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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Jeferson Rafael Rodrigues dos Santos

ANÁLISE DE CARGAS DE PERFIS FORMADOS A FRIO, CONFORME NBR


14762 (ABNT, 2010), PARA DIMENSIONAMENTO DE TRELIÇAS EM LIGHT
STEEL FRAME

Santa Cruz do Sul


2021

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL


2

Jeferson Rafael Rodrigues dos Santos

ANÁLISE DE CARGAS DE PERFIS FORMADOS A FRIO, CONFORME NBR


14762 (ABNT, 2010), PARA DIMENSIONAMENTO DE TRELIÇAS EM LIGHT
STEEL FRAME

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao


Curso de Engenharia Civil da Universidade de
Santa Cruz do Sul, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Me. Henrique Luiz Rupp

Santa Cruz do Sul


2021

Jeferson Rafael Rodrigues dos Santos


3

ANÁLISE DE CARGAS DE PERFIS FORMADOS A FRIO, CONFORME NBR


14762 (ABNT, 2010), PARA DIMENSIONAMENTO DE TRELIÇAS EM LIGHT
STEEL FRAME

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao


Curso de Engenharia Civil da Universidade de
Santa Cruz do Sul, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Civil.

Me. Henrique Luiz Rupp


Professor Orientador – UNISC

Professor Coorientador – UNISC

Me. xxxxxx
Professor Examinador – UNISC
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus familiares, amigos e colegas de trabalho, pelo


incentivo, pela vibração e principalmente, por torcerem por mim, nessa nova
conquista e uma nova caminhada profissional.
5

RESUMO

Os perfis formados a frio são tiras de chapa de aço, que são dobrados em
vários formatos, para constituição de um perfil metálico de diversos formatos,
que venha a ser utilizado em algum elemento construtivo. Os mais comuns são
utilizados para construção de tesouras e treliças e outros utilizados em
componentes de máquinas e equipamentos, que além de ser dobrados a frios,
são conectados com parafusos ou soldados. Além disso, muitos desses perfis
são revestidos em camadas de zinco, para proteção catódica de intempéries e
corrosão, patologias essas que futuramente vão alterando a sua resistência.
Com base na norma ABNT NBR 14762 (ABNT, 2010), procurou-se
dimensionar uma treliça metálica, constituída de perfis a frio para estudar a sua
confiabilidade estrutural e posteriormente comparar com a norma Americana,
se o dimensionamento e cargas aplicadas podem ser aplicadas para o método
construtivo em Light Steel Frame. Com isso, se fez uma revisão teórica sobre o
sistema construtivo em Steel Frame, sua aplicação, comportamento estrutural e
dimensionamento. Na sequência, dimensionou uma treliça, com dimensões
conforme a o método construtivo em Steel Frame, mas com perfis formados a
frio, segundo a NBR 14762 (ABNT, 2010) e construído um protótipo. Com isso,
aplicou-se o ensaio de Stuttgart, para verificar cargas até os valores de falha.
Ao mesmo tempo, foram calculadas as resistências ao escoamento teórico e
de projeto, comparando simultaneamente com a ferramenta Ftool. Como
resultado, todos os parafusos de fixação foram rompidos no momento da
deformação. Porém, a carga inicial de deformação, se deu acima da carga
solicitada dos parafusos, com isso, conclui-se que a treliça foi atendida, dentro
dos parâmetros de cálculo, da NBR 14762 (ABNT,2010), para
dimensionamento de sistemas treliçados em Light Steel Frame.

Palavras-chave: Perfis, treliças, ensaio, steel frame.


6

ABSTRACT

The cold-formed steel are steel strips, that are bended in several shapes, that
consist in a formed steel in many standard, that it are used in built element. The
it’s most used for construction of trusses and steel joists and other made as
assembly of machine and equipments, besides being cold bends, It’s connected
with bolts or welds. Also, many steel shpapes is cover by zinc, for protect
cathodic of bad weather and corrosion, pathology that on the future going
change the resistant his. With base on the Brazilian Standard NBR 14762
(ABNT, 2010), It seeked drawing a steel trusses, formed by cold-formed steel to
study your structural confiability and beyond to compare with American
Standard, if the drawing and the loads applyed can to be used for Method
Construction in Light Steel frame. Therefore, it made a theoric revision about
the construction system in Light Steel Frame, his application, structural behavior
and dimension. After this, it drawing a truss, with size according the
Construction Methodo in Steel Frame, but with cold-formed steel, as the
Brazilian Standard NBR 14762 (ABNT, 2010) and made a prototype. Thereate,
applied it the test of Stuttgart, for verify the loads until the values of failure.
Same time, it was calculated the resistencens the theoric outflow and of project,
comparing with the Ftool Software. As resulted, all bolts was breaking on the of
the bend. But, the initial load of deformation, gave it above of load requestioned
of the bolts. Thereby, finding it that the truss was accept, inside of parameters
of estimate of Brazilian Standard, for project systems truss in Light Steel Frame.

Key words: Shape, trusses, test, steel e frame


7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Diagrama tensão-deformação.....................................................................20
Figura 2 - Estrutura residencial da macro-estrutura.....................................................22
Figura 3 – Modelos esquemáticas...............................................................................23
Figura 4 - Perfiladeira de matriz rotativa......................................................................26
Figura 5 - Tipolologia dos perfis...................................................................................27
Figura 6 - Transmissão de carga vertical a fundação...................................................30
Figura 7 - Painel típico em light steel frame.................................................................31
Figura 8 - Instalação de painéis interno.......................................................................33
Figura 9 - Detalhamento sequencial do revestimento externo.....................................34
Figura 10 - Detalhamento sequencial do revestimento interno....................................34
Figura 11 - Estrutura da laje de entrepiso....................................................................35
Figura 12 - Abertura dos perfis....................................................................................36
Figura 13 - Vigas de entrepiso.....................................................................................37
Figura 14 - Desenho ilustrativo de uma laje úmida......................................................38
Figura 15 - Ilustração da laje seca...............................................................................39
Figura 16 - Laje mista (OSB + Concreto).....................................................................40
Figura 17 - Cobertura inclinada em LSF......................................................................42
Figura 18 - Modelo de Tesoura de cobertura...............................................................44
Figura 19 - Modelo de tesouras...................................................................................45
Figura 20 - Solicitação dos parafusos..........................................................................46
Figura 21 - Parafuso para estruturas LSF – ponta tipo broca......................................47
Figura 22 - Concepção da treliça estudada.................................................................66
Figura 23 - Esforços normais unitários na treliça.........................................................66
Figura 24 - Identificação das barras da treliça.............................................................68
Figura 25 - Início da montagem...................................................................................76
Figura 26 - Treliça finalizada........................................................................................76
Figura 27 - Aplicação de carga para o ensaio de Stuttgart..........................................77
Figura 28 - Aplicação de carga no ensaio de flexão....................................................78
Figura 29 - Aplicação de carga no ensaio de tração....................................................79
Figura 30 - Ruptura do protótipo ensaiado...................................................................79
Figura 31 - Ruptura do protótipo ensaiado – Prot. 1....................................................84
Figura 32 - Deformação protótipo 2.............................................................................85
Figura 33 - Gráfico 1 – Comparativo de resultados......................................................88
8

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Normas Brasileiras para uso estrutural.............................................19
Tabela 2 - Perfis de aço formado a frio para uso em Steel Frame....................28
Tabela 3 - Especificações de perfis....................................................................32
Tabela 4 - Dimensões máximas de furo.............................................................58
Tabela 5 - Resistência a ruptura na tração........................................................59
Tabela 6 - Tensões reais de escoamento e ruptura..........................................80
Tabela 7 - Resultados dos ensaios de Stuttgart................................................84
Tabela 8 - Resultados teóricos e reais de cálculo..............................................86
Tabela 9 - Diferença percentual de resultados encontrados.............................88
Tabela 10 - Diferença percentual Carga aplicada x Cálculo Real.....................89
9

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AISI American Iron and Steel Institute
IBC International Building Code
IRC International Residential Code
NBR Norma Brasileira Regulamentada
CBCA Centro Brasileiro da Construção em Aço
LSF Ligth Steel Frame
10

Sumário
1. INTRODUÇÃO............................................................................................12

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA.......................................................................13

1.3 OBJETIVOS..............................................................................................14

1.3.1 OBJETIVO GERAL............................................................................14

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................14

1.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................14

2. O AÇO NA CONSTUÇÃO CIVIL....................................................................16

2.1 O aço estrutural.........................................................................................17

2.1.1 Propriedades do aço..........................................................................18

2.1.2 Tipos de aços utilizados em Light Steel Frame (LSF).......................20

2.2 Edificações em Light Steel Frame (LSF)..................................................21

2.2.1 Vantagens no sistema Light Steel Frame..........................................23

2.2.2 Normas aplicadas ao Sistema LSF....................................................24

2.3 Elementos Estruturais do sistema LSF.....................................................25

2.3.1 Tipos de perfis metálicos utilizados em LSF......................................25

2.3.2 Painéis Estruturais.............................................................................29

2.3.3 Paredes e Revestimento....................................................................31

2.3.4 Tipos de laje aplicadas em LSF.........................................................35

2.3.5 Sistemas de cobertura em LSF..........................................................41

2.4 Treliças Metálicas.....................................................................................42

2.4.1 Característica de uma treliça.............................................................43

2.4.2 Modelos de treliças metálicas............................................................43

2.4.3 Tipos de ligações...............................................................................45

2.5 Princípios de dimensionamento estrutural................................................47

2.5.1 Método dos estados limites................................................................48

2.5.2 Resistências de Projeto......................................................................50


11

2.6 Aplicação da NBR 14762 (ABNT, 2010)...................................................51

2.6.1 Barras submetidas a tração...............................................................52

2.6.2 Barras submetidas a compressão......................................................53

2.6.2.1 Flambagem global por flexão, por torção ou flexo-torção..............54

2.6.2.3 Método da Seção efetiva.................................................................56

2.6.3 Flambagem distorcional.....................................................................57

2.6.4 Ligações parafusadas........................................................................58

2.6.4.1 Ligações com parafusos auto-atarraxantes....................................59

3. METODOLOGIA.............................................................................................63

3.1 Característica do aço estrutural utilizado na treliça.....................................64

3.2 Definição do Projeto.....................................................................................65

3.3 Concepção construtiva do da treliça............................................................65

3.3.1 Cálculo resistente a tração........................................................................68

3.3.2 Cálculo resistente a compressão..............................................................69

3.3.3 Método da seção efetiva...........................................................................72

3.4 Fabricação do Protótipo...............................................................................75

3.4.1 Aplicação do ensaio de Flexão..................................................................77

3.4.2 Aplicação do Ensaio de Tração.................................................................78

3.5 Análise real do ensaio de Flexão.................................................................81

4. RESULTADOS...............................................................................................84

4.1 Resultado dos ensaios experimentais.........................................................84

4.2 Resultados teórico.......................................................................................86

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS......................................................................87

6. CONCLUSÃO.................................................................................................90

6.1 Análise conclusiva.....................................................................................90

6.2 Sugestões para trabalhos futuros.............................................................91

6. BIBLIOGRAFIA...............................................................................................92
12

1. INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil passou por diversas mudanças nas


últimas décadas. Dentre essas mudanças, as que tiveram um maior impacto foi
a inclusão de novas técnicas construtivas e aprimoramento de novos materiais
nos canteiros de obras. E todas essas mudanças, foram sentidas no mercado,
como uma melhoria de custo, já que as inclusões de novas técnicas
construtivas diminuíram os cronogramas de entrega e a geração de resíduos
da construção.
Porém, a inclusão de novas tecnologias ao ambiente de obra requer
uma capacitação profissional diferente do método convencional. Com isso, não
só a equipe de Engenheiros e Projetista, tinha esse protagonista da
qualificação, mas agora, a equipe de execução da obra deve estar treinada e
preparada, para executar com qualidade essas novas tecnologias.
O Projeto de uma edificação, com todos os seus detalhamentos, lista de
materiais e memoriais de cálculo, começou a dar atenção na etapa executiva
da obra, ou seja, cada vez mais se começou a detalhar todas as etapas de
execução e montagem de uma obra. E uma das tecnologias que aos poucos
vem tomando espaço em edificações residenciais é o sistema Light Steel
Frame (LSF).
O sistema LSF é uma técnica totalmente industrializada, onde perfis
metálicos, que compõe a macro e a supra estrutura, vem de fábrica na medida
certa pronta para a sua montagem. Segundo Bouvie (2015), a construção civil
brasileira vem buscando sistemas construtivos que sejam mais eficientes e que
gerem aumento de produtividade, aliando diminuição de custos com técnicas
mais sustentáveis industriais. Com isso, o sistema LSF vai ao encontro dessa
nova tendência, aliando produtividade, rentabilidade e sustentabilidade.
Outro detalhe que impacta positivamente a utilização de sistema LSF
em edificações residências é que a disponibilidade de perfis metálicos
formados a frio (PFF), estão disponíveis no mercado, conforme NBR 14762
(ABNT, 2010) – Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituído por Perfis
13

Formados a Frio – fazendo o Projetista se orientar por padrões comerciais já


existente, facilitando a verificação de cargas da estrutura.
Porém, a falta de uma norma nacional, referente ao sistema LSF e a
falta de referencial teórico, faz com que a indústria da construção adote normas
internacionais, para Projeto e execução, no caso atual, uma das referências é a
utilização da ICC – International Code Concil (USA – 2012). Também é um
desafio em buscar materiais acadêmicos pertinentes ao tema, já que é uma
tecnologia construtiva relativamente nova no Brasil.
Essa mesma técnica é utilizada em países que a industrialização da
construção civil é alta, diferente no Brasil, onde ainda utiliza o modelo
convencional, praticamente uma técnica artesanal, para construção em
edificações. Segundo Crasto (2005), a técnica construtiva que ainda é muito
utilizada no Brasil é o sistema Drywall1, porém o sistema é utilizado como
sistemas de fechamento interna, com a utilização de perfis não-estruturais e
gesso acartonado como revestimento, mas como uma rapidez construtiva e
baixa geração de resíduo.
Com isso, o desafio do trabalho é dimensionar uma treliça conforme as
Normas Internacionais do sistema industrializado Steel Frame, principalmente a
norma Americana IBC – International Building Code – (ICC, 2012a), e comparar
esse dimensionamento com a NBR 14762 (ABNT, 2010) - Dimensionamento de
estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio – onde poderá analisar se
a Norma Brasileira está atendendo aos requisitos da norma Americana.

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA

É possível dimensionar e fabricar uma treliça metálica, que atenda aos


requisitos da Americana IBC – International Building Code – (ICC, 2012a),
usando como base normativa a NBR 14762 (ABNT, 2010) - Dimensionamento
de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio?

