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CRISTIANE DACANAL
Campinas
2011
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO
CRISTIANE DACANAL
Campinas
2011
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE -
UNICAMP
Dacanal, Cristiane
Fragmentos florestais urbanos e interações
D115f climáticas em diferentes escalas: estudos em Campinas,
SP / Cristiane Dacanal. --Campinas, SP: [s.n.], 2011.
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Crisstiane Daacanal
Campinass, 11 de outu
ubro de 2011
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Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo e
Beatriz, e aos meus avôs José e Hercília, que me
sensibilizaram para o valor da Natureza, ainda
que fosse no nosso pequeno quintal, sob a
pitangueira, a jaboticabeira, o parreiral de uvas...
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha orientadora, Profa. Dra. Lucila Chebel Labaki, por ter acreditado neste
trabalho, além de servir-me de exemplo pela sua dedicação à academia.
Aos professores, que colaboraram para a minha formação e no desenvolvimento desta pesquisa –
Profa. Dra. Rozely Ferreira dos Santos (LAPLA-UNICAMP), Profa. Dra. Léa Cristina Lucas de
Souza (UFSCAR); Prof. Dr. Jansle Vieira Rocha (LABGEO-UNICAMP), Profa. Dra. Solange
Gurgel de Castro Fontes (UNESP).
Aos técnicos Obadias e Daniel do LACAF (FEC), pela preparação da instrumentação necessária
na coleta de dados; e ao técnico Agmon do LABGEO (FEAGRI), pelas aulas de SIG.
Ao meu querido irmão, Prof. Dr. Gustavo Cesar Dacanal, que sempre simplificou o meu modo de
pensar – uma luz na engenharia! Ao meu esposo, biólogo e fisiologista vegetal, Dr. Saulo de
Tarso Aidar, que ao contrário, sempre me fez mil perguntas, sugerindo outros caminhos e me
mostrando as interferências na solução do problema.
Aos meus colegas do LACAF, pelas suas contribuições durante os seminários. À Talita
Meulman, aluna de Iniciação Científica, que colaborou com os monitoramentos microclimáticos.
À Prefeitura Municipal de Campinas, que cedeu as fotografias aéreas e autorizou a realização dos
trabalhos nos bosques, com o apoio dos funcionários. À Fundação José Pedro de Oliveira, que
autorizou a realização da pesquisa na Mata de Santa Genebra.
Agradeço a toda a minha família e aos meus amigos, que me incentivaram e me acolheram –
Paulo, Beatriz, Débora, Maurício, Nilmara, Clarice, Shirley, Waldyr, Camila, Arnaldo, Vânia,
Gustavo, Nádia, André, José Adolfo, Alê, Aline, Adriana, Seizo, Paulinha, Javier, Ana Luisa,
Juan....
Agradeço especialmente à CAPES pela bolsa de doutorado, que possibilitou a minha dedicação
exclusiva para o desenvolvimento desta pesquisa.
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RESUMO
DACANAL, Cristiane. Urban forest fragments and climatic interactions in different scales:
studies in Campinas city, Sao Paulo (Brazil). Campinas: Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo – UNICAMP, 2011. 220p. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) –
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, UNICAMP, 2011.
The urbanization process causes major environmental impacts, among them the native vegetation
extinction. Little is known about the effects of forest fragments in an urban environment,
although there is a consensus regarding the benefits of vegetation in modifying the microclimate
and improving the human thermal comfort. This study aims to characterize the microclimate of
the forest fragments, remnants of Semideciduous Seasonal Forest, in the city of Campinas; to
quantify the magnitude and extent of the effect of urban forest fragments in the climate of the
surrounding buildings; and to find a minimum percentage of forest fragmentation area in relation
to the total urbanized area which is sufficient to modify the local urban climate. Thus,
observations of climate variables in both micro and local scales were made. The forest fragments
were characterized by measurements of forest canopy openness, area and inventories. The urban
landscape was described based on land use classification, being possible to distinguish the
climatic urban zones and the frontier pattern. The results show that thermal stability increases
with the area of forest fragments. There were differences of thermal and air humidity in the
vertical and horizontal profile of forests, which are influenced by the built environment. On the
other hand, it was possible to conclude that the effect of forests on the local urban climate
increases along with the percentage of forest area over the total urbanized area (A.V. / A.U.). It
was suggested a minimum percentage of 20% of A.V./A.U. It was recommended a homogenous
distribution of forest fragments through the city, in a distance about a double of the medium
fragments width.
Key Words: Urban climatology, Urban planning - Climatic factors, Urban planning, Urban
forests, Urban Land - Use.
xiii
xiv
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1
Figura 1.1- Fluxograma mostrando a organização da tese e a dependência das etapas
de trabalho. ................................................................................................................................. 4
Capítulo 2
Figura 2.1 - Esquemas das escalas climáticas e camadas de ar verticais encontradas
em áreas urbanas. PBL – planetary boundary layer ou camada limite planetária, UBL –
urban boundary layer ou camada limite urbana, UCL – urban canopy layer ou dossel
urbano.. ....................................................................................................................................... 9
Figura 2.2 – Classificação simplificada de formas urbanas distintas organizadas em
ordem aproximadamente decrescente quanto à capacidade de impacto no clima local. H –
altura das edificações; D – distanciamento entre as edificações.. ............................................... 10
Figura 2.3 - Padrões espaciais e escala climática de observação. .................................... 12
Figura 2.4 – Influência da folhagem no perfil do vento de uma floresta de carvalho. ...... 18
Capítulo 3
Figura 3.1 - Etapa 1: Escolha e caracterização física das áreas de estudo. ...................... 49
Figura 3.2 - Etapa 2: Materiais e técnicas de coletas de dados. ....................................... 50
Figura 3.3 – Estação meteorológica de referência – CEPAGRI (Centro de Pesquisas
Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura). ............................................................. 51
Figura 3.4 – Localização do Município de Campinas no Estado de São Paulo................ 52
Figura 3.5– Média mensal da temperatura do ar e precipitação em Campinas. Dados
de Jun. 1998 a Out. 2008 comparados aos registros do ano de 2009. ......................................... 53
Capítulo 4
Figura 4.1 – Perfil de uma Floresta Estacional Semidecidual, baseado na descrição
de Santin (1999). ....................................................................................................................... 56
Figura 4.2– Mapa de vegetação remanescente no Município de Campinas, com
destaque para as áreas de estudo.. .............................................................................................. 58
xv
Figura 4.3– Fotografias das áreas de estudo. (a) Mata de Santa Genebra, vista da
Trilha Baroni; (b) Bosque dos Italianos; (c) Bosque dos Alemães; (d) Bosque São José; (e)
Bosque dos Guarantãs; (f) Bosque da Paz. ................................................................................ 60
Figura 4.4– Registrador de temperatura e umidade ambientes, protegido da radiação
e ventilado naturalmente, fixado em (a) tripé, na altura de 1,5 m do solo; (b) árvore, na
altura de 10 m do solo. .............................................................................................................. 63
Figura 4.5 - (a) Data-logger de temperatura e umidade ambiente, marca Testo 175-
H2 (b) Data-logger de temperatura ambiente, marca Testo 175-T2. ......................................... 63
Figura 4.6 – Comportamento térmico diário em fragmentos florestais urbanos da
cidade de Campinas, SP comparados à estação meteorológica do CEPAGRI. Dados obtidos
nas alturas de 1,5 m (matas e bosques) e 10 m (CEPAGRI) entre Jan. e Ago. de 2009,
totalizando 40 dias de observação. ............................................................................................ 67
Figura 4.7 – Comportamento diário da umidade relativa do ar em fragmentos
florestais urbanos da cidade de Campinas, SP comparados à estação meteorológica do
CEPAGRI. Dados obtidos nas alturas de 1,5 m (matas e bosques) e 10 m (CEPAGRI) entre
Jan. e Ago. de 2009, totalizando 40 dias de observação. ............................................................ 67
Figura 4.8 – Boxplots, em relação à média, da temperatura do ar (oC) em
fragmentos florestais urbanos da cidade de Campinas, SP. Dados obtidos nas alturas de
1,5m (matas e bosques) entre Jan. e Ago. de 2009, totalizando 40 dias de observação. .............. 70
Figura 4.9– Boxplots, em relação à média, da umidade relativa do ar (%) em
fragmentos florestais urbanos da cidade de Campinas, SP. Dados obtidos nas alturas de
1,5m (matas e bosques) entre Jan. e Ago. de 2009, totalizando 40 dias de observação. .............. 70
Figura 4.10– Temperatura do ar (oC) no interior de fragmentos florestais urbanos
em duas alturas (10m e 1,5m). Dados obtidos entre Ago. e Set. de 2009, totalizando 17 dias
de observação. .......................................................................................................................... 73
Figura 4.11 – Umidade relativa do ar (%) no interior de fragmentos florestais
urbanos em duas alturas (10m e 1,5m). Dados obtidos entre Ago. e Set. de 2009,
totalizando 17 dias de observação. ............................................................................................ 73
Figura 4.12 – Influência da velocidade dos ventos no gradiente térmico de um
fragmento florestal urbano. ....................................................................................................... 75
xvi
Figura 4.13– Gradiente de temperatura e umidade do ar no interior de fragmentos
florestais urbanos. Valores adimensionais, em uma escala de zero a um, baseados em dados
de temperatura do ar (oC), umidade absoluta do ar (g/m3) e umidade relativa do ar (%),
monitorados na altura de 1,5m, às 14:00h. ................................................................................. 77
Figura 4.14 - Fotografias hemisféricas do dossel de fragmentos florestais urbanos,
tiradas na altura de 1,5m, e medidas de abertura (%) correspondentes. ...................................... 80
Figura 4.15 – Abertura do dossel florestal (%) em fragmentos florestais urbanos na
cidade de Campinas-SP.. ........................................................................................................... 80
Figura 4.16– Gradiente térmico e de umidade do ar ao longo de uma trilha na Mata
de Santa Genebra – Campinas, SP. Dados adimensionais baseados em: (a) Temperatura do
ar (b) Umidade absoluta do ar (c) Umidade relativa do ar, medidos às 14h na altura de
1,5m.......................................................................................................................................... 84
Capítulo 5
Figura 5.1– Fixação dos registradores de temperatura e umidade do ar em: (a)
escada de caixa d’água, mostrando detalhe da fixação do protetor do data-logger (b) antena
de televisão profissional (c) antenas residenciais.. ..................................................................... 92
Figura 5.2– Localização dos sítios de monitoramento no Município de Campinas.
Imagem do Satélite LANDSAT 5, de 05 Ago. 2009. ................................................................. 95
Figura 5.3– Fotografias aéreas dos sítios urbanos de monitoramento climático em
Campinas, SP. Ano de 2005.. .................................................................................................... 96
Figura 5.4– Usos do solo no Sítio 1. .............................................................................. 98
Figura 5.5 – Vista aérea do Sítio 2. a) Praça da Torre do Castelo; b) Bosque dos
Italianos; c) Centro. Fonte: Campinas (2006, p.205). ................................................................. 99
Figura 5.6 – Usos do solo do Sítio 2. ............................................................................100
Figura 5.7– Usos do solo do Sítio 3. .............................................................................102
Figura 5.8 – Usos do solo do Sítio 4. ............................................................................104
Figura 5.9 – Usos do solo do Sítio 5. ............................................................................106
Figura 5.10 – Percentuais de usos do solo nos sítios urbanos. .......................................107
Figura 5.11 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar ao longo do tempo na área
urbana e na área rural. Dados obtidos na Estação Meteorológica do CEPAGRI, e média dos
xvii
monitoramentos realizados em cinco pontos na área urbana de Campinas. Dados obtidos
entre os dias 26/08/2009 e 03/09/2009, na altura de 10 m. ........................................................109
Figura 5.12 – Diferença térmica entre a área urbana e rural (ΔT u-r, em oC) ao longo
do tempo. Cálculo a partir da média horária dos dados obtidos na Estação Meteorológica
do CEPAGRI (altura de 1,5m), e da média de monitoramentos realizados em cinco pontos
na área urbana de Campinas, entre os dias 26/08/2009 e 03/09/2009 (altura de 10m)................110
Figura 5.13 – Temperatura do ar ao longo do tempo obtida em sítios urbanos em
Campinas, SP. Média horária dos dados obtidos entre os dias 26/08/2009 e 03/09/2009,
com registradores posicionados a (a) 1,5 m e a (b) 10 m do solo...............................................112
Figura 5.14 – Temperatura do ar e umidade absoluta do ar ao longo do tempo em
sítios urbanos e na zona rural de Campinas, SP. Dados obtidos entre os dias 26/08/2009 e
03/09/2009, com registradores posicionados a 1,5 m e a 10 m do solo. Dados que
representam a zona rural foram obtidos na estação meteorológica do CEPAGRI. (a) Sítio 1
(Bosque de Barão); (b) Sítio 2 (Jardim Guanabara); (c) Sítio 3 (Jardim Proença); (d) Sítio 4
(Jardim Nova Europa); (e) Sítio 5 (Jardim Madalena).. ............................................................114
Figura 5.15 – Variáveis climáticas relacionadas ao padrão de ocupação urbana em
Campinas, SP. Sítio 1- Bosque de Barão; Sítio 2 - Jardim Guanabara; Sítio 3 - Jardim
Proença; Sítio 4 – Jardim Nova Europa; Sítio 5 - Jardim Madalena.. ........................................117
Figura 5.16 – Correlações lineares entre a intensidade de ilhas de calor noturnas
(ΔTu-r ) às 22:00h, a amplitude térmica diária e a taxa de aquecimento em áreas urbanas.
Cálculos a partir das médias de dados coletados entre 26/08/2009 e 03/09/2009, na altura de
10m, em cinco sítios urbanos e na estação meteorológica do CEPAGRI, em Campinas-SP. .....118
Capítulo 6
Figura 6.1 – Técnicas de aquisição de dados para a representação do clima local
urbano. S1 – registros em pontos fixos na camada de inércia; S2 – registros móveis, com
ventilação natural e mecânica do sensor preso em carro em movimento. ..................................126
Figura 6.2 – Mapa com informações sobre o percurso e pontos utilizados na
correção dos monitoramentos climáticos móveis. Fragmentos florestais urbanos (ponto
verde): Zona 1 – Mata de Santa Genebra; Zona 2 – Bosque dos Italianos e dos Alemães;
xviii
Zona 3 – Bosque dos Jequitibás; Zona 4 – Bosque São José e dos Guarantãs; Zona 5 –
Bosque da Paz. .........................................................................................................................128
Figura 6.3- Sensor de temperatura e umidade protegido e ventilado naturalmente e
mecanicamente fixado sobre um veículo automotor para registros móveis. ...............................129
Figura 6.4 - Área de abrangência dos pontos fixos em relação aos dados obtidos por
meio móvel. .............................................................................................................................130
Figura 6.5 – Diferença térmica entre a altura de 10 m e 1,5 m. Cálculo a partir da
média dos dados obtidos em cinco pontos fixos, localizados na área urbana de Campinas-
SP, entre os dias 26/08/2009 e 03/09/2009. Linhas tracejadas mostram os horários padrão
(9:00h, 15:00h e 21:00h) de análise da temperatura do ar obtida por meio móvel. ....................131
Figura 6.6 – Limites da Zona 1, classificação dos usos do solo e trajeto do
monitoramento climático..........................................................................................................135
Figura 6.7 – Limites da Zona 2, classificação dos usos do solo e trajeto do
monitoramento climático..........................................................................................................136
Figura 6.8 – Limites da Zona 3, classificação dos usos do solo e trajeto do
monitoramento climático..........................................................................................................137
Figura 6.9 – Limites da Zona 4, classificação dos usos do solo e trajeto do
monitoramento climático..........................................................................................................138
Figura 6.10 – Limites da Zona 5, classificação dos usos do solo e trajeto do
monitoramento climático..........................................................................................................139
Figura 6.11 – Condições do tempo em Campinas entre 11/08/2009 (dia Juliano 223)
e 03/09/2009 (dia Juliano 246), segundo a estação meteorológica do CEPAGRI, e
delimitação do período de monitoramento do clima urbano. .....................................................140
Figura 6.12 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na
Zona 1 ao longo de quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre
29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. ............................................................................143
Figura 6.13 – Temperatura do ar [oC] na Zona 1 ao longo de quatro dias em três
horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-
SP.. ..........................................................................................................................................146
xix
Figura 6.14 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na
Zona 2 ao longo de quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre
29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. ............................................................................149
Figura 6.15 – Temperatura do ar [oC] na Zona 2 ao longo de quatro dias em três
horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP.....151
Figura 6.17 – Temperatura do ar [oC] na Zona 3 ao longo de quatro dias em três
horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-
SP.. ..........................................................................................................................................156
Figura 6.18 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na
Zona 4 ao longo de quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre
29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. ............................................................................160
Figura 6.19 – Temperatura do ar [oC] na Zona 4 ao longo de quatro dias em três
horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-
SP.. ..........................................................................................................................................162
Figura 6.20 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na
Zona 5 ao longo de quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre
29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. ............................................................................164
Figura 6.21 – Temperatura do ar [oC] na Zona 5 ao longo de quatro dias em três
horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP.....166
Figura 6.22 – Diferenças térmicas [oC] e diferenças de umidade absoluta do ar
[g/m3] intra-urbanas em cinco zonas de Campinas-SP, ao longo de quatro dias (gráficos A e
B) e três horários (gráficos C e D). ...........................................................................................169
Figura 6.23 – Diferenças térmicas e de umidade do ar na Zona 1. .................................172
Figura 6.24 – Diferenças térmicas e de umidade do ar na Zona 2. .................................176
Figura 6.25 – Diferenças térmicas e de umidade do ar na Zona 3. .................................178
Figura 6.27 – Diferenças térmicas e de umidade do ar na Zona 5. .................................186
Figura 6.28 – Gradiente térmico e de umidade do ar provocado pelo distanciamento
de fragmentos florestais urbanos. .............................................................................................192
xx
Figura 6.29 – Diferenciação de zonas urbanas, para análise do clima local sob
influência de fragmentos florestais e da fronteira. UCZ – zona climática urbana, segundo
Davenport et al. (2000). ...........................................................................................................194
Figura 6.30 – Esquema de cálculo do percentual de reserva florestal em relação à
área urbanizada. .................................................................................................................... 195
Figura 6.31 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média
das variáveis da UCZ 1 fronteiriça com a UCZ 3 em função do percentual de área florestal
em relação à área total urbanizada [%]. ....................................................................................197
Figura 6.32 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média
das variáveis da UCZ 3 fronteiriça com a UCZ 1 em função do percentual de área florestal
em relação à área total urbanizada [%]. ....................................................................................198
Figura 6.33 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média
das variáveis da UCZ 3 fronteiriça com a UCZ 7 em função do percentual de área florestal
em relação à área total urbanizada [%]. ....................................................................................199
Figura 6.34 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média
das variáveis da UCZ 5 fronteiriça com a UCZ 7 em função do percentual de área florestal
em relação à área total urbanizada [%]. ....................................................................................200
Figura 6.35 – Perfis viários em zona urbana central (UCZ 1) com diferentes razões
entre a altura das edificações (H) e a distância entre elas (D). (A) Avenida Aquidabã, na
aproximação de um fragmento florestal; (B) Avenida Francisco Glicério (“core” da UCZ
1), ambas em Campinas-SP.. ....................................................................................................202
xxi
xxii
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2
Tabela 2.1- Categorias taxonômicas da organização geográfica do clima e suas
articulações com o “Clima Urbano”. . ......................................................................................... 8
Tabela 2.2- Faixa espectral e efeito da radiação sobre as plantas.. .................................. 14
Tabela 2.3 - Pesquisas que avaliaram a influência da vegetação no clima urbano. .......... 40
Tabela 2.4– Características gerais de pesquisas que avaliaram a influência da
vegetação no clima urbano. ....................................................................................................... 45
Capítulo 3
Tabela 3.1- Áreas de estudo, espaços urbanos de abrangência e escala climática............ 47
Capítulo 4
Tabela 4.1 - Fragmentos florestais urbanos em Campinas, selecionados para a
pesquisa, e dados de levantamentos florísticos segundo Santin (1999) e Guaratini et al.
(2008). ...................................................................................................................................... 61
Tabela 4.2 – Temperatura do ar e umidade relativa do ar em fragmentos florestais
urbanos. Monitoramentos simultâneos, entre Jan. – Ago. de 2009 (total de 40 dias), em
tripés na altura de 1,5m. ............................................................................................................ 68
Tabela 4.3 – Média horária e desvio padrão (d.p.) da temperatura do ar - Tar [oC] -
e umidade absoluta do ar - UA [g/m3] - em fragmentos florestais urbanos em Campinas-SP.
