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A Catedral e o Bazar Eric Raymond
A Catedral e o Bazar Eric Raymond
A Catedral e o Bazar
Eric S. Raymond
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
A Catedral e o Bazar
E r i c S t e v e n R a ym o n d ( T h e C a t h e d r a l & t h e B a z a a r ) – Au t o r
Disponível em:
http://www.catb.org/~esr/writings/cathedral-
bazaar/cathedral-bazaar/
P á g i n a n a We b : h t t p : / / w w w . c a t b . o r g / e s r /
E r i c K o h l e r – Tr a d u t o r
Disponível em:
http://www.geocities.com/CollegePark/Union/3590/
pt-cathedral-bazaar.html
P á g i n a n a We b :
http://www.geocities.com/CollegePark/Union/3590/
Cópia e re distribuiçã o pe rmitida se m roy alty c onta nto que e sta notifica çã o e ste ja pre se rva da .
Tr a d u z i d o p o r E r i k K o h l e r. < e k o h l e r a t p r o g r a m m e r. n e t >
Notas da edição: N o s c a p í t u l os A p re s e n t a ç ã o e L i b e re C e d o , Li b e re F re q u e n t e m e n t e ,
a t r a d u ç ã o o r i g i n a l d a f r a s e d e E r i c R a y m o n d “ Gi v e n e n o u g h e y e b a l l s , a ll b u g s a re
s h a l l o w. ” foi trocada de “ D a d o s b a s t a nt e o l h o s , to d o s o s e r ro s s ã o t r i v i a i s .” para
“ H a v e n d o o l h o s s uf i c i e n t e s , to d o s o s e r ro s s ã o ó b v i o s .” .
03/05/2010
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
Índice
A p r e s e n t a ç ã o .........................................................................................................................4
1 . A C a t e d r a l e o B a z a r .....................................................................................................5
2 . O C o r r e i o D e v e S e r E n t r e g u e ....................................................................................7
3 . A I m p o r t â n c i a d e t e r U s u á r i o s ................................................................................1 2
4 . L i b e r e C e d o , L i b e r e F r e q u e n t e m e n t e ..................................................................1 4
5 . Q u a n d o u m a R o s a n ã o é u m a R o s a ? ...................................................................2 0
6 . p o p c l i e n t t r a n s f o r m a - s e e m f e t c h m a i l .................................................................2 3
7 . f e t c h m a i l C r e s c e ...........................................................................................................2 7
8 . A l g u m a s L i ç õ e s a m a i s d o f e t c h m a i l ....................................................................3 0
9 . P r é - c o n d i ç õ e s N e c e s s á r i a s p a r a o E s t i l o B a z a r .............................................3 3
1 0 . O C o n t e x t o S o c i a l d o C ó d i g o A b e r t o .................................................................3 6
11 . A g r a d e c i m e n t o s ...........................................................................................................4 2
1 2 . P a r a L e i t u r a A d i c i o n a l .............................................................................................4 3
1 3 . E p í l o g o : N e t s c a p e A c a t a o B a z a r ! ......................................................................4 5
1 4 . Ve r s ã o e H i s t ó r i c o d e M u d a n ç a s .........................................................................4 7
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
Apresentação
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
1. A Catedral e o Bazar
O e s t i l o d e L i n u s To r v a l d s d e d e s e n v o l v i m e n t o – l i b e r e c e d o e
frequentemente, delegue tudo que você possa, esteja aberto ao ponto da
promiscuidade – veio como uma surpresa. Nenhuma catedral calma e respeitosa
aqui – ao invés, a comunidade Linux pareceu assemelhar-se a um grande e
barulhento bazar de diferentes agendas e aproximações (adequadamente
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enviadas corretamente.
Isto era claramente algo que o computador teria que fazer para
mim. Mas nenhum dos clientes POP existentes sabiam como! E isto nos traz à
primeira lição:
1 . To d o b o m t r a b a l h o d e s o f t w a r e c o m e ç a c o l o c a n d o o d e d o n a
f e r i d a d e u m p r o g r a m a d o r.
