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CAMPINAS
2018
CHRISTIAN PISTILA FUJIMOTO
ASSINATURA DA ORIENTADORA
______________________________________
CAMPINAS
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO
This work has the purpose of presenting a theoretical comparative study between two
geometric types of circular section reinforced concrete silos with the same storage
capacity aiming to show how much such differences obtained can be affecting the
structural behavior. Two silo models are proposed: the first model with the cone
arranged according to the conventional system, and the second model with the
insertion of inverted cone. For both models it is also verified the consideration of the
thermal effect. The loading is determined according to the European standard for both
the conventional and the inverted cone systems. The geometric configuration of the
inverted cone silo presents an eccentric discharge, being necessary the consideration
of procedures of calculations specific for this condition. It is also considered the
procedure suggested by the company responsible for the development of the inverted
cone system. As part of this analysis, the stresses and deformations of the two silo
models are compared, as well as the necessary reinforcement to resist the thermal
effects on the silo walls as proposed by some researchers, standards and theories. A
computational program is used to obtain the stresses and deformations from silo
loading. The results presented lower stresses and deformations in the inverted cone
silo than in the conventional silo system. The calculation of the reinforcement for the
thermal effect showed significant differences between the procedures adopted, mainly
considering the thermal conductivity of the concrete, which is a variable present in all
the methodologies studied in this work for the dimensioning of the reinforcement.
Letras Gregas
Ângulo de inclinação da parede da tremonha com a horizontal
cCoeficiente de dilatação térmica do concreto
Ângulo de inclinação da parede da tremonha com a horizontal
c Ângulo de contato do fluxo de canal excêntrico com a parede
e Efetivo ângulo de atrito interno do produto armazenado (valor médio)
i Ângulo de atrito interno (valor médio)
r Ângulo de repouso do produto armazenado
w Ângulo de atrito do produto armazenado com a parede (valor médio)
Peso específico do produto armazenado
c Peso específico do concreto
μ Coeficiente de atrito do produto armazenado com a parede (valor médio)
Condutividade térmica do concreto armado
σ Tensão Normal
Deformação total
Coeficiente de Poisson
Tensão de Cisalhamento
T Diferença de temperatura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
1.1 Considerações gerais ................................................................................... 17
1.2 Objetivos ...................................................................................................... 20
1.3 Justificativa ................................................................................................... 20
1.4 Organização do trabalho .............................................................................. 21
3. METODOLOGIA ................................................................................................ 28
4. CARREGAMENTOS .......................................................................................... 30
4.1. Pressões em silos ........................................................................................ 30
4.1.1. Silo com cone invertido .......................................................................... 30
4.1.1.1. Considerações preliminares ............................................................ 30
4.1.1.2. Pressões devidas à descarga excêntrica ........................................ 31
4.1.2. Silo convencional de seção circular ....................................................... 37
4.1.2.1. Pressões e força de atrito na célula ....................................................... 37
4.1.2.2. Pressões na tremonha ........................................................................... 39
4.2. Ações devidas ao vento ............................................................................... 40
4.3. Outras ações ................................................................................................ 41
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações gerais
As grandes indústrias de armazenamento de cimento, alumina, farinha, cinzas,
escória de alto forno, entre outras, utilizam um modelo especial de silos tendo em vista
obter um bom desempenho quanto à eficiência do descarregamento e do fluxo
controlado. Esse modelo ilustrado na Figura 1.1, além de contar com alguns
equipamentos como o sistema de aeração e filtro de partículas, tem como principal
aspecto a utilização do cone central invertido conforme ilustrado na Figura 1.2.
Outro aspecto favorável do silo de modelo especial com cone invertido é quanto à
eficiência ao esvaziamento que se aproxima de 99% do volume armazenado, devido
à condição de fluxo imposta, além do pequeno consumo de energia para a descarga.
Portões Aletas do
de canal sistema de
de fluxo aeração
1.2 Objetivos
O objetivo geral deste projeto é realizar uma análise comparativa de tensões e
deformações em um silo do método convencional com um silo especial com cone
central invertido, além de abordar os diversos métodos propostos para as
considerações do efeito térmico.
Como objetivos específicos desta pesquisa destacam-se os itens:
descrever os procedimentos utilizados para a definição do carregamento e para
análise estrutural de silo de concreto armado pelo método convencional e de silo
composto por cone central invertido com descargas excêntricas conforme descrito em
normas e encontrados na literatura corrente;
desenvolver modelagem numérica para obtenção das tensões, deformações e
esforços causados pela presença das pressões e da temperatura, nos dois modelos
de silo propostos e realizar uma análise comparativa entre os resultados;
abordar, discutir e comparar os diversos métodos propostos para a consideração
do efeito térmico em silos de concreto armado e verificar as armaduras resultantes;
apresentar um exemplo de aplicação utilizando os dois modelos de silo com base
nas considerações e conceitos abordados no trabalho.
1.3 Justificativa
Historicamente no Brasil são evidenciadas várias incidências de problemas em silos
pelo considerável número de obras de recuperação e reforço neste tipo de estrutura,
cujos tratamentos demandam procedimentos onerosos. Estudos adequados em fase
de projeto previnem gastos excessivos não previstos durante e após a execução da
obra.
21
O silo com cone invertido tem sido bastante utilizado em grandes complexos
industriais.
No presente trabalho, é apresentado o procedimento de cálculo com base nas
orientações do fabricante (IBAU, 2008) que desenvolveu este sistema com cone
invertido e que também é descrito no Eurocode 1 – Parte 4 (2006). Dessa forma, é
possível comparar o comportamento estrutural de um silo de cone invertido com o
modelo convencional de capacidade e dimensões equivalentes.
A investigação sobre o efeito térmico em silos de concreto, também realizados no
presente trabalho, apresenta considerações conflitantes entre normas e
pesquisadores quanto à determinação dos esforços, incluindo os mais variados
coeficientes utilizados para a obtenção desse efeito. Com a comparação dos diversos
procedimentos e considerações apresentadas quanto ao efeito térmico tem-se como
meta contribuir para a discussão sobre a condição mais econômica e segura sob o
ponto de vista estrutural.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Silos com cone invertido
BLIGHT (2007) analisou um caso de colapso de um silo disposto por um cone
invertido para armazenamento de pó de cimento com capacidade de 42000 toneladas,
diâmetro de 25m e altura de 59m. O silo somente apresentou falhas após 2 anos de
operação chegando ao colapso. Após análises do caso, o autor concluiu que houve
várias falhas na construção como o excesso de juntas frias, espaçamento entre
barras, não escalonamento das emendas de armaduras verticais e horizontais, entre
outros. O fato de não ter apresentado falhas no início da operação deu-se pela
estrutura estar se comportando no início como seção não fissurada, mas que, ao longo
do tempo foram se desenvolvendo as fissuras progressivamente até chegar ao
colapso. Outro aspecto importante mencionado é que mesmo que tenha sido
especificado corretamente no projeto, se não houver a devida fiscalização na
execução poderão ocorrer desastres como este estudado.
