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TRINCHEIRAS DE INFILTRAÇÃO COMO ELEMENTO DE CONTROLE DO

ESCOAMENTO SUPERFICIAL: UM ESTUDO EXPERIMENTAL

Vladimir Caramori B. Souza1, Joel Avruch Goldenfum1

Resumo – O crescimento da impermeabilização provocado pelo desenvolvimento urbano


vem aumentando de forma significativa a freqüência e a magnitude das cheias urbanas. A
necessidade de busca de formas alternativas de drenagem vem sendo ressaltada pelos
prejuízos enfrentados por grandes cidades que têm seu sistema de drenagem
convencional saturado. Uma discussão sobre o uso de trincheiras de infiltração como
elemento de drenagem, bem como resultados preliminares de um módulo experimental
instalado no Instituto de Pesquisas Hidráulicas - UFRGS são apresentados neste trabalho.

Abstract – The growth of the impermeabilization due to urban development significant


by increases way respect to the frequency and magnitude of urban floods. The need of
searching alternative ways of drainage has been emphasized by the damages faced by
great cities that have fulfilled the capacity of their conventional drainage systems. A
discussion on the use of infiltration trenches as drainage element, as well as preliminary
results of an experimental module installed at the Institute of Hydraulic Researches -
UFRGS are presented in this paper.

Palavras-chave – drenagem urbana, microdrenagem, trincheira de infiltração

1
Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, Caixa Postal 15029, CEP 91501-970, Porto Alegre, RS.
caramori@if.ufrgs.br, jag@if.ufrgs.br

XIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1


INTRODUÇÃO

A crescente urbanização observada nas últimas décadas tem agravado de forma


significativa os problemas relacionados à drenagem. Áreas cada vez maiores se tornam
impermeáveis, reduzindo a capacidade de infiltração no solo e acelerando a velocidade
do escoamento superficial. O resultado deste processo é um aumento nos volumes
escoados e nas vazões de pico e uma redução no tempo do escoamento, fazendo com que
os hidrogramas de cheia sejam mais críticos.
A solução clássica para este problema procura remover da forma mais eficiente possível a
água dos centros urbanos. Para tanto as ações se concentram na execução de obras
hidráulicas (medidas estruturais), tais como construção de redes de drenagem,
canalizações e retificações de corpos d’água, construção de galerias, dentre outras, a
partir de análises econômicas dos benefícios e custos destas medidas.
As limitações das soluções clássicas são ressaltadas pelos prejuízos e dificuldades que as
grandes cidades enfrentam para resolver o problema das cheias urbanas. À medida que o
centro urbano se desenvolve faz-se necessário um remodelamento do sistema de
drenagem para adaptá-lo a uma nova situação com hidrogramas de cheias mais rápidos e
mais críticos. Desta forma, estas medidas não são definitivas ou sustentáveis, resolvendo
o problema da cheia em uma área, mas transferindo este problema para jusante, exigindo
assim, o redimensionamento da rede de drenagem de jusante e resultando em custos
elevados e, cada vez mais, onerosos para a sociedade.
Na tentativa de se proteger contra as cheias urbanas, evitando o redimensionamento do
sistema de drenagem, surge a idéia de reconstituir a vazão de pré-ocupação, fazendo com
que a água das chuvas volte a ser interceptada, antes de atingir a rede de drenagem. Desta
forma, as chamadas estruturas alternativas ou compensatórias de drenagem (trincheiras
de infiltração, pavimento poroso, reservatórios de detenção, dentre outras) se apresentam
como bons instrumentos de controle do escoamento superficial.
A escassez de informações a respeito do funcionamento destes dispositivos tem
dificultado sua utilização. Este trabalho apresenta um estudo experimental que está sendo
desenvolvido no Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH-UFRGS) e que tenta caracterizar
o funcionamento das trincheiras de infiltração como elemento de controle da geração de
escoamento superficial, bem como definir critérios de dimensionamento e fazer uma
análise de custo de implantação destes dispositivos.

TRINCHEIRAS DE INFILTRAÇÃO

As trincheiras de infiltração são elementos de drenagem do tipo controle na fonte e têm


seu princípio de funcionamento no armazenamento temporário da água até que ela se
infiltre no solo. São constituídas por valetas preenchidas por material granular (brita,
pedra de mão e outros), com porosidade em torno dos 40%. Este material granular é
revestido por um filtro de geo-têxtil, que, além da função estrutural, impede a entrada de
finos no dispositivo, reduzindo o risco de colmatação precoce e podendo trabalhar como
filtro anti-contaminante. A figura 1 apresenta uma trincheira de infiltração típica.