Ta l v e z i s t o d e v e r i a t e r s i d o ó b v i o ( u m a n t i g o p r o v é r b i o d i z q u e
“A necessidade é a mãe da invenção” ) mas muitas vezes os programadores
gastam seus dias buscando retorno em programas que eles não necessitam nem
gostam. Mas não no mundo do Linux – o que pode explicar porque a qualidade
m é d i a d o s o f t w a re o r i g i n a d a n a c o m u n i d a d e d e L i n u x é t ã o a l t a .
2 . O s p r o g r a m a d o r e s b o n s s a b e m o q u e e s c r e v e r. O g r a n d e s
sabem o que rescrever (e reusar).
E m b o r a e u n ã o m e c o n s i d e r e u m g r a n d e p r o g r a m a d o r, e u t e n t o m e
passar por um. Uma importante característica dos grandes é a preguiça
construtiva. Eles sabem que você ganha um A, não por esforço, mas por
resultados e é quase sempre mais fácil partir de uma boa solução parcial do que
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do nada.
L i n u s To r v a l d s , p o r e x e m p l o , n ã o t e n t o u r e a l m e n t e e s c r e v e r L i n u x
do nada. Ao contrário, ele começou reusando código e idéias do Minix, um
pequeno sistema operacional Unix-like para máquinas 386. Eventualmente todo
o código Minix se foi, ou foi completamente rescrito – mas quando estava lá,
forneceu as bases para o infante que se transformaria no Linux.
E fez para mim. Com aqueles que eu achei antes, minha segunda
b u s c a c o m p ô s u m t o t a l d e n o v e c a n d i d a t o s – f e t c h p o p , P o p Ta r t , g e t - m a i l ,
gwpop, pimp, pop-perl, popc, popmail e upop. O primeiro que eu trabalhei
primeiramente era o fetchpop por Seung-Hong Oh. Eu pus o meu código de
reescrita de cabeçalho nele e fiz várias outras melhorias que o autor aceitou em
sua versão 1.9.
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daemon), podia somente trabalhar com POP3 e foi codificado de uma maneira
um tanto amadora (Seung-Hong era um programador brilhante porém
inexperiente e ambas as características ficaram evidentes). O código de Carl era
m e l h o r, b a s t a n t e p r o f i s s i o n a l e s ó l i d o , m a s e m s e u p r o g r a m a f a l t o u d i v e r s a s
características importantes e complicadas de serem implementadas do fetchpop
(incluindo aquelas que eu implementei).
Mas eu tinha uma razão mais teórica para pensar que trocar seria
uma boa idéia, alguma coisa que eu aprendi muito antes do Linux.
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S e m p e r c e b e r, o p r o j e t o h a v i a s e i n t e n s i f i c a d o . E u n ã o e s t a v a
mais contemplando somente pequenos consertos para um cliente POP existente.
Eu estava mantendo um cliente completo e havia idéias borbulhando na minha
cabeça que eu sabia iriam provavelmente levar a importantes mudanças.
E m u m a c u l t u r a d e s o f t w a re q u e e n c o r a j a a t r o c a d e c ó d i g o , i s t o é
u m c a m i n h o n a t u r a l p a r a u m p r o j e t o e v o l u i r. E u e s t a v a r e p r e s e n t a n d o i s t o :
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6 . Tr a t a r s e u s u s u á r i o s c o m o c o - d e s e n v o l v e d o r e s é s e u c a m i n h o
mais fácil para uma melhora do código e depuração eficaz.
O p o d e r d e s t e e f e i t o é f á c i l d e s e s u b e s t i m a r. D e f a t o , t o d o s n ó s
do mundo do código aberto subestimamos drasticamente como isto iria
incrementar o número de usuários e diminuir a complexidade do sistema, até
q u e L i n u s To r v a l d s n o s m o s t r o u d e o u t r a f o r m a .
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f a l h a r.
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M a s c o m o i s t o f u n c i o n o u ? E e r a i s t o a l g o q u e e u p o d e r i a d u p l i c a r,
o u e r a a l g o q u e d e p e n d i a d a g e n i a l i d a d e ú n i c a d e L i n u s To r v a l d s ?
