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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
Natal, Agosto/2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
Dissertação submetida à
Natal, Agosto/2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
APROVADA POR:
_________________________________________
_________________________________________
Prof. Dr. Sandi Itamar Schafer de Souza- Coorientador
_________________________________________
Prof. Dr. Eduardo José Cidade Cavalcanti
_________________________________________
Prof. Dr. Luís Morão Cabral Ferro
RESUMO
A preocupação com o efeito estufa e com a degradação que o meio ambiente vem sofrendo,
devido a utilização de fontes de energia não renováveis, como os combustíveis fósseis, tem
despertado um interesse especial na utilização de fontes renováveis de energia. Diante disso, a
energia eólica vem se destacando no cenário energético atual do Brasil. Os aerogeradores,
responsáveis pela conversão da energia eólica em energia elétrica, são intensamente estudados,
visto que se busca formas de aumentar a eficiência dos mesmos. Uma possível solução para o
aumento da potência de saída fornecida pelo aerogerador é a utilização de difusores flangeados.
A ideia é gerar um gradiente de pressão, que causaria a passagem de uma maior de massa de ar
a uma maior velocidade, através do rotor. Como a potência de saída de um aerogerador é
diretamente proporcional ao cubo da velocidade, a mesma aumentaria. Com isso o presente
trabalho teve como objetivo principal investigar a utilização de um difusor flangeado, acoplado
a um aerogerador de baixa potência, visando aumento de potência convertida. Para isso foi
desenvolvido o projeto e a modelagem 3D do rotor de um aerogerador com capacidade de
conversão de 300 W utilizando o Blade Element Momentum (BEM). Foram realizadas
simulações numéricas transientes do escoamento turbulento que age sobre os domínios
estudados, empregando um software CFD. Dois modelos diferentes foram consideradas, o
primeiro foi a turbina eólica envolta sem o elemento intensificador e o segundo com o elemento
intensificador, possibilitando então uma comparação entre as duas configurações. Como
objetivo secundário efetuou-se comparações dos resultados numéricos com os resultados
analíticos da metodologia de projeto adotada (BEM), visando identificar se os dados obtidos
através do projeto (coeficiente de indução axial, ângulos, triangulo de velocidade) estão
próximos da solução numérica. Ao final da análise dos resultados, foi possível verificar que o
difusor aumenta a velocidade do ar que passa pelo rotor eólico em aproximadamente 50%,
causando um aumento de cerca 330% da potência de saída. Diferenças máximas na ordem de
10% foram encontradas entre a solução analítica (obtidas com o BEM) e a solução numérica.
Além disso, pôde-se observar que com o aumento da velocidade da massa de ar, e sem o
aumento da velocidade de rotação, o triângulo de velocidades acaba sendo modificado o que
gera o fenômeno do stall. Por fim foi feita uma nova análise, com a velocidade de rotação
corrigida, onde pôde-se observar que o triângulo de velocidade volta a se estabilizar.
i
ABSTRACT
Concerns about the greenhouse effect and the ill-treatment of the environment due to non-
renewable energy sources, such as fossil fuels, has aroused a special interest in the use of
renewable energy sources, such as wind energy. Wind energy has been standing out in Brazil’s
current energy scenario. The conversion of wind energy into electricity is accomplished with
wind turbines. Wind Turbines, which are responsible for the conversion of wind energy into
electricity, are intensively studied, since they are a powerful system for energy conversion, but
still have a low efficiency when compared to other systems. One way to increase efficiency is
using flanged diffusers in order to create a pressure gradient which would result in a larger flow
of air, in the rotor, at a higher speed. As the output power of a wind turbine is directly
proportional to the velocity, the power would increase. Therefore, the present work investigates
how the use of a flange diffuser coupled to a low power wind turbine can influence its power
output. In order to achieve this objective, the design and 3D modeling of the rotor of a wind
turbine with a conversion capacity of 300W was done using the Blade Element Momentum
(BEM). Transient numerical simulations of the turbulent flow using CFD software were
accoplished. Two different 3D models were considered, the first one was only the wind turbine
and the second was the wind turbine with an element to increase power, thus allowing a
comparison between the two configurations. As a secondary objective, comparisons of the
numerical results with the analytical results of the adopted design methodology (BEM) were
carried out to identify whether the data obtained through the design (axial induction factor,
angles, velocities triangle) are present in the numerical solution. The analysis allowed to verify
that the diffuser increases the velocity of the air, passing through the wind rotor, by
approximately 50%, causing an increase of 330% in the output power. Maximum differences
of about 10% were found between the analytical solution and the numerical solution. In
addition, it was observed that with the increase of the velocity of the mass of air, and without
the increase of the speed rotation, the velocities triangle ends up being modified which
generates the stall phenomenon. Finally, a new analysis was done, with the corrected speed
rotation, where it can be observed that the speed triangle stabilizes.
Key Words: Wind Turbines; Computational Fluid Dynamics; Blade Element Momentum;
Power Intensifier
ii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1- Estimativa do potencial eólico mundial. (Fonte: Grubb e Meyer, 1993) ................ 2
Figura 1.2- Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s.
(Fonte: Amarante, Zack e Sá, 2001) ........................................................................................... 3
Figura 3.1-Movimento do ar em uma Terra sem o movimento de rotação. (Fonte: Adaptado de
Lutgnes e Tarbuck, 2013) ......................................................................................................... 16
Figura 3.2- Ilustração do efeito de Coriolis.(Fonte: Adaptado de Lutgnes e Tarbuck, 2013) .. 16
Figura 3.3- Movimento da massa de ar. (Fonte: Lutgnes e Tarbuck, 2013) ............................ 17
Figura 3.4- Homens e animais trabalhando em conjunto. (Fonte: Rodrigues, 2016) ............... 18
Figura 3.5- O moinho de vento holandês. (Fonte: Dutra, 2008) .............................................. 19
Figura 3.6- Desenvolvimento da energia eólica entre o Século XII o Século XIX. (Fonte: Dutra,
2008) ......................................................................................................................................... 19
Figura 3.7- Primeira turbina eólica instalada no Brasil. (Fonte: ANEEL, 2015) ..................... 20
Figura 3.8- Gráfico mundial de novas instalações para conversão de energia eólica em 2015.
(Fonte: GWEC, 2016) .............................................................................................................. 22
Figura 3.9- Gráfico mundial de capacidade instalada de energia eólica em 2015. (Fonte: GWEC,
2016) ......................................................................................................................................... 22
Figura 3.10- Matriz Energética Brasileira em novembro de 2016 em GW. (Fonte: Abeeólica,
2016) ......................................................................................................................................... 23
Figura 3.11- Evolução da capacidade instalada da energia eólica no Brasil. (Fonte: Abeeólica,
2016) ......................................................................................................................................... 24
Figura 3.12- Subdivisão dos parques, de geração de energia eólica, nos estados do Brasil.
(Fonte: Abeeólica, 2016) .......................................................................................................... 24
Figura 3.13- Velocidade do vento a 50 m de altura. (Fonte: Cosern, 2003) ............................ 25
Figura 3.14- Velocidade do vento a 100 m de altura (Fonte: Cosern, 2003) ........................... 25
Figura 4.1- Evolução dos aerogeradores desde 1985 até 2005. (Fonte: IEA, 2013) ................ 26
Figura 4.2- Exemplos de aerogeradores de eixo horizontal (HAWT) e de eixo vertical (VAWT).
(a), (b) e (c) representam as turbinas HAWT e (d) e (e) representam as turbinas VAWT. (Fonte:
Coutinho, 2012) ........................................................................................................................ 27
Figura 4.3- Tipos de turbinas de eixo vertical: (a) Darrieus; (b) Savonius; (c) Solarwind; (d)
Helicoidal; (e) Noguchi; (f) Maglev (g) Cochrane. (Fonte: Tong, 2010)................................. 28
Figura 4.4- Exemplos de turbinas upwind e downwind. (Fonte: Kabir, 2012) ........................ 29
iii
Figura 4.5- Componentes de um aerogerador de eixo horizontal. (Fonte: Wekken, 2006) ..... 30
Figura 4.6- Turbina eólica envolta por um difusor. (Fonte: Ohya, 2008) ................................ 33
Figura 4.7- Comportamento da superfície de controle durante o escoamento de ar. (Fonte:
Burton, 2001) ............................................................................................................................ 34
Figura 4.8- Interação entre vento e o aerogerador. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)......... 35
Figura 4.9- Volume de controle em torno do rotor. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008) ....... 36
Figura 4.10- Coeficiente de empuxo e de potência em função do fator de indução axial. (Fonte:
Adaptado de Hansen, 2008)...................................................................................................... 40
Figura 4.11- Definição de ângulo de ataque (α) num perfil. (Fonte: Adaptado de Gundtoft, 2009)
.................................................................................................................................................. 41
Figura 4.12- Fenômeno do Stall. (Fonte: Toledo, Cuminato e Souza, 2006)........................... 42
Figura 4.13- Coeficiente de arrasto e de sustentação em função do ângulo de ataque. (Na direita
o ângulo varia entre 0°-90°; Esquerda o ângulo varia entre 0°-20°) (Fonte: Gundtoft, 2009) . 43
Figura 4.14- Velocidades e Ângulos de um elemento da pá. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)
.................................................................................................................................................. 44
Figura 4.15- Rotação da esteira a jusante. (Fonte: Hansen, 2008) ........................................... 45
Figura 4.16-Triângulos de velocidades em uma seção da pá. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)
.................................................................................................................................................. 45
Figura 4.17- Variação da velocidade relativa. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008) ................ 46
Figura 4.18- Forças na pá. (Fonte: Hansen, 2008) ................................................................... 51
Figura 4.19- Discretização de um domínio. (Fonte: Kessler, 2016)......................................... 55
Figura 5.1- Perfil NACA 0012 e seus respectivos gráficos de C L x α (a) e CD x α (b). (Fonte:
AirfoilTools, 2017) ................................................................................................................... 64
Figura 5.2- Valores de cordas (mm) utilizados para a pá empregando a Equação 4.40 ........... 65
Figura 5.3- Desenho final do rotor. .......................................................................................... 66
Figura 5.4-Turbina eólica com difusor. (Fonte: Adaptado de Ohya, 2008) ............................. 66
Figura 5.5- Turbina envolta pelo difusor. ................................................................................. 67
Figura 5.6- Ilustração dos Domínios. ....................................................................................... 68
Figura 5.7- Valores de referência para avaliação da qualidade ortogonal. (Fonte: Adaptada de
Ansys, 2013) ............................................................................................................................. 70
Figura 5.8- Corte da seção transversal em toda extensão do volume de controle. ................... 70
Figura 5.9- Detalhe do refinamento próximo a parede no cubo do rotor. ................................ 71
Figura 5.10- Malha envolta da pá da turbina. ........................................................................... 71
iv
Figura 5.11-Detalhe do refinamento próximo a parede na pá da turbina. ................................ 72
Figura 5.12- Seção transversal da malha gerada para o caso com difusor. .............................. 72
Figura 5.13 - Detalhes do refino no difusor.............................................................................. 73
Figura 5.14- Refino da superfície da pá para o caso com difusor. ........................................... 73
Figura 5.15- Configurações utilizadas na simulação computacional. ...................................... 75
Figura 6.1- Linhas de fluxo sobre superfícies r/R=0,24; r/R=0.417; r/R=0,583; r/R=0,75;
r/R=0,883. ................................................................................................................................. 78
Figura 6.2- Planos criados sobre a superfície da pá. ................................................................ 78
Figura 6.3- Vetores criados no plano para r/R igual a 0,139 a) Velocidade do vento; b)
Componente tangencial da velocidade de rotação; c) Velocidade Relativa ............................. 80
Figura 6.4- Velocidade relativa no plano colocado em r/R igual a 0,458. ............................... 80
Figura 6.5- Contorno de pressão no plano referente a r/R igual a 0,458. ................................. 81
Figura 6.6- Comparação dos Resultados obtidos de forma analítica e de forma numérica. .... 81
Figura 6.7- Campo de velocidade axial no plano do rotor. ...................................................... 82
Figura 6.8- Linhas de fluxo atravessando o rotor da turbina. ................................................... 83
Figura 6.9- Vórtices de ponta de pá. ......................................................................................... 83
Figura 6.10- Plano criado no centro do rotor da turbina. ......................................................... 84
Figura 6.11- Vista lateral do plano apresentando anteriormente e linhas criadas ao longo do
mesmo....................................................................................................................................... 85
Figura 6.12- Velocidade da massa de ar em diferentes locais do volume de controle. ............ 86
Figura 6.13- Razão entre velocidade v e velocidade inicial do escoamento v0 para diversos
planos ao longo do volume de controle. ................................................................................... 87
Figura 6.14- Isosuperfície para Velocidade no eixo x de 7 m/s. .............................................. 87
Figura 6.15- Variação do diâmetro da seção transversal da esteira.......................................... 88
Figura 6.16- Variação da área da seção transversal da esteira aerodinâmica. (Hansen, 2008) 89
Figura 6.17- Gradiente da Velocidade "u" em relação a Y ...................................................... 89
Figura 6.18- Linhas de fluxo, em um plano transversal, passando pelo rotor e difusor. .......... 91
Figura 6.19- Escoamento sobre um bocal e um difusor. a) Bocal b). Difusor. (Fonte: Ohya,
2008) ......................................................................................................................................... 91
Figura 6.20- Gradiente de pressão ao longo de um plano transversal ao rotor. ....................... 92
Figura 6.21- Contorno de velocidade ao longo de um plano transversal ao rotor envolto pelo
difusor. ...................................................................................................................................... 93
Figura 6.22- Contorno de velocidade do plano transversal do rotor sem difusor. ................... 93
v
Figura 6.23- Contorno de Velocidade "u" para o rotor sem difusor. ........................................ 94
Figura 6.24- Contorno de Velocidade "u" para rotor com difusor. .......................................... 94
Figura 6.25- Comparação das velocidades relativas por seção. ............................................... 96
Figura 6.26- Vórtices gerados para um valor de 7x107s-2 do critério Q. .................................. 97
Figura 6.27- Variação dos vórtices com a diminuição do valor do critério Q. a)181.589s-2, b)
45.397s-2, c) 453,97s-2, d) 4,54 s-2. ........................................................................................... 98
Figura 6.28- Variação dos vórtices com a diminuição do valor do critério Q para o caso sem
difusor. a)181.589s-2; b) 45.397s-2; c) 453,97s-2; d) 4,54 s-2. .................................................... 99
Figura 6.29- Fluxo sobre a superfície da pá do rotor envolto pelo difusor flangeado............ 100
Figura 6.30- Gradientes de pressão da seção transversal da pá do rotor com difusor. ........... 101
Figura 6.31- Linhas de fluxo sobre a superfície da pá após o aumento da velocidade de rotação.
