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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

ANDRÉIA ROMERO FANTON

ANÁLISE NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO


TERMOMECÂNICO DE LAJES DE CONCRETO
ARMADO EXPOSTAS AO FOGO

CAMPINAS
2019
ANDRÉIA ROMERO FANTON

ANÁLISE NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO


TERMOMECÂNICO DE LAJES DE CONCRETO
ARMADO EXPOSTAS AO FOGO

Dissertação de Mestrado apresentada a Facul-


dade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urba-
nismo da Unicamp, para obtenção do título de
Mestra em Engenharia Civil, na área de Estru-
turas e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Almeida

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FI-

NAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA

ANDRÉIA ROMERO FANTON E ORIENTADA PELO

PROF. DR. LUIZ CARLOS DE ALMEIDA

ASSINATURA DO ORIENTADOR

CAMPINAS
2019
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Fanton, Andréia Romero, 1994-


F218a FanAnálise numérica do comportamento termomecânico de lajes de concreto
armado expostas ao fogo / Andréia Romero Fanton. – Campinas, SP : [s.n.],
2019.

FanOrientador: Luiz Carlos de Almeida.


FanDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.

Fan1. Concreto armado. 2. Fogo. 3. Método dos elementos finitos. 4. Análise


numérica. 5. Lajes. I. Almeida, Luiz Carlos de, 1955-. II. Universidade Estadual
de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. III.
Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Numerical analysis of thermomechanical behavior of reinforced


concrete slabs in fire
Palavras-chave em inglês:
Reinforced concrete
Fire
Finite element method
Numerical analysis
Slabs
Área de concentração: Estruturas e Geotécnica
Titulação: Mestra em Engenharia Civil
Banca examinadora:
Luiz Carlos de Almeida [Orientador]
Leandro Palermo Junior
Ana Elisabete Paganelli Guimarães de Avila Jacintho
Data de defesa: 29-11-2019
Programa de Pós-Graduação: Engenharia Civil

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)


- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-2623-736X
- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/1377130373850684

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E


URBANISMO

ANÁLISE NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO


TERMOMECÂNICO DE LAJES DE CONCRETO
ARMADO EXPOSTAS AO FOGO

Andréia Romero Fanton

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. Luiz Carlos de Almeida


Presidente e Orientador/Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Leandro Palermo Junior


Universidade Estadual de Campinas

Profa. Dra. Ana Elisabete Paganelli Guimarães de Avila Jacintho


Pontifícia Universidade Católica de Campinas

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de


Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

Campinas, 29 de novembro de 2019


Dedicatória
Para os meus pais, Maristela e Airton, que guiam minha vida e são minhas maiores inspirações,
com todo o meu amor.
Agradecimentos
À minha mãe, Maristela, pelo imensurável amor que sempre recebi e por acreditar em meu
potencial. Ao meu pai, Airton, por ser meu exemplo de ser humano e profissional, por todo
o incentivo e amor. À minha irmã, Adriana, por todo apoio. Ao Marcelo, por ser meu “aluno
cobaia”, e por me permitir aprender muito mais do que ensinar. Ao Renato, pela compreensão e
ajuda. Sem vocês eu não chegaria até aqui. O meu eterno obrigada.

Ao meu orientador, professor Dr. Luiz Carlos de Almeida, por todos os ensinamentos, profissio-
nalismo, amizade, incentivo, dedicação e, acima de tudo, por sempre acreditar neste trabalho e
por todas as oportunidades proporcionadas na UNICAMP, as quais me permitiram crescer além
do que imaginei ser possível.

Ao professor Dr. Leandro Mouta Trautwein, pela confiança, aprendizado e acompanhamento na


orientação da pesquisa, e por sempre estar disposto a me ajudar.

Aos professores Dr. Leandro Palermo Junior e Dra. Ana Elisabete Jacintho, que participaram
nas bancas de Qualificação e Defesa, sugerindo melhorias e desenvolvimento.

Ao LabMEM - Laboratório de Modelagem Estrutural e Monitoração -, por disponibilizar as


ferramentas e programas computacionais necessários ao desenvolvimento desta dissertação.

A todos os amigos dos laboratórios LabMEM e RELab do Departamento de Estruturas, por toda
a ajuda, motivação, por acreditarem mais em mim do que eu mesma e por todos os momentos
compartilhados, em especial a Vanessa Saback, Raquel Dantas, Marcos Silva, Ricardo Randi,
Rafael Sanabria, Carlos Benedetty, Leonardo Oliveira, Murilo Marques, Rangel Lage, Ingrid
Irreño, Juan Martinez, Gustavo Cavalcante, Isabela Durci, Eduardo Marques e Fábio Leitão.

Àqueles que me acompanharam direta ou indiretamente durante essa trajetória, acreditaram que
este trabalho seria possível e me apoiaram nos momentos em que precisei, pelo companheirismo,
compreensão, paciência e confiança.

Aos professores e funcionários da FEC/UNICAMP, que foram essenciais e que colaboraram


durante toda a minha graduação e pós-graduação, especialmente para a realização deste trabalho.

Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), processo 130372/2019-


6, pelo auxílio financeiro durante a realização desta pesquisa, e ao curso de especialização em
Projetos de Estruturas de Concreto Armado da EXTECAMP pela bolsa de monitoria concedida.

E a Deus, sem Ele nada disso seria possível.

Muito obrigada!
“Tu, porém, terás estrelas como ninguém. . . Quero dizer: quando olhares o céu de noite,
(porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E
tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu
serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E
abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto. . . E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir
olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!”

Antoine de Saint-Exupéry
Resumo
A proteção à vida humana, assim como ao patrimônio, é necessária e deve ser premissa
fundamental quando se projetam as edificações, de maneira que essa proteção seja garantida. Em
situações de incêndio, propriedades físicas, químicas e mecânicas do concreto sofrem alterações
significativas. A estrutura de concreto armado, quando submetida ao fogo, tem sua resistência
mecânica reduzida. Tal redução está relacionada tanto com a mudança de comportamento
do material como também, em muitos casos, com o lascamento do concreto. Este, por sua
vez, depende de fatores estruturais e de diversos parâmetros dos materiais constituintes do
concreto. O lascamento pode ocorrer de diferentes maneiras, sendo a forma explosiva a mais
perigosa. Um grande número de pesquisas experimentais e numéricas sobre o comportamento do
concreto exposto ao fogo têm sido realizadas em elementos estruturais de vigas e pilares, sendo
que as lajes são estudadas com menor frequência, principalmente devido às suas dimensões e
consequentemente maiores custos de pesquisa. O objetivo geral desse projeto é a realização
de uma análise numérica do comportamento combinado termomecânico de lajes de concreto
armado em situação de incêndio, através de modelagem estrutural em elementos finitos nos
programas computacionais ATENA e GiD. Os modelos numéricos térmico e termomecânico
em elementos finitos foram calibrados a partir dos resultados de ensaios experimentais obtidos
na literatura. Os resultados da calibração dos modelos obtidos neste trabalho mostraram-se
satisfatórios. A análise paramétrica realizada alterando-se os agregados do concreto mostrou que
o comportamento do concreto com agregado calcário é melhor quando comparado ao agregado
silicoso. Para a exposição à curva de incêndio ISO834, o deslocamento no centro da laje com
agregado silicoso foi 47% superior àquela com agregado calcário. Esta diferença para a curva de
incêndio de hidrocarbonetos foi de 58%.

Palavras-chave: concreto; fogo; elementos finitos; análise numérica; lajes.


Abstract
The protection to the human life, as well as to the assets, is necessary and must be a fundamental
premise when designing buildings, so that this protection is guaranteed. In a fire situation,
physical, chemical and mechanical properties of the concrete undergo significant changes. The
reinforced concrete structure, when subjected to fire, has its mechanical resistance reduced. This
reduction is related both to the behavioral change of the material and also, in many cases, to
the concrete spalling. This, in turn, depends on structural factors and various parameters of
the constituent materials of concrete. Spalling can occur in different ways, the most dangerous
being the explosive. A large number of experimental and numerical researches on the behavior of
concrete exposed to fire have been carried out on structural elements of beams and columns, with
slabs being studied less frequently, mainly due to its size and consequently higher research costs.
The main objective of this project is the numerical analysis of the thermomechanical behavior
of reinforced concrete slabs exposed to fire, using finite element modeling of structural elements
in the ATENA and GiD (computational programs). The thermal and thermomechanical models
in finite elements were adjusted from the experimental results obtained in the literature. The
calibration results of the models obtained in this project were satisfactory. The parametric
analysis carried out changing the aggregate type of concrete showed that the calcareous aggregate
concrete behavior is better than the siliceous one. When exposed to ISO834 fire curve, the
displacement in the center of slab with siliceous aggregate was 47% higher than the slab with
calcareous aggregate. This diference in the hydrocarbon fire curve exposition was 58%.

Keywords: concrete; fire; finite elements; numerical analysis; slabs.


Lista de símbolos
𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐,𝑝𝑖𝑐𝑜 : valor de pico constante do calor específico do concreto;

𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐 : calor específico do concreto;

C: força de compressão;

𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝 : coeficiente da capacidade térmica do material;

𝑑𝑖 : direção descendente por onde a função de incremento é reduzida;

𝑑𝑚á𝑥 : diâmetro máximo do agregado;

𝑒: parâmetro adimensional de excentricidade;

E: módulo de elasticidade do concreto;

𝐸𝑐 : módulo de elasticidade inicial do concreto;

E*: inclinação do ramo descendente;

𝐸𝑐𝑚 : módulo de elasticidade do concreto;

𝑓 : forças internas;

𝑓𝑐 : resistência à compressão do concreto;

𝑓𝑐,𝑟𝑒𝑑 : fator de redução da resistência à compressão do concreto;



𝑓𝑐0 : resistência à compressão do concreto no início do regime não linear;

𝑓𝑐𝑚 : resistência à compressão cilíndrica;

𝑓𝑡𝑚 : resistência à tração direta;

𝑓𝑡𝑒𝑓 : tensão de tração efetiva;

𝐺: módulo de cisalhamento;

𝐺𝑐𝑟 : módulo de cisalhamento no estado fissurado;

𝐺𝑓 : energia de fratura do concreto;

𝐺𝑓 0 : parâmetro dependente da dimensão máxima do agregado 𝑑𝑚á𝑥 ;

𝑘: rigidez do material;

𝐾𝑡𝑒𝑚𝑝 : coeficiente do fluxo de calor;

𝐾𝑇𝑖 (𝑢𝑖 ): matriz Jacobiana no passo analisado (matriz da rigidez tangente), equivalente à derivada
da força em relação ao deslocamento no passo em questão (𝜕𝑃/𝜕𝑢)𝑖 .
L: vão livre da laje;

𝑀𝑓+𝑜𝑔𝑜,𝑅𝑒𝑑 : momento positivo aplicado reduzido, em situação de incêndio;

𝑀𝑓−𝑜𝑔𝑜 : momento negativo na laje devido ao empuxo atuando abaixo do eixo central da laje, em
situação de incêndio;

𝑀𝑓+𝑜𝑔𝑜 : momento positivo na laje, em situação de incêndio;

𝑀𝑓−𝑟𝑖𝑜 : momento negativo na laje, em temperatura ambiente;

𝑀𝑓+𝑟𝑖𝑜 : momento positivo na laje, em temperatura ambiente;


+
𝑀𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 : momento positivo na laje devido ao peso próprio;

𝑀𝑡ℎ : momento uniforme devido à restrição à rotação contrária à curvatura induzida pelo
gradiente térmico.

𝑀Δ : momento devido ao deslocamento da laje para baixo, em conjunto com a força de restrição
T;

𝑃 (𝑢): forças externas;

𝑅𝑖+1 : resíduo da diferença entre forças internas e forças externas (aplicadas);

𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 : resistência à flexão positiva da laje em situação de incêndio;

𝑅𝑓−𝑜𝑔𝑜 : resistência à flexão negativa da laje em situação de incêndio;

𝑅𝑓+𝑟𝑖𝑜 : resistência à flexão positiva da laje em temperatura ambiente;

𝑅𝑓−𝑟𝑖𝑜 : resistência à flexão negativa da laje em temperatura ambiente;

𝑠: deslizamento;

𝑠𝐹 : fator de cisalhamento;

t: tempo da exposição ao fogo, em minutos;

T: força axial de compressão devido à restrição de movimento horizontal por expansão térmica
na laje;

𝑇0 : temperatura ambiente inicial - comumente adotada como 20𝑜 C;

𝑇𝑎ç𝑜 : temperatura no aço;

𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 : temperatura no concreto;

𝑇𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 : temperatura dos gases, em 𝑜 C;

𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 : temperatura inicial;


𝑢: deformação do material;

U: teor de umidade da massa do concreto;

𝑈𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 : umidade inicial.

𝑤: carga uniformemente distribuída;

𝑤𝑐 : valor da abertura de fissura quando 𝜎 = 0;

𝑤𝑑 : deslocamento plástico pós-pico devido à compressão;

𝑧0 : distância entre a posição da força de empuxo e o eixo central da laje nos apoios;

𝛼𝑖 : valor que multiplica o vetor de incremento de deslocamento na direção perpendicular ao


ponto de equilíbrio;

𝛽: fator de retenção ao cisalhamento;

𝜀𝑎ç𝑜 : variação da expansão térmica do aço;

𝜀𝑐 : deformação do concreto;

𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 : variação da expansão térmica do concreto;

𝜀𝑐𝑝 : deformação plástica do concreto;

𝜀𝑐𝑟 : deformação devido à fluência;

𝑛𝑛 : deformação normal da abertura de fissura;


𝜀𝑐𝑟

𝜀𝑇 : deformação total;

𝜀𝑡ℎ : deformação térmica;

𝜀𝑡𝑟 : deformação transiente;

𝜀𝑢 = deformação na tensão última;

𝜀1 : deformação na transição entre o regime parabólico e o linear descendente;

𝜀𝜎 : deformação instantânea, relacionada à tensão;

𝜂𝑓 𝑖 : fator de redução das ações em situação excepcional;


𝑐𝑟
𝛾𝑛𝑡 : distorção da fissura;

𝜆𝑐𝑜𝑛𝑐 : condutividade térmica do concreto;

𝜉: nível de carregamento acidental, dado pela relação entre os valores característicos da ação
variável e das ações permanentes;

𝜈: coeficiente de Poisson;
𝜌𝑐 : massa específica do concreto de densidade normal à temperatura ambiente;

𝜌𝑐,𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 : massa específica do concreto de densidade normal em função da temperatura 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ;

𝜎: tensão;
̃︀ histórico de tensões;
𝜎:

𝜎*: tensão adicional no ramo descendente;

𝜎𝑢 : tensão última na temperatura instantânea;

𝜎1 : tensão normal ao plano de fissuração;

𝜎2 : tensão paralela ao plano de fissuração;

𝜏 : tensão de aderência;

Δ: deslocamento vertical no meio do vão da laje.


Lista de ilustrações

Figura 1 – Distribuição dos casos de incêndio - tipos. Adaptado de World Fire Statistics
(2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 2 – Variação do fator de redução 𝜂𝑓 𝑖 com a ação variável principal relativa 𝜉.
Fonte: Adaptado de Costa (2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 3 – Critérios de resistência ao fogo segundo a estabilidade, a estanqueidade
e o isolamento de uma laje. Adaptado de Costa (2008) e Macrovector
(https://br.freepik.com/macrovector - Acesso em 03 de abril de 2019). . . . . 28
Figura 4 – Incêndio no Edifício Wilton Paes de Almeida - São Paulo. . . . . . . . . . . 29
Figura 5 – Boate Kiss após o incêndio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 6 – Incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 7 – a) Estrutura do circo após o incêndio b) Elefante Semba e a trapezista
Antonieta Stepanovich. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 8 – Incêndio na Catedral de Notre-Dame, em Paris. . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 9 – Tetraedro do fogo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 10 – Fornos verticais no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 11 – Estrutura de oito pavimentos para ensaio de incêndio em escala real em
Cardington, Reino Unido. Fonte: Nogueiro et al. (2005). . . . . . . . . . . . 39
Figura 12 – Desenvolvimento de um incêndio em um compartimento de pequeno volume.
Fonte: adaptado de Maximiano (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 13 – Curvas nominais para materiais celulósicos. Fonte: adaptado de Costa (2008). 43
Figura 14 – Curva de incêndio externo, em comparativo com a curva ISO 834. Fonte:
adaptado de Costa (2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 15 – Curva de incêndio de hidrocarbonetos. Fonte: adaptado de Costa (2008). . . 45
Figura 16 – Variação da massa específica do concreto usual em função da temperatura.
Fonte: adaptado de EN 1992-1-2:2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 17 – Expansão térmica em função da temperatura para o concreto. Fonte: adaptado
de Maximiano (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 18 – Expansão térmica em função da temperatura para o aço. Fonte: adaptado de
Maximiano (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 19 – Condutividade térmica em função da temperatura, para o concreto. Fonte:
adaptado de Maximiano (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 20 – Calor específico em função da temperatura, para o concreto. Fonte: adaptado
de Maximiano (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 21 – Calor específico em função da temperatura, para o aço. Fonte: adaptado de
Azevedo (2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 22 – Deformação versus temperatura, sob aquecimento de 5°C/min, para diferentes
níveis de tensão de compressão. Fonte: adaptado de Anderberg (1978). . . . 58
Figura 23 – Relações tensão-deformação para diferentes temperaturas. Fonte: adaptado
de Anderberg e Thelandersson (1976). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 24 – Descrição gerão da relação tensão versus deformação. Fonte: adaptado de
Anderberg e Thelandersson (1976). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 25 – Determinação de 𝜀𝑢 . Fonte: adaptado de Anderberg e Thelandersson (1976). 62
Figura 26 – Princípio do encruamento (ou trabalho a frio) para fluência. Fonte: adaptado
de Anderberg e Thelandersson (1976). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 27 – Relação entre as diferentes componentes de deformação. Fonte: adaptado de
Anderberg e Thelandersson (1976). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 28 – Colapsos localizados devido a situação de incêndio em um edifício. Fonte:
adaptado de Costa (2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 29 – Mecanismo de colapso em estruturas biapoiadas. . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 30 – Mecanismo de colapso em estruturas apoiadas-restritas à rotação. . . . . . . 69
Figura 31 – Mecanismo de colapso em estruturas engastadas-livres. . . . . . . . . . . . . 69
Figura 32 – Mecanismo de ruptura de vigas em edifícios. Fonte: adaptado de Costa (2008). 70
Figura 33 – Ação do aumento da temperatura sobre o diagrama de momento fletor de
uma viga contínua de dois vãos com carregamento distribuído uniforme, sem
o efeito da restrição a dilatação térmica. Fonte: adaptado de Costa (2008). . 71
Figura 34 – Restrição à dilatação térmica. Fonte: adaptado de Gosselin (1987). . . . . . 72
Figura 35 – Forças de ação térmica e de reação das estruturas adjacentes frias à dilatação
horizontal dos elementos aquecidos. Fonte: adaptado de Costa (2008). . . . . 72
Figura 36 – Força de reação à dilatação térmica da laje ou viga. Fonte: adaptado de Costa
(2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 37 – Curva carga versus deslocamento para lajes de concreto restringidas lateral-
mente. Fonte: adaptado de Gillie (2000). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Figura 38 – Ação de membrana em lajes de concreto armado. Fonte: adaptado de Gillie
(2000). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 39 – Ação de catenária em laje de concreto armada em uma direção. Fonte:
adaptado de Costa (2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 40 – Comparação entre os alongamentos térmicos do concreto e do aço. Fonte: EN
1992-1-2: 2004. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Figura 41 – Laje simplesmente apoiada aquecida pela superfície inferior. Fonte: adaptado
de Lim (2003). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Figura 42 – Laje simplesmente apoiada aquecida pela superfície inferior, com restrição
axial nos apoios. Fonte: Lim (2003). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 43 – Diagrama de corpo livre de uma laje simplesmente apoiada, com restrição.
Fonte: adaptado de Lim (2003). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Figura 44 – Definição do termo e no diagrama de corpo livre da laje. Fonte: adaptado de
Buchanan (2001). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Figura 45 – Componentes do momento em laje com restrição com a linha de empuxo na
parte inferior da laje. Fonte: adaptado de Lim (2003). . . . . . . . . . . . . . 85
Figura 46 – Ação de membrana de compressão para diferentes posições da linha de empuxo.
Fonte: adaptado de Lim (2003). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Figura 47 – Componentes do momento em laje contínua com restrição. Fonte: Lim (2003). 89
Figura 48 – Modelos de incêndio e métodos de avaliação da resistência ao fogo indicados
no Eurocode 2 parte 1-2 (2004). Fonte: adaptado de Albuquerque (2018). . . 91
Figura 49 – Representação da técnica de análise não linear através do Método dos Ele-
mentos Finitos. Fonte: adaptado de PUKL et al. (2016). . . . . . . . . . . . 96
Figura 50 – Representação dos modelos de fissura incorporada. Fonte: adaptado de CER-
VENKA et al. (2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Figura 51 – Função de amolecimento exponencial na tração. Fonte: adaptado de CER-
VENKA et al. (2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Figura 52 – Fator de retenção ao cisalhamento segundo diferentes formulações. Fonte:
Sanabria Díaz (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Figura 53 – Modelo de amolecimento na compressão Fictitious Compression Plane Model.
Fonte: adaptado de CERVENKA et al. (2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Figura 54 – Modelo de endurecimento na compressão. Fonte: adaptado de CERVENKA
et al. (2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Figura 55 – Comportamento do concreto à compressão. Adaptado de CERVENKA et al.
(2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Figura 56 – Relação tensão versus deformação multilinear para representação da armadura.
Fonte: adaptado de CERVENKA et al. (2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Figura 57 – Relações analíticas de tensão de aderência versus deslizamento segundo o
CEB-FIB, MC90. Fonte: adaptado de CERVENKA et al. (2017). . . . . . . 106
Figura 58 – Elemento sólido hexaédrico isoparamétrico tipo CCIsoBrick20 3D. Fonte:
adaptado de Benedetty Torres (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Figura 59 – Elemento de barra isoparamétrico tipo CCBarWithBond 3D. Fonte: adaptado
de Benedetty Torres (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Figura 60 – Método de Newton-Raphson. Fonte: Sanabria Díaz (2018). . . . . . . . . . . 110
Figura 61 – Algoritmo para resolução de sistema pelo método Newton-Raphson. Fonte:
adaptado de Silva (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Figura 62 – Método de Newton-Raphson Modificado. Fonte: Sanabria Díaz (2018). . . . 111
Figura 63 – Algoritmo para resolução de sistema pelo método Newton-Raphson Modifi-
cado. Fonte: adaptado de Silva (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Figura 64 – Método secante (Quase-Newton). Fonte: (Sanabria Díaz, 2018). . . . . . . . 112
Figura 65 – Detalhes de geometria, carregamento e armadura das lajes. Fonte: adaptado
de Ali et al. (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Figura 66 – Desenvolvimento da temperatura na laje S2 para diferentes profundidades.
Fonte: adaptado de Ali et al. (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Figura 67 – Deslocamento registrado para as lajes S1, S2 e S3. Fonte: adaptado de Ali et
al. (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Figura 68 – Desenvolvimento da temperatura na laje S5 para diferentes profundidades.
Fonte: adaptado de Ali et al. (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Figura 69 – Deslocamento registrado para as lajes S4, S5 e S6. Fonte: adaptado de Ali et
al. (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Figura 70 – Temperaturas na superfície inferior da laje para ensaios experimental e
numérico - exposição à curva de incêndio padrão ISO834. Fonte: adaptado de
Ali et al. (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
Figura 71 – Temperaturas na superfície inferior da laje para ensaios experimental e
numérico - exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos. Fonte: adaptado
de Ali et al. (2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
Figura 72 – Geometria do modelo da laje. Vista em perspectiva. . . . . . . . . . . . . . . 122
Figura 73 – Geometria do modelo da laje. Vistas nos planos XY, XZ e YZ. . . . . . . . . 123
Figura 74 – Condições de contorno da laje. Vista em perspectiva. Geração pelo GiD. . . 124
Figura 75 – Malha de elementos finitos da laje. Vista em perspectiva. Geração pelo GiD. 125
Figura 76 – Malha de elementos finitos da laje. Vista nos planos XY e XZ. Geração pelo
GiD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Figura 77 – Deformações em Z na laje para análise estática. Vista no plano XZ. . . . . . 127
Figura 78 – Fluxograma de modelagem e simulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Figura 79 – Geometria do modelo da laje. Vista em perspectiva. . . . . . . . . . . . . . . 129
Figura 80 – Malha de elementos finitos da laje. Vista em perspectiva. . . . . . . . . . . . 132
Figura 81 – Malha de elementos finitos da laje. Vista nos planos XY e XZ. . . . . . . . . 132
Figura 82 – Temperatura na laje - Exposição à curva de incêndio padrão ISO 834. Vista
no plano XZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Figura 83 – Temperatura na laje - Exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos.
Vista no plano XZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Figura 84 – Módulo de elasticidade do concreto exposto a altas temperaturas. . . . . . . 136
Figura 85 – Deslocamento crítico à compressão do concreto exposto a altas temperaturas. 136
Figura 86 – Deformação térmica do concreto exposto a altas temperaturas. Fonte: adap-
tado de SADAGHIAN e FARZAM (2019). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Figura 87 – Deformação plástica no pico da tensão de compressão do concreto exposto a
altas temperaturas. Fonte: adaptado de SADAGHIAN e FARZAM (2019). . 137
Figura 88 – Temperaturas na superfície inferior da laje - exposição à curva de incêndio
padrão ISO 834. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Figura 89 – Temperaturas na altura da armadura - exposição à curva de incêndio padrão
ISO 834. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Figura 90 – Temperaturas na altura média da laje - exposição à curva de incêndio padrão
ISO 834. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Figura 91 – Temperaturas na laje - exposição à curva de incêndio padrão ISO 834. . . . 142
Figura 92 – Temperaturas na superfície inferior da laje - exposição à curva de incêndio
de hidrocarbonetos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
Figura 93 – Temperaturas na altura da armadura - exposição à curva de incêndio de
hidrocarbonetos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Figura 94 – Temperaturas na altura média da laje - exposição à curva de incêndio de
hidrocarbonetos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Figura 95 – Temperaturas nas quatro alturas de medição da laje - exposição à curva de
incêndio de hidrocarbonetos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Figura 96 – Deslocamento no centro da laje - exposição à curva de incêndio ISO 834. . . 147
Figura 97 – Deslocamentos na laje e padrão de fissuração - Exposição à curva de incêndio
padrão ISO 834. Vista no plano XZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Figura 98 – Temperaturas na laje - Exposição à curva de incêndio padrão ISO 834. Vista
no plano XZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Figura 99 – Deslocamento no centro da laje - exposição à curva de incêndio de hidrocar-
bonetos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Figura 100 – Deslocamentos na laje e padrão de fissuração - Exposição à curva de incêndio
de hidrocarbonetos. Vista no plano XZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Figura 101 – Temperaturas na laje - Exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos.
Vista no plano XZ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Figura 102 – Resistência à compressão relativa do concreto com agregados siliciosos e
calcários sob temperaturas elevadas (Adaptado de Bacinskas et.al., 2007
(BACINKAS et al., 2007)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Figura 103 – Deslocamento no centro da laje - Curva de incêndio ISO834. . . . . . . . . . 151
Figura 104 – Deslocamento no centro da laje - Curva de incêndio de hidrocarbonetos. . . 151
Figura 105 – Deslocamento no centro da laje - Análise paramétrica. . . . . . . . . . . . . 152
Lista de tabelas

Tabela 1 – Parâmetros de entrada do modelo material CC3DNonLinCementitious2 . . 97


Tabela 2 – Valoes de 𝐺𝑓 0 em função do tamanho máximo do agregado . . . . . . . . . . 100
Tabela 3 – Parâmetros do modelo tensão de aderência versus deslizamento - CEB-FIB,
MC90 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Tabela 4 – Resultados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Tabela 5 – Propriedade dos materiais utilizados na análise . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Tabela 6 – Propriedades mecânicas dos materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Tabela 7 – Parâmetros do concreto utilizados na simulação da laje . . . . . . . . . . . . 127
Tabela 8 – Parâmetros do material CCTransport Material . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1 Considerações iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.2.1 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.4 Estrutura da dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.1 Considerações gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.2 O fogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.3 Testes de incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.3.1 Testes de incêndio em fornos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.3.2 Testes de incêndio em escala natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.4 Caracterização do incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.5 Curvas de incêndio padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.5.1 Curva de incêndio-padrão da ISO 834 (1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.5.2 Curva de incêndio externo (EN 1991-1-2: 2002) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.5.3 Curva de incêndio de hidrocarbonetos (EN 1991-1-2: 2002) . . . . . . . . . . . . 45
2.6 Propriedades do concreto sob altas temperaturas . . . . . . . . . . . . . . 45
2.6.1 Massa específica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.6.2 Expansão térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.6.3 Condutividade térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.6.4 Calor específico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.7 Propriedades do aço sob altas temperaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.7.1 Massa específica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.7.2 Expansão térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.7.3 Condutividade térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.7.4 Calor específico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.8 Propriedades mecânicas do concreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.8.1 Modelo constitutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.8.2 Deformação total (𝜀𝑇 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.8.3 Deformação térmica (𝜀𝑡ℎ ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.8.4 Deformação instantânea, relacionada à tensão (𝜀𝜎 ) . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.8.4.1 Tensão última (𝜎𝑢 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.8.4.2 Deformação última (𝜀𝑢 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.8.4.3 Inclinação do ramo descendente (E*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.8.4.4 Tensão e temperatura variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.8.5 Deformação devido à fluência (𝜀𝑐𝑟 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.8.6 Deformação transiente (𝜀𝑡𝑟 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.9 Desempenho estrutural de elementos de concreto expostos ao fogo . . . 66
2.9.1 Comportamento do concreto ao fogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.9.2 Colapso estrutural em situação de incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
2.9.3 Modos de ruptura em situação de incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.9.3.1 Flexão simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.9.3.2 Restrição à dilatação térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2.9.4 Ação de membrana e de catenária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
2.9.4.1 Ação de membrana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
2.9.4.2 Ação de catenária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
2.9.5 Aderência entre os materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
2.10 Lascamento do concreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
2.10.1 Lascamento explosivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
2.11 Lajes em situação de incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.11.1 Lajes unidirecionais simplesmente apoiadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
2.11.2 Lajes de piso unidirecionais com restrição axial . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
2.11.2.1 Efeito da linha de empuxo em diferentes condições de apoio . . . . . . . . . . . . . 87
2.11.3 Efeito da continuidade na resistência ao fogo em lajes . . . . . . . . . . . . . . . 88
2.12 Recomendações normativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
2.12.1 EUROCODE 2 Parte 1-2 (2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
2.12.2 ABNT NBR 15200:2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
2.13 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