Dados medidos no período de Ago.-Set. de 2009, nas alturas de 1,5 m e 10 m. ......................... 74
Capítulo 5
Tabela 5.1– Sítios de monitoramento climático e fragmentos florestais urbanos
presentes nas imediações, localizados na cidade de Campinas, SP. ............................................ 95
Tabela 5.2 – Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 1, em um raio de 500 m ao
redor do ponto fixo de monitoramento climático. ...................................................................... 98
Tabela 5.3– Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 2, em um raio de 500m ao
redor do ponto fixo de monitoramento climático. .....................................................................100
xxiii
Tabela 5.4– Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 3, em um raio de 500m ao
redor do ponto fixo de monitoramento climático. .....................................................................102
Tabela 5.5 – Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 4, em um raio de 500m ao
redor do ponto fixo de monitoramento climático. .....................................................................104
Tabela 5.6 – Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 5, em um raio de 500m ao
redor do ponto fixo de monitoramento climático. .....................................................................106
Tabela 5.7– Diferença térmica (ΔTu-r , em oC) entre sítios urbanos e a zona rural de
Campinas, SP, em três horários do dia: (a) 6:00h; (b) 14:00h; (c) 22:00h..................................110
Capítulo 6
Tabela 6.1 - Diferença entre os dados iniciais e finais dos registros móveis (circuito
fechado), após as correções ......................................................................................................132
Tabela 6.2 - Porcentagens de usos do solo da Zona 1. ...................................................135
Tabela 6.3- Porcentagens de usos do solo da Zona 2. ....................................................136
Tabela 6.4 - Porcentagens de usos do solo da Zona 4. ...................................................138
Tabela 6.5 - Porcentagens de usos do solo da Zona 5. ...................................................139
Tabela 6.6 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade
absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 1. ........................................................145
Tabela 6.7 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade
absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 2. ........................................................150
Tabela 6.8 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade
absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 3. ........................................................155
Tabela 6.9 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade
absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 4. ........................................................161
Tabela 6.10– Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade
absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 5. ........................................................165
Tabela 6.11 – Diferença térmica entre os fragmentos florestais e urbanos e as zonas
urbanas em que se inserem. Medidas fixas realizadas a 1,5 m (fragmentos) e medidas
móveis estimadas para a altura de 10 m (área urbana). .............................................................187
Tabela 6.12 - Percentuais mínimos de floresta sobre em relação à área total
urbanizada para a modificação do clima local...........................................................................205
xxiv
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................................................ 1
Hipótese .......................................................................................................................... 2
Organização do trabalho .................................................................................................. 2
xxv
4.3.1 Temperatura do ar e umidade relativa do ar em fragmentos florestais urbanos –
monitoramentos em pontos fixos a 1,5 m de altura ........................................................... 66
4.3.2 Estratificação da temperatura do ar e umidade relativa do ar em fragmentos
florestais urbanos – monitoramentos em pontos fixos em duas alturas (1,5 m e 10 m) ...... 71
4.3.3 Diferenças térmicas e de umidade do ar entre pontos distribuídos no interior de
fragmentos florestais urbanos - medidas às 14h na altura de 1,5m .................................... 75
4.3.4 Abertura do dossel florestal................................................................................... 79
4.4 Estabelecimento de parâmetros relacionados ao microclima de fragmentos
florestais urbanos.................................................................................................................. 81
4.5 Síntese dos resultados .............................................................................................. 85
xxvi
6.2.2 Monitoramentos em pontos fixos .....................................................................127
6.2.3 Estabelecimento do percurso, procedimentos de medição e instrumentação .....127
6.2.4 Delimitação das áreas de influência dos pontos fixos .......................................129
6.2.5 Correção horária dos dados obtidos por meio móvel ........................................130
6.2.6 Correção dos dados obtidos por meio móvel devido à altura de aquisição ........130
6.2.7 Temperatura e umidade dos registros móveis após correções ...........................131
6.2.8 Tratamento e representação dos dados .............................................................132
6.3 Resultados e discussão ...........................................................................................133
6.3.1 Apresentação das zonas de monitoramento ......................................................133
6.3.2 Condições de tempo no período de monitoramento..........................................140
6.3.3 Temperatura do ar e umidade absoluta do ar local em diferentes zonas
urbanas, em quatro dias e três horários, após a ocorrência de chuva .....................................141
6.3.4 Diferenças higrotérmicas intra-urbanas decorrentes de manchas de
ocupação e do distanciamento de fragmentos.......................................................................170
6.3.5 Percentual de área de floresta em relação à área total urbanizada para a
modificação do clima local urbano ......................................................................................194
6.4 Síntese dos resultados e comentários finais ............................................................205
7 Conclusões .........................................................................................................................209
8 Referências.........................................................................................................................213
xxvii
CAPÍTULO 1 Introdução
1 Introdução
1.1 Hipótese
2
CAPÍTULO 1 Introdução
3
CAPÍTULO 1 Introdução
5. O Bairro:
Monitora‐
mentos fixos em
sítios urbanos.
6. A Zona
Urbana:
Monitora‐
mentos móveis
em zonas
urbanas.
Figura 1.1- Fluxograma mostrando a organização da tese e a dependência das etapas de trabalho.
4
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
5
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
solo e demais superfícies, que por sua vez perdem calor para a atmosfera emitindo radiação
de ondas longas1 ou por meio da evaporação da água (perda de calor latente).
O ganho e a perda de calor da Terra para a atmosfera ocorrem em um ciclo diário.
Já a quantidade total de energia, que faz parte deste balanço de calor, varia anualmente,
conforme a posição de um ponto do planeta em relação ao Sol, determinando as estações do
ano. A quantidade de radiação solar incidente em um ponto da Terra também varia de
acordo com a latitude. As regiões próximas do Equador contam com alta incidência de
radiação solar durante todo o ano, enquanto nas zonas subtropicais ocorre maior variação
no fotoperíodo (duração do dia) e no ângulo de incidência dos raios solares sobre a
superfície terrestre (MARIN et al., 2008). Estas diferenças no balanço de energia anual,
decorrentes da latitude, explicam, de modo geral, o clima.
Segundo Monteiro e Mendonça (2009, p. 11), “a concepção de clima prende-se
àquela dos estados médios dos elementos atmosféricos sobre o dado lugar”. Os elementos
que caracterizam o clima são a temperatura do ar, a umidade do ar, a pressão atmosférica, a
velocidade e direção dos ventos, a pluviosidade e a radiação. Há ainda a atuação de massas
de ar, provenientes de outras regiões, que apresentam características de temperatura,
umidade e pressão do seu local de procedência, interferindo no clima de dada região.
No processo de urbanização, os materiais construtivos e a impermeabilização do
solo acarretam a diminuição da quantidade de água disponível para as trocas de calor entre
a superfície terrestre e a atmosfera, o aumento da absorção de calor devido à alta
capacidade térmica dos materiais 2 e, conseqüentemente, o aquecimento das superfícies e do
ar (LOMBARDO, 1997; TAHA, 1997). A concentração de poluentes acima das cidades
afeta os fluxos radiativos e a evaporação, modificando o balanço energético entre a camada
intra-urbana e a atmosfera (HORBERT; KIRCHGEORG, 1982). Os elementos construídos
funcionam, ainda, como barreiras ao vento, causando turbulências e sombras de vento no
interior da camada limite urbana, variando entre os padrões de urbanização. Assim,
1
Segundo a Lei de Stefan-Boltzmann, a energia total emitida por um corpo (Q) é função da quarta
potência de sua temperatura absoluta (T), em Kelvin, e da emissividade do corpo emissor (ε). Assim,
Q=T4.ε.σ , onde σ é a constante de Stefan-Boltzmann, igual a 5,6697. 10– 8 W.m-2.K-4 (MARIN et al., 2008).
2
Algumas referências de calor específico, em [kJ/kgºC] a 20ºC, de materiais construtivos: Asfalto -
0,80; Telha - 0,63; Concreto - 0,88; Tijolo comum - 0,92; Vidro - 0,84.
6
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
7
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
Tabela 2.1- Categorias taxonômicas da organização geográfica do clima e suas articulações com o
“Clima Urbano”. Fonte: Monteiro (1976, p.109), revisado por Monteiro e Mendonça (2009, p.29) e
pela autora.
8
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
Figura 2.1 - Esquemas das escalas climáticas e camadas de ar verticais encontradas em áreas
urbanas. PBL – planetary boundary layer ou camada limite planetária, UBL – urban
boundary layer ou camada limite urbana, UCL – urban canopy layer ou dossel urbano.
Fonte: Oke (2006a), modificado de Oke (1997). Traduzido livremente pela autora.
9
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
10
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
Segundo esta disciplina, a paisagem pode ser observada em diferentes escalas. Para analisá-
la, identificam-se seus padrões estruturais (disposição ou arranjo espacial) e seus padrões
funcionais (ecossistemas e fluxos de matéria e energia) (FORMAN; GODRON, 1986;
METZGER, 1999; METZGER, 2001). Os padrões estruturais correspondem às manchas,
corredores ou matriz da paisagem. A matriz é uma unidade que controla a dinâmica da
paisagem, por recobrir a maior parte do espaço. As manchas estão contidas na matriz e são
áreas homogêneas que se distinguem das vizinhas, com extensões espaciais reduzidas e não
lineares. Os corredores têm disposição linear e podem dinamizar ou dificultar o fluxo entre
as manchas.
A transição entre unidades de paisagens apresenta características peculiares
causadas pela interação entre elas, sendo denominado “efeito de borda”. Dessa forma, uma
mancha pode apresentar propriedades distintas em suas bordas por estar em contato com
outras de diferentes propriedades funcionais e espaciais (METZGER, 2001).
Os conceitos empregados pela Ecologia da Paisagem vão ao encontro de Monteiro
(1976), sendo que as relações e processos entre unidades de paisagem são vistas, por este
autor, como a interdependência entre os níveis hierárquicos do clima, em busca da auto-
regulação.
Baseando-se na teoria, propõe-se, na Figura 2.3, passos para a identificação dos
padrões espaciais e escolha adequada dos pontos para a instalação dos instrumentos de
medição do clima urbano. Este processo permite certa flexibilidade na metodologia de
pesquisa, de acordo com os objetivos do pesquisador.
11
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
Um resumo da teoria apresentada mostra que o clima representa o estado médio dos
elementos da atmosfera de um lugar, e que as alterações da atmosfera local sobre a cidade
caracterizam o clima urbano. Há uma inter-relação entre os fenômenos climáticos que
ocorrem nas várias escalas espaciais (região, cidade, bairro, quadra, edifício). A resposta do
comportamento térmico de padrões espaciais está sujeita às condições de tempo
(meteorológico), podendo ocorrer variações nos resultados de pesquisas realizadas em
períodos diferentes. Tais variações são proporcionais à escala de observação – quanto
menor o objeto de estudos, mais rápidas as perturbações causadas pelo meio. Na paisagem
urbana, é necessária a identificação de padrões espaciais, classificados em matriz, manchas
e corredores. Recomenda-se a identificação e caracterização de padrões de ocupação e de
suas fronteiras, bem como a escolha adequada de técnicas de observação do clima, e o local
de instalação dos instrumentos, diante dos objetivos da pesquisa.
12
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
absorver e armazenar carbono e de transferir água para a atmosfera, mesmo quando o solo
encontra-se com baixa umidade. Nos estudos de Microclimatologia a vegetação é tratada
como uma superfície horizontal simplificada, enquanto na Ecologia é vista como um
conjunto que possui certa densidade (de plantas ou folhas) e estrutura (MONTEITH, 1975).
Já o volume solo-planta-ar é definido como aquele que se estende desde o solo até o topo
das plantas, no qual não há significativo fluxo de calor no sentido vertical (OKE, 1987),
embora nas florestas ocorra diferença térmica entre a camada dos troncos e das copas
(GEIGER, 1966).
O interesse do presente trabalho se dá tanto pela estrutura da vegetação,
especificamente pelos fragmentos florestais urbanos, quanto pelo resultado de sua interação
com a atmosfera urbana, no que diz respeito à modificação das características
microclimáticas da cidade. Considera-se, na definição de vegetação, o solo, além das
plantas, em decorrência dos efeitos microclimáticos do conjunto.
As plantas, vistas como um organismo vivo, absorvem e emitem radiação,
transpiram e trocam calor com a atmosfera. Nelas, ocorrem mecanismos físicos e
bioquímicos para maior eficiência do balanço energético, tais como orientação de folhas e
flores em relação à radiação incidente, e a abertura estomática. Os principais efeitos da
vegetação no microclima consistem na diminuição da temperatura do ar, no sombreamento,
na evapotranspiração e na diminuição da velocidade do vento (GEIGER, 1966).
A radiação solar possui um espectro na qual apenas uma faixa interessa ao
crescimento das plantas - a radiação fotossinteticamente ativa (RFA), ou PAR
(photosynthetically active radiation) (BEAUDET; MESSIER, 2002), que se concentra
entre 380-710 nm. Segundo Larcher (2004), a energia radiante proveniente do sol é fixada
em energia química potencial através do processo fotossintético das plantas. Além do efeito
fotoenergético (a luz como fonte de energia), a radiação também tem efeito fotocibernético,
pois governa e estimula o desenvolvimento da planta, e efeito fotodestrutivo, pois pode ser
um fator estressante. Os efeitos da absorção dos quanta de luz pelos fotorreceptores de uma
planta se diferenciam pelo momento, duração, direção e composição da radiação, conforme
apresentado na Tabela 2.2.
13
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
Tabela 2.2- Faixa espectral e efeito da radiação sobre as plantas. Fonte: Ross (1981) referenciado
por Larcher (2004, p.41 ).
Compri- Porcenta- Efeito da radiação
Aproveita-
Faixa mento gem da
mento da
espectral de onda radiação
fotossíntese Fotoenergético Fotodestrutivo Térmico
(nm) solar
Ultravioleta 290-380 0-4 I PE S I
Infraver- 750-
50-79** I S PE S
melho 4.000
Ondas 4.000-
_ I I I S
longas 100.000
Legenda – I- insignificante; S- Significante; PE-pouco efeito. (*) Radiação fotossinteticamente
ativa; (**) conforme posição do sol e a cobertura por nuvens.
14
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
O balanço de energia relaciona o saldo de radiação (SR) aos fluxos de calor latente e
sensível e ao armazenamento de energia, segundo a Equação 2.2:
∆ (Eq. 2.2)
15
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
O alto conteúdo de água nas plantas (cerca de 60 a 90% da massa física fresca) é
responsável tanto pelo aquecimento dos seus tecidos como pelo seu resfriamento. O calor
específico de um tecido vegetal suculento é de aproximadamente 0,8 cal/goC (PEIXOTO,
2004). Para regular a temperatura dos tecidos foliares, ocorre a abertura estomática e a
liberação de vapor d’água, mantendo os limites térmicos apropriados ao metabolismo das
plantas (ANGELOCCI, 2002). Os mecanismos de termorregulação variam entre as espécies
vegetais, e influenciam na quantidade de energia absorvida. Estes mecanismos dependem
do clima, da disposição de água no solo e no ar, e da competição entre indivíduos.
O efeito conjunto da evaporação da água percolada no solo, das gotículas presas nas
superfícies das plantas e da transpiração, é denominado de evapotranspiração. O balanço
hídrico do sistema solo-planta-ar ocorre segundo a Equação 2.3 (ANGELOCCI, 2002).
∆ ∆ (Eq. 2.3)
16
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
17
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
Figura 2.4 – Influência da folhagem no perfil do vento de uma floresta de carvalho. Fonte: Geiger
(1966, p.313).
18
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
19
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
20
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
21
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
às condições de conforto térmico pretendidas. Duarte acredita que seja mais apropriada a
distribuição das áreas verdes no tecido urbano, devido ao seu efeito localizado no
microclima urbano. Defende também a exigência de uma quantidade de área verde por lote.
Assim, haveria uma flexibilidade dos padrões de ocupação urbana desde que se mantivesse
uma proporção entre a densidade construída e a presença de vegetação ou corpos d’água.
Cruz (2009) verificou, em Ponta Grossa - PR, que a vegetação se mostrou eficiente
na configuração de ilhas de frescor, com extensão limitada, em meio às ilhas de calor,
especialmente em praças com densa arborização. O autor também identificou que os fundos
de vale em área urbana, com vertente exposta para o Norte e com ausência de vegetação,
apresentaram maior aquecimento que as demais áreas. Yamashita (1996) citanto Yamashita
(1988) também identificou uma descontinuidade na temperatura do ar em Tóquio – Japão,
com a formação de ilhas de frescor secundárias em meio a grandes ilhas de calor.
Jonsson (2004) verificou a infuência da vegetação no clima subtropical de
Gaborone – Botswana. A análise de séries históricas de imagens de satélite e de dados de
temperatura do ar, obtidos na área urbana e rural, possibilitou relacionar o crescimento
urbano e decréscimo da vegetação às ilhas de calor, que mostraram-se mais expressivas nos
últimos anos analisados (1994-96). As ilhas de calor, identificadas a partir de medidas
móveis noturnas, tiveram intensidade entre 2-3 oC. As diferenças térmicas intra-urbanas (2-
4 oC) foram atribuídas à densidade de vegetação, verificando-se o efeito oásis. Em
22
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
comparação com a área rural, as áreas verdes irrigadas apresentaram-se 2 oC mais frias, e as
áreas verdes com vegetação esparsa estiveram 2 oC mais aquecidas.
Velasco (2007) comparou três sítios urbanos em São Paulo-SP com diferentes
valores de índices de vegetação (Normalized Difference Vegetation Index - NVDI).
Monitoramentos microclimáticos foram realizados em ruas e calçadas, na altura do
pedestre. A autora, observou que a temperatura do ar esteve cerca de 1 oC mais elevada na
área com menor percentual de vegetação, variando entre as estações do ano e entre os
horários do dia. A área menos vegetada também apresentou maior amplitude térmica.
Velasco (2007), assim como Akibari et al. (2001), buscou associar o índice de vegetação
urbana ao consumo de energia para a climatização das edificações. Akibari et al. (2001)
estimou que para cada 1 oC a mais de temperatura, há um aumento de 2 a 4% de gasto com
eletricidade; já Velasco não obteve uma boa correlação entre estas variáveis.
Relacionando o desenho urbano ao microclima, Nakata e Souza (2007) realizaram
estudos em um bairro residencial em Bauru - SP, constatando a influência da vegetação na
minimização das ilhas de calor. O trabalho consta de medições de FVC (Fator de Visão do
Céu), percentual de vegetação e a diferença de temperatura do ar urbana-rural em diversos
pontos do arruamento urbano.
Gouvêa (2007) relacionou o uso do solo à Temperatura Efetiva (TE) (Missenard,
1937 citado por Gouvêa, 2007), com base em séries históricas de dados de temperatura do
ar e umidade relativa do ar, de estações meteorológicas na cidade de São Paulo-SP. A
estação localizada em um parque urbano (Ibirapuera) apresentou valores mais baixos de
TE, predominando as condições de frescor agradável e leve frio. O parque contrastou-se
com as demais áreas urbanizadas, embora um bairro residencial, relativamente arborizado,
tenha apresentado maior percentual de condições de conforto em relação ao parque.
23
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
24
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
25
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
26
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
área com grama exigiu mais água para irrigação. Do mesmo modo, Mizuno et al. (1990), no
Japão, também concluíram que as superfícies gramadas sem sombreamento não contribuem
para a redução da temperatura.
Huang, et al. (2008), em Nanjing - China, identificaram grandes diferenças
microclimáticas entre quatro coberturas de solo – concreto, árvores, gramado e água. A
maior diferença na temperatura média do ar, nos pontos microclimáticos monitorados no
centro urbano, foi de 1,9 oC, e ocorreu entre 11:00h e 14:00h. O concreto foi a cobertura de
maior aquecimento, devido à ausência de resfriamento evaporativo. Já o ponto sob as
árvores apresentou baixa temperatura e baixa amplitude térmica durante o dia, porém
constatando-se um aquecimento noturno. Às 14:00, as árvores estiveram 2 ºC mais
arrefecidas que o concreto, enquanto na área gramada o arrefecimento foi de 1 ºC.
Barbirato et al. (2003) avaliaram o microclima, na altura de 1,5 m, de espaços livres
públicos em Maceió-AL. Uma praça arborizada apresentou temperatura do ar 2,7 oC mais
baixa que uma praça sem vegetação (29,8 oC e 32,5 oC respectivamente). A amplitude
térmica diária da praça arborizada foi significativamente menor que a da praça árida (1,8 oC
e 5,7 oC, respectivamente). A umidade relativa do ar na praça arborizada apresentou, em
média, umidade relativa do ar 5% superior à da praça sem vegetação.
Shashua-Bar e Hoffman (2000) realizaram uma pesquisa em Tel-Aviv – Israel, em
onze localidades, abrangendo pequenas áreas verdes, jardins e ruas arborizadas. Foram
monitoradas temperatura de bulbo seco e de bulbo úmido, dentre outras variáveis, na altura
de 1,8m, à sombra. As medidas foram realizadas dentro e fora das áreas verdes. O efeito de
resfriamento proporcionado pelas áreas verdes dependeu de sua geometria e dos tipos de
árvores. A média do efeito de resfriamento foi de 2,8 K, sendo menor em ruas com tráfego
intenso e maior em um jardim de 0,15 ha. O resfriamento foi mais evidente à tarde e à
noite, não sendo observado pela manhã. A extensão do efeito das áreas verdes sobre o
entorno edificado foi de até 100 m.
Matzarakis et al. (1999) avaliaram o conforto térmico em espaços abertos, incluindo
uma floresta de árvores decíduas em Freiburg - Alemanha, utilizando o índice PET -
physiological equivalent temperature. A comparação entre um gramado e a floresta
mostrou grande diferença na temperatura radiante média (Trm) ao longo do dia. Segundo
27
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
os autores, este parâmetro exerce grande peso na PET resultante. Observou-se que a Trm
esteve muito mais elevada no gramado durante o dia, com uma diferença máxima de 30 K.
A situação se inverteu à noite, quando a Trm apresentou-se cerca de 5 K mais elevada na
floresta. Desse modo, no interior da floresta prevaleceram situações de conforto térmico,
tanto de dia quanto à noite, tendo em vista a baixa amplitude da temperatura radiante
média. Ao contrário, a área gramada apresentou situações de estresse por calor de dia e por
frio à noite. Pesquisa semelhante foi conduzida em Munique, por Mayer e Höppe (1987),
na qual foram avaliadas as condições de conforto térmico no interior de uma floresta de
pinheiro, verificando-se uma grande diferença entre a PET máxima na floresta e em um
cânion urbano com exposição para o Sul (~10 oC mais elevada no cânion, observando que a
pesquisa foi realizada no hemisfério Norte).
Chang et al. (2007), em Taipei-Taiwan, monitoraram a temperatura do ar no interior
de parques urbanos e das ruas adjacentes, na altura de 2 m. Observou-se que parques
maiores que 12_ha são mais frios que o entorno, parques entre 3 e 12 ha podem ser mais
frios que o entorno, e os menores que 3 ha apresentaram maior instabilidade térmica na
comparação com o entorno. Analisando-se a temperatura em um raio urbano igual à largura
de cada parque, obteve-se um ΔTu-p máximo próximo de 4 oC.
Upmanis et al. (1998) referenciaram pesquisas que haviam comprovado a influência
das áreas verdes na temperatura do entorno edificado. Nestes trabalhos, a diferença térmica
entre as áreas urbanas e o interior dos parques (ΔTu-p) bem como a extensão do efeito
térmico sobre o ambiente urbano variaram com o tamanho das áreas verdes. O efeito pode
variar em decorrência do clima e das características da vegetação das pesquisas citadas.
Upmanis et al. (1998) utilizaram a técnica de medidas móveis para obterem a magnitude e a
extensão do efeito de parques em Göteborg, na Suécia. Os resultados mostraram uma
diferença máxima (ΔTu-p) de 5,9_oC e extensão de 1 km, medida aproximadamente igual à
largura do maior parque (156 ha). Para o menor parque (2,4 ha), ΔTu-p diminuiu para 1,7
o
C.
