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ISSN 1809-5860

ANÁLISE TEÓRICO-EXPERIMENTAL DE
ELEMENTOS COMPRIMIDOS DE AÇO: ÊNFASE EM
PERFIS SOLDADOS

Geraldo Donizetti de Paula1 & Roberto Martins Gonçalves 2

Resumo

Este trabalho apresenta resultados de uma análise teórico-experimental sobre a


resistência à compressão de perfis I soldados de aço, formados por chapas cortadas
a maçarico. A construção metálica no Brasil utiliza os perfis I soldados de aço
formados por chapas cortadas a maçarico em virtude da pouca disponibilidade no
mercado dos perfis laminados. Os perfis soldados brasileiros apresentam dimensões
(altura, largura de mesa e espessura) diferentes das encontradas nos perfis
laminados e soldados, fabricados em outros países. Apresentam-se os principais
parâmetros envolvidos na formulação das curvas de resistência à compressão para
perfis soldados de pequenas dimensões, tais como: tensões residuais, imperfeições
geométricas iniciais e seus efeitos no cálculo da resistência à compressão dos perfis
soldados compostos por chapas cortadas a maçarico. Os perfis ensaiados pertencem
às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29, sendo que foram obtidos resultados
experimentais da força normal crítica e das imperfeições geométricas iniciais para três
modelos de cada série com quatro índices de esbeltez diferente.

Palavras-chave: perfis soldados de aço; resistência à compressão; imperfeições


iniciais.

1 INTRODUÇÃO

Apresenta-se neste trabalho as formulações analíticas baseadas no modelo de


2ª espécie, os principais parâmetros que regem as curvas de resistência à
compressão dos perfis de aço estrutural e os resultados de uma análise teórico-
experimental sobre a resistência à compressão dos perfis I soldados de aço formados
por chapas cortadas a maçarico (I – FC) das séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e
PS 225 x 29.
A análise experimental consta-se do ensaio de caracterização do aço, do
ensaio para medir as imperfeições iniciais transversais medidas ao longo do

1
Mestre em Engenharia de Estruturas - EESC-USP, geraldo@em.ufop.br
2
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, goncalve@sc.usp.br

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 30, p. 1-25, 2006


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comprimento dos perfis e do ensaio à compressão dos perfis I – FC, com três
modelos para cada série, sendo utilizados quatro índices de esbeltez λ diferente.
Os resultados teóricos e experimentais se referem à força normal crítica dos
modelos ensaiados à compressão.
Utiliza-se a nomenclatura PS para representar as séries de perfis I soldados
de aço duplamente simétricos, não relacionadas nas Tabelas do anexo B da norma
NBR 5884: 2000, atendendo uma recomendação da própria norma.

2 ANÁLISE TEÓRICA

Apresenta-se nesta seção uma análise baseada no denominado modelo de


2a espécie, admitindo o equilíbrio do elemento comprimido em sua posição deslocada
e as curvas de resistência à compressão recomendadas pelas normas brasileira
NBR 8800:1986 e européia Eurocode 3:1992.
A partir da análise do modelo de 2a espécie pode-se definir os principais
parâmetros envolvidos na formulação das curvas de resistência à compressão para as
diversas famílias de perfis de aço estrutural.
Os resultados da força normal crítica teórica de cada modelo analisado são
determinados a partir das curvas b e c da norma Eurocode 3:1992, admitindo as
imperfeições iniciais v0 medidas em laboratório.

2.1 Modelo de 2ª espécie

O modelo de 2a espécie, considerado nesta análise, representa um elemento


comprimido com articulações nas extremidades em sua posição deslocada, ou seja,
um elemento com um deslocamento inicial v0 no meio do vão, conforme ilustra a
Figura 1.

posição
deslocada

L/2

v0
L

L/2

x
y

(a) elemento comprimido (b) perspectiva


a
Figura 1 - Modelo de 2 espécie.

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Admitindo o equilíbrio do elemento na posição deslocada, obtém-se a


expressão para o momento de segunda ordem:

⎡ 1 ⎤
M = Nv 0 ⎢ ⎥ (1)
⎢⎣1 − ( N N e )⎥⎦
Para análise de um modelo de 2ª espécie, pode-se admitir a verificação da
resistência na seção mais solicitada de um elemento comprimido na sua configuração
deformada.
Admitindo que a máxima tensão num elemento comprimido seja igual à tensão
de escoamento do material fy, tem-se a expressão da flexão composta, definida como:

N M
+ = fy (2)
Ag W

Substituindo a expressão (1) em (2) e introduzindo Ag, obtém-se:

⎛ ⎞ ⎛ ⎞
N N ⎜ Ag ⎟ ⎜ 1 ⎟=f
+ ⎜ ⎟⎟ v 0 (3)
⎜ ⎟ y
Ag W ⎜⎝ A g ⎠ ⎝1 − N Ne ⎠

Rearranjando a equação (3), tem-se:


⎛ ⎞
η⎜ ⎟=f
N N 1
+ (4)
⎜ ⎟ y
Ag Ag ⎝ 1 − N N e ⎠

onde:
Ag v0
η= (5)
W

Reescrevendo a expressão (4), tem-se:


⎛ ⎞ ⎛ ⎞
⎜ N ⎟ ⎜ N ⎟ ⎛⎜ N ⎞⎟
η⎜ = f
⎟⎟ ⎜⎜ y − ⎟⎜ 1 − (6)
⎜ Ag ⎟
⎝ ⎠ ⎝ A g ⎟⎠ ⎝ Ne ⎠

Dividindo os dois termos da equação (6) por fy e reescrevendo, tem-se:

(
η N = 1− N )( 1 − N Ne ) (7)

onde:
N N
N=ρ= = (força normal resistente) (8)
Ag f y Ny

Rearranjando a expressão (7), obtém-se:

(
ηN = 1 − N ) (1 − N λ 2 ) (9)
onde:

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N Ny fy
=ρ =ρ (10)
Ne Ne fe

π2E
fe = (tensão crítica de Euler) (11)
λ2

π 2
E
λp = (índice de esbeltez correspondente a plastificação) (12)
fy

λ
λ= (índice de esbeltez reduzido) (13)
λp

A expressão (9) é conhecida como fórmula adimensional de “Ayrton-Perry”.


