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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DIMENSIONAMENTO DE UM CABO DE AÇO E ANÁLISE DOS


ESFORÇOS EM UMA TIROLESA

Jéferson Luís Fell

Lajeado/RS, junho de 2023


Jéferson Luís Fell

DIMENSIONAMENTO DE UM CABO DE AÇO E ANÁLISE DOS


ESFORÇOS EM UMA TIROLESA

Projeto de Monografia apresentado na


disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso II, do curso de Engenharia
Mecânica, da Universidade do Vale do
Taquari - Univates, como parte da
exigência para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Me. Marcelo dos Santos


Barretos.

Lajeado/RS, junho de 2023


Jéferson Luís Fell

DIMENSIONAMENTO DE UM CABO DE AÇO E ANÁLISE DOS


ESFORÇOS EM UMA TIROLESA

A Banca examinadora abaixo aprova a Monografia apresentada no componente


curricular Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de Engenharia Mecânica, da
Universidade do Vale do Taquari – Univates, como parte da exigência para a
obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica:

Prof. Me. Marcelo dos Santos Barretos –


orientador Universidade do Vale do Taquari –
Univates

Prof. Dr. Rafael Crespo Izquierdo - avaliador


Universidade do Vale do Taquari – Univates

Eng. Júlio Damyan Imbriaco Silveira - avaliador


Universidade do Vale do Taquari – Univates

Lajeado/RS, junho de 2023


AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar minha sincera gratidão a todos aqueles que, de alguma


forma, me incentivaram ao longo da minha jornada acadêmica. Agradeço
imensamente minha família, meus amigos e meus pais, por serem minha base e por
todo o apoio incondicional. Em especial, desejo agradecer minha noiva, que esteve
ao meu lado constantemente, me incentivando e apoiando para alcançar esta
conquista significativa. Sou imensamente grato por todo o apoio e amor que recebi
ao longo dessa jornada.
Agradecer também de forma especial meu orientador Me. Marcelo dos Santos
Barretos, que sempre me passou os ensinamentos e sugestões para a elaboração
deste trabalho.
A todos os professores e coordenação do Curso de Engenharia Mecânica da
Univates que não mediram esforços para passar seus conhecimentos durante as
aulas ao longo destes anos, e que foram fundamentais para minha formação, meus
sinceros agradecimentos.
RESUMO

Com o passar do tempo os esportes radicais vem crescendo e atraindo cada vez
mais adeptos, muitos procurando desafiar a si mesmos, despertando seu espírito
aventureiro. Contudo, estes equipamentos precisam ser cuidadosamente
dimensionados, respeitando rigorosamente fatores de segurança recomendados, já
que, em sua maioria, este tipo de esporte leva a certo risco seus praticantes. E
pensando nisso, esta monografia tem como tema de pesquisa o dimensionamento
do cabo de aço a ser utilizado em uma tirolesa, cujo percurso é de 150 metros com
um desnível de 20 metros, o dimensionamento inclui a análise dos esforços
envolvidos no cabo de aço, o cálculo do diâmetro do cabo de aço, seguindo as
normas técnicas ABNT NBR pertinentes ao assunto e também a proposta do tipo de
cabo mais indicado para utilização na tirolesas. Para o desenvolvimento dos cálculos
será realizado o estudo do movimento e das forças envolvidas neste tipo de
equipamento. Também será realizada a construção de um modelo da tirolesa em
escala reduzida, fazendo a medição das cargas de tração com o auxílio de um
dinamômetro, e posteriormente, realizar a análise destes dados no software Minitab
Statistical. Os resultados obtidos com o estudo foram um cabo de diâmetro 3/4" do
tipo Seale com alma de fibra. E para tal projeto foram utilizadas bibliografias
referentes ao assunto abordado, tendo em vista as exigências de segurança
necessárias para não oferecer riscos aos praticantes.

Palavras-chaves: tirolesa; cabo de aço; dimensionamento; segurança.


ABSTRACT

Over time, extreme sports have been growing and attracting more and more
enthusiasts, many seeking to challenge themselves, awaken their adventurous spirit.
However, these equipment need to be carefully dimensioned, strictly respecting
recommended safety factors, since most of these sports involve a certain risk for their
practitioners. With that in mind, this monograph's research topic is the dimensioning
of the steel cable to be used in a zipline, which has a distance of 150 meters with a
vertical drop of 20 meters. The dimensioning includes the analysis of the forces
involved in the steel cable, the calculation of the cable's diameter, following the
relevant technical standards from ABNT NBR, and also proposing the most suitable
type of cable for zipline use. To develop the calculations, the study will include the
analysis of motion and forces involved in this type of equipment. Additionally, a
scaled-down model of the zipline will be constructed, measuring the tensile loads
with the aid of a dynamometer, and subsequently analyzing this data in the Minitab
Statistical software. The study's results indicate a 3/4" diameter cable of the Seale
type with a fiber core. Bibliographic references related to the subject matter were
used for this project, taking into account the necessary safety requirements to ensure
no risks are posed to the practitioners.

Palavras-chaves: zip line; steel cable; dimensioning; safety.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de triângulo ..................................................................................17


Figura 2 - Triângulo retângulo .....................................................................................18
Figura 3 - Velocidade média e inclinação da reta secante .........................................20
Figura 4 - Velocidade média e instantânea ................................................................21
Figura 5 - Exemplo de plano inclinado ........................................................................23
Figura 6 - Forças em plano inclinado sem atrito .........................................................23
Figura 7 - Componentes básicos dos cabos de aço ...................................................26
Figura 8 - Tipos de enrolamentos dos cabos de aço ..................................................27
Figura 9 - Tipos de cabos de aço................................................................................28
Figura 10 - Tipos de alma dos cabos de aço ..............................................................30
Figura 11 - Exemplo de utilização cabo catenário ......................................................33
Figura 12 - Diagrama de corpo livre das forças concentradas no cabo. ....................34
Figura 13 - Esforços presentes em um cabo catenário ..............................................35
Figura 14 - Alguns exemplos de formação de curvas catenárias ...............................36
Figura 15 - Fluxograma das atividades previstas .......................................................43
Figura 16 - Concepção da estrutura ...........................................................................48
Figura 17 - Plano inclinado da tirolesa ........................................................................49
Figura 18 - Modelagem tirolesa. .................................................................................53
Figura 19 - Triângulo de forças no cabo .....................................................................55
Figura 20 - Modelo reduzido em 10 vezes ..................................................................57
Figura 21 - Dinamômetro ............................................................................................57
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação entre carga de ruptura e efetiva e teórica em porcentagem .......30


Tabela 2 - Flexibilidade x Resistência à abrasão .......................................................31
Tabela 3 - Categoria de resistência a tração dos arames (excluindo-se os arames
centrais e de enchimento) para as seguintes categorias de resistência. ...................31
Tabela 4 - Classes de resistência com suas respectivas categorias .........................32
Tabela 5 - Fatores de segurança para algumas aplicações .......................................37
Tabela 6 - Fator de segurança mínimo Zp ..................................................................40
Tabela 7 - Classe de utilização ...................................................................................40
Tabela 8 - Classes de espectro ..................................................................................41
Tabela 9 - Grupos de mecanismos .............................................................................41
Tabela 10 - Iteração da variável 𝑐 ...............................................................................54
Tabela 11 - Medição de forças....................................................................................58
Tabela 12 - Valores reais e níveis atribuídos..............................................................61
Tabela 13 - Grupos de mecanismos ...........................................................................65
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Gráfico de dispersão Força x Distância (93kg) .........................................60


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

NBR Norma Brasileira


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
kgf Quilograma-força
𝜃 Ângulo teta
kg Quilograma
N Newton
m Metro
m/s² Metro por segundo ao quadrado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................13
1.1 Tema .....................................................................................................................14
1.2 Delimitação do tema ...........................................................................................14
1.3 Problema de pesquisa ........................................................................................14
1.4 Hipótese ...............................................................................................................14
1.5 Objetivo geral ......................................................................................................15
1.6 Objetivos específicos .........................................................................................15
1.7 Justificativa ..........................................................................................................15

2 REVISÃO TEÓRICA ................................................................................................16


2.1 Tirolesa .................................................................................................................16
2.2 Trigonometria ......................................................................................................17
2.3 Teorema de Pitágoras .........................................................................................18
2.4 Leis de Newton ....................................................................................................18
2.5 Movimento de uma partícula..............................................................................19
2.6 Movimento em plano inclinado..........................................................................22
2.7 Tensões de tração ...............................................................................................24
2.8 Cabos de aço .......................................................................................................25
2.9 Características dos cabos de aço .....................................................................26
2.10 Nomenclatura dos cabos de aço .....................................................................27
2.11 Tipos de cabo de aço ........................................................................................28
2.12 Alma dos cabos de aço ....................................................................................29
2.13 Resistência em cabos de aço ..........................................................................30
2.14 Tensões em cabos de grandes vãos ..............................................................32
2.15 Cargas concentradas em cabos ......................................................................34
2.16 Catenária ............................................................................................................35
2.17 Fator de Segurança para cabos de aço ..........................................................36
2.18 Dimensionamento do cabo de aço para transporte de pessoas .................37
2.18.1 Método do fator C ..........................................................................................38
2.18.2 Método do fator de segurança prático mínimo 𝒁𝒑 .....................................39
2.18.3 Classe de utilização .......................................................................................40
2.18.4 Espectro de carga ..........................................................................................40

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................42


3.1 Método Científico ................................................................................................42
3.2 Modo de abordagem ...........................................................................................42
3.3 Objetivos ou fins da pesquisa ...........................................................................43
3.4 Procedimentos técnicos .....................................................................................43
3.4.1 Análise da dinâmica do movimento ...............................................................44
3.4.2 Definição do tipo do cabo de aço ...................................................................44
3.4.3 Cálculo da força no cabo de aço ....................................................................44
3.4.4 Construção do modelo em escala reduzida ..................................................44
3.4.5 Medição das forças no cabo em escala reduzida.........................................44
3.4.6 Medição das forças de tração com as cargas ..............................................45
3.4.7 Medição da carga dinâmica ............................................................................45
3.4.8 Análise das forças e projeção para escala real ............................................45
3.4.9 Correção do diâmetro do cabo de aço ..........................................................45
3.4.10 Cálculo do grupo de mecanismo e fator 𝒁𝒑 ................................................46
3.4.11 Avaliação dos resultados obtidos ................................................................46
3.4.12 Proposta final do cabo de aço ......................................................................46

4 DESENVOLVIMENTO .............................................................................................47
4.1 Concepção da estrutura .....................................................................................47
4.2 Análise da dinâmica do movimento ..................................................................48
4.3 Definição do tipo do cabo de aço .....................................................................51
4.4 Cálculo da força no cabo de aço .......................................................................52
4.5 Contrução do modelo em escala reduzida .......................................................56
4.6 Medição da força gerada no cabo de aço em escala reduzida .....................57
4.7 Medição das forças de tração com as cargas .................................................58
4.8 Medição da carga dinâmica ...............................................................................59
4.9 Análise das forças e projeção para escala real ...............................................59
4.10 Correção do diâmetro do cabo ........................................................................62
4.11 Cálculo do grupo de mecanismo ....................................................................63
4.12 Cálculo do Fator de Segurança Prático Mínimo 𝒁𝒑 ......................................65
4.13 Avaliação dos resultados obtidos ...................................................................66
4.14 Proposta final do tipo e diâmetro do cabo de aço ........................................67