Jauregui (1990/91) diagnosticou uma ΔTu-p de 2 a 3_oC e uma diminuição de 15%
na umidade relativa do ar (ΔURu-p), entre o parque Chapultepec (~500 ha), na cidade do
28
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
México, e o entorno edificado. A extensão do efeito térmico sobre a área urbana foi de
aproximadamente 2000 m, coincidindo com a largura do parque. As médias mensais das
temperaturas mínimas, do parque e da estação de referência, a 700 m, alcançaram maior
diferença na estação seca, com 4_oC. No entanto, a temperatura máxima no parque foi igual
ou superior à urbana.
Um estudo realizado por Giridharan et al. (2008), em Hong Kong- China,
demonstrou que o emprego da vegetação em áreas urbanas de alta densidade não é
suficiente para redução da temperatura do ar, visto que as características do entorno, o fator
de visão do céu e a geração de calor antropogênico também alteram o microclima. A
cobertura arbórea (pelo menos 20% para causar algum efeito) e o baixo fator de visão do
céu foram favoráveis à diminuição da intensidade das ilhas de calor. O aumento de 20 para
40% da cobertura arbórea em pequenos parques na área residencial ocasionou na redução
de 0,5 oC na intensidade da ilha de calor. O uso de arbustos adensados foi mais eficiente
para o resfriamento do ar do que às arvores esparsas com grande abertura para o céu.
Tsutsumi et al. (2003) relacionaram a porcentagem de obstrução do céu pela
vegetação, a partir de fotografias hemisféricas, à temperatura do ar. A pesquisa foi realizada
em Fukuoka – Japão, em trinta e seis pontos de monitoramento distribuídos em cinco
parques urbanos. O aumento de 0% para 100% de obstrução de um ponto pela vegetação
resultou na diminuição da temperatura do ar em 2 oC.
29
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
mostrou que houve uma melhoria nas condições de conforto térmico dos usuários em
função do crescimento arbóreo.
Spangenberg et al. (2008) compararam o microclima de três espaços livres públicos
em São Paulo – parque, praça e uma rua verticalizada (cânion). O parque apresentou uma
temperatura do ar 2 oC mais baixa que os demais espaços. Posteriormente os autores
simularam, através do Envi-Met, as condições microclimáticas caso fossem plantadas
árvores no cânion. A simulação mostra uma queda de 1,1 oC na temperatura do ar. Além
disso, haveria uma diminuição na temperatura radiante média e na velocidade dos ventos,
mostrando que o plantio de árvores na rua contribuiria significativamente para as condições
de conforto térmico do pedestre.
Dimoudi e Nikolopoulou (2003) simularam a interação microclimática entre áreas
vegetadas e diferentes padrões de urbanização, no clima quente e seco de Atenas. A
temperatura do ar diminuiu com o aumento do parque urbano (cerca de 1 K para cada 100
m2) e com a inserção de arborização viária (1 K). A substituição de uma quadra ocupada
por construções por uma área verde reduziu a temperatura do entorno em até 6 K. Os
autores concluíram que o efeito das áreas verdes depende da densidade de ocupação, da
direção dos ventos em relação às vias e da velocidade dos ventos, comprovando-se, todavia,
a mitigação das ilhas de calor.
Gulyás et al. (2006) utilizaram o modelo RayMan para simulação de ruas com
diferentes orientações e presença ou não de árvores, e concluíram que o conforto térmico,
obtido através do índice PET, pode ser melhorado com a arborização viária.
Chen e Wong (2006) monitoraram o microclima de duas reservas naturais em
Singapura, uma com 36 ha e outra com 12 ha, com o objetivo de verificar o efeito de
resfriamento provocado pela vegetação no entorno urbanizado e estimar a diminuição no
consumo energético das edificações. Medidas de temperatura do ar e umidade relativa do ar
foram feitas a 2 m, além de medidas de vento, de radiação e de chuva e o índice de área
foliar. Também foram feitas simulações térmicas das áreas de estudo, utilizando-se o Envi-
Met e o TAS. Verificaram que no interior dos parques houve uma diferença na temperatura
do ar entre os pontos de medição de 2,3_oC, e na área urbana esta diferença aumentou para
3,6 oC. A extensão do efeito dos parques sobre o clima urbano variou com a direção dos
30
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
ventos. A diferença térmica máxima entre o parque e a área urbana foi de 4 oC. Houve uma
relação entre o aumento da área foliar e a diminuição da temperatura do ar no interior das
florestas.
Taha (1997) afirmou que a cobertura vegetal produz oásis diurnos, causado pelo
resfriamento evaporativo e sombreamento do solo, e ilhas de calor noturnas, devido ao fator
de visão do céu reduzido. Simulações da temperatura do ar, realizadas para as condições
meteorológicas de Davis, Califórnia –EUA, mostraram que 30% de cobertura vegetal
criariam um efeito oásis de 6 oC e uma ilha de calor de 2 oC.
Akbari et al. (2001) simulou, através do programa DOE-2, o efeito da arborização e
o uso de cores claras nas superfícies construídas na diminuição do consumo energético das
edificações. Os autores afirmam que 20% do consumo energético para o condicionamento
das edificações poderiam ser diminuídos com a implantação de programas de redução das
ilhas de calor, sendo que a arborização é uma estratégia importante para que isso se
concretize. Robitu et al. (2006) também realizaram simulações, utilizando o modelo CFD, e
confirmaram uma influência benéfica da vegetação e de espelhos d’água no microclima e
conforto térmico urbano. Este modelo é capaz de computar a radiação solar e térmica, a
velocidade do ar, a temperatura e umidade no meio urbano. O PMV reduziu de 3,4 (muito
calor) para 0,54 (zona de conforto) com a introdução de vegetação e água.
Segundo Shashua-Bar e Hoffman (2004), a arborização viária é capaz de resfriar
áreas urbanas residenciais em até 4,5 K, ao meio dia no verão. A pesquisa constou de
simulações com o modelo analítico “Green CTTC model”, para o clima de Mediterrâneo da
costa de Israel. Para os autores, a orientação das vias, o sombreamento arbóreo e a
modificação no albedo são fatores que atuam na temperatura do ar, e podem ser
modificados no desenho urbano.
Simulações do clima urbano com o uso do ENVI-Met, realizadas por Fahmy e
Sharples (2009), evidenciaram que o conforto térmico em áreas abertas depende da
geometria urbana, cobertura vegetal, arborização linear das vias e orientação dos eixos
viários, visto que o sombreamento das vias dependerá do movimento relativo do Sol.
Assim, constatou-se, para o Cairo – Egito, que a orientação de 45o é preferível à de 15 ou
75o. Posteriormente, Fahmy et al. (2010) fez simulações no ENVI-Met utilizando modelos
31
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
de árvores com variações na área foliar, com o objetivo de acessar a radiação interceptada e
o microclima na ambiência urbana.
Wang e Ng (2010) avaliaram o efeito do aumento da arborização em Hong Kong –
China, utilizando o modelo computacional ENVI-Met. O percentual mínimo de arborização
deve ser de 34% para que ocorra um efeito de resfriamento do ar de 1K.
32
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
33
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
34
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
35
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
36
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
período maior de insolação, mas por outro lado, facilita a perda de calor no período de
resfriamento (OKE, 1981; JOHANSSON, 2006).
Alguns autores verificaram que a porcentagem de área verde e de cobertura arbórea
necessária para a modificação do microclima urbano e melhoria dos níveis de conforto
térmico aumenta em zonas urbanas com alto desenvolvimento (GÓMES et al., 2001;
GIRIDHARAN et al., 2008).
Os maiores contrastes higrotérmicos entre o ambiente construído e a vegetação
ocorreram com baixa umidade do ar (COX, 2008; GOMES; LAMBERTS, 2009), mesmo
sabendo que o ambiente urbano provoca o aquecimento e decréscimo de umidade nos
fragmentos florestais urbanos (MONTEIRO; AZEVEDO, 2005; YLMAZ et al., 2007;
BARBOSA et al., 2005).
Comparando as áreas arborizadas com áreas abertas, tais como os vales urbanos
desprovidos de vegetação, a zona rural e clareiras no interior de florestas, as pesquisas
observaram que os locais arborizados tendem a ser mais frios durante à tarde e mais
aquecidos à noite (SAARONI et al., 2000; JUSUF ET AL., 2007; CRUZ, 2009;
KARLSSON, 2000), o que mostra uma relação entre o fator de visão do céu e as taxas de
ganho e perda de calor. Por outro lado, os vales localizados no interior de florestas
apresentaram as mais baixas temperaturas (KARLSSON, 2000).
Foram revisados 15 trabalhos na abrangência de um bairro, destacando-se o
interesse em quantificar as diferenças microclimáticas entre as áreas verdes e o entorno
edificado. A extensão do efeito da vegetação no clima urbano foi verificada por Chang et
al. (2007), Upmanis et al. (1998), Jauregui (1990/91), Imamura et al. (1992) e Shasua-Bar e
Hoffman, (2000). Há indícios de que o efeito de parques urbanos sobre o entorno tenha
uma extensão aproximadamente igual à sua largura. Assim, em áreas verdes de pequena
dimensão o efeito oásis é localizado (GÓMES et al., 2001; SHASUA-BAR; HOFFMAN,
2000).
Isso pode ser explicado pela co-influência entre o ambiente construído e a
vegetação. Segundo Herrmann et al. (2005) o efeito de borda em florestas se intensifica em
áreas pequenas, sendo que as áreas de 1 ha estariam totalmente sob o efeito de borda. Se a
variação térmica servir de parâmetro para a identificação do efeito de borda, como
37
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
explicitam Blumenfeld (2008) e Rozza (2003), a maioria das áreas verdes urbanas estaria
sob esta condição, e provavelmente configuram ilhas de frescor localizadas.
As 29 pesquisas que focam os espaços livres públicos – praças, parques, ruas -
apresentam maior interesse pelo tema conforto térmico, enquanto as de maior abrangência
traçam um diagnóstico do clima urbano. O fato se explica pela metodologia usual para a
avaliação de níveis de conforto, que envolve a inquirição. Assim, os níveis de conforto em
espaços urbanos de maior abrangência geralmente são acessados por meio de modelos
preditivos e por simulação computacional.
Há um consenso a respeito do efeito positivo da arborização na melhoria do
conforto térmico humano, com exceção em climas frios e em condições de inverno, quando
o acesso ao sol é favorável (SCHILLER, 2001). A redução da temperatura radiante média
(Trm), decorrente do sombreamento arbóreo, diminui o estresse térmico por calor (NG;
CHENG, 2010; MATZARAKIS et al., 1999; SCHILLER, 2001). Dessa forma, várias
pesquisas compararam as diferenças microclimáticas e o conforto térmico entre espaços
arborizados e áreas gramadas ou pavimentadas, encontrando grandes diferenças na Trm e
na sensação térmica. As pesquisas sobre o efeito da arborização na interceptação da
radiação solar corroboram esta constatação (BUENO-BARTHOLOMEI, 2003; ABREU,
2008; ABREU, 2010; SHAHIDAN et. al, 2007; CASTRO, 1999).
Apesar da redução na Trm, a diminuição da temperatura do ar e o aumento da
umidade relativa nem sempre foram observados (SCHILLER, 2001), em decorrência do
padrão de urbanização em que as áreas verdes se encontram (GÓMES et al., 2001;
HORBERT e KIRCHGEORG, 1982; TSUTSUMI et al., 2003; GIRIDHARAN et al, 2008).
Assim, as pesquisas indicam que a dimensão das áreas verdes, a porcentagem de cobertura
vegetal e de arborização, necessários para uma mudança efetiva no microclima, aumenta
com o nível de desenvolvimento urbano.
Em relação aos meios de observação, verifica-se que não há um procedimento
metodológico comum diante de objetivos semelhantes, o que limita a comparação dos
resultados e a generalização de conclusões. A coleta de dados na altura representativa do
microclima (1,5 – 2 m) é também utilizada em pesquisas com espaços urbanos de grande
abrangência. Assim, a adequação entre os objetivos da pesquisa e os procedimentos
38
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
metodológicos relativos à escala climática de interesse merece ser destacado, como advertiu
Oke (2006a); Oke (1984) e Bowler et al. (2010).
A revisão de pesquisas com o tema clima e vegetação realizada por Bowler et al.
(2010) o fez concluir que são necessárias mais pesquisas empíricas com esta temática,
ressaltando as questões metodológicas que devem ser melhoradas: descrição mais precisa
dos sítios, amostragem, número de repetições, padronização das medições, estabelecimento
de um controle, e análise estatística dos dados. A revisão dos 67 estudos de casos aqui
apresentados vai ao encontro às sugestões de Bowler. Destaca-se, ainda, que em
decorrência da variabilidade das áreas verdes urbanas, deva haver uma descrição (escrita,
quantitativa e fotográfica) precisa das áreas de estudo, para que os resultados possam servir
de referência para pesquisas posteriores, além de possibilitar a comparação do efeito
proporcionado por diferentes categorias de áreas verdes. Sugere-se também a intensificação
de pesquisas empíricas com as áreas verdes de preservação, localizadas no meio urbano,
dentro das várias escalas climáticas, para que se possa estimar o efeito térmico sobre o
ambiente construído e proveniente do mesmo.
39
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
40
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
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CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
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CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
Tabela 2.4– Características gerais de pesquisas que avaliaram a influência da vegetação no clima urbano.
CATEGORIA DE ÁREA VERDE
OBJETIVOS MEIOS DE OBSERVAÇÃO
ESPAÇO ESTUDADA
URBANO DE Simulação
Áreas
ABRANGÊNCI Sistemas Árvores/ Conforto Reg. fixos e altura de monitoramento Reg. /
verdes, Clima
A de lazer outros térmico em relação ao solo Móveis Imagem
bosques
satélite
(5) indefinido
(2) perfil vertical; altura máx. 10 a
Cidade (23) 10 16 10 17 5 12m 11 6
(10) entre 0,5 e 2,5 m (prevalece
1,5m)
(2) indefinido
Bairro (15) 7 4 7 12 3 ‐ 5
(7) entre 1,5 e 3,3 m (prevalece 2m)
13
(7) indefinido
Quadra, (4) parede
16 2 19 20 (16) entre 1 e 2m (prevalece 1,5m) ‐ 7
Edifício (29) e teto
(4) outros meios
verde
45
CAPÍTULO 2 Consideração do padrão espacial e da escala na observação do clima urbano
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CAPÍTULO 3 Metodologia geral da pesquisa
47
CAPÍTULO 3 Metodologia geral da pesquisa
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CAPÍTULO 3 Metodologia geral da pesquisa
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CAPÍTULO 3 Metodologia geral da pesquisa
50
CAPÍTULO 3 Metodologia geral da pesquisa
51
CAPÍTULO 3 Metodologia geral da pesquisa
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CAPÍTULO 3
450 30
400
25
350
Temperatura do ar (oC)
300 20
Precipitação (mm)
Média mensal
Média mensal
250
15
200
150 10
100
5
50
0 0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
53
CAPÍTULO 4
54
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
55
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Guaratini et al. (2008) afirmam que estas florestas foram devastadas com a
expansão da fronteira agrícola, por ocuparem solos férteis no Estado de São Paulo e,
atualmente, se restringem a fragmentos isolados, com diferentes graus de preservação, mas
que representam papel essencial na manutenção da flora local. De acordo com a Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica (2009) resta pouco mais de 7% da Mata Atlântica que
originalmente ocupava o Brasil, e em Campinas - SP, cidade de realização da presente
pesquisa, apenas 2% da vegetação nativa foi preservada.
Santin (1999) descreve a fisionomia da Floresta Estacional Semidecidual como
florestas altas, cujo estrato arbóreo apresenta altura superior a 20 m, com indivíduos
emergentes e distribuídos de forma aleatória ultrapassando 30 m, como representado na
Figura 4.1. No estrato intermediário ao sub-bosque ocorrem árvores de pequeno e médio
porte, entre 4 m e 12 m de altura. No sub-bosque há a ocorrência de arbustos lenhosos, com
cerca de 3 m, herbáceas não lenhosas, que atingem 1,2 m, e lianas. Epífitas são encontradas
em fragmentos mais bem conservados.
Figura4.1 – Perfil de uma Floresta Estacional Semidecidual, baseado na descrição de Santin (1999).
56
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
próxima ao solo, no sub-bosque, deve apresentar baixa velocidade do vento, como verificou
Geiger (1966) para uma floresta de carvalhos. Por outro lado, a sobreposição das copas das
árvores pode dificultar a perda de calor do sub-bosque para a atmosfera, tendo em vista a
opacidade das folhas à radiação de onda longa (OKE,1987; GEIGER, 1966). Assim, a
temperatura do ar no sub-bosque deve manter certa estabilidade ao longo do dia, e a
umidade do ar deve manter-se elevada (LARCHER, 2004; GEIGER, 1966; OKE, 1987;
TAHA 1997).
A caracterização do dossel florestal pode ser acessada por fotografias hemisféricas,
a partir das quais é possível estimar a abertura do dossel, a área foliar e o ângulo de
inclinação foliar, como demonstraram Frazer et al. (2001). Upmanis e Chen (1999)
afirmaram que vários estudos confirmam a influência do fator de visão do céu no balanço
de radiação de ondas longas e na temperatura superficial em áreas urbanas e rurais.
Blennow (1997) e Karlsson (2000) também disseram haver boa correlação entre a abertura
do dossel e a temperatura do ar no interior de florestas.
Partindo destas informações, este capítulo tem como objetivo verificar se a abertura
do dossel, a área do fragmento e a distância de um ponto localizado no interior do
fragmento florestal à fronteira urbana, servem de parâmetros relacionados ao microclima. A
pesquisa abrange seis fragmentos florestais, com diversos tamanhos e estados de
conservação, localizados na área urbana de Campinas.
57
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
a Mata de Santa Genebra e os Bosques dos Italianos, Alemães, São José, Guarantãs e Paz.
Um sétimo fragmento florestal, o Bosque dos Jequitibás, que está localizado no Centro de
Campinas, não teve seu microclima monitorado, porém fará parte de análises posteriores.
Figura 4.2– Mapa de vegetação remanescente no Município de Campinas, com destaque para as
áreas de estudo. Fonte: Campinas (2006). Adaptado pela autora.
3
A Mata de Santa Genebra foi declarada Área de Relevante Interesse Ecológico no Decreto Federal
o
n . 91885 de 05 de novembro de 1985.
4
A Mata de Santa Genebra é tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) - Resolução No 3 de 03/02/1983, e
pelo CONDEPAAC (Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico Cultural de Campinas) – Resolução No 11
de 29/09/1992. A reserva é administrada pela Fundação José Pedro de Oliveira.
58
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
59
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
A B
C D
E F
Figura 4.3– Fotografias das áreas de estudo. (a) Mata de Santa Genebra, vista da Trilha Baroni; (b)
Bosque dos Italianos; (c) Bosque dos Alemães; (d) Bosque São José; (e) Bosque dos
Guarantãs; (f) Bosque da Paz.
60
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Tabela 4.1 - Fragmentos florestais urbanos em Campinas, selecionados para a pesquisa, e dados de
levantamentos florísticos segundo Santin (1999) e Guaratini et al. (2008).
Área de vegetação
No de Distribuição em
Sigla Local remanescente
espécies*** famílias
(ha)**
1. MSG Mata de Santa Genebra 250,36 201 57
2. ITA Bosque dos Italianos 1,5* 82 33
3. ALE Bosque dos Alemães 2,0 85 34
4. S.JOSÉ Bosque São José 3,36 144 47
5. GUA Bosque dos Guarantãs 3,3* 72 32
6. PAZ Bosque da Paz 4,0* 50 27
Bosque dos Jequitibás
7. JEQ 10,5 160 46
(n.a.)
(*) Área de remanescente florestal calculada com base em foto aérea, obtendo-se resultados diferentes dos
citados por Santin (1999). (**) Inclui trilhas e/ou equipamentos comunitários entremeados à vegetação. (***)
Em Santin (1999) o número de espécies e a distribuição em famílias referem-se apenas às árvores nativas. Em
Guaratini et al. (2008), especificamente em relação aos dados da Mata de Santa Genebra, o número de
espécies e a distribuição em famílias inclui árvores, arbustos, epífitas, ervas e lianas. (n.a.) Microclima não
aferido.
5
CEPAGRI – Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura.
61
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
62
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
(a) (b)
Figura 4.5 - (a) Data-logger de temperatura e umidade ambiente, marca Testo 175-H2 (b) Data-
logger de temperatura ambiente, marca Testo 175-T2.
63
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
64
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
resolução utilizada foi fina, com imagens digitais no formato JPG, posteriormente salvas
em BMP para entrada no software. A câmera foi acoplada a um tripé fotográfico, sua lente
ficou voltada para o céu e a parte superior direcionada para o norte, utilizando-se, para
tanto, um nível de bolha e uma bússola.
As imagens foram inseridas no software Gap Light Analyser - GLA v.2 (FRAZER
et al., 2001). Utilizou-se a projeção polar e fez-se o ajuste do norte magnético. As cores
foram transformadas em branco (céu) e preto (obstruções) para o cálculo da abertura do
dossel (%) – canopy openness.
6
SANASA – Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.
7
SEPLAMA – Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente. Prefeitura Municipal de Campinas, SP.
65
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
66
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
67
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
68
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Os boxplots mostrados nas Figuras 4.8 e 4.9 confirmam que a MSG, maior
fragmento florestal urbano e com melhor estado de conservação, tende a apresentar menor
temperatura do ar e umidade relativa do ar mais elevada que os demais locais. O local
assemelhou-se com PAZ. Já os pequenos fragmentos florestais – ITA, ALE, GUA e
S.JOSÉ apresentaram temperatura do ar semelhantes, mais elevada em S.JOSÉ. A umidade
tende a ser mais baixa em GUA e ITA.
69
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Figura 4.9– Boxplots, em relação à média, da umidade relativa do ar (%) em fragmentos florestais
urbanos da cidade de Campinas, SP. Dados obtidos nas alturas de 1,5m (matas e
bosques) entre Jan. e Ago. de 2009, totalizando 40 dias de observação.
70
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
8
IAC - Instituto Agronômico de Campinas. O CEPAGRI coleta dados de vento a 2m e 5m de altura,
optando-se pela referência do IAC.
71
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
que a menor diferença térmica entre as duas alturas ocorreu às 7:00h (0,6 oC) e a maior
diferença térmica às 17:00h (3,7 oC).
A Figura 4.11 e a Tabela 4.3 apresentam dados de umidade relativa do ar (UR) nas
duas alturas monitoradas. Do mesmo modo, verificou-se que a UR na altura de 10 m é mais
elevada que a 1,5_m. Comparando-se as áreas de estudo, observa-se que o comportamento
da UR medida a 10_m é semelhante. Observa-se em PAZ que a UR a 1,5 m esteve elevada,
no período matutino e noturno, tendo em vista que o ponto de medição estava localizado
próximo de um curso d’água.
