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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP)

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS (IFCH)

ALLAN YU IWAMA

RISCOS E VULNERABILIDADES ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E


AMBIENTAIS: ANÁLISE MULTIESCALAR NA ZONA COSTEIRA DE SÃO
PAULO – BRASIL

CAMPINAS - SP
2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP)
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS (IFCH)

ALLAN YU IWAMA

RISCOS E VULNERABILIDADES ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E


AMBIENTAIS: ANÁLISE MULTIESCALAR NA ZONA COSTEIRA DE SÃO
PAULO – BRASIL

MATEUS BATISTELLA (ORIENTADOR)

LÚCIA DA COSTA FERREIRA (CO-ORIENTADORA)

Tese de Doutorado apresentada ao Núcleo de


Estudos e Pesquisas Ambientais do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade
Estadual de Campinas (IFCH/NEPAM/UNICAMP)
na área de concentração “Aspectos Sociais de
Sustentabilidade e Conservação”, para obtenção do
Título de Doutor em Ambiente e Sociedade.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE


DEFENDIDA PELO ALUNO Allan Yu Iwama E ORIENTADA PELOS PROFs.DRs. Mateus Batistella
e Lúcia da Costa Ferreira.

CAMPINAS - SP
2014

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Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Paulo Roberto de Oliveira - CRB 8/6272

Iwama, Allan Yu, 1980-


Iw1r IwaRiscos e vulnerabilidades às mudanças climáticas e ambientais : análise
multiescalar na zona costeira de São Paulo - Brasil / Allan Yu Iwama de Mello. –
Campinas, SP : [s.n.], 2014.

IwaOrientador: Mateus Batistella.


IwaCoorientador: Lúcia da Costa Ferreira.
IwaTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas.

Iwa1. Risco. 2. Vulnerabilidade. 3. Percepção de risco. 4. Multiescala. 5.


Mudanças climáticas. I. Batistella, Mateus,1963-. II. Ferreira, Lúcia da Costa. III.
Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.
IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Risk and vulnerability to climate and environmental changes :
multiscale analysis in the coastal zone of São Paulo - Brasil
Palavras-chave em inglês:
Risk
Vulnerability
Risk perception
Multiscale
Climate changes
Área de concentração: Aspectos Sociais de Sustentabilidade e Conservação
Titulação: Doutor em Ambiente e Sociedade
Banca examinadora:
Mateus Batistella [Orientador]
Leila da Costa Ferreira
Roberto Luiz do Carmo
Cláudio José Ferreira
Diogenes Salas Alves
Data de defesa: 15-12-2014
Programa de Pós-Graduação: Ambiente e Sociedade

iv

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vi
RESUMO
As zonas costeiras são áreas potencialmente sujeitas a riscos ambientais, sobretudo no
contexto de eventos climáticos extremos. Há uma considerável parcela da população vivendo
em zonas costeiras, o que reforça a importância de apontar as situações de risco e
vulnerabilidade que as mudanças climáticas trazem para essas regiões. Esta pesquisa tem
como principais objetivos: (1) identificar e caracterizar as áreas em situação de
vulnerabilidade no litoral do estado de São Paulo, com ênfase no litoral norte, compreendido
pelos municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba; (2) avaliar a percepção
das pessoas em situação de risco e analisar suas estratégias de adaptação ou enfrentamento
[aos riscos a que estão expostas]. A abordagem metodológica foi baseada considerando duas
principais escalas, a regional e a local, embasadas por um misto de métodos que envolveu a
análise espacial de dados sociodemográficos e do meio físico e a aplicação de questionários
estruturados para analisar a percepção da população em situações de risco e o contexto das
mudanças climáticas. Os resultados apontam para uma distribuição das áreas de riscos
geotécnicos no litoral paulista, com ênfase analítica para a UGRHi-3 (litoral norte de São
Paulo), classificada como Muito Alta ou Alta suscetibilidade a escorregamentos ou inundação,
sobretudo em áreas de acesso restrito da população aos serviços públicos básicos ou em
condições precárias de moradia. Os resultados chamam atenção para situações de
vulnerabilidade social, que têm se mantido ‘contínuas’ ao longo de dez anos, associadas a um
retrato de contraste social e segregação socioespacial, sem uma efetiva intervenção ou ação
para reduzir os impactos ante a um perigo iminente de desastre. O que se tem observado são
ações remediadoras de pós-evento aos ‘desastres’ e suas razões vão desde um quadro
insuficiente de equipes de defesa civil para atender toda a extensão dos municípios até uma
política institucional voltada mais para ações de reconstrução do que de prevenção. Essa
realidade vem sendo modificada com a implementação de políticas públicas orientadas para
uma integração de instrumentos de gestão (tais como regras para parcelamento de uso do
solo, planos diretores, zoneamento e mapeamento de riscos) que considerem também
aspectos das mudanças climáticas. No entanto, essas ações ainda são incipientes. Os
resultados desta pesquisa permitem possíveis avanços nas abordagens teóricas e
metodológicas ligadas ao tema de vulnerabilidade e adaptação da sociedade diante dos riscos
a que está exposta, buscando também contribuir para uma interface com as políticas públicas.
Os resultados, em seu conjunto, trazem contribuições como parte integrante do projeto
temático “Clima” – Crescimento populacional, vulnerabilidade e adaptação: dimensões sociais e
ecológicas das mudanças climáticas no litoral de São Paulo (n.o 2008/58159-7), no escopo do
Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

vii
viii
ABSTRACT
The coastal zones are areas of potential environmental risks, particularly in the context of
climatic extreme events. A significant portion of the population living in coastal areas,
emphasizing the importance of characterizing situations of risk and vulnerability in the
context of climate change in these regions. This research project had two main objectives: (1)
identify and characterize vulnerable areas on the coast of São Paulo, with focus on the
Northern coast (UGRHi-3), by municipalities Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião and
Ubatuba; (2) assess the risk perception of people at risk and to analyze their strategies of
adaptation or coping [the hazards/risks they are exposed]. The methodological approach was
based on considering two main scales: regional and local levels, based on a combination of
methods involving spatial data analysis of the physical and demographic variables and the
application of structured questionnaires to analyze the risk perception of the population at
risk and context of climate change. The results point out to a distribution of areas of
geotechnical risks on the coast of São Paulo, ranked as Very High or High susceptibility to
landslides or flooding, especially in areas of restricted access of the population to basic public
services or in slums housing conditions. The results called attention to situations of social
vulnerability that has remained 'continuous' over ten years, together with a scenario of social
contrasts and socio-spatial segregation without an effective intervention or action to reduce
the impacts faced with the risk impending disaster. What has been observed is actions post-
event to 'disasters' and his reasons ranging from insufficient framework of civil defense teams
to meet the full extent of these municipalities by an institutional policy focused on actions for
reconstruction than prevention. This situation has been changing with the implementation of
public policies for the integration of management tools (such as guidelines for land use,
master plans, zoning and risk mapping) and also consider aspects of climate change, however
is still incipient. The results of this research supported the research components within the
thematic ‘Clima’ project - "Population growth, vulnerability and adaptation: social and
ecological dimensions of climate change on the coast of São Paulo" (Fapesp 2008/58159-7), in
the scope the FAPESP Research Program on Global Climate Change (PFPMCG), allowing
possible advances in methods approaches linked to the theme [risks and vulnerabilities] and
adaptation of society against the hazards/risks they are exposed. This approach, also sought
to contribute to the broader issues of the thematic project from FAPESP, seeking interfaces
with public policy.

ix
x
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................... 1


AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AMBIENTAIS ............................................................................................. 1
QUESTÕES E HIPÓTESES ........................................................................................................................... 4
OBJETIVOS .................................................................................................................................................. 5
CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA.................................................................................................................. 6
CAPÍTULO 1. VULNERABILIDADES ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AMBIENTAIS: CONCEITOS E
ABORDAGEM .................................................................................................................................. 9

1.1. OS PERIGOS E OS RISCOS.................................................................................................................... 9


1.2. PERCEPÇÃO DO RISCO .....................................................................................................................13
1.3. VULNERABILIDADE ..........................................................................................................................15
1.4. ABORDAGEM MULTIESCALAR DE RISCOS E VULNERABILIDADES EM ESTUDOS
INTERDISCIPLINARES ..............................................................................................................................20
1.4.1. Escalas ......................................................................................................................... 20
1.4.2. Quantificação e integração de dados em multiescalas ............................... 21
1.4.3. Interdisciplinaridade em estudos sobre mudanças climáticas e ambientais
.................................................................................................................................................... 22
1.4.4. Abordagem conceitual sobre os risco e vulnerabilidade às mudanças
climáticas e ambientais ..................................................................................................... 23
CAPÍTULO 2. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................. 31
2.1. O LITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO ..........................................................................................31
2.2. A ÊNFASE NO LITORAL NORTE PAULISTA – UGRHI-3.................................................................34
2.2.1. População ................................................................................................................... 38
2.2.2. Meio físico................................................................................................................... 42
2.2.2.1. Geologia................................................................................................................................... 43
2.2.2.2. Geomorfologia....................................................................................................................... 46
2.2.2.3. Solos.......................................................................................................................................... 47

xi
2.2.2.4. Riscos geotécnicos ............................................................................................................... 49
CAPÍTULO 3. MATERIAIS E MÉTODOS: ABORDAGEM MULTIESCALAR ................................. 55
3.1. AQUISIÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS .......................................................................................58
3.1.1. Variáveis do meio físico......................................................................................... 58
3.1.2. Variáveis sociodemográficas ............................................................................... 60
3.1.2.1. Dados censitários utilizando grades regulares ......................................................... 60
3.1.2.2. Distribuição de variáveis sociodemográficas em áreas de riscos geotécnicos 63
3.1.2.3. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) ..................................................... 63
3.1.3. Dados auxiliares ....................................................................................................... 66
3.2. AS MÚLTIPLAS ESCALAS: ABORDAGEM METODOLÓGICA ..............................................................67
3.3. ABORDAGEM QUANTITATIVA DE PERCEPÇÃO DE RISCOS .............................................................70
3.3.1. Delineamento da pesquisa sobre percepção de riscos (Etapa 1) ........... 71
3.3.2. Pré-análise e pré-teste (Etapa 2) ......................................................................... 72
3.3.3. Estimativa do tamanho de amostra (Etapa 3) ............................................... 74
3.3.4. Estratégia de aplicação dos questionários (Etapa 4) .................................. 77
3.3.5. Análise e validação dos resultados (Etapa 5) ................................................ 83
CAPÍTULO 4. ESCALA DE ANÁLISE REGIONAL: OS PERIGOS E OS RISCOS NO CONTEXTO DO ESTADO
DE SÃO PAULO E DA ZONA COSTEIRA PAULISTA ........................................................................ 85

4.1. PANORAMA DOS PERIGOS E DOS RISCOS NO ESTADO DE SÃO PAULO..........................................85


4.2. GRADE REGULAR ‘SOCIODEMOGRÁFICA’ E OS RISCOS GEOTÉCNICOS: UMA APLICAÇÃO NA ZONA
COSTEIRA DE SÃO PAULO ........................................................................................................................92

4.2.1. A UGRHi-3 – litoral norte....................................................................................... 95


4.2.2. A UGRHi-7 – baixada santista ............................................................................ 103
4.2.3. A UGRHi-11 – litoral sul: complexo estuarino-lagunar ............................ 114
4.2.4. Abordagem da grade regular em análises de riscos e vulnerabilidades:
desafios e perspectivas.................................................................................................... 121

xii
CAPÍTULO 5. ESCALA DE ANÁLISE REGIONAL: A DINÂMICA DE COBERTURA E USO DA TERRA,
RISCOS GEOTÉCNICOS E VULNERABILIDADE SOCIAL: UGRHI-3 – LITORAL NORTE DE SÃO PAULO
..................................................................................................................................................125
5.1. DINÂMICA DE USO DA TERRA NO LITORAL NORTE PAULISTA ................................................... 125
5.2. MANCHAS DE TRANSIÇÃO PARA ÁREAS URBANAS: RISCOS GEOTÉCNICOS E VULNERABILIDADE
SOCIAL .................................................................................................................................................... 134

5.3. IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS PROTEGIDAS PARA REDUÇÃO DOS RISCOS E DESASTRES............... 150
CAPÍTULO 6. ESCALA DE ANÁLISE REGIONAL: OS RISCOS GEOTÉCNICOS NA UGRHI-3 E SUB-
BACIAS ......................................................................................................................................157

6.1. OS POTENCIAIS RISCOS GEOTÉCNICOS E VULNERABILIDADE SOCIAL (2000-2010) ............ 161


6.2. VULNERABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL: ASPECTOS DE UM DESENVOLVIMENTO DESIGUAL
................................................................................................................................................................ 174
6.3. VULNERABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL NO CONTEXTO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS.......... 176
CAPÍTULO 7. ESCALA DE ANÁLISE LOCAL: AS PERCEPÇÕES DE RISCO E O LUGAR ................179
7.1. PERFIL DOS MORADORES EM SITUAÇÕES DE RISCO GEOLÓGICO/HIDROLÓGICO ..................... 181
7.2. PERCEPÇÕES DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AMBIENTAIS E SEUS EFEITOS PARA
VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO ....................................................................................................... 192

7.3. PERCEPÇÕES DE RISCOS E ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO ......................................................... 199


7.3.1. Como os riscos são percebidos ......................................................................... 199
7.3.2. Como os riscos são enfrentados ....................................................................... 206
7.4. PERCEPÇÕES SOBRE GOVERNANÇA E COMUNICAÇÃO DOS RISCOS ............................................ 214
CAPÍTULO 8. CONSIDERAÇÕES PARA A ANÁLISE DA VULNERABILIDADE E AÇÕES DE REDUÇÃO DE
RISCOS E DESASTRES ................................................................................................................221

8.1. A ABORDAGEM MULTIESCALAR: IMPLICAÇÕES PARA A ANÁLISE DA VULNERABILIDADE....... 221


8.2. GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRE: ANTIGOS DILEMAS E PERSPECTIVAS NO CONTEXTO DE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS ....................................................................................................................... 227

CONSIDERAÇÕES FINAIS. PARA (NÃO) CONCLUIR: ALGUMAS POSSIBILIDADES DE


DIRECIONAMENTO DA PESQUISA ..............................................................................................233

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................241

xiii
ANEXO I .................................................................................................................................280
APÊNDICE – A.1 ...................................................................................................................284
APÊNDICE – A.2 ...................................................................................................................287
APÊNDICE – A.3 ...................................................................................................................291
APÊNDICE – A.4 ...................................................................................................................295
APÊNDICE – A.5 ...................................................................................................................299
APÊNDICE – A.6 ...................................................................................................................309

xiv
À Annette Pic e ao Tomás, que juntos me
trouxeram alegria e uma nova vida!
Aos meus pais, pessoas iluminadas.

xv
xvi
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Daniel J. Hogan (in memoriam) e ao grupo de professores e


pesquisadores do Núcleo de Estudos de População (NEPO) – hoje muitos ex-NEPO, em
nome de Humberto P.F. Alves, Roberto L. do Carmo, Álvaro O. D’Antona e Eduardo
Marandola Jr., pela oportunidade de iniciar este trabalho no âmbito do projeto
temático “Clima”, da Fapesp, e todo o aprendizado que tem sido trabalhar com esse
grupo de excelência. Em especial, agradeço a Roberto do Carmo, pelas contribuições
na qualificação e pré-banca desta pesquisa.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo apoio
institucional e financeiro para a realização deste trabalho (bolsa DR processo n.o
2010/18501-8 e projeto temático – processo n.o 2008-58159-7). Também agradeço ao
Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM) e ao Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP.
Meus sinceros agradecimentos:
Aos meus orientadores, Mateus Batistella e Lúcia da Costa Ferreira, que aceitaram
fazer parte deste trabalho e foram essenciais nesta pesquisa. Tive a feliz oportunidade
de aprender com ambos, cada um ao seu modo, e agradeço a vocês a motivação,
questionamentos, paciência e por acreditarem neste trabalho.
Aos pesquisadores Cláudio J. Ferreira e Denise Rossini-Penteado, do Instituto
Geológico (IG-SMA/SP), pela contribuição com os mapeamentos de riscos, questões
teórico-metodológicas ao longo desta pesquisa. Agradeço em especial ao Cláudio,
pelas contribuições na banca de qualificação e pré-banca de tese, além da paciência
aos meus ‘vou mandar a versão’ em prazos intermináveis.
A Omar Y. Bitar e Ana Cândida, pesquisadores do Laboratório de Geoprocessamento
(LabGeo) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a todos pesquisadores e
técnicos envolvidos, que me receberam gentilmente no Instituto e se colocaram à
disposição para contribuir com as cartas de riscos geotécnicos, fundamentais para o
desenvolvimento deste projeto. Também devo agradecer à paciência de Omar e Ana
com os meus prazos inacabáveis. Tenho que agradecer ao Rafael Tiezzi, meu colega
desde a graduação, que foi o elo inicial com o IPT.
À Secretaria de Meio Ambiente (SMA-SP), pela Coordenadoria de Recursos Hídricos
(CRHi) – Iara B. Giacomini e Coordenadoria de Planejamento Ambiental (CPLA) –
Alana A. Souza, Arlete Ohata e Aline Salim.

xvii
Ao Comitê de Bacias Hidrográficas do litoral norte (CBH-LN), em particular ao Fábio
Pincinato, por toda a sua contribuição, que foi de dados e contatos até a organização
de palestras.
À Defesa Civil dos municípios do litoral norte, em especial ao Walter de Ilhabela,
Emerson e Carlão de São Sebastião, Emanuel e Campos Jr., na época na equipe de
Caraguatatuba, e Delmo e Elias de Ubatuba.
À Secretaria de Educação de Ilhabela, em nome de Rafaela Nery, pelos contatos e
conversas a respeito de entrevistas sobre percepção de riscos da população.
Ao Núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), na época em
nome de Carol S. Daher, Márcia Stasiak e Carlos Zacchi Neto.
Agradeço em especial a Neusa Trevisan, Waldinei Araújo, Débora Mataveli e Fátima,
do NEPAM.
Ao corpo docente do NEPAM, pelas discussões e reflexões sobre as ciências naturais e
ciências sociais e pela integração entre essas dimensões/campos. Pelas aulas
inspiradoras da professora e pesquisadora Leila da Costa Ferreira.
Agradeço aos meus colegas de pesquisa do NEPAM (hoje muito deles ex-NEPAM) e
amigos que, de alguma maneira, têm somado esforços em trabalhos multi e
interdisciplinares, cuja interação me permitiu aprender muito durante o doutorado:
Gabriela M. Di Giulio, Eliane Simões, Simone A. Vieira, Leonardo F. Mello, Fabiana
Barbi, Ramon Bicudo, Francisco Araos, Gabriela F. Asmus, Carolina Joly, Débora
Drucker, Rafael D. Martins e Raquel Carnivalle. Especialmente, agradeço Leonardo R.
Teixeira, Jorge Calvimontes, Juliana S. Farinaci, Roberto Donato, meus queridos
amigos, que, além de trabalhos conjuntos, têm participado de minha trajetória de
pesquisa e vida neste longo e curto período. À turma de doutorado (2010) do NEPAM.
Ao grupo de ‘conflitos’ do NEPAM, pela oportunidade de participar de um debate mais
amplo sobre conflitos, riscos e arenas.
Ao Tiago Duque-Estrada, pela presteza e pela colaboração com dados geoespaciais.
À Maria do Carmo D. Bueno (NEPO e IBGE), pela colaboração e trabalhos conjuntos
que temos desenvolvido em tão pouco tempo, resultando análises que sem suas
‘grades estatísticas’ seria impossível ter desenvolvido parte da tese. À Francine
Modesto (NEPO), pela gentileza e presteza em contribuir para a pesquisa.
A Simone Pallone (Labjor-UNICAMP) e Joana M.G. Nunes (Universidade Federal do Rio
de Janeiro – UFRJ), pelas contribuições para a construção do questionário sobre

xviii
percepção de riscos. À Roberta Guimarães (NEPO), pelas conversas e contribuições
para a abordagem quantitativa de percepção de riscos.
Ao grupo de educadores ambientais do litoral norte de São Paulo (em especial a
Débora Olivato e Márcia Stasiak), pelas contribuições com os pré-testes do
questionário sobre percepção de riscos. À equipe de auxiliares de pesquisa para o
“Survey sobre Percepção de Riscos às Mudanças Climáticas e Ambientais no litoral
norte de São Paulo”: Ricardo Souza, Erika Teles, Silvana Martins, Márcia Stasiak e Fani
Demarchi (Caraguatatuba); Iara Giacomini, Álvaro Rodriguez e Marcelo Morais
(Ilhabela); Sérgio Oliveira, Daiani Silva, Cislaine Santos, Guilherme Lima, Ronaldo
“Pantanal”, Anny Barbosa (São Sebastião); Yara Defavari, Lia Pinheiro, Ana Olinda
(Ubatuba), além de Juliana P. Thiago, Luciana Castro e Carolina Joly (projeto ‘Clima’).
Sem vocês, jamais teríamos desenvolvido o projeto de percepção de riscos desta
pesquisa.
Aos pesquisadores Flávia Feitosa (UFABC) e Antônio Miguel Monteiro (INPE) pelos
‘encontros’ de ideias, trocas de experiências e colaboração no tema vulnerabilidade.
Ao Camilo Rennó (INPE), pela contribuição nos aspectos metodológicos sobre
amostragem estatística. Sobre os métodos de amostragem, agradeço também a
Alexandre Gori (Instituto de Economia da Unicamp – IE-UNICAMP) e Alexandre Silva
(Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ). Ao Diogenes S. Alves (INPE), que me
proporcionou o privilégio de aprender os temas ambientais e interdisciplinares e suas
contribuições nesta pesquisa.
Aos colegas e pesquisadores do projeto REDELITORAL, do ITA, em especial a Wilson
Cabral, que me recebeu abertamente para o diálogo e para darmos início aos trabalhos
em colaboração. A Débora de Freitas, Bruna Pavani e Vitor Zanetti, pelas trocas de
experiências de pesquisa.
À minha família, que me ensina a cada momento o amor – nas coisas que são feitas,
ditas e não ditas, no olhar: meus pais Célio (in memoriam) e Pinha, e irmãos, Aislla e
Arthur. Devo um agradecimento todo especial à minha querida companheira, Annette
Pic, que meu deu a alegria de ser pai de Tomás! À Annette, expresso minha profunda
admiração, pessoa que tem sido essencial em todos os momentos.
Por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer ao Fábio B. de Lima
(grande amigo que tive a felicidade de conhecer desde o mestrado e que me ‘salva’ em
todos os momentos que preciso), Emílio F. Moran, Andrea Koga-Vicente, e a todos que
contribuíram direta e indiretamente para a realização deste trabalho.

xix
À Eliana Medeiros, pelo excelente trabalho de revisão ortográfica e gramatical deste
documento. Sem dúvidas o seu trabalho proporcionou à banca examinadora uma
leitura mais fluida e agradável.
Foi um privilégio ter contado com inúmeras pessoas e instituições para o
desenvolvimento desta pesquisa e de trabalhos complementares.
Sou muito grato a todos vocês!

xx
‘Vivendo, se aprende; mas o que se
aprende, mais, é só a fazer outras
maiores perguntas’ [Guimarães Rosa –
Grande Sertão Veredas]

xxi
xxii
PREFÁCIO

Nos últimos meses antes de terminar de escrever a tese, achei que seria interessante
explicar um pouco a trajetória e os acontecimentos que me levaram para esta
pesquisa e dar uma ideia não apenas da construção deste trabalho, mas também da
minha formação e aprendizado dentro do doutorado em Ambiente e Sociedade.
Posso dizer que não foi algo premeditado chegar ao NEPAM para apresentar uma
proposta de pesquisa (assim como em minha graduação e mestrado). Por outro lado,
tenho de fazer uma pequena digressão para explicar algumas ‘coincidências’: antes de
chegar ao NEPAM, passei pelo INPE, no mestrado em Sensoriamento Remoto, para
estudar mudanças de uso da terra na Amazônia, em particular o desflorestamento em
áreas já bastante desflorestadas no passado.
Lá tive a oportunidade e a felicidade de encontrar pessoas brilhantes, mas elenco
aquelas que, de alguma maneira, me trouxeram as ‘coincidências’ e que eu só viria a
saber depois: a primeira, Diógenes Alves, meu orientador de mestrado e a quem tenho
uma grande estima. Depois de defender o mestrado, soube por ele que os possíveis
nomes de minha banca poderiam ser: Daniel Hogan e Lúcia Ferreira, que não conhecia
na época. Infelizmente, por motivos particulares e de agenda, não foi possível tê-los
presentes na banca. A segunda, Antônio Miguel Monteiro, coordenador do Programa
Institucional Espaço e Sociedade do INPE e responsável pela disciplina de
Geoprocessamento, ocasião em que desenvolvi uma proposta de análise de dados
socioeconômicos em Áreas de Preservação Permanente e tive a oportunidade de
conhecer Humberto (Biro) e Roberto do Carmo, ambos do NEPO da Unicamp.
As ‘coincidências’ começaram a surgir quando fui para uma primeira reunião com o
grupo do NEPO, em 2009, para trabalhar com geoprocessamento, riscos e
vulnerabilidade no âmbito do tema em população e ambiente. Tive então o privilégio
de conhecer um pouco melhor Daniel Hogan, Roberto do Carmo, Álvaro D’Antona,
Humberto Alves e Eduardo Marandola Jr. e dar início a um trabalho vinculado ao
projeto temático chamado de ‘Clima’, que tinha como coordenação Daniel Hogan e
pesquisadores do NEPO, do NEPAM e de outras instituições (como Instituto de
Biologia – IB). Lá soube pelo Daniel que ele poderia ter sido membro da banca de
mestrado. E foi depois de me juntar ao grupo que fui buscar o NEPAM, em 2010. A
outra ‘coincidência’ aconteceu quando, depois de conhecer Lúcia Ferreira (que, após o
falecimento de Daniel Hogan, aceitou fazer parte da pesquisa de doutoramento como
minha co-orientadora, além de coordenadora do projeto ‘Clima’), soube que ela
também poderia estar presente na banca de mestrado.

xxiii
Bom, a banca de mestrado não foi possível com Daniel Hogan e Lúcia Ferreira. O que
aconteceu depois foi que entrei no doutorado em Ambiente e Sociedade com uma
proposta ligada aos impactos da plantação de cana-de-açúcar para a produção de
etanol e a valoração de serviços ecossistêmicos. No primeiro ano, tive a oportunidade
de conhecer o professor Ademar Romeiro e um pouco mais sobre as propostas
metodológicas da economia ecológica. Entretanto, acabei deixando ‘latente’ essa
pesquisa para continuar com o que estava desenvolvendo com o grupo do NEPO, mas
agora no doutorado em Ambiente e Sociedade. E só depois de alguns meses no NEPAM
soube que Mateus Batistella era professor colaborador do núcleo e que, por acaso
(outra ‘coincidência’), esteve em minha banca de mestrado. Foi aí que demos início à
pesquisa, agora formalizada com meus ilustres orientadores: Mateus Batistella e Lúcia
Ferreira.
Faço essa digressão para situar no tempo que, embora eu não tenha planejado desde
sempre o doutorado no NEPAM, acabei ‘cruzando’ com tantas pessoas geniais que, de
algum modo, têm na perspectiva de suas pesquisas e trabalhos o tema da
interdisciplinaridade e me sinto extremamente privilegiado por essas ‘coincidências’
terem me trazido até aqui.
A pesquisa, então, de alguma maneira, começou com um elemento central: a
interdisciplinaridade. Entretanto, não foi e continua a não ser tão óbvio descrever
como a interdisciplinaridade emerge no trabalho. Por isso, tenho de contar como foi a
experiência de desenvolvê-lo, para depois arriscar elencar algumas características que
eu descreveria como parte de um trabalho ou projeto interdisciplinar.
A pergunta. Primeiro de tudo, foi discutir qual era o problema ou a questão da
pesquisa. E ela estava relacionada a questões ambientais e aos temas sobre mudanças
climáticas. Além disso, o tema vulnerabilidade – termo polissêmico e
multidimensional, exigiu-me buscar tantas leituras que tenho certeza de que quatro
anos foi pouco tempo para me debruçar profundamente sobre o tema.
O método. Depois da pergunta mais ou menos formulada, a questão que se
apresentou foi qual método utilizar para tratar o tema. Busquei todos os periódicos ao
alcance e, ao mesmo tempo, as mais diversas fontes de dados e instituições para saber
mais sobre percepção de riscos (às mudanças climáticas), tema que até então estava
dando início à pesquisa. Procurei a Secretaria de Meio Ambiente, o Instituto Geológico,
o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, o Comitê de Bacias Hidrográficas, assim como
também fiz consultas a colegas da comunicação, das ciências sociais e da demografia
que tive o prazer de conhecer durante o doutorado. Ainda fui atrás de colegas
estatísticos para saber sobre os métodos de amostragem apropriados para populações
em risco ambiental.

xxiv
Depois de juntar tantos dados e informações, comecei a reescrever e a reestruturar
todo o conteúdo da proposta de tese. Lembro-me de um comentário de uma das
pessoas que me ajudaram nesse projeto: ‘...veja bem o que você quer responder (na
tese), porque assim você não corre atrás de dados que depois não vai utilizar. Não
adianta um monte de dados, se não você não faz ideia de aonde quer chegar... e também
não adianta misturar coisas que podem não fazer sentido’. Fiquei com isso na cabeça e
provavelmente vou carregar sempre esse desafio. Mas foi a partir daí que comecei a
estruturar melhor ‘minha pergunta’, meus dados e métodos e o que eu esperava com
isso (ou o que pesquisas semelhantes já haviam observado). O que não significa que
foi trivial e obtive sucesso. A disciplina de ‘Seminário de Tese (AS003)’ do doutorado
do NEPAM foi essencial para organizar melhor as ideias.
O trabalho de campo. Essa foi uma das partes mais instigantes, prazerosas e
trabalhosas. Busquei todas as defesas civis da área de estudo, gente que eu já conhecia
na região, para encontrar pessoas-chave e locais para realizar as entrevistas de
percepção de riscos. Aqui tenho mais uma vez que agradecer às ‘coincidências’, pois
em boa parte dessa campanha de campo estive acompanhado de Gabriela Di Giulio, na
época pesquisadora de pós-doutorado sobre percepção de riscos na região. Na
ocasião, pude aprender muito com ela e otimizar o tempo da pesquisa. Fiz uma série
de levantamentos preliminares, quando apliquei questionários-teste na área de
estudo com colegas, pesquisadores e até com a família. Reformulei as questões
inúmeras vezes. Depois de questionário estruturado e contatos estabelecidos, tive a
sorte de conhecer algumas pessoas na região que me ajudaram a montar uma equipe
para aplicar os questionários sobre percepção de riscos. Fizemos um pré-treinamento.
Expliquei o propósito da pesquisa, como deveríamos abordar as pessoas e, em
algumas ocasiões, a usar o GPS e o Google Earth como apoio ao campo. Concluímos,
então, eu e mais vinte pessoas que compuseram a equipe, nosso ‘projeto de percepção
de riscos às mudanças climáticas no litoral norte paulista’.
Minha maior satisfação, mesmo sem mostrar os resultados a todos eles, foi ouvir:
‘Agora, sim, estou fazendo uma pesquisa acadêmica na prática’; ou ‘eu quero fazer
pós-graduação...’; ou ‘ficar na outra posição (de entrevistador), de apenas ouvir o que
eles têm para dizer (entrevistados), me fez questionar as ações que tenho feito no dia
a dia’ ou de receber um mapa desenhado à mão das áreas entrevistadas e dos riscos
como ele mesmo percebia o lugar. Agora, após a conclusão dessa etapa, certamente
farei o que combinei com todos eles: apresentar esses resultados nos locais que
visitamos, como forma de demonstrar o respeito inspirado pelo aprendizado que tive
com todos eles e para tentar realizar uma pesquisa mais participativa.
Nesta pesquisa, a interdisciplinaridade significou (para mim):

xxv
– ter uma pergunta que sozinho, ou apenas disciplinarmente, eu saberia que jamais
poderia responder ou pelo menos tentar responder. Por isso, tive de ‘expandir’ esta
pesquisa, muitas vezes até onde nem imaginava. Ou seja, tratando-se de questões
ambientais, foi imprescindível o trabalho ou a pesquisa em colaboração.
– se, por um lado, pude ‘expandir’ as capacidades e também ter um olhar mais
abrangente sobre a pesquisa em si, também tive dificuldades para sintetizar tudo em
um eixo central e norteador da pesquisa. Para mim, isso ficou evidente na abordagem
metodológica. Quando iniciei a pesquisa, pensava que teria uma única proposta
metodológica, mas, no final, propus um misto de métodos (disciplinares) para tentar
compreender os processos em diferentes escalas. A temática interdisciplinar
propiciou uma revisão contínua das abordagens propostas no início, sempre exigindo
um olhar integrado sobre as ‘duas culturas’ (ciências humanas e naturais, segundo C.P.
Snow 1), debatidas há décadas e que se colocavam nesta pesquisa. Um risco, diga-se de
passagem, de me perder no meio do caminho.
– eis, portanto, a importância de ter um eixo central e norteador da pesquisa, pois, a
cada nível de análise mais atento, mais eu percebia que ainda faltava muito e que
lacunas ainda permaneciam. A verdade é que termino o documento da tese com mais
perguntas e indagações do que havia feito no início. Por outro lado, estou um pouco
mais consciente de não ter uma resposta definitiva para todos os processos ou
fenômenos, pois sempre há algo mais para conhecer e compreender [e sei que essa
consciência não me isenta de questionamentos – mas sei que fazem parte de toda essa
construção].
– a pesquisa trazendo pessoas que vivem na área de estudo, onde pudemos trocar
informações e aprendizados mútuos, me pareceu ter potencial como abordagem
interdisciplinar. Obviamente isso não é novidade, mas sempre que possível acredito
que seja uma estratégia proveitosa para todos os lados envolvidos em uma pesquisa
participativa, entre pesquisadores e sociedade. O uso das ferramentas de SIG
possibilitou (dentro de todas as limitações) ‘transitar’ entre as duas ‘culturas’, por
meio de uma análise que buscou responder: ONDE (estão as áreas de riscos), O
QUE/OU QUEM (está em risco – e seus atributos).
– e finalmente, concordando com um dos pesquisadores que cito de ‘cabo a rabo’ neste
documento, mas também ampliando para as análises ambientais de um modo geral, é
que mesmo com o método mais robusto ou apropriado para determinado objetivo de
pesquisa, ainda assim, apenas iremos tangenciar o fenômeno analisado.

1 1a edição publicada em 1959 [Two Cultures]. Versão em português: SNOW, Charles Percy. As Duas Culturas e uma
segunda leitura: uma versão ampliada das duas culturas e a revolução científica. São Paulo: EDUSP, 1995.

xxvi
E para mim, ter a oportunidade de desenvolver esse projeto em colaboração com
diversas instituições e pessoas inspiradoras, me motiva a continuar no caminho de
exercer trabalhos e pesquisas que tenham alguma dessas características mencionadas
e, sobretudo, aberto para novas experiências e aprendizados que uma pesquisa
interdisciplinar pode oferecer.

xxvii
xxviii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diagrama dos componentes de trabalho do projeto ‘Clima’ (no. 2008/58159-


7) da Fapesp. Fonte: Elaborado pelo autor. ........................................................................ 7

Figura 1. 1. Esquemas ilustrativos sobre (a) perigos; (b) perigo calculável ou risco
(adaptado de AMARAL; GUTJAHR, 2011); (c) suscetibilidade a um perigo de
escorregamento (adaptado de KOBIYAMA et al., 2006); e (d) registros fotográficos de
moradias em encostas em Ilhabela – litoral norte de São Paulo (pesquisa em campo:
IWAMA, 2011). .................................................................................................................... 11
Figura 1. 2. O termo vulnerabilidade como produto/resultado ou ‘outcome’ e
‘contextual’ da análise e suas interpretações e consequências para a adaptação às
mudanças climáticas. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Kelly, Adger (2000) e
O’Brien et al. (2004a; 2007). .............................................................................................. 18
Figura 1. 3. Vulnerabilidade segundo o tipo de abordagem e propostas de análise (ver
lista de principais publicações no APÊNDICE – A.1, p. 318)............................................ 19
Figura 1. 4. Diagrama conceitual e analítico de riscos e vulnerabilidades. Fonte:
Elaborado pelo autor, baseado em Luers, 2005; Adger, 2006; Birkmann, 2006; 2007
UNISDR, 2009; IPCC, 2012. ................................................................................................ 25

Figura 2. 1. Área estudo: zona costeira do estado de São Paulo, abrangendo a UGHRi-3
– litoral norte (Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba), UGRHi-7 – baixada
santista (Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Santos e São
Vicente) e UGRHi-11 – Ribeira do Iguape e litoral sul (contém o complexo estuarino-
lagunar de Cananeia, Iguape e Ilha Comprida)............................................................................. 33
Figura 2. 2. Localização do litoral norte no estado de São Paulo e o mosaico de áreas
protegidas na região. .............................................................................................................................. 35
Figura 2. 3. Localização da rede de dutos e gasodutos relacionados à indústria de
petróleo e gás na região do litoral norte de São Paulo. Fonte: Adaptado de Teixeira
(2013)........................................................................................................................................................... 36
Figura 2. 4. Áreas prioritárias para conservação na região do litoral norte de São
Paulo. Fonte: PPBIO-MMA, 2006. ...................................................................................................... 37
Figura 2. 5. População urbana, rural (e total) no litoral norte do estado de São Paulo
(período 1980-2010) (Fundação SEADE, 2010; IBGE, 2011). *Dados da estimativa do
Censo Demográfico 2010. Fonte: Elaborado pelo autor. .......................................................... 39
Figura 2. 6. Taxa média geométrica de crescimento anual (em %) nos municípios do
litoral norte paulista, estado de São Paulo e Brasil. ................................................................... 41
Figura 2. 7. Litoral norte paulista: evento de grandes escorregamentos e corridas de
lama associado com precipitações prolongadas e intensas, causando grandes perdas

xxix
humanas em 1967, em Caraguatatuba. Em 2008, registro fotográfico ilustrando a
reocupação na mesma área afetada.................................................................................................. 42
Figura 2. 8. Mapa Geológico. Classes de rochas principais na região do litoral norte de
São Paulo (Serviço Geológico do Brasil - CPRM, 2011). ............................................................ 45
Figura 2. 9. Mapa Geomorfológico. Classes de relevo na região do litoral norte de São
Paulo (Serviço Geológico do Brasil - CPRM, 2009). .................................................................... 47
Figura 2. 10. Mapa de solos. Tipos de solo: (i) Espodossolos – Grupo 1 (G1); (ii)
Cambissolos – Grupo 2 (G2); (iii) Latossolos (Vermelhos-Amarelos) – Grupo 3 (G3)
(IAC-EMBRAPA, 2005). .......................................................................................................................... 49
Figura 2. 11. Mapa de riscos geotécnicos. Tipos de risco: (Ra) – riscos de
escorregamento; (Rb) – riscos de inundação; (Rc) – riscos de recalque diferenciado ou
instabilizações por corte/aterro/infiltração de água (IPT, 1994). * Riscos
predominantemente induzidos por ação antrópica; ** riscos relacionados às
inundações em margens de rios......................................................................................................... 50
Figura 2. 12. Mapa de potenciais riscos: (Ra) – riscos de escorregamento; (Rb) – riscos
de inundação (IPT, 1994; 2010) e riscos de escorregamento e inundação (IG-SP, 2006;
UNESP, 2006). * Riscos relacionados às inundações em margens de rios ........................ 51

Figura 3. 1. Metodologia contendo elos entre a abordagem multiescalar e sua análise


para responder às hipóteses H(1), H(2) e H(3) da pesquisa: (I) Aquisição e organização
de dados, (II) Abordagem em multiescalas: regional e local, (III) Análises da
vulnerabilidade: como resultado e contextual. ............................................................................ 57
Figura 3. 2. Exemplo da agregação de variáveis do Censo Demográfico representado
por (a) setores censitários urbanos e rurais, disponível pelo IBGE e (b) grade regular
(células), proposta por Bueno (2014). ............................................................................................ 61
Figura 3. 3. Diagrama de comparações conceituais entre o IPVS 2000-2010. Adaptado
de SEADE (2013)...................................................................................................................................... 65
Figura 3. 4. Sub-bacias hidrográficas no litoral norte paulista, totalizando 34 sub-
bacias. ........................................................................................................................................................... 67
Figura 3. 5. Esquema de análise em múltiplas escalas. Análise na escala regional: (a)
UGRHi-3, UGRHi-7, UGRHi-11 – litoral sul; (b) Municípios e sub-bacias hidrográficas
da UGRHi-3 – litoral norte. Análise na escala local/lugar: (c) sub-bacias hidrográficas
amostradas sobre percepção de riscos na UGRHi-3, com registros fotográficos da sub-
bacia do rio Santo Antônio, Caraguatatuba e sub-bacia do rio São Sebastião, em São
Sebastião. .................................................................................................................................................... 69
Figura 3. 6. Fluxograma das fases/etapas para a aplicação dos questionários sobre
percepção de riscos às mudanças climáticas/ambientais (baseado em GIL, 2002;
NEUMAN, 2011). ...................................................................................................................................... 71

xxx
Figura 3. 7. Diagrama de formação da equipe de entrevistadores sobre percepção de
riscos às mudanças climáticas e ambientais: rede de relações entre o Coordenador da
pesquisa (C), Entrevistadores – E(c) = Caraguatatuba; E(i) = Ilhabela; E(ss) = São
Sebastião; E(u) = Ubatuba, e os Elos (Elo) ou principais contatos. ......................................... 78
Figura 3. 8. Material de apoio para a equipe auxiliar de campo: (a) Crachá de
identificação, manual do entrevistador, questionários; (b) Mapa das áreas de risco nos
bairros do Rio do Ouro, Jaraguazinho e Caputera – Caraguatatuba; e (c) Mapa das
áreas de risco em Topolândia, Olaria e Itatinga – São Sebastião........................................... 81
Figura 3. 9. Treinamento da equipe: (a) em campo com entrevistador-líder no Morro
do Algodão – Caraguatatuba; (b) em campo com equipe de entrevistadores dos bairros
Olaria, Topolândia e Itatinga – São Sebastião; (c) Croquis realizados durante a
preparação para a aplicação dos questionários. .......................................................................... 82

Figura 4. 1. Número e percentual de perigos e pessoas afetadas no estado de São


Paulo, no período de 1991 a 2010 (baseado em dados do CEPED/UFSC, 2011)............ 86
Figura 4. 2. Distribuição de riscos geotécnicos associados com perigos de
escorregamentos (movimento de massa em geral), inundações, recalques ou
subsidência do solo e erosões. Fonte: Adaptado de IPT (1994). ........................................... 88
Figura 4. 3. Distribuição espacial de riscos geotécnicos (perigos de escorregamentos
ou erosões, inundações ou recalques ou subsidência do solo). ............................................. 91
Figura 4. 4. Distribuição de riscos geotécnicos em grades regulares (250 x 250m –
urbano e 1000 x 1000m – rural), segundo o número de pessoas: (a) UGRHi-3 – litoral
norte; (b) UGRHi-7 –baixada santista [região metropolitana de Santos]; e (c) UGRHi-
11 – na porção do litoral sul [complexo estuarino-lagunar]................................................... 93
Figura 4. 5. Distribuição de setores censitários, segundo o Índice Paulista de
Vulnerabilidade Social (IPVS) de 2010: (a) UGRHi-3 – litoral norte; (b) UGRHi-7 –
baixada santista; e (c) UGRHi-11 – na porção do litoral sul [complexo estuarino-
lagunar]........................................................................................................................................................ 95
Figura 4. 6. UGRHi-3 – litoral norte. (a) Distribuição da população pela grade regular
na zona centro-sul de Caraguatatuba; (b) padrão de ocupação no bairro Jardim Santa
Rosa (em direção ao norte do município); (c) moradias no bairro Rio do Ouro; e (d)
situação de alagamento em 2012 no Morro do Algodão (próximo ao rio Juqueriquerê).
[registros fotográficos em campanha de campo]. ......................................................................... 96
Figura 4. 7. UGRHi-3 – litoral norte. (a) Distribuição da população pela grade regular
na zona centro-norte de Ilhabela e de São Sebastião; (b) moradias de alto padrão
construtivo no bairro Santa Tereza, Ilhabela; (c) morro do Cantagalo, moradias em
contraste no padrão de construção situado no bairro da Vila, ao lado de Santa Tereza,
Ilhabela; e (d) moradia em potencial área de risco de escorregamento, bairro de
Topolândia, São Sebastião [registros fotográficos em campanha de campo]. ................... 97
Figura 4. 8. UGRHi-3 – litoral norte. Distribuição da população pela grade regular em
áreas de riscos geotécnicos na segundo a variável renda domiciliar em: zona centro-

xxxi
sul de Caraguatatuba (a) < 1 salário mínimo (SM) e (b) > 10 SM; e zona centro-norte
de Ilhabela e de São Sebastião (c) < 1 salário mínimo (SM) e (d) > 10 SM......................101
Figura 4. 9. UGRHi-3 – litoral norte. Distribuição da população pela grade regular em
áreas de riscos geotécnicos na segundo a variável idade: zona centro-sul de
Caraguatatuba (a) 0 a 14 anos e (b) > 60 anos; e zona centro-norte de Ilhabela e de São
Sebastião (c) 0 a 14 anos e (d) > 60 anos. ....................................................................................102
Figura 4. 10. UGRHi-7 – baixada santista. (a) Distribuição da população pela grade
regular na zona central de Santos; (b) moradias em potenciais áreas de risco de
escorregamento na vila Progresso (BARBI, 2014); (c) subsidência em edifício no
centro de Santos, em frente à praia do Boqueirão (HACHICH, 1997; TOMINAGA et al.,
2009); (d) erosão costeira na orla de Santos (IG/SMA, em AMARAL; GUTJAHR, 2011);
(e) vista do morro José Menino (abaixo da foto) e do morro Santa Therezinha (acima
da foto): contraste no perfil de construção de moradias em mesma situação de
perigo/risco [registro fotográfico de J.C. Carvalho]; (f) ruptura em moradia causada
por recalque ou subsidência do solo em São Vicente (IG/SMA, em AMARAL; GUTJAHR,
2011). .........................................................................................................................................................105
Figura 4. 11. UGRHi-7 – baixada santista. Distribuição da população pela grade regular
em áreas de risco geotécnico segundo a variável ‘renda domiciliar’: (a) < 1 salário
mínimo (SM) e (b) > 10 SM, na zona central de Santos, São Vicente, Praia Grande, parte
de Guarujá e Cubatão............................................................................................................................107
Figura 4. 12. UGRHi-7 – baixada santista. Assentamentos precários ou cortiços
distribuídos nos canais de São Vicente: (a) núcleo Sambaituba e Dique Caixeta e do
Piçarro; (b) Núcleos Saquaré; e (c) assentamentos precários na região noroeste de
Santos, (d) Dique da vila Gilda no rio dos Bugres, Santos [Fonte: Imagens Google Earth
e Instituto Ecofaxina – registro fotográfico de William R. Schepis). ....................................110
Figura 4. 13. UGRHi-7 – baixada santista. Distribuição da população pela grade regular
em áreas de risco geotécnico segundo a variável idade (a) entre 0 a 14 anos e (b) > 60
anos na zona central de Santos, São Vicente, Praia Grande, parte de Guarujá e Cubatão.
.......................................................................................................................................................................112
Figura 4. 14. UGRHi-7 – baixada santista. Distribuição da população (a) total em
células ou grades regulares nas áreas centrais de Santos, São Vicente, Guarujá e parte
de Cubatão. Distribuição de pessoas em áreas de risco geotécnico [Re –
escorregamentos; Ri ou Rr – inundações ou recalques do solo] segundo a raça/cor (b)
branca, (c) preta e (d) parda. ............................................................................................................113
Figura 4. 15. UGRHi-11 – porção litoral sul. (a) Distribuição da população pela grade
regular na zona central de Cananeia, Iguape e Ilha Comprida; (b) moradia destruída
pelo avanço da maré, na praia do leste de Iguape (CBH-RB, 2013, foto registrada em
2011); (c) moradia destruída pelo avanço da maré, na ponta da praia de Ilha Comprida
(MODESTO, 2014, em prep.); (d) potenciais áreas de risco de inundação e de
escorregamento, situadas nas proximidades do morro São João, ao sul de Cananeia
(CBH-RB, 2013, foto registrada em 2011). ...................................................................................116
Figura 4. 16. UGRHi-11 – porção litoral sul. Distribuição da população pela grade
regular em áreas de riscos geotécnicos segundo a variável renda domiciliar (a) < 1

xxxii
salário mínimo (SM) e (b) > 10 SM, na zona central de Cananeia, Iguape e Ilha
Comprida. ..................................................................................................................................................118
Figura 4. 17. UGRHi-11 – porção litoral sul. Distribuição da população pela grade
regular em áreas de riscos geotécnicos segundo a variável idade (a) entre 0 a 14 anos
e (b) > 60 anos, na zona central de Cananeia, Iguape e Ilha Comprida.............................120

Figura 5. 1. Distribuição espacial de cobertura e uso da terra no litoral norte de São


Paulo – (a) 1990; (b) 1999; e (c) 2010. .........................................................................................126
Figura 5. 2. Diagrama das transições de cobertura e uso da terra nos períodos (a)
1990-1999 e (b) 1999-2010. .............................................................................................................129
Figura 5. 3. Transições de cobertura/uso da terra – períodos 1990-1999 e 1999-2010
– (1) transição para áreas urbanas (incluindo áreas de mineração); (2) transição para
áreas agricultáveis; (3) transição para cobertural florestal: (a) Caraguatatuba e (b)
Ilhabela. .....................................................................................................................................................131
Figura 5. 4. Transições de cobertura/uso da terra – períodos 1990-1999 e 1999-2010
– (1) transição para áreas urbanas (incluindo áreas de mineração); (2) transição para
áreas agricultáveis; (3) transição para cobertural florestal: (a) São Sebastião e (b)
Ubatuba......................................................................................................................................................132
Figura 5. 5. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra
(1990 a 2010), áreas protegidas e riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) – Caraguatatuba.
.......................................................................................................................................................................135
Figura 5. 6. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra
(1990 a 2010), áreas protegidas e riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) – Ilhabela. ......136
Figura 5. 7. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra
(1990 a 2010), áreas protegidas e riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) –São Sebastião.
.......................................................................................................................................................................137
Figura 5. 8. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra
(1990 a 2010), áreas protegidas e riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) –Ubatuba........138
Figura 5. 9. Caraguatatuba: (a) – região central: bairros de (a1) Jardim Olaria, (a2)
Casa Branca, (a3) Cantagalo, (a4) Benfica, (a5) Rio do Ouro; (b) região sul: bairros do
Morro do Algodão, no período de verão em situação de (b1) inundação em 2012, (b2)
sem inundação em 2010, (b3, b4) equipe em campo para entrevistas sobre a
percepção de riscos da comunidade afetadas no morro do Algodão. ...............................142
Figura 5. 10. Ubatuba: (a) região central: bairros de (a1) Pedreira, (a2) Bela Vista, (a3)
Ipiranguinha, (a4) Horto, (a5) Enseada, (a6) Perequê-Mirim. (b) região sul: bairros do
(b1) Rio Escuro, (b2) Corcovado, (b3) Sertão da Quina, (b4) Sertão do Araribá. ..........144
Figura 5. 11. São Sebastião: (a) região central: bairros de (a1) Morro do Abrigo – (a2)
São Francisco, (a3,a4) Olaria, Topolândia e Itatinga, (b) costa sul: bairros de (b1)
Maresias, (b2) Boiçucanga, (b3) Cambury, (b4) Barra do Sahy, (b5) Morro dos
Esquimós - Juquehy...............................................................................................................................146

xxxiii
Figura 5. 12. Ilhabela: (a) região centro-norte: bairros de (a1) Santa Teresa, (a2)
Cantagalo - Vila, (a3, a4) Morro dos Mineiros – Itaquanduba; (b) região central:
bairros de (b1) Barra Velha, Água Branca Reino, (b2) Zabumba, (b3, b4) Buraco do
Morcego. ....................................................................................................................................................148
Figura 5. 13. Vulnerabilidade multidimensional – manchas de transição para áreas
urbanas – período 1990-2010, áreas em situação de vulnerabilidade social expostas
aos riscos de escorregamento e/ou inundação: (a) Caraguatatuba – região centro-sul:
os bairros do Morro do Algodão (distrito Porto Novo), Rio do Ouro, Benfica,
Jaraguazinho, Cantagalo, Jardim Olaria e Casa Branca; (b) Ubatuba – região central: os
bairros de Bela Vista, Marafunda, Ipiranguinha, Pedreira, Horto, além de Perequê-
Mirim (inclui o ‘sertão’) e Enseada; (c) São Sebastião – região central: Olaria,
Topolândia, Itatinga, Morro do Abrigo e São Francisco. Ilhabela – região central: os
bairros que abrangem Barra Velha, Morro dos Mineiros (Itaquanduba), Green Park,
Reino, Buraco do Morcego, Zabumba.............................................................................................150

Figura 6. 1. Mapa riscos geotécnicos: (Re) – riscos de escorregamento; (Ri) – riscos de


inundação; (Rr) – riscos de recalque diferenciado ou instabilizações por
corte/aterro/infiltração de água, associados com o movimento de marés (IPT, 1994).
(a) em relação ao território da UGRHi-3, (b) em relação às áreas sujeitas à ocupação
do território, em baixas altitudes e fora dos limites das Unidades de Conservação de
Proteção Integral....................................................................................................................................159
Figura 6. 2. Riscos geotécnicos, segundo as classes de grau de suscetiblidade: (a)
processos associados a escorregamentos; (b) processos associados a inundações e
recalques do solo influenciados pelo movimento das marés. ..............................................161
Figura 6. 3. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento; (Ri) –
riscos de inundação (IPT, 1994; 2010) e riscos de escorregamento e inundação (IG-SP,
2006; UNESP, 2006); (b) Mapa do IPVS (2000); e (c) Mapa do IPVS (2010), ambos
distribuídos por setores censitários. ..............................................................................................165
Figura 6. 4. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento e riscos à
escorregamento e inundação (IG-SP, 2006; UNESP, 2006); (b) Mapa do IPVS (2000); e
(c) Mapa do IPVS (2010), ambos distribuídos por setores censitários. ...........................167
Figura 6. 5. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento; (Ri) –
riscos de inundação; (Rr) – riscos de recalque do solo associados ao movimento das
marés (IPT, 1994; 2010) e riscos de escorregamentos e inundação (IG-SP, 2006;
UNESP, 2006); (b) Mapa do IPVS (2000); e (c) Mapa do IPVS (2010), ambos
distribuídos por setores censitários. ..............................................................................................170
Figura 6. 6. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento (IPT, 1994;
2010) e riscos de escorregamento e inundação (IG-SP, 2006; UNESP, 2006); (b) Mapa
do IPVS (2000); e (c) Mapa do IPVS (2010), ambos distribuídos por setores
censitários.................................................................................................................................................173

xxxiv
Figura 7. 1. Distribuição dos pontos (GPS) coletados em campo (2011-2012) e
distribuição das entrevistas por equipe auxiliar de campo (entrevistas sobre
percepção de riscos) por sub-bacias. .............................................................................................179
Figura 7. 2. Sexo, idade, escolaridade e rendimento mensal dos entrevistados sobre
percepção de riscos ligados às mudanças climáticas...............................................................183
Figura 7. 3. Naturalidade dos entrevistados sobre a percepção de riscos: (a) por
estados e (b) por município da UGRHi-3 – litoral norte. ........................................................184
Figura 7. 4. Participação dos entrevistados em algum tipo de associação de bairro,
religiosa, assistência social, entres outras. ..................................................................................185
Figura 7. 5. Participação dos entrevistados em algum tipo de associação (de bairro,
religiosa, assistência social, entres outras). Mapa da distribuição das entrevistas sobre
percepção de riscos – Caraguatatuba: (a) Morro do Algodão (em 2010, com os efeitos
da inundação de afluente do rio Juqueriquerê e em 2012); (b) bairro Benfica
(nov/2012); (c) bairro Rio do Ouro (out/2012); (d) Sumaré (jan/2011); e (e) bairro
Olaria (dez/2012). .................................................................................................................................188
Figura 7. 6. Mapa da distribuição das entrevistas sobre percepção de riscos – Ilhabela:
(a) Zabumba (nov/2012); (b) e (c) Zabumba e Barra Velha – área denominada “Buraco
do Morcego” (nov/2011); (d) bairro Itaquanduba – área denominada de “Morro dos
Mineiros (out/2012); (e) Itaquanduba – ‘Morro dos Mineiros’ (nov/2011); e (f) bairro
Santa Teresa – vista geral de moradias de alto padrão (nov/2011)..................................189
Figura 7. 7. Mapa da distribuição das entrevistas sobre percepção de riscos – São
Sebastião: (a) Juquehy – área denominada “Vila Pantanal” (nov/2012); (b) Vila Sahy
(nov/2012); (c) Camburi (nov/2012); (d) Maresias (nov/2012); (e) Topolândia
(jan/2011); e (f) Morro do Abrigo (nov/2012). ........................................................................190
Figura 7. 8. Mapa da distribuição das entrevistas sobre percepção de riscos – Ubatuba:
(a) Sertão do Araribá (dez/2012); (b) Corcovado (dez/2012); (c) Bela Vista
(dez/2012); (d) Pedreira (jun/2012); (e) Picinguaba (jan/2011); e (f) Camburi
(dez/2012). ..............................................................................................................................................191
Figura 7. 9. Perfil dos entrevistados sobre a questão: ‘Você já ouviu falar de mudanças
climáticas?’, tema II do survey de percepção de riscos. ..........................................................193
Figura 7. 10. Percepção de riscos às mudanças climáticas e ambientais: (a) ritmo em
que acontecem; (b) preocupações; (c) causas; e (d) os mais afetados. ............................196
Figura 7. 11. Percepções de riscos – dos problemas que podem ser agravados pelas
mudanças climáticas e ambientais, qual a gravidade atribuída para: (a) aumento de
doenças; (b) falta de água potável; (c) aumento da poluição e contaminação por lixões
e esgotos; (d) aumento de deslizamentos em encostas; (e) aumento de inundações ou
alagamentos; e (f) elevação do nível do mar. ..............................................................................198
Figura 7. 12. Percepções de perigos segundo o grau de risco atribuído pelos
entrevistados: (a) inundações; (b) escorregamentos; (c) ressacas do mar; (d) elevação
do nível do mar; e (e) erosões costeiras. ......................................................................................200

xxxv
Figura 7. 13. Percepções de perigo, segundo o grau de risco de: (a) inundações e (b)
escorregamentos, de acordo com o sexo dos entrevistados. ................................................202
Figura 7. 14. Percepções de perigo, de acordo com o grau de risco de inundações e
escorregamentos segundo as características de: (a) e (b) faixa etária; (c) e (d)
escolaridade; e (e) e (f) rendimento mensal. ..............................................................................203
Figura 7. 15. Percepções de perigo de acordo com o grau de risco de inundações e
escorregamentos segundo as características de: (a) e (b) religião; (c) e (d) tempo de
moradia; (e) e (f) se sempre morou na mesma residência. ...................................................205
Figura 7. 16. Percepções e estratégias de adaptação aos riscos. O que impediria o
entrevistado de mudar de lugar de moradia para outro mais seguro? (a) não tenho
dinheiro para comprar outro imóvel; (b) o aluguel em outros locais é mais caro; (c)
gosto de morar aqui, apesar do risco; (d) deixo nas mãos de Deus. ..................................208
Figura 7. 17. Percepções e estratégias de adaptação aos riscos. A quem pediria ajuda
em caso de perigo iminente? (a) família; (b) vizinhos; (c) igreja; (d) defesa civil; ou (e)
prefeitura. .................................................................................................................................................213
Figura 7. 18. Percepções e governança dos riscos. Quem é o maior responsável para
evitar os riscos? (a) governo estadual; (b) prefeitura; (c) universidade; (d) ONGs; (e)
você e toda a população. .....................................................................................................................215
Figura 7. 19. Percepções e comunicação dos riscos. Para receber informações sobre as
mudanças climáticas e os riscos, qual é o grau de importância atribuído aos seguintes
meios de comunicação: (a) televisão; (b) rádio; (c) jornais (impresso); (d) internet; (e)
audiências públicas. ..............................................................................................................................219