5 CONCLUSÃO ..........................................................................................................68

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................69

ANEXOS .....................................................................................................................72

ANEXO A – Catálogo cabos de aço ........................................................................73


13

1 INTRODUÇÃO

A adrenalina instiga cada vez mais as pessoas a viver diferentes emoções e a


buscar novas aventuras, sendo os esportes radicais uma excelente opção de
divertimento para esses indivíduos. Logo, uma das formas muito utilizadas para este
tipo de diversão são as tirolesas, que estão cada vez mais presentes nos parques de
diversões e centros de lazer.
Uma tirolesa trata-se de uma linha aérea que interliga dois pontos com um
certo grau de desnível, e é conectado a esta linha que o praticante desliza de um
ponto a outro (ABNT, NBR 15500, 2014). Para o deslocamento existem uma série
de equipamentos que auxiliam a descida da pessoa, como roldanas, cintos,
equipamentos de fixação, etc.
E para a construção destes equipamentos o principal elemento é o cabo de
aço ou ainda as cordas, pois são eles que darão sustentação para as pessoas que
irão praticar o esporte. Melconian (2019, p.267), define cabo de aço como “elemento
de construção mecânica utilizados em transporte de carga, como guindaste,
elevador, ponte rolante, escavadeira, bate-estacas, etc.”
Além disso, por se tratar de um elemento mecânico que dá sustentação a
uma pessoa, ele precisa ser cuidadosamente dimensionado, respeitando os
coeficientes de segurança estabelecidos por normas. Conforme estabelece a NBR
16334, cabos para transporte de pessoas em teleféricos precisam ter um coeficiente
de no mínimo 4,0 (ABNT, NBR 16334, 2022).
O presente trabalho tem por objetivo estudar quais os esforços que envolvem
os cabos deste tipo de construção, bem como o dimensionamento e qual a melhor
forma construtiva de um cabo de aço para estes equipamentos, levando em
consideração os fatores de segurança pertinentes a este processo.
14

1.1 Tema

O tema do presente trabalho se refere ao dimensionamento do cabo de aço


de uma tirolesa horizontal inclinada, bem como a análise dos esforços envolvidos
neste tipo de equipamento.

1.2 Delimitação do tema

O trabalho tem por delimitação do tema o dimensionamento e definição do


tipo do cabo de aço para uma tirolesa com vão de 150 metros entre pilares e uma
diferença de 20 metros entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo, instalada em
campo aberto. Realizando a análise de forças estática e dinâmica. Portanto não
compreende os cálculos de ancoragem, alongamento, avaliação do solo, torres de
sustentação e ação do vento sobre a estrutura.
O presente trabalho também não contempla os meios de resgate, salvamento,
fixação e acomodação do esportista.

1.3 Problema de pesquisa

Quais os esforços envolvidos em um cabo de aço de uma tirolesa e como


calcular o diâmetro do cabo considerando uma determinada massa de uma pessoa
e o vão do equipamento?

1.4 Hipótese

Tendo em vista a carga a ser utilizada na tirolesa em com base em outros


equipamentos observados através de visitas, estima-se que utilizando os fatores de
segurança recomendados pelas normativas chega-se em um diâmetro do cabo de
aço de 1/2”, e uma velocidade do praticante entre 70 km/h e 80 km/h.
15

1.5 Objetivo geral

Dimensionar um cabo de aço de uma tirolesa, para uma pessoa de massa


100kg considerando a dinâmica envolvida no processo.

1.6 Objetivos específicos

• Calcular a velocidade do esportista;


• Construir um modelo em escala reduzida;
• Calcular/medir as forças envolvidas no cabo de aço;
• Realizar as projeções das forças no Minitab Statistical;
• Dimensionar e propor o cabo de aço mais adequado.

1.7 Justificativa

Tratando-se de um esporte radical, as tirolesas precisam ser bem projetadas


e dimensionadas para que não ofereçam riscos aos praticantes. Em vista disso, a
escolha do tipo do cabo de aço, como também, o cálculo do diâmetro correto,
seguindo fatores de segurança indicados pelas literaturas, é de fundamental
importância para garantir a segurança do equipamento.
Portanto, justifica-se este trabalho pela importância da garantia da integridade
física dos praticantes da tirolesa, para que este esporte seja praticado de forma
segura e proporcione às pessoas uma experiência agradável.
16

2 REVISÃO TEÓRICA

O presente capítulo apresenta uma revisão bibliográfica dos assuntos


pertinentes para o dimensionamento de cabos de aço, bem como, normas técnicas
que englobam os quesitos de segurança deste tipo de equipamento.

2.1 Tirolesa

A tirolesa é originária da Áustria, mais precisamente da região do Tirol, daí


também a origem do seu nome, e inicialmente era utilizada para transportar animais,
mantimentos e pessoas por cima dos rios (TIROLESA..., 2021).
Mais tarde, por volta do século XIX, com conflitos acontecendo pela Europa, a
tirolesa também se tornou um meio de transporte seguro para os soldados
desviarem das minas e explosivos (TIROLESA..., 2021).
A tirolesa consiste na fixação de uma corda ou cabo de aço entre dois pontos,
que podem estar no mesmo nível ou em níveis diferentes, no qual o praticante com
a utilização dos equipamentos de segurança se desloca com certa velocidade de um
ponto a outro (TUDO..., 2019).
Existem duas modalidades mais comuns para a prática deste esporte, uma se
chama tirolesa seca, no qual o participante parte da plataforma parando em terra
firme, e a outra se chama tirolesa molhada, onde o participante faz sua parada
dentro da água, exemplo, um lago (TIROLESA, 2020).
A norma brasileira NBR 15500, define tirolesa como sendo “[...] linha aérea
tensionada que liga dois pontos afastados na horizontal ou em desnível, onde o
17

participante conectado a ela desliza entre um ponto e outro, utilizando


procedimentos e equipamentos específicos” (ABNT, NBR 15500, 2014, p. 5).
A maior tirolesa do mundo fica localizada nos Emirados Árabes Unidos e se
chama Jebel Jais, ela tem aproximadamente 2,8 km de extensão e o praticante pode
atingir até 150 km/h (AVENTUREIROS..., 2021).
Conforme norma NBR 15508-1, é aconselhável que o diâmetro mínimo do
cabo de aço para tirolesa deve ser de 3/8”, e o cabo atenda a norma NBR 2408
(ABNT, NBR 15508-1, 2018).

2.2 Trigonometria

Nos primórdios a trigonometria era tratada como uma área da geometria e era
utilizada para determinar algumas distâncias. A palavra trigonometria tem origem
grega no qual trigonon quer dizer triângulo e metrein tem significado de medir. A
trigonometria possui três funções principais que são, seno, cosseno e tangente, que
inicialmente foram determinadas como sendo a divisão entre os lados de um
triângulo retângulo (YOUNG, 2017).
A figura 1 representa a determinação dos lados do triângulo retângulo
(BONETTO; MUROLO, 2016).

Figura 1 - Exemplo de triângulo

Fonte: Bonetto e Murolo, (2016).

As relações trigonométricas de um triângulo retângulo são representadas da


seguinte forma:

𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑎 𝛼
𝑠𝑒𝑛 𝛼 = (1)
ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎
18

𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑𝑗𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝛼
𝑐𝑜𝑠 𝛼 = (2)
ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎

𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑎 𝛼
𝑡𝑔 𝛼 = 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑𝑗𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝛼 (3)

2.3 Teorema de Pitágoras

De acordo com Silva (2023), o Teorema de Pitágoras é uma expressão


matemática aplicada em triângulos retângulos, ou seja, onde pelo menos um dos
ângulos do triângulo tenha 90°, no qual é feita a relação entre os lados deste
triângulo, chamados de hipotenusa, lado este que fica oposto ao ângulo de 90° e
também é o maior dos lados; e os catetos que são as arestas adjacentes ao ângulo
de 90°.

Figura 2 - Triângulo retângulo

Fonte: Silva, (2023).

O teorema pode ser definido como sendo o quadrado da hipotenusa é igual a


soma do quadrado dos catetos, portanto tem-se (SILVA, 2023).

𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2 (4)

2.4 Leis de Newton

Também chamada de cinética, o estudo da dinâmica e forças que envolvem o


movimento de uma partícula podem ser expressas pelas leis do movimento de
Newton (NELSON et al., 2013).
19

A primeira Lei de Newton diz que todo corpo tende a permanecer em repouso
ou movimento a menos que uma força externa atue sobre ele alterando seu estado
original (NELSON et al., 2013).
A segunda Lei de Newton diz que toda massa com uma determinada
aceleração resulta em uma força, conforme equação 5 (NELSON et al., 2013).

𝑑𝑣
𝐹 = 𝑚 𝑑𝑡 = 𝑚. 𝑎 (5)

onde:
m = massa (kg);
a = aceleração (m/s²);
F = força (N).

A terceira Lei de Newton em suma explica que para toda ação existe uma
reação de igual intensidade porém de sentido contrário (NELSON et al., 2013).
De acordo com Nelson et al. (2013), a força peso pode ser determinada pelo
produto da massa do objeto pela aceleração da gravidade.

𝑊 = 𝑚. 𝑔 (6)

onde:
𝑊 = peso (N);
𝑚 = massa (kg);
𝑔 = aceleração da gravidade (m/s²).

2.5 Movimento de uma partícula

Os primeiros estudos relacionados à dinâmica de uma partícula foram


descritos por Galileu e posteriormente aprimorados por Newton que deram origem
às leis fundamentais do movimento (BEER et al., 2019).
O campo da dinâmica pode ser dividido em duas áreas, a cinemática, que
relaciona aceleração, velocidade, deslocamento e tempo, fazendo um estudo da
geometria de como o movimento acontece, sem se preocupar com a origem do
movimento. A outra área trata-se da cinética, este campo relaciona as forças
envolvidas para realização de um determinado movimento (BEER et al., 2019).
20

De acordo com Beer et al. (2019), o movimento retilíneo de uma partícula é


quando ela se desloca ao longo de uma linha reta, e para a modelagem deste tipo
de movimento precisam ser conhecidas as variáveis tempo e distância, com isso
podendo definir velocidade, posição e aceleração do movimento.
Segundo Nelson et al. (2013), a dinâmica de uma partícula em movimento
retilíneo pode ser calculada pelas seguintes equações:
A velocidade média de uma partícula que varia num intervalo de tempo 𝑡 em
relação a sua posição 𝑥, é expressa na equação 7.

𝛥𝑥
𝑣𝑚é𝑑 = (7)
𝛥𝑡

Para Marques (2016) a inclinação da reta secante entre o ponto inicial e final
da curva de um movimento em determinado intervalo de tempo pode ser
considerada igual a velocidade média do deste movimento, conforme ilustra a figura
3.

Figura 3 - Velocidade média e inclinação da reta secante

Fonte: Marques (2016).

A velocidade instantânea quando o intervalo de tempo 𝑡 de medição da


velocidade tende a zero, é expressa na equação 8.

Δ𝑥 𝑑𝑥
𝑣 = lim = (8)
∆𝑡→0 𝛥𝑡 𝑑𝑡

Da mesma forma Marques (2016), ressalta que para definição da velocidade


instantânea uma reta tangente a curva do movimento se formará, quando o intervalo
21

de tempo é reduzido, assim a velocidade média será medida em um curto espaço de


tempo, podendo assim ser considerada como constante, conforme ilustra a figura 4.