3 MODELAGEM NUMÉRICA NÃO LINEAR . . . . . . . . . . . . . . . . . 94


3.1 Considerações iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
3.2 Programas computacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
3.3 Características do modelo de elementos finitos . . . . . . . . . . . . . . . 96
3.3.1 Concreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
3.3.1.1 Comportamento à tração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.3.1.2 Comportamento ao cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
3.3.1.3 Comportamento à compressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.3.2 Aço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
3.4 Elementos finitos utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
3.4.1 Concreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
3.4.2 Aço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
3.5 Métodos de resolução de sistemas não lineares . . . . . . . . . . . . . . . 108
3.5.1 Newton-Raphson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3.5.2 Newton-Raphson modificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
3.5.3 Modelo secante (Quase-Newton) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
3.5.4 Considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
3.6 Critérios de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
3.7 Método line-search . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

4 SIMULAÇÃO NUMÉRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114


4.1 Considerações iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
4.2 Laje em concreto armado de Ali et al. (2011) . . . . . . . . . . . . . . . . 114
4.2.1 Programa experimental de Ali et al. (2011) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.2.1.1 Parâmetros de ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.2.1.2 Medição dos dados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.2.1.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.2.1.4 Lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO834 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
4.2.1.5 Lajes expostas à curva de incêndio de hidrocarbonetos . . . . . . . . . . . . . . . . 118
4.2.2 Estudo em elementos finitos de Ali et al. (2011) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.2.2.1 Modelagem do material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.2.2.2 Propriedades dos materiais e curvas de temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4.3 Laje em temperatura ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.3.1 Definição da geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.3.2 Definição dos intervalos de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
4.3.3 Condições de contorno e cargas aplicadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
4.3.4 Definição da malha de elementos finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.3.5 Propriedades dos materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
4.3.6 Resultados obtidos da análise numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
4.4 Definição dos passos de análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.5 Laje em situação de incêndio - análise térmica . . . . . . . . . . . . . . . . 129
4.5.1 Definição da geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
4.5.2 Definição dos intervalos de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
4.5.3 Condições de contorno e cargas aplicadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
4.5.3.1 Curva de incêndio padrão ISO 834 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
4.5.3.2 Curva de incêndio de hidrocarbonetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
4.5.4 Definição da malha de elementos finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
4.5.5 Propriedades dos materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
4.5.6 Resultados obtidos da análise numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
4.6 Laje em situação de incêndio - análise termomecânica . . . . . . . . . . . 135
4.6.1 Propriedades dos materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

5 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
5.1 Validação do modelo térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
5.1.1 Lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO 834 . . . . . . . . . . . . . . . . 138
5.1.1.1 Temperatura na superfície inferior da laje – Curva ISO 834 . . . . . . . . . . . . . . 139
5.1.1.2 Temperatura na altura da armadura – Curva ISO 834 . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
5.1.1.3 Temperatura na altura média da laje – Curva ISO 834 . . . . . . . . . . . . . . . . 141
5.1.1.4 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
5.1.2 Lajes expostas à curva de incêndio de hidrocarbonetos . . . . . . . . . . . . . . 142
5.1.2.1 Temperatura na superfície inferior da laje – Curva de Hidrocarbonetos . . . . . . . . 143
5.1.2.2 Temperatura na altura da armadura – Curva de Hidrocarbonetos . . . . . . . . . . . 144
5.1.2.3 Temperatura na altura média da laje – Curva de Hidrocarbonetos . . . . . . . . . . . 145
5.1.2.4 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
5.2 Modelo termomecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
5.2.1 Lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO 834 . . . . . . . . . . . . . . . . 147
5.2.2 Lajes expostas à curva de incêndio de hidrocarbonetos . . . . . . . . . . . . . . 148
5.3 Análise paramétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150

6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
6.1 Sugestões para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156

ANEXO A – PUBLICAÇÕES EM EVENTOS CIENTÍFICOS . . . . . . . 164


25

1 Introdução

1.1 Considerações iniciais


A segurança contra incêndio tem como objetivo principal a defesa da vida humana e
do patrimônio (LEVESQUE, 2006). Uma vez que situações de incêndio em edificações podem
ocorrer a qualquer momento, a importância da segurança dos usuários (objetivo primário)
e a manutenção da integridade da estrutura (objetivo secundário) tornam-se relevantes. A
integridade estrutural é exigida principalmente em edificações comerciais, pois os danos neste
âmbito podem paralisar as atividades econômicas e afetar a imagem das empresas (COSTA,
2008).

Os dados estatísticos apresentados pelo boletim do World Fire Statistics (2018) apontam
que as maiores relações entre casos de incêndio em estruturas versus todos os casos de incêndio
registrados estão concentradas em países em desenvolvimento, como Bielorrússia, Singapura
e Rússia. Também apresenta-se no documento que a maior taxa de mortes em incêndio em
estruturas está nestes países, com destaque para Rússia e Letônia. A Figura 1 apresenta a
distribuição de casos de incêndio de acordo com a classificação por tipos proposta pelo boletim.
Nota-se que incêndio em estruturas é o tipo com maior concentração de casos.

Estruturas

Outros
35,0%
23,8%

18,8% 13,5%
Gramados

8,9% Veículos

Lixo

Figura 1 – Distribuição dos casos de incêndio - tipos. Adaptado de World Fire Statistics (2018).

Os resultados da pesquisa realizada pelo World Fire Statistics (2015) mostram que, no
Brasil, houveram 1389 mortes devido ao fogo no ano de 2015. 20 outros países estão na mesma
faixa de número de mortes por fogo anual, dentre eles o Reino Unido, a Alemanha e o México.
Capítulo 1. Introdução 26

As normas prescrevem medidas de segurança contra incêndio para os elementos estruturais


porque, em caso de outros sistemas falharem - como elementos da proteção ativa (extintores,
sprinklers, portas corta-fogo, etc) -, a integridade estrutural deve ser a última a sofrer falha. As
normas brasileiras têm base no conceito de estados limites (COSTA, 2008). A verificação da
estabilidade das estruturas em situação de incêndio é realizada no Estado Limite Último para
combinação excepcional de ações.

No Brasil, as normas são a NBR 14323: 1999 – “Dimensionamento de estruturas de


aço de edifícios em situação de incêndio – Procedimento”, NBR 14432: 2001a – “Exigências de
resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações – Procedimento” , NBR 15200: 2012
– “Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio” e diversas Instruções Técnicas do
Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (SÃO PAULO (ESTADO), 2018).

A norma brasileira NBR 15200: 2012 permite que os efeitos dos esforços adicionais de
origem térmica sejam desprezados em projeto. Entretanto, esta consideração deve ser função das
dimensões do elemento estrutural, além de sua composição na estrutura como um todo. Costa
(2008) apresenta como exemplo o caso de uma laje de piso extensa, sem juntas de dilatação e
com grandes vãos contínuos. Neste caso, o cálculo dos esforços é necessário, sendo feito através
de métodos de cálculo gerais ou experimentais.

Os requisitos de segurança de estruturas contra incêndio prescritos em norma referem-


se à resistência ao fogo, definida como a capacidade de um elemento estrutural manter seu
funcionamento fundamental quando sujeito a um incêndio padrão (LEVESQUE, 2006). Tal
resistência depende da geometria dos elementos estruturais, dos materiais que foram utilizados
na construção, da intensidade de carga e da exposição ao fogo.

Os testes de resistência ao fogo de estruturas são realizados em laboratório expondo os


elementos estruturais às condições de incêndio e monitorando seu comportamento. Métodos
numéricos e analíticos são uma alternativa mais econômica para tais testes.

Ainda que a probabilidade de colapso estrutural de edifícios de múltiplos andares de


concreto armado em situação de incêndio seja pequena, tal situação não é incomum. O colapso
de um elemento que é parte de um pórtico de concreto pode levar ao colapso progressivo do
edifício.

Quando ocorre um colapso localizado, os efeitos deste impacto são ações que podem
ser previstas para o caso de o edifício sofrer tal impacto (EN 1991 1-2: 2002), por exemplo a
situação de uma laje de piso ter capacidade de suportar a queda de um elemento tipo viga ou
laje do pavimento superior durante o incêndio (COSTA, 2008).
Capítulo 1. Introdução 27

Em um edifício, as lajes têm os maiores níveis de carregamento acidental dentre os


elementos (𝜉 = 0,5). 𝜉 é dado pela relação entre os valores característicos da ação variável e das
ações permanentes. É adimensional e representa o nível de carregamento acidental. Conforme a
ação variável principal na estrutura cresce em relação à ação permanente, o valor de cálculo da
ação total na estrutura em uma situação de incêndio reduz.

O valor de cálculo das ações em situação excepcional é inferior ao valor em situação


normal; a probabilidade de que todas as ações ocorram simultaneamente durante um evento
é bastante reduzida, o que justifica o valor do fator de redução (𝜂𝑓 𝑖 ) ser menor que 0,9, como
apresentado na Figura 2.

No geral, a Figura 2 é apenas para lajes, elemento estrutural onde a ação do vento é
desprezada no cálculo da combinação última normal de ações (COSTA, 2008). Para os demais
elementos, o valor de 𝜂𝑓 𝑖 é adotado como 0,7, à favor da segurança (EN 1992-1-2:2004, NBR
15200:2012).

0,9
0,7.ψ2 = 0,21
0,8 0,7.ψ2 = 0,28
0,7.ψ2 = 0,42
0,7
ηfi = Fd,fi / Fd

0,6

0,5

0,4

0,3

0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0


ξ = FQ1/FG

Figura 2 – Variação do fator de redução 𝜂𝑓 𝑖 com a ação variável principal relativa 𝜉. Fonte:
Adaptado de Costa (2008).

Em uma situação de incêndio, o projeto de estruturas deve considerar as relações da


Termodinâmica e da Transferência de Calor, além da Mecânica das Estruturas aplicada a casos
de temperatura elevada nos materiais (COSTA, 2008). No caso de sinistro, alguns elementos
estruturais - como lajes e pilares-parede - podem assumir a função de compartimentação, tendo
então três funções, sendo elas estabilidade, estanqueidade e isolamento.
Capítulo 1. Introdução 28

Em um edifício, as lajes são os elementos da estrutura que estão menos carregados e são
os de maior ductilidade, ou seja, têm grande capacidade de deformação. Em uma situação de
incêndio, as lajes mantêm-se estáveis após o Estado Limite Último ser ultrapassado (COSTA,
2008; HUANG et al., 2002; HUANG et al., 2004; LIM, 2003). Entretanto, as lajes devem garantir
a integridade física da estrutura no quesito de compartimentação. Se ocorrerem deformações
extremas, o isolamento e a estanqueidade podem ser afetados. Caso venha a sofrer colapso, haverá
propagação do incêndio entre os pavimentos, o incêndio será estendido e os danos estruturais
serão maiores (COSTA, 2008).

Isolamento
Estabilidade
Estanqueidade

Figura 3 – Critérios de resistência ao fogo segundo a estabilidade, a estanqueidade


e o isolamento de uma laje. Adaptado de Costa (2008) e Macrovector
(https://br.freepik.com/macrovector - Acesso em 03 de abril de 2019).

As lajes de concreto armado possuem, como garantia de resistência estrutural, a armadura


positiva em sua face inferior, local onde a ação térmica tem maior intensidade. Quando são
moldadas in loco, em geral as lajes não têm armadura contra fissuras com função de assegurar
resistência adicional caso a armadura positiva principal escoe.

Catástrofes recentes intensificaram a busca pelo entendimento a fundo das alterações


das características mecânicas do concreto quando as estruturas são submetidas à situação de
incêndio (TAILLEFER et al., 2013).

No dia 1𝑜 de maio de 2018, o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu,


centro de São Paulo, sofreu um incêndio de grandes proporções, como mostrado na Figura 4.
O prédio, de 24 andares, desabou pouco mais de uma hora e meia após o início do sinistro
(MAXIMIANO, 2018).
Capítulo 1. Introdução 29

O edifício possuía estrutura em concreto armado, com somente 4 pilares recuados em


seção ’H’, lajes nervuradas na região central, as quais foram moldadas in loco, e lajes maciças em
balanço no entorno, com redução da seção conforme afastamento do pilar. Portanto, o principal
sistema estrutural era composto por pilares de concreto com seção ’H’, formando pórticos em
apenas uma direção com vigas faixa, de mesma altura da laje, e paredes de concreto nas caixas
de elevador e escada (PHD ENGENHARIA, 2019). O colapso ocorreu devido à combinação
de dois fatores primordiais: a falta de manutenção na edificação, a qual estava abandonada;
e a atuação como chaminé da caixa de elevadores, que estava vazia devido à remoção destes,
propagando o incêndio.

Figura 4 – Incêndio no Edifício Wilton Paes de Almeida - São Paulo.

Fonte: William Moreira/Estadão Conteúdo/Veja SP (https://vejasp.abril.com.br/cidades/desabamento-incendio-


edificio-paissandu/ - Acesso em 04 de abril de 2019).

Em 27 de janeiro de 2013, a boate Kiss, em Santa Maria (Rio Grande do Sul) sofreu
um incêndio durante uma festa universitária. Esta foi uma das maiores tragédias nacionais em
número de vítimas: 242 mortos e 636 feridos. Na Figura 5 é possível ver a situação final da
boate após o incêndio.

A edificação possuía material de revestimento acústico inflamável, e o incêndio propagou-


se fundamentalmente devido à falha de funcionamento dos extintores próximos ao palco onde
ocorria um show com componentes pirotécnicos. Outros fatores como a superlotação da boate,
a existência de apenas uma porta para evacuação das pessoas, sinalização de emergência
inadequada, inexistência de janelas para exaustão de ar e falhas na concessão de alvarás
agravaram o acidente.
Capítulo 1. Introdução 30

Figura 5 – Boate Kiss após o incêndio.

Fonte: Diário Arapiraca (http://diarioarapiraca.com.br/noticia/brasil/justica-leva-a-juri-popular-acusados-de-


matar-242-pessoas-na-boate-kiss/6/18367 - Acesso em 07 de maio de 2019).

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, um dos principais no Brasil, foi destruído por um
incêndio no dia 2 de setembro de 2018 (Figura 6). Como não estava acontecendo visitação no
horário da tragédia, não houveram vítimas. 90% do acervo foi devastado pelo fogo.

A edificação não estava em situação regular junto ao Corpo de Bombeiros, e não possuía
portas corta-fogo. Grande parte de sua estrutura era em madeira. Durante o incêndio, os
hidrantes não se encontravam carregados.

Figura 6 – Incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

Fonte: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil (http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/09/03/comunicado-


sobre-o-incendio-no-museu-nacional/ - Acesso em 07 de maio de 2019).
Capítulo 1. Introdução 31

O incêndio com maior número de mortes no Brasil foi em Niterói (RJ), em uma tragédia
no Gran Circus Norte-Americano, no dia 17 de dezembro de 1961. O incêndio, que foi resultado
de um crime planejado por um ex-funcionário do circo, matou 503 pessoas, sendo 70% crianças.

(a) (b)

Figura 7 – a) Estrutura do circo após o incêndio b) Elefante Semba e a trapezista Antonieta


Stepanovich.

Fonte: Agência O Globo (https://acervo.oglobo.globo.com/incoming/incendio-do-circo-em-niteroi-22644745 -


Acesso em 07 de maio de 2019).

Internacionalmente, diversos acidentes como o caso do incêndio na Catedral de Notre-


Dame, em Paris, ocorrido no dia 15 de abril de 2019, levantam questões sobre prevenção e
controle. A Figura 8 mostra o incêndio espalhando-se pela torre, uma estrutura de madeira
coberta de chumbo, construída no século 19. Em pouco mais de uma hora, a torre foi derrubada
pelo fogo.

Figura 8 – Incêndio na Catedral de Notre-Dame, em Paris.

Fonte: Thibault Camus/Associated Press/The New York Times


(https://www.nytimes.com/interactive/2019/04/15/world/europe/paris-notre-dame-fire.html - Acesso
em 07 de maio de 2019).
Capítulo 1. Introdução 32

Em uma situação de incêndio, muitas propriedades do concreto sofrem alterações signifi-


cativas, sejam elas físicas, químicas ou mecânicas. Conforme Reddy e Ramaswamy (2017), as
propriedades mecânicas são perdidas com a remoção da água existente na pasta de cimento – a
qual estava quimicamente ligada – devido às altas temperaturas, provocando assim o seu enfra-
quecimento. Em diversos casos, elementos de concreto expostos ao fogo podem ter suas camadas
fragmentadas devido a uma explosão do material (AMARAL, 2014), fenômeno conhecido como
spalling, ou lascamento.

A resistência de estruturas de concreto armado é uma das propriedades reduzidas quando


ocorre o lascamento do concreto exposto ao fogo, sendo esta alta temperatura uma carga que deve
ser levada em consideração no dimensionamento de edificações classificadas como estratégicas,
como apresentado por LO MONTE et al. (2017). Ao se aquecer um elemento de concreto em
apenas um dos lados, surgem duas frentes móveis: uma frente de calor e uma frente de umidade.
Ambas se afastam da face aquecida e caminham para o lado não aquecido. Ali et al. (2011)
mostram que a velocidade de tais frentes é função de diversos fatores, sendo um deles a taxa de
aquecimento na região onde as duas frentes se encontram dentro do concreto. Com isso, a água
se transforma em vapor.

O lascamento do concreto sujeito a altas temperaturas é um dos fatores que reduzem sua
resistência ao fogo. LO MONTE e Felicetti (2017) mostram que o lascamento varia em função
de diversos parâmetros dos materiais constituintes do concreto (teor de umidade, porosidade,
permeabilidade, resistência à tração e resistência à compressão) e de fatores estruturais (taxa de
aquecimento e ações às quais a edificação está sujeita). Tais aspectos colaboram para que os
principais fatores que provocam o lascamento evoluam: o estresse que surge devido às cargas
térmicas tipo gradiente e às cargas externas; e a pressão dos poros que se desenvolve devido à
vaporização da água existente.

Estes aspectos são apresentados por Reddy e Ramaswamy (2017). Quando o concreto é
exposto a elevadas temperaturas, seus poros sofrem um acúmulo elevado de pressão. Esta pode
evoluir de forma que o calcário exploda – caso seja pouco permeável. Entre a pasta de cimento
e os agregados presentes no concreto, ocorre uma expansão diferencial, provocando então um
estresse elevado, surgindo assim rachaduras na zona de transição interfacial dos materiais.

O concreto sujeito a altas temperaturas sofre dois tipos de processos inseparáveis, segundo
Debicki et al. (2012). O primeiro processo, denominado termomecânico, caracteriza-se pela
formação de tensões devido ao gradiente de deformação térmica. O segundo, denominado
termo-hidratado, provoca uma força motriz para o fluxo de calor e água líquida.
Capítulo 1. Introdução 33

Segundo Bazant e Kaplan (1996), o fenômeno do lascamento possui dois motivos principais.
O primeiro refere-se à hipótese de que a elevação da temperatura leva a altas pressões de vapor
de água nos poros do concreto. Com isso, as tensões internas crescem e ocorre o lascamento.
O segundo motivo é relativo à hipótese de que o aquecimento de forma rápida leva a uma
expansão térmica, e esta é controlada pelo concreto circundante. Desta forma, surge uma tensão
de compressão que pode resultar no esmagamento do concreto, provocando danos à sua camada
superficial.

1.2 Objetivos
O objetivo geral desse trabalho é a análise numérica do comportamento combinado
termomecânico de lajes de concreto armado quando expostas ao fogo, através de modelagem
estrutural em elementos finitos nos programas computacionais ATENA e GID. O modelo
numérico em elementos finitos foi ajustado a partir dos resultados de ensaios experimentais
realizados por Ali et al. (2011) na Universidade de Ulster.

1.2.1 Objetivos Específicos

• Realizar uma revisão dos parâmetros que influenciam o comportamento térmico de lajes
de concreto armado de resistência normal expostas ao fogo;

• Realizar a modelagem para análise numérica em elementos finitos utilizando os programas


computacionais ATENA e GID, com o intuito de obter modelos capazes de simular
resultados experimentais - no caso da presente dissertação, os resultados encontrados na
literatura (ALI et al., 2011) - e avaliar as soluções mais adequadas para o desempenho de
lajes de concreto armado em situação de incêndio através de programas computacionais,
validando-se assim os modelos térmico e termomecânico;

• Realizar estudo paramétrico das propriedades térmicas dos agregados utilizados no concreto
com o modelo calibrado, analisando-se numericamente o comportamento estrutural da laje
e procurando parâmetros comportamentais para os diferentes tipos de lajes estudados.
Capítulo 1. Introdução 34

1.3 Justificativa
Com o crescente número de acidentes envolvendo incêndio em estruturas de concreto
armado no Brasil, com destaque para o acidente no Edifício Wilton Alves de Almeida, ocorrido
em 1º de maio de 2018 em São Paulo/SP, cresce a necessidade de se estudar o comportamento de
tais estruturas submetidas a altas temperaturas de forma a evitar que novas tragédias ocorram.

Muitas pesquisas – tanto experimentais quanto analíticas – foram e estão sendo desen-
volvidas no âmbito de estudo do comportamento do concreto exposto ao fogo. Entretanto, a
grande maioria das pesquisas é focada nos elementos estruturais tipo pilares e vigas, sendo
menos frequente o estudo de lajes.

A utilização de modelos numéricos para análise das estruturas de concreto armado frente
a ensaios laboratoriais é vantajosa em termos de tempo, custo e dificuldade do ensaio. Simulações
de incêndio em laboratório têm limitações devido às dimensões dos fornos, riscos de explosões e
danificação dos materiais, além do alto custo.

A presente dissertação é uma proposta de utilização de modelos computacionais para


tais simulações, sendo possível estudar e compreender o comportamento das estruturas – neste
trabalho em específico, lajes – em situações de incêndio.

1.4 Estrutura da dissertação


Além do Capítulo 1, Introdução, em que se contextualizou e justificou o tema proposto
para estudo e no qual foram apresentados os objetivos, a presente Dissertação de Mestrado
inclui mais cinco capítulos, que são brevemente descritos nos parágrafos a seguir.

• Capítulo 2 Revisão bibliográfica: são apresentados os conceitos gerais sobre o com-


portamento térmico de lajes de concreto armado e sobre o lascamento do concreto em
situação de incêndio. É realizada uma revisão de literaturas estrangeiras e brasileiras de
lajes de concreto armado expostas ao fogo, sendo estas ensaiadas numérica ou experimen-
talmente. São apresentadas também as recomendações das principais normas, nacionais e
internacionais, relacionadas ao cálculo da resistência ao fogo de lajes de concreto armado.

• Capítulo 3 Modelagem numérica não linear do comportamento do concreto


armado: neste capítulo são apresentados os programas computacionais ATENA e GID
(versão 10.0.9). São descritos os modelos constitutivos utilizados para representar o
comportamento do concreto e do aço. São apresentadas as técnicas de solução e critérios de
convergência numérica oferecidos pelos programas. Neste capítulo são ainda esclarecidas
Capítulo 1. Introdução 35

as características e dados de entrada que foram estipulados para a concepção dos modelos
numéricos.

• Capítulo 4 Simulação numérica de ensaios experimentais: este capítulo descreve


a modelagem de estruturas de concreto armado nos programas computacionais ATENA e
GID tendo como base os modelos constitutivos apresentados no capítulo 3. Foram escolhidos
ensaios experimentais de lajes de concreto armado em situação de incêndio encontrados
na literatura. A partir dos resultados dos modelos numéricos foram comparadas as curvas
de carga versus deslocamento, e as deformações e tensões nas amaduras e no concreto.

• Capítulo 5 Resultados: este capítulo apresenta os resultados da calibração e validação


dos modelos da análise numérica, comparando-os com os dados da literatura. Também são
apresentados os resultados da análise paramétrica realizada estudando-se o comportamento
do concreto com agregado calcário e agregado silicoso em situação de incêndio.

• Capítulo 6 Conclusões: finalmente são apresentadas as considerações e conclusões finais


do trabalho.
36

2 Revisão bibliográfica

2.1 Considerações gerais


Como apresentado por Albuquerque (2018) e Levesque (2006), embora existam diversas
pesquisas relativas ao comportamento de estruturas de concreto em situação de incêndio desde o
final do século XIX e meados do século XX - Freitag (1899) e Mörsch (1948) -, estudos relativos
a elementos estruturais como lajes e vigas tiveram maior publicação a partir de 1970. Neste
capítulo são apresentados a definição geral de estruturas de concreto armado em situação de
incêndio, em específico as lajes, e os parâmetros que influenciam o comportamento do concreto
nesta condição. Apresenta-se também uma revisão de ensaios experimentais e numéricos de
lajes expostas a altas temperaturas, com o objetivo de conhecer o estado atual de pesquisa
do problema. Ao final deste capítulo são expostas as recomendações das principais normas
relacionadas ao dimensionamento de lajes de concreto armado em situação de incêndio.

2.2 O fogo
O fogo possui diversas definições ao redor do mundo. Pela definição da norma brasileira
NBR 13860:1997, o fogo é um processo químico de combustão de diversos materiais caracterizado
pela emissão de calor e luz.

A reação da combustão é bastante complexa. A princípio, ela pode ser caracterizada


como uma sequência de reações de oxirredução violentas, desde que em condições propícias.

O fenômeno do fogo é sustentado por quatro componentes fundamentais para sua


existência: combustível, comburente (oxigênio), reações em cadeia e calor, que formam o
Tetraedro do fogo (Figura 9).

calor
el

comb
ustív

uren
comb

reações
te

em cadeia

Figura 9 – Tetraedro do fogo.


Capítulo 2. Revisão bibliográfica 37

O combustível é qualquer substância que tenha a capacidade de produzir calor através


de uma reação química. Combustíveis podem ser sólidos, líquidos (voláteis ou não voláteis) ou
gasosos.

O comburente é definido como uma substância que permite a ocorrência da reação


química. É o elemento que ativa o fogo, alimentando as chamas. O comburente mais comum é o
oxigênio, que compõe 21% do ar atmosférico.

O calor é uma forma de energia que, através de um gradiente de temperatura, transita


entre sistemas; o calor só existe em processos de transformação. As fontes de calor podem ser
queimadores a gás, uma faísca, energia elétrica, fricção, etc. (RODRIGUEZ LARA, 2016).

2.3 Testes de incêndio


A avaliação do desempenho ao fogo de elementos de concreto envolve a prática tradici-
onal de testes de incêndio combinados a métodos numéricos e analíticos, além de programas
computacionais associados ao método dos elementos finitos (LEVESQUE, 2006), de forma a
tornar possível a simulação dos resultados. A avaliação dos danos causados pelo incêndio é
comumente realizada por técnicas sensoriais e ópticas, sendo que estas não são aplicadas para
avaliar o desempenho dos elementos durante as condições de incêndio.

Os testes de incêndio são o mais antigo método de avaliação da resistência de estruturas


expostas ao fogo. Para estas análises, os elementos são expostos a diversas intensidades de
fogo, dentro de um forno ou em edifícios em escala real. Os ensaios em escala real fornecem
uma representação mais próxima dos fenômenos que ocorrem na estrutura quando esta está em
situação de incêndio, como por exemplo as consequências da expansão térmica e da deformação
sob ação de cargas.

2.3.1 Testes de incêndio em fornos


Os testes de elementos estruturais utilizando fornos são os mais comuns para a avaliação
da resistência ao fogo. O aquecimento da câmara é feito de maneira eletrônica ou através da
queima de combustível líquido. O controle do histórico de temperaturas é feito por uma curva
de incêndio-padrão. Estas curvas serão apresentadas no item 2.5. Os fornos permitem a medição
de temperatura e deformação, assim como a aplicação de cargas aos corpos de prova.

Os fornos podem ser verticais (para avaliar pilares e paredes) ou horizontais (para avaliar
lajes e vigas) (MORENO JUNIOR et al., 2013). Lajes e paredes podem ser analisadas no mesmo
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 38

forno, desde que este tenha sua movimentação possível de alterar para trabalho na vertical e na
horizontal. O forno mais comum é o vertical.

No Brasil, existem três grandes fornos verticais, localizados nos seguintes laboratórios:

• Laboratório de Ensaios de Fogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São


Paulo (Figura 10a);
• Laboratório de Desenvolvimento de Sistemas Construtivos de Furnas Centrais Elétricas
S.A., em Goiás (Figura 10b);
• Laboratório de Estruturas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em
Campinas (Figura 10c).

(a) Forno IPT. Fonte: (SEITO; (b) Forno Furnas. Fonte: (SEITO; (c) Forno UNICAMP. Fonte:
SILVA, 2006). SILVA, 2006). (SANT’ANNA; MORENO
JUNIOR, 2011).