Considerando a média dos dados das áreas de estudo, verificou-se que a menor
diferença de UR10-1,5m entre as duas alturas ocorreu às 8:30h (diferença de 8%) e a maior
diferença (15,4 %) foi observada às 19:30h.
A temperatura do ar e a umidade relativa do ar tendem a apresentar-se mais
elevadas nos fragmentos florestais urbanos, comparados ao ambiente rural. Antes do nascer
do sol, a UR na zona rural apresentou-se mais elevada que os bosques, em relação aos
dados obtidos na altura de 1,5 m, porém inferior aos dados obtidos a 10 m.
No início da manhã, antes do aquecimento das superfícies próximas ao solo, houve
poucas diferenças térmicas e de umidade relativa do ar nas duas alturas. Já no final da tarde,
horário em que a umidade relativa do ar tende a ser mínima, observaram-se as maiores
diferenças térmicas e de umidade entre as duas alturas monitoradas.
72
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Figura 4.10– Temperatura do ar (oC) no interior de fragmentos florestais urbanos em duas alturas
(10m e 1,5m). Dados obtidos entre Ago. e Set. de 2009, totalizando 17 dias de
observação.
Figura 4.11 – Umidade relativa do ar (%) no interior de fragmentos florestais urbanos em duas
alturas (10m e 1,5m). Dados obtidos entre Ago. e Set. de 2009, totalizando 17 dias de
observação.
73
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Tabela 4.3 – Média horária e desvio padrão (d.p.) da temperatura do ar - Tar [oC] - e umidade
absoluta do ar - UA [g/m3] - em fragmentos florestais urbanos em Campinas-SP. Dados medidos no
período de Ago.-Set. de 2009, nas alturas de 1,5 m e 10 m.
Altura 10 m 1,5 m
Hora 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h
Tar UA Tar UA Tar UA Tar UA Tar UA Tar UA
Variável
(d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.) (d.p.)
21,0 12,0 26,5 10,7 21,6 11,3
MSG
(2,1) (1,1) (3,2) (1,3) (1,8) (1,8)
18,6 12,4 22,8 11,9 18,8 12,1 20,5 9,6 26,2 8,8 22,3 9,7
ITA
(3,0) (2,5) (5,3) (3,2) (4,5) (2,9) (1,9) (1,0) (2,9) (1,2) (1,7) (2,3)
19,7 9,7 26,4 9,4 22,2 9,4
ALE
(2,0) (0,9) (3,2) (2,1) (1,8) (1,9)
20,2 10,0 26,2 9,8 21,9 9,7
S.JOSÉ
(1,8) (0,8) (3,0) (2,2) (1,6) (1,7)
19,6 12,2 23,2 11,2 18,5 11,6 21,0 9,8 26,5 10,1 21,6 9,6
GUA
(3,3) (3,0) (5,7) (3,6) (4,5) (3,6) (2,1) (1,0) (3,2) (1,7) (1,8) (1,8)
18,9 12,3 23,5 12,0 18,5 11,9 19,7 10,7 26,4 11,1 21,1 10,4
PAZ
(2,5) (2,0) (5,6) (2,7) (3,8) (2,3) (1,4) (0,9) (3,2) (1,4) (1,0) (1,3)
Estes resultados mostraram que as maiores diferenças térmicas entre as duas alturas
de medição, nos três horários analisados, ocorreram às 15:00h e as menores diferenças às
9:00h, quando as superfícies ainda se encontram pouco aquecidas. A incidência de radiação
solar no solo faz com que a camada de ar abaixo das copas se aqueça, atingindo
temperaturas máximas próximo das 14h. Na altura de 10 m, apesar da folhagem também
sofrer aquecimento, as trocas térmicas devem ser facilitadas pela incidência de vento e pela
transpiração foliar, aumentando a parcela de perda de calor latente.
Tendo em vista que os fragmentos florestais estão situados na área urbana, a
velocidade dos ventos acima das coberturas é superior à velocidade na camada próxima do
solo, obstruída pelas edificações (OKE, 2006a). Como as copas das árvores, nos fragmentos
estudados, são mais altas que as coberturas das edificações vizinhas, estas devem receber
um fluxo de vento superior ao da altura dos troncos, explicando as diferenças térmicas entre
estas duas alturas, conforme mostra a Figura 4.12. Além disso, é possível que as plantas
situadas no extrato superior da floresta orientem suas folhas contra os raios solares intensos
(para baixo), aumentando a incidência de radiação solar no sub-bosque nos horários de
ocorrência de máxima radiação.
74
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Figura 4.12 – Influência da velocidade dos ventos no gradiente térmico de um fragmento florestal
urbano.
í
Eq. 4.5
á í
75
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
76
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
77
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Gradiente de 1
Gradiente de 1
Gradiente de 1
temperatura do ar 0.9 umidade relativa do 0.9 umidade absoluta do 0.9
adimensional: 0.8 ar adimensional: 0.8 ar adimensional: 0.8
0.7 0.7 0.7
0.6 0.6 0.6
0.5 0.5 0.5
0.4 0.4 0.4
0.3 0.3 0.3
0.2 0.2 0.2
0.1 0.1 0.1
0 0 0
0 – valor mínimo; 1 – Valor máximo
78
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
A maior diferença térmica (3,4 oC) entre os pontos situados no interior dos
fragmentos foi observada em PAZ. Esta diferença deve-se às características do ponto de
maior aquecimento, situado fora da área arborizada, e do ponto mais arrefecido, situado no
interior da floresta, próximo ao lago. Já em MSG constatou-se uma diferença térmica
máxima entre os pontos de 2_oC, confirmando a influência da área urbana no microclima
da mata. Nas demais áreas, a diferença térmica entre os pontos variou entre 1 e 1,4 oC.
A umidade absoluta do ar teve maior variação em MSG, com diferença máxima
entre os pontos de 2,7 g/m3. As menores diferenças foram encontradas em ALE e S.JOSÉ,
com diferença máxima entre os pontos de 1,9 g/m3 .
79
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Figura 4.14 - Fotografias hemisféricas do dossel de fragmentos florestais urbanos, tiradas na altura
de 1,5m, e medidas de abertura (%) correspondentes.
Figura 4.15 – Abertura do dossel florestal (%) em fragmentos florestais urbanos na cidade de
Campinas-SP. Percentuais obtidos a partir de fotografias hemisféricas, tiradas a 1,5 m
de altura, em Jul. 2009. Cálculos feitos no software GLA v.2, utilizando-se a projeção
polar. 1.MSG – Mata de Santa Genebra; 2.ITA - Bosque dos Italianos; 3.ALE –
Bosque dos Alemães; 4. S.JOSÉ – Bosque São José; 5.GUA – Bosque dos Guarantãs;
6.PAZ – Bosque da Paz. N = números de pontos amostrais em cada área de estudo.
80
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Três medidas que caracterizam as áreas de estudo (abertura do dossel florestal, área
do fragmento e distância de um ponto à fronteira urbana) foram correlacionadas a
parâmetros microclimáticos, obtidos às 14h, como apresentado a seguir.
81
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Contudo, nota-se que com o aumento da abertura do dossel houve uma diminuição
das diferenças entre o microclima das florestas e da área rural - ΔTf-r, ΔURf-r e ΔUAf-r. Isso
significa que os pontos com baixa abertura do dossel florestal apresentaram tanto a
umidade do ar como temperatura do ar superiores ao ambiente rural. No entanto, ocorreu
uma variação nas diferenças térmicas e de umidade de um ponto em relação ao ambiente
rural, dependendo das condições de tempo. Um número maior de repetições nos
monitoramentos, em dias típicos das estações do ano, poderia demonstrar maior correlação
entre a abertura do dossel e as variáveis microclimáticas.
Apesar disso, algumas particularidades merecem ser destacadas. Em MSG, apesar
dos dois pontos monitorados terem aberturas do dossel semelhantes (13,26% e 14,66%),
houve entre eles uma grande variação térmica e de umidade relativa. Isso mostra a
influência térmica urbana no microclima do fragmento florestal. O ponto com menor
abertura do dossel estava menos exposto às influências do microclima urbano e apresentou
temperatura média do ar, às 14h, 3,3_oC mais baixa que o ponto que se encontra próximo
da fronteira.
Em ITA, como era o esperado, a temperatura do ar esteve mais elevada e a umidade
relativa mais baixa, condizendo com a abertura média do dossel florestal, superior ao das
outras áreas de estudo. Assim, a diminuição da interceptação da radiação solar pela
folhagem da vegetação deve ter ocasionado o aquecimento do solo e da camada de ar do
sub-bosque. Além disso, como a dimensão de ITA é menor, o local está mais suscetível à
influência das áreas construídas. Apesar da baixa abertura do dossel florestal em S.JOSÉ, o
local apresentou temperatura média elevada, comparado aos demais locais, indicando a
manutenção do calor em pontos com dossel fechado e sob influência do ambiente
construído.
82
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
83
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
A B
7473850 0.8 7473850 1
0.7
7473800 7473800 0.9
0.6
7473750 7473750 0.8
0.5
7473700 7473700
0.7
0.4
0.6
7473650 0.3 7473650
0.2 0.5
7473600 7473600
0.1 0.4
7473550 7473550
0 0.3
283700 283800 283900 283700 283800 283900
C
7473850
1
7473800
0.9
7473750 Projeção UTM, 23S.
Datum SAD 69
7473700 0.8
7473650 0.7
7473600
0.6
7473550
Figura 4.16– Gradiente térmico e de umidade do ar ao longo de uma trilha na Mata de Santa
Genebra – Campinas, SP. Ponto inicial, no canto inferior direito, a 12,5m da fronteira
urbana; ponto final, no canto superior esquerdo, a 297m da fronteira urbana. Dados
adimensionais baseados em: (a) Temperatura do ar (b) Umidade absoluta do ar (c)
Umidade relativa do ar, medidos às 14h na altura de 1,5m.
A média da diferença térmica entre os pontos iniciais e finais da trilha esteve entre 1
e 1,4_oC, mais elevada nos pontos junto à fronteira urbana, e diferença na umidade absoluta
do ar a foi de 1,35 g/m3 , mais baixa nos pontos próximos da fronteira urbana.
84
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
Área do fragmento
Verificou-se uma estreita correlação entre o aumento da amplitude térmica diária
(ΔT) e a área dos fragmentos (r2 = 0,83). O aumento da área dos fragmentos florestais
urbanos indicou diminuição da temperatura do ar (média máxima e média mínima), baixa
amplitude da umidade relativa do ar e o aumento na umidade relativa mínima.
O ambiente urbano altera o microclima dos fragmentos florestais de pequena
dimensão, aquecendo-os durante o dia, e, conseqüentemente, diminuindo a umidade
relativa do ar. Por outro lado, as áreas verdes mais extensas conseguem manter o teor de
umidade do ar, o que contribui para o resfriamento do ar no período noturno, ocasionando
em maiores amplitudes térmicas. No entanto, atenta-se para a influência da presença da
água na diminuição da Tar e elevação de UR, como ocorre nos casos de GUA e PAZ, que
coincidentemente possuem maior área que ITA, ALE e S. JOSÉ.
Em suma, observou-se que para pequenas florestas urbanas, com área entre 1,4 e 4
ha, a temperatura média mínima do ar diminuiu cerca de 0,25 oC com o aumento de 1 ha, e
a umidade relativa do ar aumentou em média 2,12 % para cada 1 ha.
Seis fragmentos florestais urbanos situados em Campinas, com áreas entre 1,5 ha e
250,26_ha, em diferentes estados de conservação, apresentaram abertura do dossel variando
entre 10,9% e 16,0% (fotografias obtidas a 1,5 m de altura).
Às 6:00h a temperatura do ar no interior das florestas urbanas esteve, em média, 0,9
o
C mais elevada do que no ambiente rural. Neste horário, não ocorreram diferenças de
umidade relativa do ar entre estes ambientes. Às 14:00h a temperatura do ar no interior das
florestas urbanas apresentou-se em média 2,8 oC mais baixa que na zona rural, e a umidade
relativa 17,6% mais elevada, o que corresponde a 2,3 g/m3 de umidade absoluta do ar.
Os fragmentos florestais urbanos apresentaram baixa amplitude térmica e de
umidade, mostrando estabilidade microclimática. A taxa de aquecimento e de resfriamento
no interior das florestas foi inferior ao ambiente rural, verificando-se um ganho de 0,8 oC/h,
entre 6:00h e 14:00h, e uma perda de 0,2 oC/h entre 22:00h e 6:00h.
85
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
86
CAPÍTULO 4 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
resultado não é conclusivo para áreas pequenas (menores que 4 ha). Na mata, verificou-se
um decréscimo médio de 0,5 oC a cada 100 m de distância da fronteira urbana e um
aumento de 0,94 g/m3 na umidade absoluta do ar a cada 100 m.
A abertura do dossel florestal, calculada a partir de fotografias a 1,5 m do solo, não
mostrou boa correlação com as variáveis microclimáticas. Apesar disso, constataram-se
menores temperaturas em locais com baixa abertura do dossel (Bosque São José) e
temperaturas mais elevadas em florestas urbanas com dossel mais aberto (Bosque dos
Italianos).
Por outro lado, verificou-se uma correlação positiva entre o aumento da amplitude
térmica diária e a área dos fragmentos (r2 = 0,83). Este aumento deve-se principalmente às
baixas temperaturas do ar no horário antes do nascer do sol (6:00h). Estimou-se um
decréscimo na temperatura do ar de 0,25 oC e um aumento 2,12 % na umidade relativa do
ar para cada 1 hectare a mais de floresta (valores identificados para fragmentos menores
que 4 ha). Assim, apesar da amplitude térmica diminuir em áreas arborizadas em
comparação com as áreas abertas, como constatou Ylmaz et al. (2007) e Barbirato et al.
(2003), as florestas urbanas tendem a aumentar a amplitude térmica diária em decorrência
da diminuição da temperatura mínima.
Com base na caracterização microclimática dos fragmentos florestais urbanos
avaliados, presume-se que a magnitude e a extensão do impacto das áreas de grande
dimensão sobre o clima urbano deva ser maior do que o impacto causado pelas pequenas
áreas verdes. Da mesma maneira que ocorre um gradiente térmico e de umidade no interior
dos fragmentos, influenciados pelas características físicas pontuais e do entorno, deve
ocorrer um gradiente higrotérmico no entorno edificado, decorrentes do padrão de
ocupação urbana.
87
CAPÍTULO 5 Fragmentos florestais urbanos: caracterização física e interações climáticas
88
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
89
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
90
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
mostram-se importantes não só para a manutenção da flora e fauna, como para a melhoria
das condições térmicas no ambiente urbano.
Este capítulo tem a finalidade de caracterizar o topoclima, o microclima e mensurar
a intensidade das ilhas de calor em cinco sítios urbanos, situados próximos de fragmentos
florestais na cidade de Campinas-SP, buscando compreender os efeitos da vegetação no
clima urbano.
91
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
Figura 5.1– Fixação dos registradores de temperatura e umidade do ar em: (a) escada de caixa
d’água, mostrando detalhe da fixação do protetor do data-logger (b) antena de
televisão profissional (c) antenas residenciais. (●) Círculo vermelho ilustra o
posicionamento dos instrumentos de medição.
Os usos do solo nos sítios urbanos foram classificados com base em fotografia aérea
fornecida pela SEPLAMA (ano de 2005) e com base na imagem do Google Earth (ano de
2009), verificando-se algumas alterações na paisagem neste período. Utilizou-se como
critério a distinção entre áreas edificadas e áreas não edificadas ou com baixa taxa de
ocupação. A classificação das zonas climáticas das quadras edificadas foi adaptada às
92
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
93
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
94
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
Tabela 5.1– Sítios de monitoramento climático e fragmentos florestais urbanos presentes nas
imediações, localizados na cidade de Campinas, SP.
SÍTIO
BAIRRO FRAGMENTO FLORESTAL
NÚMERO
1 Bosque de Barão Mata de Santa Genebra
2 Jardim Guanabara Bosque dos Italianos
2 Jardim Guanabara Bosque dos Alemães
3 Jardim Proença Bosque São José
4 Jardim Nova Europa Parque dos Guarantãs
5 Jardim Madalena Bosque da Paz
95
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
Figura 5.3– Fotografias aéreas dos sítios urbanos de monitoramento climático em Campinas, SP.
Ano de 2005. Destaque para uma faixa de 500 m (círculo branco tracejado) a partir da
estação fixa de monitoramento climático (● ponto vermelho).
96
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
9
Segundo notícia publicada pelo JusBrasil Notícias (2010) “Em 1/6/2010, atendendo parcialmente o
pedido de reconsideração de liminar apresentado pelo Município de Campinas e anuído pelo autor MPF, o
Juízo Federal reduziu para o raio de 2 km da Mata Santa Genebra a proibição anteriormente fixada nos
autos, em 4/11/2009, para a expedição de licenciamentos ambientais para novos empreendimentos e de
licença de instalação, de operação e renovação de licenças já expedidas, bem como dos respectivos alvarás
de construção em relação a essas situações.”
97
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
SÍTIO 1
Tabela 5.2 – Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 1, em um raio de 500 m ao redor do ponto
fixo de monitoramento climático.
USOS PERCENTUAL USOS PERCENTUAL
Córregos, Lagos, Água 0 Shopping, Galpões 4,97
Silvicultura 3,09 Institucional 0,24
Grama, Pasto, Terra 37,95
14,96 Casas (lotes diversos)
exposta
Sistema de Lazer 2,38 Edifícios Baixos -
Bosque, Mata 9,59 Edifícios Altos -
Rurbano 13,89 Edificações Mistas -
Sistema viário 12,93
98
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
99
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
SÍTIO 2
Tabela 5.3– Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 2, em um raio de 500m ao redor do ponto
fixo de monitoramento climático.
USOS PERCENTUAL USOS PERCENTUAL
Córregos, Lagos, Água - Shopping, Galpões 4,93
Silvicultura - Institucional 8,44
Grama, Pasto, Terra 61,39
0,39 Casas (lotes diversos)
exposta
Sistema de Lazer 1,84 Edifícios Baixos 1,49
Bosque, Mata 0,80 Edifícios Altos 2,33
Rurbano - Edificações Mistas 0,55
Sistema viário 17,84
100
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
101
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
SÍTIO 3
Tabela 5.4– Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 3, em um raio de 500m ao redor do ponto
fixo de monitoramento climático.
USOS PERCENTUAL USOS PERCENTUAL
Córregos, Lagos, Água - Shopping, Galpões 14,24
Silvicultura - Institucional 11,95
Grama, Pasto, Terra 38,21
6,15 Casas (lotes diversos)
exposta
Sistema de Lazer 2,58 Edifícios Baixos 0,53
Bosque, Mata 4,24 Edifícios Altos 3,42
Rurbano - Edificações Mistas -
Sistema viário 18,68
102
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103
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
SÍTIO 4
Tabela 5.5 – Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 4, em um raio de 500m ao redor do ponto
fixo de monitoramento climático.
USOS PERCENTUAL USOS PERCENTUAL
Córregos, Lagos, Água 0,46 Shopping, Galpões 6,81
Silvicultura - Institucional 2,96
Grama, Pasto, Terra 45,41
5,27 Casas (lotes diversos)
exposta
Sistema de Lazer 8,05 Edifícios Baixos 6,17
Bosque, Mata 4,20 Edifícios Altos 0,49
Rurbano 2,92 Edificações Mistas -
Total de área verde em 17,26
6,18 Sistema viário
APP
104
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105
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
SÍTIO 5
Tabela 5.6 – Percentuais de usos do solo urbano no Sítio 5, em um raio de 500m ao redor do ponto
fixo de monitoramento climático.
USOS PERCENTUAL USOS PERCENTUAL
Córregos, Lagos, Água 1,86 Shopping, Galpões 1,90
Silvicultura - Institucional 2,96
Grama, Pasto, Terra 49,24
2,39 Casas (lotes diversos)
exposta
Sistema de Lazer 4,34 Edifícios Baixos 0,07
Bosque, Mata 6,70 Edifícios Altos -
Rurbano 10,60 Edificações Mistas -
Total de área verde em 19,95
6,27 Sistema viário
APP
106
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107
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
108
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
do ar às 16:00h foi de 9,3 g/m3, às 17:00h diminuiu 1 g/m3, voltando a aumentar às 18:00h.
No ambiente rural este decréscimo ocorreu de maneira uniforme e com menor intensidade.
Analisando-se individualmente os sítios, cujos dados são apresentados na Tabela
5.7, constatou-se maior intensidade das ilhas de calor em bairros de maior desenvolvimento
urbano (sítios 2, 3 e 4). A ΔTu-r máxima observada nos sítios avaliados, às 22:00h, foi de
1,8_oC (medições a 10 m do solo). Neste sentido, Oke (1981) explica que o aumento das
obstruções no meio urbano dificulta a irradiação térmica, contribuindo para o aquecimento
noturno, explicando, assim, o fenômeno das ilhas de calor, que se intensifica em zonas
urbanas com maior densidade de construções.
109
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
Figura 5.12 – Diferença térmica entre a área urbana e rural (ΔT u-r, em oC) ao longo do tempo.
Cálculo a partir da média horária dos dados obtidos na Estação Meteorológica do
CEPAGRI (altura de 1,5m), e da média de monitoramentos realizados em cinco pontos
na área urbana de Campinas, entre os dias 26/08/2009 e 03/09/2009 (altura de 10m).
Tabela 5.7– Diferença térmica (ΔTu-r , em oC) entre sítios urbanos e a zona rural de Campinas, SP,
em três horários do dia: (a) 6:00h; (b) 14:00h; (c) 22:00h. Cálculo a partir da média horária dos
dados obtidos na Estação Meteorológica do CEPAGRI, e da média de monitoramentos realizados
em cinco pontos na área urbana de Campinas, entre os dias 26/08/2009 e 03/09/2009, na altura de
10 m. Sítio 1- Bosque de Barão; Sítio 2 Jardim Guanabara; Sítio 3- Jardim Proença; Sítio 4-Jardim
Nova Europa; Sítio 5-Jardim Madalena.
Como era esperado, o sítio 5 sofreu influências da zona rural, com pequenas
diferenças térmicas em relação à este ambiente nos três horários analisados. No entanto, o
mesmo não ocorreu no sítio 1, também fronteiriço à zona rural, observando-se um
comportamento térmico semelhante às demais áreas, inclusive mais aquecido às 14:00h.
