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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO DE ENGENHARIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JULIANA CARLA FRUTUOSO DE SOUZA

DETERMINAÇÃO DA ESPESSURA ÓTIMA DA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO


PARA ELEMENTOS ESTRUTURAIS METÁLICOS SUBMETIDO A FLEXÃO E
FLEXO-COMPRESSÃO

MOSSORÓ/RN
2019
JULIANA CARLA FRUTUOSO DE SOUZA

DETERMINAÇÃO DA ESPESSURA ÓTIMA DA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO


PARA ELEMENTOS ESTRUTURAIS METÁLICOS SUBMETIDO A FLEXÃO E
FLEXO-COMPRESSÃO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao


Conselho do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
como requisito para obtenção do título de
Engenheira Civil.

Orientador: Prof.ª Mayara de Freitas Medeiros


Araújo.

Coorientador: Prof. Me. Francisco Rosendo


Sobrinho.

MOSSORÓ/RN
2019
© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteira
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sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

S719d Souza, Juliana Carla Frutuoso de.


DETERMINAÇÃO DA ESPESSURA ÓTIMA DA PROTEÇÃO
CONTRA INCÊNDIO PARA ELEMENTOS ESTRUTURAIS
METÁLICOS SUBMETIDO A FLEXÃO E FLEXO-COMPRESSÃO /
Juliana Carla Frutuoso de Souza. - 2019.
83 f. : il.

Orientadora: Mayara de Freitas Medeiros Araújo


Araújo.
Coorientador: Francisco Rosendo Sobrinho
Sobrinho.
Monografia (graduação) - Universidade Federal
Rural do Semi-árido, Curso de Engenharia Civil,
2019.

1. Estruturas. 2. Aço. 3. Incêndio. 4.


Otimização. 5. Proteção Passiva. I. Araújo, Mayara
de Freitas Medeiros Araújo, orient. II. Sobrinho,
Francisco Rosendo Sobrinho, co-orient. III.
Título.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
JULIANA CARLA FRUTUOSO DE SOUZA

DETERMINAÇÃO DA ESPESSURA ÓTIMA DA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO


PARA ELEMENTOS ESTRUTURAIS METÁLICOS SUBMETIDO A FLEXÃO E
FLEXO-COMPRESSÃO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao


Conselho do Curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
como requisito para obtenção do título de
Engenheira Civil.

Aprovada em: 13/08/2019

MOSSORÓ/RN
2019
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado força e coragem para tornar esse sonho possível, e por se ter feito
presente nos momentos mais turbulentos dessa jornada, me comprovando que tudo é possível
ao que crê.

Aos meus pais, por todo o amor, acolhimento, incentivo e investimentos a mim dedicados, e
por serem meu porto seguro nas horas das adversidades. Obrigada por terem sempre me
mostrado a importância da educação e conseguido ter feito como principal pilar da minha
criação a busca pelo conhecimento.

Aos meus irmãos, Jéssica e Thiago, por todos os momentos vividos e compartilhados até aqui,
agradeço também pelo presente que me deram, através dos filhos de vocês, que é poder ser
tia.

Aos meus sobrinhos, Mariah e Asafe, por me alegrarem com a presença de vocês e me
fazerem sentir feliz apenas de olhar para o sorrindo de cada um, e assim tornarem meu dia
melhor não importando as circunstâncias.

À toda minha família, por acreditarem ser possível esse sonho e pela contribuição direta ou
indireta para a realização do mesmo, agradeço em especial a Elizete, pelas horas dedicadas à
minha criação e por todo amor e carinho me dado, essa conquista também é sua!

Ao meu primo, Felipe, o qual tenho como irmão, por todos os momentos vividos e por ser o
melhor ouvinte dos meus problemas e histórias, por ter me incentivado a continuar trilhando
esse caminho mesmo quando eu dizia não mais aguentar. Você é um exemplo de
determinação e dedicação, e para sempre, meu melhor amigo.

Aos meus amigos, que sem dúvida alguma tornaram essa jornada mais alegre, divertida e
fácil, agradeço por tudo que vivemos juntos, em especial aos momentos engraçados, que nos
rende muitas risadas ainda hoje quando nos reunimos, agradeço a todos vocês, Cláudia,
Maryane, Gabriel e Boniex, com todo meu coração!
À Alpe Engenharia, por todo o conhecimento e aprendizado passados e despertarem em mim
o desejo de ser sempre a melhor versão de mim mesma, por todos momentos inesquecíveis
vividos ao lado de cada alpinista, e por terem me proporcionado a melhor experiência por
mim vivida dentro da Universidade.

Aos meus professores orientadores, Prof.ª Mayara e Prof. Me. Rosendo por terem aceitado o
convite de me guiarem rumo ao final desse ciclo que se encerra.

A banca de defesa, por aceitarem o convite e contribuírem para o enriquecimento desse


trabalho.

Aos professores e professoras que tive a oportunidade de ter durante toda a minha formação, o
trabalho de vocês transforma vidas e realidades, parabéns!

Ao universo, por ter me dado a oportunidade de poder contar com pessoas maravilhosas em
minha vida, aqui citadas, como também as não citadas, e que me ajudaram direta ou
indiretamente na construção e conquista desse sonho, e por conspirar a meu favor mesmo
quando tudo parecia que não daria certo.
RESUMO

Com o desenvolvimento dos estudos relacionados à segurança contra incêndio, cresce a


preocupação em se conhecer não somente as causas, como também os efeitos provenientes da
ação do fogo. A engenharia civil busca projetar edificações que garantam o bom uso, conforto
e segurança para o usuário, sedo assim, torna-se relevante o estudo do dimensionamento de
elementos estruturais capazes de suportarem a atuação do fogo sobre elas decorrentes de um
sinistro, reduzindo-se os riscos de ruínas e assegurando que os mesmos resistam ao tempo
necessário para que seja realizada a evacuação das pessoas presente no local de situação de
incêndio. A utilização de estruturas de aço na construção civil apresenta vantagens tais como,
facilidades construtivas e consequente rapidez da execução, e são frequentemente associadas
a estruturas leves, entretanto, o aço mostra-se ser um material sensível quando expostos a
altas temperaturas. Na busca de evitar danos as peças metálicas em situação de incêndio, são
empregados métodos construtivos que se baseiam na aplicação de materiais de proteção
passiva, de maneira a proteger e aliviar os efeitos do fogo sobre a peça, garantindo assim a
devida proteção do elemento. O presente trabalho tem por objetivo desenvolver uma planilha
de dimensionamento de elementos estruturais metálicos sujeito a situação de incêndio, na
busca da espessura ótima da camada de material utilizados na proteção de peças submetidas a
ações de flexo-compressão e flexão, através do software Excel, e assim obter-se economia
com custos provenientes da aplicação de material de proteção evitando seu desperdício. Foi
observada a influência da rigidez dos perfis na determinação da necessidade do uso de
proteção passiva, sendo que em perfis mais rígidos eram dispensadas essa proteção, analisou-
se também que peças que apresentam temperatura crítica próxima da temperatura do aço,
possuem valores baixos para o coeficiente redutor da resistência ao escoamento do aço,
reduzindo assim sua resistência, e ainda foi possível verificar que a escolha do material de
proteção a ser utilizado possuí influência na escolha do perfil, pois durante uma mesma
simulação o perfil foi reprovado para a escolha de argamassa projetada, e aprovado quando a
proteção foi substituída para placa de gesso.

Palavras-chave: Estruturas. Aço. Incêndio. Otimização. Proteção Passiva.


ABSTRACT

With the development of studies related to fire safety, there is a growing concern to know not
only the causes, but also the effects of fire action. Civil engineering seeks to design buildings
that guarantee the good use, comfort and safety for the user, so it is relevant to study the
sizing of structural elements capable of supporting the fire performance on them resulting
from an accident, reducing risk of ruins and ensuring that they withstand the time required for
evacuation of people present in the fire local. The use of steel structures in construction has
advantages such as ease of construction and consequent speed of execution, and are often
associated with lightweight structures, however, steel proves to be a sensitive material when
exposed to high temperatures. In order to avoid damage to metal parts in a fire situation,
construction methods are employed that rely on the application of passive protection materials
in order to protect and alleviate the effects of fire on the parts, thus ensuring proper protection
of the element. The present work aims to develop a worksheet of sizing of metallic structural
elements subject to fire situation, in search of the optimum thickness of the material layer
used in the protection of parts subjected to flexion-compression and flexion actions, using
Excel software thus saving costs with the application of protective material avoiding its waste.
It was observed the influence of the rigidity of the profiles in the determination of the
necessity of the use of passive protection, and in more rigid profiles this protection was
dispensed, it was also analyzed that parts that present critical temperature near the steel
temperature, have low values for reducing coefficient of yield strength of the steel, thus
reducing its resistance, and it was also possible to verify that the choice of the protective
material to be used had influence on the choice of the profile, because during the same
simulation the profile was rejected for the choice of projected mortar, and approved when the
protection has been replaced for plasterboard.

Keywords: Structure. Steel. Fire. Optimization. Passive Protection.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Triângulo do fogo ................................................................................................ 16


Figura 2 – Tetraedro do fogo ................................................................................................ 17
Figura 3 – Curva de evolução do incêndio celulósico ........................................................... 18
Figura 4 – Curva temperatura de um modelo de incêndio natural ......................................... 19
Figura 5 – Curva temperatura de um modelo de incêndio-padrão ......................................... 20
Figura 6 – Incêndio no Museu Nacional do Brasil ................................................................ 22
Figura 7 – Tempo equivalente aplicado a estruturas de aço................................................... 25
Figura 8 – Diagrama tensão-deformação a temperaturas elevadas para o aço classe 43 ........ 27
Figura 9 – Tempo médio para alguns tipos de elementos de seção I atingirem 550°C ........... 28
Figura 10 – Gráfico da utilização da proteção térmica em elementos de aço ......................... 35
Figura 11 – Proteções inicialmente utilizadas nas estruturas de aço ...................................... 36
Figura 12 – Argamassa projetada em viga de aço ................................................................. 38
Figura 13 – Efeito do aquecimento sobre a tinta intumescente. ............................................. 40
Figura 14 − Valores do coeficiente parcial de segurança ...................................................... 42
Figura 15 – Valores limites de b/t em chapas componentes de perfil em compressão axial ... 43
Figura 16 – Parâmetro de flambagem (k).............................................................................. 46
Figura 17 – Perfil I ............................................................................................................... 55
Figura 18 – Fluxograma do funcionamento do programa. ..................................................... 56
Figura 19 – Aba cadastro ..................................................................................................... 57
Figura 20 – Aba menu .......................................................................................................... 58
Figura 21 – Aba pilares ........................................................................................................ 58
Figura 22 – Aba vigas .......................................................................................................... 59
Figura 23 – Saída de dados................................................................................................... 59
Figura 24 – Pórticos transversais utilizados para análise estrutural ....................................... 60
Figura 25 – Dados de entrada do perfil CS 300x115 ............................................................. 61
Figura 26 – Dados do perfil CS 300x115 .............................................................................. 62
Figura 27 – Dados de entrada para o perfil laminado W 150x13,0. ....................................... 64
Figura 28 – Verificação do perfil laminado W 150x13,0 quanto à temperatura ..................... 65
Figura 29 – Verificação do perfil laminado W 150x13,0 quanto aos esforços solicitantes ..... 65
Figura 30 – Dados de entrada para o perfil laminado W 610x174,0 ...................................... 66
Figura 31 – Verificação do perfil laminado W 610x174,0 quanto à temperatura ................... 66
Figura 32 – Verificação do perfil laminado W 610x174,0 quanto aos esforços solicitantes ... 67
Figura 33 – Dados de entrada para o perfil laminado W 360x79,0 ........................................ 68
Figura 34 – Verificação do perfil laminado W 360x79,0 quanto à temperatura ..................... 68
Figura 35 – Verificação do perfil laminado W 360x79,0 quanto aos esforços solicitantes ..... 69
Figura 36 – Verificação da combinação de esforços do perfil laminado W 360x79,0 ............ 69
Figura 37 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 350x89,0 ......................................... 70
Figura 38 – Verificação do perfil soldado CS 350x89,0 quanto à temperatura ...................... 70
Figura 39 – Verificação dos esforços solicitantes e da combinação desses esforços no perfil
soldado CS 350x89,0 ........................................................................................................... 71
Figura 40 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 250x66,0 e TRRF de 30 minutos. .... 72
Figura 41 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto à temperatura e TRRF de 30
minutos. ............................................................................................................................... 73
Figura 42 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto aos esforços solicitantes e
TRRF de 30 minutos. ........................................................................................................... 73
Figura 43 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 250x66,0 e TRRF de 60 minutos. .... 74
Figura 44 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto à temperatura e TRRF de 60
minutos. ............................................................................................................................... 75
Figura 45 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto aos esforços solicitantes e
TRRF de 60 minutos. ........................................................................................................... 75
Figura 46 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 600x250 e TRRF de 90 minutos. ..... 76
Figura 47 – Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto à temperatura, TRRF de 90
minutos e utilização de argamassa projetada como proteção contra incêndio. ....................... 77
Figura 48 - Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto aos esforços solicitantes, TRRF
de 90 minutos e utilização de argamassa projetada como proteção contra incêndio. .............. 77
Figura 49 – Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto à temperatura, TRRF de 90
minutos e utilização de placa de gesso como proteção contra incêndio. ................................ 78
Figura 50 – Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto aos esforços solicitantes, TRRF
de 90 minutos e utilização de placa de gesso como proteção contra incêndio ........................ 78
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Exigências de TRRF ........................................................................................... 24