................................................................................................................................................ 102
Figura 6.32- Velocidade u no plano do rotor para velocidade de rotação de 9,65 rps. .......... 103
Figura 6.33- Campo de pressão do volume de controle para rotação de 9,65 rps .................. 103
vi
LISTA DE TABELAS
vii
LISTA DE SÍMBOLOS
A Área
p+ Pressão Máxima
Δp Variação de Pressão
pestagnação Pressão de Estagnação
V Velocidade
p Pressão
ρ Massa Específica
E Empuxo
𝑚̇ Vazão Mássica
P Potência
a Fator de Indução Axial
a’ Fator de Indução Tangencial
CP Coeficiente de Potência
CE Coeficiente de Empuxo
w Velocidade Relativa
Δw Variação da Velocidade Relativa
v Velocidade Axial
u Velocidade Tangencial
b Largura da Seção Transversal da Pá
c Corda da Seção Transversal da Pá
FL Força de Sustentação
FD Força de Arrasto
CL Coeficiente de Sustentação
CD Coeficiente de Arrasto
α Ângulo de Ataque
θ Ângulo Entre a Corda do Perfil e o Plano do Rotor
ø Ângulo Entre a Velocidade Relativa e o Plano do Rotor
viii
ω Velocidade Angular
r Distância Radial do Eixo do Rotor
dq Fluxo de Massa do Elemento Anelar
dr Espessura do Elemento Anelar
λ Razão de Velocidade de Ponta
B Número de Pás do Aerogerador
T Torque
Cx Coeficiente Adimensional da Força Normal
Cy Coeficiente Adimensional da Força Tangencial
σ Ângulo de Solidez
F Fator de Perda de Ponta
K Correção de Glauert
ui Componente da Velocidade nas Direções Ortogonais
xi Coordenada Espacial
t Tempo
μ Viscosidade Dinâmica
SM Termo Fonte
̅
∅ Média da Variável
∅′ Flutuação da Variável
∅ Variável
y+ yplus
u* Velocidade de Atrito
𝜏𝑤 Tensão de Cisalhamento
ix
Ai Vetor Normal a Face
fi Vetor Centroide de Cada Célula até o Centro da Face
ci Vetor do Centroide da Célula até o Centroide da Célula Adjacente
Q Critério Q
x
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................... I
ABSTRACT ............................................................................................................................. II
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
4. AEROGERADORES ..................................................................................................... 26
xi
4.2.2. NACELE ............................................................................................................................................ 31
4.2.3. PÁS E CUBO ..................................................................................................................................... 32
5. METODOLOGIA........................................................................................................... 63
7. CONCLUSÃO............................................................................................................... 105
xii
1. INTRODUÇÃO
As fontes de energias renováveis têm sido cada vez mais utilizadas, e esse aumento é
ainda mais perceptível no Brasil. O Ministério de Minas e Energia (2016), no Boletim Mensal
dos Combustíveis Renováveis referente ao mês de agosto do ano de 2016, apresenta como
destaque a notícia do crescimento do consumo de energia oriunda de fontes renováveis. Os
dados apontam que, no caso da eletricidade, houve um avanço da participação de fontes
renováveis na matriz energética Brasileira. Esse aumento é a explicação para a queda na
conversão térmica a base de derivados de petróleo. Além disso, o incremento da conversão à
base de biomassa e eólica compensou a redução de 3,2% da energia hidráulica. No caso da
conversão de energia eólica, atingiu-se 216 TWh, ultrapassando a conversão nuclear em 2015.
1
Figura 1.1- Estimativa do potencial eólico mundial. (Fonte: Grubb e Meyer, 1993)
Quanto ao cenário Brasileiro existe uma certa divergência entre os valores corretos do
potencial eólico. Segundo a ANEEL (2015) essa divergência decorre principalmente da falta
de informações (dados de superfícies) e das diferentes metodologias empregadas por cada
especialista que realiza esse tipo de estudo. Mesmo assim, é possível obter uma estimativa já
que, segundo a ANEEL (2015), a maioria dos estudos indica valores maiores que 60 GWh/ano.
Amarante, Zack, e Sá (2001), realizaram o levantamento do potencial eólico instalável
brasileiro e chegaram a um valor total de aproximadamente 143 GW, o que geraria uma
conversão de cerca de 272,20 TWh/ano. A distribuição desse potencial por região é apresentada
na Figura 1.2.
Ao analisar a Figura 1.2 é possível destacar o potencial eólico da região Nordeste, visto
que se trata da região com maior potencial, cerca de 53% do potencial do país inteiro. Segundo
o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia – CERNE (2016), o Rio Grande do
Norte é o segundo estado com maior número de projetos para leilão eólico no Brasil. Dos 1.260
projetos que somam 35.147 MW de potência habilitável entre os 14 estados, o RN tem 281
projetos que vão gerar um aumento de potência instalada de 7.195 MW, atrás da Bahia com
350 projetos e aumento de 9.535 MW de energia.
2
Figura 1.2- Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s.
(Fonte: Amarante, Zack e Sá, 2001)
3
dimensões dos aerogeradores, esse tipo de ensaio torna-se inviável economicamente na
realidade econômica do Brasil.
Para isso será utilizado o método Blade Element Momentum (BEM) para realizar o
projeto aerodinâmico da turbina eólica que será estudada. Segundo Gomez-Leon (2016), o
BEM se baseia na premissa de que as forças que atuam sobre as pás da turbina eólica são as
únicas responsáveis pela mudança de impulso axial do ar que passa pela área varrida das pás.
A análise do BEM é uma combinação da teoria dos elementos da pá e da teoria do momento.
Com isso as forças aerodinâmicas podem ser calculadas com base nas condições do fluxo local
4
possibilitando assim o cálculo das forças totais. Através desses cálculos é possível chegar a
parâmetros importantes do projeto.
1.1. OBJETIVOS
No capítulo 2 são apresentados estudos que foram realizados e que abordam temas afins aos
apresentados nesse trabalho, como: projeto de aerogeradores, simulações numéricas , estudo de
esteira aerodinâmica dos mesmos e outros.
Já no capítulo 3 a energia eólica é apresentada. Começando pela sua origem, passando por
toda a sua história e chegando até aos cenários mundial, brasileiro e norte rio grandense de
instalação e conversão de energia eólica.
5
Os capítulos seguintes (5,6 e 7) apresentam, respectivamente a metodologia utilizada no
trabalho, os resultados obtidos e suas discussões e as conclusões finais.
6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFIA
Os projetos e análises de turbinas eólicas são complexos, por isso diversos estudos
foram realizados, a fim de buscar formas de aprimorar esses projetos e suas respectivas análises.
Existe outro software, que utiliza o BEM como método de análise de projetos
aerodinâmicos de pás para aerogeradores. Essa ferramenta foi originada a partir da tese de
doutorado de Weinzierl (2011). O software desenvolvido por Weinzierl é capaz de realizar,
além das análises de eficiência, a análise aeroelástica do aerogerador e trata-se de uma extensão
de um software, bastante difundido, conhecido como Q-Blade®.
Para dar início ao projeto de um aerogerador é essencial saber o perfil aerodinâmico que
será utilizado para construção das pás. Pensando nisso, Santos (2012) realizou a simulação
numérica de perfis aerodinâmicos, frequentemente aplicados nos projetos, utilizando dois
softwares diferentes, o EasyCFD_Ge o ANSYS Fluent, a fim de avaliar a eficiência do método
dos volumes finitos implementados nos mesmos. Para isso o autor simulou casos, para diversos
números de Reynolds, dos perfis NACA 0012 e 0018. O mesmo chegou à conclusão de que
para cada caso existe um software que apresenta melhores resultados. No caso do NACA 0018,
o modelo SST e o modelo 𝑘 − 𝜀, aplicado no EasyCFD_G, apresentam os melhores resultados.
Já no caso do NACA 0012, o modelo SST, aplicado ao ANSYS Fluent, apresentou resultados
mais próximos dos resultados experimentais.
Ainda em 2012, Davis conduziu um trabalho com diversos estudos. O primeiro estudo
foi sobre a aplicabilidade de modelos de turbulência para a modelagem de aerogeradores. Para
8
isso o autor utilizou diversos modelos de turbulência (Spalart-Allmaras, Standard k-ε, Standard
k-ω, SST), que atendem ao RANS. Com isso foi possível descobrir que não existe um modelo
de turbulência predominante para modelagem de aerogeradores. Em um segundo momento, o
autor utilizou o modelo SST para simular a esteira de uma única turbina e depois realizou a
simulação de duas turbinas eólicas alinhadas. Com isso o autor pôde concluir que as simulações
foram bem-sucedidas na determinação do desenvolvimento da esteira e de algumas
características da mesma, como: variações da velocidade e vorticidade. Em um terceiro
momento o autor realizou um estudo de independência de malha a fim de melhorar os resultados
anteriormente obtidos.
Zarmehri (2012) utilizou a teoria dos vórtices para analisar as cargas aerodinâmicas de
uma turbina eólica. Baseado nessa teoria, um programa gráfico foi desenvolvido para utilização
nas indústrias. O mesmo exige dados do perfil aerodinâmico para cada seção da pá da turbina,
e para isso o EARSM (Explicit Algebraic Reynolds Stress Model) associado a um modelo de
transição, foram implementados ao programa. Um gerador de malha também foi incorporado
ao programa para prover malhas de alta qualidade às simulações numéricas. A fim de avaliar
os resultados obtidos, os mesmos foram comparados aos resultados de simulações realizadas
no software ANSYS-CFX. Pôde-se observar que o programa apresentava uma precisão
aceitável, e como exigia um baixo custo computacional poderia ser utilizado como uma possível
ferramenta de projeto.
10
Nigam, Tenguria e Pradhanb (2017) utilizaram simulações numéricas como ferramenta
para a análise aerodinâmica da pá de um aerogerador. O modelo SST foi utilizado para as
simulações e o perfil aerodinâmico NACA 63-221 foi escolhido para o projeto da pá, a mesma
tinha um comprimento de 39,98 metros, e teve as pás do modelo VESTAS V82-1.65 MW como
inspiração. As forças de sustentação e arrasto foram calculadas para diversos ângulos de ataque.