Figura 8. 1. Diagrama da abordagem multiescalar da vulnerabilidade: escalas espacial


e temporal e aspectos da análise da vulnerabilidade como resultado ou outcome e
contextual. ................................................................................................................................................224
Figura 8. 2. Estrutura simplificada para a gestão do risco de desastres: articulação
entre a política pública, a pesquisa técnico-científica e a sociedade. ................................232

xxxvi
Figuras Apêndice
Figura A. 1. (a) Setores censitários no litoral norte Paulista e (b) faixa de 500 metros a
partir do limite da costa. .....................................................................................................................288
Figura A. 2. Grade de células (100 x 100 metros) e faixa – buffer – de 500 metros da
costa em (a) São Sebastião, (b) Ubatuba, (c) Caraguatatuba, (d) Ilhabela. .....................289
Figura A. 3. Mudanças climáticas e ambientais: respostas dos três grupos de
entrevistados. ..........................................................................................................................................300
Figura A. 4. Mudanças climáticas e ambientais: respostas dos três grupos de
entrevistados em relação ao peso ou gravidade que atribuiriam aos problemas que
podem ser agravados por essas mudanças..................................................................................301
Figura A. 5. Riscos socioambientais e adaptação: respostas dos três grupos de
entrevistados em relação a atribuição do grau de riscos a (a) inundação/alagamentos,
(b) escorregamentos/deslizamentos, (c) ressacas do mar, (d) erosões costeiras........302
Figura A. 6. Riscos socioambientais e adaptação: respostas dos três grupos de
entrevistados em relação a estratégia de adaptação aos riscos socioambientais (a)
permanecer no mesmo bairro e casa, (b) permanecer no mesmo bairro, em outra casa,
(c) mudar de bairro, (d) mudar de cidade. ...................................................................................303
Figura A. 7. Governança e comunicação de riscos: respostas dos três grupos de
entrevistados em relação ao grau de responsabilidade que consideram de (a)
prefeituras, (b) universidade, (c) ONGs, (d) toda a população. ...........................................304
Figura A. 8. Governança e comunicação de riscos: respostas dos três grupos de
entrevistados em relação aos meios de comunicação que consideram mais
importantes para receber informações sobre mudanças climáticas e ambientais. .....306

xxxvii
xxxviii
LISTAS DE TABELAS E QUADROS

Tabela 2. 1. Tipos de grupos de rochas formadoras de solos e percentual na região do


litoral norte de São Paulo. .................................................................................................................... 44
Tabela 2. 2. Tipos de relevo (domínio geomorfológico) e percentual na região do
litoral norte de São Paulo. .................................................................................................................... 46
Tabela 2. 3. Tipos de solos e percentual na região do litoral norte de São Paulo. .......... 48
Tabela 2. 4. Riscos geotécnicos segundo grau de suscetibilidade e município no litoral
norte de São Paulo. .................................................................................................................................. 53

Tabela 3. 1. Descrição das variáveis sociodemográficas selecionadas para a análise por


grades regulares ou células.................................................................................................................. 62
Tabela 3. 2. Variáveis utilizadas para a construção de grupos de Vulnerabilidade do
IPVS-SEADE (2000 e 2010).................................................................................................................. 64
Tabela 3. 3. Domicílios em áreas de riscos (escorregamentos e inundação – Triscos, IG-
SP, 2006a,b,c, UNESP-Rio Claro; IPT, 2010) e total de domicílios nos 4 municípios
(Censo Demográfico de 2010 – Tcenso2010, IBGE, 2012). ............................................................ 75
Tabela 3. 4. Estimativas de tamanhos de amostras: (i) amostragem simples – a partir
de domicílios em áreas de riscos e total de domicílios em cada município; (ii)
amostragem estratificada (com cota definida em 1.000 questionários). ........................... 76
Tabela 3. 2. Total de células (100 x 100 metros) por setor censitário e ao longo da
faixa de 500 metros da costa. ............................................................................................................289

Tabela 4. 1. Distribuição de riscos geoténicos na zona costeira de São Paulo,


associados a riscos de escorregamentos, inundação e recalque ou subsidência do solo.
......................................................................................................................................................................... 89
Tabela 4. 2. Distribuição de riscos geotécnicos na zona costeira de São Paulo (UGRHi-3
– litoral norte), associados com perigos de escorregamentos, inundações, recalques ou
subsidência do solo em grades regulares proposta por Bueno (2014). ...........................100
Tabela 4. 3. Distribuição de riscos geotécnicos na zona costeira de São Paulo (UGRHi-7
– baixada santista), associados com perigos de escorregamentos, inundações,
recalques ou subsidência do solo em grades regulares proposta por Bueno (2014). 108
Tabela 4. 4. Total de áreas e setores sujeitos a riscos geotécnicos na porção da UGRHi-
11 –litoral sul, associados a perigo de escorregamentos, inundações, subsidência do
solo, eerosões costeiras. ......................................................................................................................115
Tabela 4. 5. Distribuição de riscos geotécnicos na zona costeira de São Paulo (UGRHi-
11 – porção do litoral sul), associados com perigos de escorregamentos, inundações,
recalques ou subsidência do solo em grades regulares proposta por Bueno (2014). 119

xxxix
Tabela 5. 1. Principais transições de cobertura/uso da terra na área de estudo nos
períodos entre 1990, 1999 e 2010. .................................................................................................128
Tabela 5. 2. Manchas de transição de cobertura e uso da terra [cobertura florestal,
vegetação secundária e áreas agricultáveis] para áreas urbanas, segundo os riscos de
escorregamento e inundação. ...........................................................................................................139

Tabela 6. 1. Riscos de escorregamento (total e em áreas fora das Unidades de


Conservação de Proteção Integral – Parques Estaduais da Serra do Mar e de Ilhabela) -
Re, inundações – Ri e recalques ou subsidência do solo – Rr na UGRHi-3 – litoral norte.
.......................................................................................................................................................................158
Tabela 6. 2. Áreas de risco, setores e estimativas de domicílios afetados e do total de
domicílios em 2010 (Censo Demográfico). ..................................................................................162

Tabela 7. 1. Total amostrado por municípios, além dos percentuais em relação à


estimativa do total de domicílios em áreas de risco e a proporção de áreas de risco em
cada município. .......................................................................................................................................180
Tabela 7. 2. Total de entrevistados sobre percepção de riscos, segundo o tipo de
religião e a frequência da prática religiosa. .................................................................................186
Tabela 7. 3. Total de entrevistados sobre percepção de riscos, segundo o grau de união
entre os entrevistados e sua vizinhança ou família. .................................................................187

Tabela 8. 1. Políticas públicas para a redução de riscos de desastres: oportunidades


para a integração de instrumentos de planejamento ou de gestão. ...................................230

Quadros
Quadro 5. 1. Riscos a desastres: exemplos nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo
e área de estudo......................................................................................................................................151
Quadro 5. 2. Riscos de escorregamentos e inundação associados à expansão urbana
em Caraguatatuba. .................................................................................................................................153
Quadro 5. 3. Riscos de escorregamento e queda de blocos: moradias de alto e médio
padrão em Ilhabela................................................................................................................................154
Quadro 5. 4. Riscos de escorregamentos e movimentos de massa associados à
expansão urbana em São Sebastião. ...............................................................................................155
Quadro 5. 5. Riscos de ressaca do mar associados à elevação do nível do mar,
escorregamentos, associados a conflitos com o Parque Estadual da Serra do Mar, em
Ubatuba......................................................................................................................................................156

xl
Tabelas Anexo

Tabela I. a. Legenda de classificação em diferentes níveis de detalhamento .................280


Tabela I. b. Datas de aquisição das imagens TM/Landsat 5. .................................................281
Tabela I. c. Datas de aquisição das imagens Ikonos e GeoEye. .............................................281
Tabela I. d. Cartas na escala 1:10.000 do IGC utilizadas como fonte de informação
planimétrica para a ortorretificação das imagens. ...................................................................281
Tabela I. e. Quantidades de Ground Points Control (GCPs) – pontos de controle -
utilizados para a correção geométrica das imagens IKONOS e valores do Root Mean
Square (RMS) – erro quadrático médio- para as componentes planimétricas (E e N).
.......................................................................................................................................................................282

Tabelas Apêndice

Tabela A. 1. Riscos geotécnicos por sub-bacias afetadas na UGRHi-3...............................309

xli
xlii
INTRODUÇÃO. APRESENTAÇAÃ O DA PESQUISA
AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AMBIENTAIS

No contexto das mudanças climáticas e ambientais 2, torna-se


imprescindível caracterizar as situações de riscos e vulnerabilidade nas zonas
costeiras. De acordo com Kron (2008), as zonas costeiras são as áreas de maior risco
no mundo e serão as porções mais afetadas pelas mudanças ambientais globais.
O período entre 2001-2010 tem sido considerado a década dos eventos
climáticos extremos, não apenas pelas ondas de calor, mas também pelo aumento de
precipitações (COUMOU, RAHMSTORF, 2012; WMO, 2013), exigindo ações mais
rápidas e eficazes para reduzir os problemas associados a essas mudanças climáticas e
ambientais.
Embora haja incertezas no contexto de mudanças climáticas (ver GIDDENS,
2010), é importante considerar ações mais urgentes para evitar os efeitos dessas
mudanças 3 (HOGAN, 2009a; GIDDENS, 2010) que tendem a se acentuar à medida que
os impactos associados aos eventos climáticos extremos se tornem mais visíveis e
frequentes.
Entre os diversos efeitos das mudanças climáticas, pode-se destacar
aqueles associados ao aumento do nível médio dos oceanos e a maior frequência e
intensidade de eventos climáticos extremos, muitas vezes trazendo como
consequência variações dos níveis das marés, riscos de inundações, enchentes,
alagamentos e deslizamentos (IPCC, 2007; 2012), além de riscos para os sistema
biológicos e a segurança alimentar (ROSENZWEIG et al., 2008; THORNTON et al.,
2014). Além disso, em zonas costeiras de baixa altitude – Low Elevation Coastal Zones

2 O termo “mudanças climáticas e ambientais” utilizado nesta pesquisa tem referência em trabalhos de Benedick
(2000), Hogan (2001) e Hogan e Tolmasquim (2001), no qual utilizam o termo “mudanças ambientais globais”
que inclui as mudanças climáticas (associadas com o buraco na cama de ozônio, a perda da biodiversidade, a
poluição das águas, entre outros).
3 De acordo com Giddens (2005; 2010), observa-se que os riscos e perigos trazidos pelas mudanças climáticas em
curso não são palpáveis, imediatos ou visíveis na vida cotidiana, especialmente nos países desenvolvidos. Nessa
situação, a sociedade pouco ou nada faz de concreto para reduzi-los ou se adaptar. Entretanto, se forem
considerarados os riscos em regiões costeiras, sobretudo em regiões carentes de infraestrutura, a espera para
que sejam feitas ações mais urgentes se mostra como um grande desafio para se estabelecer uma política de
mudança climática, dada a incerteza envolvida nesse tema.

1
(LECZ), áreas contíguas ao longo da costa com menos de dez metros acima do nível do
mar - residem cerca de 10% da população mundial e 13% da população urbana
mundial (McGRANAHAN, BALK, ANDERSON, 2007).
Satterthwaite et al. (2009), utilizando dados estatísticos das Nações
Unidas, observaram um aumento gradual de populações urbanas no mundo,
mostrando que 13,5% da população na América Latina e Caribe é urbana (em 2010).
No Brasil, dados da Contagem 2007 (IBGE, 2010a) indicam que aproximadamente 43
milhões de habitantes (18% da população total) residem na zona costeira, onde se
localizam dezesseis das 28 regiões metropolitanas brasileiras (MMA, 2008). Nos
municípios da zona costeira, em 2007, aproximadamente 70% da população residia
em municípios com sede em altitudes inferiores a vinte metros; 16,77%, em cidades
com altitudes entre zero e dois metros – especialmente no Rio de Janeiro e Santos
(CARMO; SILVA, 2009). Em 2010, 45,6% dos municípios costeiros no Brasil
apresentaram urbanização maior do que 80% (enquanto em outros municípios foi de
27,2%), e quase um quarto (24,6%) da população brasileira se concentrava em zonas
costeiras (IBGE, 2011).
O processo de urbanização no Brasil tem se caracterizado por problemas
recorrentes: ocupações irregulares em encostas ou nas margens dos corpos de água;
precariedade de abastecimento de água potável e de saneamento básico, desigualdade
ao acesso de bens de serviços públicos, entre outros elementos indicativos de
inadequação e de má distribuição dos serviços e da infraestrutura no meio urbano
(MORAES, 2007; RIBEIRO, 2008; CARMO; SILVA, 2009; CARMO, 2014).
Tais problemas, somados à falta de um controle sobre o uso e a ocupação
do solo e menos ainda à oferta (por parte do Estado) de alternativas habitacionais
legais, às ocupações irregulares ou favelas (BONDUKI; ROLNIK, 1982; MARICATO,
1996; 2011) e ao cenário de aumento da intensidade e frequência de eventos
climáticos extremos, tendem a acentuar as situações de riscos e vulnerabilidade em
áreas litorâneas (HOGAN, 2001; HUQ et al., 2007; CARMO; SILVA, 2009; CARMO et al.,
2012).

2
No cenário brasileiro, considerando as políticas públicas com diretrizes
que buscam minimizar esses problemas ou impactos às mudanças climáticas,
podemos citar a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC 4) e a Política
Estadual de São Paulo sobre Mudanças Climáticas (denominada PEMC 5). No geral,
ambas estabeleceram, entre outros elementos, diretrizes que promovam o
desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas como forma de identificar
fatores de vulnerabilidade para que sejam adotadas medidas de adaptação adequadas.
Além das políticas de mudanças climáticas, um importante marco é a
criação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDC – Lei 12.608/2012,
BRASIL, 2012), que abrange ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e
recuperação voltadas à proteção e defesa civil de forma integrada às políticas de
ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças
climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e
tecnologia e às demais políticas setoriais.
No âmbito estadual, o Decreto estadual n.° 57.512/2011 (SÃO PAULO,
2011), que instituiu o Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e de
Redução de Riscos Geológicos (PDN), também traz considerações sobre as diversas
instâncias e instituições no estado de São Paulo, bem como a necessidade de articular
e otimizar as ações existentes.
No contexto dessas diretrizes relacionadas aos riscos, vulnerabilidades e
mudanças climáticas e ambientais, buscar mecanismos para caracterizar as situações
de risco e vulnerabilidade nas zonas costeiras tem sido fundamental para as agendas
científicas relacionadas à temática das dimensões humanas das mudanças climáticas e
ambientais. Para isso, é proposta uma análise geoespacial utilizando dados ambientais
(físico-territoriais) e dados socioeconômicos. Por meio da integração desses dois
conjuntos de dados (ambientais e socioeconômicos) é feita uma análise regional (por
municípios e bacias hidrográficas) e uma análise local (com auxílio de uma grade

4 Lei n.o 12.187/2009 (BRASIL, 2009), instituindo a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).
5 Lei estadual n.o 13.798/2009 (SÃO PAULO, 2009), instituindo a Política Estadual de Mudanças Climáticas no
estado de São Paulo, regulamentada pelo Decreto n.° 55.947/2010.

3
celular de 100 x 100 m e levantamento em campo), considerando os efeitos entre as
múltiplas escalas de análises no litoral norte de São Paulo.

Esta tese busca não apenas caracterizar situações de riscos e


vulnerabilidades às mudanças climáticas e ambientais, mas também fazer uma análise
que considere, além dos fatores físicos e ambientais, os fatores sociais e econômicos
que influenciam a vulnerabilidade das populações expostas aos riscos de natureza
geológica e/ou hidrológica. Nesse sentido, esta pesquisa propõe uma abordagem
quantitativa para analisar as percepções de riscos às mudanças climáticas e
ambientais, buscando um foco sobre o papel da proximidade e do lugar/espaço (de
riscos) na formação dessas percepções (BRODY et al., 2008a).

QUESTÕES E HIPÓTESES

A presente pesquisa buscou compreender as seguintes questões: (i) Onde


se localizam as áreas de riscos e quais são as situações de vulnerabilidade no contexto
das mudanças climáticas e ambientais6 no litoral paulista, com ênfase para o litoral
norte? (ii) Em que contexto (socioeconômico) estão inseridos aqueles que podem ser
afetados pelos riscos associados (ou não) às mudanças climáticas e ambientais? (iii)
Quem tem maior capacidade para se adaptar aos riscos aos quais estão expostos? Há
alguma relação entre o perfil socioeconômico dos grupos mais aptos a essa mudanças,
ou não? (iv) Como a população percebe as situações de risco e quais são as motivações
para o enfrentamento do risco em que são colocadas? Quais grupos sociais têm maior
capacidade para se mobilizar e enfrentar os problemas? Nessa perspectiva (do item
iv), busca-se apoio nas literaturas de Beck (1992; 1995; 1999; 2006; 2009) e em uma
abordagem quantitativa sobre percepção de riscos ligados às mudanças climáticas e
ambientais, tentando compreender melhor como os riscos produzidos pela própria
modernização da sociedade podem ser enfrentados e reduzidos.

6 Esta pesquisa procurou identificar os principais riscos a escorregamento, inundação e proximidade da linha
costeira que podem ou não estar associados às mudanças climáticas e ambientais.

4
Considerando as questões levantadas pela pesquisa, algumas hipóteses
foram levantadas:

Hipótese (1) ou H(1): Os riscos às mudanças climáticas atingem a todos


(BECK, 1992; BECK, 2006; BECK, 2009; BECK, 2010), mas em graus variados 7 (HOGAN
et al., 2001; MARANDOLA Jr.; HOGAN, 2006a,b; 2009; HOGAN; MARANDOLA Jr., 2007;
2012; LEARY et al., 2008a);

Hipótese (2) ou H(2): O perfil socioeconômico e a religião da população em


áreas de riscos influenciam a percepção de risco às mudanças climáticas e ambientais
(CUTTER, BORUFF, SHIRLEY, 2003; VALENCIO et al., 2004; 2005; ZINN, 2008;
VEYRET, 2007; VALENCIO et al., 2009);

Hipótese (3) ou H(3): O tempo de residência no lugar e a proximidade aos


familiares contribuem para uma maior capacidade das pessoas para se adaptarem a
uma situação ou iminência de um perigo/desastre (VALENCIO et al., 2004; RENN,
2008).

OBJETIVOS

Esta pesquisa tem como principais objetivos:

(1) identificar e caracterizar as situações de risco e vulnerabilidade no


litoral do estado de São Paulo, com ênfase nos municípios do litoral norte paulista
(Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba);

(2) propor uma abordagem metodológica multiescalar para a análise dos


riscos e vulnerabilidade ligados às mudanças climáticas e ambientais;

7 Os riscos são diferenciados porque dependem do contexto histórico, social, econômico e geográfico dos perigos
aos quais as pessoas estão expostas (BLAIKIE et al., 1994; HEWITT, 1997; KELLY; ADGER, 2000; CUTTER,
BORUFF, SHIRLEY, 2003; VALENCIO et al., 2004; 2005; 2009; VEYRET, 2007; WISNER et al., 2004; 2011; SMITH,
2013). Outro fator importante é como esses riscos são percebidos (SLOVIC, 2000; VEYRET, 2007; SLOVIC et al.,
2010). O alto risco de escorregamento (ou inundação) em uma dada área pode atingir uma população de forma
mais (ou menos) intensa de acordo com uma dada situação ou contexto, ou seja, há uma situação de
vulnerabilidade diferenciada para um dado perigo ou situação de risco (HOGAN et al., 2001; MARANDOLA Jr.;
HOGAN, 2005; 2006a,b; 2009; HOGAN; MARANDOLA Jr., 2007; 2012; LEARY et al., 2008a)

5
(3) analisar a percepção de risco da população em situações de perigo e/ou
risco relacionadas às mudanças climáticas e ambientais e suas estratégias de
enfrentamento ou de adaptação.

CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

O presente trabalho traz contribuições para o avanço de discussões


teóricas e metodológicas sobre os riscos e vulnerabilidades, considerando o contexto
das mudanças climáticas e ambientais. Esta pesquisa se insere no âmbito do Programa
Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), como parte
integrante do projeto temático ‘Clima’ 8 - “Crescimento populacional, vulnerabilidade e
adaptação: dimensões sociais e ecológicas das mudanças climáticas no litoral de São
Paulo” (no. 2008/58159-7), identificando as áreas de riscos (geotécnicos) e as
situações de vulnerabilidades às mudanças climáticas e ambientais.

Esta pesquisa se baseou em uma abordagem multiescalar da


vulnerabilidade, buscando um diálogo entre os diferentes componentes do projeto
Clima, além da cooperação com instituições como: Instituto Geológico (IG/SMA),
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e projeto REDELITORAL, coordenado por
membros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). A Figura 1 apresenta um
diagrama/framework conceitual da organização dos componentes do projeto Clima.

8 O projeto Clima é resultado de experiências e investigações do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais


(NEPAM) e do Núcleo de Estudos de População (NEPO) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O
projeto é composto por pesquisadores no campo das ciências naturais e sociais, que apresenta quatro
componentes de estudos: Componente 1: Crescimento das cidades, vulnerabilidade das populações e
infraestruturas locais; Componente 2: Mudanças ambientais globais e políticas públicas em níveis locais: riscos e
alternativas; Componente 3: Conflitos entre expansão urbana e cobertura florestal e consequências para as
mudanças ambientais globais no litoral do estado de São Paulo; Componente 4: Expansão urbana e mudanças
ambientais no litoral norte de São Paulo e impactos sobre a biodiversidade.

6
Figura 1. Diagrama dos componentes de trabalho do projeto ‘Clima’ (no. 2008/58159-
7) da Fapesp. Fonte: Elaborado pelo autor.

Em particular, a pesquisa teve interface com os componentes do projeto


Clima: (a) Componente 1, sobre os riscos e vulnerabilidade das populações às
mudanças climáticas e ambientais, com alguns pesquisadores do Núcleo de Estudos de
População (NEPO), (b) Componente 3, na temática sobre a percepção de risco às
mudanças climáticas e ambientais (c) Componente 4, sobre dinâmicas de cobertura e
uso da terra e mudanças ambientais no litoral norte de São Paulo. O Banco de Dados
Geográficos deste projeto constituiu uma das bases de dados para o Laboratório de
Geoinformação do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM), subsidiando
as atividades previstas no Laboratório.

7
8
CAPÍTULO 1. VULNERABILIDADES AÀ S MUDANÇAS CLIMAÁ TICAS E
AMBIENTAIS: CONCEITOS E ABORDAGEM 9

Para discorrer o tema da vulnerabilidade no contexto de mudanças


climáticas e ambientais, no Capítulo 1 optou-se trazer alguns dos principais conceitos
chaves necessários para o entendimento desse tema. Para isso, foi feito um
levantamento bibliográfico, passando por três seções divididas – mas interelacionadas
– em: 1.1. OS PERIGOS E OS RISCOS (p. 9); 1.2. PERCEPÇÃO DO RISCO (p. 13); 1.3.
VULNERABILIDADE (p. 15). Essas seções foram amarradas na seção 1.4. ABORDAGEM
MULTIESCALAR DE RISCOS E VULNERABILIDADES EM ESTUDOS INTERDISCIPLINARES (p. 20), para
discutir e construir uma abordagem multiescalar da vulnerabilidade, levando em
consideração pelos menos três aspectos: (i) as escalas e seus efeitos; (ii) a integração
de dados; e (iii) a interdisciplinaridade como prática de pesquisa necessária para
conciliar os conceitos e métodos nas diversas áreas do conhecimento, permitindo
também uma articulação entre a pesquisa científica e as políticas públicas.
Neste capítulo, buscou-se fazer uma síntese à luz dos conceitos
apresentados, para oferecer um panorama teórico geral que esta pesquisa intentou
analisar nos capítulos subsequentes.

1.1. OS PERIGOS E OS RISCOS

O conceito de risco está associado à noção de probabilidade e de incerteza,


entendido como a probabilidade de um evento e suas consequências negativas,
resultantes da interação entre perigos naturais ou induzidos pela ação humana e as
condições de vulnerabilidade (UNISDR, 2004; 2009).
Ou seja, para se discorrer sobre o risco, é imprescindível entender alguns
conceitos-chave sobre perigo e vulnerabilidade. O perigo, em sua conceituação mais
abrangente, pode ser entendido como um evento, fenômeno que pode causar perda de

9 Parte do Capítulo 1 foi submetido como um artigo na revista Ambiente & Sociedade: IWAMA, A.Y.; BATISTELLA,
M.; FERREIRA, Lúcia C.; ALVES, D.S.; FERREIRA, Leila C. Riscos, vulnerabilidades e adaptação às mudanças
climáticas: múltiplas escalas e interdisciplinaridade. Ambiente & Sociedade. [submetido em julho de 2014].

9
vidas ou ferimentos à pessoa, danos às propriedades, rupturas sociais ou degradação
ambiental. O risco é, portanto, um perigo calculável (VEYRET, 2007; TOMINAGA,
2009), na medida em que se aceita(m) o(s) dano(s) [ou possível sucesso] como
consequência de sua decisão (ver BRÜSEKE, 2007; LUHMANN, 2008).
O ocupação humana em áreas de perigo geológico, bem como o tipo de
ocupação (alvenaria, madeira, com ou sem fundação ou proteção de infraestrutura)
potencializa a ocorrência de desastres (AMARAL; GUTJAHR, 2011). Muitas vezes a
ocupação ocorre desordenadamente, sobretudo em áreas de elevada suscetibilidade a
escorregamentos (ver KOBIYAMA et al., 2006) ou a de outros riscos geológicos.
A Figura 1. 1 ilustra exemplos de perigo e perigo calculável (risco) e
suscetibilidade ao perigo de escorregamento segundo o padrão construtivo da
moradia. Na mesma figura também pode ser observada a diferenciação entre um
evento natural – quando o mesmo fenômeno ocorre em uma área sem moradias
(Figura 1. 1a), acidente – quando ocorrem óbitos ou pessoas são afetadas, mas sem
atingir pelo menos um desses fatores (Figura 1. 1b): ≥ 10 óbitos, ou ≥ 100 pessoas
afetadas, ou declaração de estado de emergência ou calamidade pública pelo
município, estado ou país; pedido de auxílio internacional. Ocorre um desastre
quando pelo menos um desses critérios mencionados é atingido (Figura 1. 1c)
(segundo critérios de SCHEUREN et al., 2008).

10
Figura 1. 1. Esquemas ilustrativos sobre (a) perigos; (b) perigo calculável ou risco
(adaptado de AMARAL; GUTJAHR, 2011); (c) suscetibilidade a um perigo de
escorregamento (adaptado de KOBIYAMA et al., 2006); e (d) registros fotográficos de
moradias em encostas em Ilhabela – litoral norte de São Paulo (pesquisa em campo:
IWAMA, 2011).

A vulnerabilidade, por outro lado, pode ser entendida como um conjunto


de condições resultantes de fatores físicos, sociais, culturais, econômicos e ambientais
que aumenta a suscetibilidade de uma comunidade (elemento em risco) aos impactos
do perigo (WISNER et al., 2004; ADGER et al., 2009; TOMINAGA, 2009; AMARAL;
GUTJAHR, 2011).
No Brasil, a Política Nacional de Defesa Civil (PNDC, 2007) conceitua o
risco como “uma medida de danos ou prejuízos potenciais, expressa em termos de
probabilidade estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das consequências

11
previsíveis” e define que a intensidade ou severidade da lesão resultante de um
acidente ou evento adverso é considerada um dano.
No início da década de 1940, houve muita pesquisa e interesse político
para compreender a ocupação humana em áreas/zonas de risco (WHITE; HASS, 1975;
CUTTER et al., 2009) e foi a partir da década de 1980 que o termo vulnerabilidade
surgiu com maior frequência no âmbito da pesquisa sobre riscos e perigos (WISNER,
2009). Os estudos sobre riscos/perigos e vulnerabilidade tiveram os aspectos
populacionais presentes, buscando identificar quem vive em áreas ou zonas de risco e
os fatores que levam à maior ou à menor perda diante um risco/perigo (HEWITT;
BURTON, 1971; WHITE; HASS, 1975; WISNER et al., 2004; 2011).
O conceito de risco deve ser inserido em uma dimensão contextual da
produção dos perigos, dos danos potenciais, em um contexto histórico e de relações
com o espaço geográfico, ou seja, com os modos de ocupação territorial e as relações
sociais existentes (HEWITT; BURTON, 1971; HEWITT, 1997; VEYRET, 2007;
MARANDOLA Jr., 2009; 2012; MARANDOLA Jr.; HOGAN, 2005; 2009; WISNER et al.,
2004; 2011; SMITH, 2013), que mudam com o tempo e de acordo com diferentes
culturas 10 (VEYRET, 2007).
No cenário de aumento de eventos climáticos extremos (IPCC, 2007 11;
2012; 2014; WIGLEY, 2009; COUMOU, RAHMSTORF, 2012; WMO, 2013) associados às
intervenções humanas inadequadas no espaço físico (ocupações sem planejamento
em encostas declivosas, áreas contaminadas ou várzeas, por exemplo), as situações de

10 Além do contexto histórico e social, o conceito de risco tem relações com os aspectos culturais, que influenciam o
modo como os indivíduos percebem os riscos e suas atitudes ante eles. Para maior aprofundamento desse tema,
ver trabalhos de Douglas, Wildavsky, (1983); Douglas, (1994); Kahan et al., (2006; 2007); Satterfield et al. (2010);
Slovic (2010).
11 Segundo os resultados do 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

(IPCC), as mudanças climáticas estão ocorrendo e o aumento da temperatura média da superfície da Terra é
consequência de atividades humanas – em função das emissões de gases de efeito estufa associada com a
variabilidade natural do clima (IPCC, 2007). Mesmo com incertezas relacionadas aos resultados do 4º relatório do
IPCC, após uma revisão do relatório de um comitê de cientistas mundiais – o InterAcademy Council (IAC), as
conclusões de que a mudança climática é resultado da atividade humana foram mantidas. Rosenzweig et al.
(2008) e Thornton et al. (2014) já apontaram para impactos significativos dessas mudanças (climáticas
“antropogênicas”) sobre os sistemas biofísicos e/ou biológicos, além de riscos para a segurança alimentar e, se
não forem combatidos seus efeitos adversos, os custos da falta de ação sobre mudanças climáticas serão maiores
do que os custos de ação para a redução (UNFCCC, 2011).

12
riscos sociais e ambientais (e tecnológicos) tendem a aumentar e ficar mais difíceis de
serem antecipadas, avaliadas e comunicadas (IPCC, 2012), podendo ter efeitos graves
para a população nessas situações ou condições.
Beck (2010) argumenta que as mudanças climáticas acentuam as
desigualdades existentes entre os pobres e os ricos, ou entre o centro e a periferia. Por
outro lado, essa desigualdade deixa de existir à medida que aumenta globalmente o
perigo ou a ameaça, situação que nem mesmo os mais ricos e poderosos poderão
evitar. Nessa perspectiva, tem-se evidenciado que os riscos – de poluição ambiental,
riscos tecnológicos e os riscos das mudanças climáticas – atingem a todos e não têm
fronteiras – (ver BECK, 1992; 2006; 2009; 2010). Os riscos, além de serem
ambivalentes (BECK, 2010), uma vez que dependem da maneira como são
compreendidos (SLOVIC, 2000; 2010; VALENCIO et al., 2004; 2005; SLOVIC et al.,
2010), também possuem um grau de incerteza inerente que influencia as ações,
atitudes e o enfrentamento desses riscos (BECK, 2010; GIDDENS, 2010; WISNER,
2009; 2010).

1.2. PERCEPÇÃO DO RISCO

Estudos sobre como os riscos são percebidos pelos diferentes atores vêm
se mostrando cada vez mais importantes no campo das mudanças climáticas e
ambientais, uma vez que as diferentes percepções de risco influenciam na adaptação
ou na estratégia de resposta diante dessas mudanças.
No âmbito das mudanças climáticas, Brody et al. (2008a) argumentam que
a percepção de riscos dos indivíduos é maior à medida que há também maior
experiência ou vivência do problema, tal como residir em áreas de alto risco de
inundação ou elevação do nível do mar, onde os efeitos das precipitações extremas
são sentidas de forma negativa (BRODY et al., 2008a).
Estudos para analisar a percepção de riscos com abordagens quantitativas
e qualitativas têm demonstrado que essas percepções são fortemente influenciadas

13
por: (a) fatores psicológicos e socioculturais 12; (b) elementos relacionados ao lugar e à
proximidade de riscos (VEYRET, 2007; BRODY et al., 2008a; SANTOS e MARANDOLA
Jr., 2012; MARANDOLA Jr. e MODESTO, 2012); e (c) pelo acesso às informações e a
forma como são divulgadas pelos peritos e pela mídia (WARDEKKER, 2004;
GARDNER, 2008; DI GIULIO et al., 2013; MOSER, 2006; MOSER e LUGANDA, 2006;
MOSER, 2010a,b; WOLF e MOSER, 2011).
Esses fatores, associados a diferentes comportamentos, crenças ou atitudes
e experiências, interferem nas condutas individuais e coletivas 13 e nas ações de
mitigação e adaptação às mudanças climáticas e ambientais (BRODY et al., 2008a;
HOGAN e MARANDOLA Jr, 2009; VIGNOLA et al., 2013).
Compreender como as percepções de risco são influenciadas por esses
fatores mencionados anteriormente tem sido fundamental para identificar como os
riscos são percebidos e como essas percepções (indivíduos/grupos sociais) têm
exercido papel sobre a extensão dos riscos (CUTTER et al., 2003; VALENCIO et al.,
2004; 2005; VEYRET, 2007; VARGAS, 2009; SLOVIC, 2000; DI GIULIO et al., 2012; DI
GIULIO et al., 2013; ADGER et al., 2013), pois influencia a vulnerabilidade e a
adaptação mediante um perigo ou desastre associado aos eventos climáticos
extremos.
O presente trabalho, longe de esgotar o assunto sobre a percepção de
riscos às mudanças climáticas, busca uma análise mais detalhada para o contexto
social na construção das diferentes percepções de risco, reconhecendo as limitações,
mas buscando contextualizar as análises propostas. Nesse sentido, é necessário
compreender melhor como as percepções de risco são construídas diante das
situações de perigo e risco e influenciam na sua vulnerabilidade, pois se mostram

12 Com base nos autores (ALEXANDER, 2011; BOSTROM et al., 1994; ADGER et al., 2009; DOUGLAS; WILDAVSKY,
1993; DOUGLAS, 1994; SLOVIC, 2000; RENN, 2008; SLOVIC et al., 2010; LORENZONI e PIDGEON, 2006;
LEISEROWITZ, 2006; ZAHRAN et al., 2006; LEISEROWITZ e BROAD, 2008; BRODY et al., 2008a; WEBER, 2010;
VIGNOLA et al., 2013).
13 Ver autores: DUNLAP, 1998; VALENCIO et al., 2004; 2005; LORENZONI e PIDGEON, 2006; ZAHRAN et al., 2006;

DIETZ et al., 2007; VEYRET, 2007; RENN, 2008; FLYNN; SLOVIC, 2000; SLOVIC, 2000; SLOVIC et al., 2010;
WEBER, 2010; VIGNOLA et al., 2013.

14
como um dos fatores importantes para compreender a adaptação (ou não) ante a
essas situações.
Esta pesquisa buscou captar a percepção de risco de pessoas que vivem na
zona costeira paulista (litoral norte) – por meio da aplicação de questionários semi-
estruturados, um survey – a fim de analisar como são construídas [suas percepções] e
como influenciam sua vulnerabilidade, tendo em vista distinguir a percepção
‘materializada’ em suas respostas ou discursos, das atitudes e ações tomadas ante a
um risco. Os resultados do survey estão apresentados no CAPÍTULO 7. ESCALA DE

ANÁLISE LOCAL: AS PERCEPÇÕES DE RISCO E O LUGAR (p. 179).

1.3. VULNERABILIDADE

O termo vulnerabilidade 14 surge como um importante conceito teórico e


analítico em relação aos riscos/perigos e ao contexto de mudanças climáticas e
ambientais. Segundo as Nações Unidas, a década de 1990 foi considerada a “Década
Internacional da Redução de Perigos Naturais” (UNISDR, 2005), momento em que os
estudos avançaram sobre a análise causal e técnica dos eventos ou desastres, para
posteriormente dar ênfase à resposta e à capacidade de absorção e adaptação da
população diante dos perigos. Os estudos ultrapassavam as dimensões causais e
técnicas dos eventos ou desastres naturais/induzidos, passando a dar ênfase à
resposta e à capacidade de absorção e adaptação da população e lugares para
enfrentar os perigos. McCarthy et al. (2001) 15 definem a vulnerabilidade como uma
situação em que pelo menos três componentes estão presentes: (a) exposição ao risco
(associada ou não às mudanças climáticas); (b) suscetibilidade ao risco/perigo; e (c)
capacidade adaptativa para absorver os impactos diante da materialização do risco.

14 Vulnerabilidade como condições determinadas pelos fatores/processos físicos, sociais, econômicos ou


ambientais que influenciam ou aumentam a suscetibilidade de uma comunidade diante dos perigos ou riscos
(UNISDR, 2004; 2007a; 2009a).
No Brasil, em termos de políticas públicas, o conceito de vulnerabilidade é expresso pela “condição intrínseca ao
corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os efeitos
adversos, medidos em termos de intensidade dos danos prováveis”, indicando uma “relação existente entre a
magnitude da ameaça, caso ela se concretize, e a intensidade do dano consequente”, segundo a Política Nacional
de Defesa Civil (PNDC, 2007).
15 Conceito central frequentemente citado no relatório do IPCC (2001), em McCarthy et al. (2001).

15
Kaztman (1999; 2000) considera que a vulnerabilidade está relacionada à
(in)capacidade de uma pessoa ou uma família de se aproveitar das oportunidades
disponíveis, em distintos âmbitos socioeconômicos, para melhorar sua situação de
bem-estar. A vulnerabilidade, segundo o autor, poderia ser reduzida se as
oportunidades oferecidas pelo mercado, pelo Estado e pela sociedade permitissem às
pessoas ou grupos sociais acessá-las e utilizá-las. Dessa maneira, os grupos sociais
mais vulneráveis seriam aqueles mais expostos aos perigos (situações de risco), mais
sensíveis a essas situações e com menor capacidade de mobilização dos diversos
ativos disponíveis (CUTTER, 1994; 1996; MOSER, 1998; CUTTER, BORUFF, SHIRLEY,
2003; KAZTMAN, 1999; 2000; CARMO; HOGAN, 2006; DE SHERBININ, SCHILLER,
PULSIPHER, 2007; HOGAN; MARANDOLA Jr., 2007; 2012; MARANDOLA Jr., 2009).
Essa perspectiva da vulnerabilidade remete à economia, ligada a ativos financeiros de
pessoas ou grupo de pessoas como recurso em alguma situação necessária – por
exemplo, um risco ambiental iminente.
A vulnerabilidade possui diversos significados ou conceitos 16 (KELLY e
ADGER, 2000; ADGER, 2006; O’BRIEN et al., 2004a; 2007), mas pode ter pelos menos
duas diferentes interpretações com implicações no tratamento do problema e em sua
solução. Uma primeira interpretação tem, geralmente, um enfoque em aspectos
biofísicos para a análise da vulnerabilidade. Estudos nessa direção tendem a
considerar que os mais vulneráveis são aqueles que vivem em ambientes físicos
precários ou em ambientes que terão os efeitos físicos (das mudanças climáticas) mais
dramáticos (LIVERMAN, 2001; TOMINAGA et al., 2009). Nesse caso, a capacidade de
resposta (de um indivíduo ou grupo social) as mudanças climáticas determina ou
influencia sua vulnerabilidade. Essa análise considera a vulnerabilidade como um
produto/resultado da análise (outcome vulnerability – ver O’BRIEN et al., 2007).
Por outro lado, há múltiplos fatores e processos ambientais, sociais,
econômicos, políticos e culturais que influenciam a vulnerabilidade dos indivíduos e

16Dada a riqueza ou polissemia do conceito de vulnerabilidade, Feitosa e Monteiro (2012) sugerem que há um
potencial para seu uso como um conceito mediador.

16
sua capacidade de resposta diante dos efeitos das mudanças climáticas 17,18. Buscar
compreendê-los é um pré-requisito para sua redução (O’BRIEN et al., 2004b; 2007).
Nessa perspectiva (segunda interpretação), a vulnerabilidade é analisada
contextualmente (contextual vulnerability – ver O’BRIEN et al., 2007) e determina ou
influencia a capacidade de resposta às mudanças climáticas 19. A Figura 1. 2 traz um
quadro-resumo sobre o termo vulnerabilidade e suas diferentes interpretações e
implicações 20.

17 Segundo alguns autores, a pobreza pode ser um indicativo de maior vulnerabilidade diante a um determinado
perigo ou risco, uma vez que há menos recursos para gastar em medidas preventivas, suprimentos de emergência
ou esforços de recuperação (PEACOCK et al., 2000; FOTHERGILL; PEEK, 2004; MASOZERA et al., 2007; CUTTER et
al., 2009; IBARRARÁN et al., 2009).
18 Sobre os múltiplos fatores que influenciam a vulnerabilidade dos indivíduos, ver autores: BLAIKIE et al., 1994;

CANNON, 1994; CUTTER, 1994; 1996; HEWITT, 1997; CUTTER, BORUFF, SHIRLEY, 2003; PELLING et al., 2003;
TURNER II et al., 2003; BANKOFF et al., 2004; LEARY et al., 2008a; 2008b; O’BRIEN et al., 2004a,b; 2007; 2008;
WISNER et al., 2004; 2011; ADGER et al., 2009; 2013; SMITH, 2013.
19 Adger et al. (2009) citam quatro pressupostos que consideram limitantes para a capacidade de resposta e/ou

adaptação às mudanças climáticas: (i) a questão ética – o que a sociedade considera “crítico” ou “aceitável” como
medidas de adaptação depende de diferentes valores e prioridades; (ii) a falta de conhecimento (incertezas)
sobre as mudanças climáticas é frequentemente citada como um dos motivos para a demora para a adaptação;
(iii) a percepção de riscos, na ocasião em que a sociedade não acredita que o risco seja suficiente para uma ação
imediata ou urgente; e (iv) a desvalorização dos aspectos culturais nos momentos de crise, em relação às
interpretações, escolhas e estratégias de ação para a redução de riscos (ver EISER et al., 2012).
20 As diferentes interpretações sobre o termo vulnerabilidade dependem ou são influenciadas pelos variados

backgrounds dos pesquisadores em estudos interdisciplinares sobre mudanças climáticas, bem como seus
pressupostos e origem da pesquisa. As diferentes interpretações têm implicações sobre como são endereçadas as
mudanças climáticas para os tomadores de decisão e, sobretudo, em seu diagnóstico e tratamento/solução
(O’BRIEN et al., 2004a; 2007; ADGER, 2006).

17
Figura 1. 2. O termo vulnerabilidade como produto/resultado ou ‘outcome’ e
‘contextual’ da análise e suas interpretações e consequências para a adaptação às
mudanças climáticas. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Kelly, Adger (2000) e
O’Brien et al. (2004a; 2007).

Essas duas interpretações da vulnerabilidade – como resultado e


contextual –, apesar de apresentarem diferenças segundo sua abordagem científica e
encaminhamento de respostas políticas para as mudanças climáticas, são
complementares (O’BRIEN et al., 2007) e a articulação desses
conceitos/interpretações pode favorecer uma abordagem integrada do tema sobre
riscos e vulnerabilidade às mudanças climáticas. Miller et al. (2010) mostram que
diversos pesquisadores, em seus respectivos campos de atuação, estão envolvidos
ativamente para coproduzir um novo conhecimento, sugerindo áreas promissoras de
complementaridade passíveis de serem melhor investigadas para uma integração de
conceitos e métodos relacionados ao tema de vulnerabilidade.

18
A Figura 1. 3 apresenta diversas pesquisas e trabalhos segundo o tipo de
abordagem e proposta de análise sobre o tema da vulnerabilidade. O conjunto de
pesquisas elencadas não teve o objetivo de abranger todas as pesquisas e trabalhos
associados ao tema de vulnerabilidade, mas traz uma ideia de como esse conceito tem
sido utilizado e variado de acordo com as diferentes disciplinas ou campos do
conhecimento (mais detalhes sobre a evolução do conceito de vulnerabilidade,
capacidade adaptativa e resiliência, ver TURNER II et al., 2003a; CARDONA, 2004;
ADGER, 2006; SMIT; WANDEL, 2006; ADGER; BROWN, 2010; MILLER et al., 2010;
MOSER, 2010b; O’BRIEN, 2012).

Figura 1. 3. Vulnerabilidade segundo o tipo de abordagem e propostas de análise (ver


lista de principais publicações no APÊNDICE – A.1, p. 284).

19
Nesse sentido, o presente trabalho buscou relacionar os conceitos chaves
para uma abordagem multiescalar de riscos, percepções de riscos e vulnerabilidades
às mudanças climáticas e ambientais.

1.4. ABORDAGEM MULTIESCALAR DE RISCOS E VULNERABILIDADES EM ESTUDOS INTERDISCIPLINARES

1.4.1. Escalas

Gibson et al. (2000) definem a escala espacial, temporal, quantitativa ou


analítica como aquela que mede um determinado fenômeno, e níveis, como unidades
de análise em que estão localizados os fenômenos em diferentes posições em uma
escala. Toda mudança de escala de análise é acompanhada de mudanças nos padrões e
processos dos ecossistemas (WIENS, 1989). Normalmente, as interações de um dado
fenômeno ocorrem dentro ou através de diferentes escalas, levando a uma dinâmica
de considerável complexidade (WIENS, 1989; CASH et al., 2006).
Gibson et al. (2000) identificaram pelo menos quatro problemas teóricos
relacionados à escala: (1) o efeito da escala, extensão e resolução sobre a identificação
de padrões de mudanças ambientais; (2) como os fenômenos específicos variam entre
os níveis; (3) possibilidade de generalizar proposições derivadas de um nível para o
outro; (4) otimização dos processos em pontos e regiões particulares. Cash et al.
(2006), apontam para três desafios em análises que exigem diferentes escalas21: (1)
ignorância, como a incapacidade de reconhecer a escala importante (real) e os níveis
de interaão de forma completa; (2) incompatibilidade, como as discrepâncias entre os
níveis e escalas nos sistemas homem-ambiente; (3) pluralidade, como a falta de
reconhecer a heterogeneidade da forma em que as escalas são percebidas e
valorizadas pelos diferentes atores.
Diversos autores têm mostrado a necessidade de uma abordagem
multiescalar a fim de explicar as variações e as interações dos fenômenos/processos

21Cash et al. (2006) diferenciam pelo menos sete tipos de escalas: (a) espacial; (b) temporal; (c) jurisdicional; (d)
institucional; (e) gerenciamento; (f) redes; e (g) conhecimento. Este trabalho aborda as escalas espacial, temporal
e jurisdicional (essa última representada como unidades como municípios, bacias hidrográficas e setores
censitários, entre outros, criadas por meios constitucionais e legais).

20
que ocorrem em várias escalas e em um mosaico de situações espaciais Tanto
processos sociais quanto ecológicos podem operar em diferentes extensões espaciais
e períodos de tempo (TURNER et al., 1989; TURNER II et al., 1990; ALLEN;
HOEKSTRA, 1992; EHLERINGER; FIELD, 1993; YOUNG, 1994; WILBANKS; KATES,
1999; CASH; MOSER, 2000; GUNDERSON; HOLLING, 2002; ROTMANS; ROTHMAN,
2003; WILBANKS, 2003;TURNER II et al., 2003; ZERMOGLIO et al., 2005; CASH et al.,
2006; MEA, 2006; VANWEY et al., 2009). A análise multiescalar, portanto, possui um
uso potencial como abordagem analítica em estudos sobre as mudanças climáticas e
ambientais e, em algumas ocasiões, é imprescindível.

1.4.2. Quantificação e integração de dados em multiescalas

A integração de dados sociais e biofísicos pode ser feita por meio de um


Sistema de Informação Geográfica (SIG). A representação de processos que ocorre nas
dimensões sociais e no ambiente não é trivial (EVANS et al., 2009), por isso é
importante compreender de que forma as variações associadas com a representação
de dados espaciais pode afetar a análise dos fenômenos ou situações.
Há um desafio de se buscar medidas que considerem as diversas
dimensões e a multiplicidade de causas que estão nas origens dos riscos ambientais,
sociais ou tecnológicos que afetam as atividades humanas e levam a perdas
econômicas.
Muitos trabalhos têm apontado para a importância de se tratar sobre a
abrangência do significado dos termos risco e vulnerabilidade, pensando em
multidimensionalidade nas diferentes escalas de ação no tempo e no espaço
(MARANDOLA Jr.; HOGAN, 2006b; HOGAN; MARANDOLA Jr., 2012), para
compreender, em especial, os perigos e/ou riscos numa perspectiva relacional entre
população (ou sociedade) e ambiente (ou natureza) (MARANDOLA Jr.; HOGAN, 2005;
2006a,b; 2009; HOGAN; MARANDOLA Jr., 2012).
Estudos recentes têm buscado quantificar e representar espacialmente as
relações entre sistemas ecológicos e sociais e a vulnerabilidade às mudanças

21
climáticas e ambientais (e.g. WU, YARNAL, FISHER, 2002, sobre vulnerabilidades
sociais a inundação na região costeira de Nova Jersey, nos Estados Unidos; TURNER II
et al., 2003, sobre sistemas sociais e ecológicos e implicações nas respostas aos riscos
e vulnerabilidades em três estudos de casos – Yucatán e Yaqui Valley no México e na
região do Ártico; DOUKAKIS, 2005, sobre riscos e vulnerabilidades na região costeira
(Peloponeso) da Grécia; DIEZ et al., 2007, em Buenos Aires; FEDESKI; GWILLIAM,
2007, na Inglaterra; MARULL et al., 2007, na Espanha; ALESSA et al., 2008, no Alasca;
BRODY et al., 2008b, nos Estados Unidos; RAO et al., 2008, na Índia, SVANCARA et al.,
2009, nos Estados Unidos).
No Brasil, há uma importante produção de pesquisas orientadas para a
identificação de suscetibilidade aos perigos e riscos do ponto de vista geológico-
geomorfológico (TATIZANA et al., 1987; IPT, 1988; 1994; 1999; 2010; AUGUSTO
FILHO, 1995; MACEDO, 2001; SANTORO et al., 2005; TAVARES et al., 2004;
TOMINAGA et al., 2004; 2005; 2009; CERRI, 2006; OLIVEIRA et al., 2007; FERREIRA et
al., 2008a; BITAR, 2009), e alguns trabalhos direcionando análises para quantificar ou
esquematizar vulnerabilidades (ROSSINI-PENTEADO et al., 2007; ALVES, 2009; HORA
e GOMES, 2009; FERREIRA e ROSSINI-PENTEADO, 2011; MELLO et al., 2010; 2012;
NICOLODI e PETERMANN, 2010; ALVES et al., 2010; 2011; ANAZAWA et al., 2013).

1.4.3. Interdisciplinaridade em estudos sobre mudanças climáticas e ambientais

Há uma necessidade cada vez mais premente de desenvolver abordagens


interdisciplinares (FERREIRA, 2000; 2004; BRAGA et al., 2006; HOGAN e
MARANDOLA Jr., 2007; NOBRE; OMETTO, 2008; EVANS et al., 2009; MARANDOLA Jr.,
2009; MORAN; OSTROM, 2009; MORAN, 2009a; FERREIRA et al., 2010; MORAN, 2011;
BUARQUE et al., 2014), que considerem análises multiescalares para compreender e
oferecer métodos de integração, análise e monitoramento dos processos de mudanças
nos ecossistemas ou em sistemas ecológicos e sociais22 e incorpore conceitos e

22Com base nos autores (CLARK, 1985; TURNER II et al., 1990; ALLEN; HOEKSTRA, 1992; EHLERINGER; FIELD,
1993; YOUNG, 1994; WILBANKS; KATES, 1999; CASH; MOSER, 2000; GUNDERSON; HOLLING, 2002; ROTMANS;

22
métodos adequados para compreender e medir a vulnerabilidade e a capacidade de
adaptação das populações diante de situações provocadas por mudanças climáticas e
ambientais (HOGAN e MARANDOLA Jr., 2007; ALVES, 2009; MORAN, 2009b;
MARANDOLA Jr. e D’ANTONA, 2014).

1.4.4. Abordagem conceitual sobre os risco e vulnerabilidade às mudanças


climáticas e ambientais

Como observado na literatura e em casos empíricos, o tema sobre riscos e


vulnerabilidade demanda estudos em múltiplas escalas. Estudos multiescalares,
portanto, têm sido fundamentais nessa temática, tendo em vista a avaliação de
dimensões relacionais, circunstanciais e espaciais que afetam a sociedade e indivíduos
expostos aos mesmos perigos, mas de forma diferenciada (MARANDOLA Jr. e HOGAN,
2005; 2006a; 2009; HOGAN e MARANDOLA Jr., 2007; HARDOY e PANDIELLA, 2009;
MARANDOLA Jr. e D’ANTONA, 2014).
Buscando sintetizar os conceitos-chave sobre riscos e vulnerabilidade no
contexto de mudanças climáticas e ambientais, é proposto um esquema ou diagrama
conceitual para uma análise multiescalar e interdisciplinar. Para discorrer sobre esses
aspectos, tomaram-se as zonas costeiras como exemplo: com significativa parcela da
população vivendo nessas áreas (MORAES, 2007; CARMO e SILVA, 2009; IBGE, 2011),
também são consideradas zonas de grande extensão de riscos associados aos eventos
extremos climáticos (IPCC, 2012).
As zonas costeiras são também estratégicas do ponto de vista de instalação
de grandes empreendimentos de infraestrutura, sobretudo aqueles relacionados à
indústria de petróleo e gás, atraindo um grande número de pessoas em uma situação
que muitas vezes não vem acompanhada de melhoria de serviços básicos de
infraestrutura e tampouco de um zoneamento de áreas ambientalmente suscetíveis
que reduza a ocupação nessas áreas. O resultado observado é a instalação de moradias

ROTHMAN, 2003; WILBANKS, 2003; MEA, 2003; 2006; BATISTELLA; BRONDIZIO, 2004; BATISTELLA; MORAN,
2005; ZERMOGLIO et al., 2005; CASH et al., 2006; EVANS et al., 2009; VANWEY et al., 2009; MORAN, 2011).

23
em áreas reconhecidamente de perigos ou riscos ambientais ou geológicos, muitas
vezes também vulneráveis do ponto de vista social.
Nessas condições, há um importante processo que tem sido observado no
Brasil e no mundo: os perigos e os riscos cumulativos (ver UNISDR, 2011; 2013),
entendidos como a exposição de pessoas, moradias ou atividades econômicas em
regiões de intensos perigos ambientais ou climáticos associados a uma alta
vulnerabilidade social ou segregação socioespacial, gerando frequentemente uma
cascata de impactos de dimensões sociais, ambientais e tecnológicas 23.
É nesse contexto que a Figura 1. 4 ilustra três componentes de análise da
vulnerabilidade (a exposição, a sensibilidade e a capacidade adaptativa de grupos
sociais vulneráveis) e suas possíveis causas ou forçantes que têm operado
simultaneamente e muitas vezes de forma interconectada: de um lado, o uso
inadequado da terra; de outro, uma fraca governança associada a um modelo de
desenvolvimento baseado no crescimento econômico strictu sensu. Essa situação, em
conjunto, tem potencializado a degradação ambiental e, ao mesmo tempo, gerado
desigualdades sociais ou condições precárias de desenvolvimento das comunidades
ou da sociedade como um todo. E todo esse intrincado processo tem, de certa forma,
intensificado a exposição aos riscos e amplificado a vulnerabilidade – influenciada por
contextos geográficos, socioculturais e psicológicos/simbólicos, como já observado –
de grupos sociais ou de indivíduos. No cenário de eventos climáticos extremos, essas
situações tendem a ser intensificadas e a se tornarem de grande magnitude.

23Podem ser citados alguns exemplos que tomam a dimensão de riscos cumulativos e interdependentes: acidentes
tecnológicos no Porto de Santos e Cubatão (Terminal Barnabé, Vila Socó – CETESB, 1985, POFFO, 2007) e
Terminal Aquaviário de São Sebastião (TEBAR) – POFFO (1996), com implicações negativas para moradores e
ecossistemas – ver IWAMA et al. (prelo). Casos mais recentes no mundo, como a região costeira de Fukushima, no
Japão, transcendendo os impactos ambientais e sociais, gerando riscos para a saúde dos moradores locais e os de
uma grande extensão territorial (WHO, 2011).

24
Figura 1. 4. Diagrama conceitual e analítico de riscos e vulnerabilidades. Fonte:
Elaborado pelo autor, baseado em Luers, 2005; Adger, 2006; Birkmann, 2006; 2007
UNISDR, 2009; IPCC, 2012.

