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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

SÃO PAULO
CAMPUS CARAGUATATUBA

GEOLOGIA

USINA ITAIPU BINACIONAL

GABRIEL MEDEIROS ALMEIDA BONFIM


PROF. ELAINE REGIA BARRETO
DATA DA ENTREGA DO RELATÓRIO: 27/11/2018

CARAGUATATUBA
2018
GABRIEL MEDEIROS ALMEIDA BONFIM

GEOLOGIA
ITAIPU BINACIONAL

Relatório da visita técnica realizada no dia 07/11/2018,


apresentado ao curso engenharia civil do INSTITUTO
FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPOS
CARAGUATATUBA pelo aluno Gabriel Medeiros A.
Bonfim com apresentação do conteúdo que foi
observado/apresentado durante a visita técnica a usina
Itaipu binacional

PROF. ELAINE REGIA BARRETO

CARAGUATATUBA
2018
INFORMAÇÕES GERAIS

O local onde está localizada a usina é no rio Paraná na fronteira entre


Brasil e Paraguai. A visita técnica foi realizada pelos estudantes do quarto
semestre do curso de engenharia civil do Instituto Federal de São Paulo e
ocorreu no dia sede de novembro de 2018, aproximadamente das onze horas
da manhã até às três da tarde do mesmo dia.

A visita técnica foi bancada pelos alunos, professores e funcionários do


IFSP que participaram do passeio, com um auxílio econômico através do
patrocínio feito pelos estudantes através de redes sociais da empresa Litoral
Madeiras.

A turma foi dirigida pelos professores: Emerson Roberto de Oliveira no


qual possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade do Vale do
Paraíba (2001), MBA em Gestão Empresarial pela Instituto Nacional de Pós
Graduação (2009), Licenciatura Plena pela Centro Paula Souza (2016), e foi
Aluno Mestrando em Engenharia Mecânica, na área de Energia - Unesp
Guaratinguetá, responsável pela disciplina de Hidrologia do alunos que
realizaram a visita técnica, e Elaine Regina Barreto, responsável pela disciplina
de geologia, além de um funcionário do órgão administrativo responsável pela
Itaipu.

Os objetivos didáticos da visita técnica foram demonstrar aos alunos o


funcionamento da usina, bem como sua história e importância para ambas as
nações que desfrutam de sua produção, além de associar as informações
adquiridas com o material estudado durante o curso de geologia.
DESENVOLVIMENTO

1. Funcionamento da visita técnica

A Usina Binacional de Itaipu é uma mega obra da engenharia, estando


dentro das sete maravilhas da engenharia moderna e a segunda maior usina
hidrelétrica do mundo (itaipu.gov), assim por conta de sua grandiosidade para
poder observa-la por completo é necessário percorrer vários quilómetros para
se observar seus detalhes por pontos de observações diferentes e distantes
uns dos outros.

Assim, foi disponibilizado pela empresa que administra os passeios


turísticos e técnicos um ônibus, além de materiais para proteção individual
como um capacete que é reutilizado pelos visitantes da Usina, uma touca para
ser usada junto com o capacete por questões higiênicas, além de um aparelho
que reproduzia sons por fones auriculares e se sintonizava por ondas de rádios
com o microfone do funcionário responsável por guiar a turma, já que em
certos ponto havia grande volume de ruído causado pelas turbinas e demais
equipamento contidos no interior da usina.

2. Vertedouro

O primeiro ponto de parada do ônibus foi em um mirante onde era possível


observar o Vertedouro da Usina. Local considerado a maior queda d’água feita
pelo homem, com vazão de 64 milhões de litros por segundo, superando a
vazão das cataratas do Iguaçu em 45 vezes (Szpilman).
Figura 1: Vertedouro de Itaipu. vista Frontal (Lado esquerdo) e posterior (Lado direito). Fonte: Autor

O vertedouro possui a função de liberar a água armazenada na usina em


momentos de cheias (Szpilman). Como pode ser observado, no dia da visita o
mesmo se encontrava fechado, uma vez que são pouquíssimas vezes em que
o vertedouro é aberto tornando a observação desse fenômeno uma raridade.

Na figura 1 no lado esquerdo, pode ser observado que há um acúmulo


de água no final de cada calha do vertedouro formando algo parecido com
piscinas, mas que na realidade são trampolins que possuem a função de
reduzir a erosão causada pela água no leito do rio como pode ser observado
no corte apresentado na figura 2, lembrando que o vertedouro possui três
calhas e que só é possível observar apenas duas na figura 1 do lado direito.