Rearranjando esta, obtém-se:

( λ ) ρ − ( 1 + η + λ )ρ + 1 = 0
2 2 2
(14)

O valor de ρ possibilita o cálculo da força normal crítica, cuja solução é:

ρ=
(λ 2
+ η +1 ± ) (λ 2
+ η +1 ) 2
−4λ 2
(15)
2 λ 2

Deve-se desprezar a maior raiz da equação (15) para obter-se a menor força
normal crítica de compressão. O parâmetro η representa matematicamente a
influência das imperfeições iniciais v0 e os efeitos de tensão residual.
MAQUOI & RONDAL (1978) apresentaram sete (07) proposições para o
parâmetro η. As proposições para η foram obtidas por meio de resultados de ensaios
realizados na Europa, considerando tensões residuais e uma imperfeição inicial
padrão v0 = L / 1000. Propuseram-se inicialmente quatro curvas de resistência à
compressão para diversas “famílias” de perfis de perfis de aço estruturais, “famílias”
estas definidas pela distribuição das tensões residuais.
A partir do parâmetro η pode-se determinar um coeficiente γ, o qual associa a
uma imperfeição geométrica fictícia que considera o tipo da seção transversal e os
eixos considerados.
Dividindo o segundo termo da expressão (5) por y / y, obtém-se:

Ag v0
η= (16)
(y y)W

Define-se y como a distância da fibra mais comprimida em relação ao eixo


considerado, conforme o esquema da Figura 2.

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y
x x

Figura 2 - Representação da distância y ao eixo x – x.

Considerando-se que W.y = I, tem-se da expressão (17):

Ag v0
η= (17)
I y
Substituindo r = I A g na expressão (17), obtém-se:

v0
η= (18)
r2 y

O fator v0 representa as imperfeições geométricas iniciais, o qual pode ser


expresso em função de uma imperfeição padrão.

L
v0 = (19)
γ

onde γ é um número definido para cada tipo de seção e dos eixos considerados.

Substituindo a expressão (19) na equação (18), tem-se:

L
η= (20)
γ ⎛⎜ r 2 y ⎞⎟
⎝ ⎠

Admitindo por definição λ = L / r e rearranjando a expressão (20), tem-se:

λ
η= (21)
(
γ r y )
Isolando γ na expressão (21), tem-se:

λ
γ= (22)
(
η r y )
Substituindo (12) e (13) na expressão (22) e rearranjando, obtém-se:

λ π( E fy )
γ= (23)
η (r y )

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Considerando o índice de esbeltez reduzido λ a partir do patamar de


escoamento, ρ = 1,0 para λ ≤ λ 0 , a expressão (23) resulta em:

λ − λ0 π ( E fy )
γ= (24)
η (r y)

( )
Substituindo η da expressão (24) por η = α λ − λ 0 , parâmetro utilizado pela
normalização européia - Eurocode 3: 1992, tem-se:
π E fy
γ= (25)
α(r y )

A Tabela 1 apresenta valores da relação r / y para os perfis I – FC ensaiados à


compressão no Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de
Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos.

Tabela 1 - Valores da relação r / y para os perfis I – FC ensaiados

Perfil Séries Eixo Valor de r / y


y CS 150 x 25 x – x 0,85
y – y 0,50

PS 200 x 25 x – x 0,83
x x
y – y 0,46

PS 225 x 29 x – x 0,83
y y – y 0,46

O parâmetro α considerado na expressão (25) representa as contribuições das


tensões residuais α1 e da imperfeição geométrica α2, respectivamente, como:

α = α1 + α2 (26)

Admitindo na expressão (25) α = α2 e γ = 1000, tem-se que:

π E fy
α2 = (27)
1000 ( r y )
A partir das expressões (25), (26) e (27) pode-se estabelecer um parâmetro α*
para determinar o fator de redução da força normal crítica ρ de um perfil de aço
estrutural contendo tensões residuais e uma imperfeição geométrica inicial igual a
L / γ, como:

π E fy ⎛ 1 1 ⎞
α* = α + ⎜⎜ − ⎟
( r y ) ⎝ γ 1000 ⎟⎠
(28)

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onde:
α ⇒ coeficiente que representa a contribuição das tensões residuais;
γ ⇒ número correspondente ao denominador da fração que representa uma
imperfeição geométrica inicial (por exemplo: 500, 1000, 2000).

Cabe salientar que o fator γ = 1000 foi adotado para o estabelecimento das
curvas de resistência à compressão das diversas famílias de perfis de aço estrutural.
MAQUOI & RONDAL (1979) recomendam considerar o valor de α da
expressão (28) em função da curva de resistência à compressão correspondente ao
perfil considerado.
Por exemplo, utilizando a norma Eurocode 3: 1992 para a determinação da
resistência à compressão dos perfis I – FC analisados neste trabalho, os valores de α
para as curvas b e c são 0,339 e 0,489, conforme ilustra a Tabela 3.

2.2 Curvas de resistência à compressão

A representação matemática das curvas de resistência à compressão adotada


pela normalização européia teve sua origem a partir da formulação analítica proposta
por Aryton-Perry, ou seja, a menor raiz da expressão (15), ou seja, expressão (29).
MAQUOI & RONDAL (1978) adotou expressão (29) ajustando esta com o
parâmetro η = α λ 2 − λ 0 2 , para diversas famílias de perfis de aço estrutural, de tal
forma que os valores de α sejam os apresentados na Tabela 2. Esta formulação foi
adotada pela norma Eurocode 3: 1978 (DRAFT).

ρ=
(λ 2
)
+ η +1 − (λ 2
+ η +1 ) 2
−4λ 2
(29)
2 λ 2

Tabela 2 - Valores de α
curva α
a 0,158
b 0,281
c 0,384
d 0,587

A norma brasileira NBR 8800: 1986 baseou-se nas recomendações do


Eurocode 3: 1978 (DRAFT) para estabelecer suas curvas de resistência à compressão
das diversas famílias de perfis de aço estrutural.
(
MAQUOI & RONDAL (1979) admitiu o parâmetro η = α λ − λ 0 na expressão )
(29) ajustando esta para diversas famílias de perfis de aço estrutural, propondo novas
curvas de resistência à compressão, com os valores de α ilustrados na Tabela 3.