Diversos estudos têm se dedicado a uma proposta conceitual de riscos e


vulnerabilidade (CUTTER et al., 2003; TURNER II et al., 2003a; WISNER et al., 2004;
LUERS, 2005; SMIT e WANDEL, 2006; BIRKMANN, 2006; 2007; UNISDR, 2009; 2011;
IPCC, 2012) enfatizando a perspectiva social do problema ou do desastre.
Neste trabalho, são apontados pelo menos três aspectos importantes e
desafiadores para a implementação de uma análise que permita ações de redução de

25
riscos e vulnerabilidade no contexto de mudanças climáticas e ambientais: a
interdisciplinaridade (ver PHILIPPI Jr. et al., 2000; FLORIANI, 2000; FERREIRA,
2000; 2004; van KERKHOFF, 2005; BARRY et al., 2008; BROTO et al., 2009; BUARQUE
et al., 2014) como pressuposto para estudos técnicos e científicos sobre a temática
abordada – Floriani (2000) argumenta que ‘o conhecimento científico moderno é
obrigado a lidar com uma complexidade crescente da realidade’. Para lidar com essa
complexidade, portanto, a interdisciplinaridade deve ser premissa básica e
fundamental em estudos em ambiente e sociedade (ou sociedade e natureza),
considerando pontos de vista e análises complementares. Esse tema exige pelo menos
alguns desses aspectos: (i) uso de indicadores (geoespaciais ou não) acompanhados
de análises contextuais, para qualificar os resultados investigativos; (ii) análise
multiescalar, para captar o fenômeno em diferentes escalas ou níveis de análise; (iii)
uso de diferentes metodologias e abordagens, ou métodos mistos (ver também
MARANDOLA Jr. e D’ANTONA, 2014), em que pese os métodos e os enfoques
epistemológicos específicos de cada uma das ciências – natureza e sociais (FLORIANI,
2000; ALVES, 2012a); e (iv) pesquisas ou estudos técnicos colaborativos e
participativos como estratégia para a articulação entre pesquisa-sociedade e gestão.
A integração de políticas de ordenamento territorial (UNISDR, 2004;
2009; 2011; PNGRD, 2012, FERREIRA, 2012; BRASIL, 2012) para articular diretrizes e
ações para a redução da vulnerabilidade diante dos riscos e desastres – umas das
premissas da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (BRASIL, 2012) – é ‘[...]
incorporar a redução do risco de desastre [...] entre os elementos da gestão territorial
[...]’. Nesse sentido, é importante destacar dois aspectos necessários, que devem atuar
conjuntamente: maior ação social e mobilização política, como forças atuantes para a
formalização de convenções, políticas ou instrumentos de ordenamento territorial
(ver ALVES, 2012b; 2014).
Um terceiro aspecto está relacionado a uma cultura de governança do
risco e comunicação de riscos que esteja aberta para adaptações e reflexões
segundo cada contexto de riscos. Entretanto, essa cultura de risco se apresenta em

26
construção no contexto brasileiro. Renn (2008) destaca que há pelo menos quatro
dimensões que afetam e estruturam a governança dos riscos: capacidade
organizacional, que considere os riscos em diversos níveis (local, estadual ou
nacional) ou em níveis combinados (ver também DI GIULIO e FERREIRA, 2013);
política e regulação de riscos baseadas em aspectos culturais, como importante fator
para balizar uma aproximação global de como os mesmos riscos podem afetar
diferentemente a decisão política sobre um determinado elemento de risco (ver
BRÜSEKE, 2007); rede de atores ou indivíduos, que envolva a participação (de
sociedade civil, ONGs, governos locais) na construção de riscos e de seus julgamentos
que permitam uma apropriada decisão para a gestão de riscos – nesse caso, é
fundamental a comunicação de riscos (MOSER, 2006; MOSER e LUGANDA, 2006;
MOSER, 2010a,b; WOLF e MOSER, 2011; DI GIULIO et al., 2013) como estratégia de
orientação e empoderamento da sociedade diante os riscos em que estão ou são
submetidas; um entendimento das dimensões sociais das mudanças climáticas e a
cultura do risco como importante fator de contribuição para o preparo de estratégias
que reduzam ou atenuem os riscos.
Esses três aspectos – a interdisciplinaridade, a integração de políticas
públicas e a governança de risco associada à comunicação de riscos – embora
ainda apresentem muitos desafios a serem superados, têm avançado nos últimos anos,
trazendo perspectivas positivas para ações de redução de riscos e desastres e estudos
ambientais. Obviamente a solução para o tema não é trivial e não deve ser reduzida
aos três aspectos mencionados, mas podem ser considerados pontos-chave para
estudos de riscos e vulnerabilidade.
Do ponto de vista da contribuição de pesquisas técnico-científicas com
interlocução entre sociedade e gestão pública, abordagens que utilizem a participação
de comunidades como protagonistas na produção das pesquisas – bem como
pesquisas colaborativas (ver WINOWIECKI et al., 2011) – podem ser uma interessante
estratégia de pesquisa interdisciplinar, uma vez que envolvem a participação da

27
sociedade para uma produção sinérgica e profícua que ofereça subsídios efetivos aos
órgãos gestores.
O Capítulo 1, portanto, abordou questões conceituais sobre a
vulnerabilidade e suas possíveis implicações metodológicas e analíticas. Em
específico, tratou-se de dois conceitos chaves da análise da vulnerabilidade: um que a
direciona para a identificação e quantificação de locais ou grupos sociais mais
vulneráveis, tendo como base os aspectos biofísicos ou do meio físico: por exemplo,
por meio do mapeamento de riscos geotécnicos e da distribuição espacial do perfil
sociodemográfico da população – dados secundários –, elenca-se as áreas mais
vulneráveis [às mudanças climáticas] em relação às outras. Com base nessas questões
e abordagem, é a capacidade adaptativa que influencia a vulnerabilidade, partindo do
pressuposto que pessoas com menor acesso às estruturas econômicas são aquelas
com menor capacidade para se adaptarem ante a um desastre ou a um perigo
iminente. Essa análise, segundo a proposta de O’Brien et al. (2007; 2013), é chamada
de vulnerabilidade como resultado ou outcome.
O outro conceito da vulnerabilidade se relaciona com a identificação de
fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e psicológicos, como ponto de partida
da análise da vulnerabilidade. Essa análise indica que são as pessoas mais vulneráveis
– idosos, crianças, com pouca experiência vivida frente aos desastres – que têm menor
capacidade adaptativa. Entretanto, diferentemente da proposta anterior, a abordagem
metodológica para alcançar esses resultados, parte do conhecimento do lugar onde
vivem as pessoas, além de suas percepções sobre o risco (ou das mudanças
climáticas). Essa análise é chamada de vulnerabilidade contextual, segundo O’Brien
et al. (2007; 2013).
Nesta pesquisa, foram utilizados os dois conceitos, que implicaram em
diferentes abordagens: a primeira, usando dados do meio físico e sociodemográficos e,
a segunda, utilizando um survey de percepção de riscos. O fio condutor em toda a
pesquisa foi, portanto, utilizar esses dois conceitos e abordagens para uma análise
complementar: a vulnerabilidade de complementaridade, buscando quantificá-la,

28
quando possível, mas sempre contextualizá-la nas diferentes escalas de análise.
Portanto, a contribuição desta pesquisa traz a utilização de diferentes abordagens
epistemológicas e metodológicas, para analisar a vulnerabilidade de maneira
complementar, sendo entendida como um processo.

29
30
CAPÍTULO 2. AÁ REA DE ESTUDO
2.1. O LITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

A área de estudo selecionada é a zona costeira 24 do estado de São Paulo,


composta por dezesseis municípios, que podem ser divididos em três regiões: litoral
norte, que forma a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 25 – UGRHi-3 (nos
últimos dez anos, com importante transformação regional relacionada à instalação ou
à ampliação de grandes empreendimentos ligados à indústria de petróleo e gás – ver
TEIXEIRA, 2013); região metropolitana da baixada santista (baixada santista, onde se
encontra um importante polo industrial e complexo portuário do Brasil),
representada pela UGRHi-7; e litoral sul, abrangendo três municípios da UGRHi-11 –
Ribeira do Iguape e litoral sul: Cananeia, Iguape e Ilha Comprida.
De 1991 a 2010, a zona costeira brasileira (municípios costeiros) teve um
aumento percentual de 23,4% (34.315.455) para 26,6% (50.699.447), representando
um aumento populacional de um pouco mais de dezesseis milhões de pessoas vivendo
em zonas costeiras nesse período – ver IBGE (2010; 2011). No estado de São Paulo,
em 2007, cerca de 2,14 milhões de pessoas viviam na zona costeira (IBGE, 2010), com
municípios da baixada santista e litoral norte apresentando densidade demográfica
maior do que 100 hab/km2 (IBGE, 2011).

24 No Brasil, o Decreto n.º 5.300, de 7 de dezembro de 2004, que regulamentou a Lei n.o 7.661/1988 (BRASIL, 2004
-Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC) considera a zona costeira um espaço geográfico de interação
do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e uma faixa
terrestre. A faixa terrrestre é definida como o espaço compreendido pelos limites dos municípios que sofrem
influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira, além daqueles (i) defrontantes com o mar; (ii) não
defrontantes com o mar, localizados nas regiões metropolitanas litorâneas; (iii) não defrontantes com o mar,
contíguos às capitais e às grandes cidades litorâneas, que apresentem conurbação; (iv) não defrontantes com o
mar, distantes até 50 km da linha da costa, que contemplem, em seu território, atividades ou infra-estruturas de
grande impacto ambiental na zona costeira ou ecossistemas costeiros de alta relevância; (v) estuarino-lagunares;
(vi) não defrontantes com o mar, mas que tenham todos os seus limites com municípios referidos nos itens (i) a
(v); (vii) desmembrados daqueles já inseridos na zona costeira.
25 As UGRHIs constituem unidades territoriais ‘com dimensões e características que permitam e justifiquem o

gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos’ (Política Estadual de Recursos Hídricos – Lei Estadual
7663/1991 – SÃO PAULO, 1991). Em geral, são formadas por partes de bacias hidrográficas ou por um conjunto
delas, que de forma alguma podem ser consideradas bacias hidrográficas. Por outro lado, deve-se observar que os
estudos devem sempre ter a bacia hidrográfica como unidade de planejamento. No estado de São Paulo há 22
UGRHIs. Ver também: <http://www.daee.sp.gov.br/acervoepesquisa/perh2204_2207/perh08.pdf>.

31
Segundo o Instituto Pólis (POLIS, 2012a,b), o litoral paulista tem
experimentado grandes transformações nas últimas décadas, com processos de
urbanização muitas vezes desordenados, que frequentemente vêm impactando a
região. Há uma tendência cada vez maior de as pessoas procurarem o litoral como
lugar de moradia ou lazer, sobretudo no contexto ou na perspectiva da instalação e da
ampliação de grandes empreendimentos de infraestrutura na região do litoral norte.
Por outro lado, o litoral paulista possui uma grande extensão de áreas
protegidas, situadas na Serra do Mar em direção às planícies da zona costeira. Por sua
relevância ambiental e geológica (as serras do Mar e de Paranapiacaba abrangem
grande extensão do litoral paulista), em 1985 foi tombada como Patrimônio Histórico
do estado de São Paulo, devido ao seu valor geológico e à riqueza de sua fauna e flora
(SÃO PAULO, 1985), com diversas áreas protegidas pelo Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC, BRASIL, 2000) ou pela Fundação Nacional do Índio
(Terras Indígenas – FUNAI, BRASIL, 1988; 1996) – Figura 2. 1.

32
Figura 2. 1. Área estudo: zona costeira do estado de São Paulo, abrangendo a UGHRi-3 – litoral norte (Caraguatatuba,
Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba), UGRHi-7 – baixada santista (Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá,
Peruíbe, Santos e São Vicente) e UGRHi-11 – Ribeira do Iguape e litoral sul (contém o complexo estuarino-lagunar de
Cananeia, Iguape e Ilha Comprida).

33
A região é marcada pelo relevo da Serra do Mar (caracterizado como
escarpa 26), que atua como importante fator de intensificação orográfica (SANT’ANNA
NETO, 1990; ROSEGHINI, 2007) e, associado aos fluxos atmosféricos originários do
oceano e a uma zona de encontro de sistemas atmosféricos, propicia uma dinâmica de
altos montantes pluviais (ver NUNES, 1990; 1997). Em períodos de chuvas intensas e
prolongadas na região, são frequentes os registros de aumento de movimentos de
massa, como escorregamentos, rolamentos, queda de blocos e corridas (ver TAVARES
et al., 2004; MARCELINO, 2004; KOGA-VICENTE, 2010; KOGA-VICENTE; NUNES, 2011;
SCOFIELD et al., 2014).

2.2. A ÊNFASE NO LITORAL NORTE PAULISTA – UGRHI-3

A região do litoral norte de São Paulo possui um mosaico de áreas


protegidas, sobrepondo-se com a Área Natural tombada da Serra do Mar e de
Paranapiacaba, o Parque Nacional da Serra da Bocaina, os Parques Estaduais da Serra
do Mar e de Ilhabela, as Áreas de Proteção Ambiental27 (APAs) no âmbito federal e
estadual, Terras Indígenas (TI), Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN),
Estações Ecológicas (ESEC) e unidades de conservação municipais28 (Figura 2. 2),
desempenhando um papel importante para a preservação dos recursos ambientais e
naturais (SMA/CPLA, 2011a,b).

26 Elevação súbita do solo, normalmente > 45º, caracterizada pela formação de um penhasco ou uma encosta
íngreme.
27 Atualmente as APAs marinhas estão em processo de elaboração de seus respectivos planos de manejo
28 Os dados digitais de UCs municipais estão disponíveis no sítio do Ministério do Meio Ambiente (MMA) -

<http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm>, mas para a região do litoral norte paulista não estão


disponibilizados. Levantamentos em prefeituras estão sendo realizados para obtenção desses dados.

34
Figura 2. 2. Localização do litoral norte no estado de São Paulo e o mosaico de áreas
protegidas na região.

Nos últimos dez anos um novo processo de transformação está sendo


impulsionado pelos projetos em curso na região, com a exploração do petróleo
derivado da descoberta do pré-sal, sobretudo no litoral norte paulista: (a) obras na
rodovia Tamoios, que envolvem a ampliação da faixa de rodagem no trecho planalto,
a implantação da nova pista no trecho serra e dos contornos entre Caraguatatuba e
São Sebastião, e entre Caraguatatuba e Ubatuba (que passam por seus respectivos
licenciamentos ambientais na Secretaria de Meio Ambiente Estadual); (b) ampliação
do porto de São Sebastião, como ponto de atracação de navios de grande porte com
alta capacidade de carga, com destaque para o Terminal Petrolífero Almirante Barroso
da Petrobrás (SMA/CPLA, 2011a); e (c) produção de gás no Campo Mexilhão na
Bacia de Santos, a cerca de 160 quilômetros da costa do município de Caraguatatuba,

35
local de instalação da Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba – UTGCA. Além
disso, a produção de gás associada à exploração de petróleo nos campos do pré-sal
será parcialmente escoada através de um sistema de dutos marinhos interligados ao
Complexo Mexilhão (TEIXEIRA 29, 2010 – comunicação oral; TEIXEIRA, 2013) – Figura
2. 3.

Figura 2. 3. Localização da rede de dutos e gasodutos relacionados à indústria de


petróleo e gás na região do litoral norte de São Paulo. Fonte: Adaptado de Teixeira
(2013).

Segundo Teixeira (2013), se por um lado esses megaprojetos podem ser


relevantes para o desenvolvimento econômico da região, por outro colocam em
questão o papel da região como vocação para conservação e turismo, podendo causar

29Leonardo R. Teixeira – Analista Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, Escritório Regional de Caraguatatuba/SP.

36
impactos significativos, capazes de comprometer a integridade da Mata Atlântica e
desencadear e/ou aumentar a frequência e a intensidade de perigos naturais e a
resolução de questões institucionais (FILET et al., 2001, SOUZA, 2004; HOGAN, 2009b;
CARMO et al., 2012; TEIXEIRA, 2013). Essa situação na região – vocação para
conservação e turismo ao mesmo tempo em que há influência da instalação de
grandes empreendimentos de infraestrutura – também configura alta prioridade para
ações voltadas à conservação da área (Figura 2. 4).

Figura 2. 4. Áreas prioritárias para conservação na região do litoral norte de São


Paulo. Fonte: PPBIO-MMA, 2006.

Por essa razão, a área de estudo abrange a zona costeira de São Paulo como um todo,
mas aprofunda a análise na UGRHi-3 – litoral norte, abrangendo os municípios de
Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.

37
2.2.1. População

Em 2010, a população total da área de estudo era cerca de 282 mil


habitantes (IBGE), apresentando um aumento absoluto (volume) da população por
década superior a 50 mil habitantes (1980-1990, 53 mil; 1990-2000, 84 mil; e 2000-
2010, 58 mil pessoas). Da década de 1980 até 1996, houve um aumento de mais de
100 mil pessoas.
Entre 2000 e 2010, essa região apresentou um crescimento da população
de aproximadamente 25,4% (maior do que o crescimento para o estado de São Paulo,
com crescimento de 11,3%). Para 2020, há uma estimativa de 330 mil habitantes30
(SEADE, 2010; SMA/CPLA, 2011a).
Na região há o predomínio da população urbana sobre a rural (Figura 2.
5), com vocação para o lazer ocasional ou de segunda residência, com temporadas
bem definidas por um turismo de veraneio que domina a economia local (sobretudo
em períodos de alta temporada – férias/verão) e traz riscos de impactos
socioambientais com proporções importantes (SMA/CPLA, 2011a).

30Estimativa sem considerar eventuais mudanças demográficas por conta de inciativas ligadas às atividades de
exploração de petróleo na camada pré-sal na região (Campo de Tupi, na Bacia de Santos) (SMA/CPLA, 2011a,b).

38
Figura 2. 5. População urbana, rural (e total) no litoral norte do estado de São Paulo
(período 1980-2010) (Fundação SEADE, 2010; IBGE, 2011). *Dados da estimativa do
Censo Demográfico 2010. Fonte: Elaborado pelo autor.

Em 2007, a concentração de moradias de veraneio chegou a 47% dos


domicílios particulares no litoral norte, mostrando a importância do turismo de
segunda residência na região (IBGE, 2007a; SMA/CPLA, 2011a).

Analisando a taxa média geométrica de crescimento anual (em %),


observa-se um decréscimo ao longo do período analisado (1970-2010), possivelmente
seguindo o padrão de cidades brasileiras com uma mudança na estrutura etária da
população (OJIMA et al., 2011; CARMO et al., 2012), associada a uma diminuição das
taxas de mortalidade e natalidade que, ao longo do tempo, tendem a declinar e se
equilibrar em níveis mais baixos. Não foi o foco desta pesquisa uma análise minuciosa
da transição demográfica, mas observando as taxas geométricas de crescimento
populacional na região do litoral paulista e os resultados apontados por Carmo et al.
(2012), observa-se que as mudanças na natalidade e mortalidade – considerando que

39
a migração não seja um processo significativo em termos de volume – podem levar a
uma transformação na estrutura etária da população, acarretando em uma população
mais envelhecida.

Há também que ressaltar uma queda da fecundidade da população


brasileira como consequência das mulheres ocupando maior espaço no mercado de
trabalho e na própria família, implicando na desaceleração no ritmo de crescimento
populacional (IPEA, 1998; IBGE, 2008). Além disso, é importante salientar a passagem
de uma população rural para urbana, referindo-se a um processo amplo de mudança
social, alterando a dinâmica populacional e das famílias (CARMO et al., 2012). Essa
passagem aponta para uma reversão do fluxo intergeracional de renda, isto é,
direcionado às crianças e aos filhos e com preponderância de famílias com pequeno
número de filhos (CALDWELL, 2005; DE SHERBININ; MARTINE, 2007).
No litoral norte, apesar de a taxa geométrica ter diminuído no período de
1970-2010, apresentou uma taxa de1,62% ao ano entre 2010-2012, superior à média
estadual, de 0,87% ao ano (CARMO et al., 2012) – Figura 2. 6.

40
Figura 2. 6. Taxa média geométrica de crescimento anual (em %) nos municípios do
litoral norte paulista, estado de São Paulo e Brasil.

Carmo et al. (2012) analisaram os aspectos sociodemográficos na região


que abrange o litoral paulista como um todo e, resumidamente, apontam para um
acelerado processo de transformação desde a década de 1970, com um aumento da
população nas faixas etárias mais avançadas (idosos) – envelhecimento – e da
População em Idade Ativa (PIA), com indicações de um processo de transição
demográfica para a região.
Essas mudanças na estrutura etária da população, em última instância, têm
implicação sobre a vulnerabilidade de alguns grupos sociais, sobretudo se considerar
a tendência de uma população mais idosa nos próximos anos. Além disso, essas
mudanças reforçam um olhar mais atento para a análise da vulnerabilidade que
considere a dinâmica populacional no lugar de uma discussão embasada apenas sobre
o aumento da população nos últimos anos.

41
2.2.2. Meio físico

Além dessas importantes transformações sociodemográficas, a região está


limitada pelo mar e pelas montanhas na porção continental, onde boa parte dessas
áreas continentais está nas proximidades de áreas de conservação de meia encosta –
inapropriadas para ocupação (SMA/CPLA, 2011a) pelas restrições ambientais e
geomorfológicas. A região já foi lugar de grandes deslizamentos de terra (desastre de
Caraguatatuba em 1967), eventos que poderão ocorrer com maior frequência e
intensidade na região – Figura 2. 7.

Figura 2. 7. Litoral norte paulista: evento de grandes escorregamentos e corridas de


lama associado com precipitações prolongadas e intensas, causando grandes perdas
humanas em 1967, em Caraguatatuba. Em 2008, registro fotográfico ilustrando a
reocupação na mesma área afetada.

As seções a seguir apresentam uma caracterização do meio físico para


fornecer, no conjunto, um panorama geral desses aspectos no litoral norte paulista:

42
2.2.2.1. Geologia; 2.2.2.2. Geomorfologia; 2.2.2.3. Solos; e 2.2.2.4. Riscos geotécnicos. Os
resultados específicos de cada tema apoiaram as discussões dos resultados nos
capítulos de resultados desta pesquisa.

2.2.2.1. Geologia

Na região do litoral norte de São Paulo, são encontrados três grandes


grupos de rochas formadoras do solo: (i) ígneas – representam cerca de 38% do
total 31.de classes de rochas principais encontradas na região; (ii) metamórficas – cerca
de 35,9% e (iii) sedimentares, ocupando cerca de 13% 32 no litoral norte (Tabela 2. 1).

31 Aproximadamente um total de 1.802 km2, com base no cálculo dos dados digitais em escala 1:750.000,
disponíveis no banco de dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2011).
32 Souza e Luna (2008) mapearam cerca de 16% de unidades quaternárias (depósitos sedimentares) no território

do litoral norte de São Paulo, utilizando dados digitais em escala 1:50.000.

43
Tabela 2. 1. Tipos de grupos de rochas formadoras de solos e percentual na região do
litoral norte de São Paulo.
Rochas
Municí Principais unidades Área
Hierarquia Litologia principais (%)
pios geológicas (km2)
(classes)
Complexo Pico do Complexo
Biotita granito Ígnea 206,4 44,9
Papagaio granítico
Metagabro, Enderbito, Diorito, Ígnea,
Bairro do Marisco Complexo 14,5 3,2
Caraguatatuba

Quartzo diorito Metamórfica


Costeiro, unidade
granito-gnáissica Complexo Migmatito, Gnaisse, Augen gnaisse Metamórfica 131,1 28,5
migmatítica
Depósitos litorâneos (Não Depósitos de argila e/ou areia, Sedimentar (ou
107,4 23,4
indiferenciados definida) cascalho Sedimentos)
Total 459,3 100,0
Coberturas detríticas Sedimentar (ou
Unidade Depósitos de areia, cascalho e argila 2,4 0,8
indiferenciadas Sedimentos)
Ilhabela

Ilha de São Sebastião Corpo (Não definido) (Não definido) 204,1 66,9
Costeiro, unidade Migmatito, Biotita gnaisse, Gnaisse,
Complexo Metamórfica 98,7 32,3
ortognáissica Ortognaisse
Total 305,2 100,0
Complexo Pico do
Complexo
Papagaio; Granito São Biotita granito Ígnea 74,8 20,1
granítico
Sebastião
Costeiro, unidade de
São Sebastião

Complexo Migmatito, Gnaisse Metamórfica 223,2 59,9


gnaisses bandados
Coberturas detríticas
indiferenciadas;
Depósitos de argila e/ou areia, Sedimentar (ou
Depósitos aluvionares; Unidade 74,6 20,0
cascalho Sedimentos)
Depósitos litorâneos
indiferenciados
Total 372,7 100,0
Charnockito Ubatuba;
Complexo Bico do
Papagaio; Granito
Caçandoca; Granito Charnockito, Monzogranito,
Corpo Ígnea 410,6 61,7
Parati, Suíte Mangerito; Biotita granito
Getulândia; Granito
Parati-Mirim, Suíte
Serra das Araras
Costeiro, unidade
Ubatuba

granito-gnáissica Complexo Migmatito, Gnaisse, Augen gnaisse Metamórfica 194,8 29,3


migmatítica; Rio Negro
Coberturas detríticas
indiferenciadas;
Depósitos de argila e/ou areia, Sedimentar (ou
Depósitos aluvionares; Unidade 55,2 8,3
cascalho Sedimentos)
Depósitos litorâneos
indiferenciados
Costeiro, unidade
quartzítica; Granito Complexo (Não definido) (Não definida) 4,7 0,7
Ilha Anchieta
Total 665,3 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2009;
2011).

44
Os dois primeiros grupos estão distribuídos ao longo de toda a região,
predominantemente na porção continental, onde se localiza o PE da Serra do Mar
(PESM). As rochas sedimentares estão localizadas nas proximidades da linha costeira,
nos domínios de restinga, com depósitos aluvionares e marinhos.
Souza e Luna (2008) mapearam sete tipos de unidades quaternárias
(característicos de depósitos de sedimentos de período de tempo geológico
relativamente curto – cerca de 1,8 milhão de anos), sendo seis de planície costeira e
um tipo relacionado à baixa encosta, que se situam geograficamente em planícies ao
longo da costa litorânea e onde há forte pressão na vegetação relacionada a esses
ambientes sedimentares quaternários (SOUZA; LUNA, 2008) 33. A Figura 2. 8 mostra a
distribuição das rochas principais distribuídas no território do litoral norte de São
Paulo.

Figura 2. 8. Mapa Geológico. Classes de rochas principais na região do litoral norte de


São Paulo (Serviço Geológico do Brasil - CPRM, 2011).

33Em média, quase 50% das fitofisionomias nativas originalmente existentes nessas planícies costeiras e baixas
encostas já foram suprimidas, variando entre 71% em Ilhabela, 64,6% em Caraguatatuba, 35,4% em São
Sebastião e 28,5% em Ubatuba (SOUZA e LUNA, 2008).

45
2.2.2.2. Geomorfologia

Grande parte do território do litoral norte de São Paulo é formado por


relevo de escarpas serranas e de domínio montanhoso, compondo 43% e 32,4% da
área de estudo e situadas predominantemente em áreas dos limites das Unidades de
Conservação de Proteção Integral (PESM e PE de Ilhabela). As planícies costeiras e
flúvio-marinhas, em conjunto, correspondem a cerca de 15,7% da região, com
predomínio em Caraguatatuba e São Sebastião. Os domínios de morros e serras baixas
estão distribuídos em toda a região (com exceção de Ilhabela), sendo predominante
em Caraguatatuba. As classes de relevo da área de estudo podem ser vistas na Figura
2. 9 e em mais detalhes, na Tabela 2. 2.
Tabela 2. 2. Tipos de relevo (domínio geomorfológico) e percentual na região do
litoral norte de São Paulo.
Declividade Altitude Área Percentual
Municípios Domínios de relevo
(graus) (metros) (km2) (%)
Domínio de morros e
15° a 35° 80 a 200 m 78 16,8
serras baixas
Domínio montanhoso 25° a 45° 300 a 2.000 m 73 15,8
Caraguatatuba Escarpas serranas 25° a 60° 300 a 2.000 m 204 44,2
Planícies costeiras 0° a 5° 0 a 20 m 36 7,9
Planícies flúvio-marinhas 0° Zero 71 15,4
Total 462 100,0
Domínio montanhoso 25 a 45° 300 a 2.000 m 304 99,2
Ilhabela
Planícies flúvio-marinhas 0° Zero 2 0,8
Total 306 100,0
Domínio de morros e
15° a 35° 80 a 200 m 37 9,8
serras baixas
Domínio montanhoso 25° a 45° 300 a 2.000 m 64 17,1
São Sebastião Escarpas serranas 25° a 60° 300 a 2.000 m 196 52,5
Planícies costeiras 0° a 5° 0 a 20 m 18 4,7
Planícies flúvio-marinhas 0° Zero 59 15,8
Total 374 100,0
Domínio de morros e
15° a 35° 80 a 200 m 47 7,1
serras baixas
Domínio montanhoso 25° a 45° 300 a 2.000 m 147 21,9
Ubatuba Escarpas serranas 25° a 60° 300 a 2.000 m 379 56,5
Planícies costeiras 0° a 5° 0 a 20 m 74 11,0
Planícies flúvio-marinhas 0° Zero 23 3,5
Total 670 100,0
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2009;
2011).

46
Figura 2. 9. Mapa Geomorfológico. Classes de relevo na região do litoral norte de São
Paulo (Serviço Geológico do Brasil - CPRM, 2009).

2.2.2.3. Solos

Na região do litoral norte de São Paulo há pelo menos três grandes grupos: (i)
espodossolos; (ii) cambissolos e (iii) latossolos (Vermelhos-Amarelos) 34, sendo a
maior parte da área coberta pelos Cambissolos (88%), distribuídos em toda a região
de estudo. Aproximadamente 8,4% representam os espodossolos, situados em faixas
mais próximas da linha costeira e característicos de domínios de restinga – ver
Tabela 2. 3 sobre as características de cada tipo de solo.

34(i) Espodossolos, solos muito arenosos desde sua superfície, com acúmulo de compostos de ferro e/ou alumínio
e/ou matéria orgânica ao longo do perfil, geralmente solos pobres e muito ácidos, com altos teores de alumínio,
sendo distribuídos de maneira esparsa e nos domínios de restinga e da costa brasileira (EMBRAPA, 2003; 2012);
(ii) Cambissolos – distribuem-se por todo o território nacional, caracterizados por solos pouco desenvolvidos,
com horizonte B pouco evoluído (fragmentos de rochas e minerais primários) (EMBRAPA, 2003; 2012); (iii)
Latossolos (Vermelhos-Amarelos) – caracterizados por horizonte B latossólico, intemperização intensa dos
constituintes minerais, com concentração de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio. São solos mais profundos,
abrangendo superfícies mais velhas e estáveis de paisagem. Ocupam aproximadamente 39% do território
nacional, sendo os solos mais representativos do país (EMBRAPA, 2003; 2012).

47
Tabela 2. 3. Tipos de solos e percentual na região do litoral norte de São Paulo.
Classes
Classes de Área
Tipos de solos Descrição de solo
solo (km2)
(%)
Espodossolos Ferrocárbicos órticos A proeminente e A
Grupo 1 (G1) - moderado com textura arenosa + Neossolos
ES1 150 8,4
Espodossolos Quartzarênicos órticos distróficos A moderado, ambos com
relevo plano

Cambissolos Háplicos distróficos A proeminente e A


moderado + Cambissolos Húmicos distróficos ambos com
CX5 32 1,8
textura média e argilosa, fase não rochosa e rochosa,
relevo montanhoso e escarpado

Cambissolos Háplicos distróficos com textura argilosa e


média + Latossolos Vermelhos-Amarelos distróficos com
CX8 1 0,0
textura argilosa, ambos A moderado e A proeminente forte
ondulado

Cambissolos Háplicos distróficos A moderado e A


proeminente, relevo forte, ondulado e montanhoso +
CX10 154 8,6
Latossolos Vermelhos-Amarelos distróficos A moderado,
relevo forte, ondulado, ambos com textura argilosa
Grupo 2 (G2) -
Cambissolos
Cambissolos Háplicos distróficos textura argilosa e média
fase não rochosa e rochosa, relevo montanhoso e
CX11 escarpado + Latossolos Vermelhos-Amarelos distróficos 1.034 58,1
com textura argilosa, relevo montanhoso e forte ondulado,
ambos A moderado e A proeminente
Cambissolos Háplicos distróficos com textura média e
argilosa + Latossolos Vermelhos-Amarelos distróficos com
CX12 57 3,2
textura argilosa, ambos A moderado e A proeminente,
relevo forte e ondulado

Cambissolos Háplicos distróficos + Neossolos Litólicos


distróficos, ambos A moderado e A proeminente, com
CX15 290 16,3
textura argilosa e média fase não rochosa e rochosa, relevo
montanhoso e escarpado

Grupo 3 (G3) - Latossolos Vermelhos-Amarelos distróficos textura


Latossolos argilosa + Cambissolos Háplicos distróficos textura
LVA19 64 3,6
Vermelhos- argilosa e média fase não pedregosa e pedregosa, ambos A
Amarelos moderado, relevo forte, ondulado e montanhoso
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do Instituto Agronômico e Embrapa (IAC-
EMBRAPA, 2005).

A Figura 2. 10 mostra a distribuição dos diferentes tipos de solos na região.

48
Figura 2. 10. Mapa de solos. Tipos de solo: (i) Espodossolos – Grupo 1 (G1); (ii)
Cambissolos – Grupo 2 (G2); (iii) Latossolos (Vermelhos-Amarelos) – Grupo 3 (G3)
(IAC-EMBRAPA, 2005).

2.2.2.4. Riscos geotécnicos

Os riscos geotécnicos foram analisados com base no mapeamento feito


pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 1994), sendo diferenciados os riscos de
escorregamento/deslizamento (Ra), inundação (Rb) e recalques diferenciais 35/
instabilizações do solo (Rc). Cerca de 90% desses riscos estão relacionados a
escorregamentos seguidos por inundações (8,5%) e recalques (6,8%). Os riscos
geotécnicos considerados de Muito Alta suscetibilidade a escorregamentos (naturais
ou induzidos) representam aproximadamente 50% dos riscos geotécnicos no litoral
norte de São Paulo. Cerca de 20% são considerados de Alta suscetibilidade a riscos de
escorregamento e 17% de Média suscetibilidade, exclusivamente induzidos por
atividades humanas. A Figura 2. 11 apresenta o mapa de riscos geotécnicos
35Recalque é o termo utilizado em engenharia civil para designar o fenômeno que ocorre quando uma edificação
sofre um rebaixamento devido ao adensamento do solo (diminuição dos seus vazios) sob sua fundação (MENDES,
2009).

49
produzido para o estado de São Paulo (IPT, 1994) com sua distribuição segundo os
graus de suscetibilidade.

Figura 2. 11. Mapa de riscos geotécnicos. Tipos de risco: (Ra) – riscos de


escorregamento; (Rb) – riscos de inundação; (Rc) – riscos de recalque diferenciado ou
instabilizações por corte/aterro/infiltração de água (IPT, 1994). * Riscos
predominantemente induzidos por ação antrópica; ** riscos relacionados às inundações em
margens de rios

De 70% a 73% dos riscos geotécnicos estão dentro das UCPIs (PE da Serra
do Mar e PE de Ilhabela).
Para analisar os potenciais riscos de danos materiais ou riscos para a
população no litoral norte de São Paulo, foi feita a análise considerando: (1) os riscos
de Muito Alta e Alta suscetibilidade a deslizamento, inundação e/ou recalque e
instabilização do solo; (2) áreas fora das Unidades de Conservação (UCs) de Proteção
Integral, o PE da Serra do Mar (PESM) e o PE de Ilhabela (PEI) – uma vez que são áreas
de conservação que restringem a ocupação humana (ver BRASIL, 2000 – Lei
9.985/2000, SNUC); (3) a localização de áreas de riscos mapeadas pelo Instituto
Geológico (IG-SP, 2006a,b,c) e UNESP – Rio Claro (UNESP, 2006) e Instituto de

50
Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2010), em escalas de detalhe variando entre 1:1.800 e
1:3.000. Para isso, foram feitas operações algébricas do mapa de riscos geotécnicos
(ver Figura 2. 11) com os limites das UC de Proteção Integral (UCPIs) e com os limites
das áreas de riscos a escorregamentos e inundação em escala de mapeamento de até
1:1.800 (IG-SP, 2006 a,b,c; UNESP, 2006; IPT, 2010).
A Figura 2. 12 apresenta a distribuição das áreas com potenciais riscos
geotécnicos situadas fora das UCPIs e em sobreposição com as áreas de riscos
mapeamentos em escala de maior detalhamento (IG-SP a,b,c, 2006; UNESP, 2006; IPT,
2010).

Figura 2. 12. Mapa de potenciais riscos: (Ra) – riscos de escorregamento; (Rb) –


riscos de inundação (IPT, 1994; 2010) e riscos de escorregamento e inundação (IG-SP,
2006; UNESP, 2006). * Riscos relacionados às inundações em margens de rios

De acordo com os dados de mapeamento de risco em escalas detalhadas


(até 1:1.800) (IG-SP, 2006 a,b,c; UNESP, 2006; IPT, 2010), no litoral norte de São Paulo
há aproximadamente 750 quilômetros quadrados (cerca de 1% das áreas situadas

51
fora das Unidades de Conservação de Proteção Integral) de áreas sujeitas a riscos de
deslizamento/escorregamento e inundação.
Esse mapeamento é o produto técnico utilizado pela Defesa Civil nos
quatro municípios, sendo referência para sua atuação em áreas de riscos
eminentes/iminentes de mortes ou prejuízos aos domicílios/moradias. Observa-se
que em Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião há predominância de riscos com
Muito Alta suscetibilidade a escorregamentos em relação às outras categorias de
riscos geotécnicos (48,4%, 100% e 58%, respectivamente). Ubatuba possui 26,7% dos
riscos associados à suscetibilidade a escorregamento, sendo predominantes no
município os riscos de recalque e instabilização do terreno (39%) e de inundação
(34%).
Esses resultados, considerados em conjunto para a região, reforçam a
necessidade de maior atenção para a redução desses riscos, ampliando as medidas
preventivas e as adaptações necessárias da infraestrutura instalada/planejada
(BITAR, 2009), buscando o ordenamento territorial por meio de Planos Diretores,
Zoneamentos-Ecológico-Econômico (ZEE) que considerem os riscos de desastres
naturais (FERREIRA, 2012).
A Tabela 2. 4 mostra o resumo da análise dos riscos geotécnicos no litoral
norte de São Paulo considerando os riscos de deslizamento/escorregamento (Ra),
inundação e recalque (Rb) e recalques diferenciados e/ou instabilizações do terreno
(Rc), por municípios.

52
Tabela 2. 4. Riscos geotécnicos segundo grau de suscetibilidade e município no litoral
norte de São Paulo.
Tipo de
Municípios Descrição dos riscos geotécnicos Área km2 – (%)
Risco (R)
Muito alta suscetibilidade a escorregamentos (naturais e
Ra 0,236 (48,4)
induzidos)
Caraguatatuba Baixa suscetibilidade a recalques e inundações Rb 0,200 (41,1)
Média suscetibilidade a recalques diferenciais, instabilizações
Rc 0,052 (10,6)
por corte/aterro/infiltração d'água
Total 0,488 (100,0)
Muito alta suscetibilidade a escorregamentos (naturais e
Ilhabela Ra 0,176 (100,0)
induzidos)
Total 0,176 (100,0)
Muito alta suscetibilidade a escorregamentos (naturais e
Ra 0,854 (58,0)
induzidos)
São Sebastião Baixa suscetibilidade a recalques e inundações Rb 0,445 (30,2)
Média suscetibilidade a recalques diferenciais, instabilizações
Rc 0,174 (11,8)
por corte/aterro/infiltração d'água
Total 1,473 (100,0)
Muito alta suscetibilidade a escorregamentos (naturais e
Ra 1,421 (26,7)
induzidos)
Ubatuba Baixa suscetibilidade a recalques e inundações Rb 1,826 (34,3)
Média suscetibilidade a recalques diferenciais, instabilizações
Rc 2,075 (39,0)
por corte/aterro/infiltração d'água
Total 5,322 (100,0)

Fonte: Adaptado de MELLO, BATISTELLA, FERREIRA (2012)

Diversos autores têm defendido a necessidade de reduzir as situações de


vulnerabilidade na região, que incluem a preocupação com aspectos geológicos e
geomorfológicos do território 36 associados ao aumento da ocupação territorial e à
concentração de áreas urbanizadas em um contexto de ampliação da infraestrutura
para a produção de petróleo e gás na região (SOUZA; LUNA, 2008; BITAR, 2009).
Nesse sentido, este capítulo buscou sintetizar o contexto ao qual a área de
estudo representada pelo litoral norte de São Paulo vem passando nos últimos dez

36As escarpas da Serra do Mar, os morros isolados e os terrenos em planícies costeiras e baixadas litorâneas
situadas ao nível de oscilação das marés, terraços marinhos antigos e sujeitos a enchentes e inundações (BITAR,
2009).

53
anos, com a influência da instalação e ampliação de megaprojetos de infraestrutura,
bem como trazer uma caracterização dos aspectos populacionais e do meio físico que
contribuiriam para a análise e discussão dos capítulos posteriores desta pesquisa,
resumidamente contextualizados pelos aspectos relacionados à transição demográfica
e do envelhecimento da população na região e dos aspectos geológicos e
geomorfológicos como importantes elementos na formação dos riscos geotécnicos e
no processo de ocupação do território.
Este capítulo reuniu um esforço inicial de apresentar separadamente
alguns elementos que influenciam a análise da vulnerabilidade na região permitindo,
portanto, uma discussão nos capítulos dos resultados – do CAPÍTULO 4. ESCALA DE

ANÁLISE REGIONAL: OS PERIGOS E OS RISCOS NO CONTEXTO DO ESTADO DE SÃO PAULO E DA ZONA

COSTEIRA PAULISTA (p. 85) ao CAPÍTULO 7. ESCALA DE ANÁLISE LOCAL: AS PERCEPÇÕES DE

RISCO E O LUGAR (p. 179) não apenas do ponto de vista físico-ambiental, mas, sobretudo,
do ponto de vista das dimensões humanas no contexto da região.

54
CAPÍTULO 3. MATERIAIS E MEÉ TODOS: ABORDAGEM MULTIESCALAR
O método proposto foi dividido em três etapas principais:

(I) Aquisição e organização de dados, que incluiu a obtenção de dados


(a) sociodemográficos; (b) físico-territoriais; e (c) auxiliares (imagens de satélite,
células ou grades regulares). Todos os dados foram armazenados em um Banco de
Dados Geográficos (BDG) para todo o litoral do estado de São Paulo, com ênfase na
análise do litoral norte, e avaliados com técnicas de geoprocessamento e
processamento digital de imagens em Sistemas de Informações Geográficas (SIG) –
ArcGIS, SPRING, TerraView.

(II) Abordagem multiescalar, utilizando-se de diferentes técnicas de


agregação de dados sociodemográficos (grades regulares ou setores censitários) para
uma análise regional – para o litoral paulista, nas Unidades de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (UGRHi-3 – litoral norte; UGRHi-7 – baixada santista; e UGRHi-11 –
porção do litoral sul ou complexo estuarino-lagunar). Para o litoral norte paulista, foi
feita em unidades de análise por municípios e sub-bacias hidrográficas. Nessa
abordagem foram utilizadas técnicas de classificação de imagens, operações de
álgebra de mapas, intersecções e generalizações. Na análise local ou do lugar 37, foi
usado um método quantitativo para analisar as percepções de risco de populações
para potenciais riscos geológicos ou hidrológicos, incluindo: (i) aplicação de um
questionário para captar a percepção dos indivíduos; (ii) procedimento amostral para
a seleção de domicílios/indivíduos; e (iii) campanha de campo, a fim de aplicar o
questionário para analisar a percepção das pessoas em situações de perigo/risco e sua
vulnerabilidade.

37Utilizou-se o termo ‘lugar’ buscando analisar o contexto local, ou seja, a maior escala de análise da
vulnerabilidade: as pessoas como resultado de suas percepções sobre os riscos e estratégias de adaptação. Não
apenas suas percepções, mas procurou-se também realizar a contextualização do local onde elas vivem. Mais
detalhes sobre essa linha de análise ver trabalhos de Cutter et al. (2003), Marandola Jr. e Hogan (2009),
Marandola Jr. (2011).

55
(III) Análise dos resultados, por meio de uma avaliação da
vulnerabilidade como resultado, proposta por O’Brien et al. (2004; 2007; 2013), e
análise contextual, discutida na seção 1.3. VULNERABILIDADE (p. 15). A Figura 3. 1
apresenta as etapas da metodologia adotada, contendo a abordagem proposta em
múltiplas escalas ligadas com suas respetivas análises da vulnerabilidade, a como
resultado e a contextual, a fim de responder às hipóteses apresentadas na seção
QUESTÕES E HIPÓTESES (p. 4) desta pesquisa.

56
Figura 3. 1. Metodologia contendo elos entre a abordagem multiescalar e sua análise
para responder às hipóteses H(1), H(2) e H(3) da pesquisa: (I) Aquisição e organização
de dados, (II) Abordagem em multiescalas: regional e local, (III) Análises da
vulnerabilidade: como resultado e contextual.

57
3.1. AQUISIÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

O Banco de Dados Geográficos foi organizado em três grupos de variáveis:


(a) socioeconômicas, (b) físico-territoriais e (c) dados auxiliares, para
identificar/caracterizar situações de vulnerabilidade socioambiental. Os dados foram
consultados e obtidos em diversas instituições, a destacar: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE); Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA);
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE); Agência Nacional das Águas
(ANA); Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo (SMA-SP), por meio da
Coordenaria de Planejamento Ambiental (CPLA) e da Coordenadoria de Recursos
Hídricos (CRHi); Ministério do Meio Ambiente (MMA); Departamento de Água e
Energia Elétrica (DAEE), Instituto Geológico do estado de São Paulo (IG-SP); Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT); e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

3.1.1. Variáveis do meio físico

As variáveis do meio físico incluem a altimetria e declividade, geradas a


partir das malhas digitais de curvas de nível de 20 metros (altimetria), hidrografia,
malha viária. Os dados foram obtidos no site do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010b) e da Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paulo
(SMA-SP, 2010), em escala 1:50.000; áreas protegidas: Unidades de Conservação (UC)
e Terras Indígenas (TI), obtidos Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA, 2010) e na Fundação Nacional do Índio (FUNAI, 2011,
disponível em <http://mapas.funai.gov.br/>), em escala 1:50.00.

Os mapas digitais de geologia e geomorfologia foram obtidos no Serviço


Geológico do Brasil, em escala 1:750.000 e 1:1.250.000 (respectivamente), disponíveis
no banco de dados Geobank <http://geobank.sa.cprm.gov.br/>. O mapa digital de
solos, do Instituto Agronômico e Embrapa (IAC-EMBRAPA, 2005), em escala
1:250.000 e o de riscos geotécnicos (IPT, 1994), em escala 1:500.000.

58
Para analisar a distribuição espacial de dados do meio físico, foram
utilizados mapas digitais de riscos geotécnicos (IPT, 1994) – perigos de
escorregamento, inundação, recalque e/ou subsidência do solo [segundo Mendes
(2009), recalque/subsidência do solo é o termo utilizado em engenharia civil para
designar o fenômeno que ocorre quando uma edificação sofre um rebaixamento
devido ao adensamento do solo sob sua fundação, muitas vezes associado com
movimentos de marés e/ou infiltrações de água no solo], associados a mapas de
altimetria (Modelo Digital de Elevação) e mapa de declividade (IBGE, 2011, a partir de
curvas de nível em escala 1:50.000), com base na adaptação de critérios utilizados em
diversos trabalhos técnico-científicos (ver IPT, 1988; AUGUSTO FILHO; VIRGILI, 1998;
MACEDO, 2001; TOMINAGA et al., 2004; CERRI, 2006; McGRANAHAN et al., 2007;
FERREIRA et al., 2008; SANTOS; VIEIRA, 2009; FARIA; AUGUSTO FILHO, 2013; DINIZ
et al., 2012).

No grupo das variáveis físico-territoriais foram incluídos dados digitais de


cobertura e uso da terra em escala 1:100.000 e 1:10.000. Esses dados foram obtidos
no Banco de Dados Geográficos do projeto ‘Clima’ (BDG-Clima, 2011), que foi
realizado no âmbito do projeto temático financiado pela Fapesp, processo n.o
2008/58159-7 (projeto ‘Clima’). Para esse mapeamento, foram definidos:

(i) Uma legenda em diferentes níveis de detalhamento: (a) mapeamento de


média resolução (1:100.000) em níveis I e II e (b) mapeamento de alta
resolução (1:10.000) em níveis III e IV, de maneira que esses níveis fossem
associados ao mapeamento em níveis I e II (ANDERSON et al., 1976; IBGE,
2006). As principais classes (nível I) foram Água, Formação florestal,
Vegetação Secundária e Áreas Antropizadas/Solo Exposto, subdividas em
níveis de maior detalhamento (Tabela I. a, ANEXO I, p. 280);
(ii) O método de classificação das imagens TM/Landsat 5 se baseou
inicialmente em segmentação e classificação não supervisionada ISOSEG,
com um limiar de aceitação de 95% que garantiu a melhor separabilidade
de classes no nível I. Os resultados da classificação foram editados

59
manualmente e relacionados à legenda estabelecida para o mapeamento. As
imagens de alta resolução foram mapeadas através da interpretação visual
em tela;
(iii) A avaliação da acurácia das classificações foi feita com os dados coletados
em campo para gerar uma amostra de referência, resultando na estimativa
kappa (k) de 0,89 para o mapeamento de 1:100.000 e k=0,94 para o
mapeamento 1:10.000, resultados considerados “muito bons” (HUDSON;
RAMM, 1987).

3.1.2. Variáveis sociodemográficas

3.1.2.1. Dados censitários utilizando grades regulares 38

Para a análise de dados sociodemográficos, foi feita uma operação baseada


em microdados identificados no universo do Censo Demográfico 2010, no Cadastro de
Endereços para Fins Estatísticos e na Base Territorial, juntamente com uma grade
regular – células de 1 km (~ 37 segundos de grau) nas áreas rurais e de 250 m nas
áreas urbanas –, que considerou a confidencialidade das informações da pesquisa do
Censo Demográfico (as informações sociodemográficas foram representadas apenas
em células com > 5 domicílios, com exceção da variável ‘número populacional’).

A geração dos polígonos da grade foi feita em um Sistema de Informação


Geográfica (SIG), com a utilização de operações de intersecção espacial entre as
variáveis contidas em setores censitários e as grades regulares, disponíveis em
programas que manipulam dados espaciais.

38 As grades regulares ou grade estatística foram geradas no âmbito da tese de doutorado em


Demografia pelo NEPO da Unicamp, em parceria com o IBGE, desenvolvida pela pesquisadora doutora
Maria do Carmo D. Bueno (BUENO, 2014). O título do trabalho foi ‘Grade estatística: uma abordagem
para ampliar o potencial analítico de dados censitários’. Esses resultados, futuramente, podem servir
de modelo para a disseminação de dados censitários agregados em forma de grade. Nesta pesquisa,
para identificar a grade com dados do Censo, optou-se por chamar de ‘grade sociodemográfica’ ou
simplesmente ‘grade regular’.

60
Estudos realizados nos estados do Pará e de São Paulo (Brasil) mostram
pelo menos duas vantagens em relação a outros métodos de agregação de dados: (i) a
possibilidade de integração de dados de origens diversas, com ênfase nos dados
ambientais; e (ii) a compilação de dados demográficos para áreas que não se adequam
às unidades de disseminação correntes, como divisões político-administrativas e
setores censitários (ver trabalhos de BUENO; DAGNINO, 2011; BUENO; D’ANTONA,
2012a,b; JOHANSEN et al., 2013; BUENO, 2014).

Bueno e D’Antona (2014) também destacaram que, em geral, os métodos


apresentam melhores resultados para áreas urbanas, foco de análise desta pesquisa,
embora tenha sido utilizada a distribuição de grades em zonas rurais. A Figura 3. 2
ilustra um exemplo de agregação de variáveis sociodemográficas por setores
censitários (Figura 3. 2a) e por grades regulares – Figura 3. 2b (proposta por Bueno,
2014), indicando a possibilidade de adaptação a qualquer recorte geográfico e a
integração com outros dados. No caso deste trabalho, dados de risco geotécnico.

Figura 3. 2. Exemplo da agregação de variáveis do Censo Demográfico representado


por (a) setores censitários urbanos e rurais, disponível pelo IBGE e (b) grade regular
(células), proposta por Bueno (2014).

61
As variáveis sociodemográficas utilizadas por células foram: (i) número de
pessoas (moradores); (ii) sexo (pessoas responsáveis pelo domicílio do sexo
masculino ou feminino); (iii) renda; (iv) idade; (v) raça ou cor e (vi) alfabetização,
todas agregadas por grades regulares ou células como unidade de análise – Tabela 3.
1.

Tabela 3. 1. Descrição das variáveis sociodemográficas selecionadas para a análise


por grades regulares ou células.
Variáveis sociodemográficas Descrição das variáveis e/ou operações executadas
Pop. Total
(i) População total NUM_MORADO = População residente total (pessoa)
(moradores)
Pop. Masculina MASC = População residente do sexo masculino (pessoa)
(ii) Sexo (ver
Pop. Feminina FEM = População residente do sexo feminino (pessoa)
Cutter, 1996; Cutter
et al., 2003; Responsável pelo Responsável pelo domicílio (RESP_MASC) = Homem
UNISDR, 2007; domicílio - homem (domicílio)
2009; UNDP, 2014) Responsável pelo Responsável pelo domicílio (RESP_FEM) = Mulher
domicílio - mulher (domicílio)
Variáveis de rendimento domiciliar* = ∑ [RPCSM_0-0,5;
Renda até 1 SM
RPCSM_0,5-1)] (domicílio)
(iii) Renda (ver
Variáveis de rendimento domiciliar = ∑ [RPCSM_1-2;
Peacock et al., 2000; Renda 1-3 SM
RPCSM_2-3)] (domicílio)
Tierney et al., 2001;
Variáveis de rendimento domiciliar = ∑ [RPCSM_3-5;
Cutter et al., 2003; Renda 3-10 SM
RPCSM_5-10)] (domicílio)
2009)
Variáveis de rendimento domiciliar = ∑ [RPCSM_10-20;
Renda > 10 SM
RPCSM_20mais)] (domicílio)
(iv) Idade (ver Pessoa com idade
∑ [ID-4; (...); ID10-14]
Peacock et al., 2000; entre 0 e 14 anos
Tierney et al., 2001; Pessoa com idade
∑ [ID15-19; (...); ID55-59]
Cutter et al., 2003; entre 15 e 59 anos
2009; Anazawa et
al., 2013; SEADE, Pessoa com idade > 60
∑ [ID60-64; (...); ID100mais]
2012; UNISDR, anos
2009; UNDP, 2014)
Raça ou cor branca COR1 = branca (pessoa)
(iv) Escolaridade Raça ou cor preta COR2 = preta (pessoa)
ou alfabetização Raça ou cor amarela COR3 = amarela (pessoa)
(ver Peacock et al.
Raça ou cor parda COR4 = parda (pessoa)
2000; Tierney et al.
2001; Cutter et al., Raça ou cor indígena COR5 = indígena (pessoa)
2003; 2009) Alfabetização (sim) Sabe ler e escrever [ALF = sim] (pessoa)
Alfabetização (não) Não sabe ler e escrever [ALF = não] (pessoa)
* Domicílio particular per capita em nº de salários mínimos em julho de 2010

62
3.1.2.2. Distribuição de variáveis sociodemográficas em áreas de riscos
geotécnicos

Para analisar a distribuição espacial de variáveis sociodemográficas em


relação aos perigos ou riscos geotécnicos, foi feita uma operação de intersecção entre
o plano de informação das grades (células) que continham mais do que cinco
domicílios e o plano de informação de riscos associados aos processos do meio físico:
escorregamentos e/ou erosões, inundações e recalques ou subsidência do solo
associados a movimentos das marés. O resultado da intersecção permitiu analisar
alguns padrões da população ou domicílios em situação de vulnerabilidade social e de
riscos geotécnicos, segundo a grade regular (célula).

3.1.2.3. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS)

Ao grupo das variáveis sociodemográficas, foi incluído, para o período


2000-2010, o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), criado pela Fundação
Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE). O IPVS se baseia em dois
pressupostos: (1) na agregação dos indicadores de renda com os de escolaridade e ao
ciclo de vida familiar; (2) na identificação de áreas segundo o grau de vulnerabilidade
de sua população residente (SEADE, 2000). Desenvolvido a partir de dados do Censo
Demográfico 2000-2010 e apresentado por setores censitários, o IPVS é compatível
com as demais variáveis anteriormente mencionadas e aplicável a todo o território
nacional - o que facilita a generalização da metodologia e os estudos comparativos 39.

A Tabela 3. 2 apresenta as variáveis utilizadas para a construção do


indicador.

39Mais detalhes sobre a metodologia utilizada para a construção do IPVS, ver SEADE (2000; 2013), disponível em:
IPVS (2010) – <http://www.iprsipvs.seade.gov.br/view/pdf/ipvs/metodologia.pdf>; IPVS (2000), disponível em:
<http://www.al.sp.gov.br/web/ipvs/index_ipvs.htm>.

63
Tabela 3. 2. Variáveis utilizadas para a construção de grupos de Vulnerabilidade do
IPVS-SEADE (2000 e 2010)
Componente do IPVS IPVS (2000) IPVS (2010)
% de pessoas responsáveis pelo
Presente Presente
domicílio alfabetizadas
% de pessoas responsáveis de 10 a 29
Presente Presente
anos
Idade média das pessoas
Presente Presente
responsáveis
% de crianças de 0 a 5 anos de idade Presente Presente
% de mulheres responsáveis de 10 a
Ausente Presente
29 ano
Ausente (não captada no
Rendimento nominal médio do
Presente questionário do
responsável pelo domicílio
universo)
Ausente (não captada no
% de responsáveis com menos de 3
Presente questionário do
salários mínimos
universo)
Ausente (não captada no
Renda domiciliar per capita Presente
questionário do universo)
Ausente (não
Rendimento médio da mulher disponibilizada para o
Presente
responsável pelo domicílio banco de dados do
questionário do universo)
% de domicílios com renda domiciliar Ausente (não captada no
Presente
per capita de até 1/2 salário mínimo questionário do universo)
% de domicílios com renda domiciliar
Ausente (não captada no
per capita de até 1/4 de salário Presente
questionário do universo)
mínimo
Ausente (não captada no
% de pessoas responsáveis com ensino
Presente questionário do
fundamental incompleto
universo)
Ausente (não captada no
Anos médios de estudo Presente questionário do
universo)
Fonte: Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (SEADE, 2000; 2013).