Figura 10 – Fornos verticais no Brasil.

Nenhum dos fornos citados permite o ensaio de lajes e vigas em tamanho real com carre-
gamento (MORENO JUNIOR et al., 2013). Fornos horizontais apresentam grandes dimensões
internas, e seu custo é bastante elevado se comparado aos fornos verticais, o que justifica a
inexistência deles em laboratórios de diversos países.

Os ensaios em fornos são realizados expondo determinadas superfícies dos corpos de prova
a uma elevação de temperatura que simula o incêndio. As amostras são analisadas em condições
que se assemelham à situação em serviço, ou seja, com carga e restrições de deslocamento.
Dentro do forno e dos corpos de prova são instalados termopares para controle e medição das
temperaturas.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 39

O corpo de prova é considerado resistente ao fogo enquanto, durante um ensaio, ele atende
aos critérios predeterminados de estabilidade, integridade e isolamento térmico (LEVESQUE,
2006).

2.3.2 Testes de incêndio em escala natural


Os testes em escala real são menos frequentes, porém utilizados em alguns casos. Em
comparação com os ensaios em escala reduzida, estes testes aproximam-se mais do real compor-
tamento da estrutura quando em situação de incêndio, pois simulam todo o sistema estrutural.
Embora sejam mais realistas, os ensaios em escala natural são extremamente mais caros que os
testes em fornos.

O teste mais completo e de maior compreensão ocorreu nos laboratórios Building Research
Establishment’s Cardington, do Reino Unido, entre janeiro de 1995 e julho de 1996 (LEVESQUE,
2006). Foi realizada uma série de experimentos em uma estrutura mista de aço e concreto de
oito pavimentos, apresentada na Figura 11. Como resultado destes testes, foram desenvolvidos
diversos modelos numéricos e teóricos de simulação do comportamento de estruturas ao fogo,
permitindo um melhor entendimento do desempenho de estruturas em incêndios extremos.

Figura 11 – Estrutura de oito pavimentos para ensaio de incêndio em escala real em Cardington,
Reino Unido. Fonte: Nogueiro et al. (2005).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 40

2.4 Caracterização do incêndio


As estruturas, quando à temperatura ambiente, estão sujeitas a esforços devido à ação
do vento, à ação sísmica - carga dinâmica -, à ação térmica e à ação da gravidade - peso próprio
e carga acidental (COSTA, 2008).

A ação térmica é caracterizada segundo a frequência do evento considerado, podendo ser


ação normal ou ação excepcional. Em uma situação de incêndio, a ação térmica é de caráter
excepcional, descrita pelos fluxos de calor através de radiação e convecção na estrutura (SILVA,
2004). O efeito desta ação é o aumento da temperatura dos elementos estruturais, ou seja, a
transferência de calor para a estrutura.

O incêndio tem seu início na origem do fogo - um fenômeno físico-químico, onde ocorre a
reação de oxidação e a emissão de calor e luz devido à combustão de materiais com características
inflamáveis (MAXIMIANO, 2018).

A simulação de um incêndio é realizada através de curvas onde estão relacionados o


aumento de temperatura e o tempo de duração do sinistro. A Figura 12 representa uma curva
temperatura-tempo característica de um incêndio compartimentado.

Figura 12 – Desenvolvimento de um incêndio em um compartimento de pequeno volume. Fonte:


adaptado de Maximiano (2018).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 41

Para que ocorra a situação de incêndio, é preciso que existam três fatores simultâneos
pertencentes ao triângulo do fogo: fonte de calor, combustível e comburente (oxigênio). As
quatro fases apresentadas na curva, utilizadas na modelagem do incêndio, são (MAXIMIANO,
2018):

• Fase inicial - ignição;


• Fase de desenvolvimento;
• Fase de incêndio desenvolvido;
• Fase de extinção.

A primeira fase, a partir da ignição, apresenta temperaturas variando entre 20𝑜 C e


70𝑜 C, com uma duração aproximada de 3 a 5 minutos. Nesta fase, o volume de chamas é
reduzido, enquanto a produção de fumaça tem sua intensidade variando dependendo do material
combustível, o oxigênio disponível e as correntes de ar presentes na região do incêndio (GOUVEIA,
2017). Não há riscos à vida humana e ao patrimônio devido a um colapso estrutural (COSTA,
2008).

A segunda fase, na qual ocorre o desenvolvimento do incêndio, tem como característica


um volume de chamas grande, e a temperatura varia entre 70𝑜 C e 300𝑜 C. Nesta fase, a utilização
de extintores de incêndio não é suficiente para o combate. A propagação do fogo se dá através
da convecção ou da radiação, podendo levar a um aumento da temperatura no local de forma
repentina, assim como a formação de fumaça e liberação de gases inflamáveis pela combustão
de diversos materiais simultaneamente. A temperatura tende a elevar com a oxigenação do
local, proporcionada pelas aberturas de portas e janelas. Com isso, tem-se o momento no qual o
incêndio atinge o flashover, ou seja, a inflamação é generalizada.

O flashover é um período bastante curto, a partir do qual o compartimento por inteiro é


dominado pelas chamas e não é mais possível controlar o incêndio através dos meios de proteção
ativa.

A terceira fase é onde o incêndio já está desenvolvido. As temperaturas crescem de forma


rápida dos 300𝑜 C até o nível máximo do incêndio, que varia de 900𝑜 C a 1100𝑜 C (GOUVEIA,
2017). O local é dominado completamente pelas chamas e gases; com isso, o incêndio propaga-
se para os demais compartimentos atravessando todas as fases anteriores. O crescimento de
temperatura se dá até que o material combustível esteja por volta de 80% consumido.

A quarta e última fase - fase de extinção - apresenta o decrescimento das temperaturas,


com uma duração média entre 2 e 3 horas. A intensidade do incêndio pode reduzir, dando início
ao resfriamento. Maximiano (2018) destaca que os materiais incombustíveis, os quais passaram
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 42

por uma expansão nas três fases anteriores, nesta fase podem sofrer retração e desenvolver
instabilidade. Ocorre um atraso no início do resfriamento da estrutura por razão da inércia
térmica: a temperatura continua em elevação por poucos minutos mesmo durante o resfriamento
(PURKISS; LI, 2017).

Quando ocorre o incêndio, o gradiente de temperatura entre as chamas e a superfície


da estrutura provoca o fluxo de calor por radiação, enquanto que a diferença de densidade
dos gases gera o fluxo de calor por convecção. Neste último, os gases mais quentes, portanto
menos densos, ocupam a atmosfera superior, e os gases frios movem-se para a atmosfera inferior
(COSTA, 2008). Em um incêndio real, também existirão as fases de elevação de temperatura e
de resfriamento na curva temperatura versus tempo.

2.5 Curvas de incêndio padrão


Incêndios reais variam de acordo com o ambiente onde ocorrem. Sua representação e seus
efeitos em estruturas são uma ação de considerável complexidade. A curva temperatura versus
tempo dependerá da geometria do compartimento onde ocorre o incêndio, das características
térmicas de todos os materiais que realizam a vedação, da quantidade e localização dos materiais
combustíveis e do nível de ventilação existente no local (MAXIMIANO, 2018).

As normas apresentam meios de realizar a modelagem da temperatura através de curvas


de incêndio nominais e paramétricas. Parte-se do princípio de que o incêndio já atingiu o
flashover, de forma que a fase inicial de ignição é desprezada. As curvas nominais são termos
genéricos para qualificação de incêndios padronizados. Elas podem ser definidas por meio de
uma expressão ou tabelas, e não dependem da dimensão e tipo da edificação em incêndio.

O EN 1991-1-2:2002 apresenta três curvas:

• Incêndio-padrão da ISO 834-1 (1999):

𝑇𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 = 𝑇0 + 345 · 𝑙𝑜𝑔(8 · 𝑡 + 1) (2.5.1)

• Incêndio em elementos construtivos externos ao compartimento de incêndio:

𝑇𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 = 𝑇0 + 660 · (1 − 0, 687 · 𝑒−0,32·𝑡 − 0, 313 · 𝑒−3,8·𝑡 ) (2.5.2)

• Incêndio de materiais a base de hidrocarbonetos:

𝑇𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 = 𝑇0 + 1080 · (1 − 0, 325 · 𝑒−0,167·𝑡 − 0, 675 · 𝑒−2,5·𝑡 ) (2.5.3)


Capítulo 2. Revisão bibliográfica 43

Nas equações 2.5.1, 2.5.2 e 2.5.3:

𝑇𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 : temperatura dos gases, em 𝑜 C;

𝑇0 : temperatura ambiente inicial - comumente adotada como 20𝑜 C;

t: tempo da exposição ao fogo, em minutos.

2.5.1 Curva de incêndio-padrão da ISO 834 (1999)


A curva de incêndio padrão da ISO 834 (1999) é, conforme apresentado por Costa (2008),
a uniformização de duas outras curvas, a americana ASTM E119 (1918) e a britânica BS476
(1932), uma vez que era preciso padronizar internacionalmente, facilitando-se assim o intercâmbio
entre os países da União Europeia (COSTA, 2008).

A norma ISO 834 “Fire-Resistance Tests – Elements of Building Construction” foi


publicada em 1975, e apresenta a equação 2.5.1 para a curva de temperatura versus tempo para
materiais celulósicos. A Figura 13 apresenta as curvas da ISO 834 e da ASTM E119. O Eurocode
1 (EN 1991-1-2:2002), assim como as normas brasileiras NBR 5628:2001b, NBR 14432:2001a e
NBR 15200:2012, recomendam o uso da curva apresentada pela ISO 834.

Figura 13 – Curvas nominais para materiais celulósicos. Fonte: adaptado de Costa (2008).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 44

Esta curva é utilizada em ensaios experimentais em fornos de modo a determinar a


resistência de elementos estruturais a altas temperaturas. Embora tenha pouca realidade física,
o objetivo de sua utilização é a unificação de ensaios em fornos, permitindo que os resultados
em laboratórios diferentes sejam comparados (REAL, 2004).

2.5.2 Curva de incêndio externo (EN 1991-1-2: 2002)


A curva de incêndio externo, apresentada pelo Eurocode 1 (EN 1991-1-2:2002) e ilustrada
na Figura 14, representa um cenário onde a carga de incêndio do compartimento é composta
por materiais de origem celulósica, e a temperatura interna do compartimento é superior à
temperatura externa da estrutura (COSTA, 2008).

Figura 14 – Curva de incêndio externo, em comparativo com a curva ISO 834. Fonte: adaptado
de Costa (2008).

Esta curva é utilizada para elementos que estão na fachada dos edifícios e, portanto,
estão sob ação de temperaturas menos intensas do que os elementos que estão na área interna,
onde estão as chamas. Os elementos externos são as paredes, marquises e parapeitos, atingidos
pelo incêndio devido à presença de aberturas - portas e janelas.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 45

2.5.3 Curva de incêndio de hidrocarbonetos (EN 1991-1-2: 2002)


A curva de incêndio de hidrocarbonetos, apresentada pelo Eurocode 1 (EN 1991-1-2:2002)
e ilustrada na Figura 15, representa um cenário de pequenos incêndios onde a carga é composta
por materiais derivados do petróleo (CANER et al., 2005).

Atualmente, o uso da curva de hidrocarbonetos é voltado para o projeto de estruturas de


túneis e vias de transporte onde os veículos possuem combustíveis inflamáveis (COSTA, 2008).

Figura 15 – Curva de incêndio de hidrocarbonetos. Fonte: adaptado de Costa (2008).

Existem, ainda, as curvas naturais, as quais têm a influência de fatores característicos do


cenário de incêndio. Estas curvas são apresentadas e detalhadas por Costa (2008), entretanto
não estão no escopo deste presente trabalho.

2.6 Propriedades do concreto sob altas temperaturas


O concreto é um material heterogêneo, e o seu comportamento quando exposto a altas
temperaturas (acima de 60°C) é de grande complexidade (AMARAL, 2014). Os modelos para
representação das propriedades em função da elevação da temperatura são elaborados através de
curvas médias. Estas curvas são estabelecidas por resultados de experimentos ou de modelagens
numéricas (COSTA, 2008).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 46

A manutenção das propriedades dos materiais construtivos é de fundamental importância


para que seja garantida a integridade de uma estrutura quando ocorre o incêndio. As propriedades
que podem ser alteradas com a elevação da temperatura são classificadas em (MAXIMIANO,
2018):

• propriedades térmicas:
massa específica;
calor específico;
condutividade térmica;
expansão térmica.
• propriedades mecânicas:
resistência;
rigidez.

Como a condutividade térmica do concreto é reduzida, a propagação da temperatura pela


seção transversal não é constante, e é mais intensa nos cantos, baixando a intensidade quanto
mais interna à estrutura for a análise. Sua permeabilidade, assim como a taxa de elevação de
temperatura, são propriedades influentes no surgimento de pressões internas.

Os elementos de concreto em altas temperaturas podem ter suas camadas fragmentadas


devido a uma explosão do material: o lascamento, ou spalling, que pode afetar a capacidade
estrutural. Tal fenômeno depende do modo como a temperatura produz tensões e da pressão
que a água presente nos poros exerce na estrutura (AMARAL, 2014).

Na sequência são detalhadas as propriedades térmicas dos materiais expostos a altas


temperaturas.

2.6.1 Massa específica


Existe uma interrelação entre a massa específica e a expansão térmica. A maior parte
dos materiais sólidos sofre dilatação quando são aquecidos, e contração se resfriados, ou seja,
ocorre uma variação do volume que atua sobre a massa específica (COSTA, 2008).

Em altas temperaturas, ocorre uma redução da massa específica do concreto devido à


evaporação da água que se encontra livre no material, e ao aumento do volume causado pela
expansão térmica.

As equações na sequência são apresentadas pelo Eurocode 2 (EN 1992- 1-2: 2004) para
concretos com agregados silicosos ou calcáreos, em temperaturas que variam dos 20°C aos
1200°C.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 47

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 115°C:


𝜌𝑐,𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 = 𝜌𝑐
• 115°C < 𝜃 ≤ 200°C:
𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 − 115
𝜌𝑐,𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 = 𝜌𝑐 · [1 − 0, 02 · ( )]
85
• 200°C < 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 400°C:
𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 − 200
𝜌𝑐,𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 = 𝜌𝑐 · [0, 98 − 0, 03 · ( )]
200
• 400°C < 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:
𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 − 400
𝜌𝑐,𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 = 𝜌𝑐 · [0, 95 − 0, 07 · ( )]
800

onde:

𝜌𝑐 : massa específica do concreto de densidade normal à temperatura ambiente [kg/m3 ];

𝜌𝑐,𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 : massa específica do concreto de densidade normal em função da temperatura


𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 [kg/m3 ].

A Figura 16 apresenta a curva de variação da massa específica do concreto em função da


temperatura, proposta pelo EN 1992-1-2: 2004.

Figura 16 – Variação da massa específica do concreto usual em função da temperatura. Fonte:


adaptado de EN 1992-1-2:2004.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 48

Como apresentado em revisão feita por Costa (2008), na prática, a redução da massa
específica do concreto de densidade normal aquecido é pouco significativa em relação às demais
propriedades térmicas. Desta forma, considera-se a massa específica como independente da
elevação de temperatura.

2.6.2 Expansão térmica


Em função das restrições geradas pela dilatação térmica, a expansão térmica (ou alon-
gamento) é indispensável para a análise dos efeitos de 2𝑎 ordem, principalmente quando são
modelados pórticos. No caso de elementos isolados, também pode ser conveniente em métodos
de cálculo simplificados.

A expansão é determinada através da relação existente entre o alongamento que ocorre


com a elevação da temperatura e o comprimento inicial do elemento - sendo este à temperatura
de 20°C, com deslocamento axial restringido (MAXIMIANO, 2018).

As equações na sequência apresentam a variação da expansão térmica (𝜀 = ΔL/L) em


função da temperatura.

Concreto de densidade normal e agregados silicosos:

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 700°C:


𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 = 9 · 10−6 · 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 + 2,3 · 10−11 · 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐
3
- 1,8 · 10−4
• 700°C < 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:
𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 = 1,4 · 10−2

Concreto de densidade normal e agregados calcários:

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 805°C:


𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 = 6 · 10−6 · 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 + 1,4 · 10−11 · 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐
3
- 1,2 · 10−4
• 805°C < 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:
𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 = 1,2 · 10−2

Concreto de baixa densidade:

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:


𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 = 8 · 10−6 · (𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 - 20)
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 49

No caso de modelos simplificados de cálculo, adota-se uma única função linear entre a
expansão térmica e a temperatura, como apresentado na sequência.

Concreto de densidade normal:

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:


𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 = 18 · 10−6 · (𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 - 20)

Nas equações:

𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 : temperatura no concreto;

𝜀𝑐𝑜𝑛𝑐 : variação da expansão térmica do concreto.

Para altas temperaturas, o concreto pode apresentar maior dilatação do que o aço. As
Figuras 17 e 18 ilustram a variação da expansão térmica em função da temperatura para o
concreto e o aço, respectivamente.
25
Valor optativo simplificado
Agregado silicoso
20 Agregado calcário
Alongamento térmico (10 E-3)

Baixa densidade

15

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)

Figura 17 – Expansão térmica em função da temperatura para o concreto. Fonte: adaptado de


Maximiano (2018).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 50

Figura 18 – Expansão térmica em função da temperatura para o aço. Fonte: adaptado de


Maximiano (2018).

2.6.3 Condutividade térmica


Desde que exista um gradiente de temperatura, o mecanismo da condução permite que o
calor flua em meios sólidos. Através da Lei de Fourier, tem-se que o fluxo de calor é proporcional
ao gradiente de temperatura na direção considerada, multiplicado pela área por onde o calor
sofre tal transferência (AMARAL, 2014).

Portanto, a condutividade térmica está diretamente ligada à capacidade de condução


de calor que o material possui, em Watt por metro e grau Celsius (W/m·°C) (MAXIMIANO,
2018).

No caso do concreto, a condutividade térmica é reduzida com a elevação da temperatura, e


está relacionada com o agregado utilizado, além da porosidade da pasta de cimento (CALLISTER,
2002). O cimento Portland apresenta menor condutividade térmica se comparado à maioria
dos agregados comuns; desta forma, quanto mais agregados, maior a condutividade. Através
da desidratação do concreto, a tendência é que esta propriedade reduza com o aumento da
temperatura (AMARAL, 2014).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 51

O comportamento da condutividade térmica do concreto está apresentado na Figura 19.

Não existe regulamentação brasileira para o valor de condutividade térmica do concreto


a temperaturas elevadas (COSTA, 2008). São apresentadas no Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004)
equações para os limites inferior e superior, reproduzidas a seguir.

Concreto de densidade normal:

Limite inferior

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:


𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 2
𝜆𝑐𝑜𝑛𝑐 = 1,36 - 0,136 · ( ) + 0,0057 · ( )
100 100

Limite superior

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:


𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 2
𝜆𝑐𝑜𝑛𝑐 = 2 - 0,2451 · ( ) + 0,0107 · ( )
100 100

Concreto de baixa densidade:

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 800°C:


𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐
𝜆𝑐𝑜𝑛𝑐 = 1,0 - ( )
1600
• 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≥ 800°C:
𝜆𝑐𝑜𝑛𝑐 = 0,5

Nas equações:

𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 : temperatura no concreto;

𝜆𝑐𝑜𝑛𝑐 : condutividade térmica do concreto.

A curva do limite superior teve sua dedução realizada através de ensaios com estruturas
mistas, enquanto que a curva do limite inferior teve sua dedução feita por ensaios de diversas
estruturas de concreto sob ação de altas temperaturas (EN 1992-1-2:2004) (MAXIMIANO,
2018). Mais detalhes sobre as formulações podem ser encontrados no trabalho de Costa (2008).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 52

1,8
Condutividade térmica (W/m °C)

1,6

Valor optativo simplificado


1,4
Dens. Normal L superior
Dens. Normal L inferior
1,2
Baixa densidade

0,8

0,6

0,4
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)

Figura 19 – Condutividade térmica em função da temperatura, para o concreto. Fonte: adaptado


de Maximiano (2018).

Quando a análise térmica é feita para modelos simplificados, pode-se considerar a


condutividade térmica como independente da temperatura, e seu valor será constante e igual a
1,60 W/m·°C, no caso de concretos de densidade normal (SCHLEICH, 2005).

2.6.4 Calor específico


O calor espefício é uma propriedade definida como a quantidade de calor necessária para
que a temperatura do material seja elevada de um grau em uma unidade de massa. A unidade
do calor específico é Joule por quilograma e grau Celsius (J/kg·°C).

As curvas com o comportamento do calor específico em função da temperatura para o


aço e concreto são apresentadas na Figura 20.

Existem três diferentes funções para determinação do calor específico do concreto,


considerando-se que há um valor de pico constante para temperaturas entre 100°C e 115°C,
de acordo com o Eurocode EN 1992-1-2: 2004. A existência deste pico está relacionada com
a evaporação da água que está livre dentro do concreto. Se esta água não for completamente
evaporada, a temperatura na microestrutura do concreto ficará limitada a um crescimento até
os 100°C.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 53

O valor de pico constante varia com a umidade da massa do concreto:

• Para U = 0,0%, 𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐,𝑝𝑖𝑐𝑜 = 900 J/kg°C;

• Para U = 1,5%, 𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐,𝑝𝑖𝑐𝑜 = 1470 J/kg°C;

• Para U = 3,0%, 𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐,𝑝𝑖𝑐𝑜 = 2020 J/kg°C.

onde:

U: teor de umidade da massa do concreto;

𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐,𝑝𝑖𝑐𝑜 : valor de pico constante do calor específico do concreto.

Quando os teores de umidade são diferentes dos apresentados acima, pode-se realizar
a interpolação linear. Em concretos de baixa densidade, o calor específico não depende da
temperatura, e seu valor é constante igual a 840 J/kg°C (MAXIMIANO, 2018).

A Figura 20 apresenta a variação do calor específico com a temperatura, para as diferentes


umidades do concreto.

Figura 20 – Calor específico em função da temperatura, para o concreto. Fonte: adaptado de


Maximiano (2018).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 54

Para concretos de densidade normal e secos (u = 0,0%):

• 20°C ≤ 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 100°C:


𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐 = 900
• 100°C < 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 200°C:
𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐 = 900 + (𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 - 100)
• 200°C < 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 400°C:
𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 − 200
𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐 = 1000 + ( )
2
• 400°C < 𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 ≤ 1200°C:
𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐 = 1100

Nas equações:

𝑇𝑐𝑜𝑛𝑐 : temperatura do concreto;

𝑐𝑐𝑜𝑛𝑐 : calor específico do concreto.

2.7 Propriedades do aço sob altas temperaturas


Elementos estruturais de aço, quando em ausência de proteção térmica, têm baixa resis-
tência ao fogo se analisados isoladamente (VARGAS; SILVA, 2005). A evolução da temperatura
no aço é dependente da intensidade do incêndio, da dimensão da área em exposição ao fogo e
das medidas de proteção.

2.7.1 Massa específica


A microestrutura cristalina bem definida do aço permite que este mantenha-se estável
mesmo sob temperaturas elevadas. Portanto, sua massa específica é constante, independente da
temperatura e igual a 7850 kg/m3 (COSTA, 2008).

2.7.2 Expansão térmica


As equações na sequência apresentam a variação da expansão térmica (𝜀 = ΔL/L) em
função da temperatura.

Aço:

• 20°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 < 750°C:


𝜀𝑎ç𝑜 = 1,2 · 10−5 · 𝑇𝑎ç𝑜 + 0,4 · 10−8 · 𝑇𝑎ç𝑜
2
- 2,416 · 10−4
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 55

• 750°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 < 860°C:


𝜀𝑎ç𝑜 = 1,1 · 10−2
• 860°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 ≤ 1200°C:
𝜀𝑎ç𝑜 = 2 · 10−5 · 𝑇𝑎ç𝑜 - 6,2 · 10−3

No caso de modelos simplificados de cálculo, adota-se uma única função linear entre a
expansão térmica e a temperatura, como apresentado na sequência.

Aço:

• 20°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 ≤ 1200°C:


𝜀𝑎ç𝑜 = 14 · 10−6 · (𝑇𝑎ç𝑜 - 20)

Nas equações:

𝑇𝑎ç𝑜 : temperatura no aço;

𝜀𝑎ç𝑜 : variação da expansão térmica do aço.

2.7.3 Condutividade térmica


A condutividade térmica do aço possui variação relacionada com a temperatura, e é
dada em Watt por metro e grau Celsius (W/m·°C) (AZEVEDO, 2010).

• 20°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 < 800°C:


𝜆𝑎ç𝑜 = 54 - 3,33 · 10−2 · 𝑇𝑎ç𝑜

• 800°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 ≤ 1200°C:


𝜆𝑎ç𝑜 = 27,3

Quando a análise térmica é feita para modelos simplificados, pode-se considerar a


condutividade térmica como independente da temperatura, e seu valor será constante e igual a
45 W/m·°C (AZEVEDO, 2010).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 56

2.7.4 Calor específico


As equações na sequência apresentam a variação do calor específico do aço em função da
temperatura (AZEVEDO, 2010).

• 20°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 < 600°C:


𝑐𝑎ç𝑜 = 425 . 7,73 · 10−1 · 𝑇𝑎ç𝑜 - 1,69 · 10−3 · 𝑇𝑎ç𝑜
2
+ 2,22 · 10−6 · 𝑇𝑎ç𝑜
3

• 600°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 < 735°C:


13002
𝑐𝑎ç𝑜 = 666 +
738 − 𝑇𝑎ç𝑜
• 735°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 < 900°C:
17820
𝑐𝑎ç𝑜 = 545 + ( )
𝑇𝑎ç𝑜 − 731
• 900°C ≤ 𝑇𝑎ç𝑜 ≤ 1200°C:
𝑐𝑎ç𝑜 = 650

Nas equações:

𝑇𝑎ç𝑜 : temperatura do aço;

𝑐𝑎ç𝑜 : calor específico do aço.

A Figura 21 apresenta a variação do calor específico do aço com a temperatura.


6000

Valor optativo simplificado

5000
Calor específico (J/kg °C)

4000

3000

2000

1000

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)

Figura 21 – Calor específico em função da temperatura, para o aço. Fonte: adaptado de Azevedo
(2010).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 57

2.8 Propriedades mecânicas do concreto

2.8.1 Modelo constitutivo


Em seu trabalho, Anderberg e Thelandersson (1976) propuseram a lei constitutiva do
concreto para condições de alta temperatura em regime transiente, de acordo com os experimentos
realizados.

Para que a formulação seja o mais adequada possível, a deformação total é dada como o
somatório de quatro parcelas diferentes, cada uma relacionada a um teste diferente, sendo elas:

• deformação térmica: incluindo a retração, medida em corpos de prova não carregados


em temperatura variável;

• deformação instantânea, relacionada à tensão: com base em curvas de tensão versus


deformação obtidas sob temperatura constante;

• deformação devido à fluência: dependente do tempo, medida sob tensão e temperatura


constantes;

• deformação transiente: responsável pelo efeito do aumento de temperatura sob tensão,


obtida de ensaios sob tensão constante e temperatura variável.

A lei pode ser expressa como a seguir:

𝜀𝑇 = 𝜀𝑡ℎ (𝑇 ) + 𝜀𝜎 (𝜎,
̃︀ 𝜎, 𝑇 ) + 𝜀𝑐𝑟 (𝜎, 𝑇, 𝑡) + 𝜀𝑡𝑟 (𝜎, 𝑇 ) (2.8.1)

onde:

𝜀𝑇 = deformação total;

𝜀𝑡ℎ = deformação térmica;

𝜀𝜎 = deformação instantânea, relacionada à tensão;

𝜀𝑐𝑟 = deformação devido à fluência;

𝜀𝑡𝑟 = deformação transiente;

T = temperatura;

𝜎 = tensão;

𝜎̃︀ = histórico de tensões;

t = tempo.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 58

2.8.2 Deformação total (𝜀𝑇 )


A deformação total do concreto, aquecido e sob compressão, é apresentada na Figura 22.
Nela, os corpos de prova são carregados em diferentes níveis e o aquecimento acontece a uma
taxa constante de 5°C/min. Quando a temperatura se aproxima de um valor crítico, a tensão de
compressão tem um crescimento rápido e ocorre a falha.

Figura 22 – Deformação versus temperatura, sob aquecimento de 5°C/min, para diferentes


níveis de tensão de compressão. Fonte: adaptado de Anderberg (1978).

2.8.3 Deformação térmica (𝜀𝑡ℎ )


A deformação térmica é a expansão térmica do concreto sem restrições. Enquanto o
concreto é aquecido, esta deformação pode ser representada por uma função simples da curva
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 59

de temperatura diretamente relacionada com a expansão térmica. A expansão térmica depende


do teor de umidade inicial, uma vez que ocorre a retração devido à cura do concreto, e da taxa
de aquecimento (ANDERBERG; THELANDERSSON, 1976).

2.8.4 Deformação instantânea, relacionada à tensão (𝜀𝜎 )


A determinação da deformação relacionada à tensão é baseada no conceito de que, a cada
estágio, existe uma relação tensão-deformação válida para o material. Esta relação representa a
resposta do material para uma mudança na tensão. A influência da temperatura nas relações
tensão-deformação está apresentada na Figura 23.

Figura 23 – Relações tensão-deformação para diferentes temperaturas. Fonte: adaptado de


Anderberg e Thelandersson (1976).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 60

A relação tensão-deformação em um dado momento depende da temperatura no instante


de análise e do histórico anterior de tensões, e sua forma geral está apresentada na Figura 24.

Figura 24 – Descrição gerão da relação tensão versus deformação. Fonte: adaptado de Anderberg
e Thelandersson (1976).

