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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

Carolina Longo Faustino

ANÁLISE DE RECALQUES EM MICROESTACAS


INJETADAS (INCOPILES) SUBMETIDAS A
ESFORÇOS DE COMPRESSÃO EM SOLO DE
DIABÁSIO, EM CAMPINAS - SP

CAMPINAS, SP
2021
CAROLINA LONGO FAUSTINO

ANÁLISE DE RECALQUES EM MICROESTACAS


INJETADAS (INCOPILES) SUBMETIDAS A
ESFORÇOS DE COMPRESSÃO EM SOLO DE
DIABÁSIO, EM CAMPINAS - SP

Dissertação de Mestrado apresentada


a Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo da Unicamp,
para obtenção do título de Mestra em
Engenharia Civil na área de Estruturas
e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. David de Carvalho

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA CAROLINA LONGO
FAUSTINO E ORIENTADA PELO PROF. DR. DAVID DE
CARVALHO.

ASSINATURA DO ORIENTADOR(A)

______________________________________

CAMPINAS, SP
2021
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Rose Meire da Silva - CRB 8/5974

Faustino, Carolina Longo, 1992-


F275a FauAnálise de recalques em microestacas injetadas (Incopiles) submetidas a
esforços de compressão em solo de diabásio, em Campinas - SP / Carolina
Longo Faustino. – Campinas, SP : [s.n.], 2021.

FauOrientador: David de Carvalho.


FauDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.

Fau1. Recalque de estruturas. 2. Fundações (Engenharia). 3. Solos -


Consolidação. 4. Prova de carga. 5. Estacaria (Engenharia civil). I. Carvalho,
David de, 1955-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Settlement analysis of pressure-grouted micropiles (incopiles)


submitted to compression axial loads in diabase soil, in Campinas - SP
Palavras-chave em inglês:
Construction settlement
Foundations (Engineering)
Soils - Consolidation
Load tests
Pile (Civil engineering)
Área de concentração: Estruturas e Geotécnica
Titulação: Mestra em Engenharia Civil
Banca examinadora:
David de Carvalho [Orientador]
Paulo José Rocha de Albuquerque
Cristina de Hollanda Cavalcanti Tsuha
Data de defesa: 09-04-2021
Programa de Pós-Graduação: Engenharia Civil

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)


- ORCID do autor: 0000-0003-3885-3693
- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/1291336096045791

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO

ANÁLISE DE RECALQUES EM MICROESTACAS


INJETADAS (INCOPILES) SUBMETIDAS A
ESFORÇOS DE COMPRESSÃO EM SOLO DE
DIABÁSIO, EM CAMPINAS - SP

Carolina Longo Faustino

Tese de Doutorado/Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora,


constituída por:

Prof. Dr. David de Carvalho

Presidente e Orientador(a)/Unicamp

Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque

Unicamp

Dra. Cristina de Hollanda Cavalcanti Tsuha

EESC

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema


de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

Campinas, 09 de abril de 2021


Ainda que eu tivesse o dom da profecia,
o conhecimento de todos os mistérios
e de toda a ciência;
ainda que eu tivesse toda a fé,
a ponto de transportar montanhas,
se não tivesse o amor,
eu não seria nada.
(1Cor 13, 2)
AGRADECIMENTOS

A Deus, que está sempre comigo e me dá saúde e força de vontade para seguir em
frente, especialmente nas adversidades.

A todos os meus familiares e amigos, especialmente aos meus avós, Maria Silvia
Guimarães Longo e João Carlos Longo, e ao meu noivo, Thiago Camargo Choquetta,
por todo o incentivo.

Ao Prof. Dr. David de Carvalho, por toda a paciência que teve comigo não só na
transmissão de conhecimento técnico, mas também nos momentos difíceis. Para mim
ficou um grande aprendizado. A ele, o meu respeito e admiração pelo profissional e
pela pessoa que é.

Ao Prof. Dr. Paulo J. R. Albuquerque, pelas disciplinas cursadas e pelos


ensinamentos, principalmente na minha qualificação. Minha gratidão por todo o apoio
durante o mestrado.

Aos funcionários da secretaria de pós graduação por toda a atenção dedicada.

Aos funcionários do laboratório por toda a ajuda e ensinamentos durante o curso.

À Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pela oportunidade de crescimento


científico.

Aos amigos Luiz Felipe Goulart Fiscina, Yuri Barbosa, Joaquim Ribeiro de Castro Neto
e Murilo Heryaldo Pinheiro Tarozzo pelos momentos de descontração durante as
provas de carga e por todo o apoio com dados e dúvidas.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de


Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
(88882.435168/2019-01) juntamente com a INCOTEP e a EMBRAGEO
RESUMO

Nos últimos 20 anos, a tecnologia de fundações em microestacas evoluiu


significativamente, principalmente no que diz respeito aos efeitos da pressão de
injeção da calda de cimento no acréscimo de resistência por atrito lateral ao longo do
fuste. Sendo assim, o conceito de grupo de microestacas de baixa capacidade evoluiu
para o uso de elementos únicos de alta capacidade.
Dessa forma, esse projeto de pesquisa tem como objetivo principal analisar
o comportamento solo-estaca, no sentido de recalques, de uma nova configuração de
microestaca injetada (Incopile), cujas premissas são a elevação da capacidade de
carga geotécnica e a diminuição do número de processos ao longo da sua execução,
tornando-a mais efetiva, rápida e econômica.
Foram executadas para este estudo cinco microestacas (Incopile) com
diferentes pressões de injeção de nata de cimento ao longo do fuste e na ponta. Todas
possuem diâmetro nominal de 30 cm e seus comprimentos variam de 16 m a 21 m.
As estacas em questão foram feitas no Campo Experimental III da
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, que se encontra próximo à
Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri). Seu subsolo é derivado do Diabásio,
formado por uma camada de aproximadamente 6 m de argila porosa marrom-
avermelhada (colapsível). Em seguida, tem-se uma camada de silte argiloso, solo de
alteração de rocha básica, até aproximadamente 9 m de profundidade. Por fim tem-
se uma camada de silte argilo-arenoso, até aproximadamente 25 m de profundidade.
O nível do lençol freático se encontra a aproximadamente 17 m de profundidade.
Todas as estacas foram instrumentadas ao longo do fuste com
extensômetros elétricos de resistência (strain gages) e foram submetidas a provas de
carga do tipo lenta. Para previsão dos recalques, foram utilizados os métodos Poulos
e Davis (1980), Vésic (1969, 1975a), Vésic Modificado (2008), Décourt (1995) e Cintra
et. al (2010), além de métodos computacionais com os programas GEO5 e UniPile.
Para convencionarem-se as cargas de ruptura, foram utilizados os métodos
de Van der Veen modificado por Aoki (1976) e da norma NBR 6122 (ABNT, 2019),
optando-se pelo resultado obtido pelo último método. As cargas de trabalho foram
convencionadas em 50% da carga de ruptura convencionada para cada estaca.
De maneira geral, os métodos analíticos resultaram em valores acima do
limite superior de +20%, adotado – tanto para mais como para menos – como
satisfatório neste trabalho. O método que teve melhores resultados para a
microestaca tipo Incopile foi o de Cintra et al. O único método a ter todos os resultados
abaixo do limite inferior de -20% foi o de Décourt (1995).
Em relação aos métodos computacionais, o software GEO5 obteve valores
mais próximos aos obtidos nas provas de carga com o programa ESTACA e valores
conservadores com o programa ESTACA VIA CPT. O software UniPile teve um
desempenho conservador na maioria dos casos, com poucas exceções dentro do
limite adotado.
Por fim, ao analisar as funções do UniPile sem a ajuda do software, os
resultados apresentaram-se satisfatórios em sua maioria, sendo o melhor resultado
do estudo.

Palavras-chave: Incopile; Previsão de Recalques; Provas de Carga Instrumentadas;


Interação Solo-Estaca.
ABSTRACT

In the last 20 years, the technology of foundations in micropiles has evolved


significantly, mainly with regard to the effects of the injection pressure of the cement
solution in the increase of resistance by lateral friction along the shaft. Thus, the
concept of low capacity micropile group has evolved to the use of unique high capacity
elements.
So, this research project has as main objective to analyze the soil-pile
behavior, in the sense of settling, of a new configuration of injected micropile (Incopile),
whose premises are the increase of the geotechnical load capacity and the decrease
of the number of processes along execution, making it more effective, quick and
economical.
Five micropiles were executed for this study with different pressures of
cement grout injection along the shaft and at the tip. All of them have a nominal
diameter of 30 cm and their lengths vary from 16 m to 21 m.
The piles in question were built at Experimental Field III of the State
University of Campinas - UNICAMP, close to the Faculty of Agricultural Engineering.
Its subsoil is derivate from Diabase, formed by a layer of approximately 6 m of reddish
brown porous clay (collapsible). Then there is a very clayey silt layer, composed by
decomposed basic rock, up to approximately 9 m deep. Finally, there is a layer of clay-
sand silt, up to approximately 25 m deep. The water table level is approximately 17 m
deep.
All piles were instrumented along the shaft with electric extensometers
(strain gages) and were subjected to slow load tests. To predict settlements, the
methods used were Poulos and Davis (1980), Vésic (1969, 1975a), Vésic Modificado
(2008), Décourt (1995) and Cintra et. al (2010) in addition to computational methods
with the GEO5 and UniPile programs.
In order to agree on rupture loads, the Van der Veen methods modified by
Aoki (1976) and the NBR 6122 (ABNT, 2019) method were used, opting for the result
obtained from the last method. The workloads were agreed with 50% of the rupture
load agreed for each pile.
In general, the analytical methods resulted in values above the upper limit
of + 20%, adopted - both for more and for less - as satisfactory in this work. The method
that had the best results for an Incopile micropile was that of Cintra et al. The only
method to result in values only below the lower limit of -20% was Décourt (1995).
Regarding computational methods, the GEO5 software obtained values
closer to those obtained in load tests with the ESTACA program and conservative
values with the ESTACA VIA CPT program. The UniPile software had a conservative
performance in most cases, with exceptions within the limit adopted.
Finally, when analyzing the functions of UniPile without the help of the
software, the results obtained are mostly satisfactory, being the best result of the study.

Keywords: Incopile; Settlement; Instrumented Load Tests; Soil-pile Interaction.


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Exemplo de aplicação de microestacas (FHWA, 2005) ......................... 24


Figura 2.2 - Microestaca com função de suporte estrutural (a) e reforço in situ do solo
(b) (FHWA, 2005) ...................................................................................................... 25
Figura 2.3 - Tipos de microestacas quanto à injeção (FHWA, 2005) ........................ 27
Figura 2.4 - Alguns tipos de armaduras utilizados (FHWA, 2005) ............................. 28
Figura 2.5 – Processo construtivo da microestaca (adaptado de Marangon, 2018) .. 30
Figura 2.6 – Exemplo de sistema de reação para prova de carga estática (Rodriguez
e Ramos, 2012) ......................................................................................................... 32
Figura 2.7 – Comportamento típico de curva carga x recalque (Velloso e Lopes, 2004)
.................................................................................................................................. 35
Figura 2.8 – Tipos de ruptura geoténica (Velloso e Lopes, 2004) ............................. 36
Figura 2.9 – Carga de ruptura convencionada (NBR 6122, 2019) ............................ 37
Figura 2.10 – Fases da transferência de carga ao longo de uma estaca (Massad, 1993)
.................................................................................................................................. 38
Figura 2.11 – a) esquema analisado; b) elemento da estaca (Adaptado de Garcia,
2006) ......................................................................................................................... 41
Figura 2.12 – Parâmetros para cálculo do recalque de estaca compressível: (a) fator
de deslocamento I0 - camada finita (ν = 0,5), (b) fator de correção para o coeficiente
de Poisson do solo, (c) fator de correção para a espessura h (finita) de solo
compressível, (d) fator de correção para compressibilidade da estaca (POULOS &
DAVIS, 1980). ........................................................................................................... 42
Figura 2.13 – Parâmetros para cálculo do recalque de estaca em solo mais rijo: (a)
condição L/B = 75, (b) condição L/B = 50, (c) condição L/B = 25, (d) condição L/B = 10
e (e) condição L/B = 5 (POULOS & DAVIS, 1980). ................................................... 43
Figura 2.14 – Valores de αss para diferentes distribuições de atrito (Albuquerque, 2001)
.................................................................................................................................. 44
Figura 2.15 – Gráfico para a determinação do parâmetro α (Martins, 2008) ............. 46
Figura 2.16 – Modelo proposto para representação da curva carga x recalque para
estacas de deslocamento (adaptado de Albuquerque, 2001) ................................... 48
Figura 2.17 – Modelo proposto para representação da curva carga x recalque para
estacas de não-deslocamento (adaptado de Albuquerque, 2001) ............................ 48
Figura 2.18 – Parcelas de recalque da estaca (Cintra et al., 2010)........................... 49
Figura 2.19 – Diagrama de esforço normal (Cintra et al., 2010)................................ 50
Figura 2.20 – Propagação de tensões devido à reação de ponta (Cintra et al., 2010)
.................................................................................................................................. 51
Figura 2.21 – Propagação de tensões devido às cargas laterais (Cintra et al., 2010)
.................................................................................................................................. 52
Figura 2.22 – (a) Valores para os coeficientes a e b; (b) Valores para os coeficientes
e e f ........................................................................................................................... 55
Figura 2.23 – Exemplo de gráfico obtido no programa ESTACA do software GEO5 57
Figura 2.24 – Cálculo da média das resistências da ponta do cone mínimas
q_(c,mean) (Guia de Usuário do GEO5, 2018) ......................................................... 58
Figura 2.25 – (a) Gráfico para determinar 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒, 𝑑, 1; (b) gráfico para determinar
𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒, 𝑑, 2. (1-estacas cravadas, 2-estacas de hélice contínua, 3-estacas escavadas)
(Guia de Usuário do GEO5, 2018) ............................................................................ 60
Figura 2.26 – (a) Gráfico do Tipo de Comportamento do Solo (SBT) para CPT não
normalizado segundo Robertson, 1986; (b) Gráfico do Tipo de Comportamento do
Solo (SBT) para CPT não normalizado segundo Robertson, 2010 ........................... 61
Figura 2.27 – Exemplo de gráfico obtido no programa ESTACA VIA CPT do software
GEO5 ........................................................................................................................ 62
Figura 2.28 – Distribuição de tensões segundo Boussinesq (1885) (Fellenius, 2021)
.................................................................................................................................. 63
Figura 2.29 – Exemplo de gráfico de ajuste da função Ratio de Gwizdala ............... 66
Figura 2.30 – Exemplo de gráfico de ajuste da função Hiperbólica de Chin-Kondner
.................................................................................................................................. 67
Figura 2.31 – Exemplo de gráfico de ajuste da função Exponencial de Van der Veen
.................................................................................................................................. 68
Figura 2.32 – Exemplo de gráfico de ajuste da função de Hansen – critério 80% .... 69
Figura 3.1 – Localização do Campo Experimental III ................................................ 71
Figura 3.2 – Locação dos ensaios SPT-T, CPTU e DMT executados....................... 72
Figura 3.3 – Perfil geológico do Campo Experimental III no eixo de SP-1, SP-3 e SP-
5 ................................................................................................................................ 73
Figura 3.4 – Variação dos valores médios de NSPT, Tmáx e Tres com a profundidade 74
Figura 3.5 - Variação média da resistência de ponta obtida pelo CPTU ao longo da
profundidade ............................................................................................................. 75
Figura 3.6 - Variação média do atrito lateral obtido pelo CPTU ao longo da
profundidade ............................................................................................................. 75
Figura 3.7 - Variação de P0 e P1 obtidos pelo DMT ao longo da profundidade ........ 76
Figura 3.8 - Variação de ID e KD obtidos pelo DMT ao longo da profundidade ........ 76
Figura 3.9 – Resultado do ensaio granulométrico com amostras do furo 4 .............. 77
Figura 3.10 – Variação do teor de umidade com a profundidade para o furo 4 ........ 78
Figura 3.11 – Processo executivo da microestaca injetada (Barbosa, 2019) ............ 79
Figura 3.12 – (a) Coroa de perfuração em posição; (b) Roller bits............................ 80
Figura 3.13 – Válvula manchete instalada no tubo de revestimento (Barbosa, 2019)
.................................................................................................................................. 80
Figura 3.14 – Perfuração da estaca em andamento ................................................. 81
Figura 3.15 – (a) Obturador simples; (b) Obturador duplo ........................................ 82
Figura 3.16 – Selamento do tubo interno com calda de cimento............................... 82
Figura 3.17 – Esquema do posicionamento das estacas de reação em relação à estaca
ensaiada .................................................................................................................... 83
Figura 3.18 – Montagem do sistema de reação para a realização do ensaio (Fiscina,
2020) ......................................................................................................................... 83
Figura 3.19 – Esquema de posicionamento da instrumentação ao longo das estacas
.................................................................................................................................. 84
Figura 3.20 – (a) Esquema de ligação dos Strain Gages; (b) Resina protetora contra
choques e umidade (Fiscina, 2020) .......................................................................... 85
Figura 3.21 – Instalação da instrumentação.............................................................. 85
Figura 4.1 - Resultados das provas de carga de todas as estacas ........................... 87
Figura 4.2 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-1
pelos métodos analíticos ........................................................................................... 90
Figura 4.3 - Comparação entre métodos para a estaca ET-1 ................................... 91
Figura 4.4 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-1
pelos métodos computacionais ................................................................................. 92
Figura 4.5 - Comparação entre métodos para a estaca ET-1 ................................... 93
Figura 4.6 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações
diretamente ............................................................................................................... 94
Figura 4.7 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-2
.................................................................................................................................. 95
Figura 4.8 - Comparação entre métodos para a estaca ET-2 ................................... 96
Figura 4.9 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-2
pelos métodos computacionais ................................................................................. 97
Figura 4.10 - Comparação entre métodos para a estaca ET-2 ................................. 98
Figura 4.11 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações
diretamente ............................................................................................................... 99
Figura 4.12 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-3
................................................................................................................................ 100
Figura 4.13 - Comparação entre métodos para a estaca ET-3 ............................... 101
Figura 4.14 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-3
pelos métodos computacionais ............................................................................... 102
Figura 4.15 - Comparação entre métodos para a estaca ET-3 ............................... 103
Figura 4.16 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações
diretamente ............................................................................................................. 104
Figura 4.17 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-4
................................................................................................................................ 105
Figura 4.18 - Comparação entre métodos para a estaca ET-4 ............................... 106
Figura 4.19 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-4
pelos métodos computacionais ............................................................................... 107
Figura 4.20 - Comparação entre métodos para a estaca ET-4 ............................... 108
Figura 4.21 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações
diretamente ............................................................................................................. 109
Figura 4.22 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-5
................................................................................................................................ 110
Figura 4.23 - Comparação entre métodos para a estaca ET-5 ............................... 111
Figura 4.24 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-5
pelos métodos computacionais ............................................................................... 112
Figura 4.25 - Comparação entre métodos para a estaca ET-5 ............................... 113
Figura 4.26 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações
diretamente ............................................................................................................. 114
Figura 4.27 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Poulos e
Davis (1980) ............................................................................................................ 115
Figura 4.28 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Vésic
(1969, 1975a) .......................................................................................................... 115
Figura 4.29 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Vésic
Modificado (2008).................................................................................................... 116
Figura 4.30 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Décourt
(1995) ...................................................................................................................... 116
Figura 4.31 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Cintra et.
al (2010) .................................................................................................................. 116
Figura 4.32 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Poulos e Davis
(1980) ...................................................................................................................... 118
Figura 4.33 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Vésic (1969,
1975a) ..................................................................................................................... 118
Figura 4.34 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Vésic
Modificado (2008).................................................................................................... 118
Figura 4.35 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Décourt (1995)
................................................................................................................................ 119
Figura 4.36 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Cintra et. al
(2010) ...................................................................................................................... 119
Figura 4.37 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o programa ESTACA
................................................................................................................................ 120
Figura 4.38 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o programa ESTACA
VIA CPT .................................................................................................................. 121
Figura 4.39 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Gwizdala
(Gwizdala, 1996; Fellenius, 1999) ........................................................................... 121
Figura 4.40 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Hiperbólica
de Chin-Kondner (1963, 1970, 1971) ...................................................................... 122
Figura 4.41 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Exponencial
de Van der Veen (1953) .......................................................................................... 122
Figura 4.42 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Hansen –
critério de 80% (1963) ............................................................................................. 123
Figura 4.43 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Zhang
(2012) ...................................................................................................................... 123
Figura 4.44 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o programa ESTACA ... 125
Figura 4.45 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o programa ESTACA VIA
CPT ......................................................................................................................... 125
Figura 4.46 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Gwizdala
(Gwizdala, 1996; Fellenius, 1999) ........................................................................... 125
Figura 4.47 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Hiperbólica de
Chin-Kondner (1963, 1970, 1971) ........................................................................... 126
Figura 4.48 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Exponencial de
Van der Veen (1953) ............................................................................................... 126
Figura 4.49 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Hansen – critério
80% (1963) .............................................................................................................. 126
Figura 4.50 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Zhang (2012)
................................................................................................................................ 127
Figura 4.51 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Gwizdala
(Gwizdala, 1996; Fellenius, 1999) ........................................................................... 128
Figura 4.52 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Hiperbólica
de Chin-Kondner (1963, 1970, 1971) ...................................................................... 128
Figura 4.53 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Exponencial
de Van der Veen (1953) .......................................................................................... 129
Figura 4.54 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Hansen –
critério de 80% (1963) ............................................................................................. 129
Figura 4.55 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Zhang
(2012) ...................................................................................................................... 130
Figura 4.56 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Gwizdala
(Gwizdala, 1996; Fellenius, 1999) ........................................................................... 131
Figura 4.57 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Hiperbólica de
Chin-Kondner (1963, 1970, 1971) ........................................................................... 131
Figura 4.58 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Exponencial de
Van der Veen (1953) ............................................................................................... 132
Figura 4.59 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Hansen – critério
80% (1963) .............................................................................................................. 132
Figura 4.60 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Zhang (2012)
................................................................................................................................ 132
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Quadro dos diferentes usos de microestacas para os casos 1 e 2