IBAU HAMBURG (2008), desenvolveu um tipo de silo diferenciado com a
introdução do cone central. Este modelo tem sido bem difundido nas grandes
indústrias de produtos pulverulentos, tais como: cimento, farinha crua, cinzas, alumina
e outros similares. O projeto é composto por um cone central invertido disposto por
várias aberturas (normalmente seis) em seu perímetro, interligadas às bocas de saída
para descarregamento do silo. No fundo do silo são construídos os sistemas de
aeração ligeiramente inclinados para as bocas de saída com controles individuais de
fluxo e injeção de ar. Segundo o fabricante, este sistema comprovadamente aumenta
o canal de fluxo e aumenta a taxa de descarregamento. No conceito de descarga da
IBAU o fluxo de descarga é excêntrico, com vazão e fluxo controlados por bocas de
saída automatizadas e requerem pequenas quantidades de ar e pouco consumo de
energia para a descarga. Todos os equipamentos de descarga, do sistema de
aeração, filtros, equipamentos auxiliares e plataformas de acesso podem ser apoiados
no cone central sem a necessidade de reforços adicionais na fundação já que estas
cargas são relativamente pequenas quando comparadas ao peso do volume do
produto armazenado no silo, além de que todo esse carregamento é transferido
diretamente para a parede abaixo do cone.
HÄRTL (2008) analisou estudos experimentais sobre a influência da inserção de
um cone invertido na tremonha quanto ao padrão de fluxo e das pressões na parede
24
tremonha, já nos silos com inserções, a tensão máxima normal da parede ocorreu
numa posição mais elevada da zona de transição, e apresentou um aumento de
tensão em torno de 20% a 60% na parte inferior da célula e de 45% na parte superior
da tremonha, quando comparados aos silos sem inserção. As maiores alterações das
tensões normais nas paredes em comparação com o silo sem inserção ocorreram
com a tremonha em duplo cone e com cone invertido.
TEEUWEN (2012) apresentou algumas questões relativas ao projeto e execução
de um silo para armazenamento de cinza volante. O silo foi concebido em concreto
armado e protendido com diâmetro de 24m e altura de 65m, sendo composto por um
cone central invertido disposto por oito aberturas para descarregamento. Para
facilidades na operação, o cone do silo foi elevado em 5,50m do nível do solo. A
parede do silo abaixo do cone é de 0,8m de espessura e acima do cone é de 0,40m.
As principais pressões foram analisadas, destacando-se uma pressão não uniforme a
partir da formação dos canais de fluxo devido a descarga excêntrica. Para obter as
tensões no silo foram realizados estudos tridimensionais, utilizando-se o método dos
elementos finitos. Para uma redução no tempo de cálculo, foram modeladas
separadamente a célula da tremonha, sendo considerado o ajuste de iteração entre
os componentes. Foram respeitados os valores estabelecidos no Eurocode 2, classe
I para os limites de fissuração de forma a garantir a estanqueidade e durabilidade da
estrutura. Também foi considerado o efeito térmico gerado na estrutura, pelo
diferencial de temperatura entre o produto armazenado que é de 150°C e o ambiente
externo no inverno em torno de 4°C, sendo este diferencial de temperatura capaz de
produzir uma expansão axial e alteração na curvatura cilíndrica da parede gerando
formação de fissuras. Quanto ao processo construtivo, foram executadas as
concretagens sob formas deslizantes para as paredes cilíndricas e foram instalados
painéis pré-fabricados para a execução do cone e da cobertura. O autor concluiu que,
apesar do silo com cone invertido ter sido desenvolvido a mais de 40 anos, o projeto
deste silo não está coberto por norma alguma, que o método construtivo por forma
deslizante determina a posição da armadura e que o uso de armadura protendida para
contribuir na tensão radial e momentos de flexão é o sistema mais econômico.
3. METODOLOGIA
O desenvolvimento desta pesquisa é constituído por cinco etapas relacionadas à
análise estrutural de silos em concreto armado de seção cilíndrica unicelular,
conforme descrita abaixo:
são apresentadas as formulações de cálculo para a determinação dos
carregamentos tanto para o silo com o cone invertido quanto para o silo de
modelo convencional. Para determinação das pressões é utilizado como
referência o Eurocode 1 – Parte 4 (2006), tendo em vista que não existe
uma norma brasileira que aborde este assunto. Para os carregamentos das
cargas na laje de cobertura e da força vertical na parede do silo também foi
utilizado o Eurocode 1 – Parte 1 (2006), já para o carregamento de vento
foi considerada a NBR 6123 (ABNT, 2013);
a análise estrutural foi realizada pelo método dos elementos finitos com o
auxílio do programa computacional ANSYS WORKBENCH. Foram
inseridos no programa computacional os resultados dos carregamentos
calculados por via analítica, para se obter as tensões e deformações
atuantes. Foram definidos os elementos adequados para cada componente
do silo e determinada uma malha de discretização compatível à geometria.
Na análise numérica o efeito térmico foi também considerado, sendo
adotado para a condutividade térmica um valor médio entre aqueles
propostos pelas normas e pelos pesquisadores tratados neste trabalho;
4. CARREGAMENTOS
4.1. Pressões em silos
4.1.1. Silo com cone invertido
4.1.1.1. Considerações preliminares
Como o silo com cone invertido possui bocas de saída excêntricas, é considerado
o procedimento de cálculo de acordo com o Eurocode 1- Parte 4 (2006), que adota o
critério de projeto estrutural conforme as classes de confiabilidade de acordo com a
Tabela 4.1 e que tem a finalidade de reduzir o risco de falha para diferentes estruturas.
Quanto maior a classe de confiabilidade do silo, mais rigoroso o método de cálculo
para o seu projeto.
Em geral, a configuração de silo com cone invertido disposto por várias bocas de
saída se enquadra como Classe 3, para a situação específica de silo com grande
excentricidade, por apresentar uma descarga excêntrica, com a relação entre a
excentricidade do centro da boca de saída (e0) e o diâmetro do silo (D) maior que 0,25.
Como descrito no Eurocode 1 – Parte 4 (2006), o cálculo deve ser realizado usando-
se o valor característico inferior do coeficiente de atrito com a parede (k,lower) e o valor
característico superior do ângulo de atrito interno (ik,upper). Além disso, as situações
mais críticas devem ser consideradas conforme indicado na Tabela 4.2.