As estruturas dos trampolins apontadas na figura 2 são fixadas nas


rochas e sustentadas por taludes que compõem por um sistema de muro-laje
de concreto armado com espessura de 1 m solidamente ancorado na rocha. A
estrutura do Vertedouro está assentada em derrames basálticos constituídos
por camadas quase horizontais de brecha, basalto vesicular amigdaloide e
basalto denso. A geologia do leito do rio na região da ação do jato procedente
dos trampolins está constituída essencialmente por basaltos densos da porção
central e inferior de um derrame (Szpilman).
Figura 2: perspectivas das áreas do trampolim. Fonte: Szpilman

3. Produção

Em seguida, a turma chegou ao segundo mirante onde era possível


avistar a parte da usina onde se alocava as 20 turbinas (Figura3) capazes de
produzir 700 MW cada. Metade dessas usinas produzem energia a uma
frequência de 50 Hz com destino a território paraguaio e a outra metade em
uma frequência de 60 Hz, com destino ao Brasil. De toda a energia produzida,
45% que teria origem paraguaia são comprados pelo Brasil sobrando apenas
5% do total produzido pela usina para o Paraguai, o que é suficiente para
abastecer o país inteiro.

O governo brasileiro compra energia do Paraguai a preço de custo em


um valor em torno de 300 milhões de dólares. Isso se dá pelo contrato
assinado pelos dois países, chamado de “Ato do Iguaçu” no dia 22 de junho de
1966, pelo ministro de relações exteriores do Brasil (Juracy Magalhães) e
Paraguai (Sapene Pastor), lembrando que ambos os países se encontravam
em regimes militares (Mundo Educação).

Caso fosse necessário comprar no valor cobrado pelo mercado, o custo


do governo para comprar a energia paraguaia seria de dois bilhões de dólares,
vale ressaltar que para a construção da usina os dois países utilizaram
empréstimos de bancos estrangeiros, dívidas de 12 bilhões de dólares para o
governo Brasileiro que deverá terminar de pagar em 2023, e de 50 milhões de
dólares para o governo do Paraguai (Mundo Educação).

Toda a energia produzida responsáveis por gerar energia mais de 2,5


bilhões de megawatts-hora (MWh) desde o início da operação da usina, sendo
a maior produção de energia limpa do mundo com um recorde de produção
anual de 103.093.366 MWh em 2016 quebrando o recorde anterior pertencente
a Usina de Três Gargantas na China (Wikipédia).

Figura 3: Vista da Usina Binacional de Itaipu, parte onde ficam alocadas as Turbinas geradoras de
energia (fonte: autor).

4. Vista Superior da Barragem


Para adquirir uma grande produção de energia é necessário barrar a
água para que se faça acumulo de energia potência gravitacional (repare que a
água chega até o topo da barragem na figura 5 no lado direito, já a figura 4 que
representa o lato esquerdo da figura 5 o rio se encontra em um volume muito
menor, lembrando que ambas as fotos foram tiradas do mesmo local), energia
essa que se transforma em energia cinética ao percorrer os orifícios que levam
até as turbinas onde com o movimento geram energia elétrica que pode ser
transportada e utilizada tanto pela nação brasileira como paraguaia. Há outros
fatores que contribuem com a vazão de energia que não foram citados, como a
vazão do rio ou a pressão gerada pelo estrangulamento. Ao se barrar um
grande fluxo de um rio gera-se uma grande lâmina d'água que no caso de
Itaipu possui cerca de 1350 km², inundou diversas propriedades, afetou a fauna
e a flora local e deixou de baixo d'água as famosa sete quedas, um dos
principais pontos turísticos do Brasil na época.

Figura 4: Vista no topo da barragem, observando o rio sentido jusante (fonte: autor).
Figura 5: Vista de cima da barragem sentido oeste (adotado como esquerdo dentro da usina
representando o Paraguai), onde é possível observar os pistões que bloqueiam a água que passa pelas
turbinas quando há a necessidade de manutenção (fonte: autor).

5. Geologia

A área do projeto Itaipu e o reservatório são formadas de grandes derrames


basáltico da bacia superior do Paraná, pertencendo à formação Serra Geral do
Período Jurássico inferior. As principais características geológicas dessa área,
são:

 Derrames basálticos, essencialmente horizontais, de 20 a 60m de


espessura.
 Camadas de brecha entre os derrames basálticos, de 1 a 30m de
espessura; na maior parte heterogêneas, normalmente mais fracas e
mais deformáveis do que o basalto.
 Descontinuidade em planos paralelos aos derrames basálticos,
normalmente localizados no contato entre derrames ou na base da zona
de transição.
 Permeabilidade horizontal várias vezes maior do que a permeabilidade
vertical.