(Teixeira, 2014) ......................................................................................................... 26
Tabela 2.2 – Tabela dos valores do coeficiente 𝛼 para obtenção do módulo de
deformabilidade (Cintra et al., 2003) ......................................................................... 39
Tabela 2.3 – Peso específico de solos argilosos (Godoy, 1972 apud Cintra et al. 2003)
.................................................................................................................................. 39
Tabela 2.4 - Valores típicos de Cp ............................................................................ 45
Tabela 2.5 - Classificação dos solos segundo Robertson, 1986 ............................... 61
Tabela 2.6 - Classificação dos solos segundo Robertson, 2010 ............................... 62
Tabela 2.7 – Coeficiente de correlação lateral, 𝐶𝑠 .................................................... 65
Tabela 2.8 – Valores máximos do coeficiente a para dados valores de recalque 𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘
(Fellenuis, 2021)........................................................................................................ 70
Tabela 3.1 – Valores médios de NSPT, Tmáx e Tres ............................................... 74
Tabela 3.2 – Resultado do ensaio granulométrico com amostras do furo 4 .............. 77
Tabela 3.3 – Resultados dos ensaios de teor de umidade e de peso específico dos
sólidos (Tarozzo, 2020) ............................................................................................. 77
Tabela 3.4 – Parâmetros do solo utilizados para as estimativas de recalque ........... 78
Tabela 3.5 – Características de projeto dos materiais .............................................. 81
Tabela 3.6 – Dados de execução das estacas .......................................................... 81
Tabela 3.7 – Níveis de instrumentação de cada estaca ............................................ 86
Tabela 4.1 - Cargas de ruptura e admissível e recalque para a carga admissível .... 88
Tabela 4.2 - Parâmetros utilizados para a ET-1 ........................................................ 89
Tabela 4.3 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (720 kN) obtido por
cada método.............................................................................................................. 90
Tabela 4.4 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (720 kN) obtido por
cada método.............................................................................................................. 92
Tabela 4.5 - Parâmetros utilizados para a ET-2 ........................................................ 95
Tabela 4.6 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1275 kN) obtido por
cada método.............................................................................................................. 96
Tabela 4.7 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1275 kN) obtido por
cada método.............................................................................................................. 98
Tabela 4.8 - Parâmetros utilizados para a ET-3 ...................................................... 100
Tabela 4.9 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (850 kN) obtido por
cada método............................................................................................................ 101
Tabela 4.10 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (850 kN) obtido por
cada método............................................................................................................ 103
Tabela 4.11 - Parâmetros utilizados para a ET-4 .................................................... 105
Tabela 4.12 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1340 kN) obtido por
cada método............................................................................................................ 106
Tabela 4.13 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1340 kN) obtido por
cada método............................................................................................................ 108
Tabela 4.14 - Parâmetros utilizados para a ET-5 .................................................... 110
Tabela 4.15 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (730 kN) obtido por
cada método............................................................................................................ 111
Tabela 4.16 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (730 kN) obtido por
cada método............................................................................................................ 113
Tabela 4.17 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método .. 117
Tabela 4.18 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método .. 120
Tabela 4.19 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método .. 124
Tabela 4.20 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método .. 127
Tabela 4.21 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método .. 130
Tabela 4.22 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método .. 133
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 21
1.1 Justificativa................................................................................................... 22
1.2 Objetivo ........................................................................................................ 22
1.3 Objetivos Específicos ................................................................................... 22
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 23
2.1 Microestacas injetadas ................................................................................. 23
2.1.1 Definição ................................................................................................ 23
2.1.2 História .................................................................................................. 23
2.1.3 Classificação.......................................................................................... 25
2.1.4 Elementos de uma microestaca............................................................. 27
2.1.5 Processo construtivo de uma microestaca ............................................ 28
2.1.6 Injetabilidade dos solos ......................................................................... 31
2.1.7 Provas de Carga Estáticas .................................................................... 31
2.1.8 Interpretação da curva carga versus recalque ....................................... 34
2.2 Transferência de carga ................................................................................ 37
2.3 Obtenção dos parâmetros do solo ............................................................... 38
2.3.1 Módulo de deformabilidade do solo (Es) ................................................ 38
2.3.2 Coesão não drenada (cu) ....................................................................... 39
2.3.3 Peso específico natural (𝜸𝒏𝒂𝒕) .............................................................. 39
2.3.4 Módulo edométrico (𝑬𝒆𝒅) ...................................................................... 40
2.3.5 Peso específico saturado (𝜸𝒔𝒂𝒕) ........................................................... 40
2.4 Determinação dos Recalques em Estacas Isoladas por métodos analíticos 40
2.4.1 Método de Poulos & Davis (1980) ......................................................... 41
2.4.2 Método de Vésic (1969, 1975a) ............................................................. 44
2.4.3 Método de Vésic “Modificado” (Martins, 2008) ...................................... 45
2.4.4 Método de Décourt (1995) ..................................................................... 47
2.4.5 Método de Cintra et al. (2010) ............................................................... 48
2.5 Determinação dos Recalques em Estacas Isoladas por métodos
computacionais ...................................................................................................... 53
2.5.1 Software GEO5...................................................................................... 53
2.5.2 Software UniPile .................................................................................... 62
3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................. 71
3.1 Campo Experimental .................................................................................... 71
3.1.1 Ensaios in situ........................................................................................ 72
3.1.2 Ensaios de laboratório ........................................................................... 76
3.1.3 Parâmetros geotécnicos do solo............................................................ 78
3.2 Microestacas tipo Incopile ............................................................................ 78
3.3 Sistemas de Reação e Instrumentação........................................................ 83
3.4 Provas de Carga .......................................................................................... 86
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................. 87
4.1 Resultados das provas de carga .................................................................. 87
4.2 Resultados das estimativas de recalques por estaca .................................. 88
4.2.1 Estaca ET-1 ........................................................................................... 89
4.2.2 Estaca ET-2 ........................................................................................... 94
4.2.3 Estaca ET-3 ........................................................................................... 99
4.2.4 Estaca ET-4 ......................................................................................... 104
4.2.5 Estaca ET-5 ......................................................................................... 109
4.3 Resultado das estimativas de recalques por método ................................. 114
4.3.1 Comparação entre as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para os métodos
analíticos........................................................................................................... 115
4.3.2 Comparação entre as estacas ET-2 e ET-4 para os métodos analíticos
117
4.3.3 Comparação entre as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para os métodos
computacionais ................................................................................................. 120
4.3.4 Comparação entre as estacas ET-2 e ET-4 para os métodos
computacionais ................................................................................................. 124
4.3.5 Comparação entre as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 utilizando as funções
do UniPile diretamente ..................................................................................... 128
4.3.6 Comparação entre as estacas ET-2 e ET-4 utilizando as funções do
UniPile diretamente .......................................................................................... 131
5 CONCLUSÕES ................................................................................................ 134
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 136
21

1 INTRODUÇÃO

O uso de microestacas injetadas têm crescido desde sua criação, em 1950.


Isso se deve ao fato de que esse tipo de fundação é muito versátil, podendo ser
construído em qualquer ângulo com a horizontal. Além disso, essa estaca pode ser
feita em locais de difícil acesso e provoca pouca interferência no ambiente em que é
instalada. Devido a essas características, a microestaca é muito utilizada para reforço
de fundações já existentes. (FHWA, 2005)
Microestacas são elementos estruturais com diâmetros geralmente
menores que 300 mm. A norma NBR 6122 (ABNT, 2019) define esse tipo de estaca
como microestaca ou estaca injetada, pois seu processo de construção consiste
basicamente em um furo escavado no solo com inserção de um tubo “manchete”
seguido de injeções de calda de cimento e eventual acréscimo de armadura. O modo
como essas injeções são feitas rende uma outra classificação, da Federal Highway
Administration (FHWA), que categoriza essa estaca em 4 diferentes tipos (de A a D).
Nesse trabalho, pretende-se estudar uma microestaca injetada (Incopile)
com um processo executivo mais específico, em que a perfuração do solo é feita por
um tubo já contendo as manchetes, que será incorporado na estaca, com o auxílio de
água. Em seguida ocorrem duas injeções, a global e a local.
O local escolhido para a pesquisa foi o Campo Experimental III da
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, cujo subsolo – derivado do Diabásio
– é poroso e colapsível até aproximadamente 6 m de profundidade e o nível d’água é
encontrado em 17m.
Para este estudo, foram realizadas 5 microestacas tipo Incopile com
300mm de diâmetro e comprimentos variando de 16m a 21m. Sua avaliação foi feita
por provas de carga executadas entre final de setembro e começo de outubro de 2018
e instrumentadas com extensômetros elétricos ao longo da profundidade.
O método de prova de carga lenta seguiu a norma vigente na época, NBR
6122 (ABNT, 2010), que possui algumas diferenças em relação à norma atual, estas
explicitadas neste trabalho.
Para a previsão de recalques, utilizaram-se os métodos de Poulos e Davis
(1980), Vésic (1969, 1975), Vésic Modificado (2008), Décourt (1995) e Cintra et. al
(2010), além de métodos computacionais como o GEO5 e o UniPile. Uma comparação
22

entre os valores obtidos pelos métodos e os obtidos pelas provas de carga foi feito
neste trabalho a fim de verificar a precisão desses métodos para esse tipo de estaca.
Os dados de entrada para os métodos foram obtidos de ensaios SPT,
CPTU e DMT realizados no Campo Experimental III e ensaios de laboratório, além
dos dados obtidos pela instrumentação das estacas.

1.1 Justificativa

Existem, ainda hoje, poucas divulgações técnicas na literatura tratando de


recalques de estacas isoladas na geotecnia brasileira. Há uma dificuldade no pleno
entendimento da teoria utilizada para a solução desse problema, bem como a falta de
dados obtidos experimentalmente.
Além disso, a microestaca injetada é um tipo de fundação muito importante
por ser versátil e utilizar equipamentos que entrem em espaços pequenos, com pouca
ou nenhuma interferência no seu redor, o que se torna cada vez mais necessário em
grandes centros urbanos.
Dessa forma, torna-se indispensável o entendimento do funcionamento
desse tipo de fundação profunda com relação aos recalques.

1.2 Objetivo

O objetivo deste trabalho é avaliar alguns modelos de previsão de


recalques aplicados a estacas injetadas com armadura de tubo metálico, tipo Incopile,
por meio de comparação com os dados obtidos pela de provas de carga.

1.3 Objetivos Específicos

Verificar a aplicabilidade de modelos de previsão de recalques, tanto


analíticos quanto computacionais, para a estaca injetada tipo Incopile construída em
solo de Diabásio na região de Campinas-SP.
23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Microestacas injetadas

2.1.1 Definição

A microestaca é uma estaca escavada de pequeno diâmetro, geralmente


menor que 300 mm, reforçada e preenchida com calda de cimento ou argamassa sob
pressão. Sua construção se dá pela escavação de um furo, colocação da armadura e
preenchimento com argamassa sob pressão. Relativamente ao seu diâmetro, a
microestaca suporta uma quantidade significativa de carga. Seu método construtivo
causa pouca interferência nas construções e no meio ao redor, com poucas vibrações,
sendo seu equipamento acessível a lugares com espaço restrito, o que a torna muito
utilizada para reforço de fundações em edificações existentes. Essa estaca pode ser
construída em qualquer ângulo abaixo da horizontal, sendo muito utilizada para
reforço de solo. (FHWA, 2005)
Na norma NBR 6122 (ABNT, 2019), define-se microestaca como uma
estaca moldada in loco cuja execução se dá por perfuração rotativa com tubos
metálicos ou, em caso de rochas e matacões, por roto-percussão no interior dos tubos,
com circulação de água para limpeza do furo. A estaca é armada e injetada com calda
de cimento ou argamassa através de tubo manchete. Não há limitações de diâmetro
na norma.

2.1.2 História

Após a II Guerra Mundial, surgiu a necessidade de se reforçarem as


fundações de estruturas danificadas. Esse tipo de fundação deveria causar pouco
impacto nas construções vizinhas, e seu equipamento teria que entrar em lugares com
24

espaço restrito. Assim, na década de 50, surge a microestaca, criada pelo professor
Fernando Lizzi e chamada de “Pali Radice”.
Esse nome era devido ao modo como o reforço era executado, com as
estacas em várias direções assemelhando-se às raízes de uma árvore, como
mostrado na figura 2.1. Essa técnica também foi utilizada para reforço de solos com
baixa capacidade de carga, sendo denominado de solo armado.

Figura 2.1 - Exemplo de aplicação de microestacas (FHWA, 2005)

Foi somente a partir de 1970, quando a estaca foi apresentada


internacionalmente no X Convegnio de Geotecnia, realizado em Bari, na Itália, e com
as patentes já expiradas, que esta passou a ser executada por outras empresas,
inclusive no Brasil. Inicialmente, seu nome na norma NBR 6122 (ABNT, 1986) era
apenas estaca de pequeno diâmetro ou microestaca com diâmetro de até 20 cm,
sendo utilizada para reforço de fundação.
Recentemente, a microestaca tem apresentado diâmetros cada vez
maiores, chegando a 50 cm. Por isso, a partir da NBR 6122 (ABNT, 1995), seu nome
tem aparecido como “estacas escavadas com injeção” ou simplesmente “estacas
25

escavadas injetadas”, abandonando o termo microestaca. Na atual norma, NBR 6122


(ABNT, 2019), seu nome aparece como Microestaca ou Estaca Injetada.

2.1.3 Classificação

Segundo a FHWA (2005), a classificação das microestacas se dá de duas


formas: quanto à função e quanto à construção. As duas classificações não são
excludentes entre si, podendo a estaca ser classificada simultaneamente quanto à
função e quanto à construção. A classificação é feita por um número e uma letra, que
representam a função e a construção, respectivamente.

A) Quanto à função

Neste critério, as microestacas podem ser divididas em dois casos,


apresentados na figura 2.2.
• Caso 1: função de suporte estrutural
A estaca (ou grupo de estacas) é carregada diretamente, funcionando
como uma fundação convencional, podendo receber esforços de
compressão, tração ou laterais. Quando feitas em grupo, normalmente
são construídas paralelas entre si.
• Caso 2: função de reforço in situ do solo
Normalmente utilizam-se grupos de estacas em diferentes angulações,
assemelhando-se às raízes das árvores. Comportam-se como armadura
do solo, sem receber diretamente os carregamentos.
a) b)

Figura 2.2 - Microestaca com função de suporte estrutural (a) e reforço in situ do solo (b) (FHWA,
2005)
26

A tabela 2.1 mostra alguns usos diferentes para cada caso. Observa-se que
alguns deles são comuns nos dois casos.

Tabela 2.1 – Quadro dos diferentes usos de microestacas para os casos 1 e 2


(Teixeira, 2014)

B) Quanto à construção

Neste quesito, pode-se classificar as microestacas em 4 tipos.


• Tipo A: a selagem é efetuada pela cabeça utilizando somente a
gravidade, com calda de cimento ou argamassa. São fundadas em
rochas ou solos coesivos muito duros, podendo ou não ter armadura de
reforço.
• Tipo B: a selagem é efetuada sob pressão variando entre 0,5 e 1 MPa,
enquanto o tubo perfurador é retirado. A pressão é escolhida de forma
que o solo não sofra fissuras. Possui armadura de reforço, que pode ser
constituída por barras, perfis metálicos ou tubos metálicos.
• Tipo C: esse tipo é feito em duas etapas. Primeiramente, coloca-se
argamassa ou calda de cimento por gravidade no tubo, da mesma forma
que no Tipo A. Passados de 15 a 25 minutos, antes do endurecimento
da bainha, é realizada a segunda etapa, que consiste em injetar
argamassa ou calda de cimento através das manchetes, com pressão
27

de no mínimo 1 MPa. Esse método é conhecido como Injeção Única e


Global (IGU). Neste caso, a armadura de reforço é utilizada.
• Tipo D: este método é semelhante ao anterior, diferenciando-se no total
endurecimento da bainha antes da segunda etapa de injeções. Esta é
feita por meio de obturadores posicionados nas válvulas-manchete, com
pressões entre 2 e 8 MPa. Esse processo é repetido até que se obtenha
a pressão desejada e recebe o nome de Injeção Repetitiva e Seletiva
(IRS).
A figura 2.3 exemplifica cada um dos tipos.

Figura 2.3 - Tipos de microestacas quanto à injeção (FHWA, 2005)

2.1.4 Elementos de uma microestaca

O furo deve ser feito com perfuração rotativa ou, em caso de rochas ou
matacões, por meio de tricone ou martelo de fundo. Deve-se utilizar água como auxílio
para a perfuração e limpeza dos resíduos. A FHWA (2005) também sugere a utilização
de lama bentonítica ou polimérica para essa limpeza.
A armadura pode ser feita por meio de monobarra, gaiolas de armação
(com tubo manchete de PVC) ou tubos de aço, que servirão tanto para armar a estaca
quanto para fazer a injeção de calda de cimento, já que esses tubos são dotados de
28

manchetes. Teixeira (2014) destaca o uso de tubo metálico como armadura de uma
microestaca, pois esse tipo de armadura proporciona à estaca continuidade mesmo
quando houver falha de preenchimento com a calda de cimento, além de resistência
à flexão e ao cisalhamento, quando for o caso. A figura 2.4 mostra alguns tipos de
armadura que podem ser utilizados.

Figura 2.4 - Alguns tipos de armaduras utilizados (FHWA, 2005)

Ainda segundo Teixeira (2014), a calda de cimento deve ter características


específicas, como elevadas fluidez e plasticidade, para que não haja falhas em sua
execução e seja possível a injeção. Além disso, o tamanho dos seus agregados deve
limitar-se a 2 mm a fim de evitar segregação. A relação água-cimento (A/C) indicada
pela norma NBR 6122 (ABNT, 2019) deve ser entre 0,5 e 0,6, com consumo de
cimento não inferior a 600 kg/m³ e fck ≥ 20MPa aos 28 dias. Já a indicação da FHWA
(2005) para A/C é entre 0,4 e 0,5 e fck entre 28 e 35 MPa.
A injeção, segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), deve ser feita por
obturadores duplos. Na primeira injeção, é feito o preenchimento da bainha de baixo
para cima. Após esta etapa, o revestimento é retirado e ocorrem mais injeções,
também de baixo para cima, em cada manchete. Para a FHWA (2005), podem ser
feitos vários tipos de preenchimento, como visto na classificação das microestacas
quanto à função: desde preenchimento por gravidade até injeção com a utilização de
tubos manchete.

2.1.5 Processo construtivo de uma microestaca

Existem muitos modos de se executar uma microestaca, desde a


escavação do furo até a colocação da argamassa. O método utilizado deve ser o mais
adequado ao projeto, levando em conta a carga que a microestaca deve suportar, o
solo em que esta será construída e como é a região ao redor da obra. Por exemplo,
uma obra em um centro urbano, cercada de construções antigas, deve causar muito
29

menos distúrbios em seu entorno do que uma obra em campo aberto, sem
construções por perto.
Como são muitas formas e técnicas diferentes, aqui será apresentada uma
forma genérica de construção da microestaca, somente para que se possa entender
o processo executivo geral.
A descrição do processo feita por Alonso (1998) encontra-se abaixo e pode
ser vista na figura 2.5.
a) Perfuração do solo por rotação ou roto-percussão
Nessa etapa é utilizado um tubo dotado de cabeça perfurante para que o
atrito entre sua lateral e o solo seja reduzido. Além disso, é utilizada a
circulação de água para auxiliar na perfuração. Seu retorno se dá pela parte
externa do tubo. Em solos mais duros, pode-se utilizar o tricone para
perfuração por dentro do tubo.
b) Instalação do tubo manchete.
O tubo manchete possui válvulas em seu comprimento, geralmente de
metro em metro, que permitirão a formação da bainha e posterior injeção
de calda de cimento. Esses tubos podem ser de aço ou de PVC. No
primeiro caso, normalmente não é necessário colocar armadura, pois o
próprio tubo já tem papel estrutural na estaca. No segundo caso, faz-se
necessária a colocação de armadura, pois o tubo de PVC não contribui para
a resistência estrutural da estaca. A medida do tubo deve ser escolhida
cautelosamente, já que a bainha não pode ser muito grossa, para que a
injeção consiga rompê-la. Assim, a recomendação é de que sua espessura
não seja maior que 3 cm. Sua instalação é feita após a limpeza de fundo.
c) Execução da bainha
Após a instalação do tubo manchete, é iniciada a primeira etapa de injeção,
na qual a calda de cimento é injetada pela válvula inferior por meio de um
obturador simples, até que extravase pelo topo. Pode-se também
preencher o furo com argamassa e imediatamente depois colocar o tubo
manchete. A segunda opção barateia a construção da bainha, pois a
injeção de argamassa pelas válvulas gera problemas em muitos casos.
Depois de feita a bainha, seja pela primeira opção, seja pela segunda, o
tubo é lavado internamente com circulação de água para garantir que esteja
limpo e sem qualquer resíduo de cimento a fim de garantir perfeita vedação
30

dos obturadores para a próxima etapa. Após a confecção da bainha, o tubo


de revestimento é retirado.
d) Injeção da calda de cimento
Após o início da cura da bainha (aproximadamente 12 horas após sua
conclusão), é iniciada a segunda etapa de injeção, feita com obturador
duplo. Nessa etapa, as válvulas recebem a injeção de calda de cimento em
sentido ascendente, com pressão de 1 a 3 MPa, ou consumo de 1 a 2 sacos
de cimento por válvula. Caso esse consumo seja maior em alguma válvula
(pressões menores), a injeção é suspensa, passando-se para a próxima
válvula e posteriormente retornando a esta até que todas as válvulas sejam
injetadas com a pressão especificada em projeto. Esse processo rompe a
bainha antes feita e transforma o fuste em bulbos comprimidos ao solo, o
que aumenta significativamente o atrito lateral da microestaca.
e) Vedação do tubo manchete.
Nessa etapa, o interior do tubo manchete é preenchido com calda de
cimento ou argamassa, sendo colocada a armadura complementar em
barras longitudinais, caso seja necessário.