1
Traduzindo do Inglês: Parede seca
14

1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL

Aprimorar o conhecimento no sistema construtivo Ligh Steel Frame


(LSF), abordando as suas vantagens e características, com o objetivo de
dimensionar uma treliça metálica, utilizando como parâmetros construtivos a
norma Americana ICC, (2012b) e comparando com a NBR 14762.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Fazer uma revisão bibliográfica sobre a utilização do aço, como
elemento construtivo;
 Buscar fontes de informações, com livros, sites e publicação de revistas
técnicas, referente ao sistema construtivo de LSF e seus componentes;
 Revisão bibliográfica referente ao projeto e construção de uma treliça de
LSF;
 Analisar a capacidade de carga de uma treliça de LSF conforme a NBR
14762 (ABNT, 2010) – Dimensionamento de Estruturas de Aço
Constituídas por Perfis Formados a Frio;
 Fabricar o modelo dimensionado e aplicar ensaios pertinentes para
verificação do comportamento simulado da estrutura, com o resultado
prático do ensaio e o seu comportamento.

1.4 JUSTIFICATIVA

A área estrutural da Engenharia é tida como desafiadora e também de


enriquecimento técnico, onde servem estudos profundos de otimização de
Projetos e diminuição de custos. No que se refere a Estrutura Metálica,
principalmente na abordagem técnica em sistemas construtivos de Light Steel
Frame (LSF), o desafio em Projetar e dimensionar esse sistema é ainda maior,
pois carece de uma Norma Nacional específica para o sistema. Com isso, a
maioria dos escritórios de Engenharia projetam utilizando a Norma Americana
ICC (2012).
15

Desta forma, a justificativa do trabalho é aprofundar em uma área pouco


explorada e de muitos desafios, trazendo em paralelo estudos, artigos e
ensaios realizados nesse sistema estrutural, dimensionando uma treliça
metálica de LSF, com a referência normativa da NBR 14.762:2010 para
validação do sistema. Também é uma área carente, com poucos profissionais
no mercado, sendo uma justificativa de mercado, onde os desafios desta área
possam gerar profissionais de referência no futuro.
16

2. O AÇO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A presença do aço na construção civil, é cada vez mais crescente, tanto


como subproduto de um concreto armada, ou elementos de fixação, como
elemento estrutural, onde seu espaço é cada vez mais aplicado, principalmente
por ter um processo tecnológico e preciso.
O incremento de materiais metálicos na Construção Civil, começou com
o advento da Revolução Industrial, especificamente no século XIX, onde países
como Inglaterra, França e Alemanha intensificaram estudos em processos e
produtos metalúrgico.
Como BELLEI (2008) destaca, com auge da produção de ferro 2 na
França e Inglaterra, aprimoram-se em estudos para elaboração e conformação
deste material. Com isso, em 1851 grandes edifícios metálicos foram
construídos em Londres, onde se destaca o Palácio de Cristal. Porém, nos
arredores de Paris, naquele mesmo período, o primeiro edifício de múltiplos
andares, projetado e executado de fato foi a fábrica de chocolate Noisiel-Sur-
Name.
O advento do aço, como elemento construtivo, se deu com a fundação
com a Escola de Chicago, onde a cidade foi pioneira em prédios de múltiplos
andares, em pleno final do século XIX, posto que posteriormente foi tomada
pela cidade de Nova York, com as construções do Chrysler Building, em 1929,
com 320 m e 75 andares e o Empire State3, em 1931, com 380 m e 102
andares.
No Brasil, a construção em aço começou de maneira lenta, a partir da
década de 20 com a criação da Companhia Siderúrgica Belgo Mineiro, mas o
seu auge em produção e desenvolvimento de novos produtos se deu em 1945,
com a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A partir da década
de 60, se consolidaram a Usiminas e Cosipa, que produziam chapas e a
Gerdau Açominas, que iniciou a produção de perfis laminados.

2
Nesse mesmo período, o que fortaleceu a produção de ferro, tanto a Inglaterra como a
França, foram a construção de ferrovias e acessórios, tanto em seus países como nas suas
colônias no restante do mudo.
3
O Empire State ficou no posto por 40 anos, como o edifício de múltiplos andares mais alto do
mundo, até a a contrução do Seares Tower em 1974, na cidade de Chicago.
17

Conforme ENDLER (2014), as principais edificações em aço no Brasil


foram, Edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro, primeiro edifício alto em
estrutura metálica do Brasil construído em 1964, com 34 andares. Também são
exemplos os edifícios Santa Cruz em Porto Alegre, e Garagem América em
São Paulo, com 16 andares, construído em 1957.
Outro aspecto que deve ser destacado na Construção em Aço, é o
aprimoramento de Arquitetos em projetar edificações, tanto comerciais como
residências em aço. Com isso, o sistema LSF ganha um protagonismo
diferente dos demais sistemas construtivos. Segundo BELLEI (2008), a
Arquitetura do Aço, quando bem dimensionada conforme as características do
aço, produz construções leves, modernas e arrojadas, além de excelentes
resultados econômicos.
O Aço como elemento estrutural, segundo ENDLER (2014), podem ser
divididos em pilares, vigas e lajes. A união desses elementos deve ter
resistência mecânica, estabilidade, rigidez, resistência à fissuração e, em
alguns casos, capacidade de rotação, para poder contribuir de modo efetivo na
resistência global de uma edificação.
Além disso, PFEIL (2009) destaca que os elementos de ligação entre
elementos metálicos, têm grande importância para o seu dimensionamento,
sejam eles parafusados ou soldados. Com isso, há basicamente dois tipos de
ligação entre elementos: por meio de conectores ou por solda. Os conectores,
rebites ou parafusos, são colocados em furos que atravessam as peças a ligar.
Já a ligação por solda consiste em fundir as partes em contato de modo a
provocar união das mesmas.

2.1 O aço estrutural

O aço é uma liga de ferro, proveniente do processo siderúrgico, tanto o


aço como o ferro fundido possuem Carbono em suas composições, porém o
que diferencia é o seu percentual, onde nesse caso o aço tem um percentual
de a 0,08% até 1,7 % de C. Segundo Pfeil (2009), O Carbono aumenta a
resistência do aço, porém deixa-o mais duros e frágeis, nesse caso o correto
18

seria um tratamento térmico, onde esses produtos são utilizados em peças


mecânicas de alta resistência.
Os aços com baixo teor de carbono são mais resistentes a tração e
muito dúcteis, específicos para aplicações em elementos estruturais. O seu
regime elástico, comparado com os aços de alto teor de carbono é propício
para dimensionamento de elementos estruturais. Com isso, segundo Pfeil
(2009), esses são os mais aplicados para projetos e dimensionamentos de
elementos estruturais, sendo resistente a ruptura por tração ou por
compressão, valores que variam entre 300 Mpa até 1200 Mpa.
Segundo Endler (2014), os aços para produção de perfis sejam
laminados ou soldados, de seção tubular com ou sem costura, barras e
chapas, são aqueles com qualificação estrutural assegurada por Norma
Brasileira, ou norma ou especificação estrangeira, desde que atendam a
resistência ao escoamento máximo de 450 Mpa, conforme NBR 8800:2008.
Já os perfis formados a frio, também são aços de baixo teor de carbono.
São detalhados e especificados pela NBR 14.762:2010. Essa norma será
abordada com maior detalhamento nos próximos capítulos, onde se
apresentará todas as suas características físicas, químicas e mecânica.
Com relação ao tipo de aço estrutural para a construção, o Centro
Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), destaca os aços estruturais
existentes atualmente, o mais utilizado e conhecido é o ASTM A36, e que
conforme a NBR 7007- Aços para perfis laminados para uso estrutural - possui
as mesmas propriedades que o ABNT MR250, que é classificado como um aço
carbono de média resistência mecânica.

2.1.1 Propriedades do aço

O aço, assim como todos outros materiais metálicos, tem um


comportamento Isotrópico4, além de possui propriedades mecânicas e
químicas que devem ser avaliadas, conforme a sua aplicação estrutural. Um

4
Um material é isotrópico se suas propriedades mecânicas e térmicas são as mesmas em
todas direções.
19

dos aspectos químicos que se observa para processos de solda é o percentual


de carbono.
Conforme Endler (2014), o aumento do teor de carbono no aço aumenta
a sua resistência, porém diminui a sua ductibilidade, que é a capacidade de se
deformar antes da ruptura, o que pode ocasionar problemas na soldagem
posteriormente. Para isso, recomenda-se a utilização de aços de baixos teores
de carbono, limitando a ao percentual de C < 0,29%. Os aços carbonos mais
utilizados para fins estruturais, encontra-se na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 - Normas Brasileiras para uso estrutural

Fonte: Adaptado pelo autor. Item A.2.3 Tabela A.1 – NBR 8800:2008

Com relação ao aspecto de propriedade mecânica, algumas


características existentes nos aços são listadas abaixo:
20

 Ductibilidade: capacidade que o material tem de se deformar, sob


ação de cargas, antes de seu rompimento. Essa propriedade é
também chamada de regime plástica;
 Resiliência: capacidade de o material absorver energia no seu
regime elástico;
 Tenacidade: Capacidade que o aço tem em receber energia
mecânica sem ruptura, com deformações elásticas e plásticas;
Outro detalhe importante, que todo o Engenheiro deve atentar, quando
projetar estruturas em aço, é conhecer bem as suas propriedades mecânicas e
seu respectivo comportamento. O Diagrama de tensão-deformação, conforme
ilustrado na Figura 1, representa informações preciosas para um bom projeto
estrutural, tendo o entendimento do material e o seu comportamento, conforme
os carregamentos solicitados.

Figura 1 - Diagrama tensão-deformação

FONTE: Pfeil, 2009

2.1.2 Tipos de aços utilizados em Light Steel Frame (LSF)

No sistema LSF, algumas características dos aços devem ser


observadas para dimensionar elementos estruturais, como quadros, pilares,
vigas, treliças que compões a supra estrutura. No caso de elementos
21

estruturais, especificamente perfis U, e Ue, além de perfis L, são todos perfis


formados a frio, que variam de 0,9 mm a 2,5 mm.
Para o correto dimensionamento, conforme a NBR 14762 (ABNT, 2010),
esses perfis devem ter proteção anticorrosiva de agentes externos, que o
mesmo processo de galvanização a fogo. Conforme Crasto (2005), a
galvanização ou zincagem é um dos processos mais efetivos e econômicos
empregados para proteger o aço da corrosão atmosférica. O efeito da proteção
ocorre por meio da barreira mecânica exercida pelo revestimento e também
pelo efeito sacrificial (perda de massa) do zinco em relação ao aço base
(proteção galvânica ou catódica). Dessa forma, o aço continua protegido,
mesmo com o corte das chapas ou riscos no revestimento de zinco.
Para esse caso, utiliza-se as orientações conforme NBR 7008:2003 -
Chapas e bobinas de aço revestidas com zinco ou com liga zinco-ferro pelo
processo contínuo de imersão a quente – Essas características serão mais
detalhadas no capítulo específico da NBR 14762 (ABNT, 2010).

2.2 Edificações em Light Steel Frame (LSF)

O sistema construtivo em LSF é um sistema construtivo que nasceu na


década de 1930 nos Estados Unidos, inspirado no Wood Frame (estrutura de
madeira), bastante utilizado na Europa e Japão. Basicamente, é uma estrutura
autoportante de perfis de aço galvanizado, formados a frio, que, utilizados com
placas cimentícias e lã de rocha, dão sustentação a paredes, piso e cobertura.
Também possui componentes de fundação, vedação, isolamento e instalações,
conforme Pomaro e Carregari (apud BOUVIE 2015).
É considerado uma técnica construtiva limpa, com baixa geração de
resíduos. Também é classificada como uma construção a seco, já que não
necessita de água no canteiro de obra para sua execução. Por ser um sistema
industrializado, possibilita uma construção a seco com grande rapidez de
execução, conforme ilustra a figura 2 abaixo. Assim, devido a essas
características, o sistema Steel Framing também pode ser denominado de
sistema autoportante em aço de construção a seco (CRASTO, 2005).
22

Figura 2 - Estrutura residencial da macroestrutura

Fonte: CRASTO (2005)

Para entender melhor esse sistema, existem dois conceitos básicos


relativos ao LSF, onde Frame é o esqueleto estrutural projetado para dar forma e
suportar a edificação, sendo composto por elementos leves – os perfis formados a
frio (PFF) e Framing é o processo pelo qual se unem e vinculam esses elementos.
(BOUVIE, 2015).
Além da supra estrutura, o sistema Light Steel Frame (LFS) apresenta
outras subestruturas ou subsistemas, onde há basicamente três tipos de
subestruturas: os pisos estruturais, as paredes estruturais e o sistema de
cobertura, como ilustra a figura 3 abaixo, o modelo esquemático dessa
edificação.
23

Figura 3 – Modelos esquemáticas

Fonte: CRASTO (2005)

2.2.1 Vantagens no sistema Light Steel Frame

Em edificações construídas no sistema LSF, as diversas vantagens


existentes começam no diferencial de Projeto e Execução, se comparado com
o sistema convencional de Construção. Esse diferencial inicial se deve muito
ao Planejamento que o sistema determina, ou seja, não existe a execução de
uma obra ou etapa em LSF, enquanto o projeto estiver em conclusão. Só
depois de todo o Projeto finalizado, com suas listas de materiais e acessórios é
que a execução da obra a começa.
Porém, com o Projeto finalizado e planejado, os elementos que compõe
o LSF – perfis, treliças, quadros, acessórios de fixação, painel, etc. – serão
produzidos, para depois serem envidado ao canteiro de obras, já prontos para
serem montados. Com isso, os elementos construtivos são produzidos
industrialmente, onde a matéria prima utilizada, os processos de fabricação,
suas características técnicas e acabamento passam por rigorosos controles de
qualidade (CRASTO, 2005).
24

Dentre todas as vantagens do sistema LSF, as principais podem ser


destacadas abaixo:
 Aço de alta resistência faz com que o desempenho da estrutura seja
maior, além de ser um aço galvanizado, evitando corrosões futuras;
 Precisão dimensional em projetos, onde os projetos são detalhados em
milímetros;
 Perfis leves, com facilidade no transporte e no manuseio, com isso o
canteiro de obras acaba se tornando uma linha de montagem fixa, com
intuito de montar o sistema com maior rapidez;
 Construção a seco, sem utilização de água e zero diminuição de
resíduos, contribuindo para uma construção Lean;
 Conforme Bouvie (2015), O prazo de entrega das construções que utilizam
esse sistema é reduzido em torno de 30% se comparados a construção
tradicional, além de um custo de obra inferior de 20% a 30%.

2.2.2 Normas aplicadas ao Sistema LSF

No Brasil ainda não existe uma Norma específica, que detalha todo o
sistema construtivo para LSF. O que a maioria dos Engenheiros, Construtores
e Arquitetos se orientam são com catálogos e manuais de fabricantes e
fornecedores nacionais de DryWall e perfis metálicos.
Também é utilizado como referência de projeto e execução, as normas
Americanas, como à International Building Code (IBC) que é o Código de
Construção Internacional e a International Residencial Code (IRC) que por sua
vez é o Código Residencial Internacional. Ambas às normas dão muita
sustentação técnica aos Engenheiros, devido que os Americanos foram os
pioneiros nessa técnica construtiva e por que possuem pesquisas nessa área
desde à década de 30.
Por outro lado, o Brasil as normas NBR 6355:2012 - Perfis estruturais de
aço formados a frio – Padronização. NBR 15253:2014 - Perfis de aço formados
a frio, com revestimento metálico, para painéis reticulados de edificações -
Requisitos gerais e a NBR 14762 (ABNT, 2010) - Dimensionamento de
estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio.
25

Uma norma nacional está sendo elaborada, através do Comitê Brasileiro


para construção da ABNT - CB-02. Conforme Bouvie (2015), também existe a
diretriz do SINAT n° 003 PBQP/H (BRASIL, 2012) – Sistemas Construtivos
estruturados em perfis leves de aço (sistemas leves tipo “light steel framing”),
enquanto nos Estados Unidos tem-se o IBC – International Building Code –
(ICC, 2012a) e o IRC – International Residential Code – (IRC, 2012b).