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Tabela 3 - Valores de α
curva α
a 0,206
b 0,339
c 0,489
d 0,756

Em 1983 a norma Eurocode 3 corrigiu suas curvas de resistência à


compressão e recomendou-se a formulação proposta por MAQUOI & RONDAL (1979).
Cabe salientar que a nova formulação é representada pela expressão (29) com o
( )
parâmetro η = α λ − λ 0 e os valores de α da Tabela 3.

2.3 Seção transversal dos perfis analisados

Os perfis formados por chapas cortadas a maçarico (I – FC) analisados neste


trabalho, pertencem às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29, cujas
dimensões nominais e médias encontram-se ilustradas na Tabela 4 e suas
respectivas propriedades geométricas na Tabela 5.
Cabe salientar que as dimensões médias da seção transversal dos perfis
foram medidas no Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de
Estruturas da EESC - USP, com um paquímetro de sensibilidade igual a 0,01 mm.

Tabela 4 - Seções transversais analisadas (dimensões nominais e médias)

Seção Transversal Perfil Dimensões nominais (mm) Dimensões médias (mm)


d h bf tf tw d h bf tf tw

y CS
150 134 150 8,0 6,3 152 135,8 152 8,1 6,7
tf 150 x 25
d x x h
t PS
tf 200 184 130 8,0 6,3 202 185,8 132 8,1 6,7
200 x 25
y
b PS
225 209 150 8,0 6,3 227 210,8 152 8,1 6,7
225 x 29

Tabela 5 - Propriedades geométricas dos perfis


Perfil Ag Ix Iy It Wx Wy rx ry r02 Cw
2 4 4 4 3 3 2
(cm ) (cm ) (cm ) (cm ) (cm ) (cm ) (cm) (cm) (cm ) (cm6)
CS 150 33,72 1415,91 474,43 6,75 186,30 62,43 6,48 3,75 56,06 24542,91
PS 200 33,83 2369,24 310,96 6,54 234,58 47,12 8,37 3,03 79,23 29184,43
PS 225 38,75 3474,13 474,62 7,50 306,09 62,45 9,47 3,50 101,90 56793,16

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As propriedades geométricas apresentadas na Tabela 5 foram determinadas


admitindo-se as dimensões médias dos perfis ilustradas na Tabela 4.

2.4 Resultados da análise teórica

Os resultados apresentados nesta seção correspondem aos valores da força


normal crítica teórica, obtida por meio das curvas b e c norma Eurocode 3: 1992, de
para cada modelo ensaiado com suas respectivas imperfeições iniciais v0. Salientando
que v0 corresponde às imperfeições transversais medidas ao longo do comprimento
do perfil.
Determina-se a força normal crítica teórica NT, para os modelos ensaiados à
compressão, por meio da expressão (30).

NT = ρ Ag f y (30)

Sendo Ag a área bruta da seção transversal e fy a tensão de escoamento do


aço. Os valores de Ag para os modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200x25
e PS 225x29 estão apresentados na Tabela 5.
Determina-se o fator de redução da resistência ρ da expressão (30) por meio
da expressão (29), apresentada na seção 2.2, admitindo nesta equação os seguintes
parâmetros:

η = α * (λ − λ 0 ) (31)

λ 0 = 0,2 (32)

1 ⎛ kL ⎞ fy
λ= ⎜⎜ ⎟⎟ (33)
π ⎝ r ⎠y E

π E fy ⎛ 1 ⎞
α* = α + ⎜ − 1 ⎟ (34)
( r y ) ⎜⎝ γ 1000 ⎟⎠
Para o cálculo da força normal crítica teórica por meio das curvas b e c da
norma Eurocode 3: 1992, considerando as imperfeições iniciais v0, utiliza-se o
parâmetro α* da expressão (34) com os valores de α apresentados na Tabela 3.
Admitiu-se para a determinação da força normal crítica teórica, o módulo de
elasticidade E = 20500 kN / cm2 e a tensão de escoamento do aço fy = 30 kN / cm2. Os
valores de E e de fy correspondem aos valores médios, aproximados, obtidos a partir
da caracterização do aço, por meio do ensaio à tração de corpos-de-prova retirados
das mesas dos perfis soldados.
A força normal crítica NT é obtida para uma imperfeição inicial v0 / L = 1 / γ
(medida no Laboratório para cada modelo) e a força normal crítica NT* é determinada
para uma imperfeição inicial padrão v0* / L = 1 / 1000.
As Tabelas 6, 7 e 8 apresentam os valores da força normal crítica teórica para
os modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29.
Nas Tabelas 6, 7 e 8 as forças críticas (NT)Eb e (NT)Ec são determinadas por
meio das curvas b e c da norma Eurocode 3: 1992, com a imperfeição inicial
v0 / L = 1 / γ para cada modelo, enquanto que as forças (NT*)Eb e (NT*)Ec são obtidas
com a imperfeição inicial padrão v0* / L = 1 / 1000.

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Adotou-se para a determinação de λ e λ um fator comprimento efetivo


k = 0,85, como sendo uma aproximação do valor médio obtido a partir da deformada
dos os modelos ensaiados à compressão e a flambagem por flexão em torno do eixo
de menor inércia (y-y).