31
Legenda
1 – Pressão estática
2 – Pressão do produto armazenado
3 – Alta pressão local
4 – Pressão na borda do canal
5 – Pressão no canal de fluxo
Legenda
r: raio do silo
e0: excentricidade de descarregamento
rc: raio do canal de fluxo
Ac: área do canal de fluxo
As,e: área do sólido estático
Uwc: comprimento do arco no canal de fluxo
Uws: comprimento do arco região sólido estático
Usc: comprimento do arco entre canal de fluxo e
sólido estático
Como o sistema de cone invertido proposto neste trabalho refere-se a silos com
capacidade maior que 1000 toneladas e com excentricidade de descarga (e0) que
excede o valor de 25% do diâmetro do silo (D), é utilizado o procedimento de cálculo
correspondente a classe 3, de acordo com o Eurocode 1- Parte 4 (2006), e conforme
indicado na Tabela 4.1 do presente trabalho.
onde
r é o raio do silo de seção circular (d/2);
rc é o raio de projeto do canal de fluxo.
A excentricidade do canal de fluxo (ec), como apresentada na Figura 4.3, pode ser
determinada pela expressão:
ec = r {η (1 - G) + (1 - η) √1 - G } Eq. 4-4
onde
rc
G= Eq. 4-5
r
μ
η= Eq. 4-6
tan ϕi
é o valor característico inferior do coeficiente de atrito na parede vertical
35
sendo o ângulo relacionado com o raio do silo (r) e o raio do canal de fluxo (rc)
obtido a partir da equação (4-10):
sen ψ = r⁄rc sen θc ( em radianos) Eq. 4-10
onde
Phc0 = K z0c Eq. 4-15
1 Ac
z0c = ( ) Eq. 4-16
K Uwc μ + Usc tan ϕi
onde
1 A
Phc0 = Eq. 4-19
μ U
Ph0
Pvf (z) = Y Eq. 4-26
K j (z)
sendo
Ph0 = K z0 Eq. 4-27
1 A
z0 = Eq. 4-29
Kμ U
onde
é o peso específico do produto;
é o coeficiente de atrito com a parede;
K é coeficiente de pressão lateral devido ao produto armazenado;
z é a profundidade considerada, medida a partir da superfície equivalente do sólido;
A é a área da seção transversal da célula;
U é o perímetro interno da seção transversal da célula.
onde
Ch é o fator de descarga para pressão horizontal igual a 1,15;
Cw é o fator de descarga para força de atrito na parede igual a 1,33.
39
Neste trabalho não foi considerado o path load, pois o trabalho refere-se a silos
para o armazenamento de produto pulverulento que fica aerado durante o processo
de enchimento.
A pressão normal na tremonha, na altura da boca de saída Pn2, é obtida pela equação
(4-35):
Pn2 = Pvf Cb sen2 β Eq. 4-35
Para silos com fluxo de massa, uma pressão fixa (Ps) é adicionada à parede da
tremonha em todo seu perímetro, a uma distância 0,2D a partir da borda conforme
mostrado na Figura 4.6. Essa pressão Ps é calculada pela equação (4-37):
Ps = 2 K Pvf Eq. 4-37
onde
Ph0 Eq. 4-38
Pvf(z) = Yj (z)
K
Ph0 = K z0 Eq. 4-39
1 A Eq. 4-40
z0 =
Kμ U
Yj (z) = [1 - e ( -z⁄ z0) ] Eq. 4-41
onde
Far,i é a força de arrasto atuando no trecho i da célula em kN;
Ca é o coeficiente de arrasto
qi é a pressão de obstrução no trecho i da célula em kN/m;
Aei é a área frontal efetiva, projeção ortogonal do silo em m².
sendo
Vk,i = V0 S1 S2 S3 Eq. 4-44
onde
Vk,i é a velocidade característica para o trecho i da célula, em m/s;
V0 é a velocidade básica do vento, em m/s;
S1 é o fator topográfico;
S2 é o fator de rugosidade para o trecho i da célula;
S3 é o fator estatístico.
onde
PPcel é o peso próprio da célula, distribuído linearmente no perímetro da seção;
PPL é o peso próprio da cobertura da célula, distribuído linearmente no perímetro
da seção;
SL é a sobrecarga na cobertura, distribuída linearmente no perímetro da seção (de
acordo com o Eurocode 1 - Parte 1, 2003);
nzsk (Hc) é a força de atrito na base da célula de altura Hc (altura da superfície
equivalente), distribuída linearmente no perímetro da seção;
g é o coeficiente de ponderação para as ações permanentes (Eurocode 1–Parte 1,
2003);
q é o coeficiente de ponderação para as ações variáveis (Eurocode 1–Parte 1, 2003).
A ação devido ao peso próprio da célula (PPcel) é obtida pela equação (4-46):
PPcel = c e H Eq. 4-46
onde
c é o peso específico do concreto armado;
e é a espessura da parede do silo;
H é a altura total da célula.
onde
c é o peso específico do material construtivo;
D é o diâmetro da seção transversal da célula cilíndrica;
43
O valor adotado para a sobrecarga por unidade de área na cobertura foi considerado
igual 7,5 kN/m2 (Eurocode 1 - Parte 1:2003). Esse valor é transformado em uma força
SL distribuída linearmente pelo perímetro da célula usando-se a equação (4-48):
SL = [ 7,5 ( D2 / 4 )] / D Eq. 4-48
onde
D é o diâmetro da seção transversal da célula cilíndrica.
5. EFEITO TÉRMICO
5.1. Procedimento de cálculo devido ao efeito térmico na parede do silo
Neste capítulo são estudados os esforços circunferenciais advindos do gradiente
térmico para silos constituídos por paredes delgadas, analisando-se a distribuição da
temperatura na espessura da parede além da diferença de temperatura entre as faces
internas e externas do silo. São também apresentados procedimentos de cálculo da
armadura necessária para absorver o efeito térmico.
A diferença de temperatura entre as duas faces da estrutura de um silo depende
do coeficiente de transferência de calor do material que o constitui. Esta propriedade
recebe o nome de condutividade térmica k, e indica a quantidade de calor que fluirá
através de uma área unitária no tempo, se o gradiente de temperatura for unitário.
Uma das propriedades importantes para a análise térmica nos elementos estruturais,
neste caso para a estrutura de silos de concreto, é a condutividade térmica do
concreto (λ) que reduz com o aumento da temperatura. Ela está diretamente
relacionada ao tipo de agregados que constituem cerca de 70% do concreto
endurecido, sendo também influenciada pela porosidade da pasta de cimento.
A variabilidade de combinações de dosagens do concreto, a natureza dos
agregados e a porosidade geram muitas discrepâncias nos resultados dos ensaios de
medição da condutividade.
No Brasil, não há regulamentação que estabeleça algum valor para a condutividade
térmica do concreto de densidade normal a temperaturas elevadas (COSTA, 2008).
