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O reforço com PRFC (Polímeros Reforçados com Fibra de Carbono) em situação de incêndio View project
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RESUMO
O concreto armado é o material consagrado na construção civil brasileira e internacional . Por
ser material incombustível, possuir baixa condutividade térmica, não exalar gases tóxicos
quando submetido ao fogo e os elementos estruturais terem correntemente baixo fator de
massividade, as estruturas de concreto são consideradas seguras em situação de incêndio.
A redução das características mecânicas (resistência característica e módulo de elasticidade) do
aço e do próprio concreto, o comportamento heterogêneo de seus componentes e a possibilidade
de ocorrer “spalling” explosivo, no entanto, indicam a necessidade de verificação da segurança
em situação de incêndio.
A NBR 14432, publicada em 2000, apresenta a resistência ao fogo requerida para as edificações
construídas com qualquer material estrutural. A NBR 5627/1980 – “Exigências de Resistência
ao Fogo de Elementos Construtivos de Edificações – Procedimento” foi cancelada por ser
considerada desatualizada. Diversos estudos têm sido desenvolvidos internacionalmente a fim de
reduzir a probabilidade de riscos à vida humana, fornecendo critérios de segurança que os
tornem aceitáveis pelos usuários das edificações e, no pior das hipóteses, abrandar os efeitos
desses sinistros.
Este trabalho tem por objetivo descrever o comportamento do incêndio por meio de modelos
matemáticos simplificados e os efeitos da ação térmica nas estruturas de concreto armado. Serão
apresentados critérios de dimensionamento propostos pelas normas brasileiras e internacionais e
exemplos de aplicação do método de Hertz para verificação de lajes e vigas em incêndio.
1 Introdução
As estruturas de concreto são reconhecidas pela boa resistência ao incêndio em virtude das
características térmicas do material, tais como incombustibilidade e baixa condutividade térmica, o
concreto não exalar gases tóxicos ao ser aquecido e as peças de concreto apresentarem maior massa e
volume se comparados aos elementos metálicos [11, 13, 31, 33].
No entanto, o aumento da temperatura nos elementos de concreto causa redução na resistência
característica e no módulo de elasticidade dos materiais; há perda de rigidez da estrutura e a
heterogeneidade dos materiais constituintes do concreto (pasta, agregados, aço) conduz à degradação
polifásica do concreto armado, podendo levar as peças estruturais à ruína. A desagregação do concreto
pode ser antecipada dependendo das características da própria pasta, como o teor de umidade e as
adições para melhorar a resistência. Vários danos progressivos e colapso estrutural de peças de concreto
ocorreram colocando em risco a ação de salvamento e combate ao fogo em alguns edifícios de concreto,
por exemplo, Sede I e Sede II da CESP (1987)†, Ed. Cacique (1996)‡, Aeroporto Santos Dumont
(1998)§ e o edifício de uma fábrica de roupas em Alexandria (2000)**.
A utilização de concretos com resistências maiores (fck > 18 MPa), permite a concepção de elementos
estruturais cada vez mais esbeltos, isto é, áreas de seção transversal menores e comprimentos maiores. A
redução do fator água/cimento às custas de aditivos e adições confere maior compacidade ao concreto e
reduz a permeabilidade das estruturas. Essas características melhoram a durabilidade e a resistência em
temperatura ambiente. Por outro lado, antecipam a degradação do concreto ao fogo. Peças de menor
massa e volume se aquecem rapidamente. A perda de rigidez torna-se dicaz no colapso por instabilidade
das peças. A reação da macroestrutura do material por meio de “pop outs” (pipocamentos) e “spalling”
(lascamentos) passam ser mais freqüentes, expondo as armaduras à ação direta do fogo.
Atualmente, o dimensionamento de edifícios em concreto em situação de incêndio tem sido discutido
sob vários aspectos, por diversas instituições científicas da Europa, Oceania e América do Norte,
padronizando-se métodos de dimensionamento das estruturas sujeitas ao sinistro, levando em conta os
parâmetros de dosagem e as características geométricas dos elementos estruturais (forma, dimensões,
cobrimentos das armaduras) com critérios de segurança adequados a essa situação excepcional.