Tabela 6 - Valores da força normal crítica teórica para o perfil CS 150 x 25


Modelo L λ v0 / L (NT)Eb (NT*)Eb (NT)Ec (NT*)Ec (NT)Eb / (NT*)Eb (NT)Ec / (NT*)Ec
(cm) (kN) (kN) (kN) (kN)
1 180 0,50 1/1593 915 893 871 851 1,025 1,024
2 180 0,50 1/1895 920 893 876 851 1,030 1,029
3 180 0,50 1/1698 916 893 873 851 1,026 1,026
1 220 0,61 1/1264 858 840 803 786 1,021 1,022
2 220 0,61 1/928* 839 840 786 786 0,999 1,000
3 220 0,61 1/1196 854 840 799 786 1,017 1,017
1 290 0,80 1/1534 762 727 692 664 1,048 1,042
2 290 0,80 1/2266 782 727 707 664 1,076 1,065
3 290 0,80 1/1629 766 727 695 664 1,054 1,047
1 360 1,00 1/1698 642 600 574 543 1,070 1,057
2 360 1,00 1/1818 645 600 577 543 1,075 1,063
3 360 1,00 1/1423 632 600 567 543 1,053 1,044
* Deslocamento inicial v0 superior ao valor permitido pela norma NBR 5884, ou seja, L / 1000.

O modelo 2, de comprimento L = 220 cm, do perfil CS 150 x 25 apresenta um


deslocamento inicial v0 superior a L / 1000, porém a força NT iguala-se à força NT*.

Tabela 7 - Valores da força normal crítica teórica para o perfil PS 200 x 25


Modelo L λ v0 / L (NT)Eb (NT*)Eb (NT)Ec (NT*)Ec (NT)Eb / (NT*)Eb (NT)Ec / (NT*)Ec
(cm) (kN) (kN) (kN) (kN)
1 150 0,51 1/1389 908 889 863 845 1,021 1,021
2 150 0,51 1/1420 909 889 863 845 1,023 1,021
3 150 0,51 1/1304 905 889 860 845 1,018 1,018
1 200 0,68 1/1087 812 800 751 741 1,015 1,008
2 200 0,68 1/1242 821 800 759 741 1,026 1,024
3 200 0,68 1/1136 815 800 754 741 1,019 1,018
1 240 0,82 1/1290 744 716 675 653 1,039 1,034
2 240 0,82 1/938* 718 716 655 653 1,003 1,003
3 240 0,82 1/1212 739 716 672 653 1,032 1,029
1 300 1,02 1/787* 570 582 519 526 0,979 0,987
2 300 1,02 1/1685 625 582 559 526 1,074 1,063
3 300 1,02 1/1240 606 582 545 526 1,041 1,036
* Deslocamento inicial v0 superior ao valor permitido pela norma NBR 5884, ou seja, L / 1000.

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Tabela 8 - Valores da força normal crítica teórica para o perfil PS 225 x 29


Modelo L λ v0 / L (NT)Eb (NT*)Eb (NT)Ec (NT*)Ec (NT)Eb / (NT*)Eb (NT)Ec / (NT*)Ec
(cm) (kN) (kN) (kN) (kN)
1 160 0,47 1/1282 1054 1039 1009 994 1,014 1,015
2 160 0,47 1/1695 1065 1039 1019 994 1,025 1,025
3 160 0,47 1/1356 1057 1039 1011 994 1,017 1,017
1 200 0,59 1/1980 1018 974 953 914 1,045 1,043
2 200 0,59 1/1220 993 974 931 914 1,020 1,019
3 200 0,59 1/1328 998 974 936 914 1,025 1,024
1 250 0,74 1/1289 907 879 832 808 1,032 1,030
2 250 0,74 1/1572 922 879 843 808 1,049 1,043
3 250 0,74 1/1269 906 879 831 808 1,031 1,029
1 350 1,04 1/1944 717 659 639 596 1,088 1,072
2 350 1,04 1/1563 704 659 630 596 1,068 1,057
3 350 1,04 1/1584 704 659 631 596 1,068 1,059

O modelo 1, de L = 300 cm, do perfil PS 200 x 25 apresenta um deslocamento


inicial v0 / L = 1 / 717 superior ao deslocamento inicial v0* / L = 1 / 1000, permitido pela
norma NBR 5884. Neste caso, como a resistência do modelo é inferior à permitida
pela normalização, conforme ilustra a Tabela 7, o mesmo deve ser desprezado.
O modelo 2, de L = 240 cm, do perfil PS 200 x 25 com uma imperfeição inicial
v0 / L = 1 / 938 superior à imperfeição inicial padrão v0* / L = 1 / 1000, porém da mesma
ordem de grandeza, poderá ser utilizado, pois conforme ilustra a Tabelas 7 sua
resistência não é inferior à permitida pela normalização.
A influência das imperfeições iniciais v0 na resistência à compressão dos
modelos pertencentes às três séries em análise é clara e como já era previsto o maior
efeito ocorre para os modelos mais esbeltos.

3 ANÁLISE EXPERMENTAL

Apresenta-se nesta seção, a metodologia adotada para realização dos ensaios


de laboratório, bem como os principais resultados experimentais obtidos, os quais são
utilizados para a determinação da força normal crítica à compressão dos modelos
formados por perfis I – FC das séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29.
Durante a fase experimental foram executados os ensaios de caracterização
do material, medição das imperfeições iniciais transversais medidas ao longo do
comprimento do perfil e o ensaio à compressão dos modelos.

3.1 Ensaio de caracterização do aço

As propriedades mecânicas de interesse do aço ASTM – A36, empregado na


fabricação dos perfis, foram determinadas por meio do ensaio à tração de oito (08)
corpos-de-prova, na máquina de ensaio servo-hidráulica INSTRON. A partir destes
ensaios determinou-se as resistências ao escoamento fy e à ruptura fu e o modulo de
elasticidade E, estabelecendo-se os seguintes valores médios: fy = 300 MPa,
fu = 400 MPa e E = 205000 MPa.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 30, p.1-25, 2006


12 Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves

Os corpos-de-prova foram retirados de três (03) perfis I - FC, pertencentes ao


lote de perfis destinados ao ensaio à compressão. Retirou-se destes perfis quatro (04)
corpos-de-prova das mesas e quatro (04) da alma, totalizando-se oito (08). As
dimensões foram admitidas segundo as recomendações da norma ASTM A370 – 96,
as quais encontram-se ilustradas na figura 3. Onde t corresponde a espessura da
chapa constituinte do perfil.