Colocação do Primeira etapa Segunda etapa Estaca


Perfuração
tubo manchete de injeção de injeção concluída

Figura 2.5 – Processo construtivo da microestaca (adaptado de Marangon, 2018)


31

2.1.6 Injetabilidade dos solos

Pode-se definir a injetabilidade dos solos como o grau de influência que a


injeção de calda de cimento tem na melhoria de suas propriedades mecânicas como
aumento do ângulo de resistência ao cisalhamento e da tensão normal na interface
solo-bulbo de tensões (Pérez More, 2003). A pressão de injeção necessária depende
do solo em que a calda será injetada: quanto mais vazios o solo tem, menos pressão
será necessária, pois o solo oferece pouca resistência. Ao contrário, quanto mais
denso for o solo, maior a pressão de injeção (Guimarães Filho, 1984).
A injeção pode ter três efeitos principais:
• tratamento do solo, caso este possua muitos vazios. Neste caso, a
calda de cimento preencherá os vazios do solo, tornando-o mais
denso próximo ao fuste da estaca.
• densificação do solo por deslocamento dos grãos. Neste caso, o solo
já não possui tantos vazios, sendo que a injeção irá deslocar os
grãos, tornando o solo mais compacto na região próxima ao fuste e
formando bulbos ao longo da estaca.
• fissuração do solo ou clacagem. Neste caso, ocorre a ruptura
hidráulica do solo e posterior preenchimento das fissuras com a
calda de cimento.
Dependendo do tipo de injeção, podemos ter dois efeitos diferentes no solo
(Costa Nunes, 1985). Caso não haja válvula que impeça o retorno de argamassa no
momento da injeção, a pressão não é mantida dentro do solo, obtendo-se um solo
“armado”. Como representante desse tipo tem-se a estaca raiz. Caso haja válvula que
impeça o retorno de argamassa, a pressão é mantida dentro do solo e tem-se o solo
“protendido”. Como representante desse tipo tem-se a presso-ancoragem.

2.1.7 Provas de Carga Estáticas

Em um projeto de fundações, o projetista depara-se com muitas incertezas.


Geralmente são feitas apenas sondagens de simples reconhecimento, tipo SPT, cujos
resultados possuem elevado grau de incerteza associado. Além disso, os métodos
utilizados para o cálculo de capacidade de carga dependem muito da confiabilidade
dos dados obtidos nas investigações geotécnicas, o que os torna incertos. Por fim,
têm-se os processos executivos das estacas, que são passíveis de falhas. Todos
32

esses aspectos mostram-se favoráveis a uma verificação do comportamento da


estaca em campo, sendo essa feita através de prova de carga (Rodriguez e Ramos,
2012).
Com essa verificação, é possível averiguar as estimativas para carga de
ruptura e determiná-la, assegurar que não haverá ruptura para certa carga de
trabalho, avaliar a integridade da estaca e determinar seu comportamento carga x
deslocamento, principalmente para a região da carga de trabalho (Albuquerque,
2001).
As provas de carga estáticas em estacas seguem as orientações contidas
na norma NBR 16903 (ABNT, 2020). De acordo com essa norma, o princípio de uma
prova de carga estática é aplicar esforços estáticos à estaca a fim de medir os
respectivos deslocamentos. Esses esforços podem ser de tração, compressão ou
flexocompressão nas direções vertical, horizontal ou inclinada.
O ensaio é feito por macacos hidráulicos acionados por bomba elétrica ou
manual, que aplicam carga à estaca ao reagirem com um sistema de reação. Esse
sistema pode ser por cargueira ou fixo no terreno (com tirantes ou estacas projetadas
para esforços de tração). A figura 2.6 apresenta uma possibilidade de sistema de
reação.

Figura 2.6 – Exemplo de sistema de reação para prova de carga estática (Rodriguez e Ramos, 2012)
33

Para as medições são utilizadas célula de carga ou manômetro (medindo


a tensão aplicada) e deflectômetros para a medição do deslocamento de topo dos
blocos (deve-se utilizar no mínimo quatro, colocados em duas ortogonais). Essa última
também pode ser feita por sistema de aquisição de dados através dos LVDT (Linear
Variable Differential Transformer). Tanto deflectômetros quanto LVDT devem estar
sobre vigas de referência devidamente posicionadas e estáveis.
Contudo, as medidas de cargas e deslocamentos não estão restritas ao
topo da estaca. O ensaio pode ser feito medindo-se deslocamentos e deformações ao
longo do elemento como intuito de se conhecer a transferência de carga realizada ao
longo do fuste e pela ponta da estaca. Os instrumentos mais utilizados para esta
finalidade são os extensômetros elétricos ou strain gages e os medidores de
deslocamento em profundidade ou tell tales. (Nyama et al., 1998)
As provas de carga estáticas podem ser de quatro tipos: lenta, rápida, mista
ou cíclica. A diferença entre os tipos se dá pela forma e pelo tempo de aplicação da
carga sobre a estaca. Aqui será dado destaque ao carregamento lento, que representa
melhor o comportamento carga x deslocamento de uma estaca. As etapas
apresentadas são referentes à norma NBR 16903 (ABNT, 2020), porém não foi a
utilizada para a realização das provas e carga deste trabalho, pois estas foram
realizadas em 2018 e seguem os critérios da norma anterior.
1. A carga deve ser aplicada em estágios iguais e sucessivos, cada um
com não mais que 20% da carga de trabalho prevista, sendo mantida
até a estabilização. O tempo mínimo de cada estágio é de 30 min.
2. A estabilização se dá quando a diferença entre duas leituras
consecutivas é menor ou igual a 5% do recalque total do estágio em
vigor, segundo a equação 2.1
𝐷𝐿 −𝐷𝐿𝐴
≤ 0,05 (2.1)
𝐷𝐿 −𝐷𝐸𝐴

Em que
𝐷𝐿 : deslocamento médio da leitura atual em milímetros;
𝐷𝐿𝐴 : deslocamento médio da leitura anterior em milímetros;
𝐷𝐸𝐴 : deslocamento médio final do estágio anterior em milímetros.
3. Em cada estágio devem ser feitas leituras aos 5, 10, 15 e 30 min.
Caso não seja atingida a estabilização, deve-se realizar leituras a
cada 15 min até a estabilização com tempo mínimo do estágio de 60
34

min. Caso ainda não seja atingida a estabilização, deve-se


prosseguir às leituras da mesma forma, limitando-se o tempo do
estágio em 120 min.
4. Ao final do último estágio de carregamento, caso não se estabeleça
a ruptura nítida de acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2019), deve-se
realizar uma leitura após 12h antes de iniciar o descarregamento.
5. A etapa de descarregamento deve ser feita em, no mínimo, 4
estágios sendo aguardada a estabilização dos recalques. Cada
estágio deve ser mantido por 15 min, no mínimo, com leituras no
mesmo formato do carregamento.
6. Deve-se fazer uma leitura após a retirada total da carga do sistema
e outra após 30 min.
A NBR 6122 (ABNT, 2019) traz a obrigatoriedade da prova de carga em
obras para certas quantidades de estacas e para certas tensões aplicadas nas
estacas.

2.1.8 Interpretação da curva carga versus recalque

Do ensaio de carregamento estático obtém-se a curva carga x


deslocamento que, segundo Velloso e Lopes (2004), possui três trechos, como
indicado na figura 2.7.
O primeiro trecho refere-se à fase elástica, em que a curva se aproxima de
uma reta e a velocidade de deformação tende a zero. Nessa fase, as deformações
são reversíveis. O segundo trecho corresponde à fase plástica, em que a velocidade
de deformação é constante e surgem deformações plásticas, ou seja, irreversíveis. O
terceiro trecho apresenta uma velocidade de deformação crescente até a ruptura, o
que indica que a capacidade máxima da fundação foi atingida.
35

Figura 2.7 – Comportamento típico de curva carga x recalque (Velloso e Lopes, 2004)

Segundo o mesmo autor, são considerados três tipos de ruptura geotécnica


nos ensaios de carregamento estático: ruptura nítida, ruptura física e ruptura
convencional.
No primeiro caso ocorre a verticalização da curva em certo ponto do ensaio,
com recalques incessantes. Assim tem-se a carga de ruptura nessa vertical, sem
necessitar de extrapolação, como mostrado na figura 2.8 (a). No segundo caso tem-
se os recalques tendendo ao infinito e a carga de ruptura é definida pela assíntota da
curva, como mostrado na figura 2.8 (b). No último caso, o final da curva torna-se uma
reta não vertical, sem indícios de ruptura nítida ou física, como mostra a figura 2.8 (c).
Nesses casos, um valor é convencionado a partir do gráfico.
36

a) b)

c)
Figura 2.8 – Tipos de ruptura geoténica (Velloso e Lopes, 2004)

Nos dois últimos casos, faz-se necessária a utilização de métodos para


extrapolação da curva para obtenção da carga de ruptura. Para isso será utilizado o
método da NBR 6122 (ABNT, 2019), apresentado a seguir.

Método da NBR 6122 (ABNT, 2019)

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), a carga de ruptura é considerada


definida quando à uma ruptura nítida, ou seja, ocorrem deformações continuadas sem
novos acréscimos de carga. Caso não haja uma ruptura nítida, a norma sugere um
método para extrapolação da curva carga x deslocamento conforme equação 2.2.
PL D
Δr = AE + 30 (2.2)

Em que,
Δr: recalque de ruptura convencionado;
Pr : carga de ruptura convencionada;
L: comprimento da estaca;
A: área da seção transversal da estaca;
E: módulo de elasticidade do material da estaca;
37

D: diâmetro do círculo circunscrito à seção transversal da estaca.


A figura 2.9 ilustra a aplicação desse método.

Figura 2.9 – Carga de ruptura convencionada (NBR 6122, 2019)

2.2 Transferência de carga

O estudo de transferência de carga ao longo da estaca é fundamental para


que se possa estimar seu encurtamento elástico, que influencia no valor do recalque.
Para tanto, é necessário que se faça provas de carga instrumentadas para se obter o
comportamento da carga ao longo do fuste e na ponta.
Segundo Massad (1993), pode-se resumir a transferência de carga ao
longo da estaca em 4 fases, como descrito a seguir e mostrado na figura 2.10.
1ª fase (trecho 0-3): Início do processo de transferência de carga com
mobilização do atrito lateral sem reação da ponta. Essa fase contempla o
comportamento pseudoelástico do atrito lateral, sendo o ponto 3 do gráfico indicador
do momento em que o atrito lateral atinge valor máximo no topo da estaca.
2ª fase (início do trecho 3-4): inicia-se a mobilização da ponta, porém o
atrito lateral ainda não está esgotado.
3ª fase (final do trecho 3-4): Inicia-se o esgotamento do atrito lateral a partir
do topo da estaca. Nessa fase, a ponta está trabalhando no regime pseudoelástico.
4ª fase (trecho 4-5): Há o esgotamento total do atrito lateral enquanto a
ponta sai do regime pseudoelástico para entrar no regime plástico.
Acima da fase 4 tem-se a mobilização da ponta até a ruptura da estaca,
quando se observam grandes deslocamentos sem o acréscimo de carga.
38

Figura 2.10 – Fases da transferência de carga ao longo de uma estaca (Massad, 1993)

Para a medição dessa transferência de carga ao longo da estaca, os


instrumentos mais utilizados são os extensômetros elétricos (strain gages) e os
medidores de deslocamento em profundidade, denominados tell-tales. Esses
elementos são colocados dentro do elemento de fundação em alturas pré-
determinadas e sofrem a mesma deformação que o elemento. (Niyama et al, 1998)

2.3 Obtenção dos parâmetros do solo

Para a estimativa do recalque com qualquer método, são necessários


alguns parâmetros do solo tais como peso específico natural, módulo de
deformabilidade do solo, coesão não drenada, entre outros.
Vários desses parâmetros podem ser obtidos por ensaios de laboratório,
porém aqui foram feitos somente os ensaios de peso específico dos sólidos e teor de
umidade. Os outros parâmetros utilizados foram obtidos por correlação com ensaios
SPT e CPTU, realizados no Campo Experimental III, como mostrado a seguir.

2.3.1 Módulo de deformabilidade do solo (Es)

Para encontrar o módulo de deformabilidade do solo foi utilizado o método


de Teixeira e Godoy (1996) apud Cintra et al. (2003), que se baseia nos dados de
39

CPTU. A equação 2.3 mostra o cálculo do método, sendo que os valores para o
coeficiente α, em função do tipo de solo, são apresentados na tabela 2.2.
Es = α q c (2.3)
Em que,
Es : módulo de deformabilidade do solo em MPa;
α: coeficiente que depende do tipo de solo;
q c : resistência de ponta do cone em MPa.

Tabela 2.2 – Tabela dos valores do coeficiente 𝛼 para obtenção do módulo de


deformabilidade (Cintra et al., 2003)
Solo α
Areia 3
Silte 5
Argila 7

2.3.2 Coesão não drenada (cu)

Existem muitos métodos para a obtenção da coesão não drenada do solo,


porém neste trabalho foi utilizado o método de Teixeira e Godoy (1996) apud Cintra
et al. (2003). Esse método é baseado no ensaio SPT de acordo com a equação 2.4.
cu = 10 N (2.4)
Em que,
cu : coesão não drenada em kPa;
N: índice de resistência a penetração do SPT.

2.3.3 Peso específico natural (𝜸𝒏𝒂𝒕 )

O peso específico natural foi retirado de Godoy (1972) apud Cintra et al.
(2003), por uma tabela que relaciona o número de golpes do ensaio SPT com o peso
específico natural do solo. Esses valores são presentados na tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Peso específico de solos argilosos (Godoy, 1972 apud Cintra et al.
2003)
N (golpes) Consistência 𝛾𝑛𝑎𝑡 (kN/m³)
≤2 Muito mole 13
3-5 Mole 15
6-10 Média 17
11-19 Rija 19
≥ 20 Dura 21
40

2.3.4 Módulo edométrico (𝑬𝒆𝒅 )

O módulo edométrico pode ser calculado a partir do módulo de


deformabilidade do solo segundo a equação 2.5.
𝐸𝑠
𝐸𝑒𝑑 = (2.5)
𝛽

Em que,
𝐸𝑒𝑑 : módulo edométrico em MPa;
𝐸𝑠 : módulo de deformabilidade do solo em MPa;
𝛽: coeficiente que depende do coeficiente de Poisson (𝜈), segundo a equação 2.6.
2𝜈 2
𝛽 = 1 − 1−𝜈 (2.6)

2.3.5 Peso específico saturado (𝜸𝒔𝒂𝒕 )

O peso específico saturado foi obtido por correlação com outros índices do
solo. Para utilizar os valores obtidos nos ensaios de laboratório feitos para esse
trabalho (peso específico dos sólidos e teor de umidade), chegou-se à correlação da
equação 2.7.
𝛾
𝑛𝑎𝑡 𝑛𝑎𝑡 𝛾
𝛾𝑠𝑎𝑡 = 1+𝑤 + 𝛾𝑤 (1 − 𝛾 (1+𝑤) ) (2.7)
𝑠

Em que,
𝛾𝑠𝑎𝑡 : peso específico saturado do solo em kN/m³;
𝑤: teor de umidade do solo, obtido por ensaio de laboratório;
𝛾𝑤 : peso específico da água, de valor 10 kN/m³;
𝛾𝑛𝑎𝑡 : peso específico natural do solo em kN/m³;
𝛾𝑠 : peso específico dos sólidos em kN/m³, obtido por ensaio de laboratório.

2.4 Determinação dos Recalques em Estacas Isoladas por métodos


analíticos

O cálculo de recalques em fundações é, ainda hoje, um desafio para a


engenharia. Os métodos encontrados na literatura não oferecem uma solução
definitiva para o problema.
O recalque em fundações tem se mostrado parâmetro crítico para o projeto,
pois muitas obras utilizam o recalque para a definição do Estado Limite de Serviço
(ELS) e não mais a capacidade de carga. Porém, o estudo de recalque é
frequentemente negligenciado devido à sua complexidade (Pronunciati et al., 2017).
41

2.4.1 Método de Poulos & Davis (1980)

Os autores adotaram como hipóteses, que são resumidas na figura 2.11:


• condições drenadas para solos arenosos ou não saturados;
• estaca de material incompressível;
• solo homogêneo de camada finita;
• linearidade entre tensões e deformações.

a) Q b)

d 𝜎

L
q q 𝛿
h
Es, 𝜗𝑠
𝜕𝜎
𝜎+ 𝛿
d 𝜕𝑧
estaca: Ep

interface rígida

Figura 2.11 – a) esquema analisado; b) elemento da estaca (Adaptado de Garcia, 2006)

O método consiste em dividir a estaca em um número de elementos


uniformemente carregados e obter a solução com a compatibilização dos
deslocamentos da estaca com o solo adjacente para cada elemento definido. O
deslocamento da estaca é obtido através da solução de Mindlin (1936), segundo a
equação 2.8 (Albuquerque, 2001).
QI
ρ = d Ep (2.8)
s

Em que
: recalque;
Q: carga aplicada à estaca;
d: diâmetro da estaca;
Es: módulo de elasticidade do solo;
Ip: fator de influência para deformações, segundo equação 2.9.
Ip = I0 R h R k R v R b (2.9)
42

Em que
Rh = fator de correção para a espessura h (finita) de solo compressível;
Rk = fator de correção para compressibilidade da estaca;
Rv = fator de correção para o coeficiente de Poisson do solo;
Rb = fator de correção para a base ou ponta quando estiver em solo mais rígido.
Para obtenção do parâmetro Ip , são utilizados os ábacos das figuras 2.12
e 2.13.
a) c)

d)

b)

Figura 2.12 – Parâmetros para cálculo do recalque de estaca compressível: (a) fator de deslocamento
I0 - camada finita (ν = 0,5), (b) fator de correção para o coeficiente de Poisson do solo, (c) fator de
correção para a espessura h (finita) de solo compressível, (d) fator de correção para
compressibilidade da estaca (POULOS & DAVIS, 1980).
43

a) b)

c) d)

e)

Figura 2.13 – Parâmetros para cálculo do recalque de estaca em solo mais rijo: (a) condição L/B = 75,
(b) condição L/B = 50, (c) condição L/B = 25, (d) condição L/B = 10 e (e) condição L/B = 5 (POULOS
& DAVIS, 1980).

O fator K que aparece nos gráficos da figura 2.12 pode ser calculado a
partir da equação 2.10.
Ep RA
K= (2.10)
Es

Em que,
Ep : módulo de elasticidade da estaca (MPa);
Ap
RA = πd , em que Ap é a área da ponta e d é o diâmetro da estaca.
4
44

2.4.2 Método de Vésic (1969, 1975a)

Vésic propõe o cálculo do recalque baseado na forma de distribuição do


atrito lateral e do tipo de estaca em três parcelas, a saber:
se: recalque devido ao encurtamento elástico da estaca;
sp: recalque do solo devido à carga de ponta da estaca;
sf: recalque do solo devido à carga lateral da estaca.
O recalque total s pode ser escrito segundo a equação 2.11.
s = se + sp + sf (2.11)
A parcela elástica (se) pode ser calculada segundo a equação 2.12.
L
se = (Qp + αss Qlat ) (2.12)
A Ep

Em que,
Qp: carga de ponta da estaca no estágio;
Qlat: carga de atrito lateral da estaca no estágio;
αss: fator que considera a distribuição de atrito ao longo do fuste segundo a figura
2.14;
L: comprimento da estaca;
A: área da seção transversal da estaca;
Ep: módulo de elasticidade da estaca.

Figura 2.14 – Valores de αss para diferentes distribuições de atrito (Albuquerque, 2001)
45

As parcelas do solo devido à ponta e ao fuste podem ser calculadas


segundo as equações 2.13 e 2.14, respectivamente.
C p Qp
sp = (2.13)
d q0
Cs Qlat
sf = (2.14)
L q0

Em que,
q0: carga de ruptura da ponta da estaca;
d: diâmetro da estaca;
Cp: índice dependente do tipo de solo e tipo de estaca conforme tabela 2.4;
L
Cs = (0,93 + 0,16√d) Cp (2.15)

Tabela 2.4 - Valores típicos de Cp


Tipo de solo Estaca cravada Estaca escavada
Areia (densa a fofa) 0,02 – 0,04 0,09 – 0,18
Argila (rija a mole) 0,02 – 0,04 0,04 – 0,08
Silte (denso a fofo) 0,03 – 0,05 0,09 – 0,12

2.4.3 Método de Vésic “Modificado” (Martins, 2008)

O método de Vésic “Modificado” foi baseado no método de Vésic (1969,


1975a) e proposto por Martins (2008), levando em conta os parâmetros do solo em
que a estaca está inserida.
O recalque total é a soma de três parcelas, assim como no método de Vésic
(1969, 1975a).
S = Se + Sp + Sf (2.16)
O recalque devido ao encurtamento elástico da estaca (Se) é obtido em
função da distribuição do atrito lateral (Qlat) e do valor da carga de ponta (Qp), da
mesma forma que no método de Vésic.
L
Se = (Qp + αss Qlat ) A (2.17)
Ep

Em que,
αss : fator que depende da distribuição do atrito ao longo do fuste, conforme figura 2.14;
L: comprimento da estaca (m);
A: área da secção transversal da estaca (m2);
Ep : módulo de elasticidade da estaca (MPa).
46

Para a parcela de recalque devido à carga transmitida na ponta (Sp) Martins


(2008) propôs a equação 2.18.
qp d [(1−ϑ2 ) α]
Sp = (2.18)
Es

Em que,
d: diâmetro da estaca (m);
q p = Qp /Ap : reação de ponta da estaca, em que Ap é a área da ponta da estaca (kPa);
ϑ: coeficiente de Poisson do solo sob a ponta da estaca;
Es : módulo de elasticidade do solo sob a ponta da estaca;
p L
α = 0,551 ln (B ) + 0,824, ou através da Figura 2.15. Em que Lp e Bp são a maior e a
p

menor dimensão transversal da estaca, respectivamente. Para estacas circulares,


utilizar α = 0,88.