Ao final do desenvolvimento do trabalho concluiu-se que, para um dado intervalo de ângulo de
ataque, a força de sustentação e de arrasto aumentam. Além disso observou-se que a pressão no
intradorso do perfil aerodinâmico é maior do que a pressão no extradorso e que a velocidade é
maior no extradorso.
Bangga et al. (2017) conduziram estudos onde técnicas CFD foram empregadas para
realizar a simulação numérica da pá de uma turbina eólica AVATAR (Advanced Aerodynamic
Tools for Large Rotors). Para isso simulações preliminares do perfil aerodinâmico, utilizado
para o projeto da pá, foram executadas e os resultados obtidos foram comparados com os
resultados encontrados na literatura. Simulações numéricas das pás foram realizadas em
seguida, onde foram simulados cinco valores de velocidade do vento e cinco ângulos de ataques
diferentes. Observou-se que as simulações 3D apresentam diferenças quando comparadas com
as simulações 2D, visto que nas simulações 2D a vorticidade não é levada em consideração.
Além disso, percebeu-se que com o aumento da velocidade de rotação do rotor o efeito da força
de Coriolis diminui.
11
diretamente do cubo da velocidade, ou seja, com o aumento da velocidade da massa ar, ocorreria
o aumento da potência e pensando dessa forma surgiram alguns novos estudos.
Seguindo essa mesma ideia, Gilbert et al.(1978) realizaram testes com uma família de
difusores, utilizando um túnel de vento, a fim de avaliar o desempenho dos mesmos. Foram
analisados diversos parâmetros que poderiam influenciar no desempenho de difusores, além
disso chegou-se a uma geometria de difusor que poderia aumentar em até duas vezes a potência
de saída quando comparada a uma turbina convencional.
Gilbert (1983) ainda conduziu um outro estudo com turbinas envoltas por difusor
(Diffuser-Augmented Wind Turbine- DAWT) onde procurou formas de tornar o modelo da
turbina mais condizente com a realidade. O autor estudou fatores como os vórtices gerados e a
influência do cubo no escoamento do rotor. Mesmo com um modelo que não era completamente
adequado bons resultados foram obtidos, conseguiu-se aumentar a potência de saída em quase
quatros vezes, quando comparada com a mesma turbina sem difusor. Os testes foram realizados
em um túnel de vento 2x3 m.
12
poderia ser responsável por potências de saída até quatro vezes maiores, quando comparada a
potência de saída de aerogeradores sem difusor.
Softwares CFD também foram utilizados para a análise da eficiência de difusores, como
é o caso de Souza (2015), que realizou simulações numéricas baseadas no trabalho de Ohya
(2008). Nesse trabalho o autor buscou comprovar que os modelos numéricos utilizados em
softwares CFD apresentam resultados válidos quando comparados com os testes experimentais.
O autor utilizou uma modelagem 3D do rotor da turbina, através de um software CAD, e para
a simulações numéricas o software ANSYS CFX junto com o modelo SST. O mesmo concluiu
que os valores obtidos através das simulações numéricas eram próximos aos obtidos através
dos testes experimentais, além de conseguir captar os vórtices formados a jusante do difusor e
o aumento da potência de saída do aerogerador.
13
trabalho ocorreu através da comparação dos resultados obtidos através da simulação numéricas
com os resultados experimentais previamente obtidos. Chegou-se à conclusão de que 15° era o
ângulo ótimo para o posicionamento do flange e que isso poderia aumentar em cerca de 5% a
potência de saída da turbina eólica.
É possível perceber que diversos estudos já foram realizados e que muitos outros
trabalhos ainda estão sendo realizados a fim de entender todo o processo necessário para
alcançar um melhor rendimento das turbinas eólicas.
14
3. ENERGIA EÓLICA
Antes de abordar o assunto da energia eólica, torna-se necessário entender como surge
a sua principal fonte, o vento. Christopherson (2012) define genericamente o vento como o
movimento horizontal do ar sobre a superfície do planeta, acrescentado por correntes
ascendentes e descendentes causadas pela turbulência, além de uma componente vertical.
15
Figura 3.1-Movimento do ar em uma Terra sem o movimento de rotação. (Fonte: Adaptado de
Lutgnes e Tarbuck, 2013)
Existem ainda outros fatores que podem influenciar na formação do vento, como o eixo
de inclinação da Terra, o que é capaz de gerar o ciclo anual de mudanças climáticas. Outros
16
fatores são: a superfície não uniforme do planeta e os diversos tipos de materiais que podem ser
encontrados em sua superfície (orgânico, mineral, água, etc.…) que possuem diferentes
coeficientes de absorção e reflexão de radiação e influenciam diretamente o gradiente de
temperatura.
17
Figura 3.4- Homens e animais trabalhando em conjunto. (Fonte: Rodrigues, 2016)
Segundo Dutra (2008), os moinhos de vento na Europa tiveram uma forte e decisiva
influência na economia agrícola por vários séculos. Com o desenvolvimento tecnológico das
pás, sistema de controle, eixos etc., o uso dos moinhos de vento propiciou a otimização de várias
atividades que utilizavam a força motriz do vento. A Figura 3.6 apresenta os principais marcos
no desenvolvimento da energia eólica entre o século XII o século XIX.
18
Figura 3.5- O moinho de vento holandês. (Fonte: Dutra, 2008)
Figura 3.6- Desenvolvimento da energia eólica entre o Século XII o Século XIX. (Fonte:
Dutra, 2008)
Durante o intervalo entre os séculos XII e XIX, a Holanda utilizou os moinhos de vento
de diversas formas como para produção de óleos vegetais, para a fabricação de papel, para o
acionamento de serrarias a fim de processar madeira. Por volta do século XIX já existia cerca
de 9.000 moinhos de vento em pleno funcionamento na Holanda.
No final do século XIX ocorreu a revolução industrial, que estabeleceu novas formas de
conversão de energia através do surgimento da máquina a vapor. Diante desse novo
acontecimento houve um declínio do uso de energia eólica. No caso da Holanda, no início do
século XX existiam cerca de 2.500 moinhos de vento em operação, esse número, em 1960, se
encontrava em apenas 1.000.
Figura 3.7- Primeira turbina eólica instalada no Brasil. (Fonte: ANEEL, 2015)
Após esse primeiro experimento com as turbinas eólicas no Brasil, pode-se perceber
quão valioso era o vento como fonte de energia e a partir desse momento começaram as
instalações de centrais eólicas em diversos estados, tais como Minas Gerais, Ceará,
Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Norte entre outros.
20
3.3. ENERGIA EÓLICA NO MUNDO
Segundo o relatório anual da Global Wind Energy Council (GWEC) (2016), o ano de
2015 foi um ano sem precedentes para indústria da energia eólica, visto que a marca dos 60
GW de novas instalações foi atingida. No final do mesmo ano o total global de energia eólica
no mundo era de 432,9 GW, o que representou um crescimento de mais de 17%, comparado
com o ano anterior.
Nos últimos anos, a China foi o país que mais ampliou a capacidade de conversão de
energia eólica em elétrica, aumentando a sua capacidade instalada, somente em 2015, em mais
de 30 GW. A China aparece como o pais que mais utiliza a conversão eólica elétrica desde
2009.
Abaixo, nas Figuras 3.8 e 3.9, são apresentados os gráficos dos dez países com maiores
capacidades instaladas e acumuladas, respectivamente, em 2015.
É possível observar através dos gráficos que o Brasil vem se destacando quanto à
conversão de energia eólica em elétrica. O relatório, de 2016, da GWEC chega a destacar o
Brasil como o país mais promissor da América Latina na conversão desse tipo de energia.
21
Figura 3.8- Gráfico mundial de novas instalações para conversão de energia eólica em
2015. (Fonte: GWEC, 2016)
Figura 3.9- Gráfico mundial de capacidade instalada de energia eólica em 2015. (Fonte:
GWEC, 2016)
22
3.4. ENERGIA EÓLICA NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO NORTE
O Brasil, nos últimos anos, realizou grandes mudanças quanto à utilização de fontes de
energia renováveis na sua matriz energética. No ano de 2016, embora a fonte hidrelétrica tenha
sido a principal fonte de energia, a biomassa e a energia eólica alcançaram números
significativos na matriz energética brasileira.
Figura 3.10- Matriz Energética Brasileira em novembro de 2016 em GW. (Fonte: Abeeólica,
2016)
23
Figura 3.11- Evolução da capacidade instalada da energia eólica no Brasil. (Fonte: Abeeólica,
2016)
Figura 3.12- Subdivisão dos parques, de geração de energia eólica, nos estados do Brasil.
(Fonte: Abeeólica, 2016)
Pode-se observar, através dos gráficos apresentados, que o estado do Rio Grande do
Norte é, atualmente, o maior responsável pela conversão desse tipo de energia no Brasil.
24
eólica instalada no Brasil. Sendo assim o estado com a maior matriz eólica, o estado apresenta,
em quase todo o seu território, ventos constantes e de velocidades superiores a 5,0 m/s.
Segundo Grubb e Meyer (1993), para que a energia eólica seja considerada tecnicamente
aproveitável, é necessário que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de
50 m, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s. Nas Figuras 3.13 e 3.14
pode-se identificar as regiões de velocidade do vento no RN, a 50 m e 100 m de altitude, com
potencial de exploração.
Através das imagens apresentadas anteriormente pode-se perceber que o Rio Grande do
Norte apresenta diversas áreas com velocidade média de vento suficientes para apresentar
conversões de energias significativas, justificando o porquê de o estado ser um dos principais
produtores de energia elétrica através da conversão de energia eólica.
25
4. AEROGERADORES
Figura 4.1- Evolução dos aerogeradores desde 1985 até 2005. (Fonte: IEA, 2013)
26
Uma das formas mais utilizadas para a classificação das turbinas é em termos do eixo
ao redor do qual as pás giram. Segundo Pinto (2013), a maioria delas é de eixo horizontal
(Horizontal Axis Wind Turbine- HAWT), porém existem algumas cujas pás giram na vertical
(Vertical Axis Wind Turbine- VAWT). Exemplos de turbinas HAWT e VAWT são
apresentados na Figura 4.2.
Como já dito anteriormente, as turbinas de eixo vertical são assim chamadas porque as
pás giram em torno de um eixo vertical. Os rotores eólicos verticais eram amplamente
difundidos antigamente, e segundo Pinto (2013), a principal vantagem é que os mesmos não
precisam de nenhum tipo de controle de ajuste para mantê-los na direção do vento. Também
existem desvantagens, e a principal é que as pás destas turbinas ficam relativamente próximas
ao solo, o que leva a um menor aproveitamento do vento, visto que as velocidades próximas ao
solo são menores e a potência das turbinas eólicas aumenta com o cubo da velocidade. Próximo
ao solo o vento também apresenta uma maior turbulência o que resulta em maiores perdas
aerodinâmicas. Exemplos dos diversos tipos de turbinas eólicas de eixo vertical são
apresentados na Figura 4.3, a seguir.
27
Figura 4.3- Tipos de turbinas de eixo vertical: (a) Darrieus; (b) Savonius; (c) Solarwind; (d)
Helicoidal; (e) Noguchi; (f) Maglev (g) Cochrane. (Fonte: Tong, 2010)
As turbinas eólicas de eixo horizontal são aquelas em que as pás do rotor giram em torno
de um eixo horizontal. Pode-se dizer que a grande maioria das turbinas eólicas comerciais
atualmente empregadas para a conversão eólica/elétrica, são de eixo horizontal.
28
pela passagem do escoamento pela nacele, que é componente dos aerogeradores responsável
por abrigar itens mecânicos (caixa de engrenagem, gerador e etc.).
Na turbina do tipo downwind o escoamento passa primeiro pela nacele e pela torre
(componentes da turbina) para depois passar pelas pás do rotor. Essa configuração permite que
as pás do rotor sejam mais flexíveis. Mas por conta da perturbação causada ao escoamento, pela
nacele e pela torre,a quantidade de energia convertida pela turbina pode ter grande variação.
Além disso, a instabilidade do escoamento pode resultar em maiores perdas aerodinâmicas. A
Figura 4.4 apresenta esses dois tipos de turbinas.