2 O incêndio
No incêndio, a ação térmica é descrita por meio dos fluxos de calor convectivo e radiativo
promovidos pelos gases quentes e as chamas do compartimento [39], e por meio do fluxo de calor
condutivo no interior da massa de concreto, transmitindo o calor molécula a molécula no interior da
peça de concreto [26]. O efeito da ação térmica tem por conseqüência o aumento da temperatura do
elemento estrutural. O incêndio apresenta três estágios básicos:
1° Ignição: região que representa o início da inflamação, com crescimento gradual de temperatura,
quase sem influência das características do compartimento (aberturas, material da
compartimentação, etc.) e sem risco à vida humana ou ao patrimônio por colapso estrutural. Esse
estágio termina no instante conhecido por “flashover” (inflamação generalizada). Se as medidas de
proteção ativa forem eficientes, o fogo é extinto rapidamente e, portanto, não há necessidade de
verificação estrutural [36].
2° Aquecimento: região caracterizada por uma mudança súbita de crescimento da temperatura. Nesse
estágio, todo o material combustível no compartimento entra em combustão e a temperatura dos
gases quentes são superiores a 300 °C e de crescimento veloz [43].
3° Resfriamento: região que representa a redução gradual de temperatura após a extinção de todo o
†
São Paulo capital.
‡
Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
§
Rio de Janeiro capital.
**
Egito.
1
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temperatura (°C)
20 795 800
25 821
30 843 600
35 862 curvas padronizadas
40 878 ISO 834 (1999)
45 892 400 ASTM E-119 (2000)
exemplo de curvas naturais
50 905
55 916 200
60 927
65 937
0
70 946
75 955 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
80 963 tempo (min)
85 971
90 978 Figura 1 – Curvas temperatura-tempo padronizadas pelas principais
120 1010 normas internacionais e a forma típica das curvas naturais [39, 42].
240 1093
480 1260
u
A forma segundo a qual a temperatura se eleva durante o incêndio é, por simplicidade, representada por
meio de curvas padronizadas. As curvas-padrão ASTM E-119 [2] e a ISO 834 [24] são as curvas
temperatura-tempo mais divulgadas no mundo, sendo normalmente empregadas na realização de testes
de elementos construtivos e no dimensionamento de edifícios usuais (residenciais e comerciais). Essas
curvas relacionam o aumento da temperatura com o tempo, em compartimentos cuja carga de incêndio é
composta por materiais celulósicos. As normas brasileiras NBR 14432/2000 e NBR 5628/1980
recomendam a curva ISO-834 para descrever a elevação padronizada de temperatura em função do
tempo no projeto de elementos construtivos. A curva ISO-834 é apresentada por meio da expressão (1)
e a ASTM E-119, similar à ISO, é apresentada por meio de Tabela 1.
2
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††
Concreto de alto desempenho.
‡‡
Concreto de alta resistência.
3
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4
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§§
Tensão correspondente ao limite de proporcionalidade.
***
Tensão correspondente ao limite de ruptura.
5
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submetido à altas temperaturas são estimadas a partir das propriedades materiais em situação ambiente
minoradas por coeficientes redutores em função da temperatura a fim de avaliar a capacidade de suporte
da estrutura sob incêndio-padrão para um TRRF preestabelecido.
4.1 Concreto
4.1.1 Resistência à compressão
A redução da resistência do concreto em função da temperatura é estimada por meio do coeficiente
redutor kc,θ da Figura 2. O valor característico da resistência para uma dada temperatura é apresentada
na expressão (2):
f ck ,θ = k c,θ ⋅ f ck ,20° C (2)
onde: fck,θ = resistência característica do concreto à compressão à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
kc,θ = fator de redução da resistência à compressão do concreto em função da temperatura θ (°C)
[adimensional];
fck,20°C = resistência característica do concreto à compressão à temperatura ambiente [MPa].
1 1
Eurocode 2 (1995)
agregados silicosos
(Eurocode 2 (2001)) 0,9
Ec(θ)/Ec(20 °C) - Boutin (1983)
agregados calcáreos 0,8
0,8 (Eurocode 2 (2001)) Ec(θ)/Ec(20 °C) -Proj. Revisão NBR
6118:2000 (2001)
agregados leves 0,7 Ec(θ)/Ec(20 °C) - DTU (1974)
(Eurocode 2 (2001))
kcE,θ = Ec,θ/Ec,20 °C
kc,θ = fc,θ/fc, 20°C
0,2
0,2
0,1
0
0
0 200 400 600 800 1000 1200
0 200 400 600 800 1000 1200
temperatura θ (° C)
temperatura θ (°C)
Figura 3 – Fator de redução do módulo de elasticidade do
Figura 2 – Fator de redução da resistência do concreto à concreto, em função da temperatura.
compressão, em função da temperatura.