Figura 2.15 – Gráfico para a determinação do parâmetro α (Martins, 2008)

Para a parcela de recalque devido à carga transmitida ao longo do fuste


(Sf), Martins (2008) propõe:
(1−ϑ2 )
Sf = q lat d [ ]β (2.19)
Es

Em que
q lat = Qlat /Alat : reação de atrito lateral da estaca, em que Alat é a área lateral da
estaca (kPa);
Es : módulo de elasticidade do solo ao longo do fuste da estaca;
47

Lp
β = 2 + 0,35√ d (2.20)

2.4.4 Método de Décourt (1995)

O método proposto pelo autor é empírico, baseado em provas de carga e


pode ser utilizado tanto para estacas de deslocamento quanto para estacas
escavadas. Sua utilização é baseada em duas situações:
• Situação 1: estacas de deslocamento ou estacas de não-
deslocamento em solos coesivos.
• Situação 2: estacas de não-deslocamento em solos não coesivos.
Para esse método, faz-se necessário executar os seguintes passos:
1) Determinar a carga de ruptura da estaca.
2) Separar a carga de ruptura em de atrito lateral (Qlat ) e de ponta (Qp ).
3) Marcar o valor da carga de ruptura lateral no eixo das abcissas da
curva carga x recalque.
4) Determinar o índice de crescimento de carga no trecho 1 (X1 ):
Qp
a. Situação 1: X1 = 0,07d (2.21)
Qp
b. Situação 2: X1 = 0,21d (2.22)

5) Traçar a reta com inclinação X1 partindo de Qlat .


6) Marcar o ponto 1 na reta sendo que
a. Situação 1: δ1 = 5 mm (2.23)
b. Situação 2: δ1 = 10 mm (2.24)
7) Traçar uma reta da origem dos eixos até o ponto 1.
8) Marcar o ponto 2 na reta sendo que
a. Situação 1: δ2 = 0,04 d (2.25)
b. Situação 2: δ2 = 0,12 d (2.26)
9) Calcular nova inclinação da reta (X2 ), sendo que X2 = 2 X1 , partindo
do ponto 2.
10) Marcar o ponto 3 na nova reta sendo que
a. Situação 1: δ3 = 0,10 d (2.27)
b. Situação 2: δ3 = 0,30 d (2.28)
Em que 𝛿1 , 𝛿2 e 𝛿3 são os valores de recalques calculados
segundo as equações 2.23 a 2.28.
48

As figuras 2.16 e 2.17 exemplificam os passos seguidos pelo método.

Figura 2.16 – Modelo proposto para representação da curva carga x recalque para estacas de
deslocamento (adaptado de Albuquerque, 2001)

Figura 2.17 – Modelo proposto para representação da curva carga x recalque para estacas de não-
deslocamento (adaptado de Albuquerque, 2001)

2.4.5 Método de Cintra et al. (2010)

Segundo Cintra et al. (2010), o recalque de uma estaca é composto pelo


encurtamento elástico do elemento estrutural (pe) e pela deformação devido à
compressão vertical do solo tanto da base quanto lateral (ps), como mostrado na figura
49

2.18, em que L é o comprimento da estaca e C é a distância da ponta da estaca até o


topo rochoso ou solo considerado indeformável.

Figura 2.18 – Parcelas de recalque da estaca (Cintra et al., 2010)

Pode-se dizer então que o recalque total da estaca (p) será a soma dos
recalques devido ao encurtamento elástico e devido à deformação do solo, como
mostrado na equação 2.29.
p = pe + ps (2.29)

A) Encurtamento elástico

Dada uma estaca de concreto, maciça e cilíndrica atravessando camadas


distintas de solo (três, por exemplo), consideramos que a capacidade de carga (R)
dessa estaca é dada pela equação 2.30.
R = R L + R P = R L1 + R L2 + R L3 + R P (2.30)
Em que,
RL: resistência de atrito lateral da estaca;
RP: resistência de ponta da estaca;
RLi: resistência de atrito lateral da estaca devido à camada de solo correspondente.
Deve-se admitir também que:
• a carga aplicada na cabeça da estaca (P) esteja entre a resistência
lateral e a capacidade de carga, ou seja,
RL < P < R (2.31)
• todo o atrito lateral foi mobilizado;
50

• a reação na ponta da estaca (Pp), inferior à resistência de ponta, seja


suficiente para equilibrar a carga aplicada, logo
Pp = P − R L < R P (2.32)
Ao se examinar a estaca ao longo de seu comprimento, observa-se uma
redução do esforço normal P(z), sendo o valor máximo P na cabeça e o valor mínimo
Pp na ponta devido à transferência de carga ao solo circundante através do atrito
lateral do fuste. Considerando uma variação linear de P em função da profundidade z
para cada camada de solo, tem-se o diagrama apresentado na figura 2.19, em que
P1, P2 e P3 representam o esforço normal médio para cada camada de solo com
comprimentos L1, L2 e L3, respectivamente.

Figura 2.19 – Diagrama de esforço normal (Cintra et al., 2010)

Dessa forma, pode-se obter P1, P2 e P3, segundo as equações 2.33, 2.34 e
2.35, respectivamente.
RL1
P1 = P − (2.33)
2
RL2
P2 = P − R L1 − (2.34)
2
RL3
P3 = P − R L1 − R L2 − (2.35)
2
PL
Aplicando-se a Lei de Hooke, p = AE , a cada camada e utilizando-se a
p

superposição de efeitos, tem-se


1
pe = A E ∑ Pi Li (2.36)
p

Em que,
A: área da seção transversal do fuste da estaca;
51

Ep: módulo de elasticidade do material da estaca;


Pi: esforço normal em cada trecho de estaca;
Li: comprimento de cada camada de solo correspondente ao esforço normal.

B) Recalque do solo

O recalque do solo possui duas parcelas: a de ponta (ps,p) e a lateral (ps,l),


conforme equação 2.37.
ps = ps,p + ps,l (2.37)
O autor utiliza a metodologia de Aoki (1984) para deduzir uma expressão
que irá estimar o recalque ps . Primeiro, considera-se a força Pp , aplicada ao solo,
vertical para baixo, causando um acréscimo de tensões em certa camada de
espessura H cujo topo está a uma distância h do ponto de aplicação da carga,
conforme figura 2.20.

Figura 2.20 – Propagação de tensões devido à reação de ponta (Cintra et al., 2010)

Supondo que a propagação de tensões ocorre na proporção de 1:2, pode-


se calcular o acréscimo de tensões (Δσp ) na linha média da camada conforme
equação 2.38.
52

4 Pp
Δσp = H 2
(2.38)
π(D+h+ )
2

Em que
D: diâmetro da base da estaca.
Da mesma forma pode-se considerar que as reações às parcelas de atrito
lateral são forças aplicadas pela estaca no solo adjacente, verticais para baixo, e
também provocam acréscimo de tensões, como representado na figura 2.21 para um
segmento intermediário da estaca e uma força R Li .

Figura 2.21 – Propagação de tensões devido às cargas laterais (Cintra et al., 2010)

Nesse caso, a expressão do acréscimo de tensões para um certo segmento


de estaca (Δσi ) é dada pela equação 2.39.
4 RLi
Δσi = H 2
(2.39)
π(D+h+ )
2

O acréscimo total de tensões (Δσ) será a soma dos acréscimos de tensões


previamente apresentados, conforme equação 2.40.
Δσ = Δσp + ∑ Δσi (2.40)
Esse procedimento pode ser repetido para várias camadas a partir da base
da estaca até o indeslocável. O recalque pode ser obtido pela Teoria da Elasticidade
Linear segundo a equação 2.41.
Δσ
ps = ∑ E H (2.41)
s

Em que
Es : módulo de deformabilidade da camada de solo.
53

2.5 Determinação dos Recalques em Estacas Isoladas por métodos


computacionais

Muitos são os programas para cálculo de recalques de fundações. Porém,


a estimativa de recalque requer cuidados na implementação por conta das
dificuldades em incluir a interação solo-estrutura e pelas limitações das hipóteses
utilizadas para a geometria e os materiais que compõem as estacas e o solo.
(Anunciação et al, 2018)
Haberfield (2017) também alerta para o perigo das ferramentas
computacionais para cálculo de recalque. Estas são, muitas vezes, simples de se
utilizar, mas todas requerem discernimento do calculista para avaliar quais os
melhores dados a se inserir e interpretar corretamente os resultados, inclusive
concluindo se são confiáveis ou não. O uso negligente dessas ferramentas pode
acarretar em projeto excessivamente conservadores ou arrojados.

2.5.1 Software GEO5

O software GEO5 é composto por vários programas para resolução de


problemas geotécnicos, entre eles os programas ESTACA e ESTACA VIA CPT, que
são utilizados neste trabalho. É apresentado a seguir o funcionamento de cada
programa.

A) ESTACA

A análise foi feita para condições não drenada por se tratar de solo coesivo,
portanto com lenta expulsão de água. Para isso, foi utilizado o método de Tomlinson,
que adota os parâmetros da resistência ao cisalhamento para calcular a capacidade
de suporte da estaca. Nesse método, a resistência lateral da estaca depende da
pressão devido à sobrecarga da formação geológica segundo a equação 2.42 (Guia
de Usuário do GEO5, 2018).
𝑅𝑠 = ∑𝑛𝑗=1 𝑐𝑎,𝑗 𝐴𝑠,𝑗 = ∑𝑛𝑗=1 𝛼𝑗 𝑐𝑢,𝑗 𝐴𝑠,𝑗 (2.42)
Em que,
𝑅𝑠 : resistência de atrito lateral;
𝑐𝑎,𝑗 : adesão na jésima camada (tensão de cisalhamento entre a superfície da estaca e
o solo envolvente);
𝐴𝑠,𝑗 : área lateral da estaca na jésima camada;
54

𝛼𝑗 : coeficiente de adesão empírico (depende do tipo de solo, tipo de estaca,


etc.) na jésima camada. É calculado pelo programa;
𝑐𝑢,𝑗 : coesão não drenada na jésima camada (resistência ao cisalhamento não
drenada). Deve ser inserida pelo usuário.
Também é calculada nesse método a resistência de base da estaca (𝑅𝑏 )
pela equação 2.43.
𝑅𝑏 = 𝑞𝑏 𝐴𝑏 = 9𝑐𝑢 𝐴𝑏 (2.43)
Em que,
𝑞𝑏 : resistência unitária da base da estaca;
𝐴𝑏 : área da base da estaca;
𝑐𝑢 : resistência ao cisalhamento não drenada.
Para o cálculo da curva carga-recalque foi utilizado o método não-linear de
Masopust que consiste em aproximar a evolução do recalque em função da
resistência até à mobilização total do atrito superficial a uma parábola. Depois desta
fase, a relação torna-se linear. Esse método vem de curvas de regressão obtidas por
análise estatística de resultados de ensaios de carregamento estático de estacas.
Para isso, são utilizados coeficientes de regressão ajustáveis no programa (Guia de
Usuário do GEO5, 2018). A figura 2.23 apresenta um exemplo de gráfico construído
pelo ESTACA.
A curva carga-recalque de uma estaca isolada é obtida como explicitado a
seguir, de acordo com as equações de 2.44 a 2.51.
Primeiro calcula-se o atrito superficial último (𝑞𝑠 ) segundo a equação 2.44.
𝑏
𝑞𝑠 = 𝑎 − (2.44)
𝑣𝑖 /𝑑𝑖

Em que,
a, b: coeficientes de regressão do atrito superficial específico, inseridos pelo usuário
no programa. Os valores encontram-se na figura 2.22;
𝑣𝑖 : profundidade medida a partir da superfície do terreno até meio da iésima camada
em metros;
𝑑𝑖 : diâmetro da estaca na iésima camada em metros.
Em seguida é calculada a capacidade de suporte da superfície da estaca
(𝑅𝑠 ) pela equação 2.45.
𝑅𝑠 = 𝑚1 𝑚2 𝜋 ∑𝑛𝑖=1 𝑑𝑖 ℎ𝑖 𝑞𝑠𝑖 (2.45)
Em que,
55

𝑚1 : coeficiente do tipo de carga. O tipo de carga pode ser de projeto ou de serviço e


é selecionado pelo usuário;
𝑚2 : coeficiente de proteção lateral;
𝑑𝑖 : diâmetro da estaca na iésima camada em metros;
ℎ𝑖 : espessura da iésima camada em metros. As camadas são determinadas no
programa pelo usuário;
𝑞𝑠𝑖 : atrito superficial último na iésima camada em MPa.
A capacidade de suporte da base da estaca (𝑞𝑏 ) é calculada pela equação
2.46.
𝑓
𝑞𝑏 = 𝑒 − 𝐷/𝑑 (2.46)
𝑏

Em que,
e, f: coeficientes de regressão abaixo da base da estaca, inseridos pelo usuário no
programa. Os valores encontram-se na figura 2.22;
D: comprimento da estaca inserida no solo em metros, inserido pelo usuário;
𝑑𝑏 : diâmetro da base da estaca em metros.

(a) (b)
Figura 2.22 – (a) Valores para os coeficientes a e b; (b) Valores para os coeficientes e e f

A proporção de cargas aplicadas transferidas para a base da estaca (𝛽) é


dada pela equação 2.47.
56

𝑞𝑏
𝛽=𝑞 ̅𝑠 𝐷/𝑑𝑏
(2.47)
𝑏 +4𝑞

𝑞̅𝑠 : média ponderada do atrito superficial último em MPa.


A carga para mobilização do atrito superficial (𝑅𝑠𝑦 ), ou seja, a carga em
que o atrito lateral é máximo, é dada pela equação 2.48.
𝑅
𝑠
𝑅𝑠𝑦 = 1−𝛽 (2.48)

O recalque (𝑠𝑦 ) correspondente à carga para mobilização do atrito


superficial é dado pela equação 2.49.
𝑅𝑠𝑦
𝑠𝑦 = 𝐼𝑠 0,7𝑑𝐸 (2.49)
𝑠

Em que,
𝐼𝑠 : recalque-influência;
d: diâmetro da estaca em metros;
𝐸𝑠 : módulo secante do solo ao longo da lateral da estaca em MPa.
A carga na base da estaca (𝑅𝑏,𝑙𝑖𝑚 ) para o recalque prescrito (ou limite) é
dada pela equação 2.50.
𝑠𝑙𝑖𝑚
𝑅𝑏,𝑙𝑖𝑚 = 𝛽𝑅𝑠𝑦 (2.50)
𝑠𝑦

Em que,
𝑠𝑙𝑖𝑚 : recalque limite, inserido pelo usuário no programa.
Por fim, calcula-se a resistência da estaca (𝑅𝑐 ) para um dado recalque limite
pela equação 2.51.
𝑅𝑐 = 𝑅𝑏,𝑙𝑖𝑚 + 𝑅𝑠 (2.51)
57

Figura 2.23 – Exemplo de gráfico obtido no programa ESTACA do software GEO5

B) ESTACA VIA CPT

O programa ESTACA VIA CPT permite verificar a capacidade de suporte e


recalque de uma estaca isolada ou de um grupo de estacas, com base nos resultados
de ensaios CPT (Guia de Usuário do GEO5, 2018).
Existem quatro métodos dentro do programa para determinar as
capacidades de suporte da base e do furo da estaca. Para este trabalho, foi utilizado
o método da norma holandesa NEN 6743 – Fundações por Estacas, que consiste em
determinar a pressão máxima na base da estaca (𝑝𝑚𝑎𝑥,𝑏𝑎𝑠𝑒 ) e o atrito máximo no furo
(𝑝𝑚𝑎𝑥,𝑠ℎ𝑎𝑓𝑡 ) dados pelas equações 2.52 e 2.53, respectivamente. Para esse método,
os valores de 𝑞𝑐 (resistência à penetração do cone) são limitados a 15 MPa.
𝑞𝑐,𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 +𝑞𝑐,𝐼𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛
𝑝𝑚𝑎𝑥,𝑏𝑎𝑠𝑒 = 0,5𝛼𝑝 𝛽𝑠 ( + 𝑞𝑐,𝐼𝐼𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 ) (2.52)
2

𝑝𝑚𝑎𝑥,𝑠ℎ𝑎𝑓𝑡 = 𝛼𝑠 𝑞𝑐,𝑧,𝑎 (2.53)


Em que,
𝑞𝑐,𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 : média das resistências da ponta do cone mínimas 𝑞𝑐,𝐼 ;
𝑞𝑐,𝐼𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 : média das resistências da ponta do cone mínimas 𝑞𝑐,𝐼𝐼 ;
𝑞𝑐,𝐼𝐼𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 : média das resistências da ponta do cone mínimas 𝑞𝑐,𝐼𝐼𝐼 ;
𝛼𝑝 : coeficiente da base da estaca, que depende do tipo de estaca. É definido pelo
usuário ao escolher o tipo de estaca;
58

𝑠: coeficiente da forma da estaca, que depende do formato da seção transversal da


estaca. É definido pelo usuário ao escolher o tipo de seção transversal;
𝛽: coeficiente da base alargada da estaca;
𝛼𝑠 : coeficiente de atrito do furo, que depende do tipo de solo;
𝑞𝑐,𝑧,𝑎 : resistência da ponta à profundidade h.
Para o cálculo dos valores de 𝑞𝑐,𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 , 𝑞𝑐,𝐼𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 e 𝑞𝑐,𝐼𝐼𝐼,𝑚𝑒𝑎𝑛 deve-se obter
a média dos valores 𝑞𝑐 entre 1,5d abaixo da ponta da estaca e 1,5d acima da ponta
da estaca (d é o diâmetro da estaca). então deve-se eliminar os valores que são
superiores a 1,3𝑞𝑐,𝑚𝑒𝑎𝑛 e inferiores a 0,7𝑞𝑐,𝑚𝑒𝑎𝑛 . Depois disso, calcula-se novamente
a média com os valores restantes, ou seja, no intervalo entre 0,7𝑞𝑐,𝑚𝑒𝑎𝑛 e 1,3𝑞𝑐,𝑚𝑒𝑎𝑛 ,
conforme figura 2.24.

Figura 2.24 – Cálculo da média das resistências da ponta do cone mínimas q_(c,mean) (Guia de
Usuário do GEO5, 2018)

A partir disso, a capacidade de suporte máxima de uma estaca isolada


(𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑖 ) é dada pela equação 2.54.
𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑖 = 𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑖 + 𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑠ℎ𝑎𝑓𝑡,𝑖 (2.54)
Em que,
𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑖 : resistência máxima da base do iésimo CPT, calculada pela equação 2.55;
59

𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑠ℎ𝑎𝑓𝑡,𝑖 : resistência máxima do furo do iésimo CPT, calculada pela equação 2.56.
𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑏𝑎𝑠𝑒 = 𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑝𝑚𝑎𝑥,𝑏𝑎𝑠𝑒 (2.55)
Δ𝐿
𝐹𝑚𝑎𝑥,𝑠ℎ𝑎𝑓𝑡 = 𝑂𝑝 ∫0 𝑝𝑚𝑎𝑥,𝑠ℎ𝑎𝑓𝑡 𝑑𝑧 (2.56)
Em que,
𝐴𝑏𝑎𝑠𝑒 : área da seção transversal da base da estaca;
𝑂𝑝 : periferia da estaca do solo de suporte;
Δ𝐿: comprimento da estaca;
𝑧: dimensão vertical ao longo do eixo da estaca.
Por fim, calcula-se o recalque da base da estaca (𝑤1,𝑑 ) pela equação 2.57.
𝑤1,𝑑 = 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑 + 𝑤𝑒𝑙,𝑑 (2.57)
Em que,
𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑 = 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑,1 + 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑,2 : recalque da base da estaca devido à força atuante na
base. Os valores de 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑,1 (recalque devido à força atuante na base) e 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑,2
(recalque devido à força atuante no furo) são retirados do gráfico apresentado na
figura 2.25;
𝑤𝑒𝑙,𝑑 : recalque da estaca devido à compressão elástica, calculado segundo a equação
2.58.
𝐿𝐹𝑚𝑒𝑎𝑛,𝑑
𝑤𝑒𝑙,𝑑 = 𝐴 (2.58)
𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 𝐸𝑝,𝑚𝑎𝑡,𝑑

Em que,
𝐿: comprimento da estaca;
𝐹𝑚𝑒𝑎𝑛,𝑑 : força média atuante na estaca;
𝐴𝑝𝑙𝑎𝑠𝑡 : área da seção transversal da haste da estaca;
𝐸𝑝,𝑚𝑎𝑡,𝑑 : módulo de elasticidade do material da estaca.
60

(a) (b)
Figura 2.25 – (a) Gráfico para determinar 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑,1 ; (b) gráfico para determinar 𝑤𝑏𝑎𝑠𝑒,𝑑,2 . (1-estacas
cravadas, 2-estacas de hélice contínua, 3-estacas escavadas) (Guia de Usuário do GEO5, 2018)

O programa ESTACA VIA CPT realiza a classificação dos solos segundo


Robertson (1986 ou 2010). Esse método baseia-se nos valores obtidos para a
resistência à penetração 𝑞𝑐 em MPa, o atrito superficial 𝑓𝑠 em kPa e a pressão nos
poros 𝑢2 em kPa (Guia de Usuário do GEO5, 2018). Esses valores são inseridos no
programa por importação de dados dos ensaios CPT ou CPTU.
A classificação é feita com base nos valores de resistência de ponta
corrigida (𝑞𝑡 ) ou dos valores 𝑞𝑡 /𝑝𝑎 (𝑝𝑎 = 100 𝑘𝑃𝑎 – pressão atmosférica) e a razão de
atrito 𝑓𝑠 /𝑞𝑡 , que são inseridos no gráfico apresentado na figura 2.26.
61

Resistência de ponta corrigida

Razão de atrito Razão de atrito

(a) (b)
Figura 2.26 – (a) Gráfico do Tipo de Comportamento do Solo (SBT) para CPT não normalizado
segundo Robertson, 1986; (b) Gráfico do Tipo de Comportamento do Solo (SBT) para CPT não
normalizado segundo Robertson, 2010

Tabela 2.5 - Classificação dos solos segundo Robertson, 1986


62

Tabela 2.6 - Classificação dos solos segundo Robertson, 2010

Um exemplo do gráfico produzido pelo programa é apresentado na figura


2.27.