Os aerogeradores são compostos por diversos componentes, são eles: torre, nacele, caixa
de engrenagens, cubo, gerador e pás. A Figura 4.5 apresenta os componentes de um aerogerador
de eixo horizontal
29
.
4.2.1. TORRE
A torre treliçada, constituída de perfis metálicos soldados, era mais utilizada nos
primeiros anos da utilização da energia eólica, já que as turbinas eram menores. Segundo Pinto
(2013), a grande vantagem dessas torres é o menor gasto de material para uma dada altura e
rigidez, além de apresentarem um transporte mais fácil em relação a outros tipos de torres. Mas
também apresentam como desvantagem um alto tempo de montagem e um maior gasto com
manutenção.
30
torre começa a aumentar, visto que os custos aumentam com as fundações e os cabos, aumenta
também a incerteza sobre a fadiga que os cabos podem sofrer, além de ocupar uma área cada
vez maior.
4.2.2. NACELE
Segundo Santos (2013), dá-se o nome de nacele ao local onde está alocado o conjunto
de todos os equipamentos elétricos e mecânicos localizados na parte superior da torre. Ainda
segundo Pinto (2013), a nacele é a estrutura montada em cima da torre onde estão contidos o
gerador e a caixa de acoplamento. Não existe um tamanho fixo para esse componente, ele pode
variar de acordo com a quantidade de equipamentos utilizados para o projeto e fabricação da
turbina eólica, visto que existem diversos tipos e complexidades.
Um dos componentes que pode estar presente na nacele é a caixa de engrenagens, que
em conjunto com mancais, um eixo de transmissão e um acoplamento formam um
multiplicador. Como os grandes aerogeradores possuem uma baixa velocidade de rotação (20
a 150 rpm) é necessário a existência de um mecanismo que consiga adaptar essa rotação das
turbinas a alta velocidade de rotação dos geradores convencionais, que podem ser síncronos e
assíncronos. Segundo Pinto (2013), a ideia da caixa de engrenagens é fazer a sintonia correta
entre a baixa velocidade da turbina e alta velocidade do gerador.
31
anemômetro (medidor de velocidade do vento) e também a biruta (responsável por indicar a
direção do vento).
Segundo Santos (2013), as pás que compõem os aerogeradores são semelhantes a asas
de um avião e são responsáveis pela interação com o vento e pela conversão de parte da energia
cinética, presente no vento, em trabalho mecânico. Souza (2015) explica que as forças
aerodinâmicas resultantes da interação entre o vento e as pás do rotor são responsáveis por essa
transformação. As mesmas podem ser fabricadas utilizando diversos materiais, a escolha vai
depender do tamanho da turbina. Para construção utiliza-se fibra de vidro reforçado com epóxi,
alumínio com fibra de carbono, entre outros. Já o cubo é o componente onde as pás são
acopladas, o mesmo é, geralmente, fabricado com aço de alta resistência e rolamentos para
possibilitar a fixação das pás.
Existe ainda as turbinas eólicas envoltas por difusor, também conhecidas como DAWT
(Diffuser Augmentend Wind Turbine- turbina eólica potencializada por um difusor). Segundo
Souza (2015), o estudo das DAWT compreende uma linha de pesquisa que foi desenvolvida
intensivamente no passado. A mesma se baseia na ideia de que se for possível aumentar a
velocidade do vento através da utilização da natureza fluido-dinâmica ao redor da estrutura, ou
seja, se for possível concentrar a energia do vento localmente, a potência de saída de uma
turbina poderia ser aumentada substancialmente.
Figura 4.6- Turbina eólica envolta por um difusor. (Fonte: Ohya, 2008)
33
Supondo que nenhuma massa de ar atravesse essa superfície limite, e assumindo que o
escoamento é incompressível, visto que o número de Mach do escoamento é geralmente menor
que 0,3, pela lei da conservação da massa, conclui-se que o diâmetro que delimita a superfície
limite é maior após o rotor, como apresentado na Figura 4.7.
Na Figura 4.8 pode-se observar como ocorre a interação entre o vento e o aerogerador,
além do comportamento da pressão e da velocidade. É importante saber que V1, A1 e p1 são a
velocidade, área e pressão iniciais, respectivamente.
O vento, ao passar pela turbina, tem sua velocidade reduzida, que é responsável pela
conversão da energia eólica. Quanto a pressão é possível notar que, pouco antes, de entrar em
contato com a turbina a mesma aumenta, até p+, e logo após deixar o contato com o aerogerador,
volta a cair, até p+-Δp e depois se estabilizar, voltando ao valor inicial, p1.
34
Figura 4.8- Interação entre vento e o aerogerador. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)
1 2
𝜌𝑉 + 𝑝 = 𝑝𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑛𝑎çã𝑜 (4.1)
2
1 1
𝑝1 + 𝜌𝑉12 = 𝑝+ + 𝜌𝑉22 (4.2)
2 2
35
Depois, ao avaliar a posição logo após a passagem do ar pela turbina, têm-se que:
1 1
𝑝+ − ∆𝑝 + 𝜌𝑉22 = 𝑝3 + 𝜌𝑉32 (4.3)
2 2
1
∆𝑝 = 𝜌(𝑉12 − 𝑉32 ) (4.4)
2
Figura 4.9- Volume de controle em torno do rotor. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)
Na Figura 4.9 é possível observar a existência de uma força E, trata-se do empuxo que
surge como reação da força produzida pela massa de ar. Aplicando a conservação de massa
considerando o regime permanente, tem-se que:
𝑚̇ 𝑒 = 𝑚̇ 𝑠 (4.5)
36
𝜌𝑉1 𝐴𝐶𝑉 = 𝜌𝑉3 𝐴1 + 𝜌𝑉1 (𝐴𝐶𝑉 − 𝐴1 ) + 𝑚̇𝑙𝑎𝑑𝑜 (4.6)
sendo ρ a densidade do ar, A1 a área referente ao fluxo de ar que esteve em contato com o rotor,
Acv é a área referente a saída do volume de controle adotado e A a área varrida pelas pás da
turbina e 𝑚̇𝑙𝑎𝑑𝑜 a vazão mássica que atravessa a lateral do volume de controle.
Segundo Hansen (2008), para um rotor ideal com infinitas pás, o empuxo 𝐸, sobre o
disco representativo da turbina, depende da queda de pressão (Equação 4.4). Chega-se então a
seguinte relação:
𝐸 = ∆𝑝 ∙ 𝐴 (4.10)
Igualando as duas formas de se chegar ao empuxo, Equações 4.9 e 4.10, tem-se que:
1
𝑉2 = (𝑉 + 𝑉3 ) (4.11)
2 1
37
Isso quer dizer que, no plano do rotor, a velocidade é igual à média das velocidades a
jusante e a montante do rotor. A potência é tida como a quantidade de energia que uma fonte
concede por unidade de tempo e, no caso do vento, pode ser calculada através da variação da
energia cinética no ar, chegando à seguinte equação:
1
𝑃= 𝜌𝑉 (𝑉 2 − 𝑉32 )𝐴 (4.12)
2 2 1
𝑉2 = (1 − 𝑎)𝑉1 (4.13)
𝑉3 = (1 + 2𝑎)𝑉1 (4.14)
Após a obtenção de tais relações é possível chegar a novas equações para potência e
para o empuxo em função do fator de indução axial.
38
4.4.2. COEFICIENTE DE BETZ
Segundo Schubel e Crossley (2012), existe um limite físico, que independe do projeto,
para quantificar a quantidade de energia que pode ser extraída. A extração de energia é realizada
através do processo de redução da energia cinética do ar, e consequentemente da velocidade do
vento.
O aerogerador é incapaz de reduzir a velocidade do fluxo de ar até zero, visto que uma
velocidade final nula implicaria na não existência de um fluxo. O físico alemão Albert Betz,
afirmou que a turbina eólica tem um limite máximo de extração de energia, esse limite ficou
conhecido como limite de Betz. A fim de se encontrar esse limite, têm-se que a potência
disponível em uma área, A, varrida pelo rotor é:
1
𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝜌𝐴𝑉13 (4.17)
2
𝑃
𝐶𝑃 = 1 (4.18)
(2 𝜌𝑉13 𝐴)
𝐸
𝐶𝐸 = 1 (4.19)
(2 𝜌𝑉12 𝐴)
Substituindo as Equações 4.15 e 4.16 nas Equações 4.18 e 4.19, respectivamente, têm-
se que:
39
𝐶𝑃 = 4𝑎(1 − 𝑎)2 (4.20)
𝐶𝐸 = 4𝑎(1 − 𝑎) (4.21)
Segundo Custodio (2009), a máxima potência extraída por uma turbina eólica é obtida
quando a velocidade na saída do rotor é igual a 1⁄3 da velocidade do vento incidente nas pás.
Isso resulta em uma fração máxima de potência próximo a 16⁄27 da potência disponível, o que
resulta em cerca de 59,3% da potência disponível.
40
4.4.3. TEORIA DOS AEROFÓLIOS
Segundo Pinto (2013), os aerofólios são estruturas com formas geométricas usadas para
gerar forças mecânicas. Essas forças surgem a partir da interação entre o fluido e o aerofólio.
Os perfis aerodinâmicos são utilizados nas turbinas eólicas com o intuito de transformar a
potência disponível no vento em potência mecânica, e por isso as seções transversais das pás
das turbinas tem formatos de aerofólios.
Figura 4.11- Definição de ângulo de ataque (α) num perfil. (Fonte: Adaptado de Gundtoft,
2009)
Os valores das forças geradas vão depender de alguns parâmetros, como: massa
específica do ar (ρ), velocidade relativa do vento (w), a largura da seção transversal da pá (b) e
do tamanho da corda da seção transversal da pá (c). A força de sustentação (FL) e de arrasto
(FD) são, respectivamente, dadas por:
41
1
𝐹𝐿 = 𝐶𝐿 𝜌𝑤 2 (𝑏𝑐) (4.22)
2
1
𝐹𝐷 = 𝐶𝐷 𝜌𝑤 2 (𝑏𝑐) (4.23)
2
A razão entres esses dois coeficientes (sustentação e arrasto), 𝐶𝐿 ⁄𝐶𝐷 , é conhecida como
“glide ratio”. Normalmente, quanto maior essa razão, melhor. Valores acima de 100 não são
considerados fora do normal, e os ângulos de ataque que, geralmente, fornecem esse valor estão
entre 5°-10°.
42
Figura 4.13- Coeficiente de arrasto e de sustentação em função do ângulo de ataque. (Na
direita o ângulo varia entre 0°-90°; Esquerda o ângulo varia entre 0°-20°) (Fonte: Gundtoft,
2009)
Para obter êxito no projeto do rotor de uma turbina eólica é necessário definir o ângulo
de Pitch e comprimento da corda de cada elemento desejado, esses dados vão depender do raio
onde se encontra o elemento. A fim de facilitar a compreensão a Figura 4.14 é apresentada.
Vale salientar que todos os ângulos que serão apresentados dependem do raio onde se
encontra o elemento da pá, são eles: α(r) é ângulo de ataque, ø(r) é ângulo entre a velocidade
relativa e o plano do rotor e θ(r) é ângulo entre a corda e o plano do rotor.
Na Figura 4.14 é possível perceber que a velocidade relativa (w) depende das outras
velocidades, a velocidade axial (v) e a velocidade tangencial (u). A relação se dá da seguinte
forma:
𝑤 2 = 𝑣 2 + 𝑢2 (4.24)
43
Figura 4.14- Velocidades e Ângulos de um elemento da pá. (Fonte: Adaptado de Hansen,
2008)
É importante lembrar que os vórtices citados anteriormente, serão responsáveis por uma
variação no ângulo de ataque efetivo. Isso causará mudanças na forma como as pás percebem
o fluxo, que por sua vez causará discrepâncias no projeto final e por isso é necessário levar em
consideração os efeitos da vorticidade. A Figura 4.16 apresenta o triângulo de velocidade para
uma seção da pá.
45
Os índices que foram utilizados anteriormente, a fim de apresentar a potência presente
no vento, serão novamente utilizados. Nesse caso, o índice 1 faz referência a montante do rotor,
o índice 2 diz respeito ao plano do rotor e o índice 3 é referente a região a jusante do rotor.
𝑢2 = 𝑟𝜔 + 1⁄2 ∆𝑢 (4.25)
𝑢2 = 𝜔𝑟 + 𝑎′𝜔𝑟 (4.26)
A Figura 4.17 ilustra como se dá a variação do fluxo percebido pela seção da pá.