Tabela 2 - Coeficientes γg para ações permanentes diretas consideradas separadamente ....... 33
Tabela 3 - Coeficientes γg para ações permanentes diretas agrupadas ................................... 34
Tabela 4 – Vantagens e desvantagens de alguns sistemas de proteção comuns ..................... 37
Tabela 5 – Expressões do fator Qs, aplicáveis a placas não enrijecidas ................................. 45
Tabela 6 – Fator de redução para a resistência ao escoamento de seções sujeitas à flambagem
local ..................................................................................................................................... 52
Tabela 7 – Fator de redução para a resistência ao escoamento de seções não sujeitas à
flambagem local................................................................................................................... 53
Tabela 8 – Comparação entre os resultados obtidos pela planilha Steel Fire Protection
Optimization (SFPO) e Martins ............................................................................................ 62
Tabela 9 – Resultados obtidos pela planilha Steel Fire Protection Optimization (SFPO) para
simulação em pilares ............................................................................................................ 72
Tabela 10 - Resultados obtidos pela planilha Steel Fire Protection Optimization (SFPO) para
simulação em pilares ............................................................................................................ 79
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% – Porcentagem
°C – Grau Celsius
m – Metro
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnica
AISC - American Institute of Steel Construction
FLA - Flambagem local da alma
FLM - Flambagem local da mesa
ISO - International Organization for Standardization
NBR - Norma Brasileira Regulamentadora
SCI - Segurança Contra Incêndio
SFPO – Steel Fire Protection Optimization
TRRF - Tempo Requerido de Resistência ao Fogo
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ...................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 15
1.2.1 Geral............................................................................................................... 15
1.2.2 Específicos ..................................................................................................... 15
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 16
2.1 O INCÊNDIO ........................................................................................................ 16
2.1.1 Modelo de incêndio natural ............................................................................. 19
2.1.2 Modelo de incêndio-padrão ............................................................................. 19
2.2 PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ...................................... 21
2.2.1 Segurança à vida ............................................................................................. 21
2.2.2 Segurança da edificação .................................................................................. 22
2.3 TEMPO REQUERIDO DE RESISTÊNCIA AO FOGO - TRRF............................ 23
2.3.1 Método tabular................................................................................................ 24
2.3.2 Método equivalente......................................................................................... 25
2.4 O EFEITO DAS ALTAS TEMPERATURAS ........................................................ 26
2.4.1 Desempenho do aço sob incêndio ................................................................... 27
2.5 AÇÕES E SEGURANÇA EM ESTRUTURAS ..................................................... 29
2.5.1 Estados Limites .............................................................................................. 29
2.5.2 Ações.............................................................................................................. 30
2.5.3 Combinações de ações .................................................................................... 31
2.6 MATERIAIS DE REVESTIMENTO TÉRMICO UTILIZADOS COMO
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO ................................................................................ 34
2.6.1 Materiais Projetados ....................................................................................... 38
2.6.1.1 Argamassa projetada ................................................................................... 38
2.6.1.2 Fibra projetada ............................................................................................ 39
2.6.1.3 Argamassa projetada à base de Vermiculita ................................................. 39
2.6.2 Materiais Rígidos ............................................................................................ 39
2.6.2.1 Placa de gesso acartonado ........................................................................... 39
2.6.2.2 Placas de lã de rocha ................................................................................... 40
2.6.3 Tintas Intumescentes....................................................................................... 40
3. METODOLOGIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO E
VERIFICAÇÃO DE ELEMENTOS METÁLICOS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO . 41
3.1 NBR 8800:2008 – PROJETO DE ESTRUTURAS DE AÇO E DE ESTRUTURAS
MISTAS DE AÇO E CONCRETO DE EDIFÍCIOS ......................................................... 41
3.1.1 Dimensionamento à compressão ..................................................................... 41
3.1.1.1 Flambagem local e global ............................................................................ 42
3.1.2 Dimensionamento à flexão .............................................................................. 47
3.1.2.1 Momento fletor resistente de cálculo para vigas de alma não-esbelta ........... 48
3.1.2.2 Momento fletor resistente de cálculo para vigas de alma esbelta .................. 49
3.2 NBR 14323:2013 – DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE AÇO E DE
ESTRUTURAS MISTAS AÇO-CONCRETO DE EDIFÍCIOS EM SITUAÇÃO DE
INCÊNDIO ...................................................................................................................... 50
3.3 PERFIS UTILIZADOS .......................................................................................... 55
3.4 OTIMIZAÇÃO ...................................................................................................... 55
3.5 VERIFICAÇÕES ................................................................................................... 56
3.6 STEEL FIRE PROTECTION OPTIMIZATION....................................................... 57
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 60
4.1 VALIDAÇÃO DA PLANILHA STEEL FIRE PROTECTION OPTIMIZATION
PARA AÇÕES DE FLEXÃO E COMPRESSÃO ............................................................. 60
4.1.1 Simulações em pilares..................................................................................... 64
4.1.2 Simulações em vigas ....................................................................................... 72
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 80
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 82
13

1. INTRODUÇÃO

Projetar as edificações para atender ao uso, conforto e segurança são as principais


atribuições que a engenharia civil busca contemplar. O dimensionamento das estruturas
sujeitas a situações de incêndio tem por objetivo reduzir os riscos de ruína, de forma a
assegurar que essas, consigam resistir o período de tempo necessário para que a evacuação
das pessoas presentes seja realizada com segurança, em caso de ocorrência de um sinistro.

A preocupação de se conhecer os efeitos resultantes que uma eventual situação de


incêndio possa gerar nas estruturas é bastante recente no Brasil se comparada a realidade dos
países desenvolvidos. Segundo Seito et al. (2008), a segurança contra incêndio (SCI) é
internacionalmente apontada como uma ciência sendo, portanto, uma área de pesquisa,
desenvolvimento e ensino.

A ocorrência de casos de grandes incêndios, despertou a necessidade da


implementação de normas que regulamentassem e auxiliassem engenheiros e projetistas no
estudo de mais uma consideração a ser adotada, relacionada à ocorrência de um possível
incêndio. Vasconcelos (2009) afirma que deve ser analisado que o acréscimo dos efeitos de
incêndio em uma estrutura, atua de forma diferente, sendo exigido maiores dimensões das
seções das peças sejam elas confeccionadas de concreto, aço ou mistas, quando requerido que
as mesmas resistam aos efeitos totais do evento.

O emprego do aço na construção civil é amplamente difundido em países mais


desenvolvidos. O aço apresenta como principais vantagens de utilização às facilidades
construtivas, que proporcionam um aumento na rapidez da execução da edificação, associada
com estruturas mais leves. Dessa forma, possuem a capacidade de vencer grandes vãos, e
ainda, compõem fundações que apresentam dimensões bem menos significativas em
comparação aos demais sistemas de estruturas de fundações. Contudo, o aço apresenta alta
condutibilidade térmica e absorção de temperatura com a adição de calor quando comparado a
outros diversos materiais utilizados na construção.

Associada a esse conjunto de propriedades inerentes ao aço, observa-se uma rápida


perda de resistência e elasticidade que se acentua com o aumento da temperatura. É nesse
contexto que se apresenta o estudo da relevância da utilização de uma camada protetora que
envolva a estrutura de aço, na busca de minimizar os possíveis danos as peças estruturais em
14

decorrência de um incêndio, bem como, a definição dos parâmetros que irão determinar a
melhor solução para que seja garantida a segurança estrutural.

Levando-se em conta esse panorama, pretende-se estudar o dimensionamento de perfis


metálicos sujeitos a situações de incêndio, bem como, a determinação ótima da espessura que
atuará como camada de proteção das estruturas. Essas análises buscam auxiliar na verificação
do dimensionamento de perfis metálicos em situação de incêndio, visando garantir a
segurança estrutural para os usuários das edificações em caso de algum sinistro.

1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

Verifica-se que na formação de arquitetos e engenheiros tem se dado pouca ênfase e


relevância para segurança contra incêndio (SCI) nas edificações. Os profissionais com esse
déficit em suas formações serão os mesmos que projetarão, construirão e aprovarão os
projetos, pondo em risco a SCI das construções.
Segundo Seito et al (2008), a demanda por engenheiros, pesquisadores e técnicos em
SCI vem se tornando cada vez mais crescente, e no momento existe falta de mão de obra no
mercado. A legislação e os códigos de SCI vêm sendo substituídas e aprimoradas, de forma a
garantir uma maior segurança dos usuários das edificações.
Tendo em vista esse cenário, o estudo do dimensionamento de edificações por
profissionais que se atentem as normas e ao comportamento das estruturas submetidas a
situação de incêndio, contribui para a prevenção de ocorrência de sinistros, bem como, para a
segurança das vidas e perdas com incêndio.
Portanto, justifica-se o estudo de análise de estruturas ótimas, capazes de servirem as
condições normais de esforços, bem como, atenderem as demandas previstas em normas,
específicas para situações de incêndio.
15

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Propor a otimização da espessura do material utilizado para proteção contra incêndio


em elementos de estruturas metálicas submetidas a flexo-compressão (Pilar) e flexão (Viga).

1.2.2 Específicos

 Explicitar a importância do estudo à cerca da proteção contra incêndio em estruturas


metálicas através de literaturas;

 Apresentar o dimensionamento e a verificação de elementos em estruturas metálicas


em situação de incêndio de acordo com a norma vigente;

 Implementar um programa para o cálculo de otimização da espessura do material


utilizado como camada protetora contra incêndio em elementos estruturais metálicos.
16

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O INCÊNDIO

“Incêndio é a combustão rápida disseminando-se de forma descontrolada no tempo e


no espaço” (International Organization for Standardization – ISO 8421-1, 1987). Os
incêndios são eventos que oferecem grande risco à vida, e que podem acarretar em
significativas perdas de patrimônio material. Tendo em vista essa problemática, observa-se
um grande crescente das exigências quanto a segurança contra incêndio. As pesquisas e
estudos nessa área vem obtendo cada vez mais relevância, que refletem no aprimoramento de
normas e códigos relacionados a prevenção de combate a incêndio.