Figura 4 - Velocidade média e instantânea

Fonte: Marques (2016).

A aceleração média durante um tempo 𝑡 na qual sua velocidade muda, é


expressa na equação 9.

𝛥𝑣
𝑎𝑚é𝑑 = (9)
𝛥𝑡

A aceleração instantânea quando o intervalo de tempo 𝑡 de medição da


aceleração tende a zero, é expressa na equação 10 e 11.

∆𝑣 𝑑𝑣 𝑑²𝑥
𝑎 = lim = = (10)
∆𝑡→0 𝛥𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡²

ou

𝑑𝑣 𝑑𝑥 𝑑𝑣
𝑎 = 𝑑𝑥 𝑑𝑡 = 𝑣 𝑑𝑥 (11)

Quando a aceleração for constante, 𝑎 = 𝑎0 as seguintes equações podem ser


utilizadas.

𝑣 = 𝑣0 + 𝑎0 𝑡 (12)
22

𝑣 2 = 𝑣02 + 2𝑎0 𝑠 (13)

1
𝑠 = 𝑣0 𝑡 + 2 𝑎0 𝑡 2 (14)

1
𝑠 = 2 (𝑣 + 𝑣0 )𝑡 (15)

onde:

𝑣0 = velocidade inicial;
𝑣 = velocidade final;
𝑎0 = aceleração constante;
𝑡 = tempo;
𝑠 = deslocamento.

2.6 Movimento em plano inclinado

De forma resumida, plano inclinado é uma superfície planificada no qual


existe uma diferença de altura entre as duas extremidades, formando um ângulo
com o plano horizontal (PLANO..., 2020).
Uma situação de movimento em plano inclinado é o movimento de um caixote
em uma rampa, no qual o caixote exerce uma força peso sobre a rampa e da
mesma forma a rampa exerce uma força F da mesma magnitude sobre o caixote,
esta força F é decomposta em duas outras forças, são elas, a força normal Fn que é
perpendicular a superfície do piso e a outra seria a força de atrito 𝑓𝑎 , conforme figura
5 (TIPLER; MOSCA, 2011).
23

Figura 5 - Exemplo de plano inclinado

Fonte: Tipler e Mosca (2011).

Para Marques (2016), as forças envolvidas em um plano inclinado sem atrito


podem ser resumidas como a força peso (P) e a força normal (N), que podem ser
orientadas por seus respectivos componentes nos eixos X e Y de acordo com o
ângulo do plano.
Considerando que as forças P e N não estão para uma mesma direção e não
podem ser anuladas, o objeto terá uma aceleração ao longo do plano descendente.
Assim, adota-se X como sendo o eixo paralelo ao plano e teremos uma aceleração
ao longo deste eixo, conforme figura 6 (MARQUES, 2016).

Figura 6 - Forças em plano inclinado sem atrito

Fonte: Marques (2016)

As equações que descrevem o movimento no plano inclinado podem ser


observadas abaixo (MARQUES, 2016).

𝑃𝑥 = 𝑃. 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚. 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃 (16)


24

𝑃𝑦 = 𝑃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 𝑚. 𝑔. 𝑐𝑜𝑠𝜃 (17)

𝑁 = 𝑚. 𝑔. 𝑐𝑜𝑠𝜃 (18)

𝑃𝑥 = 𝑚. 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑚. 𝑎𝑥 (19)

𝑎𝑥 = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃 (20)

Onde:
𝑎𝑥 = aceleração no plano inclinado;
𝑁 = força normal;
𝑃𝑥 = componente da força peso no eixo X;
𝑃𝑦 = componente da força peso no eixo Y;
𝑚 = massa;
𝑔 = aceleração da gravidade.

2.7 Tensões de tração

De acordo com Mott (2015), tensões trativas são as forças internas


resultantes da aplicação de uma carga externa em uma determinada área. Tensões
de tração e compressão são classificadas como tensões normais, sendo tração
considerada uma tensão positiva e compressão uma tensão negativa.
Ainda segundo Mott (2015), o cálculo das tensões de tração e compressão,
quando o carregamento for uniforme em toda área da seção transversal, pode ser
calculado pela seguinte equação:

𝐹
𝜎=𝐴 (21)

Onde:
𝜎 = Tensão de tração/compressão;
F = Força;
A = Área transversal.
25

2.8 Cabos de aço

A primeira concepção de cabo de aço surgiu em 1834 nas minas de carbono


na Alemanha, e foram criadas por Wilhelm Albert, no qual consistia na trefilação de
fios de arame torcidos com a finalidade de substituir as correntes. Com o passar dos
anos houveram evoluções, mas mantendo o princípio criado na época, que são
arames agrupados de forma helicoidal com capacidade, principalmente, de resistir a
forças de tração com certo grau de flexibilidade (ALMEIDA; LIMA; BARBIERI, 2022).
Quadros (2018), define cabo de aço como sendo um componente delgado e
flexível capaz de suportar cargas axiais. Fabricado com arames estirados a frio e
enrolados formando uma perna e esta perna enrolada em torno de uma alma ou
núcleo, formando o cabo propriamente dito.
Quanto aos materiais utilizados na fabricação dos cabos de aço, em sua
grande maioria são utilizados aço de alto carbono, mas também existem em aços
inoxidáveis, as ligas mais utilizadas deste tipo são AISI 302, 304, 316 ou 305,
também podem ser fabricados em Monel e bronze (COLLINS; BUSBY; STAAB,
2019).
Segundo Almeida, Lima e Barbieri (2022), os cabos de aço são compostos
por 3 itens fundamentais, alma, pernas e arames. Contudo, existem diversas
variações para atender diferentes necessidades e aplicações, dentre eles expõe-se
setores como aviação, siderurgia, mineração, construção civil, elevadores, dentre
outros, a figura 7 ilustra os principais componentes de um cabo de aço.
26

Figura 7 - Componentes básicos dos cabos de aço

Fonte: Almeida, Lima e Barbieri (2022).

Almeida, Lima e Barbieri (2022), ressaltam ainda, que os cabos de aço


também podem ser fornecidos com revestimento galvânico, visando aumentar a
resistência do cabo contra a corrosão e abrasão, visto que o revestimento de zinco
proporciona menos atrito entre polias e arames.

2.9 Características dos cabos de aço

Conforme Almeida, Lima e Barbieri (2022), os cabos são fornecidos com


características pré-fabricadas, ou seja, seus arames e pernas são fabricados já com
enrolamento helicoidal. Isso evita que o cabo se desenrole quando submetido a
cargas de tração, como também diminui as tensões internas no cabo.
De acordo com Budynas e Nisbett (2016), existem duas formas de
enrolamento dos cabos de aço. Uma delas é o entrelaçado regular, que consiste no
enrolamento dos arames da perna em um sentido e o enrolamento das pernas no
cabo no sentido oposto. Desta forma, com o cabo pronto, os arames ficam
praticamente paralelos ao eixo longitudinal do cabo, tornando o cabo de fácil
manuseio, insuscetível de distorção e enroscamento.
A outra forma de enrolamento denomina-se entrelaçado concordante,
também chamado de Lang. Este tipo de cabo tem os arames das pernas torcidos em
um sentido e as pernas enroladas no cabo para o mesmo sentido dos arames, assim
27

ficando os arames em diagonal com o eixo longitudinal do cabo finalizado, a figura 8


ilustra os tipos de enrolamento em cabos de aço (BUDYNAS; NISBETT, 2016).

Figura 8 - Tipos de enrolamentos dos cabos de aço

Fonte: Budynas e Nisbett (2016).

2.10 Nomenclatura dos cabos de aço

Os cabos de aço convencionais seguem uma nomenclatura mundial


padronizada, no qual é informado número de pernas, arames e tipo de alma
(ALMEIDA; LIMA; BARBIERI, 2022).
Existem diversos tipos de abreviações utilizadas em cabos de aço (ALMEIDA;
LIMA; BARBIERI, 2022).

• AA - alma de aço;
• AF - alma de fibra natural;
• AFA - alma de fibra artificial;
• AACI - alma de aço de cabo independente;
• F - Filler;
• S - Seale;
• W - Warrington;
• WS - Warrington-Seale.

Conforme Budynas e Nisbett (2016), a nomenclatura dos cabos de aço segue


a seguinte regra: O primeiro número se refere ao diâmetro nominal do cabo, o
segundo número é o número de cordões (pernas) do cabo e o terceiro número é o
28

número de fios (arames) em cada perna. Logo, a designação completa seria, 28mm
6 x 7, como exemplo.

2.11 Tipos de cabo de aço

Conforme Melconian (2019), existem 3 tipos de classificação para os cabos


de aço, quanto a sua composição, que são as seguintes:

• Warrington;
• Filler;
• Seale.

Figura 9 - Tipos de cabos de aço

Fonte: Melconian (2019).

Conforme Almeida, Lima e Barbieri (2022), em cabos de aço com perna Seale
predominam arames de diâmetro grande em sua última camada, e são cabos
resistentes a abrasão. Uma configuração bastante utilizada deste tipo de cabo de
aço é a 19 arames (9+9+1).
Já os cabos de perna Filler utilizam arames finos para preenchimento entre as
camadas de arames mais grossos, isso gera uma maior área de contato, diminuindo
o esmagamento. Uma composição muito comum deste cabo é de 25 arames
(12+6+6+1) (ALMEIDA; LIMA; BARBIERI, 2022).
Os cabos com perna Warrington possuem dois diâmetros de arames
alterados em sua última camada, indicados para resistência ao desgaste e a fadiga,
configuração comum deste cabo é de 19 arames (1+6+6+6) (ALMEIDA; LIMA;
BARBIERI, 2022).
Ainda existem os cabos de perna combinada, que é o caso do Warrington-
Seale, que agrupa as melhores características de cada um, com arames mais
29

grossos na camada externa, para uma boa resistência a abrasão, e internamente,


arames mais finos para melhor flexibilidade. Uma composição mais usual é de 36
arames (1+7+7+7+14) (ALMEIDA; LIMA; BARBIERI, 2022).

2.12 Alma dos cabos de aço

As almas dos cabos de aço têm a função de distribuir uniformemente para as


pernas as forças de tração aplicadas no cabo. A alma fica no centro do cabo
formando o núcleo e as pernas são enroladas em sua volta de forma helicoidal
(ALMEIDA; LIMA; BARBIERI, 2022).
De acordo com Melconian (2019), os cabos de aço podem ter diferentes tipos
de alma, podem ser elas:

• Fibras naturais (AF);


• Fibras artificiais (AFA);
• Alma de aço (AA).

As almas de fibras artificiais têm um custo superior quando comparadas às


fibras naturais, porém possuem um desempenho melhor, pois não sofrem com a
presença de umidade ou outros agentes agressivos, e normalmente são utilizadas
em cabos especiais. Os cabos com alma de aço tem maior resistência ao
amassamento (MELCONIAN, 2019).
Como desvantagens dos cabos com alma de fibra podemos citar a utilização
em ambientes com altas temperaturas e também em condições em que o cabo é
submetido a altas pressões, podendo fazer com que o cabo se deforme (ALMEIDA
LIMA; BARBIERI, 2022).
Ainda segundo Almeida, Lima e Barbieri (2022), existem dois tipos de alma de
aço, a de cordão único, que é utilizada em cabos de diâmetros pequenos, em geral
até 6mm, e a alma de cabo independente, que contempla todos os demais
diâmetros. Cabos com alma de aço possuem uma resistência à tração maior que os
de alma de fibra.
30

Figura 10 - Tipos de alma dos cabos de aço

Fonte: Almeida, Lima e Barbieri (2022).