O IPVS (2000) define seis grupos de vulnerabilidade, entre Nenhuma


Vulnerabilidade (Grupo 1) e Vulnerabilidade Muito Alta (Grupo 6). O IPVS (2010)
preservou alguns dados para permitir a comparação do período 2000-2010, além de
incorporar o indicador de renda domiciliar per capita, a situação do setor censitário
como aglomerado subnormal (favela) e sua localização (urbana ou rural). Na prática,
no grupo de alta vulnerabilidade o IPVS (2010) foi segmentado em dois grupos: alta

64
vulnerabilidade (setores urbanos) e alta vulnerabilidade (setores rurais), totalizando
sete grupos de vulnerabilidade social (SEADE, 2013) – Figura 3. 3.

Figura 3. 3. Diagrama de comparações conceituais entre o IPVS 2000-2010. Adaptado


de SEADE (2013).

Essas variáveis foram agrupadas e organizadas por polígonos de


municípios e setores censitários, para distribuir espacialmente as características
socioeconômicas na área de estudo.

65
3.1.3. Dados auxiliares

Para apoiar as análises em diferentes escalas, os dados auxiliares


consistiram em: (a) mapas de células (grades regulares); e (b) imagens de satélite de
diferentes resoluções espaciais.

(a) Foram criados mapas de células de 100 x 100 metros (grades regulares) no
software TerraView 4.2, a partir dos limites municipais (e de áreas/planos de
informação de interesse), utilizando o menu “Plano -> Criar Células” (INPE,
2012, disponível em <http://www.dpi.inpe.br/terraview/>).
(b) Imagens de média resolução espacial (30 metros) - foram utilizadas 6
imagens do sensor TM/Landsat 5, composição colorida falsa cor R(5)G(4)B(3),
sendo utilizadas duas (2) cenas para cada período: 1990, 1999 e 2010. As
imagens foram obtidas no catálogo de imagens do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/> (ver
órbitas/ponto e data de aquisição na Tabela I. b, ANEXO I, p. 280). Imagens
de alta resolução espacial (1 metro) – foram utilizadas as imagens Ikonos e
GeoEye (com resolução espacial de 1 metro), no período 2000-2010 para apoio
das análises, obtidas com a EngeSat Imagens de Satélites Ltda (ver datas de
aquisição na Tabela I. c, ANEXO I, p. 280). Essas imagens de média e alta
resolução foram ortorretificadas (corrigidas geometricamente com base em
cartas do Instituto Geográfico e Cartográfico – IGC, em escala 1:10.000) e
validadas em conformidade com o Padrão de Exatidão Cartográfico (PEC)40
classe A, estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 89.817/1984 (BRASIL, 1984) – ver
Tabela I. d e Tabela I. e no ANEXO I (p. 280). Essas imagens corrigidas foram
utilizadas como base para interpretação do mapeamento temporal de
cobertura e uso da terra na região de estudo, em escala 1:100.000 e 1:10.000,
nos respectivos períodos.

40O Padrão de Exatidão Cartográfico (PEC) pode ser considerado classe A, B ou C, quando a exatidão planimétrica
for 0,5, 0,8 ou 1 mm da escala da carta/mapa (BRASIL, 1984).

66
Parte dos dados auxiliares – células e conjunto de imagens de satélite – foi
utilizada para um levantamento prévio de situação de vulnerabilidade em relação aos
perigos na linha costeira – eminentemente de erosões costeiras ou elevação do nível
do mar. A abordagem adotada e os resultados dessa análise inicial podem ser vistos no
APÊNDICE – A.2 (p. 284). Esses grupos de variáveis foram organizados em um
Sistema de Informação Geográfica (SIG), a fim de distribuir espacialmente as áreas
vulneráveis e a construção de indicadores. Essas variáveis foram organizadas em
sistema de projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) e Datum World Geodetic
System 1984 (WGS84).

3.2. AS MÚLTIPLAS ESCALAS: ABORDAGEM METODOLÓGICA

Para analisar os riscos e situações de vulnerabilidade nos municípios da


área de estudo, o conjunto de dados organizados subsidiou a análise em três níveis de
análise 41: (i) litoral paulista, composto por 16 municípios e dividido em três
Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHi-3 – litoral norte, UGRHi-7 –
baixada santista e porção do litoral sul da UGRHi-11) que tem como pressuposto os
limites de bacias hidrográficas, (ii) o litoral norte (ou a UGRHi-3), composto por
quatro municípios e trinta e quatro sub-bacias hidrográficas (ver Figura 3. 4).

Figura 3. 4. Sub-bacias hidrográficas no litoral norte paulista, totalizando 34 sub-


bacias.

41 Embora o termo multiescalar seja variado, pois é um conceito que depende de diferentes disciplinas (GIBSON et

al., 2000), pode-se pensar nesse termo como escalas que variam de acordo com o: (a) interesse social – níveis do
indivíduo, unidades domiciliares, comunidades, estado e internacional; ou de acordo com: (b) as escalas que
variam conforme o interesse ecológico – indivíduo, população, ecossistemas, manchas de paisagens (VANWEY et
al., 2009).

67
(iii) do total de sub-bacias, vinte delas foram amostradas para as
entrevistas de percepção de riscos. Destacam-se duas sub-bacias e respectivos
bairros que as compõem, situadas nas regiões centrais dos municípios de
Caraguatatuba e São Sebastião, na UGRHi-3: sub-bacia do rio Santo Antônio, em
Caraguatatuba; sub-bacia São Sebastião, em São Sebastião. O critério de seleção dessas
sub-bacias levou em consideração (a) a localização central em cada município, onde
há os principais acessos para os bairros dessas sub-bacias; (b) o histórico de ocupação
do território, associado com à implantação das rodovias (Tamoios – SP-099 e trechos
da rodovia Rio-Santos) ou da instalação de empreendimentos de infraestrutura (como
é o caso do Porto de São Sebastião e Terminal Aquaviário Almirante Barroso –
TEBAR); (c) os mapeamentos anteriores de riscos (IG/SMA, 2006a,b, c; IPT, 1999,
2010; UNESP-Rio Claro, 2006), que já indicavam essas áreas como susceptíveis a
eventos geológicos ou de origem hídrica. Além disso, eventos geológicos que
ocorreram anteriormente (caso de 1967 e 1996 em Caraguatatuba) também foram
considerados como fatores relevantes para a seleção; (d) condições de
vulnerabilidade social, representada pela análise prévia da distribuição espacial de
setores censitários segundo o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS); (e) o
lventamento de dados em campo sobre a percepção de riscos, que se concentraram
nessas áreas para fornecer uma análise contextual da vulnerabilidade.

Para cada escala de análise, sempre que necessário, foram utilizadas


técnicas de geoprocessamento ou de processamento digital de imagens para dar
subsídios à discussão dos objetivos propostos neste trabalho. Especificamente na
escala de análise (i) foi utilizada uma grade regular ou célula (de 250 x 250 metros em
áreas urbanas e 1000 x 1000 metros em áreas rurais), proposta por Bueno (2014),
para analisar a distribuição de riscos geotécnicos e situações de vulnerabilidade
social. Na escala de análise (ii) utilizaram-se, predominantemente, operações de
álgebra de mapas, classificações de imagens de satélite acompanhadas pelos
levantamentos de campo. Na escala de análise (iii) foram utilizados, principalmente,
os resultados do levantamento, ou survey de percepção de riscos, realizado em 2012 e

68
descritos em detalhe no CAPÍTULO 7. ESCALA DE ANÁLISE LOCAL: AS PERCEPÇÕES DE RISCO E O
LUGAR (p. 179), pois exigiu a construção de uma abordagem específica para aplicação
de questionários. Também, sempre que necessário, buscou-se apoio em ferramentas
de geoprocessamento e SIG para contribuir na análise.

A Figura 3. 5 mostra um esquema da análise multiescalar de riscos e


vulnerabilidade às mudanças climáticas proposta neste trabalho.

Figura 3. 5. Esquema de análise em múltiplas escalas. Análise na escala regional: (a)


UGRHi-3, UGRHi-7, UGRHi-11 – litoral sul; (b) Municípios e sub-bacias hidrográficas
da UGRHi-3 – litoral norte. Análise na escala local/lugar: (c) sub-bacias
hidrográficas amostradas sobre percepção de riscos na UGRHi-3, com registros
fotográficos da sub-bacia do rio Santo Antônio, Caraguatatuba e sub-bacia do rio São
Sebastião, em São Sebastião.

69
3.3. ABORDAGEM QUANTITATIVA DE PERCEPÇÃO DE RISCOS

Este trabalho buscou investigar, quantitativamente, qual a percepção dos


riscos às mudanças climáticas e ambientais no litoral norte de São Paulo. A abordagem
procurou delinear a aplicação de um questionário para os responsáveis pelos
domicílios em Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, situados em áreas de
riscos de: (i) escorregamento de terra; (ii) inundação; e (iii) proximidade com a linha
costeira (relacionada a problemas com erosões costeiras, ressacas do mar ou elevação
do nível do mar). Para isso foi estabelecido um plano de trabalho dividido em cinco
etapas. Etapa 1: delineamento da questão-chave da pesquisa, das hipóteses e do tipo
de levantamento [survey] a ser aplicado. Etapa 2: planejamento do
levantamento/survey, com uma pré-análise e aplicação de um pré-teste. Etapa 3:
estimativas do tamanho da amostra. Etapa 4: estratégia amostral do trabalho. Etapa
5: breve descrição das atividades de análise e validação dos dados.

A Figura 3. 6 apresenta um fluxograma ilustrando com mais detalhes cada


uma dessas fases.

70
Figura 3. 6. Fluxograma das fases/etapas para a aplicação dos questionários sobre
percepção de riscos às mudanças climáticas/ambientais (baseado em GIL, 2002;
NEUMAN, 2011).

3.3.1. Delineamento da pesquisa sobre percepção de riscos (Etapa 1)

Com base nas hipóteses levantadas (ver INTRODUÇÃO. APRESENTAÇÃO DA


PESQUISA – seção QUESTÕES E HIPÓTESES, p. 4) concebeu-se o formato do questionário e
o tipo de estratégia do levantamento/survey, considerando a questão-chave de
identificar qual a percepção das pessoas que vivem em áreas de risco, mencionadas
anteriormente. Para a análise quantitativa de percepção de riscos às mudanças
climáticas e ambientais, foi aplicado um questionário semi-estruturado que
considerou (i) Caracterização do responsável pelo domicílio, (ii) Mudanças Climáticas e
Ambientais, (iii) Riscos socioambientais e adaptação, (iv) Governança e comunicação

71
dos riscos. Foram consideradas questões fechadas, ou seja, com opções de escolha para
posteriormente serem analisadas no software Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS).

O formato e a estrutura do questionário podem ser vistos no APÊNDICE –


A.3 (p. 291), e o manual de instruções de aplicação do questionário (“manual do
entrevistador”) no APÊNDICE – A.4 (p. 295). Por outro lado, as questões que
permitiram respostas abertas dos entrevistados contribuíram para os registros das
falas e observações que a estrutura fechada do questionário não pôde captar.
Portanto, na apresentação dos resultados, sempre que possível, foram inseridos
alguns trechos dos diálogos de entrevistados para ajudar a contextualizar os
resultados obtidos das respostas fechadas.

3.3.2. Pré-análise e pré-teste (Etapa 2)

Um das atividades da pré-análise foi buscar apoio das lideranças locais (ver
trabalhos de FESTINGER; KATZ, 1974; GIL, 2002). Em algumas campanhas de campo
entre 2011 e 2012 foram feitos contatos com responsáveis pela Defesa Civil e com
representantes da Secretaria de Meio Ambiente de cada um dos municípios, para
levantar informações sobre os riscos. Além desses contatos, foram feitas campanhas
de campo em conjunto com a pesquisadora Gabriela Di Giulio 42, acompanhando os
grupos focais de lideranças locais (comunidade) e de lideranças institucionais, ocasião
em que foi possível também estabelecer contatos com os atores de interesse para a
pesquisa.

Também nessa etapa, foram utilizados os mapeamentos de áreas de riscos


de vulnerabilidade, com base em dados obtidos em instituições como o Instituto
Geológico (IG-SP) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para auxiliar nas

42 Professora doutora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP, realizou
pesquisa sobre situações de risco no litoral norte Paulista considerando uma análise das percepções de risco,
estratégias de comunicação e envolvimento público no enfrentamento dos riscos associados às mudanças
climáticas e ambientais. Detalhes em <http://www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/114523/estudo-situacoes-risco-
litoral-norte/>.

72
visitas in loco e na determinação dos estrados ou zonas para auxiliar nas estimativas
do tamanho de amostra.

Antes de realizar o levantamento propriamente dito, foi aplicado um pré-


teste com três diferentes grupos: (a) Grupo 1 (G1) – pessoas que não vivem em áreas
de riscos, sendo 81% composto por pesquisadores de diferentes instituições
(Unicamp, INPE, UFRJ), com tamanho de amostra n=22; (b) Grupo 2 (G2) – moradores
de Caraguatatuba-SP, sendo a maioria moradores locais do bairro Rio do Ouro,
situados ou não em áreas de riscos, com n=15; (c) Grupo 3 (G3) – educadores
ambientais do litoral norte de São Paulo, que moram na região, com n=21, totalizando
58 entrevistas. Os resultados do pré-teste podem ser vistos no APÊNDICE – A.5 (p.
299).
Para aplicar os questionários, foi utilizado um método por conveniência ou
acidental (ver KINNEAR; TAYLOR, 1979; MATTAR, 1996; CHURCHILL, 1998;
OLIVEIRA, 2001; SCHUTT, 2006), que consistia em convidar as pessoas a responder
voluntariamente o questionário. O Grupo 1 (G1) foi contatado através de e-mails que
continham os questionários e o gabarito de respostas (julho/2011). O Grupo 2 (G2) foi
entrevistado nos domicílios selecionados pelos entrevistadores “domicílio por
domicílio” nos bairros Rio do Ouro e Morro do Algodão (Caraguatatuba), com auxílio
de uma liderança local no bairro Rio do Ouro (abril/2012). O Grupo 3 (G3) foi
entrevistado por educadores ambientais dos quatro municípios do litoral norte de São
Paulo, após uma reunião no Núcleo Caraguatatuba do Parque Estadual da Serra do
Mar (NuCar-PESM), com o auxílio de uma educadora ambiental de Ubatuba e da
liderança local de Caraguatatuba (maio/2012).
Os resultados apresentados refletiram a percepção de risco desses três
grupos entrevistados, levando em conta os temas (ii), (iii) e (iv) do questionário para
efeito de comparação entre os grupos considerados na pesquisa.
A aplicação do pré-teste teve a finalidade de obter um panorama geral
sobre a aplicação dos questionários, para adequar as respostas (instrumento de
medida) à realidade do tema sobre percepção de riscos relacionados às mudanças

73
climáticas e ambientais e aos desastres naturais/induzidos. Além disso, permitiu
corrigir (reformular) eventuais perguntas ou a própria estrutura do questionário. Os
resultados do pré-teste também serviram para (re)estruturar algumas hipóteses do
trabalho (sobre aplicações de pré-testes e planejamento de pesquisas, ver
FESTINGER; KATZ, 1974; RICHARDSON, 1999; GIL, 2002; 2008; NEUMAN, 2011).

3.3.3. Estimativa do tamanho de amostra (Etapa 3)

Para obter uma amostra que pudesse representar a população de pessoas a


serem entrevistadas em áreas de riscos (escorregamentos, inundação e riscos
relacionados com a proximidade da linha costeira – erosões costeiras e ressacas do
mar), foi feito uma estimativa com base em uma amostragem aleatória simples.
Considerando um nível de significância 𝛼=5% e margem de erro E=5%), estimou-se
um tamanho de amostra para área de estudo. A fórmula utilizada para calcular o
tamanho de amostra é dada por (COCHRAN, 1977):

Sendo,
N = tamanho da população;
p = proporção populacional de indivíduos que pertencem à categoria de interesse 43;
q = (1-p);
Z𝛼/2 = valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado;
E = erro máximo de estimativa.
Com base em estimativas disponíveis de domicílios nos municípios do
litoral norte de São Paulo e de estimativas de domicílios em áreas de riscos (a
deslizamentos e a inundação) – ver Tabela 3. 3, foi possível estimar o tamanho da
amostra (Tabela 3. 4).

43Como os valores p e q são desconhecidos foi utilizado o valor de 0,5 para cada proporção, pela estimativa de
LEVINE, BERENSON, STEPHAN (2000), que leva em consideração a máxima variabilidade do objeto de estudo.

74
Tabela 3. 3. Domicílios em áreas de riscos (escorregamentos e inundação – Triscos, IG-
SP, 2006a,b,c, UNESP-Rio Claro; IPT, 2010) e total de domicílios nos 4 municípios
(Censo Demográfico de 2010 – Tcenso2010, IBGE, 2012).
No. domicílios1
Total de No. total de
Áreas (em áreas de
Municípios setores domicílios
em risco risco) – Triscos -
em riscos (Tcenso2010)
2006
Caraguatatuba 18 49 250 31.934
Ilhabela 12 27 451 9.015
São Sebastião 28 93 3.139 23.603
Ubatuba 54 149 5.126 25.075
Total - litoral
norte de São 112 318 8.966 89.627
Paulo
1Nos relatórios técnicos do Instituto Geológico (IG-SP, 2006a,b,c), da equipe da Universidade Estadual
Paulista (UNESP-Rio Claro, 2006) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2010), o termo
“moradia” é frequentemente utilizado nos documentos oficiais. Neste trabalho optou-se pelo termo
“domicílios” como referência aos dados dos Censos Demográficos do IBGE, que usam domicílios para se
referir à casas/moradias.

A Tabela 3. 4 mostra três estimativas de tamanho de amostra, sendo as


duas primeiras considerando uma amostragem aleatória simples, cuja estimativa
foi feita com base: (i) no total de domicílios em áreas de riscos, a partir dos
resultados de relatórios técnicos do Instituto Geológico de São Paulo (IG-SP
2006a,b,c), da Universidade Estadual Paulista de Rio Claro (UNESP-Rio Claro, 2006) e
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2010); e (ii) no total de domicílios em
cada município, obtido pelo Censo Demográfico 2010 (IBGE, 2012). Outra
estimativa, considerando uma abordagem estratificada com cota máxima definida
em 1.000 questionários 44, consistiu (iii) na divisão em dois estratos: Estrato A – 60%

44 Com as estimativas baseadas em amostragem simples, foram solicitados orçamentos para empresas
especializadas em surveys, levando em consideração o tempo, o custo e o desenho amostral da pesquisa. Após o
retorno dos orçamentos, foi estabelecido um tamanho de amostra que tinha como critério a restrição

75
dos domicílios situados em áreas de risco de escorregamentos, inundação e
proximidade da linha costeira – e Estrato B – 40% dos domicílios situados fora de
áreas de risco.

Tabela 3. 4. Estimativas de tamanhos de amostras: (i) amostragem simples – a partir


de domicílios em áreas de riscos e total de domicílios em cada município; (ii)
amostragem estratificada (com cota definida em 1.000 questionários).
Amostragem simples Amostragem estratificada (intencional)
Municípios Tamanho da Tamanho da Total por
Estrato A
amostra (n1) - amostra (n2) - município Estrato B (nB)
(nA)
(Triscos) - 2006 (Tcenso2010) (n3=nA+nB)
Caraguatatuba 152 380 356 214 143
Ilhabela 208 368 101 60 40
São Sebastião 342 378 263 158 105
Ubatuba 357 378 280 168 112

Total - litoral
norte de São 1.059 1.505 1.000 600 400
Paulo

As estimativas do tamanho de amostra usando diferentes métodos


(amostragem simples e estratificada) buscaram calcular um número total de
entrevistas para direcionar um levantamento/survey com os critérios de tempo de
execução do trabalho, custo e desenho amostral da pesquisa. Além desses critérios
citados, foi considerado o acesso aos mapas ou cartas de domicílios/moradias para
realizar o sorteio de amostras (domicílios). Esses mapas, normalmente utilizados para
o cadastro urbano dos municípios, estavam indisponíveis ou não puderam ser
acessados durante a pesquisa. Nesse contexto, foi elaborada uma estratégia para
atender, da melhor forma possível, ao tamanho de amostra estimado por esses
métodos probabilísticos 45.

orçamentária e o tempo para a execução da presente pesquisa. Assim considerou-se um desenho amostral para
uma abordagem estratificada com um total de 1.000 (n) questionários no litoral norte de São Paulo
45 Um método probabilístico é caracterizado quando cada elemento da população tem a mesma chance de ser

selecionado. Esse método assume técnicas rígidas de estatísticas para determinados tipos de amostragem
aleatória.

76
3.3.4. Estratégia de aplicação dos questionários (Etapa 4)

A estratégia de aplicação dos questionários sobre percepção de riscos às


mudanças climáticas/ambientais foi baseada na estruturação de uma equipe de
campo. Nessa etapa foi formada uma equipe para cada município (Caraguatatuba,
Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba), tendo como critério fundamental que cada equipe
fosse composta por moradores/residentes da região de estudo. Essa estruturação foi
feita em um período de dois meses (em 2012), baseada no método de amostragem
“bola da neve” – ou snowball sampling (ver GOODMAN, 1961; ATKINSON; FLINT,
2001; PENROD et al., 2003; NEUMAN, 2011) –, para identificar “pessoas-chave” 46 ou
referências na estruturação da equipe auxiliar de campo.
Foram contatadas inicialmente quatro “pessoas-chave” na área de estudo,
considerados os contatos de primeira ordem (ligações diretas). A partir dos quatro
primeiros contatos, foi possível formar quatro equipes auxiliares: Equipe
Caraguatatuba, com um total de cinco entrevistadores – E(c); Equipe Ilhabela, com
três entrevistadores – E(i); Equipe São Sebastião, com seis entrevistadores – E(ss) e
Equipe Ubatuba, com três entrevistadores – E(u). Além desses quatro grupos, foi
formada a Equipe Projeto Clima, integrada por três entrevistadores relacionados ao
projeto ‘Clima’ (temático Fapesp), além do autor deste trabalho. No total, foi formada
uma equipe de 21 entrevistadores para o levantamento de percepção de riscos, sendo
dezessete locais (moradores da região do litoral norte de São Paulo), três ligados ao
projeto temático ‘Clima’ (n.o 2008/58159-7), além do autor deste trabalho. A Figura
3. 7 mostra um diagrama que ilustra a estruturação da equipe auxiliar de campo, na
qual:
- C = coordenador da equipe (levantamento/survey de percepção de
riscos),
- E(c) = entrevistadores de Caraguatatuba,
- E(i) = entrevistadores de Ilhabela,

46As “pessoas-chave” eram líderes de bairro, educadores ambientais ou analistas em Secretarias de Meio Ambiente
do litoral norte de São Paulo.

77
- E(ss) = entrevistadores de São Sebastião,
- E(u) entrevistadores de Ubatuba
- Elos = contatos fundamentais para a estruturação da equipe, mas que não
participaram na aplicação dos questionários.
Para a construção do digrama foi utilizado o software UCINET 47, programa
específico para a análise de dados de redes sociais (BORGATTI et al., 2002, disponível
em <https://sites.google.com/site/ucinetsoftware/home>). O UCINET vem
acompanhado do aplicativo NetDraw (BORGATTI, 2002), utilizado para criar a rede de
relações.

Figura 3. 7. Diagrama de formação da equipe de entrevistadores sobre percepção de


riscos às mudanças climáticas e ambientais: rede de relações entre o Coordenador da
pesquisa (C), Entrevistadores – E(c) = Caraguatatuba; E(i) = Ilhabela; E(ss) = São
Sebastião; E(u) = Ubatuba, e os Elos (Elo) ou principais contatos.

47O tutorial utilizado para o manuseio do software foi o livro “Introduction to Social Network Methods”
(HANNEMAN; RIDDLE, 2005). Disponível em <http://faculty.ucr.edu/~hanneman/networks/nettext.pdf> e
“Manual Introdutório de Análise às Redes Sociais”, disponível em
<http://www.aprende.com.pt/fotos/editor2/Manual%20ARS%20[Trad].pdf> (AIRES et al., 2006)

78
Após a estruturação da equipe, foram feitos um treinamento e uma
explanação sobre a abordagem das entrevistas. Em um primeiro momento, esse
treinamento consistiu em: (a) apresentar a estratégia de abordagem das entrevistas,
baseada em uma adaptação do método de amostragem por cotas, na qual o
pesquisador entrevista um número definido de pessoas (ou um tamanho de amostra
pré-definido) em cada uma das categorias ou estratos de interesse. A seleção (das
amostras) em cada estrato é normalmente deixada a critério do entrevistador ou
pesquisador (ver trabalhos de MOSER; STUART, 1953; HANSEN, HURWITZ, MADOW,
1966; COCHRAN, 1977; MARSH; SCARBOROUGH, 1990; DOHERTY, 1995; CURTICE;
SPARROW, 1997; FAO, 1997; SCHIFFMAN; KANUK, 2000; OLIVEIRA, 2001; SCHUTT,
2006).
Mapas de riscos de escorregamento e de inundação e faixas de distância
dos principais cursos d’água e da linha costeira foram elaborados para auxiliar a
identificação das áreas (estratos) a serem entrevistadas. Esses mapas foram
elaborados com base em dados obtidos pelo Instituto Geológico do estado de São
Paulo (IG-SP), e técnicas de geoespaciais para a delimitação de distâncias dos
principais cursos d’água da região e a partir da linha da costa do litoral norte de São
Paulo.
Para auxiliar o levantamento de campo, os layers dos mapas de risco de
cada município foram sobrepostos às imagens de alta resolução disponíveis para a
área (obtidas no Banco de Dados Geográficos do projeto temático, BDG, 2011). Em
áreas onde não havia sobreposição com essas imagens do projeto temático, a
sobreposição foi realizada com imagens do Google Earth, que auxiliaram identificar as
áreas/domicílios a serem entrevistados pela equipe auxiliar de campo.
Os critérios para selecionar as áreas a serem entrevistadas, portanto, levou
em consideração: (i) as informações sobre as áreas de risco mais críticas em períodos
intensos/prolongados de chuvas, obtidas em reuniões com os responsáveis da Defesa
Civil dos municípios do litoral Norte de São Paulo; (ii) as observações feitas por
moradores, educadores ambientais e lideranças locais sobre as potenciais áreas de

79
risco, durante a pré-análise (entre 2011 e 2012); e (iii) os recursos disponíveis para a
campanha de campo, realizada de outubro a dezembro de 2012.
No segundo momento do treinamento, foram explicadas quais eram as
informações necessárias a serem coletadas (por exemplo, sempre anotar o endereço
do domicílio, quando possível com um croqui de localização – ou no papel ou no
Google Earth); quando disponível, coletar pontos com um aparelho de GPS nos
domicílios entrevistados; se factível, registrar em fotos as moradias e o entorno.
Nessa etapa de treinamento, foi entregue o material dos entrevistadores:
(a) crachá do entrevistador, com nome da instituição NEPAM/Unicamp, junto com os
questionários impressos e o “manual do entrevistador”, no APÊNDICE – A.4 (p. 295);
mapas de áreas de riscos onde deveriam ser realizadas as entrevistas, contendo o
número esperado de entrevistas a serem realizadas por bairro e áreas de riscos – (b)
em formato digital e (c) em formato impresso (ver Figura 3. 8).

80
Figura 3. 8. Material de apoio para a equipe auxiliar de campo: (a) Crachá de
identificação, manual do entrevistador, questionários; (b) Mapa das áreas de risco nos
bairros do Rio do Ouro, Jaraguazinho e Caputera – Caraguatatuba; e (c) Mapa das
áreas de risco em Topolândia, Olaria e Itatinga – São Sebastião.

A Figura 3. 9 mostra algumas etapas do treinamento da equipe – (a) em


campo; (b) em reuniões também em campo; além de (c) croquis que auxiliaram a
divisão de tarefas.

81
Figura 3. 9. Treinamento da equipe: (a) em campo com entrevistador-líder no Morro
do Algodão – Caraguatatuba; (b) em campo com equipe de entrevistadores dos bairros
Olaria, Topolândia e Itatinga – São Sebastião; (c) Croquis realizados durante a
preparação para a aplicação dos questionários.

Após essas duas etapas (estruturação e treinamento da equipe auxiliar de


campo), a aplicação dos questionários foi dividida em dois períodos: 1º período – de
outubro (após as eleições) até a metade de novembro de 2012, quando foram
aplicados os questionários contando com as quatro equipes formadas no litoral norte
de São Paulo. Durante a aplicação dos questionários, foi feito o acompanhamento dos
locais entrevistados em cada área/cidade, visando à melhor distribuição dos
domicílios entrevistados. O 2º período – da metade de novembro até a primeira

82
semana de dezembro de 2012 – foi feito para cobrir a área não levantada pelas quatro
equipes auxiliares e realizado pela equipe do projeto ‘Clima’.

3.3.5. Análise e validação dos resultados (Etapa 5)

Os dados coletados em campo foram digitados usando o SPSS – Statistical


Package for the Social Sciences. A análise dos dados permitiu cruzar as informações
entre (I) as características do entrevistado com os temas (II), (III) e (IV), a fim de
testar as hipóteses formuladas no trabalho.
Os resultados da aplicação dos questionários busca identificar as diferentes
percepções da população e os distintos contextos em que se inserem, além de avançar,
com uma abordagem quantitativa sobre a análise da percepção de riscos às mudanças
climáticas e ambientais. Como nem sempre é possível captar todas as variáveis e
condições sobre a percepção de risco com um levantamento de campo [survey],
métodos qualitativos (como os grupos focais) podem complementar as análises,
contribuindo para preencher eventuais lacunas e melhor compreender a realidade
social (MINAYO; SANCHES, 1993; BRYMAN, 2006). Nesse sentido, além da análise
quantitativa da percepção de risco, esta pesquisa buscou apoio e conhecimento em
outras abordagens sobre esse tema, em particular de trabalhos com grupos focais,
para a percepção e governança de riscos (DI GIULIO, FERREIRA, MELLO, 2011).

83
84
CAPÍTULO 4. ESCALA DE ANAÁ LISE REGIONAL: OS PERIGOS E OS RISCOS NO
CONTEXTO DO ESTADO DE SAÃ O PAULO E DA ZONA COSTEIRA PAULISTA

4.1. PANORAMA DOS PERIGOS E DOS RISCOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

De acordo com dados do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais produzido


pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED/UFSC,
2011), foram feitos 831 registros (AVADAN – Formulário de Avaliação de Danos –,
NOPRED – Formulário Preliminar de Notificação de Desastre –, relatórios de danos,
portarias, decretos e outros), com a indicação de diferentes causas de desastres e
ameaças no estado de São Paulo: inundações bruscas e graduais, movimentos de
massa, vendaval/ciclone, tornados, erosão fluvial, erosão linear, granizo, geada,
estiagem e seca.
A partir de dados do CEPED/UFSC (2011) pôde-se observar os perigos
mais recorrentesa inundações (graduais, quando a água eleva-se de forma lenta e
previsível e, depois de algum tempo, escoam-se gradualmente e bruscas, quando a
elevação das águas ocorre bruscamente, devido a chuvas intensas e concentradas, e
regiões de relevo acidentado. É popularmente chamada de enxurrada) são aqueles mais
recorrentes no estado de São Paulo, tanto em número de registros (54,4% somente
para inundações bruscas) quanto em número de pessoas afetadas
A partir de dados do CEPED/UFSC (2011), pôde-se observar os perigos
mais recorrentes no estado de São Paulo: de inundações bruscas – popularmente
chamadas de enxurradas –, quando a elevação das águas ocorre bruscamente, devido
a chuvas intensas e concentradas, e regiões de relevo acidentado; e de inundações
graduais, quando a água eleva-se de forma lenta e previsível e, depois de algum tempo,
escoa-se gradualmente. Os riscos associados às inundações são mais frequentes tanto
em número de registros (54,4% somente para inundações bruscas) quanto em
número de pessoas afetadas (ver Figura 4. 1).
Em menor número, mas com importância significativa pelos números de
pessoas afetadas e registros, estão os perigos relacionados aos movimentos de massa

85
e vendavais ou ciclones. Outros perigos foram agrupados por não serem recorrentes
na região da Serra do Mar.

Figura 4. 1. Número e percentual de perigos e pessoas afetadas no estado de São


Paulo, no período de 1991 a 2010 (baseado em dados do CEPED/UFSC, 2011)

Entretanto, analisando na escala regional dos municípios costeiros de


São Paulo – região leste do Estado – sob uma perspectiva de análise geodinâmica,
observa-se que os fenômenos associados a escorregamento se mostram
predominantes (BITAR, 2009), sendo o escorregamento translacional raso o mais
atuante (VIEIRA et al., 2010), embora ocorram outros tipos de escorregamentos na
Serra do Mar (AUGUSTO FILHO e VIRGILI, 1998).
Somado ao perigo de escorregamentos, salienta-se a ocorrência de erosão e
de processos costeiros (SOUZA; SUGUIO, 2003; TESSLER et al., 2006; SOUZA, 2009;
2012; SOUZA; LUNA, 2009; 2010; FARINACCIO et al., 2009). Em termos de domínios
morfoclimáticos 48 destacam-se os domínios de mares de morros (ALMEIDA, 1964;
AB’SABER, 1970; 2003), meio físico complexo e sujeito aos mais fortes processos de

48Grandes regiões com influência destacada de fatores de relevo e climáticos na dinâmica do ambiente para fins de
setorização do território brasileiro.

86
erosão e de movimentos coletivos de solo, que têm afetado as áreas urbanas de
algumas grandes aglomerações humanas brasileiras localizadas em morros
(AB’SABER, 1970; 2003 apud BITAR, 2009).
A Figura 4. 2 mostra a distribuição dos diferentes riscos geotécnicos na
zona costeira de São Paulo, em sobreposição às Unidades de Conservação de Proteção
Integral (UCPIs), áreas destinadas à manutenção dos ecossistemas livres de alterações
causadas por interferência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus
atributos naturais (Lei SNUC, BRASIL, 2000), que correspondem aos Parques
Estaduais da Serra do Mar (PESM) e de Ilhabela (PEI) no litoral norte; PESM e Parque
Estadual Xixová-Japuí na baixada santista e Parques Estaduais do Prelado, Itinguçu e
Cardoso e Estação Ecológica Juréia-Itatins no litoral sul.

87
Figura 4. 2. Distribuição de riscos geotécnicos associados com perigos de
escorregamentos (movimento de massa em geral), inundações, recalques ou
subsidência do solo e erosões. Fonte: Adaptado de IPT (1994).

Considerando a análise regional pela divisão das regiões por UGRHi’s,


observa-se uma forte influência do padrão do relevo distribuído ao longo da zona
costeira de São Paulo. A região do litoral norte e baixada santista têm o relevo mais
acidentado do que o litoral sul (complexo estuarino-lagunar), contribuindo para uma
distribuição proporcionalmente maior de riscos associados aos perigos de
escorregamentos e movimento de massa em geral (Re) no litoral norte (UGRHi-3), com

88
84,7%, e baixada santista (UGRHi-7), com 50,2%. Analisando os riscos associados aos
perigos de inundação e subsidência – Ri e Rr (frequentes em planícies de baixa
altitude), nota-se que o litoral sul (porção da UGRHi-11) é mais afetado quando
comparado às duas outras regiões, representando cerca de 20,5% (inundações) e
41,5% (subsidência). Além desses riscos, também ocorrem erosões continentais e
outros processos do meio físico, mas em menores proporções. Assim, foram
agrupados em ‘outros riscos’ – Tabela 4. 1.

Tabela 4. 1. Distribuição de riscos geoténicos na zona costeira de São Paulo,


associados a riscos de escorregamentos, inundação e recalque ou subsidência do solo.
Riscos geotécnicos - percentual e área (km2) em relação ao
Outros riscos
total distribuído no território (escala 1:500.000)
(Rer - erosões e
Escorregamentos (Re) Recalques ou
Ro - risco a
Região subsidência do
Inundações diversos
Total por Porção fora solo (Rr) –
(Ri) processos do
região das UCPIs* baixas altitude
meio físico)
< 10m
litoral norte
84,7 (1.595,7) 12,3 (229,8) 1,8 (33,9) 13,5 (254,8) -
(UGRHi-3)
baixada santista
50,2 (1.201,0) 12,5 (298,6) 14,6 (349,5) 35,0 (836,3) 0,2 (4,5)
(UGRHi-7)
litoral sul
(porção da 32,6 (1.066,1) 22,1 (723,6) 20,5 (669,9) 41,5 (1.358,8) 5,4 (178,1)
UGRHi-11)
Total em
16,6 14,0
relação às 51,2 (3.862,8) 32,5 (2.450,0) 2,3 (182,7)
(1.252,0) (1.053,2)
UGRHi's
* UCPIs – Unidades de Conservação de Proteção Integral: correspondem aos Parques Estaduais da Serra
do Mar (PESM) e de Ilhabela (PEI) no litoral norte; PESM e Parque Estadual Xixová-Japuí na baixada
santista e Parques Estaduais do Prelado, Itinguçu e Cardoso e Estação Ecológica Juréia-Itatins no litoral
sul de São Paulo.

Em relação ao grau de suscetibilidade dos riscos geotécnicos associados


com perigos de escorregamentos, aqueles considerados de muito alta suscetibilidade
se concentram no litoral norte (UGRHi-3) – 54,8% –, e na baixada santista (UGRHi-7) –
45,2% (Figura 5a). Os riscos de alta suscetibilidade estão presentes nas três regiões,
sendo o litoral sul (porção da UGHRi-11) a região mais afetada (56%) em relação ao
litoral norte (26,3%) e baixada santista (17,7%), indicando um panorama de atenção
aos perigos de escorregamentos e movimento de massa na região como um todo.

89
Contudo, salienta-se que extensa porção do território está sob proteção
ambiental (Unidades de Conservação de Proteção Integral – no litoral norte
representa cerca de 72,4% do território em UCPI e áreas Re, 37,7% na baixada
santista e 10,5% no litoral sul), reduzindo proporcionalmente os números associados
aos riscos de escorregamentos nas três regiões.
Por outro lado, chama a atenção os riscos associados a escorregamento ou
movimentos de massa em geral situados fora das UCPIs (no litoral norte,
aproximadamente 229 km2/12,3%, na baixada santista 298 km2/12,5% e no litoral
sul 723,6 km2/22,1%) – ver Figura 4. 2 e Tabela 4. 1. Esses riscos localizam-se,
normalmente, em encostas de morros e em áreas urbanas ou peri-urbanas, onde se
concentra o maior número da população e, portanto, as potenciais áreas de risco para
os moradores.
Em relação aos riscos geotécnicos associados a perigos de inundação e
recalque ou subsidência do solo, observa-se que os considerados de muito alta ou alta
suscetibilidade são mais frequentes no litoral sul (respectivamente 48% e 73%) e na
baixada santista (52% e 26%) – Figura 4. 3b e Figura 4. 3c.

90
Figura 4. 3. Distribuição espacial de riscos geotécnicos (perigos de escorregamentos
ou erosões, inundações ou recalques ou subsidência do solo).

Buscando dar ênfase aos locais de riscos potenciais para a população,


utilizou-se uma abordagem com base em células para medir e inferir a vulnerabilidade
social na área de estudo. Os resultados e a discussão estão apresentados na seção a
seguir.
Esses números relacionados a desastres são relevantes considerando-se a
dinâmica demográfica da zona costeira paulista associada a uma infraestrutura
urbana ainda ineficiente. Diversos autores já têm apontado para essa situação
precária de infraestrutura urbana e de saneamento para a região do litoral paulista
(ver ALVES et al., 2010; ALVES, 2012; ANAZAWA et al., 2013; CARMO et al., 2012;
D’ANTONA et al., 2010; MELLO et al., 2010; 2012), sobretudo em períodos de alta
temporada (CPLA/SMA, 2009, 2010).
Carmo et al. (2012) mostram que houve um crescimento populacional de
726 mil para quase 2 milhões de habitantes, no período de 1970 a 2010, sendo o
maior volume populacional na região metropolitana da baixada santista (1,6 milhão
de habitantes em 2010. Esses autores apontam ainda para o desenvolvimento de uma

91
área metropolitana no entorno do município de Santos49. e destacam como os
investimentos recentes em infraestrutura para a exploração de petróleo e gás
impactam o litoral norte (ver também trabalhos de HOGAN, 2009; BITAR, 2009;
FERREIRA et al., 2011; TEIXEIRA et al., 2012; TEIXEIRA, 2013), provocando um
processo de expansão da ocupação e dinamização econômica, com efeitos sociais e
ambientais significativos (CARMO et al., 2012).

4.2. GRADE REGULAR ‘SOCIODEMOGRÁFICA’ E OS RISCOS GEOTÉCNICOS: UMA APLICAÇÃO NA ZONA

COSTEIRA DE SÃO PAULO 50

A análise de perigos e riscos geotécnicos distribuídos na zona costeira


paulista deve tomar uma dimensão importante e de atenção quando se considera a
dinâmica social e/ou demográfica da zona costeira paulista associada a uma
infraestrutura urbana ainda ineficiente.
Observa-se que a concentração da população ocorre, principalmente, nas
zonas centrais das regiões das UGRHI’s, sendo Santos e São Vicente (UGRHi-7) os
municípios com maior concentração de moradores, sobretudo nas proximidades do
canal do Porto (em algumas áreas com mais do que 1000 moradores por célula de
250x250m). Em menores proporções de concentração, mais ainda em zonas centrais,
observa-se também a concentração populacional nas regiões centrais das UGRHi-3
(500 --| 1000 moradores por célula) e UGRHi-11 – porção do litoral sul (250 --| 500 --|
1000 moradores por célula) – Figura 4. 4.

49 De acordo com Carmo et al. (2012), a baixa disponibilidade de terras a serem ocupadas no município de Santos,
associada ao alto custo da moradia, foi um dos elementos propulsores do crescimento populacional nos
municípios vizinhos, gerando uma dinâmica metropolitana no seu entorno (SANTOS, 2008; CARMO et al., 2012).
Os autores citam um crescimento triplicado entre 1970 e 2010 nas cidades de São Vicente e Guarujá. Já Cubatão
teve sua população dobrada nesse mesmo período.
50 Parte desta seção está em preparação para submissão de artigo: IWAMA, A.Y.; BUENO, M.C.D.; D’ANTONA, A.O.;

BATISTELLA, M.; CARMO, R.L.; FERREIRA, Lúcia C. Geotechnical hazards-risks and sociodemographic regular
grids: vulnerability approach in Brazilian coastal zone. Regional Environmental Change (em prep.).

92
Figura 4. 4. Distribuição de riscos geotécnicos em grades regulares (250 x 250m –
urbano e 1000 x 1000m – rural), segundo o número de pessoas: (a) UGRHi-3 – litoral
norte; (b) UGRHi-7 –baixada santista [região metropolitana de Santos]; e (c) UGRHi-
11 – na porção do litoral sul [complexo estuarino-lagunar].

O padrão de distribuição da população em zonas centrais, também reflete


(de certo modo) a procura por locais com maior oferta de emprego, de infraestrutura
ou serviços diversos e de saúde (postos de apoio, hospitais). De modo geral, essas
características influem também na distribuição da população em situações de
vulnerabilidade social: nas áreas centrais e mais próximas dessas condições
mencionadas, pode-se apontar para um perfil de pessoas ou famílias de idade entre
15-59 anos, com maior renda domiciliar e escolaridade, caracterizando, por um lado,
uma distribuição da população de menor vulnerabilidade social; nas áreas mais
distantes do mar, entre as planícies e encostas, pode-se observar a população ou

93
domicílios de maior vulnerabilidade social (população menos servida ou favorecida
de serviços básicos, maior proporção de jovens ou mulheres como responsáveis pelo
domicílio).
Situações semelhantes foram observadas por Feitosa et al. (2012; 2013) e
Mello et al. (2012) na UGRHi-3 – litoral norte, e Marques (2010) em municípios da
baixada santista (porção da UGRHi-7), apontando que, genericamente, os setores
censitários próximos ao mar apresentaram melhores condições sociais (em relação a
renda e educação), enquanto os setores nas proximidades de rios e de morros ou de
encostas íngremes, apresentaram piores condições. Feitosa et al. (2012; 2013)
argumentam que esse padrão tende a ocorrer porque as pessoas/famílias buscam
ocupar as áreas mais consolidadas, onde o acesso às oportunidades oferecidas pela
cidade é facilitado – normalmente em áreas centrais e/ou próximas ao mar.
Em uma primeira análise, pode-se observar a distribuição de setores
censitários segundo o Índice de Vulnerabilidade Social Paulista (IPVS) de 2010. As
áreas mais próximas de encostas ou distantes da linha costeira (chamadas de
‘sertões’) – que muitas vezes coincidem com áreas onde estão situados os
aglomerados subnormais ou núcleos de transição entre o urbano e rural – são os
setores com indicativos de situação de maior vulnerabilidade social. A exceção é uma
área de São Sebastião situada nas montanhas da Serra do Mar e sobreposta ao seu
Parque Estadual, que é indicada como setor de baixíssima ou muito baixa
vulnerabilidade social, com pouca ou nenhuma ocupação. O mapa de vulnerabilidade
social (Figura 4. 5), a partir da distribuição dos setores censitários, indica um padrão
de segregação socioespacial tendo os setores mais próximos às encostas ou em áreas
de transição do urbano para áreas de urbanização não consolidada representados
pelas classes 5, 6 ou 7 do IPVS, com características de ocupação de menor faixa de
rendimento domiciliar, concentração de pessoas jovens (0 a 14 anos) e menores
proporções de alfabetização.

94
Figura 4. 5. Distribuição de setores censitários, segundo o Índice Paulista de
Vulnerabilidade Social (IPVS) de 2010: (a) UGRHi-3 – litoral norte; (b) UGRHi-7 –
baixada santista; e (c) UGRHi-11 – na porção do litoral sul [complexo estuarino-
lagunar].

Obviamente esse panorama não pode ser generalizado, pois varia segundo
o histórico de ocupação de cada bairro e da região propriamente dita, envolvendo
processos de especulação imobiliária e de ações de política de ordenamento
territorial. Para oferecer uma análise contextualizada, os resultados e a discussão são
apresentados para as três regiões que abrangem as UGRHis da zona costeira paulista.

4.2.1. A UGRHi-3 – litoral norte

Grande parte dos moradores (74%) na UGRHi-3 – litoral norte encontra-se


em áreas de baixo risco associadas a recalques ou subsidência do solo (Rr),

95
considerando o total de pessoas (~172 mil moradores em grades regulares ou células)
em situações de riscos a subsidência ou inundação, processos muitas vezes
relacionados a áreas de baixa altitude (em áreas de planícies, como é o caso da
planícies da bacia do rio Juqueriquerê em Caraguatatuba, onde situam-se os bairros
do Morro do Algodão e Tinga).
As áreas de baixo risco de subsidência (Rr) são as mais densamente
povoadas nas regiões centrais dos municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São
Sebastião e Ubatuba. Por outro lado, cerca de 71% dos moradores de potenciais áreas
de risco a escorregamentos e movimentos de massa em geral (Re), segundo grades
regulares, encontram-se em situações de muito alto risco a esses processos do meio
físico. A Figura 4. 6 e Figura 4. 7 apresentam um panorama geral das situações de
risco encontradas na região centro-sul da UGRHi-3 em relação ao número total de
moradores por células.

Figura 4. 6. UGRHi-3 – litoral norte. (a) Distribuição da população pela grade regular
na zona centro-sul de Caraguatatuba; (b) padrão de ocupação no bairro Jardim Santa
Rosa (em direção ao norte do município); (c) moradias no bairro Rio do Ouro; e (d)
situação de alagamento em 2012 no Morro do Algodão (próximo ao rio Juqueriquerê).
[registros fotográficos em campanha de campo].

96
Figura 4. 7. UGRHi-3 – litoral norte. (a) Distribuição da população pela grade regular
na zona centro-norte de Ilhabela e de São Sebastião; (b) moradias de alto padrão
construtivo no bairro Santa Tereza, Ilhabela; (c) morro do Cantagalo, moradias em
contraste no padrão de construção situado no bairro da Vila, ao lado de Santa Tereza,
Ilhabela; e (d) moradia em potencial área de risco de escorregamento, bairro de
Topolândia, São Sebastião [registros fotográficos em campanha de campo].

Analisando o perfil de moradores ou domicílios em áreas de risco geotécnico na


UGRHi-3 (ver Tabela 4. 2) quanto:

(a) ao sexo - o total de mulheres é um pouco maior do que o de homens em


situações de riscos muito alto de escorregamentos (Re – 36,2% e 35,66%,
respectivamente) e de baixo risco de subsidência (Rr – 37,6% e 36,4%,
respectivamente). Contudo, essa situação se reverte considerando os responsáveis
pelos domicílios (segundo o sexo), sendo maior a proporção de pessoas do sexo
masculino em relação às do sexo feminino. Ainda que seja uma pequena a diferença

97
percentual no total de pessoas segundo o sexo, indica um olhar mais atento para
situações de vulnerabilidade em locais onde predominam o número de mulheres. Se
for comparado o litoral paulista como um todo – regiões da UGHRi-7 e porção da
UGRHi-11 -, nota-se que há também um pequeno aumento percentual de mulheres em
relação aos homens. Esses aspectos devem ser atentamente analisados, sobretudo
considerando a inserção das mulheres no mercado de trabalho (ver CAMARANO;
KANSO, 2009; CARMO et al., 2012).
(b) a renda - de maneira geral, os maiores percentuais de domicílios com
renda inferior a 1 salário mínimo (< 1 SM) se encontram em situações de alto (4,2%)
ou muito alto risco (11,2%) a escorregamentos (Re). Domicílios com renda > 10 SM
estão em menores proporções nessas áreas (0,3%, um pouco mais 90 domicílios). A
distribuição de domicílios por células com renda < 1SM (em células de > 200
domicílios) tende a se concentrar nos bairros um pouco mais distantes da linha
costeira, situação que pode ser vista nos bairros centrais de Caraguatatuba – de
Jaraguazinho em direção ao norte do município, até o Jardim Santa Rosa (Figura 4.
8a), de São Sebastião – os bairros de Topolândia, Olaria e Itatinga e de Ilhabela –
Zabumba, Reino e Itaquanduba (Figura 4. 8c).
Também pode-se verificar essa situação em Ubatuba, em bairros como
Ipiranguinha, Horto, Bela Vista, Sumidouro e Pedreira, na região central do município.
Entretanto, mesmo que possa ser identificado esse padrão mais ‘regional’ da
distribuição do perfil de domicílios, não se pode generalizar em todo o território da
UGRHi-3 e demais regiões do litoral paulista: por exemplo, na Figura 4. 7b e Figura 4.
7c há situações de domicílios em Ilhabela sujeitos ao mesmo grau de riscos de
escorregamento, mas em situações de vulnerabilidade social distintas (bairros de
Santa Tereza e Vila – no morro do Cantagalo, separando construções de alto padrão
das de baixo padrão construtivo). Situações semelhantes ocorrem no bairro de
Juquehy e Barra do Sahy, na costa sul de São Sebastião, retrato do contraste social e de
segregação observado em muitas cidades brasileiras.

98
Em relação aos potenciais riscos de inundação e subsidência do solo, a
maior parte de domicílios com renda < 1 SM (11,8%) está em situação de baixo risco.
A concentração de domicílios por grades regulares com > 10 SM (células com > 100
domicílios) é maior nas proximidades da linha costeira (abrangendo os bairros
centrais de Caraguatatuba – Centro até Martim de Sá (Figura 4. 8b).
Embora a maior parte dos riscos de subsidência (Rr) seja considerado de
grau baixo, não significa que eles não ocorram na região (ver PANIZZA, 2004, em
Ubatuba – praia das Toninhas, registro de prédio em situação de recalque do solo). Já
nos bairros de Tinga, Rio do Ouro (planície) e distrito do Porto Novo, há uma
tendência de concentração de domicílios/células com < 1SM nessas situações (Figura
4. 8a).

99
Tabela 4. 2. Distribuição de riscos geotécnicos na zona costeira de São Paulo (UGRHi-
3 – litoral norte), associados com perigos de escorregamentos, inundações, recalques
ou subsidência do solo em grades regulares proposta por Bueno (2014).
UGRHi-3 - litoral norte - riscos, segundovariáveis sociodemográficas
Variáveis do Censo Inundaç Recalques ou subsidência do
Escorregamentos (Re)
Demográfico (2010) ões (Ri) solo (Rr) - altitude < 10m
Muito Total
Médio Alto Total Médio Baixo Médio
Alto [Ri+Rr]
População
0,02 28,2 71,7 74.340 2,9 74,0 23,1 172.379
(pessoa)
Homens
0,01 14,4 35,6 37.127 1,5 36,4 11,6 85.350
(pessoa)
Mulheres
0,01 13,9 36,2 37.212 1,4 37,6 11,4 87.028
(pessoa)
Resp.
Sexo

homens 0,00 5,4 12,7 13.465 0,5 14,2 4,0 32.329


(domicílio)
Resp.
mulheres 0,00 3,5 9,1 9.390 0,4 9,4 2,8 21.629
(domicílio)
< 1 SM 0,00 4,2 11,2 11.471 0,5 11,8 4,3 28.654
(domicílios)
domiciliar
Renda

1-3 SM 0,00 3,5 7,9 8.506 0,3 9,1 2,2 20.021


3-10 SM 0,00 1,0 2,5 2.579 0,0 2,4 0,3 4.794
> 10 SM 0,00 0,1 0,3 290 0,0 0,2 0,0 426
0-14 anos 0,00 6,8 17,6 18.163 0,8 17,6 6,2 42.341
(pessoa)
Idade

15-59 anos 0,00 18,2 46,0 47.755 1,8 47,6 14,8 110.673
> 60 anos 0,00 2,4 6,3 6.470 0,1 8,4 1,6 17.433
Branca 0,00 14,6 38,8 39.693 1,1 47,5 12,5 105.336
Raça ou cor

Preta 0,00 1,4 4,5 4.372 0,2 3,3 1,3 8.339


(pessoa)

Amarela 0,00 0,2 0,6 611 0,0 0,8 0,1 1.519


Parda 0,00 10,9 24,8 26.519 1,4 21,0 8,2 52.723
Indígena 0,00 0,1 0,2 230 0,0 0,1 0,1 352
É
Alfabetiza

(Pessoa)

0,00 23,7 59,7 61.974 2,3 63,8 18,8 146.280


alfabetizado
ção

Não é
0,00 1,5 4,2 4.205 0,2 3,9 1,6 9.892
alfabetizado

100
Figura 4. 8. UGRHi-3 – litoral norte. Distribuição da população pela grade regular
em áreas de riscos geotécnicos na segundo a variável renda domiciliar em: zona
centro-sul de Caraguatatuba (a) < 1 salário mínimo (SM) e (b) > 10 SM; e zona
centro-norte de Ilhabela e de São Sebastião (c) < 1 salário mínimo (SM) e (d) > 10
SM.
(c) a variável idade - grande parte das pessoas com idade média entre 15-
59 anos ocupam áreas de riscos geotécnicos associadas a Re e/ou [Ri+Rr] (mais de
45% da população nessa faixa etária distribuída em células), sendo a maior proporção
de crianças/jovens em áreas de muito alto risco de escorregamentos (17%) – em
locais que coincidem em boa parte onde há concentração de domicílios com renda < 1

101
SM, tais como Topolândia, Olaria e Itatinga, São Sebastião e situação de risco baixo de
subsidência associada a inundações (17%) – como na região de planície do distrito
Porto Novo, Caraguatatuba, com tendência de concentração também em bairros mais
distantes da linha costeira (Figura 4. 9a - Caraguatatuba e Figura 4. 9c – Ilhabela e
São Sebastião). Em relação à população idosa, parece indicar uma distribuição
homogênea segundo classes de risco geotécnico (Figura 4. 9b e Figura 4. 9d)

Figura 4. 9. UGRHi-3 – litoral norte. Distribuição da população pela grade regular


em áreas de riscos geotécnicos na segundo a variável idade: zona centro-sul de
Caraguatatuba (a) 0 a 14 anos e (b) > 60 anos; e zona centro-norte de Ilhabela e de
São Sebastião (c) 0 a 14 anos e (d) > 60 anos.

102
(d) a variável raça ou cor - no geral, grande parcela da população é branca
ou parda e situa-se em áreas mais centrais e próximas à linha costeira, com baixo risco
de subsidência (Rr) – mais do que a 2/3 da população distribuídas nas células. Dado o
maior volume da população segundo pessoas da cor branca ou parda, também se
observa que essas ocupam densamente as áreas consideradas de muito alto risco de
escorregamento (38,8% das pessoas brancas e 24,8% das pardas, do total de pessoas
em riscos potenciais de escorregamentos – Re).
Em menor proporção aparecem as pessoas que se declararam de raça
preta, amarela ou indígena. Estudos específicos e mais aprofundados devem ser
considerados sobre a população indígena, uma vez que, em princípio, essa tem maior
conhecimento do lugar e das condições ambientais de onde vive, propiciando maior
capacidade adaptativa diante dos perigos – na UGRHi-3, encontra-se a Terra Indígena
(TI) Boa Vista, no sertão de Promirim, em Ubatuba, situada em área de risco de
escorregamentos.

(e) a alfabetização - boa parte da população distribuída na UGRHi-3 é


alfabetizada e distribuída de forma homogênea no território (> 80% são alfabetizados
e estão distribuídos em potenciais áreas de risco de escorregamento ou subsidência
do solo associadas ainundações). Os maiores percentuais de pessoas não alfabetizadas
(4,2% em muito alto de Re e 3,9% em baixo risco de Rr) seguem uma distribuição
semelhante de domicílios segundo as variáveis de renda < 1SM ou 1-3 SM.

4.2.2. A UGRHi-7 – baixada santista

Cerca de 61% da população da UGRHi-7 – baixada santista se encontra em


áreas de baixo risco associadas a recalques ou subsidência do solo (Rr), considerando
o total de pessoas (~1,5 milhão de moradores em grades regulares ou células). Em
termos de volume populacional, corresponde a 7 vezes o número de pessoas em
mesma situação na UGRHi-3 – litoral norte.

103
É importante ressalvar que essas áreas são as mais densamente ocupadas:
Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá, com células de > 500 moradores distribuídos
nas áreas centrais (Figura 4. 10) e em menor proporção nos municípios em direção
aos extremos da região: Bertioga, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe (maior
proporção de células possui < 500 moradores).

Um aspecto que difere a baixada santista – UGRHi-7 (e também o litoral sul


– porção da UGRHi-11) em relação ao litoral norte – UGRHi-3, é a maior proporção de
riscos de recalque ou subsidência do solo (Rr) associados a inundações (Ri),
representando cerca de 26,6% na UGRHi-7 – ver Figura 4. 10d e Figura 4. 10f.