6
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1 1
laminados a quente (Eurocode 2 aço laminado a quente
0,9 (2001))
(Eurocode 2 (2001))
trabalhados a frio (Eurocode 2 aço trabalhado a frio
(2001))
0,8 0,8 (Eurocode 2 (2001))
εsi ≥ 2% (zona tracionada) Proj. concreto - agregregados silicosos
Revisão NBR 6118:2000 (2001)
0,7 (Eurocode 2 (2001))
εsi < 2% (zona comprimida) Proj.
ksE,θ = Es,θ/Es,20°C
ks,θ = fyk,θ/fyk,20°C
0,5
0,4 0,4
0,3
0,2 0,2
0,1
0 0
0 200 400 600 800 1000 1200 0 200 400 600 800 1000 1200
Figura 4 – Fator de redução da resistência do aço das Figura 5 – Fator de redução do módulo de elasticidade
armaduras, em função da temperatura. do aço das armaduras, em função da temperatura.
4.2 Aço
4.2.1 Resistência característica
De forma análoga ao concreto, a redução da resistência aço em função da temperatura elevada é
determinada por meio do coeficiente redutor ks,θ da Figura 4. A resistência para uma temperatura é
apresentada na expressão (5):
f yk ,θ = k s,θ ⋅ f yk,20°C (5)
7
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8
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laje de concreto
Figura 6 – Laje de concreto com acabamento de piso. Determinação da espessura a ser considerada segundo a tabela 2 [18].
Tabela 2 – Dimensões e distâncias do eixo mínimas para lajes de concreto armado ou protendido, armadas em uma ou
duas direções [18].
Resistência ao Dimensões mínimas.
incêndio-padrão espessura da laje distância do eixo “a”
TRRF (min) hs (mm) apoiada em uma apoiada nas 4 bordas
ou duas bordas ly /lx ≤ 1,5 1,5 < ly /lx ≤ 2
1 2 3 4 5
30 60 10* 10* 10*
60 80 20 10* 15*
90 100 30 15* 20
120 120 40 20 25
ly e lx são os comprimentos dos lados de uma laje em dupla direção (duas direções segundo ângulos retos), onde ly é o
comprimento do lado maior.
A distância axial “a” nas colunas 4 e 5 para lajes armadas em duas direções refere-se às lajes apoiadas nas quatro
bordas. Para os demais casos, elas deveriam ser tratadas como lajes com ligação de passagem em direção única.
*Geralmente, o cobrimento recomendado em situação normal é suficiente.
Tabela 3 – Dimensões e distância do eixo mínimo para vigas contínuas, em concreto armado e protendido [18].
Resistência Distâncias mínimas em mm
ao incêndio largura
padrão Possíveis combinações de “a” e “bmín” onde “a” é a distância média e “bmín” é a largura
da alma
(min) da viga.
bw
1 2 3 4 5 6
bmín a bmín a bmín a bmín a
TRRF 30 80 15* 160 12* — — — — 80
TRRF 60 120 25 200 12* — — — — 100
TRRF 90 150 35 250 25 400 25 450 25 110
TRRF 120 220 45 300 35 450 35 500 30 130
asd = a + 10 mm (vide abaixo)
asd é a distância da face da viga até a geratriz da barra (cabos ou fios) de vigas com apenas uma camada de armadura.
Para valores de bmín superiores ao apresentado na coluna 3, não é necessário aumentar o valor de “a”.
* Geralmente, o cobrimento recomendado em situação normal é suficiente.
9
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módulo de elasticidade (longitudinal) do concreto utilizado para determinar “az” em peças flexo-
comprimidas, onde a esbeltez é relevante: E c,θ = ( k c,θ )
2
M
⋅ E c,20° C .
10
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A espessura fictícia “az” é função da largura do elemento e do tempo de resistência requerido, isto é, az
= f(w,TRRF).
Tabela 4 – Largura “w” da seção transversal dos elementos estruturais, onde “bw” corresponde a largura, considerada
como a menor dimensão (bw ≤ h) dessa seção [18].
Figura 7 – Região danificada nas superfícies expostas ao fogo, representada pela espessura fictícia “az” [18].