De acordo com Ferigolo (1977, p. 11) “para fazermos uma prevenção de incêndio
adequada é necessário primeiro colocarmos o fogo sob todos os seus aspetos: sua
constituição, suas causas, seus efeitos e, principalmente, dominá-lo”. O fogo é o produto de
uma reação química denominada de combustão, caracterizada pela liberação de luz e calor.

Para que ocorra a reação de combustão, se faz necessário a presença simultânea de


três elementos essenciais em proporções adequadas, são esses: combustível, calor e
comburente (oxigênio). Esses elementos, compõem a clássica ilustração do triângulo do fogo
(Figura 1).

Figura 1 - Triângulo do fogo

Fonte: Manual de Prevenção Contra Incêndio (1986).


17

A representação do fogo através do triângulo do fogo é uma forma didática de análise,


na realidade existe um quarto elemento necessário para que o fogo se mantenha: a reação
química em cadeia. Dessa forma, a representação mais adequada é a do tetraedro do fogo
(Figura 2).

Figura 2 – Tetraedro do fogo

Fonte: Ferigolo (1977, p. 14).

A reação química em cadeia trata-se da transferência de energia de uma molécula em


combustão para outra. Após iniciada a fase de combustão, os combustíveis geram mais calor.
O calor liberado irá gerar o desprendimento de mais gases combustíveis que em combinação
com o oxigênio do ar, proporciona a continuidade da reação de combustão.

Para Ferigolo (1977, p. 20), as causas de um incêndio podem ser classificadas em três
grupos:

 Causas naturais: que não dependem da ação humana. Ex.: raios, calor solar,
vulcões, combustão espontânea, etc.

 Causas acidentais: de natureza muito variável. Ex.: eletricidade, balões, chamas


expostas, etc.

 Causas criminosas: de ocorrência premeditada. Ex.: queima de arquivos,


fraudes para receber seguro, crimes passionais, etc.

De acordo com Seito et al. (2008), não é possível ocorrer dois incêndios iguais, pois
muitos são os fatores que concorrem para o seu início e desenvolvimento, podendo-se citar:

 Forma geométrica e dimensões da sala ou local;


 Superfície específica dos materiais combustíveis envolvidos;
18

 Distribuição dos materiais combustíveis no local;


 Quantidade de material combustível incorporado ou temporário;
 Características de queima dos materiais envolvidos;
 Local do início do incêndio no ambiente;
 Condições climáticas (temperatura e umidade relativa);
 Aberturas de ventilação no ambiente;
 Abertura entre ambientes para a propagação do incêndio;
 Projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício;
 Medidas de prevenção de incêndio existentes;
 Medidas de proteção contra incêndio instaladas.

Em sua maioria, o incêndio inicia-se pequeno e sua evolução dependerá do primeiro


objeto ignizado, das características do comportamento ao fogo dos materiais próximos ao
entorno do objeto e sua distribuição no ambiente. Esse fenômeno apresenta certo padrão de
evolução que pode ser identificado (Figura 3).

Figura 3 – Curva de evolução do incêndio celulósico

Fonte: Seito at al (2008, p. 44).

Em situações na qual se faz necessária a verificação ao fogo, o incêndio é representado


por meio da curva que relaciona a temperatura média dos gases no ambiente em chamas e o
19

tempo. É através dessa curva que se obtém os parâmetros para o dimensionamento das
estruturas (ALBUQUERQUE, 2012).

2.1.1 Modelo de incêndio natural

O modelo de incêndio natural simula a real situação do ambiente em chamas, entretanto


sua aplicação na verificação de estruturas submetidas a incêndio não é usual. Segundo
Albuquerque (2012) tal fato ocorre essencialmente porque a determinação da curva por
intermédio de ensaios ou equações se torna extremamente complexa devido ao grande número
de variáveis que são associadas a particularidades de cada situação em estudo.

Figura 4 – Curva temperatura de um modelo de incêndio natural

Fonte: Albuquerque (2012).

A Figura 4 apresenta a curva temperatura de um modelo de incêndio padrão natural.


Em situações que se deseje utilizar essa curva como parâmetro de projeto, o mesmo realismo
deve ser também considerado para a realização da análise estrutural. Entretanto, como os
estudos das estruturas submetidas a situação de incêndio ainda é bastante recente, os
conhecimentos e entendimentos necessários ainda se tornam insuficiente para adotar-se essa
prática.

2.1.2 Modelo de incêndio-padrão


20

Tendo em vista que o modelo de incêndio natural é bastante complexo de ser obtido e
pouco usual, convencionou-se adotar um modelo simplificado para a determinação da curva
temperatura-tempo. Conhecida como curva de incêndio-padrão (Figura 5), tem como
característica principal, sempre considerar a temperatura crescente com o tempo. Destaca-se
assim que essa curva não corresponde à situação real de incêndio é apenas um modelo prático
para efeito de projeto (ALBUQUERQUE, 2012).

Figura 5 – Curva temperatura de um modelo de incêndio-padrão

Fonte: Albuquerque (2012).

A ABNT NBR 14432:2001, tendo como base a ISO 834 (1999), estabelece a equação (1)
para a determinação da temperatura dos gases para instante de tempo estabelecido.

(Eq. 1)

Em que:

t = tempo [min];

θ0 = temperatura do ambiente antes do início do aquecimento [°C];

θ = temperatura dos gases no instante t [°C].

De modo usual, adota-se o valor de 20°C para a temperatura ambiente.


21

2.2 PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

As tendências da engenharia atual são de conferir ainda mais segurança aos usuários
de seus produtos (VASCONCELOS, 2009). Visando o conforto e a certeza de utilizar-se um
ambiente mais seguro, seja no âmbito de trabalho ou habitacional, e assim, proporcionar uma
maior tranquilidade aos mesmos.

A segurança quanto a situação de incêndio, que já dispunha em regime normativo, a


disposição de elementos que atuam no combate ao incêndio, somente em 2003, teve a
primeira versão da norma lançada, a qual indica a metodologia aceita para que se obtenha os
resultados da análise de uma estrutura a situação de incêndio, a NBR 14323 – Projeto de
estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio.

De acordo com Bonitese (2007 apud PURKISS, 1996), a segurança contra incêndio é
definida como a aplicação dos princípios científicos de engenharia para os efeitos do fogo,
com finalidade de minimizar as perdas relacionadas a vida e à propriedade, por meio da
quantificação dos riscos e perigos envolvidos, na busca da solução ideal para a aplicação de
medidas preventivas ou ativas.

2.2.1 Segurança à vida

Todos os edifícios devem ser projetados de forma que, na ocorrência de um incêndio,


possibilite aos ocupantes permanecer no local onde se encontram, evacuar para outra parte do
edifício que ofereça segurança relativa, ou evacuar totalmente do edifício sem estarem
submetidos a condições insalubres, perigosas ou insustentáveis (BONITESE, 2007).

No que diz respeito a segurança do usuário de uma edificação, devem-se evidenciar os


principais fatores que possam vir a representar algum risco a integridade física o mesmo, no
período em que se desenvolve o incêndio (VASCONCELOS, 2009).

No caso do incêndio, as principais causas de danos à vida são decorrentes da fumaça e


do calor gerados pelo fogo. Tais riscos podem ser expressos em termos de tempo requerido
para se atingir níveis perigosos de fumaça, temperatura e ou gases tóxicos, mediante ao tempo
de escape gasto pelos ocupantes da área que apresenta perigo. Dessa maneira, é importante
22

alertar a população para possíveis situações de incêndio, proporcionar saídas com escape
suficientes e permitir que a fumaça ou fogo não afete os ocupantes durante a evacuação para
local que não apresente perigo.

2.2.2 Segurança da edificação

Quando se fala em segurança da edificação, deve-se garantir a integridade estrutural da


mesma (VASCONCELOS, 2009). Uma das razões para que se busque assegurar estabilidade
doas edificações, diz respeito a preocupação com a preservação dos objetos e equipamentos
que se encontram presentes na construção.

A depender da edificação, o conteúdo alocado em seu interior possui valor


inestimável, ocasionando prejuízos financeiros ou/e danos irreparáveis para a riqueza
patrimonial até mesmo de um país, a exemplo disso, tem-se o incêndio ao museu nacional
(Figura 6), localizado no Rio de Janeiro, o qual ocasionou a perca de um acervo
importantíssimo para a história do Brasil e do mundo.

Figura 6 – Incêndio no Museu Nacional do Brasil

Fonte: Istoé (2018).


23

A segurança da propriedade envolve a proteção da estrutura da edificação e todo seu


conteúdo. A garantia dessa proteção deve também ser aplicada aos edifícios vizinhos, com
intuito de evitar maiores prejuízos financeiros e risco a vida das pessoas situadas ao entorno
do local de ocorrência do sinistro.

De acordo com Vargas e Silva (2003), quando se tem a condição generalizada do


incêndio, deve-se haver uma maior preocupação, esse fenômeno é internacionalmente
conhecido como flashover. Nesse instante, pode ser observada uma rápida propagação das
chamas, bem como o rompimento de janelas, explosões dentre outros fenômenos. Antes do
flashover a estrutura geralmente não apresenta risco de colapso, seja ela de aço ou concreto.

Por medida se segurança estrutural, costuma-se admitir a ocorrência do flashover e


então proceder o dimensionamento das estruturas para essa situação, e recorrendo ao uso de
proteção passiva (aplicação de materiais de proteção térmica em elementos de aço isolados),
evitando assim, o colapso da estrutura, porém não chegando a impedir possíveis danos, a
depender da severidade do incêndio (VARGAS E SILVA, 2003).

Para Bonitese (2007), a segurança da edificação também está intimamente ligada às


propriedades dos materiais empregados. Dessa forma, o comportamento dos materiais de
construção empregados ao fogo, não depende somente de sua natureza, como também de sua
aplicação.

2.3 TEMPO REQUERIDO DE RESISTÊNCIA AO FOGO - TRRF

O tempo requerido de resistência ao fogo – TRRF, consiste no tempo mínimo que


pilares, vigas ou lajes devem resistir quando submetidos ao modelo de incêndio-padrão de
aquecimento (ABNT NBR 14432:2001). O TRRF não representa a curva temperatura-tempo
de um incêndio ideal, trata-se de um modelo de curva padronizada, e seu tempo é utilizado
apenas para verificação de projeto e dimensionamento do material de revestimento contra o
fogo.

A exigência de resistência ao fogo é estabelecida em forma de tempo, através do


TRRF ou tempo equivalente. Os tempos são preestabelecidos pela NBR 14432:2001 entre 30
e 120 minutos, com intervalos de 30 minutos, em função da altura da edificação, da ocupação
do edifício, da área do pavimento, das medidas de proteção ativa disponíveis, etc. A medida
24

em que o risco à vida é considerado maior, em decorrência da ocupação e/ou altura do


edifício, a exigência se torna cada vez maior, e por consequência, o tempo requerido de
resistência ao fogo aumenta.

O valor do TRRF exigido para que os elementos construtivos sejam dimensionados, é


dependente do tipo de uso ou ocupação e da altura da edificação, sendo importante salientar
que o TRRF é função do risco de incêndio. As normas exigem segurança dos elementos à
temperatura por um tempo determinado, TRRF, associado a curva padrão de elevação de
temperatura. O tempo requerido pode ser determinado através de dois métodos, o tabular e o
método do tempo equivalente.

2.3.1 Método tabular

O método tabular, de forma empírica determina o TRRF de acordo com esse método,
o tempo requerido poderia ser calculado utilizando-se formulações e conceitos científicos
rigorosos, porém, se tornaria um processo bastante trabalhoso e necessário a avaliação para
cada edifício, levando em consideração as particularidades do mesmo.

A Tabela 1, apresenta um resumo das recomendações de TRRF na NBR 14432 para


algumas ocupações e alturas de edificações.