Por outro lado, os riscos de escorregamento (Re) estão bastante presentes


também na região da baixada santista, sobretudo nos municípios de Santos, Cubatão,
São Vicente e Guarujá, correspondendo a cerca de 75% do total (de 103 mil
moradores por célula) – Figura 4. 10b e Figura 4. 10e.

104
Figura 4. 10. UGRHi-7 – baixada santista. (a) Distribuição da população pela grade
regular na zona central de Santos; (b) moradias em potenciais áreas de risco de
escorregamento na vila Progresso (BARBI, 2014); (c) subsidência em edifício no
centro de Santos, em frente à praia do Boqueirão (HACHICH, 1997; TOMINAGA et al.,
2009); (d) erosão costeira na orla de Santos (IG/SMA, em AMARAL; GUTJAHR, 2011);
(e) vista do morro José Menino (abaixo da foto) e do morro Santa Therezinha (acima
da foto): contraste no perfil de construção de moradias em mesma situação de
perigo/risco [registro fotográfico de J.C. Carvalho 51]; (f) ruptura em moradia causada
por recalque ou subsidência do solo em São Vicente (IG/SMA, em AMARAL; GUTJAHR,
2011).
Analisando o perfil de moradores ou domicílios em áreas de risco
geotécnico na UGRHi-7 (ver Tabela 4. 3) quanto:

51 Foto registrada por J.C. de Carvalho, disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/27526659>.

105
(a) ao sexo - as mulheres representam, no total, percentuais relativamente
superiores ao número de homens em situações de riscos geotécnicos. Comparando-as
com a UGRHi-3 – litoral norte, diferem em relação ao grau de suscetibilidade a
escorregamentos (Re), considerados alto (36,2% homens e 39,5% mulheres).
Já no litoral norte a proporção maior da população/célula está em situação
de risco muito alto a escorregamentos. Em relação aos responsáveis pelos domicílios,
os homens responsáveis pelos domicílios em situações de riscos geotécnicos ainda
estão em número um pouco maior em relação às mulheres. Chama a atenção para uma
proporção relativamente maior de mulheres em situação de baixo risco de recalques
do solo (Rr) associados com processos hidrológicos em relação aos homens (Rr –
29,2% homens e 32,7% mulheres) e de alto risco de Rr (Rr – 12,9% homens e 13,3%
mulheres). A situação da baixada santista comparada ao litoral norte é diferente em
relação ao grau de suscetibilidade: enquanto na UGRHi-7 há pouco mais de 12% da
população de ambos os sexos em situação de alto risco de recalque ou
subsidência do solo, no litoral norte o percentual (cerca de 11%) corresponde a
pessoas em situação de médio risco de Rr. É relevante essa situação (e diferente em
relação à UGRHi-3 – litoral norte) porque indica que a região da baixada santista está
mais sujeita a riscos associados à subsidência do solo e a inundações em relação à
região paulista situada mais ao norte – embora ocorram também os mesmos
processos, numa proporção menor – e, sobretudo, porque são mulheres a maioria sob
responsabilidade dos domicílios nessas situações de perigo e risco (Rr ou Ri),
reforçando a atenção sobre as situações de vulnerabilidade em que a mulher está na
posição de decisão para responder aos perigos a que estão expostas.

(b) a renda - também observa-se a diferenciação do grau de


suscetibilidade dos riscos geotécnicos e da faixa de renda de domicílios em relação a
UGRHi-3: domicílios com renda < 1 SM representam cerca de 10% em áreas de alto
risco a escorregamentos (Re) e de muito alto Re (4,1%). Já no litoral norte esse
percentual é inverso. Além disso, há um maior percentual de domicílios na faixa de
renda entre 1-3 SM (10,3%) também em situação de alto risco de Re, indicando maior

106
proporção de domicílios em situação de vulnerabilidade (econômica, segundo a renda
domiciliar) quando comparado ao litoral norte. A distribuição de domicílios em grades
regulares, segundo a renda, em potenciais áreas de risco de escorregamento (Re)
indica alguns aspectos de segregação espacial: domicílios com renda < 1 SM se
concentram ao norte de Santos: morro da Penha, Santa Maria, da Boa Vista, Marapé,
São Bento, Nova Cintra, Saboó e Vila Progresso, bairros com frequentes eventos
associados a escorregamentos em períodos de muitas chuvas (Figura 4. 11a).
Constrastando com o bairro Marapé, nota-se a concentração de domicílios com renda
> 10 SM no morro da Santa Therezinha, situado em parte do bairro Marapé e em parte
do bairro José Menino, de frente para a praia de José Menino e com vista para toda a
extensão da orla de Santos. Nessa área verificam-se moradias com alto padrão de
construção, muitas delas com piscinas (Figura 4. 11b).

Figura 4. 11. UGRHi-7 – baixada santista. Distribuição da população pela grade


regular em áreas de risco geotécnico segundo a variável ‘renda domiciliar’: (a) < 1
salário mínimo (SM) e (b) > 10 SM, na zona central de Santos, São Vicente, Praia
Grande, parte de Guarujá e Cubatão.

107
Tabela 4. 3. Distribuição de riscos geotécnicos na zona costeira de São Paulo (UGRHi-
7 – baixada santista), associados com perigos de escorregamentos, inundações,
recalques ou subsidência do solo em grades regulares proposta por Bueno (2014).
UGRHi-7 - baixada santista - riscos, segundovariáveis sociodemográficas
Variáveis do Inundaçõ
Censo Escorregamentos (Re) Recalques ou subsidência do solo (Rr)
es (Ri)
Demográfico Mui Total Total
(2010) Médi Méd Mé Muito
Alto to estima Alto Baixo Alto estimado
o io dio Alto
Alto do [Ri+Rr]
População 103.43 26,6
3,3 75,7 21,0 1,97 0,00 61,95 0,20 9,23 1.519.249
(pessoa) 7 5
Homens 12,9
1,7 36,2 10,6 50.140 0,94 0,00 29,23 0,10 4,55 725.462
(pessoa) 2
Mulheres 13,7
1,7 39,5 10,4 53.297 1,03 0,00 32,72 0,10 4,67 793.786
(pessoa) 3
Resp.
Sexo

homens 0,6 13,3 4,2 18.773 0,36 0,00 11,29 0,04 4,40 1,50 267.326
(domicílio)
Resp.
mulheres 0,3 11,3 1,9 14.009 0,31 0,00 9,16 0,02 3,34 1,19 212.751
(domicílio)
< 1 SM 0,5 10,0 4,1 15.133 0,26 0,00 7,75 0,03 4,25 1,69 212.704
(domicílios)
domiciliar
Renda

1-3 SM 0,4 10,3 1,9 12.970 0,23 0,00 8,32 0,02 3,06 0,88 189.969
3-10 SM 0,1 3,9 0,2 4.255 0,15 0,00 3,85 0,00 0,41 0,12 68.658
> 10 SM 0,0 0,4 0,0 417 0,03 0,00 0,51 0,00 0,01 0,00 8.495
0-14 anos 0,8 16,4 6,0 23.934 0,47 0,00 13,15 0,05 6,69 2,56 348.155
(pessoa)
Idade

17,5
15-59 anos 2,1 49,3 13,8 67.446 1,26 0,00 39,32 0,11 6,10 977.142
2
> 60 anos 0,4 9,9 1,1 11.725 0,26 0,00 9,67 0,02 2,63 0,63 200.662
12,7
Branca 1,8 44,7 8,1 56.463 1,15 0,00 39,40 0,08 3,80 869.390
8
Raça ou cor

Preta 0,2 4,9 1,6 6.914 0,11 0,00 3,13 0,01 2,01 0,73 91.014
(pessoa)

Amarela 0,0 0,6 0,1 712 0,02 0,00 0,590,00 0,13 0,05 12.053
11,5
Parda 1,2 24,4 10,8 37.689 0,69 0,00 18,24 0,08 4,55 533.065
4
Indígena 0,0 0,1 0,0 130 0,00 0,00 0,10 0,01 0,04 0,02 2.558
É
Alfabetização

22,9
alfabetizad 2,8 66,1 17,5 89.272 1,71 0,00 54,98 0,15 7,71 1.329.315
(Pessoa)

4
o
Não é
alfabetizad 0,2 3,9 1,5 5.698 0,11 0,00 2,70 0,02 1,63 0,69 78.374
o

Situação semelhante do retrato de contrastes (mesma situação de perigo,


mas com moradias de alto e baixo padrão construtivo) também foi observado por

108
Young (2008) e Marques (2010) nos morros de Guarujá. Em Cubatão observa-se uma
grande quantidade de assentamentos precários em situações de risco de inundação e
escorregamento, localizados nos chamados ‘bairros-cota’, situados nas cotas de
altitudes que dão origem ao nome, variando da cota 95 m a 400 m a partir do nível do
mar.

Trabalhos anteriores e mais recentes já observaram que grande parte do


surgimento desses assentamentos precários deveu-se a uma forte migração associada
a um processo histórico de urbanização que privilegiou a instalação de indústrias nas
décadas de 1960-[80] sem considerar as questões ambientais do município (ALVES,
2013; HOGAN, 1990; 1993; YOUNG, 2008).

O resultado de todo esse processo pode ser resumido na proporção de


assentamentos precários (ou ‘subnormais’) em Cubatão, correspondendo a 41% do
total de moradias (segundo Censo 2010, IBGE, 2012): vilas Socó, Parisi, Natal e morros
do Pica-Pau e do Lixão são alguns dos exemplos.

Em relação aos riscos de recalques ou subsidência (Rr) do solo associados


aos riscos de inundação (Ri), cerca de 4,2% dos domicílios com renda < 1 SM estão
distribuídos em áreas consideradas de alto risco de Rr, situação que difere da UGRHi-3
quanto ao grau de suscetibilidade. Observa-se, pela distribuição espacial de domicílios
com renda < 1SM, maior concentração nas margens dos canais dos rios de São Vicente
e de Santos, com muitas das ocupações em palafitas – segundo o Instituto Pólis
(POLIS, 2012c), em Santos há 34 assentamentos precários, totalizando 17,5 mil
domicílios. Somente em São Vicente há 39 assentamentos precários, sendo 16 núcleos
construídos em palafitas: tais como Núcleos Saquaré (região sudoeste do município)
ou o Dique Caixeta e do Piçarro e o Sambaituba (norte-noroeste do município) –
Figura 4. 12.

109
Figura 4. 12. UGRHi-7 – baixada santista. Assentamentos precários ou cortiços
distribuídos nos canais de São Vicente: (a) núcleo Sambaituba e Dique Caixeta e do
Piçarro; (b) Núcleos Saquaré; e (c) assentamentos precários na região noroeste de
Santos, (d) Dique da vila Gilda no rio dos Bugres, Santos [Fonte: Imagens Google Earth
e Instituto Ecofaxina – registro fotográfico de William R. Schepis52).
Jakob et al. (2006) e Young (2008) também observaram esse padrão na
baixada santista, além de indicarem os condomínios de alto padrão situados,
normalmente, à beira-mar e áreas centrais.

(c) a idade - pessoas entre 15-59 anos representam a maioria na baixada


santista e também a faixa de idade da população economicamente ativa, influenciando
no maior percentual de pessoas nessa faixa etária em potenciais áreas de risco a
escorregamento (Re – 49,3% em risco alto), inundação (Ri – 1,2% em risco médio) e de
recalque ou subsidência do solo (Rr – 39,3% em risco baixo).

52 Instituto EcoFaxina – Limpeza, Monitoramento e Educação Ambiental:


<http://www.institutoecofaxina.org.br/2008/08/no-bairro-da-vila-gilda-em-santos-o.html>

110
Analisando as faixas de crianças adolescentes (0 a 14 anos) e idosos (> 60
anos), observa-se a seguinte distribuição espacial: concentração de células com > 300
pessoas de idade variando de 0 a 14 anos em áreas marginais aos canais de água,
situados a sudoeste de São Vicente (onde também se concentram domicílios com
renda < 1 SM), ou em área de morros de Santos, onde estão localizadas a Vila
Progresso ou morro do Saboó com esse mesmo perfil de domicílios. Esse ‘padrão’
também pode ser visto no Guarujá – na Vila Santa Clara –ou em Cubatão – morro do
Ondio, Sítio Novo e Vila Natal – Figura 4. 13a.
Por outro lado, mais de 300 pessoas de idade superior a 60 anos
(distribuídas por células), estaõ concentradas na área central de Santos, em áreas
próximas à orla marítima – Figura 4. 13b, áreas sujeitas a subsidência do solo (Rr),
inundações (Ri) ou erosões costeiras. Essa concentração (células com pessoas de > 60
anos) pode indicar a busca da moradia pelo maior acesso a serviços dessa faixa etária
e pela qualidade de vida. Essas situações devem ser mais aprofundadas em trabalhos
específicos, a fim de conhecer também aspectos de grau de dependência a família ou
conhecidos, opções de moradia – viver sozinho ou em família – e acesso aos serviços
(ver ALVES; CAVENAGHI, 2012; CAMARGOS et al., 2011; CARNEIRO et al., 2012).

111
Figura 4. 13. UGRHi-7 – baixada santista. Distribuição da população pela grade
regular em áreas de risco geotécnico segundo a variável idade (a) entre 0 a 14 anos e
(b) > 60 anos na zona central de Santos, São Vicente, Praia Grande, parte de
Guarujá e Cubatão.

(d) raça ou cor - a proporção de pessoas da cor ou raça branca e parda


corresponde à maioria em relação às outras raças (preta, amarela e indígena), sendo
44,7% de pessoas brancas e 24,4% de pardos em áreas de alto risco de
escorregamento (Re), situação um próxima à distribuição de pessoas em áreas de risco
geotécnico segundo a cor/raça na UGRHi-3.
Em relação aos riscos de recalque (Rr), as pessoas brancas ou pardas
representam quase 60% nas áreas de baixo risco de Rr. Analisando a distribuição
espacial de células segundo raça/cor, pode-se observar que a maioria da população
branca (células com > 500 pessoas) vive em áreas centrais, sobretudo em Santos. Por
outro lado, a população negra (pardos e pretos), mora em áreas periféricas da área
central ou próximas aos canais de água (no Guarujá, Vicente de Carvalho; em São
Vicente, Vila Margarida). Essas áreas coincidem com a concentração de células com
pessoas de 0 a 14 anos e domicílios com renda < 1SM – Figura 4. 14.

112
Figura 4. 14. UGRHi-7 – baixada santista. Distribuição da população (a) total em
células ou grades regulares nas áreas centrais de Santos, São Vicente, Guarujá e parte
de Cubatão. Distribuição de pessoas em áreas de risco geotécnico [Re –
escorregamentos; Ri ou Rr – inundações ou recalques do solo] segundo a raça/cor (b)
branca, (c) preta e (d) parda.

A população indígena na UGRHi-7, como na UGRHi-3, ocupa um percentual


menor em áreas sujeitas a riscos geotécnicos. São áreas situadas em porções rurais do
território: Mongaguá – TI de Guarani do Aguapeu (grupo Guarani) e de Itaoca (grupo

113
Mbya); Itanhém – TI de Rio Branco de Itanhaém (grupo Guarani) e Peruíbe – TI de
Piaçaguera (grupo Guarani Nhandeva) e de Peruíbe (Guarani).

(e) a alfabetização - mais de 80% de pessoas alfabetizadas estão


distribuídos em potenciais áreas de risco de escorregamento (Re) ou subsidência do
solo (Rr), associadas a inundações (Ri).
Embora o percentual de pessoas não alfabetizadas tenha menor proporção,
essa pequena parcela pode ser observada também onde há concentração de
domicílios com renda < 3 SM (áreas marginais de rios ou encostas com alta
declividade).
Estudos mais detalhados devem ser elaborados para identificar também
esses grupos de escolaridades segundo a faixa etária em áreas de risco geotécnico.

4.2.3. A UGRHi-11 – litoral sul: complexo estuarino-lagunar

O padrão de ocupação das áreas urbanas e de concentração de pessoas nos


três municípios que compõem o complexo estuarino-lagunar do litoral sul (porção da
UGRHi-11), quando comparado às UGRHi-3 e UGRHi-7, apresenta tipologias distintas:
mancha de ocupação mais espalhada, com menor número (ou quase sem) edifícios na
orla marítima, caracterizando menor exposição de domicílios e pessoas aos riscos
geotécnicos. O nome da região ‘complexo estuarino-lagunar’ indica uma região
caracterizada por um ambiente de transição entre rios e oceanos, e essa é uma das
razões por que a maior proporção de riscos no litoral sul está relacionada a perigos de
inundação ou de subsidência do solo (Rr – 90,4% de baixo risco), além de erosões
costeiras associadas com ressacas do mar. Os municípios de Iguape e Cananeia são os
que concentram células de 250 --| 500 pessoas ou no máximo até 1000/célula,
distribuídas (como nas outras regiões) pela áreas centrais.

Um mapeamento de riscos geotécnicos em escala detalhada (1:5.000 ou


maior) feito pelo IPT (2007) em parceria com o Ministério das Cidades identificou um

114
total de 23 áreas de riscos associados a processos geológicos-hidrológicos (ver
também relatório de situação de recursos hídricos do CBH-RB, 2013) - Tabela 4. 4.

Tabela 4. 4. Total de áreas e setores sujeitos a riscos geotécnicos na porção da UGRHi-


11 –litoral sul, associados a perigo de escorregamentos, inundações, subsidência do
solo, eerosões costeiras.
Município Áreas de riscos (n; %)* Setores de riscos (n; %)
Cananeia 10 (43,5) 14 (31,8)
Iguape 7 (30,4) 23 (52,3)
Ilha Comprida 6 (26,1) 7 (15,9)
Total 23 (100,0) 44 (100,0)
* Em cada área de risco é delimitada o setor de risco, que varia entre R1 - baixo, R2 - médio,
R3 - alto, R4 – muito alto (IPT, 2007).

A maioria dos riscos na região, portanto, está relacionada a inundação e


recalque do solo. Há riscos de escorregamento (Re – 66% de médio risco), entretanto,
de acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE (2013) e CEPED
(2011), verifica-se que não há registros de escorregamentos ou deslizamentos de
encostas nas áreas urbanas do litoral sul – Figura 4. 15.

115
Figura 4. 15. UGRHi-11 – porção litoral sul. (a) Distribuição da população pela
grade regular na zona central de Cananeia, Iguape e Ilha Comprida; (b) moradia
destruída pelo avanço da maré, na praia do leste de Iguape (CBH-RB, 2013, foto
registrada em 2011); (c) moradia destruída pelo avanço da maré, na ponta da praia de
Ilha Comprida (MODESTO, 2014, em prep.); (d) potenciais áreas de risco de inundação
e de escorregamento, situadas nas proximidades do morro São João, ao sul de
Cananeia (CBH-RB, 2013, foto registrada em 2011).
Analisando o perfil de moradores ou domicílios em áreas de riscos geotécnicos na
UGRHi-11 – porção do litoral sul (ver Tabela 4. 5) quanto:

(a) ao sexo - em relação ao total de pessoas do sexo masculino e feminino,


46,1% das mulheres estão em áreas de baixo risco de subsidência do solo (Rr) e 44,3%
dos homens vivem em áreas de mesmo grau de risco de Rr. A diferença percentual
entre os responsáveis pelo domicílio segundo o sexo em áreas de risco de
escorregamento (Re) é relativamente maior quando comparada a outras regiões das

116
UGRHis da área de estudo: em áreas de médio Re, os homens representam 11%,
enquanto as mulheres correspondem a 3,4%. Quando comparada às outras duas
regiões, a relação também é um pouco maior em áreas de baixo Rr (homens, 15,7%;
mulheres, 11,7%).

(b) à renda - a proporção de domicílios com renda < 1 SM em áreas de


médio Re (escorregamentos) representa cerca de 13,5%. Em áreas de baixo Rr
(recalques do solo) é de 16,9%. Entretanto, em termos de volume populacional, a
proporção de domicílios afetados por riscos de inundação, subsidência ou erosão do
solo é superior, já que os municípios não têm apresentado registro de perigos
associados a movimentos de massa.

A distribuição de células segundo a renda domiciliar indica um ‘padrão’


semelhante ao observado nas UGRHi-3 e 7 – concentração de células com domicílios
de renda < 1 SM em áreas periféricas ou marginais [em relação ao região central] e os
de renda > 10 SM situados principalmente nas áreas centrais (Figura 4. 16), em zonas
de risco predominantemente de inundação, subsidência ou erosão do solo. Entretanto
é bastante diferente quanto ao número de domicílios e ao volume de população
exposta a esses perigos (células de < 1 SM com renda domiciliar entre 50 --| 100 e >
10 SM entre 25--| 50 domicílios).

117
Figura 4. 16. UGRHi-11 – porção litoral sul. Distribuição da população pela grade
regular em áreas de riscos geotécnicos segundo a variável renda domiciliar (a) < 1
salário mínimo (SM) e (b) > 10 SM, na zona central de Cananeia, Iguape e Ilha
Comprida.

118
Tabela 4. 5. Distribuição de riscos geotécnicos na zona costeira de São Paulo (UGRHi-
11 – porção do litoral sul), associados com perigos de escorregamentos, inundações,
recalques ou subsidência do solo em grades regulares proposta por Bueno (2014).
UGRHi-11 - porção litoral sul - riscos, segundo variáveis
sociodemográficas
Variáveis do Censo Escorregamentos Inundaç
Recalques ou subsidência do solo (Rr)
Demográfico (2010) (Re) ões (Ri)
Médi Méd Muito Total
Alto Total Alto Baixo Alto
o io Alto [Ri+Rr]
População
66,9 33,1 2.805 0,9 90,4 2,4 5,1 1,2 36.570
(pessoa)
Homens (pessoa) 35,2 17,5 1.477 0,4 44,3 1,3 2,8 0,7 18.108
Mulheres (pessoa) 31,7 15,6 1.328 0,5 46,1 1,1 2,3 0,6 18.462
Sexo

Resp. homens
11,0 3,8 414 0,1 15,7 0,4 0,9 0,1 6.289
(domicílio)
Resp. mulheres
3,4 2,1 156 0,1 11,7 0,1 0,4 0,1 4.522
(domicílio)
< 1 SM 13,5 5,5 532 0,1 16,9 0,5 1,0 0,2 6.846
(domicílios)
domiciliar
Renda

1-3 SM 0,7 0,4 32 0,1 8,3 0,0 0,2 0,0 3.173


3-10 SM 0,1 0,0 4 0,0 1,9 0,0 0,0 0,0 721
> 10 SM 0,1 0,0 2 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 45
0-14 anos 16,8 6,3 648 0,2 21,5 0,5 1,0 0,2 8.506
(pessoa)
Idade

15-59 anos 29,4 13,0 1.190 0,4 52,2 1,0 2,3 0,4 20.600
> 60 anos 6,1 2,2 234 0,2 12,7 0,2 0,7 0,1 5.057
Branca 18,0 10,0 785 0,5 53,4 0,7 2,3 0,5 20.940
Raça ou cor

Preta 4,5 3,1 213 0,0 2,6 0,2 0,1 0,0 1.106
(pessoa)

Amarela 0,2 0,0 8 0,0 1,1 0,0 0,1 0,0 459


Parda 28,6 8,3 1.035 0,2 28,0 0,7 1,4 0,2 11.174
Indígena 0,0 0,0 0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0 76
(Pesso

É alfabetizado 37,7 16,9 1.532 0,6 74,4 1,3 3,3 0,6 29.320
tizaçã
o

Não é alfabetizado 9,2 3,2 349 0,1 5,2 0,3 0,4 0,1 2.177

(c) à idade - em relação às pessoas de 0 a 14 anos ou > 60 anos, há uma


distribuição relativamente homogênea nas áreas centrais, sobretudo de pessoas em
idade entre 15-59 anos (médio Re – 29,4%; baixo Rr – 52,2%). Em áreas sujeitas a
baixo Rr, a proporção de crianças e adolescentes é relativamente maior do que de
idosos, respectivamente, 21,5% e 12,7%. A distribuição de células com pessoas de 0 a
14 anos tende a se concentrar em áreas mais periféricas do centro (células com 150 --|

119
300 pessoas de 0-14 anos): Cananeia – bairros entre a estrada do Quarentenário ou
Humaitá; Iguape – bairro do Rocio - Figura 4. 17.

Figura 4. 17. UGRHi-11 – porção litoral sul. Distribuição da população pela grade
regular em áreas de riscos geotécnicos segundo a variável idade (a) entre 0 a 14 anos
e (b) > 60 anos, na zona central de Cananeia, Iguape e Ilha Comprida.

(d) a raça ou cor - as populações branca e parda são a maioria no litoral


sul, sobretudo em áreas de risco de subsidência do solo (baixo Rr – 53,4% são pessoas
brancas e 28% pardas). A distribuição espacial de células segundo cor/raça não
apresenta tendência como foi apresentado na UGRHi-7 – baixada santista, seguindo
um padrão um pouco mais semelhante ao da UGRHi-3 – litoral norte, com a
diferenciação do grau de exposição ser maior em áreas de perigos associados a
inundações, recalques do solo e/ou erosões costeiras ou fluviais.

A população indígena, também em menor proporção e situada em áreas


mais afastadas das zonas centrais dos municípios, concentram-se nas Terras
Indígenas de Cananeia: TI Ilha do Cardoso (grupo Mbya) e Rio Branquinho de
Cananeia (grupos Guarani e Mbya) e de Iguape: TI Jureia (grupos Guarani e Mbya).

120
(e) à alfabetização - 54,6% das pessoas em áreas de risco de
escorregamento (médio ou alto Re) são alfabetizadas. Esse percentual é maior em
áreas de riscos de recalques ou subsidência do solo, também associada a inundações
(baixo Rr – 74,4%). Comparando-se com as duas UGRHis analisadas (litoral norte e
baixada santista), há uma proporção de pessoas relativamente menor (nas duas
observou-se > 80% das pessoas alfabetizadas). Esse breve diagnóstico (de dados de
alfabetização), embora não ofereça análises diretas de adaptação ou respostas às
mudanças climáticas nas três regiões analisadas, pode trazer contribuições mais
gerais para a caracterização do perfil da população nas áreas de risco geotécnico que
subsidiem futuras pesquisas.

4.2.4. Abordagem da grade regular em análises de riscos e vulnerabilidades:


desafios e perspectivas

A análise da distribuição espacial de grades regulares (contendo as


variáveis do Censo) sobrepostas aos riscos geotécnicos pode ser um potencial avanço
para futuras análises ambientais e de riscos e vulnerabilidade propriamente,
possibilitando: (1) favorecer a estabilidade espacial e temporal, já que a grade, depois
de definida, não tem por que ser alterada; (2) oferecer a possibilidade de adaptação a
qualquer recorte geográfico, uma vez que as células são pequenas e funcionam como
‘tijolos’ para formar qualquer forma desejada; (3) facilitar a integração com outros
dados, principalmente os físicos e ambientais originados de interpretação de imagens
de satélite (ver BUENO; D’ANTONA, 2014; BUENO, 2014).

Todavia, neste trabalho, algumas considerações devem ser feitas sobre o


efeito da escala dos dados digitais de riscos geotécnicos (1:500.000) e do nível de
análise: a escala 1:500.000 permitiu realizar uma análise regional, muitas vezes
superestimando as áreas de riscos geológicos-hidrológicos nas três áreas (Unidades
de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHis) da zona costeira paulista. Essas
regiões normalmente corresponderam às áreas de risco de subsidência do solo, áreas

121
que já são densamente ocupadas ou urbanizadas e que, se não são obras de
engenharia para reduzir os riscos e a vulnerabilidade (caso dos edifícios em Santos 53),
são a própria aceitação dos riscos pela população de continuar vivendo nessas áreas 54.
Também há que mencionar os diferentes métodos de agregação existentes que podem
influenciar nas estimativas absolutas – sendo assumido um erro de cerca de 5% para
menos do total populacional, devido a ausência de dados, informações inconsistentes
ou que não puderam ser espacializadas. Além disso, há o sigilo de dados domiciliares –
omissão de informações por células com < 5 domicílios –, fator que também leva a
variações nas estimativas absolutas das variáveis sociodemográficas selecionadas.

Os resultados apresentados partiram de uma análise preliminar de


agregação de microdados oficiais produzida pelo IBGE com base em células ou grades
regulares – chamada de grade estatística pelo autora (BUENO, 2014) que possibilita os
avanços já mencionados anteriormente.

Em toda a discussão dos resultados, foi evitada a generalização dos


possíveis processos ou causas dos fenômenos analisados, mas ainda assim pôde-se
verificar alguns padrões que devem ser investigados com maior profundidade: (1) a
distribuição espacial de pessoas idosas em áreas centrais e mais próximas à orla da
praia frente aos cenários de risco associados com à elevação do nível do mar
(ALFREDINI et al., 2008; 2014; BERZIN; RIBEIRO, 2010; SAKAI et al., 2013, IPCC,
2007; 2012; 2014), sobretudo na tendência atual, em que o peso proporcional da
população mais envelhecida na estrutura etária no Brasil e na zona costeira paulista é
cada vez maior (CAMARANO; KANSO, 2009; CARMO et al., 2012). Por outro lado, a
concentração de crianças e adolescentes (0 a 14 anos) parece demonstrar uma
distribuição espacial oposta à dos idosos, apontando para áreas centrais também, mas
em zonas próximas a encostas ou de cursos de água. Essas situações trazem
perspectivas mais abrangentes para a análise da vulnerabilidade nas zonas costeiras
brasileiras; (2) no geral, continua-se a verificar a distribuição de pessoas ou

53Reportagem sobre as inclinações de edifícios em Santos: https://www.youtube.com/watch?v=damUucIQpC4


54Parauma análise mais aprofundada do tema, ver Brüseke (2007), sobre risco e contingência; ou Lúcio Kowarick
(2002), sobre a vulnerabilidade social e econômica de pessoas que vivem em cortiços em grandes metrópoles.

122
domicílios com menor renda, jovens ou idosos – situação de vulnerabilidade
social ampliada, por assim dizer –, ocupando as encostas mais suscetíveis a
escorregamento ou áreas com maior instabilidade geológica, áreas nas proximidades
de cursos de água ou ambientalmente protegidas (ver ALVES et al., 2010; 2011;
ALVES, 2013; ANAZAWA et al., 2013; D’ANTONA et al., 2010; FEITOSA et al., 2012;
2013; JAKOB et al., 2006; MARANDOLA Jr. et al., 2013; MARQUES, 2010; MELLO et al.,
2010; 2012; POLIS, 2012; TOMINAGA et al., 2009; YOUNG, 2008).

Nesse sentido, ratificam-se os apontamentos das Nações Unidas para a


Estratégia Internacional de Redução Riscos e Desastres (UNISDR, 2004; 2009; 2011;
2012a,b,c; 2013a,b) ou do programa de desenvolvimento (UNDP, 2014) e de vários
outros autores (BLAIKIE et al., 1994; HUQ et al., 2007; VALENCIO et al., 2009;
VALENCIO, 2012a; WISNER et al., 2004; 2011) de que é necessário, com urgência,
que sejam reduzidas as vulnerabilidades sociais (econômicas), sobretudo se se
considerar as tendências de precipitações e temperatura mais intensas
(WIGLEY, 2009; COUMOU, RAHMSTORF, 2012; WMO, 2013; IPCC, 2007, 2014), que
irão destacar os problemas já existentes.

Como contribuição de pesquisa para a gestão, se faz necessário que a


pesquisa técnico-científica e órgãos gestores busquem espaços de discussão e
diálogo para desenvolver ações e mobilização política efetivas para a redução
dos riscos e desastres. Caso contrário, o ‘desastre’ continuará sendo o retrato
banalizado de ‘vítimas’ de segregação social e espacial (ver KUMAGAI et al., 2006;
VALENCIO et al., 2009; 2011; VALENCIO, 2012a,b) das cidades costeiras,
provavelmente aquelas que serão mais afetadas (IPCC, 2014; KRON, 2008).

Outros aspectos que devem ser explorados para maior detalhamento da


análise da vulnerabilidade em trabalhos futuros: (3) dada a multidimensionalidade da
análise de vulnerabilidade (ADGER, 2006; TURNER II et al., 2003; WISNER et al., 2004;
CUTTER, 1996; CUTTER et al., 2003; HOGAN; MARANDOLA Jr., 2012; MARANDOLA Jr.;
HOGAN, 2006; MARANDOLA Jr., 2009, MARANDOLA Jr.; D’ANTONA, 2014), a análise

123
multiescalar surge como pressuposto fundamental para compreender melhor os
efeitos temporais e espaciais que influem sobre a capacidade de resposta daqueles
que vivem os riscos de natureza geológica ou hidrológica, além daqueles que não
foram analisados neste trabalho, mas que são de grande importância: tecnológicos
(ver SANTOS; MARANDOLA Jr., 2012; IWAMA et al., prelo 55), meteorológicos
(associados a chuvas ou secas intensas, entre outros); (4) aspectos da migração,
mobilidade e população flutuante ou de segunda residência, normalmente
pessoas sem experiência alguma dos processos físicos e ambientais da região,
favorecendo a falta de resposta (ou de capacidade adaptativa) diante de um perigo de
escorregamento ou de inundação mais intenso – ou a migração como estratégia de
adaptação aos perigos advindos das mudanças climáticas. Trabalhos na região
(BUENO; D’ANTONA, 2012; CARMO et al., 2012; JAKOB et al., 2006; MARANDOLA Jr. et
al., 2013; MARANDOLA Jr.; D’ANTONA, 2014; MARQUES, 2010; YOUNG, 2008) e no
mundo (ADAMO, 2010; BLACK et al., 2011; HOGAN; MARANDOLA Jr., 2012; MARTINE;
SCHENSUL, 2013; MCLEMAN, 2010; PERCH-NIELSEN et al., 2008) já têm levantado
esse aspectos como um importante tema para as mudanças ambientais globais e/ou
mudanças climáticas, e em última instância, sobre a vulnerabilidade da população
exposta aos diferentes riscos geológicos-hidrológicos; (5) aspectos sobre raça e cor e
vulnerabilidade às mudanças climáticas ainda têm sido pouco explorados no Brasil,
mas também surgem como importante tema de análise, sobretudo pela segregação
social existente que carrega, até certa medida, um histórico de segregação também de
raças. Estudos mais detalhados podem, inclusive, qualificar e/ou desmitificar essa
noção/pré-conceito.

55Trabalho enviado como ‘input paper’ para compor o relatório de avaliação global - Global Assessment Report 2015
(GAR15) – das Nações Unidas para Redução de Riscos e Desastres (UNISDR), intitulado ‘Interconnected, inter-
dependent technological and environmental risks in the context of climate change’.

124
CAPÍTULO 5. ESCALA DE ANAÁ LISE REGIONAL: A DINAÂ MICA DE
COBERTURA E USO DA TERRA, RISCOS GEOTEÉ CNICOS E VULNERABILIDADE

SOCIAL: UGRHI-3 – LITORAL NORTE DE SAÃ O PAULO 56

5.1. DINÂMICA DE USO DA TERRA NO LITORAL NORTE PAULISTA

Para analisar a dinâmica de cobertura e uso da terra, foi feita uma


avaliação da classificação do mapeamento de cobertura e uso da terra comparada ao
resultado de dados coletados em campo – os pontos de controle ou as amostras de
‘verdade’ em campo – com estimativa do coeficiente kappa (k) de 0,89, resultado
considerado muito bom (HUDSON; RAMM, 1987).

O mapeamento de cobertura/uso da terra no período entre 1990, 1999 e


2010 é apresentado na Figura 5. 1.

56Trechos do Capítulo 5 foram parcialmente utilizados para compor um capítulo do livro organizado por Lúcia da
Costa Ferreira, publicação no âmbito da Rede Iberoamericana de Pesquisa em Ambiente e Sociedade.
IWAMA, A.Y.; BATISTELLA, M.; FERREIRA, Lúcia C.; TEIXEIRA, L.R. Dinâmica de cobertura e uso da terra e
implicações para conservação e áreas de riscos geodinâmicos no litoral norte de São Paulo. In: Lúcia da C. Ferreira
(Org.). Dimensões humanas das mudanças ambientais e climáticas em áreas protegidas e vulneráveis da Ibero-
América, p.137-170, 2014 (prelo).

125
Figura 5. 1. Distribuição espacial de cobertura e uso da terra no litoral norte de São
Paulo – (a) 1990; (b) 1999; e (c) 2010.

A dinâmica de cobertura e uso da terra foi analisada sob três principais


grupos de transições: (1) para áreas urbanas; (2) para áreas agricultáveis; e (3) para
cobertura vegetal.

Essa análise indicou que: (i) houve uma redução nas transições em
relação ao total de área entre os períodos 1990-1999 e 1999-2010 (por exemplo, as
transições para áreas urbanas foram de 2.220 hectares (ha) para 786 há; para áreas
agricultáveis de 998,2 ha para 761,8 ha); (ii) a vegetação secundária ou
regeneração aumentou em 38,1 ha (de 1.045,4 para 1.198,3 hectares), de 1990 para
2010; (iii) as transições para áreas urbanas ou áreas agricultáveis parecem
mostrar um processo de intensificação 57 de uso da terra na área de estudo. De

57A intensificação de uso da terra, nesse caso, se refere a um processo associado com a substituição de áreas
agricultáveis por áreas urbanas.

126
fato, no período 1990-1999, foi observada a substituição de áreas agricultáveis
(28,9%) e vegetação secundária (28,3%) por áreas urbanas. No período 1999-2010
essas mesmas transições (substituição de áreas agricultáveis e vegetação secundária
por áreas urbanas) representaram, respectivamente, 25% e 30,1%; (iv) houve uma
redução relativa de cobertura vegetal (incluindo floresta ombrófila densa,
vegetação secundária e restinga) para áreas urbanas ou agricultáveis. Nos períodos
1990-1999 e 1999-2010, houve, respectivamente, a transição de 11,7% e 12,2% de
cobertura vegetal para áreas urbanas. A transição de cobertura vegetal para áreas
agricultáveis foi de 11,4% e 19,1% nos mesmos períodos.

Considerando uma análise regional da cobertura vegetal no período 1990-


1999 (ou seja, o resultado do total de desflorestamento e o total de regeneração),
observou-se que 1.242,4 ha foram substituídos por áreas urbanas ou áreas
agricultáveis, enquanto no período 1999-2010 houve um ganho de 38,1 ha, indicando
que a sucessão secundária foi maior do que o desflorestamento para áreas urbanas e
agricultáveis no período 1999-2010 – Figura 5. 2.

A Tabela 5. 1 mostra os principais grupos de transições das classes de


cobertura e uso da terra.

127
Tabela 5. 1. Principais transições de cobertura/uso da terra na área de estudo nos
períodos entre 1990, 1999 e 2010.
1990-1999 (hectares, 1999-2010 (hectares,
(1) Transição para áreas urbanas
%) %)
Áreas agricultáveis para áreas urbanas 930,4 (41,9) 387,7 (49,3)
Cobertura vegetal nativa para áreas
378,6 (17,1) 188,7 (24,0)
urbanas
Vegetação secundária para áreas urbanas 911,0 (41,0) 209,7 (26,7)
Total 2.220,0 (100,0) 786,0 (100,0)
(2) Transição para áreas agricultáveis
Cobertura vegetal nativa para áreas
367,8 (36,8) 295,9 (38,8)
agricultáveis
Vegetação secundária para áreas
630,4 (63,2) 465,9 (61,2)
agricultáveis
Total 998,2 (100,0) 761,8 (100,0)
(3) Transição para cobertura vegetal
Áreas agricultáveis para cobertura vegetal
28,3 (2,7) 20,4 (1,7)
nativa
Áreas agricultáveis para vegetação
1,017,1 (97,3) 1,177,9 (98,3)
secundária
Total 1.045,4 (100,0) 1.198,3 (100,0)

128
Figura 5. 2. Diagrama das transições de cobertura e uso da terra nos períodos (a)
1990-1999 e (b) 1999-2010.

129
Embora o foco deste trabalho seja analisar as implicações das mudanças de
cobertura e uso da terra sobre os riscos geotécnicos ou de natureza geológica-
hidrológica, é possível observar, com base nos resultados do período analisado,
importantes mudanças, que devem ser aprofundadas no âmbito da teoria da transição
florestal em trabalhos posteriores, a partir de uma análise temporal de maior
abrangência e produtos de sensoriamento remoto de melhor resolução (para mais
detalhes, ver trabalhos de MATHER, 1990, 1992; MATHER; NEEDLE, 1998; BARBIER
et al., 2010; DRUMMOND; LOVELAND, 2010; PTAFF; WALKER, 2010; RUDEL et al.,
2010; FARINACI, 2013; FARINACI; FERREIRA; BATISTELLA, 2013).

A análise por municípios mostra uma heterogeneidade das mudanças do


uso/cobertura da terra, cujos principais vetores ou fatores de mudança são as
condições físicas ou ambientais (por exemplo, o relevo em Caraguatatuba, que
apresenta uma extensa área de planície em comparação com outros municípios), bem
como o processo de ocupação particular para cada região.

A substituição da vegetação secundária de terras baixas (SV terras baixas)


para as áreas urbanas (1990-1999) representa a maior proporção de alterações
ocorridas nos quatro municípios (Caraguatatuba,45,6%; Ilhabela, 47,8%; São
Sebastião, 22,6%; e Ubatuba 29,3%). No entanto, no mesmo período Caraguatatuba
perdeu uma fração importante de restinga para áreas urbanas (24,9%) e terras
agrícolas (44,6%). Ubatuba também perdeu áreas de restinga para terras agrícolas
(33%). No período 1999-2010, a substituição de restinga por áreas urbanas ou terras
agrícolas ainda ocorreu, especialmente em Caraguatatuba (11,3% restinga → áreas
urbanas, 49% restinga → terras agrícolas) e São Sebastião (32,3% → áreas urbanas,
39% restinga → terras agrícolas) – ver Figura 5. 3, e Figura 5. 4.

130
Figura 5. 3. Transições de cobertura/uso da terra – períodos 1990-1999 e 1999-2010 – (1) transição para áreas urbanas
(incluindo áreas de mineração); (2) transição para áreas agricultáveis; (3) transição para cobertural florestal: (a)
Caraguatatuba e (b) Ilhabela.

131
Figura 5. 4. Transições de cobertura/uso da terra – períodos 1990-1999 e 1999-2010 – (1) transição para áreas urbanas
(incluindo áreas de mineração); (2) transição para áreas agricultáveis; (3) transição para cobertural florestal: (a) São
Sebastião e (b) Ubatuba.

132
As transições ocorridas entre 1990-1999, analisadas em conjunto com a
perda significativa de vegetação secundária (incluindo SV submontana e de terras
baixas), para terras agrícolas e terras agrícolas para áreas urbanas (Caraguatatuba,
24,3%; Ilhabela, 42%; São Sebastião, 41,4%; e Ubatuba; 52,6%) têm um histórico de
ocupação com forte influência da instalação do Porto de São Sebastião durante as
décadas de 1930-1940 e das principais rodovias da região: a rodovia federal Rio-
Santos (BR-101), que liga o estado do Rio de Janeiro a São Paulo, vira a rodovia
estadual SP-055 nos municípios do litoral norte de São Paulo; a Tamoios (SP-099),
construída na década de 1950, liga o município de São José dos Campos a
Caraguatatuba; a Osvaldo Cruz (SP-125), liga Taubaté a Ubatuba; e a SP-135 tem toda
a sua extensão no município de Ilhabela.

De acordo com diversos autores (SILVA, 1975; CAMPOS, 2000; SMA, 1998,
2006; SOUZA, 2010), esse conjunto de obras de infraestrutura influenciou o acesso
para a ocupação e o processo de urbanização do território. Essa situação tem sido
observada também em outras regiões, mostrando a influência da implantação de
estradas e da topografia, sugerindo uma relação com os efeitos associados à
fragmentação da paisagem (TEIXEIRA, 2005; FREITAS et al., 2010 na região do
planalto de Ibiúna). Por outro lado, a criação das Unidades de Conservação de
Proteção Integral na área de estudo (Parques Estaduais da Serra do Mar e de Ilhabela,
criados em 1977) é um dos fatores com forte influência sobre a dinâmica de cobertura
e uso da terra, e em alguns casos pode indicar a ação combinada entre processos de
globalização e planos locais que incorporam o uso de recursos naturais atrelados a
programas de conservação (ZIMMERER, 2006; MEYFROIDT et al., 2013).

Os resultados da análise de dinâmica de cobertura e uso da terra no


período 1990-2010 forneceram base para a análise da seção 5.2. MANCHAS DE

TRANSIÇÃO PARA ÁREAS URBANAS: RISCOS GEOTÉCNICOS E VULNERABILIDADE SOCIAL (p. 134), com

um enfoque sobre as manchas de transição urbana em áreas de risco geotécnico. Além

133
disso, parte desses resultados subsidiou a preparação de um documento com foco nas
mudanças de cobertura/uso da terra sobre o estoque de carbono na região 58.

5.2. MANCHAS DE TRANSIÇÃO PARA ÁREAS URBANAS: RISCOS GEOTÉCNICOS E VULNERABILIDADE

SOCIAL

A distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da


terra indica que, de maneira geral, a transição para áreas urbanas (substituição de
áreas agricultáveis, cobertura vegetal nativa ou vegetação secundária) ocorreu mais
intensamente na parte central dos municípios, no período de 1990 a 2010, associada a
um processo histórico de ocupação por meio das principais rodovias de acesso (SP-
099, por exemplo), com a formação de núcleos centrais e, posteriormente, núcleos
mais afastados do centro (ver Figura 5. 5 – Caraguatatuba; Figura 5. 6 – Ilhabela;
Figura 5. 7 – São Sebastião; e Figura 5. 8 - Ubatuba).

58Artigo em preparação: IWAMA, A.Y; VIEIRA, S.A.; BATISTELLA, M.; FARINACI, J.S.; JOLY, C.A.; FERREIRA, Lúcia C.
Land use- cover dynamics in Brazilian Southeast coastal zone: perspectives on carbon storage. Global
Environmental Change. (em prep.).

134
Figura 5. 5. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra (1990 a 2010), áreas protegidas e
riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) – Caraguatatuba.

135
Figura 5. 6. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra (1990 a 2010), áreas protegidas e
riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) – Ilhabela.

136
Figura 5. 7. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra (1990 a 2010), áreas protegidas e
riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) –São Sebastião.

137
Figura 5. 8. Distribuição espacial das principais transições de cobertura e uso da terra (1990 a 2010), áreas protegidas e
riscos geotécnicos (IG/SMA e IPT) –Ubatuba.

138
Com foco na transição para áreas urbanas, observa-se que: em áreas de
riscos associados a escorregamentos, as principais transições ocorridas nos quatro
municípios do litoral norte (UGRHi-3) estão relacionadas a mudanças de vegetação
secundária para áreas urbanas (se comparado a outras transições, como cobertura
florestal ou áreas agricultáveis para as manchas urbanas). Os municípios de São
Sebastião (27,1% em áreas de alto risco – R3; 22,9% em áreas de médio risco – R2) e
Ubatuba (27,5% em áreas de médio risco – R2) são os que apresentam maiores
percentuais de manchas urbanas em áreas de risco de escorregamentos. Ilhabela
também mostra percentuais que chamam atenção para a expansão de manchas
urbanas sobre áreas de risco de escorregamento: cerca de 21,7% das manchas em
áreas de risco baixo, médio ou alto (R1, R2 ou R3) – Tabela 5. 2.

Tabela 5. 2. Manchas de transição de cobertura e uso da terra [cobertura florestal,


vegetação secundária e áreas agricultáveis] para áreas urbanas, segundo os riscos de
escorregamento e inundação.

Transições de cobertura e uso da Riscos Manchas (%,


Município Perigos
terra (1990-2010) (classes) n)
I (Cobertura florestal) R4 2,5 (1)
II Escorregamentos R2 5,0 (2)
III R3 2,5 (1)
Caraguatatuba

I (Cobertura florestal+restinga) R2 15,0 (6)


I (restinga) R3 10,0 (4)
II R3 20,0 (8)
Inundações
II R2 12,5 (5)
III R3 17,5 (7)
III R2 15,0 (6)
Total 100,0 (40)
Transições de cobertura e uso da Riscos Manchas (%,
Município Perigos
terra (1990-2010) (classes) n)
II R3 21,7 (5)
II R2 21,7 (5)
II Escorregamentos R1 21,7 (5)
Ilhabela

III R3 13,05 (3)


III R2 13,05 (3)
II R4 4,4 (1)
Inundações
III R3 4,4 (1)

139
Total 100,0 (23)
Transições de cobertura e uso da Riscos Manchas (%,
Município Perigos
terra (1990-2010) (classes) n)
I (Cobertura florestal) R3 2,1 (1)
I (Cobertura florestal) R2 8,3 (4)
II R4 8,3 (4)
II Escorregamentos R3 27,1 (13)
II R2 22,9 (11)
São Sebastião

II R1 4,2 (2)
III R3 6,2 (3)
I (Restinga) R4 2,1 (1)
I (Restinga) R3 4,2 (2)
I (Restinga) R2 2,1 (1)
Inundações
II R3 2,1 (1)
III R3 8,3 (4)
III R2 2,1 (1)
Total 100,0 (48)
Transições de cobertura e uso da Riscos Manchas (%,
Município Perigos
terra (1990-2010) (classes) n)
I (Cobertura florestal) R2 2,5 (1)
II R4 2,5 (1)
II R3 10,0 (4)
II Escorregamentos R2 27,5 (11)
III R3 15,0 (6)
III R2 20,0 (8)
Ubatuba

III R1 5,0 (2)


I (Restinga) R3 2,5 (1)
I (Restinga) R2 2,5 (1)
II Inundações R4 2,5 (1)
II R3 7,5 (3)
III R2 2,5 (1)
Total 100,0 (40)
[I – Cobertura florestal nativa; II – Vegetação secundária; III – Áreas agricultáveis] para áreas
urbanas. Classes de risco: R1 – Baixo; R2 – Médio, R3 – Alto; e R4 – Muito alto

As manchas de transição para áreas urbanas em áreas de risco de


inundações estão relacionadas, principalmente, à perda de vegetação secundária ou
restingas e/ou substituição de áreas agricultáveis por áreas urbanas. No período
1990-2010, Caraguatatuba teve 20% de manchas de transição de vegetação

140
secundária para áreas urbanas em áreas mapeadas com risco de inundação alto (R3) e
12,5% de médio risco (R2). Além disso, a substituição de áreas agricultáveis também
apresentou importantes mudanças, principalmente na região da planície da bacia
hidrográfica do rio Juqueriquerê, onde estão situados os bairros do Morro do Algodão,
Tinga, fazenda Serra Mar e as instalações da Unidade de Tratamento de Gás de
Caraguatatuba (UTGCA). Em áreas de alto risco de inundação (R3), mostrou 17,5% de
manchas de transição e em áreas de médio risco (R2), 15%.

Em menores proporções, os municípios de São Sebastião e Ubatuba


também apresentaram perdas de restinga e vegetação secundária para áreas urbanas
no período 1990-2010, sobretudo em áreas de risco alto e médio de inundação – ver
Figura 6. 7 e Figura 6. 8. Essas áreas situam-se também próximas aos cursos d’água,
frequentemente em Áreas de Preservação Permanente (APPs), áreas com restrição
para ocupação cuja função é exercer a preservação dos recursos hídricos, a paisagem e
a manutenção ou estabilidade geológica (ver MMA, 2011; COUTINHO et al., 2013).

Em Caraguatatuba, observam-se as manchas de transição para áreas


urbanas, principalmente nos bairros do Rio do Ouro, Benfica e Caputera (nesse caso,
também em áreas de risco de inundação) e nos bairros do Cantagalo, Casa Branca,
Jardim Olaria e Jardim Santa Rosa, que ficam na direção norte do município (nesse
caso, em áreas associadas a riscos de escorregamento) – Figura 6. 9a. Em áreas onde
frequentemente ocorrem inundações – sobretudo em períodos de chuvas intensas e
prolongadas –, houve transição para áreas urbanas. Incluem-se nesse caso os bairros
do distrito Porto Novo: Morro do Algodão, Jardim Golfinhos e Tinga – Figura 5. 9b.

141
Figura 5. 9. Caraguatatuba: (a) – região central: bairros de (a1) Jardim Olaria, (a2)
Casa Branca, (a3) Cantagalo, (a4) Benfica, (a5) Rio do Ouro; (b) região sul: bairros do
Morro do Algodão, no período de verão em situação de (b1) inundação em 2012, (b2)
sem inundação em 2010, (b3, b4) equipe em campo para entrevistas sobre a
percepção de riscos da comunidade afetadas no morro do Algodão.

142
Em Ubatuba, há importantes manchas de transição para áreas urbanas
situadas em áreas de encostas e próximas ao limite do Parque Estadual da Serra do
Mar: a região central abrange os bairros do Horto, Ipiranguinha, Bela Vista, Pedreira,
além de Enseada e Perequê-Mirim – Figura 5. 10a, áreas expostas aos riscos de
escorregamento. Também nessa situação observam-se os bairros situados ao sul de
Ubatuba, como o Corcovado, Sertão da Quina e Sertão de Araribá – Figura 5. 10b.

143
Figura 5. 10. Ubatuba: (a) região central: bairros de (a1) Pedreira, (a2) Bela Vista,
(a3) Ipiranguinha, (a4) Horto, (a5) Enseada, (a6) Perequê-Mirim. (b) região sul:
bairros do (b1) Rio Escuro, (b2) Corcovado, (b3) Sertão da Quina, (b4) Sertão do
Araribá.

144
No caso de São Sebastião, essas manchas (urbanas) em áreas de risco de
escorregamentos podem ser observadas principalmente nos bairros de Topolândia,
Olaria e Itatinga (região central do município) e do Morro do Abrigo, situado no bairro
São Francisco, região centro-norte do município. Na região da costa sul de São
Sebastião, os bairros de Barra do Sahy e Juquehy (extremo sul) e Maresias e
Boiçucanga apresentam também as manchas de transição para áreas urbanas em
situações de risco de escorregamentos – Figura 5. 11a e Figura 5. 11b.

Nas áreas mais planas e próximas aos cursos d’água, são frequentes os
eventos hidrológicos associados a inundações: caso do bairro Cambury (nas vilas de
Lobo-Guará e Areião) ou mesmo de Boiçucanga e os referidos bairros centrais de
Topolândia e Itatinga.

145
Figura 5. 11. São Sebastião: (a) região central: bairros de (a1) Morro do Abrigo –
(a2) São Francisco, (a3,a4) Olaria, Topolândia e Itatinga, (b) costa sul: bairros de (b1)
Maresias, (b2) Boiçucanga, (b3) Cambury, (b4) Barra do Sahy, (b5) Morro dos
Esquimós - Juquehy.

146
Em Ilhabela, as sobreposições de manchas de transição para áreas urbanas
em áreas de riscos de escorregamentos são observadas, principalmente nos bairros
centrais e em áreas próximas ao limite do Parque Estadual de Ilhabela: os bairros de
Santa Teresa e Vila – região centro norte – Figura 5. 12a e os bairros do Reino, Água
Branca, Barra Velha, Zabumba (Buraco do Morcego) e Itaquanduba (Morro dos
Mineiros), na região central do município – Figura 5. 12b.

147
Figura 5. 12. Ilhabela: (a) região centro-norte: bairros de (a1) Santa Teresa, (a2)
Cantagalo - Vila, (a3, a4) Morro dos Mineiros – Itaquanduba; (b) região central:
bairros de (b1) Barra Velha, Água Branca Reino, (b2) Zabumba, (b3, b4) Buraco do
Morcego.

148
Uma situação comum nas áreas onde houve as manchas de transição para
áreas urbanas se refere a sua localização geográfica nos municípios: normalmente
estão em áreas na faixa entre a região central (beira-mar) e em direção às encostas –
por influência do relevo, de certa maneira, e são áreas onde a população se encontra
frequentemente em situações de vulnerabilidade social (ANAZAWA et al., 2013;
MARANDOLA Jr. et al., 2013; MELLO et al., 2010; 2012).

São áreas, portanto, onde existe algum deficit social resultante não apenas
de problemas associados a ausência ou falhas na articulação de instrumentos de
políticas de ordenamento territorial (tais como de regulação do uso do solo, de
habitação e de áreas de risco), mas também de um processo histórico de ocupação
frequentemente ligado ao crescimento econômico ‘tradicional’, que não considera o
desenvolvimento social e a redução de desigualdades. Esse quadro agrava os
processos de especulação imobiliária e deixa as terras mais suscetíveis a riscos de
escorregamento e inundação para aqueles que têm menos recursos ou maior
dificuldade de acesso aos ativos financeiros 59 – tal processo amplia a vulnerabilidade
social dos moradores na região, resultando em ações cada vez mais complexas para
reduzir os riscos de desastres naturais ou os efeitos das mudanças climáticas – Figura
5. 13.

59Ver Valencio et al. (2011); Valencio (2012) sobre a sociologia dos desastres; Acserald (2002; 2010) sobre justiça
ambiental; matéria publicada na Folha de São Paulo em 2011, com especialistas Nabil Bonduki (FAU/USP) e
Eduardo Macedo (IPT): <http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/859506-crescimento-economico-
empurra-moradores-para-as-encostas-ouca-especialistas.shtml>

149
Figura 5. 13. Vulnerabilidade multidimensional – manchas de transição para áreas
urbanas – período 1990-2010, áreas em situação de vulnerabilidade social expostas
aos riscos de escorregamento e/ou inundação: (a) Caraguatatuba – região centro-
sul: os bairros do Morro do Algodão (distrito Porto Novo), Rio do Ouro, Benfica,
Jaraguazinho, Cantagalo, Jardim Olaria e Casa Branca; (b) Ubatuba – região central:
os bairros de Bela Vista, Marafunda, Ipiranguinha, Pedreira, Horto, além de Perequê-
Mirim (inclui o ‘sertão’) e Enseada; (c) São Sebastião – região central: Olaria,
Topolândia, Itatinga, Morro do Abrigo e São Francisco. Ilhabela – região central: os
bairros que abrangem Barra Velha, Morro dos Mineiros (Itaquanduba), Green Park,
Reino, Buraco do Morcego, Zabumba.

5.3. IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS PROTEGIDAS PARA REDUÇÃO DOS RISCOS E DESASTRES

As áreas protegidas – incluindo as Áreas de Preservação Permanente


(APPs) e as Unidades de Conservação – exercem importante função para: (a)
preservação dos recursos hídricos, importante na região, que é definida pela Unidade

150
de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHi-03); (b) conservação da paisagem; (c)
manutenção da estabilidade geológica, com influência na redução de riscos e desastres
naturais.