Comparando-se os usos do solo dos sítios 1 e 5, esperava-se que o primeiro tivesse
maior semelhança com o ambiente rural do que o segundo, tendo em vista o alto percentual
de áreas de chácaras, grama, pasto e terra exposta. Além disso, o sítio 5 apresentou 11,29%
110
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
de lotes com casas a mais que o sítio 1. Portanto, três proposições podem explicar os
motivos pelos quais o sítio 5 assemelha-se mais com o ambiente rural do que o sítio 1: a
incidência dos ventos regionais SE no ponto de monitoramento provenientes da zona rural,
o maior percentual de água no sítio 5, e a grande cobertura vegetal próxima ao sítio_1
(Mata de Santa Genebra).
Voltando à Figura 1, e considerando os ventos predominantes SE, verifica-se que a
massa de ar que atinge o sítio 5 vem diretamente da zona rural, enquanto no sítio 1 provém
da área urbana. Ao mesmo tempo, a presença do Ribeirão das Anhumas no sítio 5 contribui
para o seu resfriamento noturno, embora seja insuficiente para arrefecer o ambiente
construído no período diurno. Também destaca-se que a massa vegetal da Mata de Santa
Genebra (250,36 ha) é muito superior à do Bosque da Paz (4,0 ha), o que pode contribuir
para menores amplitudes térmicas no sítio 1. Faria e Mendes (2004) haviam observado
menores taxas de aquecimento e de resfriamento do ar em áreas urbanas com cobertura
vegetal significativa, corroborando esta afirmativa.
Confrontando os resultados esperados aos obtidos, em relação à intensidade das
ilhas de calor nos sítios urbanos, a partir da relação entre o percentual total de quadras
edificadas sobre as não edificadas, verifica-se que somente o sítio 1 não correspondeu ao
previsto. Assim, pode-se inferir que o volume de vegetação teve grande peso nas trocas
térmicas com o meio urbano, diminuindo a amplitude térmica e a taxa de aquecimento do
ar.
111
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
dos registradores terem sido protegidos da radiação, eles não foram inseridos em um abrigo
meteorológico, o que pode ter comprometido sua estabilidade.
A menor variação dos dados obtidos a 10 m confirma que o ar acima da camada de
rugosidade urbana representa os efeitos microclimáticos mistos, e ao contrário, a 1,5 m, a
temperatura do ar sofre efeitos do sombreamento e da emissividade dos materiais próximos
(pisos e paredes), oscilando ao longo do dia e variando entre os ambientes. No caso do sítio
1, onde os instrumentos foram posicionados em uma área aberta, distante das edificações, a
curva na altura de 1,5 m mostrou-se mais estável.
Em geral, observaram-se temperaturas mais elevadas na camada próxima ao solo,
com picos acentuados que coincidem com a temperatura máxima do dia. A diferença
térmica nas duas alturas (Figura 5.13) é mais significativa entre 9:00h e 16:00h, sendo mais
evidente às 12:00h, horário em que a temperatura do ar é 2 oC mais elevada na altura de 1,5
m do que a 10 m. A temperatura máxima a 1,5 m ocorreu às 14:15h (30,4 oC), enquanto a
10 m ocorreu às 15:15 (29,1_oC). A temperatura mínima ocorreu por volta das 6:00h e foi
semelhante nas duas alturas (~16,3 oC).
35.00
(a) 1,5m (b) 10m
30.00
Temperatura do ar (o C)
25.00
20.00
15.00
10.00
0:00
1:30
3:00
4:30
6:00
7:30
9:00
10:30
12:00
13:30
15:00
16:30
18:00
19:30
21:00
22:30
10:30
12:00
13:30
15:00
16:30
18:00
19:30
21:00
22:30
0:00
1:30
3:00
4:30
6:00
7:30
9:00
Tar média dos bairros ‐ 1,5m do solo Tar média dos bairros ‐ 10m do solo
Figura 5.13 – Temperatura do ar ao longo do tempo obtida em sítios urbanos em Campinas, SP.
Média horária dos dados obtidos entre os dias 26/08/2009 e 03/09/2009, com
registradores posicionados a (a) 1,5 m e a (b) 10 m do solo. Barra de erros indica o
desvio padrão em relação à média.
112
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
113
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
A – Sítio 1
B – Sítio 2
114
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
C – Sítio 3
D – Sítio 4
E – Sítio 5
115
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
116
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
2% 35
2% 30
1% 25
oC
1% 20
0% 15
0% 10
1
Temperatura 2 ar
máxima do 3
Temperatura 4 ar
mínima do 5
Amplitude térmica
2% SÍTIOS 85
75
2%
65
%
1% 55
45
1%
35
0% 25
1 Umidade relativa
2 máxima 3 Umidade4 relativa mínima 5
2% 12
SÍTIOS
11
2%
10
g/m3
1% 9
8
1%
7
0% 6
Água
1 Umidade
2 absoluta máxima3 Umidade
4 absoluta mínima 5
2.0 2.5
SÍTIOS
1.5 2.3
oC/hora
1.0 2.1
oC
0.5 1.9
0.0 1.7
‐0.5 1 2 3 4 5 1.5
Intensidade da ilha de calor às 22:00h Taxa média de aquecimento
SÍTIOS
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 2 3 4 5
SÍTIOS
Lotes com Edifícios Altos, Baixos, Mistos Lotes com Casas
Shopping, Galpões Pavimentação
Área Institucional Áreas verdes, agrícolas e de lazer
Água Total de quadras edificadas
Total de áreas livres, verdes e de água
Figura 5.15 – Variáveis climáticas relacionadas ao padrão de ocupação urbana em Campinas, SP.
Sítio 1- Bosque de Barão; Sítio 2 - Jardim Guanabara; Sítio 3 - Jardim Proença; Sítio 4
– Jardim Nova Europa; Sítio 5 - Jardim Madalena. Variáveis e unidades de medidas
indicadas na figura.
117
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
Figura 5.16 – Correlações lineares entre a intensidade de ilhas de calor noturnas (ΔTu-r ) às 22:00h, a
amplitude térmica diária e a taxa de aquecimento em áreas urbanas. Cálculos a partir
das médias de dados coletados entre 26/08/2009 e 03/09/2009, na altura de 10m, em
cinco sítios urbanos e na estação meteorológica do CEPAGRI, em Campinas-SP.
118
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
119
CAPÍTULO 5 Monitoramentos climáticos em pontos fixos urbanos situados próximos de fragmentos florestais
que as florestas urbanas apresentam elevada inércia térmica, e que o aumento da umidade
do ar, decorrente dos efeitos da evapotranspiração, contribui para a diminuição da
temperatura do ar máxima do dia do entorno edificado, diminuindo, assim, a amplitude
térmica diária.
120
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
121
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
México, e o entorno edificado. A extensão do efeito térmico sobre a área urbana foi de
aproximadamente 2000 m, coincidindo com a largura do parque. A maior diferença entre
as temperaturas mínimas aferidas no parque e na área urbana foi de 4_oC e ocorreu na
estação seca. No entanto, a temperatura máxima do parque em alguns momentos superou a
da área urbana.
Trabalhos semelhantes foram realizados em Sacramento-Califórnia, obtendo-se um
ΔT u-p de aproximadamente 1,2 oC em ~1000m (IMAMURA et al., 1992). Em Taipei-
Taiwan, observou-se que parques maiores que 12 ha são mais frios que o entorno, parques
entre 3 e 12 ha podem ser mais frios que o entorno, e os menores que 3 ha apresentaram
maior instabilidade térmica na comparação com o entorno. Analisando-se a temperatura
em um raio urbano igual à largura de cada parque, obteve-se um ΔTu-p máximo de 4 oC
(CHANG et al., 2007). Em Erzurum – Turquia, uma área de reflorestamento (3,4 ha) foi
comparada à área urbana, obtendo-se uma diferença térmica entre a floresta e o ambiente
rural (ΔTf-r) média de -0,71 oC e uma ΔURu-f média de 3,2% (YILMAZ et al., 2006). Em
Singapura foram monitoradas duas reservas naturais e o entorno construído, obtendo-se um
ΔTu-p máximo de 1,3 oC, observada no maior parque (36 ha). A extensão do efeito de
resfriamento limitou-se a 100 m. No parque de menor dimensão (12 ha), devido às
características da vegetação, não houve influência no entorno (HIEN; YU, 2004).
Tendo em vista as particularidades climáticas, as características do meio urbano e
da vegetação, considera-se importante a realização de pesquisas semelhantes no Brasil.
Estes resultados auxiliarão na definição de como deve ser a distribuição, a quantificação e a
qualidade das áreas verdes no tecido urbano, contribuindo para a melhoria dos níveis de
conforto térmico.
Na presente pesquisa, foi constatada uma diferença térmica média entre fragmentos
florestais urbanos e o ambiente rural (ΔTf-r) de - 2,8 oC às 14:00h, e de + 0,9 oC às 6:00h.
As florestas urbanas apresentaram-se, portanto, arrefecidas no horário de maior
aquecimento e com certo aquecimento no horário em que ocorre a temperatura mínima
diária. Este fenômeno foi atribuído à obstrução das ondas longas, do sub-bosque para a
atmosfera, pelo dossel florestal. A umidade absoluta do ar nas florestas esteve, em média,
122
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
2,3 g/m3 mais elevada que na área rural, às 14:00h. Os fragmentos florestais apresentaram
estabilidade microclimática, com baixa amplitude térmica e baixa taxa de aquecimento e de
resfriamento. Constatou-se, no maior fragmento, um decréscimo de 0,5_oC e um aumento
de 0,94 g/m3 na umidade absoluta do ar a cada 100 m de distância da fronteira urbana, o
que mostra a influência do ambiente construído no microclima da floresta.
Os pontos urbanos situados próximos destes fragmentos de vegetação apresentaram,
em geral, baixa intensidade das ilhas de calor noturnas - em média 1,5 oC. Constatou-se
uma diferença térmica entre o ambiente urbano e o rural (ΔTu-r) de -0,7 oC às 14:00h, e de +
2,0 oC às 6:00h. As maiores diferenças foram observadas nos horários próximos ao nascer
do sol (2,5 oC) e pôr do sol (1,9 oC). As áreas urbanas apresentaram menor amplitude
térmica e de umidade comparadas à zona rural. A temperatura do ar no interior dos
fragmentos florestais apresentou-se inferior à da área urbana: ΔTf-u de -2,1 oC, às 14:00h, e
de -1,1_oC, às 6:00h. Tanto no ambiente construído quanto nas florestas observou-se um
sobreaquecimento no período noturno e baixas temperaturas durante o dia, comparadas à
zona rural.
Se os pontos urbanos monitorados estivessem mais próximos ou distantes dos
fragmentos florestais haveria uma mudança na temperatura e umidade do ar local? O efeito
das florestas urbanas sobre o clima local varia com os padrões de uso do solo? Este efeito
aumenta com a porcentagem de área de floresta presente na cidade?
Diante destas questões, este capítulo tem como objetivos: identificar as variações na
temperatura e na umidade do ar local decorrentes da aproximação a fragmentos florestais
urbanos; encontrar um percentual mínimo de área de floresta sobre a área total urbanizada
capaz de modificar o clima local urbano. Para tanto, serão analisadas cinco zonas urbanas
com distintos padrões de ocupação, localizadas na cidade de Campinas-SP. Estas zonas
abrangem sete fragmentos florestais, caracterizados por arborização densa e com certa
estratificação, em diferentes estágios de conservação: Mata de Santa Genebra, Bosque dos
Italianos, Bosque dos Alemães, Bosque dos Jequitibás, Bosque São José, Bosque dos
Guarantãs e Bosque da Paz.
123
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.1 – Técnicas de aquisição de dados para a representação do clima local urbano. S1 –
registros em pontos fixos na camada de inércia; S2 – registros móveis, com ventilação
natural e mecânica do sensor preso em carro em movimento.
Foi mostrado no Capítulo 4 que ocorre uma estratificação térmica entre as alturas de
1,5_m e 10 m e que na primeira há maior instabilidade e variabilidade dos dados, devido à
influência de elementos próximos. Assim, sugere-se que se faça a correção horária das
medidas móveis a partir de estações de referência representativas da mesma unidade
climática, ou seja, a partir dos dados obtidos na altura Z, representada na Figura 6.1, e uma
correção decorrente da altura de aquisição, tendo em vista as diferenças térmicas entre as
alturas de 10 m e de 1,5 m.
126
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
127
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.2 – Mapa com informações sobre o percurso e pontos utilizados na correção dos
monitoramentos climáticos móveis. Fragmentos florestais urbanos (ponto verde): Zona
1 – Mata de Santa Genebra; Zona 2 – Bosque dos Italianos e dos Alemães; Zona 3 –
Bosque dos Jequitibás; Zona 4 – Bosque São José e dos Guarantãs; Zona 5 – Bosque
da Paz.
128
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
129
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Z2
Percurso
Figura 6.4 - Área de abrangência dos pontos fixos em relação aos dados obtidos por meio móvel.
Visto que cada percurso foi realizado em até duas horas, foi necessária a correção
horária dos dados obtidos por meio móvel, utilizando-se como referência as variáveis
obtidas nos cinco pontos fixos, na altura de 10 m.
A correção horária dos dados foi feita para cada percurso realizado (quatro dias), em
três horários (9:00h, 15:00h e 21:00h). Tendo em mãos a média da temperatura do ar e
umidade relativa do ar nos pontos fixos a cada 15 minutos, calculou-se a taxa de variação a
cada 30 segundos. Sabendo-se a diferença entre o horário de aquisição de um registro
móvel e o horário padrão da aquisição, a variação térmica e de umidade neste intervalo de
tempo foi somada ou subtraída aos pontos móveis correspondentes.
6.2.6 Correção dos dados obtidos por meio móvel devido à altura de
aquisição
130
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.5 – Diferença térmica entre a altura de 10 m e 1,5 m. Cálculo a partir da média dos dados
obtidos em cinco pontos fixos, localizados na área urbana de Campinas-SP, entre os
dias 26/08/2009 e 03/09/2009. Linhas tracejadas mostram os horários padrão (9:00h,
15:00h e 21:00h) de análise da temperatura do ar obtida por meio móvel.
A Tabela 6.1 mostra a diferença entre os valores iniciais e finais das variáveis
climáticas obtidas por meio móvel, após a correção horária e de altura. Foi calculada a
média dos dez pontos móveis iniciais e dos dez pontos móveis finais, e posterior subtração
das médias obtidas. Para uma melhor comparação do conteúdo de vapor de água presente
no ar nas áreas de estudo, estimou-se a umidade absoluta do ar, Cva [g/m3], a partir dos
dados de temperatura, t [oC] e T [K], umidade relativa do ar, UR [%], e pressão saturante, es
[hPa] com referências em Angelocci (2002).
Considerando a ocorrência de um erro máximo dos registradores utilizados (erro do
registrador do veículo e erro do registrador do ponto fixo; erro no dado inicial e no dado
final do percurso), a diferença entre as medidas móveis iniciais e finais deveria ser de até
quatro vezes a precisão dos sensores ( + 0,5 oC e + 2%), ou seja, de 2oC e de 8.
Os dias e períodos cujos erros estão dentro desta faixa de valores são apresentados
em destaque na Tabela 6.1, concluindo-se que a correção da temperatura do ar foi
satisfatória para os três horários de interesse (9:00h, 15:00h e 21:00h). Já para os dados de
umidade relativa do ar os erros obtidos foram maiores, principalmente pela manhã e noite,
visto que não foi feita a correção relativa à altura na aquisição. A conversão da umidade
131
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.1 - Diferença entre os dados iniciais e finais dos registros móveis (circuito fechado), após
as correções. Destaque (cinza) para os dias e horários em que o erro, da temperatura do ar e
umidade relativa do ar, é admissível.
Período Variável Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4
Temperatura do ar [oC] 0,5 1,9 2 4
Manhã Umidade relativa do ar [%] 0,2 10,5 13,1 18,7
Umidade absoluta [g/m3] 0,8 0,9 1,3 1,4
Temperatura do ar [oC] 0,4 0,1 1,2 0,1
Tarde Umidade relativa do ar [%] 2,3 2,6 6 0,3
Umidade absoluta [g/m3] 0,8 0,8 1,4 0
Temperatura do ar [oC] 1,9* 0,8 0,3 1,8
Noite Umidade relativa do ar [%] 14,8* 15 11,9 17,2
Umidade absoluta [g/m3] 1,5* 2,1 2,1 1,8
* Circuito incompleto. Parada a 1km antes do ponto final.
132
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
elementos urbanos decorrente das condições de tempo. As médias foram calculadas para
manchas de uso do solo com um mesmo padrão espacial (ex. trecho com quadras
residenciais, trecho com quadras industriais, trecho com sistema de lazer, etc.), observando-
se as distâncias entre as manchas e os fragmentos florestais urbanos. Os resultados foram
representados em gráficos.
Finalmente, calcularam-se os percentuais de área de floresta / área total urbana
(A.V./A.U.). As médias horárias e diárias de temperatura e umidade em função do
percentual de área de floresta presente na área urbana foram apresentadas em boxplots e
gráficos de linha. Um detalhamento deste procedimento será apresentado posteriormente.
133
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
ponto mais elevado e a fronteira com a área central, na Av. Orozimbo Maia, é o ponto mais
baixo.
A Zona 3 (Figura 6.8) caracteriza-se pela verticalização e predomínio da atividade
comercial e de serviços, com 20,43% de ocupação por lotes com edifícios baixos e 9,13%
por lotes com edifícios altos (Tabela 6.4). O percurso parte da Av. Orozimbo Maia, na
fronteira com a Zona 2, sobre o Córrego do Saneamento, afluente do Ribeirão das
Anhumas, e termina no Bosque dos Jequitibás, na fronteira com a Zona 4. Este bosque
juntamente com outro pequeno fragmento florestal, localizado ao lado do estádio de
futebol, ocupam 3,34%.
O Bosque dos Jequitibás possui características semelhantes aos demais já
apresentados, porém, como em princípio a área central não faria parte das análises, o seu
microclima não foi monitorado. Referências do microclima no Bosque dos Jequitibás são
apresentadas em Castro (1999).
A Zona 4 (Figura 6.9) é composta por vários bairros, predominando o uso
residencial popular, com edificações de baixo gabarito (49,54%) (Tabela 6.5). O Bosque
São José e o Bosque dos Guarantãs somam 0,87% das áreas de bosques e matas. O trajeto
inicia-se na fronteira com a Zona 3, próximo do Bosque dos Jequitibás, inicialmente sobre
um fundo de vale. Cortando a área, no sentido SE-NO, encontra-se o Cemitério da Saudade,
cujos arredores são ocupados por galpões, comerciais e de serviços. O trajeto segue em
direção ao Município de Valinhos, onde a ocupação é predominante rurbana.
A Zona 5 (Figura 6.10) localiza-se na fronteira com a área rural, sendo acessada
pela Rodovia Dom Pedro I, e caracteriza-se pela ocupação predominantemente residencial
de baixo gabarito, com loteamentos populares e condomínios horizontais fechados
ocupando 49,16% da área (Tabela 6.6). Próximo da rodovia, no trecho inicial do percurso,
há alguns edifícios baixos, ao lado há uma área extensa de pasto (7,22%). O Ribeirão das
Anhumas e uma de suas nascentes, localizada no interior do Bosque da Paz, correspondem
a 1,51% desta zona. As margens do ribeirão encontram-se, em parte, desprotegidas. Seu uso
foi classificado como rurbano, com 8,71% de ocupação, por conter alguns trechos
arborizados, algumas construções e áreas com grama ou terra exposta. A área de mata, no
interior do Bosque da Paz, representa 2,91% da zona.
134
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.6 – Limites da Zona 1, classificação dos usos do solo e trajeto do monitoramento
climático.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.7 – Limites da Zona 2, classificação dos usos do solo e trajeto do monitoramento
climático.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
ZONA 3
Figura 6.8 – Limites da Zona 3, classificação dos usos do solo e trajeto do monitoramento
climático.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.9 – Limites da Zona 4, classificação dos usos do solo e trajeto do monitoramento
climático.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.10 – Limites da Zona 5, classificação dos usos do solo e trajeto do monitoramento
climático.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.11 – Condições do tempo em Campinas entre 11/08/2009 (dia Juliano 223) e 03/09/2009
(dia Juliano 246), segundo a estação meteorológica do CEPAGRI, e delimitação do
período de monitoramento do clima urbano.
10
Os monitoramentos móveis e dos sítios urbanos foram feitos no mesmo período dos
monitoramentos no interior dos fragmentos florestais urbanos, em duas alturas, conforme apresentado no
Capítulo 3, Sessão 3.5.2.
140
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 1
A Figura 6.12 a Tabela 6.7 mostram os resultados da temperatura do ar e umidade
absoluta do ar, coletados por meio móvel na Zona 1, entre agosto e setembro de 2009.
A variação nas condições de tempo ao longo dos quatro dias de observação resultou
em uma elevação na temperatura do ar, que pode ser observada nos três horários do dia. O
aumento da umidade absoluta do ar foi mais sutil e pôde ser observado nos horários da
manhã e noite, oscilando à tarde. Às 15:00h do segundo dia, houve uma diminuição
acentuada na umidade absoluta do ar, voltando a aumentar no terceiro e quarto dias. O
aquecimento do ar deve ter provocado a evaporação da água do solo e superfícies, que
estava disponível em decorrência das precipitações anteriores ao início dos
monitoramentos. Este aquecimento do ar deve também ter elevado a taxa de
evapotranspiração das áreas vegetadas, principalmente no terceiro dia, levando ao aumento
da umidade absoluta do ar.
A temperatura do ar apresentou-se mais baixa às 9:00h, aumentando às 15:00h e
diminuindo novamente ao anoitecer, às 21:00h. No entanto, em resposta à elevada inércia
térmica, que caracteriza o ambiente urbano e as florestas, a temperatura do ar às 21:00h
esteve mais elevada que às 9:00h. Respondendo de maneira inversa, a umidade absoluta do
ar apresentou-se mais elevada ao amanhecer, diminuindo com o aquecimento do ar e das
superfícies durante à tarde, e elevando-se novamente à noite.
Os pontos de maior e menor aquecimento são apresentados na Figura 6.13.
Observa-se que o comportamento térmico dos pontos ao longo do trajeto variou tanto em
relação aos horários quanto aos dias de monitoramento. Esperava-se encontrar um padrão
de comportamento térmico mais evidente, que diferenciasse as manchas de ocupação
presentes nesta zona, especialmente em relação à presença da Mata de Santa Genebra e de
sua influência no entorno edificado.