800 mm

230

50

w = 40 ± 2,0 t
Rmin = 25
Figura 3 - Dimensões nominais do corpo-de-prova para o ensaio à tração.

A figura 4 ilustra um diagrama tensão-deformação (σ x ε) padrão para os


corpos-de-prova retirados das mesas dos perfis. Salientar-se que os corpos-de-prova
apresentaram propriedades mecânicas diferentes, caracterizando que os perfis foram
fabricados de chapas de aço de corrida diferente durante o processo de laminação.

400
350
300
σ (MPa)

250
200
150
100
50
0
0,000 0,003 0,005 0,008 0,010 0,013
ε

Figura 4 - Diagrama tensão-deformação.

3.2 Medição das imperfeições iniciais

As imperfeições geométricas iniciais dos perfis foram determinadas por meio


da utilização de uma bancada, composta por um mancal devidamente ajustado sobre
um perfil U laminado de 200 mm de altura construída para esta finalidade no
Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
A Figura 5 mostra um dispositivo utilizando a bancada, citada anteriormente,
para a leitura das imperfeições geométricas transversais, as quais são medidas ao
longo do comprimento longitudinal dos perfis. As imperfeições geométricas dos perfis
foram obtidas por meio de um transdutor de deslocamento linear, que se desloca com
o mancal, a fim de se obter as leituras nos pontos desejados.

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Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados 13

Figura 5 - Dispositivo para leitura das imperfeições geométricas transversais.

As imperfeições geométricas foram medidas na alma e nas mesas dos perfis,


em três linhas, conforme ilustra a Figura 6. As medidas foram realizadas a cada 200
mm, com o transdutor de deslocamento posicionado manualmente ao longo de cada
ponto.

A B C

D E F

Figura 6 - Posições para medidas das deslocadas transversais.

A figura 7 apresenta um ajuste das imperfeições transversais, medidas ao


longo da linha média da alma, linha H. O ajuste foi realizado por meio da função
senoidal, proposta por Young (1807), representada pela expressão (35):

v 0 ( x ) = v 0 sen (πx L) (35)

onde v0 é o valor da imperfeição inicial no meio do vão do modelo.

A figura 7 ilustra a posição deslocada inicial do modelo 3 pertencente ao perfil


PS 225 x 29, de comprimento L = 1600 mm.

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14 Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves

2,00
1,50

v0 (mm)
1,00
0,50
0,00
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
L (mm)

Figura 7 - Ajuste da imperfeição transversal na linha H do perfil.

Os resultados experimentais dos deslocamentos iniciais v0 ajustados no meio


do vão dos modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29
encontram-se ilustrados nas Tabelas 12, 13 e 14, sob a forma de v0 / L = 1 / γ.

3.3 Ensaio dos modelos à compressão

Os elementos comprimidos foram ensaiados em modelos que se aproximam


de pilares com articulações nas extremidades e a instabilidade prevista para o eixo de
menor inércia y – y.
Os ensaios de 36 modelos pertencentes às séries em estudo foram realizados
na máquina de ensaio servo-hidráulica INSTRON, com capacidade de 3000 kN e
altura de 4000 mm, do Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia de
Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. A
figura 8 mostra uma foto da Máquina INSTRON, com o modelo na posição do ensaio.

Figura 8 - Máquina INSTRON, com o modelo na posição do ensaio.

A Tabela 9 apresenta o número de modelos, com seus respectivos


comprimentos, para as séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29 ensaiadas.

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Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados 15

Tabela 9 - Relação dos modelos ensaiados

Perfil Série Comprimento (mm) Nº de Modelos


1800 3
CS 150 x 25 2200 3
2900 3
3600 3
1500 3
PS 200 x 25 2000 3
2400 3
3000 3
1600 3
PS 225 x 29 2000 3
2500 3
3500 3

Os modelos foram instrumentados com transdutores de deslocamento,


posicionados nas linhas médias da alma e de uma das mesas do perfil, para se obter
os deslocamentos laterais nas posições indicadas, conforme ilustra a figura 9.
A figura 9.a ilustra a posição dos transdutores 1 a 7 na alma e 8 a 10 na mesa
do modelo, numerados a partir da extremidade superior do perfil, enquanto que, a
figura 9.b mostra uma foto ilustrativa de um modelo instrumentado.

y
x
(a) (b)
Figura 9 - Modelo instrumentado com transdutores de deslocamento.

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16 Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves

As Tabelas 10 e 11 apresentam as cotas dos transdutores de deslocamento


posicionados na alma e na mesa dos modelos pertencentes às séries CS 150 x 25,
PS 200 x 25 e PS 225 x 29.

Tabela 10 - Cotas dos transdutores posicionados na alma dos modelos

Perfil L (mm) Cotas dos Transdutores (mm)


T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7
T1
CS 1800 1700 1300 900 500 367 233 100
150 X 25 2200 2100 1600 1100 600 433 267 100
T2
2900 2800 2125 1450 775 550 325 100
3600 3500 2650 1800 950 667 383 100
T3 T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7
PS 1500 1400 1075 750 425 317 208 100

T4 200 x 25 2000 1900 1450 1000 550 400 250 100


T5 2400 2300 1750 1200 650 467 283 100
T6
3000 2900 2200 1500 800 567 333 100
T7
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7
PS 1600 1500 1150 800 450 333 217 100
z
225 x 29 2000 1900 1450 1000 550 400 250 100

O y 2500 2400 1825 1250 675 483 292 100


3500 3400 2575 1750 925 650 375 100

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Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados 17

Tabela 11 - Cotas dos transdutores posicionados na mesa dos modelos

Perfil L (mm) Cotas dos Transdutores (mm)


T8 T9 T10
T8 CS 1800 1700 900 100
150 X 26 2200 2100 1100 100
2900 2800 1450 100
3600 3500 1800 100
T8 T9 T10
T9
CVS 1500 1400 750 100
200 x 26 2000 1900 1000 100
2400 2300 1200 100
3000 2900 1500 100
T10 T8 T9 T10
CVS 1600 1500 800 100
z
225 x 30 2000 1900 1000 100
2500 2400 1250 100
O x
3500 3400 1750 100

3.4 Resultados da análise experimental

Apresentam-se nas tabelas 12, 13 e 14 os valores experimentais da


imperfeição inicial v0, dos deslocamentos laterais v, do fator comprimento efetivo de
flambagem k e da força normal crítica experimental NE para os modelos pertencentes
às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e PS 225 x 29.
Os deslocamentos laterais v apresentados nas Tabelas 12, 13 e 14 referem-se
aos deslocamentos medidos durante o ensaio à compressão dos modelos nos
transdutores T3 e T9, posicionados na altura média da alma e da mesa dos perfis.
O fator comprimento efetivo de flambagem k encontra-se apresentado nas
Tabelas 12, 13 e 14 em função de ky (obtido a partir da deformada do modelo na
direção do eixo de menor inércia) e kx (determinado a partir da deformada do modelo
na direção do eixo de maior inércia).