46
𝑤2 = 𝑤1 + 1⁄2 ∆𝑤 (4.27)
𝑤2 = 𝑤1 cos(𝜙1 − 𝜙2 ) (4.28)
𝑣2 = 𝑤2 sen 𝜙2 (4.29)
sendo dq o fluxo de massa que passa através de um elemento anelar, no raio 𝑟, com espessura
𝑑𝑟. Sendo assim, 𝑑𝑞 pode ser dado por:
𝑑𝑞 = 2𝜌𝜋𝑟𝑑𝑟𝑣 (4.33)
47
Sabendo que a potência é igual ao torque multiplicado pela velocidade angular,
desprezando o arrasto, e lembrando que sen x cos x=sen 2x tem-se que:
𝑑𝑃 = 𝑑𝐹𝐿 sen 𝜙2 𝑟𝜔
𝑑𝑃 = ∆𝑤𝑑𝑞 sen 𝜙2 𝑟
𝑑𝑃 = {2𝑤1 sen 𝜙1 − 𝜙2 }[(2𝜌𝜋 𝑟𝑑𝑟)𝑤1 cos 𝜙1 − 𝜙2 sen 𝜙2 ]sen 𝜙2 𝑟𝜔 (4.34)
Foi obtida uma relação da potência do elemento anelar em função do ângulo 𝜙 a questão
é que ainda não se sabe o valor do mesmo. Segundo Gasch e Twele (2012), a fim de solucionar
esse problema é necessário resolver a equação (dP) /dø2=0, buscando encontrar o ângulo que
dará a potência máxima. Assim ømax é dado por:
2
𝜙𝑚𝑎𝑥 = 𝜙 (4.35)
3 1
ou
2 𝑣1 𝑅
𝜙𝑚𝑎𝑥 = arctan = arctan (4.36)
3 𝜔𝑟 𝜆𝑟
onde R é o raio total do rotor, λ é a razão de velocidade de ponta que pode ser dado pela razão
entre a velocidade angular e a velocidade do fluxo (ωr/v1), e r é o raio referente ao elemento
anelar. Como já apresentado anteriormente, θ=ø-α, sendo assim, chega-se a equação referente
ao ângulo de Pitch:
2 𝑅
𝜃(𝑟)𝑆𝑐ℎ𝑚𝑖𝑡𝑧 = arctan − 𝛼𝐷 (4.37)
3 𝜆𝑟
48
Utilizando as equações apresentadas anteriormente e lembrando que sen 2x = 2sen x cos
x, chega-se a equação abaixo:
𝑑𝐹𝐿 = ∆𝑤 𝑑𝑞 (4.38)
1 ø1 (4.39)
𝑑𝐹𝐿 = 𝜌𝑤12 𝐵 𝑐 𝑑𝑟 𝐶𝐿 cos
2 3
1 16𝜋𝑟 1 𝑅 (4.40)
𝑐(𝑟)𝑆𝑐ℎ𝑚𝑖𝑡𝑧 = sen2 arctan
𝐵 𝐶𝐿 3 𝜆𝑟
Segundo Hansen (2008) este método foi desenvolvido por Glauert (1935). Na Teoria do
Elemento de Pá, a pá é dividida em diversos elementos, geralmente entre 10-20 divisões, e o
fluxo sobre cada um desses elementos é calculado. Sobre cada um desses elementos
experimenta um fluxo levemente diferente, além de possuírem velocidades rotacionais, valores
de cordas e ângulos de inclinação diferentes.
49
feita no final dos cálculos do BEM (Blade Element Momentum) a fim de obter resultados mais
condizentes com a realidade.
A aplicação desse método gera uma série de equações que podem ser resolvidas
iterativamente e que depois de solucionadas podem fornecer uma boa análise da operação das
turbinas estudadas. Diante das informações apresentas anteriormente é possível aprofundar um
pouco mais o assunto e passar para o equacionamento do BEM. Ainda da Figura 4.17, tem-se
que:
𝛼 =ø−𝜃 (4.41)
sendo ø o ângulo relativo ao vento e 𝜃 o ângulo de Pitch. Pode-se observar também na Figura
4.17 que:
1 − 𝑎 𝑉1 (4.42)
tan ø =
1 + 𝑎′ 𝑟𝜔
sendo a o fator de indução axial ou fator de interferência, que mostra a medida de influência
que o rotor exerce sobre o escoamento. Supondo um número de pás 𝐵 para o rotor, pode-se
calcular o empuxo (E) e o torque (T) para cada elemento anelar da seguinte forma:
onde:
50
𝐶𝑦 = 𝐶𝐿 cos(ø) + 𝐶𝐷 sen(ø) (4.46)
Na Equação 4.47 é possível observar que a velocidade tangencial a jusante do rotor foi
utilizada mesmo com a presença de uma velocidade tangencial proveniente da rotação do ar.
Mas isso já foi provado ser uma aproximação válida, visto que a rotação do ar é, normalmente,
pequena.
51
Sabendo que:
𝑉1 (1 − 𝑎)
𝑤= (4.49)
sen 𝜙
ou
𝜔𝑟(1 + 𝑎′ )
𝑤= (4.50)
cos 𝜙
𝑎 𝑐𝐵𝐶𝑦
= (4.51)
𝑎 − 1 8𝜋𝑟sen2 𝜙
𝑎′ 𝑐𝐵𝐶𝑥
= (4.52)
𝑎′ + 1 8𝜋𝑟sen 𝜙 cos 𝜙
𝑐𝐵
𝜎= (4.53)
2𝜋𝑟
Segundo Hansen (2008), o princípio do BEM é dado dessa forma, mas a fim de ter
resultados melhores é necessário aplicar dois fatores de correção ao algoritmo. O primeiro é
conhecido como Fator de Perda de Ponta de Prandtl (𝐹), que corrige a suposição de um rotor
com infinitas pás. Já o segundo é a correção de Glauert (𝐾) e se trata de uma relação empírica
do coeficiente de empuxo e do fator de indução axial, para um valor de indução axial maior que
0,4.
52
Dessa forma as Equações 4.49 e 4.51, e as Equações 4.50 e 4.52 ficam, respectivamente,
da seguinte forma:
1
𝑎 = 4𝐹sen2 𝜙 (4.54)
+1
𝜎𝐶𝑦
1
𝑎′ = 4𝐹sen ϕ cos ϕ (4.55)
−1
𝜎𝐶𝑥
onde:
2 𝐵 𝑅−𝑟
𝐹= arcos [𝑒𝑥𝑝 (− )] (4.56)
𝜋 2 𝑟sen 𝜙
Acontece que se 𝑎 se tornar maior que 0,2 é necessário substituir a Equação 4.54 pela
Equação 4.57, apresentada abaixo.
onde 𝑎𝑐 = 0,2 e
4𝐹sen2 𝜙
𝐾= (4.58)
𝜎𝐶𝑦
É possível observar, através das equações apresentadas anteriormente, que para chegar
aos valores do fator de indução axial e fator de indução tangencial é necessário um processo
iterativo. O processo se dá em uma série de passos que serão apresentados a seguir.
53
1. Estimar valores iniciais de 𝑎 e 𝑎′;
2. Calcular o ângulo entre velocidade relativa e o plano do rotor (Eq. 4.41)
3. Obter o valor de CL e CD;
4. Com os valores calculados anteriormente, calcular os valores de Cx e Cy (Eq. 4.44 e
4.45);
5. Calcular novos valores para 𝑎 e 𝑎′ (Eq. 4.53 e 4.54). E se 𝑎 > 0,2 utilizar Eq. 4.57;
6. Se a diferença entre os valores de 𝑎 e 𝑎′ final e inicial forem menores que o critério
de convergência utilizado, o processo termina;
7. Caso não se obtenha uma diferença considerada satisfatória, volta para o cálculo
do ângulo com os novos valores de 𝑎 e 𝑎′.
Existem três métodos diferente que podem ser utilizados, por pesquisadores,
engenheiros ou projetistas, para a investigação dos fenômenos. São eles: método analítico,
numérico e experimental. Segundo Maliska (2010), o método analítico e o método numérico
formam a classe dos métodos teóricos. A diferença prática entre eles está apenas na
complexidade das equações que cada método pode atacar. Já o método experimental apresenta
a vantagem do trabalho com a configuração real, mas está associada ao alto custo financeiro e,
muitas vezes, a falta de segurança.
A simulação numérica é uma forma não restrita de resolver problemas com condições
de contorno complexas, mesmo que seja necessária a utilização de geometrias complexas, ainda
assim apresentando resultados adequados e rápidos. Além disso, quando comparada com o
método experimental, pode apresentar um custo financeiro mais baixo e disponibilizar uma
gama de informações muito superior, ou seja, um maior número de variáveis em todo o domínio
estudado. Deve-se ter em mente que a solução numérica é aproximada, necessitando um
cuidado adicional quanto aos erros computacionais associados.
54
Atualmente existem três principais classes de métodos numéricos disponíveis, são eles:
o Método de Diferenças Finitas (MDF), o Método dos Volumes Finitos (MVF) e o Método dos
Elementos Finitos (MEF). O presente trabalho fez uso do MVF que está implementado nas
rotinas do software adotado para a solução das equações governantes aproximadas do problema
estudado. Segundo Kessler (2016), com esse método troca-se o domínio contínuo por um
domínio discreto, onde um conjunto de volumes de controle (volumes finitos) é utilizado para
representar o domínio original. Um exemplo de discretização é apresentado na Figura 3.29. O
método dos volumes finitos é baseado no balanço de propriedades nos volumes de controle,
levando em consideração as leis da conservação.
Depois de ter o domínio discretizado a forma algébrica das equações, obtidas com o
método dos volumes finitos, é resolvida em cada volume de controle, gerando assim um sistema
de equações que será resolvido numericamente. A fim de facilitar essa tarefa softwares de CFD
(Computational Fluid Dynamics) são utilizados. A discretização é apresentada ao software
através de malhas, onde as condições iniciais e de contorno são aplicadas a fim de que as
equações sejam solucionadas.
55
experimental, o mesmo oferece a vantagem de resolver diversos problemas complexos,
geometricamente e matematicamente, relacionado a escoamentos, de maneira confiável e
rápida, que seriam difíceis de ser solucionados analiticamente.
𝜕𝑢𝑖
=0 (4.59)
𝜕𝑥𝑖
Uma das utilizações mais comuns do CFD é a análise de escoamento de fluidos, visto
que as ferramentas de modelagem computacional ajudam a predizer o comportamento de tais
escoamentos. Porém um dos grandes desafios é a solução de escoamentos turbulentos. Apesar
56
de existirem teorias e modelos que expliquem uma grande parte desse fenômeno, ainda não
existe uma teoria única que forneça uma previsão de uma série de situações que envolvam o
escoamento turbulento.
O modelo LES surge como uma alternativa intermediária, visto que o modelo exige
malhas menos refinadas que o DNS, gerando um custo computacional menor quando
comparado ao método anterior. Segundo Rodi (2006), nesta técnica, as grandes escalas,
consideradas como os turbilhões que contém energia são calculadas diretamente e para as
pequenas escalas utilizam-se modelos de escala.
̅ + ∅′
∅=∅ (4.61)
57
̅ é a média da variável e ∅′ é a flutuação da variável. O operador de média temporal ou
onde ∅
média de Reynolds é dado por:
1
̅=
∅ ∫ ∅ 𝑑𝑡 (4.62)
∆𝑡
∆𝑡
̅ =0
∅′ (4.63)
𝜕𝑢̅𝑖
=0 (4.64)
𝜕𝑥𝑖
̅̅̅̅̅̅
sendo 𝜌𝑢 ′ ′
𝑖 𝑢𝑗 conhecido como tensor de Reynolds.
58
Segundo Launder e Sandham (2001), a abordagem mais comum para modelagem da
tensão de Reynolds é conhecida como hipótese de Boussinesq. Rezende (2009) afirma que esta
hipótese se baseia em uma relação entre as tensões turbulentas e as tensões viscosas do
escoamento laminar, onde assume-se que as tensões turbulentas são proporcionais ao gradiente
de velocidade médio do escoamento, e o coeficiente de proporcionalidade é chamado de
viscosidade turbulenta.
4.5.2. MODELO 𝒌 − 𝜺
Há duas formulações principais do modelo k-ε, a mais utilizada é chamada de k-ε padrão
e é descrita por Jones e Launder (1972). Como dito anteriormente, esse modelo resolve o
problema do fechamento através de duas equações de transporte, uma para energia cinética
turbulenta, k, e outra para dissipação de energia cinética turbulenta por unidade de massa, ε.