2.13 Resistência em cabos de aço

De acordo com Melconian (2019), existem duas formas de abordagem de


ruptura de cabos de aço, a carga de ruptura teórica, que é a multiplicação da área
total da seção transversal do cabo pela da tensão de ruptura de cada arame. A outra
forma é a carga de ruptura efetiva, a qual é obtida em laboratório através de testes
de tração até sua ruptura, sendo ela menor que a carga de ruptura teórica.

Tabela 1 - Relação entre carga de ruptura e efetiva e teórica em porcentagem


Porcentagem % Construção do cabo
96 Cordoalha de 3 a 7 fios
94 Cordoalha de 19 fios
90 6x12,0
87,5 6x24,0
86 6x7,0
82,5 6x25,6x19,8x19,0
80 6x41,6x37,0
72 6x42,18x7,0
Fonte: Melconian (2019).

A configuração das pernas dos cabos de aço tem influência direta com sua
utilização. Por exemplo, cabos com menos arames e arames de diâmetros maiores
apresentam uma maior resistência ao desgaste e menor resistência a fadiga. Já um
cabo equivalente com mais arames e arames de diâmetros menores é menos
resistente a abrasão a mais resistente a fadiga. Tal característica pode ser crucial
para a escolha de um cabo mais adequado para cada aplicação (ALMEIDA; LIMA;
BARBIERI, 2022).
31

Tabela 2 - Flexibilidade x Resistência à abrasão


Tipo de configuração do cabo Flexibilidade Resistência à abrasão
6x7 MÁX. MÁX
6x19 – Seale
6x21 – Filler
6x25 – Filler
6x36 – Warrington – Seale
6x37
6x41 - Warrington – Seale
Fonte: Almeida, Lima e Barbieri (2022)

Para Collins, Busby e Staab (2019), devido a sua geometria, os cabos de aço
com torção lang tem um desempenho em relação ao desgaste e fadiga de 15% a
20% superior ao cabo de torção regular. Isso porque existem menores deformações
fletoras e o fato da área de contato ser maior devido a geometria faz com que a
pressão em cada arame seja menor, assim, aumentando a resistência ao desgaste.
Collins, Busby e Staab (2019) ainda complementam que, em contrapartida, os
cabos de torção lang têm menor resistência ao esmagamento contra polias e
tambores, como também tendem a girar quando submetidos a grandes cargas,
devido ao seu enrolamento.
De acordo com a NBR 2408, os arames das pernas dos cabos de aço são
classificados por categorias, conforme ilustra a tabela 3 (ABNT, 2022a).

Tabela 3 - Categoria de resistência a tração dos arames (excluindo-se os arames


centrais e de enchimento) para as seguintes categorias de resistência.
Faixa de categoria de resistência à tração de
Categoria de resistência de cabos de aço
arames (N/mm2)
1570 1370 a 1770
1770 1570 a 1960
1960 1770 a 2160
2160 1960 a 2360
Fonte: ABNT (2022a)

Almeida, Lima e Barbieri (2022), complementam que a resistência está


diretamente relacionada com a matéria prima escolhida para fabricação do cabo, e
existem valores padronizados com suas respectivas siglas de identificação para
cada categoria, que podem ser PS, IPS, EIPS e EEIPS, conforme ilustra a tabela 4.
32

Tabela 4 - Classes de resistência com suas respectivas categorias


Sigla Faixa de resistência do aço Resistência a Tração
(MPa) Nominal (MPa)
PS (Plow Steel) 1370 – 1770 1570
IPS (Improved Plow Steel 1570 – 1960 1770
EIPS (Extra Improved Plow Steel) 1770 – 2160 1960
EEIPS (Extra, Extra Improved Plow Steel) 1960 – 2160 2160
Fonte: Almeida, Lima e Barbieri (2022).

2.14 Tensões em cabos de grandes vãos

Quando se trata de cabos utilizados em vãos maiores, temos que levar em


consideração a flecha máxima, pois tem grande influência no dimensionamento,
devido a falta de rigidez dos cabos (BOTELHO, 2013).
Segundo Botelho (2013), existem 3 tipos de distribuição de cargas em cabos,
são elas:
• Tipo A: são as cargas provenientes do próprio peso do cabo, sendo
distribuídas uniformemente ao longo da extensão do cabo. O formato do
cabo nesta situação é chamado de catenária, um exemplo, são os cabos
de alta tensão de redes elétricas;

• Tipo B: a carga é distribuída uniformemente entre a distância de dois


apoios sucessivos, o formato gerado no cabo é uma parábola. Um exemplo
é a sustentação de pontes pênseis. E pode-se calcular a força necessária
para tensionar este cabo para obter determinada flecha, para valores de
flecha reduzida podemos utilizar a mesma equação no cálculo da parábola
e catenária.
33

Figura 11 - Exemplo de utilização cabo catenário

Fonte: Botelho (2013).

Conforme Botelho (2013), este tipo de equação de deformação não segue


uma equação linear. Portanto, se mesmo dobrando o valor da força de estiramento,
o valor da flecha não é reduzido pela metade, então se desejar uma flecha tendendo
a zero, a força de tração necessária tenderá ao infinito.

• Tipo C: seria o caso de simultaneidade dos tipos mencionados acima.

Cabos parabólicos são aqueles que sustentam uma carga distribuída


horizontalmente por metro linear, e para serem classificados parabólicos o peso do
próprio cabo deve ser insignificante quando comparado ao peso do elemento que
ele está sustentando (BEER; JOHNSTON; MAZUREK, 2019).
A equação para definir a tração máxima em qualquer ponto do cabo catenária
está representada a seguir (BEER; JOHNSTON; MAZUREK, 2019.

𝑇 = √𝑇02 + 𝑤 2 𝑥 2 (22)

𝑤𝑥
𝑡𝑔𝜃 = (23)
𝑇0

Onde:
𝑇 = Tração no cabo, ao longo da tangente da curva;
𝑇0 = Tração horizontal, ponto mais baixo da parábola;
𝑊 = Resultante da carga distribuída;
34

𝑤 = Peso por metro linear da carga distribuída;


𝑥 = Comprimento da carga distribuída;
𝜃 = Ângulo do cabo.

2.15 Cargas concentradas em cabos

Para Beer, Johnston e Mazurek (2019), uma modelagem pode ser feita
considerando o cabo uma estrutura flexível e seu peso desconsiderado quando
comparado ao peso que ele deve suportar. As forças que atuam no cabo podem ser
reduzidas a duas forças e a força interna ser estendida ao longo do comprimento do
cabo.
Para calcular as forças de tração e as reações de apoio em cada seção do
cabo, deve-se estabelecer um ponto qualquer do cabo onde as coordenadas nos
eixos X e Y sejam conhecidas, fazendo o somatório dos momentos neste ponto em
relação ao ponto de fixação. A figura 12 ilustra um diagrama de corpo livre (BEER;
JOHNSTON; MAZUREK, 2019).

Figura 12 - Diagrama de corpo livre das forças concentradas no cabo.

Fonte: Beer, Johnston e Mazurek (2019)

Segundo Beer, Johnston e Mazurek (2019), quando o ângulo θ for máximo


obtemos a maior tração T no cabo, sendo tal seção do cabo adjacente a um dos
apoios do cabo.
35

2.16 Catenária

São os cabos que sustentam somente seu próprio peso, de forma uniforme e
distribuída, a força de tração da catenária pode ser calculada pela equação 24
(BEER; JOHNSTON; MAZUREK, 2019).

𝑇 = √𝑇02 + 𝑤²𝑠² (24)

Onde:
𝑇 = Tração no cabo, ao longo da tangente da curva;
𝑇0 = Tração horizontal, ponto mais baixo da parábola;
𝑊 = Resultante da carga distribuída;
𝑤 = Peso por metro linear do cabo;
𝑠 = Comprimento do cabo.

Figura 13 - Esforços presentes em um cabo catenário

Fonte: Beer, Johnston e Mazurek (2019)

Para simplificação dos cálculos, pode-se fazer algumas substituições.

𝑇0 = 𝑤𝑐 𝑊 = 𝑤𝑠 𝑇 = 𝑤√𝑐² + 𝑠² (25)

Na figura 13.b temos a ilustração de um segmento do cabo, contudo, como a


distância horizontal entre o ponto D e a carga W não são conhecidos, não é possível
calcular a curva do cabo (BEER; JOHNSTON; MAZUREK, 2019).
36

Figura 14 - Alguns exemplos de formação de curvas catenárias

Fonte: Beer, Johnston e Mazurek (2019)

A distância 𝑐, que tem origem no ponto mais baixo da catenária até os eixos
das coordenadas 𝑥 e 𝑦, é chamado de parâmetro da catenária (BEER; JOHNSTON;
MAZUREK, 2019).
Conforme explicam Beer, Johnston e Mazurek (2019), a equação do
comprimento da catenária pode ser calculada conforme equação 26.

𝑥
𝑠 = 𝑐 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝑐 (26)

Onde:
𝑠 = Comprimento do cabo;
𝑐 = Parâmetro da catenária;
𝑥 = Distância horizontal entre os pontos.

Portanto, a equação da catenária é descrita pela equação 27 (BEER;


JOHNSTON; MAZUREK, 2019).

𝑥
𝑦 = 𝑐 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝑐 (27)

Contudo Beer, Johnston e Mazurek (2019), ainda ressaltam que quando o


cabo está razoavelmente esticado a catenária pode ser substituída por uma
parábola, visto que a carga fica horizontalmente distribuída de maneira uniforme.

2.17 Fator de Segurança para cabos de aço

Segundo Melconian (2019), para casos gerais o coeficiente de segurança é


de um quinto da carga mínima de ruptura. Ele ainda ressalta que a importância da
37

utilização do fator de segurança correto aumenta a vida útil dos cabos e a segurança
na operação.

Tabela 5 - Fatores de segurança para algumas aplicações


Aplicações Fator de segurança
Cabos e cordoalhas estáticas 3a4
Cabos para tração horizontal 4a5
Guinchos 5
Pás, guindastes, escavadeiras 5
Pontes rolantes 6a8
Talhas elétricas e outras 7
Derriks (guindaste estacionário) 6a8
Laços (slings) 5a6
Elevadores de baixa velocidade (carga) 8 a10
Elevadores de alta velocidade (passageiros) 10 a 12
Fonte: Melconian (2019).

Conforme NBR 15508-1, o item 7.9.2 da norma estabelece que para os


cálculos de dimensionamento da linha de vida deve-se considerar no mínimo duas
vezes o valor da carga nominal, isso para que, em caso de necessidade de resgate,
um socorrista possa chegar até a pessoa a ser resgatada (ABNT, NBR 15508-1,
2018).
De acordo com a NBR 16334, considerando as forças principais em
teleféricos, como peso do veículo e carga útil, deve-se considerar um fator de
segurança mínimo de 4,0 para cabos de tração-sustentação, sendo este valor obtido
em teste efetivo de rompimento do cabo (ABNT, NBR 16334, 2022).