2.3 Elementos Estruturais do sistema LSF

Uma edificação executada em LSF é composta por diversos elementos


construtivos que compõe a edificação. Desde a fundação até a cobertura, todos
os elementos são fundamentais no desenvolvimento do projeto, por se tratar de
um sistema autoportante.
Conforme, Rodrigues e Caldas (apud Gomes, 2004), definem como
conceito principal do projeto de Sistema LSF, a divisão da estrutura em uma
grande quantidade de elementos estruturais, de maneira que cada um resista a
uma pequena parcela da força total aplicada. Assim, seria possível utilizar
perfis mais esbeltos e painéis mais leves e fáceis de manipular.
Além disso, o sistema LSF é considerado uma Supra estrutura,
composta por perfis metálicos, interligados com elementos de fixação
(parafusos), que compõe os painéis da supra estrutura. Os perfis metálicos, os
painéis lajes e coberturas serão detalhadas nos próximos capítulos.

2.3.1 Tipos de perfis metálicos utilizados em LSF

Como citado anteriormente, os perfis metálicos utilizados, são


normatizados pela NBR 14.762:2010 - Dimensionamento de Estruturas de Aço
Constituídas por Perfis Formados a Frio e a NBR 6355 - Perfis estruturais de
aço formados a frio – Padronização. A NBR 14.762:2010 será detalhada
posteriormente, com seus cálculos cargas.
Conforme Crasto (2005), as estruturas metálicas são compostas por
duas “famílias” de elementos estruturais. Uma composta pelos perfis laminados
26

e soldados e a outra composta por perfis formados a frio. Os perfis estruturais


de aço formados a frio são obtidos a partir do dobramento, em prensa
dobradeira, ou por perfilagem em conjunto de matrizes rotativas, conforme
figura 4, de tiras de aço cortadas de chapas ou bobinas laminadas a frio ou à
quente, revestidas ou não (NBR 6355: 2003).

Figura 4 - Perfiladeira de matriz rotativa

Fonte: http://www.zikeli.com.br/en/portfolio/rollformer-for-structural-profiles/

Por esse processo de perfilhamento ser conformado em temperatura


ambiente, aí vem o termo: Perfil Formado a Frio (PFF). No caso de perfis
utilizados em LSF, geralmente são obtidos por perfilagem a partir de bobinas
de aço revestidas com zinco ou liga alumínio-zinco pelo processo contínuo de
imersão a quente ou por eletrodeposição, conhecido como aço galvanizado.
(CRASTO, 2005).
Os perfis utilizados em sistema Steel Frame, tem na maioria dos
modelos, o perfil U e perfil Ue 5 (U enrijecido). O que diferencia ambos é que o
perfil Ue possui um enrijecedor que o torna mais resistente. A figura 5 mostra a
diferença entre os dois tipos de perfis utilizados para construções em LSF
Frame juntamente com sua nomenclatura.

5
Alguns fabricantes não utilizam como perfil Ue, mas como perfil C.
27

Figura 5 - Tipologia dos perfis

Fonte: BOUVIE (2015)

O perfil U é utilizado na montagem dos painéis que formam um quadro


das paredes laterais, principalmente nos banzos inferiores, superiores e
laterais. Segundo, sua espessura pode variar de 0,9 mm até 2,5mm e tamanho
da alma de 90 mm até 302 mm, segundo às Normas, NBR 6355:2003 e NBR
15253:2014. E os perfis enrijecidos (Ue), são utilizados na ligação de
montantes entre banzos, vergas e vigas do entre pisos. Nos cantos de paredes
são utilizados Ue duplo formando uma peça única similar fixadas pela alma.
Sua espessura varia de 0,8 mm a 1,25 m e altura da alma entre 90mm – 200
mm, segundo as NBR 6355:2012 e NBR 15253:2014.
Também outros dois perfis utilizados nos sistemas LSF são o perfil
cartola e o perfil L. O perfil cartola tem uma aplicação especifica para
montagem em sistemas de coberturas, onde o seu formato, em vez de ser
enrijecido internamente, como o perfil Ue, o seu enrijecimento é para o lado
externo, tendo um formado de um chapéu ou cartola.
Já o perfil L é utilizado para alguns casos em contraventamento e
travamento de painéis. Pode ser de abas de tamanhos iguais ou abas de
tamanho distinto. A tabela 2 abaixo, apresenta os tipos de perfis, suas seções
transversais e suas aplicações em sistemas LSF.
28

Tabela 2 - Perfis de aço formado a frio para uso em Steel Frame

Fonte: Tabela 3 – NBR 15253:2014

Para todos os perfis da tabela anterior, as medidas são representadas


sempre em milímetros. Já e suas dimensões para os perfis U (guias) são
descritas como:
 (bw)= alma
 (bf)= mesa
 (tn)= espessura da chapa
Já nos perfis Ue, que na maioria das vezes é usado como montante, é
acrescido uma borda descrita como (D), onde efetivamente é a dobra do
enrijecimento.
29

Além da espessura (tn), a resistência de um perfil de aço depende da


dimensão, forma e limite de elasticidade do aço. O limite de escoamento dos
perfis de aço zincado, determinado de acordo com a norma NBR 6673:1981,
não deve ser inferior a 230 MPa, conforme NBR 15253: 2005 (apud Crasto,
2005).

2.3.2 Painéis Estruturais

Os painéis em LSF tem basicamente finalidade estrutural, além de


compor elementos de fechamento, também tem a função de vedação vertical.
Nem todos os painéis necessitam ser estruturais ou autoportante. Os painéis
estruturais suportam cargas na estrutura e podem estar instalados tanto na
parte externa ou interna da edificação. Os painéis não-estruturais exercem
apenas da função de vedação ou divisão de ambientes.
Detalhando os painéis estruturais estão sujeitos a cargas horizontais de
vento, assim como a cargas verticais proveniente dos pisos, telhados e outros
painéis. Essas cargas verticais são originadas do peso próprio da estrutura e
de componentes construtivos e da sobrecarga devido à utilização (pessoas,
móveis, máquinas, águas pluviais, etc.). Portanto, a função dos painéis é
absorver esses esforços e transmiti-los à fundação. (CRASTO, 2005).
Na figura 6 ilustra a montagem de um modelo simples de painel em LSF,
com os componentes e quantidades dos elementos verticais transversais Ue
denominados montantes, e elementos horizontais de seção transversal tipo U
denominados guias.
Conforme Gomes (2019), os montantes que compõem os painéis,
transferem as cargas verticais por contato direto através de suas almas,
estando suas seções em coincidência de um nível a outro, dando origem ao
conceito de estrutura alinhada. Assim como, vigas de piso, tesouras de telhado
ou treliças, também devem estar alinhadas aos montantes. Com a
possibilidade de não obter um alinhamento, deve aplicar uma viga, que possa
distribuir às cargas uniformemente.
30

Figura 6 - Transmissão de carga vertical a fundação

Fonte: CRASTO (2015)

Os elementos de fixação mais empregados que une esses perfis,


montante e guia, que constituem a estrutura é a ligação por meio de parafusos
galvanizados do tipo auto perfurantes ou autoatarrachantes. O qual, seu tipo
específico de parafuso em relação à cabeça, diâmetro, comprimento e ponta,
podem variar dependendo da sua função estrutural e as peças as quais
querem ser fixadas. GOMES (2019).
Outro detalhe a ser observado é com relação a distância entre os
montantes. Segundo a norma Americana IRC (2012), a distância entre os
montantes, geralmente de 400 ou 600 mm, é determinada pelas solicitações
que cada perfil será submetido.
Conforme Crasto (2005), quanto maior a separação entre os montantes,
menor a quantidade dos mesmos e como consequência, maior será a carga
que cada um deles deverá absorver. Para alguns casos, onde os montantes
são montados em uma distância entre 200 mm, eles são aplicados por
exemplo, no forro de uma edificação, onde há a possibilidade de uma caixa
d’agua, que pudesse aguentar os esforços verticais concentrados em uma
determinada área. A figura 7 ilustra a distância empregada na maioria desses
Projetos.
31

Figura 7 - Painel típico em light steel frame

Fonte: CRASTO (2015)

Outro detalhe importante que deve ser observado é a perfuração no


perfil Ue, que serve para passagem de instalações elétricas e hidráulicas de
toda a edificação. Algumas recomendações devem ser observadas com
relação a furação, conforme menciona Bouvie (2015):
 Os furos só devem ser feitos na linha de centro da alma;
 Espaçamento entre centros de no máximo 609,6 mm;
 Devem ter largura de no máximo 38,1 mm, comprimento que não
exceda 114,3 mm; e os furos não exceda uma distância mínima da
borda do perfil de 254 mm.

2.3.3 Paredes e Revestimento

Todo painel em LSF, tanto montado no canteiro de obras, ou trazido ao


canteiro, vão compor as paredes da edificação, que darão sustentação ao
sistema Autoportante, no caso seriam os painéis estruturais. Como citado no
subcapítulo anterior, as distâncias entre os perfis, tamanho e furações
possuem dimensões pré-estabelecidas, conforme IRC (2012b).
Conforme Bouvie (2015), todo o projetista deve atentar ao distanciamento
dos montantes, a espessura dos mesmos e também a altura do perfil, que na
32

verdade será a altura da parede, esse distanciamento está tabelado pelo IRC
(2012b), e por alguns fabricantes de perfil formado a frio, que orientam a altura
do perfil, conforme velocidade do vento, espaçamento dos montantes e
espessura. Na maioria das edificações, os perfis podem variam de 2,44 m de
altura até 3,08 m, com espessuras entre 0,9 a 1,1 mm.
Na tabela 3, pode verificar os montantes para um pé-direito com 2,8 m,
com bloqueador a meia-altura, suportando somente telhado e forro. Nessa
tabela, é aplicada para uma residência de um pavimento ou o segundo andar
de uma residência de dois pavimentos.

Tabela 3 - Especificações de perfis

Fonte: Rodrigues e Caldas (2016)

Após a montagem de um painel, que na sequencia se tornará uma parede


estrutural, principalmente no fechamento externo, são utilizados revestimentos
que suportam cargas do peso próprio e cargas de ventos e de abalos sísmicos.
Segundo Gomes (2019), esses materiais são placas estruturais capazes de
fornecer um aumento da resistência do painel, uma vez que absorvem as
cargas laterais que solicitam a estrutura, e as transmitem a fundação.
Segundo Bouvie (2015), a maioria dos revestimentos utilizados no Brasil
em edificações de LSF são as chapas de Drywall para o revestimento interno, e
os painéis de OSB6 (Oriented Strand Board) para revestimento externo, ambos
painéis possuem espessura de 1 cm conforme fabricante. Após a fixação do
OSB torna-se necessário fazer o acabamento com placa cimentícia, na
sequencia uma base coat e uma pintura em PVC para uso externo.
6
Um painel de OSB é feito de tiras de madeiras de reflorestamento, onde são dispostas
organizadas na mesma direção e posteriormente prensadas. Sua densidade e espessura
podem variar, conforme a sua aplicação.
33

Logo abaixo, a figura 8 mostra a montagem de um painel interno, onde a


parede possui dimensões de 4,5 m comprimento e 2,8 m de altura, onde serão
instaladas as placas OSB.

Figura 8 - Instalação de painéis interno

Fonte: Próprio autor (2020).

Na sequência, a figura 9 ilustra o detalhamento dos diversos materiais de


revestimentos, aos quais especificam o sequenciamento de maior
empregabilidade referente ao fechamento externo.
34

Figura 9 - Detalhamento sequencial do revestimento externo

Fonte: Gomes (2019), disponível em <http://www.http://fastcon.com.br/o-que-e-steel-frame/

Para um ambiente interno, o gesso acartonado é o material mais indicado


para fins de vedação, com propriedades acústicas e térmicas, fatores
desejáveis por todo o Arquiteto. Na sequência, é aplicada uma massa
niveladora e posteriormente uma pintura de acabamento, conforme ilustra a
figura 10.

Figura 10 - Detalhamento sequencial do revestimento interno

Fonte: Gomes (2019), disponível em <http://www.http://fastcon.com.br/o-que-e-steel-frame/


35

2.3.4 Tipos de laje aplicadas em LSF

As lajes utilizadas em edificações de LSF, obedecem ao tipo de


ambiente onde elas são aplicadas. Como na maioria dos projetos, os
ambientes são divididos em área úmida e área seca. Além disso, também se
leva em conta o tipo de cargas aplicadas em cada área para um melhor
dimensionamento de laje e o seu revestimento.
Na estrutura das lajes, o mesmo princípio de distribuição de perfis,
aplicados nos painéis, é aplicado nas lajes de piso. Essa distância é
dimensionada conforme a carga submetida aos perfis galvanizados. Conforme
cita Gomes (2019), os perfis denominados como vigas de pisos, estão sujeitos
a peso próprio, pessoas, mobiliários e servem ainda de estrutura de apoio do
contrapiso.
Crasto (2005), também cita que, um perfil de seção Ue, disposto
horizontalmente, cujas mesas, normalmente, tem suas dimensões iguais as
das mesas dos montantes, porém sua altura da alma é determinada por
diversos fatores, dentre eles, pode-se citar a modulação da estrutura e o vão
entre apoios. Com isso, a disposição dos perfis, para às vigas de piso sempre
geram menores distâncias entre os apoios. Consequentemente resultam em
perfis com menores alturas. Na figura 11, observa a estrutura da laje de
entrepiso com a distribuição dos respectivos perfis.

Figura 11 - Estrutura da laje de entrepiso


36

Fonte: Crasto (2005)


Conforme citado anteriormente, os perfis devem ser enrijecidos o
suficiente para suportar cargas provindas dos pisos, além disso, o perfil deve
atender à exigência de carga, para perfurações em suas almas, conforme
destaca a NBR 15.253:2014:
Aberturas sem reforços devem ter bordas arredondadas e dimensões
máximas de 115 mm de comprimento e 38 mm de largura. O maior
eixo de abertura deve coincidir com o eixo longitudinal central da alma
do perfil (ver Figura 12). A distância entre centros de furos sucessivos
deve ser no mínimo igual a 600 mm; a distância entre a extremidade
do perfil e o centro do primeiro furo deve ser no mínimo de 300 mm; a
distância entre a extremidade de uma abertura e a face lateral do
apoio da viga deve ser de no mínimo 250 mm. (NBR 15253:2014, p.
12).

Com isso, pode observar o detalhamento de furação da alma de um


perfil, obedecendo aos critérios da NBR 15.523:2014, na figura 12.