Na Figura 10 estão apresentados os ábacos fornecidos pelo Eurocode para determinar a espessura fictícia
“az” de cada tipo de peça. A dimensão “w” de cada peça corresponde às situações expostas na Tabela 4.
11
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Figura 9 – Isotermas para algumas vigas de concreto submetidas à curva-padrão de aquecimento [13].
w (em mm) →
Nas zonas comprimidas expostas ao fogo, é necessário assegurar que a resistência à compressão não
diminua tanto a ponto de causar colapso instantâneo por esmagamento da região. A profundidade da
zona comprimida (af = 0,8.x) não pode ser menor que 35% da distância entre o centro geométrico das
æ φ
armaduras e a face comprimida ç d = h seção − cobrimento − φestribo − armadura . Essa limitação pode ser
è 2
12
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γc
onde: fyk,θ = resistência característica do aço à temperatura elevada θ (°C) [MPa];
ks,θ = fator de redução da resistência do aço em função da temperatura θ (°C) [adimensional];
As = área de aço contida na zona tracionada [m²];
bfire = largura reduzida da peça [m²];
dfire = distância reduzida entre o centro geométrico das armaduras e a face comprimida [m];
fcd,θ = resistência de cálculo do concreto à compressão em situação excepcional à temperatura
ambiente [MPa];
kc,θM = fator de redução da resistência do concreto, em função da temperatura (θM) no meio da
seção de concreto do elemento estrutural [adimensional];
γc = coeficiente minorador da resistência característica do concreto, em situação excepcional
[adimensional].
6 Exemplos de aplicação
Neste trabalho, a verificação do esforço resistente a altas temperaturas de vigas e lajes usuais de
edifícios foi realizada por meio do método de Hertz. A aplicação desse método no dimensionamento
de pilares ainda está em estudo.
Foram analisados alguns elementos da estrutura de um edifício comercial de 10 pavimentos, incluindo o
térreo. O pé-direito (bruto) é 3,10 m e a altura total do edifício é 31 m. O arranjo estrutural é simples,
delineado com base em uma planta arquitetônica. A planta de forma do pavimento-tipo é apresentada na
Figura 11.
Para essa análise, foram escolhidas quase todas as lajes (exceto as lajes L3=L13) e as vigas contínuas
V3 e V8, ambas dimensionadas à temperatura ambiente (20 °C) para uso convencional.
As características dos materiais adotados no projeto estrutural são:
Aço Concreto (agregados silicosos)
f yk = 500 MPa f ck = 25 MPa
CA-50 í í
îE s = 210 ⋅10 MPa îE c = 0,85 ⋅ E 0 = 0,85 ⋅ 5600 ⋅ f ck = 4760 ⋅ 25 = 23800 MPa
3
Em altas temperaturas, a ruptura por flexão é preponderante no colapso das peças estruturais [12]. Por
esta razão, não foram investigados os efeitos da temperatura na resistência ao cisalhamento. A
capacidade última à flexão das peças são determinadas considerando a redução nas características
mecânicas do concreto, por meio dos coeficientes redutores ks,θ, ksE,θ, kc,θM e kcE,θM, expostos nos itens
5.2.1 e 5.2.2. Essas características térmicas adotadas estão apresentadas na Tabela 6.
O tempo de resistência requerido – TRRF adotado nesta análise foi de 90 minutos de aquecimento
segundo a curva-padrão. Em função do TRRF, a temperatura θ (°C) das armaduras é estimada conforme
a profundidade das barras dentro da seção das peças, por meio das isotermas fornecidas nas Figuras 8 e
9.
Nesta investigação as três formas de combinação de ações excepcionais para verificação da capacidade
de suporte dos elementos estruturais utilizadas estão descritas na Tabela 5.
13
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Tabela 5 – Combinação de ações e coeficientes de ponderação recomendadas pelas normas brasileiras, adotadas nos
exemplos de aplicação.