2.18 Dimensionamento do cabo de aço para transporte de pessoas

Antes de mais nada, vale lembrar que a NBR 8400-3, ressalta que as regras
para dimensionamento expostas nesta norma não solucionam todos os problemas,
nem são substitutas para um bom diálogo entre o fabricante do cabo e do
equipamento de elevação (ABNT, NBR 8400-3, 2019).
De acordo com a norma NBR 16334, os cabos de aço para transporte de
pessoas devem ser de fibra sintética maleável, com intuito de evitar a corrosão
interna do cabo, e fabricados com arame pré-formado, a norma recomenda a
38

utilização do cabo de torção Lang (ABNT, NBR 16334, 2022). A norma também
ressalta que o cabo não deve ter nenhum tipo de torção, dobra ou algo que altere
seu passo, bem como precisa ser constituído de uma peça única.
Conforme a NBR 16334, não é permitido a utilização de qualquer lubrificante
corrosivo, tanto na construção, quanto na operação, e devem ser compatíveis com
os materiais das polias e roldanas (ABNT, NBR 16334, 2022).
A mesma norma fala que para cabos de tração/sustentação deve-se realizar
testes de tensão com cargas de pelo menos 4,5 vezes o valor da carga de tração
máxima de funcionamento (ABNT, NBR 16334, 2022).
Conforme norma NBR 8400-3, para definição do grupo do mecanismo do
cabo, deve-se levar em consideração o valor do fator de segurança mínimo prático
calculado (ABNT, NBR 8400-3, 2019).
Para determinação das forças de tração máximas em cabos que não sejam
somente para elevação de cargas, são utilizados os casos de solicitação I ou II,
considerando as piores condições de uso de cada caso conforme NBR 8400-3
(ABNT, NBR 8400-3, 2019).
De acordo com a NBR 8400-3, existem duas formas de dimensionamento
para um cabo de aço, são elas (ABNT, NBR 8400-3, 2019):
• Método do fator C, somente permitido para dimensionamento de cabos
móveis;

• Método do fator de segurança prático mínimo (ZP), aplicado para


dimensionamento de cabos móveis e estáticos.

2.18.1 Método do fator C

Para o dimensionamento do diâmetro do cabo de aço utilizando o método do


fator C, utiliza-se a equação 28, conforme NBR 8400-3 (ABNT, NBR 8400-3, 2019).

𝑑 ≥ 𝐶. √𝑆 (28)

Onde:
𝐶 = fator de seleção do cabo;
𝑑 = diâmetro do cabo calculado;
39

𝑆 = força de tração máxima aplicada no cabo.

O fator de seleção do cabo depende de outros fatores e pode ser calculado


pela equação 29 conforme NBR 8400-3 (ABNT, NBR 8400-3, 2019).

𝑍𝑝 𝑍𝑝
𝐶=√ 𝑅 = √(𝑘′.𝑅 ) (29)
(𝜋.𝑘.𝑓. 0 ) 0
4

Onde:
𝑍𝑝 = fator de segurança prático mínimo;
𝑘 = fator de perda devido a construção do cabo;
𝑓 = fator de preenchimento do cabo;
𝑅0 = tensão de ruptura mínima do arame que compõe o cabo;
𝜋
𝑘′ = ( 4 ) . 𝑓. 𝑘 (30)

2.18.2 Método do fator de segurança prático mínimo 𝒁𝒑

Segundo norma NBR 8400-3, para o dimensionamento de cabos de aço


utilizando o fator de segurança prático mínimo chamado 𝑍𝑝 , que é calculado através
da razão entre a carga de ruptura mínima do cabo, feito através de ensaios, e a
força de tração máxima do cabo, conforme equação 31 (ABNT, NBR 8400-3, 2019):

𝐹0
𝑍𝑝 = (31)
𝑆

Onde:
𝑍𝑝 = Fator de segurança prático mínimo;
𝐹0 = Carga mínima de ruptura do cabo;
𝑆 = Força de tração máxima no cabo.
40

Tabela 6 - Fator de segurança mínimo Zp


Valor Mínimo Zp Cabos estáticos
Grupo de mecanismo
Cabos móveis
M1 3,15 2,5
M2 3,35 2,5
M3 3,35 3
M4 4 3,5
M5 4,5 4
M6 5,6 4,5
M7 7,1 5
M8 9 5
Fonte: ABNT (2019a).

2.18.3 Classe de utilização

Conforme norma NBR 8400-1, para determinação do grupo de mecanismo é


preciso levar consideração a classe de utilização do equipamento, que é o tempo de
uso total da sua vida útil, valor calculado em horas. Com base neste valor calculado
é preciso estabelecer um valor de T conforme tabela 7, (ABNT, NBR 8400-1, 2019).

Tabela 7 - Classe de utilização


Símbolo Duração total do uso T(h)
T0 T < 200
T1 200 < T < 400
T2 400 < T < 800
T3 800 < T < 1600
T4 1600 < T < 3200
T5 3200 < T < 6300
T6 6300 < T < 12500
T7 12500 < T < 25000
T8 25000 < T < 50000
T9 50000 < T <
Fonte: ABNT (2019b).

2.18.4 Espectro de carga

Segundo a NBR 8400-1, espectro de carga é a intensidade das forças que


agem sobre o elemento durante toda vida útil do equipamento, no qual o mecanismo
41

atinge uma fração da carga máxima, sendo que para cada espectro é relacionado
um fator 𝑘𝑚 , conforme equação 32 (ABNT, NBR 8400-1, 2019).

1
𝑘𝑚 = ∫0 𝑦 𝑑 𝑑𝑥 (32)

Para fins de classificação, a norma determina que o valor de 𝑑 é fixado em 3.


Segundo a norma NBR 8400-1, uma aproximação desta função pode ser
feita, dividindo-se os intervalos de tempo de utilização 𝑡1 , 𝑡2 , . . . , 𝑡𝑟 , e as cargas 𝑆
consideradas constantes em um intervalo 𝑡𝑖 . E ainda considerando T o tempo total
de uso e 𝑆𝑚á𝑥 a maior das cargas 𝑆1 , 𝑆2 , . . . , 𝑆𝑟 . (ABNT, NBR 8400-1, 2019).

𝑆1 3 𝑡 𝑆2 3 𝑡 𝑆𝑟 3 𝑡 𝑆𝑟 3 𝑡
𝑘𝑚 = ( 𝑆 ) 𝑥 ( 𝑇1 ) + (𝑆 ) 𝑥 ( 𝑇2 ) + 𝛬 + (𝑆 ) 𝑥 ( 𝑇𝑟 ) = ∑𝑟𝑖=1 [(𝑆 ) 𝑥 ( 𝑇𝑖 )] (33)
𝑚á𝑥 𝑚á𝑥 𝑚á𝑥 𝑚á𝑥

Conforme a NBR 8400-1, com o espectro de carga chega-se a um valor de


𝑘𝑚 entre 0 e 1, que é classificado em quatro níveis conforme tabela 8 (ABNT, NBR
8400-1, 2019).

Tabela 8 - Classes de espectro


Símbolo Duração total do uso T(h)
L1 𝑘𝑚 < 0,125
L2 0,125 < 𝑘𝑚 < 0,250
L3 0,250 < 𝑘𝑚 < 0,500
L4 0,500 < 𝑘𝑚 < 1,000
Fonte: ABNT (2019b).

De acordo com a norma NBR 8400-1, após a definição da classe de utilização


e do fator de espectro o grupo do mecanismo individual pode ser classificado
seguindo a tabela 9 (ABNT, NBR 8400-1, 2019).

Tabela 9 - Grupos de mecanismos


Classe de espectro de carga Classe de utilização
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
L1 M1 M1 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8
L2 M1 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M8
L3 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M8 M8
L4 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M8 M8 M8
Fonte: ABNT (2019b).
42

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo do trabalho serão apresentados os métodos utilizados na


elaboração deste trabalho.

3.1 Método Científico

O método científico utilizado na elaboração deste trabalho será o método


dedutivo dialético, que de acordo com Gil (2008), o método dedutivo parte de
premissas verdadeiras e já conhecidas para chegar a uma conclusão, ou seja, parte
de uma solução geral para algo particular. Quando se trata do método dedutivo no
campo da física e matemática ele é visto como lei, pois trata de assuntos já
comprovados e difíceis de refutar (GIL, 2008).
Já o método dialético, de acordo com Prodanov e Freitas (2013), emprega o
princípio da mudança e do dinamismo sobre o assunto, todos os aspectos referentes
ao material estudado precisam ser levados em consideração. A pesquisa se baseia
em diversos materiais e autores para embasamento do estudo, aplicado em um
processo específico.

3.2 Modo de abordagem

O modo de abordagem utilizado será o quantitativo, no qual o trabalho tem


por objetivo quantificar um elemento de um sistema mecânico. De acordo com
Pereira (2019), é um método no qual pode haver uma coleta de informações fazendo
o tratamento destes dados, que pode ser feito através de estatísticas. Para Pádua
43

(2018), as pesquisas quantitativas visam explicar fenômenos através da medição,


fazendo a comprovação de padrões, por meio de um experimento estudado e
criando leis gerais.

3.3 Objetivos ou fins da pesquisa

A presente pesquisa tem por finalidade demonstrar o procedimento para


avaliação dos esforços envolvidos em um cabo de aço, assim como, calcular o
diâmetro adequado para uma carga pré-definida, respeitando os coeficientes de
segurança indicados por normas específicas sobre o assunto.

3.4 Procedimentos técnicos

Os procedimentos técnicos previstos para serem abordados neste trabalho


serão apresentados na forma de fluxograma da figura 15.

Figura 15 - Fluxograma das atividades previstas

Fonte: Do autor (2023)

Portanto, serão realizadas as atividades mencionadas acima, utilizando as


equações, tabelas e normativas apresentadas no capítulo 2 deste trabalho, que
foram baseadas em literaturas e normas renomadas da área abordada.
44

3.4.1 Análise da dinâmica do movimento

Será realizado o estudo da dinâmica do movimento, calculando através das


equações da seção 2.4 e 2.5, a aceleração do praticante e a velocidade máxima que
esta massa irá atingir na descida. Serão também utilizadas as equações
mencionadas na seção 2.6, considerando uma aceleração constante, para,
posteriormente, determinar o tempo total de descida.

3.4.2 Definição do tipo do cabo de aço

Através das bibliografias estudadas, analisar o principal mecanismo de falha e


selecionar o tipo de cabo de aço mais indicado para ser utilizado em uma tirolesa, de
acordo com as características e particularidades que cada cabo de aço tem
conforme sua forma construtiva.

3.4.3 Cálculo da força no cabo de aço

Com o tipo de cabo e diâmetro definidos, pode-se calcular a força no cabo.


Desse modo, através das equações da seção 2.17 será possível analisar as forças
que atuam no cabo realizando os cálculos para determinar a tração que atua sobre
ele, como também, o comprimento máximo do cabo formado pela catenária.

3.4.4 Construção do modelo em escala reduzida

Realizar a construção em escala reduzida em 10 vezes do equipamento, com


o objetivo de realizar o carregamento do cabo de aço com pesos variados e com o
auxílio de um dinamômetro realizar as medições das cargas de tração geradas pelos
pesos.

3.4.5 Medição das forças no cabo em escala reduzida

Com auxílio do dinamômetro, realizar a medição da força de tração gerada


pelo cabo sem o carregamento de pesos, cabo em catenária, para assim comparar o
45

valor medido com o valor calculado e avaliar se o modelo em escala reduzida é


válido quando comparado ao equipamento de tamanho real.