Ainda assim, foi possível identificar o aquecimento ao longo do eixo rodoviário,
próximo de áreas de pasto, no horário às 15:00h. Nos trechos urbanizados fronteiriços à
rodovia a temperatura do ar também esteve elevada às 9:00h e 21:00h. O superaquecimento
141
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
142
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.12 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na Zona 1 ao longo de
quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e
02/09/2009, em Campinas-SP.
143
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Em geral, observou-se maior amplitude dos dados em pontos com ampla abertura
para o céu, coincidindo com as áreas de pasto, grama, terra exposta situadas ao longo da
rodovia. Estes apresentaram temperaturas elevadas, mesmo nas proximidades da Mata de
Santa Genebra, ocasionando ilhas de calor pontuais. Os locais menos aquecidos estavam
próximos de superfícies d’água ou a uma distância entre 100-400 m da mata.
Diante destes resultados, acredita-se que a baixa ocupação da Zona 1, com a
presença de terrenos baldios, áreas de pasto, terra exposta, bem como a presença da rodovia
e de galpões industriais, exerçam pressão sobre o microclima da Mata de Santa Genebra,
diminuindo a extensão e a magnitude do efeito de resfriamento sobre o entorno edificado.
Além disso, o vento regional predominante ao atingir o local passou antes pela zona central,
aquecendo a massa de ar.
144
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.6 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 1.
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Geral
9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h
N 39 39 39 34 33 39 40 34 35 35 30 37 148 136 150
Média 21,0 28,5 20,4 20,8 30,0 21,0 22,0 31,0 23,3 22,5 32,7 23,6 21,6 30,4 22,0
Erro padrão 0,05 0,04 0,11 0,03 0,06 0,09 0,07 0,04 0,21 0,06 0,07 0,25 0,06 0,14 0,14
D.P. média 0,33 0,23 0,66 0,17 0,35 0,54 0,44 0,24 1,26 0,33 0,37 1,50 0,77 1,58 1,74
Temperatura do ar
Variância 0,11 0,05 0,44 0,03 0,12 0,29 0,20 0,06 1,58 0,11 0,14 2,26 0,60 2,48 3,03
Kurtose -0,53 3,30 -0,46 1,24 0,16 6,12 -0,33 1,43 -1,26 0,26 -0,83 -1,40 -1,41 -1,08 -0,92
D.P. kurtose 0,74 0,74 0,74 0,79 0,80 0,74 0,73 0,79 0,78 0,78 0,83 0,76 0,40 0,41 0,39
Amplitude 1,2 1,1 2,7 0,7 1,4 2,5 1,7 1,0 4,2 1,4 1,1 4,7 2,9 5,2 6,5
Mínimo 20,5 28,2 19,0 20,5 29,4 18,9 21,0 30,7 20,8 22,0 32,3 20,7 20,5 28,2 18,9
Máximo 21,7 29,3 21,7 21,3 30,8 21,5 22,7 31,7 25,0 23,4 33,4 25,4 23,4 33,4 25,4
Percentis 25 20,8 28,3 20,1 20,6 29,8 20,9 21,6 30,9 22,2 22,2 32,4 22,0 20,8 28,7 20,8
50 20,8 28,4 20,5 20,8 29,9 21,2 22,2 31,0 23,6 22,4 32,7 24,3 21,5 30,6 21,4
75 21,2 28,6 21,0 20,9 30,3 21,4 22,4 31,1 24,5 22,7 32,9 25,0 22,3 31,4 23,6
N 39 39 39 34 33 39 40 34 35 35 30 37 148 136 150
Média 10,2 9,37 9,16 10,3 7,13 9,97 12,1 9,94 11,05 12,0 9,74 11,89 11,2 9,05 10,49
Erro padrão 0,03 0,07 0,09 0,04 0,05 0,04 0,06 0,09 0,21 0,05 0,07 0,20 0,08 0,10 0,11
0,20 0,46 0,57 0,22 0,28 0,22 0,37 0,51 1,24 0,28 0,37 1,20 0,94 1,18 1,37
Umidade absoluta do ar
D.P. média
Variância 0,04 0,21 0,33 0,05 0,08 0,05 0,14 0,26 1,55 0,08 0,14 1,43 0,88 1,40 1,89
Kurtose 6,18 0,25 3,34 -0,36 3,44 5,46 -1,02 -0,02 -0,99 -0,01 3,02 -1,38 -1,71 -0,65 -0,05
D.P. kurtose 0,74 0,74 0,74 0,79 0,80 0,74 0,73 0,79 0,78 0,78 0,83 0,76 0,40 0,41 0,39
Amplitude 1,2 2,22 2,66 0,8 1,40 1,20 1,3 1,96 3,65 1,2 1,71 3,68 2,8 4,49 5,44
Mínimo 9,8 8,38 8,51 10,0 6,73 9,64 11,3 9,26 9,79 11,4 9,26 10,28 9,8 6,73 8,51
Máximo 11,0 10,59 11,17 10,8 8,13 10,84 12,6 11,22 13,45 12,6 10,97 13,96 12,6 11,22 13,96
Percentis 25 10,1 8,99 8,83 10,2 6,94 9,82 11,7 9,51 9,99 11,8 9,44 10,74 10,3 8,41 9,77
50 10,2 9,34 8,96 10,3 7,09 9,95 12,1 9,80 10,46 12,0 9,66 11,99 11,4 9,43 10,05
75 10,3 9,71 9,25 10,5 7,28 10,05 12,4 10,27 12,14 12,1 9,91 13,02 12,0 9,80 11,02
145
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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Figura 6.13 – Temperatura do ar [oC] na Zona 1 ao longo de quatro dias em três horários. Dados
obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. Pontos em
verde – temperatura do ar abaixo do 1º quartil; Pontos em amarelo – temperatura do ar
interquartis; Pontos em vermelho – temperatura do ar acima do 3º quartil.
146
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 2
A Figura 6.14 e a Tabela 6.8 mostram os resultados da temperatura do ar e umidade
absoluta do ar, coletados por meio móvel em três horários do dia, na Zona 2. Verificou-se
que a média horária da temperatura do ar aumentou ao longo dos dias monitorados, porém a
umidade absoluta elevou-se até o 3º dia, diminuindo no 4º dia. Isso pode indicar uma
restrição na disponibilidade de água para a evaporação no último dia, contrapondo-se aos
dados observados na Zona 1, onde verificou-se uma decréscimo seguido de aumento da
umidade absoluta do ar.
Às 21:00h a temperatura do ar apresentou-se mais elevada que às 9:00h, em
decorrência da inércia térmica da área urbana. A temperatura média máxima ocorreu às
15:00h, bem como a máxima das mínimas e a máxima das máximas, comparando-se os três
horários analisados. Respondendo de maneira inversa à temperatura do ar, a umidade
absoluta do ar apresentou-se mais elevada ao amanhecer, diminuindo com o aquecimento
do ar e das superfícies durante à tarde e elevando-se novamente à noite.
A amplitude dos dados de temperatura do ar sofreu pequena variação horária, sendo,
em geral, maior às 15:00h. Já a amplitude dos dados de umidade absoluta do ar variou ao
longo dos horários monitorados, não se observando um padrão no seu comportamento.
A identificação dos locais mais aquecidos e menos aquecidos na Zona 2, através da
análise dos percentis, é apresentada na Figura 6.15, sendo possível observar um padrão
relacionado às manchas de usos do solo. Verificou-se um sobreaquecimento no centro de
bairro, próximo à rotatória da Torre do Castelo, em todos os horários analisados. Neste
local, apesar das características construtivas assemelharem-se a outros trechos do bairro,
havia maior geração de calor por veículos, além de uma grande área pavimentada na
rotatória.
As imediações do Bosque dos Italianos apresentaram-se sempre mais aquecidas que
as do Bosque dos Alemães. No entanto, este local esteve mais frio que o centro de bairro,
com diferenças térmicas mais evidentes às 15:00h e 21:00h. Apesar disso, somente no 2º
dia à tarde o Bosque dos Italianos apresentou temperaturas inferiores ao 1º quartil,
predominando uma situação de temperaturas moderadas a quentes (interquartil ou superior
ao 3º quartil).
147
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
148
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.14 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na Zona 2 ao longo de
quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e
02/09/2009, em Campinas-SP.
149
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.7 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 2.
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Geral
9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h
N 14 22 22 23 19 24 28 26 22 25 24 20 90 91 88
Média 20,4 28,2 21,1 20,5 28,9 21,3 23,2 30,7 24,9 23,8 31,8 25,3 22,2 30,0 23,0
Erro padrão 0,08 0,10 0,05 0,05 0,10 0,06 0,06 0,06 0,09 0,10 0,13 0,11 0,16 0,16 0,21
D.P. média 0,30 0,45 0,24 0,24 0,44 0,27 0,32 0,33 0,44 0,49 0,62 0,51 1,56 1,50 2,00
Temperatura do ar
Variância 0,09 0,20 0,06 0,06 0,20 0,07 0,10 0,11 0,19 0,24 0,39 0,26 2,43 2,26 3,99
Kurtose 0,73 -1,41 -1,65 -1,43 -1,28 -1,13 1,88 -1,81 -1,15 -1,77 -1,55 -1,70 -1,69 -1,25 -1,86
D.P. kurtose 1,15 0,95 0,95 0,93 1,01 0,92 0,86 0,89 0,95 0,90 0,92 0,99 0,50 0,50 0,51
Amplitude 1,0 1,4 0,6 0,7 1,3 1,0 1,3 0,9 1,5 1,3 1,8 1,4 4,4 5,1 5,2
Mínimo 20,0 27,7 20,8 20,1 28,3 20,8 22,3 30,2 24,2 23,1 30,9 24,6 20,0 27,7 20,8
Máximo 21,0 29,0 21,4 20,8 29,6 21,8 23,7 31,2 25,7 24,4 32,7 26,0 24,4 32,7 26,0
Percentis 25 20,1 27,8 20,9 20,3 28,5 21,1 23,1 30,4 24,6 23,3 31,2 24,8 20,5 28,6 21,1
50 20,3 28,2 21,0 20,5 28,9 21,3 23,3 30,9 24,9 23,8 32,0 25,2 23,1 30,4 21,7
75 20,5 28,6 21,3 20,7 29,4 21,5 23,4 31,0 25,3 24,3 32,4 25,8 23,4 31,1 25,0
N 14 22 22 23 19 24 28 26 22 25 24 20 90 91 88
Média 9,98 8,13 9,18 10,22 7,08 8,95 11,70 9,00 10,24 11,57 8,94 10,76 11,02 8,37 9,74
Erro padrão 0,09 0,07 0,05 0,08 0,11 0,05 0,05 0,06 0,08 0,06 0,09 0,08 0,09 0,09 0,09
D.P. média 0,33 0,35 0,23 0,37 0,49 0,26 0,29 0,32 0,37 0,32 0,42 0,34 0,82 0,85 0,80
Umidade absoluta do ar
Variância 0,11 0,12 0,05 0,14 0,24 0,07 0,08 0,10 0,14 0,10 0,18 0,12 0,67 0,72 0,64
Kurtose 10,36 1,57 2,79 1,08 8,79 0,08 0,42 -0,14 3,86 6,28 3,66 -0,47 -1,32 -0,53 -1,14
D.P. kurtose 1,15 0,95 0,95 0,93 1,01 0,92 0,86 0,89 0,95 0,90 0,92 0,99 0,50 0,50 0,51
Amplitude 1,35 1,21 0,91 1,44 2,18 0,97 1,19 1,29 1,58 1,59 1,89 1,21 3,06 3,66 2,88
Mínimo 9,72 7,81 8,94 9,66 6,64 8,55 11,23 8,43 9,84 11,12 8,41 10,22 9,66 6,64 8,55
Máximo 11,07 9,02 9,85 11,10 8,82 9,52 12,42 9,72 11,42 12,72 10,30 11,43 12,72 10,30 11,43
Percentis 25 9,84 7,88 9,02 10,03 6,79 8,74 11,52 8,76 10,00 11,38 8,63 10,47 10,12 7,88 9,04
50 9,89 7,98 9,12 10,17 6,96 8,94 11,64 8,98 10,15 11,53 8,90 10,82 11,35 8,63 9,60
75 9,96 8,28 9,21 10,24 7,11 9,06 11,87 9,21 10,37 11,66 9,08 10,96 11,64 8,98 10,41
150
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.15 – Temperatura do ar [oC] na Zona 2 ao longo de quatro dias em três horários. Dados
obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. Pontos em
verde – temperatura do ar abaixo do 1º quartil; Pontos em amarelo – temperatura do ar
interquartis; Pontos em vermelho – temperatura do ar acima do 3º quartil.
151
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 3
A Figura 6.16 e a Tabela 6.9 apresentam os resultados da temperatura do ar e
umidade absoluta do ar, coletados por meio móvel em três horários do dia, na Zona 3 -
Centro. Observa-se que houve um aumento na temperatura do ar ao longo dos quatro dias
de monitoramento, acentuando-se no 3º dia. Do mesmo modo, ocorreu a elevação da
umidade absoluta do ar até o 3º dia, diminuindo no último dia. Este mesmo comportamento
fora observado na Zona 2, o que pode indicar ter havido uma restrição de água no solo e
demais superfícies disponível para a evaporação, acompanhadas do aumento da
temperatura do ar, predominando as trocas de calor sensível ao latente.
A umidade absoluta do ar apresentou-se mais elevada às 9:00h, diminuindo às
15:00h e aumentando novamente às 21:00h, respondendo inversamente à variação da
temperatura do ar.
Portanto, há um limiar na taxa de evapotranspiração das florestas que responde às
condições de tempo e à quantidade de água disponível no solo e na folhagem: a
evapotranspiração é máxima com o solo úmido, se a atmosfera estiver quente e seca; e a
evapotranspiração é mínima quando o solo está seco, se a atmosfera estiver quente e seca.
Neste experimento há indícios de uma transição da primeira para a segunda condição.
A amplitude dos dados de temperatura do ar na Zona 3 foi maior às 9:00h, enquanto
a amplitude dos dados de umidade absoluta do ar foi maior às 15:00h, nos dois primeiros
dias de monitoramento, e às 21:00h, nos dois últimos dias. Isso significa que as diferenças
térmicas intra-urbanas nesta zona foram mais visíveis e significativas pela manhã, três
horas após o nascer do sol, mas as diferenças na umidade absoluta do ar foram mais
evidentes quando a umidade relativa do ar estava baixa.
A análise dos percentis, com a identificação dos locais de maior e menor
aquecimento, consta na Figura 6.17. O trecho percorrido na Av. Orozimbo Maia, ao longo
do curso d’água, apresentou-se aquecido (temperatura superior ao 3º quartil) ou com
temperatura moderada (temperatura interquartis) às 9:00h, tendendo a resfriar-se ao longo
do dia, em comparação aos demais pontos.
Os locais mais aquecidos variaram em relação ao horário do dia. Às 9:00h os pontos
mais aquecidos estavam situados na parte baixa da Av. Francisco Glicério, caracterizada
152
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
153
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.16 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na Zona 3 ao longo de
quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em
Campinas-SP.
154
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.8 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 3.
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Geral
9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h
N 17 21 15 14 15 12 18 24 13 33 18 13 82 78 53
Média 20,9 29,1 21,3 20,5 29,6 21,4 22,8 31,1 25,4 23,3 32,7 25,8 22,2 30,6 23,4
Erro padrão 0,20 0,06 0,04 0,17 0,05 0,07 0,09 0,05 0,10 0,12 0,06 0,14 0,15 0,16 0,30
D.P. média 0,82 0,28 0,15 0,62 0,20 0,24 0,40 0,23 0,38 0,69 0,27 0,49 1,38 1,42 2,18
Temperatura do ar
Variância 0,67 0,08 0,02 0,39 0,04 0,06 0,16 0,05 0,14 0,48 0,07 0,24 1,90 2,02 4,74
Kurtose 1,95 2,04 0,30 -1,68 -1,00 -1,21 -0,06 -0,24 1,60 -1,11 1,02 -0,48 -1,15 -1,25 -1,96
D.P. kurtose 1,06 0,97 1,12 1,15 1,12 1,23 1,04 0,92 1,19 0,80 1,04 1,19 0,53 0,54 0,64
Amplitude 3,2 1,1 0,6 1,8 0,6 0,7 1,5 0,9 1,3 2,4 1,1 1,6 4,8 5,0 5,4
Mínimo 19,9 28,3 21,0 19,7 29,2 21,0 21,9 30,7 24,5 22,0 32,1 24,8 19,7 28,3 21,0
Máximo 23,1 29,4 21,6 21,4 29,8 21,6 23,5 31,7 25,8 24,4 33,2 26,3 24,4 33,2 26,3
Percentis 25 20,2 28,9 21,2 19,9 29,3 21,2 22,5 30,9 25,2 22,6 32,6 25,5 21,1 29,3 21,3
50 20,6 29,2 21,3 20,3 29,6 21,4 22,7 31,0 25,5 23,5 32,7 26,1 22,5 30,9 21,6
75 21,4 29,3 21,4 21,1 29,8 21,6 23,1 31,3 25,6 23,9 32,8 26,2 23,5 31,6 25,6
N 17 21 15 14 15 12 18 24 13 33 18 13 82 78 53
Média 9,85 7,50 9,15 10,25 7,48 9,08 11,57 9,25 10,01 11,57 8,69 10,44 10,99 8,31 9,66
Erro padrão 0,08 0,07 0,04 0,04 0,11 0,14 0,04 0,03 0,07 0,02 0,04 0,11 0,09 0,09 0,09
D.P. média 0,32 0,31 0,14 0,15 0,44 0,50 0,16 0,13 0,25 0,11 0,16 0,39 0,78 0,83 0,67
Umidade absoluta do ar
Variância 0,10 0,10 0,02 0,02 0,19 0,25 0,03 0,02 0,06 0,01 0,03 0,15 0,61 0,70 0,45
Kurtose 1,57 13,03 0,13 -0,79 4,81 -0,70 -0,10 -0,39 -1,58 -0,07 -1,43 -1,52 -1,30 -1,69 -0,87
D.P. kurtose 1,06 0,97 1,12 1,15 1,12 1,23 1,04 0,92 1,19 0,80 1,04 1,19 0,53 0,54 0,64
Amplitude 1,12 1,55 0,44 0,52 1,73 1,55 0,62 0,54 0,77 0,47 0,50 1,07 2,34 2,48 2,49
Mínimo 9,54 7,19 8,87 9,96 7,01 8,47 11,26 8,96 9,63 11,33 8,43 9,88 9,54 7,01 8,47
Máximo 10,65 8,74 9,31 10,48 8,74 10,01 11,88 9,50 10,40 11,80 8,92 10,95 11,88 9,50 10,95
Percentis 25 9,65 7,34 9,06 10,13 7,20 8,57 11,46 9,16 9,79 11,50 8,54 10,05 10,25 7,45 9,13
50 9,75 7,45 9,15 10,27 7,42 8,96 11,55 9,24 9,97 11,58 8,75 10,50 11,46 8,56 9,64
75 9,95 7,53 9,27 10,40 7,48 9,48 11,65 9,37 10,22 11,64 8,82 10,79 11,60 9,13 10,19
155
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.17 – Temperatura do ar [oC] na Zona 3 ao longo de quatro dias em três horários. Dados
obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. Pontos em
verde – temperatura do ar abaixo do 1º quartil; Pontos em amarelo – temperatura do ar
interquartis; Pontos em vermelho – temperatura do ar acima do 3º quartil.
156
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 4
A Figura 6.18 e a Tabela 6.10 mostram os resultados da temperatura do ar e
umidade absoluta do ar para a Zona 4. Do mesmo modo que nas zonas já analisadas,
observou-se que as médias horárias das variáveis climáticas aumentaram ao longo dos
quatro dias, acentuando-se no 3º dia. Verificou-se, também, a intensificação das diferenças
térmicas intra-urbanas com o aumento da temperatura média diária.
Apesar da média horária da temperatura do ar ser menor às 9:00h, a temperatura
mínima observada nos dois primeiros dias ocorreu às 21:00h, indicando que nesta zona
existem pontos com elevada taxa de resfriamento, distinguindo-se dos demais. Já os valores
máximos para a temperatura do ar ocorreram às 15:00h.
A umidade absoluta do ar respondeu de maneira inversa ao comportamento térmico
diário. Houve um aumento até o 3º dia, com um decréscimo sutil às 15:00 do 4º dia, quando
houve também grande amplitude dos dados.
A amplitude dos dados de temperatura sempre foi maior no horário noturno,
evidenciando os pontos de maior e menor aquecimento. Já a maior amplitude dos dados de
umidade absoluta do ar ocorreu às 15:00h, nos dois primeiros dias, e às 21:00h, nos dois
últimos dias. O mesmo ocorreu na Zona 3, indicando que as diferenças na umidade absoluta
do ar foram mais evidentes quando a umidade relativa do ar estava baixa.
A identificação dos locais de maior e menor aquecimento, possibilitada pela análise
dos percentis, é apresentada na Figura 6.19. No trecho inicial do percurso, na fronteira com
a Zona 3, entre o Bosque dos Jequitibás e o Bosque São José, a temperatura elevou-se ao
longo dos quatro dias de monitoramento. Às 15:00h, nos dois primeiros dias, o trecho
apresentou temperaturas abaixo do 1º quartil, porém a partir do 3º dia esta região sofreu um
aquecimento em todos os horários. Observou-se, ainda, que às 21:00h a temperatura esteve
sempre elevada, apesar deste trecho viário situar-se sobre um fundo de vale e entre dois
fragmentos florestais. O trecho é caracterizado por edifícios altos ao longo da avenida sobre
o vale; predominam as atividades comerciais e de serviços, com tráfego intenso e
congestionamentos em horários de pico.
As imediações do Bosque São José apresentaram baixas temperaturas,
comparativamente ao trecho percorrido sobre a avenida. Apesar disso, a temperatura
157
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
158
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
159
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.18 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na Zona 4 ao longo de
quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e
02/09/2009, em Campinas-SP.
160
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.9 – Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 4.