Para o cálculo dos esforços oriundos do efeito térmico são apresentados métodos
propostos por vários pesquisadores (SAFARIAN & HARRIS, 1985; BOHM, 1956;
CIEIZIELSKI, 1970; BROERSMA, 1972), por normas internacionais (ACI 313, 2016 e
EUROCODE 1 –PARTE 4:2006) e estudos teóricos (POPOV, 1968 e TIMOSHENKO,
1968).
Dentre os diversos métodos existem alguns fatores que exigem estudos mais
aprimorados a serem considerados, o qual pode-se destacar a diferença de
temperatura t entre as faces internas e externas do silo.
Quando o produto armazenado no silo gera calor elevado, a temperatura interna no
silo é maior que a externa, ocorrendo a condução térmica de calor na parede do silo
conforme mostrado na Figura 5.1. Considerando-se a Teoria de Transferência de
Calor, a quantidade de calor que transita de uma face para a outra da parede é
45
T T 2 Eq. 5-2
Limite superior λsup = 2 - 0,2451 100 + 0,0107 (100)
(W/m°C)
Temperatura T (°C)
Figura 5.2 – Condutividade térmica do concreto usual em função da
temperatura Fonte: Eurocode 2 (2004)
47
onde
Q é o fluxo de calor (W);
k é o coeficiente da transferência de calor (W/m.K);
A é a área da seção da parede através da qual ocorre o fluxo (m²).
A temperatura que diminui dentro da parede (Ti,proj – Te) sofrerá uma redução a
partir da aplicação do coeficiente Kt, que por sua vez depende da combinação da
resistência térmica da parede, da espessura da parede e da película do ar externo. A
redução de T, é dada pela equação (5-6):
T = Kt [ Ti,proj - Te ] Eq. 5-6
O momento fletor devido ao gradiente térmico é estabelecido por uma seção não
fissurada. A armadura adicional, no entanto, é escolhida para uma seção fissurada.
O momento fletor térmico último (Mt,u) na seção horizontal é devido à diferença de
temperatura T. Usando-se a análise plana de tensões, um coeficiente de Poisson
igual a 0,2, e um coeficiente de ponderação q, Mt,u pode ser calculado pela equação
(5-7):
Mt,u = 10,41 Ec h2 α1 ΔT q ( kg cm⁄m ) Eq. 5-7
onde
50
onde
fyd é a tensão de cálculo de escoamento do aço a tração;
d é a altura útil da seção de concreto;
d’ é a distância da armadura de compressão à borda mais próxima.
A armadura adicional Ast deve ser localizada perto da face externa (mais fria).
onde
e é a espessura da parede do silo;
é o condutividade térmica do concreto armado, valor médio assumido igual a 2;
51
Para determinar o momento fletor devido ao efeito térmico é usada a equação (5-
13):
Ec e2 αc ΔT
Mt = Eq. 5-13
12 (1 - )
onde
Ec é o módulo de elasticidade do concreto;
c é o coeficiente térmico da expansão do concreto;
é o coeficiente de Poisson do concreto, assumida como sendo 0,2;
e é a espessura da parede do silo;
Mt é o momento térmico de flexão por unidade de altura da parede do silo;
T é a diferença de temperatura entre a face interna e face externa da parede do silo.
1 1 e 1 e Eq.
= + + = 0,25 +
Kt 5 1,5 20 1,5 5-14
e Ti - Te
ΔT = (°C)
1,5 0,25 + 0,666 e
(Ti - Te ) e Eq.
ΔT = (°C)
0,375 + e 5-15
sendo
Ri é a resistência ao calor no interior da parede do silo (parede de concreto),
assumida ser 1,72x105 mm² °C;
Ro é a resistência ao calor na parede externa do silo (parede de concreto),
assumido ser 5,7x104 mm² °C;
Ti é a temperatura do produto armazenado no topo da parede do silo (z=0);
Te é a temperatura do ar adjacente ao silo;
Rio é a resistência ao calor da parede do silo,
R io = h⁄Cw
53
do que o concreto e causar uma tensão excessiva nas áreas de contato caso não
sejam previstas juntas de dilatação.
No caso de paredes circulares com restrição total de deformação, o momento fletor
devido ao efeito térmico é calculado pela equação (5-19):
Ec e2 αc ΔT Eq.
Mt =
12 (1 - ν) 5-19
onde
Ec é o módulo de elasticidade do concreto;
c é o coeficiente térmico da expansão do concreto;
é o coeficiente de Poisson do concreto, assumida como sendo 0,2;
e é a espessura da parede;
Mt é o momento térmico de flexão por unidade de altura da parede;
T é a diferença de temperatura entre a face interna e face externa da parede.
Para se obter o valor de T deve ser utilizada a equação (5-20) para Kt:
0,08 e
Kt = ( ) Eq. 5-20
10,37 + 0,08 e
onde
fyd é a tensão de cálculo de escoamento do aço a tração;
d é a altura útil da seção de concreto;
d’ é a distância da armadura de compressão à borda mais próxima.
sendo
𝜒 = 7 𝛾 3/2 Eq. 5-24
A força última adicional devido ao efeito térmico (Fu) é determinada pela equação (5-
25):
Fu = PhT r Eq. 5-25
56
π
-2 Nθ = p r ∫ sen θ dθ Eq. 5-28
0
Nθ = p r Eq. 5-31
L1 = T i L α (Ti -Te ) L α
∆L = Eq. 5-32
L2 = T e L α 2
∆L (Ti - Te ) α
𝜀= = Eq. 5-33
L 2
𝜎=𝐸 𝜀 Eq. 5-34
(Ti -Te ) E α
σ= Eq. 5-35
2
58
Chamando-se (Ti – Te) de T, o momento fletor que provoca esta tensão é obtido
pela equação (5-36):
∆T E I α Eq.
M=
e 5-36
onde
E é o módulo de deformação longitudinal do concreto;
α é o conficiente de dilatação térmica do concreto;
e é a espessura da parede do silo.
a2 p b2
σθ = (1 + ) Eq. 5-37
b2 - a2 r20
onde
a é o raio interno do silo;
b é o raio externo do silo;
p é a pressão interna no silo;
r é o raio genérico do silo;
r0 é o raio médio do silo.
onde
Ti b
T= log Eq. 5-39
log(b⁄a) r
α E ΔT 2 b2 b
(σθ )r = a = (1 - ln ) Eq. 5-41
b b2 - a2 a
2 (1 - ν) ln a
α E ΔT 2 a2 b
(σθ )r = b = (1 - ln ) Eq. 5-42
b 2
b - a2 a
2(1 - ν) ln a
onde
61
α E ΔT
(σθ )r=a = - Eq. 5-43
2(1 - ν)
α E ΔT
(σθ )r=b = Eq. 5-44
2(1 - ν)
O fato importante a ser observado é que a formulação acima foi baseada numa
seção trabalhando elasticamente sem a ocorrência de fissuração em uma dedução
onde os vínculos foram considerados engastados.