3.4.6 Medição das forças de tração com as cargas

Após realizada a medição da força gerada apenas pelo peso do cabo, o


dinamômetro será zerado afim de medir somente as forças exercidas pelos pesos.
Em seguida, serão feitos carregamentos com diversos pesos para medição destas
cargas de tração e com estes valores será possível projetar as cargas máximas
suportadas pelo cabo.

3.4.7 Medição da carga dinâmica

Verificar a pior condição dinâmica o qual o cabo de aço será exposto, com o
auxílio do dinamômetro, medindo a força de pico gerada pela carga durante a
descida, para logo em seguida comparar as forças estáticas e dinâmicas, com o
intuito de identificar qual a condição mais crítica do cabo.

3.4.8 Análise das forças e projeção para escala real

Com todos os dados das forças coletadas, realizar a análise e projeção da


massa e forças para a escala real do equipamento utilizando o software Minitab
Statistical, e assim obter os valores reais das forças para o cálculo do diâmetro
correto do cabo de aço.

3.4.9 Correção do diâmetro do cabo de aço

Com os valores das projeções das forças máximas de tração do cabo na


escala real, será feita a correção do diâmetro para que atenda às necessidades de
segurança exigidas pela norma ABNT 16334 e também para o grupo de mecanismo
no qual o equipamento se enquadra.
46

3.4.10 Cálculo do grupo de mecanismo e fator 𝒁𝒑

O grupo de mecanismo é essencial para definição do diâmetro adequado do


cabo de aço, sendo ele definido pela norma NBR ABNT 8400-1. Para isso, é
necessário levar em consideração a classe de utilização do equipamento, que nada
mais é do que as horas de utilização totais da sua vida útil, e juntamente com o
espectro de carga, que é a intensidade da força que atua sobre o sistema,
classificam o cabo dentro que um grupo de mecanismo, que posteriormente define o
valor mínimo para o fator de segurança.
Com o grupo de mecanismo definido, avaliar se o cabo de aço escolhido
atende ao Fator de Segurança Prático Mínimo (Zp), exigido por aquele grupo de
mecanismo o qual está inserido.

3.4.11 Avaliação dos resultados obtidos

Com os dados dos valores de forças calculados e medidos em mãos, realizar


o comparativo entre eles, verificar se são coerentes e se o modelo reduzido
construído é semelhante aos valores calculados.

3.4.12 Proposta final do cabo de aço

Por fim, concluir o estudo, através de todos os cálculos e medições


realizadas, propondo o cabo de aço mais adequado para utilização em uma tirolesa
nas condições propostas.
47

4 DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo do trabalho serão apresentados o desenvolvimento dos


cálculos, os experimentos realizados e as condições da estrutura para o
dimensionamento do cabo de aço de uma tirolesa.

4.1 Concepção da estrutura

A estrutura proposta para este dimensionamento consiste em uma tirolesa de


cabo de aço único apoiada em dois pilares em suas extremidades e fixadas no solo.
Devido ao cabo de aço ser um elemento flexível, a modelagem do equipamento
torna-se mais complexa.
No total o comprimento útil da tirolesa foi de 150 metros de comprimento em
linha reta e com um desnível entre apoios de 20 metros, sendo o cabo dimensionado
para uma pessoa com uma massa de 100kg, a figura 16 ilustra o modelo de
estrutura proposta.
48

Figura 16 - Concepção da estrutura

Fonte: Do autor (2023)

Como em todos os cabos de aço, a principal força atuante será a tração, e


baseado nas cargas trativas aplicadas no cabo, será realizado o dimensionamento
do elemento.

4.2 Análise da dinâmica do movimento

Conforme mencionado no item 4.1, a massa que deve ser suportada pelo
cabo é de 100kg, considerando que 20 metros são desconsiderados para os
mecanismos de frenagem da pessoa, pode-se calcular a velocidade máxima atingida
pela pessoa até ela se deparar com o mecanismo de parada.
Supondo que a tirolesa pode ser vista como um plano inclinado e a orientação
dos eixos x, y seguem a angulação do plano inclinado, pode-se admitir a seguinte
modelagem.
49

Figura 17 - Plano inclinado da tirolesa

Fonte: Do autor (2023)

Contudo, considerando a descida utilizada sendo 𝑎 hipotenusa do triângulo,


que pode ser calculada pela equação de Pitágoras (4).

𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2

𝑎2 = 1502 + 202

√𝑎2 = √22900

𝑎 = 151,33 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

Portanto, o comprimento real da descida considerando 20 metros para o


dispositivo de frenagem será de 131,33 metros.
Para calcular o ângulo teta pode-se utilizar as equações trigonométricas.

𝑐𝑎𝑡 𝑜𝑝
𝑡𝑔 = 𝑐𝑎𝑡 𝑎𝑑𝑗

20
𝑡𝑔 𝜃 = 150

𝑡𝑔 𝜃 = 0,133333

𝜃 = 𝑡𝑔−1 (0,133333)

𝜃 = 7,59°

Considerando que em um triângulo os ângulos internos formam 180° e um


dos ângulos é um ângulo reto, subtrai-se os demais ângulos.
50

180° = 90° + 𝛼 + 𝜃

𝛼 = 180° − 90 − 7,59°

𝛼 = 82,41°

Para calcular a aceleração ao longo do plano inclinado, utiliza-se a equação


20 e considera-se a aceleração da gravidade sendo 9,81m/s².

𝑎𝑥 = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑎𝑥 = 9,81𝑚/𝑠². 𝑠𝑒𝑛(7,59°)

𝑎𝑥 = 1,29𝑚/𝑠²

Portanto, neste caso de angulação temos uma aceleração de 1,29m/s², com


esta variável descoberta é possível calcular a velocidade máxima atingida pela
massa ao final do seu percurso, desconsiderando o atrito, visto que eficiências de
roldanas ultrapassam 95%, e considerando uma distância de 131,33 metros.
Utilizando a equação 13 temos:

𝑣 2 = 𝑣02 + 2𝑎0 𝑠

𝑣 2 = 02 + 2 . 1,29m/s 2 . 131,33m

√𝑣² = √338,83𝑚2 /𝑠²

𝑣 = 18,4𝑚/𝑠

Transformando para km/h obtém-se:

1𝑚 3,6𝑘𝑚
=
𝑠 ℎ

𝑣 = 66,26𝑘𝑚/ℎ

Agora, com a velocidade final já conhecida, é possível calcular o tempo total


da descida utilizando a equação 12.
51

𝑣 = 𝑣0 + 𝑎0 𝑡

𝑣 − 𝑣0
𝑡=
𝑎0

18,4𝑚/𝑠 − 0
𝑡=
1,29𝑚/𝑠²

𝑡 = 14,26 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠

A velocidade média, conforme ressalta Marques (2016), é a variação da


posição em um determinado tempo, ou seja, a reta secante entre o ponto inicial e
final da curva, e é descrita pela equação 7.

𝛥𝑥
𝑣𝑚é𝑑 =
𝛥𝑡

𝑥2 −𝑥1
𝑣𝑚é𝑑 = 𝑡2 −𝑡1

131,33−0
𝑣𝑚é𝑑 = 14,26−0

𝑣𝑚é𝑑 = 9,21m/s

𝑣𝑚é𝑑 = 33,15𝑘𝑚/ℎ

Deste modo, a velocidade média do percurso é de 33,15km/h.

4.3 Definição do tipo do cabo de aço

Conforme abordado no capítulo 2, a essência dos cabos de aço é suportar


cargas de tração, contudo existem inúmeras variações de cabos de aço para fazer
tal tarefa, cada um com suas características e indicações para cada especialidade
de serviço a ser executado.
No caso para cabos de aço no qual uma roldana desliza por inúmeros ciclos
em sua superfície, tem-se por principal elemento de desgaste – a abrasão. Portanto,
a principal característica que deve ser buscada em um cabo de aço para este tipo de
equipamento é a resistência ao desgaste.
52

Os cabos de aço de torção lang tem melhor desempenho contra abrasão e


fadiga pelo fato da roldana estar tocando em vários arames diferentes
simultaneamente, não gerando uma força excessiva nos mesmos arames. No
entanto, perdem em resistência contra esmagamento e tendem a girar.
Como no projeto em estudo, características como a resistência a abrasão são
importantes, visto que, este será um cabo estático e não precisará ser enrolado em
polias constantemente, opta-se por este tipo de cabo pelas características
pertinentes a esta utilização.
Apesar de serem menos resistentes que cabos com alma de aço, a norma
NBR 16334 determina que cabos de aço para transporte de pessoas precisam ser
obrigatoriamente com alma de fibra sintética, pelo fato de evitar as oxidações
internas e não comprometer a resistência do cabo.
Portanto, pelas características dos três principais grupos de cabos, Seale,
Filler e Warrington, opta-se pelo Seale, visto que ele possui arames de maior
diâmetro em sua última camada. Com isso, tem-se menos atrito com a roldana e
consequentemente, diminui o desgaste do cabo de aço, que é uma das principais
características deste tipo de cabo. Além disso, sendo indicado para utilizações
estáticas, como pode-se ver na tabela 2 comparando os tipos de cabo quanto a
flexibilidade x resistência a abrasão.

4.4 Cálculo da força no cabo de aço

Para o cálculo das forças presentes no cabo de aço é necessário em um


primeiro momento arbitrar-se um tipo e diâmetro para que se possa ter o peso por
metro linear do cabo para realização dos cálculos. Em um segundo momento,
avaliar se este diâmetro pré-definido atende aos requisitos de segurança mínimos
exigidos por norma. Caso algum requisito não seja atendido, aumenta-se o diâmetro
a realiza-se os cálculos novamente.
Vale ressaltar que pela norma NBR 15508-1 o diâmetro mínimo desejado
para tirolesas é de 3/8”, e que o cabo atenda as normas de fabricação de cabos de
aço NBR 2408.
Como a tirolesa será dimensionada com apenas um cabo de aço, este cabo
deve seguir as orientações da norma NBR 15508-1, que estabelece o
53

dimensionamento como um cabo de linha de vida, ou seja, levando em consideração


para cálculos no mínimo duas vezes o valor da massa nominal projetada para o
cabo.Sendo assim, como a massa nominal da pessoa será de 100kg, para fins de
cálculo a massa que deve ser considerada é de 200kg.
Inicialmente o cabo escolhido para o desenvolvimento dos cálculos será um
cabo 3/8” 6x19S + AF, que possui um massa por metro linear de 0,35kg.
Para a modelagem da estrutura é esquematizado um arco completo, sendo a
linha tracejada a parte espelhada da tirolesa real.

Figura 18 - Modelagem tirolesa.

Fonte: Do autor (2023)

Observa-se que é necessário definir um plano de coordenadas x, y como


referência do cabo, e para obter-se o valor do comprimento da catenária é
necessário calcular o valor de 𝑐 chamado de parâmetro da catenária, através da

equação 27.
As coordenadas do ponto B, já são conhecidas:

𝑥𝐵 = 150 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑦𝐵 = 20 + 𝑐

Substituindo na equação da catenária obtem-se:


𝑥
𝑦 = 𝑐 𝑐𝑜𝑠ℎ
𝑐

150
20 + 𝑐 = 𝑐 𝑐𝑜𝑠ℎ 𝑐

20 150
+ 1 = 𝑐𝑜𝑠ℎ
𝑐 𝑐
54

O valor do parâmetro da catenária pode ser encontrado através de um


processo iterativo, no qual, deve-se ir refinando o número até encontrar um valor
que represente a igualdade dos termos da equação, conforme calculado na tabela
10.