A energia cinética turbulenta descreve a energia cinética dos vórtices das grandes
escalas de comprimento e é dada pela Equação 4.66, segundo Araújo (2012):
𝜕𝑘 𝜕𝑘 ̅𝑖
𝜕𝑈 𝜕 𝜕𝑘 1 ′ ′ ′ 1
̅𝑖
+𝑈 = 𝜏𝑖𝑗 −𝜀+ (𝑣 𝑈 𝑖 𝑈 𝑖 𝑈 𝑗 − ̅̅̅̅̅̅
− ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑝′𝑈′𝑗 ) (4.66)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 2 𝜌
59
Onde a dissipação por unidade de massa 𝜀 é definida pela correlação da Equação 4.67.
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕𝑈′𝑖 𝜕𝑈′𝑖
𝜀≡𝑣 (4.67)
𝜕𝑥𝑘 𝜕𝑥𝑘
𝜕𝑘
x ̅𝑖 𝜕𝑘 : O primeiro termo da equação é denominado derivada material de 𝑘. O
+𝑈
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝑖
fluido;
𝜕 1 ′ ′ ′
x ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
( 𝑈 𝑖 𝑈 𝑖 𝑈 𝑗 ) : Expressa a taxa em que k é transportado através do fluido pelas
𝜕𝑥𝑗 2
flutuações turbulentas;
𝜕 1
x ( ̅̅̅̅̅̅
𝑝′𝑈′𝑗 ) : Termo que expressa o transporte turbulento de k devido à correlação entre
𝜕𝑥𝑗 𝜌
̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝜕∅
−𝑈′𝑗 ∅′ ≅ 𝑣𝑡 (4.68)
𝜕𝑥𝑗
60
A aproximação de gradiente de difusão é válida para o termo de transporte turbulento
de 𝑘, mas não é valida para o termo de difusão pela pressão. Consequentemente tornou-se
prática comum agrupar estes termos em conjunto, como na Equação 4.69.
1 ′ ′ ′ 1 𝑣𝑡 𝜕𝑘 (4.69)
𝑈 𝑖 𝑈 𝑖 𝑈 𝑗 + ̅̅̅̅̅̅
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑝′𝑈′𝑗 = −
2 𝜌 𝜎𝑘 𝜕𝑥𝑗
𝜕𝑘 𝜕𝑘 ̅𝑖
𝜕𝑈 𝜕 𝑣𝑡 𝜕𝑘
̅𝑖
+𝑈 = 𝜏𝑖𝑗 −𝜀+ [(𝑣 + ) ] (4.70)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜎𝑘 𝜕𝑥𝑗
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝜕𝑈′𝑖 𝜕
2𝑣 [𝑁(𝑈𝑖 )] = 0 (4.71)
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗
𝜕𝑈𝑖 𝜕𝑈𝑖 𝜕𝑝 𝜕 2 𝑈𝑖
𝑁(𝑈𝑖 ) = 𝜌 + 𝜌𝑈𝑘 + −𝜇 (4.72)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑘 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑘 𝜕𝑥𝑘
Desta forma a equação exata de 𝜀 pode ser expressa pela Equação 4.73.
𝜕𝜀 𝜕𝜀 ̅𝑖
𝜕𝑈 ̅𝑖
𝜕 2𝑈
̅
+ 𝑈𝑖 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
′ ′ ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
′ ′
= −2𝑣[𝑈 𝑖,𝑗 𝑈 𝑗,𝑘 + 𝑈 𝑘,𝑖 𝑈 𝑘,𝑗 ] ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
′ ′
− 2𝑣𝑈 𝑘 𝑈 𝑖,𝑗
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑘
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
− 2𝑣𝑈′ 2 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝑖,𝑘 𝑈′𝑖,𝑚 𝑈′𝑘,𝑚 − 2𝑣 𝑈′𝑖,𝑘𝑚 𝑈′𝑖,𝑘𝑚 (4.73)
𝜕 𝜕𝜀 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅ 𝑣 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
+ [𝑣 − 𝑣𝑈′ 𝑗 𝑈′𝑖,𝑚 𝑈′𝑖,𝑚 − 2 𝑝′𝑚 𝑈′𝑗,𝑚 ]
𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜌
No modelo padrão descrito por Jones e Launder (1972) a equação da energia cinética
turbulenta é dada na forma da Equação 4.71. Já a viscosidade turbulenta e taxa de dissipação
61
da energia cinética turbulenta são expressas conforme as Equações 4.74 e 4.75,
respectivamente.
𝐶𝜇 𝑘 2
𝑣𝑡 = (4.74)
𝜀
𝜕𝜀 𝜕𝜀 𝜀 ̅𝑖
𝜕𝑈 𝜀2 𝜕 𝑣𝑡 𝜕𝜀
̅𝑗
+𝑈 = 𝐶𝜀1 𝜏𝑖𝑗 − 𝐶𝜀2 + [(𝑣 + ) ] (4.75)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑗 𝑘 𝜕𝑥𝑗 𝑘 𝜕𝑥𝑗 𝜎𝜀 𝜕x𝑗
onde:
𝜀 𝐶𝜇 𝑘 3/2
𝜔= ; 𝑙𝑚𝑖𝑠 = ; 𝑈𝑚𝑖𝑠 = 𝑘1/2
(𝐶𝜇 𝑘) 𝜀
2
𝜏𝑖𝑗 = 2𝑣𝑡 𝑆𝑖𝑗 − 𝑘𝛿𝑖𝑗 (4.76)
3
1, 𝑠𝑒 𝑖 = 𝑗
𝛿𝑖𝑗 = { (4.77)
0, 𝑠𝑒 𝑖 ≠ 𝑗
62
5. METODOLOGIA
Para que se chegasse ao resultado foi necessário fornecer alguns parâmetros de entrada,
foram eles: número de pás desejado, potência de saída desejada, razão de velocidade de ponta
(Tip Speed Ratio), o coeficiente de potência e a quantidade de superfície em que se desejava
dividir a pá. Uma Tabela com as variáveis utilizadas são apresentadas abaixo.
VARIÁVEIS VALORES
Velocidade do Vento 7 m/s
Número de Pás 3
Potência de Saída 300 W
Razão de Velocidade de Ponta de Pá 7
Coeficiente de Potência 0,4
Número de Superfícies 10
63
se pela Razão de Ponta de Pá (Tip Speed Ratio) que maximizaria a potência de saída fornecida
pelo mesmo.
Figura 5.1- Perfil NACA 0012 e seus respectivos gráficos de CL x α (a) e CD x α (b). (Fonte:
AirfoilTools, 2017)
O algoritmo utilizado foi baseado no Blade Element Momentum (BEM), que analisa a
performance da turbina através da teoria da quantidade de movimento do elemento de pá. O
passo a passo para aplicação do BEM é dado no Capitulo 4.
Essa teoria exige que alguns dados do perfil sejam fornecidos, são eles: o ângulo de stall
do perfil, os valores de coeficiente de sustentação (CL) e coeficiente de arrasto (CD) para ângulos
de ataque variados. Para chegar aos valores de CL e CD foi então necessário gerar uma função
capaz de fornecer diversos valores para a faixa desejada. Após a obtenção das equações, foi
possível chegar aos resultados analíticos e passou-se para modelagem 3D da turbina.
64
5.2. MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DO AEROGERADOR
Com os valores das cordas e do ângulo de passo das seções foi possível realizar a
modelagem da turbina utilizando um software CAD. Os valores utilizados são apresentados a
seguir. A Figura 5.2 ilustra o comportamento dos valores de corda, onde são apresentados os
valores de corda referentes a cada seção da pá. Além disso é apresentado também o
comportamento do ângulo de Pitch ao longo da pá.
Figura 5.2- Valores de cordas (mm) utilizados para a pá empregando a Equação 4.40 (a);
Comportamento do ângulo de Pitch ao longo da pá (b).
Através também do estudo realizado por Ohya (2008) foi possível chegar à conclusão
que a utilização de um difusor juntamente com um flange produz resultados ainda mais
satisfatórios. E em um terceiro momento do trabalho, foi feito um estudo das dimensões do
difusor flangeado que otimizariam essa ferramenta, são elas 𝐿/𝐷 =1,25, ℎ/𝐷=0,25 e 𝜑=12°. A
Figura 5.4 ilustra as relações de dimensões encontradas.
Ângulo Ângulo
ELE Corda
Raio de Relativo
MEN Pitch (°) a D¶ w (m/s) CL CD
(mm) (m) ataque (ø)
TO
(. )
1 167,7 0,182 21,5 7,93 29,5 0,291 0,149 11,34 1,01 0,013
2 279,5 0,143 12,3 8,18 20,5 0,246 0,127 13,94 1,03 0,014
3 391,3 0,112 7,3 8,20 15,5 0,225 0,096 18,16 1,03 0,014
4 503,1 0,091 4,2 8,15 12,4 0,215 0,077 22,77 1,03 0,014
5 614,9 0,075 2,2 8,09 10,3 0,209 0,053 27,52 1,02 0,014
6 726,7 0,065 0,7 8,03 8,78 0,207 0,041 32,34 1,02 0,014
7 838,5 0,057 -0,3 7,99 7,67 0,208 0,033 37,20 1,01 0,013
8 950,3 0,051 -1,1 7,93 6,78 0,211 0,018 42,09 1,01 0,013
9 1061,1 0,045 -1,7 7,86 6,08 0,229 0,012 47,10 1,00 0,013
67
5.3. VOLUME DE CONTROLE E DISCRETIZAÇÃO DO DOMÍNIO
Para realizar uma simulação coerente com a realidade física foi necessário decidir por
um volume de controle. Quando a simulação envolve um volume de controle com revolução é
necessário criar dois domínios. Nesta técnica adotada o domínio externo fica parado e o
domínio interno dotado de revolução, que representa um cilindro contendo em seu interior a
turbina eólica. Para um melhor entendimento, a Figura 5.6 é apresentada a seguir.
+
𝑦𝑢∗
𝑦 = (5.1)
𝜈
𝜏𝑤
𝑢∗ = √ (5.2)
𝜌
0,0297𝜌𝑢̅2 (5.3)
𝜏𝑤 = 1/5
𝑅𝑒𝑥
𝐴𝑖 𝑓𝑖 𝐴𝑖 𝑐𝑖
⃗⃗⃗𝑖 ||𝑐⃗⃗𝑖 | (5.4)
⃗ 𝑖 | |𝐴
⃗⃗⃗𝑖 ||𝑓
|𝐴
onde Ai é o vetor normal a face e fi é o vetor do centroide de cada célula até o centroide da face,
e ci é o vetor do centroide da célula até o centroide da célula adjacente.
Vale salientar que a fim de não refinar a malha excessivamente, em regiões onde não se
faz necessário, foram utilizados dois valores para inflation (método responsável por garantir o
y+ adequado para a malha) um para o cubo do rotor e outros para as pás, como apresentado nas
Figuras abaixo.
70
Figura 5.9- Detalhe do refinamento próximo a parede no cubo do rotor.
71
Figura 5.11-Detalhe do refinamento próximo a parede na pá da turbina.
Figura 5.12- Seção transversal da malha gerada para o caso com difusor.
72
Figura 5.13 - Detalhes do refino no difusor.
Como dito anteriormente, foi necessária a criação de dois domínios distintos a fim de
que um pudesse permanecer parado enquanto o outro rotacionava. Para que o software
compreendesse que existia uma interação entre os dois domínios foi criada uma condição de
interface.
Apesar desse modelo exigir um custo computacional relativamente alto, foi o escolhido
para este trabalho já que é capaz de captar todos os fenômenos do escoamento. A Figura 5.15
ilustra as condições utilizadas.
74
Figura 5.15- Configurações utilizadas na simulação computacional.
Além das configurações citadas anteriormente algumas outras opções foram incluídas
no software. Segundo Hsu (2012), a coleta de dados das variáveis de interesse começa depois
de aproximadamente duas revoluções do rotor e continua-se com a simulação até que o valor
do torque gerado no eixo do rotor não mude, o que não leva mais que duas a três outras rotações.
Diante de tal informação optou-se por um tempo total de simulação referente a 5 rotações, ou
seja, 0,77 s. Quanto ao intervalo de tempo entre as iterações, optou-se pelo Adaptive Time Step,
tornando possível uma variação do intervalo de tempo e garantindo a solução detalhes
transientes do escoamento.