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N a v i s ã o b a z a r, p o r o u t r o l a d o , v o c ê a s s u m e q u e e r r o s s ã o
geralmente um fenômeno trivial – ou, pelo menos, eles se tornam triviais muito
rapidamente quando expostos para centenas de ávidos co-desenvolvedores
triturando cada nova liberação. Consequentemente você libera frequentemente
para ter mais correções e como um benéfico efeito colateral você tem menos a
perder se um erro ocasional aparece.
E talvez isso não deveria ser uma surpresa, mesmo assim. Anos
atrás, sociologistas descobriram que a opinião média de uma massa de
observadores especialistas (ou igualmente ignorantes) é um indicador mais
seguro que o de um único observador escolhido aleatoriamente. Eles chamaram
isso de o “Efeito Delphi”. Parece que o que o Linus tem mostrado é que isto se
aplica até mesmo para depurar um sistema operacional – que o Efeito Delphi
pode suavizar a complexidade do desenvolvimento até mesmo em nível de
complexidade do kernel de um sistema operacional.
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observa que embora depurar requer que depuradores se comuniquem com algum
desenvolvedor c o o r d e n a d o r, não requer coordenação significante entre
depuradores. Assim não cai vítima para a mesma complexidade quadrática e
custos de gerência que faz ser problemático adicionar desenvolvedores.
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Te n d o e s t u d a d o o c o m p o r t a m e n t o d o L i n u s e f o r m a d o u m a t e o r i a
sobre como ele foi bem sucedido, eu fiz uma decisão consciente para testar esta
teoria em meu novo (reconhecidamente muito menos complexo e ambicioso)
projeto.
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B r o o k s , C a p í t u l o 11 : “ M o s t re - m e s e u [ c ó d i g o ] e e s c o n d a s u a s
[ e s t r u t u r a s d e d a d o s ] e e u p o d e re i c o n t i n u a r m i s t i f i c a d o . M o s t re - m e s u a s
[ e s t r u t u r a s d e d a d o s ] e e u p ro v a v e l m e n t e n ã o n e c e s s i t a re i d o s e u [ c ó d i g o ] ; e l e
será óbvio.”
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11 . A m e l h o r c o i s a d e p o i s d e t e r b o a s i d é i a s é r e c o n h e c e r b o a s
i d é i a s d o s s e u s u s u á r i o s . À s v e z e s , a ú l t i m a é m e l h o r.
E o que é interessante: você irá rapidamente descobrir que, se
você está se achando completamente desacreditado sobre o quanto você deve a
outras pessoas, o mundo inteiro irá tratá-lo como se você mesmo tivesse criado
cada bit da invenção e está somente sendo modesto sobre seu gênio inato. Nós
todos podemos ver o quanto isso funcionou para Linus!
Mas há duas lições mais fundamentais aqui, não políticas, que são
gerais para todos os tipos de projeto.
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errado.
Eu estava tentando resolver o problema errado ao desenvolver
c o n t i n u a m e n t e o p o p c l i e n t c o m o u m M TA / M D A c o m b i n a d o c o m t o d o s o s t i p o s
de modos de distribuição local. O projeto do fetchmail precisava ser repensado
d o i n í c i o c o m o u m p u r o M TA , u m a p a r t e d o c a m i n h o n o r m a l d o c o r r e i o d a
I n t e r n e t q u e f a l a S M T P.
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7. fetchmail Cresce
L á e s t a v a e u c o m u m p r o j e t o e l e g a n t e e i n o v a d o r, u m c ó d i g o q u e
eu sabia que funcionava bem porque eu usava todos os dias e uma crescente
lista de beta-testers. E gradualmente eu percebia que eu não estava mais
ocupado com uma trivial codificação pessoal que porventura poderia se tornar
útil para algumas pessoas. Eu tinha em minhas mãos um programa que todos os
usuários de um sistema Unix com uma conexão de correio SLIP/PPP realmente
precisavam.
C o m a c a r a c t e r í s t i c a d e r e e n v i o p o r S M T P, e l e p a s s o u m u i t o à
frente da competição para potencialmente se tornar um “category killer”, um
destes programas clássicos que preenchem seu nicho tão completamente que as
alternativas não são somente descartadas como também esquecidas.