Figura 12 - Abertura dos perfis

Fonte: NBR 15253:2014

Outro detalhe, que deve ser levado em conta, é com relação aos apoios
dos perfis, que formam as vigas de entrepiso do sistema LSF. Na maioria dos
casos, sempre se projeta perfis de pisos para serem bi-apoiadas, conforme
cargas já calculadas, mas elas também podem ser vigas contínuas, ou seja,
apoiadas em mais de um ponto. Na figura 13, observa a disposição desses
perfis em perfis bi-apoiados e perfis contínuos.
37

Figura 13 - Vigas de entrepiso

Fonte: Rodrigues e Caldas (2016)

Porém, Rodrigues (2016) destaca a vantagem de utilização de vigas


contínuas. Devido aos momentos fletores positivos gerados nessa composição,
às cargas são bem inferiores com relação a vigas bi-apoiadas. Com isso, o
vigamento continuo mostra-se também como uma boa alternativa para o
sistema LSF, sendo possível reduzir substancialmente o consumo de aço.
Como citado no início do subcapítulo, as lajes em sistemas construtivos
LSF são classificadas conforme a sua forma construtivo e o seu material, nesse
caso existe as áreas úmidas e lajes secas e lajes mistas. Abaixo está a
descrição de cada uma.
a) Laje úmida:
As lajes úmidas são instaladas com uma chapa metálica ondulada, que
serve como forma do concreto que será moldada, e servirá como contra piso.
Sua espessura pode variar entre 4 a 6 cm e deve ser preenchida com uma tela
de aço. Esse sistema não deve ser confundido com o modelo Steel Deck, pois
segundo Crasto (2005), esse sistema necessita de um número maior de
apoios.
O contrapiso serve como base para instalação de revestimento
cerâmicos, laminados ou de madeira, dispensando o uso de placas OSB.
Conforme a Crasto (2005), a forma metálica não fica aderida no concreto, o
que pode produzir algum tipo de ruído. Para evitar essa situação, utiliza uma
38

camada de lã de vidro, protegido de um filme de polietileno, para evitar a


umidificação da lã de vidro no lançamento do concreto. A figura 14, ilustra a
instalação de um sistema de laje úmida.

Figura 14 - Desenho ilustrativo de uma laje úmida

Fonte: Crasto (2005)

b) Laje seca:
Ao contrário das lajes úmidas, as lajes secas não necessitam de uma
chapa metálica mais concreto armado, pois elas são substituídas por placas
OSB de 18 mm7, que já servem como contrapiso. No caso específico da laje
seca, a placa OSB é instalada sobre os perfis metálicos, sendo que as quatro
bordas devem estar apoiadas sobre os perfis e fixados com parafusos auto-
brocantes.
Segundo Gomes (2019), a paginação das placas OSB devem ser feitas,
com juntas desencontradas, para otimizar o travamento, prevendo um
espaçamento mínimo de 3mm entre os perímetros das bordas, com isso,
permite a dilatação deste material, conforme ilustra a figura 15.
A mesma situação de conforto acústico aplicado na laje úmida, a laje
seca pode receber preenchimento de polietileno expandido entre o contrapiso e

7
Segundo Crasto (2005), espessura da placa que além de apresentar propriedades estruturais
que favorece um bom momento fletor, é leve e de fácil instalação.
39

a estrutura, lã de rocha e pet, para dissipar o ruído e melhorar o seu


desempenho acústico.

Figura 15 - Ilustração da laje seca

Fonte: Gomes (2019) disponível em: http://catalogodearquitetura.com.br/lajes-lp-brasil.html

Outra opção bastante favorável em laje seca, é a utilização de painel,


composta por madeira maciça e duas placas cimentícias, dando uma forma de
sanduíche, onde totaliza uma espessura de 40 mm. Conforme Pomaro (apud
Gomes, 2019) uma laje seca com utilização de um Painel Wall, possui uma
resistência de 500kg/m² em um vão de 1,25m, podendo a mesma, receber
todos os tipos de acabamentos de igual forma a uma laje convencional.
Outras vantagens do painel Wall é o seu nivelamento preciso, como se
fosse um contrapiso convencional, além de dispensar a cura do material, evita
resíduos de argamassas no local da obra. Porém, é fundamental consultar os
representantes dos produtos e os manuais técnicos, para melhor utilização
desses painéis.

c) Laje mista:
Outra composição utilizada em laje de sistema LSF são às lajes mistas.
Elas podem ser instaladas de duas maneiras: OSB mais placa cimentícia e laje
40

de concreto. Ambas atendem as exigências de cargas, o que pode mudar é a


maneira de instalação e o tempo de instalação. Para áreas úmidas, ambos os
sistemas devem receber uma manta asfáltica na última camada.
Em lajes mistas de OSB e placa cimentícia, Gomes (2019) cita que a
fixação é feita primeiramente das placas OSB nos perfis e posteriormente a
placa cimentícia na placa OSB, o autor cita que, a paginação das placas de
OSB estejam em desencontro em relação às mesmas das placas cimenticias,
para garantir uma melhor distribuição de cargas e obedecendo uma junta de
dilatação entre placas de 3 mm. Qualquer revestimento sobre as placas é
aceito, observando a impermeabilização em áreas úmidas.
Já nas lajes mistas de OSB e laje de concreto, o procedimento exige
maior tempo que o sistema OSB mais placa cimentícia. Assim que a placa de
OSB é aplicada sobre os perfis, deve ser aplicada uma camada de lâmina de
polietileno, para proteger o painel OSB. Na sequência, instala a armadura já
calculada para reforçar o concreto, juntamente com os espaçadores e aplica-se
uma camada de concreto de no mínimo 5 cm. Conforme Gomes et al. (2019),
sobre o concreto, faz uma base de regularização para receber o assentamento
dos revestimentos escolhidos. Na figura 16, ilustra a composição de instalação
de uma laje mista.

Figura 16 - Laje mista (OSB + Concreto)

Fonte: Gomes (2019) disponível em: http://dryhousesteelframe.com.br/steel-frame.html


41

2.3.5 Sistemas de cobertura em LSF

O sistema de cobertura em uma edificação de LSF, assim como em


outras edificações, é uma das últimas etapas da supra estrutura, que são
instaladas. A sua finalidade é proteger a edificações de intempéries externas,
além de conservar o restante da edificação de possíveis patologias,
ocasionadas pela umidade e infiltração.
No LSF, existem dois modelos de coberturas utilizados, o telhado plano
e o mais comum e usual é o telhado inclinado. Também existe uma
similaridade de construção entre o sistema de madeira e LSF, no aspecto de
Projeto e Execução. Conforme cita o autor:
A estrutura de um telhado inclinado em LSF é semelhante à de um
telhado convencional, porém a armação de madeira é substituída por
perfis galvanizados, e para possibilitar o princípio de estrutura
alinhada, a alma dos perfis que compõem tesouras ou caibros deve
estar alinhada a alma dos montantes dos painéis de apoio e suas
seções em coincidência de modo que a transmissão das cargas seja
axial. (CRASTO, 2005, p. 97).

Porém, um detalhe que deve ser observado na montagem das


estruturas de cobertura, é com relação aos caibros ou banzo superior inclinado,
que deve estar no mesmo alinhamento da guia do montante vertical. Conforme
Santiago (apud GOMES, 2019, p. 27), “[...] perfis que compõem a tesoura ou
caibros deve estar perfeitamente alinhada à alma dos montantes dos painéis
de apoio e suas seções em coincidência”. Com isso, a transmissão de cargas
axiais entre caibros da cobertura e montantes dos painéis verticais, facilita a
distribuição de esforços, devido ao alinhamento dos perfis.
Esse princípio técnico é fundamental para o bom desempenho do
sistema de cobertura, pois logo que se monta os caibros, que geralmente são
perfis Ue, são instaladas as placas de OSB, que será base para o telhado da
edificação. A figura 17, a ilustra a montagem de um sistema de cobertura em
LSF, com os respectivos caibros, que são base para as placas OSB, e o
alinhamento dos montantes verticais.
42

Figura 17 - Cobertura inclinada em LSF

Fonte: Crasto (2005)

As telhas que comumente são utilizadas para a cobertura, podem serem


metálicas, modelo trapezoidal com espessura de 0,5mm, de fibrocimento
(6mm) e telhas shingle. Mas um modelo que vem ganhando espaço
ultimamente são as telhas Shingle. Essa telha é uma placa de 1,0 m x 0,3 m
são pregadas sobre a placa OSB e o adesivo de impermeabilização. Pode ser
instalada por qualquer profissional, seguinte as orientações do fabricante, pois
o rendimento produtivo é alto, além de ser muito leve e de fácil manuseio. Ela é
composta de uma manta de fibra de vidro, saturada em asfalto e grão cerâmico
e com diversas tonalidades de mercado.

2.4 Treliças Metálicas

Treliças metálicas são elementos estruturais, unidos em ponto


denominados nós, que servem para aplicações de diversos tipos de sistemas,
como pilares, vigas, tesouras de cobertura e fechamento. Elas podem ser
43

constituídas de madeiras e aço e dentre os aços podem ser construídos com


perfis laminados, perfis soldados e perfis formados a frio (PFF).
Como será objeto de estudo do presente trabalho, a treliça será
detalhada com elementos estruturais em PFF, galvanizado, conforme NBR
14.735:2010, e fixada com parafusos auto-brocante, onde será projetada e
posteriormente, analisada as ações e estados limites.

2.4.1 Característica de uma treliça

A treliça, como elemento estrutural, está sempre submetida a esforços


de compressão e de tração, devido a sua geometria. Todos esses esforços são
aplicados nos nós, evitando momentos fletores nesse elemento. Conforme Pfeil
(2009), a configuração geométrica em forma de nós, dá uma estabilidade
geométrica, de base triangular, que pode ser isostática.
As treliças em sua maioria, são aplicadas em estruturas metálicas,
principalmente em coberturas metálicas, onde os perfis podem ser produzidos
e determinados de acordo com o projeto. Conforme Gomes (2019), as treliças
são consideradas um dos principais tipos de estruturas, onde possui solução
estrutural simples, prática e econômica, para diversas situações da
Engenharia.
Uma das principais vantagens de uma treliça, é a possibilidade de
vencer grandes vãos, onde uma estrutura de concreto armado ou de madeira,
não seria possível sem apoio intermediário.

2.4.2 Modelos de treliças metálicas

A literatura aborda alguns modelos mais comuns de treliças, entre elas


podemos destacar as treliças planas, que podem ser utilizadas como vigas e
coberturas e treliças que servem como tesouras de cobertura, onde geralmente
são fabricadas para fins de estrutura de cobertura.
Em se tratando de tesouras metálicas, as mesmas são constituídas por
perfis Ue8. A figura 18 ilustra os elementos construtivos de uma tesoura. O
8
Muitos projetos podem ser concebidos e fabricados com perfil U, principalmente em Estrutura
Metálicas de Galpões Industriais.
44

banzo superior, constituído por um perfil Ue e que dá inclinação a tesoura, e o


banzo inferior, constituído do mesmo perfil, serve como elemento que possa
ser fixado o forro. Os montantes e diagonais, são montados com perfil Ue, mas
com bitolas inferiores aos banzo.

Figura 18 - Modelo de Tesoura de cobertura

Fonte: Crasto (2005)

Conforme cita Crasto (2005), e entre outros autores, as tesouras ou


treliças podem vir pré-fabricadas ou ser montadas no próprio canteiro da obra.
Mas em qualquer situação, as tesouras devem ser projetadas por profissionais
da Engenharia. As vantagens de uma tesoura pré-fabricada, pronta para ser
montada no canteiro de obras é a precisão dimensional, qualidade de
acabamento, rapidez na montagem e menor tempo de circulação desse
elemento na obra. Porém, deve ser montada por profissionais competentes e
especializados.
Com relação aos modelos de treliças mais comuns, elas distinguem
pelos seus materiais, pela sua geometria e os esforços aplicados, sua
geometria pode mudar, conforme o tamanho do vão e a carga submetida nela.
Gomes (2019) cita que, [...] as treliças apresentam um nome particular, sendo
eles associados às suas características geométricas [...]. As treliças se
designam pelo nome de quem as aperfeiçoou. Na figura 19, ilustra alguns tipos
de modelos de treliças mais citados na literatura técnica.
45

Figura 19 - Modelo de tesouras

Fonte: Gomes (2019)

Conforme Pfeil (2009), na treliça de modelo Pratt, as diagonais são


tracionadas e os montantes comprimidos. Já no modelo Howe, acontece o
processo contrário, onde os montantes são tracionados e as diagonais
comprimidas. Já Bellei e Pinho (apud Gomes, 2019) considera que a treliça
Pratt seja a mais vantajosa em estruturas metálicas, pois seus montantes
serem mais curtos que as diagonais, estarem em compressão, e as diagonais
estão sujeitos à tração.

2.4.3 Tipos de ligações

As ligações entre montantes e banzos, ou diagonais e banzos metálicos


é dada pela união entre esses perfis, através de elementos de ligação como
parafusos (Conectores) ou cordões de soldas. Em algumas treliças, consistem
em elementos de conexão, como enrijecedores, chapas de ligação,
cantoneiras, e meios de ligação, como soldas, parafusos, conforme destaca
Pravia (2012).
46

A escolha certa por um elemento de ligação, passam por cálculos que


possam atender aos esforços solicitados, como no caso de tração e/ou
cisalhamento, como ilustra a figura 20. No Caso do sistema LSF, a maioria das
ligações se dão por parafusos auto- brocantes.

Figura 20 - Solicitação dos parafusos

Fonte: Pravia (2012)

Conforme cita Endler (2015), as solicitações para o cálculo de forças


atuantes, como momentos fletores e cisalhamento, são calculadas por meio de
análise das ações, considerando-se coeficientes de ponderação e combinação
específicos. As ligações devem ter resistência suficiente que possam suportar
as ações atuantes, satisfazendo todos os requisitos prescritos em norma.
Outro meio de ligação muito utilizado em elementos estruturais de aço é
a solda. A solda consiste em uma fusão entre os materiais que estão sendo
soldados e o metal base. Com isso, deve assegurar as mesmas propriedades
mecânicas e químicas dos elementos do metal-base.
Os tipos de solda mais empregados na indústria, para a fusão dos
materiais são a elétrico, química e mecânica. Na solda por arco elétrico, elas
47

são divididas em três tipos: por eletrodo revestido, arco submerso em material
granular e arco elétrico com proteção gasosa.
De acordo com Pfeil (2009), o eletrodo revestido é um processo manual,
onde o eletrodo é revestido com grãos que serão consumidos, juntamente com
o metal base, onde sua proteção é o arco elétrico gerado. O mesmo princípio
possui o arco submerso, porém o eletrodo é um arame liso, onde o metal bases
fica isolado por um fluxo granular, que protege a fusão das peças fundidas.
Já o processo de arco elétrico, com proteção gasosa, mais conhecido
como MIG/MAG, e amplamente utilizado na indústria, possui um arame
metálica sem revestimento, mas com a proteção da poça de fusão feito pelo
fluxo de gases (geralmente Argônio, CO2, ela é aplicada com eletrodo
revestido.
No caso de estruturas em edificação em LSF, o processo de solda é
muito pouco utilizado, convergindo exclusivamente por ligações parafusadas.
Os parafusos mais utilizados em ligações de perfis de LSF são os parafusos
ponta broca ou chamado, auto brocantes, conforme ilustra a figura 21.