Figura 2.27 – Exemplo de gráfico obtido no programa ESTACA VIA CPT do software GEO5

2.5.2 Software UniPile

O software UniPile foi desenvolvido com o intuito de verificar a capacidade


de suporte, o recalque, o atrito negativo, os aspectos de cravabilidade e as tensões
residuais de uma estaca isolada ou um grupo de estacas. (Unisoft User Manual, 2014).
63

A teoria por trás do programa é apresentada por Fellenius (2021) em seu Red Book,
que desenvolveu o UniPile junto com Goudreault.
Para que os cálculos sejam feitos, algumas configurações devem ser
escolhidas, entre elas é necessário escolher o método para distribuição de tensões, a
saber: Boussinesq (1885), distribuição 2:1 e Westergaard (1938). Neste trabalho
utilizou-se a distribuição de Boussinesq (1885), que será apresentada no item A.
O cálculo de capacidade de suporte pode ser feito por vários métodos,
entre eles o método de Eslami & Fellenius (2000), que utiliza os dados de CPTU e
será apresentado no item B.
O programa também permite realizar simulações de curvas carga-recalque
através de curvas t-z/q-z. As utilizadas pelo programa são: Função de Gwizdala (1996;
Fellenius, 1999), Função Hiperbólica de Chin-Kondner (1963, 1970, 1971), Função
Exponencial de Van der Veen (1953), Função de Hansen (1963) – Critério de 80% e
Função de Zhang (2012). Outras funções podem ser inseridas pelo usuário. As cinco
funções pré-existentes no programa foram utilizadas neste trabalho e estão descritas
no item C.

A) Distribuição de Boussinesq (1885)

Nesse método, o solo é considerado homogêneo, isotrópico e linearmente


elástico. A figura 2.28 apresenta a distribuição de tensão vertical uma carga pontual.

Figura 2.28 – Distribuição de tensões segundo Boussinesq (1885) (Fellenius, 2021)


64

O cálculo da tensão vertical (𝑞𝑧 ) e da tensão horizontal radial (𝑞ℎ ), ambas


em um ponto de interesse na profundidade 𝑧, são dadas pelas equações 2.59 e 2.60,
respectivamente.
3𝑧 3
𝑞𝑧 = 𝑄 2𝜋𝑅5 (2.59)
3𝑟 2 𝑧
𝑞ℎ = 𝑄 2𝜋𝑅5 (2.60)

Em que,
𝑄: a carga pontual aplicada;
𝑅: distância radial entre o ponto de aplicação da carga pontual e o ponto de interesse
na profundidade 𝑧, sendo
𝑅 = (𝑟 2 + 𝑧 2 )1/2 (2.61)
𝑟: projeção horizontal de 𝑅.

B) Cálculo da capacidade de suporte


Este cálculo foi feito pelo método de Eslami e Fellenius (2000), que é
baseado nos dados de CPTU. Primeiro faz-se a correção da resistência de ponta
segundo Eslami, mostrada na equação 2.62.
𝑞𝐸 = 𝑞𝑡 − 𝑢2 = 𝑞𝑐 − 𝑢2 𝑎 (2.62)
Em que,
𝑞𝐸 : resistência da ponta do cone de Eslami;
𝑞𝑡 : resistência da ponta do cone corrigida;
𝑞𝑐 : resistência da ponta do cone medida no ensaio;
𝑢2 : poropressão do solo medida no ensaio.
A resistência unitária da base da estaca (𝑟𝑡 ) pode ser calculada pela
equação 2.63.
𝑟𝑡 = 𝐶𝑡 𝑞𝐸𝑔 (2.63)
Em que,
𝑞𝐸𝑔 : média geométrica dos valores de 𝑞𝐸 acima e abaixo da base da estaca;
𝐶𝑡 : coeficiente de correlação da base, que depende do diâmetro da base da estaca
conforme equação 2.64, em que 𝑏 é o diâmetro da base da estaca em metros.
1
𝐶𝑡 = (2.64)
3𝑏

A resistência unitária lateral da estaca (𝑟𝑠 ) é dada pela equação 2.65.


𝑟𝑠 = 𝐶𝑠 𝑞𝐸 (2.65)
65

Em que,
𝐶𝑠 : coeficiente de correlação lateral, que depende do tipo de solo segundo a tabela
2.7.

Tabela 2.7 – Coeficiente de correlação lateral, 𝐶𝑠


Tipo de solo 𝐶𝑠
Solos sensíveis 0,08
Argilas 0,05
Argilas siltosas e argilas e siltes duros 0,025
Siltes arenosos e siltes 0,015
Areias finas e areias siltosas 0,010
Areias e cascalhos arenosos 0,004

C) Funções t-z/q-z para simulação de curva carga-recalque


A função t-z é utilizada para representar a curva carga-recalque para a
resistência lateral da estaca enquanto a função q-z é utilizada para representar a curva
carga-recalque para a resistência da base da estaca (Fellenius, 2021).
Cada função depende de um valor de carga alvo, 𝑟𝑡𝑔 , e um valor de
recalque associado, 𝛿𝑡𝑔 , além de um coeficiente específico para cada tipo de curva t-
z/q-z, como mostrado nos itens C.1 a C.5.
C.1) Função Ratio de Gwizdala (Gwizdala, 1996; Fellenius, 1999)
Essa função é definida pela razão entre duas cargas igual à razão de seus
respectivos recalques elevados a um coeficiente, como mostrado na equação 2.66.
𝑄1 𝛿 𝜃
= (𝛿1 ) (2.66)
𝑄2 2

Em que,
𝑄1, 𝑄2 : cargas quaisquer aplicadas à estaca;
𝛿1 , 𝛿2 : recalques associados às cargas 𝑟1 e 𝑟2 , respectivamente;
𝜃: coeficiente de ajuste da função, tal que 0 ≤ 𝜃 ≤ 1.
Essa função pode ser utilizada para curvas tanto da lateral da estaca
quanto da base. Quando representa a resistência lateral, o coeficiente 𝜃 normalmente
varia de 0,05 a 0,3, enquanto para a resistência de base o coeficiente varia de 0,4 a
1,0.
Para construir a curva carga-recalque deve-se escolher um par de valores
“alvo” (𝑄𝑡𝑔 e 𝛿𝑡𝑔 ) para substituir 𝑄2 e 𝛿2 sendo que 𝑄1 = 𝑄 será cada carga aplicada
na estaca e 𝛿1 = 𝛿 será o respectivo recalque. Portanto a equação 2.66 é alterada
para a 2.67.
66

𝜃
𝛿
𝑄 = 𝑄𝑡𝑔 (𝛿 ) (2.67)
𝑡𝑔

Para fazer o ajuste da curva com os dados obtidos em uma prova de carga,
pode-se transformar a equação 2.67 em uma reta cujo coeficiente angular é 𝜃. Dessa
forma é possível fazer um ajuste por retas e encontrar o valor do coeficiente da função
como mostrado na equação 2.68. Um exemplo de gráfico obtido encontra-se na figura
2.29.
𝑄 𝛿
𝐿𝑛 (𝑄 ) = 𝜃𝐿𝑛 (𝛿 ) (2.68)
𝑡𝑔 𝑡𝑔

0,50

Ln(δ/δtg)
0,00
-3,50 -3,00 -2,50 -2,00 -1,50 -1,00 -0,50 0,00 0,50 1,00 1,50

-0,50

Ln(Q/Qtg)
-1,00

-1,50

y = 0,7249x + 0,0127
R² = 0,9977 -2,00

-2,50

-3,00

Figura 2.29 – Exemplo de gráfico de ajuste da função Ratio de Gwizdala

C.2) Função Hiperbólica de Chin-Kondner (1963, 1970, 1971)


Segundo Fellenius (2021), é muito comum que a função hiperbólica de
Chin-Kondner tenha um bom ajuste para dados de resistência lateral da estaca
obtidos em provas de carga. Esse ajuste é feito segundo a equação 2.69.
𝛿
𝑄=𝐶 (2.69)
1 𝛿+𝐶2

Em que,
𝑄: carga lateral (ou da base) da estaca associada a um recalque 𝛿;
𝛿: recalque associado à carga 𝑄;
𝐶1 : coeficiente angular da reta no gráfico 𝛿/𝑄 vs. 𝛿;
67

𝐶2 : coeficiente linear da reta no gráfico 𝛿/𝑄 vs. 𝛿.


Para fazer o ajuste da curva com os dados obtidos em uma prova de carga,
pode-se plotar uma reta cujo coeficiente angular é 𝐶1 e o coeficiente linear é 𝐶2 como
mostrado na equação 2.70. Dessa forma é possível fazer um ajuste por retas e
encontrar o valor dos coeficientes da função. Um exemplo de gráfico obtido encontra-
se na figura 2.30.
𝛿
= 𝐶1 𝛿 + 𝐶2 (2.70)
𝑄

0,020

0,018
y = 0,0006x + 0,0025
0,016 R² = 0,9996

0,014

0,012
δ/Q (mm/kN)

0,010

0,008

0,006

0,004

0,002

0,000
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
δ (mm)

Figura 2.30 – Exemplo de gráfico de ajuste da função Hiperbólica de Chin-Kondner

C.3) Função Exponencial de Van der Veen (1953)


Esse ajuste é muito utilizado para curvas com resposta elasto-plástica.
Nesses casos, a passagem da região elástica para a região plástica pode não ser
clara. O ajuste exponencial é mais adequado por mostrar uma transição suave (em
curva) de uma região para a outra (Fellenius, 2021).
A função, apresentada na equação 2.71, possui um coeficiente 𝑏 que deve
ser ajustado para cada conjunto de dados de prova de carga.
𝑄 = 𝑄𝑖𝑛𝑓 (1 − 𝑒 −𝑏𝛿 ) (2.71)
Em que,
𝑄: carga lateral (ou da base) da estaca associada a um recalque 𝛿;
68

𝑄𝑖𝑛𝑓 : carga lateral (ou da base) da estaca quando o recalque tende ao infinito;
𝛿: recalque da estaca associado à carga 𝑄;
𝑏: coeficiente de ajuste da função;
𝑒: base do logaritmo natural, 𝑒 = 2,718.
Para fazer o ajuste da curva com os dados obtidos em uma prova de carga,
pode-se transformar a equação 2.71 em uma reta cujo coeficiente angular é 𝑏. Dessa
forma é possível fazer um ajuste por retas e encontrar o valor do coeficiente da função
como mostrado na equação 2.72. Um exemplo de gráfico obtido encontra-se na figura
2.31.
𝐿𝑛 (𝑄𝑖𝑛𝑓 − 𝑄) = −𝑏𝛿 (2.72)

8,00

7,00

6,00

5,00
Ln(Qinf - Q)

4,00
y = -0,1417x + 7,2606
R² = 0,9927
3,00

2,00

1,00

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00
δ (mm)

Figura 2.31 – Exemplo de gráfico de ajuste da função Exponencial de Van der Veen

C.4) Função de Hansen (1963) – Critério de 80%


Segundo Fellenius (2021), é frequente que a resistência lateral da estaca
apresente um valor máximo e depois vá diminuindo conforme o recalque aumenta. A
função de Hansen consegue representar bem esse comportamento. A equação 2.73
mostra como a curva carga-recalque é obtida.
√𝛿
𝑄=𝐶 (2.73)
1 𝛿+𝐶2
69

Em que,
𝑄: carga lateral (ou da base) da estaca associada a um recalque 𝛿;
𝛿: recalque associado à carga 𝑄;
𝐶1 : coeficiente angular do gráfico √𝛿/𝑄 vs. 𝛿;
𝐶2 : coeficiente linear do gráfico √𝛿/𝑄 vs. 𝛿.
Quando a carga lateral última da estaca (𝑄𝑝𝑒𝑎𝑘 ) e seu respectivo recalque
(𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘 ) são conhecidos, os coeficientes 𝐶1 e 𝐶2 podem ser calculados conforme as
equações 2.74 e 2.75.
1
𝐶1 = 2𝑄 (2.74)
𝑝𝑒𝑎𝑘 √𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘

√𝛿
𝐶2 = 2𝑄𝑝𝑒𝑎𝑘 (2.75)
𝑝𝑒𝑎𝑘

Pode-se também encontrar a resistência lateral máxima da estaca e seu


respectivo recalque segundo as equações 2.76 e 2.77.
1
𝑄𝑝𝑒𝑎𝑘 = 2√𝐶 (2.76)
1 𝐶2

𝐶
𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘 = 𝐶2 (2.77)
1

Um exemplo de gráfico para ajuste dos coeficientes 𝐶1 e 𝐶2 encontra-se na


figura 2.32.
0,01

0,01 y = 5E-05x + 0,0022


R² = 0,9958
0,01

0,01
eδ/Q

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
δ (mm)

Figura 2.32 – Exemplo de gráfico de ajuste da função de Hansen – critério 80%


70

C.5) Função de Zhang (2012)

Essa função também trabalha com a ideia de redução da resistência lateral


da estaca após um valor máximo. Porém, diferente da função de Hansen, aqui
qualquer par carga-recalque pode ser utilizado para o ajuste, não necessitando ser o
valor máximo de resistência. As equações 2.78 a 2.80 descrevem essa função.
𝛿(𝑎+𝑐𝛿)
𝑄 = (𝑎+𝑏𝛿)2 (2.78)
1 𝑎
𝑏 = 2𝑄 −𝛿 (2.79)
𝑝𝑒𝑎𝑘 𝑝𝑒𝑎𝑘

1 𝑎
𝑐 = 4𝑄 −𝛿 (2.80)
𝑝𝑒𝑎𝑘 𝑝𝑒𝑎𝑘

Em que,
𝑄: carga lateral (ou da base) da estaca associada a um recalque 𝛿;
𝛿: recalque associado à carga 𝑄;
𝑎, 𝑏 e 𝑐: coeficientes de ajuste da função, sendo que 𝑏 e 𝑐 são dependentes de 𝑎. Os
valores de máximos de 𝑎 para alguns valores de recalque são apresentados na tabela
2.8;
𝑄𝑝𝑒𝑎𝑘 : resistência lateral máxima da estaca;
𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘 : recalque associado à 𝑄𝑝𝑒𝑎𝑘 .

Tabela 2.8 – Valores máximos do coeficiente a para dados valores de recalque 𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘
(Fellenuis, 2021)
𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘 (mm) 1 2 3 4 5
𝑎 0,0025 0,005 0,0075 0,01 0,0125
𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘 (mm) 6 7 8 9 10
𝑎 0,0150 0,0175 0,02 0,0225 0,025
𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘 (mm) 11 12 13 14 15
𝑎 0,03 0,0375 0,05 0,0625 0,075
𝛿𝑝𝑒𝑎𝑘 (mm) 16 17 18 19 20
𝑎 0,1 0,125 0,15 0,175 0,2

O ajuste é feito utilizando um par carga-recalque e um valor de a escolhido.


O valor de 𝑎 = 0,01 representa uma resistência lateral tendendo a zero quando o
recalque tende ao infinito. O valor 𝑎 = 0,009 mostrará uma resistência tendendo a
50% de 𝑄𝑝𝑒𝑎𝑘 quando o recalque tende ao infinito.
71

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Campo Experimental

O Campo Experimental III da Universidade Estadual de Campinas –


UNICAMP é novo e encontra-se próximo à faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri)
como mostra a figura 3.1. Também na Feagri encontra-se o Campo Experimental I,
distante 170 m do Campo Experimental III. Na Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo (FEC), encontra-se o Campo Experimental II.

Campo Experimental III

Figura 3.1 – Localização do Campo Experimental III


72

3.1.1 Ensaios in situ

Foram feitos cinco ensaios SPT-T, dois ensaios CPTU e um ensaio DMT
distribuídos pelo campo experimental, como mostra a figura 3.2.

Figura 3.2 – Locação dos ensaios SPT-T, CPTU e DMT executados

A figura 3.3 mostra o perfil geológico do Campo Experimental III traçado ao


longo do eixo SP-1, SP-3, SP-5.
73

Figura 3.3 – Perfil geológico do Campo Experimental III no eixo de SP-1, SP-3 e SP-5

A partir dos dados obtidos pelas sondagens, é possível verificar que o solo
do Campo Experimental III é formado por uma camada de aproximadamente 6 m de
argila mole marrom avermelhada (porosa e colapsível). Em seguida tem-se uma
camada de silte muito argiloso, solo de alteração de rocha básica, até
aproximadamente 9,3 m de profundidade. Por fim tem-se uma camada de silte argilo-
arenos, duro a rijo, até aproximadamente 19 m de profundidade. O nível do lençol
freático se encontra a, aproximadamente, 17 m de profundidade.
A tabela 3.1 traz os valores médios de NSPT, torque máximo (Tmáx) e torque
residual (Tres), A figura 3.4 mostra a distribuição dos valores médios de NSPT, torque
máximo e torque residual ao longo da profundidade.
74

Tabela 3.1 – Valores médios de NSPT, Tmáx e Tres


Prof. Tmáx Tres
NSPT*
(m) (kgf x m) (kgf x m)
1 1,9 3 2
2 2,3 4 2
3 3,6 4 3
4 4,0 5 3
5 4,8 5 3
6 5,5 5 3
7 7,1 8 6
8 9,3 10 7
9 12,2 14 9
10 14,0 16 11
11 12,8 17 11
12 14,3 19 13
13 20,2 26 18
14 25,2 29 20
15 23,3 30 23
16 27,3 33 23
17 29,8 41 28
18 20,5 30 20
19 25,0 34 26
20 17,0 28 18
21 15,0 24 18
22 27,0 36 20
23 30,0 44 22
24 46,0 72 -
25 22,0 32 16
*Valores convertidos para 30 cm de penetração

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0


0

5
Profundidade (m)

10

15

20

25

30

Nspt Tmáx (kgf x m) Tres (kgf x m)

Figura 3.4 – Variação dos valores médios de NSPT, Tmáx e Tres com a profundidade
75

As figuras de 3.5 e 3.6 mostram os valores médios de resistência de ponta


(qc) e atrito lateral (fs) ao longo da profundidade obtidos pelos ensaios de CPTU.

qc (MPa)
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
0,00

5,00
Profundidade (m)

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

Figura 3.5 - Variação média da resistência de ponta obtida pelo CPTU ao longo da profundidade

fs (kPa)
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0
0,00

5,00
Profundidade (m)

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

Figura 3.6 - Variação média do atrito lateral obtido pelo CPTU ao longo da profundidade

Com os resultados do ensaio DMT, obtém-se a figura 3.7 que apresenta a


variação das medidas de P0 e P1 com a profundidade. A figura 3.8 mostra os
resultados obtidos pelas equações pré-derminadas por Marchetti (1980): índice de
material (ID) e tensão horizontal (KD).
76

P0 e P1 (kPa)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
0
1
2
Profundidade (m)

3
4
5
6
7
8
9

P0 P1

Figura 3.7 - Variação de P0 e P1 obtidos pelo DMT ao longo da profundidade

ID e KD
0 1 2 3 4 5 6
0
1
Profundidade (m)

2
3
4
5
6
7
8
9

Id Kd

Figura 3.8 - Variação de ID e KD obtidos pelo DMT ao longo da profundidade

3.1.2 Ensaios de laboratório

A partir das amostras de solo do furo 4 do ensaio SPT-T foram feitos


ensaios granulométrico, de teor de umidade e de peso específico dos sólidos. O
resultado do ensaio granulométrico pode ser visto na tabela 3.2 e no gráfico da
figura 3.9.
77

Tabela 3.2 – Resultado do ensaio granulométrico com amostras do furo 4


Profundidade (m) Argila (%) Silte (%) Areia Fina (%) Areia Média (%)
0,28 a 5,67 63,5 18,6 10,0 6,7
5,67 a 9,17 44,0 42,0 10,9 3,1
9,17 a 18,00 31,7 49,8 13,4 4,9
18,00 a 23,00 26,9 51,9 15,6 5,6

(%)
0 10 20 30 40 50 60 70
0
2
4
Profundidade (m)

6
8
10
12
14
16
18
20

Argila Silte Areia Fina Areia Média

Figura 3.9 – Resultado do ensaio granulométrico com amostras do furo 4

Na tabela 3.3 encontram-se os resultados dos ensaios de teor de umidade


(w) e do peso específico dos sólidos (𝛾𝑠 ). A figura 3.10 mostra a variação do teor de
umidade com a profundidade.

Tabela 3.3 – Resultados dos ensaios de teor de umidade e de peso específico dos
sólidos (Tarozzo, 2020)
Profundidade (m) w (%) 𝛾𝑠 (kN/m³)
0,28 a 5,67 0,68
5,67 a 9,17 0,87
26,65
9,17 a 18,00 10,87
18,00 a 23,00 14,32
78

w (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0

6
Profundidade (m)

10

12

14

16

18

20

Figura 3.10 – Variação do teor de umidade com a profundidade para o furo 4

3.1.3 Parâmetros geotécnicos do solo

Para a utilização dos métodos de estimativa de recalques, tanto os


analíticos quanto os computacionais, foram necessários vários parâmetros
geotécnicos do solo em que as estacas foram construídas. Muitos desses parâmetros
podem ser obtidos por ensaios de laboratório, porém neste trabalho optou-se pelas
correlações existentes entre esses parâmetros e os ensaios in situ (mostradas no item
2.3). Também foram utilizados os valores do índice de vazios (𝑒) e do coeficiente de
Poisson (𝜈), ambos retirados de Albuquerque (2001). A tabela 3.4 apresenta os
resultados obtidos.

Tabela 3.4 – Parâmetros do solo utilizados para as estimativas de recalque


Prof. 𝐸𝑠
𝑐𝑢 (kPa) 𝛾𝑛𝑎𝑡 (kN/m³) 𝐸𝑒𝑑 (MPa) 𝛾𝑠𝑎𝑡 (kN/m³) 𝑒 𝜈
(m) (MPa)
1-6 16,5 36,7 14,8 18,4 19,2 1,7 0,2*
7-9 15,5 95,3 17,7 33,3 20,9 1,5 0,4
10-25 30,7 230,8 20,4 65,7 21,2 1,5 0,4
*solo argiloso com comportamento de areia

3.2 Microestacas tipo Incopile

Para o estudo dessa fundação, foram construídas 5 estacas de diâmetro


de 0,30 m e comprimentos variando entre 16 e 21 m. Seu processo executivo é similar
79

ao Tipo D sugerido pela FHWA (2005), conforme descrito abaixo e apresentado na


figura 3.11.
a) perfuração com roto-percussão utilizando tubo de revestimento e
circulação de água (Figura 3.14). O tubo, com 8” (200 mm) de diâmetro
interno, é manchetado e tem função estrutural sendo dividido em trechos
de 2,5 m cada com roscas nas pontas para conexão dos trechos. O primeiro
trecho possui coroa para perfuração em solo (figura 3.12), sendo utilizado
o “roller bits” em camadas mais resistentes;
b) ao atingir a profundidade desejada, inicia-se a primeira fase de injeção
com obturador simples (Figura 3.15a), que serve tanto para retirar o
material excedente quanto para injetar calda de cimento a baixa pressão
entre a face externa do tubo e o solo;
c) após um mínimo de 12h do final da primeira etapa, inicia-se a segunda
fase de injeção inserindo o obturador duplo (Figura 3.15b) na altura em que
se encontram as manchetes. Nessa fase é utilizada alta pressão (entre 1 e
2 MPa) para a injeção da calda de cimento, podendo ser repetida várias
vezes;
d) terminada a segunda fase de injeção, o tubo é vedado com calda de
cimento (Figura 3.16) e o que ultrapassar a cota de arrasamento é retirada.