Tabela 1 – Exigências de TRRF

Altura da edificação
Classe Classe P2 Classe P3 Classe P4 Classe
Ocupação/uso
P1 h ≤ 6m< h ≤ 12m< h ≤ 23m <h ≤ P5 h >
6m 12m 23m 30m 30m
Residencial 30 30 60 90 120
Hotel 30 60(30) 60 90 120
Supermercado 60(30) 60(30) 60 90 120
Escritório 30 60(30) 60 90 120
Shopping 60(30) 60(30) 60 90 120
Escola 30 30 60 90 120
Hospital 30 60 60 90 120
Igrejas 60(30) 60 60 90 120
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 14432 (2001).
25

Embora o conceito do TRRF se aplique em vários países, os valores


estabelecidos variam conforme cada país. Na Nova Zelândia o TRRF máximo é de 60
minutos, já nos Estados Unidos o TRRF pode atingir 180 minutos para pilares de edifícios
altos e no Reino Unido o TRRF máximo é de 120 minutos. No Japão o TRRF em edifícios
que apresentam grandes alturas, é maior para os pavimentos inferiores e menor para os
pavimentos superiores (VARGAS E SILVA, 2003).

2.3.2 Método equivalente

O método do tempo equivalente consiste no cálculo da temperatura do elemento


estrutural a partir da curva-padrão para um determinado tempo fictício, denominado tempo
equivalente, que corresponde a máxima temperatura do elemento, com base na curva natural
(COSTA, 2008).

Figura 7 – Tempo equivalente aplicado a estruturas de aço

Fonte: Botinese (2007).


26

Conforme observado (Figura 7), a curva temperatura-tempo do incêndio-padrão


apresenta crescimento contínuo. Sabe-se, no entanto, que no incêndio real, representado pelo
modelo de incêndio natural, a temperatura dos gases e do aço atinge um valor máximo caindo,
em seguida, gradativamente.

Esse método relaciona a máxima temperatura do aço, no incêndio natural (real), ao


tempo associado a essa mesma temperatura na curva de incêndio-padrão. Através do tempo
equivalente, previamente calculado, determina-se, na curva do incêndio-padrão, a temperatura
do aço que corresponderá a sua máxima temperatura no incêndio real. Tendo-se calculada
essa temperatura, pode-se dimensionar a estrutura em situação de incêndio (VARGAS E
SILVA, 2003).

2.4 O EFEITO DAS ALTAS TEMPERATURAS

Quando se trata da análise de uma estrutura, a variação de temperatura provoca alguns


efeitos diferentes. Apresenta interferência direta tanto nos materiais constituintes do elemento
estrutural quanto a forma que o mesmo possa vir a possuir. Os efeitos são descritos
considerando os seguintes formatos:

 Elemento Linear ou de Barra, correspondendo a um elemento tridimensional, em que


uma das três dimensões se sobressai quando comparada as outras. Na engenharia, essa
dimensão principal é tratada como segmento longitudinal do elemento estrutural. Na
Engenharia Civil, as principais utilizações desses elementos são como vigas e pilares,
em estruturas de aço e concreto armado, existindo também elementos de barra em
treliças como adicional às vigas e pilares formados por estruturas metálicas. Na
ocorrência da variação de temperatura sobre esse tipo de elemento, modificando sua
dimensão principal, diz-se que aconteceu uma variação linear do comprimento da
peça.
 Elemento de placa e/ou casca: quando o elemento tridimensional, possui o segmento
longitudinal considerável, e mais alguma das faces de sua seção transversal passa a ter
influência considerável no elemento também. A principal utilização desses elementos
é em lajes e coberturas, podendo ser encontrados em estruturas metálicas e de concreto
armado. Quando existe variação de temperatura sobre esse tipo de elemento, duas das
27

dimensões da peça estrutural passa a modificar-se significativamente, ocorre então


uma variação superficial da peça.
 Elemento Sólido: quando o elemento estrutural possui as três dimensões significantes.
São principais constituintes desses elementos as peças utilizadas em fundações de
concreto armado (blocos, sapata, etc). Quando a temperatura varia sobre esse tipo de
elemento passando a modificar suas dimensões iniciais, diz-se que ocorreu uma
variação volumétrica da peça estrutural.

2.4.1 Desempenho do aço sob incêndio

Alguns materiais como o concreto e a alvenaria podem ter suas propriedades


comprometidas quando submetidos a altas temperaturas, o aço consegue manter sua
integridade básica (SOUZA, 1998).

Entretanto, sob condições de incêndio, todos os materiais que compõem uma


edificação perdem a rigidez e a resistência, e também se expandem. Segundo Souza (1998), a
perda da resistência do aço pode ser representada pela variação das curvas de tensão-
deformação com a temperatura (Figura 8).

Figura 8 – Diagrama tensão-deformação a temperaturas elevadas para o aço classe 43

Fonte: Souza (1998).


28

Através de uma análise simplifica, considera-se que a perda da reserva de resistência


do aço seja atingida a 550°C (SOUZA, 1998). Pode-se ocorrer a incorporação de elementos
de liga como o cromo e molibdênio, que são capazes de manter a tensão de escoamento
requerida a valores acima de 600°C e não superiores à 700°C.

Levando-se em conta que outros materiais também perdem resistência de forma


semelhante, a leveza do aço, associada com sua boa condutibilidade térmica, propicia que o
mesmo atinja níveis de temperatura elevadas mais rapidamente. Uma abordagem tradicional
para assegurar o bom desempenho do aço sob condições de incêndio é revesti-lo de algum
material isolante (SOUZA, 1998).

O isolamento dos elementos possui relação direta com o tempo de resistência ao fogo
requerido pelas normas de incêndio. Dentre outros fatores, a proteção do aço irá depender, das
dimensões das peças na qual será aplicada. A taxa de aumento da temperatura de um elemento
de aço, além do tipo de proteção empregada, depende de sua massa e área de superfície. O
fator de massividade é o que representa essa taxa de aquecimento para determinada seção,
para elementos sem proteção é expresso pela razão entre a área de sua superfície por unidade
de comprimento exposta às chamas (Am) e sua massa por unidade de comprimento (que está
diretamente relacionada com seu volume por unidade de comprimento, Vm). Dessa forma,
como pode ser observado na Figura 9, barras que apresentam baixo fator de massividade irão
aquecer-se a taxas mais baixas.

Figura 9 – Tempo médio para alguns tipos de elementos de seção I atingirem 550°C

Fonte: Souza (1998).


29

No aço, todas as propriedades, com exceção da densidade, são fortemente


influenciadas pela temperatura. As propriedades mecânicas são responsáveis por definirem o
comportamento do aço submetidos a esforços mecânicos e correspondem às propriedades
determinante para resistir e transmitir os esforços que lhe são aplicados (BONITESE, 2007).

De acordo com informações do American Institute of Steel Construction (AISC, apud


BONITESE, 2007), a resistência ao escoamento do aço para uma temperatura de 538°C
corresponde a aproximadamente 60% do valor de resistência à temperatura ambiente. Dessa
forma, a tensão de projeto máxima permitida, limita-se a 60% da resistência de escoamento.

Por possuírem uma estrutura cristalina, o aço apresenta um padrão tridimensional


repetitivo do posicionamento de seus átomos durante o processo de solidificação. Todavia,
quando submetidos a altas temperaturas, suas estruturas cristalinas são modificadas. Quando o
aço tem sua resistência ao escoamento reduzida entre 30% e 40% de sua resistência ao
escoamento em temperatura ambiente, é possível que ocorram falhas antes que a estrutura
cristalina se transforme significativamente, caso os elementos sejam tensionados a níveis
próximos da tensão máxima permitida.

2.5 AÇÕES E SEGURANÇA EM ESTRUTURAS


2.5.1 Estados Limites

Compreende-se por estado limite o momento a partir do qual a estrutura não fornece o
desempenho adequado à finalidade empregada (VASCONVELOS, 2009). As finalidades são
definidas basicamente por Estados Limites Últimos (ELU) e Estados Limites de Serviço
(ELS).

Conforme estabelecido na ABNT NBR 8681:2003 - Ações e Segurança nas Estruturas,


entende-se por ELU a situação que invalida a utilização da estrutura parcialmente e/ou
completamente. No ELU, os coeficientes de segurança são utilizados tanto para o material que
será confeccionada a estrutura, quanto no carregamento aplicado a mesma. Esses coeficientes
são estabelecidos através de procedimento estatístico de variação dos carregamentos e das
propriedades dos materiais. As normas brasileiras existentes são as responsáveis por realizar
esses procedimentos, e assim fornecerem aos profissionais da engenharia as orientações
30

necessárias quanto aos coeficientes que precisam ser adotados para cada situação de
carregamento e/ou material.

Por ELS, compreende-se os estados que por ocorrência, repetição ou duração, causam
efeitos na estrutura que não atendem as condições específicas para o uso da construção
(VASCONCELOS, 2009). São utilizados como indicadores do comprometimento da
durabilidade da estrutura. Com os ELS, é possível considerar as deformações limites dos
elementos e realizar as verificações da estrutura em sua situação de serviço. Embora o estado
limite de serviço não comprometa as estruturas, pode trazer para o usuário desconforto
durante a utilização das mesmas.

Quando se trata do dimensionamento em situação de incêndio, a norma preconiza


apenas os estados limites últimos, uma vez que, com o aumento da temperatura acentuado,
ocorre a degradação das propriedades e perde-se o controle da deformação dos elementos
estruturais nessas condições. Estão estabelecidos apenas os critérios do tempo requerido de
resistência ao fogo como parâmetro que visa a segurança ao usuário quanto ao tempo
necessário para que ocorra a evacuação do local que se encontra em situação de incêndio.

2.5.2 Ações

As ações são as causadoras dos esforços ou deformações das estruturas. Elas são
responsáveis por obter uma maior atenção dos engenheiros na elaboração de um projeto
estrutural. Essa é uma fase do projeto que requer bastante estudo e análise, é de
responsabilidade do profissional identificar o tipo de ambiente, e então, juntamente com a
normalização brasileira (em caso de ausência de considerações não abordada no país, recorrer
a normas estrangeiras), definir os carregamentos atuantes na estrutura, garantindo a realização
de um dimensionamento seguro e confortável ao usuário. De maneira prática, as deformações
impostas são interpretadas como ações indiretas e as forças atuantes como ações diretas
(VASCONCELOS, 2009).

As ações a serem consideradas são tratadas da seguinte forma pela NBR 8681:2008

 Ações Permanentes: são aquelas que possuem pequenas variações em torno da


média de toda a vida útil da edificação.
31

 Ações Variáveis: ações que ocorrem com variações significativas em torno da


média durante a vida útil da estrutura.
 Ações Excepcionais: ações cuja variabilidade é intensa em torno da vida útil da
estrutura e com probabilidade mínima de ocorrência durante esse período.

Sob a orientação da NBR 14323:2013 o carregamento é tratado como excepcional para


a consideração dos ELU do dimensionamento de estruturas para a situação de incêndio. Esse
tipo de carregamento, no que diz respeito ao dimensionamento de estruturas, nem sempre é
considerado, embora tenha-se o conhecimento de seus possíveis efeitos nos materiais que
compõem os elementos estruturais.

Deve-se ter uma preocupação quanto a ocorrência de eventos dessa natureza em


estruturas que não haja a possibilidade da implementação de medidas preventivas ou
atenuantes contra os mesmos. Por tanto, realiza-se o dimensionamento para os ELU
averiguando-se as condições de segurança provenientes do efeito do carregamento em
conjunto ao efeito catastrófico que possa ser provocado na estrutura.

2.5.3 Combinações de ações

Além de se considerar os coeficientes de segurança nos carregamentos, bem como nos


materiais componentes das estruturas, é importante também tratá-los em conjunto, ou seja, em
situação combinada sobre a estrutura. Nesse caso, existe a consideração e que os mesmos não
atuem em suas condições extremas em conjunto durante todo o tempo de vida útil da
estrutura. Para isso, as suas interferências como atuantes em tempos alternados são analisadas.