A armadura para absorver o efeito térmico é calculada pela equação (5-21).
62
7.5. Carregamentos
Para o carregamento foram adotados os mesmos valores de equipamentos, peso
de cobertura/estruturas metálicas e sobrecargas acidentais, porém os carregamentos
oriundos do produto armazenado e do peso próprio variam conforme as dimensões
de cada silo.
Para facilitar o entendimento das considerações de cálculo, são utilizados os dados
de entrada que geram como resultados os valores máximos.
Para estabelecer as cargas dispostas na laje superior do silo, foi considerado um
plano de carga de um silo de uma obra de referência com dimensões similares (
Figura 7.3).
Em relação ao centro do silo
Carga X Y
Ponto
Fz (kN) (m) (m)
1 -17,30 2,030 3,080
2 -17,60 3,680 1,110
3 -34,20 5,090 5,030
4 -29,50 6,470 3,060
5 -7,40 6,930 -1,800
6 -7,40 7,160 -0,060
7 -8,00 -0,060 7,160
8 -8,00 -1,800 6,920
= 129,4
onde
PPcel é o peso próprio da célula, distribuído linearmente no perímetro da seção;
PPCA é o peso próprio da laje de cobertura, devido ao concreto armado, distribuído
linearmente no perímetro da seção transversal da célula;
SL é a sobrecarga na cobertura, distribuída linearmente no perímetro da seção (de
acordo com o Eurocode 1 - Parte1, 2003);
nzsk (Hc) é a força de atrito na base da célula de altura Hc (altura de transição),
distribuída linearmente no perímetro da seção;
g é o coeficiente de ponderação para as ações permanentes - Eurocode 1 - Parte1,
2003;
q é o coeficiente de ponderação para as ações variáveis - Eurocode 1 - Parte1, 2003.
PPCA = [ c ( D2 / 4) elaje ] / D
= [ 25 . ( . 14,72 / 4) . 0,20 ] / .14,7
= 18,4 kN/m
onde
c é o peso específico do material construtivo (kN/m³);
D é o diâmetro da seção transversal da célula cilíndrica (m);
elaje é a espessura da laje (m).
72
1 A
z0 =
Kμ U
1 153,94
= .
0,648.0,48 44
= 11,33
k,upper = 0,55
Yj (z) = (1 - e(-z⁄z0) )
Yj =(1 - e(-32,4⁄11,33) )
(32,4)
= 0,943
Legenda
1 – Pressão estática
2 – Pressão do produto armazenado
3 – Pressão na borda do canal
4 – Pressão no canal de fluxo
onde
μ
=
tan ϕi
0,48
=
tan 44,65°
= 0,482
75
G = rc / r
= 1,75 / 7
= 0,25
O comprimento de arco entre o canal de fluxo e o sólido estático (Usc) é dado por:
Usc = 2 rc (π - ψ)
=2 . 1,75(π - 0,80)
= 8,66 m
onde
sen ψ = r⁄rc sen θc
= 0,62 rad
Portanto,
= 0,667 rad = 38,22°
76
= 0,943
z0 = 1⁄K μ . A⁄U
= 1⁄(0,648 . 0,48) . 153,94⁄44
= 11,33 m
Ph0 = K z0
=12 . 0,648 . 11,33
= 88,12 kN/m²
= 170,49 kN/m²
U
A -z K μ A
Ph (z) = (1 - e )
μ U
44
12 153,94 -32,4 . 0,33 . 0,55 . 153,94
= 0,55 . 44
(1 - e )
= 62,37 kN/m²
1 - sen ϕi
K =
1 + sen ϕi
1 - sen 30°
= = 0,33
1 + sen 30°
Ph
Pv =
K
62,37
=
0,33
= 187,12 kN/m2
A
Pw (32,4) = μ ∫ dz = A/U [z - (1 - e -μ K U/A
)]
μKU
= A⁄U ( z - Pv)
81
153,94
= (12 . 32,4 – 187,12)
44
= 705, 88 kN/m²
Pt = Pn μ h
= 212,33 . 0,33 . 11,69
= 827,09 kN/m²
x
Pn = Pn3 + Pn2 + (Pn1 - Pn2 ) l
h
0
= 4,14 + 129,43 + (129,68 - 129,43) 3,2
= 212,23 kN/m²
A K
Pn3 = 3,0 cos2
U √μ e
153,94 12 . 0,33
= 3,0. . .cos2 60
44 √0,55.11,69
= 4,14 kN/m²
Ps = 2 K Pvft
= 2 . 0,33 . 172,58
= 115,05 kN/m²
= 76,36 . 0,753
= 57,50 kN/m²
= (76,36/0,33) . 0,753
= 172,58 kN/m²
Ph0 = K z0
= 12 . 0,33 . 19,09
= 76,36 kN/m²
Z0 = (1/ K ) (A / U)
Z0 = (1 / 0,33 . 0,55) . (153,94 / 44)
= 19,09m
Yj = (1 - e(-z⁄z0 ) )
(26,72)
= (1 - e (-26,72⁄19,09) )
= 0,753m
83
Far,i = Ca qi Aei
onde
Far,i é a força de arrasto atuando no trecho i da célula em kN;
Ca é o coeficiente de arrasto, fornecido pela norma NBR-6123:2013;
qi é a pressão de obstrução no trecho i da célula em N/m;
Aei é a área frontal efetiva, projeção ortogonal do silo em m².
qi = 0,613 Vk,i2
onde
Vk,i é a velocidade característica para o trecho i da célula;
V0 é a velocidade básica do vento, em m/s;
S1 é o fator topográfico;
S2 é o fator de rugosidade para o trecho i da célula;
S3 é o fator estatístico.