Figura 3.11 – Processo executivo da microestaca injetada (Barbosa, 2019)


80

(a) (b)
Figura 3.12 – (a) Coroa de perfuração em posição; (b) Roller bits

As manchetes presentes no tubo são dispostas diametralmente em grupos


de quatro, espaçadas entre si a cada 0,5 m. A peça possui um corpo de alumínio, um
eixo e uma borracha obturadora, como mostrado na figura 3.13, cuja abertura é
causada por pressão de injeção de 20 bar com fechamento automático após a
diminuição da pressão, o que evita o retorno de material injetado. A calda de cimento
utiliza relação água-cimento de 0,5.

Figura 3.13 – Válvula manchete instalada no tubo de revestimento (Barbosa, 2019)

Na tabela 3.2 são apresentados alguns dados da perfuração, das estacas


e dos tubos de revestimento.
81

Figura 3.14 – Perfuração da estaca em andamento

Tabela 3.5 – Características de projeto dos materiais


Diâmetro perfurado (cm) 28,91
Área perfurada (cm²) 656
Diâmetro externo do tubo (cm) 21,91
Diâmetro interno do tubo (cm) 20,27
Área do tubo (cm²) 54,20
Área da calda (cm²) 602
Cobrimento lateral do tubo (cm) 3,5
Porcentagem de aço (%) 9,0
Limite de escoamento do aço (kgf/cm²) 6900

Na tabela 3.3 são apresentados os dados de injeção, comprimento e tempo


de execução das estacas.

Tabela 3.6 – Dados de execução das estacas


Consumo de cimento
Estaca Comprimento (m) Injeções
na bainha (kg)
ET-1 16,4 1400 1 fase
ET-2 21,0 1400 1 fase
ET-3 17,0 1200 1 fase
ET-4 19,4 1400 1 fase
ET-5 16,0 1300 Sem injeção
82

(a) (b)
Figura 3.15 – (a) Obturador simples; (b) Obturador duplo

Figura 3.16 – Selamento do tubo interno com calda de cimento


83

3.3 Sistemas de Reação e Instrumentação

Para o sistema de reação, foram executadas 13 microestacas tipo incopile


de 0,30 m de diâmetro e 18 m de comprimento. Sua armadura foi composta de
monobarras de aço colocadas em toda a extensão das microestacas. Foram utilizadas
3 vigas em I presas a quatro dessas estacas como apoio a cada ensaio, como
mostrado nas figuras 3.17 e 3.18.

Figura 3.17 – Esquema do posicionamento das estacas de reação em relação à estaca ensaiada

Figura 3.18 – Montagem do sistema de reação para a realização do ensaio (Fiscina, 2020)

As estacas teste foram equipadas com extensômetros elétricos (strain


gages) ao longo do fuste com ligação do tipo ponte completa. Os strain gages foram
84

fixados em barras CA-50 de diâmetro 12,5 mm e 0,5 m de comprimento (Figura 3.20)


que foram rosqueadas a outras barras de mesmo diâmetro e comprimentos diferentes,
formando uma única haste que foi introduzida na parte interna do tubo metálico da
estaca (figura 3.21). Em seguida, a estaca foi completada com calda de cimento. A
haste contendo a instrumentação ficou suspensa dentro da estaca, sem tocar o fundo,
para evitar a flambagem. A figura 3.19 mostra o posicionamento da instrumentação
para cada estaca executada.

Figura 3.19 – Esquema de posicionamento da instrumentação ao longo das estacas


85

(a) (b)
Figura 3.20 – (a) Esquema de ligação dos Strain Gages; (b) Resina protetora contra choques e
umidade (Fiscina, 2020)

Para melhor distribuição dos esforços, foi executado em cada estaca um


bloco de coroamento de 60 cm x 60 cm com embutimento mínimo da cabeça da estaca
de 15 cm. O concreto utilizado possui fck = 30 MPa e a capacidade do bloco é de
3000 kN.

Figura 3.21 – Instalação da instrumentação


86

3.4 Provas de Carga

Com o objetivo de se obter o comportamento carga versus deslocamento,


foram realizadas cinco provas de carga, uma para cada estaca teste. As provas de
carga seguiram as diretrizes da norma NBR 12131 (ABNT, 2006), pois foram
realizadas antes da liberação da nova norma, NBR 16903 (ABNT, 2020). As únicas
diferenças são observadas no critério de estabilização, que incluem
• estágio limitado a 2h
• leituras feitas aos 5, 10, 15 e 30 min, seguindo-se leituras a cada 15
min após os primeiros 30 min.
Optou-se por não escavar abaixo do bloco e deixar livre do solo o trecho
inicial da estaca com a primeira instrumentação, para evitar descolamento na nata
externa da estaca. Como o solo superficial do Campo Experimental da Feagri é muito
poroso, foi considerado que não haveria interferência para o cálculo do módulo de
elasticidade da estaca.
Para a realização das provas de carga foi utilizado um macaco hidráulico
com capacidade máxima de 3000 kN, equipado com bomba elétrica. Além disso,
foram utilizados 4 transdutores elétricos de curso 100mm e uma célula de carga de
3000 kN. Todos os instrumentos (célula de carga, transdutores e strain gages) foram
ligados ao sistema de aquisição automática de dados HBM 840 X, gerenciado pelo
software CATMAN®. Na tabela 3.4 são apresentados os níveis de instrumentação de
cada estaca.

Tabela 3.7 – Níveis de instrumentação de cada estaca


Estaca Nível 1* Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5
ET-1 0,5 m 3,5 m 11,0 m 14,6 m -
ET-2 0,5 m 2,5 m 6,5 m 13,5 m 19,6 m
ET-3 0,5 m 3,5 m 11,0 m 15,2 m -
ET-4 0,5 m 2,5 m 6,5 m 13,5 m 18,5 m
ET-5 0,5 m 3,5 m 11,0 m 15,0 m -
*Seção de referência (SR)

As provas de carga foram realizadas com estágios sucessivos de 100 kN


para as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 e de 130 kN para as estacas ET-2 e ET-4. Os
ensaios foram conduzidos até a ruptura ou até o máximo permitido pelo sistema de
reação (2500 kN).
87

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para a realização das provas de carga foram feitas estimativas da carga de


ruptura de cada estaca através dos métodos Aoki e Velloso (1975), Décourt e
Quaresma (1978) e LIZZI (1982). Para a definição da carga de ruptura, foram
utilizados os métodos de Van der Veen (1951), modificado por Aoki (1976) e da NBR
6122 (ABNT, 2019).

4.1 Resultados das provas de carga

Apenas a estaca ET-3 apresentou ruptura nítida, portanto foi necessário


utilizar métodos de extrapolação da curva para a determinação da carga de ruptura
para as estacas ET-1, ET-2, ET-4 e ET-5. Foram utilizados os métodos de Van der
Veen (1951), modificado por Aoki (1976) e da NBR 6122 (ABNT, 2019), sendo a carga
de ruptura convencionada com o valor obtido pelo método da norma. Os gráficos das
provas de carga são apresentados na figura 4.1, que mostra somente o carregamento.
A tabela 4.1 apresenta os valores convencionados de ruptura (σrup ) e de carga de
trabalho (σtrab ) para cada estaca, convencionada como 50% da carga de ruptura,
assim como o recalque (ρ) para a carga de trabalho.

Carga x deslocamento
Carga (kN)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0

10
Deslocamento (mm)

20

30

40

50

60

ET-1 ET-2 ET-3 ET-4 ET-5

Figura 4.1 - Resultados das provas de carga de todas as estacas


88

Tabela 4.1 - Cargas de ruptura e admissível e recalque para a carga admissível


Estaca Comprimento (m) 𝐸𝑝 (GPa)¹ σrup (kN) σtrab (kN) ρ (mm)
ET-1 16,4 13,5 1440² 720 5,1
ET-2 21,0 11,0 2550² 1275 8,2
ET-3 17,0 13,0 1700 850 5,0
ET-4 19,4 16,0 2680² 1340 6,6
ET-5 16,0 15,0 1460² 730 6,5
1módulo de elasticidade da estaca, valores retirados de Fiscina (2020) e Castro Neto
(2021)
2valores convencionados pelo método de extrapolação da NBR 6122 (ABNT, 2019)

Observando o gráfico da figura 4.1, é possível ver que apenas a estaca ET-
3 teve uma ruptura nítida. Também é possível notar que apenas a estaca ET-3
ultrapassou o deslocamento de 10% do diâmetro da estaca (30 mm), enquanto as
outras quatro estacas ficaram abaixo desse valor. As cargas de ruptura variaram entre
1440 kN para a estaca ET-1 e 2680 kN para a estaca ET-4. Os recalques para a carga
de trabalho variaram de 5,1 para a estaca ET-1 a 8,2 para a estaca ET-2.

4.2 Resultados das estimativas de recalques por estaca

A seguir serão apresentados os resultados dos seguintes métodos


analíticos utilizados para estimar o recalque na carga de trabalho de cada estaca
ensaiada: Poulos e Davis (1980), Vésic (1969, 1975a), Vésic “Modificado” (2008),
Décourt (1995) e Cintra et al. (2010). Também são apresentados os resultados obtidos
com os programas GEO5 e UniPile. O diâmetro utilizado foi de 0,3 m. Para cada
estaca são obtidos gráfico com os resultados e tabela com os valores resultantes de
cada método. Além disso, são fornecidos os parâmetros utilizados para cada estaca.
Interessante observar que o software UniPile não permite inserir todos os
parâmetros em algumas funções. Como exemplo tem-se a função Hiperbólica, que
possui os parâmetros 𝛿𝑡𝑔 , 𝐶1 e 𝐶2 , sendo possível colocar apenas 𝛿𝑡𝑔 e um dos dois
coeficientes: 𝐶1 ou 𝐶2 . O outro coeficiente é calculado pelo programa. Isso ocorre
também com a função de Hansen.
Com isso, decidiu-se aplicar as equações dos métodos diretamente,
utilizando os valores dos coeficientes encontrados por retroanálise das provas de
carga de acordo com cada método apresentado no item C da sessão 2.5.2.
89

4.2.1 Estaca ET-1

A) Métodos analíticos

A tabela 4.2 mostra os parâmetros utilizados para esta estaca, assim com
as equações utilizadas para o cálculo de cada método. O gráfico da figura 4.2 mostra
o resultado para todos os métodos, assim como a tabela 4.3, cujos recalques para a
carga de trabalho estão em negrito. No gráfico há uma barra vertical indicando a carga
de trabalho da estaca. A figura 4.3 mostra a comparação dos métodos (pm) com o
recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a margem de erro de +/- 20% adotada.

Tabela 4.2 - Parâmetros utilizados para a ET-1


Método de Poulos e Davis (1980) Método de Vésic “Modificado” (2008)
Ip 0,089 Ap 0,071 m²
Es 20,9 MPa 𝜈1 0,2
Ep 13,5 GPa 𝜈2 0,4
d 0,30 m 𝛼 0,88
Eq. 2.8 a 2.10 Es1 16,5 MPa
Método de Vésic (1969, 1975a) Es2 15,5 MPa
αss 0,67 𝐸𝑠3 30,7 MPa
L 16,4 m 𝛽 2,35
A 0,071 m² Eq. 2.16 a 2.20
Cp1 0,060 Método de Décourt (1995)
Cp2 0,105 X1 0,661
q0 13,3 kN X2 1,3
Cs1 0,127 δ1 5 mm
Cs2 0,222 δ2 12 mm
Eq. 2.11 a 2.15 δ3 30 mm
Eq. 2.21 a 2.28
Método de Cintra et al. (2010)
D 0,3 m Eq. 2.29 a 2.41
𝐸𝑠 30,7 MPa
90

Carga (kN)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0,0

5,0

10,0
Recalque (mm)

15,0

20,0

25,0 Q trab = 720 kN


30,0

35,0

40,0

Curva original Poulos&Davis Vésic Vésic Modificado Cintra&Aoki Decourt

Figura 4.2 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-1 pelos métodos
analíticos

Tabela 4.3 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (720 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
Poulos e Davis (1980) 10,2
Vésic (1969, 1975a) 9,5
Vésic “Modificado” (2008) 15,5
Décourt (1995) 2,5
Cintra et al. (2010) 4,9
Média 8,5
Desvio padrão 5,0
Coeficiente de variação 59%
91

3,40
3,20 3,05
3,00
2,80
2,60
2,40
2,20 2,02
Recalque (pm/pc)

2,00 1,87
1,80
1,60
1,40
+20%
1,20
1,00 0,97
1,00
0,80
0,60 0,50 -20%
0,40
0,20
0,00
Recalque medido Poulos & Davis Vésic Vésic Modificado Décourt Cintra et al.

Figura 4.3 - Comparação entre métodos para a estaca ET-1

O método de Vésic “Modificado” (2008) obteve o maior valor, de 15,7 mm,


que corresponde a 3,10 vezes o recalque medido para a carga de trabalho (720 kN).
O método de Poulos e Davis (1980) foi o segundo maior, com 10,2 mm,
correspondendo a 2,02 vezes o recalque medido. O método de Vésic (1969, 1975a)
ficou mais próximo, com o valor de 9,5 mm, que é 1,87 vez o recalque medido. Em
seguida tem-se Cintra et al. (2010) com um recalque estimado de 4,9 mm, o que
representa 0,97 do recalque medido. Por fim tem-se Décourt (1995), com um recalque
de 2,5 mm, sendo 0,5 do recalque medido. Pode-se observar que apenas o valor de
Cintra et al. (2010) ficou dentro do limite de variação de ±20% (representado na figura
4.3 pelas linhas horizontais).

B) Métodos computacionais

Os parâmetros utilizados para ambos os softwares são apresentados no


item 3.1.3. O gráfico da figura 4.4 mostra o resultado para todos os métodos, assim
como a tabela 4.4, com os resultados para a carga de trabalho. No gráfico há uma
barra vertical indicando a carga de trabalho da estaca. A figura 4.5 mostra a
comparação dos métodos (pm) com o recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a
margem de erro de +/- 20% adotada.
92

Carga (kN)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0,0

10,0

20,0

30,0
Recalque (mm)

40,0

Q trab = 720 kN
50,0

60,0

70,0

Curva Original GEO5 - ESTACA GEO5 - ESTACA VIA CPT


UniPile - Ratio UniPile - Hiperbólica UniPile - Exponencial
UniPile - Hansen 80% UniPile - Zhang

Figura 4.4 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-1 pelos métodos
computacionais

Tabela 4.4 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (720 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
GEO5 – ESTACA 3,9
GEO5 – ESTACA VIA CPT 10,7
UniPile – Ratio 11,9
UniPile – Hiperbólica 7,3
UniPile – Exponencial 14,0
UniPile – Hansen 80% 8,7
UniPile – Zhang 7,5
Média 9,1
Desvio padrão 3,4
Coeficiente de variação 37%
93

3,00
2,76
2,80
2,60
2,34
2,40
2,20 2,11

2,00
Recalque (pm/pc)

1,80 1,71

1,60 1,44 1,47


1,40
+20%
1,20
1,00
1,00
0,77
0,80
0,60
-20%
0,40
0,20
0,00
Recalque GEO5 - GEO5 - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile -
medido ESTACA ESTACA VIA Ratio Hiperbólica Exponencial Hansen 80% Zhang
CPT

Figura 4.5 - Comparação entre métodos para a estaca ET-1

Para o software GEO5, o programa ESTACA obteve o menor valor, de 3,9


mm, que é 0,77 do recalque medido para a carga de trabalho (720 kN) e o programa
ESTACA VIA CPT obteve o valor de 10,7 mm, que corresponde a 2,11 vezes o
recalque medido. Para o software UniPile, a função Ratio teve um valor de 11,9 mm,
que corresponde a 2,34 vezes o recalque medido; a função Hiperbólica resultou em
um valor de 7,3 mm, que é 1,44 vez o recalque medido; a função Exponencial obteve
um valor de 14,0 mm, que corresponde a 2,76 vezes o valor medido; a função de
Hansen – 80% resultou em um recalque de 8,7 mm, que é 1,71 vez o recalque medido;
a função de Zhang resultou em um valor de 7,5 mm, que corresponde a 1,47 vez o
recalque medido. Pode-se observar que nenhum valor ficou dentro do limite de
variação de ±20% (representado na figura 4.5 pelas linhas horizontais), apesar de o
programa ESTACA ter ficado muito próximo ao limite superior.
O resultado da retroanálise realizada com os métodos do programa UniPile
encontra-se na figura 4.6. Observa-se uma melhora do resultado em relação ao
calculado pelo software (figura 4.5), com dois dos valores – Ratio e Exponencial –
dentro do limite de variação de +/-20%.
94

1,60
1,47

1,40

+20%
1,20

1,00 1,02
0,98
1,00
Recalque (pm/pc)

0,80

0,63
-20%
0,60 0,55

0,40

0,20

0,00
Recalque medido UniPile - Ratio UniPile - UniPile - UniPile - Hansen UniPile - Zhang
Hiperbólica Exponencial 80%

Figura 4.6 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações diretamente

4.2.2 Estaca ET-2

A) Métodos analíticos

A tabela 4.5 mostra os parâmetros utilizados para esta estaca, assim com
as equações utilizadas para o cálculo de cada método. O gráfico da figura 4.7 mostra
o resultado para todos os métodos, assim como a tabela 4.6, cujos recalques para a
carga de trabalho estão em negrito. No gráfico há uma barra vertical indicando a carga
de trabalho da estaca. A figura 4.8 mostra a comparação dos métodos (pm) com o
recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a margem de erro de +/- 20% adotada.
95

Tabela 4.5 - Parâmetros utilizados para a ET-2


Método de Poulos e Davis (1980) Método de Vésic “Modificado” (2008)
Ip 0,081 Ap 0,071 m²
Es 20,9 MPa 𝜈1 0,2
Ep 11,0 GPa 𝜈2 0,4
d 0,30 m 𝛼 0,88
Eq. 2.8 a 2.10 Es1 16,5 MPa
Método de Vésic (1969, 1975a) Es2 15,5 MPa
αss 0,67 𝐸𝑠3 30,7 MPa
L 21,0 m 𝛽 2,35
A 0,071 m² Eq. 2.16 a 2.20
Cp1 0,060 Método de Décourt (1995)
Cp2 0,105 X1 3,08
q0 64,7 kN X2 6,2
Cs1 0,136 δ1 5 mm
Cs2 0,238 δ2 12 mm
Eq. 2.11 a 2.15 δ3 30 mm
Eq. 2.21 a 2.28
Método de Cintra et al. (2010)
D 0,3 m Eq. 2.29 a 2.41
𝐸𝑠 30,7 MPa

Carga (kN)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0,0

10,0

20,0

30,0
Recalque (mm)

40,0

50,0 Q trab = 1275 kN

60,0

70,0

80,0

Curva Original Poulos&Davis Vésic Vésic Modificado Cintra&Aoki Decourt

Figura 4.7 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-2
96

Tabela 4.6 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1275 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
Poulos e Davis (1980) 16,5
Vésic (1969, 1975a) 23,3
Vésic “Modificado” (2008) 31,7
Décourt (1995) 2,6
Cintra et al. (2010) 11,7
Média 17,2
Desvio padrão 11,1
Coeficiente de variação 65%

4,20
4,00 3,87
3,80
3,60
3,40
3,20
3,00 2,85
2,80
2,60
Recalque (pm/pc)

2,40
2,20 2,01
2,00
1,80
1,60 1,43
1,40 +20%
1,20 1,00
1,00
0,80
0,60 -20%
0,40 0,31
0,20
0,00
Recalque medido Poulos & Davis Vésic Vésic Modificado Décourt Cintra et al.

Figura 4.8 - Comparação entre métodos para a estaca ET-2

O método de Vésic “Modificado” (2008) obteve o maior valor, de 31,7 mm,


que corresponde a 3,87 vezes o recalque medido para a carga de trabalho (1275 kN).
O método de Vésic (1969, 1975a) foi o segundo maior, com 23,3 mm, correspondendo
a 2,85 vezes o recalque medido. O método de Poulos e Davis (1980) também ficou
bem longe, com o valor de 16,5 mm, que é 2,01 vezes o recalque medido. Em seguida
tem-se Cintra et al. (2010) com um recalque estimado de 11,7 mm, o que representa
1,43 vezes o recalque medido. Por fim tem-se Décourt (1995), com um recalque de
97

2,6 mm, o único que ficou abaixo sendo 0,31 do recalque medido. Pode-se observar
que nenhum dos valores ficou dentro do limite de variação de ±20% (representado na
figura 4.8 pelas linhas horizontais).

B) Métodos computacionais

Os parâmetros utilizados para ambos os softwares são apresentados no


item 3.1.3. O gráfico da figura 4.9 mostra o resultado para todos os métodos, assim
como a tabela 4.7, com os resultados para a carga de trabalho. No gráfico há uma
barra vertical indicando a carga de trabalho da estaca. A figura 4.10 mostra a
comparação dos métodos (pm) com o recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a
margem de erro de +/- 20% adotada.