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18 Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves

Tabela 12 - Valores experimentais para os modelos da série CS 150 x 25


Modelo L (mm) v0 / L NE (kN) v (mm) v (mm) ky kx
T3 T9
1 1800 1/1593 951 11 1 0,85 0,64
2 1800 1/1895 1044 2 3 0,61 0,90
3 1800 1/1698 959 8 1 0,78 0,47
1 2200 1/1264 916 7 5 0,92 0,53
2 2200 1/928 849 8 1 0,83 0,74
3 2200 1/1196 924 4 0 0,81 0,74
1 2900 1/1534 788 10 2 0,93 0,73
2 2900 1/2266 894 3 2 0,77 0,62
3 2900 1/1629 783 10 3 1,00 0,59
1 3600 1/1698 699 11 3 0,83 0,67
2 3600 1/1818 708 10 4 0,83 0,76
3 3600 1/1423 676 11 3 0,78 0,62

Tabela 13 - Valores experimentais para os modelos da série PS 200 x 25


Modelo L (mm) v0 / L NE (kN) v (mm) v (mm) ky kx
T3 T9
1 1500 1/1389 1029 2 1 0,50 0,17
2 1500 1/1420 985 5 3 0,70 0,70
3 1500 1/1304 964 4 1 0,58 0,34
1 2000 1/1087 836 11 0 0,66 0,49
2 2000 1/1242 1011 4 0 0,66 0,59
3 2000 1/1136 859 7 0 0,68 0,71
1 2400 1/1290 936 2 1 0,81 0,37
2 2400 1/938 769 9 1 0,79 0,77
3 2400 1/1212 850 3 3 0,75 0,70
1 3000 1/787 573 18 14 1,00 0,88
2 3000 1/1685 813 6 5 0,61 0,69
3 3000 1/1240 785 8 0 0,77 0,44

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Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados 19

Tabela 14 - Valores experimentais para os modelos da série PS 225 x 29


Modelo L (mm) v0 / L NE (kN) v (mm) v (mm) ky kx
T3 T9
1 1600 1/1282 1135 9 1 0,86 0,47
2 1600 1/1695 1162 7 * 0,88 *
3 1600 1/1356 1144 4 0 0,72 0,30
1 2000 1/1980 1155 4 1 0,80 0,75
2 2000 1/1220 978 13 0 1,00 0,69
3 2000 1/1328 1055 10 0 0,85 0,69
1 2500 1/1289 953 11 2 0,88 0,50
2 2500 1/1572 917 13 0 0,94 0,60
3 2500 1/1269 845 15 1 0,91 0,53
1 3500 1/1944 850 0 1 0,77 0,82
2 3500 1/1563 752 14 0 0,90 0,38
3 3500 1/1584 763 15 2 0,87 0,87

* As leituras foram desprezadas, devido a problemas no transdutor T9.

Os resultados das imperfeições iniciais v0 apresentados nas Tabelas 12, 13 e


14 foram utilizados na seção 2.4, para a determinação da força normal crítica teórica.
Os valores da força normal crítica experimental NE serão utilizados no item 4,
seções 4.1 e 4.2, para comparações com a força normal crítica teórica NT e com as
curvas b e c da norma Eurocode 3: 1992.
Os deslocamentos laterais v no meio do vão, medidos pelos transdutores T3 e
T9 localizados na alma e na mesa dos perfis, mostram a influência das imperfeições
iniciais na resistência à compressão dos elementos comprimidos e indicam que a
flambagem ocorre em torno do menor eixo de inércia para a maioria dos modelos
ensaiados.
As séries CS 150x25, PS 200x25 e PS 225x29, apresentaram um fator
comprimento efetivo de flambagem (ky)médio, na direção do eixo de menor inércia,
iguais a 0,83, 071 e 0,87, respectivamente.
Considerando que a série PS 200x25 apresentou um fator comprimento efetivo
(ky)médio = 0,71 muito baixo, em virtude da grande influência das imperfeições iniciais,
esta série foi desprezada para a determinação do fator k médio a ser utilizado na
análise teórica.
O fator comprimento efetivo (k)médio foi admitido como sendo a média aritmética
entre (ky)médio da série CS 150x25 e o (ky)médio da série PS 225x29, ou seja,
(k)médio = (0,83 + 0,87) / 2 = 0,85.
O fator (k)médio = 0,85 foi utilizado para o cáculo da força normal crítica teórica
NT apresentada na seção 2.4 e na determinação do índice de esbeltez λ e do índice
de esbeltez reduzido λ utilizados nos gráficos apresentados na seção 4.4.
Admitiu-se o fator k = 0,85 para as três séries ensaiadas, numa tentativa de se
ajustar as posições dos modelos em relação às curvas de resistência à compressão
adotadas pelas normas de cálculo.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 30, p.1-25, 2006


20 Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves

4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS

Discute-se neste item, por meio de uma análise comparativa, os resultados da


força normal crítica obtidos teoricamente e experimentalmente. Compara-se também,
em forma de gráficos, os valores da força normal crítica experimental NE com as
curvas b e c da norma Eurocode 3: 1992.