Figura 21 - Parafuso para estruturas LSF – ponta tipo broca

Fonte: Crasto (2005)

Os parafusos do tipo ponta broca, são utilizados para perfis com


espessura acima de 0,8 mm, utilizadas em painéis e elementos que possuem a
função estrutural, já para perfis com espessuras menores que 0,8 mm
utilizadas em estruturas internas, como o drywall. Todos os parâmetros de
cálculo, verificações e fórmulas, serão detalhadas no capítulo 2.6.2.

2.5 Princípios de dimensionamento estrutural

Todo e qualquer dimensionamento de algum elemento estrutural em


aço, seja ele um componente, ou seja, uma edificação, passa por uma análise
estrutural rigorosa, feita por profissionais habilitados, regidos principalmente
48

por Normas. Entre elas, podemos destacar a NBR 8800:2008, citada no


capítulo 2.1 e a NBR 6120:2019 - Cargas para o cálculo de estruturas de
edificações, além da NBR 6123:1989 - Forças devidas ao vento em
edificações.
Todas essas normas, além de outras que devem ser aplicadas,
possuem lastro técnico para uma ótima análise estrutural, baseado nas
equações, tabelas e verificações. Com isso, uma das características mais
importantes em uma análise estrutural, é a verificação e os critérios de sua
segurança, conforme NBR 8681:2004 - Ações e segurança nas estruturas -
Procedimento.
Com isso, um elemento estrutural ou edificação em aço, montados com
perfis formados a frio, terá o seu tempo de execução reduzido no canteiro de
obras, quando pré-fabricados fora do local da obra além, do custo de
montagem reduzido, desde que o Projeto obedeça às boas práticas de
dimensionamento e Projeto Estrutural.
Para isso, é fundamental conhecer com propriedade, o comportamento
estrutural desses elementos, devido algumas particularidades em relação às
demais estruturas. Conforme cita Gomes (2019), os perfis formados a frio são
constituídos com seções abertas e de pequena espessura. Com isso, [...] os
perfis, que possuem baixa rigidez à torção, podem ter problemas de
instabilidade, deformações excessivas ou atingir os limites da resistência do
aço devido a esforços de torção. (GOMES, 2019).
Em qualquer análise estrutural, para tomada de decisão de um
dimensionamento seguro e adequado, sempre se procura obter os esforços
axiais e de flexão, além de reações nos apoios e deslocamentos. Conforme
Endler (2015), o dimensionamento de elementos estruturais de aço deve
atender aos estados limites últimos (ELU) e aos estados limites de serviço
(ELS) durante toda sua vida útil, conforme prescreve a NBR 8800:2008.

2.5.1 Método dos estados limites

O método dos estados limites, que é aplicado pela NBR 8800:2010, no


qual se identifica que um estado limite ocorre em um elemento estrutural,
49

quando ele deixa de atender os dois principais objetivos do dimensionamento,


a segurança e o desempenho estrutural.
Conforme Endler (2015), os esforços e deformações devem ser menores
que determinados valores limites, que dependem do material usado e do tipo
de
estrutura adotada. Como método de cálculo e de análise estrutural, existem
dois tipos de estados limites descritos abaixo:
Estados Limites Últimos (ELU): Estes estados estão relacionados com
a segurança da estrutura sujeita às combinações mais desfavoráveis de ações
previstas, durante a construção ou quando atuar uma ação especial ou
excepcional.
Os estados limites últimos estão associados à ocorrência de cargas
excessivas e consequente colapso da estrutura devido, às seguintes
ocorrências, citadas por ENDLER (apud PFEIL, 2009): perda de equilíbrio
como corpo rígido; ruptura de uma ligação ou seção por qualquer tipo de
solicitação;
plastificação total de um elemento estrutural ou de uma seção; flambagem
global de barras e ruptura por fadiga.
A segurança dos elementos deve ser verificada isoladamente em cada
um dos esforços atuantes, através da expressão (NBR 8800, 2008):

Rd ≥ Sd (1)
onde:
Sd: representa os valores de cálculo dos esforços atuantes, obtidos com
base nas combinações últimas de ações;
Rd: representa os valores de cálculo dos correspondentes esforços
resistentes, conforme o tipo de situação.
Estados Limites de Serviço (ELS): Os estados limites de serviço ou de
utilização estão relacionados ao desempenho da estrutura, sob condições
normais de serviço. Pela sua ocorrência, duração e frequência, podem causar
efeitos como: deformações excessivas e vibrações excessivas.
50

A segurança é verificada isoladamente, em relação a cada um dos


esforços atuantes referentes aos estados-limites de serviço e são expressas
pela equação por desigualdades do tipo (NBR 8800, 2008):

Sd ≤ Rd (2)
onde:
Sd - Solicitação de Projeto ou de cálculo, obtida a partir de uma
combinação das ações Fi, cada uma majorada pelo coeficiente γfi.
Rd - Representa os valores-limites a Resistência de Projeto adotados
para esses efeitos. Está relacionada a função da resistência característica do
material (fk) minorada pelo coeficiente γm .

2.5.2 Resistências de Projeto

De acordo com a ABNT NBR 14762 (2010), as resistências dos


materiais são representadas pelos valores característicos definidos como
aqueles que, em um lote de material, têm apenas 5 % de probabilidade de não
serem atingidos.
Outro detalhe que Endler, (apud, ABNT NBR 14762, 2010), o valor
característico pode ser substituído pelo valor nominal, quando fornecido por
norma ou especificação aplicável ao material. Por simplicidade, o termo
“nominal” aplicado a uma resistência pode significar tanto uma resistência
característica quanto uma resistência nominal.
Conforme a NBR 14762 (2010), a resistência de cálculo fd do aço é
definida como:

fk
Fd= (3)
γm

Nessa expressão, fk é a resistência característica ou nominal e ϒm é o


coeficiente de ponderação da resistência, conforme (NBR 14762, 2008) e dada
por:
51

ϒ m= ϒ m1 x ϒ m2 x ϒ m3 (4)

onde:

fk é a resistência característica ou nominal


γm1 é a parcela do coeficiente de ponderação que considera a variabilidade
da resistência dos materiais envolvidos;
γm2 é a parcela do coeficiente de ponderação que considera a diferença
entre a resistência do material no corpo-de-prova e na estrutura;
γm3 é a parcela do coeficiente de ponderação que considera os desvios
gerados na construção e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista
das resistências.
Conforme Endler, (apud, ABNT NBR 8800, 2008), quando uma
determinada resistência não depender de medidas feitas convencionalmente
em ensaios de corpos de prova padronizados dos aços empregados, podem
ser utilizadas tensões resistentes de cálculo para a determinação das
solicitações resistentes de cálculo. Os valores das tensões resistentes de
cálculo são estabelecidos, em cada caso particular, a partir das teorias de
resistência dos elementos estruturais considerados

2.6 Aplicação da NBR 14762 (ABNT, 2010)

A NBR 147625:2010, foi elaborada com base nas prescrições da norma


AISI S100-2007 do American Iron and Steel Institute traz uma abordagem
através da fundamentado no método dos estados-limites. Sua aplicação é
resultante de análises de cálculos, que tiveram como referência normativa em
torno de 34 normas, para a sua elaboração.
Outra característica da Norma é que ela estabelece requisitos básicos,
com base no método dos estados-limites, e que devem ser obedecidos no
dimensionamento, à temperatura ambiente, de perfis estruturais de aço
formados a frio, constituídos por chapas ou tiras de aço-carbono ou aço de
baixa liga, conectados por parafusos ou soldas e destinados a estruturas de
edifícios. NBR 14762 (2010).
52

A Norma possui uma peculiaridade que, segundo Gomes (2019), por


serem constituídas de perfis com seções abertas e de pequena espessura, os
perfis, que possuem baixa rigidez à torção, podem ter problemas de
instabilidade, deformações excessivas ou atingir os limites da resistência do
aço devido a esforços de torção.
Para isso, (ROGRIGUES, 2016) o autor destaca que, a ABNT NBR
14762 (ABNT, 2010) estão previstos os seguintes métodos para o
dimensionamento de barras:

 Método da Largura Efetiva (MLE), em que a flambagem local é


considerada por meio de propriedades geométricas efetivas da seção
transversal dos perfis, oriundas do cálculo das larguras efetivas dos
elementos totalmente ou parcialmente comprimidos. Deve-se também
considerar a flambagem distorcional para barras submetidas à
compressão e para barras submetidas à flexão;
 Método da seção efetiva (MSE), em que a flambagem local é
considerada por meio de propriedades geométricas efetivas (reduzidas)
da seção transversal completa das barras, calculadas diretamente para
barras submetidas à compressão e para barras submetidas à flexão.
Deve-se também considerar a flambagem distorcional para barras
submetidas à compressão e para barras submetidas à flexão;

2.6.1 Barras submetidas a tração

As barras submetidas a fora de tração devem ser atendidas a seguinte


condição:

Nt,Sd < Nt,Rd (5)

Onde:
Nt,Sd é a força axial de tração solicitante de cálculo;
Nt,Rd é a força axial de tração resistente de cálculo
53

Conforme NBR 14762 (2010), a força axial de tração resistente de


cálculo Nt,rd deve ser adotado sendo o menor dos valores obtidos
considerando-se os estados-limites últimos de escoamento da seção bruta,
ruptura da seção líquida fora da região da ligação e ruptura da seção líquida na
região da ligação, conforme as equações 6, 7 e 8 abaixo:
Força axial de tração resistente para escoamento da seção bruta:

A.f γ
Nt , Rd= , sendo( γ =1,10) (5)9
γ

Força axial de tração resistente para ruptura na seção liquida fora da


região da ligação:

An0 . fu
Nt , Rd= , sendo(γ =1,35) (6)10
γ

Força axial de tração resistente para ruptura da seção liquida na região da


ligação:

Ct . An . fu
Nt , Rd= , sendo ( γ =1,65 ) (7)11
γ

2.6.2 Barras submetidas a compressão

Conforme a NBR 14.762 (2010), a forças axiais de compressão devem


ser atendidas às seguintes condições:

Nc,Sd < Nc,Rd (8)

Onde:

9
O valor A (área) é encontrado na NBR 14.762:2010 – Cap. 9.6.2 – pg.34
10
O valor An0 (área líquida da seção transversal) é encontrado na NBR 14.762:2010 – Cap.
9.6.2 – pg.34
11
Os valores, Ct e An, são encontrados na NBR 14.762:2010 – Cap. 9.6.2 – pg.34
54

Nc,Sd é a força axial de compressão solicitante de cálculo;


Nc,Rd é a força axial de compressão resistente de cálculo, tomado como o
menor valor.

Na força axial de compressão, os menores valores tomados são


calculados pela flambagem global por flexão, por torção ou flexo-torção e a
flambagem distorcional, que serão abordadas nos capítulos 2.6.2.1 e 2.6.3.
Além desses valores, a NBR 14.762 (2010), prescreve que devem ser
observadas as condiderações de limite de esbeltes em barras simples e limite
de esbeltes em barras compostas comprimidas.

2.6.2.1 Flambagem global por flexão, por torção ou flexo-torção

Conforme a NBR 14.762 (2010), a força axial compressão resistente ao


cálculo (Nc,Rd), é representada pela fórmula

X . Aef . fy
Nc , Rd= ( γ =1,2 ) ( 9)
ϒ

Onde:
X= é o fator de redução de força axial de compressão resistente, obtido
direto da tabela 8 da NBR 14.762 (2010), para o caso em que λ0 não supere
3,0. Para isso, é preciso conferir λ0, através da expressão:
2

 𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,658 λ0
2

 𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,658 λ0
Com isso, o índice de esbeltes reduzido λ0 da barra associado à
flambagem global, é dado por:

𝜆0 ¿
√ A . fy
Ne
(10)

Onde:
Ne é a força axial da flambagem elástica
55

A Área bruta da seção transversal da barra


Aef Área da seção efetiva da seção transversal da barra, dada na
equação (9) calculada dom base em duas opções, que são consideradas pela
flambagem local12, através do método da largura efetivas, dos elementos
totalmente comprimidas, conforme a NBR 14762 (2010)
2
𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,658 λ0

0,877
𝜆0 > 1,5; ꭓ=
λ 0²

2.6.2.2 Método da largura efetiva (MLE)

Conforme descrito na Flambagem Local da NBR 146762 (2010), o


método da largura efetiva adota σ=X.fy, para ser calculada na seção transversal
da seção do perfil.
Para isso, a flambagem local é definida com perfis com dupla simetria e
monossimetria. Perfis monossimétricos, são todos os perfis que apresentam
simetria em relação apenas a um eixo, é o que acontece com os perfis C e U,
diferente do perfil Z.
Com isso, é calculado a força axial global elástica (Ne), para um perfil de
seção monossimétrico, cujo eixo x é o eixo de simetria, para isso, identifica o
menor valor entre as equações 11 e 12:

a) Força axial de flambagem global elástica por flexão em relação ao eixo


y:

π ². E . Iy
Ney= ( 11)
(Ky . Ly)²

b) Força axial de flambagem global elástica por flexo-torção:

12
A identificação da Flambagem Local, é descrita no Cap. 9.2 da NBR 14762 (ABNT, 2010) –
pg. 26
56

Nexz=
(Nex + Nez)
[√
2 [ 1−( xo . ro) ² ]
. 1 − 1−
4 Nex . Nez . 1−
[ ( )]xo
ro
( Nex+ Nez ) ²
²
] ( 12)

Com isso, calcula-se o valor de Nex, que é Força axial de flambagem


global elástica por flexão em relação ao eixo X, representada pela equação
abaixo (13) e Nez, representa a força axial de flambagem global elástica por
torção, representada pela equação (14)

π ². E . Ix
Nex= (13)
(Kx . Lx)²

Nez=
1
ro² { [
. G.J+
π 2 . E .Cw
( Ky . Ly )
2
]} 2 2 2 2 2
, onde r o =r x + r y + x o + y o (14 )

Tanto na equação 11 e 12, para perfis monossimétricos e equação 13 e


14, para perfis com dupla simetria, os desdobramentos das variáveis Cw
(constante de empenamento), E (módulo de elasticidade), G (módulo de
elasticidade transversal), etc., e os seus desdobramentos, podem ser
encontradas na NBR 14762 (2010), capítulo 9.7.2.1 pg. 41 e todos os seus
itens.