Carga (kN)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0,0

10,0

20,0

30,0
Recalque (mm)

40,0
Q trab = 1275 kN

50,0

60,0

70,0

80,0

Curva Original GEO5 - ESTACA GEO5 - ESTACA VIA CPT


UniPile - Ratio UniPile - Hiperbólica UniPile - Exponencial
UniPile - Hansen 80% UniPile - Zhang

Figura 4.9 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-2 pelos métodos
computacionais
98

Tabela 4.7 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1275 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
GEO5 – ESTACA 9,0
GEO5 – ESTACA VIA CPT 7,0
UniPile – Ratio 22,8
UniPile – Hiperbólica 21,2
UniPile – Exponencial 33,6
UniPile – Hansen 80% 22,4
UniPile – Zhang 21,8
Média 21,0
Desvio padrão 7,4
Coeficiente de variação 35%

4,40
4,20 4,10
4,00
3,80
3,60
3,40
3,20
3,00 2,79 2,74 2,67
2,80 2,59
Recalque (pm/pc)

2,60
2,40
2,20
2,00
1,80
1,60
1,40
1,20 1,10 +20%
1,00
1,00 0,86
0,80 -20%
0,60
0,40
0,20
0,00
Recalque GEO5 - GEO5 - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile -
medido ESTACA ESTACA VIA Ratio Hiperbólica Exponencial Hansen 80% Zhang
CPT

Figura 4.10 - Comparação entre métodos para a estaca ET-2

Para o software GEO5, o programa ESTACA VIA CPT obteve o menor


valor, de 7,0 mm, que é 0,86 do recalque medido para a carga de trabalho (1275 kN)
e o programa ESTACA obteve o valor de 9,0 mm, que corresponde a 1,10 vezes o
recalque medido. Para o software UniPile, a função Ratio teve um valor de 22,8 mm,
que corresponde a 2,79 vezes o recalque medido; a função Hiperbólica resultou em
um valor de 21,2 mm, que é 2,59 vezes o recalque medido; a função Exponencial
obteve um valor de 33,6 mm, que corresponde a 4,10 vezes o valor medido; a função
99

de Hansen – 80% resultou em um recalque de 22,4 mm, que é 2,74 vezes o recalque
medido; a função de Zhang resultou em um valor de 21,8 mm, que corresponde a 2,67
vezes o recalque medido. Pode-se observar que apenas os valores do programa
GEO5 ficaram dentro do limite de variação de +/- 20% (representado na figura 4.10
pelas linhas horizontais).
O resultado da retroanálise realizada com os métodos do programa UniPile
encontra-se na figura 4.11. Observa-se uma melhora do resultado em relação ao
calculado pelo software (figura 4.10), com todos os valores dentro do limite de variação
de +/- 20%.
1,40

+20%
1,20

1,00 1,02 1,01


0,98 0,99
1,00
0,88
Recalque (pm/pc)

0,80
-20%

0,60

0,40

0,20

0,00
Recalque medido UniPile - Ratio UniPile - UniPile - UniPile - Hansen UniPile - Zhang
Hiperbólica Exponencial 80%

Figura 4.11 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações diretamente

4.2.3 Estaca ET-3

A) Métodos analíticos

A tabela 4.8 mostra os parâmetros utilizados para esta estaca, assim com
as equações utilizadas para o cálculo de cada método. O gráfico da figura 4.12 mostra
o resultado para todos os métodos, assim como a tabela 4.9, cujos recalques para a
carga de trabalho estão em negrito. No gráfico há uma barra vertical indicando a carga
100

de trabalho da estaca. A figura 4.13 mostra a comparação dos métodos (pm) com o
recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a margem de erro de +/- 20% adotada.

Tabela 4.8 - Parâmetros utilizados para a ET-3


Método de Poulos e Davis (1980) Método de Vésic “Modificado” (2008)
Ip 0,105 Ap 0,071 m²
Es 20,9 MPa 𝜈1 0,2
Ep 13,0 GPa 𝜈2 0,4
d 0,30 m 𝛼 0,88
Eq. 2.8 a 2.10 Es1 16,5 MPa
Método de Vésic (1969, 1975a) Es2 15,5 MPa
αss 0,67 𝐸𝑠3 30,7 MPa
L 17,0 m 𝛽 2,35
A 0,071 m² Eq. 2.16 a 2.20
Cp1 0,060 Método de Décourt (1995)
Cp2 0,105 X1 1,619
q0 34,0 kN X2 3,2
Cs1 0,128 δ1 5 mm
Cs2 0,224 δ2 12 mm
Eq. 2.11 a 2.15 δ3 30 mm
Eq. 2.21 a 2.28
Método de Cintra et al. (2010)
D 0,3 m Eq. 2.29 a 2.41
𝐸𝑠 30,7 MPa

Carga (kN)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
0,0

10,0

20,0
Recalque (mm)

30,0

40,0 Q trab = 850 kN

50,0

60,0

Curva Original Poulos&Davis Vésic Vésic Modificado Cintra&Aoki Decourt

Figura 4.12 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-3
101

Tabela 4.9 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (850 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
Poulos e Davis 14,3
Vésic 11,1
Vésic “Modificado” 17,3
Décourt 2,5
Cintra et al. 5,3
Média 10,1
Desvio padrão 6,1
Coeficiente de variação 61%

3,80
3,60 3,44
3,40
3,20
3,00 2,84
2,80
2,60
2,40 2,21
Recalque (pm/pc)

2,20
2,00
1,80
1,60
1,40
1,20 1,00 1,05
1,00 +20%
0,80
0,60 0,51
0,40
-20%
0,20
0,00
Recalque medido Poulos & Davis Vésic Vésic Modificado Décourt Cintra et al.

Figura 4.13 - Comparação entre métodos para a estaca ET-3

O método de Vésic Modificado (2008) obteve o maior valor, de 17,3 mm,


que corresponde a 3,44 vezes o recalque medido para a carga de trabalho (850 kN).
O método de Poulos e Davis (1980) foi o segundo maior, com 14,3 mm,
correspondendo a 2,84 vezes o recalque medido. O método de Vésic (1969, 1975a)
também ficou bem longe, com o valor de 11,1 mm, que é 2,21 vezes o recalque
medido. Em seguida tem-se Cintra et al. (2010) com um recalque estimado de 5,3 mm,
o que representa 1,05 vez o recalque medido. Por fim tem-se Décourt (1995), com um
recalque de 2,5 mm, o único que ficou abaixo sendo 0,5 do recalque medido. Pode-
102

se observar o único valor que ficou dentro do limite de variação de +/- 20%
(representado na figura 4.13 pelas linhas horizontais) foi o de Cintra et al. (2010).

B) Métodos computacionais

Os parâmetros utilizados para ambos os softwares são apresentados no


item 3.1.3. O gráfico da figura 4.14 mostra o resultado para todos os métodos, assim
como a tabela 4.7, com os resultados para a carga de trabalho. No gráfico há uma
barra vertical indicando a carga de trabalho da estaca. A figura 4.15 mostra a
comparação dos métodos (pm) com o recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a
margem de erro de +/- 20% adotada.

Carga (kN)
0 500 1000 1500 2000 2500
0,0

10,0

20,0
Recalque (mm)

30,0

40,0

50,0 Q trab = 850 kN

60,0

70,0

Curva Original GEO5 - ESTACA GEO5 - ESTACA VIA CPT


UniPile - Ratio UniPile - Hiperbólica UniPile - Exponencial
UniPile - Hansen 80% UniPile - Zhang

Figura 4.14 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-3 pelos métodos
computacionais
103

Tabela 4.10 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (850 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
GEO5 – ESTACA 5,2
GEO5 – ESTACA VIA CPT 13,1
UniPile – Ratio 11,7
UniPile – Hiperbólica 5,4
UniPile – Exponencial 17,7
UniPile – Hansen 80% 9,7
UniPile – Zhang 9,7
Média 10,3
Desvio padrão 4,4
Coeficiente de variação 42%

3,80
3,60 3,51
3,40
3,20
3,00
2,80 2,60
2,60
2,40 2,32
Recalque (pm/pc)

2,20
1,93 1,93
2,00
1,80
1,60
1,40 +20%
1,20 1,03 1,07
1,00
1,00
0,80
0,60 -20%
0,40
0,20
0,00
Recalque GEO5 - GEO5 - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile -
Medido ESTACA ESTACA VIA Ratio Hiperbólica Exponencial Hansen 80% Zhang
CPT

Figura 4.15 - Comparação entre métodos para a estaca ET-3

Para o software GEO5, o programa ESTACA obteve o menor valor, de 5,2


mm, que é 1,03 vez o recalque medido para a carga de trabalho (850 kN) e o programa
ESTACA VIA CPT obteve o valor de 13,1 mm, que corresponde a 2,6 vezes o recalque
medido. Para o software UniPile, a função Ratio teve um valor de 11,7 mm, que
corresponde a 2,32 vezes o recalque medido; a função Hiperbólica resultou em um
valor de 5,4 mm, que é 1,07 vez o recalque medido; a função Exponencial obteve um
104

valor de 17,7 mm, que corresponde a 3,51 vezes o valor medido; a função de Hansen
– 80% e a função Zhang resultaram no mesmo valor de 9,7 mm, que é 1,93 vezes o
recalque medido; Pode-se observar que tanto o valor do programa ESTACA quanto o
da função Hiperbólica ficaram dentro do limite de variação de ±20% (representado na
figura 4.15 pelas linhas horizontais).
O resultado da retroanálise realizada com os métodos do programa UniPile
encontra-se na figura 4.16. Observa-se uma melhora do resultado em relação ao
calculado pelo software (figura 4.15), com todos os valores (exceto a função de
Hansen) dentro do limite de variação de +/-20%.
1,80

1,60 1,55

1,40

+20%
1,20
Recalque (pm/pc)

1,00 1,03 1,02 1,01


1,00
0,89

0,80
-20%
0,60

0,40

0,20

0,00
Recalque Medido UniPile - Ratio UniPile - UniPile - UniPile - Hansen UniPile - Zhang
Hiperbólica Exponencial 80%

Figura 4.16 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações diretamente

4.2.4 Estaca ET-4

A) Métodos analíticos

A tabela 4.11 mostra os parâmetros utilizados para esta estaca, assim com
as equações utilizadas para o cálculo de cada método. O gráfico da figura 4.17 mostra
o resultado para todos os métodos, assim como a tabela 4.12, cujos recalques para a
carga de trabalho estão em negrito. No gráfico há uma barra vertical indicando a carga
105

de trabalho da estaca. A figura 4.18 mostra a comparação dos métodos (pm) com o
recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a margem de erro de +/- 20% adotada.

Tabela 4.11 - Parâmetros utilizados para a ET-4


Método de Poulos e Davis (1980) Método de Vésic “Modificado” (2008)
Ip 0,095 Ap 0,071 m²
Es 20,9 MPa 𝜈1 0,2
Ep 16,0 GPa 𝜈2 0,4
d 0,30 m 𝛼 0,88
Eq. 2.8 a 2.10 Es1 16,5 MPa
Método de Vésic (1969, 1975a) Es2 15,5 MPa
αss 0,67 𝐸𝑠3 30,7 MPa
L 19,4 m 𝛽 2,35
A 0,071 m² Eq. 2.16 a 2.20
Cp1 0,060 Método de Décourt (1995)
Cp2 0,105 X1 0,474
q0 10,0 kN X2 0,9
Cs1 0,133 δ1 5 mm
Cs2 0,233 δ2 12 mm
Eq. 2.11 a 2.15 δ3 30 mm
Eq. 2.21 a 2.28
Método de Cintra et al. (2010)
D 0,3 m Eq. 2.29 a 2.41
𝐸𝑠 30,7 MPa

Carga (kN)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0,0

10,0

20,0
Recalque (mm)

30,0

40,0
Q trab = 1340 kN
50,0

60,0

Curva Original Poulos&Davis Vésic Vésic Modificado Cintra&Aoki Decourt

Figura 4.17 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-4
106

Tabela 4.12 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1340 kN) obtido
por cada método
Método 𝑝 (mm)
Poulos e Davis 20,3
Vésic 16,7
Vésic “Modificado” 25,0
Décourt 2,5
Cintra et al. 6,5
Média 14,2
Desvio padrão 9,4
Coeficiente de variação 66%

4,20
4,00 3,81
3,80
3,60
3,40
3,20 3,08
3,00
2,80
2,54
2,60
Recalque (pm/pc)

2,40
2,20
2,00
1,80
1,60
1,40
+20%
1,20 1,00 0,99
1,00
0,80
0,60 -20%
0,38
0,40
0,20
0,00
Recalque medido Poulos & Davis Vésic Vésic Modificado Décourt Cintra et al.

Figura 4.18 - Comparação entre métodos para a estaca ET-4

O método de Vésic Modificado (2008) obteve o maior valor, de 25,0 mm,


que corresponde a 3,81 vezes o recalque medido para a carga de trabalho (1340 kN).
O método de Poulos e Davis (1980) foi o segundo maior, com 20,3 mm,
correspondendo a 3,08 vezes o recalque medido. O método de Vésic (1969, 1975a)
também ficou bem longe, com o valor de 16,7 mm, que é 2,54 vezes o recalque
medido. Em seguida tem-se Cintra et al. (2010) com um recalque estimado de 6,5 mm,
o que representa 0,99 do recalque medido. Por fim tem-se Décourt (1995), com um
recalque de 2,5 mm, sendo 0,4 do recalque medido. Pode-se observar apenas o valor
107

de Cintra et al. (2010) ficou dentro do limite de variação de +/- 20% (representado na
figura 4.17 pelas linhas horizontais).

B) Métodos computacionais

Os parâmetros utilizados para ambos os softwares são apresentados no


item 3.1.3. O gráfico da figura 4.19 mostra o resultado para todos os métodos, assim
como a tabela 4.13, com os resultados para a carga de trabalho. No gráfico há uma
barra vertical indicando a carga de trabalho da estaca. A figura 4.20 mostra a
comparação dos métodos (pm) com o recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a
margem de erro de +/- 20% adotada.

Carga (kN)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0,0

10,0

20,0
Recalque (mm)

30,0

40,0

50,0

Q trab = 1340 kN
60,0

70,0

Medido GEO5 - ESTACA GEO5 - ESTACA VIA CPT


UniPile - Ratio UniPile - Hiperbólica UniPile - Exponencial
UniPile - Hansen 80% UniPile - Zhang

Figura 4.19 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-4 pelos métodos
computacionais
108

Tabela 4.13 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (1340 kN) obtido
por cada método
Método 𝑝 (mm)
GEO5 – ESTACA 31,6
GEO5 – ESTACA VIA CPT 19,7
UniPile – Ratio 24,2
UniPile – Hiperbólica 12,4
UniPile – Exponencial 35,1
UniPile – Hansen 80% 20,3
UniPile – Zhang 19,5
Média 23,3
Desvio padrão 7,8
Coeficiente de variação 33%

5,80
5,60 5,34
5,40
5,20
5,00 4,81
4,80
4,60
4,40
4,20
4,00 3,68
3,80
3,60
Recalque (pm/pc)

3,40 3,09
3,20 3,00 2,97
3,00
2,80
2,60
2,40
2,20 1,89
2,00
1,80
1,60
1,40 +20%
1,20 1,00
1,00
0,80
0,60 -20%
0,40
0,20
0,00
Recalque GEO5 - GEO5 - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile -
medido ESTACA ESTACA VIA Ratio Hiperbólica Exponencial Hansen 80% Zhang
CPT

Figura 4.20 - Comparação entre métodos para a estaca ET-4

Para o software GEO5, o programa ESTACA obteve o valor de 31,6 mm,


que é 4,81 vezes o recalque medido para a carga de trabalho (1340 kN) e o programa
ESTACA VIA CPT obteve o valor de 19,7 mm, que corresponde a 3,0 vezes o recalque
medido. Para o software UniPile, a função Ratio teve um valor de 24,2 mm, que
corresponde a 3,68 vezes o recalque medido; a função Hiperbólica resultou em um
valor de 12,4 mm, que é 1,89 vez o recalque medido; a função Exponencial obteve
109

um valor de 35,1 mm, que corresponde a 5,34 vezes o valor medido; a função de
Hansen – 80% obteve o valor de 20,3 mm, que é 3,09 vezes o recalque medido; e a
função Zhang resultou no valor de 19,5 mm, que é 2,97 vezes o recalque medido.
Pode-se observar que nenhum valor ficou dentro do limite de variação de +/- 20%
(representado na figura 4.20 pelas linhas horizontais).
O resultado da retroanálise realizada com os métodos do programa UniPile
encontra-se na figura 4.21. Observa-se uma melhora do resultado em relação ao
calculado pelo software (figura 4.20), com todos os valores dentro do limite de variação
de +/- 20%.
1,40

+20%
1,20
1,09
1,07
1,00 1,02
1,00 0,94
0,91
Recalque (pm/pc)

0,80
-20%

0,60

0,40

0,20

0,00
Recalque medido UniPile - Ratio UniPile - UniPile - UniPile - Hansen UniPile - Zhang
Hiperbólica Exponencial 80%

Figura 4.21 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações diretamente

4.2.5 Estaca ET-5

A) Métodos analíticos

A tabela 4.14 mostra os parâmetros utilizados para esta estaca, assim com
as equações utilizadas para o cálculo de cada método. O gráfico da figura 4.22 mostra
o resultado para todos os métodos, assim como a tabela 4.15, cujos recalques para a
carga de trabalho estão em negrito. No gráfico há uma barra vertical indicando a carga
110

de trabalho da estaca. A figura 4.23 mostra a comparação dos métodos (pm) com o
recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a margem de erro de +/- 20% adotada.

Tabela 4.14 - Parâmetros utilizados para a ET-5


Método de Poulos e Davis (1980) Método de Vésic “Modificado” (2008)
Ip 0,089 Ap 0,071 m²
Es 20,9 MPa 𝜈1 0,2
Ep 15,0 GPa 𝜈2 0,4
d 0,30 m 𝛼 0,88
Eq. 2.8 a 2.10 Es1 16,5 MPa
Método de Vésic (1969, 1975a) Es2 15,5 MPa
αss 0,67 𝐸𝑠3 30,7 MPa
L 16,0 m 𝛽 2,35
A 0,071 m² Eq. 2.16 a 2.20
Cp1 0,060 Método de Décourt (1995)
Cp2 0,105 X1 0,984
q0 20,7 kN X2 2,0
Cs1 0,126 δ1 5 mm
Cs2 0,220 δ2 12 mm
Eq. 2.11 a 2.15 δ3 30 mm
Eq. 2.21 a 2.28
Método de Cintra et al. (2010)
D 0,3 m Eq. 2.29 a 2.41
𝐸𝑠 30,7 MPa

Carga (kN)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0,0

5,0

10,0
Recalque (mm)

15,0

20,0
Q trab = 730 kN

25,0

30,0

35,0

Curva original Poulos&Davis Vésic Vésic Modificado Cintra&Aoki Decourt

Figura 4.22 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-5
111

Tabela 4.15 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (730 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
Poulos e Davis 10,4
Vésic 8,3
Vésic “Modificado” 13,2
Décourt 2,5
Cintra et al. 3,4
Média 7,6
Desvio padrão 4,5
Coeficiente de variação 60%

2,20
2,02
2,00

1,80
1,59
1,60

1,40
Recalque (pm/pc)

1,27
1,20
1,00 +20%
1,00

0,80

0,60 0,53
-20%
0,39
0,40

0,20

0,00
Recalque medido Poulos & Davis Vésic Vésic Modificado Décourt Cintra et al.

Figura 4.23 - Comparação entre métodos para a estaca ET-5

O método de Vésic Modificado (2008) obteve o maior valor, de 13,2 mm,


que corresponde a 2,02 vezes o recalque medido para a carga de trabalho (730 kN).
O método de Poulos e Davis (1980) foi o segundo maior, com 10,4 mm,
correspondendo a 1,59 vez o recalque medido. O método de Vésic (1969, 1975a) já
foi mais próximo, com o valor de 8,3 mm, que é 1,27 vezes o recalque medido. Em
seguida tem-se Cintra et al. (2010), que ficou abaixo, com um recalque estimado de
3,4 mm, o que representa 0,53 do recalque medido. Por fim tem-se Décourt (1995),
com um recalque de 2,5 mm, que também ficou abaixo sendo 0,39 do recalque
112

medido. Pode-se observar que nenhum dos valores ficou dentro do limite de variação
de +/- 20% (representado na figura 4.23 pelas linhas horizontais), apesar de o valor
de Vésic (1969, 1975a) estar próximo a essa margem.

B) Métodos computacionais

Os parâmetros utilizados para ambos os softwares são apresentados no


item 3.1.3. O gráfico da figura 4.24 mostra o resultado para todos os métodos, assim
como a tabela 4.16, com os resultados para a carga de trabalho. No gráfico há uma
barra vertical indicando a carga de trabalho da estaca. A figura 4.25 mostra a
comparação dos métodos (pm) com o recalque convencionado (pc) a fim de avaliar a
margem de erro de +/- 20% adotada.

Carga (kN)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
0,0

10,0

20,0
Recalque (mm)

30,0

40,0

50,0 Q trab = 730 kN

60,0

70,0

Curva Original GEO5 - ESTACA GEO5 - ESTACA VIA CPT


UniPile - Ratio UniPile - Hiperbólica UniPile - Exponencial
UniPile - Hansen 80% UniPile - Zhang

Figura 4.24 - Resultados dos métodos de estimativa de recalque para a estaca ET-5 pelos métodos
computacionais
113

Tabela 4.16 – Recalque para a carga de trabalho convencionada (730 kN) obtido por
cada método
Método 𝑝 (mm)
GEO5 – ESTACA 4,2
GEO5 – ESTACA VIA CPT 11,1
UniPile – Ratio 10,6
UniPile – Hiperbólica 6,5
UniPile – Exponencial 17,8
UniPile – Hansen 80% 7,2
UniPile – Zhang 7,7
Média 9,3
Desvio padrão 4,4
Coeficiente de variação 48%
3,00
2,80 2,72

2,60
2,40
2,20
2,00
Recalque (pm/pc)

1,80 1,70
1,63
1,60
1,40
1,17
1,20 1,11
1,00 1,00 +20%
1,00
0,80 0,64
0,60
0,40 -20%
0,20
0,00
Recalque GEO5 - GEO5 - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile - UniPile -
medido ESTACA ESTACA VIA Ratio Hiperbólica Exponencial Hansen 80% Zhang
CPT

Figura 4.25 - Comparação entre métodos para a estaca ET-5

Para o software GEO5, o programa ESTACA obteve o valor de 4,2 mm,


que é 0,64 do recalque medido para a carga de trabalho (730 kN) e o programa
ESTACA VIA CPT obteve o valor de 11,1 mm, que corresponde a 1,7 vez o recalque
medido. Para o software UniPile, a função Ratio teve um valor de 10,6 mm, que
corresponde a 1,63 vez o recalque medido; a função Hiperbólica resultou em um valor
de 6,5 mm, que é 1,0 vez o recalque medido; a função Exponencial obteve um valor
de 17,8 mm, que corresponde a 2,72 vezes o valor medido; a função de Hansen –
114

80% obteve o valor de 7,2 mm, que é 1,11 vez o recalque medido; e a função Zhang
resultou no valor de 7,7 mm, que é 1,17 vez o recalque medido. Pode-se observar que
três valores (funções Hiperbólica, Hansen 80% e Zhang) ficaram dentro do limite de
variação de ±20% (representado na figura 4.25 pelas linhas horizontais).
O resultado da retroanálise realizada com os métodos do programa UniPile
encontra-se na figura 4.21. Observa-se uma melhora do resultado em relação ao
calculado pelo software (figura 4.20), com todos os valores dentro do limite de variação
de +/- 20%.