4.1 Comparação entre a força crítica experimental e teórica

Apresenta-se nesta seção uma comparação entre a força normal crítica


experimental NE e a força normal crítica teórica NT, determinada a partir das curvas b
e c da norma Eurocode 3: 1992, admitindo imperfeições iniciais v0 / L = 1 / γ, conforme
ilustram as tabela 15, 16 e 17.

Tabela 15 - Valores da força crítica NE e NT – perfil CS 150 x 25


Modelo L k λ v0 / L (NT)Eb (NT)Ec NE NE / (NT)Eb NE / (NT)Ec
(cm) (kN) (kN) (kN)
1 180 0,85 0,50 1/1593 915 871 951 1,039 1,092
2 180 0,85 0,50 1/1895 920 876 1044 1,135 1,192
3 180 0,85 0,50 1/1698 916 873 959 1,047 1,099
1 220 0,85 0,61 1/1264 858 803 916 1,068 1,141
2 220 0,85 0,61 1/928 839 786 849 1,012 1,080
3 220 0,85 0,61 1/1196 854 799 924 1,082 1,156
1 290 0,85 0,81 1/1534 762 692 788 1,034 1,139
2 290 0,85 0,81 1/2266 782 707 894 1,143 1,265
3 290 0,85 0,81 1/1629 766 695 783 1,022 1,127
1 360 0,85 1,01 1/1698 642 574 699 1,088 1,218
2 360 0,85 1,01 1/1818 645 577 708 1,098 1,227
3 360 0,85 1,01 1/1423 632 567 676 1,069 1,192

Tabela 16 - Valores da força crítica NE e NT – perfil PS 200 x 25


Modelo L k λ v0 / L (NT)Eb (NT)Ec NE NE / (NT)Eb NE / (NT)Ec
(cm) (kN) (kN) (kN)
1 150 0,85 0,52 1/1389 908 863 1029 1,133 1,192
2 150 0,85 0,52 1/1420 909 863 985 1,084 1,141
3 150 0,85 0,52 1/1304 905 860 964 1,065 1,121
1 200 0,85 0,69 1/1087 812 751 836 1,030 1,113
2 200 0,85 0,69 1/1242 821 759 900 1,096 1,186
3 200 0,85 0,69 1/1136 815 754 859 1,054 1,139
1 240 0,85 0,83 1/1290 744 675 850 1,143 1,259
2 240 0,85 0,83 1/938 718 655 769 1,071 1,174
3 240 0,85 0,83 1/1212 739 672 850 1,150 1,265
1 300 0,85 1,04 1/787 570 519 573 1,005 1,104
2 300 0,85 1,04 1/1685 625 559 813 1,301 1,454
3 300 0,85 1,04 1/1240 606 545 785 1,295 1,440

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 30, p. 1-25, 2006


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados 21

Tabela 17 - Valores da força crítica NE e NT – perfil PS 225 x 29

Modelo L k λ v0 / L (NT)Eb (NT)Ec NE NE / (NT)Eb NE / (NT)Ec


(cm) (kN) (kN) (kN)
1 160 0,85 0,48 1/1282 1054 1009 1135 1,077 1,125
2 160 0,85 0,48 1/1695 1065 1019 1162 1,091 1,140
3 160 0,85 0,48 1/1356 1057 1011 1144 1,082 1,132
1 200 0,85 0,60 1/1980 1018 953 1155 1,135 1,212
2 200 0,85 0,60 1/1220 993 931 978 0,985 1,051
3 200 0,85 0,60 1/1328 998 936 1055 1,057 1,127
1 250 0,85 0,75 1/1289 907 832 953 1,051 1,145
2 250 0,85 0,75 1/1572 922 843 917 0,995 1,088
3 250 0,85 0,75 1/1269 906 831 845 0,933 1,017
1 350 0,85 1,05 1/1944 717 639 850 1,186 1,330
2 350 0,85 1,05 1/1563 704 630 752 1,068 1,194
3 350 0,85 1,05 1/1584 704 631 763 1,084 1,209

Nas Tabelas 15, 16 e 17, NE corresponde a força normal crítica experimental,


(NT)Eb a força normal crítica teórica para v0 / L = 1 / γ - curva b do Eurocode 3 e (NT)Ec
a força normal crítica teórica para v0 / L = 1 / γ - curva c do Eurocode 3.
O modelo 2, de comprimento L = 180 cm, do perfil CS 150 x 25 apresenta na
Tabela 15 uma força normal crítica experimental NE da ordem de grandeza da força
normal crítica de escoamento Ny, caracterizando o escoamento da seção transversal.
Os deslocamentos laterais nos transdutores T3 e T9 e os próprios valores de ky e kx,
ilustrados na Tabela 12, indicam que não ocorre predominância de flambagem em
torno do eixo de menor inércia.
O modelo 1, de comprimento L = 150 cm, do perfil PS 200 x 25 apresenta na
Tabela 16 uma força normal crítica experimental NE da ordem de grandeza da força
normal crítica de escoamento Ny, caracterizando o escoamento da seção transversal.
Os deslocamentos laterais nos transdutores T3 e T9, ilustrados na Tabela 13, indicam
que não ocorre predominância de flambagem em torno do eixo de menor inércia.
O modelo 2, de comprimento L = 160 cm, do perfil PS 225 x 29 apresenta na
Tabela 17 uma força normal crítica experimental NE da ordem de grandeza da força
normal crítica de escoamento Ny, caracterizando o escoamento da seção transversal.

4.2 Força normal reduzida para os modelos ensaiados

Apresenta-se nesta seção uma comparação entre os resultados de ensaio e as


curvas b e c do Eurocode 3: 1992. Os resultados de ensaios são representados pela
força normal reduzida ρ.
A força normal reduzida ρ é definida pela a razão entre a força normal crítica
experimental NE e a força normal teórica de escoamento Ny = Ag . fy, conforme a
expressão (36).

NE
ρ= (36)
Ny

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 30, p.1-25, 2006


22 Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves

Admite-se na expressão (36) a tensão de escoamento fy = 30 kN/cm2 e os


valores da área bruta Ag iguais aos apresentados, anteriormente, na Tabela 5.
Os gráficos apresentados nas figuras 10, 11 e 12 ilustram os valores da força
normal reduzida ρ para os modelos pertencentes às séries CS 150 x 25, PS 200 x 25 e
PS 225 x 29, admitindo o fator comprimento efetivo de flambagem k = 0,85 e a
flambagem por flexão em torno do eixo de menor inércia y – y.