Combinação de ações Coeficientes de ponderação Situação Norma
Fd = γ g ⋅ Fg k + γ q ⋅ Fq1k ações {γ g = γ q = 1, 4 normal NBR 8681/1984 e
Proposta do texto
γ c = 1, 4 revisão da NBR
materiais
γ s = 1,15 6118/2000
Fd = γ g ⋅ Fg k + γ q ⋅ψ 0 j ⋅ Fq1k γ g = 1, 2 excepcional NBR 8681/1984 e
NBR 14432/2000
ações íγ q = 1, 0
îψ 0 j = ψ 02 = 0, 2
materiais {γ c = γ s = 1
Fd = γ g ⋅ Fg k + γ q ⋅ψ 0 j ⋅ Fq1k ìγ g = 1, 2 excepcional Proposta do projeto
de revisão da NBR
ações íγ q = 1, 0 6118/2000
îψ 0 j = ψ 02 = 0, 4 (escritórios)
ìγ c = 1, 2
materiais í
γ s = 1, 0
(
Fd,fire ≅ 0, 7 ⋅ Fd = 0, 7 ⋅ γ g ⋅ Fg k + γ q ⋅ Fq1k ) ações {γ g = γ q = 1, 4 excepcional Proposta do projeto
de revisão da NBR
ìγ c = 1, 2 6118/2000 (cálculo
(
∴ Fd,fire ≅ 0,98 ⋅ Fg k + Fq1k ) materiais í
γ s = 1, 0 simplificado)
ESCALA 1:170
Por meio da expressão (10) determina-se a posição da linha neutra tendo por princípio o
domínio 3 de deformação do concreto.
14
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Tabela 6 – Fatores (térmicos) de redução para TRRF = 90 minutos, adotadas nos exemplos de aplicação para os materiais.
Elemento Estrutural Temperatura para Observações
TRRF = 90 minutos
Lajes maciças armadas em θ x ≈ 620 °C k s (θ x ) ≈ 0, 422 k c (θ M ) ≈ 0,98
cruz í h laje = w = 130 mm
TRRF = 90 min
→
îθ y ≈ 530 °C Þ k s (θ y ) ≈ 0, 687 a z = 28 mm
gráfi cos (isotermas)
6.1 Resultados
6.1.1 Lajes
Cobrimento das armaduras: 20 mm
Tabela 7 – Flexão devido aos momentos nos vãos das lajes maciças.
SITUAÇÃO NORMAL (temperatura ambiente) SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
Verificação segundo a NBR 8681/1984 e
Carregamento
(kN/m²)
ℓy/ℓx dx (cm) y g q md md y mu x mu y md x md y
(m) (m) (cm²) (cm) (cm²) x
L1 = L5 4,90 4,90 1,00 10,685 1,56 10,055 1,56 4,75 2 6,58 6,58 3,49 5,31 4,25 4,25 0,82 1,25
L2 = L4 4,90 5,25 1,07 10,685 1,87 10,055 1,87 4,75 2 7,26 6,72 4,18 6,36 4,69 4,33 0,89 1,47
L6 = L10 4,90 5,00 1,02 10,685 1,56 10,055 1,56 4,905 2 5,35 6,14 3,49 5,31 3,48 4,00 1,00 1,33
L7 = L9 5,00 5,25 1,05 10,685 1,56 10,055 1,56 4,905 2 5,61 5,11 3,49 5,31 3,65 3,32 0,95 1,60
L11 = L15 4,90 4,90 1,00 10,685 1,56 10,055 1,56 4,75 2 6,58 6,58 3,49 5,31 4,25 4,25 0,82 1,25
L12 = L14 4,90 5,25 1,07 10,685 1,87 10,055 1,87 4,75 2 7,26 6,72 4,18 6,36 4,69 4,33 0,89 1,47
L8 4,50 5,00 1,11 10,685 1,56 10,055 1,56 4,75 2 6,65 4,04 3,49 5,31 4,29 2,61 0,81 2,04
15
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Tabela 7 (continuação)
SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
Verificação segundo a NBR 6118/2000
Lajes Esforço de cálculo *Esforço de cálculo m ux m u y Esforço de cálculo m u m uy * estimativa de 70% das
resistente (kN.m/m) atuante (kN.m/m) atuante kN.m/m)
x
Observações ações normais
mux muy mdx mdy m dx m dy mdx mdy m dx m dy
†
L1 = L5 3,48 5,30 4,60 4,60 0,76 1,15 4,52 4,52 0,77 1,17 ruína para a combinação
L2 = L4 4,17 6,34 5,08 4,70 0,82 1,35 5,00 4,62 0,84 1,37 ruína excepcional de ações
indicada nas NBR
L6 = L10 3,48 5,30 3,74 4,30 0,93 1,23 3,70 4,25 0,94 1,25 ruína† 8681/1984 e NBR
L7 = L9 3,48 5,30 3,93 3,58 0,89 1,48 3,88 3,53 0,90 1,50 ruína 14432/2000, a laje
L11 = L15 3,48 5,30 4,60 4,60 0,76 1,15 4,52 4,52 0,77 1,17 ruína resiste ao incêndio-
L12 = L14 4,17 6,34 5,08 4,70 0,82 1,35 5,00 4,62 0,84 1,37 ruína padrão para um TRRF =
L8 3,48 5,30 4,65 2,83 0,75 1,87 4,57 2,78 0,76 1,91 ruína 90 min.