2.6.2.3 Método da Seção efetiva

Conforme a NBR 14762 (2010), a área da seção efetiva (Aef), deve ser
calculada para atender a equação (09) da flambagem global por flexão, por
torção ou por flexo-torção. Com isso, deve-se calcular inicialmente o Nl, que
representa a força axial de flambagem elástica, descrita na equação abaixo:

π2. E
Nl=kl . . A (14)
( )
2
bw
12 . ( 1−ϑ ² ) .
t
57

Nessa fórmula, o Kl representa o coeficiente de flambagem local, onde


podem ser extraído da Tabela 9 e 10 da NBR 14762 (2010), onde se identifica
os tipos de perfis e cada caso. O E é módulo de elasticidade e 𝜗 é o
coeficiente de Poisson (𝜗: 0,3 para o aço).
Com o valor de Nl encontrado, calcula-se então o coeficiente de
esbeltes reduzido, λp, dado por:

λp=
√ ꭓ . A . fy
Nl
(15)

Com isso, é calculada a área efetiva e conferida a condição do índice de


esbeltes, conforme indicado a seguir:

𝐴𝑒𝑓 = 𝐴 ; 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆𝑝 ≤ 0,776

Senão atender a condição acima, verifica então:

(
Aef = A . 1−
0,15
λp 0,8) 1
. 0,8 ( 16 ) ; para 𝜆𝑝 > 0,776
λp

Com a área efetiva definida, pode ser calculada na equação (9), a fórmula
a força axial de compressão resistente no perfil pode ser definida por:

ꭓ . Aef . fy
Nc,rd = (9)
γ

2.6.3 Flambagem distorcional

Conforme Rodrigues (2016), o valor da forca axial de compressão


resistente de cálculo, Nc,Rd, para as barras sujeitas ao modo de flambagem por
distorção deve ser calculado pelas seguintes expressões:
58

Xdist . A . fy
Nc , Rd= ( γ =1,2 ) (16)
ϒ

Porém, Rodrigues (2016) destaca que pode ser dispensado a


verificação da flambagem distorcional, principalmente nos perfis com seção Ue
e seção Z, com as relações de alma (bw), mesa (bf) e enrijecimento (D),
baseado na tabela13 11 da norma.
Para que essa condição de verificação seja dispensada, a NBR 14792
(2010) apresenta os valores mínimos da relação D/b w de barras com seção U
enrijecido e seção Z enrijecido submetidas a compressão centrada, para
dispensar a verificação da flambarem distorcional.

2.6.4 Ligações parafusadas

Esse capítulo abordará, os elementos de ligações parafusadas


aplicadas em perfis formado a frio (PFF), De acordo com a NBR 14762 (2010),
as dimensões dos furos para introdução dos parafusos não devem exceder às
especificadas na Tabela 4.

Tabela 4 - Dimensões máximas de furo

Fonte: Tabela 15 da NBR 14762 (ABNT, 2010)

A NBR 14762 (2010) também estabelece que nas estruturas em geral,


devem ser especificados furos-padrão. Nas ligações cuja solicitação seja
normal ao eixo dos parafusos (força cortante), caso sejam especificados furos
alongados ou muito alongados, a dimensão alongada do furo deve ser normal à
solicitação.

13
A tabela 11 da NBR 14762 (ABNT, 2010), corresponde a valores mínimos da relação D/bw,
está detalhada no Cap. 9.7.3 – Flambagem distorcional – pg. 43
59

A tabela anterior, apresenta limites de furação, quando utilizados


parafusos roscados e rosca, juntamente com arruelas lisas ou de pressão.
Porém a Norma estabelece critérios e dimensionamento para parafusos auto-
atarraxantes, contemplando os cálculos e verificações de força de
cisalhamento, cortante e de tração.
Na tabela 5, retirada da Norma, apresenta a especificação normativa de
cada parafuso, a sua classe, se é comum, ou de alta resistência, o diâmetro
nominal do parafuso e principalmente a sua resistência a ruptura (fub) na
tração.

Tabela 5 - Resistência a ruptura na tração

Fonte: Tabela 16 da NBR 14762 (ABNT, 2010)

2.6.4.1 Ligações com parafusos auto-atarraxantes

Os parafusos auto-atarraxantes são muito utilizados como elementos de


ligação em estruturas com edificações em Light Steel Frame. Conforme
Rodrigues (2016), os parafusos podem ser estruturais ou ter apenas função de
montagem, alguns modelos podem ter ponta brocante e seu diâmetro nominal
varia de 2 mm a 6,35 mm. A vantagem é que em uma só operação se faz o
furo, e fixa-se com segurança os componentes da estrutura.
60

Para cada Projeto estrutural em LSF, pode-se identificar a necessidade


de instalação. Para isso, os parafusos auto-atarraxantes são fabricados com
diversos tipos de cabeça e ponta. Nos parafusos mais utilizados em ligações
do LSF, as cabeças podem ser dos tipos lentilha, sextavada, panela ou
trombeta, sendo as pontas dos tipos broca ou agulha. (RODRIGUES, 2016)
Segundo a NBR 14762 (2010), os parafusos submetidos à tração, o
diâmetro da sua cabeça dh ou da arruela dw (se a arruela for utilizada), deve
ser igual ou superior a 8 mm, e a arruela deve apresentar espessura mínima de
1,27 mm. A instalação dos parafusos deve seguir criteriosamente as
recomendações do fabricante.
Outra observação da NBR 14762 (2010), A distância entre centros de
parafusos adjacentes não deve ser inferior a 3 d e a distância do centro do
parafuso à borda de qualquer elemento conectado não deve ser inferior a 1,5 d.
Feito essa observação, a próxima etapa é fazer a verificação de
cálculos, pertinentes aos parafusos auto-atarraxantes, começando por:

a) Força de cisalhamento resistente ao cálculo : A força de cisalhamento


resistente de cálculo por parafuso (Fv,Rd) é o menor valor obtido pelas
equações abaixo:
 Resistência do metal base14: Se a distância entre o parafuso e a
extremidade de um elemento conectado for paralela à direção da força, ou seja,
entre furo e borda, adicionalmente, o valor de Fc,Rd não deve ser superior,
conforme a equação abaixo

t . e . fu
Fc , Rd= ( γ =2 ) (17)
ϒ

 Resistência do parafuso ao cisalhamento: A força de cisalhamento


resistente de cálculo (Fss,Rd) do parafuso deve ser tomada como:

Fss , Rk
Fss , Rd= ( γ =1,25 )( 18)
ϒ

14
Os desdobramentos de toda a equação da Resistência do metal base, pode ser encontrado
no Cap. 10.5.2.1 – Resistência do metal-base, pela NBR 14762 (ABNT, 2010) – pg. 62.
61

Onde:
Fss, Rk é a força de cisalhamento resistente nominal do parafuso,
fornecida pelo fabricante ou determinada por ensaio.
t espessura do elemento conectado, neste caso o perfil
e é a distância, tomada na direção da força, do centro do furo à
extremidade do elemento conectado.

b) Força de tração resistente de cálculo: A força de tração resistente de


cálculo por parafuso Ft,Rd é o menor valor obtida, nas equações 19, 20 e 21,
detalhadas abaixo.
 Resistência ao arrancamento do parafuso: A força de tração resistente
de cálculo, associada ao arrancamento do parafuso, deve ser calculada por:

0,85. tc . d . fu 2
Fc , Rd= ( γ=2 )( 19)
ϒ

Onde:
tc profundidade de penetração
d diâmetro nominal do parafuso
fu2 é a resistência à ruptura na tração do elemento conectado que não está
em contato com a arruela ou a cabeça do parafuso.

 Resistência ao rasgamento do metal base: A força de tração


resistente de cálculo, associada ao rasgamento do metal-base (Fr,Rd),
deve ser calculada por:

1,5. t 1. dwe . fu1


Fc , Rd= ( γ =2 ) (20)
ϒ

Onde:
t1 é a espessura do elemento conectado em contato com a arruela ou a cabeça do parafuso
62

dwe15 diâmetro efetivo associado ao rasgamento do metal-base


fu1 é a resistência à ruptura na tração do elemento conectado em contato
com a arruela ou a cabeça do parafuso.

 Resistência do Parafuso a tração: A força de tração resistente de


cálculo do parafuso deve ser tomada como:

Fts , Rk
Fts , Rd= ( γ=2 ) (21)
ϒ

Onde:
Fts,Rk é a força de tração resistente nominal do parafuso, fornecida pelo
fabricante ou determinada por ensaio;

c) Força de cisalhamento e rasgamento do metal-base combinados 16:


Para os parafusos submetidos a força de tração e de cisalhamento, são
submetidos a combinação de forças, da seguinte fórmula.

Fv , Sd Ft , Sd
+ 0,71 ≤ 1,1(22)
Fc 0 , Rd Fr 0 , Rd

3. METODOLOGIA

15
O cálculo do Diâmetro efetivo é encontrado no Cap. 10.5.3.2 – Resistência ao esmagamento
do metal-base, pela NBR 14762 (ABNT, 2010) – pg. 63
16
Todo o detalhamento de Forças de Cisalhamento e rasgamento do metal base combinados,
podem ser encontrado no Cap. 10.5.4, na NBR 14762 (ABNT, 2010) – pg. 64
63

Este trabalho foi elaborado tendo como as principais motivações: fazer


uma abordagem do sistema construtivo a seco, nesse caso o Light Steel
Frame (LSF), mostrando as suas características construtivas e suas vantagens,
e a falta de uma norma nacional ou código construtivo, que oriente, demonstre
com métodos científicos aos profissionais de Engenharia e Arquitetura, além do
campo que possa ser explorado no país.
Com isso, a metodologia desse trabalho é caracterizada como
experimental, com ensaios de laboratório, baseado nos requisitos da ABNT
NBR 14762 (ABNT, 2010), onde se projetou uma treliça, conforme as
limitações de espaço do Laboratório de Estruturas da Universidade de Santa
Cruz do Sul – UNISC.
Também foi realizado uma pesquisa de referenciais teóricos, referente ao
assunto. Devido à carência de livros e principalmente de uma norma nacional
específica em construção de LSF, encontrou-se muitos trabalhos acadêmicos e
publicações técnicas, de profissionais de Engenharia, com grande propriedade
técnica e prática, para dar lastro ao trabalho, baseado nessas referências, além
da própria NBR 14762 (ABNT, 2010).
Com a definição das principais referências, cálculos e métodos, o projeto
e dimensionamento da treliça será feita com o auxílio de um software gráfico
(AutoCAD, versão 2018) e a ferramenta de análise de cargas e reações
(FTOOL). Definida as dimensões de Projeto, foi realizada a fabricação do
protótipo. No Fluxograma abaixo, ilustra as etapas que foram feitas, da
concepção do Projeto até a análise do ensaio de Stuttgart.
64

Definido o projeto
da treliça

Modelado o projeto
da treliça

Inserido dados no
Ftool

Fabricação dos
protótipos

Realizado o ensaio
de Stuttgart

Analisado os
dados

3.1 Característica do aço estrutural utilizado na treliça

Buscando em atender os requisitos da ABNT NBR 14762 (ABNT, 2010),


além da disponibilidade comercial, a escolha do perfil para construção do
protótipo se deu em função de sua resistência.
Com isso, o aço estrutural utilizado na fabricação das treliças é o aço da
classificação ZAR 250, que tem por características mecânicas, um parâmetro
mínimo de Limite de escoamento (ƒy) de 250 MPa, ou 25 kN/cm².
65

3.2 Definição do Protótipo

Para a definição do protótipo a ser construído, foram observadas as


limitações de espaço no laboratório e capacidade de carga da prensa existente.
Verificado essas limitações, constatou que a área física do laboratório de
materiais da Universidade, possui espaço físico suficiente, para manobra e
acomodação da Treliça.
As características da treliça adotada foi o modelo Pratt, pois é a mais
indicada, segundo a bibliografia, a ser empregada em treliças planas, sujeita
aos esforços de compressão. Com relação a geometria da treliça, elas serão
formadas por perfis U nos banzo inferior e superior e perfil Ue enrijecidos, que
compões as diagonais e montantes.
Além do espaço físico, observou a capacidade de carga da prensa
existente, que neste caso é de 30KN, e o espaçamento para montagem da
treliça da prensa. Com isso, a treliça terá um comprimento de 2,1 m e altura de
20cm, o que facilmente poderá ser ensaiada na prensa, devido às limitações.

3.3 Concepção construtiva do da treliça

Conforme citado anteriormente, para atender a geometria ideal para os


protótipos, foi simulado diversas geometrias utilizando como ferramenta os
softwares Ftool e AutoCAD, estudando uma altura que tornasse a fabricação
dos protótipos e a realização do ensaio exequíveis.
No planejamento da treliça, os perfis Ue enrijecidos, os quais compõem
as diagonais e montantes foram dispostos a cada 350mm para que os mesmos
estivessem posicionados nos pontos de aplicação de carga. Por fim, concluiu-
se que os protótipos seriam fabricados com 2,10 metros de comprimento, e 20
cm de altura, conforme figura 22, abaixo.
66

Figura 22 - Concepção da treliça estudada

Fonte: Autor (2020)

Como se observa na Figura 22 acima, a carga unitária foi dividida em dois


pontos de aplicação, visto que se optou pelo ensaio de Stuttgart, ou seja, com
a aplicação de carga em dois diferentes nós situados exatamente nos terços
centrais desta treliça. Com isso, tendo em vista que, o protótipo tem como seu
comprimento total de 2,10 metros, estas cargas foram aplicadas em 0,7m e
1,4m metros ao comprimento da treliça.
Já na figura 23, ilustra os esforços normais unitários aos quais estão
submetidas todas as barras da treliça quando aplicada a carga unitária, sendo,
por convenção, os sinais negativos indicando esforços de compressão, e os
positivos indicando esforços de tração.

Figura 23 - Esforços normais unitários na treliça

Fonte: Autor (2020)

A carga unitária de 0,5 KN, aplicada nos nós intermediários e


equidistantes a 70cm, ser observa a resultante de esforço que cada barra está
submetida. Também se observa que a maior solicitação de esforços é a
67

solicitação de compressão, que se encontra no banzo superior da Treliça,


principalmente na parte central. Já no banzo inferior, se observa os esforços de
tração, principalmente na parte central da treliça.
Com isso, calcula-se resistência a compressão (Rdc) do banzo superior,
com todas as características dimensionais e mecânicas conhecidas do perfil
utilizado.
Na sequência, calcula-se os esforços das cargas verticais unitárias, tanto
das diagonais, como dos montantes, sendo que nas diagonais os esforços
gerados são apenas de tração e dos montantes são de compressão.
É de conhecimento, que o mesmo perfil submetido a esforços de tração e
compressão, terá um comportamento diferente, apresentando menor
desempenho estrutural se comprimido. Com isso, foram estipuladas cargas de
ruptura para o banzo superior comprimido e o montante comprimido. A partir
dessas cargas apresentadas, se toma o maior valor, onde será a estimativa de
carga máxima suportada pela treliça. Com isso, o cálculo do dimensionamento
da treliça foi tratado em separado, primeiro no banzo superior da treliça e por
fim no montante vertical.