Categoria IV
Classe B
Altura (z) - m 45
S3 - Fator estatístico 0,95
Coeficiente de arrasto 1,2
Safarian
Com a utilização das equações apresentadas por Safarian, pode-se calcular o
momento fletor Mxt,u advindo do efeito térmico no silo por diferença de temperatura
entre o produto armazenado e a temperatura ambiente, conforme apresentado a
seguir:
Ti,des =Ti - 44,5°C
= 95 – 44,5°C
= 50,5°C
ΔT = Kt [Ti,des - T0 ]
= 0,213 [50,5 - 5]
= 13,46°C
0,08 e
Kt =( )
10,37 + 0,08 e
0,08 . 35
=( )
10,37 + 0,08 . 35
= 0,213 Kcal/cm²h °C
86
ΔT
Mxt,u = g [ Ec e2 t (1 - )
]
Bohm
Calculando pelo método de Bohm que considera a redução de T conforme os
coeficientes propostos pelo autor com valores adotados para a condutividade térmica
do concreto e da superfície do ar, um momento fletor, Mt, também é obtido:
h i T - T
0
T =
2
(0,267 +e
)
⁄2
35 95 - 5
= ( )
2 0,267 + 35⁄2
= 88,6°C
1 1 e 1
= + +
Kt a1 a2
1 e 1 e
= + + = 0,267+
15 2 5 2
= 0,267 + (35 / 2)
= 0,0563
Ec e2 c ΔT
Mt =
12(1 - )
= 22.205,47 kN.cm/m
Ciesielski
A teoria de Ciesielski utiliza o mesmo conceito do método anterior, porém com
diferentes valores propostos para a condutividade térmica do concreto e da superfície
do ar:
1 1 0,30 1
= + +
Kt 20 1,5 8
87
e Ti - T 0
T = (°C)
1,5 0,25 + 0,666 e
(Ti - T0 ) e
= (°C)
0,375 + e
(95 - 5).35
=
0,375 + 35
= 89,0 °C
E e2 ΔT
Mt = c12 (1 -c)
= 26,766,33 kN.cm/m
Broersma
Segundo a consideração de Broersma, é possível determinar diferentes valores de
momentos em função da altura do silo. Esse procedimento permite otimizar a
armadura conforme o esforço em cada região. A seguir é apresentado o cálculo do
momento na posição mais crítica, ou seja, com maior esforço para as diferentes
alturas:
Tz = T0 [1 – (z / H)2)]
= 35,65 [1 – (1 / 32,4)2]
= 35,62 °C
Rio = e / Cw
= 35 / 2,33.10-3
= 150.215 mm² °C
88
Ec e2 c ΔT
Mt =
12 (1 - )
= 12490,42 kN.cm/m
onde
Ri é resistência ao calor no interior da parede lateral igual a 1,72x105 mm² °C;
Ro é a resistência ao calor na parede externa lateral igual a 5,7x104 mm²;
Ti é a temperatura do cimento no topo (Y=0);
To é a temperatura do ar adjacente ao silo;
Rio é a resistência ao calor da parede do silo;
Cw = 2,33 x 10-3/ mm /°C
ACI 313/2016
O momento na célula do silo devido ao efeito térmico segundo a norma ACI
313/2016 pode ser obtido pela seguinte formulação:
T = (Ti – T0 – 26,67°C) kt
= (95 – 5 – 26,67°C) . 0,213
= 13,46°C
0,08 e
Kt =( )
10,37+0,08 e
0,08 . 35
= (10,37 + 0,08 . 35)
= 0,213
Ec e2 c ΔT
Mt =
12 (1 - )
= 88.532,87 kN.cm/m
Fu = Pht r
= 0,414 . 700
= 289,85 kN.cm/m
onde
𝐸𝑠𝑈 = 𝜒 𝑃𝑣𝑓𝑡
= 290,98 . 1
= 290,98
𝜒 = 7 𝛾 3⁄2
= 7 . 123/2
= 290,98
Ec
Pht = CT w T
[(r⁄t) + (1 - ) (Ec ⁄ EsU )]
3067,25
= 3.10-5 (95 - 5) .
[(700⁄35) + (1 - 0,2) (3067,25⁄ 290 . 98)]
= 0,414 kN.cm²/m
CT é o multiplicador de carga de temperatura igual a 3.
E Ti e2
M =
2(1 - ) 6
= 35.225,5 kN.cm/m
Combinações
Vento X X
O silo foi fixado na extremidade da sua base conforme apresentada na Figura 7.10.
Em outras palavras, todos os graus de liberdade foram imobilizados de forma que a
face seja impedida de se mover ou de se rotacionar.
A Figura 7.11 ilustra a discretização do silo, onde são mostrados a face externa do
silo e um corte vertical, sendo gerado maior refinamento na região da viga de transição
e no entorno das aberturas do cone.
A Figura 7.14 ilustra a discretização do silo, onde são mostrados a face externa do
silo e um corte vertical, sendo gerado maior refinamento na região da viga de transição
e no entorno das aberturas do cone.
97
8. RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados primeiramente os resultados encontrados nas
simulações do estudo de caso para os silos de sistema convencional e de cone
invertido, modelados no pacote computacional ANSYS Workbench 2015, sendo
utilizadas para a determinação do carregamento as formulações apresentadas no
Eurocode 1 – Parte 4 (2006). Os resultados de tensão e deformação obtidos
numericamente pelo critério de Von Mises são comparados para diferentes alturas dos
silos.
Para se ter uma ideia da ordem de grandeza dos momentos de flexão resultantes
na estrutura dos silos, e como o pacote computacional ANSYS Workbench 2015 não
fornece esses momentos quando a estrutura é modelada como sólido (3D), foi feita
uma aproximação para a determinação dos momentos (M), com base na teoria de
flexão de vigas, conforme a equação 8.1:
M = . Wx Eq. 8-1
onde
W x = (D4 – d4) / 32 D Eq. 8-2
D é o diâmetro externo do silo;
d é o diâmetro interno do silo.