Assim sendo, é feita a consideração da possibilidade de ocorrência dos carregamentos


em parcelas durante o tempo de vida útil da estrutura, e não em tempo integral. A NBR
8681:2008, estabelece coeficientes de tratamento estatístico para que se atenda essa condição,
e que possibilite os dados serem tratados, em condições de segurança, de forma mais próxima
da realidade possível.
32

São os coeficientes do tipo ᴪ, a depender do tipo de carregamento que a estrutura


esteja submetida, essas variáveis podem ser expressas de três formas, condicionadas à
seguinte representação:

 ᴪ0 para combinações voltadas aos ELU reduzindo cada respectiva ação


considerada secundária para as diversas combinações que devem ser
realizadas no processo de dimensionamento.
 ᴪ1 voltadas às combinações frequentes de carregamento caracterizadas pelos
ELS que tenham uma taxa de ocorrência da ordem de vezes para um
período estimado de 50 anos. Essas ocorrências são para os estados limites
reversíveis e que não causem danos permanentes aos componentes da
edificação.
 ᴪ2 para as combinações voltadas aos ELS que podem durar até a metade da
vida útil da estrutura, essas que podem interferir na aparência da edificação e
em efeitos de longa duração.

De acordo com a NBR14323 (2013), a princípio, as combinações de ações para os


estados limites últimos em situação de incêndio devem ser consideradas como combinações
últimas excepcionais e obtidas em concordância com a NBR 8681:2008. Nessa análise, as
ações transitórias excepcionais provenientes da elevação da temperatura na estrutura em
virtude do incêndio, são consideradas com um tempo de atuação muito pequeno. Podendo as
combinações de ações serem expressas de três formas:

 Em locais sem predominância de pesos de equipamentos que permaneçam


fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de
pessoas (por exemplo, edificações residenciais, de acesso restrito):

(Eq. 2)

 Em locais sem predominância de pesos de equipamentos que permaneçam


fixos por longos períodos de tempo, ou de elevadas concentrações de pessoas
(por exemplo, edificações comerciais, de escritório e de acesso ao público):
33

(Eq. 3)

 Em bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens:

(Eq. 4)

Em que:

FGi,k é o valor característico das ações permanentes diretas;

FQ,exc é o valor característico das ações térmicas decorrentes do incêndio;

FGk é o valor característico das ações variáveis decorrentes do uso e ocupação da


edificação;
γg é o valor do coeficiente de ponderação para as ações permanentes diretas, igual a
1,0 para ações permanentes favoráveis (Figura 10) ou, opcionalmente, para ações
permanentes desfavoráveis (Figura 11).

Tabela 2 - Coeficientes γg para ações permanentes diretas consideradas separadamente

Peso próprio de estruturas metálicas 1,10

Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,15

Peso próprio de estruturas moldadas no local 1,15

Elementos construtivos industrializados¹ 1,15

Elementos construtivos industrializados com adições “in loco” 1,20

Elementos construtivos em geral e equipamentos² 1,30

¹ Por exemplo: paredes e fachadas pré-moldadas, gesso acartonado.

² Por exemplo: paredes de alvenaria e seus revestimentos, contrapisos.

Fonte: Adaptado da ABNT NBR 14323 (2013).


34

Tabela 3 - Coeficientes γg para ações permanentes diretas agrupadas

Edificações onde as ações variáveis decorrentes do uso e ocupação superam 5 kN/m² 1,15

Edificações onde as ações variáveis decorrentes do uso e ocupação não superem 5 kN/m² 1,20

Fonte: Adaptado da ABNT NBR 14323 (2013).

2.6 MATERIAIS DE REVESTIMENTO TÉRMICO UTILIZADOS COMO PROTEÇÃO


CONTRA INCÊNDIO

A solução mais frequentemente empregada, visando evitar o aumento excessivo da


temperatura das estruturas de aço em situação de incêndio, é revesti-las por meio de materiais
de proteção térmica (VARGAS E SILVA, 2003).

Em termo gerais, os materiais de proteção térmica devem apresentar:

 Baixa massa específica aparente;


 Baixa condutividade térmica;
 Alto calor específico;
 Adequada resistência mecânica (quando exposto a impactos);
 Garantia de integridade durante a evolução do incêndio;
 Custo compatível.

Segundo Mendes (2004), os materiais utilizados como revestimento térmico devem


apresentar capacidade de proteção térmica para altas temperaturas, conservando sua
integridade durante o incêndio, sem causar aumento considerável no peso próprio da
estrutura.

Os materiais devem trabalhar acompanhando os deslocamentos, não apresentando


fissuras e/ou desprendimento, envolvendo a estrutura de forma homogênea e completa. A
presença de materiais nocivos à saúde não é permitida, por exemplo os asbestos, em função da
presença do amianto na sua composição química.

O material deve ainda apresentar durabilidade compatível com a vida útil da estrutura,
não havendo a necessidade de manutenção, entretanto, podendo possibilitar pequenos reparos
manuais, assegurando a adequada aderência. Não pode ser higroscópico, garantindo assim que
o aço não receba umidade, e se faz necessário a utilização de “primers” ou algum outro
35

produto anticorrosivo nas estruturas internas para que o processo de corrosão não seja
agravado.

A combustão e consequente propagação de chamas não devem ocorrer nestes


materiais. Não deve ser permitida a instalação e proliferação de insetos, em virtude disto,
devem ser formulados e produzidos com fungicidas e bactericidas (MENDES, 2004).

Segundo Pannoni (2007), um dos primeiros materiais utilizados como proteção


passiva teve sua patente registrada em 1722 na Inglaterra por David Hartley. Tratava-se de um
sistema de placa metálicas separadas por areia. Na época, o sistema foi instalado com muito
sucesso em muitas casas, como forma de prevenir que o incêndio se espalhasse de um andar
para outro. Foi assim então criado o primeiro sistema de compartimentação.

A maneira mais comumente utilizada para se proteger o aço contra o incêndio é a


proteção térmica de seus elementos estruturais (também conhecida como proteção passiva).
Existem uma variedade de materiais que são utilizados com esta finalidade, por exemplo,
argamassas projetadas, tintas intumescentes, mantas cerâmicas ou de lã de rocha basáltica,
gesso acartonado, entre outros.

Na Figura 10 temos um gráfico que nos mostra como funciona a proteção térmica
aplicadas nos elementos submetidos a situação de incêndio.

Figura 10 – Gráfico da utilização da proteção térmica em elementos de aço

Fonte: Pannoni (2007).

A NBR 14323:2013 torna possível ser realizada a determinação de forma analítica e


aproximadamente a espessura do material de proteção por meio do uso do equacionamento
36

para a determinação da temperatura do aço que se encontra revestido com material de


proteção passiva.

Através destas equações, facilmente se consegue utilizar de meios computacionais


para que seja determinada a temperatura do aço. A partir disso, e uma vez conhecido o TRRF
da edificação, é possível ser definida a espessura necessária de material de proteção para cada
elemento estrutural.

Segundo Fakury (1999, apud Mendes, 2004), inicialmente eram comumente


empregados materiais utilizados na construção civil, por exemplo, eram realizadas a execução
de alvenaria contornando os pilares e o embutimento de vigas de ao em concreto, através de
técnicas simples (Figura 11).

Figura 11 – Proteções inicialmente utilizadas nas estruturas de aço

Fonte: Mendes (2004).

Muitos são os sistemas de proteção passiva utilizados nos processos de proteção contra
incêndio em estruturas de aço, a Tabela 4 apresenta um comparativo entre as vantagens e
desvantagens de alguns desses sistemas.
37

Tabela 4 – Vantagens e desvantagens de alguns sistemas de proteção comuns

Produto Vantagens Desvantagens


 Aplicação rápida  Aparência bruta
 Baixo custo  Não permitem a
 Aplicados diretamente sobre aplicação off-site
o aço
Projetados  Cobertura de detalhes
complexos
 Permitem a aplicação
externa

 Boa aparência  Custo pode ser


 Fixação a seco elevado
Rígidos  Espessura garantida  Lento para fixação
 Não necessita de preparo  Difícil fixação ao
superficial redor de detalhes
complexos
 Baixo custo quando  Aparência
comparado aos materiais
Mantas rígidos
 Fixação a seco
 Boa aparência  Custo pode ser
 Cobertura de detalhes elevado
complexos  Sensíveis às condições
Intumescentes  Não toma espaço ou climáticas adversas
adiciona peso  Não competitiva para
 Aplicação rápida altos TRRF’s
 Podem ser aplicadas off-site
Fonte: Adaptado Pannoni (2007).
38

2.6.1 Materiais Projetados

São produtos com baixo custo de aquisição e que apresentam bom isolamento térmico
as altas temperaturas, conservando a integridade da estrutura durante a evolução do incêndio.
O cimento Portland ou gesso constituem o aglutinante básico desses materiais, que são
aplicados por projeção à baixa pressão. Trabalham de forma monolítica com a estrutura após
sua secagem, acompanhando seus movimentos, sem que ocorra fissuras ou desprendimento
(PANNONI, 2007).

Dentre os sistemas existentes, o custo dos materiais projetados é o menor. Levando-se


em conta que o custo do material projetado é pequeno em comparação à manutenção do
equipamento no local de aplicação acrescido à mão-de-obra, tais custos não apresentam um
crescente com proporção dos tempos requeridos de resistência ao fogo. A aplicação dos
produtos é bastante simples e proporciona o recobrimento de detalhe complexos com
facilidade.

2.6.1.1 Argamassa projetada

São produtos que possuem alto conteúdo de aglomerantes e quando misturados com
água, resultam uma massa fluida podendo ser facilmente bombeada. O resultado é uma
superfície rugosa (Figura 12), recomendada para elementos que se encontrem acima de forros
ou para ambientes menos exigentes esteticamente (VARGAS E SILVA, 2003).

Figura 12 – Argamassa projetada em viga de aço

Fonte: Soares (2014).


39

2.6.1.2 Fibra projetada

Produtos que apresentam baixa e média densidades, como principal ingrediente,


contem basicamente fibras obtidas a partir de escória de alto-forno. Para criar-se uma mistura
de baixa densidade as fibras são misturadas ao cimento Portland na proporção de 20 a 30% do
peso seco total. A argamassa à base de fibras, para proteger o aço, utilizam as propriedades
isolantes da fibra produzida a partir da escória (PANNONI, 2007).

2.6.1.3 Argamassa projetada à base de Vermiculita

Composto basicamente de Vermiculita expandida, cimento Portland e aglomerados


minerais, é um produto que apresenta baixa densidade. É exigido que esse material seja
completamente isento de amianto, costuma-se ser necessária a aplicação de telas para
melhorar sua aderência ao aço.

2.6.2 Materiais Rígidos

Formados por placas rígidas e mantas flexíveis ou semirrígidas compostas por


diversos materiais. Concedem a proteção estrutural da mesma maneira que os materiais
projetados, e são fixados a seco envolta do aço por meio de clip, pino ou sistemas próprios.
De modo geral, os materiais rígidos apresentam boa aparência e podem ser aplicados sobre a
estrutura de aço não pintada.

2.6.2.1 Placa de gesso acartonado

São placas que contém fibra de vidro, e, em alguns casos, vermiculita incorporada.
Durante o aquecimento, o gesso da placa perde moléculas de água de hidratação, ajudando a
manter baixa a temperatura do aço. Possui ainda uma malha de fibra de vidro, responsável por
manter o conjunto estruturado quando exposto às elevadas temperaturas do incêndio. Por
motivos estéticos, as placas são mantidas visíveis.
40

2.6.2.2 Placas de lã de rocha

Podem ser rígidos ou flexíveis, feitos de materiais fibrosos e aglomerados pela adição
de resinas termo-endurecíveis. Tem o basalto como matéria-prima básica para a confecção de
suas placas e fixadas com pinos de aço soldados à estrutura metálica.