Em particular, as APPs têm importante papel na conservação do solo e na


estabilidade geológica, prevenindo o assoreamento de cursos d’água, reduzindo as
inundações e a ocorrência de escorregamentos de terra e contribuindo para a
segurança de moradores locais (MMA, 2011). Portanto, a manutenção e/ou criação de
áreas protegidas deve ser estimulada para evitar problemas que têm sido recorrentes
em diversos estados brasileiros, como no Rio de Janeiro e em São Paulo (ver Quadro
5. 1, que ilustra alguns exemplos).

Quadro 5. 1. Riscos a desastres: exemplos nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo
e área de estudo.

Ressaca do mar (Santos/SP) – gerando


Nova Friburgo/RJ – construções em encostas e áreas de riscos problemas associados a erosão costeira, em 2005.
de escorregamentos (MMA, 2011; W. Schaffer) (IG/SMA, 2011; Amaral e Gutjahr)

Bairro de Camburi (São Sebastião/SP) – área de


Teresópolis/RJ – Escola situada em APP afetada por corrida
risco de inundação. Fonte: Allan Yu Iwama
de lama –(MMA, 2011; W. Schaffer)
(Abr/2011)

151
Bairros de Topolândia, Olaria e Itatinga (São Sebastião) – área Bairro Buraco do Morcego (Ilhabela/SP) –
sujeita a riscos de escorregamentos e inundações. Fonte: Allan construções em área sujeita a riscos de
Yu Iwama (Out/2012) escorregamentos. Fonte: Allan Yu Iwama
(Abr/2011)

Bairro Benfica (Caraguatatuba) – área sujeita a


riscos de escorregamentos. Fonte: Márcia Stasiak,
Bairro Pedreira (Ubatuba/SP) – moradia em risco de Fani Demarchi e Allan Yu Iwama (Nov/2012)
desabamentos. Fonte: Allan Yu Iwama (Jun/2012)

Os aspectos de proteção e manutenção dos ecossistemas no litoral norte de


São Paulo, sobretudo pela influência da Serra do Mar na região, poderiam ser
reduzidos ou até evitados se a expansão das manchas de transição urbana adotassem
efetivamente as regras de ocupação do solo no território e as diretrizes legais de
proteção ambiental. Entretanto, o cenário que tem se observado com frequência na
região é a ocupação em encostas com declive acentuado (maior que 45 graus),
manguezais, margens de cursos d’água (não apenas na área de estudo, mas também
em muitos estados brasileiros, tais como Santa Catarina, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte – MMA, 2011).

Por exemplo, (a) Caraguatatuba possui manchas de transição para áreas


urbanas que chamam atenção para o distrito de Porto Novo (sobretudo no bairro do
Morro do Algodão, no qual passa em sua extensão, o rio Juqueriquerê, o principal da
bacia hidrográfica que o abrange – a maior no litoral norte paulista), com manchas

152
[urbanas] que têm resultado na concentração de moradias no entorno desse curso
d’água. Em período de chuvas intensas, como o de 2010, são recorrentes os problemas
associados a inundações e perdas materiais.

O bairro do Rio do Ouro também possuiu manchas de transição para áreas


urbanas no período de 1990 a 2010. Esse bairro, situado na bacia do rio Santo
Antônio, foi afetado em 1967 (desastre de 67), quando houve um período prolongado
de chuvas intensas, com fortes eventos de escorregamentos e inundações, resultando
em grandes perdas humanas e materiais. Atualmente, o bairro e seu entorno (Benfica,
Jaguarazinho) encontram-se totalmente ocupados por moradias nessa mesma área
afetada pelo ‘desastre de 67’, que ocorreu há quase cinquenta anos.

O Quadro 5. 2 ilustra exemplos desses problemas associados à expansão


de manchas urbanas em áreas orientadas para a preservação, com implicações para o
aumento de áreas de risco de escorregamentos e inundações.

Quadro 5. 2. Riscos de escorregamentos e inundação associados à expansão urbana


em Caraguatatuba.

Bairro Rio do Ouro (Caraguatatuba/SP) –


construções em encostas próximas à rodovia Bairro Morro do Algodão (Caraguatatuba/SP) – 2010
Tamoios (SP-099) e PESM. Fonte: Márcia inundação na via principal e 2012 em período sem
Stasiak e Allan Yu Iwama (Out/2012) chuvas. Fonte: Ricardo Souza (2010-2012)

(b) Ilhabela, com transição de cobertura e uso da terra para manchas


urbanas (1990 a 2010) em sua parte central associados a áreas sujeitas a riscos de
escorregamento nos bairros de Reino, Toca, Cocaia, Zabumba, e riscos de inundação
em Água Branca e Barra Velha. Ao norte do município (em direção ao bairro
Jabaquara), há manchas urbanas sobrepostas a áreas de risco de escorregamentos e

153
queda de blocos nos bairros de Perequê, Itaguaçu e Itaquanduba (no conhecido Morro
dos Mineiros) e entre os bairros da Vila, Cantagalo e Santa Teresa 60 (Quadro 5. 3). Ao
sul do município, no período de 1990 a 2010, houve manchas de expansão urbana
pouco associadas aos riscos geodinâmicos.

Quadro 5. 3. Riscos de escorregamento e queda de blocos: moradias de alto e médio


padrão em Ilhabela

Bairros da Vila, Cantagalo e Santa Tereza Morro dos mineiros (bairro de Itaquanduba,
(Ilhabela/SP) – moradias de alto padrão em Ilhabela/SP) – moradias sujeitas a riscos de
encostas. Fonte: Allan Yu Iwama (Nov/2011) escorregamentos. Fonte: Iara Giacomini e Allan
Yu Iwama (Out/2012)

Em relação às áreas protegidas, o bairro do Toca (que abrange o antigo


Green Park), também situado em uma área sujeita a riscos de escorregamento, é
contíguo ao limite do Parque Estadual de Ilhabela e local de transição para áreas
urbanas. .

(c) São Sebastião possui as principais transições para áreas urbanas do


centro em direção ao sul do município. Na região central, devem-se destacar os
bairros de Topolândia, Olaria e Itatinga, com manchas urbanas sobrepostas a áreas de
risco de escorregamentos. Em particular, esses bairros possuem um histórico de
ocupação associado à instalação do Terminal Aquaviário Almirante Barroso (TEBAR),
na década de 1960 (MODESTO, 2011; SANTOS; MARANDOLA Jr, 2012; TEIXEIRA,
2013), na expectativa de oferta de empregos (TEIXEIRA, 2013). Na região sul do

60Conflitos em áreas de risco de escorregamentos e no interior do PE de Ilhabela em moradias de alto e baixo


padrão em Ilhabela – matéria no ‘Estadão’, em 3/6/2012. Disponível em:
<http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,em-ilhabela-dois-bairros-na-mira-do-ministerio-
publico,881543,0.htm>.

154
município, denominada ‘costa sul’, as manchas urbanas ocorrem principalmente em
Maresias, Boiçucanga e Cambury, bairros que nos últimos anos têm sofrido
recorrentemente com problemas de escorregamento ou inundação durante o verão 61.
Além desses bairros, observaram-se manchas urbanas relativamente menores nos
bairros de Juquey, Barra do Sahy e Boraceia (Quadro 5. 4).

Quadro 5. 4. Riscos de escorregamentos e movimentos de massa associados à


expansão urbana em São Sebastião.

Bairro de Boiçucanga (São Sebastião/SP) – Bairro Cambury, em local chamado Pedreira (São
moradia em áreas sujeita a risco de Sebastião/SP) – moradias sujeitas a riscos de
escorregamento. Fonte: Juliana Portes e Allan Yu escorregamentos. Fonte: Allan Yu Iwama (Nov/2012)
Iwama (Nov/2012)

Bairro de Topolândia (São Sebastião/SP) – Barra do Sahy (São Sebastião/SP) – moradia em


moradia em áreas sujeita a risco de area de risco de escorregamento. Fonte: Ronaldo
escorregamento. Fonte: Allan Yu Iwama ‘Pantanal’ e Allan Yu Iwama (Nov/2012)
(Abr/2011)

61Jornal ‘O Globo’, em 23/2/2013 – Corpo de criança foi encontrado pela Defesa Civil na manhã deste sábado, em
Boiçucanga, na costa sul de São Sebastião. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/pais/deslizamento-de-terra-
deixa-um-morto-na-imigrantes-em-sp-7656842#ixzz2LlH1kgSX>
Prefeitura de São Sebastião, em 23/2/2013 – O Fundo Social de Solidariedade e a comunidade da Costa sul de São
Sebastião se mobilizaram e fizeram neste sábado (23/2/13) a primeira doação de auxílio às vítimas da forte
chuva que caiu na região, principalmente nos bairros de Boiçucanga, Cambury e Maresias. Disponível em:
<http://www.saosebastiao.sp.gov.br/finaltemp/news.asp?id=N232201315125>

155
(d) Dentre as principais transições para áreas urbanas, Ubatuba
apresentou mudanças na parte central (nos bairros do Ipiranguinha, Horto, Figueira,
Ressaca, Mato Dentro, Estufa II, Sumidouro e Taquaral), no extremo sul do município
(nos bairros do Rio da Prata, Sertão de Araribá, Sertão da Quina e Sertão do Meio) e
em direção ao sul-centro (nos bairros de Folha Seca e Rio Escuro). Na parte ao norte
do município, no geral, observam-se conflitos entre o uso de recursos naturais em
áreas próximas ao Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), em particular nos bairros
de sertão de Ubatumirim, Picinguaba e Camburi (ver SIMÕES, 2010; CALVIMONTES,
2013). Além desses conflitos, foram observadas áreas com riscos de ressaca do mar e
escorregamentos em alguns desses bairros (Quadro 5. 5).

Quadro 5. 5. Riscos de ressaca do mar associados à elevação do nível do mar,


escorregamentos, associados a conflitos com o Parque Estadual da Serra do Mar, em
Ubatuba.

Bairro de Camburi (Ubatuba/SP) – moradias Bairro Ipiranguinha (Ubatuba/SP) – moradias


situadas próximas a linha costeira relatam próximas as encostas com riscos de
problemas com ressacas do mar. Fonte: Allan Yu escorregamentos. Fonte: Allan Yu Iwama
Iwama (Dez/2012) (Dez/2012)

Bairro Picinguaba (Ubatuba/SP) – moradias


situadas próximas a linha costeira relatam Bairro sertão de Araribá (Ubatuba/SP) –
problemas com ressacas do mar, além de riscos moradias próximas ao limite do PESM e em
de escorregamentos e conflitos com diretrizes áreas sujeitas a riscos de escorregamentos.
do PESM. Fonte: Allan Yu Iwama (Jan/2011) Fonte:Juliana Portes Allan Yu Iwama (Dez/2012)

156
CAPÍTULO 6. ESCALA DE ANAÁ LISE REGIONAL: OS RISCOS GEOTEÉ CNICOS
NA UGRHI-3 E SUB-BACIAS 62

Os riscos geotécnicos foram analisados diferenciando os riscos aos


escorregamentos – (Re), inundação (Ri) – associados às margens de rios e áreas
urbanizadas e recalques diferenciais/instabilizações do solo (Rr) – associados com o
movimento das marés. Considerando a proporção desses riscos em relação ao total
distribuído na UGRHi-3 (1.875 km2 – não foram consideradas as ilhas de Anchieta,
pequenas ilhas ao redor de Ilhabela e São Sebastião), verifica-se que os riscos
associados aos movimentos de massa, em particular os escorregamentos,
representam 84,7% do território na UGRHi-3, sendo 13,5% associados a recalques do
solo (também associados ou influenciados pelos movimentos das marés e corte e
infiltrações do terreno) e 1,8% correspondem às inundações (Figura 6. 1a). Como
cerca de 70% do território da UGRHi-3 está sobreposto a Unidades de Conservação de
Proteção Integral (PE da Serra do Mar e PE de Ilhabela), e considerando que essas
áreas protegidas restringem sua ocupação, também foram calculados o total e o
percentual das áreas de riscos associadas aos escorregamentos (Re) em áreas fora das
UCs de Proteção Integral, menos restritivas ao processo de ocupação territorial
(Figura 6. 1b). Embora o percentual de 84,7% tenha sido reduzido para 12,3%, ainda
pode ser considerado expressivo em termos de áreas e em relação aos demais tipos de
risco geotécnico (Tabela 6. 1).

62O Capítulo 6 é um artigo aceito para publicação no periódico Ambiente & Sociedade: IWAMA, A.Y.; BATISTELLA,
M.; FERREIRA, Lúcia C. Os riscos geotécnicos e vulnerabilidades sociais na UGRHi-3 e sub-bacias. Ambiente &
Sociedade (artigo aceito para edição especial ‘Desastres Naturais e Socioambientais’).

157
Tabela 6. 1. Riscos de escorregamento (total e em áreas fora das Unidades de
Conservação de Proteção Integral – Parques Estaduais da Serra do Mar e de Ilhabela) -
Re, inundações – Ri e recalques ou subsidência do solo – Rr na UGRHi-3 – litoral norte.
Riscos geotécnicos - percentual e área (km2) em relação
ao total distribuído no território (escala 1:500.000)
Escorregamentos (Re) % do total de
Recalques do solo
Porção fora riscos
Municípios (Rr ) –
Total em dos Inundaçõ geotécnicos
território em
cada Parques es (Ri) por município
baixas altitudes <
município Estaduais 10m
(UCPIs)
Caraguatatub
23,0 (431,8) 2,3 (42,5) 1,2 (23) 6 (113,4) 30,3
a
Ilhabela 17,3 (324,3) 2,7 (50,3) - - 17,3
São Sebastião 13,2 (247,1) 2,3 (43,9) 0,6 (10,9) 3,0 (55,9) 16,7
Ubatuba 31,2 (584,4) 4,9 (93,1) - 4,5 (84,6) 35,7
Distribuição 84,7 12,3 1,8
13,5 (253,9) 100,0
na UGRHI-3 (1.587) (229,8) (33,9)

158
Figura 6. 1. Mapa riscos geotécnicos: (Re) – riscos de escorregamento; (Ri) – riscos de
inundação; (Rr) – riscos de recalque diferenciado ou instabilizações por
corte/aterro/infiltração de água, associados com o movimento de marés (IPT, 1994).
(a) em relação ao território da UGRHi-3, (b) em relação às áreas sujeitas à ocupação
do território, em baixas altitudes e fora dos limites das Unidades de Conservação de
Proteção Integral.

159
Em relação aos riscos geotécnicos associados aos processos de
movimentos de massa, em específico aos escorregamentos, cerca de 52% do total de
Re são considerados de Muito Alta suscetibilidade no município de Ubatuba, 25% em
São Sebastião e 22% em Caraguatatuba. Embora o percentual de riscos associados a
escorregamentos de Muito Alta suscetibilidade seja relativamente inferior nos dois
últimos municípios supracitados, esses riscos são relevantes por estarem relacionados
a áreas de implantação de importantes infraestruturas: o complexo rodoviário da
Tamoios (no trecho Serra de Caraguatatuba e no trecho montanhoso de São Sebastião,
sobrepondo bairros como Morro do Abrigo, Topolândia, Itatinga e Olaria).

Em relação aos riscos geotécnicos associados a escorregamentos de Alta


suscetibilidade, mais de 70% deles se concentram em Ilhabela. Ainda que grande
parte desses riscos esteja em áreas do Parque Estadual de Ilhabela, cerca de 50 km2
estão em áreas propícias à ocupação do território, limitadas pelas regiões de baixa
altitude (< 10m) – Figura 6. 2a.

Os riscos geotécnicos associados a recalques do solo e inundações, apesar


de não serem expressivos em relação à área, também estão relacionados a áreas ou
regiões com importantes instalações de infraestrutura: a Unidade de Tratamento de
Gás de Caraguatatuba (UTGCA), além de trechos do complexo rodoviário da Tamoios
que cortam algumas áreas nos bairros do Tinga e do Morro do Algodão
(Caraguatatuba) – Figura 6. 2b.

160
Figura 6. 2. Riscos geotécnicos, segundo as classes de grau de suscetiblidade: (a)
processos associados a escorregamentos; (b) processos associados a inundações e
recalques do solo influenciados pelo movimento das marés.

6.1. OS POTENCIAIS RISCOS GEOTÉCNICOS E VULNERABILIDADE SOCIAL (2000-2010)

Para analisar os potenciais riscos de danos materiais ou riscos para a


população na UGRHi-3 – litoral norte, foi feita a análise considerando-se: (1) os riscos
de Muito Alta e Alta suscetibilidade a escorregamentos, inundações e/ou recalques e

161
instabilizações do solo associados ao movimento das marés; (2) áreas não sobrepostas
às Unidades de Conservação (UCs) de Proteção Integral, o PE da Serra do Mar (PESM)
e o PE de Ilhabela (PEI) – uma vez que são áreas de conservação que restringem a
ocupação humana (BRASIL, 2000 – Lei 9.985/2000, SNUC); (3) a localização de áreas
de riscos mapeadas pelo Instituto Geológico (IG-SP, 2006a,b,c), UNESP-Rio Claro
(UNESP, 2006) e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 2010), em escalas de
detalhe variando entre 1:1.800 e 1:3.000. Esse mapeamento é o produto técnico
utilizado pela Defesa Civil nos quatro municípios, sendo referência para sua atuação
em áreas de risco eminente/iminente de mortes ou prejuízos aos
domicílios/moradias. Segundo os relatórios técnicos de riscos para a UGRHi-3, há
cerca de 112 áreas de riscos de escorregamentos ou inundação distribuídos no
território com estimativa aproximada de quase 9 mil residências ou domicílios
sujeitos aos riscos geológicos-hidrológicos – Tabela 6. 2.

Tabela 6. 2. Áreas de risco, setores e estimativas de domicílios afetados e do total de


domicílios em 2010 (Censo Demográfico).
Áreas de
Total de
risco No. de domicílios (áreas No. de domicílios
Municípios setores1 de
(escala de risco) – 20062 (Censo 2010)
risco
1:3000)
Caraguatatuba 18 49 250 (377 em 20103) 31.934
Ilhabela 12 27 451 9.015
São Sebastião 28 93 3.139 23.603
Ubatuba 54 149 5.126 25.075
UGRHi-3 - litoral
112 318 8.966 (9.093 em 2010) 89.627
norte de São Paulo
1 Uma área de risco pode conter vários setores de riscos, que variam segundo sua classificação, vai de

baixo até muito alto risco (R1, R2, R3, R4). 2 Estimativas com base em relatórios técnicos do IG (2006a,
b, c); UNESP (2006). 3 Estimativa com base no relatório técnico do IPT (2010).

Analisando a vulnerabilidade social, em especial, as principais mudanças


nos padrões identificados pelos setores censitários entre 2000 e 2010, pode-se
verificar uma mudança relativa no perfil socioeconômico e na estrutura familiar da
população nos domicílios particulares permanentes. De maneira geral, a distribuição
de setores censitários pelo índice de vulnerabilidade social (IPVS 2000-2010) indica

162
que nos ‘extremos’ dos municípios – áreas próximas aos limites municipais ou
estaduais, ou mais distantes da zonas centrais – tende a aumentar, ao passo que nas
áreas centrais e próximas à linha costeira existem os setores com menor
vulnerabilidade social (MELLO et al., 2012).

Há diversas razões para a ocorrência desse padrão, que pode variar de


condições macroeconômicas até as locais. Fernandes (2006) cita algumas delas em
relação aos programas de regularização em áreas urbanas: manipulação política dos
moradores de assentamentos informais mediante práticas de clientelismo;
planejamento urbano elitista, que não leva em consideração as realidades
socioeconômicas dos moradores; natureza obsoleta de sistemas jurídicos que ainda
prevalecem.

Para melhor detalhamento dessas mudanças, a análise foi pelos quatro


municípios da UGRHi-3, buscando contextualizar essa mudança nos padrões de
vulnerabilidade em determinadas sub-bacias e suas circunstâncias locais ante a
exposição aos riscos geotécnicos.

Os polígonos apresentados em cada figura/mapa – (a) Caraguatatuba


(Figura 6. 3), (b) Ilhabela (Figura 6. 4), (c) São Sebastião (Figura 6. 5), (d)
Ubatuba (Figura 6. 6) – representam áreas nas sub-bacias com aumento da
vulnerabilidade social, sobretudo aquelas que passaram de setores censitários de
baixa ou média vulnerabilidade para alta ou muito alta vulnerabilidade social em
áreas de riscos geotécnicos.

(a) em Caraguatatuba, observa-se a distribuição dos riscos geotécnicos


em toda a extensão do município, destacando-se duas áreas em duas importantes sub-
bacias: (1) Bacia do Rio Santo Antônio, área que foi episódio de grandes
deslizamentos de terra e trombas d’água em 1967 e hoje foi quase totalmente
reocupada. A área indicada abrange os bairros Rio do Ouro, Caputera e Jaraguazinho,
que apresentaram um aumento de sua vulnerabilidade social em áreas já indicadas
como sujeitas a riscos de escorregamento; (2) Bacia do Rio Juqueriquerê, que abrange

163
uma área do distrito de Porto Novo e o bairro Morro do Algodão, com riscos
recorrentes de inundação (Figura 6. 3). Segundo relato de moradores:

‘[..]. todo verão é a mesma coisa: aumenta a chuva, a maré sobe


e as ruas viram rios.’ (morador do Morro do Algodão, próximo
às margens do rio Juqueriquerê, set/2012).
Além da situação de vulnerabilidade social e riscos de inundação na
planície do rio Juqueriquerê, destaca-se a localização da UTGCA na planície, com dutos
de gás que ligam plataformas offshore até municípios do Vale do Paraíba (como
Taubaté), atravessando toda a extensão da Serra do Mar. Essa situação tende a
aumentar a extensão dos riscos ambientais e tecnológicos, uma vez que esses estão
interconectados geograficamente.

164
Figura 6. 3. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento; (Ri) – riscos de inundação (IPT, 1994; 2010) e
riscos de escorregamento e inundação (IG-SP, 2006; UNESP, 2006); (b) Mapa do IPVS (2000); e (c) Mapa do IPVS (2010),
ambos distribuídos por setores censitários.

165
(b) em Ilhabela, há predominância de riscos associados a
escorregamentos e quedas de blocos. Nota-se que, em relação aos outros municípios, a
variação no índice de vulnerabilidade social não teve setores com expressivas
alterações no período de 2000-2010.
Se por um lado algumas áreas obtiveram um aumento da vulnerabilidade
social (nas sub-bacias do córrego São Sebastião e Ilhabela, por exemplo), por outro,
houve áreas que mantiveram a baixa vulnerabilidade entre os anos 2000-2010. No
polígono indicado como (1) na Figura 6. 4, que está inserido na sub-bacia do córrego
Paquera/Cego, o principal acesso a Ilhabela, as áreas de alto risco de escorregamento
estão situadas em setores censitários que mantiveram a alta vulnerabilidade social
(incluem os bairros Reino, Barra Velha e Itaquanduba, em locais como Buraco do
Morcego, Green Park e Morro dos Mineiros).

166
Figura 6. 4. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento e riscos à escorregamento e inundação (IG-SP,
2006; UNESP, 2006); (b) Mapa do IPVS (2000); e (c) Mapa do IPVS (2010), ambos distribuídos por setores censitários.

167
(c) em São Sebastião, houve importantes mudanças no que diz respeito à
vulnerabilidade social em toda a extensão do município. Destacam-se, na Figura 6. 5,
os polígonos indicados (1) na sub-bacia de São Sebastião, abrangendo bairros centrais
como Vila Amélia, Porto Grande, Topolândia, Itatinga e Olaria. Esses bairros estão
próximos às instalações do Terminal Marítimo Almirante Barroso (TEBAR) e a
oleodutos, além de estarem situados nas proximidades do porto de São Sebastião.
Nessa região já houve acidentes tecnológicos associados a esses empreendimentos
ligados à indústria de petróleo e gás (POFFO et al., 1996; POFFO, 2008), com impactos
negativos para a população e o ambiente.
Atualmente o porto de São Sebastião vem sendo ampliado e, assim como a
Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba, tende a amplificar os riscos de
natureza ambiental e geológica associados a riscos tecnológicos. Ainda que existam
programas para a redução de riscos tecnológicos, como o Alerta e Preparação de
Comunidades para Emergências Locais, conhecido como APELL – da sigla Awareness
and Preparedness for Emergencies at Local Level –, é sabido que suas ações somente
são efetivas quando integradas a outros programas de longo prazo.
Muitas vezes os riscos tecnológicos se apresentam como ‘invisíveis’ ou
ignorados pelos moradores locais, ou porque se acredita que o sistema de segurança
do empreendimento é 100% seguro e, dessa maneira, os moradores aceitam o risco,
ou porque a experiência do risco/perigo vivida indica que o que aconteceu no passado
não causou dano significativo e não voltou a ocorrer nos anos seguintes (mais
detalhes em Santos e Marandola Jr., 2012).
O polígono (2), situado na sub-bacia do rio Maresias, abrangendo o bairro
Maresias, mostra clara divisão de dois estratos de moradia ou assentamento urbanos:
no período de 2000-2010, um estrato com característica de baixa vulnerabilidade
social, situado na planície e próximo à linha costeira, com moradias de médio e alto
padrão e local de turismo na praia de Maresias; outro estrato, apontado como de alta
vulnerabilidade social – e classificado contendo assentamentos subnormais ou
precários, situado na área próxima às encostas da Serra do Mar (o ‘sertão’ de

168
Maresias), com moradias ou assentamentos de baixo padrão de construção,
vulneráveis aos riscos ou perigos geotécnicos. A ‘linha’ divisória entre os dois estratos
é a rua da CESP (Companhia Energética de São Paulo), onde passa uma linha de
transmissão, que tem alagamentos sazonais na área.
O polígono (3) indica as sub-bacias do rio Camburi, Barra do Sahy e
Juquehy, abrangendo os bairros Camburi, Barra do Sahy, Juquehy e núcleos ou vilas
como Lobo Guará, Areião, Rua da Rosa e da Calçada em Camburi; Vila Progresso,
Morro do Esquimó e Vila Pernambuco em Juquehy.
Situações semelhantes de risco de inundações e escorregamentos com
danos para as comunidades locais são continuamente vivenciadas na Barra do Una
(extremo sul de São Sebastião) e no bairro de Boiçucanga, situado na sub-bacia do Rio
Grande.
Esses ‘retratos’ contínuos de situações de alta vulnerabilidade social em
áreas de risco geotécnico podem ser encontrados em quase a toda extensão da UGRHi-
3, muitas vezes nas áreas chamadas de ‘sertão’, situadas próximas às encostas da
Serra do Mar.

169
Figura 6. 5. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento; (Ri) – riscos de inundação; (Rr) – riscos de
recalque do solo associados ao movimento das marés (IPT, 1994; 2010) e riscos de escorregamentos e inundação (IG-SP,
2006; UNESP, 2006); (b) Mapa do IPVS (2000); e (c) Mapa do IPVS (2010), ambos distribuídos por setores censitários.

170
(d) em Ubatuba, a região central do município a com maior proporção de
mudanças da vulnerabilidade social, com setores censitários variando de média para
alta ou muita alta vulnerabilidade social no período 2000-2010. Essa área é indicada
pelo polígono (1) da Figura 6. 6, na sub-bacia do rio Grande de Ubatuba. Os bairros
com recorrência de riscos de escorregamentos e riscos pontuais de inundação que
tiveram um aumento da vulnerabilidade social foram: Ipiranguinha, Mato Dentro,
Horto, Estufa II, Sesmaria, Bela Vista e Marafunda. Na sub-bacia do rio Indaiá/Capim
Melado, em particular no bairro do Sumidouro e Pedreira, há uma alta vulnerabilidade
social associada a um alto risco de escorregamentos. Olivato (2013) observou que
parte dos moradores do bairro Sumidouro não percebe os perigos relacionados a
escorregamentos, embora a área seja mapeada e haja recorrências desse tipo de
perigo/risco. Essa situação indica a necessidade de se articular os produtos técnicos-
científicos com a comunidade afetada aos desastres, uma vez que traz indícios de falta
de preparação ou de adaptação aos perigos ambientais ou geotécnicos. Outras
situações semelhantes também ocorrem no extremo sul de Ubatuba, na sub-bacia do
rio Maranduba/Araribá (riscos de escorregamento nos bairros do Sertão de Araribá e
da Quina, Rio Escuro/Comprido (abrangem os bairros Corcovado e Rio Escuro).
No polígono (2) da Figura 6. 6, área situada na sub-bacia do Iriri/Onça, no
período de 2000-2010 houve um aumento da vulnerabilidade social no bairro de
Ubatumirim (alta para muita alta) e no sertão de Ubatumirim. Destaca-se essa área
como importante porque, embora seja menos densamente povoada, com
características que se aproximam de áreas rurais, é uma região com potencial risco de
escorregamentos. Nessa sub-bacia, há um aspecto particular: nela encontram-se
residentes tradicionais, com atividades voltadas para a plantação de mandioca e de
banana (SIMÕES, 2010; SILVA, 2010), e pode-se verificar o convívio da cultura caiçara
e seus laços com a mata e o mar (SILVA, 2010; CALVIMONTES, 2013). Apesar de
alguns autores argumentarem sobre uma capacidade adaptativa maior de grupos ou
comunidades tradicionais – por terem maior vínculo e conhecimento do lugar e seu
ambiente –, ainda é necessário investigar até que ponto estão preparados diante de

171
um perigo iminente. Se ainda há incerteza em relação aos riscos geotécnicos, quanto
aos aspectos de conservação essa população exerce papel fundamental (ver SILVA,
2010; SIMÕES, 2010; CALVIMONTES, 2013).

172
Figura 6. 6. (a) Mapa de potenciais riscos: (Re) – riscos de escorregamento (IPT, 1994; 2010) e riscos de escorregamento
e inundação (IG-SP, 2006; UNESP, 2006); (b) Mapa do IPVS (2000); e (c) Mapa do IPVS (2010), ambos distribuídos por
setores censitários.

173
6.2. VULNERABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL: ASPECTOS DE UM DESENVOLVIMENTO DESIGUAL

Diversos autores têm argumentado sobre a necessidade de reduzir as


situações de vulnerabilidade na região, que incluem preocupação com aspectos
geológicos-geomorfológicos do território, sujeito a escorregamentos ou inundações
(BITAR, 2009) associados ao aumento da ocupação territorial e à concentração de
áreas urbanizadas em um contexto de ampliação da infraestrutura para a produção de
petróleo e gás na região (SOUZA; LUNA, 2008; BITAR, 2009; CARMO et al., 2012).
Nesse caso da indústria de petróleo e gás e projetos de infraestrutura
associados ao ‘pacote’ de petróleo (por exemplo, manutenção e logística de rodovias,
construção e ampliação de portos), há uma importante influência macroeconômica
associada à instalação desses grandes empreendimentos na região. Com oferta de
empregos que leva a uma grande expectativa de trabalho, os grandes
empreendimentos acabam influenciando no aumento ou no adensamento
populacional em determinadas áreas. A esse fator junta-se a falta de opção de terras
formais ou regularizadas sob administração de políticas habitacionais, urbanas ou
fundiárias, que historicamente excluem moradores vulneráveis ou em condições
precárias de moradias.
Na prática, essa situação desencadeia ocupações ‘informais’ em áreas
reconhecidamente de risco geológico ou em áreas de proteção ambiental – uma vez
que as áreas ambientalmente sensíveis são, no geral, desprezadas pelo mercado
imobiliário formal, segundo Fernandes (2006).
O que se observa, portanto, é que o problema não vem do aumento
populacional por si mesmo, mas sim da falta de acesso aos equipamentos públicos,
infraestrutura e saneamento, que não acompanha esse rápido crescimento.
Em todos os municípios analisados da UGRHi-3, pôde-se observar áreas
que mantiveram ou aumentaram as situações de vulnerabilidade no período entre
2000-2010, sobretudo áreas de risco geotécnico. Há, portanto, uma importante e
preocupante situação: em pelo menos dez anos continuam sendo ‘mapeadas’ áreas em
situação constante – áreas reconhecidamente de risco geotécnico, com alguns

174
assentamentos precários e em condições de alta vulnerabilidade social 63. Essa
situação é marcada também pela localização geográfica, recorrente em regiões
denominadas de ‘sertão’ – distantes da linha costeira e situadas em áreas de encostas
declivosas e/ou próximas aos cursos d’água.
Em contraste, observa-se um determinado grupo da população com maior
acesso aos serviços básicos de infraestrutura urbana e que se apropriam dos
benefícios do desenvolvimento econômico, disponíveis frequentemente em regiões
mais próximas à linha costeira (e regiões centrais dos munícipios).
O ‘retrato’ de contrastes e acentuada segregação socioespacial nos
municípios da área de estudo (e também nas cidades litorâneas brasileiras – por
exemplo, ver os casos no estado do Rio de Janeiro, na Costa Verde fluminense em 2010
–, caso de Angra dos Reis, e na região Serrana em 2011 – caso de Petrópolis e Nova
Friburgo, entre outros), grosso modo, pode ser visto pelos grupos sociais de padrão
socioeconômico mais elevado ocupando regiões à beira-mar e aqueles com padrão
socioeconômico menos elevado ocupando as encostas muito declivosas ou áreas
próximas aos cursos d’ água com perigo/risco de inundações (por exemplo, os bairros
Juquehy, Barra do Sahy, Maresias, na costa sul de São Sebastião; ou Barra Velha, em
Ilhabela). O contraste não é apenas observado com os diferentes perigos: por exemplo,
os bairros da Vila e Santa Teresa, em Ilhabela, ilustram situações de domicílios
sujeitos ao mesmo grau de riscos de escorregamento, mas em situações de
vulnerabilidade social distintas.
No âmbito mais amplo sobre o processo de ocupação da terra, o
desenvolvimento urbano informal e a irregularidade têm se tornado a principal regra
de acesso ao solo urbano e à moradia (FERNANDES, 2006; CARVALHO, 2007;
MARICATO, 2011), gerando não apenas problemas sociais, mas o aumento da
degradação ambiental. E essa regra não deve ser simplesmente entendida como um
modelo de ‘desenvolvimento’ socioeconômico, mas como um modelo que tem

63Koga-Vicente (2010) em uma análise da distribuição da precipitação associada a eventos impactantes (chuvas
intensas resultando em mortes ou desalojados) no litoral norte e baixada santista, indica áreas de alta taxa de
população concentrada nas áreas urbanas ocupando morros ou planícies de inundação, situação que resulta em
alta frequência de impactos (sociais e ambientais) em períodos de chuvas intensas.

175
perpetuado as desigualdades sociais ao longo do tempo, um modelo de
‘desenvolvimento por si mesmo’, como menciona Fernandes (2006). Segundo
Valencio e Valencio (2011) há uma ética corporativa dos agentes públicos que endossa
as relações assimétricas e desloca a preocupação sobre o bem comum, ratificando um
modelo de desenvolvimento concentrado e excludente ao mesmo tempo.

6.3. VULNERABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL NO CONTEXTO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Os resultados indicam que há áreas de risco geotécnico sobrepostas a áreas


já socialmente expostas ou em situações de alta vulnerabilidade social (situações
também já observadas no Brasil e no mundo – TOMINAGA et al., 2009; UNISDR, 2004;
2009). E muito embora esse processo (riscos extensivos ou cumulativos – UNISDR,
2004; 2009; 2011) esteja dissociado – em primeira instância – dos efeitos das
mudanças climáticas, à medida que os impactos de eventos extremos climáticos se
tornarem mais visíveis e frequentes, eles tendem a ressaltar ou acentuar as
desigualdades existentes (BECK, 2010) ou os ‘antigos’ problemas (pobreza,
desigualdade, acesso inadequado aos serviços públicos, entre outros).
Ainda que haja incertezas sobre a questão das mudanças climáticas, talvez
seja mais prudente considerar medidas preventivas ou prospectivas, para evitar os
efeitos negativos dessas mudanças (HOGAN, 2009; GIDDENS, 2010), do que esperar
que os impactos ou os efeitos adversos se tornem ‘visíveis e frequentes’. Em última
instância, [os riscos associados aos eventos extremos climáticos] poderão atingir a
todos, independentemente do status socioeconômico, sendo cada vez mais urgentes
ações preventivas e um planejamento prospectivo como base para a redução de riscos
de desastres no contexto de mudanças climáticas.
A implementação de instrumentos de gestão de maneira integrada é uma
das ações que poderiam ser adotadas [pelo poder público e pela sociedade] para
reduzir as desigualdades ou a segregação social e os riscos geotécnicos ou ambientais.
Em termos de políticas públicas para a gestão de riscos de desastres no contexto de
mudanças climáticas, o Brasil tem feito importantes avanços para sua redução, com a

176
criação, em âmbito federal, da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC – Lei
12.187/2009, BRASIL, 2009) e da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDC
– Lei 12.608/2012, BRASIL, 2012), que abrangem ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e à defesa civil de forma
integrada às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde,
meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia,
infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais.
No âmbito estadual, a legislação de São Paulo sobre mudanças climáticas –
a PEMC (Lei 13.798/2009 – SÃO PAULO, 2009) – junto com o Decreto estadual
57.512/2011 (SÃO PAULO, 2011), que instituiu o Programa Estadual de Prevenção de
Desastres Naturais e de Redução de Riscos Geológicos (PDN), também trazem
considerações sobre as diversas instâncias e instituições no estado de São Paulo, bem
como apontam a necessidade de articular e otimizar as ações existentes.
Considerando que o desastre constitui-se não apenas como acontecimento
físico, mas sobretudo um desastre social, consistindo na ruptura da dinâmica social
(SIENA, 2011), é necessário um compromisso do poder público com os grupos sociais
vulneráveis (VARGAS, 2006; VALENCIO et al., 2009; VARGAS, 2010), com aporte de
uma pesquisa técnico-científica que subsidie intervenções efetivas para a redução e a
mitigação de riscos.
Esses resultados, considerados em conjunto para a região da UGRHi-3,
reforçam a necessidade de maior atenção para a redução desses riscos, ampliando as
medidas preventivas e as adaptações necessárias da infraestrutura
instalada/planejada (BITAR, 2009) e buscando o ordenamento territorial por meio de
Planos Diretores, Zoneamentos-Ecológico-Econômico (ZEE) que considerem os riscos
de desastres. Nesse sentido, um importante passo vem sendo efetuado com a
consideração do tema de riscos e desastres nos atuais ZEE da área de estudo
(FERREIRA, 2012), embora ainda sejam ações incipientes.

177
178
CAPÍTULO 7. ESCALA DE ANAÁ LISE LOCAL: AS PERCEPÇOÕES DE RISCO E O
LUGAR

Após as etapas exploratórias do levantamento sobre percepção de riscos


no litoral norte de São Paulo, foram entrevistados 914 responsáveis por domicílios
(10,1% de um total estimado em 9.093) situados em áreas de potenciais riscos
(mapeamento realizado por: Instituto Geológico, Instituto de Pesquisas Tecnológicas e
UNESP-Rio Claro), sendo Caraguatatuba com n=262, Ilhabela, n=147, São Sebastião,
n=290 e Ubatuba, n=215. A Figura 7. 1 analisada em conjunto com a Tabela 7. 1,
mostra o tamanho de amostra por município e a distribuição dos pontos (GPS)
coletados em campo pelas equipes auxiliares do levantamento de percepção de riscos.

Figura 7. 1. Distribuição dos pontos (GPS) coletados em campo (2011-2012) e


distribuição das entrevistas por equipe auxiliar de campo (entrevistas sobre
percepção de riscos) por sub-bacias 64.

64Sub-bacias amostradas: 1 – rio Fazenda/Bicas; 6 – rio Indaiá/Capim Melado; 7 – rio Grande de Ubatuba; 8 – rio
Perequê-Mirim; 9 – rio Escuro/Comprido; 10 – rio Maranduba/Araribá; 13 – rio Massaguaçu/Bacuí; 14 – rio
Guaxinduba; 15 – rio Santo Antônio; 16 – rio Juqueriquerê; 17 – rio São Francisco; 18 – rio São Sebastião; 19 –

179
Tabela 7. 1. Total amostrado por municípios, além dos percentuais em relação à
estimativa do total de domicílios em áreas de risco e a proporção de áreas de risco em
cada município.
Percentual de
%
Total de amostra
Total de entrevist
moradias em deentrevistas
Municípios Sub-bacias da UGRHi-3 entrevis as por
áreas de risco em áreas de
tas sub-
(N) - 2006* risco, por
bacias
município (%)
13 - rio Massaguaçu/Bacuí 11 4,2
14 - rio Guaxinduba 43 16,4
Caraguatat 15 - rio Santo Antônio 107 40,8
250* - 377** 69,5
uba 16 - rio Juqueriquerê 101 38,5
Sub-bacias -
262 100,0
Caraguatatuba
29 - córrego
Ilhabela/Cachoeira (Setor 44 29,9
Centro-Norte)
29 - córrego
Ilhabela Ilhabela/Cachoeira (Setor 21 14,3 451 32,6
Norte)
30 - córrego Paquera/Cego 82 55,8
Sub-bacias - Ilhabela 147 100,0
17 - rio São Francisco 74 25,5
18 - São Sebastião 99 34,1
19 - ribeirão Grande 7 2,4
21 - rio Maresias 16 5,5
São 22 - rio Grande 24 8,3
3.139 9,2
Sebastião 23 - rio Cambury 30 10,3
24 - rio Barra do Sahy 20 6,9
25 - rio Juquehy 20 6,9
Sub-bacias - São
290 100,0
Sebastião
01 - rio Fazenda/Bicas 20 9,3
06 - rio Indaiá/Capim
20 9,3
Melado
07 - rio Grande de Ubatuba 86 40,0
Ubatuba 5.126 4,2
08 - rio Perequê-Mirim 35 16,3
09 - rio Escuro/Comprido 28 13,0
10 - rio Maranduba/Araribá 26 12,1
Sub-bacias - Ubatuba 215 100,0
Total (UGRHi-3 - litoral
914 9.093 10,1
norte)
* Estimativas baseadas nos relatórios técnicos (IG-SMA, 2006a,b,c; UNESP, 2006). * * IPT (2010). Parecer
Técnico no. 18 578–301-43/281, de mapeamento exclusivamente de escorregamentos.

ribeirão Grande; 21 – rio Maresias; 22 – rio Grande; 23 – rio Camburi; 24 – rio Barra do Sahy; 25 – rio Juquehy; 29
– córrego Ilhabela/Cachoeira; 30 – córrego Paquera/Cego.

180
Retomando os temas abordados no survey de percepção de riscos aplicado
na UGRHi-3 – litoral norte, foram analisados: (I) perfil socioeconômico dos
entrevistados, como percebem (II) as mudanças climáticas e/ou ambientais, (III)
os riscos e sua adaptação e (IV) os aspectos de governança e comunicação dos
riscos.
Essa análise foi encaminhada da seguinte maneira: primeiro foi analisado
o perfil dos entrevistados, a fim de indicar algumas características da população
expostas aos riscos no litoral norte de São Paulo. Além do perfil dos entrevistados,
também foi feita uma análise sobre sua origem, participação em associações
(comunitárias ou religiosas), religiosidade e nível de ‘união’ entre a comunidade (o
entrevistado e sua vizinhança). Segundo, como as pessoas percebem as mudanças
climáticas e seus efeitos na saúde e no ambiente e terceiro, qual a influência das
características dos entrevistados sobre a percepção de riscos propriamente ditos, suas
estratégias de adaptação e quem deve(ria) se responsabilizar pela redução dos efeitos
[desses riscos].
Ainda nessa terceira análise, também foi observado quais são os principais
meios de comunicação que os entrevistados consideram como importantes para
receberem as informações sobre as mudanças climáticas e os riscos.

7.1. PERFIL DOS MORADORES EM SITUAÇÕES DE RISCO GEOLÓGICO/HIDROLÓGICO

Em relação ao perfil dos entrevistados, quanto ao sexo, 61,3% dos


entrevistados eram do sexo feminino (e 38,6%, do sexo masculino). Os possíveis
motivos para o percentual de mulheres entrevistadas ser maior foram: (i) o período
de realização das entrevistas (normalmente entre 9h e 18h) coincidia com o momento
em que os homens geralmente estão no trabalho; e (ii) o aumento de número de
mulheres em relação ao número de homens (no Brasil, de 51% e 49%,
respectivamente – ver Censo de 2010 do IBGE, 2012). Ainda observando dados do
Censo sobre o número de homens ou mulheres, verifica-se que a maioria (embora a
variação seja pequena) é de mulheres, com exceção de Ilhabela (onde a maioria são

181
homens). A Figura 7. 2a ilustra, de certa maneira, a influência desses dois aspectos
supracitados sobre o percentual de entrevistados segundo o sexo.
Em relação à idade dos entrevistados, a maioria tinha entre 41 a 60 anos
(35,6%), sendo Caraguatatuba e Ubatuba os municípios onde essa faixa etária
representou um pouco mais de 30% dos entrevistados (100 e 104, respectivamente).
Pessoas com idade superior a 60 anos foram maioria em Caraguatatuba, com 64
entrevistados (Ilhabela, município com menor proporção de pessoas com > 60 anos,
totalizou 13 entrevistados) – Figura 7. 2b.
Quanto à escolaridade dos entrevistados, 42,9% tinham o ensino
fundamental completo (da 1ª à 8ª série), seguido do ensino médio (31,2%). Aqueles
com superior completo representaram 6,6% dos entrevistados, quase a maioria
localizados à beira-mar ou em bairros da região central – Figura 7. 2c. Em muitos
casos, não foi possível fazer a pesquisa nos condomínios fechados, que não
permitiram acesso para dos entrevistadores, com exceção de Ilhabela – nos bairros de
Santa Teresa e Vila –, onde a Defesa Civil esteve junto no levantamento de campo.
Em relação ao rendimento mensal, 70,2% (354) dos entrevistados
tinham renda igual ou inferior a dois salários mínimos (≤ 2 SM – sendo 31,5% dos
entrevistados na faixa ≤ 1 SM) – Figura 7. 2d. Aqueles com renda mensal entre 2 a 5
SM representaram 14,9% do total de entrevistados, sendo a maioria (50 pessoas) em
Ilhabela. Foram entrevistados apenas 5 pessoas com renda superior a 10 SM,
localizados em Ilhabela e São Sebastião nas áreas próximas a linha costeira.

182
Figura 7. 2. Sexo, idade, escolaridade e rendimento mensal dos entrevistados sobre
percepção de riscos ligados às mudanças climáticas.

Outras informações referentes ao perfil dos entrevistados que podem


auxiliar a compreensão de algumas estratégias utilizadas para dar respostas aos
efeitos negativos das mudanças climáticas foram: (a) naturalidade; (b) participação
em algum tipo de associação de bairro; (c) aspectos sobre a religiosidade; e (d) grau
de união entre os entrevistados e seus vizinhos. Esses resultados são apresentados na
sequência, oferecendo algumas possibilidades de análise sobre a vulnerabilidade e a
capacidade adaptativa às mudanças climáticas.
(a) naturalidade – 53,7% dos entrevistados são do estado de São Paulo,
seguidos dos estados de Minas Gerais (14,6%) e Bahia (11,6%), com pelo menos mais
de 100 entrevistados em toda a UGRHi-3 – litoral norte - Figura 7. 3a. Estados com
menos de 10 pessoas foram agrupados na categoria ‘outros estados’, que inclui
Espírito Santo (ES), Sergipe (SE), Pará (PA), Piauí (PI), Maranhão (MA), Rio Grande do

183
Norte (RN), Goiás (GO), Mato Grosso do sul (MS), Distrito Federal (DF), Mato Grosso
(MT) e Rio Grande do sul (RS). Quase a maioria natural de cidades do interior desses
estados. Também foram entrevistadas duas pessoas nascidas fora do Brasil, uma na
Alemanha (em Ubatuba) e outra na Itália (Ilhabela). Em relação aos nascidos no
estado de São Paulo, 1/3 dos entrevistados é natural das cidades da UGRHi-3 - litoral
norte (308 pessoas) ou de cidades que compõem o Vale do Paraíba (como Natividade
da Serra, Paraibuna) ou da capital São Paulo.

Figura 7. 3. Naturalidade dos entrevistados sobre a percepção de riscos: (a) por


estados e (b) por município da UGRHi-3 – litoral norte.

184
(b) sobre a participação de algum tipo de associação de bairro (Figura
7. 4) a grande maioria não participa de nenhum tipo de associação de bairro (63,9%
dos entrevistados, totalizando 584 pessoas), enquanto, dentre os tipos de associações,
a religiosa (entendida por participar de atividades sociais vinculadas à igreja),
representa 28,7% (262 pessoas). Embora não seja possível generalizar para todo o
litoral norte paulista, há indícios de que a participação ativa da sociedade em algum
tipo de associação que envolva ação social para reduzir os riscos ou problemas
ambientais em geral, fique limitada às ONGs ou servidores públicos ligados ao tema de
educação. Segundo Araújo (2006) até 2006 havia 55 ONGs, sendo a maioria ligada ao
tema de Educação Ambiental. Um estudo mais recente, de 2010, indica a existência de
76 ONGs e ressalta que a ‘maior parte delas desenvolve trabalhos em educação
ambiental, envolvendo as áreas de recursos hídricos, unidades de conservação, lixo e
interface com o ambiente marinho’, sendo também organizações ainda jovens – 70%
têm igual ou menor do que 10 anos de existência, o que propicia a falta de articulação
e ações fragmentadas 65.

Figura 7. 4. Participação dos entrevistados em algum tipo de associação de bairro,


religiosa, assistência social, entres outras.

65 Matéria publicada em 2010 na Agência Universitária de Notícias (AUN). Disponível em:


<http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=3443>.

185
(c) sobre a religiosidade, a maioria dos entrevistados respondeu ser ou
católica (44,4%, 406 pessoas) ou evangélica (37,1%, 339 pessoas), seguidos daqueles
que não têm religião (13,2%, 121 pessoas). Perguntados sobre a frequência de
práticas religiosas, 30,5% (279 pessoas) disseram que não praticam e 24,8% praticam
pelo menos uma vez por semana. Dos que praticam uma vez por semana, 109 eram
católicos e 110 evangélicos. Todavia, são os evangélicos mais assíduos (10,3%, 94
pessoas), enquanto 15,8% dos católicos (144 pessoas) disseram não ser praticantes –
ver Tabela 7. 2.
Tabela 7. 2. Total de entrevistados sobre percepção de riscos, segundo o tipo de
religião e a frequência da prática religiosa.
Uma vez
Entrevista Todo Uma vez por
NR por Não pratica Outra Total (%)
dos dia mês
semana
NR 6 0 0 0 0 0 6 (0,7)
Católico 6 9 109 102 144 36 406 (44,4)
Evangélico 3 94 110 33 41 58 339 (37,1)
Espírita 0 1 2 4 3 2 12 (1,3)
Sem
35 0 0 1 83 2 121 (13,2)
religião
Outra 2 5 5 4 8 6 30 (3,3)
51 109 104
Total, (%) 227 (24,8) 144 (15,8) 279 (30,5) 914 (100,0)
(5,6) (11,9) (11,4)

(d) em relação ao grau de união entre os entrevistados e seus vizinhos e se sua


família reside próximo, observou-se que 67,5% (617 pessoas) têm algum grau de
parentesco com sua vizinhança, enquanto 31,2% (285 pessoas) disseram que não há
nenhum familiar residindo próximo. Dos que responderam que sim (a família reside
próxima à residência do entrevistado), 198 pessoas (21,6%) têm grau médio de união
e 197 pessoas (21,5%) mantinham grau muito alto de união - ver Tabela 7. 3.

186
Tabela 7. 3. Total de entrevistados sobre percepção de riscos, segundo o grau de
união entre os entrevistados e sua vizinhança ou família.
Grau de união entre os entrevistados e sua vizinhança e/ou família
Entrevistados Sem 1 - Muito 5 - Muito
2 - Baixa 3 - Média 4 - Alta Total, (%)
união baixa alta
Família NR 6 1 1 1 0 3 12 (1,3)
reside Sim 10 69 68 198 75 197 617 (67,5)
próximo
? Não 3 46 38 82 39 77 285 (31,2)
19 116 107 281 114 277 914
Total, (%)
(2,1) (12,7) (11,7) (30,7) (12,5) (30,3) (100,0)

Esse fator de ‘união’ ou de potencial para uma ação coletiva exerce


influência sobre a capacidade adaptativa da população em situações de risco. Além
dos aspectos psicológicos, sociais, institucionais e culturais, que podem aumentar ou
atenuar percepções individuais e sociais de risco e, consequentemente, o
comportamentos diante dos perigos a que estão expostas (EISER et al., 2012;
KASPERSON; KASPERSON, 2005a,b; RENN, 2011), a ‘união’, ou o nível de participação
entre as comunidades, pode produzir maior empoderamento das pessoas para
identificarem os riscos/perigos e buscar soluções para reduzi-los ou estratégias de
adaptação.
Para descrever um pouco mais sobre o perfil dos entrevistados, a seguir
são apresentados os mapas da distribuição das entrevistas em cada município da
UGRHi-3 – litoral norte, com exemplos de locais onde foram realizadas as entrevistas
ou a campanha de campo.
A Figura 7. 5, Figura 7. 6, Figura 7. 7 e Figura 7. 8 mostram os mapas da
distribuição de entrevistas em Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba,
respectivamente, com o detalhe dos respectivos locais ou domicílios em áreas de risco.

187
Figura 7. 5. Participação dos entrevistados em algum tipo de associação (de bairro, religiosa, assistência social, entres
outras). Mapa da distribuição das entrevistas sobre percepção de riscos – Caraguatatuba: (a) Morro do Algodão (em
2010, com os efeitos da inundação de afluente do rio Juqueriquerê e em 2012); (b) bairro Benfica (nov/2012); (c) bairro
Rio do Ouro (out/2012); (d) Sumaré (jan/2011); e (e) bairro Olaria (dez/2012).

188
Figura 7. 6. Mapa da distribuição das entrevistas sobre percepção de riscos – Ilhabela: (a) Zabumba (nov/2012); (b) e (c)
Zabumba e Barra Velha – área denominada “Buraco do Morcego” (nov/2011); (d) bairro Itaquanduba – área denominada
de “Morro dos Mineiros (out/2012); (e) Itaquanduba – ‘Morro dos Mineiros’ (nov/2011); e (f) bairro Santa Teresa – vista
geral de moradias de alto padrão (nov/2011).

189
Figura 7. 7. Mapa da distribuição das entrevistas sobre percepção de riscos – São Sebastião: (a) Juquehy – área
denominada “Vila Pantanal” (nov/2012); (b) Vila Sahy (nov/2012); (c) Camburi (nov/2012); (d) Maresias (nov/2012);
(e) Topolândia (jan/2011); e (f) Morro do Abrigo (nov/2012).

190
Figura 7. 8. Mapa da distribuição das entrevistas sobre percepção de riscos – Ubatuba: (a) Sertão do Araribá (dez/2012);
(b) Corcovado (dez/2012); (c) Bela Vista (dez/2012); (d) Pedreira (jun/2012); (e) Picinguaba (jan/2011); e (f) Camburi
(dez/2012).

191
7.2. PERCEPÇÕES DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AMBIENTAIS E SEUS EFEITOS PARA VULNERABILIDADE
E ADAPTAÇÃO

Analisando o tema (II) do survey de percepção de riscos, a maioria dos


entrevistados respondeu que já ouviu falar de mudanças climáticas – 87,4%
(799 entrevistados), enquanto 11,8% (108 pessoas) disseram que nunca ouviram
falar sobre esse termo – 7 pessoas não responderam essa pergunta. Em relação a esse
tema, notou-se que, em geral, as pessoas ainda expressam certa confusão entre ‘clima’
e ‘tempo’, sendo frequente o uso de ambos os termos como sinônimos (ver FERREIRA
et al., 2014), sobretudo para as mudanças que ocorrem em curto prazo. Por outro
lado, relatos de entrevistados (nas campanhas de campo realizadas entre 2011 e
2012) expressam que, embora não haja um claro entendimento do que se trata (as
mudanças climáticas), há uma percepção de que algo tem mudado nos últimos anos.
Por exemplo:

‘Sim, mas não sei o que é [..].’ (entrevistada, sobre se já


ouviu falar de mudanças climáticas. Caraguatatuba,
3/12/2012).

‘[...] antes era possível ler os sinais do céu [...] hoje não
dá mais...’ (entrevistado, sobre se já ouviu falar de
mudanças climáticas e em que ritmo estão
acontecendo. Ubatuba, 5/12/2012).
Quanto ao sexo, o percentual de homens e mulheres que não ouviram falar
de mudanças climáticas varia de 11% a 12%, respectivamente, apesar que, em
números absolutos, há mais mulheres do que homens que desconhecem a expressão
‘mudanças climáticas’. Em relação à idade dos entrevistados, em todas as faixas
etárias analisadas (do grupo jovem ao mais idoso), mais de 80% responderam que
conhecem o termo mudanças climáticas.

No conjunto de amostra analisado observou-se que a escolaridade (>


90%, ou 57 dos entrevistados com ensino superior) e a renda (todos os entrevistados
com renda igual ou superior a 5 salários mínimos – total de 19) favoreciam as

192
respostas sobre já terem ouvido falar de mudanças climáticas. De modo inversamente
proporcional, há um indicativo de que a baixa escolaridade e a [baixa] renda dos
entrevistados favoreciam respostas negativas sobre ouvir a expressão ‘mudanças
climáticas’ 66 – Figura 7. 9.

Figura 7. 9. Perfil dos entrevistados sobre a questão: ‘Você já ouviu falar de mudanças
climáticas?’, tema II do survey de percepção de riscos.

Cerca de 69,7% dos entrevistados consideram que as mudanças


climáticas estão acontecendo ‘rapidamente’ e 15,8% consideram que estão
ocorrendo em ritmo lento ou ‘devagar’. Apenas 3,6% consideram que as mudanças
climáticas não estão acontecendo – Figura 8. 10a. Um pouco mais do que a metade
(52,5%) dos entrevistados acha que as atividades humanas são a causa das

66É importante mencionar que, quase a totalidade dos entrevistados era pessoas que viviam no meio urbano, com
atividades de trabalho relacionadas com à cidade, sem um vínculo ou trabalho direto com os aspectos da terra ou
do ambiente. Essa relação com o lugar onde vivem e seu ambiente merece estudos mais detalhados sobre as
comunidades rurais, ou pequenos agricultores e comunidades tradicionais, uma vez que suas percepções das
mudanças ambientais (e climáticas) são mais associadas à sua experiência e à relação do lugar do que com seu
perfil socioeconômico.

193
mudanças climáticas, enquanto 21% consideram que são causas naturais e atividades
humanas conjuntamente, e 10,2% consideram que as mudanças climáticas acontecem
por causas naturais. Aproximadamente 4,2% disseram ser indiferentes às causas
dessas mudanças – Figura 7. 10b.