Tabela 8 – Flexão devido aos momentos nos apoios das lajes maciças.
SITUAÇÃO
NORMAL SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
(temperatura ambiente)
Lajes
d_fire (cm)
Esforço de cálculo
Esforço de cálculo
Esforço de cálculo
Esforço de cálculo
md (kN.m/m)
Verificação
resistente mu__
cálculo atuante
** Esforço de
resistente mu_
mu _ mu _
Asø_ (cm²)
Verificação
(kN.m/m)
(kN.m/m)
(kN.m/m)
(kN.m/m)
atuante md_
atuante md_
(“colapso mu _
d_ (cm)
(“colapso
md _ não- md _
md _ não-
avisado”)
avisado”)
L1/L2 = L4/L5 = 10,6 3,52 13,24 7,75 12,98 4,29 3,03 0,09 12,83 4,57 2,81 4,65 2,76 0,11
L11/L12 = L14/L15
< 0,3 → Ok!
6.1.2 Vigas
Cobrimento das armaduras: 25 mm
Tabela 9 – Flexão devido aos momentos nos vãos das vigas contínuas.
SITUAÇÃO NORMAL (temperatura ambiente) SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
Verificação segundo
Verificação segundo o projeto de
Carregamento
NBR 14432/2000
Md+ (kN.m)
tramos
Esforço de cálculo
az (mm)
Esforço de cálculo
øprincipal (mm)
(cm²)
øest (mm)
dreal (cm)
Mu Mu Mu
ℓvão (m)
hw (m)
bw (m)
hf (m)
bf (m)
+ + +
Md Md Md
real
+ + +
g q
As
V8 1 4,90 0,5 0,19 0,13 0,925 22,46 4,90 72,39 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 46,245 39,94 52,77 0,76 39,90 54,63 0,79 50,67 0,79
2 5,00 0,5 0,19 0,13 0,790 23,09 5,00 40,96 6,3 12,5 2,45 46,245 28,5 46,245 26,65 30,84 0,86 26,63 29,43 0,94 29,43 0,90
3 4,90 0,5 0,19 0,13 0,925 22,46 4,90 72,39 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 46,245 39,94 52,77 0,76 39,90 50,68 0,79 50,67 0,79
V3 1 4,90 0,5 0,19 0,13 0,925 22,65 4,90 64,58 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 46,245 39,83 47,17 0,84 39,83 48,81 0,82 45,21 0,88
2 5,25 0,5 0,19 0,13 0,820 23,45 5,23 62,67 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 46,245 39,83 45,73 0,87 39,83 47,33 0,84 43,87 0,91
3 4,50 0,5 0,19 0,13 0,730 7,72 2,25 -41,17 6,3 12,5 2,45 46,245 28,5 46,245 26,55 8,19 3,24 26,55 8,57 3,12 8,24 3,25
4 5,25 0,5 0,19 0,13 0,820 23,25 5,23 62,24 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 46,245 39,83 45,36 0,88 39,83 46,96 0,85 43,57 0,91
5 4,90 0,5 0,19 0,13 0,925 22,65 4,90 64,58 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 46,245 39,83 46,79 0,85 39,83 48,43 0,82 44,90 0,89
‡
estimativa de 70% das ações normais.
Os valores em vermelho correspondem aos tramos que não resistem a ação térmica para o TRRF = 90 minutos.
16
X X X J O R N A D A S S U L - A M E R I C A N A S D E E N G E N H A R I A E S T R U T U R A L
Tabela 10 – Flexão devido aos momentos nos apoios das vigas contínuas.