As condições de contorno da curva parabólica da Figura 24 são:

𝜎 = 0 quando 𝜀𝜎 = 0

𝜎 = 𝜎𝑢 quando 𝜀𝜎 = 𝜀𝑢
𝛿𝜎
= 0 quando 𝜀𝜎 = 𝜀𝑢
𝛿𝜀𝜎
onde:

𝜎𝑢 = tensão última na temperatura t;

𝜀𝑢 = deformação na tensão última.

Sendo assim, para 𝜀𝜎 variando entre 0 e 𝜀1 :

𝜀𝜎 𝜀𝜎
𝜎 = 𝜎𝑢 · · (2 − ) (2.8.2)
𝜀𝑢 𝜀𝑢

onde 𝜀1 é a deformação na transição entre o regime parabólico e o linear descendente.


Capítulo 2. Revisão bibliográfica 61

O módulo de elasticidade inicial fictício 𝐸𝑐 , que ocorre quando a deformação 𝜀 tende a


zero, é dado por:

𝜎𝑢
𝐸𝑐 = 2 · (2.8.3)
𝜀𝑢

Quando 𝜀1 > 𝜀𝜎 ,

𝜎 = 𝐸 * · 𝜀𝜎 + 𝜎* (2.8.4)

onde:

𝐸* 2
𝜎* = 𝜎𝑢 · (1 − ) (2.8.5)
𝐸𝑐
O ponto de transição 𝜀1 é obtido pela equação a seguir:

𝐸*
𝜀1 = (1 − ) · 𝜀𝑢 (2.8.6)
𝐸𝑐
onde:

E* = inclinação do ramo descendente;

𝜎* = tensão adicional no ramo descendente.

Portanto, a relação tensão-deformação depende do conhecimento dos parâmetros 𝜎𝑢 , 𝜀𝑢


e E*, que devem ser expressos como função da temperatura e do histórico de tensões.

2.8.4.1 Tensão última (𝜎𝑢 )

Quando submetido a altas temperaturas, o concreto tem sua resistência à compressão


alterada e depende de parâmetros como sua composição e as relações agregado-cimento e
água-cimento. A tensão última é uma função da temperatura, e o histórico de tensões não é
considerado para sua determinação.

2.8.4.2 Deformação última (𝜀𝑢 )

A deformação última afeta consideravelmente o histórico de tensões, e é expresso como


na equação:

𝜀𝑢 = 𝜀𝑢 (𝑇, 𝜀𝑡𝑟 ) (2.8.7)


Capítulo 2. Revisão bibliográfica 62

Quando o histórico de tensões é nulo (𝜀𝑡𝑟 = 0),

𝜀𝑢 (𝑇, 0) = 𝜀𝑢 (𝑇 ) (2.8.8)

Figura 25 – Determinação de 𝜀𝑢 . Fonte: adaptado de Anderberg e Thelandersson (1976).

2.8.4.3 Inclinação do ramo descendente (E*)

Como apresentado por Anderberg e Thelandersson (1976), a forma da região descendente


depende do gradiente de tensões e do arranjo das armaduras na estrutura. O comportamento
dos testes de tensão-deformação em corpos de prova sem armadura podem não representar a
realidade das estruturas.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 63

2.8.4.4 Tensão e temperatura variáveis

Para uma determinada temperatura e um histórico de tensões, 𝜀𝜎 é calculada por uma


iteração passo a passo. A cada iteração (ou seja, entre dois passos de tempo), o incremento é
feito tanto no carregamento quanto no processo sem carga, a depender da mudança na tensão e
na temperatura.

Assume-se que, no tempo 𝑡𝑖−1 , são conhecidas a tensão (𝜎𝑖−1 ), a deformação (𝜀𝜎,𝑖−1 ) e
a temperatura (𝑇𝑖−1 ). No passo seguinte (𝑡𝑖 = 𝑡𝑖−1 + Δ𝑡𝑖 − 1), a temperatura 𝑇𝑖 também é
conhecida.

A deformação inelástica permanente no tempo 𝑡𝑖−1 é dada por (ANDERBERG; THE-


LANDERSSON, 1976):

𝜎𝑖−1
𝜀0,𝑖−1 = 𝑚í𝑛(𝜀0,𝑖−2 , 𝜀𝜎,𝑖−1 − ) (2.8.9)
𝐸𝑐,𝑖−1

2.8.5 Deformação devido à fluência (𝜀𝑐𝑟 )


Em sua pesquisa, Anderberg e Thelandersson (1976) definiram a deformação devido à
fluência como:

𝜎 𝑖
𝜀𝑐𝑟 = 𝛽𝑜 · · ( )𝑝 · 𝑒𝑘1·(𝑇 −20) (2.8.10)
𝜎𝑢 (𝑇 ) 𝑡𝑟

onde:

𝛽𝑜 = -0,53 · 10−3

𝜎 = tensão

𝜎𝑢 (𝑇 ) = tensão última em dada temperatura

t = tempo

𝑡𝑟 = 3 horas

p = 0,5

𝑘1 = 3,04 · 10−3 /°C

T = temperatura
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 64

Quando a temperatura e a tensão variam com o tempo, 𝜀𝑐𝑟 comporta-se como apresentado
na Figura 26.

i+1

Figura 26 – Princípio do encruamento (ou trabalho a frio) para fluência. Fonte: adaptado de
Anderberg e Thelandersson (1976).

2.8.6 Deformação transiente (𝜀𝑡𝑟 )


A deformação transiente ocorre quando a temperatura aumenta e surgem tensões. Esta
deformação é irrecuperável, e somente ocorre no primeiro aquecimento do concreto, conduzindo-o
à instabilidade e dando início às reações de decomposição (ANDERBERG; THELANDERSSON,
1976).

O valor de 𝜀𝑡𝑟 é obtido pela diferença entre a deformação total medida em um ensaio
(𝜀𝑇 ) e as componentes 𝜀𝑡ℎ , 𝜀𝜎 e 𝜀𝑐𝑟 :

𝜀𝑡𝑟 = 𝜀𝑇 − 𝜀𝑡ℎ − 𝜀𝜎 − 𝜀𝑐𝑟 (2.8.11)


Capítulo 2. Revisão bibliográfica 65

A Figura 27 ilustra a importância da deformação transiente como parcela de deformação


total.

Figura 27 – Relação entre as diferentes componentes de deformação. Fonte: adaptado de Ander-


berg e Thelandersson (1976).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 66

2.9 Desempenho estrutural de elementos de concreto expostos ao fogo

2.9.1 Comportamento do concreto ao fogo


Em estruturas, ocorrem dois mecanismos (COSTA, 2008):

• Mecanismos primários: são definidos através de suas vinculações e pela aplicação de carre-
gamento. As estruturas são projetadas para estes mecanismos, à temperatura ambiente;

• Mecanismos secundários: desenvolvem-se durante o incêndio em substituição aos mecanis-


mos primários, em resposta à variação da resistência e da rigidez dos elementos quando
aquecidos, inseridos no sistema estrutural frio.

Os mecanismos primários são controlados pelas propriedades de rigidez e resistência


do elemento estrutural em temperatura ambiente. Os mecanismos secundários que existem no
elemento em temperaturas elevadas são controlados pela rigidez relativa dos apoios da estrutura
em situação de incêndio e pelas estruturas em temperatura ambiente próximas (BAILEY, 2004
apud COSTA, 2008).

Estruturas indeterminadas (por exemplo, um edifício de múltiplos andares) podem


transferir carga através de diversos caminhos possíveis, tanto em temperaturas ambientes,
quanto em situação de incêndio. O modelo de forças e tensões em uma viga - parte da estrutura -
pode ser determinado por meio da rigidez relativa de outras partes da estrutura e pelas condições
de equilíbrio. A compatibilidade dos deslocamentos nas duas direções das lajes de piso também
têm importância. Caso a estrutura seja dúctil e estável adequadamente, ela encontrará caminhos
de carga e mecanismos alternativos para que a carga adicional, quando em situação de incêndio,
seja suportada (LAMONT et al., 2006).

Sob altas temperaturas, elementos estruturais como lajes e pilares-parede podem eventu-
almente se comportar como elementos de compartimentação, garantindo estabilidade, estan-
queidade e isolamento térmico simultaneamente. Esses comportamentos podem ser definidos
como:

• Estabilidade: propriedade do elemento estrutural referente ao suporte das ações que


ocorrem durante o tempo requerido de resistência ao fogo;

• Estanqueidade: propriedade do elemento estrutural referente à não penetração das chamas


pelas fissuras excessivas para os demais compartimentos;
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 67

• Isolamento térmico: propriedade do elemento estrutural referente à capacidade de impedir


que as faces não expostas ao fogo tenham gradientes de temperatura acima de 140°C
(média de dois pontos) ou 180°C (qualquer ponto de medida) (NBR 14432: 2001a).

A estanqueidade e o isolamento térmico, quando ocorrem simultaneamente, cumprem


a função corta-fogo (COSTA et al., 2005). Esta característica permite que o incêndio fique
confinado em um único compartimento, não se propagando.

2.9.2 Colapso estrutural em situação de incêndio


Os projetos de resistência ao fogo de estruturas têm como principal objetivo a prevenção
ao colapso durante um incêndio. A classificação do colapso é feita como colapso local ou colapso
global (IWANKIW, 2006).

Define-se o colapso local como a falha de um único elemento, sem que a estabilidade
global da edificação seja afetada. Este não provoca desabamento da estrutura, mas pode seccionar
um elemento em particular, e é um indício de risco de colapso iminente.

O colapso global - ou progressivo - produz o efeito cascata de falha, levando à falência


de todo o edifício a partir do colapso inicial. Este colapso é muito mais perigoso e destrutivo
quando analisadas a segurança pública e as perdas materiais.

A definição de colapso progressivo pela American Society of Civil Engineers (ASCE


(2010)) é a propagação de uma falha inicial, até que, eventualmente, toda a estrutura colapse,
ou ao menos uma grande parte dela.

Edifícios altos são formados estruturalmente por pórticos, paredes e caixas estruturais, e
recebem as ações horizontais e verticais, distribuindo-as pelas lajes, vigas e pilares (COSTA,
2008). Quando em situação de incêndio, deve-se levar em consideração o grau de continuidade
dos pórticos para o entendimento do comportamento estrutural.

Se aquecido a temperaturas superiores a 100°C, o pórtico sofrerá redução da resistência


e módulo de elasticidade de seus materiais, além da dilatação térmica dos elementos estruturais.
As estruturas adjacentes ao incêndio, frias, fazem com que a dilatação térmica seja restringida, o
que leva a um aumento da resistência ao fogo da estrutura que está sob ação do fogo (BURGESS,
2002). As rupturas localizadas estão representadas na Figura 28.

O colapso local leva a riscos que variam com o tipo e a localização da ruptura. O caso
de ruptura local em pilares é perigoso, pois este é o elemento estrutural que receberá as cargas
provenientes das lajes e das vigas. Todos os pilares de um edifício compõem a estabilidade global
deste, e recebem esforços de compressão e momento nas direções principais de forma simultânea.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 68

Quando ocorre um incêndio, os pilares localizados internamente ao pórtico podem vir


a sofrer flexão composta oblíqua caso a elevação da temperatura em sua seção não ocorra de
maneira simétrica, gerando uma ação adicional no pilar. Pode acontecer o colapso devido a um
cenário que, em temperatura ambiente, não existiria, e portanto o pilar fora dimensionado à
flexão composta normal.

Em um primeiro momento, o colapso de lajes não leva a grandes problemas para a


estrutura do edifício. Elas são os elementos com menor carregamento no pórtico, e possuem
maior ductilidade, podendo deformar mais livremente. Entretanto, as lajes têm uma importante
função de compartimentação. Ao ser mantida sua integridade física, garantem-se o isolamento e
a estanqueidade, evitando-se que o incêndio em um determinado pavimento atinja os demais,
agravando o problema e os danos estruturais, podendo levar a um colapso progressivo, como no
caso do edifício World Trade Center.

(a) Ruptura de pilares. (b) Ruptura de lajes. (c) Ruptura de lajes ou vigas essen-
ciais para o travamento horizon-
tal.

Figura 28 – Colapsos localizados devido a situação de incêndio em um edifício. Fonte: adaptado


de Costa (2008).

2.9.3 Modos de ruptura em situação de incêndio


2.9.3.1 Flexão simples

Para o caso de estruturas de concreto armado, as vigas e lajes, sejam elas isostáticas ou
hiperestáticas, estão sujeitas à flexão simples.

Como a redistribuição de esforços não é possível de ocorrer nos elementos isostáticos,


estes se tornam mais afetados pela ação do fogo do que aqueles hiperestáticos. A formação de
rótulas plásticas em elementos isostáticos pode evoluir para um colapso (Figuras 29, 30 e 31).

Nestes elementos isostáticos, as ações são vencidas pela armadura posicionada na região
de tração da seção. Em edificações usuais, o incêndio não fará com que o concreto da região
comprimida da seção - região superior - tenha um aquecimento significativo. Com isso, o colapso
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 69

acontece devido à região tracionada, na seção de maior esforço (centro do vão): o aço, quando
atinge determinada temperatura, chega na tensão crítica (COSTA, 2008). A ruptura das lajes e
vigas em projetos estruturais é dúctil, devido ao comportamento do aço e à sua aderência sob
ação do fogo, com exceção para elementos em concreto protendido com cordoalhas engraxadas.

(a) Estrutura isostática (b) Diagrama de momentos (c) Linha elástica (d) Mecanismo de colapso

Figura 29 – Mecanismo de colapso em estruturas biapoiadas.

(a) Estrutura isostática (b) Diagrama de momentos (c) Linha elástica (d) Mecanismo de colapso

Figura 30 – Mecanismo de colapso em estruturas apoiadas-restritas à rotação.

(a) Estrutura isostática (b) Diagrama de momentos (c) Linha elástica (d) Mecanismo de colapso

Figura 31 – Mecanismo de colapso em estruturas engastadas-livres.

Vigas e lajes hiperestáticas podem sofrer grandes rotações e, ainda assim, conseguem
realizar a redistribuição dos esforços. Uma única rótula plástica não causará danos para a
estabilidade; serão necessários diversos mecanismos de ruptura simultâneos e em mais de uma
seção do elemento estrutural (Figura 32).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 70

As rótulas plásticas são articulações de configuração permanente, e surgem quando


ocorre uma redução do momento de inércia à flexão e da rigidez devido à atuação do fogo
sobre a estrutura, sobrecarregada com o aumento do carregamento sobre ela. A formação destas
rótulas se dá através da rotação do elemento estrutural, estando este restringido a uma extensão
pequena, definida como o comprimento de plastificação na seção de curvatura máxima.

rótula plástica rótulas plásticas

(a) Vigas isostáticas. (b) Vigas hiperestáticas (contínuas).

Figura 32 – Mecanismo de ruptura de vigas em edifícios. Fonte: adaptado de Costa (2008).

O concreto tem um crescimento em sua capacidade de deformação quando sujeito a altas


temperaturas, e essa variação faz com que ocorram curvaturas excessivas e um encurvamento
plástico localizado, caracterizando a rótula plástica (COSTA, 2008). O momento de plastificação
é a solicitação máxima que provoca o surgimento da articulação permanente, transformando a
estrutura - ou parte - em hipostática, e levando-a ao Estado Limite Último.

A tendência, para as lajes e vigas hiperestáticas aquecidas pela face inferior, é que
ocorra expansão e flexão. Entretanto, as ligações monolíticas de concreto armado - ligações
perfeitamente rígidas, como a ligação viga-pilar - fazem com que a expansão térmica não ocorra.
Sendo assim, surgem momentos de reação contrários à flexão nos apoios, levando a um aumento
do momento negativo; ou seja, o momento positivo é reduzido no meio do vão com o aumento
do momento nos apoios, como é possível analisar na Figura 33.

Enquanto não ocorrer o escoamento da armadura superior, que está fria, os apoios
continuarão sofrendo crescimento de momentos. A capacidade resistente máxima somente será
atingida quando todas as rótulas plásticas forem formadas em todos os apoios (intermediários e
no meio dos vãos).

Os momentos podem ser redistribuídos caso os apoios possuam armadura negativa extra
suficiente para suportar as rotações das seções, de maneira que não ocorra ruptura frágil do
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 71

concreto na região de compressão dos apoios. Esta armadura também deve ter comprimento de
ancoragem que cubra o deslocamento dos pontos de inflexão do diagrama de momentos.

Pelo Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), é possível redistribuir os momentos de vigas e lajes


hiperestáticas somente para fundamentar a menor distância entre o eixo das armaduras e a
face que se encontra diretamente exposta ao fogo, em elementos com dimensões definidas pelo
método tabular de dimensionamento.

As'
x20°C lb MR lb

Diagrama de momentos devido ao


carregamento externo
pontos de inflexão à
Md+ temperatura ambiente Md+

Mtérmico,fi= momento induzido pela restrição


à dilatação térmica

Diagrama de momentos devido à


ação térmica
As'
lb,fi Md-,fi= Mplastificação

x1

Diagrama resultante
de momentos
Md+,fi= Mplastificação Md+,fi= Mplastificação
pontos de inflexão em
situação de incêndio

Figura 33 – Ação do aumento da temperatura sobre o diagrama de momento fletor de uma


viga contínua de dois vãos com carregamento distribuído uniforme, sem o efeito da
restrição a dilatação térmica. Fonte: adaptado de Costa (2008).

2.9.3.2 Restrição à dilatação térmica

Elementos isostáticos, mesmo que dimensionados para livre deformação à temperatura


ambiente, quando sujeitos à ação do fogo, podem apresentar restrições à dilatação térmica. Esta
dilatação, se excessivamente grande, pode ser impedida por uma limitação de deslocamentos da
estrutura ou devido à não representação exata das vinculações no método de construção.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 72

A Figura 34 apresenta o comportamento de uma estrutura com restrição à dilatação


térmica. Em altas temperaturas - superiores a 100°C -, as hipóteses ideais da Mecânica das
Estruturas para as propriedades do material e para a rigidez estrutural deixam de ser válidas.
Passa a existir um comportamento mais complexo na estrutura devido à ação térmica.

Figura 34 – Restrição à dilatação térmica. Fonte: adaptado de Gosselin (1987).

Quando os apoios dos elementos aquecidos encontram-se em temperatura ambiente, eles


permitem que o efeito da rigidez da estrutura sob ação do fogo seja maior do que em situação
normal (Figura 35).

4º pavimento

3º pavimento

incêndio
2º pavimento

1º pavimento

térreo

3º pavimento

incêndio
2º pavimento

forças de ação térmica devido à forças de reação da estrutura adjacente


dilatação da estrutura aquecida fria devido à restrição à dilatação térmica

Figura 35 – Forças de ação térmica e de reação das estruturas adjacentes frias à dilatação
horizontal dos elementos aquecidos. Fonte: adaptado de Costa (2008).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 73

Para os elementos estruturais do tipo lajes, o resultado devido a esta restrição varia com
(COOKE, 2001):

• a espessura do elemento;
• a densidade do concreto;
• a porosidade do concreto;
• o nível de carregamento;
• a taxa de aquecimento;
• o tipo de revestimento.

A restrição à dilatação térmica pode apresentar características positivas, como a com-


pensação da força de compressão, total ou parcialmente, com a diminuição da resistência da
armadura em altas temperaturas.

A Figura 36 apresenta o comportamento de elementos do tipo laje ou viga durante o


incêndio.

Flecha que a laje ou a viga


T z0
e apresentam à temperatura
ambiente devido ao
carregamento e aos seus
efeitos de longa duração

incêndio e>0

Contra-flecha que a força de


T z0
reação de compressão dos
apoios ao deslocamento tende
e causar

incêndio e>0

Flecha excessiva devido à


T z0
e redução da rigidez, à curvatura
de origem térmica por
alongamento excessivo da
superfície inferior aquecida e à
força de reação de compressão
e<0
dos apoios ao deslocamento,
incêndio seguida de ruptura

Figura 36 – Força de reação à dilatação térmica da laje ou viga. Fonte: adaptado de Costa
(2008).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 74

Quando o incêndio tem início, ocorre a compressão do elemento devido à força de reação
que atua nos apoios da estrutura. Quando a temperatura atinge um nível uniforme pela seção,
o gradiente térmico é, portanto, inferior àquele do início do sinistro. Como existirá uma grande
deformação com o passar do tempo, a linha neutra é deslocada para um nível inferior à linha de
ação da reação de compressão, fazendo com que o momento no meio do vão do elemento cresça
até que ocorra a falha por excesso de solicitação na armadura de tração.

2.9.4 Ação de membrana e de catenária


O dimensionamento de lajes é usualmente feito assumindo-se que o único mecanismo que
impede a ruptura é a resistência à flexão (GILLIE, 2000). Esta concepção, de caráter conservador,
desconsidera grandes parcelas de força disponíveis no elemento. Em situações extremas, como
um incêndio, tais parcelas são fundamentais para que a laje mantenha-se estruturalmente.

Segundo Wang (2002), a ação de membrana, que é o encurvamento da laje em ambas


as dimensões, ocorre em lajes com armadura nas duas direções, e a ação de catenária, que é a
ocorrência de curvatura simples, ocorre em lajes com armadura em uma única direção.

2.9.4.1 Ação de membrana

A ação de membrana é definida por Allam et al. (2000) como um comportamento


geometricamente não linear, e sua natureza exata é diretamente dependente das condições de
apoio do compartimento abaixo da laje, onde ocorre o incêndio, e da restrição à movimentação
no sentido horizontal que os apoios e as demais estruturas impõem.

Em lajes restringidas lateralmente, ocorrem dois tipos de ação de membrana que garantem
força extra para o elemento em situações extremas: a ação de membrana de compressão e a
ação de membrana de tensão. A Figura 37 mostra o comportamento típico de lajes com bordos
restringidos. Ambas as ações de membrana podem ocorrer também em elementos mistos (aço e
concreto).

Simultaneamente à deformação da laje e sua movimentação no sentido da gravidade,


ocorre a ação de membrana de compressão, de forma que as cargas sejam resistidas pelo arco
que é formado.

Entre os pontos A e B da Figura 37 ocorre o comportamento de membrana de compressão,


ou seja, a laje se comporta com o uma cúpula dentro de sua profundidade (Figura 38a).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 75

Carga
B D

A
0
0 Deslocamento

Figura 37 – Curva carga versus deslocamento para lajes de concreto restringidas lateralmente.
Fonte: adaptado de Gillie (2000).

As condições de desenvolvimento da ação de membrana de compressão são relativas


às deformações da laje: estas devem ser pequenas quando comparadas à profundidade da laje
(GILLIE, 2000). Portanto, em situação de incêndio, esta ação não é de grande importância pois
as deformações serão altas.

A partir do ponto B, a carga suportada pela laje se reduz de forma rápida até o ponto
C, onde as tensões de compressão no centro da laje mudam para tensões de tração. Com isso, o
comportamento da laje passa a ser similar ao de uma rede, como na Figura 38b.

Devido às deformações de tração no centro da laje, esta região apresenta fissuras e as


tensões de tração são suportadas pela armadura, que rompe no ponto D da Figura 37.

Em lajes de concreto armado, sua resistência é garantida pela armadura positiva, posici-
onada na região inferior do elemento, onde a ação térmica é mais intensa. Entretanto, não é
comum utilizar armadura anti-fissura em lajes moldadas in loco (COSTA, 2008).

O desenvolvimento da ação de membrana de tração depende da resistência à tração da


armadura. Como na maioria dos casos as lajes de piso têm pouca armadura, em temperatura
ambiente a ação de membrana de tração só pode ocorrer sob baixas deformações. Caso a ação
de membrana de tração não se desenvolva devido à relação que existe entre os vãos das direções
principais da laje, esta será sujeita à ação de catenária.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 76

carga

(a) Ação de membrana de compressão, resultando em laje


sob pequena flecha.

carga

(b) Ação de membrana de tração, resultando em laje sob


grande flecha.

Figura 38 – Ação de membrana em lajes de concreto armado. Fonte: adaptado de Gillie (2000).

2.9.4.2 Ação de catenária

As flechas que ocorrem em lajes com armadura em uma única direção são frequentemente
superiores às flechas de lajes armadas nas duas direções.

Para o caso de lajes isostáticas, a ação de catenária ocorre antes do colapso estrutural,
no momento em que a expansão devido à temperatura e as restrições não têm influência mais
sobre a resistência (COOKE, 2001).

Quando a laje está restrita à tração horizontal em seus apoios de forma suficiente, as
flechas provocam um comportamento de elemento de cabo: a solicitação é suspensa através da
ação de catenária pela tração no plano médio (LIM et al., 2004).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 77

Pela Figura 39, analisa-se o suporte do carregamento pela tração axial, o que caracteriza
um elemento de cabo, logo após a estrutura de placa não mais suportar os esforços de flexão.

Ft Ft

H H
V V

Δ=l/20

(a) Vista 2D.

posição
inicial tração

catenária

(b) Vista 3D.

Figura 39 – Ação de catenária em laje de concreto armada em uma direção. Fonte: adaptado de
Costa (2008).

2.9.5 Aderência entre os materiais


Quando ocorre um incêndio, a aderência entre o concreto e o aço sofre considerável
redução. Com isso, podem ocorrer dois fenômenos: o deslizamento das barras de aço e a perda
do cobrimento, ocasionando rupturas localizadas (COSTA, 2008). Tal escorregamento pode
levar a rupturas de flexão, cisalhamento ou deslizamento do concreto, de maneira indireta.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 78

A aderência das armaduras é uma propriedade que depende dos seguintes fatores (ASSIS
JÚNIOR, 2005):

• taxa de armadura do elemento;


• características geométricas da barra de aço;
• tipo de ancoragem;
• temperatura na interface aço-concreto.

Em situação normal e temperatura ambiente, o concreto apresenta coeficiente de dilatação


térmica inferior ao do aço. Entretanto, em altas temperaturas, essa situação se inverte, ocorrendo
expansão térmica diferencial dos materiais, como é possível ver na Figura 40.

2
Agregados silicosos
Agregados calcáreos
Aço laminado a quente
Aço laminado a frio
1,5
Δl/lθ (%)

0,5

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)

Figura 40 – Comparação entre os alongamentos térmicos do concreto e do aço. Fonte: EN


1992-1-2: 2004.

Para situações em que a temperatura cresce de maneira uniforme, o aço impede a


expansão do concreto à sua volta devido à aderência entre ambos. Para o caso não uniforme, a
expansão térmica diferencial ocorre possivelmente devido à alta condutividade térmica do aço.
Em situação de incêndio real, o calor propaga-se rapidamente, e a temperatura no aço cresce
em maior velocidade que a do concreto.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 79

Quando a dilatação é impedida de ocorrer, surgem tensões de superfície no aço, superiores


à resistência de aderência. Sendo assim, ocorre o escorregamento da barra, que se desprende,
dilatando e deformando de maneira a expulsar o cobrimento de concreto.

Se a ausência de aderência entre os materiais levar à falha da ancoragem direta das arma-
duras longitudinais de flexão, ocorre então a chamada ruptura por flexão. Se houver deslizamento
da armadura longitudinal na região de ancoragem, ocorre a ruptura por cisalhamento.

Segundo Costa (2008), o dimensionamento de estruturas de concreto em situação de


incêndio leva em consideração que os elementos têm comprimento de ancoragem e ligações que
permitem a absorção dos esforços que surgem devido à ação do fogo e suportam a movimenta-
ção dos pontos de inflexão presentes no diagrama de momento fletor quando os esforços são
redistribuídos.

2.10 Lascamento do concreto


O concreto, quando exposto a altas temperaturas, sofre dois processos inseparáveis
(DEBICKI et al., 2012):

• processo termomecânico: neste processo, o gradiente de deformação térmica gera tensões;


• processo termo hidratado: este gera uma forma motriz para o fluxo de vapor e água líquida.

O lascamento do concreto, especialmente causado pelo processo termo hidratado, pode


aparecer para alguns tipos de concreto sob algumas circunstâncias de aquecimento, incluindo
exposição a altas temperaturas, e é um fator importante para reduzir a resistência do elemento
estrutural ao fogo.

O aquecimento de um elemento de concreto em apenas uma das faces cria duas frentes
móveis: a frente de calor e a de umidade. Ambas se afastam da face aquecida do concreto para
o lado frio e não aquecido. A velocidade das duas frentes depende de vários fatores, incluindo a
taxa de aquecimento onde as duas frentes podem se encontrar a uma distância específica dentro
do concreto. Isso faz com que a água se transforme em vapor. A acumulação de alta pressão de
vapor, podendo atingir um intervalo de 3 a 5 MPa, é uma das responsáveis por explosões no
concreto (ALI et al., 2011).

O fenômeno de lascamento depende dos parâmetros dos materiais, como o teor de


umidade e fibras, porosidade e permeabilidade, resistência à compressão e resistência à tração,
mas também em fatores estruturais, como taxa de aquecimento, cargas impostas e ações indiretas
(LO MONTE; FELICETTI, 2017).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 80

Estes aspectos influenciam a evolução dos dois principais atores que levam ao lascamento,
ou seja:

• o estresse causado por cargas externas e gradientes térmicos, e


• a pressão dos poros devido à vaporização da água.

O lascamento do concreto pode ser classificado em 3 tipos básicos (COSTA et al., 2002),
variando com a severidade e as soluções possíveis para o dano, sendo eles:

• lascamento superficial ou gradual (sloughing): desplacamento de uma parte considerável do


concreto, com grande perda de material. Tem efeito progressivo, uma vez que as camadas
mais internas do concreto ficarão expostas ao fogo, levando a novos descascamentos e à
perda de aderência entre o aço e o concreto;

• pipocamento (pop out): lascamento localizado. Ocorre devido ao aquecimento dos agregados,
que têm um aumento de aproximadamente 1% de volume, quando a temperatura atinge
níveis próximos a 600°C;

• lascamento explosivo (explosive spalling): a perda de material é violenta, liberando alta


taxa de energia.