Independentemente do ritmo e da causa das mudanças climáticas, os


entrevistados disseram estar preocupados com essas mudanças, sendo que
quase a metade (48,8%) respondeu que o grau de preocupação é alto ou muito
alto. Por outro lado, observou-se que 22,8% (208 pessoas) consideram que se
preocupam moderadamente com os efeitos das mudanças climáticas – Figura 7. 10c.
Embora esse não seja um alto percentual, é ainda um indicativo de que parte dessas
respostas esteja associada ao grau de incerteza sobre as mudanças do clima. Diversos
autores têm argumentando sobre as incertezas das mudanças climáticas (GIDDENS,
2010; BECK, 2010; WISNER, 2010), mas, por outro lado, Giddens (2010) sugere que as
ações para evitar ou reduzir os efeitos das mudanças climáticas devam ser mais
urgentes à medida que os impactos associados aos eventos climáticos extremos se
tornem mais visíveis e frequentes.

É muito importante pensar nesse fato em relação às ações e ao


enfrentamento desses riscos na região UGRHi-3 – litoral norte – e também em toda a
extensão do litoral brasileiro: em 1967 e 1996 ocorreram eventos meteorológicos de
grande magnitude em Caraguatatuba, com efeitos negativos para a população
(dezenas de desalojados e mortes causadas por grandes deslizamentos de terra).
Desde esse período ao atual, quase todo período de chuva (verão) é marcado por
eventos geológicos-hidrológicos recorrentes: escorregamentos de encostas e
inundações. Ainda assim, observam-se ações pontuais ou corretivas para reduzir esses
efeitos, enquanto ações não estruturais (ou ligadas a um planejamento de longo
prazo) são ainda incipientes ou discretas, sendo frequente verificar construções em
áreas de potenciais riscos geológicos ou de proteção ambiental das margens de cursos
de água. Nesse sentido faz-se necessário refletir se é prudente esperar que os efeitos
sejam visíveis e frequentes – e aceitar as consequências desses efeitos –, ou tomar

194
como princípio condutas prospectivas – que levem em consideração ações em função
do risco ainda não existente, mas que pode ser previsto – para redução dos atuais e
potenciais riscos em relação às mudanças climáticas.

A grande maioria dos entrevistados considera que ‘todos’ (72,8%, 665


pessoas) serão afetados pelas mudanças climáticas e ambientais. Já 10,5% (96
pessoas) acreditam que a ‘população mundial’ será atingida, enquanto apenas 1%
respondeu que somente sua região ou eles mesmo sofrerão as consequências – Figura
7. 10d.

A pergunta sobre quem será afetado pelas mudanças climáticas e


ambientais foi formulada buscando analisar a ‘escala’ ou a abrangência do efeito ou
impactos das mudanças climáticas sobre os entrevistados. Esses resultados ajudam a
pensar que existe uma noção global do perigo ou da ameaça que as mudanças
climáticas representam e, por outro lado, menor preocupação com o local, já que
poucos se referem a sua própria região, família ou a si próprios. Na verdade, muitos
incluíram a ‘região’ e ‘você e sua família’ no grupo de ‘todos’ afetados, podendo
também indicar que a noção do perigo e risco está sobre o outro (que está longe ou
fora), sob um viés otimista de que ‘não serei afetado pelo risco’.

‘[...] no morro não tem risco’ (entrevistado, sobre ‘onde


você mora qual é o grau de risco?’ Caraguatatuba,
3/12/2012).
Na seção 7.3.1. Como os riscos são percebidos (p. 199) será explorado
com mais detalhes esse viés ‘otimista’ como estratégia de adaptação.

195
Figura 7. 10. Percepção de riscos às mudanças climáticas e ambientais: (a) ritmo em
que acontecem; (b) preocupações; (c) causas; e (d) os mais afetados.

Perguntados sobre os problemas que poderiam ser agravados pelas


mudanças climáticas e ambientais, a maioria dos entrevistados considerou ‘muito
graves’ (na escala variando de 1 a 5 – do menos para o mais grave) o aumento de
doenças (52,1%), a falta de água potável (52,4%) e a poluição ambiental (64,4%),
além do aumento de deslizamentos em encostas (47,9%), inundações (53,7%) e a
elevação do nível do mar (46,1%) – Figura 7. 11.

O maior percentual sobre os aspectos ligados à poluição por contaminação


de lixões e esgotos em relação aos demais, sobretudo de aumento de escorregamentos
e de elevação do nível do mar, pode ser entendido como a escolha de prioridades

196
sobre os problemas sentidos localmente. Estudos conduzidos nos Estados Unidos
sobre percepção ambiental e mudanças climáticas (DUNLAP; SAAD, 2001;
LEISEROWITZ, 2005), indicaram que o aquecimento global (ou as mudanças
climáticas) não era uma questão nacional prioritária para os norte-americanos – a
maioria considerava um risco moderado, enquanto colocava economia, educação e
expansão urbana como alta prioridade – e que seria improvável que o fosse
(prioritário) até que considerassem um problema local.

Embora o aumento de poluição e a falta de água potável talvez sejam um


dos problemas mais vividos pela população, não elimina a percepção das outras
questões – por exemplo, o aumento de riscos de escorregamento, inundação e
elevação do nível do mar. Pode-se observar nos gráficos da Figura 7. 11 uma
tendência da frequência de respostas para a escala 5 (muito grave), em relação aos
problemas mencionados, que podem ser agravados pelas mudanças climáticas e
ambientais.

197
Figura 7. 11. Percepções de riscos – dos problemas que podem ser agravados pelas
mudanças climáticas e ambientais, qual a gravidade atribuída para: (a) aumento de
doenças; (b) falta de água potável; (c) aumento da poluição e contaminação por lixões
e esgotos; (d) aumento de deslizamentos em encostas; (e) aumento de inundações ou
alagamentos; e (f) elevação do nível do mar.

198
7.3. PERCEPÇÕES DE RISCOS E ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO

7.3.1. Como os riscos são percebidos

Analisando o conjunto de respostas para a UGRHi-3 – litoral norte em


relação a como são percebidos os riscos onde elas vivem, observou-se que a maioria
dos entrevistados considera que o risco é muito baixo (na escala variando de 1 a 5 – do
muito baixo para o muito alto) – Figura 7. 12: inundações (56,2%, 514),
escorregamentos (49,3%, 451). A percepção dos riscos associados à beira-mar
(ressacas do mar – 62,8%, elevação do nível do mar – 58,2% e erosões costeiras –
67,8%) tiveram um maior percentual relativo de pessoas que consideram risco muito
baixo porque, a maior parte dos entrevistados morava em áreas de potenciais riscos
de escorregamento ou de inundação.

As entrevistas na faixa litorânea se limitaram a vila Picinguaba, Camburi e


Perequê-Açu (Ubatuba) e Massaguaçu, Prainha e Martim de Sá (Caraguatatuba),
totalizando 29 entrevistas. Mesmo analisando somente esses bairros quanto aos
riscos associados à proximidade da linha costeira, observou-se que menos de 17% dos
entrevistados (até 5 pessoas) responderam que consideram o risco alto ou muito alto
de ressacas do mar, ou de elevação do nível do mar ou de erosões costeiras.

199
Figura 7. 12. Percepções de perigos segundo o grau de risco atribuído pelos
entrevistados: (a) inundações; (b) escorregamentos; (c) ressacas do mar; (d) elevação
do nível do mar; e (e) erosões costeiras.

200
Os riscos considerados médio e muito alto, sobretudo daqueles ligados a
perigos de escorregamento (risco 3 – médio: 17,9%, 164 pessoas; risco 5 – muito alto:
14,8%, 135 pessas) e inundações (3 – risco médio: 14,1%, 129 pessoas e 5 – risco
muito alto: 17,4%, 159 pessoas), apesar de apresentarem menores percentuais de
respostas em relação ao risco 1 – baixo, são percebidos principalmente em locais de
recorrência de chuvas intensas, com desencadeamento de escorregamentos (Caputera
e Jaraguazinho, em Caraguatatuba, vila Pantanal e morro dos Esquimós, em Juquehy,
São Sebastião) ou inundações (Caputera, Morro do Algodão em Caraguatatuba; Barra
Velha em Ilhabela e Areião em Cambury, São Sebastião). Entretanto, chama a atenção
para outros bairros onde são recorrentes esses mesmo efeitos, mas que a maioria
considera de baixo risco, como Topolândia, Itatinga, Boiçucanga e Maresias, em São
Sebastião; ou Rio do Ouro, Sumaré ou Jardim Olaria, em Caraguatatuba; Horto,
Ipiranguinha, Sumidouro e Corcovado, em Ubatuba; e morro dos Mineiros – no bairro
Itaquanduba e Cantagalo – no bairro Vila, em Ilhabela.

Retoma-se a discussão de que, muitas vezes, o entrevistado não percebe o


risco ou o perigo ou simplesmente o nega para si mesmo. Todavia, é apontado (o
risco) pelos entrevistados como sendo o perigo para o ‘vizinho’ ou aqueles que vivem
em outro lugar. Como respondeu um entrevistado sobre ‘onde você mora, qual é o
grau de risco?’:

‘[...] o risco é baixo [...] mas há riscos nos vizinhos sim


[...]’ (Caraguatatuba, 3/12/2012).

Retomando as questões iniciais desta pesquisa, em particular a hipótese


H(2) – a percepção de riscos às mudanças climáticas e ambientais é influenciada pelo
perfil socioeconômico da população e, com base nos resultados, observa-se que não há
influência direta das características de sexo, faixa etária, escolaridade e renda sobre
como as pessoas percebem as situações de riscos. Quer dizer que, independentemente
da condição social e econômica dos entrevistados, a maioria tem um viés ‘otimista’ de
que o perigo ou o risco não está onde eles vivem, embora percebam que seus vizinhos

201
estão expostos aos riscos. Essa tendência é observada quanto ao sexo
(proporcionalmente mais mulheres do que homens, efeito do conjunto amostral
analisado, que obteve mais entrevistas com responsáveis por domicílios do sexo
feminino) – Figura 7. 13 e faixa etária, escolaridade e renda – Figura 7. 14.

Figura 7. 13. Percepções de perigo, segundo o grau de risco de: (a) inundações e (b)
escorregamentos, de acordo com o sexo dos entrevistados.

202
Figura 7. 14. Percepções de perigo, de acordo com o grau de risco de inundações e
escorregamentos segundo as características de: (a) e (b) faixa etária; (c) e (d)
escolaridade; e (e) e (f) rendimento mensal.

Também foi feita a análise sobre as questões relacionadas ao tempo de


moradia no lugar, a fim de testar a hipótese H(3) – O tempo de residência no lugar e a

203
proximidade aos familiares contribuem para uma maior capacidade das pessoas para se
adaptarem a uma situação ou iminência de um perigo/desastre.

Esperava-se nessa análise, especialmente em relação ao tempo de moradia,


verificar se o tempo vivido na mesma residência atribuía uma percepção mais
acentuada sobre os riscos, partindo do pressuposto de que quem vive na região há
muito tempo teria alguma memória sobre as situações de riscos vividas. Todavia, os
resultados também indicaram situação semelhante à relação entre o perfil
socioeconômico e a percepção dos riscos de escorregamentos e inundação, sendo que
a maioria dos entrevistados classificou o risco como baixo – Figura 7. 15.

Todas as faixas de tempo de moradia mantêm uma tendência de resposta


dos entrevistados para o baixo risco de inundações ou de escorregamentos – Figura 7.
15c e Figura 7. 15d, tanto daqueles que sempre viveram na moradia quanto para os
que haviam se mudado recentemente para o bairro ou cidade (Figura 7. 15e e Figura
7. 15f).

Em relação à religião, como visto na seção 7.1. PERFIL DOS MORADORES EM

SITUAÇÕES DE RISCO GEOLÓGICO/HIDROLÓGICO (p. 181), a grande maioria dos entrevistados


é católica ou evangélica, seguida daqueles que não têm religião. Essa proporção se
mantém sobre a percepção do grau de riscos, mas com a tendência de resposta para o
baixo risco (1) – Figura 7. 15a e Figura 7. 15b.

204
Figura 7. 15. Percepções de perigo de acordo com o grau de risco de inundações e
escorregamentos segundo as características de: (a) e (b) religião; (c) e (d) tempo de
moradia; (e) e (f) se sempre morou na mesma residência.

O que ocorre, muitas vezes, é que os indivíduos e a própria política têm


uma memória ‘curta’ 67 (UNISDR, 2004) acerca dos desastres de grande magnitude, o

67A memória ‘curta’ refere-se aos aspectos institucionais ou governamentais para dar resposta aos desastres
somente em situações emergenciais. Quanto aos indivíduos, é preciso relativizar, uma vez que há diversos

205
que explica [em parte] porque as mudanças efetivas ocorrem, normalmente,
imediatamente após o evento – caracterizando, portanto, uma gestão de risco de
desastres corretiva (e menos prospectiva). Keefer et al. (2010), analisando os
impactos de terremotos sobre a população e as políticas de prevenção, argumentam
que a mortalidade de evento pós-sismos tende a ser menor em países que sofrem com
terremotos, e, por outro lado, maior onde os terremotos ocorrem raramente, porque
(i) o evento ‘inesperado’ e para o qual não há um precedente histórico, a população
frequentemente não se encontra preparada para dar respostas (UNISDR, 2011), (ii)
nos países onde ocorrem terremotos com pouca frequência, os governos são menos
propensos a encontrar incentivos políticos para investir em gestão de risco de
desastres.

Essa situação exemplificada sobre os riscos de terremotos, embora


distante da realidade da zona costeira da UGRHi-3 – Litoral Norte – quanto ao tipo de
perigo, permite refletir sobre as ações para a redução de riscos e da vulnerabilidade
no contexto de mudanças climáticas: esperar por mais um evento de magnitude igual
ou superior ao desastre de 1967 (Caraguatatuba), ou partir do princípio de precaução
com medidas associadas à melhor distribuição socioespacial da população no
território, considerando as especificidades sociais e as questões ambientais e
geológicas, além da articulação de diferentes instrumentos de ordenamento
territorial.

7.3.2. Como os riscos são enfrentados

Na seção anterior (7.3.1. Como os riscos são percebidos, p. 199) foi


verificado constatado que não há relação direta entre o perfil socioeconômico e o
tempo de moradia sobre como as pessoas percebem os riscos (por exemplo,
independentemente do perfil dos entrevistados, a maioria considera que não vive sob
situação de perigo ou risco).

trabalhos que têm apontado para os traumas vividos pela sociedade diante de desastres (ver VALENCIO et tal.,
2009; SIENA, 2009) e que, muitas vezes, fica em situações de abandono (VALENCIO et al., 2011).

206
Buscando compreender melhor como é que as condições ou situações
contextuais dos entrevistados poderiam influenciar as estratégias de adaptação (ou
não), foram analisadas as respostas dos entrevistados segundo alternativas como: o
que faria em relação a sua moradia ou residência em que vive [em uma situação de
risco] e a quem pediria ajuda [em caso de perigo iminente].

Questionados sobre o que impediria [os entrevistados] de mudar de lugar


de moradia para outro mais seguro, 45,2% (413 pessoas) atribuíram como muito
importante (5) ou ‘restritivo’ não ter dinheiro para comprar outro imóvel, enquanto
23,3% (213 pessoas) responderam como pouco importante para sua estratégia de
adaptação ante a um perigo.

Já o aluguel mais alto em outros locais impediria 34,4% dos entrevistados


(314) de se mudarem para um lugar mais seguro, enquanto para 26,9% (246 pessoas)
não seria um fator que atribuiriam como impeditivo de se mudar, em caso de
exposição ao risco.

Na verdade, analisando em conjunto as questões sobre adaptação aos


riscos e com base em observações em campo, a tendência das respostas aponta para
as pessoas permanecerem no lugar onde vivem: 48,9% dos entrevistados (447
pessoas) responderam que gostam de viver no local, apesar do risco; um pouco
mais da metade (54,5%, 498 pessoas) disse que deixaria nas mãos de Deus [em
uma situação de perigo iminente] – Figura 7. 16.

207
Figura 7. 16. Percepções e estratégias de adaptação aos riscos. O que impediria o
entrevistado de mudar de lugar de moradia para outro mais seguro? (a) não tenho
dinheiro para comprar outro imóvel; (b) o aluguel em outros locais é mais caro; (c)
gosto de morar aqui, apesar do risco; (d) deixo nas mãos de Deus.

Essas observações não podem ser generalizadas para a UGRHi-3 – litoral


norte como um todo. Em campanhas de campo, foi frequente ouvir dos entrevistados
que, se tivessem condições financeiras, já teriam se mudado de sua atual residência –
embora essa opção tenha sido manifestada por um número menor em relação às
pessoas que prefeririam permanecer no local onde vivem (ver Figura 7. 16c):

208
‘[...] eu já teria saído se tivesse condição [...]’
(entrevistado sobre ‘o que o impediria de mudar caso
houvesse algum tipo de risco’, Caraguatatuba,
3/12/2012).

Por outro lado, há aqueles que optam por permanecer no local pelo vínculo
afetivo ao lugar, ou porque [as pessoas] não consideram um risco tão grave,
‘aceitando’ 68 viver no local e dispostas a enfrentar o perigo quando alguém de fora
avisá-las:

‘[...] os riscos não são tão grandes [...] mas não deixaria
nas mãos de Deus [diante uma situação de perigo]’
(entrevistado, sobre ‘o que o impediria de mudar caso
houvesse algum tipo de risco’, Ubatuba, 29/10/2012).

‘[...] não vejo risco, mas, se alguém tivesse certeza do


risco, com certeza iriam me avisar e eu sairia correndo’
(entrevistada sobre ‘o que o impediria de mudar caso
houvesse algum tipo de risco’, Caraguatatuba, em
03/12/2012).

Em análises preliminares realizadas em campo no período de 2011 a 2012,


foi possível observar que as pessoas frequentemente entregariam suas vidas a Deus
em uma situação que elas considerassem que não poderiam controlar. Entretanto, não
pode ser afirmado que uma religião específica (católica, evangélica, espírita ou outra)
atribua maior ou menor grau sobre a ‘estratégia’ de deixar nas mãos de Deus. O que
está por trás dessa situação talvez seja uma negação do perigo real (de
escorregamentos, inundação, erosões costeiras ou outros) e entrega ao divino, devido
68Um caso de ‘aceitação’ de risco foi observado por Santos e Marandola Jr. (2012), na região do entorno do
Terminal Aquaviário de São Sebastião (TEBAR). Apesar de os autores analisarem as situações de riscos
tecnológicos (associados à indústria de petróleo), eles relatam que alguns entrevistados, que moravam há mais de
60 anos no local onde presenciaram os acidentes anteriores, nos dias de hoje acreditam que já não há mais
problemas em viver próximo ao terminal, portanto, sua percepção é de que é seguro viver no entorno. Além disso,
os autores relatam que se uma dessas entrevistadas estivesse em uma situação de perigo, em que tivesse que
deixar sua residência, recorreria a seus próprios bens, se fosse o caso se hospedaria em algum hotel e, em último
caso, recorreria à sua família (no caso, uma filha) – ver Santos e Marandola Jr. (2012).

209
à ausência de alternativas de alguns grupos de moradores (ou sociais) para viver no
espaço urbano com mínimas condições adequadas. Frequentemente, esses grupos são
aqueles que vivem nas periferias das cidades e/ou em condições de alta
vulnerabilidade social, resultado de um mercado imobiliário [associado, muitas vezes,
a uma fraca governança (UNISDR, 2009; 2011)] que privilegia aqueles com maior
poder aquisitivo em áreas apropriadas para ocupação, enquanto desfavorece a
ocupação dessas áreas aos grupos sociais menos capitalizados, como visto
anteriormente nas seções 4.2.1. A UGRHi-3 – litoral norte (p. 95) e 6.2.
VULNERABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL: ASPECTOS DE UM DESENVOLVIMENTO DESIGUAL (p. 174).

O que ocorre, muitas vezes, é que após o evento concretizado


(escorregamento ou inundação), os moradores retornam 69 para suas antigas moradias
para reconstruí-las, por motivos que vão de opções restritas de se obter uma nova
moradia até o vínculo com o lugar onde se construiu todo o cotidiano do morador (ver
VALENCIO et al., 2009) ou sua identidade histórico-cultural (VEYRET, 2007; BIZELLI;
ALVES, 2011).

‘[...] quando eu era pequena teve um deslizamento que


minha família teve que se mudar e ficar fora por um ano
[depois voltaram...].’ (entrevistada sobre ‘o que a
impediria de mudar caso houvesse algum tipo de
risco’, Ubatuba, 4/12/2012).

Os entrevistados, quando perguntados sobre a quem pediriam ajuda em


caso de perigo iminente, apontaram família (53,7%, 491 pessoas) e defesa civil
(50%, 457 pessoas) como muito importante (5) – Figura 7. 17a e Figura 7. 17d.

Por outro lado, a igreja, a prefeitura e a vizinhança tiveram o percentual de


respostas dividido entre os que consideram pouco importante (1) procurá-las em
situações de emergências relacionadas a um perigo geológico-hidrológico (36%, 329

69Em 1981 um morador de Petrópolis (região Serrana do Rio de Janeiro) tentou salvar vidas durante um episódio
de chuvas intensas e consequentes deslizamentos [...] e passados 32 anos, perdeu sua família em um deslizamento
no mesmo lugar. Disponível em: <http://extra.globo.com/noticias/rio/heroi-no-resgate-de-vitimas-das-chuvas-
em-1981-perde-familia-em-deslizamento-no-mesmo-lugar-em-petropolis-7910278.html#ixzz2P8KBDXXf>.

210
pessoas; 30,4%, 278 pessoas; 29,5%, 270 pessoas, respectivamente) ou muito
importante (5) (30,6%, 280 pessoas; 38,9%, 356 pessoas; 33,3%, 304 pessoas) –
Figura 7. 17.

Embora haja certa descrença nas ações da prefeitura e dos moradores


vizinhos:

‘[...] essa é a resposta que não tenho! Recorreria aos


amigos de outros bairros’ (entrevistado sobre ‘[...] em
caso de ocorrência de risco geológico-hidrológico [...], a
quem você pede ajuda?’, Caraguatatuba, 3/12/2012).
Em campo, foi observado que a família tem presença marcada no cotidiano
dos entrevistados, com um papel importante para ações coletivas em momentos de
crise – em especial porque 67,5% dos entrevistados tem algum grau de parentesco em
sua vizinhança. Por exemplo:

‘[...] quando aconteceu o alagamento, foram os vizinhos


que ajudaram’ (entrevistado sobre ‘[...] em caso de
ocorrência de risco geológico-hidrológico [...] a quem
você pede ajuda?’, Ubatuba, 18/11/2012).

Esses resultados são indicativos de uma capacidade para ações coletivas


entre a família e a vizinhança (18% do total de entrevistados – 165 pessoas,
responderam que há um grau muito alto de união entre a vizinhança e a busca da
família para ajudar em caso de perigo iminente).

Retomando uma das hipóteses levantadas nesta pesquisa: H(3) – O tempo


de residência no lugar e a proximidade aos familiares contribuem para maior
capacidade das pessoas para se adaptarem a uma situação ou iminência de um
perigo/desastre, pode-se apontar que há uma situação favorável para estruturar a
capacidade adaptativa da população exposta aos riscos.

Entretanto, são ainda incipientes as ações individuais efetivas de redução


ou adaptação aos riscos de desastres. Ainda que exista uma memória coletiva do
desastre de 1967, a cultura de prevenção ou de defesa civil ainda se encontra em

211
construção – apesar de, desde 2011, importantes instrumentos de defesa civil, como a
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDC, 2012, por exemplo, o art. 6°,
parágrafo XIII: ‘apoiar a comunidade docente no desenvolvimento de material didático-
pedagógico relacionado ao desenvolvimento da cultura de prevenção de desastres’) e o
Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e de Redução de Riscos
Geológicos (PDN, 2011), virem subsidiando ações de prevenção voltadas para a
comunidade afetada, com diretrizes orientadas para o desenvolvimento de uma
cultura de defesa civil, além de importantes trabalhos acadêmicos que têm buscado
uma interface com a comunidade em áreas de risco (ver OLIVATO, 2013, em estudo
sobre a bacia hidrográfica do rio Indaiá, em Ubatuba).

212
Figura 7. 17. Percepções e estratégias de adaptação aos riscos. A quem pediria ajuda
em caso de perigo iminente? (a) família; (b) vizinhos; (c) igreja; (d) defesa civil; ou (e)
prefeitura.

213
7.4. PERCEPÇÕES SOBRE GOVERNANÇA E COMUNICAÇÃO DOS RISCOS

Em relação aos aspectos do tema de governança e comunicação dos riscos


(IV), foram realizadas perguntas aos entrevistados como: (a) qual é a
responsabilidade das instituições ou grupos (poder público, acadêmica, terceiro setor
e indivíduo) para evitar os problemas de inundação, escorregamento e processos do
meio físico associados à linha costeira (erosões costeiras, ressacas do mar e elevação
do nível do mar); (b) qual o meio de comunicação mais importante para receber
informações sobre os perigos e riscos.

As instituições e/ou grupos citados pelos entrevistados, em ordem


decrescente, como ‘muito importante’ (5) para se responsabilizar pela redução de
perigos/riscos foram: a si próprios e a toda a população (63,5%, 580), seguidos da
prefeitura (60,3%, 551) e governo estadual (50,4%, 461) – Figura 7. 18. As
universidades e as ONGs têm pouca importância (1) como responsáveis para evitar os
riscos, segundo os entrevistados (respectivamente, 42,7%, 387 pessoas; e 41,2%, 377
pessoas).

214
Figura 7. 18. Percepções e governança dos riscos. Quem é o maior responsável para
evitar os riscos? (a) governo estadual; (b) prefeitura; (c) universidade; (d) ONGs; (e)
você e toda a população.

215
Algumas considerações que podem ser feitas à luz desses resultados: (i) as
respostas dos entrevistados sobre colocarem responsabilidade em si próprios para
reduzir ou evitar os problemas sugerem que existe um certo envolvimento da
população para agir diante dos riscos a que está exposta. Entretanto, alguns relatos
dos entrevistados sugerem que não saberiam o que fazer para evitá-los ou reduzi-los:

‘[...] tenho responsabilidade [e toda a população] para


evitar os riscos, mas não saberia fazer nada [...]
(entrevistado sobre ‘[...] qual é a responsabilidade que
você atribui as instituições [...] para EVITAR os riscos?’,
Caraguatatuba, 23/11/2012).

Renn (2011) argumenta que existe um ‘vazio’ entre o que se espera de si e


a ação concreta para agir na atenuação dos riscos associados às mudanças climáticas.
O autor aponta que há uma sobrecarga de diferentes incentivos (às vezes
contraditórios) para instigar uma ação efetiva de redução dos riscos e que é
necessário, portanto, que esses incentivos sejam direcionados para engajar ou
mobilizar a população. Portanto, parte da resposta ‘não saberia fazer nada [para evitar
os riscos]’ talvez esteja associada aos diferentes estímulos, mas também à falta de um
plano ou programa para o engajamento do público associado às situações de risco na
região da UGRHi-3 – litoral norte (ver DI GIULIO; FERREIRA, 2013).

Em relação à atribuição de pouca importância para as universidades como


responsáveis por contribuir na redução dos riscos, (ii) os resultados sugerem que,
pelo menos para a população afetada em áreas de risco, as pesquisas acadêmicas não
fazem um diálogo participativo e mais próximo de seus sítios de estudos, não
aparecendo como destaque nas respostas dos entrevistados. Di Giulio e Ferreira
(2013), em um estudo sobre governança do risco na região do litoral norte paulista
com base em métodos participativos (grupos focais e workshop interativo), apontam
para dificuldades de diálogo principalmente entre pesquisadores e técnicos, além da
ausência de informação sobre os resultados de pesquisas para a comunidade em geral.

216
Não obstante, é importante diferenciar qual a responsabilidade e o papel
dos tomadores de decisão e qual o papel da universidade – esta, voltada para a
produção científica e avanço do conhecimento – para reduzir os riscos. Mas há uma
importante contribuição que a universidade pode desempenhar por meio de
pesquisas participativas, como um modelo alternativo para construção da confiança,
de um objetivo comum, e de motivação entre os grupos sociais para que possam
definir sua própria vulnerabilidade, usando métodos relativamente simples (tais como
cartografia social e grupos focais) como forma de auto-avaliação da comunidade,
chamado por Wisner (2009) de uma gestão de desastres baseada na comunidade por
meio de uma pesquisa-ação participativa (da sigla em inglês, PAR – participatory
action research).

Em relação à comunicação dos riscos – no sentido de tomar conhecimento


sobre os riscos –, claramente a televisão é o meio de comunicação mais utilizado pelos
entrevistados para receber informações sobre as mudanças climáticas e os riscos,
sendo considerada de importância muito alta (5) – um pouco mais de ¾ (ou 687
pessoas). A internet, o rádio e o jornal impresso aparecem divididos como meio
preferido entre os entrevistados, que os consideram de pouca importância (1) e
importância muito alta (5), respectivamente: internet, 36,8% e 39,7%; rádio, 31,8% e
35,3%; e o jornal impresso, 33% e 33,3%. A audiência pública como estratégia de
comunicação de riscos aparece com maior percentual de entrevistados que
responderam que representa pouca importância (1) (46%, 420 pessoas) para
informar sobre os efeitos das mudanças climáticas – Figura 7. 19.

Segundo Santos (2012), a comunicação de risco é um processo de troca de


informações entre diferentes indivíduos, grupos e instituições envolvidos direta ou
indiretamente com o risco. É um processo importante na conscientização e na
sensibilização pública, por meio da difusão de informações através dos meios de
comunicação, campanhas educativas, criação de centros de informação, instituição de
redes sociais, desenvolvimento comunitário e ações participativas.

217
Os resultados sobre o tema de comunicação de riscos mostram apenas os
meios de comunicação mais utilizados pelos entrevistados para receber informações
sobre as mudanças climáticas e, por outro lado, destacam trabalhos de Di Giulio e
Ferreira (2013) e Olivato (2013) com aplicação de métodos de pesquisa participativos
com a comunidade ou grupos sociais, servindo de elo de comunicação entre a pesquisa
acadêmica e a comunidade.

218
Figura 7. 19. Percepções e comunicação dos riscos. Para receber informações sobre
as mudanças climáticas e os riscos, qual é o grau de importância atribuído aos
seguintes meios de comunicação: (a) televisão; (b) rádio; (c) jornais (impresso); (d)
internet; (e) audiências públicas.

219
220
CAPÍTULO 8. CONSIDERAÇOÕES PARA A ANAÁ LISE DA VULNERABILIDADE E
AÇOÃ ES DE REDUÇAÃ O DE RISCOS E DESASTRES

8.1. A ABORDAGEM MULTIESCALAR: IMPLICAÇÕES PARA A ANÁLISE DA VULNERABILIDADE

Para trazer algumas reflexões sobre os desafios e as perspectivas de uma


abordagem multiescalar, é necessário retomar a diferenciação sobre escalas e níveis
feita no início deste documento (seção 1.4.1. Escalas, p. 20): as escalas podem ser
definidas como aquelas que medem um determinado fenômeno, no caso, os riscos e a
vulnerabilidade. Os níveis podem ser considerados como unidades de análise que
variam no interior de cada tipo de escala (espacial, temporal e assim por diante – ver
GIBSON et al., 2000; FEKETE et al., 2009).

A proposta de abordagem multiescalar nesta pesquisa se baseou na


necessidade contextualizar cada análise em determinada escala – diversos autores
têm mostrado a importância da contextualização de indicadores e de análise,
sobretudo em pesquisas ou abordagens que partem do pressuposto multiescalar (ver
BIRKMANN, 2007; FEKETE et al., 2009).

De acordo com Birkmann (2007), tratando-se de medir o risco e a


vulnerabilidade, ‘contextualizar’ implica duas grandes questões: (1) como
operacionalizar e traduzir o conceito de risco e vulnerabilidade em medidas ou
aproximações quantitativa e qualitativa e (2) como projetar e ajustar as ferramentas
de medição para funções específicas (por exemplo, identificação ou avaliação de riscos
de desempenho de gestão de risco) e para um alvo específico de grupos (por exemplo,
gestores de desastre ou planejadores urbanos).

Nesse contexto, a pesquisa teve como base: (i) o objeto estudado – os


perigos e riscos de natureza geológica-hidrológica no contexto das mudanças
climáticas; (ii) os dados disponíveis e utilizados para capturar o objeto de estudo; e
(iii) as simplificações e incertezas associadas a cada método dentro da abordagem
multiescalar. Foi nesse sentido que foram propostos métodos ou dados diferentes
para analisar:

221
(a) exposição aos perigos (Atlas de Desastres, produzido pelo CEPED, 2011,
da UFSC, no período de 1990 a 2010), indicando quais eram os principais perigos
encontrados no estado de São Paulo – as inundações foram os tipos de perigo mais
recorrentes. Com o ‘olhar’ na zona costeira paulista, verificou-se que a escala e o tipo
de dado podem implicar na observação dos fenômenos contextualizados. Foi com base
em dados do IPT de riscos geotécnicos (IPT, 1994; em escala 1:500.000) que foi
observado que os principais perigos e riscos estavam associados a escorregamentos.
Todavia, se analisado nos níveis das Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, como uma aproximação das unidades de planejamento de bacias
hidrográficas, foi observado que eles variam de região para região (por exemplo, a
UGRHi-11 – litoral sul é mais afetada por riscos associados a inundações, recalques do
solo ou erosões costeiras em relação à UGRHi-7 – baixada santista e UGRHI-3 – litoral
norte).

Também há variação de município para município. E, para esta análise, o


uso de dados do Censo Demográfico de 2000-2010 – em particular o Índice Paulista de
Vulnerabilidade Social (IPVS) –, além da grade regular como agregação de microdados
do Censo, foi fundamental para identificar quem (pessoas) estava mais exposto a esses
tipos de perigo e risco.

Essa abordagem, foi tratada na pesquisa como (b) a vulnerabilidade como


‘resultado/produto’ (proposta por O’BRIEN et al., 2004; 2007; 2013), isto é, identificar
onde estão as áreas mais críticas ou frágeis sujeitas a riscos de escorregamento,
inundação ou subsidência dos solos e em que situações há maior ou menor
vulnerabilidade frente as esses riscos. Para essa avaliação, a análise conjunta de dados
quantitativos de mudanças de cobertura e uso da terra (1990-1999-2010) – em escala
1:100.000 – e do Censo Demográfico (2000-2010, em escala dos setores censitários,
aproximadamente 1:50.000) foi essencial para contextualizar o processo de transição
de classes de cobertura e uso da terra para manchas urbanas no litoral norte paulista
(UGRHI-3), para dar fundamento à discussão do processo de ocupação do território e
das características sociodemográficas da população. Nessa análise, para buscar

222
reduzir as incertezas e as limitações de dados [riscos geotécnicos] em escalas como a
1:500.000, foram utilizados mapeamentos de risco em escala 1:3.000 (IG/SMA, 2006;
UNESP, 2006; IPT, 2010) e pesquisas bibliográficas sobre o fenômeno analisado na
área de estudo. Como em todo downscaling desta pesquisa (do regional para o local),
há a inerente limitação e incerteza da escala do dado para representar o objeto
estudado e para contornar essas limitações, sempre que possível foram utilizadas
informações levantadas em campo.

O foco da campanha de campo pode ser explicitado na aplicação do


levantamento/survey de percepção de riscos (c), que consistiu na análise da
vulnerabilidade contextual (ver O’BRIEN et al., 2007; 2013; BIRKMANN, 2007). Foi a
partir dessa análise local, ou do lugar onde vivem as pessoas em situações de riscos,
que foi possível buscar algumas aproximações sobre como as pessoas percebem e
enfrentam os riscos a que estão expostas.

A abordagem multiescalar permitiu analisar a vulnerabilidade como um


processo, oferecendo análises que contribuíram para preencher as lacunas entre os
conceitos teóricos e operacionais de vulnerabilidade. Todavia, como mencionado
anteriormente, foram necessárias simplificações e recortes espaciais e temporais,
gerando em todo o processo da análise incertezas inerentes aos dados utilizados e aos
métodos adotados – ver Figura 8. 1.

223
Figura 8. 1. Diagrama da abordagem multiescalar da vulnerabilidade: escalas espacial
e temporal e aspectos da análise da vulnerabilidade como resultado ou outcome e
contextual.

A combinação de diferentes dados e métodos de dados permitiu a


integração de características quantitativas e qualitativas de vulnerabilidade. Parte das
informações, sempre que possível, foi organizada em um ambiente de SIG, resultando
em mapas temáticos. Para reduzir a simplificação analítica dos mapas como
representações estáticas ou apenas um retrato de um dado fenômeno no espaço e no
tempo (ver críticas de FEITOSA; MONTEIRO, 2011; VALENCIO et al., 2009; VALENCIO,
2010; SIENA, 2011), a análise foi feita temporalmente entre 1990-2010 (de acordo
com a disponibilidade dos dados). Além disso, a aplicação de questionários serviu de

224
análise para a vulnerabilidade segundo o perfil de grupos sociais específicos,
permitindo identificar características e fenômenos mais adequados para representar a
capacidade de enfrentamento de elementos expostos a escorregamentos e inundações
no nível local.

Nesse aspecto, ressalta-se que tal integração não consistiu em utilizar uma
única abordagem (universal), mas um conjunto de métodos de disciplinas distintas,
para uma abordagem complementar. Se, por um lado, a ausência de uma abordagem
universal da vulnerabilidade reduz as comparações significativas de avaliação de
vulnerabilidade, por outro, contribui para reconhecer a utilidade de se aproximar a
vulnerabilidade a partir de diferentes perspectivas (O’BRIEN et al., 2013).

Os resultados deste trabalho, baseados em dados do meio físico e


sociodemográficos, além de dados de campo de percepção de riscos, à luz das
recomendações de Birkmann (2007), ratificam alguns apontamentos sobre a análise
da vulnerabilidade: (a) implicações da escala necessitam de mais atenção e
documentação no âmbito dos estudos de vulnerabilidade; (b) desenvolvimento de
diretrizes ou protocolos sobre a estrutura teórica e aplicada da vulnerabilidade de
forma integrada, ainda que haja métodos com enfoques epistemológicos diferentes, há
pontos de convergência que devem ser ressaltados – no caso da pesquisa, buscou-se
integrar os conceitos da vulnerabilidade como resultado ou outcome e contextual para
uma análise multiescalar de complementaridade; (c) a seleção do nível espacial de
análise, muitas vezes sendo limitada pela disponibilidade de dados, mas que também
pode ser explorada pelo nível de tomada de decisão (por exemplo, bacias
hidrográficas) e, por fim, (d) deve-se dar mais peso ao desenvolvimento de um quadro
teórico sólido que inclui uma estrutura explícita da escala, do que a soluções de
natureza técnica.

Apoiando-se em argumentos de Gibson et al. (2000), a escala e o nível


oferecem análises que contribuem para identificar padrões, porém, não os explicam e

225
muito menos oferecem uma análise que permita concluir causa e efeito da
vulnerabilidade.

A pesquisa de caráter interdisciplinar, dadas às dificuldades intrínsecas de


integração de dados e métodos de diferentes ciências, deve, sempre que necessário,
buscar ser transparente na descrição de conceitos e abordagens adotadas. Fekete et al.
(2009) consideram de fundamental importância a atividade mencionada para
operacionalizar, de forma integrada, medidas quantitativas e qualitativas, que têm sua
própria lógica subjacente em relação a escalas, estrutura e teoria. Esse entendimento
busca fundamentalmente apoiar uma melhor integração dos processos físicos e
modelos sociais. Especialmente nas abordagens multiescalares, essas implicações [da
escala] são cruciais para a análise da vulnerabilidade, necessitando maior clareza
terminológica e conceitual (ver FEKETE et al., 2009; FERREIRA, 2012; SAITO, 2011).

Portanto, a análise da vulnerabilidade, sobretudo se considerado o


contexto das mudanças climáticas e ambientais, deve sempre que possível, buscar a
articulação e a integração das diferentes disciplinas e, a análise multiescalar ou cross-
scale, surge como um potencial instrumento para a pesquisa interdisciplinar.

Entretanto, como observado nos trechos acima mencionados, deve haver


também um rigor na descrição de suas limitações (ou de vantagens e desvantagens)
de se utilizar um método em detrimento de outro – não foi objeto de análise nesta
pesquisa comparar os métodos e suas implicações, mas possivelmente a presente
análise permita que sejam explorados novos encaminhamentos e enfoques nessa
direção.

Segundo Cash et al. (2006), o caminho do meio [‘middle path’]


considerando múltiplas escalas e níveis, é muito mais difícil, mas, por outro lado,
necessário. Para a análise de vulnerabilidade não deve ser diferente, sobretudo
quando ela é entendida como um processo.

226
8.2. GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRE: ANTIGOS DILEMAS E PERSPECTIVAS NO CONTEXTO DE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Ao caracterizar e analisar as situações de risco e vulnerabilidade na zona


costeira de São Paulo, tanto na escala regional para o litoral paulista, baseada no
método de grades regulares (grade sociodemográfica), quanto na escala regional-
local, com o método baseado em recortes por setores censitários em municípios e sub-
bacias do litoral norte, foram observados alguns aspectos em comum: pessoas
afetadas por perigos/riscos de escorregamento e inundação vivem diariamente os
problemas ‘antigos’: falta de infraestrutura de saneamento, habitações inadequadas e
acesso limitado aos serviços de saúde. Essas pessoas ou grupos sociais estão
presentes em quase toda a extensão da zona costeira paulista, especialmente aqueles
que vivem em áreas de encostas de alta declividade ou nas proximidades de rios (os
potenciais riscos de inundação) ou em áreas periféricas das cidades ou dos centros
urbanos. Essa situação (risco extensivo) é muitas vezes relacionada a uma
combinação de fatores, incluindo declínio nos serviços de regulamentação prestados
pelos ecossistemas, manejo inadequado da água, uso dos solos, migração rural-
urbana, crescimento urbano não planejado, expansão dos assentamentos informais
em áreas de planície de inundações e subinvestimentos em infraestrutura de
drenagem (UNISDR, 2009; IOM, 2010).

Essa conjuntura se repete no Brasil e em vários países da América Latina


(NARVÁEZ et al., 2009, UNISDR, 2009.) ou em países em desenvolvimento (UNISDR,
2004; 2009, 2011; 2012a), ampliando a vulnerabilidade social dos grupos sociais em
eventos relacionados a perigos associados a escorregamento, inundação, subsidência
ou recalque do solo ou erosão costeira. De acordo com Valencio (2010; 2012) e
Valencio et al. (2011), a pobreza multidimensional é um desastre social que,
historicamente, é ‘naturalizado’, com a banalização da morte, do desaparecimento de
corpos e de pessoas sob escombros, sendo tratada como parte do cotidiano comum.

227
Esse problema, especialmente em época de desastres, requer foco no
processo de planejamento ou ordenamento do território coletivo para efetivamente
promover interações e relações que permitam troca de conhecimentos, formação
conjunta e avaliação da capacidade expandida, apoio mútuo, bem como se
comprometer com a atualização contínua da socialização de informações sobre riscos
de desastre (QUARANTELLI, 2005).

Alheiros (2011) apontou que a existência de moradias insuficientes para a


população de baixa renda, associada a uma falta de controle urbano sobre a ocupação,
encontra seu principal entrave na resistência da administração pública – em diversos
níveis – a exercer, com eficiência e competência, seu papel de regulação técnica no que
se refere ao uso e à ocupação do território.

A falta de articulação entre os instrumentos de ordenamento territorial,


associada a uma fraca governança, tem resultado em ações voltadas mais para uma
situação de emergência (muitas vezes corretivas e pós-desastre) do que para uma
gestão de riscos orientada pela prevenção e preparação. De fato, ainda não há uma
preparação efetiva para responder aos efeitos de um possível aumento de eventos
climáticos extremos, embora existam importantes instrumentos da Defesa Civil: Plano
Preventivo de Defesa Civil (Plano Preventivo de Defesa Civil – PPDC) ou planos de
risco do município (para mais detalhes sobre a internalização das políticas públicas
sobre mudanças climáticas na costeira zona de São Paulo, ver MARTINS; FERREIRA,
2011; FERREIRA et al., 2011; BARBI; FERREIRA, 2013).

O tema da dinâmica de uso da terra tem sido cada vez mais importante
para entender melhor a trajetória e o histórico de ocupação do território, bem como
as dinâmicas sociais e culturais envolvidas no processo de transformação da paisagem
para uma eficaz redução do risco de desastres. Nesse sentido, os instrumentos de
ordenamento territorial podem ser úteis para a gestão de riscos e redução da
vulnerabilidade, particularmente em áreas de rápido crescimento urbano (UNISDR,
2004; 2011), ou de transformações ambientais, como é o caso da região analisada.

228
Além disso, há uma necessidade da gestão do risco de desastres para reconhecer as
relações entre o crescimento populacional, as exigências físicas de assentamento
humano, o planejamento e a economia do uso mais adequado da terra disponível
(UNISDR, 2004).

A realidade de muitas cidades brasileiras indica situações de pessoas


localizadas em áreas de potenciais riscos de escorregamento ou de inundação.
Embora esse processo seja independente dos efeitos das alterações climáticas, as
mudanças climáticas têm aumentado o nível de risco e o número de pessoas em risco
(HUQ et al., 2007; UN-HABITAT, 2011). A mudança climática pode dar ênfase e
ampliar esses problemas ‘antigos’ (a vulnerabilidade social, a pobreza, as pessoas que
carecem de serviços básicos), e as ações para reduzir os impactos devem ser
realizadas.

Analisando em termos de políticas de gestão de riscos de desastre no


contexto brasileiro, os resultados do IBGE (2014) sobre o perfil dos municípios
brasileiros indicam que 66,9% dos municípios não possuíam nenhuma medida ou
instrumento de gerenciamento de risco de desastres decorrentes de enchentes ou
inundações graduais, ou enxurradas ou inundações bruscas. E 78,9% não
dispunham de qualquer medida ou instrumento de gerenciamento de risco de
desastres decorrentes de escorregamentos ou deslizamentos de encostas (IBGE,
2014, p. 105). Todavia, num olhar mais aprofundado para a região de estudo – zona
costeira de São Paulo, em específico a UGRHi-3 (litoral norte), observam-se
perspectivas positivas na busca de integração e articulação de diferentes
instrumentos de gestão nos últimos dez anos, com perspectivas de médio a longo
prazo.

A Tabela 8. 1 ilustra os importantes instrumentos de políticas públicas e


programas e as possibilidades de aplicação de métodos ou estratégias à luz dos
resultados desta pesquisa.

229
Tabela 8. 1. Políticas públicas para a redução de riscos de desastres: oportunidades para a integração de instrumentos de
planejamento ou de gestão.
Nível Federal Objetivos Possíveis aplicações
Lei federal (n°. 12608/2012) - Ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e (1) Possibilidade de integração
Política Nacional de Proteção e recuperação para proteger civis, integrando as políticas públicas de ordenamento do de cartas de riscos com
de Defesa Civil (PNPDC) território, a saúde, o ambiente, as alterações climáticas para promover um desenvolvimento mapeamentos de cobertura e uso
sustentável da terra por grades regulares
Lei federal (n°. 12187/2009.) - Orientações para a adaptação: iniciativas e medidas para (2) Cruzamento de mapeamentos
Política Nacional de Mudanças
reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos para efeitos esperados da de riscos com survey de
Climáticas
mudança do clima percepção de riscos
Nível Estadual (regional) Objetivos Possíveis aplicações
Decreto Estadual (n°. 57512/2011.) - Ações para definir áreas prioritárias de deslizamento Idem (1)
Programa Estadual para
de terra, inundações, erosão e perigo de aluimento de terras para o mapeamento de áreas de
Prevenção e Redução de
riscos no estado de São Paulo; estratégias de uso da terra e planejamento ambiental para
Riscos Geológicos (PDN)
promover a ocupação adequada
Política Estadual de Mudanças Lei estadual (n° 13798/2009 -. Estado de São Paulo, objetivo de proporcionar as condições Idem (2)
Climáticas para as adaptações às mudanças climáticas
Decreto estadual (n°. 49215/2004.) - Instrumento de ordenamento do território. Atualmente Idem (1) e (2)
Zoneamento Ecológico-
em fase de atualização, incluindo abordagem de desastres naturais e riscos geológicos para
Econômico (ZEE)
zoneamento *
Nível municipal (local) Objetivos Possíveis aplicações
Planos Preventivos de Defesa (3) Uso de métodos baseados em
Evitar a ocorrência de mortes, com realocação preventiva e temporária da população em
Civil e planos de contingência pesquisas de campo sobre
áreas de risco (ações intensivas a cada verão)**
(PPDC) – regional/local percepção de riscos
A partir de 2004, foi iniciado o mapeamento das áreas de risco para reduzir, mitigar ou Idem (2) e (3)
Mapeamentos de riscos
eliminar o risco, além de apoiar as ações da Defesa Civil Municipal em situações de
geológicos
emergência**
As ações envolvem o treinamento dos funcionários da Prefeitura para preparação, prevenção Idem (3)
Plano Municipal de Redução
e gestão de riscos. O apoio financeiro a planos de redução de riscos, a compatibilidade com os
de Riscos (PMRR)***
programas de habitação de regularização fundiária ****

* Ferreira (2012). ** Brollo e Tominaga, 2012; Brollo et al. (2011; 2012); CEPED (2011). *** Apenas o município de Caraguatatuba
possui o PMRR. **** Carvalho e Galvão (2006); Marchiori-Faria e Santoro (2009).

230
Nesse quadro atual de instrumentos de gestão e ordenamento territorial
para a região de estudo, no contexto de cidades ‘resilientes’ (UNISDR, 2012b), há
alguns aspectos considerados essenciais que devem ter maior atenção: (1) incluir a
redução do risco de desastres em novas regulamentações de planejamento urbano,
planos e atividades de desenvolvimento; (2) instituir conselhos/comitês de gestão de
desastres dedicados à redução de riscos de desastre e engajar-se na consulta de
múltiplos lados interessados. Ou seja, criar espaços de diálogo entre tomadores de
decisão, pesquisa científica e, sobretudo, a sociedade; (3) promover a melhoria da
infraestrutura atenuante do perigo/risco; e (4) estabelecer programas de
educação/sensibilização/formação (por exemplo, avaliação de desastres nas escolas –
UNISDR, 2012c).

Considerando os desafios da gestão de risco de desastres, pode-se pensar


na necessidade urgente de articular a investigação científica e técnica com os
governos e as partes interessadas. Em primeiro lugar, essa articulação deve abordar
uma participação ativa dos governos (políticas públicas) na avaliação de problemas
relacionados aos desastres naturais e sociais. Em segundo lugar, uma interface em que
a pesquisa científica possa realmente contribuir para os gestores na tomada de
decisões. Obviamente, não é uma tarefa trivial, uma vez que a pesquisa técnico-
científica ainda enfrenta o desafio de avançar no desenvolvimento de métodos e
análises em múltiplas escalas e na integração entre os métodos tradicionais das
ciências sociais e naturais (ver ALVES 2012a, b).

Por outro lado, os governos ainda têm de avançar em uma gestão mais
eficiente entre as escalas regionais e locais para propiciar ações que favoreçam a
resolução de ‘antigos’ dilemas, como desigualdade social, serviços básicos
inadequados ou saneamento básico, ocupações irregulares em áreas de preservação
ambiental ou potenciais riscos de deslizamento de terra e áreas de inundação –
Figura 8. 2.

231
A comunicação de risco e a participação ou inclusão da sociedade civil para
combater os riscos climáticos e ambientais são essenciais no contexto da gestão de
risco de desastres (RENN 2008; 2011; MOSER; LUGANDA, 2006; MOSER, 2010a, b; DI
GIULIO; FERREIRA, 2013). A ausência de diálogo entre as políticas públicas e
comunidade/sociedade e de feedback sobre os problemas reais que afetam as
políticas e os instrumentos de gestão compromete os principais objetivos para reduzir
ou mitigar os riscos. A comunicação de risco deve ser uma estratégia de orientação e
capacitação da sociedade e, portanto, deve servir como um elo entre as políticas
públicas, a sociedade civil e a investigação científica, visando evitar os problemas que
hoje são vistos com frequência.

Figura 8. 2. Estrutura simplificada para a gestão do risco de desastres: articulação


entre a política pública, a pesquisa técnico-científica e a sociedade.

232
Os resultados colocam em perspectiva que os temas ‘perigo’, ‘risco’ e
‘vulnerabilidade’ requerem ser abordados sob alguns aspectos: (i) utilização de
indicadores geoespaciais (ou não) acompanhados de análise contextual para qualificar
os resultados de investigação; (ii) análise multiescalar para capturar o fenômeno em
diferentes escalas ou níveis de análise; (iii) utilização de diferentes metodologias e
abordagens ou métodos mistos (ver também MARANDOLA Jr. e D'ANTONA, 2014);
(iv) estudos e pesquisas colaborativas como estratégia de articulação pesquisa-
ciência, gestão e sociedade.

Além disso, o conhecimento e as ações de integração na gestão do risco de


desastres implica que as diferentes partes interessadas participem de um diálogo no
processo (GAILLARD; MERCER, 2012). Essa hipótese deve ser a base de uma
governança de risco (RENN, 2008).

Segundo Gaillard e Mercer (2012), integrando o conhecimento e as ações


na redução do risco de desastres, a melhoria requer três áreas-chave: necessidade de
ferramentas consensuais, estruturas práticas e mudança nas políticas nacionais. Do
ponto de vista da contribuição da investigação técnico-científica a partir do diálogo
entre a sociedade e a gestão pública, a participação das comunidades como líderes na
produção de pesquisas – bem como a investigação científica em colaboração (ver
WINOWIECKI et al., 2011) – pode ser uma estratégia interessante para a pesquisa
interdisciplinar, uma vez que envolve a participação da sociedade para estabelecer
uma sinergia que produza engajamento público e gestão eficaz de riscos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. PARA (NAÃ O) CONCLUIR: ALGUMAS


POSSIBILIDADES DE DIRECIONAMENTO DA PESQUISA

Este trabalho de pesquisa endereça questões relacionadas a perigos e


riscos de natureza geológica-hidrológica e vulnerabilidades sociais no contexto de
mudanças climáticas e de grandes transformações regionais no litoral de São Paulo.

233
Os resultados apontam para uma distribuição das áreas de riscos
geotécnico no litoral paulista, com análise enfatizada na UGRHi-3 (litoral norte de São
Paulo), classificados como ‘Muito Alta’ ou ‘Alta’ suscetibilidade a escorregamentos ou
inundações, sobretudo em áreas com acesso restrito da população aos serviços
públicos básicos, ou em condições precárias de moradia. Em particular, chama
atenção para situações de vulnerabilidade social, que têm se mantido ‘contínuas’ ao
longo de dez anos, associadas a um retrato de contrastes sociais e segregação
socioespacial, sem uma efetiva intervenção ou ação preventiva 70 para reduzir os
impactos ante a um perigo iminente de desastre.

Em última instância, os riscos associados aos eventos extremos climáticos


poderão atingir a todos, independentemente do status socioeconômico, e o que vai
diferenciar as suas consequências para cada indivíduo ou grupo serão as capacidades
de respostas aos riscos associados aos extremos climáticos. Desse modo, é cada vez
mais urgente as ações preventivas e um planejamento prospectivo como base para a
redução de riscos de desastre no contexto de mudanças climáticas. Na verdade, o que
tem-se observado são ações remediadoras de pós-evento aos ‘desastres’, e suas razões
vão desde um quadro insuficiente de equipes de defesa civil para atender toda a
extensão dos municípios até uma política institucional voltada mais para ações de
reconstrução do que de prevenção.

Essa realidade vem sendo modificada, com a implementação de políticas


públicas orientadas para a integração de instrumentos de gestão (tais como regras
para parcelamento de uso do solo, planos diretores, zoneamentos e mapeamento de
riscos). No entanto, ações que considerem também aspectos das mudanças climáticas
ainda são incipientes.

70 Os Planos Preventivos de Defesa Civil (PPDC), que funcionam durante o período de verão [dezembro a
fevereiro], visam atender a população no período que é reconhecidamente mais chuvoso. Entretanto, as ‘efetivas
intervenções ou ações preventivas’ aqui referenciadas, se relacionam a uma articulação entre os diferentes
instrumentos de planejamento urbano, a fim de reduzir os problemas já enfrentados pela população: distribuição
de água e esgoto adequada, coleta de lixo, planos de habitação em áreas geologicamente frágeis, e assim por
diante., prevenindo os possíveis danos para a comunidade em períodos de chuvas intensas.

234
Esta pesquisa buscou avançar nas discussões teóricas e metodológicas
sobre os riscos e vulnerabilidades, por meio de uma abordagem multiescalar,
identificando as áreas de riscos (geotécnicos) e as situações de vulnerabilidades às
mudanças climáticas e ambientais.

De forma resumida, uma das contribuições para desta pesquisa se refere à


espacialização dos dados/resultados 71, seja na abordagem da vulnerabilidade
como resultado – com a sobreposição de dados de riscos geotécnicos com a grade
sociodemográfica – ou na abordagem da vulnerabilidade contextual – com a
espacialização de entrevistas sobre percepção de riscos no litoral norte de São Paulo.
Em particular, futuramente, há a possibilidade de serem tratadas análises espaciais
sobre a percepção de riscos: nesta pesquisa, foi explorada apenas a localização
espacial das entrevistas, que para o momento do trabalho propiciou uma análise do
lugar da vulnerabilidade. Entretanto, pôde-se vislumbrar análises mais robustas de
análises espaciais, como cálculos da distribuição ou concentração de diferentes graus
de percepção de riscos nas áreas de riscos, entre outras análises. Outra contribuição
se refere à análise em múltiplas escalas: mesmo utilizando dados provenientes de
diferentes fontes de aquisição, além de diferentes escalas, foi possível analisar no
contexto da abordagem de vulnerabilidade de complementaridade, os possíveis
processos subjacentes em cada escala de análise. Entretanto, reconhecemos e
enxergamos que as análises interescalas devem compor sempre que possível
trabalhamos multiescalares, assunto pouco tratado nesta pesquisa.

Um tema pouco explorado nesta pesquisa, mas que de certa forma foi
tangenciado, foi o da construção social do risco no contexto de mudanças
climáticas. Nos resultados do levantamento de percepção de riscos, emergiu que a
noção de risco se baseia em interpretações causais dos acontecimentos – ficou
evidente a ambivalência que pode ser interpretada nas respostas sobre a adaptação
às mudanças climáticas – a maioria disse que o risco é do vizinho, havendo uma

71Ver a proposta e exemplos de análise de dados espacialmente explícitos, em pesquisas homem-


ambiente de Moran e Ostrom (2009).