Ainda segundo Hartwanger (2008), outro modelo, o SST, apresentariam uma precisão
de resultados excelente mas optou-se pela sua não utilização devido à falta de capacidade
computacional, visto que o custo computacional seria muito elevado para a configuração
computacional disponível. Após a inclusão das diversas informações, apresentadas acima,
pode-se prosseguir para a simulação.
75
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção são apresentados os resultados obtidos através das simulações numéricas
realizadas. Vale lembrar que o presente trabalho realizou a simulação numérico, através do
software ANSYS CFX, de um rotor eólico de pequeno porte, projetado através da metodologia
de Schmitz e do Blade Elemente Momentum. O mesmo foi projetado para apresentar uma
potência de saída de 300 W.
76
Depois da obtenção dos valores de velocidade relativa de forma analítica, passou-se para
busca dos resultados obtidos através da simulação numérica. O primeiro resultado analisado foi
em relação a velocidade de rotação utilizada para as simulações, apresentado na Figura 6.1.
Com a Figura 6.1 é perceptível que o fluxo de ar passa por toda superfície da pá, sem
nenhum tipo de descolamento, o que é possível com a velocidade correta de rotação, indicando
que a velocidade obtida com o algoritmo e fornecida inicialmente para o software está
apropriada.
Após a verificação, passou-se para a coleta dos valores das velocidades relativas (w)
para cada superfície analisada. Para obter tais valores foi necessária a criação de diversos planos
em toda superfície da pá, a fim de facilitar o entendimento a Fig. 6.2 é apresentada.
167,7 11,34
279,5 13,94
391,3 18,16
503,1 22,77
614,9 27,52
726,7 32,34
838,5 37,20
950,3 42,09
1062,1 47,10
77
Figura 6.1- Linhas de fluxo sobre superfícies r/R=0,24; r/R=0.417; r/R=0,583; r/R=0,75;
r/R=0,883.
Uma nova variável, denominada velocidade relativa, foi criada, a fim de que o cálculo
dessa velocidade fosse realizado pelo próprio software. Essa velocidade apresenta uma
78
componente axial, representada pela velocidade do vento, e uma componente tangencial, dada
por uma componente da velocidade angular. Sabendo disso, pôde-se fornecer ao software a
Equação 6.1 para o cálculo da velocidade relativa.
167,7 11,85
279,5 13,05
391,3 16,85
503,1 24,30
614,9 28,15
726,7 35,08
838,5 40,15
950,3 43,25
1062,1 47,50
79
Figura 6.3- Vetores criados no plano para r/R igual a 0,139 a) Velocidade do vento; b)
Componente tangencial da velocidade de rotação; c) Velocidade Relativa
Por fim, um contorno de pressão é gerado no plano (referente a uma seção da pá), para
verificar onde encontram-se as regiões de alta e de baixa pressão.
80
Figura 6.5- Contorno de pressão no plano referente a r/R igual a 0,458.
Percebe-se, através do contorno de cores, que existe uma diferença de pressão entre o
intradorso e o extradorso do perfil, referente a seção transversal da pá. Essa diferença é a
responsável pela força de sustentação, que, por sua vez, promove a rotação das pás.
Comparação de Resultados
50 9,00
45 8,00
40 7,00
Erro Percentual (%)
Vel. Relativa (m/s)
35 6,00
30
5,00
25
4,00
20
15 3,00
10 2,00
5 1,00
0 0,00
SUP.1 SUP.2 SUP.3 SUP.4 SUP.5 SUP.6 SUP.7 SUP.8 SUP.9
Superfícies
Figura 6.6- Comparação dos Resultados obtidos de forma analítica e de forma numérica.
81
Com o gráfico, apresentando anteriormente, é possível perceber que o maior erro
percentual encontrado nas comparações foi 7,81%. Segundo Peinado (2007), na prática
costuma-se utilizar erro relativo aceitável variando entre 5% e 10%. O que garante que o erro
relativo, entre os valores em todas as superfícies, está dentro do aceitável. O fato dos erros
relativos estarem dentro da faixa considerada aceitável mostra que a simulação numérica
apresenta resultados que estão de acordo com a abordagem analítica.
Pode-se perceber que existe uma variação quanto ao erro percentual, existem valores
levemente superiores e outros menores (cerca de 1%). É possível que essa variação se dê porque
os valores obtidos através do software são médios, não se pode definir exatamente qual a
velocidade que passa por cada seção e esse fato acaba influenciando na diferença obtida entre
as velocidades.
A Figura 6.8 apresenta o comportamento das linhas de fluxo quando passam pelo disco
da turbina.
82
Figura 6.8- Linhas de fluxo atravessando o rotor da turbina.
A Figura 6.8 deixa claro a rotação do rotor, sendo possível visualizar a rotação da massa
de ar que é causada pelo movimento rotativo do rotor. Na Figura 6.7 é possível perceber que na
ponta da pá a velocidade aumenta, o que já era esperado visto que a velocidade tangencial
aumenta com o raio. Existe uma diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso. Devido
a essa diferença de pressão, existe também o downwash na ponta da pá, responsável por vórtices
de ponta, os mesmos podem ser visualizados na Figura 6.9.
83
Os vórtices apresentados na Figura 6.9 foram obtidos através do Q-Criterion e coloridos
com velocidade rotacional. O critério Q associa o campo vortical, Ω𝑖𝑗 , e o tensor taxa de
deformação, 𝑆𝑖𝑗 , e é dado pela Equação 6.2 (Liu e Ishiwatari, 2011)
1 2 2 (6.2)
𝑄= (|Ω𝑖𝑗 | − |𝑆𝑖𝑗 | )
2
Para identificar os vórtices o valor do Q-Criterion precisa ser positivo, para que as
regiões onde o termo de rotação Ω𝑖𝑗 se sobrepõe ao termo de deformação 𝑆𝑖𝑗 sejam
evidenciadas.
84
Figura 6.11- Vista lateral do plano apresentando anteriormente e linhas criadas ao longo do
mesmo.
A Linha 1 está situada a 1 metro antes do centro do rotor, já a Linha 2 está situada um
metro depois do centro do rotor. A partir da Linha 2 existe um espaçamento de dois metros
entre linhas. Após a criação das linhas, gerou-se um gráfico que ilustra o comportamento da
velocidade do escoamento na direção do eixo x ao longo do eixo y. Vale salientar que para
obter os resultados referentes a esteira aerodinâmica foi necessário aumentar o tempo total da
simulação para 3s. Os resultados obtidos são apresentados a seguir.
Com a Figura 6.12 é possível observar que na entrada, a velocidade é constante, como
já esperado. A velocidade da massa de ar começa a ser perturbada a partir da Linha 1, devido a
rotação da turbina. A partir de Linha 2 já é possível observar uma variação de velocidade
considerável, em relação a linha da Entrada, que persiste até a Linha 3 (3 m depois da turbina),
onde atinge uma velocidade mínima. Da Linha 4 em diante fica perceptível que a velocidade
começa a aumentar novamente e persiste até a Linha 11, onde a velocidade do ar, apesar de
bastante próxima da velocidade na entrada do volume de controle, ainda não voltou
completamente a velocidade inicial de 7 m/s. Buscou-se também analisar o diâmetro da esteira
gerada a partir da interação entre o escoamento e o rotor.
85
Figura 6.12- Velocidade da massa de ar em diferentes locais do volume de controle.
86
Segundo Sá (2015), têm-se como principais efeitos da esteira a redução da velocidade
do vento incidente e o aumento da turbulência do vento. Para isso foi obtida a variação do
diâmetro da esteira a partir da análise do gradiente de velocidade no eixo x. Diversos planos
foram criados ao longo do volume de controle, onde a variação da velocidade foi analisada. O
diâmetro da seção transversal, para cada plano, será onde a variação de velocidade se iniciam.
Figura 6.13- Razão entre velocidade v e velocidade inicial do escoamento v0 para diversos
planos ao longo do volume de controle.
87
A fim de facilitar a visualização, um gráfico foi criado com os dados coletados.
1,5
0,5
r/D
-0,5
-1
-1,5
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
x/D
Segundo Jain (2011), esta redução na produção de energia em um parque eólico, devido
às perdas por esteira, podem variar entre 2% e 20% dependendo da distância entre
aerogeradores e da turbulência ambiente. Para Martínez (2003), a distância recomendada entre
aerogeradores, que estão distribuídos na direção preferencial do vento, é da ordem de 6 a 10
diâmetros do rotor e para aerogeradores distribuídos na direção perpendicular à direção do
vento é da ordem de 2 a 3 diâmetros.
88
Figura 6.16- Variação da área da seção transversal da esteira aerodinâmica. (Hansen, 2008)
𝐴0 (6.3)
= 1 − 2𝑎
𝐴1
Dessa forma foi possível chegar a um valor médio do fator de indução axial, 0,207 para
a simulação numérica. Já a média analítica foi de 0,227. Essa diferença gera um erro percentual
de 9,66%. Esse erro pode ser atribuído a pequenos defeitos de geometria, e/ou por se tratar de
um valor médio geral para todo o rotor, pás e nacele.
6,00 Linha 2
Linha 3
5,00
Linha 4
4,00 Linha 5
Y(m)
3,00 Linha 6
Linha 7
2,00
Linha 8
1,00 Linha 9
Linha 10
0,00
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 Linha 11
Gradiente de Velocidade "u" (1/s)
89
Pode-se perceber que o maior gradiente de velocidade se dá na Linha 2 (um metro depois
do rotor), o valor do gradiente passa a diminuir nas linhas seguintes. É possível observar
também que pequenas variações de velocidade podem ser encontradas a partir dos 3 m (eixo
Y). Essas primeiras variações podem ocorrer devido à perturbação causada pela rotação das
pás. Isso mostra que o diâmetro do domínio escolhido foi adequado visto que não interfere no
escoamento.
No pós processamento dos resultados foi obtido o valor do torque gerado pela turbina,
utilizando a ferramenta function calculator do software ANSYS, que apresentou um valor de
torque de 6,1 N∙m. Segundo o ANSYS User Guide (2013), o torque é calculado levando em
consideração à força de pressão mais a força do fluxo de massa e se houver cisalhamento na
parede à força viscosa é adicionada ao cálculo. Tendo o valor do torque e o valor da velocidade
de rotação da turbina, foi possível encontrar a potência de saída fornecida pela mesma, 266,1
W, uma diferença de 11,3% a menos em relação aos valores de projeto obtidos com a
metodologia BEM
A literatura afirma que com a utilização do difusor flangeado será possível aumentar a
eficiência do rotor eólico. Parte-se da ideia que a utilização do difusor propiciará uma
concentração da massa de ar, fazendo com que uma vazão de ar maior passe pela turbina. Já
com a utilização do flange acoplado ao difusor, busca-se provocar um maior descolamento do
escoamento, causando vórtices de maior magnitude, gerando assim um maior gradiente de
pressão entre a região anterior ao difusor e pós difusor. Com esse gradiente espera-se, que a
massa de ar que passa pelo rotor, sofra uma aceleração.
90
Figura 6.18- Linhas de fluxo, em um plano transversal, passando pelo rotor e difusor.
Figura 6.19- Escoamento sobre um bocal e um difusor. a) Bocal b). Difusor. (Fonte: Ohya,
2008)
91
Através da Figura 6.19 é possível perceber também os vórtices gerados na região
posterior ao difusor. Os mesmos são responsáveis pelo gradiente de pressão apresentado na
Figura 6.20.
Na Figura 6.20 é possível perceber que a região onde os vórtices são formados, são
regiões que apresentam menor pressão. Também são visíveis as regiões de maior pressão, onde
o fluido encontra as paredes configuradas como No Slip (Difusor, e aerogerador). Com esse
gradiente de pressão, é esperado que a velocidade da massa de ar que chega ao rotor sofra uma
aceleração, o que pode ser visto na Figura 6.21.
Através do contorno de cores é possível perceber que a massa de ar que entra em contato
com a turbina apresenta uma velocidade de aproximadamente 10,4 m/s. O que representa um
aumento de cerca de 3,4 m/s em relação a velocidade inicial da massa de ar (7 m/s). A fim de
ressaltar essa variação de velocidade, a Figura 6.22 apresenta o contorno de cores de velocidade,
para o mesmo plano, obtido através da simulação do rotor sem o intensificador de potência
92
Figura 6.21- Contorno de velocidade ao longo de um plano transversal ao rotor envolto pelo
difusor.