2.6.3 Tintas Intumescentes

Apresenta como principal característica a expansão de sua espessura inicial aplicada


quando aquecida, da ordem de 60 vezes (Figura 13), tendo como produto uma massa
carbonácea capaz de proteger qualquer substrato sobre o qual o revestimento tenha sido
aplicado. Os revestimentos intumescentes possuem película seca de uma espessura menor que
3 mm. Esses materiais oferecem excelente acabamento, porém, têm preço elevado e devem
ser analisadas a viabilidade econômica de sua aplicação no empreendimento.

Figura 13 – Efeito do aquecimento sobre a tinta intumescente.

Fonte: Portal Petróleo&Energia (2012).


41

3. METODOLOGIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO E


VERIFICAÇÃO DE ELEMENTOS METÁLICOS EM SITUAÇÃO DE
INCÊNDIO

A metodologia do presente trabalho foi realizada através do estudo das normas


vigentes no Brasil que abordam o dimensionamento e verificação de perfis metálicos em
situação de incêndio e consequente implementação dos parâmetros e equações preconizada
nas mesmas.

3.1 NBR 8800:2008 – PROJETO DE ESTRUTURAS DE AÇO E DE ESTRUTURAS


MISTAS DE AÇO E CONCRETO DE EDIFÍCIOS

A NBR 8800:2008 dita os princípios gerais adotados na determinação de projetos de


dimensionamento de estruturas metálicas diversas à temperatura ambiente, como vigas,
pilares, coberturas e estruturas mistas de aço e concreto.

A seguir serão apresentados os dimensionamentos dos elementos em estruturas


metálicas, que foram utilizados nessa pesquisa.

3.1.1 Dimensionamento à compressão

A determinação do esforço resistente de projeto (Nc,Rd), considerando-se as


flambagens globais e locais, é dada pela equação 5:

(Eq. 5)

Em que:
χ representa a instabilidade global da peça;
Q representa a instabilidade local;
Ag representa a área da seção transversal bruta da haste;
fc é a tensão resistente à compressão simples
42

 a1é o coeficiente de ponderação definido pela Figura 14.


Figura 14 − Valores do coeficiente parcial de segurança

Fonte: ABNT NBR 8800 (2008).

3.1.1.1 Flambagem local e global

Diz-se que um perfil metálico sofre flambagem local quando as placas que formam um
determinado perfil sujeito a compressão, apresenta deslocamentos laterais em forma de
ondulações.

Para determinar a ocorrência de flambagem local em um perfil, é analisada a relação


do limite de esbeltez, que expressa a razão b/t, em que “b” representa a largura da peça e “t” a
sua espessura. Essa consideração visa verificar se a peça possui esbeltez considerável, e para
tal, esse valor é comparado coma esbeltez limite prescrita na NBR 8800:2008 e demostrada na
Figura 15, e com finalidade de que a flambagem local não ocorra antes do escoamento do
material.

Os deslocamentos laterais passíveis de ocorrerem nas peças metálicas são conhecidos


como flambagem por compressão, e são responsáveis por reduzir a capacidade de carga da
estrutura (PFEIL, 2013).
43

Figura 15 – Valores limites de b/t em chapas componentes de perfil em compressão axial

Fonte: ABNT NBR 8800 (2008).

Pela norma, a redução ocorrida na capacidade de carga em perfis comprimidos,


decorrentes da situação de flambagem local é representada pelo coeficiente Q. As expressões
utilizadas para sua determinação, é realizada pela análise individual das placas que formam o
perfil, sendo as placas não enrijecidas as que possuem um bordo apoiado e outro livre,
44

denominadas de AL (apoio-livre), e as placas enrijecidas que possuem os dois bordos


apoiados, chamadas de placas tipo AA (apoio-apoio). A equação que representa a
determinação desse coeficiente é expressa abaixo:

(Eq. 6)

Em que: Qs é a parcela definida pela análise das placas não enrijecidas, definidas pela Tabela
5;
Qa é definida pelas análises das placas enrijecidas, determinadas pelas seguintes
expressões:

(Eq. 7)

Em que: Aef é a área efetiva da placa, definida pela seguinte equação 08:

(Eq. 8)

Em que: bef é a largura efetiva da placa, indicada pela equação 09:

(Eq. 9)

Em que: E é o módulo de elasticidade do aço;


σé a tensão nominal de compressão, podendo ser definido como sendo fy;
ca possui valor de 0,34 para placas rígidas em geral e 0,38 para mesas ou almas de
seções tubulares retangulares ou quadradas.
45

Tabela 5 – Expressões do fator Qs, aplicáveis a placas não enrijecidas

Limites Qs ≤ 1

MR250 AR350

Fonte: Pfeil (2009).

A flambagem global por outro lado, irá relacionar a variação da resistência de uma
peça submetida à compressão, em função de seu índice de esbeltez, analisando-se dessa forma
o comprimento de flambagem. Esse valor será determinado pela multiplicação entre o
comprimento da peça e o parâmetro de flambagem, representado pela letra k (Figura 16).
46

Figura 16 – Parâmetro de flambagem (k).

Fonte: ABNT NBR 8800 (2008).

O parâmetro de redução da resistência decorrente da flambagem local, é representada


pela letra , tem sua determinação da análise do índice de esbeltez reduzido (λ0), como
podemos constatar nos seguintes equacionamentos:

(Eq. 10)

Caso λ0 ≤ 1,5: (Eq. 11)

λ0 > 1,5: (Eq. 12)

Em que:
Q é o parâmetro relacionado a flambagem local;
fy é a resistência ao escoamento do aço;
47

Ne é a força axial de flambagem, sendo definido como o menor valor obtido entre o
comparativo das fórmulas a seguir:

(Eq. 13)

Onde: (Eq. 14)

(Eq. 15)

(Eq. 16)

I: inércia da peça
k: parâmetro de flambagem;
L: comprimento do perfil;
Cw: constante de empenamento
G: módulo de elasticidade transversal do aço;
J: inércia a torção.

3.1.2 Dimensionamento à flexão

Para o dimensionamento de peças sujeitas a ação de momento fletor, a seguinte equação


deve ser atendida:

(Eq. 17)

Em que:

MSd é o momento fletor solicitante de cálculo

MRd é o momento fletor resistente de cálculo


48

Em perfis submetidos a flexão a esbeltez é definida pela relação entre a altura da alma e
sua espessura.

(Eq. 18)

Um perfil é classificado como esbelto quando a seção apresentar esbeltez superior ao


valor correspondente a seguinte expressão:

(Eq. 19)

3.1.2.1 Momento fletor resistente de cálculo para vigas de alma não-esbelta

Serão apresentados os equacionamentos do procedimento de cálculo para vigas de alma


não esbelta nos dois tópicos seguintes:

Flambagem local da mesa – FLM

(Eq. 20)

(Eq. 21)

Para perfil laminado:

(Eq. 22)

Para perfil soldado:

(Eq. 23)

Se ≤ (Eq. 24)
49

Se ≤ ≤ (Eq. 25)

Se > (Eq. 26)

Onde

Mpl é o momento de plastificação total, igual a Z.fy

Mr é o momento resistente nominal, igual a W.fy

Flambagem local da alma - FLA

(Eq. 27)

(Eq. 28)

(Eq. 29)

Se ≤ (Eq. 30)

Se ≤ ≤ (Eq. 31)

Se > (Eq. 32)

3.1.2.2 Momento fletor resistente de cálculo para vigas de alma esbelta

Flambagem local da mesa – FLM

(Eq. 33)
50

(Eq. 34)

(Eq. 35)

Se ≤ (Eq. 36)

Se ≤ ≤ (Eq. 37)

Se > (Eq. 38)

Flambagem local da alma – FLA

(Eq. 39)

3.2 NBR 14323:2013 – DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE AÇO E DE


ESTRUTURAS MISTAS AÇO-CONCRETO DE EDIFÍCIOS EM SITUAÇÃO DE
INCÊNDIO

Após obter-se os parâmetros segundo a NBR 8800:2008, o dimensionamento em


situação de incêndio apresenta as mesmas características dos elementos em temperatura
ambiente. Porém, são acrescentados outros parâmetros, como pode ser observado no cálculo
da força resistente de projeto, demonstrada nas fórmulas a seguir, para os critérios de perfil
não sujeitos e sujeitos a flambagem local respectivamente.

 Perfis não sujeitos a flambagem local:

(Eq. 40)

 Perfis sujeitos a flambagem local:


51

(Eq. 41)

Em que:
fi : é o fator de redução associado à compressão;
k: fator de redução da resistência ao escoamento do aço das seções não sujeitas a
flambagem local;
ky: fator de redução da resistência ao escoamento do aço das seções sujeitas a
flambagem local;
fy : resistência ao escoamento do aço.
Ag : área bruta;
Af : área efetiva, onde a equação foi mostrada no item 3.1.1.1

A determinação dos demais fatores de utilizados no dimensionamento estão


representados nas seguintes equações:

(Eq. 42)

Com

) (Eq. 43)

Sendo λo,θ o índice de esbeltez reduzido em situação de incêndio, expresso por:

(Eq. 44)

Para peças submetidas a flexão redução dos parâmetros estabelecidos para elementos
em temperatura ambiente:

(Eq. 45)

(Eq. 46)
52

Com esses parâmetros estabelecidos, foi possível calcular a temperatura crítica da peça
de aço e realizar a análise da temperatura e verificação de segurança da seguinte condição:

𝜃𝑎 ≤ 𝜃𝑐𝑟

Em que:
𝜃𝑎 é a temperatura do aço;
𝜃𝑐𝑟 é a temperatura crítica.

O valor da temperatura crítica pode ser encontrado de acordo com as Tabelas 6 e 7, ou


realizada a interpolação para valores intermediários aos estabelecidos na norma através das
seguintes fórmula:

(Eq. 47)

Em que:
𝜃1 é a temperatura menor no intervalo encontrado;
𝜃2 é a temperatura maior no intervalo;
K, 𝜃1 é o fator de redução referente a temperatura menos elevada;
K, 𝜃2 é o fator de redução referente a temperatura mais elevada.

Tabela 6 – Fator de redução para a resistência ao escoamento de seções sujeitas à flambagem


local

Fator de redução dos aços


Temperatura do aço a (ºC)
laminados (k)
20 1,000
100 1,000
200 0,890
300 0,780
400 0,650
500 0,530
600 0,300
700 0,130
800 0,070
900 0,050
53

1000 0,030
1100 0,020
1200 0,000
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 14323 (2013).
Tabela 7 – Fator de redução para a resistência ao escoamento de seções não sujeitas à
flambagem local

Fator de redução dos aços Fator de redução do Módulo de


Temperatura do aço a (ºC)
laminados (ky) Elasticidade (KE)

20 1,000 1,000
100 1,000 1,000
200 1,000 0,900
300 1,000 0,800
400 1,000 0,700
500 0,780 0,600
600 0,470 0,310
700 0,230 0,130
800 0,110 0,090
900 0,060 0,068
1000 0,040 0,045
1100 0,020 0,023
1200 0,000 0,000
Fonte: Adaptado da ABNT NBR 14323 (2013).

Para a verificação da necessidade ou não da utilização de material de proteção contra


incêndio nos perfis metálicos, foi determinada a temperatura do aço através da equação
abaixo, para o requerido tempo de resistência estabelecido.

(Eq. 48)
Em que:
ksh é o fator de correção para efeitos de sombreamento;
u/Ag é o fator de massividade para elementos estruturais de aço sem revestimento contra
o fogo;
u é o perímetro exposto ao incêndio do elemento estrutural de aço;
Ag é a área bruta da seção transversal do elemento estrutural de aço;
ρa é a massa específica do aço;
ca é o calor específico do aço;
54

φ é o fluxo de calor por unidade de área;


Δt é o intervalo de tempo.