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Figura 1 – Trincheira de infiltração

As vantagens na utilização deste tipo de estruturas são apresentadas a seguir


(Nascimento, 1996):
- diminuição ou mesmo eliminação da rede de microdrenagem local;
- evita a reconstrução da rede a jusante em caso de saturação;
- redução do risco de inundação;
- redução da poluição das água superficiais;
- recarga das águas subterrâneas;
- boa integração com o espaço urbano.

Como desvantagens em sua utilização, apresenta-se a dificuldade de se conseguir


informações sobre seu funcionamento a longo prazo, bem como de obtenção de critérios
de projeto e dimensionamento. Uma vez que sua utilização é recente, faltam elementos
que possibilitem a avaliação de custos de instalação, operação e manutenção, o que
dificulta uma avaliação do interesse econômico de sua implantação (Baptista et al.,
1998).
A aplicabilidade deste tipo de estrutura depende de vários fatores e a escolha do local de
implantação deve obedecer a alguns critérios, apresentados a seguir (Urbonas e Stahre,
1993):
- profundidade mínima sazonal do lençol freático e da camada impermeável a
pelo menos 1,2m de profundidade
- classificação do solo nas categorias A ou B do Soil Conservation Service ou
taxa de infiltração do solo saturado superior a 8 mm/h

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- não devem ser instaladas sobre aterros ou em terrenos de grande declividade
- adequadas para pequenas áreas de drenagem, como lotes individuais ou
quarteirões.

O ESTUDO EXPERIMENTAL

Foi instalado no Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS um módulo experimental


constituído por uma trincheira de infiltração monitorada por linígrafos que registram a
vazão de entrada na trincheira (por um vertedor calibrado) e o nível d’água na mesma. As
observações no módulo, que serão apresentadas a seguir, têm como objetivo o
entendimento do funcionamento da trincheira e constituem uma tentativa de se definir
critérios de projeto e dimensionamento.

Ensaios preliminares
Tendo em vista que um dos fatores limitantes para a implantação deste tipo de solução é a
capacidade de infiltração do solo, a escolha do local para implantação foi feita a partir de
ensaios de infiltração em vários pontos. Uma vez tendo sido escolhido o local, novos
ensaios de caracterização do solo foram feitos, tais como textura (perfil do solo) e
condutividade hidráulica saturada, além de ensaios de infiltração em diferentes pontos e a
determinação da porosidade do material de enchimento (brita). Estes ensaios foram feitos
de acordo com as recomendações de Cauduro e Dorfman (1990) e seus resultados são
apresentados nas tabela 1 e 2.

Tabela 1 – Caracterização do solo


Capacidade de infiltração final (mm/h) 9,0

Tabela 2 – Perfil do solo no local de implantação do módulo experimental


Profundidade Argila Silte Areia Tipo de solo
(cm) (%) (%) (%)
0 20,2 20,2 59,7 Franco-argilo-arenoso
30 18,3 16,3 65,4 Franco-arenoso
60 24,1 20,1 55,7 Franco-argilo-arenoso
80 36,3 19,2 44,5 Franco-argiloso
100 46,8 16,3 37,0 Argiloso
120 47,8 15,2 37,0 Argiloso
160 44,8 16,3 38,9 Argiloso

Área de contribuição
A área de contribuição é constituída por ruas e gramados e foi delimitada a partir de
divisores de água “artificiais” (tais como quebra-molas e meios-fios), como mostra a
figura 2. A caracterização da área de drenagem é apresentada na tabela 3.

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Figura 2 – Delimitação da área de contribuição

Tabela 3 – Caracterização da área de contribuição (Araújo, 1999)


Uso do solo Área Coeficiente de escoamento
Rua em paralelepípedo 200 0,80
Gramado 100 0,50
Área total 300 0,70

Dimensionamento
A partir dos resultados dos ensaios de caracterização do solo e da delimitação da área de
contribuição foi feito o dimensionamento da trincheira, pelo método “rain-envelope-
method”. Este método faz um balanço de entradas e saídas na trincheira, em volumes
acumulados no tempo, onde as entradas são calculadas a partir de uma curva i-d-f e as
saídas são função da taxa de infiltração da água no solo. Trata-se de um processo
iterativo, onde as dimensões iniciais são estimadas e verificadas em seguida. Uma
descrição detalhada do método bem como exemplos de dimensionamento podem ser
encontradas em Urbonas e Stahre (1993).
A trincheira foi dimensionada para um tempo de retorno de 5 anos (usualmente adotado
para projeto de microdrenagem em Porto Alegre), sendo do tipo infiltração total (a única
saída de água da trincheira se dá por infiltração no solo), utilizando-se a curva i-d-f do
posto do IPH (Goldenfum et al., 1990). As características da trincheira do módulo
experimental são apresentadas na tabela 4.