Para perceber essa variação de velocidade no plano do rotor, um mesmo plano foi criado
para as duas simulações, e um contorno de cores de velocidade no eixo “x” foi criado.
93
Figura 6.23- Contorno de Velocidade "u" para o rotor sem difusor.
94
É possível perceber que a velocidade máxima alcançada no primeiro caso é de 10 m/s,
já no segundo caso ela chega até 17,8 m/s. Em uma análise prévia é possível perceber que houve
um aumento das velocidades no plano do rotor. Ao analisar o número de Mach, pode-se
perceber que a suposição de incompressibilidade está correta, já que o Mach é menor que 0,3.
167,7 19,25
279,5 20,75
391,3 25,85
503,1 36,00
614,9 42,20
726,7 48,10
838,5 53,30
950,3 57,40
1062,1 61,80
95
Variação da Velocidade
70 70
60 60
Velocidade Relativa (m/s)
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
SUP.1 SUP.2 SUP.3 SUP.4 SUP.5 SUP.6 SUP.7 SUP.8 SUP.9
Sabendo do aumento da velocidade relativa para cada seção, espera-se que haja também
um aumento da potência de saída convertida pelo aerogerador. Ao realizar o procedimento
anterior para o cálculo da potência de saída, encontra-se um torque de 20,7 N.m, e uma potência
de saída de 896,9 W. Mostrando que a utilização do difusor flangeado proporcionou um
aumento de 3,38 vezes na potência.
Quanto aos vórtices gerados pelo rotor eólico, optou-se por analisar diversos valores do
critério Q, pode-se observar que quanto menor o valor utilizado, maior será a quantidade de
vórtices identificados. Os mesmos podem ser observados a partir de valores de critério Q
aproximados a 7x107s-2, e estão, em sua maioria, na ponta da pá. Os mesmos também podem
ser observados no bordo de ataque, e em uma menor quantidade no bordo de fuga, como
apresentado na Figura 6.26, onde os vórtices foram coloridos com a velocidade de rotação.
96
Figura 6.26- Vórtices gerados para um valor de 7x107s-2 do critério Q.
97
Figura 6.27- Variação dos vórtices, coloridos com a velocidade de rotação, com a diminuição
do valor do critério Q. a)181.589s-2, b) 45.397s-2, c) 453,97s-2, d) 4,54 s-2.
98
Figura 6.28- Variação dos vórtices, coloridos com a velocidade de rotação, com a diminuição
do valor do critério Q para o caso sem difusor. a)181.589s-2; b) 45.397s-2; c) 453,97s-2; d) 4,54
s-2.
99
Figura 6.29- Fluxo sobre a superfície da pá do rotor envolto pelo difusor flangeado.
Segundo Human (2014), se uma turbina deve operar com um certo valor de Tip Speed
Ratio, e a mesma trabalha com um valor abaixo do esperado, a turbina eólica apresentará perdas,
conhecidas como perdas por stall. Com o aumento da velocidade de rotação das pás, o Tip
Speed Ratio também aumentará, considerando que a velocidade inicial do vento permaneceu
inalterada, causando assim as perdas citadas anteriormente.
Mesmo com a perdas por stall, pode-se observar, através do contorno de pressão, que
ainda vai existir um gradiente de pressão entre o intradorso e o extradorso do perfil
aerodinâmico referente a seção transversal da pá. O gradiente é ilustrado abaixo.
100
Figura 6.30- Gradientes de pressão da seção transversal da pá do rotor com difusor.
𝜔𝑟 (6.4)
𝜆=
𝑣
𝜔 = 2𝜋𝑛 (6.5)
101
onde n é a velocidade de rotação. Ao realizar as substituições, chegou-se ao valor de 9,65 rps
para velocidade de rotação, 39,8% maior que aquela adotada na simulação sem o difusor. A
Figura 6.31 apresenta as linhas de fluxo sobre as superfícies da pá.
Percebe-se que com o aumento da velocidade de rotação as linhas de fluxo passam pela
superfície da pá sem apresentar nenhum tipo de descolamento. O que leva a confirmação de
que o que estava causando o descolamento era o valor equivocado dessa velocidade.
102
Figura 6.32- Velocidade u no plano do rotor para velocidade de rotação de 9,65 rps.
Quando comparada com a Figura 6.24 pode-se perceber que com o aumento da
velocidade de rotação existe também uma variação no campo de velocidades, essa variação
pode ter acontecido devido à falta do descolamento, o que torna o campo mais uniforme.
Existem pequenas variações também no campo de pressão ao longo do volume de controle,
como pode ser visto na Figura 6.33.
Figura 6.33- Campo de pressão do volume de controle para rotação de 9,65 rps
103
Com a correção da velocidade de rotação e consequentemente correção do stall,
esperava-se um aumento da potência de saída para a nova simulação. Repetiu-se então o cálculo
da potência de saída. Obteve-se um torque de 25,7 N.m, e uma potência de saída de 1,5 kW.
Segundo Gasch e Twele a (2012), a potência de saída pode ser dada por:
𝑃 = 2𝜋𝑛𝑇 (6.6)
onde n é a velocidade de rotação em rps.
104
7. CONCLUSÃO
Com a utilização do difusor, percebeu-se a baixa pressão na região pós difusor, além da
variação da velocidade que chega até as pás. Essa variação gerou uma potência de saída
aproximada de 896,9 W, valor 3,38 vezes maior que a potência de saída gerada pelo aerogerador
sem difusor, que foi de 266,9 W.
Uma outra conclusão importante, foi que ao utilizar o difusor em uma turbina que não
foi projetada para ser envolta pelo mesmo, o aerogerador pode apresentar perdas por stall, visto
105
que a utilização desse dispositivo sem o aumento da velocidade de rotação, o fenômeno do stall
passa a acontecer. Ou seja, para obter um aumento ainda maior seria necessário projetar a
turbina visando a utilização do intensificador de potência. Além disso, a utilização do difusor
pode causar uma esteira de vórtices mais intensa, o que pode influenciar na potência de saída
de aerogeradores que estejam próximos.
Quanto à esteira aerodinâmica, pôde-se observar que a mesma persistiu até o final do
volume de controle utilizado. Dessa forma é possível concluir que a distância de 10 diâmetros
entre aerogeradores, utilizada atualmente em parques eólicos, é uma distância adequada para
minimizar os efeitos da esteira.
Vale salientar que as turbinas eólicas, geralmente, são projetadas para funcionar a uma
certa faixa de velocidade de rotação, trabalhar fora dessa faixa pode gerar acidentes estruturais.
E por isso é necessário levar em consideração a utilização do difusor no projeto estrutural.
Por fim, as simulações numéricas mostram que aerodinamicamente, para esse caso, o
difusor flangeado mostrou-se capaz de aumentar a potência de saída de um aerogerador.
Fazendo com que o objetivo principal do trabalho, comparar a potência de saída de um
aerogerador com e sem intensificador de potência, fosse alcançado.
106
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WEKKEN, T.; WIEN, F. . K. C. Power Quality and Utilization Guide, Wind Power.
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113
9. ANEXO
clc
clear
114
beta_(i)=phi(i)-(alpha_d*(180/(%pi)));
beta_ok(i)=phi_(i)-alpha_d;
c_r_um(i)=(1/Pas)*((16*(%pi)*r(i))/cl_alpha_d);
c_r_dois(i)=(1/3)*(atan(1/(TSR*r(i))));
c_r_tres(i)=(sin(c_r_dois(i)))^2;
c_r(i)=c_r_um(i)*c_r_tres(i);
c(i)=c_r(i)*R;
sigma(i)=(c(i)*Pas)/(2*(%pi)*r(i));
if sigma(i)>1
sigma(i)=1
else
sigma(i)=(c(i)*Pas)/(2*(%pi)*r(i));
end
omega=(TSR*V)/(2*(%pi)*R);
sb(i)=2*(%pi)*omega*r(i);
a_axial(i)=0.0001;
a_tangencial(i)=0.0002;
error_a(i)=1000;
error_t(i)=1000;
CC=0.001;
while (error_a(i)>CC); (error_t(i)>CC)
disp(a_axial(i));
disp(a_tangencial(i));
a_axial_old(i)=a_axial(i);
a_tangencial_old(i)=a_tangencial(i);
a_um(i)=((1-a_axial(i))/(1+a_tangencial(i)))*(V/sb(i));
a_dois(i)=atan(a_um(i));
a_rel(i)=a_dois(i)*(180/(%pi));
alpha_(i)=a_dois(i)-beta_ok(i);
115
alpha(i)=alpha_(i)*((180/(%pi)));
k0=-6.82987*(10^-3);
k1=1.2429316*(10^-1);
k2=1.5312186*(10^-4);
k3=-1.5717903*(10^-4);
k4=-4.2866636*(10^-7);
a0=4.469094*(10^-3);
a1=9.8572236*(10^-6);
a2=2.1308033*(10^-4);
a3=6.838033*(10^-7);
a4=-1.5253883*(10^-6);
a5=-4.059074*(10^-9);
a6=5.12494*(10^-9);
alpha_s=0.270389;
alpha_stall=alpha_s*(180/(%pi));
cd_max=1;
B1=cd_max;
A1=B1/2;
cl_stall=k0+(k1*alpha_stall)+(k2*(alpha_stall^2))+(k3*(alpha_stall^3))+(k4*(alpha_stall^4))
;
cd_stall=a0+(a1*(alpha_stall))+(a2*(alpha_stall^2))+(a3*(alpha_stall^3))+(a4*(alpha_stall^4
))+(a5*(alpha_stall^5))+(a6*(alpha_stall^6));
A2=(cl_stall-(cd_max*sin(alpha_s)*cos(alpha_s)))*((sin(alpha_s))/((cos(alpha_s))^2));
B2=(1/(cos(alpha_s)))*(cd_stall-(cd_max*((sin(alpha_s))^2)));
if alpha_(i)<alpha_s
cl(i)=k0+(k1*alpha(i))+(k2*(alpha(i)^2))+(k3*(alpha(i)^3))+(k4*(alpha(i)^4));
cd_(i)=a0+(a1*(alpha(i)))+(a2*(alpha(i)^2))+(a3*(alpha(i)^3))+(a4*(alpha(i)^4))+(a5*(alpha(
i)^5))+(a6*(alpha(i)^6));
else
116
cl(i)=(A1*sin(2*alpha_(i)))+(A2*(((cos(alpha_(i)))^2)/(sin(alpha_(i)))));
cd_(i)=(B1*((sin(alpha_(i)))^2))+(B2*(cos(alpha_(i))))+cd_stall;
end
cx(i)=(cl(i)*sin(a_dois(i)))-(cd_(i)*cos(a_dois(i)));
cy(i)=(cl(i)*cos(a_dois(i)))+(cd_(i)*sin(a_dois(i)));
g(i)=(Pas*(Rr-r(i)))/(2*r(i)*sin(a_dois(i)));
expmg(i)=exp(-g(i));
F(i)=(2/(%pi))*(acos(expmg(i)));
K(i)=(4*F(i)*((sin(a_dois(i)))^2))/(sigma(i)*cy(i));
a_axialx(i)=1/(K(i)+1);
if a_axialx(i)<0.2
a_axialx(i)=1/(K(i)+1);
else
a_axialx(i)=0.5*((2+(K(i)*0.6))-sqrt((((K(i)*0.6)+2)^2)+(4*((K(i)*(0.2^2))-1))));
end
a_tangencialx(i)=1/(((4*F(i)*sin(a_dois(i))*cos(a_dois(i)))/(sigma(i)*cx(i)))-1);
u_factor=0.1;
a_axial(i)=a_axial_old(i)+(u_factor*(a_axialx(i)-a_axial_old(i)));
a_tangencial(i)=a_tangencial_old(i)+(u_factor*(a_tangencialx(i)-a_tangencial_old(i)));
error_a(i)=(((-a_axial(i)+a_axial_old(i))/(a_axial_old(i)))^2)^0.5;
error_t(i)=(((a_tangencial(i)-a_tangencial_old(i))/(a_axial_old(i)))^2)^0.5;
end
Uaxial(i)=V*(1-a_axial(i));
Utangencial(i)=sb(i)*(1+a_tangencial(i));
w(i)=sqrt((Uaxial(i)^2)+(Utangencial(i)^2));
end
117