SITUAÇÃO NORMAL (temperatura ambiente) SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
Verificação segundo a
Carregamento
Características Verificação segundo o projeto de
(kN/m)
geométricas revisão da NBR 6118/2000
14432/2000
Md_ (kN.m)
Esforço de cálculo
Esforço de cálculo
Esforço de cálculo
Esforço de cálculo
Esforço de cálculo
øprincipal (mm)
Verificação
Verificação
(cm²)
Mu Mu Mu
øest (mm)
dreal (cm)
hw (m)
bw (m)
_ _ _
Md _ Md _ Md _
real
g q
As
†
‡
V8 P14 0,5 0,19 22,46 4,90 94,98 6,3 12,5 6,14 46,245 28,5 43,395 0,13 116,48 69,30 1,68 0,21 113,15 71,72 1,57 66,48 1,70 0,26
P8 0,5 0,19 22,46 4,90 94,98 6,3 12,5 6,14 46,245 28,5 43,395 0,13 116,48 69,30 1,68 0,21 113,15 71,72 1,57 66,48 1,70 0,26
V3 P8 0,5 0,19 22,65 4,90 117,21 6,3 12,5 7,36 46,245 28,5 43,395 0,13 135,78 85,52 1,58 0,26 130,99 88,51 1,48 82,05 1,59 0,31
P9 0,5 0,19 23,45 5,23 39,63 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 43,395 0,13 73,89 28,25 2,61 0,13 72,69 29,39 2,47 27,74 2,62 0,15
P10 0,5 0,19 7,72 2,25 39,32 6,3 12,5 3,68 46,245 28,5 43,395 0,13 73,89 27,98 2,64 0,13 72,69 29,13 2,49 27,52 2,64 0,15
P11 0,5 0,19 7,72 2,25 116,40 6,3 12,5 7,36 46,245 28,5 43,395 0,13 135,78 84,83 1,60 0,26 130,99 87,81 1,49 81,48 1,60 0,31
†
Verificação (colapso “não-avisado”). Para valores maiores que 0,3 há perigo de ruptura frágil.
‡
estimativa de 70% das ações normais.
6.2 Comentários
Os valores de cálculo dos esforços atuantes das lajes verificadas para TRRF de 90 minutos, são: 0 a
18% superiores aos valores de cálculo dos esforços resistentes à flexão, nas zonas tracionadas (meio
dos vãos), segundo as NBR 8681/1984 e NBR 14432/2000, e, 6 a 25% respectivamente, segundo a
proposta de revisão da NBR 6118/2000. Na região dos apoios (momentos negativos), os esforços
atuantes são cerca de 34% inferiores aos valores de cálculo dos esforços resistentes, calculados
segundo as NBR 8681/1984 e NBR 14432/2000, e, cerca de 37% inferiores aos esforços resistentes
determinados segundo a proposta de revisão da NBR 6118/2000.
Na região dos momentos positivos (meio de vãos) das vigas deste exemplo analisadas para TRRF de 90
minutos, os valores de cálculo dos esforços atuantes são 10 a 24% superiores aos valores de cálculo dos
esforços resistentes, segundo as NBR 8681/1984 e NBR 14432/2000 e, 6 a 24%, conforme a proposta
de revisão da NBR 6118/2000. Na região dos apoios (momentos negativos), os valores de cálculo dos
esforços atuantes são 37 a 62% inferiores aos valores de cálculo dos esforços resistentes, segundo as
NBR 8681/1984 e NBR 14432/2000, e, 33 a 62% segundo a proposta de revisão da NBR 6118/2000.
Nas proximidades dos apoios, onde a zona comprimida é a região aquecida, as vigas e lajes
contínuas apresentaram resistência ao fogo superior a 90 minutos; entretanto, as regiões próximas
aos apoios P8 e P11 da viga V3 apresentaram risco de “colapso não-avisado” por esmagamento da
zona comprimida, quando analisadas segundo o projeto de revisão da NBR 6118/2000.
Os valores de cálculo dos esforços atuantes nas lajes deste exemplo, determinados por meio do
método simplificado (estimativa de 70% das ações normais) indicado na proposta de revisão da
NBR 6118/2000, são cerca de 2% maiores em relação àqueles encontrados por meio do método
cujos valores dos esforços atuantes em incêndio são compostos rigorosamente pela combinação de
ações excepcionais, indicada nessa mesma proposta de revisão.