Equação do fator de sombreamento presentes em seções transversais do tipo I:

(Eq. 49)

Em que:
(u/Ag)b: é o valor do fator de massividade, definido como a relação entre o perímetro exposto
ao incêndio de uma caixa hipotética que envolve o perfil e a área da seção transversal do
perfil;
(u/Ag) é o fator de massividade para elementos estruturais de aço sem revestimento contra o
fogo.

Em perfis que se faça necessário o emprego de material de proteção passiva, a norma


estabelece o que ocorra uma nova verificação levando-se critério demonstrado abaixo:

(Eq. 50)

Em que:
um/Ag é o fator de massividade para elementos estruturais envolvidos por material de
revestimento contra fogo;
um é o perímetro efetivo do material de revestimento contra fogo;
cm é o calor específico do material de revestimento contra fogo;
tm é a espessura do material de revestimento contra fogo;
𝜃𝑎,t é a temperatura no aço, no tempo t;
𝜃g,t é a temperatura dos gases, no tempo t;
ρm é a massa específica do material de revestimento contra fogo;
λm é a condutividade térmica do material de revestimento contra fogo.
55

3.3 PERFIS UTILIZADOS

Na análise do dimensionamento dos perfis submetidos a situação de incêndio, foi


adotado os dados de perfis soldados e laminados do tipo I (Figura 17), tanto para a verificação
de pilares, quanto de vigas. A planilha conta com um banco de dados com 312 perfis, sendo
esses, perfis W, CS e CVS.
Figura 17 – Perfil I

Fonte: Sobrinho (2016).


3.4 OTIMIZAÇÃO

O funcionamento da planilha consiste em realizar a análise da temperatura crítica do


perfil selecionado para o TRRF exigido e compará-la a temperatura que o aço se encontrará
nesse mesmo instante, verificando-se que a temperatura do aço é superior a crítica, se faz
necessária a utilização de material de proteção contra incêndio. Nessa situação, será realizada
a busca da espessura ótima do material que irá revestir o perfil, através das formulações
matemáticas já demostradas nessa seção, de maneira a garantir a segurança dos elementos. O
fluxograma representado na Figura 18, de forma simplificada, apresenta o roteiro de
funcionamento do programa.
56

Figura 18 – Fluxograma do funcionamento do programa.

Fonte: Autoria própria (2019).

3.5 VERIFICAÇÕES

O programa desenvolvido realiza as verificações quanto aos esforços solicitantes, de


maneira a assegurar que o perfil escolhido atenda as verificações prescritas em norma, tanto
para o efeito de apenas uma ação, como também para ações combinadas de acordo com a
NBR 14323:2013 mostradas a seguir:
57

- Se ≥ 0,2

+ ≤ 1,0 (Eq. 51)

- Se < 0,2

+ + ≤ 1,0 (Eq. 52)

3.6 STEEL FIRE PROTECTION OPTIMIZATION

Na construção do programa, todos os critérios já citados nessa seção foram


implementados, gerando não somente o roteiro automatizado de cálculo, como também, a
interface de interação com o usuário (Figuras 19, 20, 21 e 22). Na aba “Cadastro”, o usuário
entrará com as informações de quem estará realizando o dimensionamento, na aba “Menu”
estão apresentados os elementos estruturais que o programa é capaz de operar.

Figura 19 – Aba cadastro

Fonte: Autoria própria (2019).


58

Figura 20 – Aba menu

Fonte: Autoria própria (2019).

Nas abas “Pilares” e “Vigas”, pode-se ter o acesso aos locais onde se poderá colocar os
dados de entrado e consequentemente analisar-se os dados de saída, e na aba “Relatório” o
usuário tem a opção de gerar um documento contendo todas as informações e parâmetro
utilizados no dimensionamento e verificação das peças submetidas a situação de incêndio.
Figura 21 – Aba pilares

Fonte: Autoria própria (2019).


59

Figura 22 – Aba vigas

Fonte: Autoria própria (2019).

Na saída de dados (Figura 23), temos os resultados da otimização da proteção da


camada protetora e o material a ser utilizado como proteção, bem como são apresentadas as
verificações quanto aos esforços e combinações de esforços, e ainda as verificações das
temperaturas do aço e crítica sendo possível identificar se o perfil irá precisar de camada

Figura 23 – Saída de dados

Fonte: Autoria própria (2019).


60

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 VALIDAÇÃO DA PLANILHA STEEL FIRE PROTECTION OPTIMIZATION PARA


AÇÕES DE FLEXÃO E COMPRESSÃO

Inicialmente será apresentado a verificação da planilha Steel Fire Protection


Optimization (SFPO) para ações de flexão e compressão e analisados os resultados em
comparativo com os obtidos Martins (2000) na análise estrutural de pórticos transversais
(Figura 24). A princípio, o dimensionamento será realizado apenas para os pilares do 1°
pavimento da estrutura analisada.

Figura 24 – Pórticos transversais utilizados para análise estrutural

Fonte: Martins (2000).

Na Figura 25 é mostrada a interface da planilha contendo os dados de entrada, e na


Figura 26 os dados do perfil utilizado. Os valores de entrada das cargas de compressão e dos
momentos, foram retiradas da análise do carregamento no pórtico obtidos por Martins (2000),
assim como o perfil soldado CS 300x115 selecionado e as condições de apoio. O valor do
TRRF de acordo com o prescrito na NBR 14432:2001 foi de 30 minutos, tendo em vista que o
edifício em análise tem sua ocupação destinada a serviços profissionais, pessoais e técnicos,
61

com área superior a 1500 m² e altura compreendida entre o ponto que caracteriza a saída
situada no nível de descarga do prédio e o piso do último pavimento ser inferior a 6 m.

Figura 25 – Dados de entrada do perfil CS 300x115

Fonte: Autoria própria (2019).


62

Figura 26 – Dados do perfil CS 300x115

Fonte: Autoria própria (2019).

Através dos valores de entrada da planilha, obteve-se os resultados do


dimensionamento para essa situação e tornando possível compara-los com os obtidos por
Martins, como podemos observar na Tabela 9.

Tabela 8 – Comparação entre os resultados obtidos pela planilha Steel Fire Protection
Optimization (SFPO) e Martins

Dados Analisados MARTINS SFPO


Perfil CS 300 X 115 CS 300 X 115
Qa 1,0 1,0
Qs 1,0 1,0
ky, 0,099 0,170
a 830°C 794,41°C
cr 614°C 661,32°C
TRRF 30 min 30 min
Proteção contra incêndio Necessária Necessária
63

Material de proteção Concreto Celular Argamassa projetada


Espessura do material 10 cm 10 mm
a (proteção) 27°C 356,32°C
ky,(proteção) 1,0 1,0
Fonte: Autoria própria (2019).

Como demostrado na tabela acima, para ambas as análises, pode-se constatar que o
perfil escolhido não está sujeito a flambagens local na mesa e alma, uma vez que os cálculos
determinaram os valores dos coeficientes Qa e Qs como sendo igual a 1,00. Dessa forma, o
procedimento de verificação para a situação de incêndio, dar-se-á por meio da determinação
do fator de redução da resistência ao escoamento de seções não sujeitas a flambagem local,
(ky,).

Os valores da temperatura crítica (cr) calculados para os dois casos se mostram


inferiores a temperatura do aço (a) em uma possível situação de incêndio, o que torna
necessária a proteção do perfil, como verificado nas duas análises.

No trabalho de Martins (2000), a proteção utilizada foi o concreto celular contornando


o perfil e com espessura de 10 cm, já no presente trabalho, foi escolhida como forma de
proteção a aplicação de argamassa projetada, sendo a espessura otimizada de 10 mm. É
possível aferir que a utilização do concreto celular de espessura de 10 cm como meio de
proteção, não apresenta uma situação ótima, pois reduz a temperatura do aço além do que a
necessária para um dimensionamento satisfatório, uma vez que sua utilização estabelece uma
redução da temperatura do aço a um valor de 27°C. A nível de verificação normativa, o uso
da argamassa projetada na espessura de 10 mm, reduzindo a temperatura do aço a 356,32°C,
já seria o suficiente para que ocorresse a proteção do perfil em situação de incêndio para um
tempo de resistência requerido ao fogo de 30 minutos.

Para validação do funcionamento da planilha, o comparativo com o trabalho de


Martins (2000) demonstrou-se bastante satisfatórios, apresentando valores bem próximos dos
calculados pela planilha desenvolvida. Uma das justificativas para que não tenham
apresentado valores mais próximo ainda, é decorrente do fato de que o presente trabalho tem
como base as recomendações mais atuais, prescritas nas normas NBR 14323:2013 e NBR
8800:2008, não existente com as mesmas recomendações, na época da dissertação utilizada
como comparativo.
64

4.1.1 Simulações em pilares

Na primeira simulação, serão fixados os valores de carga de compressão e momentos


atuante no pilar, como também o TRRF, e verificados os comportamentos de alguns dos
perfis presentes no banco de dados da planilha. Nessa análise os perfis estarão submetidos a
uma força de compressão de grandeza de 200,0 kN e momentos de 50,0 kN.m no eixo x e y,
com TRRF referente a 30 minutos. As verificações dos perfis analisados encontram-se
definidos nas Figuras 27, 28 e 29.

Figura 27 – Dados de entrada para o perfil laminado W 150x13,0.

Fonte: Autoria própria (2019).


65

Figura 28 – Verificação do perfil laminado W 150x13,0 quanto à temperatura

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 29 – Verificação do perfil laminado W 150x13,0 quanto aos esforços solicitantes

Fonte: Autoria própria (2019).


66

O perfil W 150x13,0 apresenta a menor rigidez dentre os perfis laminados contidos no


banco de dados da planilha, podemos perceber que o perfil necessita de proteção, pois para
um TRRF de 30 minutos a temperatura do aço é mais que o dobro da temperatura crítica
suportada. A espessura da camada do material de proteção, que nessa análise tratou-se de
argamassa projetada, foi de 16 mm, causando uma redução na temperatura do aço (domínio
da temperatura) capaz de assegurar que o perfil resista ao TRRF (domínio do tempo).
Entretanto, o perfil não se mostra suficiente para resistir aos esforções solicitantes (domínio
dos esforços), sendo necessária a escolha de outro perfil.

Figura 30 – Dados de entrada para o perfil laminado W 610x174,0

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 31 – Verificação do perfil laminado W 610x174,0 quanto à temperatura

Fonte: Autoria própria (2019).


67

Figura 32 – Verificação do perfil laminado W 610x174,0 quanto aos esforços solicitantes

Fonte: Autoria própria (2019).

Analisando agora o perfil que apresenta a maior rigidez dentre os perfis laminados
disponíveis na planilha, verificou-se que o perfil laminado W610x174,0 por possuir grande
rigidez provoca um aumento na temperatura crítica, e suas propriedades geométricas causam
uma diminuição na temperatura do aço, se comparado ao perfil W 150x13,0 verificado
anteriormente, para um mesmo TRRF de 30 minutos. Esse aumento da temperatura crítica
torna-se bastante significativo a ponto de ser superior a temperatura do aço, não se fazendo
necessário a utilização de proteção passiva no perfil. Por outro lado, o perfil em questão ainda
não é capaz de resistir aos esforços de flexão solicitados no eixo de menor inércia, tornando-o
não seguro para ser adotado nessa verificação.
68

Figura 33 – Dados de entrada para o perfil laminado W 360x79,0

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 34 – Verificação do perfil laminado W 360x79,0 quanto à temperatura

Fonte: Autoria própria (2019).


69

Figura 35 – Verificação do perfil laminado W 360x79,0 quanto aos esforços solicitantes

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 36 – Verificação da combinação de esforços do perfil laminado W 360x79,0

Fonte: Autoria própria (2019).