1,40

+20%
1,20
1,07
1,03 1,03
1,00 0,98
1,00
Recalque (pm/pc)

0,80
-20%
0,66

0,60

0,40

0,20

0,00
Recalque medido UniPile - Ratio UniPile - UniPile - UniPile - Hansen UniPile - Zhang
Hiperbólica Exponencial 80%

Figura 4.26 – Resultados das funções do software UniPile utilizando as equações diretamente

4.3 Resultado das estimativas de recalques por método

Para facilitar a análise, serão agora apresentados os dados reunidos por


método, assim será possível verificar o desvio padrão (𝜎) e o coeficiente de variação
(CV) de cada um. Além disso, serão agrupadas estacas com comprimentos próximos,
portanto as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 serão comparadas entre si e as estacas ET-2
e ET-4, entre si.
115

4.3.1 Comparação entre as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para os


métodos analíticos

Nas figuras 4.27 a 4.31, são apresentados os gráficos com os resultados


das três estacas analisadas para cada método. Vale lembrar que os valores dos
métodos (pm) estão sempre calculados em relação ao recalque na carga de trabalho
convencionada (pc) da respectiva estaca.

Poulos e Davis (1980)


3,0 2,8
2,8
2,6
2,4
2,2 2,0
Recalque (pm/pc)

2,0
1,8 1,6
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.27 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Poulos e Davis (1980)

Vésic (1969,1975a)
2,4 2,2
2,2
2,0 1,9
1,8
Recalque (pm/pc)

1,6
1,4 1,3
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.28 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Vésic (1969, 1975a)
116

Vésic "Modificado" (2008)


3,8
3,6 3,4
3,4
3,2 3,0
3,0
Recalque (pm/pc) 2,8
2,6
2,4
2,2 2,0
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.29 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Vésic Modificado (2008)

Décourt (1995)
1,4

1,2 +20%
Recalque (pm/pc)

1,0

0,8 -20%
0,6 0,5 0,5
0,4
0,4

0,2

0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.30 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Décourt (1995)

Cintra et al. (2010)


1,4

1,2 +20%
1,1
1,0
Recalque (pm/pc)

1,0

0,8 -20%
0,6 0,5

0,4

0,2

0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.31 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o método de Cintra et. al (2010)
117

Ao observar os gráficos, pode-se notar que somente o método de Cintra et


al. (2010) teve valores dentro da faixa de variação de +/- 20% adotada como margem
de erro (linhas horizontais). Porém, é possível dizer que alguns valores ainda estão
muito próximos dessa faixa, como é o caso do método de Vésic (1969, 1975a) para a
estaca ET-5 (figura 4.29).
A tabela 4.17 apresenta a média, o desvio padrão (𝜎) e o coeficiente de
variação (CV) para cada método utilizado.

Tabela 4.17 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método
Média (mm) 𝜎 (mm) CV (%)
Poulos e Davis (1980) 11,6 2,3 20
Vésic (1969, 1975a) 9,6 1,4 15
Vésic Modificado (2008) 15,3 2,0 13
Décourt (1995) 2,5 0,0 1
Cintra et al. (2010) 4,5 1,0 21

Os métodos apresentaram desvio padrão baixo, indicando que os dados


não estão muito dispersos. Também pode-se observar que todos os métodos, exceto
Décourt, tiveram coeficiente de variação próximos, em um intervalo de 13% a 21%.
Esses valores mostram uma média dispersão dos resultados.

4.3.2 Comparação entre as estacas ET-2 e ET-4 para os métodos


analíticos

Nas figuras 4.32 a 4.36, são apresentados os gráficos com os resultados


das três estacas analisadas para cada método. Vale lembrar que os valores dos
métodos (pm) estão sempre calculados em relação ao recalque na carga de trabalho
convencionada (pc) da respectiva estaca.

Poulos e Davis (1980)


3,5 3,1
3,0
Recalque (pm/pc)

2,5 2,0
2,0
1,5
+20%
1,0 -20%
0,5
0,0
ET-2 ET-4
118

Figura 4.32 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Poulos e Davis (1980)

Vésic (1969, 1975a)


3,0 2,9
2,8 2,5
2,6
2,4
2,2
Recalque (pm/pc)

2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.33 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Vésic (1969, 1975a)

Vésic "Modificado" (2008)


4,2 3,9 3,8
4,0
3,8
3,6
3,4
3,2
3,0
Recalque (pm/pc)

2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.34 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Vésic Modificado (2008)
119

Décourt (1995)
1,4

1,2 +20%

1,0
Recalque (pm/pc)

0,8 -20%

0,6
0,4
0,4 0,3

0,2

0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.35 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Décourt (1995)

Cintra et al. (2010)


1,6
1,4
1,4
1,2 +20%
Recalque (pm/pc)

1,0
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.36 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o método de Cintra et. al (2010)

Ao observar os gráficos, pode-se notar que somente o método de Cintra et


al. (2010) teve um valor dentro da faixa de variação de +/- 20% adotada como margem
de erro (linhas horizontais). Porém, é possível dizer que alguns valores ainda estão
muito próximos dessa faixa, como é o caso do método de Cintra et al. (2010) para a
estaca ET-2 (figura 4.36).
A tabela 4.18 apresenta a média, o desvio padrão (𝜎) e o coeficiente de
variação (CV) para cada método utilizado.
120

Tabela 4.18 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método
Média (mm) 𝜎 (mm) CV (%)
Poulos e Davis (1980) 18,4 2,7 15
Vésic (1969, 1975a) 20,0 4,7 23
Vésic Modificado (2008) 28,4 4,7 17
Décourt (1995) 2,5 0,1 2
Cintra et al. (2010) 9,1 3,7 40

Os métodos apresentaram desvio padrão baixo, com exceção de Cintra et


al., indicando que os dados não estão muito dispersos. Também pode-se observar
que os métodos de Poulos e Davis (1980), Vésic (1969, 1975a) e Vésic “Modificado”
(2008) tiveram coeficientes de variação parecidos, em um intervalo de 15% a 23%, o
que indica média dispersão. O coeficiente de variação de Cintra et al. (2010), no valor
de 40%, inca que os dados são heterogêneos e o CV de Décout (1995), no valor de
2%, indica dados homogêneos.

4.3.3 Comparação entre as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para os


métodos computacionais

Nas figuras 4.37 a 4.43, são apresentados os gráficos com os resultados


das três estacas analisadas para cada método. Vale lembrar que os valores dos
métodos (pm) estão sempre calculados em relação ao recalque na carga de trabalho
convencionada (pc) da respectiva estaca.

GEO5 - ESTACA
1,4

1,2 +20%
1,0
1,0
Recalque (pm/pc)

0,8 -20%
0,8
0,6
0,6

0,4

0,2

0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.37 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o programa ESTACA
121

GEO5 - ESTACA VIA CPT


2,8 2,6
2,6
2,4
2,1
2,2
Recalque (pm/pc) 2,0
1,7
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.38 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para o programa ESTACA VIA CPT

UniPile - Ratio
2,6
2,3 2,3
2,4
2,2
2,0
1,8
Recalque (pm/pc)

1,6
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.39 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Gwizdala (Gwizdala,
1996; Fellenius, 1999)
122

UniPile - Hiperbólica
1,6
1,4
1,4

Recalque (pm/pc) 1,2 1,1 +20%


1,0
1,0

0,8 -20%

0,6

0,4

0,2

0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.40 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Hiperbólica de Chin-Kondner
(1963, 1970, 1971)

UniPile - Exponencial
3,8 3,5
3,6
3,4
3,2
3,0 2,7 2,7
2,8
2,6
Recalque (pm/pc)

2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.41 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Exponencial de Van der
Veen (1953)
123

UniPile - Hansen 80%


2,2
1,9
2,0
1,8 1,7

Recalque (pm/pc) 1,6


1,4
1,2 1,1 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.42 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Hansen – critério de 80%
(1963)

UniPile - Zhang
2,2
1,9
2,0
1,8
1,6 1,5
Recalque (pm/pc)

1,4
1,2
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.43 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Zhang (2012)

Ao observar os gráficos, pode-se notar que somente o programa ESTACA


e as funções Hiperbólica, Hansen 80% e Zhang tiveram pelo menos um valor dentro
da faixa de variação de +/- 20% adotada como margem de erro (linhas horizontais).
Porém, é possível dizer que o valor da função Hiperbólica para a estaca ET-5 (figura
4.29) ficou próximo desse limite.
A tabela 4.19 apresenta a média, o desvio padrão (𝜎) e o coeficiente de
variação (CV) para cada método utilizado.
124

Tabela 4.19 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método
Média (mm) 𝜎 (mm) CV (%)
ESTACA 4,4 0,7 15
ESTACA VIA CPT 11,6 1,3 11
UniPile Ratio 11,4 0,7 6
UniPile Hiperbólica 6,4 1,0 15
UniPile Exponencial 16,5 2,2 13
UniPile Hansen 80% 8,5 1,3 15
UniPile Zhang 8,3 1,2 15

Os métodos apresentaram desvio padrão baixo, indicando que os dados


não estão muito dispersos. Também pode-se observar que todos os métodos tiveram
coeficiente de variação parecidos, em um intervalo de 6% a 15%. Esses valores
mostram que os dados são homogêneos.

4.3.4 Comparação entre as estacas ET-2 e ET-4 para os métodos


computacionais

Nas figuras 4.44 a 4.50, são apresentados os gráficos com os resultados


das três estacas analisadas para cada método. Vale lembrar que os valores dos
métodos (pm) estão sempre calculados em relação ao recalque na carga de trabalho
convencionada (pc) da respectiva estaca.

GEO5 - ESTACA
4,2
4,0 3,9
3,8
3,6
3,4
3,2
3,0
Recalque (pm/pc)

2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4 1,1
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4
125

Figura 4.44 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o programa ESTACA

GEO5 - ESTACA VIA CPT


3,2 3,0
3,0
2,8
2,6
2,4
2,2
Recalque (%)

2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0 0,9
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.45 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para o programa ESTACA VIA CPT

UniPile - Ratio
4,0 3,7
3,8
3,6
3,4
3,2
3,0 2,8
Recalque (pm/pc)

2,8
2,6
2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.46 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Gwizdala (Gwizdala, 1996;
Fellenius, 1999)
126

UniPile - Hiperbólica
2,8 2,6
2,6
2,4
2,2
Recalque (pm/pc)
2,0 1,9
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.47 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Hiperbólica de Chin-Kondner
(1963, 1970, 1971)

UniPile - Exponencial
5,6 5,3
5,2
4,8
4,4 4,1
Recalque (pm/pc)

4,0
3,6
3,2
2,8
2,4
2,0
1,6
1,2 +20%
0,8 -20%
0,4
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.48 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Exponencial de Van der Veen
(1953)

UniPile - Hansen 80%


3,4 3,1
3,2
3,0 2,7
2,8
2,6
Recalque (pm/pc)

2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.49 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Hansen – critério 80% (1963)
127

UniPile - Zhang
3,2 3,0
3,0 2,7
2,8
2,6
2,4
Recalque (pm/pc) 2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2 +20%
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.50 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Zhang (2012)

Ao observar os gráficos, pode-se notar que somente o programa ESTACA


teve um valor dentro da faixa de variação de +/- 20% adotada como margem de erro
(linhas horizontais). Os outros valores ficaram bem distantes desse limite.
A tabela 4.20 apresenta a média, o desvio padrão (𝜎) e o coeficiente de
variação (CV) para cada método utilizado.

Tabela 4.20 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método
Média (mm) 𝜎 (mm) CV (%)
ESTACA 20,3 16,0 79
ESTACA VIA CPT 13,4 9,0 67
UniPile Ratio 23,5 1,0 4
UniPile Hiperbólica 16,8 6,2 37
UniPile Exponencial 34,4 1,1 3
UniPile Hansen 80% 21,4 1,5 7
UniPile Zhang 20,7 1,6 8

Os métodos apresentaram desvio padrão baixo, com exceção do programa


GEO5 e da função Hiperbólica, indicando que os dados não estão muito dispersos.
Também pode-se observar que as funções Ratio, Exponencial, Hansen e Zhang
tiveram coeficientes de variação parecidos, em um intervalo de 3% a 12%, o que indica
homogeneidade dos dados. O coeficiente de variação do programa ESTACA, no valor
de 79%, do programa ESTACA VIA CPT, no valor de 67% e da função Hiperbólica,
no valor de 37%, indicam que os dados são heterogêneos.
128

4.3.5 Comparação entre as estacas ET-1, ET-3 e ET-5 utilizando as


funções do UniPile diretamente

Nas figuras 4.51 a 4.55, são apresentados os gráficos com os resultados


obtidos a partir do uso direto das funções apresentadas no item C da sessão 2.5.2.
Vale lembrar que os valores dos métodos (pm) estão sempre calculados em relação
ao recalque na carga de trabalho convencionada (pc) da respectiva estaca.

UniPile - Ratio
1,4

1,2 +20%
1,0 1,0 1,0
1,0
Recalque (pm/pc)

0,8 -20%

0,6

0,4

0,2

0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.51 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Gwizdala (Gwizdala,
1996; Fellenius, 1999)

UniPile - Hiperbólica
1,4
1,2 1,0 +20%
1,0
Recalque (pm/pc)

1,0
0,8 0,6 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.52 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Hiperbólica de Chin-Kondner
(1963, 1970, 1971)
129

UniPile - Exponencial
1,4
1,2 1,1 +20%
1,0 1,0
Recalque (pm/pc)
1,0
0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.53 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função Exponencial de Van der
Veen (1953)

UniPile - Hansen 80%


1,8
1,6
1,6
1,4
Recalque (pm/pc)

1,2 1,0 +20%


1,0
0,8 -20%
0,5
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.54 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Hansen – critério de 80%
(1963)
130

UniPile - Zhang
1,6 1,5
1,4

Recalque (pm/pc) 1,2 +20%

1,0 0,9

0,8 -20%
0,7
0,6

0,4

0,2

0,0
ET-1 ET-3 ET-5

Figura 4.55 - Comparação das estacas ET-1, ET-3 e ET-5 para a função de Zhang (2012)

Ao observar os gráficos, pode-se notar a maioria dos valores ficou dentro


da faixa de variação de +/- 20% adotada como margem de erro (linhas horizontais).
A tabela 4.21 apresenta a média, o desvio padrão (𝜎) e o coeficiente de
variação (CV) para cada método utilizado.

Tabela 4.21 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método
Média (mm) Desvio padrão (mm) CV (%)
UniPile Ratio 5,7 0,9 15
UniPile Hiperbólica 4,9 1,6 33
UniPile Exponencial 5,7 1,1 20
UniPile Hansen 80% 5,8 2,6 46
UniPile Zhang 5,4 1,8 33

As funções Ratio e Exponencial apresentaram desvio padrão e coeficiente


de variação baixos, indicando que os dados são homogêneos. As funções Hiperbólica,
Hansen e Zhang apresentaram desvio padrão e CV altos, indicando dados
heterogêneos.
131

4.3.6 Comparação entre as estacas ET-2 e ET-4 utilizando as funções


do UniPile diretamente

Nas figuras 4.56 a 4.60, são apresentados os gráficos com os resultados


das três estacas analisadas para cada método. Vale lembrar que os valores dos
métodos (pm) estão sempre calculados em relação ao recalque na carga de trabalho
convencionada (pc) da respectiva estaca.

UniPile - Ratio
1,4

1,2 1,1 +20%


1,0
Recalque (pm/pc)

1,0

0,8 -20%

0,6

0,4

0,2

0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.56 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Gwizdala (Gwizdala, 1996;
Fellenius, 1999)

UniPile - Hiperbólica
1,4

1,2 +20%
1,0 1,0
1,0
Recalque (pm/pc)

0,8 -20%

0,6

0,4

0,2

0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.57 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Hiperbólica de Chin-Kondner
(1963, 1970, 1971)
132

UniPile - Exponencial
1,4

1,2 1,1 +20%


1,0
Recalque (pm/pc) 1,0

0,8 -20%
0,6

0,4

0,2

0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.58 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função Exponencial de Van der Veen
(1953)

UniPile - Hansen 80%


1,4

1,2 +20%

1,0 0,9
Recalque (pm/pc)

0,9
0,8 -20%
0,6

0,4

0,2

0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.59 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Hansen – critério 80% (1963)

UniPile - Zhang
1,4
1,2 +20%
1,0
Recalque (pm/pc)

1,0 0,9

0,8 -20%
0,6
0,4
0,2
0,0
ET-2 ET-4

Figura 4.60 - Comparação das estacas ET-2 e ET-4 para a função de Zhang (2012)
133

Ao observar os gráficos, pode-se notar que todos os valores ficaram dentro


da faixa de variação de +/- 20% adotada como margem de erro (linhas horizontais).
A tabela 4.23 apresenta a média, o desvio padrão (𝜎) e o coeficiente de
variação (CV) para cada método utilizado.

Tabela 4.22 - Média, desvio padrão e coeficiente de variação para cada método
Média (mm) 𝜎 (mm) CV (%)
UniPile Ratio 7,7 0,9 12
UniPile Hiperbólica 7,4 0,9 13
UniPile Exponencial 7,6 0,6 8
UniPile Hansen 80% 6,7 0,7 11
UniPile Zhang 7,2 1,6 23

Os métodos apresentaram desvio padrão e coeficiente de variação baixos,


indicando que os dados são homogêneos.
134

5 CONCLUSÕES

Entre os métodos analíticos, o que mais se ajustou à microestaca (Incopile)


foi o Cintra et al. (2010). Em relação aos softwares, o que obteve melhores resultados
foi o GEO5 com o programa ESTACA. Porém, se for considerada a retroanálise feita
com as funções do UniPile, pode-se observar que todas obtiveram resultados
satisfatórios.
O método de Poulos e Davis (1980) se mostrou conservador para todas as
estacas, ficando bem acima do limite superior +20% em todos os casos, assim como
o método de Vésic modificado (2008). Apesar disso, seus coeficientes de variação
foram baixos, indicando dados homogêneos.
O método de Vésic (1969, 1975a), apesar de apresentar também valores
conservadores, apresentou um valor mais próximo do limite superior de +20% para a
estaca ET-5, sendo este 30% maior que o obtido na prova de carga para esta estaca.
O método de Décourt apresentou valores inferiores a 50% àqueles obtidos
nas provas de carga, apesar de apresentar desvio padrão e coeficiente de variação
quase nulos. Como as microestacas (Incopile) trabalham praticamente somente com
o atrito lateral, tendo pouca carga de ponta, o valor de carga para o primeiro recalque
do gráfico ficou muito próximo ao valor de ruptura convencionado de cada estaca.
Como os valores de carga e recalque se relacionam por uma reta nesse método, ao
utilizar metade do valor de ruptura para a carga de trabalho, o método acabou
apresentando metade do valor fixo de 5 mm para a montagem do gráfico (ou seja, em
torno de 2,5 mm).
O método de Cintra et. al (2010) apresentou os dados mais satisfatórios.
Apenas dois valores, para as estacas ET-2 e ET-5, ficaram fora do limite de +/- 20%.
Os outros três valores, para as estacas ET-1, ET-3 e ET-4, ficaram dentro do limite de
variação.
O software GEO5 obteve a maioria dos valores satisfatórios com a
utilização do programa ESTACA, com exceção dos valores obtidos para as estacas
ET-4 e ET-5. O programa ESTACA VIA CPT mostrou-se conservador, com todos os
valores acima do limite superior de +20%, exceto para a estaca ET-2, que apresentou
valor dentro da faixa.
O software UniPile mostrou-se conservador, com a maioria dos valores
acima do limite superior de +20%. Os únicos valores dentro do limite foram os obtidos
135

pela função Hiperbólica para as estacas ET-3 e ET-5 e pelas funções de Hansen 80%
e de Zhang para a estaca ET-5.
Por outro lado, ao utilizar a retroanálise das funções, sem passar pelo
programa, foram obtidos ótimos resultados, com a maioria dentro do limite de +/- 20%.
Exceções foram as funções Hiperbólica e de Hansen para a estaca ET-1 e de Zhang
para a estaca ET-5. Isso mostra a importância de se realizar provas de carga em uma
amostra de estacas da obra, podendo assim realizar uma retroanálise e obter um valor
mais preciso de recalque para o restante das estacas.
O intervalo limite de +/-20% também deve ser repensado. Quando se
trabalha com recalque, os valores são muito pequenos, medidos em milímetros, o que
torna essa variação muito pequena em números absolutos. Nesse caso, um valor
maior de intervalo, de +/-50% por exemplo, seria mais indicado.
Vale lembrar que essa avaliação cabe para estas microestacas tipo Incopile
em solo de Diabásio. Outro fator que influenciou nos resultados obtidos foi o fato de
que as estacas não tinham o mesmo comprimento, sendo três estacas em torno de
17m e duas em torno de 21m, o que dificulta a comparação dos recalques.
Outra conclusão desse trabalho é que os métodos têm suas limitações no
que diz respeito à interpretação de interação estaca-solo, de difícil descrição nestes
métodos. Portanto, estes devem ser utilizados com cautela ao estimar recalques de
microestacas tipo Incopile em solo de Diabásio. Por último, vale lembrar que os
resultados obtidos aqui são válidos para as condições deste estudo, apenas.
136

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