A n d r e w Ta n e n b a u m t e v e a i d é i a o r i g i n a l d e c o n s t r u i r u m U n i x
nativo simples para o 386, para uso como uma ferramenta de ensino. Linus
To r v a l d s l e v o u o c o n c e i t o d o M i n i x p a r a a l é m d o q u e A n d r e w p r o v a v e l m e n t e
pensou que poderia ir – e cresceu para algo maravilhoso. Da mesma forma
(embora em uma menor escala), eu peguei algumas idéias de Carl Harris e
Harry Hochheiser e dei um empurrão. Nenhum de nós foi “original” no sentido
romântico que as pessoas pensam é um gênio. Mas a maioria do
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d e s e n v o l v i m e n t o d e s o f t w a re c i e n t í f i c o e d e e n g e n h a r i a n ã o é f e i t a p o r u m
gênio original, a mitologia hacker ao contrário.
E u d e c i d i a d i c i o n a r o s u p o r t e a o m u l t i d ro p e m p a r t e , p o r q u e
alguns usuários estavam pedindo por isto, mas principalmente porque eu pensei
que isto retiraria os erros do código para o envio simples, forçando-me a
m a n i p u l a r o e n d e r e ç a m e n t o d e u m m o d o g e r a l . E a s s i m s e p r o v o u s e r. F a z e r
funcionar a análise da RFC 822 me tomou um tempo consideravelmente longo,
não porque qualquer pedaço dele é difícil mas porque envolvia uma pilha de
detalhes interdependentes e elaborados.
M a s o e n d e r e ç a m e n t o m u l t i d ro p s e t o r n o u u m a d e c i s ã o d e p r o j e t o
excelente. Aqui está como eu soube:
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jogue fora informação, a não ser que o destinatário force você a isto!
Se eu não tivesse obedecido esta regra, o suporte a MIME 8-bit
teria sido difícil e cheio de erros. Como estava, tudo o que tive que fazer foi
ler a RFC 1652 e adicionar um pouco de lógica trivial para a geração de
cabeçalho.
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A n t e s d e v o l t a r m o s a o a s s u n t o d e e n g e n h a r i a d e s o f t w a re e m
g e r a l , e x i s t e m a l g u m a s l i ç õ e s a m a i s d a e x p e r i ê n c i a d o f e t c h m a i l p a r a p o n d e r a r.
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Tu d o o q u e a e n c r i p t a ç ã o d e s e n h a d o a r q u i v o . f e t c h m a i l rc f a r i a
seria dar a falsa impressão de segurança para pessoas que não pensaram bem
sobre este assunto. Aqui a regra geral é:
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Ta n t o o L i n u x q u a n t o o f e t c h m a i l s e t o r n a r a m p ú b l i c o s c o m
projetos básicos fortes e atraentes. Muitas pessoas pensando sobre o modelo
bazar como eu tenho apresentado têm corretamente considerado isto como
crítico, então concluíram a partir disso que um alto grau de intuição e
inteligência no líder do projeto é indispensável.
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Não é uma coincidência que Linus é um rapaz gentil que faz com
que as pessoas gostem dele e que o ajudem. Não é uma coincidência que eu seja
um enérgico extrovertido que gosta de trabalhar com pessoas e tenha um pouco
d e p o r t e e i n s t i n t o d e u m c ô m i c o . P a r a f a z e r o m o d e l o b a z a r f u n c i o n a r, i s t o
ajuda enormemente se você tem pelo menos um pouco de habilidade para
encantar as pessoas.
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q u a l q u e r o u t r o l u g a r.
A e s c o l h a d a t e r m i n o l o g i a d e We i n b e r g t a l v e z t e n h a p r e v e n i d o s u a
análise de ganhar a aceitação que merecia – é engraçado pensar em descrever os
hackers da Internet como “sem ego ”. Mas acho que seu argumento parece mais
mais convincente hoje do que nunca.
A história do Unix deveria ter sido preparada para nós do que nós
estamos aprendendo com o Linux (e o que eu tenho verificado
experimentalmente em uma menor escala por copiar deliberadamente os
métodos do Linus). Isto é, embora codificar permaneça uma atividade
essencialmente solitária, os hacks realmente bons advém de captar a atenção e
poder de mente de comunidades inteiras. O desenvolvedor que utiliza apenas a
capacidade cerebral dele mesmo em um projeto fechado irá ficar atrás de
desenvolvedores que saibam como criar um contexto aberto e evolutivo no qual
a visualização de erros e melhorias sejam feitas por centenas de pessoas.