2.10.1 Lascamento explosivo


O lascamento explosivo é o tipo mais perigoso de lascamento do concreto, e acontece
com a energia explosiva alta, causando estilhaços de concreto que voam em alta velocidade,
causando acidentes e danos ao meio, incluindo esmagamento de janelas adjacentes, deixando
mais oxigênio entrar na área de fogo, aumentando sua gravidade (ALI et al., 2011).

Além disso, o lascamento explosivo pode ameaçar a integridade de toda a estrutura e


pode levar ao colapso estrutural total. Tal fato gera sérias preocupações sobre o estudo desse
fenômeno e a identificação de métodos de prevenção do lascamento de concreto (ALI et al.,
2010).

Como apresentado por Debicki et al. (2012), o lascamento explosivo é uma falha frágil e
ocorre de forma repentina e violenta. Isso ocorre devido às tensões impostas à estrutura, criando
energias internas de alta tensão. Muito mais tarde, no período de exposição ao fogo, pode ser
alcançada a máxima resistência à tração do concreto, envolvendo rachaduras de concreto e
queda de peças de material.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 81

Os principais fatores que afetam a susceptibilidade ao lascamento explosivo de diferentes


tipos de concreto simples incluem:

• o regime de cura antes do aquecimento (diretamente relacionado ao volume de água livre


e gradientes de umidade);
• a taxa de aquecimento;
• a porosidade ou permeabilidade do concreto (conectada à relação água/cimento e/ou
concreto densificado);
• a presença ou não de um volume considerável de fibras de polipropileno.

Rafi et al. (2017) mostram que o lascamento em concreto ocorre quando a resistência à
tração é superada pelas tensões de tração. As tensões são aplicadas tanto pela pressão do vapor
nos poros do concreto, quanto pelo diferencial de temperatura em toda a seção transversal.
O refluxo explosivo foi observado em seus ensaios em alguns dos corpos de prova de concreto
durante o aquecimento a 400°C a 650°C. Os cilindros produziam barulho alto.

Durante a pesquisa, Rafi et al. (2017) apresentaram que os fatores responsáveis por
causar lascamento explosivo de concreto incluem idade, teor de umidade, tipo de agregados,
método de cura e taxa de aquecimento. Foi utilizada no ensaio uma taxa de aquecimento lenta
(5°C/min) para aquecer os corpos de prova. Os fatores de idade, tipos de agregados e método de
cura foram descartados, pois estes eram os mesmos para todos os corpos de prova. Embora os
teores de umidade não tenham sido medidos no estudo apresentado, os resultados da resistência
à tração do concreto indicaram que as resistências à tração dos grupos de corpos de prova
testados a 700°C e 900°C foram similares aos demais lotes.

Terrasi et al. (2012) mostram em sua pesquisa que a adição de microfibras de polipropileno
a uma mistura de concreto ajuda a reduzir ou evitar o lascamento explosivo do concreto durante
um incêndio. O Eurocode 2 sugere que, na mistura de concreto, é necessário mais de 2 kg/m3
de fibras de polipropileno para classes de resistência ao concreto de 80 a 105 MPa. A adição
de fibras de polipropileno foi, portanto, considerada essencial para evitar o desprendimento do
concreto C90 de alta resistência utilizado nas lajes do estudo.

2.11 Lajes em situação de incêndio


Além da resistência às solicitações verticais, outra importante consideração a ser adicio-
nada ao projeto de lajes de concreto armado é o efeito do fogo (LIM, 2003).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 82

As folgas de resistência no projeto de lajes, anteriormente consideradas como conserva-


dorismo, na realidade, quando em situação de incêndio, são cruciais para a manutenção de sua
integridade estrutural (GILLIE, 2000).

As lajes têm uma função extremamente importante durante incêndios. A previsão de seu
comportamento nessa condição pode ser dividida em duas áreas: a resposta térmica de placas, e
a resposta estrutural.

Hamerlinck et al. (1990) descrevem modelos para ambas as respostas de lajes: térmica
e estrutural. O modelo térmico utilizou o método de diferenças finitas para determinação da
temperatura da laje em três dimensões para uma dada curva de temperatura versus tempo,
levando em consideração a transferência de calor convectiva e radiativa desde o compartimento
de incêndio até a laje, e a condução de calor através da estrutura. No trabalho, foi feito um
comparativo com o modelo experimental.

O modelo estrutural foi baseado nas relações momento-curvatura para lajes simplesmente
apoiadas. Foram feitas considerações para a expansão térmica, a degradação das propriedades
do material e os gradientes térmicos. Como a laje era armada em apenas uma direção, não foi
considerado o efeito de membrana.

Após 5 anos, Hamerlinck e Twilt (1995) apresentaram uma descrição para o compor-
tamento de lajes mistas aquecidas, com destaque para os efeitos benéficos da restrição axial
normalmente ignorados nos testes de incêndio padronizado.

2.11.1 Lajes unidirecionais simplesmente apoiadas


A Figura 41 apresenta uma laje de concreto armado, unidirecional, simplesmente apoiada,
exposta ao fogo por sua superfície inferior. Neste caso, o gradiente de temperatura não linear é
formado ao longo da espessura da laje (LIM, 2003).

incêndio

Figura 41 – Laje simplesmente apoiada aquecida pela superfície inferior. Fonte: adaptado de
Lim (2003).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 83

Esse gradiente faz com que a laje de concreto sofra uma expansão e uma deformação no
sentido da gravidade. A deformação vertical ocorre principalmente devido à curvatura térmica
da laje, resultado da expansão não linear.

Com o aquecimento da superfície inferior, as barras de aço da armadura perdem sua


resistência à flexão e sua rigidez, agravando ainda mais a deformação. Quando a resistência à
flexão em uma seção da laje atinge um nível inferior ao do momento fletor aplicado, uma rótula
plástica se forma, levando à ruptura.

2.11.2 Lajes de piso unidirecionais com restrição axial


Na Figura 42, tem-se uma laje unidirecional, simplesmente apoiada, exposta ao fogo por
sua superfície inferior. Forças axiais de compressão surgirão na laje se, devido a uma estrutura
rígida de flexão, o movimento horizontal devido à expansão térmica for restringido (LIM, 2003).

Δ
T

incêndio
Figura 42 – Laje simplesmente apoiada aquecida pela superfície inferior, com restrição axial nos
apoios. Fonte: Lim (2003).

Pelo diagrama de corpo livre apresentado na Figura 43, é possível fazer o equilíbrio de
forças. Sendo assim, a tensão de compressão C é igual ao somatório de forças de tensão na
armadura (C = S + T).

O equilíbrio entre o momento aplicado e a força resistente no meio do vão, na falha, leva
à seguinte equação, baseada em Harmathy (1993):

𝑤 · 𝐿2
𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 = − 𝑇 · (𝑧0 − Δ) (2.11.1)
8
onde:

𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 = capacidade positiva à flexão da laje sob ação do fogo;

𝑧0 = distância entre a posição da força de empuxo e o eixo central da laje nos apoios;
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 84

Δ = deslocamento vertical no meio do vão;

𝑤 = carga uniformemente distribuída;

L = vão livre da laje.

Δ
C

T e
z0
z0 - Δ
S

Figura 43 – Diagrama de corpo livre de uma laje simplesmente apoiada, com restrição. Fonte:
adaptado de Lim (2003).

Buchanan (2001) apresenta uma formulação bastante semelhante, com a adição do termo
e, o qual representa a distância entre a linha de empuxo nos apoios e o centro da parcela de
compressão do concreto, no meio do vão:

𝑤 · 𝐿2
𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 = −𝑇 ·𝑒 (2.11.2)
8

R
C Δ

dT
T e d

R Ty

Figura 44 – Definição do termo e no diagrama de corpo livre da laje. Fonte: adaptado de


Buchanan (2001).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 85

Será considerada para discussão a equação 2.11.1 e a Figura 43. A eficácia da restrição
depende da distância da força de empuxo para o eixo central da laje nos apoios, 𝑧0 .

Pela Figura 45, avaliam-se os momentos que atuam em uma determinada laje, com
restrição à rotação, quando a linha de empuxo encontra-se na superfície inferior interna da laje.

(a)
M+gravidade

+
(b)
MΔ = T.Δ

T.z0
(c)

M-fogo = T.z0
(d)
M+fogo,red = wL²/8 + T.Δ - T.z0

Figura 45 – Componentes do momento em laje com restrição com a linha de empuxo na parte
inferior da laje. Fonte: adaptado de Lim (2003).

O diagrama (a) da Figura 45 representa o momento fletor devido ao peso próprio. O


diagrama (b) mostra os momentos devidos à deformação para baixo, em conjunto com a força
de restrição T. O diagrama (c) apresenta o momento negativo, de caráter uniforme, devido à
força de restrição T atuando a uma distância 𝑧0 abaixo do eixo central dos apoios.

A combinação destes três diagramas de momento leva ao diagrama (d) da Figura 45.

O momento devido ao peso próprio (𝑀𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒


+
) continua constante em situação de
incêndio, entretanto os momentos devido a 𝑀Δ e 𝑇 · 𝑧0 podem mudar durante a exposição ao
fogo, alterando o comportamento do diagrama de momentos final. O momento no meio do vão é
dado pela Equação 2.11.1.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 86

Conforme a temperatura do incêndio se eleva, a resistência à flexão é reduzida (𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 e


𝑅𝑓−𝑜𝑔𝑜 ). O comportamento do diagrama de momento fletor varia apenas dentro dos limites de
resistência à flexão reduzida. A formação de rótulas plásticas acontece quando a resistência à
flexão positiva reduzida (𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 ) atinge um valor inferior ao momento fletor aplicado (𝑀𝑓+𝑜𝑔𝑜,𝑅𝑒𝑑 ),
acontecendo a falha.

Entretanto, o momento negativo (𝑀𝑓−𝑜𝑔𝑜 ) devido à força de empuxo atuando abaixo do


eixo central da laje pode reduzir os momentos positivos aplicados (𝑀𝑓+𝑜𝑔𝑜,𝑅𝑒𝑑 ), fazendo com que a
resistência à flexão positiva seja ainda mais reduzida antes que o momento positivo a ultrapasse,
aumentando o tempo de exposição ao fogo da laje.

Os momentos positivos no meio do vão podem ser reduzidos a zero caso o momento
negativo seja suficientemente grande. Portanto, a resistência à flexão positiva pode ser anulada,
e a laje não sofrerá ruptura.

Todavia os momentos negativos nos apoios apenas crescem até o limite de resistência à
flexão negativa (𝑅𝑓−𝑜𝑔𝑜 ), dependente da resistência à compressão da armadura inferior próxima
aos apoios.

Se o momento positivo aplicado (𝑀𝑓+𝑜𝑔𝑜,𝑅𝑒𝑑 ) exceder a resistência à flexão da laje (𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 ),


a redução dos momentos positivos através do momento devido a 𝑇 · 𝑧0 não será suficiente para
evitar a formação de rótulas plásticas, levando à ruptura.

O crescimento do momento positivo durante o fogo é devido ao momento 𝑀Δ , produto


das deformações e da força de empuxo. Se a laje deformar até atingir a deformação central
Δ = 𝑧0 , os termos 𝑇 · Δ e 𝑇 · 𝑧0 se anulam. Com isso, o reforço de flexão devido à restrição
será perdido e somente a capacidade da laje será utilizada para resistir a quaisquer momentos
positivos extras.

A restrição à compressão axial pode ser negativa caso as deformações Δ sejam superiores
a 𝑧0 , e a força T, em conjunto com as grandes deformações, irá aumentar o momento aplicado
no meio do vão e reduzir o tempo de formação de rótulas plásticas.

A rigidez à flexão da laje pode aumentar devido à força de empuxo dos apoios rígidos,
evitando grandes deformações. Por outro lado, os apoios rígidos originarão grandes forças de
compressão na laje, o que eleva os momentos 𝑀Δ , mesmo para pequenas deformações. Então, a
resistência à flexão no meio do vão pode ser excedida para uma viga com restrição e pequenas
deformações, resultando em um colapso repentino no momento em que rótulas plásticas surgem
no meio vão.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 87

No texto,

C: força de compressão;

𝑀𝑓+𝑜𝑔𝑜,𝑅𝑒𝑑 : momento positivo aplicado reduzido, em situação de incêndio;


+
𝑀𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 : momento positivo na laje devido ao peso próprio;

𝑀𝑓−𝑜𝑔𝑜 : momento negativo na laje devido ao empuxo atuando abaixo do eixo central da
laje, em situação de incêndio;

𝑀Δ : momento devido ao deslocamento da laje para baixo, em conjunto com a força de


restrição T;

𝑅𝑓+𝑟𝑖𝑜 : resistência à flexão positiva da laje em temperatura ambiente;

𝑅𝑓−𝑟𝑖𝑜 : resistência à flexão negativa da laje em temperatura ambiente;

𝑅𝑓+𝑜𝑔𝑜 : resistência à flexão positiva da laje em situação de incêndio;

𝑅𝑓−𝑜𝑔𝑜 : resistência à flexão negativa da laje em situação de incêndio;

T: força axial de compressão devido à restrição de movimento horizontal por expansão


térmica na laje.

2.11.2.1 Efeito da linha de empuxo em diferentes condições de apoio

A posição da linha de empuxo e a quantidade de restrições devido a estruturas ao redor


da laje exposta ao fogo atuam sobre a eficácia da restrição. A compressão atuante na laje
leva à formação de um arco abatido, que resiste às cargas aplicadas. A linha de empuxo deve
permanecer inferior ao eixo central da laje de maneira que as forças de compressão elevem a
resistência à flexão (Figura 46a).

T T

(a) Linha de empuxo próxima da face interna inferior da laje.

Δ
T T

(b) Linha de empuxo distante da face interna inferior da laje.

Figura 46 – Ação de membrana de compressão para diferentes posições da linha de empuxo.


Fonte: adaptado de Lim (2003).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 88

Quando a linha de empuxo nos apoios está próxima ou acima do eixo central, como na
Figura 46b, as forças de compressão não colaboram para a resistência à flexão da laje, podendo
inclusive serem negativas. Para concretos de resistência normal, a linha de empuxo atinge o eixo
central em menos de 2 horas de exposição ao fogo (LIM, 2003).

2.11.3 Efeito da continuidade na resistência ao fogo em lajes


Lajes contínuas com diversos apoios estão sujeitas a vários níveis de restrição horizontal
se expostas ao fogo (HARMATHY, 1993) e, portanto, torna-se importante o estudo destra
restrição ao movimento horizontal em lajes que possuem apoios restringidos à rotação.

O melhor desempenho ao fogo de lajes contínuas deve-se à redistribuição de momentos,


permitindo que as cargas sejam resistidas por outros mecanismos após a formação da primeira
rótula plástica (LIM, 2003).

A Figura 47 apresenta as componentes do momento fletor em uma laje contínua, com o


incêndio ocorrendo em sua superfície inferior, a qual é aquecida uniformemente e tem restrição
ao movimento horizontal.

O diagrama (a) da Figura 47 apresenta o momento fletor devido ao peso próprio. O


diagrama (b) mostra o momento devido ao deslocamento vertical e à carga térmica. A restrição
à rotação contrária à curvatura gerada pedo gradiente térmico leva ao momento apresentado
no diagrama (c); este momento aumenta o momento negativo nos apoios e reduz o momento
positivo ao longo do comprimento da laje. Por fim, a combinação de momentos é ilustrada no
diagrama (d).

Em lajes contínuas, a posição da linha de empuxo nos apoios é determinada através dos
momentos fletores. Pela Figura 47, nota-se que 𝑀𝑓−𝑜𝑔𝑜 é o momento aplicado devido às cargas
𝑤 · 𝐿2
gravitacionais ( ) e o momento devido à restrição provocada pela curvatura devido à ação
12
térmica (𝑀𝑡ℎ ). O momento fletor nos apoios é definido como uma combinação da força axial
na laje (𝑇 ) e a excentricidade (𝑧0 ), que representa a posição na profundidade da laje em que a
força atua nos apoios, em relação ao eixo central.

𝑀𝑓−𝑜𝑔𝑜 = 𝑇 · 𝑧0 (2.11.3)

T: força axial de compressão devido à restrição de movimento horizontal por expansão


térmica na laje;

𝑧0 : distância entre a posição da força de empuxo e o eixo central da laje nos apoios.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 89

Δ
T

incêndio

M-frio = wL²/12
(a)
M+frio = wL²/24

+
(b)
MΔ = T.Δ

Mth
(c)
=
M-fogo = wL²/12 + Mth
(d)
M+fogo,red = wL²/24 + T.Δ - Mth

Figura 47 – Componentes do momento em laje contínua com restrição. Fonte: Lim (2003).

Na Figura,

𝑀𝑓−𝑟𝑖𝑜 : momento negativo na laje, em temperatura ambiente;

𝑀𝑓+𝑟𝑖𝑜 : momento positivo na laje, em temperatura ambiente;

𝑀Δ : momento devido ao deslocamento da laje para baixo, com a força de restrição T;

T: força axial de compressão devido à restrição de movimento horizontal por expansão


térmica na laje;

Δ: deslocamento vertical no meio do vão da laje;

𝑀𝑡ℎ : momento uniforme devido à restrição à rotação contrária à curvatura induzida pelo
gradiente térmico.

𝑀𝑓−𝑜𝑔𝑜 : momento negativo na laje, em situação de incêndio;

𝑀𝑓+𝑜𝑔𝑜 : momento positivo na laje, em situação de incêndio;


Capítulo 2. Revisão bibliográfica 90

L: vão livre da laje;

𝑤: carga uniformemente distribuída.

2.12 Recomendações normativas


Neste tópico serão apresentadas as recomendações existentes nas normas europeia e
brasileira (o Eurocode 2 parte 1-2 (2004) e a ABNT NBR 15200:2012), com relação ao projeto
de estruturas de concreto em situação de incêndio para dimensionamento de lajes.

Segundo Silva (2015), o Brasil é o país mais avançado da América Latina em termos
de normatização, sendo a ABNT NBR 15200:2012 o documento para projeto de estruturas de
concreto em situação de incêndio no país.

2.12.1 EUROCODE 2 Parte 1-2 (2004)


A verificação da resistência ao fogo de estruturas de concreto armado, segundo o Eurocode
2 parte 1-2 (2004), tem três possibilidades de realização:

• avaliação por elementos;


• avaliação por partes da estrutura;
• avaliação global.

Existem quatro métodos de cálculo para verificar elementos expostos a curvas de incêndio
padrão, sendo eles: tabular, simplificado, avançado e experimental, em escala de complexidade
(ALBUQUERQUE, 2018). A análise por partes da estrutura exposta a curvas de incêndio padrão
é possível através dos métodos simplificado, avançado e experimental. Estes modelos estão
apresentados na Figura 48.

Com relação à análise de elementos expostos ao fogo, o Eurocode 2 parte 1-2 (2004)
indica a necessidade de admitir somente os efeitos de esforços adicionais devidos às deformações
térmicas provocadas pelos gradientes de temperatura ao longo da altura da seção transversal
(ALBUQUERQUE, 2018). Os esforços adicionais devidos às deformações térmicas axiais ou no
plano podem ser desprezados.

Como estes esforços adicionais devidos às deformações térmicas são esforços de restrição,
apenas o efeito da restrição à rotação deve ser considerado na verificação ao fogo de elementos
de concreto armado, assim como as lajes. No caso de avaliação por partes da estrutura, as
deformações térmicas e os efeitos causados pelas restrições às mesmas devem ser considerados.
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 91

Modelo de Temperatura uniforme dos gases do


incêndio compartimento: modelos de uma zona Temperatura não
Curvas nominais Curvas paramétricas uniforme dos gases
do compartimento:
modelos multi-zonas
Modelo
/ incêndio real
estrutural
· Ensaio e método
· Ensaio · Ensaio
Análise do tabular possíveis
· Método tabular · Método
elemento no futuro
· Método simplificado
· Método
simplificado de cálculo
simplificado
de cálculo · Método avançado
de cálculo
· Método avançado de cálculo
· Método avançado
de cálculo
de cálculo
· Ensaio e método · Ensaio e método · Ensaio
Análise de parte
simplificado de simplificado de · Método avançado
da estrutura cálculo possíveis cálculo possíveis de cálculo
no futuro no futuro
· Método avançado · Método avançado
de cálculo de cálculo

· Método avançado · Método avançado · Ensaio


Análise global
de cálculo de cálculo · Método avançado
da estrutura de cálculo

Figura 48 – Modelos de incêndio e métodos de avaliação da resistência ao fogo indicados no


Eurocode 2 parte 1-2 (2004). Fonte: adaptado de Albuquerque (2018).

O modelo de análise global da estrutura em situação de incêndio apresenta a necessidade


de consideração dos efeitos das restrições às deformações devido aos gradientes térmicos. Este
tipo de avaliação é pouco utilizado devido a seus altos custos de execução via análise experimental
e a complexidade das análises numéricas, feitas através das diretrizes de métodos avançados
(ALBUQUERQUE, 2018).

Portanto, o Eurocode 2 parte 1-2 (2004) recomenda a consideração das restrições às


deformações térmicas no dimensionamento de estruturas de concreto armado quando em situação
de incêndio em todos os níveis: elemento, parte da estrutura ou estrutura global. A norma
europeia apresenta os métodos tabulares e simplificados de forma mais detalhada que os demais.
Para estes, encontram-se apenas diretrizes de aplicação.

Segundo a norma, os métodos avançados levam a uma melhor aproximação com a


realidade do desempenho das estruturas de concreto armado em situação de incêndio porque
os cálculos têm como base a modelagem do comportamento físico fundamental dos materiais
(ALBUQUERQUE, 2018).
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 92

Os requisitos a serem considerados, dentre outros, são:

• diferentes modos de colapso (por exemplo: devido a esforços de cisalhamento, capacidade


insuficiente de rotação nos apoios, lascamento, perda de aderência);
• mudança nas propriedades mecânicas devido à elevação da temperatura;
• efeitos de tensão e deformação por origem térmica;
• efeitos geométricos não lineares;
• condições de contorno coerentes.

Os dados relativos a deformações devidas a gradientes térmicos ou restrições são pouco


detalhados para os métodos experimentais. Apresenta-se apenas que o dimensionamento ao fogo
pode ter como base resultados de ensaios.

O Eurocode 2 parte 1-2 (2004) determina a diferenciação entre lajes unidirecionais e


lajes bidirecionais, recomendando diferentes quantidades de cobrimento para as relações em
lajes armadas em duas direções. Encontram-se também diretrizes para lajes contínuas.

A norma europeia também fornece métodos de cálculo simples para avaliar a resistência
dos elementos expostos ao fogo através da temperatura. Esta resistência é calculada com base
em uma seção transversal reduzida, referente à seção que se encontra fria.

É requerido um detalhamento adequado dos elementos estruturais de forma a reduzir


a probabilidade de fragmentação e modos de falha, além de cargas de flexão, cisalhamento e
axiais.

2.12.2 ABNT NBR 15200:2012


A norma brasileira para projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio, a
ABNT NBR 15200:2012, teve como base as informações presentes no Eurocode 2 parte 1-2
(2004).

A ABNT NBR 15200:2012 não apresenta diferenciação para os modelos de avaliação;


sendo assim, as considerações relativas às deformações de origem térmica são apresentadas nos
modelos de cálculo (tabulares, simplificados, avançados e experimentais).

A norma brasileira não detalha os métodos simplificados de cálculo, mas apenas apresenta
diretrizes para aplicação. Segundo ela, a resistência em situação de incêndio pode ser calculada
de duas maneiras (ALBUQUERQUE, 2018):

• os esforços de resistência em situação de incêndio são determinados tendo como base os


valores em temperatura ambiente, com resistências de cálculo médias reduzidas;
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 93

• cálculo com base nos métodos da isoterma de 500°C e das zonas21, considerando seções
reduzidas de concreto.

Pela ABNT NBR 15200:2012, os esforços que se originam das deformações podem ser
desprezados por serem muito reduzidos e pela grande dimensão das deformações plásticas
devidas às altas temperaturas.

Com relação aos métodos avançados, a norma brasileira apresenta que o resultado
das deformações térmicas devido às restrições devem ser adicionado aos esforços de cálculo
solicitantes, quando determinados por modelos não lineares. Estas deformações não são citadas
em relação aos métodos experimentais.

2.13 Considerações finais


No Brasil, este mostra-se ser o primeiro trabalho a utilizar o programa ATENA para
estudo de estruturas de concreto armado em situação de incêndio.

Internacionalmente, o programa foi utilizado por CERVENKA et al. (2006), para análise
de cobertura suspensa de túneis de concreto armado em situação de incêndio; por ZLÁMAL et
al. (2013) para análise ao fogo de painéis de concreto reforçado com CGFRP (Carbon-Glass
Fibre Reinforced Polymers); por PAPANIKOLAU e KAPPOS (2014), para análise de túneis
de concreto em diversos tipos de carregamento, incluindo fogo; por Al-Kamaki (2015), para
estudo do reforço de pilares após situação de incêndio; por BLESAK et al. (2015) para análise
de estrutura de concreto e madeira exposta ao fogo; por JADOOE et al. (2017a), para análise do
reforço em NSM CFRP (Near-Surface Mounted Carbon Fibre Reinforced Polymers) de vigas de
concreto armado expostas ao fogo; por JADOOE et al. (2017b), para modelagem de fibras NSM
CFRP embebidas no concreto após exposição ao fogo utilizando adesivo epóxi; por JULIAFAD
et al. (2017), para análise do comportamento pós-fogo de vigas de concreto armado reforçadas
com fibra de carbono CFS (Carbon Fiber Strip); por SADAGHIAN e FARZAM (2019), para
análise de punção em lajes de concreto armado expostas ao fogo.
94

3 Modelagem numérica não linear

3.1 Considerações iniciais


A utilização de procedimentos em elementos finitos é frequente em análises de enge-
nharia, sendo úteis em praticamente todos os seus campos. Tais procedimentos são utilizados
extensivamente para estudo de sólidos, estruturas, transferência de calor e fluídos. A essência de
uma resolução de problemas em elementos finitos é o estabelecimento de equações algébricas
que governam a situação e seu desenvolvimento de maneira a solucionar o problema. O esta-
belecimento de um modelo matemático para análise numérica exige conhecimento afundo do
problema e do método de resolução, principalmente para o caso de análise não linear, devido às
formulações a serem utilizadas (BATHE, 2004).

Para a análise numérica do comportamento da laje em estudo, foram realizadas simulações


através do Método dos Elementos Finitos (MEF), considerando a não linearidade física dos
materiais. A validação dos modelos numéricos foi feita pela comparação com os resultados
experimentais obtidos na literatura.

3.2 Programas computacionais


Os modelos numéricos para as análises de segunda ordem foram desenvolvidos através
de dois programas computacionais de uso comercial, sendo eles:

• GiD versão 10.0.9: utilizado para o pré-processamento, que inclui a criação da geometria
e da malha de elementos finitos, a definição das condições de contorno, propriedades e
parâmetros mecânicos dos materiais, método de aplicação de carga e parâmetros para a
solução do sistema não linear.
• ATENA versão 5.6.1: utilizado para o processamento e pós-processamento, etapas estas
relacionadas à determinação da solução numérica do sistema não linear e à análise dos
resultados finais da simulação.

O programa ATENA (Advanced Tool for Engineering Nonlinear Analysis) é baseado no


ˇ
Método dos Elementos Finitos e foi desenvolvido pela empresa 𝐶ervenka Consulting, localizada
na República Tcheca e voltada para análises numéricas de estruturas de concreto. O Manual
ˇ
Teórico - Parte 1, da 𝐶ervenka Consulting (2017), apresenta a fundamentação teórica dos
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 95

modelos que são implementados pelo programa. Através deste, é possível realizar análises
lineares e não lineares do comportamento de estruturas de concreto armado. No caso não linear,
o programa considera o estado do material pós-fissuração.

Segundo Randi (2017), a formulação completa não linear não necessariamente é utilizada
em toda a estrutura. Em algumas situações, o problema pode ser resolvido por formulação
simplificada ou linear. A formulação linear baseia-se em equações constitutivas lineares, na
Lei de Hooke generalizada e em equações geométricas lineares, negligenciando-se os termos
quadráticos.

Em certos casos, é necessário ser considerado o comportamento não linear dos materiais.
Neles, as equações são mais complexas e exigem soluções iterativas não lineares.

Como apresentado por CERVENKA et al. (2002), o ATENA apresenta um código de


análise não linear dividido em três partes:

• parte 1: formulações matemáticas dos elementos finitos;


• parte 2: modelos constitutivos dos materiais;
• parte 3: métodos numéricos para a solução dos sistemas de equações não lineares.

A Figura 49 apresenta a composição da técnica de análise não linear através do Método


dos Elementos Finitos.

O pré-processador GiD permite a construção da geometria do modelo, a definição das


propriedades do material, as condições de carga e seu histórico definindo intervalos e malhas de
elementos finitos, a fim de realizar a análise estática e cálculos de condução de calor (análise de
transporte). Os modelos destas duas análises não são idênticos, mas compatíveis. A malha de
elementos finitos é diferente, mas as temperaturas para a análise estática são inferidas a partir
das temperaturas associadas à malha utilizada na análise térmica.

As condições de contorno e cargas para as análises devem ser definidas no GiD. O


histórico de carregamento do modelo é definido através dos passos atribuídos aos intervalos. A
etapa final do pré-processamento consiste na geração da malha.