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Tabela 4 – Dimensões da trincheira
Comprimento (m) 10,0
Largura (m) 0,80
Profundidade (m) 1,00
Porosidade do enchimento (%) 50
Volume total (m3) 8,0
Volume útil (m3) 4,0

Instalação do módulo experimental


Após a escavação por retro-escavadeira, a trincheira foi revestida com geo-têxtil, sendo
enchida em seguida por brita, obtendo-se uma porosidade de 50%. Foram instalados dois
tubos de acesso para colocação de linígrafos ou outros instrumentos de observação. A
figura 3 mostra a montagem do módulo experimental e a tabela 5 apresenta a relação de
materiais utilizados na montagem deste módulo.

Figura 3 – Trincheira de infiltração – montagem do módulo experimental

Tabela 5 – Materiais utilizados no módulo experimental

Material Unidade Quantidade


Brita m3 8,0
Geo-têxtil (bidim) m2 40,0
Tubo PVC 150 mm m 3,00

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Monitoramento
Sendo um dos objetivos do trabalho o acompanhamento do comportamento da trincheira
em situações reais de funcionamento, esta é monitorada para eventos reais, observados.
Assim, o monitoramento da trincheira é feito pela medição simultânea da vazão de
entrada e do nível d’água dentro da trincheira.
A água coletada na área de contribuição (figura 2) é conduzida por tubulação de PVC de
100mm até um vertedor triangular aparelhado com linígrafo com sensor de pressão
(WaterLogger modelo WL14 da Global Water), registrando dados a intervalos de 1
minuto. Depois de passar pelo vertedor a água é descarregada na trincheira através de um
tubo de PVC de cerca de 2,0 m de comprimento. A trincheira é equipada com outro
linígrafo igual ao do vertedor para monitorar o nível d’água, com discretização temporal
de 5 minutos. Ambos os linígrafos são dotados de “data logger” com autonomia de 6000
registros.
Os linígrafos utilizados apresentam precisão de 2% mas requerem uma lâmina d’água
mínima de 10 cm para fornecerem leituras estáveis. Por este motivo, os poços de
observação foram aprofundados 12 cm em relação à base da trincheira e, portanto, a
altura da lâmina d’água na trincheira é contada a partir do nível 12 cm. A figura 4
apresenta a montagem do linígrafo utilizado e uma vista parcial trincheira, mostrando a
instalação do vertedor e dos poços de observação para instalação dos linígrafos dentro da
trincheira e ao lado do vertedor.

Figura 4 – Linígrafos utilizados no monitoramento (a) e vista parcial da trincheira, com


montagem do vertedor e poços para instalação dos linígrafos

Um pluviógrafo e um instrumento de medição da umidade do solo (TDR) deverão ser


instalados em uma segunda fase do trabalho, a fim de se ter um maior controle das
variáveis que influenciam no funcionamento da trincheira.

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Apesar de ter sido dimensionada para uma área de contribuição de 300 m2, com um
coeficiente de escoamento de 0,70 (como mostrado na tabela 3 acima), em um primeiro
estágio do trabalho a área de contribuição não foi limitada em seu extremo de montante,
sendo esta superior aos 300 m2. Após a análise dos dados preliminares e da instalação do
pluviógrafo, será feita uma delimitação mais precisa, tendo-se um controle maior das
variáveis que influem no processo.

Análise de custo
O custo de implantação de uma trincheira de infiltração depende, basicamente, do custo
de escavação e dos custos dos materiais (brita e geo-têxtil). A tabela 6 apresenta a
composição de custo de instalação da trincheira para o módulo experimental, que drena
uma área de cerca de 300 m2.

Tabela 6 – Custo de implantação da trincheira para o módulo experimental


Discriminação Unidade Quantidade Preço unitário Preço total
(R$) (R$)
Escavação serviço 1 120,00 120,00
Geotêxtil (Bidim) m2 46,0 2,60 119,60
Brita m3 8,0 18,00 144,00
Custo Total de implantação (R$) 383,00

Baptista et al. (1998) apresentam um projeto de drenagem feito por trincheiras de


infiltração, onde a economia total em relação ao projeto convencional foi de cerca de
35%. Este projeto foi desenvolvido no município de Igarapé-MG, região metropolitana
de Belo Horizonte.

Resultados parciais
Como a instalação experimental está ainda em fase de inicial de operação, apenas três
eventos são apresentados e discutidos. A tabela 7 apresenta as características gerais
destes eventos.

Tabela 7 – Características gerais dos eventos observados


Característica Evento 1 – 09/06/99 Evento 1 – 18/06/99 Evento 1 – 27/06/99
Início da observação 09/06/99 – 8:20 18/06/99 – 0:00 27/06/99 – 9:10
Fim da observação 10/06/99 – 6:20 18/06/99 – 5:40 27/06/99 – 15:20
Volume total afluente (m3) (*) 3,84 2,93
(*) Não foram registrados dados de vazão de entrada na trincheira

No primeiro evento observado (figura 5) houve problemas na medição e controle da


vazão de entrada na trincheira. Parte da água que foi registrada pelo linígrafo instalado no
vertedor se perdeu sem passar pela trincheira. No entanto, pela análise dos dados de nível
na trincheira, observa-se que o volume total escoado para a trincheira foi superior a 4,5
m3. Uma observação que deve ser feita é que após o nível máximo ter sido atingido (97
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cm, nível útil de 85 cm), o tempo de esvaziamento (infiltração) foi de pouco mais de uma
hora.