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c o m o n a s c i m e n t o d a Wo r l d Wi d e We b e q u e o L i n u x t e n h a d e i x a d o a s u a
infância durante o mesmo período em 1993-1994 que viu a expansão da
indústria de ISP e a explosão do principal interesse da Internet. Linus foi a
primeira pessoa que aprendeu como jogar com as novas regras que a onipresente
Internet fez possível.
“ Te n d o s i d o c r i a d o e m u m a f a m í l i a p o s s u i d o r a d e v a s s a l o s ,
e u e n t re i à v i d a a t i v a , c o m o t o d o s o s j o v e n s h o m e n s d a m i n h a
idade, com uma grande confidência na necessidade de
c o m a n d a r, o rd e n a r, re p re e n d e r, p u n i r e e t c . M a s q u a n d o c e d o
t i v e q u e c o n d u z i r e m p re e n d i m e n t o s s é r i o s e l i d a r c o m h o m e n s
[ l i v re s ] e q u a n d o c a d a e r ro l e v a r i a d e u m a v e z a s é r i a s
c o n s e q u ê n c i a s , e u c o m e c e i a a p re c i a r a d i f e re n ç a e n t re a t u a r
segundo o princípio de comando e disciplina e atuar segundo
o p r i n c í p i o d a c o m p re e n s ã o c o m u m . O p r i m e i ro f u n c i o n a d e
f o r m a a d m i r á v e l e m u m a p a r a d a m i l i t a r, m a s d e n a d a v a l e
a o n d e a v i d a re a l é c o n s i d e r a d a e o o b j e t i v o p o d e s e r
a t i n g i d o s o m e n t e p e l o e s f o r ç o s e v e ro d e m u i t o s p ro p ó s i t o s
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
c o n v e rg e n t e s . ”
O “esforço s e v e ro de muitos p ro p ó s i t o s c o n v e rg e n t e s ” é
precisamente o que um projeto como o Linux requer – e o “princípio de
comando” é efetivamente impossível de ser aplicado entre voluntários no
paraíso anarquista que nós chamamos de Internet. Para operar e competir
efetivamente, hackers que querem liderar projetos colaborativos têm que
aprender como recrutar e energizar comunidades eficazes com interesse no
modo vagamente sugerido pelo “ p r i n c í p i o d e c o m p re e n s ã o ” sugerido por
Kropotkin. Eles precisam aprender a Lei de Linus.
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
Ta n t o o p r o j e t o d o f e t c h m a i l c o m o o d o k e r n e l d o L i n u x m o s t r a m
que ao se recompensar propriamente o ego de muitos outros hackers, um
desenvolvedor/coordenador forte pode usar a Internet para capturar os
benefícios de se ter vários co-desenvolvedores sem fazer o projeto colapsar em
uma confusão caótica. Então eu contra-proponho para a Lei de Brooks o
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
seguinte:
E t a l v e z n ã o s o m e n t e o f u t u r o d o s o f t w a re d e c ó d i g o a b e r t o .
Nenhum desenvolvedor de código fechado pode competir com o conjunto de
talento que a comunidade do Linux pode dar para resolver um problema. Muito
poucos podem até mesmo ser capazes de pagar as mais de duzentas pessoas que
têm contribuído para o fetchmail!
Ta l v e z n o f i n a l a c u l t u r a d e c ó d i g o a b e r t o i r á t r i u n f a r n ã o p o r q u e
a c o o p e r a ç ã o é m o r a l m e n t e c o r r e t a o u a “ p r o t e ç ã o ” d o s o f t w a re é m o r a l m e n t e
errada (assumindo que você acredita na última, o que não faz tanto o Linus
c o m o e u ) , m a s s i m p l e s m e n t e p o r q u e o m u n d o d o s o f t w a re d e c ó d i g o f e c h a d o
não pode vencer uma corrida evolucionária com as comunidades de código
aberto que podem colocar mais tempo hábil ordens de magnitude acima em um
problema.