Caso 1: ki=0,25
Phse = Pwse =
Phce Pwce Phae Pwae Pv n-zsk
z Yj Phf Pwf
(m) (z)
(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m)
(kN/m2) (kN/m2)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5,4 0,379 33,40 15,92 16,43 7,83 50,37 24,01 68,56 53,11
10,8 0,614 54,14 25,81 18,08 8,62 90,20 42,99 111,13 184,51
16,2 0,761 67,02 31,94 18,25 8,70 115,80 55,19 137,56 364,54
21,6 0,851 75,02 35,76 18,26 8,71 131,77 62,81 153,97 574,75
27 0,908 79,98 38,12 18,27 8,71 141,70 67,54 164,16 803,71
32,4 0,943 83,07 39,59 18,27 8,71 147,87 70,48 170,49 1044,30
Caso crítico (A) (B) (C) (B) (A) (A) (D) (D)
(ver tab. 4.2)
101
Caso 2: ki=0,40
Phse = Pwse =
Phce Pwce Phae Pwae Pv n-zsk
z Yj Phf Pwf
(m) (z)
(kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m)
(kN/m2) (kN/m2)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5,4 0,379 33,40 15,92 22,33 10,64 44,48 21,20 68,56 53,11
10,8 0,614 54,14 25,81 27,66 13,19 80,62 38,43 111,13 184,51
16,2 0,761 67,02 31,94 28,94 13,79 105,10 50,10 137,56 364,54
21,6 0,851 75,02 35,76 29,24 13,94 120,79 57,57 153,97 574,75
27 0,908 79,98 38,12 29,32 13,97 130,65 62,27 164,16 803,71
32,4 0,943 83,07 39,59 29,33 13,98 136,80 65,20 170,49 1044,30
Caso crítico (A) (B) (C) (B) (A) (A) (D) (D)
(ver tab. 4.2)
Caso 3: ki=0,60
Figura 8.1 – Ilustração das camadas pré-definidas para o silo de cone invertido
Tabela 8.2 - Resultados das tensões (MPa) no silo cone invertido em cada
posição
Tensões Von Misses em relação à posição e a profundidade da célula
z
0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 257° 270° 283° 300° 330°
(m)
5,4 16,91 16,92 16,94 16,98 16,94 16,92 16,91 16,97 17,09 17,02 16,50 17,02 17,09 16,97
10,8 16,79 16,82 16,88 16,92 16,88 16,82 16,79 16,90 17,10 17,05 16,11 17,05 17,10 16,90
16,2 16,73 16,82 16,89 16,93 16,89 16,82 16,73 16,88 17,32 17,10 15,73 17,10 17,32 16,88
21,6 16,97 17,03 17,05 17,08 17,05 17,03 16,97 16,98 17,53 17,38 15,72 17,38 17,54 16,98
27 17,84 17,77 17,75 17,77 17,75 17,77 17,84 17,77 17,81 18,18 16,51 18,18 17,81 17,77
32,4 27,35 27,20 27,53 27,33 27,40 27,32 27,36 27,43 27,41 26,83 26,47 26,63 27,45 27,44
37,8 7,06 7,08 7,66 7,05 7,17 6,74 5,01 6,61 5,18 6,86 5,42 7,03 5,37 6,71
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de tensão para cada profundidade
z máx. Momento
(m) (MPa) (kN.m)
27 18,18 100.502
Os resultados das tensões de Von-Mises estão ilustrados na Figura 8.4, que mostra
as regiões do silo onde ocorreram as tensões mais relevantes.
Tabela 8.4 - Resultados das deformações (mm) do silo cone invertido em cada
posição
Deformação total (mm) na célula do silo de cone invertido para cada posição
z
0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 257° 270° 283° 300° 330° Máx.
(m)
5,4 4,47 4,37 4,35 4,35 4,35 4,38 4,47 4,59 4,68 4,68 4,67 4,68 4,68 4,59 4,68
10,8 2,88 2,74 2,76 2,80 2,76 2,74 2,88 3,19 3,31 3,12 2,96 3,12 3,31 3,19 3,31
16,2 1,87 1,64 1,78 1,90 1,78 1,64 1,87 2,48 2,70 2,29 1,95 2,29 2,69 2,47 2,70
21,6 1,84 1,73 1,97 2,13 1,97 1,73 1,84 2,45 2,97 2,55 2,09 2,55 2,97 2,45 2,97
27 2,58 2,52 2,67 2,79 2,67 2,52 2,58 2,83 3,33 3,48 3,28 3,48 3,33 2,83 3,48
32,4 3,88 3,88 4,03 4,10 4,02 3,89 3,88 4,10 4,47 4,70 4,67 4,70 4,47 4,10 4,70
37,8 3,32 3,31 3,41 3,47 3,41 3,31 3,32 3,50 3,79 3,91 3,94 3,91 3,79 3,50 3,94
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de deformação para cada
profundidade
Os resultados das deformações totais são ilustrados na Figura 8.6, que mostra as
regiões do silo onde ocorreram as máximas deformações.
108
(m)
distância a (m) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m2) (kN/m)
partir do topo
0 0 0 0 0 0
5,4 0,379 33,40 15,92 51,55 53,11
10,8 0,614 54,14 25,81 83,55 184,51
16,2 0,761 67,02 31,94 103,43 364,54
21,6 0,851 75,02 35,76 115,77 574,75
27 0,908 79,98 38,12 123,43 803,71
Pressões na tremonha
Pt 827,09 kN/m²
Pn 212,23 kN/m²
Ps 115,05 kN/m²
Tensão de Von Misses (MPa) na célula do silo convencional para cada posição
z (m) 0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 270° 300° 330°
5,4 23,20 24,38 24,64 23,42 24,28 24,45 23,12 24,47 24,27 23,45 24,42 24,55
10,8 23,25 23,06 22,84 23,04 23,26 22,99 22,81 23,01 23,25 23,04 22,86 23,02
16,2 23,49 23,27 22,92 23,17 23,43 23,20 23,10 23,22 23,41 23,17 22,94 23,23
21,6 23,54 23,48 23,22 23,21 23,46 23,29 23,56 23,31 23,44 23,21 23,23 23,45
27 26,20 27,23 30,35 41,26 46,74 50,77 56,30 50,79 46,58 41,32 30,36 27,20
32,4 68,61 78,97 79,24 75,25 82,38 75,63 70,62 74,85 82,66 74,32 78,98 77,61
37,8 41,56 46,18 33,21 25,18 28,49 16,88 13,90 16,82 28,44 25,00 33,34 46,59
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de tensão para cada profundidade
Para exemplificar os valores de tensão máxima ao longo do silo, são apresentados
na Figura 8.9 os resultados de tensões na posição W-180°, em que se obteve a maior
quantidade de camadas com valores máximos.
112
z máx. Momento
(m) (MPa) (kN.m)
5,4 24,64 136.220
10,8 23,26 128.618
16,2 23,49 129.851
21,6 23,56 130.255
27 56,30 311.266
32,4 82,66 457.024
37,8 46,59 257.623
z (m) 0° 30° 60° 90° 120° 150° 180° 210° 240° 270° 300° 330°
máx.
5,4 86,96 86,77 85,54 83,64 82,49 81,46 80,74 81,46 82,49 83,64 85,54 86,77 86,96
10,8 81,74 81,43 80,11 78,15 76,73 76,02 75,80 76,02 76,73 78,15 80,11 81,43 81,74
16,2 77,26 76,75 75,35 73,41 71,85 71,43 71,57 71,43 71,85 73,41 75,35 76,76 77,26
21,6 72,96 72,25 70,71 68,78 67,06 66,80 67,15 66,80 67,06 68,78 70,71 72,26 72,96
27 68,72 68,04 66,44 64,38 62,47 64,61 65,87 64,57 62,48 64,38 66,44 68,05 68,72
32,4 64,82 64,47 62,77 60,05 58,44 57,82 57,23 57,82 58,45 60,06 62,77 64,47 64,82
37,8 44,01 46,58 50,73 50,14 49,89 47,14 45,25 47,13 49,89 50,14 50,73 46,59 50,73
Obs.: Foram destacados na tabela os valores máximos de deformação para cada
profundidade
Para exemplificar os valores de deformação total ao longo do silo, são
apresentados na Figura 8.11 os resultados de deformações na posição E-0°, em que
ocorreu a maior quantidade de camadas com valores máximos.