Nessa verificação, o perfil W360x79,0 apresenta a necessidade de proteção contra


incêndio, sendo definida o valor correspondente a espessura mínima de argamassa projetada,
quanto aos esforços solicitantes, o perfil se demostra satisfatório, porém é reprovado na
análise da atuação dos esforços combinados.
70

Figura 37 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 350x89,0

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 38 – Verificação do perfil soldado CS 350x89,0 quanto à temperatura

Fonte: Autoria própria (2019).


71

Figura 39 – Verificação dos esforços solicitantes e da combinação desses esforços no perfil


soldado CS 350x89,0

Fonte: Autoria própria (2019).

O perfil soldado CS 350x89,0 atende aos critérios dos domínios de tempo, temperatura
e esforços, além de ser aprovado quando a verificação dos efeitos combinados. A proteção
utilizada para esse perfil foi a argamassa projetada, sendo adotada a espessura mínima como
suficiente para assegurar a proteção do perfil.

Na Tabela 9, podemos observar os resultados das simulações realizadas para perfis


submetidos a flexo-compressão em pilares, contendo as verificações para os domínios do
tempo, temperatura e esforços.
72

Tabela 9 – Resultados obtidos pela planilha Steel Fire Protection Optimization (SFPO) para
simulação em pilares

Perfil W 150 x 13,0 W 610 x 174,0 W 360 x 79,0 CS 350 X 89,0


a  835,89 °C 798,31 °C 818,74 °C 823,19 °C
cr 400,0 °C 877,74 °C 725,71 °C 698,81 °C
TRRF 30 min 30 min 30 min 30 min
Não
Proteção contra incêndio Necessária Necessária Necessária
necessária
Argamassa Argamassa Argamassa
Material Utilizado -
projetada projetada projetada
Espessura Otimizada 10 mm - 10 mm 10 mm
Esforço de compressão Não resiste Resiste Resiste Resiste
Esforço de flexão Não resiste Não resiste Resiste Resiste
Combinação de esforços Não resiste Não resiste Não resiste Resiste
Fonte: Autoria própria (2019).

4.1.2 Simulações em vigas

Nas verificações em vigas, serão apresentados os comportamentos dos perfis quanto a


variação de carregamento e TRRF’s e analisadas a influência dos mesmos.

Figura 40 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 250x66,0 e TRRF de 30 minutos.

Fonte: Autoria própria (2019).


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Como podemos observar na Figura 43, o carregamento aplicado à viga foi


correspondente a 10kN/m, sendo o comprimento da viga de 4 m, o que provoca um valor de
momento de 20 kN.m. Considerando-se um uso e ocupação residencial e altura inferior a 6
metros, o TRRF foi de 30 minutos. Na análise é considerada que a viga apresenta contenção
lateral, causada pela laje, no eixo de menor inércia.

Figura 41 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto à temperatura e TRRF de 30


minutos.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 42 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto aos esforços solicitantes e


TRRF de 30 minutos.

Fonte: Autoria própria (2019).


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O perfil soldado CS 250x66,0 apresenta uma temperatura crítica superior a


temperatura do aço para um tempo de 30 minutos, não sendo necessária a aplicação de
material de proteção contra incêndio. Por outro lado, o perfil é reprovado pois não apresenta a
resistência suficiente para suportar os efeitos da carga aplicada na viga no que diz respeito a
flexão, o que pode ser explicado pelo fato de que a temperatura no aço, embora menor que a
temperatura crítica, apresenta um valor elevado e próximo do crítico, gerando um fator de
redução da resistência ao escoamento do aço pequeno e consequentemente reduzindo o
esforço resistente do perfil. Já para efeitos de cisalhamento o perfil resiste satisfatoriamente.

Figura 43 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 250x66,0 e TRRF de 60 minutos.

Fonte: Autoria própria (2019).


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Figura 44 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto à temperatura e TRRF


de 60 minutos.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 45 – Verificação do perfil soldado CS 250x66,0 quanto aos esforços solicitantes e


TRRF de 60 minutos.

Fonte: Autoria própria (2019).

Alterando-se o uso e ocupação de residencial para comercial varejista, o TRRF passou


de 30 a 60 minutos. Para os mesmos valores de carregamento submetidos a verificação
anterior, observou-se que se fez necessária a utilização da camada de proteção. Com a
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redução da temperatura no aço após a aplicação de espessura mínima de argamassa projetada,


o perfil foi aprovado e resiste aos esforços solicitados de flexão e cisalhamento.

Figura 46 – Dados de entrada para o perfil soldado CS 600x250 e TRRF de 90 minutos.

Fonte: Autoria própria (2019).

Para essa simulação foi aplicado um novo valor de carregamento de 150 kN/m, com
uso e ocupação referente a locais de reunião de público com TRRF de 90 minutos e
selecionado um novo perfil. Será analisada agora a influência do tipo de material empregado
como proteção contra incêndio no perfil.
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Figura 47 – Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto à temperatura, TRRF de 90


minutos e utilização de argamassa projetada como proteção contra incêndio.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 48 - Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto aos esforços solicitantes, TRRF
de 90 minutos e utilização de argamassa projetada como proteção contra incêndio.

Fonte: Autoria própria (2019).


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Figura 49 – Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto à temperatura, TRRF de


90 minutos e utilização de placa de gesso como proteção contra incêndio.

Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 50 – Verificação do perfil soldado CS 600x250 quanto aos esforços solicitantes, TRRF
de 90 minutos e utilização de placa de gesso como proteção contra incêndio

Fonte: Autoria própria (2019).


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Foi possível verificar que a utilização da argamassa projetada como material de


proteção contra incêndio é capaz de garantir à segurança quanto à temperatura, entretanto,
como a redução da temperatura do aço encontra-se muito próxima da temperatura crítica, o
perfil tem sua resistência reduzida, e dessa maneira, não suporta os esforços solicitados. Em
contrapartida, para a mesma situação, o uso de placa de gesso na proteção do perfil, reduz a
temperatura do aço a valores bem abaixo da temperatura crítica, dessa forma, o perfil não
apresentou redução de resistência, sendo capaz de atender aos esforços de flexão e
cisalhamento.

Essa situação demonstra que a escolha do tipo de material empregado como proteção
contra incêndio, possui influência na determinação da escolha do perfil, uma vez que para a
situação de utilização de argamassa projetada seria necessário escolher outro perfil, o que não
ocorre para o uso de placas de gesso, para os mesmos valores de carregamento e TRRF.

Na Tabela 10, podemos observar os resultados das simulações realizadas para perfis
submetidos a flexão em vigas, contendo as verificações para os domínios do tempo,
temperatura e esforços.

Tabela 10 - Resultados obtidos pela planilha Steel Fire Protection Optimization


(SFPO) para simulação em pilares

CS 250 x
Perfil CS 250 x 66,0 CS 600 x 250 CS 600 x 250
66,0
a  821,98 °C 939,32 °C 1000,43 °C 1000,43 °C
cr 873,10,0 °C 873,10 °C 792,53 °C 792,53 °C
TRRF 30 min 60 min 90 min 90 min
Não
Proteção contra incêndio Necessária Necessária Necessária
necessária
Argamassa Argamassa
Material Utilizado - Placa de Gesso
projetada projetada
Espessura Otimizada - 10 mm 10 mm 25 mm
Esforço de flexão Não resiste Resiste Não resiste Resiste
Cisalhamento Resiste Resiste Não resiste Resiste
Fonte: Autoria própria (2019).
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista a crescente preocupação quanto à segurança das edificações


submetidas a situação de incêndio, o presente trabalho trouxe uma abordagem dos aspectos e
considerações existentes ao que se refere a verificações dos perfis metálicos em provável
situação de incêndio, que possam ser utilizados como pilares ou vigas. Foi então desenvolvido
um programa através do software Excel capaz de analisar as temperaturas dos perfis de aço
com e sem a utilização de material de proteção contra o fogo, verificar se o perfil atende as
solicitações dos esforços atuantes e os efeitos de ações combinada, quando necessário, e
garantir o tempo requerido de resistência ao fogo dos elementos, sendo considerado dessa
forma, o domínio da temperatura, dos esforços e do tempo.

Através do estudo das normas regulamentadoras vigentes no Brasil que abordam essa
temática, foi possível implementar o roteiro de cálculo de funcionamento do programa. A
NBR 8800:2008 que trata dos projetos de estrutura de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios, foi utilizada para obter-se os parâmetros de dimensionamento e
verificações de flambagem local e global que os perfis pudessem estar sujeitos. A NBR
14323:2013 ditou as diretrizes desse trabalho, no que diz respeito ao dimensionamento das
peças metálicas em situação de incêndio, através das equações e fórmulas estabelecidas para
uma correta verificação. Já a NBR 14432:2001 que define os procedimentos e exigências de
resistência ao fogo dos elementos construtivos das edificações, foi responsável por definição
dos TRRF’s adotados para cada situação de projeto.

O programa desenvolvido em Excel tem como dados de saída a verificação da


necessidade de se utilizar material de proteção contra incêndio em peças metálicas e realizar a
otimização da espessura que atenda e assegure a proteção do domínio da temperatura desses
elementos. Além disso, os outros dois domínios (tempo e esforço) também são apresentados,
trazendo assim uma verificação completa da situação dos perfis submetidos a ação do fogo. O
banco de dados do programa é composto por 312 perfis metálicos (laminados e soldados) do
tipo I, e com disponibilidade do uso de material de proteção a argamassa projetada e placa de
gesso.

Foi possível analisar que vários são os aspectos que podem influenciar a escolha de
um perfil que se encontre em situação de incêndio, e que devem ser atendidos uma série de
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critérios para que o mesmo apresente desempenho satisfatório e consiga atender com
segurança aos esforços e ações provenientes da ação do fogo sobre os elementos metálicos.

O estudo e análise desse conteúdo mostra-se bastante relevante, já que essa temática
ainda é pouco considerada nos estudos dos elementos estruturais dentro das universidades. É
importante se ter a preocupação sobre as consequências que um possível evento proveniente
de um incêndio possa ter na estrutura das edificações, para que se possa assegurar a
resistência da mesma e garantir a segurança do usuário.
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REFERÊNCIAS

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estruturas de aço e de estruturas mistas de aço-concreto em situação de incêndio. Rio de
Janeiro, 2013.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14432. Exigências de resistência


ao fogo de elementos construtivos de edificações - Procedimento. Rio de Janeiro, 2001.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8681. Ações e segurança nas
estruturas - Procedimentos. Rio de Janeiro, 2008.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8800. Projeto de estruturas de aço
e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.

ALBUQUERQUE, G. B. M. L. Dimensionamento de vigas em concreto armado em


situação de incêndio. 2012. 231 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) –
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

BONITESE, K. Segurança contar incêndio em edifício habitacional de baixo custo


estruturado e m aço. 2007. Dissertação de pós-graduação, Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2007.

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incêndio. 2008. 401 p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2008.

FAKURY, R. F. Dimensionamento de Estruturas de Aço de Edifícios em Situação de


Incêndio, II Seminário Internacional - O uso de estruturas metálicas na construção civil,
nov/1999.

FERIGOLO, F. C. Prevenção de incêndio. 1.ed. Porto Alegre: Sulina, 1977. 261 p.

ISO - INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 8421 - 1.


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MARTINS, M. M. Dimensionamento de estruturas de aço em situação de incêndio. 2000.


Dissertação de pós-graduação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000.

MENDES, Cristiane Lopes. Estudo teórico sobre perfis formados a frio em situação de
incêndio. São Carlos, 2004. 160 p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

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e incêndio. Coletânea do uso do aço, 2007. 90p.

PFEIL, Walter; PFEIL, Michele. Dimensionamento Prático de Acordo com a NBR


8800:2009. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. p. 357.
83

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2008. 457 p.

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(Mestrado em Ciências da Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Escola de
Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 1998.

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de Tecnologia, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2009.

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