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
11. Agradecimentos
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
R i c h a r d P. G a b r i e l , c o n t e m p l a n d o a c u l t u r a U n i x d a e r a p r é - L i n u x ,
relutantemente argumentou a favor da superioridade do modelo primitivo do
e s t i l o b a z a r e m s e u d o c u m e n t o L i s p : G o o d N e w s , B a d N e w s , a n d H o w t o Wi n
Big, de 1989. Embora obsoleto em alguns aspectos, este ensaio ainda é muito
cotado entre os fãs do Lisp (incluindo eu). Um correspondente me lembrou que
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
P e o p l e w a re : P ro d u c t i v e P ro j e c t s a n d Te a m s ( N e w Yo r k ; D o r s e t
H o u s e , 1 9 8 7 ; I S B N 0 - 9 3 2 6 3 3 - 0 5 - 6 ) , d e D e M a r c o e L i s t e r, é uma jóia pouco
apreciada na qual fiquei deliciado em ver Fred Brooks citá-la em sua
retrospectiva. Embora pouco do que os autores têm a dizer é diretamente
aplicável às comunidades do código aberto do Linux, as idéias do autor sobre as
condições necessárias para um trabalho criativo é incisivo e válido para
qualquer um que tente importar um pouco das virtudes do modelo bazar para o
contexto comercial.
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
N a s e m a n a s e g u i n t e e u v o e i a t é o Va l e d o S i l í c i o a p e d i d o d a
Netscape para uma conferência estratégica de um dia (em 4 de fevereiro de
1998) com alguns de seus executivos de alto escalão e técnicos. Nós
desenhamos juntos a estratégia de lançamento da Netscape para o código fonte
e licenciamento, e deixamos mais alguns planos que nós esperamos irá
eventualmente ter impactos mais abrangentes e positivos na comunidade do
código aberto. Enquanto escrevo, ainda é um pouco cedo demais para ser mais
específico; porém detalhes devem se tornar conhecidos em semanas.
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
aberto pode se tornar tão desacreditado que o mundo comercial não irá tocar
nele de novo por uma década.
P o r o u t r o l a d o , i s t o t a m b é m é u m a o p o r t u n i d a d e e s p e t a c u l a r.
R e a ç õ e s i n i c i a i s a o m o v i m e n t o e m Wa l l S t r e e t e e m o u t r o s l u g a r e s f o r a m
c a u t e l o s a m e n t e p o s i t i v a s . N ó s t a m b é m e s t a m o s t e n d o a c h a n c e p a r a n o s p r o v a r.
Se a Netscape retomar uma substancial fatia do mercado através deste
m o v i m e n t o , e l a p o d e r á i n i c i a r u m a r e v o l u ç ã o t a r d i a n a i n d ú s t r i a d e s o f t w a re .
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Eric S. Raymond – A Catedral e o Bazar
● E u l i b e r e i a v e r s ã o 1 . 1 6 n o L i n u x K o n g re s s , e m 2 1 d e m a i o d e 1 9 9 7 .
● Eu adicionei a bibliografia em 7 de julho de 1997 na versão 1.20.
● E u a d i c i o n e i a a n e d o t a d a P e r l C o n f e re n c e e m 1 8 d e n o v e m b r o d e 1 9 9 7 n a
versão 1.27.
● E u m u d e i d e “ s o f t w a re l i v r e ” p a r a “ c ó d i g o a b e r t o ” e m 9 d e f e v e r e i r o d e
1998 na versão 1.29.
● Eu adicionei “Epílogo: Netscape Acata o Bazar!” em 10 de fevereiro de
1998 na versão 1.31.
● Eu removi o gráfico de Paul Eggert sobre GPL vs. bazar em resposta aos
argumentos coerentes de RMS em 28 de julho de 1998.
● E u a d i c i o n e i u m a c o r r e ç ã o d e B ro o k s b a s e a d o n o s D o c u m e n t o s H a l l o w e e n
em 20 de novembro de 1998 na versão 1.40.
● Outros níveis de revisões incorporaram pequenas correções editoriais.
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