Os resultados das deformações totais são ilustrados na Figura 8.12, que mostra as
regiões do silo onde ocorreram as máximas deformações.
Y em m
15,0 15,0
20,0 20,0
25,0 25,0
30,0 30,0
35,0 35,0
Gráfico comparativo
de força de atrito
Pw (kN/m²)
0 50 100
0,0
(altura a partir do topo do silo)
5,0
10,0
15,0
Y em m
20,0
25,0
30,0
35,0
10
15
20
25
30
35
Silo cone Invertido Silo convencional
As tensões são variáveis e crescentes do topo do silo para a tremonha até o ponto
de descarregamento, apresentando um pico na região de transição célula e tremonha
para ambos os modelos, porém sendo mais significativo para o silo de sistema
convencional.
0 20 40 60 80 100
0
5
Altura do Silo - h (m)
10
15
20
25
30
35
40
Silo cone Invertido Silo convencional
Nos resultados pode-se observar que o silo de cone invertido apresentou menores
valores de tensão e deformação, principalmente na região de transição
célula/tremonha onde o silo de cone invertido apresenta maior rigidez.
Mt,u
para cada face Ast =
Ast,min = 3,50 cm²/m fyd (d - d')
Bohm
Ec e2 c ΔT
Mt =
Mxt,u,Bohm 22.205,47 kN.cm/m 12 (1 - )
h i T -T
0
TBohm 88,6 °C T =
2
(0,267 +e
) (°C)
⁄2
Ciesielski
Ec e2 c ΔT
Mt =
Mxt,u,Ciesielski = 26.766,33 kN.cm/m 12 (1 - )
(Ti - T0 ) e
TCiesielski T = (°C)
89,0 °C 0,375 + e
Mt,u
Ast = fyd (d - d')
Ast,Ciesielski = 21,23 cm²/m
0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2
ACI 313
Mxt,ACI 313 = 88.532,87 kN.cm/m Ec e2 c ΔT
Mt = T = (Ti – T0 – 80°F)kt
12 (1 - )
Kt = 0,213 °C 0,08 e
Kt = ( )
10,37 + 0,08 e
Broersma
Cw = 0,00233 mm/°C
Rio = 128.755 mm².°C Rio = h / Cw
Ri = 172000 mm².°C
R0 = 57000 mm².°C
T0 = 32,39 °C ΔT0 = [Rio ⁄ (Ri + Rio + Ro )]. (Ti - T0 )
H= 32,40 m
Ast,min = 3,00 cm²/m
Ec e2 c ΔT
Mt =
Mt,u = 12.490,4 kN.cm/m 12 (1 - )
Mt,u
Ast = fyd (d - d')
Ast,Broersma = 9,91 cm²/m
0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2
= 12 kN/m³
T = 90 T: é o diferencial de temperatura;
Ew
Pvft = Pht = CT .w .ΔT.
0,017 kN/cm² [(r⁄t)+(1-ν)(Ew ⁄EsU )]
0,2% . 100 . e
Ast,min = cm²/m Ast,min =
3,50 2
123
Mt,u
Ast = 22,35 cm²/m Ast =
fyd (d - d')
0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2
Teoria da Elasticidade
c E ΔT e2
kN.cm/ T= (Ti – Te) Mt =
M= 35.225,41 2 (1 - ) 6
m
Mt,u
Ast = 27,94 cm²/m Ast =
fyd (d - d')
0,2% . 100 . e
Ast,min =
Ast,min = 3,50 cm²/m 2
Tabela 8.12 – Resumo das armaduras relativas ao efeito térmico para cada
método
T Mt,u Ast
Método Observações
(°C) (kN.cm/m) (cm²/m)
Safarian apresenta um menor valor de T por desprezar
44,5°C na diferença entre as temperaturas internas com
as externas alegando que a temperatura do produto
armazenado diminui quando se aproxima da face interna
do silo, além de indicar uma equação para Kt
(transferência de calor pela parede de concreto), que
também reduz o valor de T, e pode ser determinada
Safarian 13,46 54.760,01 43,43
somente pela espessura da parede. Para o cálculo do
esforço propõe a determinação de um momento fletor
circunferencial pela equação proposta segundo a
Resistência dos Materiais. Uma observação importante é
que Safarian faz uma conversão da temperatura a ser
desprezada de 80°F para 44,5°C ao que deveria ser
26,6°C.
Bohm não despreza valor algum para o T, porém considera
a redução pelo princípio da transferência de calor numa
relação entre condutividade térmica do concreto,
Bohm 88,6 22.205,47 17,61
condutividade da superfície concreto-ar e da condutância da
superfície concreto-calor do produto cujos valores são
respectivamente 2, 15 e 5.
Ciesielski apresenta a mesma metodologia e critério de
Bohm para a redução do T pelo princípio da transferência
Ciesielski 89,0 26.766,33 21,23
de calor, porém com diferentes valores, conforme adotado
pelo autor, respectivamente 1.5, 8 e 20.
A norma ACI 313, utiliza os mesmos critérios e métodos do
Safarian, exceto por algumas diferenças: para o cálculo do
ACI 313 13,46 88.532,87 70,22
momento fletor utiliza a equação segundo a teoria da
elasticidade e não menciona a conversão de 80°F.
125
porém, tem sido pouco praticado no mercado por razões financeiras, culturais e de
prazo exigido para o término do projeto.
Como premissa para a análise, foi considerada a temperatura interna (Ti) igual a
95°C e a temperatura externa (Te) numa condição extrema de inverno como sendo
5°C, conforme Figura 8.19.
127
Para o silo de sistema convencional também foi utilizado o mesmo critério, sendo
consideradas as mesmas características geométricas, as mesmas propriedades dos
materiais construtivos e do produto armazenado. Também foram mantidas as malhas
e as ações permanentes, sendo apenas destacada a consideração ou não da ação
da temperatura, de modo a permitir a verificação das diferenças, como pode ser
observado na Tabela 8.14.
A partir dos resultados obtidos, conclui-se que o silo de cone invertido resultou em
menores tensões e deformações do que no silo de sistema convencional, e que as
pressões de maiores valores estão localizadas numa pequena área próxima ao canal
de fluxo, e não foram suficientes para gerar tensões e deformações maiores do que
as constatadas no silo de sistema convencional. Para os dois modelos, as tensões
crescem quando se aproximam da tremonha, enquanto as deformações são maiores
quando estão mais próximas do topo do silo. Pelos resultados já mencionados, supõe-
se que o silo de cone invertido exigirá menor taxa de armadura, podendo ser uma
solução mais econômica, mas como o dimensionamento e o detalhamento não
fizeram parte deste trabalho, ainda não há como ratificar de forma assertiva esta
potencial economia.
única norma, ou seja, adotar os critérios sugeridos pela mesma norma utilizada na
determinação dos carregamentos.
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135
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