235
negação do indivíduo sobre o risco em que está colocado e suas causas são
multifatoriais: religiosas, econômicas, culturais até a incerteza dos fenômenos
climáticos e do mapeamento de áreas riscos, colocando em xeque a técnica – como
previsto na teoria de U. Beck. E na prática, parece que a baixa frequência de grandes
catástrofes como escorregamentos de terra, inundações fornece alguns indícios de
que o risco é interpretado de acordo com os acontecimentos – sociais e ambientais –,
mostrando que parte dos entrevistados permanece em suas moradias ante o risco,
porque o risco ‘é do outro’; em última instância, o risco é contingente 72 – pode ser
que aconteça ou não. Entretanto, também foi observado nas respostas de percepção
de risco que as mudanças climáticas estão acontecendo e que a própria população tem
responsabilidade para reduzir os possíveis impactos advindos dessas mudanças. E
neste ponto é chave considerar a reflexividade da sociedade sobre os riscos em que
ela está colocada, sendo relevante a contribuição de A. Giddens para este tema.

A construção desta pesquisa buscou sempre um diálogo entre os diferentes


componentes do projeto Clima – “Crescimento populacional, vulnerabilidade e
adaptação: dimensões sociais e ecológicas das mudanças climáticas no litoral de São
Paulo” (Fapesp no. 2008/58159-7), junto a outras instituições [Instituto Geológico
(IG/SMA), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e projeto REDELITORAL,
coordenado pelo ITA], proporcionando, portanto, resultados de uma pesquisa
colaborativa.

Essa abordagem buscou contribuir para as questões mais amplas do


projeto temático da Fapesp, buscando interfaces com as políticas públicas, uma vez
que o estado de São Paulo, por meio da Lei Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC,
Lei no. 13.798/2009), e o Brasil, pela Política Nacional sobre Mudança do Clima
(PNMC, Lei no. 12.187/2009), estabeleceram “[...] diretrizes que promovam o
desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas como forma de identificar
vulnerabilidades para que sejam adotadas medidas de adaptação adequadas [...]”.

72 Ver publicação de Brüseke (2007): Risco e Contingência.

236
Retomando as hipóteses levantadas no início da pesquisa, buscou-se
responder a hipótese H(1) – Os riscos às mudanças climáticas atingem a todos, mas em
graus variados. Os resultados dos Capítulos 4, 5 e 6 apontaram que, ainda que em um
contexto de incertezas sobre as mudanças climáticas, os riscos [advindos dos efeitos
negativos dessas mudanças] podem atingir indistintamente ‘ricos’ e ‘pobres’, porém
seu grau [de risco] varia de acordo com os aspectos socioeconômicos e de acesso aos
recursos que propiciam uma resposta ou uma adaptação mais rápida diante de um
perigo iminente. Esses resultados, no contexto da discussão teórica proposta por
O’Brien et al. (2007; 2013) ilustram exemplos de uma análise da vulnerabilidade como
resultado ou outcome.

As hipóteses H(2) – O perfil socioeconômico e a religião da população em


áreas de riscos influenciam a percepção de riscos às mudanças climáticas e ambientais e
H(3) – O tempo de residência no lugar e a proximidade aos familiares contribuem para
uma maior capacidade das pessoas para se adaptarem a uma situação ou iminência de
um perigo/desastre foram testadas com base nos resultados do survey de percepção de
riscos (CAPÍTULO 7. ESCALA DE ANÁLISE LOCAL: AS PERCEPÇÕES DE RISCO E O LUGAR, p. 179).

Em relação à hipótese H(2), nas seções 7.1, 7.2 e 7.3 foram observadas
algumas respostas contraditórias, em princípio – por exemplo, a grande maioria dos
entrevistados percebe os riscos quanto aos problemas que podem ser agravados pelas
mudanças climáticas, entretanto, não percebe os riscos a que estão expostos. Parte da
explicação advém de que, muitas vezes, o risco é negado ou simplesmente não
percebido por quem está sujeito a ele, ao passo que o risco para os ‘vizinhos’ [dos
entrevistados] existem na sua percepção. Os resultados, à luz de exemplos também
observados fora do Brasil [em grande parte em países em desenvolvimento], apontam
que ainda há pouca preparação para agir em uma situação de emergência, pois ainda
não há consolidada uma ‘cultura de prevenção do risco’.

As pessoas percebem os problemas (que são de certo modo intangíveis


para os entrevistados), mas, quando se trata de riscos associados a si próprios, elas

237
tendem a negar [seja porque estão numa situação em que não têm opção de moradia,
seja por que têm um vínculo com o lugar onde vivem ou porque, simplesmente,
ignoram os riscos e aceitam viver seu cotidiano entregues às mãos de Deus].

Em relação à hipótese H(3), os resultados observados na seção 7.3


indicaram que todas as faixas de tempo de moradia mantêm uma tendência de
resposta dos entrevistados para o baixo risco de inundações ou de escorregamentos,
não dando indícios de que quem vive na região há muito tempo teria alguma memória
sobre as situações de riscos vividas e, portanto, uma experiência que permitisse uma
maior capacidade adaptativa ante os riscos.

Por outro lado, em relação ao grau de ‘união’ entre os vizinhos, os


resultados apontam para uma situação favorável para construir maior capacidade
adaptativa da população exposta aos riscos, sobretudo porque na região observou-se
que grande parte da vizinhança dos entrevistados é composta também por seus
próprios familiares, o que favorece a busca por ajuda em situações de perigo.
Entretanto, observa-se que são ainda incipientes as ações individuais efetivas de
redução ou adaptação aos riscos de desastres, devido a uma memória ‘curta’ das
situações vividas de desastre que estão associadas à ausência de uma cultura de
prevenção ao risco. A análise realizada no Capítulo 7, à luz da proposta de O’Brien et
al. (2007; 2013), é caracterizada pela análise da vulnerabilidade contextual.

Considerando os resultados desta pesquisa de forma geral, pode-se pensar


na necessidade de se criar espaços de diálogo para a articulação entre a pesquisa
técnico-científica e os governos e tomadores de decisão. Essa articulação deve se
direcionar para uma participação mais ativa dos governos na avaliação dos problemas
relacionados aos desastres naturais e, por outro lado, para uma interface na qual
pesquisas científicas possam de fato contribuir para os gestores em suas tomadas de
decisão.

Obviamente não é uma tarefa trivial, uma vez que a pesquisa técnico-
científica ainda tem o desafio de avançar os trabalhos em múltiplas escalas e de

238
integrar os métodos tradicionalmente chamados de ciências “duras” (naturais) e
ciências “suaves” (sociais) – ver ALVES 2012a; ALVES, 2012b) – e, especialmente, de
‘traduzir’ os resultados de forma comunicável para os gestores (muitas vezes essa
‘tradução’ aumenta a confusão conceitual e metodológica – ver O’BRIEN et al., 2013;
PICKETT et al., 1999).

Por outro lado, os governos ainda precisam avançar em direção a uma


articulação mais eficiente entre as escalas regionais e locais e tratar de problemas
“antigos”, tais como desigualdade social, saneamento básico/ambiental deficiente em
muitas regiões, ocupações irregulares em áreas ambientalmente preservadas ou em
potenciais áreas de risco de escorregamentos, inundações, subsidências do solo e/ou
erosões costeiras.

À luz das considerações feitas no CAPÍTULO 8. CONSIDERAÇÕES PARA A

ANÁLISE DA VULNERABILIDADE E AÇÕES DE REDUÇÃO DE RISCOS E DESASTRES, nas seções 8.1. A


ABORDAGEM MULTIESCALAR: IMPLICAÇÕES PARA A ANÁLISE DA VULNERABILIDADE (p. 221) e 8.2.
GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRE: ANTIGOS DILEMAS E PERSPECTIVAS NO CONTEXTO DE MUDANÇAS

CLIMÁTICAS (p. 227), é reforçado que estudos e pesquisas sobre riscos e


vulnerabilidade tenham um entendimento [da vulnerabilidade] como um
processo, permeado de incertezas que devem ser contextualizadas. Os
indicadores ou índices de vulnerabilidade têm sido cada vez mais utilizados e é
preciso cautela na forma como apresentá-los, sobretudo se as pesquisas buscam
interface com políticas públicas.

Como visto, há diferentes interpretações da vulnerabilidade que implicam


diferentes discursos ou encaminhamentos aos tomadores de decisão. Por outro lado,
também é necessário avançar em um diálogo mais próximo entre pesquisa, sociedade
e gestão pública, talvez com a criação de espaços que permitam a troca mútua de
experiências (por exemplo, workshops participativos ou pesquisas que incluam a
comunidade afetada como protagonista do levantamento de dados/informações,

239
como parte de um processo de auto-conhecimento dos problemas ou dificuldades
vividas no dia a dia).

O resultado da abordagem multiescalar teve um enfoque ou caráter


interdisciplinar, buscando transitar por diferentes disciplinas ou ciências. Para isso,
foi necessário envolver diferentes grupos de pesquisa ou instituições para
buscar um trabalho colaborativo, que foi crucial para a pesquisa.

Ressalte-se a importância dos estudos das dimensões humanas nesse


campo, considerando que compreender os aspectos sociais (sua dinâmica e
temporalidade) é fundamental para a análise da vulnerabilidade. Essa análise, por fim,
deve exigir também estudos em múltiplas escalas, a fim de identificar a
heterogeneidade de situações de vulnerabilidade.

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279
ANEXO I

Tabela I. a. Legenda de classificação em diferentes níveis de detalhamento

280
Tabela I. b. Datas de aquisição das imagens TM/Landsat 5.
Órbita/Ponto Data
218/076 09/07/1990
218/076 29/04/1999
218/076 02/09/2010
218/077 09/07/1990
218/077 29/04/1999
218/077 02/09/2010

Tabela I. c. Datas de aquisição das imagens Ikonos e GeoEye.


Imagem Imagem
Municípios Área (recorte) Data Data
Ikonos GeoEye
po_54437 po_5507
Unidade de Tratamento de 13/10/200 22/02/201
4_001000 35_0000
Gás Caraguatatuba (UTGCA) 0 0
Caraguatatu 0 000
ba po_54436 po_5507
07/12/200 22/02/201
Bairro Rio do Ouro 1_000000 32_0000
0 0
0 000
po_54435 po_5507
São Bairros Topolândia, Olaria e 07/12/200 02/10/200
7_000000 34_0000
Sebastião Itatinga 0 9
0 000
po_54437
1_000000
po_5443
Camburi; Casa da Farinha e 0; 02/09/200 28/01/201
Ubatuba 84_0000
Ubatumirim po_54437 1 1
000
1_001000
0

Tabela I. d. Cartas na escala 1:10.000 do IGC utilizadas como fonte de informação


planimétrica para a ortorretificação das imagens.
Carta Internacional ao Milionésimo (MI) Nomenclatura
098/125 SF-23-Y-D-VI-3-NW-D
096/120 SF-23-Y-D-V-2-SW-E
095/123 SF-23-Y-D-V-2-SE-D
095/124 SF-23-Y-D-VI-1-SW-C
094-123 SF-23-Y-D-V-2-SE-B
094/124 SF-23-Y-D-VI-1-SW-A
093/124 SF-23-Y-D-VI-1-NW-E
093/125 SF-23-Y-D-VI-1-NW-F
091/122 SF-23-Y-D-V-2-NE-A
091/128 SF-23-Y-D-VI-2-NW-A
089/130 SF-23-Y-D-III-4-SE-C
087/133 SF-23-Z-C-I-3-NW-F
087/134 SF-23-Z-C-I-3-NE-E
087/135 SF-23-Z-C-I-3-NE-F
086/128 SF-23-Y-D-III-4-NW-C
086/133 SF-23-Z-C-I-3-NW-D
086/134 SF-23-Z-C-I-3-NE-C

281
Carta Internacional ao Milionésimo (MI) Nomenclatura
086/135 SF-23-Z-C-I-3-NE-D
085/125 SF-23-Y-D-III-3-NW-B
085/126 SF-23-Y-D-III-3-NE-A
085/128 SF-23-Y-D-III-4-NW-A
085/129 SF-23-Y-D-III-4-NW-B
085/133 SF-23-Z-C-I-3-NW-B
085/134 SF-23-Z-C-I-3-NE-A
084/125 SF-23-Y-D-III-1-SW-F
084/126 SF-23-Y-D-III-1-SE-E
084/128 SF-23-Y-D-III-2-SW-E
083/125 SF-23-Y-D-III-1-SW-D
083/126 SF-23-Y-D-III-1-SE-C
088/135 SF-23-Z-C-I-3-SE-B
086/129 SF-23-Y-D-III-4-NW-D

Tabela I. e. Quantidades de Ground Points Control (GCPs) – pontos de controle - utilizados


para a correção geométrica das imagens IKONOS e valores do Root Mean Square (RMS) – erro
quadrático médio- para as componentes planimétricas (E e N).
(RMS) em E (RMS) em N
Áreas imageada Período (GCPs)
(pixel) (pixel)
TM/Landsat-
21 0,52 0,36
5 (1990)
litoral norte de TM/Landsat-
51 0,53 0,50
SP 5 (1999)
TM/Landsat-
49 0,69 0,66
5 (2010)
Camburi
11 0,41 0,47
(Caraguatatuba)
UTGCA
9 0,43 0,35
(Caraguatatuba)
Bairro Rio do
GeoEye
Ouro 20 0,48 0,42
(2010)
(Caraguatatuba)
Bairros
Topolândia,
14 0,78 0,48
Olaria e Itatinga
(São Sebastião)
Camburi
16 1,59 0,97
(Caraguatatuba)
Camburi
6 0,76 0,62
(Caraguatatuba)
Ikonos
UTGCA
(2000) 11 0,79 0,66
(Caraguatatuba)
Bairro Rio do
Ouro 14 0,28 0,49
(Caraguatatuba)

282
Bairros
Topolândia,
14 0,61 0,59
Olaria e Itatinga
(São Sebastião)

283
APÊNDICE – A.1

Vulnerabilidade segundo o tipo de abordagem e propostas


de análise – relação de publicações.
Em relação à abordagem quantitativa, destacam-se as seguintes
palavras-chaves e respectivos autores:
(1) Vulnerabilidade ambiental ou suscetibilidade (MMA, 2007; 2011 -
Brasil e Rio de Janeiro; FURLAN et al., 2011 – Brasil – São Sebastião/SP) - (a)
Inundação: Fedeski, Gwilliam, 2007 (Inglaterra); Hora; Gomes, 2009 (Brasil -
Itabuna/BA); Harvey et al., 2009 (China); Kubal et al., 2009 (Alemanha); Maantay,
Maroko, 2009 (Estados Unidos); Fernández, Lutz, 2010 (Argentina); Gobbi; Ladeira,
2011 (Brasil – Ubatuba/SP); Yasuhara et al., 2011 (Japão); Balica, Wright, van der
Meulen, 2012 (Argentina, Índia, Marrocos, Bangladesh, Filipinas, França, Japão, China
e Holanda); Escudero Castillo et al., 2012 (México); (b) Escorregamentos ou
movimentos de massa: IPT, 1988 (Serra do Mar, São Paulo); Augusto Filho, Virgili,
1998; Diniz, 1998; 2012; Chowdhury, Flentje, 2002 (Austrália); Ogura, Silva, Vieira,
2004 (Brasil - Campos do Jordão/SP); Lopes, 2006 (Brasil); Lopes et al., 2006; 2007
(Brasil - Cubatão/SP); Tominaga et al., 2004; 2005; 2008 (Brasil - litoral norte de São
Paulo); Carvalho et al., 2007 (Brasil); Oliveira et al., 2007 (Brasil - Cananeia/SP);
Rossini-Penteado, Ferreira, Giberti, 2007; Ferreira et al., 2008a (Brasil - Cubatão/SP);
Araki, 2007; Araki; Nunes, 2009 (Brasil – Cubatão/SP); Bitar, 2009; Bitar et al., 2011;
2012 (Brasil - São Paulo/SP); Marcelino et al., 2009 (Brasil - Caraguatatuba/SP);
Santos, Vieira, 2009 (Brasil - Cubatão/SP); Vieira et al., 2010 (Brasil – Cubatão/SP);
Gobbi; Ladeira, 2011 (Brasil – Ubatuba/SP); Ferreira, Rossini-Penteado, 2011; Faria,
2011; Faria e Augusto Filho, 2013 (Brasil – São Sebastião/SP); UNISDR, 2013a (El
Salvador); (c) Erosão costeira ou elevação do nível do mar: Capobianco, 1999
(Itália); Yang et al., 2001 (China); Wu, Yarnal, Fisher, 2002 (Estados Unidos); Souza;
Suguio, 2003 (Brasil - litoral paulista); Doukakis, 2005 (Grécia); Tessler et al., 2006
(Brasil – litoral paulista); Diez, Perillo, Piccolo, 2007 (Argentina); Doussou,
Gléhouenou-Dossou, 2007 (África - Benin); Mendonça, Silva, 2008 (Brasil - Rio de

284
Janeiro); Neves, Muehe, 2008 (Brasil); Rao et al., 2008 (Índia); Alves et al., 2011
(Portugal); Farinaccio et al., 2009 (Brasil - Santos e São Vicente/SP); MacGrahan, Balk,
Anderson, 2007 (Asia - China e Bangladesh); Souza, 2004; 2009; 2012 (Brasil);
Kontogianni et al., 2012 (Grécia); (d) Outros (vulnerabilidade associada a
derramamento de petróleo, poluição ou qualidade do ar, áreas mineradas):
Ferreira et al., 2008b (Brasil, Ubatuba-SP); Ferreira; Cripps, 2010; Andrade et al., 2010
(Brasil - São Luís do Maranhão); Toro et al., 2012 (Colômbia).
(2) Vulnerabilidade socioeconômica: Adrianto; Matsuda, 2002 (Japão);
Cutter, Boruff, Shirley, 2003; Ibarrarán et al., 2006; Cutter; Finch, 2008 (Estados
Unidos); Ferreira, Dini, Ferreira, 2006 (Brasil - São Paulo)73; De Sherbinin; Schiller;
Pulsipher, 2007 (Brasil, Indonésia e China); Zou; Thomalla, 2008 (Ásia); Maantay et
al., 2010 (Estados Unidos); Marandola Jr. et al., 2013 (Brasil - Caraguatatuba/SP).
(3) Vulnerabilidade socioambiental: Hogan et al., 2001 (Brasil -
Campinas/SP); Alves, 2009; 2013 (Brasil - São Paulo e Cubatão); Alves et al., 2010;
2011 (Brasil - litoral de São Paulo e baixada santista); Mello et al., 2010 (Brasil - litoral
norte de São Paulo); D'Antona et al., 2010 (litoral de São Paulo; Nicolodi; Petermann,
2010 (Brasil); Saito, 2011 (Brasil – Florianópolis/SC); Gamba, Ribeiro, 2012 (Brasil -
São Paulo/SP); Mello, Batistella, Ferreira, 2012 (Brasil - litoral norte de São Paulo);
Almeida, 2012.
Em relação à abordagem qualitativa, destacam-se:
(4) Vulnerabilidade social ou sociologia dos desastres: Moser, 1998;
Blaikie et al., 2004; Hewitt, 1997; Aragón-Durand, 2007 (México); Marandola Jr;
Hogan, 2006a,b; 2009 (Brasil - Campinas/SP); Cutter et al., 2009; Hardoy; Pandiella,
2009 (América Latina); Leighton, 2011; Wisner et al., 2004; 2011; Wisner, 2009;
2010; Cannon, 1994; Cutter, 1994; 1996; Cutter, Boruff, Shirley, 2003; Pelling et al.,
2003; Bankoff et al., 2004; Leary et al., 2008a; Alexander, 2011; Wisner et al., 2004;
2011; Santos, Marandola Jr., 2012 (Brasil - São Sebastião/SP); Adger et al., 2009;
2013; Smith, 2013; Valencio et al., 2004; 2005; Valencio et al., 2009; Valencio, 2012a,b.

73Ferreira, Dini e Ferreira (2006) - utilizam a abordagem de indicadores estritamente para a questão da pobreza
na região metropolitana de São Paulo.

285
Em relação à abordagem integrada 74, destacam-se:
(5) Vulnerabilidade, adaptação ou capacidade adaptativa: Kelly; Adger,
2000; Brooks, 2003; Brooks et al., 2005; Few, 2003; Tompkins; Adger, 2005; Adger;
Vincent, 2005 (África); Luers, 2005 (México); Adger, 2006; Vincent, 2007; Polsky, Neff,
Yarnal, 2007; Awuor et al., 2008 (Kenya); Revi, 2008 (Índia); Adger et al., 2009; 2013;
O’Brien; Leichenko, 2000; O’Brien et al., 2004; 2007; Fussel; Klein, 2006; Leary et al.,
2008b.
(6) Vulnerabilidade e/ou resiliência: Turner II et al., 2003a; Folke,
Cloding, Berkes, 2003; Olsson, Folke, Hahn, 2004 (Suécia); Folke et al., 2010.
(7) Vulnerabilidade socioecológica: Turner II et al., 2003b (México e
Ártico); Alessa et al., 2008; Feitosa e Monteiro (2012); Anazawa, Feitosa, Monteiro,
2013 (Brasil - Caraguatatuba e São Sebastião/SP).
Em relação à gestão de riscos e desastres, considerando também uma
abordagem integrada, destacam-se:
(8) Impactos, vulnerabilidade, exposição e adaptação: UNEP, 2003;
Macedo, Santoro, Araújo, 2004 (Brasil - São Paulo/SP); Carvalho; Galvão, 2006
(Brasil); Kobiyama et al., 2006; Fell et al., 2008; O'Brien et al., 2008; Birkmann et al.,
2009; Brollo, 2009 (Brasil); Tominaga et al., 2009 (Brasil); Narváez, Lavell, Ortega,
2009; Mitchell, 2010, 2011; Mitchell, van Aalst, Villanueva, 2010; Mitchell et al., 2010;
Alheiros, 2011; Ekstrom, Moser, Tom, 2011; Guimarães et al., 2012 (Brasil); UNISDR,
2009, 2011; 2012a; 2013b; Ferreira, 2012; Ferreira et al., 2013 (Brasil - São
Paulo/SP); PNGRD 75, 2012; IPCC, 2012; WMO, 2013.

74 Cardona (2003) e Miller et al. (2010) mostram que, apesar dos conceitos de resiliência e vulnerabilidade
possuírem raízes diferentes e, portanto, abordagens diferentes, há forte convergência em ambos os conceitos, e
seu uso integrado é uma das possiblidades de encaminhamento das análises de vulnerabilidade.
75 Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas aos Desastres - PNGRD, elaborado pela FGV Projetos, Defesa Civil

Nacional, vinculados ao Ministério da Integração Nacional.

286
APÊNDICE – A.2

Indicador de população vulnerável em zonas costeiras 76


O indicador de população vulnerável em zonas costeiras foi utilizado seguindo as
normas e metodologias de indicadores de desenvolvimento sustentável, organizado
pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas - Commission on
Sustainable Development – CSD (UN, 2007). Entre uma série de indicadores (pobreza,
governança, biodiversidade, entre outros), há um que se baseia no cálculo do
percentual de população que vive nas zonas costeiras. De acordo com a Comissão de
Desenvolvimento Sustentável (UN, 2007), devido aos benefícios econômicos
relacionados às atividades de navegação, pesca, turismo e recreação, cada vez mais a
população tem se concentrado em zonas costeiras. Cerca de 40% da população
mundial vive à 100 km da costa. As atividades humanas em zonas costeiras aumentam
a pressão sobre ecossistemas costeiros, podendo levar à perda de biodiversidade,
branqueamento de recifes de coral, introdução de novas doenças nos organismos,
proliferação de algas tóxicas, assoreamento, redução da qualidade de água, além de
ameaçar a saúde humana através de toxinas em peixes e mariscos. Outro fator é que a
concentração de população em zona costeira de baixas altitudes (definida como
menos de 10 metros de altitude) aumenta sua vulnerabilidade relacionada à subida do
nível do mar. O indicador de percentual de população que vive nas zonas costeiras
tem dois propósitos: (a) quantificar indiretamente a pressão sobre os ecossistemas
costeiros e (b) quantificar o componente de vulnerabilidade relacionado ao nível do
mar.
Como os dados do Censo Demográfico estão vinculados no nível de setores
censitários, esse método busca estimar a população base em unidades de análise
menores do que os polígonos dos setores censitários. Este método se baseou na
criação de uma grade de células de 100 x 100 m sobre os polígonos de setores

76Trabalho publicado em anais de congresso da V Anppas: IWAMA, Allan Yu; D'ANTONA, A.O.; ALVES, H.P.F.;
CARMO, R.L. Análise da Vulnerabilidade Socioambiental nas Áreas Urbanas do litoral norte de São Paulo. In: V
ENANPPAS...Anais, Florianópolis-SC, 2010.

287
censitários urbanos dos municípios do litoral norte de São Paulo. Assim, a população
de uma unidade do setor censitário foi distribuída igualmente na grade de células que
correspondem a essa unidade.
Para este trabalho foi estimada apenas a população ao longo da faixa costeira, situadas
em faixas entre 0 a 50 metros de altitude. Para isso, foi criada uma faixa – buffer – de
500 metros a partir da linha da costa, baseada no limite dos municípios do litoral
norte Paulista (Figura A. 1). Como há uma varição da escala ao se comparar as
distâncias da linha da costa gerada a partir do limite dos municípios, foram feitas
algumas edições sobre um mosaico de imagens SPOT (resolução de 2,5 metros) e
algumas cenas das imagens Ikonos e GeoEye (resoluções de 1 metro e 0,5 metro,
respectivamente). Imagens do Google Earth também foram utilizadas como apoio para
identificação de limites à linha costeira.

Figura A. 1. (a) Setores censitários no litoral norte Paulista e (b) faixa de 500 metros a
partir do limite da costa.

288
Os mapas de células foram sobrepostos com essa faixa de 500 metros, para estimar a
população ao longo da faixa costeira (Figura A. 2). Foram consideradas áreas de
sobreposição somente onde as células estavam totalmente inseridas na faixa de 500 m
da linha costeira.

Figura A. 2. Grade de células (100 x 100 metros) e faixa – buffer – de 500 metros da
costa em (a) São Sebastião, (b) Ubatuba, (c) Caraguatatuba, (d) Ilhabela.

Com as células espacializadas por setores, foi calculada a razão entre o total de
domicílios e população em 2000 (IBGE, 2000a,b - Censo Demográfico) com o total de
células (Tabela 3. 5), para cada município no litoral norte Paulista. Essa razão foi
multiplicada com o total de células na faixa de 500 m a partir da linha costeira. Foram
estimados cerca de 17,5 mil domicílios e quase 62 mil pessoas ao longo da faixa de
500 metros da costa do litoral norte de São Paulo.

Tabela 3. 5. Total de células (100 x 100 metros) por setor censitário e ao longo da
faixa de 500 metros da costa.
Grade de células (100 m x 100 m)
Municípios
Total de células (por setor censitário) No. de células (Faixa de 500m da costa)
Caraguatatuba 6.507 1.573
Ilhabela 26.236 5.642
São Sebastião 14.078 3.883
Ubatuba 19.768 7.060
Total 66.589 18.158
Fonte: Adaptado Mello et al. (2010)

289
Os municípios de Ubatuba e Caraguatatuba são os que concentram a maior parte dos
domicílios e da população na situação de vulnerabilidade em zonas próximas ao limite
da costa litorânea, somando aproximadamente 11,7 mil domicílios e um pouco mais
de 41 mil pessoas. Em percentuais, cerca de 28% da população (do total de 219.292
pessoas em 2000) encontravam-se em situação de vulnerabilidade pela proximidade à
linha costeira.

Os resultados parciais mostram apenas o início para análises mais aprofundadas da


vulnerabilidade na região do litoral norte Paulista – UGRHi-3. Com base na proposta
de construir indicadores que representem aos aspectos social e ambiental, busca-se
uma análise em múltiplas escalas tendo em vista contribuir para o campo da
vulnerabilidade às mudanças climáticas e ambientais em zonas costeiras.

O esforço inicial buscou reunir e organizar os dados para essa primeira análise e
abordagem, que posteriormente levará em conta métodos que forneçam análises de
problemas multifacetados e em diferentes escalas (MARANDOLA Jr, 2009; FERREIRA,
FERREIRA, JOLY, 2011; MORAN, 2011).

290
APÊNDICE – A.3
Pesquisa de percepção de riscos socioambientais no litoral norte de SP
Nome do entrevistador Início da entrevista (hora:minutos)
Data da entrevista (dia/mês/ano)
Coordenadas geográficas/planas (graus decimais ou
Término da entrevista (hora:minutos)
metros)
(I) Caracterização do responsável pelo domicílio
Nome do entrevistado (opcional)
E-mail
Endereço/Bairro
Local de nascimento (naturalidade)

(1) Idade

(2) Sexo

(3) Estado civil

(4) Escolaridade

(5) Quantos filhos você possui?

(6) Qual é sua ocupação principal?

(7) Rendimento mensal

(8) Há quanto tempo você mora nesse domicílio?

(9) Você sempre morou nessa residência?

(10) Você participa de algum tipo de associação?

(11) Sobre religiosidade. Você é:

291
(12) Sobre religiosidade. Você pratica:

(13) Seus familiares residem próximo ao seu bairro?


(14) Você e sua vizinhança são
(1,2 = pouco unidos; 3 = mais ou menos unidos; 4,5 =
muito unidos)

(II) Mudanças Climáticas e Ambientais


Sobre as mudanças climáticas e ambientais, qual a sua opinião sobre os seguintes
aspectos:
(15) Você já ouviu falar de mudanças climáticas e
ambientais?

(16) As mudanças climáticas e ambientais estão


acontecendo:

(17) Se as mudanças climáticas e ambientais estão


acontecendo, qual é a principal causa?

(18) Sua preocupação com as mudanças climáticas e


ambientais é (1,2 = baixa; 3 = razoável; 4,5 =
grande):

(19) Quem será mais afetado pelas mudanças


climáticas e ambientais?

Dos problemas que podem ser agravados pelas mudanças climáticas e ambientais, qual
a gravidade que você atribui a (1,2 = pouco grave; 3 = razoavelmente grave; 4,5 = muito
grave):

(20) Aumento de doenças

(21) Falta de água potável

(22) Aumento da poluição e contaminação por


lixões e esgotos

(23) Aumento de deslizamentos de encostas

(24) Aumento de inundações ou alagamentos

292
(25) Elevação do nível do mar

(III) Riscos socioambientais e adaptação


Em sua opinião, onde você mora, qual é o grau de risco de (1,2 = baixo risco; 3 = médio
risco; 4,5 = alto risco):

(26) Inundações ou alagamentos

(27) Deslizamentos/escorregamentos

(28) Ressacas do mar

(29) Elevação do nível do mar

(30) Erosões costeiras

Caso haja algum dos riscos citados anteriormente, o que o impede de mudar de lugar de
moradia para outro mais seguro? (1,2 = menos importante; 3 = importância razoável;
4,5 = mais importante)

(31) Não tenho dinheiro para comprar outro imóvel

(32) O aluguel em outros locais é mais caro

(33) Gosto de morar aqui, apesar do risco

(34) Deixo na mão de Deus

Em caso de ocorrência relacionado a inundação, escorregamentos, ressacas do mar ou


erosões, a quem você pede ajuda (1,2 = menos importante; 3 = importância razoável;
4,5 = mais importante)

(35) Sua família

(36) Seus vizinhos

(37) Igreja/associações

293
(38) Defesa Civil

(39) Prefeitura

(IV) Governança e comunicação dos riscos


Qual é a responsabilidade que você atribui para as seguintes instituições ou grupo para
EVITAR os problemas de inundações, deslizamentos, erosões costeiras (1,2 = menos
importante; 3 = importância razoável; 4,5 = mais importante)

(40) Governo estadual

(41) Prefeitura

(42) Universidade

(43) ONGs

(44) Você e toda a população

Para receber informações sobre mudanças climáticas e ambientais no litoral norte de


São Paulo, diga o que você considera sobre as seguintes opções (1,2 = menos
importante; 3 = importância razoável; 4,5 = mais importante)

(45) Televisão

(46) Rádio

(47) Jornais

(48) Internet

(49) Audiências públicas

294
APÊNDICE – A.4

MANUAL DE INSTRUÇÕES
PERCEPÇÃO DE RISCOS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E
AMBIENTAIS
Caro entrevistador
Este manual tem o objetivo de auxiliá-lo na aplicação dos questionários. É importante seguir
as instruções e tê-lo sempre à mão para quaisquer dúvidas.

1. Orientações Gerais
Quando possível, é recomendável a formação de grupos de entrevistadores para a aplicação
do questionário, sendo que cada grupo deve conter pelo menos 2 entrevistadores por
domicílio, sendo
1.1. Uma pessoa responsável pelo preenchimento do questionário e;
1.2. Outra pessoa responsável pela coleta de pontos de GPS, registro fotográfico entorno do
domicílio que será entrevistado e descrição sucinta dos equipamentos públicos.
1.3. Ao se apresentar, explicando que a pesquisa se refere a um projeto da UNICAMP/NEPAM
(se for possível, identificar-se apresentando um crachá);
1.4. informar os objetivos da pesquisa: uma descrição geral dessa pesquisa – “pretende
analisar como as pessoas percebem as situações de risco e quais são as motivações para
enfrentar ou não o risco na qual são colocadas. Além disso, busca identificar quais grupos sociais
têm maior capacidade para se mobilizar e enfrentar os problemas. Os dados dessa pesquisa tem
o objetivo de articular o tema de percepção do risco nos estudos das dimensões humanas das
mudanças climáticas e ambientais. Os resultados desse trabalho visam atender aos objetivos do
projeto de pesquisa intitulado “Análise Multiescalar da Vulnerabilidade Socioambiental no
litoral norte Paulista”, para indicar quantitativamente a percepção dos riscos
(socioambientais)”.
1.5. garantir o sigilo das informações fornecidas pelo entrevistado;
1.6. após informar os objetivos perguntar se o entrevistado concorda em fornecer as
informações
1.7. vestir-se de forma discreta e simples;
1.8. tratar de maneira respeitosa o entrevistado;
1.9. caso o entrevistado tenha dificuldade ou dúvida, esclarecê-lo tomando o cuidado para não
induzir as respostas do entrevistado;
1.10. escrever de maneira legível (letra de forma) a caneta e não deixar quaisquer dos
campos em branco
Para o preenchimento das informações do domicílio, o ENTREVISTADOR deverá utilizar o
mapa de áreas de riscos fornecido pelo responsável do projeto, que deverá ser utilizado em
campo.
1.11. De acordo com o termo de referência, deverão ser entrevistadas entre 70 a 100
pessoas num prazo de 25 dias, nas áreas de riscos a definir com o coordenador da
pesquisa.
1.12. O entrevistador utilizará o método buscando otimizar as distâncias percorridas entre
cada domicílio (de cada bairro em cada cidade), começando pelo centro da cidade e visitando

295
os domicílios precisamente em áreas de riscos e seu entorno e regressando ao ponto inicial.
Após realizada a primeira entrevista em campo, a próxima deve ser feita a partir do domicílio
entrevistado a cada 2-3 domicílios (adiante) e alternando entre os lados das ruas, buscando
um amostra bem distribuída das áreas de riscos. O entrevistador deve utilizar todo o material
de apoio disponível para o planejamento das entrevistas (mapas de riscos, imagens do Google
Earth, croquis).
1.13. Caso a pessoa a ser entrevistada for moradora do domicílio ou pessoa de referência,
mas não o proprietário ou responsável pelo imóvel (por exemplo, o caseiro da casa), o
entrevistador deve aplicar o questionário.
1.14. Quando o responsável pelo domicílio ou pessoa de referência do domicílio não
estiver presente, ANOTAR o número de tentativas “frustradas”. ANOTAR caso não havia
ninguém, ou porque não quis responder o questionário.
1.15. Se na segunda tentativa não for possível falar com responsável do domicílio ou
pessoa de referência do domicílio, perguntar a pessoa presente se seria possível responder
em casa e enviar para o responsável da pesquisa. Caso for positivo, solicitar para enviar ao e-
mail do responsável da pesquisa o arquivo digitalizado/escaneado. Se não, considerar o
domicílio vizinho para a próxima entrevista.

2. Preenchimento do Questionário
Preenchimento do ENTREVISTADOR
2.1. Preencher o nome completo do entrevistador
2.2. Marcar a data da entrevista (dia/mês/ano)
2.3. Preencher as coordenadas geográficas ou planas do domicílio
2.4. Preencher o início e término da entrevista

I – Caracterização do responsável pelo domicílio


Todos os dados devem ser informados em relação aquele/a que foi identificado como
responsável pelo domicílio ou pessoa de referência do domicílio.
2.1.1. Nome completo do entrevistado (opcional) – deve ser o responsável pelo domicílio
ou pessoa de referência do domicílio: O entrevistador deve identificar a pessoa de referência
do domicílio. A pessoa de referência é o/a pessoa considerado o responsável pelo domicílio. O/A
responsável pelo domicílio constará na primeira linha do questionário e é partir das relações
com o responsável que as outras relações serão classificadas. Então coloque na primeira linha
todos os dados do/a responsável. Na ausência do responsável pelo domicílio, o entrevistador
poderá entrevistar a pessoa considerada “dona de casa”.
2.1.2 Preencher o e-mail do entrevistado
2.1.3 Preencher o endereço e bairro do entrevistado – essa informação é extremamente
necessária
2.1.4. Local de nascimento – deve conter o nome da cidade e estado do nascimento do
entrevistado
2.1.5. Idade – o entrevistador deve anotar a idade atual e marcar a opção em que se
enquadra na faixa etária
2.1.6. Sexo – Masc/Masculino, Fem/Feminino
2.1.7. Estado civil
2.1.8. Escolaridade – preencher o grau de escolaridade do(a) responsável pelo domicílio ou
pessoa de referência.
2.1.9. Número de filhos

296
2.1.10. Situação ocupacional – por ocupação entende-se toda a função, cargo, profissão ou
ofício exercido. Não confundir ocupação com especialização ou formação profissional. Por
exemplo: a pessoa formada em geografia, que esteja dirigindo uma escola pública terá como
ocupação: Diretor de Escola Pública ou a pessoa formada em psicologia, mas que trabalhe num
banco como caixa, terá como ocupação: caixa de banco.
2.1.11. Renda – colocar os valores aproximados para todos aqueles que exercem ocupação.
Como a pergunta se refere ao número de salários mínimos, se a pessoa tiver dúvida, informar
o valor aproximado em reais (R$) para cada faixa de salários. Exemplo:
- ≤ 1 salário mínimo (1 SM) = ≤ R$ 622,00
- 1 a 2 salários mínimos (1 a 2 SM) = R$ 1.244,00
- 2 a 5 salários mínimos (2 a 5 SM) = R$ 1.244,00 a R$ 3.110,00
- 5 a 10 salários mínimos (5 a 10 SM) = R$ 3.110,00 a R$ 6.220,00
- > 10 salários mínimos (> 10 SM) = > R$ 6.220,00
2.1.12. Tempo de moradia (“Há quanto tempo você mora nesse domicílio?”) – marcar no
questionário a resposta que mais se aproxima do tempo de moradia informado pelo
entrevistado
2.1.13. Lugar (“Você sempre morou nessa residência?”) – idem 2.1.9.
2.1.14. Participação em associações – quando possível, anotar o NOME do tipo de associação
2.1.15. Religião – perguntar ao entrevistado se ele tem algum tipo de religião. Se for
afirmativo, anotar o NOME da religião. Fazer o registro completo do nome ou ramo da religião
ou seita. Por exemplo: católica apostólica romana, assembleia de Deus, católica ortodoxa,
testemunhas de jeová, candomblé, umbanda, quimbanda, maometana (islamita), adventista,
kardecista, xintoísta, budista, batista, anglicana, etc. Quando possível, perguntar e anotar a
frequência às reuniões/missas religiosas.
2.1.16. Proximidade dos familiares – anotar número aproximado de familiares residentes NO
MESMO BAIRRO do entrevistado
2.1.17. União da vizinhança – a escala de 1 a 5 indica do pouco unido para muito unido. Se
houver dúvida, explicar que
1 = sem união,
2 = pouco unidos,
3 = mais/menos unidos,
4 = unidos,
5 = muito unidos

II – Mudanças climáticas e ambientais


2.2.1. Sobre mudanças climáticas/ambientais – se o entrevistado tiver dúvida sobre essa
pergunta, informe que se refere ao aumento de chuvas, de ressacas no mar, de calor.
2.2.2. As mudanças climáticas/ambientais estão acontecendo
2.2.3. Causa das mudanças climáticas/ambientais (“Se as mudanças climáticas e ambientais
estão acontecendo, qual é a principal causa?”) – se o entrevistado tiver dúvida sobre a opção
NATURAL, informar que natural se refere a causas sem ação do homem, ou seja, por ação da
própria natureza.
2.2.4. Sobre a preocupação com mudanças climáticas/ambientais - a escala de 1 a 5 indica do
muito baixa para muito alta. Se houver dúvida, explicar que
1 = não tem preocupação,
2 = baixa,
3 = razoável,
4 = alta,

297
5 = muito alta.
2.2.5. Sobre quem será mais afetado pelas mudanças climáticas/ambientais – pretende-se
saber a escala de preocupação/percepção do entrevistado sobre os problemas relacionados as
mudanças climáticas/ambientais.
2.2.6. Da questão 20 a 25, sobre os problemas que podem ser agravados pelas mudanças
climáticas/ambientais – se o entrevistado tiver dúvidas, informar que a escala de 1 a 5 indica
do pouco grave para muito grave. Se houver dúvida, explicar que
1 = nada grave,
2 = pouco grave,
3 = razoavelmente grave,
4 = grave,
5 = muito grave.

III – Riscos socioambientais e adaptação


2.3.1. Da questão 26 a 30, sobre os riscos socioambientais – se o entrevistado tiver dúvidas,
informar que a escala de 1 a 5 indica do muito baixo para muito alto. Se houver dúvida,
explicar que
1 = sem risco,
2 = baixo,
3 = razoável,
4 = alto,
5 = muito alto.
2.3.2. Da questão 31 a 40, sobre adaptação – se o entrevistado tiver dúvidas, informar que a
escala de 1 a 5 indica do menos importante para mais importante. Se houver dúvida,
explicar que
1 = sem importância,
2 = menos importante,
3 = importância razoável,
4 = importante,
5 = mais importante.

IV – Governança e comunicação de riscos


2.4.1. Da questão 41 a 50, sobre governança e comunicação dos riscos – se o entrevistado
tiver dúvidas, informar que a escala de 1 a 5 indica do menos importante para mais
importante. Se houver dúvida, explicar que
1 = sem importância,
2 = menos importante,
3 = importância razoável,
4 = importante,
5 = mais importante.

298
APÊNDICE – A.5

Pré-teste para o survey de percepção de riscos na UGRHi-3 –


litoral norte 77
Os resultados preliminares do pré-teste do survey apontam, considerando no conjunto
do total dos três grupos entrevistados, cerca de 40% eram homens e 60% mulheres.
As pessoas tinham idade entre 16 a 64 anos, sendo predominantes pessoas na faixa
etária entre 25-35 anos.

No tema (ii) do questionário, sobre “Mudanças Climáticas e Ambientais”, observou-se


que há uma preocupação consideravelmente alta quando questionadas sobre as
causas e o que será mais afetado com essas mudanças. No geral, observa-se que os
entrevistados desse grupo percebem que as mudanças climáticas e ambientais estão
acontecendo e cerca de 32% das respostas apontam para as atividades humanas como
principais causas dessas mudanças. Ressalta-se uma importante diferença nas
respostas entre os grupos, quando questionados sobre quem será mais pelas
mudanças climáticasL e ambientais: para o grupo de moradores locais (G2) e de
educadores ambientais (G3), nota-se que as respostas são mais frequentes na família
afetada. Esse resultado pode indicar que as pessoas que vivem na região, onde os
efeitos as mudanças climáticas são mais presentes (inundações, deslizamentos,
precipitações), percebem que podem ser os primeiros as serem afetados, enquanto as
respostas do grupo de pessoas que vivem longe de áreas de riscos são direcionadas
para uma maior abrangência (exemplo: população mundial e plantas e animais).
Esse resultado pode ajudar a entender melhor porque as respostas dos entrevistados
dos grupos (G2) e (G3) se concentraram em que acreditam totalmente que as
mudanças climáticas e ambientais estão acontecendo, quando comparado ao grupo
(G1), mostrando que a percepção de riscos de perigo se relaciona com aspectos

77
Trabalho publicado em anais do congresso da VI Anppas: MELLO, A.Y.I.; DI GIULIO, G.M.; FERREIRA, Lúcia C.;
BATISTELLA, M.; CARMO, R.L. Abordagem quantitativa em estudos sobre percepção de riscos às mudanças
climáticas: análise no litoral norte de São Paulo. In: VI ENAnppas. Anais...Belém-PA, 2012.

299
geograficamente e temporalmente distantes das pessoas (ver LEISEROWITZ, 2005;
2006). A Figura A. 3 apresenta as respostas relacionadas ao tema (ii), sobre
“Mudanças Climáticas e Ambientais” do questionário.

Figura A. 3. Mudanças climáticas e ambientais: respostas dos três grupos de


entrevistados.

Ainda nesse tema, também foi perguntado para as pessoas sobre de quais problemas
que podem ser agravados pelas mudanças climáticas e ambientais, qual a gravidade
que elas atribuíam ao aumento de doenças, falta e água potável, aumento de
escorregamentos/deslizamentos em encostas de morros, aumento de
inundações/alagamentos (Figura A. 4). Observou-se que, no geral, as pessoas estão
preocupadas com o agravo desses problemas. Entre os problemas que parecem ser
mais graves é o de falta de água potável, principalmente se considerar as respostas
dos educadores ambientais da região em estudo. Entre os problemas relacionados aos
escorregamentos e inundações, as respostas seguiram um padrão semelhante

300
(consideram muito grave ou grave), mas parece que problemas relacionados à
inundação são mais evidentes quando comparados aos problemas de
escorregamentos.

Figura A. 4. Mudanças climáticas e ambientais: respostas dos três grupos de


entrevistados em relação ao peso ou gravidade que atribuiriam aos problemas que
podem ser agravados por essas mudanças.

Em relação ao tema (iii) do questionário, sobre os “Riscos Socioambientais e


Adaptação”, os entrevistados foram perguntados sobre suas opiniões a respeito dos
riscos de inundações, escorregamentos, ressacas do mar e erosões costeiras (Figura
A. 5). Observando os gráficos das Figura A. 5a e Figura A. 5b, observa-se que a
maioria dos entrevistados consideram as inundações e os escorregamentos com alto
(e extremamente alto) grau de risco. As respostas do grupo de moradores locais (G2)
se concentram em respostas de grau de risco considerados extremamente alto,
possivelmente por serem pessoas que estão mais “próximas” de áreas de riscos (no
caso, moradores do bairro Rio do Ouro). Também observou-se que os riscos de

301
ressacas do mar e erosões costeiras, típicos de regiões litorâneas, são os mais
percebidos pelas pessoas que vivem no local – respostas mais frequentes dos
moradores locais em risco extremamente alto (Figura A. 5c e Figura A. 5d).

Figura A. 5. Riscos socioambientais e adaptação: respostas dos três grupos de


entrevistados em relação a atribuição do grau de riscos a (a) inundação/alagamentos,
(b) escorregamentos/deslizamentos, (c) ressacas do mar, (d) erosões costeiras.

Quando perguntados sobre questões relacionadas às estratégias de adaptação, a


maioria dos entrevistados dos três grupos indicam que mudar de bairro ou de cidade
seria a melhor estratégia, caso os problemas/riscos são (ou fossem) recorrentes onde
as pessoas moram (Figura A. 6c e Figura A. 6d). Entretanto, destaca-se os
entrevistados do grupo (G1) não consideram importante permanecer no bairro onde
mora. Essa resposta é relativamente maior quando comparado com os grupos (G2) e
(G3), e umas das possíveis razões para esse padrão de respostas pode ser pelas
questões levantadas anteriormente, ou seja, pelo distanciamento geográfico e
temporal das pessoas (LEISEROWITZ, 2005; 2006) que não vivem de fato em áreas de

302
riscos e que não presenciam em seu cotidiano eventos relacionados às mudanças
climáticas e ambientais.

Por outro lado, moradores da região (grupos G2 e G3) responderam que permanecer
no mesmo bairro onde vivem é muito importante (Figura A. 6a e Figura A. 6b). Ainda
que esses entrevistados também considerem muito importante mudarem dos bairros
ou de cidade, essas percepções podem ajudar a entender também sobre a ideia de
pertencimento do lugar das pessoas, por variadas razões (não tem opção de moradia,
não possuem condições financeiras para sair do lugar onde vive, mesmo que sejam
recorrentes os riscos) – ver trabalhos de VALENCIO et al., 2005; 2006; VEYRET, 2007;
VARGAS, 2009; DI GIULIO et al. 2010a; 2010b; 2012).

Figura A. 6. Riscos socioambientais e adaptação: respostas dos três grupos de


entrevistados em relação a estratégia de adaptação aos riscos socioambientais (a)
permanecer no mesmo bairro e casa, (b) permanecer no mesmo bairro, em outra casa,
(c) mudar de bairro, (d) mudar de cidade.

Em relação ao tema (iv), sobre “Governança e Comunicação de Riscos”, os grupos de


entrevistados foram perguntados sobre o grau de responsabilidade das instituições

303
como Prefeitura, Universidades, Organizações Não Governamentais (ONGs) e das
próprias pessoas ou sociedade (Figura A. 7), para evitar os riscos socioambientais.
Mais de 80% das respostas consideram muito importante a responsabilidade das
prefeituras para reduzir ou evitar os riscos, sendo que as ONGs e Universidades com
menores proporções sobre a atribuição de responsabilidades (menos do que 70% das
respostas, respectivamente, nessas categorias).

Além de atribuírem grande importância para as prefeituras, as respostas indicam que


as pessoas, entendidas como a população como um todo, também consideram que
tenham responsabilidade para evitar os riscos. Sobretudo se observar que os grupos
de moradores da região (G2 e G3) consideram muito importante a participação da
população nesse tema (mais do que 80% das respostas desses dois grupos
responderam que possuem uma responsabilidade muito importante – ver gráfico da
Figura A. 7d).

Figura A. 7. Governança e comunicação de riscos: respostas dos três grupos de


entrevistados em relação ao grau de responsabilidade que consideram de (a)
prefeituras, (b) universidade, (c) ONGs, (d) toda a população.

304
Os entrevistados também foram perguntados sobre quais meios de comunicação
(televisão, rádio, jornais impressos, internet e audiências públicas) consideram mais
importantes para receber informações sobre mudanças climáticas e ambientais
(Figura A. 8).

No geral, todos entrevistados consideram que esses meios de comunicação são muito
importantes. Entre as respostas de muita importância, observa-se que a televisão é
canal que mais utilizam para receber essas informações e a internet é mais utilizada
pelos grupos (G1 e G3). Os moradores locais do bairro do Rio do Ouro (Caraguatatuba-
SP) – G2 – são os que mais utilizam os jornais impressos, quando comparado aos
outros grupos.

305
Figura A. 8. Governança e comunicação de riscos: respostas dos três grupos de
entrevistados em relação aos meios de comunicação que consideram mais
importantes para receber informações sobre mudanças climáticas e ambientais.

Os resultados mostram, no geral, que as pessoas consideram que as mudanças


climáticas e ambientais estão acontecendo e em ritmo acelerado. Também indica que
estão conscientes de que as principais causas que tem contribuído para essas
mudanças são as atividades humanas.

Em relação aos riscos socioambientais e adaptação, mostra que há uma diferenciação


das respostas relacionada com o lugar (espaço geográfico) e com a temporalidade dos

306
eventos climáticos ou ambientais que ocorrem (exemplo, chuvas, ressacas do mar,
deslizamentos e inundação). Pessoas que residem nessas áreas (de riscos), em geral,
parece que possuem uma relação de pertencimento ao lugar onde vivem. Essa relação
é fundamental e deve ser investigada em trabalhos futuros para ajudar a entender
melhor como as pessoas tem articulado suas estratégias de adaptação, muitas vezes
dependente de seu contexto (do lugar e situação em que vivem).

Esses resultados iniciais não devem ser vistos, em última análise, como um padrão
estabelecido sobre as percepções de riscos, mas podem contribuir para esse tema e
indica mais investigações, considerando um tamanho de amostra representativo da
população. Como uma proposta, considera-se de suma importância a aplicação do pré-
teste antes de realizar o survey, para (re)adequação do questionário de forma a captar
melhor as questões formuladas nessa pesquisa sobre percepção de riscos às
mudanças climáticas e ambientais.

Esse esforço tem contribuído para a construção de algumas hipóteses mencionadas no


início do trabalho que se relacionam a buscar uma melhor compreensão (e possíveis
respostas) para identificar quais são as motivações das pessoas permanecerem em
áreas de riscos à deslizamentos/inundação/elevação do nível do mar, levando em
consideração que as condições econômicas desfavoráveis, falta de apoio do Governo e
a religião são fatores importantes nesse campo de estudo (CUTTER, BORUFF,
SHIRLEY, 1993; VALENCIO et al., 2004; 2005; VEYRET, 2007; BRODY et al., 2008a);
RENN, 2008; VARGAS, 2009; DI GIULIO, 2010; DI GIULIO et al., 2010a; 2010b).

Como uma proposta, considera-se de suma importância a aplicação do pré-teste antes


de realizar o survey para (re)adequação do questionário sobre percepção de riscos
associados às mudanças climáticas e ambientais. Alguns pontos importantes que
reforçam a aplicação de um pré-teste antes de aplicar o survey: (i) sobre as escalas, no
sentido de dar atenção quando se refere ao risco em termos gerais, ou seja, em uma
escala global, ou quando se refere ao risco local, pois percepções diferentes variam de
acordo com a escala (CARMO; GUEDES, 2011); (ii) o entrevistado e seu entorno,

307
pensando em identificar se a família do entrevistado já passou por alguma situação
relacionada aos eventos climáticos extremos (inundação, deslizamento de terra, etc.).
Essa informação pode ser importante para captar o contexto em que o entrevistado se
insere que pode influenciar suas percepções de risco; (iii) a definição do público alvo,
considerando obter clareza das pessoas que serão entrevistadas (definir o
responsável pelo domicílio ou a “dona de casa”, por exemplo, implica em diferentes
análises por "sexo e idade”).

308
APÊNDICE – A.6

Riscos geotécnicos por sub-bacias da UGRHi-3 – litoral norte


Tabela A. 1. Riscos geotécnicos por sub-bacias afetadas na UGRHi-3
Grau de
Risco
Munici risco ou Área
Sub-bacias afetadas geoté %
pio suscetibli (km2)
cnico
dade

12 - Rio Mococa; 13 - Rio Maçaguacu/Bacuí; 14 - Rio


Guaxinduba; 15 - Rio Santo Antônio; 16 - Rio 2 - Médio 154,9 27,3
Juqueriquerê

11 - Rio Tabatinga; 16 - Rio Juqueriquerê Re 3 - Alto 52,2 9,2

12 - Rio Mococa; 13 - Rio Maçaguacu/Bacuí; 14 - Rio


4 - Muito
Guaxinduba; 15 - Rio Santo Antônio; 16 - Rio 224,7 39,5
Caraguatatuba

Alto
Juqueriquerê

16 - Rio Juqueriquerê Ri 3 - Alto 23,0 4,0

11 - Rio Tabatinga; 12 - Rio Mococa; 13 - Rio


Maçaguacu/Bacuí; 14 - Rio Guaxinduba; 15 - Rio Santo 1 - Baixo 55,7 9,8
Antônio; 16 - Rio Juqueriquerê
Rr

12 - Rio Mococa; 13 - Rio Maçaguacu/Bacuí; 15 - Rio


2 - Médio 57,8 10,2
Santo Antônio;

100,
Total 568,2
0

27 - Córrego do Jabaquara; 28 - Córrego Bicuíba; 29 - 2 - Médio 33,6 10,3


Ilhabela

Córrego Ilhabela/Cachoeira; 30 - Córrego Paquera/Cego;


Re
32 - Córrego Sepituba/Tocas; 33 - Córrego
Manso/Prainha; 34 - Córrego do Poço 3 - Alto 290,7 89,7

100,
Total 324,3
0
São Sebastião

17 - Rio São Francisco; 19 - Ribeirão Grande; 20 - Pauba;


21 - Rio Maresias; 22 - Rio Grande; 23 - Rio Camburi; 24 - Re 2 - Médio 33,6 10,7
Rio Barra do Sahy; 26 - Rio Una

309
26 - Rio Una 3 - Alto 10,5 3,3

17 - Rio São Francisco; 18 - São Sebastião; 19 - Ribeirão


Grande; 20 - Pauba; 21 - Rio Maresias; 22 - Rio Grande; 4 - Muito
203,0 64,7
23 - Rio Camburi; 24 - Rio Barra do Sahy; 25 - Rio Alto
Juquehy; 26 - Rio Una

23 - Rio Camburi; 24 - Rio Barra do Sahy Ri 3 - Alto 10,9 3,5

21 - Rio Maresias; 24 - Rio Barra do Sahy; 25 - Rio


1 - Baixo 27,0 8,6
Juquehy; 26 - Rio Uma

Rr
21 - Rio Maresias; 22 - Rio Grande; 23 - Rio Camburi; 24 -
2 - Médio 27,9 8,9
Rio Barra do Sahy; 26 - Rio Una

24 - Rio Barra do Sahy 3 - Alto 1,1 0,3


100,
Total 313,9
0

1 - Rio Fazenda/Bicas; 2 - Rio Iriri/Onça; 3 - Rio


Quiririm/Puruba; 4 - Rio Prumirim; 5 - Rio Itamambuca; 2 - Médio 99,7 14,9
7 - Rio Grande de Ubatuba

3 - Rio Quiririm/Puruba; 7 - Rio Grande de Ubatuba; 8 -


3 - Alto 15,3 2,3
Rio Perequê-Mirim; 10 - Rio Maranduba/Araribá
Ubatuba

Re

1 - Rio Fazenda/Bicas; 2 - Rio Iriri/Onça; 3 - Rio


Quiririm/Puruba; 4 - Rio Prumirim; 5 - Rio Itamambuca;
4 - Muito
6 - Rio Indaiá/Capim Melado; 7 - Rio Grande de Ubatuba; 469,4 70,2
Alto
8 - Rio Perequê-Mirim; 9 - Rio Escuro/Comprido; 10 -
Rio Maranduba/Araribá

6 - Rio Indaiá/Capim Melado; 7 - Rio Grande de Ubatuba; Ri 1 - Baixo 42,2 6,3

310
8 - Rio Perequê-Mirim; 9 - Rio Escuro/Comprido; 10 -
Rio Maranduba/Araribá

Rr 2 - Médio 42,3 6,3

100,
Total 669,0
0
Total
1875,4
UGRHi-3

311

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