MOSAICO DE VIDAS: SOCIOPSICODRAMAS TRANSFORMADORES
O trabalho aconteceu em uma UBS em um município do Rio Grande do Sul, perduraram
por um ano e meio, os encontros eram realizados semanalmente com duração de 3 horas. O grupo era de mulheres, cujos critérios eram selecionados pela equipe local, dos quais os principais eram: ser mulher e diagnosticada com o transtorno depressivo. Formou-se um grupo em torno de 30 mulheres com autoestima muito baixa, sobrepeso, dificuldades de relacionamento pessoal, sintomatologias antissociais e falta de perspectiva para mudanças ou prazer no viver. O critério para eleger os sociopsicodramas para discussão e analise, foi uma questão temporal, ou seja, dividido em etapas, trabalho inicial, segundo semestre de trabalho com o grupo, e o terceiro refere-se aos últimos encontros. Uma característica marcante foi que as participantes inicialmente afirmaram sentirem-se amarradas em suas vidas. A proposta inicialmente foi recebida com muita resistência pelo grupo, passando por movimentos de dicotomias e fantasia para então rupturas com padrões preestabelecidos ocorrerem, dissolvendo papéis cristalizados à libertação da espontaneidade.
MULHER REAL X MULHER IDEAL
Nesse tema propôs-se que se pensassem no que se há de real e como é um corpo, o que mais se gosta nele, o que menos se gosta, e principalmente o que pode ser feito para mudar e fizessem esculturas corporais que mostrassem essas questões e se formaram pequenos grupos formados por similaridade nas esculturas para que fosse discutido quem seria a mulher ideal. Ficou incumbido a cada grupo de organizar uma cena criando assim um “teatro” por meio do qual poderiam demonstrar a mulher ideal ou real. O roteiro seria livre, baseado nas conversas compartilhadas, as cenas deveriam ter títulos e somente sons, sem palavras. A cena que mais chamou atenção foi uma na qual a mulher real cuidava de sua casa ininterruptamente, na qual segundo as participantes se vira, “de fora”, nesse momento foi pedido ao grupo que se fosse criando novas sequências para essa cena, assim as participantes vão tomando o lugar da protagonista, uma a uma transformando as ações sem fugir do contexto de mulher real. A sensação segundo as mulheres era a de “dar vida para a vida comum”. O encontro encerrou com as palavras da integrante: “O jeito é sermos felizes da maneira que somos! Precisamos viver no real e não na fantasia.”