O ATENA possui um tipo de análise denominado ATENA Transport, o qual analisa


o comportamento e a fluência do material concreto sob condições de umidade e temperatura.
Para isso, existem dois módulos, o CCStructuresTransport, que calcula os históricos de umidade
e temperatura da estrutura, e o CCStructuresCreep, que realiza a análise estática. A expor-
tação/importação de dados entre os dois módulos é feita de modo automático pelo programa
ˇ
(𝐶ervenka Consulting (2017)).
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 96

Estrutura Elemento finito Material

Carga P p, u

Deslocamento U

Solução não-linear
1. Preditor: 2. Corrector:
1 = B.u
P
K
= D. = F( , )
R 2
K = ∫v BT .D.B dV R = ∫v BT. dV

ΔU Equilíbrio:

K ΔU = P - R
U

Figura 49 – Representação da técnica de análise não linear através do Método dos Elementos
Finitos. Fonte: adaptado de PUKL et al. (2016).

3.3 Características do modelo de elementos finitos


Para a análise em elementos finitos, é necessário realizar a divisão da estrutura em
elementos e definir seu tamanho, formato e modelo. Devem ser considerados (SILVA, 2018):

• dimensão do elemento: linear, bidimensional ou tridimensional;


• formato do elemento: retangular, triangular, circular, dentre outros;
• esforços atuantes no elemento: esforço normal, flexão, cisalhamento ou torção;
• definição entre Estado Plano de Tensão (EPT) e Estado Plano de Deformação (EPD).

Os programas computacionais oferecem diversos modelos de materiais, em sua maioria


para concreto e armadura. Estes modelos consideram comportamento à tração e à compressão
ˇ
(Manual Teórico - Parte 1, da 𝐶ervenka Consulting (2017)).

3.3.1 Concreto
O programa ATENA disponibiliza diversos modelos constitutivos que descrevem o
comportamento mecânico dos materiais. Para materiais frágeis, como o concreto, existe um
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 97

modelo constitutivo denominado Fracture-Plastic Constitutive Model (CERVENKA; PAPANI-


KOLAU, 2008), que considera a combinação dos fenômenos de fratura do material na tração e
de plastificação na compressão.

A fratura do concreto na tração está baseada na formulação clássica da fissura incorporada


smeared crack (RASHID, 1968) e no modelo de banda de fissura (crack band model) (BAZANT;
OH, 1983). Também são adotados o critério de ruptura por tração de Rankine (1858) e o modelo
coesivo descrito através da função de amolecimento exponencial de Hordijk (1991).

O comportamento à compressão é determinado por um modelo plástico de endurecimento


e amolecimento (Hardening/Softening Plasticity Model) com base na superfície de ruptura de
Menetrey e William (1995). As simulações da laje de concreto foram feitas utilizando o material
Concrete EC2-CC3DNonLinCementitious 2. Os parâmetros de entrada estão na Tabela 1.

Tabela 1 – Parâmetros de entrada do modelo material CC3DNonLinCementitious2

Módulo de elasticidade 𝐸𝑐𝑚 MPa


Coeficiente de Poisson 𝜈 -
Básicos
Resistência à tração direta 𝑓𝑡𝑚 MPa
Resistência à compressão cilíndrica 𝑓𝑐𝑚 MPa
Energia de fratura 𝐺𝑓 N/m
Modelo de fissura incorporada (smeared crack) -
Tração
Tamanho do agregado (engrenamento) m
Fator de cisalhamento 𝑠𝐹 m
Deformação plástica do concreto 𝐸𝑐𝑝 -

Resistência à compressão no início 𝑓𝑐0 MPa
Compressão
do comportamento não linear
Deslocamento plástico pós-pico do 𝑊𝑑 m
concreto
Fator de redução da resistência à 𝑓𝑐,𝑟𝑒𝑑 -
compressão do concreto
Excentricidade e -
Superfície de ruptura
Direção de retorno do fluxo plástico 𝛽 -

O ATENA apresenta dois modelos de fissura incorporada, sendo eles o modelo de fissura
fixa e o modelo de fissura rotativa (Figura 50). No modelo de fissura fixa (Figura 50a), a direção
das fissuras depende da direção das tensões principais quando estas aparecem após a fissuração
do elemento. A direção de propagação das fissuras permanece inalterada durante os passos de
carga, e o concreto comporta-se como material ortótropo. As deformações principais deixam
de coincidir com as tensões normais no plano da fissura, originando tensões de cisalhamento
(CERVENKA et al., 2017). A formação das fissuras ocorre quando a resistência à tração do
material é vencida pelas tensões principais de tração.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 98

No modelo de fissura rotativa (Figura 50b), a direção das tensões principais coincide
com a das deformações principais, e não surgem tensões de cisalhamento no plano da fissura.
Quando ocorre mudança de direção das deformações principais em resposta ao aumento de
carga na estrutura, as fissuras sofrem rotação na mesma direção (CERVENKA et al., 2017).
Assim como no outro modelo, a formação das fissuras ocorre quando a resistência à tração do
material é vencida pelas tensões principais de tração.

Na Figura 50, 𝜀1 e 𝜀2 correspondem às deformações principais que, no caso geral, não


coincidem com os planos de fissura normal (𝑛) e tangencial (𝑡). As tensões 𝜎1 e 𝜎2 são as tensões
normais e paralelas aos planos de fissuração, respectivamente.

(a) Modelo de fissura fixa.

(b) Modelo de fissura rotativa.

Figura 50 – Representação dos modelos de fissura incorporada. Fonte: adaptado de CERVENKA


et al. (2017).

3.3.1.1 Comportamento à tração

A propagação de fissuras tem base na teoria da mecânica da fratura não-linear, através da


lei de abertura de fissura associada a um modelo coesivo. Para o modelo material Concrete EC2-
CC3DNonLinCementitious 2, esta lei é representada pela função de amolecimento exponencial
de Hordijk (1991), apresentada na Figura 51, onde 𝜎 é a tensão de tração e 𝑤 é a abertura de
fissura.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 99

ef
ft

Gf
0
0 wc w
Figura 51 – Função de amolecimento exponencial na tração. Fonte: adaptado de CERVENKA
et al. (2017).

A curva da Figura 51 é construída através da tensão de tração efetiva, da energia de


fratura do concreto e do valor da abertura de fissura quando a tensão de tração efetiva atinge
um valor nulo.

A energia de fratura (𝐺𝑓 ) pode ser definida como a quantidade de energia que é necessária
para que a fissura, de superfície unitária, se propague. A interpretação gráfica é dada pela área
sob o diagrama do ensaio uniaxial de tração à ruptura (Figura 51), sem considerar a parcela
elástica.

As equações 3.3.1 e 3.3.2 apresentam a relação entre a tensão de tração efetiva e a


abertura de fissura do modelo coesivo. A definição do valor da abertura é dependente dos
outros dois parâmetros. Na equação 3.3.1, 𝑐1 e 𝑐2 são constantes e seus valores são 3 e 6,93,
respectivamente.

𝜎 𝑤 3 𝑤 𝑤
{︂ }︂
𝑒𝑓 = 1 + (𝑐1 · ) · 𝑒𝑥𝑝(−𝑐2 · ) − · (1 + 𝑐31 ) · 𝑒𝑥𝑝(−𝑐2 ) (3.3.1)
𝑓𝑡 𝑤𝑐 𝑤𝑐 𝑤𝑐

𝐺𝑓
𝑤𝑐 = 5, 136 · (3.3.2)
𝑓𝑡𝑒𝑓
onde:

𝑤: abertura de fissura;

𝑓𝑡𝑒𝑓 : tensão de tração efetiva;

𝐺𝑓 : energia de fratura do concreto;

𝑤𝑐 : valor da abertura de fissura quando 𝜎 = 0.


Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 100

O valor da energia de fratura é determinado de forma experimental ou via relações


empíricas. A Equação 3.3.3 apresenta o cálculo de 𝐺𝑓 proposto pelo CEB-FIB, MC90 (1990):

𝑓𝑐𝑚 0,7
𝐺𝑓 = 𝐺𝑓 0 · ( ) (3.3.3)
𝑓𝑐𝑚0
onde:

𝐺𝑓 0 : parâmetro dependente da dimensão máxima do agregado 𝑑𝑚á𝑥 ;

𝑓𝑐𝑚 : resistência à compressão cilíndrica;

𝑓𝑐𝑚0 = 10 MPa.

O valor de 𝐺𝑓 0 é dependente de 𝑑𝑚á𝑥 e está apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Valoes de 𝐺𝑓 0 em função do tamanho máximo do agregado

𝑑𝑚á𝑥 (mm) 𝐺𝑓 0 (N mm/mm2 )


8 0,025
16 0,030
32 0,058

3.3.1.2 Comportamento ao cisalhamento

A rigidez do concreto ao cisalhamento é reduzida após a fissuração. Entretanto, as


superfícies rugosas das fissuras podem transferir parte do esforço cortante. A abertura de fissuras
é um parâmetro que permite essa transferência, condicionando a dimensão dos agregados, a
quantidade de armadura e seu diâmetro.

Para o modelo de fissuração distribuída, a formulação utilizada influi sobre a redução


do módulo de cisalhamento (𝐺). Para o modelo de fissura rotacional, é calculado segundo a
equação 3.3.4:

𝜎1 − 𝜎2
𝐺= (3.3.4)
2 · (𝜀1 − 𝜀2 )
onde:

𝜎1 : tensão normal ao plano de fissuração;

𝜎2 : tensão paralela ao plano de fissuração;

𝜀1 e 𝜀2 : deformações principais.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 101

No modelo de fissuras fixas, 𝐺 é calculado a partir da equação 3.3.5:

𝐺𝑐𝑟 = 𝛽 · 𝐺 (3.3.5)

onde:

𝛽: fator de retenção ao cisalhamento;

𝐺𝑐𝑟 : módulo de cisalhamento no estado fissurado.

O valor do fator de retenção ao cisalhamento (𝛽) tem seu valor entre 0 e 1, constante
ou variável. Para o caso constante, assume-se que a relação entre tensões e deformações de
cisalhamento após a fissuração é linear e 𝛽 = 0,2 (PRUIJSSERS, 1988).

Para o caso variável, a proposição de Pruijssers (1988) depende da deformação normal


da abertura de fissura (𝜉𝑛 ) e da distorção desta (𝛾𝑛𝑡
𝑐𝑟
):

1
𝛽= (3.3.6)
1 + 𝑃 · 𝜀𝑐𝑟
𝑛𝑛

onde:
𝜀𝑐𝑟
𝜉𝑛 = 𝑛𝑛
𝑐𝑟
𝛾𝑛𝑡
O valor de P é dado por:

2500
𝑃 = 6 (3.3.7)
(𝑑𝑚á𝑥 )0,14 · [0, 76 − 0, 16 · 𝜉𝑛 · (1 − 𝑒𝑥𝑝( ))]
𝜉𝑛

Sanabria Díaz (2018) apresenta as principais equações do cálculo da energia de fratura


no gráfico da Figura 52, relacionando a energia com a resistência do concreto à compressão.

Existe, ainda, a formulação através do valor do coeficiente de Poisson reduzido pela


fissuração. A representação do fenômeno que ocorre no concreto fissurado considera que as
deformações aplicadas em uma direção perdem efeito nas direções perpendiculares. Assim,

𝐸
𝐺= (3.3.8)
2 · (1 + 𝜈)

onde:

E: módulo de elasticidade do concreto;

𝜈: coeficiente de Poisson.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 102

Figura 52 – Fator de retenção ao cisalhamento segundo diferentes formulações. Fonte: Sanabria


Díaz (2018).

3.3.1.3 Comportamento à compressão

O comportamento do concreto à compressão é representado no ATENA por um modelo


de amolecimento Fictitious Compression Plane Model (CERVENKA et al., 2017). O diagrama
de tensão de compressão uniaxial versus deslocamento plástico do modelo apresenta um ramo
descendente linear, onde o valor do deslocamento plástico pós-pico devido à compressão (𝑤𝑑 )
é um parâmetro de entrada que pode ser adotado como 0,5mm para o concreto convencional
(Van Mier, 1986). O modelo está representado na Figura 53.

wd
w
w

Ld

Figura 53 – Modelo de amolecimento na compressão Fictitious Compression Plane Model. Fonte:


adaptado de CERVENKA et al. (2017).
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 103

A Figura 54 apresenta a relação de endurecimento do concreto devida à plastificação.

f c'

fc0=2ft'

0
0

εcp = fc'/E
Figura 54 – Modelo de endurecimento na compressão. Fonte: adaptado de CERVENKA et al.
(2017).

Na figura,

𝑓𝑐0 : resistência à compressão no início do regime não linear;

𝜀𝑐𝑝 : deformação plástica associada ao valor da resistência máxima à compressão.

As fórmulas apresentadas no gráfico da Figura 54 permitem calcular 𝑓𝑐0 e 𝜀𝑐𝑝 ; os demais


parâmetros das fórmulas são equivalentes aos parâmetros básicos do concreto (𝑓𝑡′ , 𝑓𝑐 e 𝐸):

𝑓𝑡′ : resistência à tração direta;

𝑓𝑐 : resistência à compressão cilíndrica;

𝐸: módulo de elasticidade.

√︃
′ ′ ′ 𝜀𝑐 − 𝜀𝑐𝑝 2
𝜎 = 𝑓𝑐0 + (𝑓𝑐 − 𝑓𝑐0 ) · 1−( ) (3.3.9)
𝜀𝑐

onde:

𝜎: tensão;

𝑓𝑐0 : resistência à compressão do concreto no início do regime não linear;

𝑓𝑐 : resistência à compressão do concreto;

𝜀𝑐 : deformação do concreto;

𝜀𝑐𝑝 : deformação plástica do concreto.


Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 104

Os modelos de amolecimento e endurecimento na compressão explicitados têm base no


critério de ruptura de Menetrey e William (1995), representado no espaço 𝜎1 x 𝜎2 x 𝜎3 pela
superfície de ruptura que é apresentada na Figura 55a. A Figura 55b ilustra a geometria da seção
desviadora desta superfície, definida pelo valor do parâmetro adimensional de excentricidade
(𝑒). Este parâmetro define a região da seção em torno do eixo hidrostático. Para 𝑒 = 1, a seção
possui geometria circular. Para valores entre 0,5 e 1, a seção apresenta esquinas; no ATENA, o
valor padrão de 0,52 é adotado.

superfície de ruptura
eixo hidrostático seções
desviadoras

e = 1,0
e = 0,5

(a) Superfície de ruptura de Menetrey e William (b) Seções desviadoras da superfície.


(1995).

Figura 55 – Comportamento do concreto à compressão. Adaptado de CERVENKA et al. (2017).

A teoria do campo de compressão modificada (Modified Compression Field Theory),


apresentada por Vecchio e Collins (1986), considera a resistência ao cisalhamento do concreto
fissurado. Essa teoria considera a contribuição do engrenamento dos agregados na resistência
ao cisalhamento, exigindo a adoção de um tamanho máximo do agregado nos parâmetros de
entrada do modelo.

Outra consideração na teoria é o fator de cisalhamento (𝑠𝐹 ), que relaciona a rigidez


normal e a rigidez ao cisalhamento do concreto no estado fissurado. Seu valor padrão é igual a
20, e sua variação afeta diretamente a rigidez ao cisalhamento (Benedetty Torres, 2018).

O parâmetro 𝑓𝑐,𝑟𝑒𝑑 , de valor padrão igual a 0,8 - com variação entre 0 e 1 no ATENA -,
considera a redução da resistência à compressão do concreto na direção paralela às fissuras.

3.3.2 Aço
No modelo, a armadura foi simulada através do modelo material CCReinforcement. Seu
comportamento segue as relações de tensão versus deformação pela lei multilinear. A Figura 56
representa esta relação para o aço.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 105

4
f4 3
f3
2
f2
1
f1

Figura 56 – Relação tensão versus deformação multilinear para representação da armadura.


Fonte: adaptado de CERVENKA et al. (2017).

O primeiro trecho, interligando a origem ao ponto 1, representa o regime linear do


material. O ponto 1 dá início ao escoamento. O trecho entre os pontos 1 e 2 representa o patamar
de escoamento. As interligações entre os pontos 2 e 3, e 3 e 4 ilustram o endurecimento do
material. A ruptura ocorre no ponto 4.

Para o programa ATENA, a consideração da armadura pode ser feita de duas formas:
discreta ou incorporada no concreto através de elementos do tipo barra. A aderência e o
deslizamento na interface entre o concreto e a armadura são simulados pelo modelo de aderência
que é apresentado pelo CEB-FIB, MC90 (1990), disponibilizado no programa.

Os parâmetros de entrada do modelo são:

• resistência à compressão do concreto;


• diâmetro das barras de aço;
• estado de confinamento;
• condições de aderência.

A Figura 57 apresenta o modelo analítico das relações de tensão de aderência ver-


sus deslizamento. Ambos os parâmetros são considerados com atuação paralela à armadura
longitudinal.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 106

α
τ=τmáx(S/S1)

Tensão de aderência, τ
τmáx

τs

0
0 S1 S2 S3
Deslizamento, s

Figura 57 – Relações analíticas de tensão de aderência versus deslizamento segundo o CEB-FIB,


MC90. Fonte: adaptado de CERVENKA et al. (2017).

Na figura,

𝜏 : tensão de aderência;

𝑠: deslizamento.

O modelo segue as equações da sequência, nas quais os parâmetros 𝜏𝑓 , 𝛼, 𝑠1 , 𝑠2 e 𝑠3


dependem das características das barras de aço e das condições de confinamento e aderência.
Seus valores estão apresentados na Tabela 3.

Para 0 ≤ s ≤ 𝑠1 :

𝑠 𝛼
𝜏 = 𝜏𝑀 Á𝑋 · ( ) (3.3.10)
𝑠1

Para 𝑠1 < s ≤ 𝑠2 :

𝜏 = 𝜏𝑀 Á𝑋 (3.3.11)

Para 𝑠2 < s ≤ 𝑠3 :

𝑠 − 𝑠2
𝜏 = 𝜏𝑀 Á𝑋 − (𝜏𝑀 Á𝑋 − 𝜏𝑓 ) · ( ) (3.3.12)
𝑠3 − 𝑠2
Para s > 𝑠3 :

𝜏 = 𝜏𝑓 (3.3.13)
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 107

Tabela 3 – Parâmetros do modelo tensão de aderência versus deslizamento - CEB-FIB, MC90

Concreto não confinado Concreto confinado


Boas condições Todas as outras Boas condições Todas as outras
de aderência condições de aderência de aderência condições de aderência
S1 0,6 mm 0,6 mm 1,0 mm 1,0 mm
S2 0,6 mm 0,6 mm 3,0 mm 3,0 mm
S3 1,0 mm 2,5 mm Espaç. entre barras Espaç. entre barras
𝛼 0,4
√ 0,4
√ 0,4
√ 0,4√
𝜏𝑀 Á𝑋 2,0 · 𝑓𝑐𝑘 1,0 · 𝑓𝑐𝑘 2,5 · 𝑓𝑐𝑘 1,25 · 𝑓𝑐𝑘
𝜏𝑓 0,15 ·𝜏𝑀 Á𝑋 0,15 ·𝜏𝑀 Á𝑋 0,40 ·𝜏𝑀 Á𝑋 0,40 ·𝜏𝑀 Á𝑋

O concreto inconfinado sofre ruptura por escorregamento, e o confinado ruptura por


cisalhamento no concreto entre barras.

3.4 Elementos finitos utilizados


O programa ATENA apresenta diversos tipos de elementos finitos para utilização nas
análises estáticas em duas ou três dimensões. Os elementos utilizados neste trabalho estão
apresentados na sequência, com sua descrição e o material onde foi utilizado.

3.4.1 Concreto
O elemento finito utilizado para a representação do concreto no modelo foi o CCIsoBrick20 3D,
o qual possui 20 nós, e está representado na Figura 58.

4 11
12 3
1 9 10
2
18
19
20
17
8
7
15
y 16
14
5 13 6
x
z

Figura 58 – Elemento sólido hexaédrico isoparamétrico tipo CCIsoBrick20 3D. Fonte: adaptado
de Benedetty Torres (2018).
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 108

3.4.2 Aço
O elemento finito utilizado para a representação das armaduras no modelo foi o
CCBarWithBond 3D, o qual possui 3 nós, e está representado na Figura 59.

3
y
1

x
Figura 59 – Elemento de barra isoparamétrico tipo CCBarWithBond 3D. Fonte: adaptado de
Benedetty Torres (2018).

3.5 Métodos de resolução de sistemas não lineares


Análises não lineares de modelos através do Método dos Elementos Finitos são funda-
mentadas em dois aspectos (Souto Filho, 2002):

• utilização de um modelo constitutivo para representação precisa do comportamento do


material;
• escolha de um método eficiente para solução de forma incremental e iterativa.

Em análises lineares, a relação entre a tensão e a deformação é dada por:

[𝐷] = {𝜎} · {𝜀}−1 (3.5.1)

onde:

[D]: matriz do módulo de elasticidade elástico;

{𝜎}: matriz de tensões;

{𝜀}−1 : matriz inversa das deformações.

Para modelos não lineares, a matriz de rigidez do elemento não é constante. Para tanto,
são utilizadas técnicas de resolução, dentre elas as de maior destaque são Newton-Raphson e
Secante.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 109

O equilíbrio das forças internas e externas em um sistema linear é dado por:

𝑃 (𝑢) − 𝑓 = 0 (3.5.2)

onde a força interna é uma função linear de deformação e da rigidez do material, dada por:

𝑃 (𝑢) = 𝑘 · 𝑢 (3.5.3)

onde:

𝑓 : forças internas;

𝑃 (𝑢): forças externas;

𝑢: deformação do material;

𝑘: rigidez do material.

Em sistemas não lineares, 𝑃 (𝑢) é obtido através de processos iterativos. Para isso, estima-
se um valor inicial de deslocamento (𝑢0 ) e se obtém o incremento de deslocamento (Δ𝑢). A
diferença entre os métodos é a forma de tratamento da rigidez entre os passos de carga (SILVA,
2018). Assumindo que o deslocamento no passo anterior seja conhecido, a força interna é dada
por:

𝑃 (𝑢𝑢+1 ) ≈ 𝑃 (𝑢𝑖 ) + 𝐾𝑇𝑖 (𝑢𝑖 ) · Δ𝑢𝑖 = 𝑓 (3.5.4)

onde:

𝐾𝑇𝑖 (𝑢𝑖 ): matriz Jacobiana no passo analisado (matriz da rigidez tangente), equivalente à
derivada da força em relação ao deslocamento no passo em questão (𝜕𝑃/𝜕𝑢)𝑖 .

Reorganizando,

𝐾𝑇𝑖 · Δ𝑢𝑖 = 𝑓 − 𝑃 (𝑢𝑖 ) (3.5.5)

É esperado que (𝑓 − 𝑃 (𝑢𝑖 )) seja nulo (forças internas iguais às forças externas), o que
ocorre raramente. Essa diferença é denominada resíduo:

𝑅𝑖+1 = 𝑓 − 𝑃 (𝑢𝑖+1 ) (3.5.6)

O processo atualiza a variação do deslocamento até que o vetor de forças aplicadas


reduzido da força interna seja inferior à tolerância.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 110

3.5.1 Newton-Raphson
No método de Newton-Raphson, ilustrado na Figura 60, a rigidez sofre atualização a
cada iteração, o que torna sua convergência mais rápida que os outros métodos. Por outro lado,
exige alto esforço computacional e apresenta instabilidade numérica.
f

t+Δt
fext
g1
fint,1

t
fext
Δu0 δu1

Δu1

Figura 60 – Método de Newton-Raphson. Fonte: Sanabria Díaz (2018).

O método não é indicado para análise de comportamento pós pico da estrutura, pois a
matriz Jacobiana é usualmente positiva, ou seja, o aumento leva a um consequente aumento da
força (SILVA, 2018). A Figura 61 ilustra o algoritmo do Método de Newton-Raphson.

definir tolerância e definir deslocamento


início número de passos inicial (u0)

cálculo da cálculo dos resíduos cálculo das forças


convergência (R = f - P(u0)) internas (P(u0))
1
cálculo da rigidez cálculo do cálculo do novo des-
(KT (u)) incremento (Δu=R/KT ) locamento (u=u+Δu)
3 2

cálculo da cálculo dos resíduos cálculo das forças


convergência (R = f - P(u0)) internas (P(u0))

3 loop
1 convergência > tolerância
fim 2 convergência > tolerância e passo < n° passos
3 convergência < tolerância ou passo < n° passos

Figura 61 – Algoritmo para resolução de sistema pelo método Newton-Raphson. Fonte: adaptado
de Silva (2018).
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 111

3.5.2 Newton-Raphson modificado


A atualização da matriz de rigidez nos incrementos gera alto esforço computacional;
portanto, removendo do looping o cálculo desta matriz, mantendo-a constante no processo,
resultam iterações mais rápidas, embora mais numerosas para atingir o resultado. A vantagem
do método, ilustrado na Figura 62, é a estabilidade. Comparando-se com a Figura 60, nota-se
que a convergência é mais lenta, porém cada iteração tem custo computacional menor. A Figura
63 ilustra o algoritmo do Método de Newton-Raphson Modificado.
f

t+Δt
fext
g1
fint,1

t
fext
Δu0 δu1

Δu1

Figura 62 – Método de Newton-Raphson Modificado. Fonte: Sanabria Díaz (2018).

definir tolerância e definir deslocamento


início número de passos inicial (u0)

cálculo da rigidez cálculo dos resíduos cálculo das forças


(KT (u)) (R = f - P(u0)) internas (P(u0))

cálculo da
convergência
1
cálculo do cálculo do novo des- cálculo das forças
incremento (Δu=R/KT ) locamento (u=u+Δu) internas (P(u0))
3 2

cálculo da cálculo dos resíduos


convergência (R = f - P(u0))

3 loop
1 convergência > tolerância
fim 2 convergência > tolerância e passo < n° passos
3 convergência < tolerância ou passo < n° passos

Figura 63 – Algoritmo para resolução de sistema pelo método Newton-Raphson Modificado.


Fonte: adaptado de Silva (2018).
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 112

3.5.3 Modelo secante (Quase-Newton)


O esforço computacional para as soluções de problemas não lineares está concentrado no
cálculo da matriz de rigidez e na resolução da matriz de equações. O método secante obtém
a matriz de rigidez mais diretamente, a partir de sua atualização utilizando a direção secante
entre duas soluções consecutivas, sem atualizar a matriz de rigidez. Esta atualização ocorre na
matriz inversa, acelerando o processo (SILVA, 2018). A matriz de rigidez é determinada pela
derivada da função de forças internas em relação à variável deslocamento:

𝑃 (𝑢𝑖 ) − 𝑃 (𝑢𝑖−1 )
𝐾𝑠𝑖 = (3.5.7)
𝑢𝑖 − 𝑢𝑖−1
O incremento tem o mesmo comportamento da rigidez, que é definida a partir dos
resultados anteriores, ou seja:

𝑢𝑖 − 𝑢𝑖−1
Δ𝑢𝑖 = · (𝑓 − 𝑃 (𝑢𝑖 )) (3.5.8)
𝑃 (𝑢𝑖 ) − 𝑃 (𝑢𝑖−1 )

Este método, ilustrado na Figura 64, exige mais iterações. Outra vantagem é a maior
estabilidade e capacidade de convergência.

t+Δt
fext
g1
fint,1

t
fext
Δu0 δu1

Δu1

Figura 64 – Método secante (Quase-Newton). Fonte: (Sanabria Díaz, 2018).

3.5.4 Considerações
Dentre os métodos numéricos disponibilizados pelo programa ATENA, utilizou-se para
solução do sistema não linear o Método de Newton-Raphson.
Capítulo 3. Modelagem numérica não linear 113

3.6 Critérios de convergência


A determinação do “erro” máximo (tolerância) do processo é uma etapa necessária na
resolução de sistemas não lineares. Este erro é mensurado por uma relação verificada com base
nos deslocamentos, na força ou na energia.

Para Gomes (2001), o critério de convergência com base na energia é o melhor dentre os
três, uma vez que considera os critérios de deslocamento e força intrinsecamente. A tolerância
máxima pode ser definida através de um teste de convergência, no qual são feitos processamentos
reduzindo-se a tolerância até que os resultados mantenham-se constantes. Gomes (2001), Souza
(2004) e Trautwein (2006) utilizaram em seus trabalhos uma tolerância da ordem de 10−4 .

Claus (2009) comenta que a seleção do valor da tolerância requer atenção, uma vez
que valores altos reduzem a precisam da solução e podem gerar resultados pouco confiáveis.
Entretanto, valores muito baixos podem elevar o tempo de processamento.

3.7 Método line-search


A resolução dos sistemas não lineares, independentemente do método, seguem a lógica:

• estabelecimento de um passo de deslocamento inicial;


• verificação dos critérios de convergência;
- se positivo, fim.
- se negativo, acrescentar incremento ao passo de deslocamento.

Quando o incremento é muito alto ou muito pequeno, divergindo do resultado final,


o tempo de processamento crescerá consideravelmente. Um meio de reduzir este número de
processos é otimizar a escolha do incremento de passo; o método mais comum é denominado
line-search. Neste método, o incremento é dado pela relação entre o resíduo e a matriz de rigidez:

𝑢𝑖+1 = 𝑢𝑖 + 𝛼𝑖 · 𝑑𝑖 (3.7.1)

𝑑𝑖 : direção descendente por onde a função de incremento é reduzida;

𝛼𝑖 : valor que multiplica o vetor de incremento de deslocamento na direção perpendicular


ao ponto de equilíbrio.

Este método é efetivo para que a estrutura torne-se mais rígida durante a iteração; para
análises nas quais as condições de contorno variam; e para situação de tangente não exata
(RUST, 2015).
114

4 Simulação numérica

4.1 Considerações iniciais


Elementos de concreto armado são compostos de concreto, heterogêneo, e aço, relati-
vamente homogêneo. Os métodos de Elementos Finitos, em conjunto com a consideração do
concreto como material de matriz homogênea, com propriedades mecânicas uniformes, provê
bons resultados do comportamento desses elementos (Al-Kamaki, 2015).