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Geral
9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h
N 54 57 51 54 52 55 57 56 50 54 54 53 219 219 209
Média 19,7 29,0 19,7 19,7 29,2 20,1 21,4 30,5 24,2 21,3 32,2 24,0 20,5 30,2 22,0
Erro padrão 0,03 0,03 0,08 0,03 0,05 0,08 0,08 0,04 0,08 0,07 0,07 0,10 0,06 0,09 0,15
D.P. média 0,21 0,26 0,59 0,22 0,33 0,61 0,58 0,30 0,58 0,50 0,49 0,74 0,94 1,30 2,19
Temperatura do ar
Variância 0,04 0,07 0,35 0,05 0,11 0,37 0,34 0,09 0,34 0,25 0,24 0,54 0,88 1,69 4,80
Kurtose 0,16 -0,38 -1,61 -0,49 -0,46 -0,87 -0,71 -0,51 -0,68 -0,10 -1,44 -0,01 -1,00 -0,89 -1,69
D.P. kurtose 0,64 0,62 0,66 0,64 0,65 0,63 0,62 0,63 0,66 0,64 0,64 0,64 0,33 0,33 0,33
Amplitude 0,9 1,1 1,8 0,9 1,2 2,2 2,1 1,3 2,6 1,9 1,4 3,8 3,6 4,4 6,9
Mínimo 19,1 28,5 18,9 19,2 28,5 19,0 20,6 29,8 23,0 20,5 31,5 22,0 19,1 28,5 18,9
Máximo 20,0 29,6 20,7 20,1 29,8 21,3 22,7 31,2 25,6 22,4 32,9 25,8 22,7 32,9 25,8
Percentis 25 19,5 28,8 19,1 19,5 28,9 19,7 21,0 30,2 23,7 20,9 31,6 23,4 19,7 29,1 20,0
50 19,7 29,0 19,8 19,7 29,3 20,2 21,3 30,4 24,3 21,2 32,2 24,0 20,6 29,8 21,2
75 19,8 29,2 20,3 19,9 29,5 20,4 21,7 30,7 24,7 21,6 32,6 24,6 21,3 31,2 24,1
N 54 57 51 54 52 55 57 56 50 54 54 53 219 219 209
Média 9,72 7,54 9,95 10,09 7,66 9,08 11,38 9,23 10,27 11,69 8,87 10,55 10,73 8,36 9,95
Erro padrão 0,04 0,07 0,03 0,04 0,06 0,05 0,02 0,04 0,11 0,04 0,05 0,11 0,06 0,06 0,06
D.P. média 0,32 0,53 0,24 0,27 0,44 0,36 0,16 0,27 0,80 0,31 0,36 0,82 0,87 0,94 0,82
Umidade absoluta do ar
Variância 0,10 0,28 0,06 0,07 0,10 0,13 0,03 0,07 0,64 0,10 0,13 0,67 0,76 0,87 0,68
Kurtose 10,23 0,23 0,18 0,12 10,57 18,28 0,13 7,85 2,45 0,45 4,21 -0,54 -1,51 6,39 0,41
D.P. kurtose 0,64 0,62 0,66 0,64 0,65 0,63 0,62 0,63 0,66 0,64 0,64 0,64 0,33 0,33 0,33
Amplitude 1,88 2,23 1,01 1,33 2,59 2,29 0,65 1,75 3,64 1,47 2,01 3,51 3,15 4,08 3,98
Mínimo 9,34 6,37 9,45 9,36 7,19 8,78 11,15 8,71 9,13 11,02 8,23 8,79 9,34 6,37 8,78
Máximo 11,22 8,60 10,46 10,69 9,78 11,08 11,80 10,45 12,76 12,50 10,24 12,30 12,50 10,45 12,76
Percentis 25 9,53 7,45 9,80 9,88 7,42 8,91 11,25 9,09 9,85 11,43 8,64 9,82 9,85 7,61 9,23
50 9,66 7,66 9,96 10,11 7,60 8,97 11,34 9,19 10,09 11,69 8,81 10,74 11,15 8,51 9,92
75 9,79 7,80 10,09 10,26 7,79 9,17 11,45 9,33 10,48 11,84 9,00 11,12 11,44 9,09 10,41
161
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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Figura 6.19 – Temperatura do ar [oC] na Zona 4 ao longo de quatro dias em três horários. Dados
obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. Pontos em
verde – temperatura do ar abaixo do 1º quartil; Pontos em amarelo – temperatura do ar
interquartis; Pontos em vermelho – temperatura do ar acima do 3º quartil.
162
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 5
Os resultados dos monitoramentos de temperatura do ar e umidade absoluta do ar
por meio móvel da Zona 5 são apresentados na Figura 6.20 e Tabela 6.11. Assim como nas
demais áreas, verificou-se um aumento da temperatura do ar e umidade absoluta do ar ao
longo dos quatro dias monitorados.
A temperatura média mínima tendeu a ocorrer às 21:00h, indicando que nesta zona
a taxa de resfriamento é superior à taxa de aquecimento, sofrendo, porém, alterações ao
longo dos quatro dias. As diferenças térmicas entre os pontos também foram mais
acentuadas à noite. As temperaturas mais elevadas ocorreram às 15:00h, como nos demais
casos.
A umidade absoluta apresentou-se mais elevada às 9:00h, diminuindo às 15:00h e
elevando-se às 21:00h. A diferença de umidade entre os pontos variou entre os dias e
horários, sendo que a amplitude máxima observada ocorreu no 3º dia à noite, mantendo-se
elevada no último dia, em todos os horários.
Como o percurso para a aquisição das variáveis climáticas na Zona 5 foi curto, a
variação dos dados foi pequena, não observando-se um padrão no comportamento térmico
que represente as manchas de usos do solo, como mostrado na Figura 6.21.
Verificou-se uma tendência ao aquecimento nos pontos mais próximos à rodovia,
influenciados pela ampla pavimentação e fronteira com a zona rural. Esperava-se que a
temperatura do ar na rua lateral do Bosque da Paz e no fundo de vale, próximo ao Ribeirão
das Anhumas, fosse mais baixa que nos demais pontos, o que não foi observado. Neste
local verificou-se a presença de uma extensa área de gramado, que faz parte do sistema de
lazer anexo ao Bosque da Paz. Os pontos de temperatura abaixo do 1º quartil ocorreram de
maneira ocasional, variando entre os dias e horários.
Predominaram as situações em que o centro da área monitorada apresentou
temperaturas inferiores aos pontos próximos da rodovia, com exceção do 3º e 4º dia, às
9:00h, momentos em que tanto as imediações do bosque quanto do curso d’água estiveram
mais aquecidos que o trecho próximo à rodovia.
Notou-se, portanto, certa homogeneidade na distribuição térmica, que pode ter sido
provocada tanto pela influência das massas de ar provenientes da zona rural, como pelas
163
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.20 – Temperatura do ar [oC] (a) e umidade absoluta do ar [g/m3] (b) na Zona 5 ao longo de
quatro dias em três horários. Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e
02/09/2009, em Campinas-SP.
164
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.10– Estatística descritiva dos dados temperatura do ar [oC] e umidade absoluta do ar [g/m3], obtidos por meio móvel na Zona 5.
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Geral
9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h 9:00h 15:00h 21:00h
N 10 11 12 11 10 13 14 12 11 12 10 12 47 43 48
Média 19,9 29,5 17,5 20,0 29,6 17,4 21,2 30,8 22,5 21,3 32,7 20,8 20,7 30,6 19,4
Erro padrão 0,03 0,10 0,11 0,11 0,02 0,14 0,07 0,10 0,17 0,12 0,15 0,16 0,10 0,20 0,33
D.P. média 0,08 0,33 0,39 0,37 0,08 0,49 0,27 0,33 0,56 0,41 0,46 0,57 0,71 1,30 2,26
Temperatura do ar
Variância 0,01 0,11 0,16 0,13 0,01 0,24 0,07 0,11 0,31 0,17 0,21 0,33 0,51 1,69 5,13
Kurtose 1,73 1,79 -1,96 -1,08 -0,80 -1,40 -0,75 -1,44 -0,45 -0,90 -0,68 0,40 -1,45 -0,73 -1,54
D.P. kurtose 1,33 1,28 1,23 1,28 1,33 1,19 1,15 1,23 1,28 1,23 1,33 1,23 0,68 0,71 0,67
Amplitude 0,3 1,2 1,0 1,1 0,2 1,4 0,9 0,9 1,9 1,2 1,4 1,6 2,3 4,1 6,9
Mínimo 19,8 29,1 17 19,5 29,5 16,5 20,8 30,3 21,5 20,6 31,9 20,3 19,5 29,1 16,5
Máximo 20,1 30,3 18,0 20,6 29,7 17,9 21,7 31,2 23,4 21,8 33,2 21,9 21,8 33,2 23,4
Percentis 25 19,8 29,3 17,2 19,6 29,5 16,8 21,0 30,5 22,2 21,0 32,2 20,4 19,9 29,6 17,4
50 19,9 29,6 17,3 20,0 29,6 17,6 21,2 30,8 22,5 21,3 32,8 20,6 20,8 30,3 18,0
75 20,0 29,7 17,9 20,3 29,6 17,7 21,4 31,0 22,9 21,6 33,1 21,1 21,3 31,2 21,8
N 10 11 12 11 10 13 14 12 11 12 10 12 47 43 48
Média 10,35 7,54 9,68 10,85 6,21 10,69 11,81 9,34 10,54 12,43 9,00 10,67 11,43 8,07 10,40
Erro padrão 0,09 0,14 0,09 0,15 0,07 0,20 0,03 0,05 0,29 0,19 0,25 0,21 0,13 0,20 0,12
D.P. média 0,29 0,45 0,31 0,50 0,22 0,74 0,13 0,19 0,96 0,66 0,80 0,72 0,90 1,33 0,81
Umidade absoluta do ar
Variância 0,08 0,20 0,10 0,25 0,05 0,54 0,02 0,04 0,93 0,43 0,64 0,52 0,82 1,77 0,66
Kurtose 1,01 0,93 -1,55 1,50 -0,06 0,15 -0,19 -0,68 -1,42 1,15 -0,09 -0,57 -0,27 -1,24 -0,68
D.P. kurtose 1,33 1,28 1,23 1,28 1,33 1,19 1,15 1,23 1,28 1,23 1,33 1,23 0,68 0,71 0,67
Amplitude 0,93 1,67 0,84 1,86 0,68 2,11 0,43 0,60 2,72 2,43 2,33 2,20 3,86 4,44 2,89
Mínimo 10,03 6,78 9,33 10,08 5,92 10,05 11,65 8,99 9,26 11,45 8,03 9,47 10,03 5,92 9,26
Máximo 10,96 8,45 10,17 11,94 6,60 12,15 12,08 9,59 11,99 13,89 10,36 11,66 13,89 10,36 12,15
Percentis 25 10,14 7,10 9,42 10,62 6,06 10,20 11,71 9,21 9,74 12,10 8,49 10,00 10,65 6,78 9,75
50 10,30 7,60 9,54 10,70 6,21 10,38 11,80 9,35 10,74 12,28 8,78 10,81 11,65 8,17 10,28
75 10,49 7,64 10,00 11,06 6,34 11,21 11,90 9,50 11,37 12,89 9,48 11,27 11,97 9,25 10,88
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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Figura 6.21 – Temperatura do ar [oC] na Zona 5 ao longo de quatro dias em três horários. Dados
obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e 02/09/2009, em Campinas-SP. Pontos em
verde – temperatura do ar abaixo do 1º quartil; Pontos em amarelo – temperatura do ar
interquartis; Pontos em vermelho – temperatura do ar acima do 3º quartil.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
fragmentos florestais sobre o entorno edificado foi baixa. Somente na Zona 4, no trecho
próximo ao Município de Valinhos, verificou-se um efeito de resfriamento causado pela
aproximação da zona rural, devido às massas de ar mais frias, características do clima desta
cidade.
Na Zona 3, central, a diferença térmica entre o Bosque dos Jequitibás e os trechos
urbanos verticalizados foram mais visíveis às 9:00h. Pela tarde, houve um aquecimento
intenso da Av. Aquidabã, verticalizada e com leito viário amplo, provocando um efeito
negativo sobre o bosque. Esta mesma influência foi constatada nas proximidades do
Bosque São José.
A altitude influenciou as diferenças térmicas intra-urbanas, favorecendo o
resfriamento dos pontos situados na porção baixa do terreno. Dessa maneira, o Bosque dos
Alemães mostrou-se mais arrefecido que o Bosque dos Italianos, e os trechos urbanos
situados em pontos elevados não foram influenciados pelas massas de ar frescas e úmidas
provenientes dos bosques, ao contrário dos trechos situados abaixo destes.
A localização em fundos de vale não implicou, entretanto, numa condição climática
favorável dos sítios urbanos adensados e verticalizados, ou nos córregos cujas margens são
pouco arborizadas, como ocorreu na Av. Orozimbo Maia (Zona 3), na Av. Princesa
D’Oeste (Zona 4), ao longo do sistema de lazer junto ao córrego do Bosque dos Guarantãs
(Zona 4) e no trecho urbano ao lado do Ribeirão das Anhumas (Zona 5). Por outro lado,
observou-se uma condição favorável dos sítios urbanos próximos de fundos de vale
vegetados, como no caso de trechos próximos à Mata de Santa Genebra (Zona 1).
Prevaleceu o seguinte estado térmico, nas ruas fronteiriças aos fragmentos
florestais: às 9:00h, temperaturas moderadas (interquartis); às 15:00h, temperaturas
moderadas à frias (interquartis ou inferiores ao 1º quartil); e às 21:00h, temperaturas
moderadas à quentes (interquartis ou superiores ao 3º quartil).
168
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
A C
B D
Figura 6.22 – Diferenças térmicas [oC] e diferenças de umidade absoluta do ar [g/m3] intra-urbanas
em cinco zonas de Campinas-SP, ao longo de quatro dias (gráficos A e B) e três
horários (gráficos C e D). Dados obtidos por meio móvel, entre 29/08/2009 e
02/09/2009, comparados aos registros da estação meteorológica do CEPAGRI, no
mesmo período. Zona 1 – Barão Geraldo e Vila Costa e Silva; Zona 2 – Jardim
Guanabara; Zona 3 – Centro Urbano; Zona 4 – Jardim Proença, Nova Europa, Vila
Formosa; Zona 5 – Jardim Madalena.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 1
A Figura 6.23 apresenta as médias horárias de temperatura e umidade do ar
relacionadas aos padrões espaciais, na abrangência do quarteirão, identificados na Zona 1.
Observou-se que a fronteira da Mata de Santa Genebra sofreu um aquecimento nos três
horários do dia, exceto na porção mais baixa do terreno, em direção ao córrego, onde a
temperatura do ar esteve cerca de 0,3 oC mais baixa do que a média da Zona 1.
Na rua fronteiriça com a mata, o trecho mais elevado (distante do fundo de vale)
apresentou temperatura do ar superior à média da Zona 1, com as seguintes diferenças: 0,3
o
C às 9:00h, 0,2 oC às 15:00h e 1,2 oC às 21:00h. No horário noturno, verificou-se o efeito
de ilha de calor na fronteira mata-casas, com uma diferença térmica em relação ao ambiente
rural (ΔTu-r) de 2,4 oC. O aquecimento na fronteira entre a mata e a área de lazer, onde
predomina a cobertura por grama, também foi observado, alcançando 0,5 oC, às 21:00h.
Apesar do aquecimento do ar na fronteira da Mata de Santa Genebra, a umidade
absoluta do ar mostrou-se elevada. Às 9:00h, não houve diferenças com a área urbanizada,
mas às 21:00h observaram-se as seguintes diferenças em relação à média da Zona 1: na
fronteira mata-casas +0,3 g/m3 ; no trecho próximo ao gramado +0,9 g/m3 ; na fronteira
mata-córrego +1,4 g/m3.
O efeito de resfriamento da Mata de Santa Genebra foi verificado nas quadras
residenciais distantes entre 100 m e 800 m da borda, e não na fronteira da mata com o
ambiente construído. Estas quadras correspondem ao percurso realizado nos bairros Bosque
de Barão e Real Parque, tendo como limite os galpões industriais, lindeiros à Rodovia
170
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
171
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 2
A Figura 6.24 apresenta as médias horárias de temperatura e umidade do ar das
manchas de usos e ocupação do solo da Zona 2, com a presença do Bosque dos Italianos e
do Bosque dos Alemães. As análises serão feitas observando-se a posição das quadras
relativa aos bosques, aos centros urbanos (centro de bairro e fronteira com a área central,
verticalizada) e ao fundo de vale.
Comparando o centro de bairro, localizado na porção mais elevada do terreno, ao
trecho urbano próximo do Centro, localizado no fundo de vale, verificou-se certa influência
da topografia na temperatura local urbana. Às 9:00h, a rotatória da Praça da Torre do
Castelo (topo do terreno) apresentou temperatura do ar 1 oC mais elevada do que a média
geral dos pontos da Zona 2, enquanto o trecho urbano próximo ao Centro (fundo de vale)
apresentou temperatura do ar 1 oC inferior a média da Zona 2, havendo, portanto uma
diferença térmica de 2 oC entre estes locais. Já às 15:00h observou-se que o vale sofreu
influências da Zona Central, apresentando-se 1 oC mais aquecido do que o centro de bairro.
Às 21:00h ocorreu novamente uma inversão, com o resfriamento do vale, que apresentou
temperatura do ar 0,7_oC inferior ao centro de bairro.
Portanto, constatou-se que pela manhã e à noite o vale favoreceu o resfriamento
urbano, porém, à tarde a massa de ar quente e seca do Centro provocou o sobreaquecimento
deste trecho. A presença de água, bem como o deslocamento das massas de ar frias e
úmidas em direção ao fundo de vale, tornou-se insuficiente para arrefecer esta região
urbana mais verticalizada.
As quadras residenciais localizadas a montante do Bosque dos Italianos
apresentaram, às 9:00h, temperatura do ar 0,5 oC mais elevada do que a média dos pontos
que representam a Zona 2. As quadras situadas entre os bosques dos Italianos e dos
Alemães, que correspondem a um trecho de 500 m, apresentaram temperatura do ar 0,2 oC
inferior à média da Zona 2, bem como as quadras a jusante do Bosque dos Alemães, em
direção ao vale. A umidade absoluta do ar nas quadras a montante do Bosque dos Italianos,
às 9:00h, esteve 0,2 g/m3 inferior que a média da Zona 2. No mesmo horário, as quadras a
jusante do bosque dos Alemães apresentaram umidade absoluta do ar 0,1 g/m3 superior à
Zona 2. Constatou-se, assim, um aumento de 0,3 g/m3 de umidade absoluta do ar e um
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 3
A Figura 6.25 apresenta as médias horárias de temperatura e umidade do ar das
manchas de usos e ocupação do solo da Zona 3 (Centro) onde há o Bosque dos Jequitibás.
Às 9:00h o trecho urbano próximo ao bosque foi o local menos aquecido dentre as manchas
de uso e ocupação que compõem a Zona 4, com temperatura do ar 1,4 oC abaixo da média.
Contudo, a umidade absoluta esteve 0,3 g/m3 abaixo da média.
Com o aquecimento geral da área central e diminuição na umidade absoluta do ar,
verificou-se que às 15:00h a fronteira com o bosque permaneceu arrefecida, com
temperatura do ar 0,5 oC abaixo da média. O trecho urbano fronteiriço a um sistema de
lazer, próximo do fundo de vale, e a via sobre o canal na Av. Orozimbo Maia, também
mostraram-se arrefecidos. Já, as quadras ao longo da Av. Francisco Glicério, altamente
verticalizada e com baixa abertura para o céu, estiveram aquecidas neste horário, com
temperatura do ar 0,4 oC mais elevada do que a média. Por outro lado, a umidade absoluta
do ar, neste trecho verticalizado, apresentou-se mais elevada do que nos locais mais
abertos, tais como na fronteira bosque-centro e na avenida sobre o canal, indicando intensa
evaporação em áreas mais expostas à radiação solar.
Às 21:00h houve uma inversão no comportamento térmico das manchas de usos do
solo presentes ao longo do trajeto. Verificou-se o sobreaquecimento da fronteira bosque-
centro, com temperatura do ar 1 oC superior à média, enquanto o “core” da área central
apresentou temperatura do ar 0,5 oC inferior à média. Porém, o trecho fronteiriço ao
bosque esteve mais úmido que a área verticalizada, com uma diferença na umidade absoluta
do ar alcançando 0,5 g/m3. Notou-se uma tendência no aumento da umidade absoluta do ar
em direção ao fundo de vale.
Não é conclusivo que a presença do bosque na zona central seja responsável pelo
arrefecimento da área urbana de aproximação. No entanto, ao calcular a diferença térmica
entre este trecho e o “core” da zona central, constatou-se que: às 9:00h a temperatura do ar
apresentou-se 1 oC mais baixa na fronteira com o bosque; às 15:00h a diferença térmica
passou para 0,4 oC; e às 21:00h houve um sobreaquecimento da zona de aproximação ao
bosque, com temperatura do ar 0,8 oC mais elevada que o “core”. Isso representa uma ilha
de calor, nas imediações do Bosque dos Jequitibás, com intensidade de 2,9 oC.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 4
A Figura 6.26 apresenta as médias horárias de temperatura e umidade do ar das
manchas de usos e ocupação do solo da Zona 4, local onde encontram-se o Bosque São
José e o Bosque dos Guarantãs. Esta zona sofreu a influência de duas áreas distintas: o
primeiro trecho, que parte da fronteira com a Zona 3 e vai até o trecho próximo ao
Cemitério da Saudade, esteve sob influência da massa de ar aquecida do Centro; o segundo
trecho que parte do Bosque dos Guarantãs em direção à Valinhos, esteve sob influência da
massa de ar fria da zona rural.
Analisando o primeiro trecho, verificou-se que a fronteira do Bosque São José
apresentou-se mais arrefecida e úmida do que as áreas de transição para a zona central, que
são ocupadas por edifícios altos e casas. Destaca-se que às 21:00h a diferença térmica entre
a fronteira com o Bosque dos Jequitibás (Zona 3) e a fronteira com o Bosque São José
(Zona 4) foi de 2,1 oC, indicando maior intensidade das ilhas de calor no fragmento florestal
próximo da zona central.
A fronteira casas-bosque mostrou-se mais arrefecida e úmida que o trecho urbano
percorrido sobre uma avenida implantada em fundo de vale, que conecta o Bosque São José
e o Bosque dos Jequitibás. Isso mostra que a verticalização favoreceu o aquecimento do ar.
Às 9:00h, a diferença térmica entre estes locais foi de 0,3 oC, e a diferença de umidade
absoluta do ar foi de 0,2 g/m3; às 15:00h, a diferença térmica passou para 0,2 oC, e a
umidade absoluta do ar entre os dois trechos igualaram-se; às 21:00h verificou-se uma
diferença térmica de 0,5 oC e de umidade absoluta do ar de 0,2 g/m3.