1,2
ρ λ = 41
λ = 50 curva b
1,0
λ = 66 curva c
modelos
λ = 82 média
0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2
λ
Figura 10 - Força normal reduzida, perfil CS 150 x 25.Curvas b e c - Eurocode 3.

1,2
λ = 42
ρ λ = 56
1,0 λ = 67 curva b
curva c
λ = 84 modelos
0,8 média

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2
λ
Figura 11 - Força normal reduzidal, perfil PS 200 x 25. Curvas b e c – Eurocode 3.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 30, p. 1-25, 2006


Análise teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados 23

1,2

ρ λ = 39 λ = 49
1,0 λ = 61 curva b
curva c
λ = 85 modelos
0,8 média

0,6

0,4

0,2

0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2

λ
Figura 12 - Força normal reduzida, perfil PS 225 x 29. Curvas b e c – Eurocode 3.

Analisando o gráfico da figura 10, observa-se que a média dos resultados da


força normal crítica experimental NE dos modelos da série CS 150 x 25 situa-se acima
da curva b da norma Eurocode 3: 1992, permitindo concluir que a curva b representa
melhor a resistência à compressão dos modelos ensaiados.
Percebe-se ainda, do gráfico da figura 10 que ocorre uma grande dispersão
entre os resultados experimentais da força normal crítica, para o índice de esbeltez
λ = 84, isto ocorre em virtude da grande influência das imperfeições geométricas
iniciais e de alguma provável perturbação ocorrida na direção do eixo de maior
inércia.
O gráfico da figura 11 mostra que a média dos resultados da força normal
crítica experimental NE dos modelos da série PS 200 x 25 situa-se acima da curva b
da norma Eurocode 3: 1992, entretanto, verifica-se que os resultados desta série
encontram-se mais dispersos, em virtude de uma maior influência das imperfeições
iniciais. Este maior efeito ocorre porque os modelos da série PS 200 x 25 apresentam
maiores valores dos deslocamentos iniciais v0, quando comparados com as outras
duas séries.
Verifica-se a partir do gráfico da figura 12, que a média dos resultados da força
normal crítica experimental NE dos modelos da série PS 225 x 29 aproxima-se mais
da curva b da norma Eurocode 3: 1992, permitindo concluir que a curva b representa
melhor a resistência à compressão dos modelos ensaiados. Percebe-se ainda que os
modelos de esbeltez λ = 39 apresentaram a força normal crítica experimental NE
próxima da força normal de escoamento Ny e que o modelo 1, de comprimento
L = 350 cm e esbeltez λ = 85, com uma imperfeição v0 pequena e uma força crítica NE
bem superior ao valor estimado pela análise teórica deverá ser desprezado.

5 CONCLUSÕES

Os resultados da análise teórica, baseada no modelo de 2a espécie,


fundamentam a verificação da resistência na seção mais solicitada do elemento

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 8, n. 30, p.1-25, 2006


24 Geraldo Donizetti de Paula & Roberto Martins Gonçalves

comprimido na sua configuração deformada e indica resultados com boa correlação


quando comparados com os obtidos experimentalmente.
Verifica-se a partir de uma comparação entre a força normal crítica
experimental NE e a força normal crítica teórica NT, que os resultados obtidos
experimentalmente são coerentes e satisfatórios.
Comparando a força normal crítica experimental NE com a força normal crítica
determinada pela norma Eurocode 3: 1992, admitindo as imperfeições geométricas
iniciais v0 / L = 1 / γ, apresentada nas Tabelas 15, 16 e 17, pode-se perceber a grande
influência das imperfeições iniciais na resistência à compressão dos elementos
comprimidos de aço formados pelos perfis I – FC de pequenas dimensões.
Verifica-se a partir de uma comparação entre a força normal crítica
experimental NE e a força normal crítica NT apresentada nas Tabelas 15, 16 e 17, que
a maior influência das imperfeições iniciais v0 ocorre para os modelos com maiores
índices de esbeltez λ, pois os modelos mais esbeltos situam na faixa de esbeltez com
maior efeito das imperfeições geométricas iniciais na resistência à compressão.
Levando em consideração a posição da média dos resultados da força normal
crítica de compressão dos modelos ensaiados, em relação às curvas b e c, conclui-se
que a curva b é a mais adequada, quando a flambagem ocorre por flexão em torno do
eixo de menor inércia y – y, para o cálculo da resistência à compressão dos perfis
I – FC de pequenas dimensões.
Analisando as três séries ensaiadas, considerando a posição da média dos
valores da força normal crítica experimental NE em relação às curvas do Eurocode 3,
percebe-se que a série CS 150 x 25 apresenta melhores resultados em relação às
demais séries. Dentre as séries PS, perfis que não constam nas Tabelas apresentadas
no anexo B da norma NBR 5884: 2000, a série PS 225 x 29 é a que se comporta
melhor.
É importante ressaltar que há necessidade de ampliar o número de modelos a
serem ensaiados e avaliar as condições e resultados quando a flambagem não ocorre
em torno do eixo de menor inércia e que seja realizado um trabalho efetivo de
caracterização de tensões residuais, para permitir uma conclusão definitiva sobre os
procedimentos adotados quanto ao dimensionamento de perfis I soldados de aço,
formados por chapas cortadas a maçarico, comprimidos.

6 AGRADECIMENTOS

Agradecemos a CAPES pela concessão da bolsa de estudos e a empresa


USIMINAS pelo apoio financeiro na compra dos perfis estruturais de aço, sem o qual
esta pesquisa poderia não ter sido realizada.

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- Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios. Rio de Janeiro.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. (2000). Texto base


para revisão da NBR 5884 – Elementos estruturais de aço soldados por arco
elétrico – Parte I – Perfil I. Rio de Janeiro.

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(Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Carlos.

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