Nas vigas, os valores de cálculo dos esforços atuantes, determinados por meio do método
simplificado (estimativa de 70% das ações normais) indicado na proposta de revisão da NBR
6118/2000, são cerca de 4% menores em relação àqueles encontrados por meio do método de
cálculo cujos valores de cálculo dos esforços atuantes em incêndio são compostos rigorosamente
pela combinação de ações excepcionais, constante nessa mesma proposta de revisão.
Para as lajes verificadas neste exemplo, os valores de cálculo dos esforços atuantes determinados
rigorosamente por meio da combinação de ações excepcionais, indicada na proposta de revisão da
NBR 6118/2000, são 6 a 7% maiores do que aqueles encontrados por meio da NBR 8681/1984 e
17
X X X J O R N A D A S S U L - A M E R I C A N A S D E E N G E N H A R I A E S T R U T U R A L
NBR 14432/2000; os esforços atuantes obtidos por meio do método simplificado (estimativa de
70% das ações normais), indicada nessa mesma proposta de revisão, são 7 a 8% maiores do que os
encontrados por meio daquelas duas normas supracitadas.
Para as vigas analisadas neste exemplo, os valores de cálculo dos esforços atuantes obtidos
rigorosamente por meio da combinação de ações excepcionais, indicada na proposta de revisão da
NBR 6118/2000, são 3 a 4% maiores do que aqueles encontrados por meio da NBR 8681/1984 e
NBR 14432/2000, enquanto os esforços atuantes calculados por meio do método simplificado,
indicada nessa mesma proposta de revisão, são 3 a 4% menores do que os encontrados por meio da
NBR 8681/1984 e NBR 14432/2000.
A ductilidade adquirida pelos materiais em altas temperaturas, aumenta a capacidade de deformação
das estruturas de concreto armado. Neste trabalho, as deformações do concreto e do aço não foram
controladas. Entretanto, dimensionamentos sem limitar a deformação do aço podem induzir uma
deformação exagerada nas peças delgadas, sobretudo às lajes, comprometendo a capacidade de
compartimentação pelo excesso de trincas. As chamas podem se propagar para o compartimento
superior, através de gretas nas lajes, criadas por fissuração exagerada. A deficiência na
compartimentação das lajes de piso devido a fissuração excessiva pode ser minimizada com o uso
de lajes de maior espessura, uso de lajes com forma metálica incorporada (“steeldeck”) ou ainda,
aplicação de materiais de revestimento com boas características de isolamento térmico. A limitação
de 15% para deformação linear específica máxima do aço†††, deve ser melhor avaliada.
7 Conclusões
O aço e o concreto têm suas resistências reduzidas quando submetidos a altas temperaturas. As
estruturas de concreto, sobretudo aquelas de concretos de alta resistência (CAR e CAD), podem
estar sujeitas à degradação prematura por meio do “spalling”.
Tendo em vista a excepcionalidade da ação do incêndio, os valores de cálculo dos esforços atuantes
em situação de incêndio podem ser reduzidos se comparados aos valores de cálculo dos esforços
normalmente utilizados à temperatura ambiente.
Há métodos simplificados (tabulares) e mais precisos (analíticos) para a verificação de estruturas
em situação de incêndio.
Nos exemplos analisados segundo o método de Hertz, a maioria das vigas e lajes dimensionadas
conforme a NBR 6118/2000 para a combinação normal de ações, não resistiu a 90 minutos de
incêndio-padrão, nas regiões de momento positivo.
Das 13 lajes analisadas, em 12, o valor de cálculo do momento atuante foi maior entre 5 e 25% (dependendo
da combinação de ações excepcionais adotada) que o resistente. Das 2 vigas analisadas, totalizando 7 vãos,
em 6, o momento atuante foi entre 6 e 24 % maior que o resistente, na região do meio dos vãos (momentos
positivos). Nas proximidades dos apoios, onde a região aquecida é a zona comprimida, as vigas e lajes
contínuas apresentaram resistência ao fogo superior a 90 minutos; entretanto, a verificação estrutural
segundo o projeto de revisão da NBR 6118/2000 indica risco de ruptura frágil do concreto nesses locais.
8 Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (Proc. N° 00/12147-6), pelo
apoio financeiro a essa pesquisa.
9 Referências Bibliográficas
[1] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. “Guide for Determining the Fire Endurance of
†††
A deformação linear específica εs = 15% é a deformação máxima correspondente à tensão de escoamento do aço.
18
X X X J O R N A D A S S U L - A M E R I C A N A S D E E N G E N H A R I A E S T R U T U R A L