O presente capítulo apresenta aplicações de análises numéricas não lineares em lajes de


concreto armado, em situação normal e em incêndio, e tem o objetivo de calibrar os modelos
constitutivos anteriormente apresentados. A modelagem foi feita utilizando dois programas
computacionais de uso comercial: o ATENA versão 5.6.1 como processador e pós-processador, e
o GiD versão 10.0.9, como pré-processador.

Os modelos experimental e numérico de Ali et al. (2011) foram simulados em três etapas:

• etapa I: simular numericamente o comportamento mecânico da laje em situação normal, à


temperatura ambiente;
• etapa II: simular numericamente o comportamento térmico da laje em situação de incêndio;
• etapa III: simular numericamente o comportamento termomecânico da laje em situação
de incêndio.

4.2 Laje em concreto armado de Ali et al. (2011)


As lajes estudadas correspondem às ensaiadas por Ali et al. (2011), de geometria
apresentada na Figura 65. As lajes eram simplesmente apoiadas, de seção 3300 x 1200 x 200
mm. Foram ensaiadas 6 lajes, sendo elas:

• S1, S2 e S3: submetidas à curva de incêndio padrão ISO834;


• S4, S5 e S6: submetidas à curva de incêndio de hidrocarbonetos.

A equação 2.5.1, apresentada no Capítulo 2, é a curva de incêndio padrão ISO834, e a


equação 2.5.3 é a curva de incêndio de hidrocarbonetos. A curva de incêndio padrão da ISO
834 (1999) - “Fire-Resistance Tests – Elements of Building Construction” - representa a curva
Capítulo 4. Simulação numérica 115

de temperatura versus tempo para materiais celulósicos, ilustrada na Figura 13. A curva de
incêndio de hidrocarbonetos, apresentada pelo Eurocode 1 (EN 1991-1-2:2002) (Figura 15).

Na Figura 65, as barras T12 representam as 6 barras de aço de 12 mm de diâmetro, no


sentido longitudinal. As barras T10 representam a armadura secundária, composta de 13 barras
de aço de 10 mm de diâmetro, posicionada perpendicularmente à armadura principal.

100mm
T12 T10

200mm

1200mm

50mm

200mm
40mm
300mm
3300mm

Carga aplicada

1500mm 1500mm

Figura 65 – Detalhes de geometria, carregamento e armadura das lajes. Fonte: adaptado de Ali
et al. (2011).

Foi medido o deslocamento no ponto central das lajes e observada a ocorrência de


lascamento explosivo. Realizou-se a modelagem em Elementos Finitos, incluindo as armaduras
de forma embebida (embedded reinforcement), de forma que foi possível fazer a análise estrutural
transiente não linear, considerando a ocorrência de fissuras. As temperaturas foram medidas em
3 profundidades diferentes das lajes:

• na superfície inferior;
• na altura da armadura (40 mm);
• a 100 mm da superfície inferior.
Capítulo 4. Simulação numérica 116

4.2.1 Programa experimental de Ali et al. (2011)


No programa experimental, 6 lajes foram ensaiadas, como apresentado. Todas eram em
concreto armado de resistência à compressão convencional de 42 N/mm2 (42 MPa) aos 28 dias.

Cada laje foi armada com 6 barras de aço de 12 mm de diâmetro, no sentido longitudinal,
espaçadas de 220 mm (medição pelo eixo). A armadura secundária era composta de 13 barras
de aço de 10 mm de diâmetro, posicionada perpendicularmente à armadura principal, com
espaçamento de 300 mm (centro a centro). O detalhamento está apresentado na Figura 65. O
cobrimento de concreto adotado foi de 40 mm na vertical e 50 mm nas laterais da laje, como
também apresentado na Figura 65. Nos testes, o vão livre exposto ao fogo foi de 3000 mm.

4.2.1.1 Parâmetros de ensaio

Todas as lajes foram carregadas com a mesma carga de 65% da carga de projeto (27kN)
da BS8110 (1997), incluindo o peso próprio. A carga foi aplicada no ponto central da laje.
Dois regimes de aquecimento foram adotados: a curva de incêndio padrão ISO834 e a curva de
incêndio de hidrocarbonetos. Todos os ensaios foram feitos dentro de um forno de combustão
digitalmente controlado, de dimensões 4 x 3 x 3 m. O aquecimento foi realizado através da
superfície inferior das lajes, e a temperatura máxima atingida no forno foi de 965°C (ALI et al.,
2011).

4.2.1.2 Medição dos dados experimentais

Para a obtenção da temperatura nos corpos de prova, cada laje foi equipada com cinco
termopares de 1,5 mm. Três deles controlaram a temperatura na superfície inferior (um no
centro, os demais a 400 mm de cada um dos apoios). Os outros dois foram inseridos dentro da
laje: um no centro, o outro a 40 mm da superfície inferior, junto à 7ª barra de armadura. O
deslocamento das lajes foi medido através de LVDT (linear variable differential transformer),
no centro da laje.

4.2.1.3 Resultados

Os resultados principais obtidos experimentalmente por Ali et al. (2011) estão apresenta-
dos na Tabela 4. Todas as lajes sofreram lascamento explosivo durante os ensaios, sendo que
naquelas expostas à curva de hidrocarbonetos o lascamento foi mais violento, iniciando após 2
minutos de aquecimento.

As lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO834 não apresentaram lascamento


explosivo nos primeiros 16 minutos de aquecimento.
Capítulo 4. Simulação numérica 117

Tabela 4 – Resultados experimentais

Curva de incêndio Laje Início do Máxima profundidade Deslocamento


lascamento de lascamento máximo
(min) (mm) (mm)
S1 15 20 29,7
ISO834 S2 16,5 25 32,1
S3 15,5 15 34,2
S4 2 15 44,8
Hidrocarbonetos S5 3 20 44,7
S6 2,5 15 43,9
Fonte: adaptado de Ali et al. (2011)

4.2.1.4 Lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO834

A primeira ocorrência de lascamento explosivo foi após 15 minutos de ensaio, quando a


superfície da laje estava exposta a uma temperatura de 750°C. O gráfico da Figura 66 mostra a
temperatura na laje S2 em três pontos diferentes: superfície inferior (em contato direto com o
fogo), no nível da armadura e na metade da altura da laje. Nota-se o gradiente de temperatura
expressivo aos 880°C entre a superfície inferior e a meia altura da laje.

Figura 66 – Desenvolvimento da temperatura na laje S2 para diferentes profundidades. Fonte:


adaptado de Ali et al. (2011).
Capítulo 4. Simulação numérica 118

O gráfico da Figura 67 mostra que o comportamento do deslocamento das lajes S1, S2 e


S3 é similar. Até a temperatura de 450°C, o deslocamento é relativamente pequeno, sendo que
até a temperatura de 800°C este deslocamento cresce em uma taxa alta, mantida até o final
dos ensaios. Em média, as lajes tiveram um deslocamento de 32 mm na temperatura média do
forno de 965°C, sendo que a laje S3 foi a que apresentou maior deslocamento (34,2 mm).
40

35 S1 S2 S3

30
Deslocamento (mm)

25

20

15

10

0
0 200 400 600 800 1000
Temperatura média no forno (°C)

Figura 67 – Deslocamento registrado para as lajes S1, S2 e S3. Fonte: adaptado de Ali et al.
(2011).

4.2.1.5 Lajes expostas à curva de incêndio de hidrocarbonetos

A primeira ocorrência de lascamento explosivo foi após 2 minutos de ensaio, sendo de


caráter mais violento que o registrado nas lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO834. O
grau de lascamento para estas lajes foi 60% superior. Este grau é medido pela relação entre o
peso de concreto perdido devido ao lascamento explosivo e o peso da laje antes do teste.

O gráfico da Figura 68 mostra a temperatura na laje S5 em três pontos diferentes:


superfície inferior (em contato direto com o fogo), no nível da armadura e na metade da altura
da laje. Nota-se que o gradiente de temperatura é similar ao registrado para a laje S2 (Figura
66).

O gráfico da Figura 69 mostra que o comportamento do deslocamento das lajes S4, S5


e S6 é similar. Inicialmente, a taxa de deslocamento é gradual, até a temperatura de 840°C,
atingida aos 2 minutos, que coincide com o início do lascamento explosivo. A laje S4 foi a que
apresentou maior deslocamento (44,8 mm).
Capítulo 4. Simulação numérica 119

1200

1000

Superfície inferior
800 Armadura
Temperatura (°C)

Meia altura

600

400

200

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 68 – Desenvolvimento da temperatura na laje S5 para diferentes profundidades. Fonte:


adaptado de Ali et al. (2011).

50

45
S4 S5 S6
40

35
Deslocamento (mm)

30

25

20

15

10

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura média no forno (°C)

Figura 69 – Deslocamento registrado para as lajes S4, S5 e S6. Fonte: adaptado de Ali et al.
(2011).
Capítulo 4. Simulação numérica 120

4.2.2 Estudo em elementos finitos de Ali et al. (2011)


O modelo em elementos finitos de Ali et al. (2011) foi feito utilizando o programa
computacional DIANA (DIsplacement ANAlyzer), comercializado pela TNO Building and
Construction Research, da Holanda (DIANA TNO, 2008).

A análise não linear estrutural e de aquecimento foi feita através de um modelo tridi-
mensional escalonado de fluxo de calor. Utilizou-se um elemento finito de 20 nós (CHX60) para
modelar a laje de concreto. Para que a análise de calor transiente fosse possível, utilizaram-se
elementos quadráticos de contorno de 4 nós (BHQ4HT) na modelagem de um filme de fluxo
externo no contorno da laje.

O modelo discretizado final consistiu de 792 elementos e 2679 nós. Utilizou-se o método
Quase-Newton com algoritmo line-search como processo iterativo de solução para a precisão
desejada. Não foram considerados o fluxo de umidade e a pressão de vapor no modelo.

4.2.2.1 Modelagem do material

O concreto foi considerado como material ortotrópico após a fissuração, e isotrópico


anteriormente. Para a análise do comportamento do concreto à tração, considerou-se um
mecanismo de fratura não-linear com fissuras. Para o comportamento à compressão, utilizou-se o
modelo não linear de Thorenfeldt. Para a armadura de aço, utilizou-se a curva de tensão versus
deformação padrão, associado ao critério de Von Mises. Para considerar o comportamento não
linear do aço e do concreto em altas temperaturas, foram considerados os parâmetros propostos
pelo Eurocode 2 parte 1-2 (2004).

4.2.2.2 Propriedades dos materiais e curvas de temperatura

A Tabela 5 apresenta as propriedades dos materiais utilizadas por Ali et al. (2011).
Tabela 5 – Propriedade dos materiais utilizados na análise

Material Resistência à Condutividade Capacitância Coeficiente de Módulo de


compressão térmica térmica expansão Emissividade elasticidade
(N/mm2) (W/mK) (J/kg/C) térmica (kN/mm2)
Concreto 42 1,1 1,8 12·10−6 0,85 39,3
Aço - 45 - 12·10−6 - 210

A Figura 70 apresenta as curvas de temperatura na superfície inferior da laje para os


ensaios experimental e numérico de Ali et al. (2011) para as lajes expostas à curva de incêndio
padrão ISO 834. A Figura 71 apresenta as curvas de temperatura na superfície inferior da laje
para exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos.
Capítulo 4. Simulação numérica 121

Figura 70 – Temperaturas na superfície inferior da laje para ensaios experimental e numérico -


exposição à curva de incêndio padrão ISO834. Fonte: adaptado de Ali et al. (2011).

Figura 71 – Temperaturas na superfície inferior da laje para ensaios experimental e numérico


- exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos. Fonte: adaptado de Ali et al.
(2011).
Capítulo 4. Simulação numérica 122

4.3 Laje em temperatura ambiente


A laje modelo de Ali et al. (2011) foi modelada neste trabalho utilizando os programas
computacionais anteriormente citados, ATENA e GiD.

O GiD permite a definição da geometria dos corpos de prova, as propriedades do material,


as condições de contorno e o histórico de carregamento através da definição dos intervalos e da
malha de elementos finitos, permitindo o cálculo da condução de calor - análise de transporte
de temperatura - e a análise estática.

A primeira etapa da simulação consiste no estudo numérico do comportamento da laje em


situação normal, à temperatura ambiente. Para tal, são considerados apenas os carregamentos
de peso próprio e carga aplicada.

4.3.1 Definição da geometria


A geometria da laje foi apresentada na Figura 65. O volume de concreto foi modelado
utilizando elementos sólidos 3D, e as armaduras de aço utilizando elementos 1D. Para o modelo
no GiD, o concreto foi modelado como um volume sólido, e as armaduras como linhas.

No modelo, o eixo z do sistema de coordenadas coincide com a espessura da laje, e os


eixos x e y com o comprimento e a largura, respectivamente.

A Figura 72 apresenta a geometria do modelo da laje. Para permitir o carregamento no


centro da laje, esta foi dividida igualmente em 4 volumes.

Figura 72 – Geometria do modelo da laje. Vista em perspectiva.


Capítulo 4. Simulação numérica 123

A Figura 73 apresenta a geometria da laje em todos os planos.

Figura 73 – Geometria do modelo da laje. Vistas nos planos XY, XZ e YZ.

4.3.2 Definição dos intervalos de carga


Para o modelo térmico, com aplicação da carga de incêndio, é necessária a definição
da formulação total do problema em 20 passos de carga (PRYL; CERVENKA, 2018). Como
o número de passos deve coincidir entre os modelos térmico e estático, o mesmo número foi
utilizado para a análise estática.

Outras propriedades foram definidas como:

• Tipo de processador: 64 bits;


• Número de threads: -2;
• Método de solução: Newton-Raphson;
• Tipo de rigidez: Elastic Predictor;
• Matriz de rigidez: a cada passo;
• Solver: LU;
• Limite de iterações: 20.

4.3.3 Condições de contorno e cargas aplicadas


Como condições de contorno da laje, considerando-a como simplesmente apoiada e
estática, foi restringido o movimento em Z nas arestas inferiores (representando os apoios) e o
movimento em X na aresta inferior central da laje (mantendo-a estática), como apresentado na
Figura 74.
Capítulo 4. Simulação numérica 124

Figura 74 – Condições de contorno da laje. Vista em perspectiva. Geração pelo GiD.

A laje foi carregada com 65% da carga de projeto (27kN) da BS8110 (1997), incluindo o
peso próprio. A carga foi aplicada no ponto central superior da laje, e o peso próprio foi inserido
como peso de volume:

• Carga pontual no ponto central superior da laje: 27 kN;


• Peso próprio: Body Force = 23 kN/m3 .

4.3.4 Definição da malha de elementos finitos


O volume de concreto foi discretizado em uma malha estruturada, com dimensão do
elemento de 5cm. O elemento foi definido como tipo hexaédrico. As armaduras foram definidas
como linhas e marcadas como discretização de 1 elemento cada. A Figura 75 mostra a malha
final em perspectiva, e a Figura 76 apresenta a malha nos planos XY e XZ.

A malha final de elementos finitos foi composta por 31422 nós, 6336 elementos sólidos
hexaédricos, aos quais foram atribuídas as propriedades mecânicas do concreto, e 19 elementos
lineares, correspondentes às armaduras de aço. As dimensões dos elementos finitos foram definidas
após uma análise de convergência da malha.
Capítulo 4. Simulação numérica 125

Figura 75 – Malha de elementos finitos da laje. Vista em perspectiva. Geração pelo GiD.

Figura 76 – Malha de elementos finitos da laje. Vista nos planos XY e XZ. Geração pelo GiD.

4.3.5 Propriedades dos materiais


Com a geometria e os modelos gerados, devem ser definidas as propriedades dos materiais,
atribuindo-as aos elementos na entidade geométrica correspondente (concreto e armadura).

As propriedades adotadas foram baseadas nas propriedades do modelo experimental de


Ali et al. (2011). O concreto foi modelado como Concrete EC2-CC3DNonLinCementitious 2 e
as armaduras como Reinforcement EC2-CCReinforcement.

A Tabela 6 apresenta as propriedades mecânicas dos elementos do modelo.

A resistência à tração do concreto foi determinada pelo Método Direto de Schuman e


Tucker (1943), apresentado por FARIAS et al. (2008).
Capítulo 4. Simulação numérica 126

Tabela 6 – Propriedades mecânicas dos materiais



Material 𝑓𝑐0 (MPa) 𝑓𝑡 (MPa) 𝑓𝑦 (MPa) 𝑓𝑢 (MPa) E (GPa)
Concreto 42 2,52 - - 39,3
Armadura - - 534,8 669,2 209

Os parâmetros mecânicos de deformação plástica do concreto (𝜀𝑐𝑝 ) e a resistência à



compressão no início do comportamento não linear(𝑓𝑐0 ) foram calculados segundo as equações:

𝑓𝑐𝑚
𝜀𝑐𝑝 = (4.3.1)
𝐸𝑐𝑚


𝑓𝑐0 = 2 · 𝑓𝑡𝑚 (4.3.2)

Os demais parâmetros foram utilizados com os valores padrões do programa e estão


apresentados na Tabela 7. Nela,

𝐸𝑐𝑚 : módulo de elasticidade do concreto;

𝜈: coeficiente de Poisson;

𝑓𝑡𝑚 : resistência à tração direta;

𝑓𝑐𝑚 : resistência à compressão cilíndrica;

𝐺𝑓 : energia de fratura do concreto;

𝑠𝐹 : fator de cisalhamento;

𝜀𝑐𝑝 : deformação plástica do concreto;



𝑓𝑐0 : resistência à compressão do concreto no início do regime não linear;

𝑤𝑑 : deslocamento plástico pós-pico devido à compressão;

𝑓𝑐,𝑟𝑒𝑑 : fator de redução da resistência à compressão do concreto;

𝑒: parâmetro adimensional de excentricidade;

𝛽: fator de retenção ao cisalhamento.


Capítulo 4. Simulação numérica 127

Tabela 7 – Parâmetros do concreto utilizados na simulação da laje

Parâmetro Valor inicial Valor ajustado


𝐸𝑐𝑚 [MPa] 39000 39300
𝜈 [-] 0,2 0,2
𝑓𝑡𝑚 [MPa] 2,07 2,07
𝑓𝑐𝑚 [MPa] -40 -40
𝐺𝑓 [N/m] 51,7 51,7
Modelo de fissura
[-] Fixa Fixa
incorporada
Tamanho do
[m] 0,02 0,02
agregado
𝑠𝐹 [-] 1 1
𝜀𝑐𝑝 [-] -0,0015636 -0,0015636

𝑓𝑐0 [MPa] -4,34 -4,34
𝑤𝑑 [m] -0,0005 -0,0005
𝑓𝑐,𝑟𝑒𝑑 [-] 0,8 0,8
e [-] 0,52 0,52
𝛽 [-] 0 0

4.3.6 Resultados obtidos da análise numérica


Após a definição da geometria do modelo, dos intervalos de carga, das condições de
contorno e das cargas aplicadas, a geração da malha e a aplicação das propriedades dos materiais,
o modelo foi processado através da função ATENA Static.

Nesta etapa, é analisado apenas o comportamento estático da laje; não são feitas
considerações de temperatura.

A Figura 77 apresenta as deformações no eixo z (vertical) na laje para a etapa I, no


sentido longitudinal.

Figura 77 – Deformações em Z na laje para análise estática. Vista no plano XZ.


Capítulo 4. Simulação numérica 128

4.4 Definição dos passos de análise


O fluxograma da Figura 78 apresenta os passos da combinação das análises térmica e
estática, deste trabalho, de forma a se obter o modelo final termomecânico.

INÍCIO

MODELO ESTÁTICO MODELO TÉRMICO

Geometria, condições de
contorno, carga aplicada, Geometria, carga térmica,
malha EF, propriedades malha EF, propriedades
dos materiais dos materiais

Curva
não

Validação do Curva ISO834 Hidrocarbonetos


modelo estático

Geração das Geração das


Modelo estático
temperaturas temperaturas
validado nos nós nos nós
sim

não
Resultados Resultados
MODELOS da análise de da análise de
TERMOMECÂNICOS transporte transporte
de calor de calor

Modelo Modelo Curva


curva ISO834 Hidrocarbonetos Propriedades Propriedades
mecânicas mecânicas
dependentes da dependentes da
temperatura temperatura
Análise Análise
estrutural estrutural
a cada iteração a cada iteração
até convergência até convergência Modelo térmico Modelo térmico
validado validado
sim

sim

Passo final Passo final


da análise da análise
estrutural estrutural Transport analysis Static Analysis
export transport data import transport data

Dados de temperatura,
geometria, propriedades do
Extração dos dados finais material
da análise termomecânica

FIM

Figura 78 – Fluxograma de modelagem e simulação.


Capítulo 4. Simulação numérica 129

4.5 Laje em situação de incêndio - análise térmica


A segunda etapa da simulação consiste no estudo numérico do comportamento térmico
da laje em situação de incêndio. Para tal, são considerados apenas os carregamentos térmicos
(exposição da laje de concreto ao fogo).

Na análise térmica (transport analysis), é possível calcular a variação do histórico de


temperatura (da superfície até o corpo da laje de concreto) para cada ponto do modelo através
da aplicação de uma curva de incêndio padrão na superfície onde atua o fogo. Os incrementos de
temperatura calculados são posteriormente utilizados na análise termomecânica para o cálculo
da expansão térmica dos elementos e as deformações iniciais associadas (Al-Kamaki, 2015).

4.5.1 Definição da geometria


A geometria da laje foi apresentada na Figura 65. A mesma geometria deve ser utili-
zada na análise térmica, para posterior exportação dos dados e importação destes no modelo
termomecânico. A Figura 79 apresenta a geometria do modelo da laje.

Figura 79 – Geometria do modelo da laje. Vista em perspectiva.

A análise de transferência de calor é realizada assumindo-se que o modelo da laje consiste


apenas de concreto, uma vez que o GiD não permite a análise térmica de outros materiais
(Al-Kamaki, 2015). Entretanto, o programa permite que as temperaturas calculadas sejam
transferidas para a armadura dentro da laje durante a análise termomecânica.
Capítulo 4. Simulação numérica 130

O volume de concreto foi modelado utilizando elementos sólidos 3D, constituindo um


volume sólido único.

No modelo, o eixo z do sistema de coordenadas coincide com a espessura da laje, e os


eixos x e y com o comprimento e a largura, respectivamente.

4.5.2 Definição dos intervalos de carga


Para o modelo térmico, com aplicação da carga de incêndio, é necessária a definição da
formulação total do problema em 20 passos de carga (PRYL; CERVENKA, 2018).

Para solucionar o problema não linear iterativo, o método adotado foi o Newton-Raphson
com algoritmo line-search para as análises. O método de Newton-Raphson é eficiente para casos
onde os valores de carga devem ser conhecidos (SADAGHIAN; FARZAM, 2019), e deve ser
utilizado para casos de carga térmica (CERVENKA et al., 2017).

Quatro tipos de erros de solução foram utilizados como verificação:

• incremento de deslocamento (displacement increment);


• força residual normalizada (normalized residual force);
• força residual absoluta (absolute residual force);
• energia dissipada (energy dissipated).

Para os três primeiros critérios foi adotado o valor de 0,01. Para a energia dissipada,
adotou-se 0,0001. O critério de parada foi para o caso de o erro exceder a tolerância multiplicada
pelo fator durante as iterações (10000 para os três primeiros critérios e 100000 para o último),
ou ao final do passo de análise.

Outras propriedades foram definidas como:

• Tipo de processador: 64 bits;


• Número de threads: -2;
• Método de solução: Newton-Raphson;
• Tipo de rigidez: Elastic Predictor;
• Matriz de rigidez: a cada passo;
• Solver: LU;
• Limite de iterações: 30;
• Início do intervalo de carga: 0 segundos;
• Final do intervalo de carga: 3600 segundos.
Capítulo 4. Simulação numérica 131

4.5.3 Condições de contorno e cargas aplicadas


Durante a análise térmica, não são definidos os apoios da laje, uma vez que apenas serão
aplicadas cargas térmicas e será analisado o comportamento do material frente a estas condições.
Não são aplicadas outras cargas (deslocamento, carga pontual, carga distribuída, peso próprio,
dentre outras).

Para obtenção dos resultados, foram definidos dois modelos. Ao primeiro, aplicou-se a
curva de incêndio padrão ISO 834, e ao segundo a curva de incêndio de hidrocarbonetos.

Todos os passos seguintes de modelagem e processamento foram idênticos.

4.5.3.1 Curva de incêndio padrão ISO 834

A condição Fire boundary for surface foi utilizada no programa para aplicação do
carregamento de incêndio à superfície da laje, com os parâmetros:

• Fire Type: Fire Curve ETK


• convecção: 25 W/°C·m2
• emissividade: 0,85
• temperatura máxima: 1100°C
• temperatura mínima: 25°C

Para o modelo exposto à curva de incêndio padrão ISO 834, aplicou-se essa curva à
superfície inferior da laje. O comportamento da curva foi apresentado na Figura 13, Capítulo 2.

4.5.3.2 Curva de incêndio de hidrocarbonetos

A condição Fire boundary for surface foi utilizada no programa para aplicação do
carregamento de incêndio à superfície da laje, com os parâmetros:

• Fire Type: Nominal HC


• convecção: 50 W/°C·m2
• emissividade: 0,85
• temperatura máxima: 1100°C
• temperatura mínima: 25°C

Para o modelo exposto à curva de incêndio de hidrocarbonetos, aplicou-se essa curva à


superfície inferior da laje. O comportamento da curva foi apresentado na Figura 15, Capítulo 2.
Capítulo 4. Simulação numérica 132

4.5.4 Definição da malha de elementos finitos


O volume de concreto foi discretizado em uma malha estruturada, com dimensão do
elemento de 5cm, da mesma maneira como para o modelo estático. O elemento foi definido como
tipo hexaédrico. A Figura 80 mostra a malha final em perspectiva, e a Figura 81 apresenta a
malha nos planos XY e XZ.

Figura 80 – Malha de elementos finitos da laje. Vista em perspectiva.

Figura 81 – Malha de elementos finitos da laje. Vista nos planos XY e XZ.

A malha final de elementos finitos foi composta por 8375 nós, 6336 elementos sólidos
hexaédricos, aos quais foram atribuídas as propriedades mecânicas do concreto. As dimensões
dos elementos finitos foram definidas após uma análise de convergência da malha.
Capítulo 4. Simulação numérica 133

4.5.5 Propriedades dos materiais


Com a geometria e os modelos gerados, devem ser definidas as propriedades dos materiais,
atribuindo-as aos elementos na entidade geométrica correspondente (concreto).

As propriedades adotadas foram baseadas nas propriedades do modelo experimental de


Ali et al. (2011). O concreto foi modelado como CCTransport Material, modelo apenas ativo
para o concreto na função Transport. Este modelo permite a utilização de parâmetros como
condutividade térmica e curvas específicas de carga versus temperatura.

As propriedades utilizadas no modelo material do concreto foram:

• Tipo de material: concreto;


• Tipo de análise: temperatura.

O coeficiente de expansão térmica foi utilizado como o mesmo proposto por Ali et al.
(2011), igual a 12·10−6 , assim como a capacitância térmica, igual a 1,8 J/kg°C. A condutividade
térmica (𝐾𝑡𝑒𝑚𝑝 ) também seguiu a proposição de Ali et al. (2011). Os demais parâmetros foram
utilizados com os valores padrões do programa e estão apresentados na Tabela 8. Nela,

𝐾𝑡𝑒𝑚𝑝 : condutividade térmica;

𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝 : coeficiente da capacidade térmica do material;

𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 : temperatura inicial;

𝑈𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 : umidade inicial.

Tabela 8 – Parâmetros do material CCTransport Material

Parâmetro Valor inicial Valor ajustado


𝐾𝑡𝑒𝑚𝑝 [W/°C·m] 2,1 1,1
𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝 [kN/m2 ·°C] 2550 2550
𝑇𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 [°C] 25 25
𝑈𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 [MPa] 0,9728 0,9728
Emissividade [-] - 0,85
Capítulo 4. Simulação numérica 134

4.5.6 Resultados obtidos da análise numérica


No GiD, para exportação dos dados do modelo de análise térmica (transport analysis), é
necessário ativar a função Export Transport Results e gerar os arquivos (.thw) e (.bin) relativos
aos resultados e à geometria do modelo, respectivamente. Os arquivos gerados foram:

• Resultados para curva de incêndio ISO 834: Thermal ResultsISO834.thw


• Geometria para curva de incêndio ISO 834: Thermal ResultsISO834.bin
• Resultados para curva de incêndio de hidrocarbonetos: Thermal ResultsCURVAH.thw
• Geometria para curva de incêndio de hidrocarbonetos: Thermal ResultsCURVAH.bin

Estes arquivos são os que fazem a interligação entre os modelos estático e térmico,
permitindo assim a análise termomecânica final.

As Figuras 82 e 83 são capturas de tela do programa utilizado, com a representação


gráfica da laje após a análise térmica.

Figura 82 – Temperatura na laje - Exposição à curva de incêndio padrão ISO 834. Vista no
plano XZ.

Figura 83 – Temperatura na laje - Exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos. Vista no


plano XZ.
Capítulo 4. Simulação numérica 135

4.6 Laje em situação de incêndio - análise termomecânica


A terceira e última etapa da simulação consiste no estudo numérico do comportamento
termomecânico da laje em situação de incêndio. Para tal, são considerados os carregamentos de
peso próprio, carga aplicada e carga térmica (exposição ao fogo). Nesta etapa, os dados do modelo
térmico são importados no modelo estático, obedecendo-se às condições de compatibilização
entre eles.

A geometria da laje foi apresentada na Figura 65, e seu modelo está exposto nas Figuras
72 e 73. Não foram feitas alterações à geometria. Nesta etapa, os parâmetros foram mantidos os
mesmos aplicados ao modelo estático e já apresentados. Fez-se necessária apenas a definição da
importação dos dados de transporte de temperatura no modelo (import transport data).