Nível na trincheira - evento 09/06/99

1,00

0,90

0,80

0,70

0,60
Nível (m)

0,50

0,40

0,30

0,20

0,10

0,00
09/06/99 09/06/99 09/06/99 09/06/99 09/06/99 09/06/99 09/06/99 09/06/99 10/06/99 10/06/99 10/06/99 10/06/99
08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00 00:00 02:00 04:00 06:00
Tempo

Figura 5 - Evento 1: 09/06/99

Em função de problemas na observação deste evento, diversas modificações foram


introduzidas no módulo experimental, tais como a colocação de curvas nas entradas da
trincheira e do vertedor, a fim de se evitar a perda de água.
Após estas alterações, foram registrados os eventos 2 (figura 6) e 3 (figura 7). Apesar das
pequenas vazões observadas, verifica-se resposta bastante rápida do nível da trincheira,
sendo os resultados consistentes com a alta porosidade do material na trincheira. Análises
mais conclusivas só poderão ser efetuadas após o registro e estudo de um maior número
de eventos. Mesmo assim pode-se observar que em nenhum evento houve volume
escoado para fora da trincheira, evidenciando a eficiência deste dispositivo. Para chuvas
de maior intensidade, a trincheira poderá funcionar como dispositivo de infiltração
parcial.

Vazão no vertedor - evento 18/06/99 Nível na trincheira - evento 18/06/99

1,2 0,25

1,0
0,20

0,8
0,15
Vazão (l/s)

Nível (m)

0,6

0,10
0,4

0,05
0,2

0,0 0,00
17/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 17/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99 18/06/99
23:00 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 23:00 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00
Tempo Tempo

Figura 6 - Evento 2: 18/06/99

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Vazão no vertedor - evento 27/06/99 Nível na trincheira - evento 27/06/99

1,2 0,20

1,0

0,15

0,8
Vazão (l/s)

Nível (m)
0,6 0,10

0,4
0,05

0,2

0,00
0,0
27/06/99 11:00 27/06/99 12:00 27/06/99 13:00 27/06/99 14:00 27/06/99 15:00 27/06/99 16:00
27/06/99 11:00 27/06/99 12:00 27/06/99 13:00 27/06/99 14:00 27/06/99 15:00 27/06/99 16:00
Tempo
Tempo

Figura 7 - Evento 3: 27/06/99

DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

A saturação dos sistemas convencionais de drenagem, como galerias, tubulações


subterrâneas, canalizações se torna evidente a partir dos problemas enfrentados pelas
grandes cidades. O custo de remodelamento destes sistemas se torna oneroso para a
sociedade a medida que o desenvolvimento urbano aumenta.
Algumas tecnologias se apresentam como alternativas para a solução dos problemas de
drenagem, buscando compensar os efeitos da urbanização. A necessidade de estudos mais
detalhados e aprofundados se mostra evidente a partir da dificuldade de obtenção de
parâmetros de projeto e dimensionamento.
A eficiência das trincheiras de infiltração como elemento de drenagem pode ser
evidenciada pela análise dos eventos apresentados neste trabalho. No entanto, o trabalho
de pesquisa apresentado ainda se encontra em fase inicial de desenvolvimento, sendo
cedo para a apresentação de resultados mais conclusivos.
Levando-se em consideração que o solo no local de implantação da trincheira apresenta
valores relativamente baixos de condutividade hidráulica, os resultados apresentados
parecem indicar que a utilização deste tipo de estrutura pode ser bastante vantajosa na
redução dos volumes escoados e das vazões máximas de cheias, principalmente onde o
solo se apresentar mais favorável à infiltração.
Sendo uma das funções deste tipo de estrutura a redução dos volumes escoados e das
vazões máximas de cheias, a eficiência do módulo experimental pode ser comprovada
pela observação de que o escoamento remanescente da trincheira foi zero, ou seja, não
existe contribuição da área drenada por trincheiras para uma cheia urbana para os tempos
de retorno para os quais ela foi dimensionada. Para tempos de retorno superiores aos de
projeto a trincheira deverá trabalhar como infiltração parcial, obtendo-se na sua saída um
escoamento remanescente bastante amortecido, compensando-se, assim, os efeitos da
impermeabilização das áreas urbanizadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BAPTISTA, M. B.; NASCIMENTO, N. O.; SOUZA, V. C. B.; COSTA, L. S. G, 1998.
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