro aspecto, é verificar se há algum impacto estrutural devido ao
funcionamento do sistema de aeração;

- ensaios experimentais em concretos convencionais buscando obter um intervalo de


valores recomendáveis para a consideração da condutividade térmica do concreto, e
dessa forma, contribuir para melhor assertividade nas considerações do efeito
térmico.
134

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