3.3.1 Dimensionamento estrutural da treliça

Com o propósito de aprofundar o conhecimento no dimensionamento em


estruturas de Light Steel Frame, utilizando os parâmetros e conceitos da ABNT
NBR 14.762:2010, procurou-se dimensionar perfis metálicos comerciais e
coerentes com o mercado, simulando o mais próximo possível de uma situação
real.
Para isto, os perfis utilizados para constituir os banzos, as verticais e as
diagonais, foram os perfis 92x39 e 90x39x12, com ZAR 250 com espessura de
1,25 mm, sendo para o perfil U sendo utilizados para os banzos superior e
inferior, e Ue enrijecido para as verticais e diagonais.
Cada barra da treliça foi identificada, com o objetivo de facilitar na
organização do cálculo e o entendimento do leitor. A Figura 24, abaixo, mostra
a distribuição das barras quanto a sua identificação.
68

Figura 24 - Identificação das barras da treliça

Fonte: Autor (2021)

Com isso, foi realizado o dimensionamento para avaliar inicialmente, a


resistência de cálculo (Rd) do banzo superior, visto que seu comprimento era
conhecido, bem como as características do perfil utilizado.
Com as informações de cargas observada na Figura 24, onde cada barra
representa o esforço que cada submetida, oriunda de uma carga unitária,
calculou-se a resistência de cálculo Rd dos perfis verticais, com a finalidade de
descobrir o carregamento máximo da treliça segundo o modelo de cálculo da
norma. Assim, os cálculos do dimensionamento da treliça foram separados,
inicialmente tratando-se do banzo, e por fim, calculando-se as verticais.

3.3.1 Cálculo resistente a tração

Conforme citado no subcapítulo 2.6.1, a força de tração calculada, deve


atender ao seguinte critério, conforme a fórmula:
Nt,Sd < Nt,Rd (5)

Onde:
Nt,Sd é a força axial de tração solicitante de cálculo;
Nt,Rd é a força axial de tração resistente de cálculo

Atendendo os critérios da NBR 14.762 (2010), a força axial de tração


resistente de cálculo Nt,rd deve ser adotada como o menor dos valores obtidos
69

considerando-se os estados-limites últimos de escoamento da seção bruta,


conforme a fórmula 6
Força axial de tração resistente para escoamento da seção bruta:

A.f γ
Nt , Rd= , sendo(γ =1,10) (6)17
γ

2
2,07 cm .23 KN . cm²
Nt , Rd= ,=43,28 KN
1,1
Portanto, conclui-se que a resistência à tração de cálculo do banzo
superior é de 43,28 kN.
Como é de conhecimento, os esforços de tração no aço, possuem uma
alta resistência, comparado ao cálculo de compressão. Com isso, o propósito
do trabalho é levantar as cargas resistentes a compressão, onde o modelo
geométrico da treliça é submetido com maior intensidade, comparado a
resistência a tração.

3.3.2 Cálculo resistente a compressão

Conforme ilustrado na Figura 18, a condição do banzo superior encontra-


se submetido aos esforços de compressão quando aplicada qualquer carga
unitária.
Entretanto, para o cálculo da resistência de compressão de cálculo R dc do
banzo superior, utiliza-se a equação 9. Porém, as peças comprimidas,
diferentemente das tracionadas, tendem a acentuar o efeito de curvaturas
iniciais existentes, provenientes da própria fabricação. Com isso, faz-se
necessário conhecer o índice de esbeltes reduzido destes perfis e o fator de
redução associado à flambagem global χ.
O fator de redução associado à flambagem global χ, como mostrado na
equação 10, com seus desdobramentos, depende do índice de esbeltes
reduzido λ0, o qual é necessário para calculá-lo definir o menor valor de força
axial de flambagem global elástica Ne, obtidos por flexão ou flexo-torção.

17
O valor A (área) é encontrado na NBR 14.762:2010 – Cap. 9.6.2 – pg.34
70

Para o cálculo de força axial de flambagem global elástica por flexão em


relação ao eixo x, utilizamos a equação 11.

π ². E . Ix
Nex=
(Kx . Lx)²

π ². 20000. 25,7
Nex=
(210)²

Nex=115,03 kN

Para o cálculo de força axial de flambagem global elástica por flexão em


relação ao eixo y, utilizamos a mesma equação.

π ². E . Iy
Ney=
(Ky . Ly)²

π ². 20000 .3,07
Ney=
(20)²

Ney=1.514,98 kN

Para o cálculo de força axial de flambagem global elástica por torção,


utilizamos a equação 12.

{ [ ]}
2
1 π . E .Cw
Nez= . G .J+ , onde ro²=rx ²+ry ²+ xo ²+ yo ²
ro² ( Ky . Ly )
2

Nez=
1
4,4 ² {
. 7700 . 0,005+
[
π 2 . 20000 . 44,8
( 20 )
2
]}
Nez=1.165,0 kN
71

Para o cálculo de força axial de flambagem global elástica por flexo-


torção, utilizamos a equação 8.

Nexz=
(Nex+ Nez)

[ xo
2 1−( ) ²
ro
[] √
. 1− 1−
[
4 Nex . Nez . 1− ( xoro ) ² ]
( Nex + Nez ) ² ]
Nexz=
[
2 1−(
2,26
436
[] √
(115,03+1165,0)


. 1− 1−
4. 115,03 .1165,98. 1−
[ ( )]
( 115,03+1165,0 ) ²
2,26
4,36
²
]
Nexz=111,84 kN

Com isso, após analise destes valores, adota-se o como Ne igual a


111,84 kN de cálculo, para aplicar a equação de índice de esbeltes reduzido λ 0,
o resultado da força axial de flambagem global elástica por flexo-torção, pois
de acordo com a NBR 14762 (ABNT, 2010) é o menor dos calculados que se
utiliza na mesma.
Para o cálculo do índice de esbeltes reduzido λ 0, utiliza-se a equação 9,
considerando-se a área bruta de 2,07 cm² e limite de escoamento fy de cálculo
sendo 23 kN/cm².

𝜆0 ¿
√ A . fy
Ne

𝜆0 ¿
√ 2,07 . 23
111,84

𝜆0 ¿ 0,652

Com o índice de esbeltes reduzido sendo menor que 1,50, o fator de


redução associado à flambagem global χ.
72

2
𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,658 λ0

𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,6580,65

𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,836

3.3.3 Método da seção efetiva

Com quase todas às incógnitas conhecidas, somente falta descobrir a


área efetiva comprimida, para assim substituir os valores conhecidos a fim de
obter-se a resistência de cálculo Rdc das peças comprimidas da treliça. Com
isso, utiliza-se a fórmula da força axial de flambagem elástica, demonstrada na
fórmula 14.

2
π .E
Nl=kl . .A
( )
2
bw
12 . ( 1−ϑ ) .
2
t
O objetivo de descobrir o valor de Nl, é para encontrar o coeficiente de
esbeltes reduzido (𝜆p), onde kl é estabelecido pela tabela 9 e 10 NBR
14762/2010, onde o valor de kl é feito por interpolação, resultando um valor de
kl= 3,57.

2
π .20000
Nl=3,57 . .2,07
( )
2
92
12 . (1−0 , 3² ) .
1,25
Nl=24,65
Sendo assim, obtido o valor de Nl sendo igual a 24,65 se dá
continuidade ao cálculo.

λp=
√ ꭓ . A . fy
Nl

λp=
√ 0,836 . 2 , 07 .23
24,65
λp=1,27
73

Onde, λp é o índice de esbeltes reduzido da barra associado à flambagem


global, sendo então 𝜆p > 0,776, poderá ocorrer flambagem local na alma do
perfil. Se o índice for maior que 0,776. Com isso, utiliza-se a fórmula 16, para
atender essa condição.

(
Aef = A . 1−
0,15
λp )
0,8
1
. 0,8 ; para 𝜆𝑝 > 0,776
λp

Aef =2,07 . 1−
( 0,15
1,27 )
0,8
.
1
1,270,8

Aef =1,49 cm ²

Então, aplica-se a equação 9, substituindo os valores conhecidos, a fim


de obter a resistência de cálculo a compressão R dc das peças que constituem o
banzo superior.

ꭓ . Aef . fy
Nc , Rd= , sendo (γ =1,20)
γ

0,836 . 1 , 49 .23
Nc , Rd= , sendo (γ =1,20)
1,20

Nc , Rd=23 ,87 kN

Para descobrir a proporção dos esforços no banzo superior, foram feitas


regras de três com os valores observados na Figura 19, quando aplicada uma
carga unitária no modelo e com as resistências de cálculo de compressão,
calculadas nos itens anteriores.

1,0 kN 1,8 kN
=
Rdc, banzo superior 23 ,87 KN

Rdc, banzo superior. = 13,22 kN


74

Deste modo, conclui-se que a resistência à compressão de projeto do


banzo superior é de 13,22 kN, sendo este valor de carga máxima a poder ser
aplicada na mesma para atingir sua ruptura.
Conforme apresentado anteriormente, o valor de ruptura se dá pelo banzo
superior. Com isso, se fez a verificação da carga máxima a qual suportaria os
perfis comprimidos nas verticais, a fim de ter certeza que ultrapassariam o valor
calculado do banzo superior. Para o cálculo dos perfis nos montantes,
utilizaram-se os seguintes valores:

Kx.Lx = Ky.Ly = 20 cm

Conforme a mesma metodologia de cálculo e aplicado nas mesmas


fórmulas utilizadas para o banzo superior, foi encontrado o menor valor de
força axial de flambagem global elástica Ne para as peças nas verticais.

Ne = 1.514,98 kN

Assim, deu-se continuidade nos cálculos, aplicando a mesma metodologia


a qual foi empregada acima. Feito isso, foi encontrado os seguintes valores
calculados:

𝜆0 ¿ 0,17
ꭓ=0,93
Kl = 5,52
Nl=38,12
λp=1,07
Aef =1,67 cm ²

Na sequência, aplica-se a equação 9, substituindo os valores conhecidos,


a fim de obter a resistência de cálculo a compressão Rdc das peças que
constituem os montantes. E consecutivamente, utiliza-se a proporcionalidade
75

respectiva a Figura 23, para encontrar a resistência máxima a compressão


destas peças.

0,93 . 1,67 . 23
Nc , Rd= , sendo ( γ=1,20)
1,20

Nc , Rd=29,76 kN

1,0 kN 0,5 kN
=
Rdc, verticais 2 9 , 76 kN

Rdc, verticais. = 59,52 kN

Assim, com o desenvolvimento dos cálculos teóricos observou-se que, o


banzo superior comprimido é o que limita a carga a ser aplicada na treliça
dimensionada, sendo capaz de suportar uma carga máxima teórica aplicada de
13,22 kN.

3.4 Fabricação do Protótipo

Com os perfis metálicos para montagem da treliça definidos, montou-se


os banzos superiores e inferiores, diagonais e montantes. O plano de corte dos
comprimentos das peças, foi baseado no projeto de montagem, conforme
ilustra a figura 23.
O material escolhido para a fabricação do protótipo foi o aço galvanizado
ZAR 250, conforme a NBR ABNT 7008, com valor de resistência ao
escoamento (fy) de 250 MPa, e da resistência a ruptura (fu), de 360 MPa.
Os banzos formados pelo perfil U 92x39x1,25mm, tem comprimento de
2,1m. As diagonais e os montantes, são constituídos de perfil C
90x39x15x1,25mm, onde os montantes foram cortados com 20 cm e as
diagonais cortadas com 33 cm de comprimento. O equipamento utilizado para
o corte dos perfis é uma Policorte portátil de 14” 2.200 W – 220V – marca
Makita LW 1400.
76

Após o corte de todos os perfis, tanto os banzos como os montantes, as


treliças foram montadas, conforme a figura 23, em um gabarito inicial, que
auxiliava no esquadro e alinhamento da treliça. Além disso, a fixação dos
banzos, montantes e diagonais, foram com os parafusos LSF 10-16x3/4
sextavado ponta broca, recomendados pelo fabricante, da marca Manzato e
com carga de cisalhamento de 5,63 KN.
Nas figuras 25 ilustra a montagem da treliça, com os perfis cortados e a
figura 26, ilustram as treliças prontas.

Figura 25 - Início da montagem

Fonte: Autor (2021)


Figura 26 - Treliça finalizada

Fonte: Autor (2021)


77

3.4.1 Execução do ensaio de Flexão

Após a fabricação dos protótipos, foi aplicado o ensaio de flexão, pelo


método conhecido como, Ensaio de Stuttgart. Neste ensaio, a viga é bi-apoiada
e aplicado duas cargas concentradas equidistantes dos apoios e de mesmo
valor, conforme ilustra a Figura 27.

Figura 27 - Aplicação de carga para o ensaio de Stuttgart

Fonte: Autor (2021)

Para que os ensaios de flexão fossem realizados, utilizou-se a prensa


servocontroladora do fabricante EMIC, Série 23-300, modelo DL 30000, que
executa ensaios de tração e compressão, com capacidade de 300 kN (30
toneladas).
Antes de aplicar o ensaio, alguns procedimentos foram tomados, afim de
ter um resultado mais preciso. Uma das medidas é que tomassem o cuidado
para que as cargas fossem aplicadas exatamente nos nós. Também o apoio da
treliça, coincidisse no nó inferior do banzo, para evitar algum esforço
desnecessário na barra.
Além disso, a prensa possui um ponto de aplicação de carga. Com isso,
utilizou uma viga laminada, modelo W, para distribuição correta das cargas até
os nós desejados, como ilustra a figura 28.
78

Figura 28 - Aplicação de carga no ensaio de flexão

Fonte: Autor (2021)

3.4.2 Aplicação do Ensaio de Tração

Na aplicação do Ensaio de tração, utilizou o equipamento de ensaio


universal EMIC GR048, mas na mesma prensa do ensaio de flexão, com
capacidade de carga de 300 KN e sistema autotravante. Neste ensaio foram
utilizadas três amostras, do mesmo perfil utilizado na treliça com o objetivo de
conhecer a real tensão de escoamento e ruptura do aço utilizado.
Os três corpos de prova, foram cortados em tiras de 4 cm de largura, por
30 cm de comprimento e 1,25 mm de espessura, para possibilitar a fixação da
tira no equipamento, ficando um corpo de prova de formato retangular, onde o
equipamento segura a tira em 5 cm de cada lado, restando 20 cm da parte
ensaiada, conforme ilustra a figura 29 e 30, que também ilustra a ruptura do
protótipo ensaiado.
79

Figura 29 - Aplicação de carga no ensaio de tração

Fonte: Autor (2021)


80

Figura 30 - Ruptura do protótipo ensaiado

Fonte: Autor (2021)

Para aplicar o ensaio, o equipamento solicita uma área de seção


transversal das barras ao qual se realizariam os ensaios, com isso, uma área
padrão de 12,56 mm², equivalente à uma barra redonda de 4 mm. Sendo
assim, mediu-se a área real da seção de cada corpo de prova, para
posteriormente, com a obtenção dos resultados, transformá-las nas tensões
reais de escoamento.
Os resultados dos experimentos nestes perfis são dados na Tabela 7 a
seguir.