A importação dos arquivos respectivos à curva de incêndio associada ao modelo, apresen-


tados no tópico 4.5.6, foi realizada. As condições de contorno e cargas aplicadas foram mantidas
as mesmas do modelo estático. A mesma malha de elementos finitos do modelo em temperatura
ambiente foi utilizada no modelo termomecânico.

4.6.1 Propriedades dos materiais


Com a geometria e os modelos gerados, devem ser definidas as propriedades dos materiais,
atribuindo-as aos elementos na entidade geométrica correspondente (concreto e armadura).

As propriedades adotadas foram baseadas nas propriedades do modelo experimental de Ali


et al. (2011). O concreto foi modelado como CC3DNonLin Cementitious2WithTempDepProperties,
alterando o modelo Concrete EC2-CC3DNonLinCementitious 2 que estava definido no modelo
estático, e as armaduras como CCReinforcementWithTempDepProperties, em substituição ao
Reinforcement EC2-CCReinforcement.

No modelo dos materiais, considerou-se que o concreto e o aço têm propriedades de-
pendentes da temperatura diferentes daquelas à temperatura ambiente. As propriedades do
concreto dependentes da temperatura foram baseadas no Eurocode 2 (EN 1992- 1-2: 2004) e
estão apresentadas nas Figuras 84, 85, 86 e 87.

SADAGHIAN e FARZAM (2019) apresentam mais detalhadamente a variação das


propriedades do concreto exposto a altas temperaturas, segundo diversos pesquisadores. Para o
aço, utilizou-se o modelo padrão do programa.
Capítulo 4. Simulação numérica 136

1,2
Módulo de elasticidade
1

Multiplicador
0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)

Figura 84 – Módulo de elasticidade do concreto exposto a altas temperaturas.

4
Deslocamento à compressão
3,5
3
Multiplicador

2,5
2
1,5
1
0,5
0
0 200 400 600 800 1000
Temperatura (°C)

Figura 85 – Deslocamento crítico à compressão do concreto exposto a altas temperaturas.

140
Deformação térmica
120
Multiplicador (.10 E-4)

100

80

60

40

20

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)

Figura 86 – Deformação térmica do concreto exposto a altas temperaturas. Fonte: adaptado de


SADAGHIAN e FARZAM (2019).
Capítulo 4. Simulação numérica 137

13

11

Multiplicador
9

3 Deformação plástica no pico


da tensão de compressão
1
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (°C)

Figura 87 – Deformação plástica no pico da tensão de compressão do concreto exposto a altas


temperaturas. Fonte: adaptado de SADAGHIAN e FARZAM (2019).
138

5 Resultados

5.1 Validação do modelo térmico


Para validação do modelo térmico, foram feitas comparações da temperatura da laje em
3 pontos de monitoração distintos: na superfície inferior da laje, na altura da armadura e na
metade da altura da laje.

A comparação foi feita através dos dados obtidos experimental e numericamente por
Ali et al. (2011) com os dados obtidos neste trabalho através da modelagem no programa
computacional ATENA.

A curva MEF Ali (2011) apresentada nas figuras representa a curva obtida pelo pesqui-
sador utilizando o programa computacional de elementos finitos DIANA. A curva MEF ATENA
apresenta os dados obtidos por este trabalho utilizando o programa computacional de elementos
finitos ATENA. A curva Média Experimental Ali (2011) representa a média entre os valores
obtidos experimentalmente por Ali et al. (2011) para as 3 lajes estudadas em cada situação de
incêndio.

Os gráficos das Figuras 88, 89 e 90 apresentam a evolução da temperatura em função do


tempo na laje em estudo, em diversas posições de análise (através dos pontos de monitoração
determinados na etapa de pré-processamento), em comparação com o estudo realizado por Ali
et al. (2011), experimental e numericamente.

5.1.1 Lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO 834


A primeira curva de incêndio estudada foi a curva tradicional ISO-834. No estudo de Ali
et al. (2011), as três lajes ensaiadas em laboratório nesta etapa foram denominadas S1, S2 e S3.
É apresentado em seu estudo que as 3 lajes sofreram lascamento explosivo, sendo que a laje S2
foi a que apresentou maior grau de lascamento. Na Figura 82 foi apresentada uma captura de
tela do programa utilizado, com a representação gráfica da laje após a análise.

Este trabalho comparou a temperatura da laje ensaiada em 3 pontos de monitoração


distintos: na superfície inferior da laje (Figura 88), na altura da armadura (Figura 89) e
na metade da altura da laje (Figura 90). A comparação foi feita através dos dados obtidos
experimental e numericamente por Ali et al. (2011) com os dados obtidos neste trabalho pela
modelagem no programa computacional ATENA.
Capítulo 5. Resultados 139

5.1.1.1 Temperatura na superfície inferior da laje – Curva ISO 834

A Figura 88 apresenta duas curvas de temperatura progredindo com o tempo na superfície


inferior da laje, calculadas por programa computacional com Método dos Elementos Finitos. A
primeira delas – MEF Ali (2011) – é a apresentada por Ali et al. (2011) em sua pesquisa. A
outra – MEF ATENA – é a obtida por este trabalho.

A Figura também apresenta a curva média experimental de Ali et al. (2011) – média das
curvas de temperatura para as lajes S1, S2 e S3.

O modelo térmico numérico elaborado representou de forma adequada a variação da


temperatura na face inferior da laje. Nota-se, pela figura, que o modelo elaborado se aproxi-
mou ainda mais dos resultados obtidos experimentalmente por Ali et al. (2011), sendo que a
representação foi mais eficiente após os primeiros 10 minutos.

Dentro do primeiro intervalo de 10 minutos, os resultados experimentais foram superiores


aos apresentados pelos modelos numéricos deste trabalho e de Ali et al. (2011).

1600
MEF ATENA
1400 MEF Ali (2011)
Média experimental Ali (2011)
1200
Curva ISO834
Temperatura (°C)

1000

800

600

400

200

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 88 – Temperaturas na superfície inferior da laje - exposição à curva de incêndio padrão


ISO 834.
Capítulo 5. Resultados 140

5.1.1.2 Temperatura na altura da armadura – Curva ISO 834

A Figura 89 apresenta duas curvas de temperatura progredindo com o tempo na altura


da armadura, calculadas por programa computacional com Método dos Elementos Finitos. A
primeira delas – MEF Ali (2011) – é a apresentada por Ali et al. (2011) em sua pesquisa. A
outra – MEF ATENA – é a obtida por este trabalho.

A Figura também apresenta a curva média experimental de Ali et al. (2011) – média das
curvas de temperatura para as lajes S1, S2 e S3.

O modelo térmico numérico elaborado representou de forma bastante adequada a variação


da temperatura na altura da armadura para os primeiros 30 minutos. Observou-se uma maior
discrepância dos resultados nos últimos 20 minutos, sendo ainda maior nos 10 minutos finais. A
discrepância é observada em ambos os modelos numéricos, quando comparados com a curva do
ensaio experimental.

A divergência pode ser devida à não utilização de propriedades – mecânicas e térmicas –


dos materiais obtidas de forma experimental. A utilização delas como parâmetros de entrada
pode levar a resultados de análise mais precisos e próximos aos valores encontrados nas curvas
de temperatura experimentais. Também podem ter ocorrido problemas no ensaio experimental.
500
MEF ATENA
450
MEF Ali (2011)
400 Experimental Ali (2011)

350 Curva ISO834


Temperatura (°C)

300

250

200

150

100

50

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 89 – Temperaturas na altura da armadura - exposição à curva de incêndio padrão ISO


834.
Capítulo 5. Resultados 141

5.1.1.3 Temperatura na altura média da laje – Curva ISO 834

A Figura 90 apresenta duas curvas de temperatura progredindo com o tempo na altura


média da laje, calculadas por programa computacional com Método dos Elementos Finitos. A
primeira delas – MEF Ali (2011) – é a apresentada por Ali et al. (2011) em sua pesquisa. A
outra – MEF ATENA – é a obtida por este trabalho.

A Figura também apresenta a curva média experimental de Ali et al. (2011) – média das
curvas de temperatura para as lajes S1, S2 e S3.

Observou-se uma discrepância dos resultados a partir dos 35 minutos do ensaio. A


discrepância é observada em ambos os modelos numéricos, quando comparados com a curva do
ensaio experimental.

A divergência pode ser devido à não utilização de propriedades – mecânicas e térmicas –


dos materiais obtidas de forma experimental. A utilização delas como parâmetros de entrada
pode levar a resultados de análise mais precisos e próximos aos valores encontrados nas curvas
de temperatura experimentais.

200
MEF ATENA
180 MEF Ali (2011)
Experimental Ali (2011)
160

140 Curva ISO834


Temperatura (°C)

120

100

80

60

40

20

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 90 – Temperaturas na altura média da laje - exposição à curva de incêndio padrão ISO
834.
Capítulo 5. Resultados 142

5.1.1.4 Considerações finais

Através da análise dos gráficos das Figuras 88, 89 e 90 permite a consideração do modelo
térmico como calibrado. A Figura 91 apresenta os resultados de curva tempo versus temperatura
do modelo térmico para curva de incêndio padrão ISO 834 em todas as profundidades consideradas
da laje para calibração. Percebe-se que a temperatura é muito mais intensa na superfície exposta
diretamente ao fogo e, quanto mais distante desta superfície, menor a intensidade da temperatura.
Na superfície superior da laje, a temperatura manteve-se próxima à temperatura ambiente.
1000
Inferior
900 Armadura
Meio vão
800 Superior

700
Temperatura (°C)

600

500

400

300

200

100

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 91 – Temperaturas na laje - exposição à curva de incêndio padrão ISO 834.

5.1.2 Lajes expostas à curva de incêndio de hidrocarbonetos


A segunda curva de incêndio estudada foi a curva de incêndio de hidrocarbonetos. No
estudo de Ali et al. (2011), as três lajes ensaiadas em laboratório nesta etapa foram denominadas
S4, S5 e S6. É apresentado em seu estudo que as três lajes sofreram lascamento explosivo, sendo
que o índice de lascamento foi 60% superior ao encontrado para as lajes sujeitas à curva de
incêndio padrão ISO 834. A laje S5 foi a que apresentou maior grau de lascamento.

Este trabalho comparou a temperatura da laje ensaiada em 3 pontos de monitoração


distintos: na superfície inferior da laje (Figura 92), na altura da armadura (Figura 93) e
na metade da altura da laje (Figura 94). A comparação foi feita através dos dados obtidos
experimental e numericamente por Ali et al. (2011) com os dados obtidos neste trabalho pela
modelagem no programa computacional ATENA.
Capítulo 5. Resultados 143

5.1.2.1 Temperatura na superfície inferior da laje – Curva de Hidrocarbonetos

A Figura 92 apresenta duas curvas de temperatura progredindo com o tempo na superfície


inferior da laje, calculadas por programa computacional com Método dos Elementos Finitos. A
primeira delas – MEF Ali (2011) – é a apresentada por Ali et al. (2011) em sua pesquisa. A
outra – MEF ATENA – é a obtida por este trabalho.

A Figura também apresenta a curva média experimental de Ali et al. (2011) – média das
curvas de temperatura para as lajes S4, S5 e S6.

O modelo térmico numérico elaborado representou de forma adequada a variação da


temperatura na face inferior da laje. Nota-se, pela figura, que o modelo elaborado se aproxi-
mou ainda mais dos resultados obtidos experimentalmente por Ali et al. (2011), sendo que a
representação foi mais eficiente após os primeiros 8 minutos.

Dentro do primeiro intervalo de 8 minutos, os resultados experimentais foram superiores


aos apresentados pelos modelos numéricos deste trabalho e de Ali et al. (2011). Nos 25 minutos
finais de ensaio, o modelo desta pesquisa representou muito bem os resultados de temperatura
quando feita a comparação com os dados experimentais.

2000
MEF ATENA
1800
MEF Ali (2011)
1600 Média experimental Ali (2011)

1400 Curva de hidrocarbonetos


Temperatura (°C)

1200

1000

800

600

400

200

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 92 – Temperaturas na superfície inferior da laje - exposição à curva de incêndio de


hidrocarbonetos.
Capítulo 5. Resultados 144

5.1.2.2 Temperatura na altura da armadura – Curva de Hidrocarbonetos

A Figura 93 apresenta duas curvas de temperatura progredindo com o tempo na altura


da armadura, calculadas por programa computacional com Método dos Elementos Finitos. A
primeira delas – MEF Ali (2011) – é a apresentada por Ali et al. (2011) em sua pesquisa. A
outra – MEF ATENA – é a obtida por este trabalho.

A Figura também apresenta a curva média experimental de Ali et al. (2011) – média das
curvas de temperatura para as lajes S4, S5 e S6.

O modelo térmico numérico elaborado representou de forma bastante adequada a variação


da temperatura na altura da armadura para os primeiros 30 minutos. Observou-se discrepância
dos resultados nos 30 minutos finais do ensaio, em ambos os modelos numéricos, quando
comparados com a curva do ensaio experimental.

A divergência pode ser devida à não utilização de propriedades – mecânicas e térmicas –


dos materiais obtidas de forma experimental. A utilização delas como parâmetros de entrada
pode levar a resultados de análise mais precisos e próximos aos valores encontrados nas curvas
de temperatura experimentais.

600
MEF ATENA
MEF Ali (2011)
500 Experimental Ali (2011)

400 Curva de hidrocarbonetos


Temperatura (°C)

300

200

100

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 93 – Temperaturas na altura da armadura - exposição à curva de incêndio de hidrocar-


bonetos.
Capítulo 5. Resultados 145

5.1.2.3 Temperatura na altura média da laje – Curva de Hidrocarbonetos

A Figura 94 apresenta duas curvas de temperatura progredindo com o tempo na altura


média da laje, calculadas por programa computacional com Método dos Elementos Finitos. A
primeira delas – MEF Ali (2011) – é a apresentada por Ali et al. (2011) em sua pesquisa. A
outra – MEF ATENA – é a obtida por este trabalho. A Figura também apresenta a curva média
experimental de Ali et al. (2011) – média das curvas de temperatura para as lajes S4, S5 e S6.

O modelo numérico elaborado nesta pesquisa representou de forma adequada a variação


da temperatura na altura média da laje. Nota-se, pela figura, que o modelo elaborado se
aproximou ainda mais dos resultados obtidos experimentalmente por Ali et al. (2011), sendo
que a representação foi mais eficiente nos últimos 30 minutos.

Dentro do primeiro intervalo de 20 minutos, os resultados experimentais de temperatura


foram inferiores aos apresentados pelos modelos numéricos desta pesquisa. Entretanto, a curva
representou de maneira satisfatória o comportamento térmico da laje. Nos 30 minutos finais de
ensaio, o modelo desta pesquisa representou muito bem os resultados de temperatura quando
feita a comparação com os dados experimentais, comportamento que não foi observado no
modelo numérico de Ali et al. (2011).

300
MEF ATENA
MEF Ali (2011)
250
Experimental Ali (2011)

200 Curva de hidrocarbonetos


Temperatura (°C)

150

100

50

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 94 – Temperaturas na altura média da laje - exposição à curva de incêndio de hidrocar-


bonetos.
Capítulo 5. Resultados 146

5.1.2.4 Considerações finais

Através da análise dos gráficos das Figuras 92, 93 e 94 permite a consideração do modelo
térmico como calibrado.

A Figura 95 apresenta os resultados de curva tempo versus temperatura do modelo


térmico para curva de incêndio de hidrocarbonetos em todas as profundidades consideradas da
laje para calibração.
1200

1000
Inferior
Armadura
Meio vão
800 Superior
Temperatura (°C)

600

400

200

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 95 – Temperaturas nas quatro alturas de medição da laje - exposição à curva de incêndio
de hidrocarbonetos.

Pela Figura 95, percebe-se que a temperatura é muito mais intensa na superfície exposta
diretamente ao fogo e, quanto mais distante desta superfície, menor a intensidade da temperatura.

Na superfície superior da laje, a temperatura manteve-se próxima à temperatura ambiente.


Capítulo 5. Resultados 147

5.2 Modelo termomecânico

5.2.1 Lajes expostas à curva de incêndio padrão ISO 834


A Figura 88 apresenta o crescimento da temperatura em função do tempo na superfície
inferior da laje para os ensaios experimental e numérico de Ali et al. (2011) e para o presente
estudo numérico, para exposição a um incêndio padrão ISO 834. O deslocamento no centro
da laje está apresentado na Figura 96. Fez-se a comparação entre os ensaios experimental e
numérico de Ali et al. (2011) e o presente estudo numérico.
80
MEF ATENA

70 MEF Ali (2011)

Média experimental Ali (2011)


60
Curva ISO834
Deslocamento (mm)

50

40

30

20

10

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 96 – Deslocamento no centro da laje - exposição à curva de incêndio ISO 834.

Os deslocamentos no centro da laje atingiram valores pouco superiores àqueles do


ensaio experimental de Ali et al. (2011), para os 20 minutos finais de ensaio. Entretanto, o
comportamento da curva de deslocamentos segue o mesmo padrão apresentado.

As Figuras 97 e 98 são capturas de tela do programa utilizado, com a representação


gráfica da laje após a análise termomecânica.
Capítulo 5. Resultados 148

Figura 97 – Deslocamentos na laje e padrão de fissuração - Exposição à curva de incêndio padrão


ISO 834. Vista no plano XZ.

Figura 98 – Temperaturas na laje - Exposição à curva de incêndio padrão ISO 834. Vista no
plano XZ.

5.2.2 Lajes expostas à curva de incêndio de hidrocarbonetos


A Figura 92 apresenta o crescimento da temperatura em função do tempo na superfície
inferior da laje para os ensaios experimental e numérico de Ali et al. (2011) e para o presente
estudo numérico, para exposição a um incêndio de hidrocarbonetos.

O deslocamento no centro da laje está apresentado na Figura 99. Fez-se a comparação


entre os ensaios experimental e numérico de Ali et al. (2011) e o presente estudo numérico.

O modelo termomecânico apresentou boa aproximação com os resultados dos ensaios


experimental e numérico de Ali et al. (2011).

As Figuras 100 e 101 são capturas de tela do programa utilizado, com a representação
gráfica da laje após a análise termomecânica.
Capítulo 5. Resultados 149

110
MEF ATENA
100
MEF Ali (2011)
90 Média experimental Ali (2011)
80
Deslocamento (mm)

70 Curva de hidrocarbonetos

60

50

40

30

20

10

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 99 – Deslocamento no centro da laje - exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos.

Figura 100 – Deslocamentos na laje e padrão de fissuração - Exposição à curva de incêndio de


hidrocarbonetos. Vista no plano XZ.

Figura 101 – Temperaturas na laje - Exposição à curva de incêndio de hidrocarbonetos. Vista


no plano XZ.
Capítulo 5. Resultados 150

5.3 Análise paramétrica


Quando submetido a condições extremas de alta temperatura, o tipo de agregado utilizado
pode ter um impacto significativo na resistência do concreto (BROCETA et al., 2017). Portanto,
foi realizada uma análise paramétrica alterando o agregado de concreto. Dois agregados diferentes
são disponibilizados no programa computacional ATENA: calcário e silicioso. Suas propriedades
foram devidamente consideradas nos dados de entrada da modelagem.

A figura 102 mostra a variação da resistência à compressão relativa do concreto (𝑓𝑐 )


com agregados siliciosos e calcários sob temperatura elevada (𝜃). Estes dados são definidos pelo
Eurocode 2 (EN 1992-2: 2004).

1
0,9 Agregado calcário

0,8 Agregado silicoso

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
θ (°C)

Figura 102 – Resistência à compressão relativa do concreto com agregados siliciosos e calcários
sob temperaturas elevadas (Adaptado de Bacinskas et.al., 2007 (BACINKAS et
al., 2007)).

As figuras 103 e 104 mostram o deslocamento no centro da laje para as curvas de


incêndio ISO834 e de hidrocarbonetos, respectivamente. MEF ATENA - Calcário representa o
deslocamento para lajes com agregado calcário e MEF ATENA - Silicoso para agregado silicioso.

Em ambas as análises, o comportamento da laje foi pior para o concreto com agregado
silicoso. Para a análise da curva de incêndio ISO834, o deslocamento no modelo com agregado
silicioso foi 47% maior que o com agregado calcário. Para a análise da curva de incêndio de
hidrocarbonetos, essa diferença foi de 58%.
Capítulo 5. Resultados 151

100
MEF ATENA - Calcário
90
MEF ATENA - Silicoso
80 MEF Ali (2011)

70 Média experimental Ali (2011)


Curva ISO834
Deslocamento (mm)

60

50

40

30

20

10

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 103 – Deslocamento no centro da laje - Curva de incêndio ISO834.

160 MEF ATENA - Calcário


MEF ATENA - Silicoso
140
MEF Ali (2011)

120 Média experimental Ali (2011)


Deslocamento (mm)

Curva de hidrocarbonetos
100

80

60

40

20

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 104 – Deslocamento no centro da laje - Curva de incêndio de hidrocarbonetos.


Capítulo 5. Resultados 152

Uma comparação entre os dois modelos paramétricos (agregado calcário e silicioso) para
as duas curvas de incêndio (ISO834 e de hidrocarbonetos) está apresentada na Figura 105.
O concreto com agregado silicioso desenvolveu pior comportamento termomecânico nas duas
análises de incêndio.
160
MEF ATENA - Silicoso - Hidrocarbonetos
140 MEF ATENA - Calcário - Hidrocarbonetos
MEF ATENA - Silicoso - ISO834
120
MEF ATENA - Calcário - ISO834
Deslocamento (mm)

100

80

60

40

20

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (minutos)

Figura 105 – Deslocamento no centro da laje - Análise paramétrica.


153

6 Conclusão

A presente dissertação consistiu na análise numérica do comportamento combinado


termomecânico de lajes de concreto armado, de resistência normal, em situação de incêndio. A
calibração dos modelos de análise tomou como referência o ensaio experimental e numérico de
Ali et al. (2011).

A avaliação da distribuição de temperatura no elemento estrutural foi realizada através


da modelagem tridimensional em elementos finitos utilizando os programas computacionais
GiD (como pré-processador) e ATENA, este desenvolvido pela Cervenka Consulting/República
Tcheca.

A análise numérica foi dividida em três etapas. Inicialmente, estudou-se apenas o


comportamento mecânico da laje de concreto armado, em temperatura ambiente, com os
carregamentos de peso próprio e carga aplicada. A segunda etapa consistiu no estudo do
comportamento térmico da laje em situação de incêndio. A análise de transferência de calor
foi feita assumindo que apenas o concreto representava o modelo estrutural, excluindo-se
portanto as armaduras. A terceira e última etapa da simulação consistiu no estudo numérico
do comportamento combinado termomecânico da laje em situação de incêndio. Nesta, foram
considerados os carregamentos de peso próprio, carga aplicada e carga térmica, realizando-se a
importação dos dados do modelo térmico ao modelo estático, de forma que ambos os materiais -
concreto e aço - tiveram seus comportamentos analisados numericamente.

O modelo desenvolvido via Método dos Elementos Finitos (MEF) para este trabalho apre-
sentou comportamento semelhante ao obtido nos ensaios experimentais de pesquisas anteriores,
o que mostra sua eficiência e possibilidade de utilização.

A análise térmica permitiu avaliar a temperatura em 3 pontos de monitoração distintos:


na superfície inferior da laje, na altura da armadura e na metade da altura da laje. O modelo
numérico deste trabalho apresentou melhor aproximação ao modelo experimental de Ali et al.
(2011) do que os resultados numéricos por eles apresentados para o estudo da temperatura na
superfície inferior da laje, tanto para a exposição à curva de incêndio padrão ISO834 quanto
para a curva de incêndio de hidrocarbonetos.

A variação das curvas de incêndio aplicadas à laje em estudo mostrou o comportamento


do concreto frente a intensidades diferentes de calor. A laje, quando exposta à curva de incêndio
de hidrocarbonetos, apresenta maiores deslocamentos.
Capítulo 6. Conclusão 154

Por fim, foi realizada a análise paramétrica, a qual consistiu em um estudo da influência do
agregado no comportamento termomecânico da laje de concreto armado em situação de incêndio.
Foram estudados dois agregados diferentes: o calcário e o silicoso. Ambos são disponibilizados
para análise pelo programa computacional ATENA. Foram consideradas as propriedades térmicas
para a investigação. O concreto com agregado calcário desenvolveu melhor comportamento para
as duas curvas de incêndio analisadas.

As análises e comparações realizadas para o modelo termomecânico levam às seguintes


considerações:

• As curvas de temperatura na face inferior da laje foram as que obtiveram melhores resul-
tados comparativos aos obtidos experimentalmente, tanto para a aplicação da curva de
incêndio de hidrocarbonetos quanto para a curva de incêndio padrão ISO 834. Para a apli-
cação da curva de hidrocarbonetos, bons resultados também foram obtidos numericamente
quando analisada a temperatura à altura média da laje;

• As dificuldades encontradas neste trabalho estão centradas principalmente na variação das


propriedades térmicas e mecânicas dos materiais, uma vez que o modelo numérico elaborado
apresentou limitações de entrada de dados referentes a tais propriedades. Algumas destas
propriedades não foram apresentadas por Ali et al. (2011), sendo portanto utilizados
valores obtidos do Eurocode 2 parte 1-2 (2004);

• A divergência observada nas curvas pode ser devida à não utilização de propriedades –
mecânicas e térmicas – dos materiais obtidas de forma experimental. A utilização delas
como parâmetros de entrada pode levar a resultados de análise mais precisos e próximos
aos valores encontrados nas curvas de temperatura experimentais;

• Outro ponto possível de divergência entre os resultados numéricos e experimentais é a


realização do ensaio experimental. Neste, pequenas imprecisões de calibração do forno,
fornecimento de energia para seu funcionamento ou de medição das temperaturas através
dos termopares podem levar a resultados que não condizem com o esperado;

• A resistência ao fogo de estruturas de concreto armado sofre influência da escolha dos


materiais que serão utilizados no concreto. Essa influência pode ser positiva ou negativa.
A análise paramétrica realizada neste estudo forneceu informações relativas ao comporta-
mento termomecânico do concreto exposto ao fogo, tanto com agregados calcários quanto
silicosos;

• Os agregados estudados foram aqueles disponíveis para análise através dos programas
computacionais ATENA e GiD, estando esses previamente inseridos na biblioteca de dados;
Capítulo 6. Conclusão 155

• O agregado calcário desenvolveu melhor comportamento para as duas curvas de incêndio


analisadas. Para a curva de incêndio padrão ISO834, o deslocamento vertical no centro
da laje com agregado silicoso foi 47% superior à com agregado calcário. Para a curva de
incêndio de hidrocarbonetos, essa diferença foi de 58%.

6.1 Sugestões para trabalhos futuros


A partir dos resultados obtidos na presente dissertação, surgiram tópicos que podem ser
estudados em futuras pesquisas. Destacam-se:

• Verificação afundo do comportamento da armadura quando sob altas temperaturas,


analisando o escorregamento desta;

• Evolução da análise para o comportamento termo-hidro-mecânico, considerando-se um


acúmulo de massa devido à dilatação térmica junto à equação de condutividade hídrica
do meio (consideração da água evaporada);

• Análise de outros parâmetros térmicos que influenciem o comportamento do concreto


armado exposto a altas temperaturas.
156

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Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, 2018.

SILVA, V. P. Segurança das Estruturas em Situação de Incêndio. Uma Visão da América


Latina. Revista FLAMMAE - Revista Científica do Corpo de Bombeiros Militar
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Capítulo 6. Conclusão 163

SILVA, V. P. e. Estruturas de aço em situação de incêndio. São Paulo: Zigurate, 2004.


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Polícia Militar. Corpo de Bombeiros. Instrução Técnica n. 08/2004: Segurança
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Souto Filho, M. V. Modelagem numérica de reforço estrutural em vigas de concreto


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Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, Rio de Janeiro, 2002.

SOUZA, R. A. Concreto estrutural: análise e dimensionamento de elementos com


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TRAUTWEIN, L. M. Punção em lajes cogumelo de concreto armado: análise


experimental e numérica. 300 p. Tese (Doutorado) — Escola Politécnica da Universidade
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Van Mier, J. G. M. Multiaxial strain-softening of concrete. Materials and Structures, v. 19,


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164

ANEXO A – Publicações em eventos científicos

Artigos publicados:

FANTON, A. R.; ALMEIDA, L. C.; TRAUTWEIN, L. M.. 2019. Análise numérica


do comportamento termomecânico de lajes de concreto armado em situação de
incêndio. 61° Congresso Brasileiro do Concreto - IBRACON 2019, Fortaleza, CE, Brasil.

FANTON, A. R.; ALMEIDA, L. C.; TRAUTWEIN, L. M.. 2018. Análise numérica do


comportamento térmico de lajes de concreto armado expostas ao fogo. 60° Congresso
Brasileiro do Concreto - IBRACON 2018, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

SILVA, M. A.; FANTON, A. R.; ALMEIDA, L. C.; TRAUTWEIN, L. M.; FRANÇOSO,


M. T.; MARCHENA, I. P.. 2019. Different structural monitoring techniques in large RC
buildings: A case study. XL CILAMCE Ibero-Latin American Congress on Computational
Methods in Engineering, Natal, RN, Brasil. (Publicação em novembro/2019).

Artigos submetidos:

FANTON, A. R.; ALMEIDA, L. C.; TRAUTWEIN, L. M.. 2019. Numerical analysis


of thermomechanical behavior of reinforced concrete slabs with diferent aggregates
subjected to fire. Fire Safety Journal - 13th International Symposium on Fire Safety Science
(IAFSS) 2020, Waterloo, Canada. (Submetido em setembro/2019).

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