Tabela 10 - Iteração da variável 𝑐

𝒄 𝟐𝟎 𝟏𝟓𝟎
+𝟏 𝒄𝒐𝒔𝒉
𝒄 𝒄

100 1,200 2,352

300 1,067 1,128

600 1,033 1,031

550 1,036 1,037

560 1,036 1,036


Fonte: Do autor (2023)

Portanto, o valor de 𝑐, no qual se encontra a igualdade entre os termos, é 560


metros.
Utilizando a equação 26, é possível calcular o comprimento do cabo.

𝑥
𝑠 = 𝑐 𝑠𝑒𝑛ℎ 𝑐

150
𝑠 = 560 𝑠𝑒𝑛ℎ 560

𝑠 = 151,8 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

Como também a massa total e peso do cabo.

𝑘𝑔
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,35 . 151,8𝑚
𝑚

𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 53,13𝑘𝑔

𝑚
𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 53,13𝑘𝑔. 9,81
𝑠²

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 521,2𝑁


55

Com o comprimento do cabo definido, pode-se calcular os valores de tração


mínima e máxima. Através da equação 21 define-se a tração mínima.

𝑇0 = 𝑤𝑐

𝑚 𝑘𝑔
𝑇0 = (9,81 2
. 0,35 ) . 560𝑚
𝑠 𝑚

𝑇0 = 1922,76𝑁 ou 𝑇0 = 196,07𝑘𝑔𝑓

Onde 𝑇0 representa a tração mínima no cabo e 𝑤 o peso por metro linear,


considerando a aceleração da gravidade de 9,81m/s².
Para o cálculo da tração máxima utiliza-se uma variação da equação 25, com
o comprimento máximo do cabo.

𝑇𝑚á𝑥 = 𝑤√𝑐² + 𝑠²

𝑘𝑔 𝑚
𝑇𝑚á𝑥 = (0,35 . 9,81 2 ) . √560² + 151,8²
𝑚 𝑠

𝑇𝑚á𝑥 = 1992,15𝑁 ou 𝑇𝑚á𝑥 = 203,13𝑘𝑔𝑓

Através desta equação é possível encontrar a tração em qualquer ponto do


cabo, somente alterando o valor do comprimento 𝑠 para o ponto no qual se deseja
conhecer a força. Como foi utilizado o comprimento total do cabo obteve-se o valor
de tração máximo.
Com o valores de tração mínima e máxima definidos é possível determinar o
triângulo de forças formado na fixação da tirolesa.

Figura 19 - Triângulo de forças no cabo

Fonte: Do autor (2023)

Posteriormente a definição do triângulo de forças é possível calcular o valor


do ângulo 𝜃 máximo formado na fixação do cabo.
56

𝑐𝑎𝑡 𝑎𝑑𝑗
𝑐𝑜𝑠 𝜃 = ℎ𝑖𝑝

1922,76
𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 1992,15

𝜃 = 𝑐𝑜𝑠 −1 (0,9652)

𝜃 = 15,17°

Contudo, vale ressaltar que os cálculos de tração realizados no cabo são para
um cabo em catenária, ou seja, sem nenhum carregamento, sustentando apenas o
próprio peso.

4.5 Contrução do modelo em escala reduzida

Para a determinação das forças de tração geradas pelas cargas que o cabo
será exposto, construiu-se um protótipo do equipamento em escala reduzida em 10
vezes.
Para isso, encontrou-se dois elementos de fixação, para a ancoragem das
extremidades, no qual tivessem exatamente a distância proporcionalmente 10 vezes
menor que o tamanho original, portanto, neste caso distanciados a 15 metros.
Após encontradas as fixações, realizou-se a medição do nível entre elas,
fazendo as demarcações com desnível de 2 metros.
Com todas as medições realizadas, foi realizada a instalação de um cabo de
aço 3/8” 6x19, medindo 15,18 metros entre as extremidades. Sendo a medida do
tamanho real do cabo 151,80 metros.
Conforme descrito pela literatura no capítulo 2, o ponto onde acontece a
maior carga de tração é na extremidade superior, ponto no qual instalou-se o
dinamômetro para a medição das cargas trativas. Também colocou-se uma roldana
no cabo para suspender as cargas e realizar o teste dinâmico da carga.
57

Figura 20 - Modelo reduzido em 10 vezes

Fonte: Do autor (2023).

4.6 Medição da força gerada no cabo de aço em escala reduzida

Como estipulado pela norma NBR 15508-1, cabos dimensionados para linha
de vida devem levar em consideração no mínimo duas vezes o valor da carga
nominal para qual o cabo for dimensionado. Como neste caso o valor nominal da
carga é de 100kg, utiliza-se para dimensionamento a carga mínima de 200kg.
Para a realização das medições das cargas de tração foi utilizado um
dinamômetro, marca Oswaldo Filizola modelo Crown DAC, com capacidade máxima
de medição de cargas de tração e compressão de 500kgf, com certificação de
calibração sob número 84984/22, válido até 19/12/2024.

Figura 21 - Dinamômetro

Fonte: Do autor (2023)


58

O valor da força medido do cabo sem carga foi de 20,8 kgf. Projetando este
valor para a escala real de 10 vezes tem-se uma carga de tração de 208kgf, que
quando comparado ao valor da força calculada de 203,13 kgf, uma diferença de
2,4%, demonstra que o modelo em escala reduzida tem uma grande proximidade
com o modelo real, e que pode ser considerado um modelo válido.

4.7 Medição das forças de tração com as cargas

Além da carga total máxima, que é de 200kg que o equipamento deve


suportar, é necessário conhecer a carga média de trabalho da tirolesa para definir o
grupo de mecanismo. Segundo site Sempre Família, em uma pesquisa realizada
pela revista científica BMC Public Health, a média de peso dos homens brasileiros é
de 73kg e das mulheres 63kg. Com isso, para o cálculo da força média foi utilizada a
carga de 73kg e duas variações de 20kg para mais e para menos deste valor.
Dessa forma, para realização da medição das forças com as cargas, foram
utilizados 3 pesos diferentes, 53kg, 73kg e 93kg. A medição foi realizada em
diferentes distâncias do cabo a partir do ponto superior onde estava instalado o
dinamômetro. Foi realizada apenas a medição das forças provenientes dos pesos,
desconsiderando o peso próprio do cabo, começando a 1 metro até 8 metros. A
tabela 11 mostra os valores medidos durante o experimento.

Tabela 11 - Medição de forças


Peso Distância Força Peso Distância Força Peso Distância Força
1m 123,2kgf 1m 168,8kgf 1m 212,4kgf
2m 163,8kgf 2m 223,2kgf 2m 278kgf
3m 188kgf 3m 256,2kgf 3m 318,4kgf
4m 204,8kgf 4m 278,6kgf 4m 347kgf
53kg 5m 218,8kgf 73kg 5m 294,6kgf 93kg 5m 365,2kgf
6m 222,4kgf 6m 302,6kgf 6m 376,2kgf
7m 225kgf 7m 306,2kgf 7m 380,8kgf
7,59m 228,6kgf 7,59m 308kgf 7,59m 381,8kgf
8m 224,2kgf 8m 305,2kgf 8m 380,6kgf
Fonte: Do autor (2023)
59

Pode-se observar que o maior valor de força medido foi a distância de 7,59
metros, ponto central do cabo. Após esta medida o valor da força começa a decair,
concentrando as forças na fixação inferior do cabo.

4.8 Medição da carga dinâmica

Para medição da carga dinâmica utilizou-se a função de medição do pico de


carga do dinamômetro. E para a realização do teste foi utilizado o peso de 53kg, a
carga foi solta do ponto de fixação superior, foram realizados 3 testes com medições
de 227,4kgf, 227,4kgf e 226,8kgf.
Conforme tabela 11, a carga estática máxima medida com peso de 53kg foi de
228,6kgf a 7,59 metros, dito isto, observa-se que o valor da carga dinâmica não
ultrapassa o valor da carga estática. Portanto, conclui-se que o ponto mais crítico é a
carga estática no centro do cabo.

4.9 Análise das forças e projeção para escala real

Para a análise dos dados coletados no experimento utilizou-se o Minitab


Statistical, um software especializado em análise estatística de dados, que
possibilitou fazer toda avaliação das cargas do projeto.
Foi realizado um experimento fatorial 2k sem réplica. Depois do experimento
validou-se as variáveis e suas interações numa regressão linear múltipla, obtendo-se
uma equação com R2 (coeficiente de determinação) maior que 95%, validando assim
a equação a ser utilizada.
Realizou-se também a construção de um gráfico de dispersão entre a força e
a distância, onde foi possível observar a curva formada pelas cargas. Nota-se que a
progressão da intensidade das forças tem uma diminuição com o aumento da
distância, conforme gráfico 1.
60

Gráfico 1 - Gráfico de dispersão Força x Distância (93kg)

Fonte: Minitab Statistical (2023)

Para a projeção dos valores das forças para as medidas reais do cabo
construiu-se um modelo matemático, no qual tabelou-se os valores experimentais e
atribuiu-se diferentes níveis (conforme tabela 12), para cada valor de peso e
distância. E, através de um experimento fatorial gerado pelo software Minitab,
obteve-se a equação de regressão que define a intensidade das forças em qualquer
ponto do cabo.
Equação de regressão das forças no cabo:

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 = 235,1 + 61,40 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 + 67,30 𝑥 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 + 16,80 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑥 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎


(34)

Então, considerando- se que a maior intensidade das forças foi encontrada na


metade do comprimento do cabo, aplica-se na equação o valor da escala real do
cabo, cujo é de 75,9 metros, com a maior carga que é de 200kg, e obtém-se o
resultado da força máxima proveniente do carregamento.
Contudo, na equação 34 utiliza-se o valor dos níveis atribuídos a cada um dos
valores de distância e peso, e não os valores reais em si. Portanto, os dados da
força e distância com seus respectivos níveis estão na tabela 12.
61

Tabela 12 - Valores reais e níveis atribuídos.


Distância [m] Nível Peso [kg] Nível
1 -1 53 -1
4,5 0 73 0
8 1 93 1
11,5 2 113 2
15 3 133 3
18,5 4 153 4
… … 173 5
74,5 20 193 6
78 21 213 7
Fonte: Do autor (2023)

Logo, interpolando os valores dos níveis para o peso e distância corretos,


obtém-se o valor de nível 6,35 para o peso e nível 20,40 para a distância.
Sendo assim, é possível calcular a força máxima no cabo utilizando a
equação 34.

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 = 235,1 + 61,40 𝑥 6,35 + 67,30 𝑥 20,40 + 16,80 𝑥 6,35 𝑥 20,40

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 = 4174,18 𝑘𝑔𝑓

Somando-se a força gerado pelo próprio peso do cabo tem-se.

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚á𝑥 = 4174,18 + 208

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚á𝑥 = 4382,18 𝑘𝑔𝑓

Considerando o peso médio de 73kg para a utilização, tem-se um nível de


peso zero, permanecendo o valor de nível de distância em 20,40 referente a 75,9
metros. Dessa maneira, a força média projetada para a escala real é conforme
cálculo a seguir.