Tabela 6 - Tensões reais de escoamento e ruptura


Corpo de Tensão de Escoamento ƒy Tensão de Ruptura ƒu
prova (KN/cm²) (KN/cm²)

CP 01 27,43 34,26
CP 02 27,68 34,89
CP 03 27,02 33,98
Média 27,38 34,38
Fonte: Autor (2021)
81

3.5 Verificação real do ensaio de Flexão

A análise real do ensaio de flexão, serve para ter um valor exato da


resistência ao escoamento (fy), retirado do ensaio de tração. Também serve
para conhecer as possíveis maneira de ruptura, ou, falha na construção do
protótipo e também, a estimativa de carga, até a ruptura ou falha no protótipo.
Com isso, realizou-se o cálculo novamente, para determinar a estimativa de
ruptura em cada componente da treliça.
Nesse cálculo, utilizou-se a real tensão do aço, ignorando os
coeficientes de minoração da resistência, que a NBR 14.762:210, solicita e
aplicou-se o valor de cálculo de ϒm= 1,0. Também se utilizou o valor real de
tensão de escoamento do aço, encontrado na média do ensaio de tração,
considerando-o, ƒy=27,37 kN/cm² para os perfis.
Com isso, verificou-se a resistência de escoamento de cada parte
comprimida da estrutura, sendo feita a análise dos banzos e das verticais,
baseados na resistência real do perfil escolhido para a fabricação do protótipo.
Já o cálculo de tensão de escoamento do banzo superior comprimido,
após analise teórica foi considerada o ponto de resistência mais baixo desta
treliça, com a utilização da mesma metodologia de cálculo, porém com valores
reais obtidos pelo ensaio.
Assim, o valor utilizado de cálculo teórico para a força axial de
flambagem global elástica, Ne, não se alteraria em função da tensão real
limite de escoamento.
Desta forma, tendo o valor de Ne igual a 111,84 KN, segue-se
calculando a partir desse, com o propósito de encontrar o valor real do índice
de esbeltes reduzido λ0.
No cálculo do índice de esbeltes reduzido (λ 0 ), utiliza-se a equação 10,
considerando-se a área bruta de 2,07 cm2 e limite de escoamento real fy
sendo 27,37 kN.

𝜆0 ¿
√ A . fy
Ne
82

𝜆0 ¿
√ 2,07 . 27,37
111,84

𝜆0 ¿ 0,711

Como o índice de esbeltes reduzido ainda é menor que 1,50, o fator de


redução associado à flambagem global χ é dado pela equação abaixo:

2
𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,658 λ0

𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,6580,711

𝜆0 ≤ 1,5; ꭓ=0,809

No sentido de calcular a área efetiva, Aef, precisamos utilizar a


equações 14, 15 e 16, a qual é fundamental encontrar o valor Nl, a fim de
descobrir o valor do índice de esbeltes reduzido (𝜆p), onde kl é estabelecido
pela a tabela 9 e 10 da NBR 14762/2010, onde o Kl foi encontrado por
interpolação.

2
π .E
Nl=kl . .A
( )
2
bw
12 . ( 1−ϑ ² ) .
t
2
π .20000
Nl=3,57 . .2,07
( )
2
92
12 . (1−0 , 3² ) .
1,25
Nl=24,65

Com isso, o valor obtido de Nl será igual a 24,65 se dá continuidade ao


cálculo.

λp=
Nl√
ꭓ . A . fy

λp=

0,809 . 2 ,07 .27,37
24,65
λp=1,363
83

Assim, o índice de esbeltes reduzido (λp) da barra, associado à


flambagem global, sendo então λp > 0,776, poderá ocorrer flambagem local na
alma do perfil. Então, com este valor é possível se calcular área efetiva, onde,
Aef deve ser calculada de acordo com a equação 16.

(
Aef = A . 1−
0,15
λp 0,8 ) 1
. 0,8 ; para 𝜆𝑝 > 0,776
λp

Aef =2,07. 1−
( 0,15
1,363 0,8).
1
1,3630,8

Aef =1,42 cm ²

Consequentemente, aplica-se a equação 9, substituindo os valores


encontrados, com o propósito de obter a força axial de compressão resistente
Rdc do banzo superior. Também é utilizado o valor real encontrado de todas as
incógnitas desta fórmula, com isso, o coeficiente de ponderação γm, deve ser
igual a 1,0 para com intuito de encontrar o valor real de resistência do banzo
superior.

ꭓ . Aef . fy
Nc , Rd= , sendo ( γ =1,00 )
γ

0,834 .1,42 .27 ,37


Nc , Rd=
1,00

Nc , Rd=31,44 kN

1,0 kN 2,0 kN
=
Rdc, banzo superior 31, 44 kN

Rdc, banzo superior. = 15,72 kN

Com isso, a resistência à compressão real de projeto do banzo superior


é de 15,72 kN, sendo este valor de carga máxima a poder ser aplicada na
mesma para atingir sua ruptura.
84

4. RESULTADOS

Os resultados apresentados são frutos dos ensaios de tração e flexão,


realizados no laboratório de materiais. Nele serão abordados os valores obtidos
através dos experimentos e também os cálculos realizados, para obtenção dos
resultados, além das informações de propriedades mecânicas, informadas pelo
fabricante de aço e de parafusos.

4.1 Resultado dos ensaios experimentais

Realizados os ensaios de tração, conforme a imagem 31, e o resultados


dos valores obtidos na tabela 7, na sequência, são apresentados os valores
obtidos através do ensaio de flexão abaixo:

Tabela 7 - Resultados dos ensaios de Stuttgart

Protótipo Carga aplicada P (kN)

Protótipo 01 7,80
85

Protótipo 02 10,63
Protótipo 03 9,12
Media 9,18
Fonte: Autor (2021)

Conforme os resultados apresentados na tabela 7, apenas o protótipo 1,


apresentou-se abaixo da média. A justificativa, se dá pelo fato do parafuso de
fixação, da diagonal que interliga o montante, onde é submetida a carga, estar
muito próximo da borda do perfil. Na figura 31, ilustra melhor essa posição,
onde está circulado em azul.

Figura 31 - Ruptura do protótipo ensaiado – Prot. 1

Fonte: Autor (2021)

Já com os outros protótipos, a deformação aconteceu, mas juntamente


com a deformação, o parafuso auto-atarrachante também se rompeu, no local
da aplicação da carga, ocasionando uma deformação e rompimento da ligação
parafusada, na diagonal, além de um rasgamento do na diagonal de perfil C,
devido ao esforço de tração submetido, como ilustra a imagem 32.
86

Figura 32 - Deformação protótipo 2

Fonte: Autor (2021)

4.2 Resultados teóricos

Baseado nas fórmulas descritas da NBR 14.762:2010, os cálculos


teóricos, revelaram as possíveis formas de ruptura a compressão dos
protótipos, considerando, que o ponto mais inadequado seria o banzo superior
comprimido, onde a treliça estaria sendo submetida. Com isso, o banzo
superior foi calculado, independente para este tipo de solicitação.
Após os cálculos serem feitos, conforme a real resistência à ruptura ao
banzo, de acordo com a distribuição de carga pontual, ilustrada na Figura 23,
quando aplicada uma carga unitária no modelo, calculou-se a carga aplicada
pelo equipamento EMIC DL30000 para atingir tal resistência.
Na tabela 9, abaixo, são expostos os valores resistentes de cálculo
teóricos e reais em relação a resistência de compressão máxima (Ncr) a ser
suportada pela peça com menor resistência, ou seja, para o banzo superior do
protótipo. Com isso, são apresentados os valores que o banzo suportaria a
carga de compressão.

Tabela 8 - Resultados teóricos e reais de cálculo


Componente Carga P de cálculo Carga P de cálculo real
teórico até a falha do até a falha do elemento
87

elemento (kN) (kN)


Banzo superior 13,22 15,72
Fonte: Autor (2021)

Com isso, constata-se que, a diferença de carga teórica, para a o


cálculo da carga real, possui uma diferença de 18,0%, ou seja, essa diferença
seria o coeficiente de ponderação utilizado na maioria dos cálculos, para ser ter
um resultado e projeto mais conservador.

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos nos ensaios e apresentados anteriormente, foi


capaz de comparar tais resultados e os possíveis comportamentos mecânicos
apresentados em cada ensaio, com os dados de cálculo real e teórico.
Na análise teórica, a deformação por flambagem global dos perfis
comprimidos, era dada com aplicações de cargas a partir de 13,22 KN,
conforme as bases de cálculo apresentadas. Entretanto, na análise real de
cálculo de flambagem global por compressão, o valor que ocasionaria a
deformação no mesmo banzo, seria a partir de 15,72 KN.
Porém, nos três protótipos apresentados anteriormente, mesmo com o
mesmo material, dimensões, e processo de montagem, apresentaram valores
distintos, ficando com uma média de carga de 9,18 KN. Contudo, é pertinente
afirmar, que em todos os protótipos, se esperava essa deformação, mas com
uma aplicação de carga, mais próxima do valor teórico.
No entanto, se observar o comportamento de cada treliça, e a deformação
e ruptura que ocasionou em cada perfil, percebe-se que em todos os protótipos
houve um rompimento na ligação do montante ou diagonal com o banzo. Uma
das hipóteses possíveis, é que a carga axial do parafuso, fornecida pelo
88

fabricante era de 5,63 KN. Ou seja, a resistência dada pelo fabricante, é menor
que a resistência calculada entre o cálculo teórico e o cálculo real, sendo
assim, o valor de 5,63 KN é a resistência que deve ser considerada para fins
de projeto.
No gráfico 01, apresenta a carga máxima de cada protótipo ensaiado, o
valor médio dos protótipos, o valor teórico e real de cálculo, além do valor de
carga axial do parafuso, fornecido pelo fabricante.

Figura 33 - Gráfico 1 – Comparativo de resultados

Resultados Ensaio Stuttgart


18
16 15.72
Carga do Equipamento (KN)

14
13.22
12
10 9.18

8
5.63
6
4
2 7.8 10.63 9.12
0
Protótipo 1 Protótipo 2 Protótipo 3
Legenda:

Carga Ensaiada Carga Parafuso Cálculo teórico -KN


Cálculo Real - KN Carga Média - KN

Fonte: Autor (2021)

Com isso, para um melhor entendimento do gráfico e suas variações, a


tabela 9 foi criada para traduzir melhor os valores e suas diferenças em
percentuais, da carga encontrada até a falha, com o valor da carga axial dos
89

parafusos, solicitado pelo fabricante, com isso, percebe-se que a média de


ruptura de cada protótipo, ficou na faixa de 38,69% acima, da resistência
fornecida pelo fabricante.

Tabela 9 - Diferença percentual de resultados encontrados

Carga do Diferença entre


Carga aplicada
Parafuso a carga Percentual
Protótip até a falha do
dado pelo aplicada e o de
o experimento
fabricante valor do diferença
(kN)
(KN) Fabricante (kN)

P 01 7,8 5,63 2,17 27,82%


P 02 10,63 5,63 5,00 47,04%
P 03 9,12 5,63 3,49 38,27%
Média 9,18 5,63 3,55 38,69%
Fonte: Autor (2021)

Já na tabela 11, os valores apresentados são da diferença entre os


percentuais da carga aplicada e a carga do cálculo teórico. Esses valores são
bem mais expressivos, se comparados com a tabela 9, mas devido ao critério
de montagem em fixar apenas um parafuso, talvez essa diferença poderia
diminuir, mas na média, ficou 43,96% acima da carga aplicada.

Tabela 10 - Diferença percentual Carga aplicada x Cálculo Real

Carga
Diferença entre
aplicada até a Carga
a carga aplicada Percentual
Protótipo falha do cálculo
e o valor do de diferença
experimento real (KN)
fabricante (kN)
(kN)

P 01 7,8 13,22 5,42 69,49%


P 02 10,63 13,22 2,59 24,37%
P 03 9,12 13,22 4,1 44,96%
Média 9,18 13,22 4,04 43,96%
Fonte: Autor (2021)

Os dados apresentados nas tabelas 9 e 10, podem traduzir várias


hipóteses conclusivas, sob o aspecto de Projeto construtivo. Com isso, essas
possibilidades serão abordadas no capítulo conclusão.
90

6. CONCLUSÃO

6.1 Observação sobre o trabalho

Este trabalho foi fundamental, para discussão técnica, pesquisa e prática


construtiva, pertinente ao sistema construtivo em Light Steel Frame, assunto
este, que carece de norma Brasileira e também, da baixa procura por esse
sistema construtivo, devido ao alto custo de execução e da falta de mão de
obra específica no mercado.
Mas com a utilização da NBR 147625:2010, que aborda os procedimentos
construtivos dos perfis formados a frio, possibilitou um estudo aprofundado dos
comportamentos desses perfis, além de realizar uma análise teórica e
experimental aprofundada, principalmente no cálculo das resistências
solicitadas. Com essa norma, qualquer Engenheiro Civil pode se basear em
parâmetros de dimensionamento, para desenvolver um projeto estrutural
adequado.
91

Baseado nos conceitos teóricos e métodos construtivos, foi possível criar


uma treliça, com parâmetros apresentados na Metodologia, que pudesse
simular o comportamento real de solicitações de carga, e que esses resultados
fossem objetos de discussão, sejam pelo erro ou acerto, mas que fossem
dados discutidos no campo da pesquisa metodológica, tanto no ensaio como
nos cálculos das solicitações.
Conforme os resultados apresentados, é admissível concluir que os
resultados foram satisfatórios e que o projeto atendeu aos parâmetros de
cálculo solicitados de ruptura dos parafusos. Mesmo que, a média de ruptura
da treliça ficou 43,96% abaixo do cálculo real dos perfis comprimidos, o projeto
foi atendido, já que dos três parâmetros de resistência, cálculo teórico, cálculo
real e carga axial do parafuso fornecido pelo fabricante, sempre condiciona
como parâmetro de Projeto o menor valor, nesse caso a carga de parafuso
(5,63 KN).
Porém, os resultados apresentados, poderiam ser melhores, muito
próximos do cálculo teórico, se fosse feito um estudo ou reforço na ligação
entre as diagonais ou os montantes, como uma chapa dobrado na parte interna
do banzo. A possibilidade de uma ligação com dois parafusos em cada nó,
entre o montante e a diagonal, teria outro comportamento no ensaio, podendo
ocorrer superiores dos encontrados.
Além disso, o resultado de rompimento nos ensaios, ficou em uma média
de 9,18 KN, ou seja, 918 Kgf de carga aplicada em uma treliça. Sabendo que
nessa treliça, as cargas não se dão isoladas. Estão conectadas entre treliças,
tesouras e vigas, e no caso da construção em Light Steel Frame, é uma carga
bem dimensionada, tantos nas cargas permanentes, como nas cargas
variáveis, o que também valida esse tipo de edificação para diversos projetos
Arquitetônicos, pois são cargas leves e distribuídas nas estruturas, e que não
necessitam de tanta solicitação de esforços.

6.2 Sugestões para trabalhos futuros

Como sugestão de trabalhos futuros, é pertinente afirmar que o estudo


em modelos estruturais em Light Steel Frame deve ser mais aprofundado entre
92

os profissionais de Engenharia Civil, principalmente em dimensionamento


estrutural.
Também em continuidade aos trabalhos similares, é indicado uma
melhor análise nas ligações parafusadas, avaliando melhor o sistema, o tipo de
parafuso, o diâmetro e a quantidade, além de um projeto detalhando com o
corte do perfil diagonal, no ângulo correto, para que a diagonal possa ser
aproveitada em toda a sua área efetiva.
Outra alternativa, é utilizar treliças entre pisos, fazendo um projeto
similar ao de uma laje de concreto, aplicando todos os esforços solicitados e
comparando com ensaios mecânicos, onde pode ser uma das alternativas para
Mezaninos e divisão de níveis entre edificações.

6. BIBLIOGRAFIA

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94

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