Os derrames basálticos são relativamente uniformes, variando de um


basalto cinza-escuro com granulação fina à grosseira na parte central a zonas
de transição vesiculares amigdalóides e com formação de brechas perto da
fronteira superior.

A espessura, litologia e porosidade das camadas de brecha são altamente


variáveis. No período entre dois derrames de lava, a superfície escoriácea e
irregular do derrame foi submetida ao intemperismo com erosão e deposito de
areia ou aluvião pelo vento ou água.

O derrame seguinte então remodelou e consolidou esse material, formando


assim as camadas de brecha de cada derrame, que são heterogêneas.

Os solos da área do Projeto são na maior parte argilas residuais vermelhas


e saprólitos resultantes da decomposição do basalto. Eles cobrem ambas as
margens do rio com uma manta extensa com espessura variando de poucos
metros até 30m. A espessura do matérias superficial aumenta conforme se
distancia do rio, em cotas topográficas mais elevadas.

Esses solos são geralmente argilas homogêneas,de média a alta


plasticidade, porosas, compressíveis e com baixa resistência.

O saprólito é um solo composto por argilas arenosas ou siltosas, de cor


vermelho-acinzentado, com traços da matriz de rocha basáltica junto com
fraturas reliquiares. O saprólito é originado de rocha basáltica. O nível do lençol
freático é normalmente encontrado perto do contado saprólito-basaltico.
6. Piso dos geradores e sala de controle local

A partir desse ponto o restante da visita foi realizado sem o ônibus, pois
seria observado a parte interna da usina, vale ressaltar que a Usina de Itaipu é
oca. Assim, a primeira parte denominada de piso dos geradores e salas de
controle local, onde era encontrado grandes guindastes responsáveis pelo
transporte e manutenção de grandes peças. No local havia um grande ruído
gerado pelas turbinas. As pás são a parte sólida mais pesada das turbinas,
uma vez que são compostas de peças únicas que pesam mais de 300
toneladas, durante seu transporte de São Paulo até Foz do Iguaçu a primeira
peça demorou mais de 3 meses (itaipu.gov).

Figura 6 : Imagem geral do local de manutenção dos geradores (esquerda), onde no topo da imagem é
possível observar guindardes responsáveis pelo transporte de materiais pesados (centro) e no chão há
grandes círculos vermelhos onde se localizava as turbinas (direita). (fonte: autor).

7. Turbina

Logo em seguida visitamos um eixo que ligava as pás ao gerador 6, de


modo que as turbinas são nomeadas de 1 a 18 sendo que há os geradores 9 A
e 18 A dando um total de 20 geradores. Isso acontece um vez a usina de Itaipu
foi projetada para abrigar 20 geradores porém foram construídos apenas 18
desses em primeiro momento, apenas em 2007 foram instaladas mais 2
usinas, uma para cada lado da usina (o que representa cada país), assim
essas novas turbinas receberam o sufixo A para não atrapalhar a nomenclatura
que ali já existia.
A geração de energia pode ser explicada de forma simplifica baseada na
descoberta do físico Faraday durante o século XIX, onde ao movimentar um
imã em uma bobina, geradora de campo magnético, percebeu que na mesma
bobina geraria corrente elétrica. Dessa forma, é colocado um imã que gira junto
com o movimento das pás, esse imã se encontra em um campo magnético
onde por ser um imã provoca variação de fluxo magnético que proporciona
corrente elétrica e, portanto, energia elétrica.

Figura 7: Eixo do Gerador U6 (fonte: autor).


8. Vista Interior da Barragem

Em seguida, a próxima área visitada foi o interior da barragem, onde antes


de se entrar é possível observar as tubulações que levam a água do topo da
reserva de água até as turbinas (figura 8), vale lembrar que essa diferença é
fundamental para ter um maior aproveitamento energético, além de que as
tubulações são projetadas para realizar um estrangulamento da lâmina d’água
intensificando ainda mais a produção.

Figura 8: Imagens da barragem no sentido montante, onde a foto da esquerda representa uma vista
lateral destravando as tubulações e da direita frontal destacando o tamanho da represa e a entrada para
a parte interna da barragem

No interior da barragem foi possível observar o leito do rio (Figura 9), e


as diversas secções dos diversos andares que compõem a estrutura. As
dimensões da barragem são de 7.919 metros de comprimento e 196 de altura
(Wikipédia). Para a construção da barragem foram utilizados 12,7 milhões de
m³ de concreto, o suficiente para se construir 210 estágio de futebol como o do
Maracanã no Rio de Janeiro, e uma quantidade de ferro e aço que possibilitaria
a construção de 360 Torres Eiffel (itaipu.gov).