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 = 235,1 + 61,40 𝑥 0 + 67,30 𝑥 20,40 + 16,80 𝑥 0 𝑥 20,40

𝐹𝑜𝑟ç𝑎 = 1608,02 𝑘𝑔𝑓

Somando-se a força gerada pelo próprio peso do cabo tem-se.

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚é𝑑 = 1608,02 + 208


62

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚é𝑑 = 1816,02 𝑘𝑔𝑓

Desse modo, obteve-se para um cabo de aço de diâmetro 3,8”, uma carga
máxima de trabalho de 4382,18kgf e uma carga média de trabalho de 1816,02kgf.
Considerando que o cabo de aço 3/8” 6x19S + AF tem uma resistência a
ruptura de 5409kgf conforme anexo A, é possível calcular o fator de segurança do
cabo.

𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 = 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚á𝑥 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜

5409
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 =
4382,18

𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 = 1,23

Conforme exigido pela norma NBR 16334, o fator de segurança mínimo deve
ser de 4, portanto este diâmetro de cabo não atende a especificação sendo
necessário recalcular para um diâmetro maior.

4.10 Correção do diâmetro do cabo

Como o diâmetro 3/8” não atendeu as especificações de segurança, é


necessário recalcular o diâmetro. Para o novo dimensionamento será utilizado o
diâmetro de 3/4", que possui uma massa por metro linear de 1,41kg/m e inicia-se o
cálculo pela força exercida proveniente do peso próprio do cabo, conforme equação
25.

𝑇𝑚á𝑥 = 𝑤√𝑐² + 𝑠²

𝑘𝑔 𝑚
𝑇𝑚á𝑥 = (1,41 . 9,81 2 ) . √560² + 151,8²
𝑚 𝑠

𝑇𝑚á𝑥 = 8025,52𝑁 ou 𝑇𝑚á𝑥 = 818,09𝑘𝑔𝑓

Logo, somando-se ao peso do cabo a força máxima gerada pela carga obtém-
se.

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚á𝑥 = 4174,18 + 818,09


63

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚á𝑥 = 4992,27 𝑘𝑔𝑓

Calculando a força média de operação tem-se.

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚é𝑑 = 1608,02 + 818,09

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑚é𝑑 = 2426,11 𝑘𝑔𝑓

Considerando que o cabo de aço 3/4” 6x19S + AF tem uma resistência a


ruptura de 21729kgf, conforme anexo 1, é possível calcular o fator de segurança do
cabo.

𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 = 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚á𝑥 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜

21729
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 =
4992,27

𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 = 4,35

Portanto, o cabo de aço de diâmetro atende aos requisitos de segurança


exigidos pela NBR 16334.

4.11 Cálculo do grupo de mecanismo

Conforme determina a norma ABNT NBR 8400-3, existem duas


diferenciações para determinar o grupo de mecanismo do cabo de aço. Um é pelo
método do fator C, que é aplicado somente para dimensionamento de cabos móveis.
O outro é o método do fator de segurança prático mínimo Zp, que é utilizado para
dimensionamento tanto de cabos móveis, quanto dos cabos estáticos.
Neste caso, como o cabo de aço de uma tirolesa é estático, utiliza-se o
método do fator de segurança prático mínimo Zp, que é representado pela equação
31.

𝐹0
𝑍𝑝 =
𝑆

Para determinar o valor de Zp, é necessário determinar o grupo de


mecanismo do cabo de aço conforme estabelecido na Tabela 6.
64

Conforme norma ABNT NBR 8400-1 o grupo de mecanismo é determinado


através de duas variáveis. Uma, através da classe de utilização do equipamento,
descrito pela Tabela 7, no qual deve ser determinado o tempo de utilização total do
equipamento. E a outra variável é o espectro de carga, que é a intensidade das
forças que agem sobre o cabo durante sua vida útil e é determinado pela equação
33.
Através de uma pesquisa não metodológica realizada com parques que
dispõem de tirolesas, constatou-se que o tempo de utilização diária varia entre 100 a
150 descidas. O cabo será dimensionado para ter uma vida útil de 10 anos, após
este período então, será necessária sua substituição. Portanto. o tempo total de
utilização do cabo considerando o período mencionado acima e o tempo de descida,
conforme já calculado, será de 14,26 segundos.
Considera-se como dias de funcionamento 6 dias na semana, totalizando 312
dias anuais, portanto o cálculo do tempo de utilização será:

14,26 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑥 150 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎 𝑥 312 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑥 10 𝑎𝑛𝑜𝑠


𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 =
3600 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 = 1853,8 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

Conforme tabela 7, para um tempo total de utilização de 1853,8 horas a


classe de utilização se enquadra como T4.
Após determinado o tempo de utilização do equipamento e as cargas
envolvidas no mecanismo, é possível aplicá-las na equação 28 do espectro de carga
para definir a classe em qual o equipamento se enquadra, conforme tabela 8.
Para utilização da equação é possível fazer algumas simplificações, no caso
do tempo de utilização, como a soma tempo de utilização unitária será o mesmo que
𝑡1
o tempo total tem-se que a relação é igual a 1.
𝑇

Portanto a equação de forma simplificada para calcular o fator 𝑘𝑚 , é.

𝑆1 3
𝑘𝑚 = ( ) 𝑥1
𝑆𝑚á𝑥

Substituindo os valores da carga máxima (𝑆𝑚á𝑥 ) e o valor da carga média (𝑆1 ),


tem-se.
65

2426,11 3
𝑘𝑚 = ( ) 𝑥1
4992,27

𝑘𝑚 = 0,115

Considerando o valor de 𝑘𝑚 = 0,115 pela tabela 8, obtém-se uma classe de


espectro L1.
Com o espectro de carga e a classe de utilização definidos, é possível
determinar o grupo de mecanismo, conforme tabela 13.

Tabela 13 - Grupos de mecanismos


Classe de espectro de carga Classe de utilização

T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9

L1 M1 M1 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8

L2 M1 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M8

L3 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M8 M8

L4 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M8 M8 M8

Fonte: ABNT (2019b).

Portanto, para uma classe de utilização T4 e um espectro de carga L1,


obtém-se um grupo de mecanismo M3.

4.12 Cálculo do Fator de Segurança Prático Mínimo 𝒁𝒑

Para atendimento do cabo aos índices de segurança estabelecidos pela


norma NBR 16334 é necessário calcular o fator de segurança prático mínimo ZP,
conforme equação 31.

𝐹0
𝑍𝑝 =
𝑆

21729
𝑍𝑝 =
4992,27

𝑍𝑝 = 4,35
66

O valor do fator de segurança prático mínimo calculado é de 4,35, valor que


atende os requisitos de segurança exigidos pela norma NBR 16334, a qual
estabelece um fator de segurança mínimo de 4. Como também atende ao fator de
segurança prático mínimo Zp exigido para o grupo de mecanismo M3, que
estabelece um valor de 3 para cabos estáticos, conforme tabela 6.

4.13 Avaliação dos resultados obtidos

Os valores das forças encontrados no experimento prático se mostraram


coerentes com os valores encontrados através dos cálculos para o diâmetro de 3/8”
do cabo de teste. Isso mostra que o modelo de escala reduzido do protótipo se
aproxima da escala real do equipamento, possibilitando a aplicação dos cálculos
para diferentes diâmetros de cabos de aço.
Quando analisa-se a carga encontrada no experimento, obteve-se uma força
de 208kgf, enquanto que no cálculo teórico da força encontrou-se uma força de
203,13kgf, uma variação de 2,4%, que é um valor relativamente baixo, mostrando
que o experimento se aproxima bastante da realidade.
Quando se trata das medições das forças com os carregamentos dos pesos,
foi possível observar que a maior carga foi encontrada no centro do cabo, no caso
experimental a 7,59 metros, realizando esta projeção para a escala real o ponto de
maior carga será a 75,9 metros da fixação.
Durante o experimento utilizou-se 3 diferentes pesos para os carregamentos.
A maior carga utilizada foi de 93kg, que resultou em uma força de tração máxima no
centro do cabo de 381,8kgf.
Já as projeções das forças para a escala real foram feitas utilizando o
software Minitab Statistical, que possibilitou encontrar os valores de cargas máximas
nas medidas reais do equipamento. Observou-se também na curva das forças
versus distância gerada pelo software, que a intensidade com que a força aumenta
decai conforme vai se distanciando do ponto inicial, como pode ser observado no
gráfico 1.
Quanto à carga dinâmica medida, notou-se que durante o experimento da
medição do pico de carga durante a descida do peso não ultrapassou o valor
67

máximo medido nos carregamentos estáticos. Portanto, a pior condição de


carregamento encontrada é a carga estática no centro do cabo.
Deste modo, considerando os valores das forças obtidos através dos cálculos
para o diâmetro de 3/4”, somados as cargas e as projeções para a escala real, o
diâmetro de 3/4" encontrado é um valor coerente com a realidade para este tipo de
aplicação.

4.14 Proposta final do tipo e diâmetro do cabo de aço

Com base na literatura estudada, a qual foi norteadora do presente estudo,


tem-se como proposta de cabo de aço para a utilização na tirolesa nos moldes
apresentados no capítulo 4, um cabo de aço com diâmetro de 3/4" do tipo Seale,
com alma de fibra com classe mínima de resistência I.P.S. e torção lang, que sob a
nomenclatura denomina-se 3/4" 6x19S + AF.
A escolha pela forma construtiva do tipo Seale se deve ao fato da boa
resistência a abrasão e desgaste deste tipo de cabo. Também se optou pela torção
lang pelo motivo da carga que está agindo no cabo de aço ficar distribuída em mais
arames quando comparado a um cabo de torção regular, assim reduzindo a carga
em cada arame.
68

5 CONCLUSÃO

Cabos de aço são elementos mecânicos que têm papel importantíssimo na


área da mecânica, principalmente no quesito de içamento e transporte de cargas.
Entretanto, para algumas aplicações sua modelagem pode ser bem complexa.
Como se pode ver, a aplicação de cabos de aço para tirolesa requer uma
análise principalmente baseada na segurança dos praticantes, para garantir uma
experiência satisfatória aos usuários.
É importante ressaltar que no Brasil não existe nenhuma norma técnica
específica que aborda o dimensionamento de tirolesas, o que existe são apenas
tópicos inseridos em outras normas que falam sobre o assunto.
Durante a elaboração deste trabalho foram realizados cálculos baseados em
literaturas renomadas, como também, experimentos práticos para a obtenção de
valores reais de cargas as quais os cabos de aço de tirolesas são submetidos, para
que se chegue o mais próximo da realidade de funcionamento deste tipo de
equipamento, atingindo os critérios de segurança exigidos por norma.
Vale ressaltar que é de extrema importância a realização de inspeções
periódicas no equipamento, afim de verificar a integridade do cabo de aço, fixações,
dispositivo de frenagem e outros equipamentos de segurança para garantir a
segurança dos usuários.
É importante frisar que o processo de dimensionamento de uma tirolesa é
complexo e é de fundamental importância atender os requisitos de segurança. Por
isso seu dimensionamento envolve uma análise cuidadosa de vários fatores, como a
resistência do cabo de aço utilizado na sua construção, que está diretamente ligado
ao diâmetro de cabo de aço, objetivo de estudo deste trabalho.
69

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2017.
72

ANEXOS
73

ANEXO A – Catálogo cabos de aço

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