Comparando a fronteira casas-bosque com a área composta por cemitério e gal-
pões, verificou-se que a diferença mais significativa ocorreu às 21:00h, quando a área pró-
xima ao cemitério apresentou temperatura do ar 0,5 oC inferior à da fronteira com o bosque.
Comparando a fronteira do Bosque São José com a média da Zona 4, verificou-se
que o local esteve mais úmido 0,3 g/m3 às 9:00h, com temperatura do ar igual à média; às
15:00h a temperatura do ar esteve 0,1 oC abaixo da média e a umidade absoluta do ar 0,1
g/m3 acima da média; e às 21:00h a fronteira esteve mais aquecida 0,3 oC, e mais úmida
0,2g/m3.
O trecho composto por edificações mistas, distante entre 700 e 900 m do Bosque
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
São José, apresentou-se mais frio e mais seco que a média da Zona 4, com as seguintes
diferenças: às 9:00h a temperatura do ar esteve 0,9 oC abaixo da média e a umidade
absoluta do ar, 0,5 g/m3 abaixo da média da Zona 4; às 15:00h, a diferença foi de 0,2 oC e
0,2 g/m3 ; e às 21:00h a diferença foi de 0,2 oC e 0,1 g/m3. No entanto, não foi possível
atribuir a mitigação térmica à presença do Bosque São José, visto este trecho urbano está
situado na vertente oposta ao bosque, tendo o cemitério como divisor de águas. Assim, é
mais provável que este trecho com edificações mistas tenha sido influenciado pelo
cemitério, tendo em vista que a umidade do ar encontrava-se abaixo da média esperada.
Partindo do fundo de vale em direção ao Bosque dos Guarantãs, observou-se um
aumento na temperatura do ar. Neste caso, o bosque ocupava o topo da vertente analisada,
deslocando o ar arrefecido e úmido para o fundo de vale. No entanto, a presença do sistema
de lazer junto ao bosque não favoreceu o arrefecimento do seu entorno. Apesar da presença
do lago e do córrego, este local está coberto por extenso gramado, areia e quadras
esportivas pavimentadas, provocando o aquecimento e aridez do ar local.
A fronteira do Bosque dos Guarantãs apresentou temperatura do ar 0,1 oC superior à
média da Zona 4, às 9:00h e às 15:00h. Já às 21:00h, a temperatura do ar diminuiu,
apresentando-se 0,4 oC inferior à média. A umidade absoluta do ar diferenciou-se +0,1
g/m3da média. Apesar do resfriamento noturno, possivelmente causado pelos dos ventos
provenientes da zona rural, verificou-se que as casas distantes entre 800-1500 m do bosque
estiveram mais frias do que a fronteira com o bosque, constatando-se as seguintes
diferenças: 0,2_oC às 9:00h, 0,1 oC às 15:00h e 0,7 oC às 21:00h. Isso representa uma
diferença térmica em relação à média de 1,1 oC e um aumento na umidade absoluta do ar de
0,7 g/m3, indicando uma ação conjunta entre o bosque e da massa de ar rural no
resfriamento destas quadras.
O sistema de lazer, distante a 1500 m do Bosque dos Guarantãs, apresentou
temperatura do ar 1,4 oC mais baixa do que a média geral da zona, no horário noturno, o
que deve ser causa da baixa abertura do dossel, aumentando a taxa de resfriamento. No
entanto, a área rurbana, que contém um pequeno fragmento de vegetação, esteve mais
aquecida neste horário, possivelmente devido às características construtivas do entorno
próximo, onde há um maior número de galpões.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
(a)
Figura 6.26 – Diferenças térmicas e de umidade do ar na Zona 4. (a) Trecho 1 – Bosque São José;
(b) Trecho 2 – Bosque dos Guarantãs.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
(b)
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Zona 5
A Figura 6.27 apresenta as médias horárias de temperatura e umidade do ar das
manchas de usos e ocupação do solo da Zona 5, onde encontra-se o Bosque da Paz.
Verificou-se que a fronteira bosque-casas sofreu um aquecimento de 0,2 oC nos três
horários do dia, em relação à média que representa a Zona 5, e a umidade absoluta do ar
apresentou-se mais elevada 0,3 g/m3, às 15:00h. Já na fronteira do bosque com uma área
institucional a temperatura do ar mostrou-se mais amena (0,1 oC mais baixa às 9:00h e
21:00h) e umidade absoluta um pouco superior à média às 15:00h (0,2 g/m3).
Na Zona 5, existiam dois trechos com quadras residenciais – o primeiro estava mais
próximo do shopping e da rodovia e o segundo adentrava a malha urbana consolidada da
cidade. Ambos tinham certa aproximação com cursos d’água. Ao compará-los, verificou-se
que o trecho próximo ao shopping apresentou-se mais aquecido e mais úmido, com as
seguintes diferenças em relação à área urbana próxima do bosque: 0,5_oC e 1,8 g/m3 às
9:00h; 0,4 oC e -0.7 g/m3 às 15:00h; 0,2 oC e 1,4 g/m3 às 21:00h. Apesar destas diferenças,
ambos os locais apresentaram temperatura do ar igual ou inferior à rua fronteiriça ao
bosque.
Às 15:00h o trecho próximo do Ribeirão das Anhumas esteve mais aquecido que as
demais manchas de usos da Zona 5, com uma diferença térmica de 0,5 oC em relação à
média. Considera-se que a ausência de um reflorestamento adequado de suas margens, a
urbanização e a área de gramado presente no sistema de lazer no Bosque da Paz ,
contribuíram para o aquecimento deste fundo de vale. Assim, o corpo d’água foi
insuficiente para diminuir o fluxo de calor proveniente do solo exposto, gramado e
materiais construtivos no período da tarde.
Outro fenômeno observado foi o aquecimento do ar no interior do Bosque da Paz às
21:00h (na altura de 1,5 m), com temperatura do ar 1,7 oC superior à média dos pontos da
Zona 5, diferentemente das demais zonas analisadas 11. Este fenômeno pode ser atribuído à
11
Ressalta-se que os monitoramentos microclimáticos no interior dos bosques
foram realizados no mesmo período das medidas móveis em área urbana.
184
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
obstrução das ondas longas pelo dossel florestal e ao resfriamento da área urbana no
período noturno.
Portanto, constatou-se que a Zona 5 sofreu grande influência do ambiente rural, com
intenso aquecimento da área urbana no período da tarde e resfriamento noturno, diminuindo
o efeito Bosque da Paz sobre o entorno edificado.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.11 – Diferença térmica entre os fragmentos florestais e urbanos e as zonas urbanas em que
se inserem. Medidas fixas realizadas a 1,5 m (fragmentos) e medidas móveis estimadas para a altura
de 10 m (área urbana).
Hora Diferença térmica floresta-área urbana - ΔTf-u [oC]
MSG ITA ALE S. JOSÉ GUA PAZ
9:00h -0,6 -1,7 -2,5 -0,3 0,5 -1,0
15:00h -3,9 -3,8 -3,6 -4,1 -3,7 -4,2
21:00h -0,4 -0,7 -0,8 -0,1 -0,4 1,7
Verificou-se que às 9:00h, a maior ΔTf-u ocorreu entre os pontos urbanos da Zona 2
e o Bosque dos Alemães, em 2,5 oC. Neste horário, ao contrário dos outros fragmentos
florestais, o Bosque dos Guarantãs estava 0,5 oC mais aquecido que a Zona 4, em que se
insere. Às 15:00h, as diferenças térmicas se assemelharam entre as áreas, variando entre 3,6
o
C (entre a Zona 2 e o Bosque dos Alemães) e 4,2_oC (entre a Zona 5 e o Bosque da Paz).
Às 21:00h a maior diferença térmica ocorreu novamente entre a Zona 2 e o Bosque dos
Alemães, em 0,8 oC. O Bosque da Paz foi o único que apresentou aquecimento noturno,
com temperatura do ar 1,7 oC mais elevada do que a média dos pontos urbanos da Zona 5.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
diferença térmica entre o ponto mais elevado do terreno e o ponto mais baixo foi de
1,6 oC, em 1.200 m de distância.
• diminuição da temperatura do ar do ambiente urbano, às 15:00h, provocada
conjuntamente pela aproximação do fragmento florestal e distanciamento da
fronteira com o Centro, alcançando uma diferença térmica de 1,8 oC em 800 m.
Na Zona 3 (UCZ 1 fronteiriça à UCZ 3, segundo a classificação de Davenport et al.,
2000) onde localiza-se um fragmento florestal com área de 10,5 ha, foi constatado:
• aquecimento gradativo dos trechos próximos ao fragmento florestal, ao longo do
dia. A avenida larga com edifícios altos favoreceu o aquecimento das superfícies à
tarde, intensificando as ilhas de calor às 21:00h, que atingiu 2,9 oC no trecho viário
e 3,6 oC na fronteira do Bosque dos Jequitibás;
• mesmo diante de intenso aquecimento, observou-se o aumento da umidade do ar na
aproximação do fragmento florestal às 21:00h;
• aumento da umidade absoluta do ar na área urbana em decorrência da aproximação
do fundo de vale nos três horários do dia.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
COLUNA I COLUNA II
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
COLUNA I COLUNA II
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.29 – Diferenciação de zonas urbanas, para análise do clima local sob influência de
fragmentos florestais e da fronteira. UCZ – zona climática urbana, segundo Davenport
et al. (2000).
194
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
(Bosque da Paz); e a UCZ 5 fronteiriça com a UCZ 7 envolve a Zona 1 – Bosque de Barão
(Mata de Santa Genebra).
Calculou-se o percentual de cobertura florestal relativo ao total de área urbanizada
para cada uma destas quatro UCZs, com base nas diferenças térmicas e de umidade do ar
decorrentes da distância de um fragmento florestal. O método de cálculo destes percentuais
é apresentado na Figura_6.30. Para tanto, supõem-se que a influência da floresta no clima
urbano seja igual em todas as direções do círculo. A simplificação na análise foi necessária
para a confirmação ou refutação da hipótese.
Figura 6.30 – Esquema de cálculo do percentual de reserva florestal em relação à área urbanizada.
1- equação de área de um círculo; 2 – relação entre a área verde e a área
urbanizada.
Assim, quando A.V. = A.U., tem-se 100% de porcentagem de área florestal; quando
A.U. é muito superior à A.V., o percentual de área florestal tende a zero. O percentual
aumenta com a aproximação do ponto urbano ao fragmento florestal e com a área do
fragmento. Estes percentuais foram calculados para grupos de pontos com as seguintes
distâncias médias [d] da fronteira com a floresta: 100m; 200m; 400m; 600m; 800m;
1000m; 1200m; 1400m. A distância de 100m abrange os pontos das ruas fronteiriças aos
fragmentos, entre 0-100m; a distância de 200m abrange pontos localizados entre 100 –
200m da fronteira do fragmento, e assim por diante. As maiores distâncias só foram
195
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.31 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média das variáveis da
UCZ 1 fronteiriça com a UCZ 3 em função do percentual de área florestal em relação
à área total urbanizada [%].
A – Diferenças térmicas [oC] às 9:00h, 15:00h e 21:00h; B Diferenças na umidade absoluta do ar [g/m3] às 9:00h,
15:00h e 21:00h; C - Intensidade da ilha de calor [oC] às 21:00h, considerando a temperatura do ar da zona rural (dados
da estação meteorológica do CEPAGRI); D– média dos três horários das diferenças térmicas e de umidade absoluta do
ar. Linha tracejada corresponde à média da UCZ correspondente.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.32 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média das variáveis da
UCZ 3 fronteiriça com a UCZ 1 em função do percentual de área florestal em relação
à área total urbanizada [%].
A – Diferenças térmicas [oC] às 9:00h, 15:00h e 21:00h; B Diferenças na umidade absoluta do ar [g/m3]
às 9:00h, 15:00h e 21:00h; C - Intensidade da ilha de calor [oC] às 21:00h, considerando a temperatura do
ar da zona rural (dados da estação meteorológica do CEPAGRI); D– média dos três horários das
diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar. Linha tracejada corresponde à média da UCZ
correspondente.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.33 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média das variáveis da
UCZ 3 fronteiriça com a UCZ 7 em função do percentual de área florestal em relação
à área total urbanizada [%].
A – Diferenças térmicas [oC] às 9:00h, 15:00h e 21:00h; B Diferenças na umidade absoluta do ar [g/m3]
às 9:00h, 15:00h e 21:00h; C - Intensidade da ilha de calor [oC] às 21:00h, considerando a temperatura do
ar da zona rural (dados da estação meteorológica do CEPAGRI); D– média dos três horários das
diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar. Linha tracejada corresponde à média da UCZ
correspondente.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Figura 6.34 – Diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar em relação à média das variáveis da
UCZ 5 fronteiriça com a UCZ 7 em função do percentual de área florestal em relação
à área total urbanizada [%].
A – Diferenças térmicas [oC] às 9:00h, 15:00h e 21:00h; B Diferenças na umidade absoluta do ar [g/m3]
às 9:00h, 15:00h e 21:00h; C - Intensidade da ilha de calor [oC] às 21:00h, considerando a temperatura do
ar da zona rural (dados da estação meteorológica do CEPAGRI); D– média dos três horários das
diferenças térmicas e de umidade absoluta do ar. Linha tracejada corresponde à média da UCZ
correspondente.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
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D D
Figura 6.35 – Perfis viários em zona urbana central (UCZ 1) com diferentes razões entre a altura das
edificações (H) e a distância entre elas (D). (A) Avenida Aquidabã, na aproximação de
um fragmento florestal; (B) Avenida Francisco Glicério (“core” da UCZ 1), ambas em
Campinas-SP. Fonte das fotografias: Street View do Google Earth, 2011.
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
(ex. fundos de vale), visto que houve, em seguida, elevação da temperatura e diminuição da
umidade do ar. O pico de máxima umidade e temperatura mínima ocorreu com cerca de
20% A.V./A.U. Este percentual representa pontos urbanos distantes entre 100-200m de
pequenos fragmentos florestais, o que mostra a formação de ilhas de frescor limitadas à
ambiência do quarteirão em pequenos fragmentos florestais.
Na UCZ 3 fronteiriça com a UCZ 7 (Figura 6.33) verificou-se uma tendência na
diminuição da temperatura do ar mínima a partir de 5% de A.V./A.U., às 9:00h. Já às
15:00h, houve uma redução na temperaturas máximas, e às 21:00h nota-se um efeito de
resfriamento mais efetivo com o aumento do percentual de área de floresta. O efeito pode
ser observado tanto pelas diferenças térmicas em relação à média da UCZ 3 (Figura 6.33-
A) como pela diminuição da ilha de calor (Figura 6.33-C). O aumento da umidade absoluta
do ar foi mais visível no horário noturno (Figura 6.33-B).
Apesar da zona rural mostrar-se mais fria do que as áreas urbanas próximas do
fragmento florestal, às 9:00h e às 21:00h, esta apresentou-se menos úmida a noite.
Possivelmente, a baixa umidade deve-se a presença da rodovia, shopping, e predomínio de
áreas de pasto. Assim, pode-se afirmar que o clima local foi modificado conjuntamente
pelo distanciamento da zona rural e aproximação da mata.
As diferenças higrotérmicas médias diárias (Figura 6.33-D) mostram que o efeito
conjunto do arrefecimento e elevação da umidade do ar ocorreu com cerca de 4,5% de
A.V./A.U. A temperatura do ar esteve abaixo da média a partir de 10% de área de floresta,
e um efeito mais efetivo do fragmento florestal sobre o entorno construído iniciou-se com
13% de A.V./A.U., observando-se valores de umidade absoluta do ar acima da média.
Na UCZ 5 fronteiriça com a UCZ 7 (Figura 6.34) também constatou-se a
influência conjunta do distanciamento da zona rural e aumento da porcentagem de
A.V./A.U. Às 9:00h e às 15:00h houve uma pequena redução nos valores máximos da
temperatura (Figura 6.34-A). Porém, às 21:00h houve uma tendência ao aumento dos
valores máximos e diminuição dos valores mínimos, aumentando a amplitude dos dados, o
que deve ter sido causa da presença de manchas de usos do solo diversificadas ao redor do
fragmento florestal (ex. gramado, casas, fundo de vale). Isto ocasionou na ocorrência de
203
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
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CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
Tabela 6.12 - Percentuais mínimos de floresta sobre em relação à área total urbanizada para a
modificação do clima local.
Porcentagem mínima para
Padrão da paisagem e da que a temperatura do ar
fronteira Porcentagem mínima em esteja abaixo da média e para
(UCZ Segundo Davenport et al., que o efeito é iniciado que a umidade absoluta do ar
2000) esteja acima da média da
UCZ correspondente
205
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
rural). A diferença máxima na umidade absoluta do ar foi de 3,6 g/m3, nas UCZs 3 e 5
fronteiriças à UCZ 7 (zona residencial de média e baixa densidade fronteiriças com a zona
rural). Os pontos mais aquecidos e áridos estavam sobre as rodovias e os mais frios e
úmidos encontravam-se ao lado dos fragmentos florestais, próximos de superfícies d’água.
As áreas abertas, com baixa relação H/W (altura dos elementos sobre o
distanciamento entre eles), tais como gramados, terra exposta, rodovias, avenidas largas,
vales sem área de preservação permanentes, mostraram-se intensamente aquecidas,
diminuindo e /ou anulando o efeito dos fragmentos florestais sobre o clima local urbano. A
diferença térmica entre pontos fronteiriços à Mata de Santa Genebra (250,36 ha), próximos
de um gramado e de um corpo d’água vegetado, foi de 0,8_oC, no horário noturno. Em uma
zona de alta densidade e verticalização, a geometria do cânion urbano com baixa relação
H/W acarretou o aquecimento gradativo e intenso da região ao longo do dia, intensificando
as ilhas de calor às 21:00h. Diante disso, recomenda-se evitar a implantação de ruas largas
e com tráfego intenso, áreas de sistemas de lazer pouco arborizadas, áreas agrícolas, areia
ou terra exposta, junto aos fragmentos florestais urbanos.
As massas de ar arrefecidas pelos fragmentos florestais urbanos tenderam a
acumular-se nos fundos de vale. Assim, pontos situados em nível abaixo das florestas
apresentaram-se mais arrefecidos e úmidos que os situados acima, com uma diferença de
até 1,6 oC entre o ponto mais elevado do terreno e o ponto mais baixo, em direção ao fundo
de vale. No entanto, a proximidade dos centros urbanos mostrou-se desfavorável ao
resfriamento do entorno edificado aos fragmentos florestais urbanos, principalmente à tarde
e à noite, mesmo em regiões próximas de fundos de vale. Presume-se que o bom estado de
conservação das margens dos córregos e dos espigões contribua para o arrefecimento das
cidades.
Comparando-se a temperatura do ar nas fronteiras dos fragmentos florestais às
médias térmicas urbanas, constatou-se o seguinte comportamento: temperaturas moderadas
(interquartis) às 9:00h; temperaturas moderadas à frias às 15:00h (interquartis ou inferiores
ao 1º quartil); temperaturas moderadas à quentes às 21:00h, (interquartis ou superiores ao
3º quartil). Portanto, as florestas urbanas configuram ilhas de frescor durante o dia e ilhas
de calor à noite.
206
CAPÍTULO 6 Temperatura e umidade do ar local: influência do padrão de uso e ocupação do solo e proximidade de um
fragmento florestal
12
Estas sugestões se prendem aos dados coletados, e a área mínima dos fragmentos florestais
estudado foi de 1,5_ha.
207
CAPÍTULO 7 Conclusões
208
CAPÍTULO 7 Conclusões
7 Conclusões
209
CAPÍTULO 7 Conclusões
temperaturas mais baixas a 10 m que a 1,5 m, deve-se ao aumento da velocidade dos ventos
e diminuição da resistência da camada de ar aderida às folhas, aumentando a parcela de
perda de calor latente. Já as diferenças térmicas no perfil horizontal devem-se à presença de
elementos com diferentes capacidades térmicas, fontes de calor, e proximidade da fronteira
urbana, ocasionando em distúrbios pontuais (pequenos fragmentos) ou na forma de
gradiente (grandes fragmentos florestais).
- A intensidade nas ilhas de calor é mais elevada em áreas urbanas distantes da zona
rural, em decorrência do aumento da inércia térmica. Os sítios com baixas taxas de
aquecimento pela manhã, estiveram mais aquecidos no período noturno e apresentaram
menores amplitudes térmicas diárias.
- O efeito de grandes fragmentos florestais sobre o entorno edificado, com
características rurbanas, intensifica as ilhas de calor noturnas e diminui a amplitude térmica
diária. O mesmo não ocorre na presença de pequenos fragmentos. Há indícios que, apesar
das florestas urbanas apresentarem elevada inércia térmica, o aumento da umidade do ar
decorrente dos efeitos da evapotranspiração, diminui a temperatura do ar máxima do dia do
entorno edificado e, conseqüentemente, a amplitude térmica diária. Por outro lado, a
amplitude térmica de um grande fragmento florestal apresenta-se mais elevada que nos
pequenos fragmentos, devido à manutenção da temperatura máxima e diminuição
significativa da temperatura mínima diária.
- O efeito das florestas sobre o clima urbano não apresenta sempre a mesma
magnitude e extensão. A magnitude é maior à tarde e em condições atmosféricas com baixa
umidade relativa do ar, confirmando os resultados de Gomes e Lamberts (2009) e Cox
(2008). No entanto, a extensão do efeito é maior pela manhã e em dias posteriores à
ocorrência de chuva.
- As maiores diferenças térmicas ocorreram entre pontos sobre rodovias (mais
aquecidos) e pontos próximos de fragmentos florestais com superfície d’água (arrefecidos).
- Áreas com alta abertura para o céu, ou seja, com baixa relação H/D (altura dos
elementos sobre o distanciamento entre eles), tais como gramados, terra exposta, rodovias,
avenidas largas, vales sem área de preservação permanentes, mostraram-se intensamente
210
CAPÍTULO 7 Conclusões
Neste trabalho obtivemos inúmeros indícios dos fatores que implicam em maior ou
menor influência dos fragmentos florestais no clima urbano. Isso permite uma série de
pesquisas que complementarão esta tese. Sugerem-se os seguintes temas para trabalhos
futuros:
211
CAPÍTULO 7 Conclusões
212
CAPÍTULO 8 Referências
8 Referências
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