Figura 9: Parte interna da barragem, onde é possível observar leito do rio e alguns canos. (Fonte autor).

Também foi possível observar nessa etapa da visita alguns estudos a


respeito do comportamento dos materiais que compõem a barragem, feitos,
provavelmente, por engenheiros ou técnicos. A figura 10 a esquerda é possível
observar uma marca que representa a extração de um corpo de prova onde é
possível observar que há uma fissura que atravessa a marca, provavelmente a
extração teve como objetivo estudar as condições em que se encontravam o
concreto da barragem e o que levou a formação da fissura (Informações dadas
pela professora de Geologia Elaine Barreto ao autor durante a visita técnica).
Na figura 10 a direita há um instrumento que mede o distanciamento de uma
junta de dilatação, instrumento esse que compõem de três apoios onde é
possível traçar uma corta e medir seu comprimento e aferir o distanciamento da
junta de forma periódica. O instrumento não é mais utilizado por se tornar
ultrapassado, os engenheiros/técnicos responsáveis utilizam instrumentos mais
modernos e mais precisos (informações dadas pelo guia ao autor).

Figura 10: Extração de corpo de prova da barragem (esquerda) e instrumento de medição de


distanciamento de junta de dilatação (direita). (Fonte: auto)

É de grande importância estudo periódicos nos materiais que compõem


a usina, uma vez que em obras desse porte sempre há um grande desgaste
fazendo necessário manutenções constantes. Alguma falha na produção de
energia ou na retenção d’água pode prejudicar milhões de pessoas, visto que a
usina possui grande importância para o abastecimento energético de ambos os
países que a utilizam. O Brasil teria que queimar 536 mil barris de petróleo por
dia para gerar em usinas termelétricas a potência de Itaipu.
9. Sala de Controle

A última parada da barragem foi na sala de controle das turbinas onde é


dívida em duas, e sempre há dois supervisores, um brasileiro e um paraguaio,
e toda decisão tomada tem de ser aprovada pelos dois. Repare que no painel
no centro da imagem há o monitoramento de todas as turbinas da Usina, e que
a turbina U14 possui uma espera vermelha enquanto as demais possuem
esferas azuis, pois no dia da visita essa turbina em específico estava em
manutenção.

Figura 11: Sala de controle


10. Crítica do Autor

A visita técnica a Usina Binacional de Itaipu fez possível observar todas


as faces mais importantes da mega obra da engenharia, trazendo muita
informação aos seus visitantes de forma segura (com o uso de EPI, como o
capacete citado anteriormente, fachas de sinalização e supervisão do guia) e
confortável (com o uso do ônibus que facilitou o transporte dos estudantes).

O conhecimento de obras dessa escala é de suma importância para


alunos que almejam a formação em um curso de engenharia, principalmente os
da área de construção civil, pois inspira a busca por qualidade e grandiosidade
uma vez que Itaipu surge como modelo a ser seguido.

A barragem foi construída entre 1975 e 1982, tendo seu primeiro giro em
1983 ,completando 35 anos de operação e continua sendo uma das maiores
usinas do mundo e maior em produção de energia (itaipu.gov), fazendo com
que seja difícil de seus visitante esquecerem tão facilmente pois não há nada
que possa ser comparado a ela tanto em vista como em seus números, e como
mesmo depois de tantos anos Itaipu continua líder como maior fonte de energia
renovável mundial, é bem provável que mesmo com as tecnologias de fontes
de energia renováveis que estão por vim, Itaipu continuará sendo referência
para a carreira dos engenheiros que a visitaram do IFSP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

< https://www.itaipu.gov.br/>. Acessado em: 17:01 do dia 24 de nov de 2018.

<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/a-polemica-sobre-usina-
itaipu.htm>. Acessado em: 18:05 do dia 24 de nov de 2018.

<https://www.youtube.com/watch?v=kZ0JHYVTMvs> acessado em: 17:45 do


dia 25 de nov de 2018.

< https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Geologia-Itaipu/60733483.html >


acessado em: 17:34 do dia 24 de nov de 2018

SZPILNAN, Adolfo et al. Vertedouro de itaipu: operação e desempenho após


dez anos de funcionamneto. Curitiba: Xx Seminário Nacional de Grandes
Barragens, 1992. 95 p.

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