Você está na página 1de 16

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.


Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

A ERGONOMIA COGNITIVA,
OPERACIONAL E ORGANIZACIONAL E
SUAS INTERFERÊNCIAS NA
PRODUTIVIDADE E SATISFAÇÃO DOS
COLABORADORES
Simone Márcia Santos Correia (00000000000)
smcorreia1@bol.com.br
Carina Santos Silveira (00000000000)
carinassilveira@gmail.com

A Ergonomia tem por finalidade adequar o trabalho ao homem,


promovendo condições ambientais adequadas que atenda aos
colaboradores com um mínimo de conforto e satisfação na realização
de suas tarefas. O que promove intervenções e melhorias que geram
ainda o crescimento dos resultados produtivos da organização em
função das medidas adotadas para adequação do ambiente de
trabalho. Este estudo foca, dentre todos os parâmetros da Ergonomia,
os aspectos Cognitivos, Operacionais e Organizacionais. Propondo
identificar, categorizar e sugerir melhorias para os problemas
observados na empresa estudo de caso, fundamentado nos custos e
constrangimentos que são gerados nos indivíduos em função destes
problemas. Para promover este trabalho a abordagem foi
fundamentada nos estudos de alguns fatores que influenciam
diretamente na produtividade como; a carga e a atividade mental, o
ambiente de trabaho e a humanização, a organização do trabalho e,
alguns fatores humanos pertinentes as condições inadequadas a que as
empresas são submetidas no atual cenário de alta competitividade.
Onde estas normalmente buscam resultados sem a devida adequação
do sistema para atender ao volume de trabalho contratado que deve
estar alinhado a sua capacidade de produção. Assim são gerados
custos e constrangimentos que comprometem as atividades produtivas.
Ao final dos estudos são sugeridas algumas propostas de melhoria que
visam, se não eliminar, ao menos minimizar os custos e
constrangimentos que acometem os colaboradores do desempenho das
suas atividades.

Palavras-chaves: Ergonomia, Cognitiva, Operacional, Organizacional,


Produtividade
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

2
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

1. INTRODUÇÃO
No cenário das pequenas empresas é possível observar certo descaso com a questão
ergonômica e com o bem estar psicológico dos colaboradores. Com o objetivo de elevar seu
faturamento as empresas adquirem um volume de trabalho superior a sua capacidade de
produção, e busca resultados para esta demanda promovendo uma sobrecarga e
consequentemente um desgaste dos colaboradores que são submetidos a condições de trabalho
inadequadas.
Esses aspectos observados no parágrafo anterior fazem parte do conjunto de
motivações geradas para o desenvolvimento deste trabalho. Compõe esta iniciativa a
observação e constatação da necessidade de se adequar um sistema homem-tarefa-máquina
aos seus usuários. O sistema homem-tarefa-máquina deve ter sintonia e conforto. A condição
a que o trabalhador é submetido no seu ambiente de trabalho deve promover o mínimo de
satisfação para um bom desempenho das atividades e alcance dos resultados pretendidos.
O objeto deste estudo é uma empresa de pequeno porte, do ramo da engenharia,
inserida no mercado a mais de 10 anos. Suas atividades estão relacionadas ao
desenvolvimento de projetos de instalações para empreendimentos comerciais e residenciais,
e seu objetivo é atender aos seus clientes com qualidade, seriedade e agilidade nas entregas do
seu produto final.
Focado nos conceitos de ergonomia cognitiva, operacional e organizacional e na
análise de fatores que podem interferir na produtividade será aplicada a metodologia de
intervenção ergonomizadora, e a partir dos resultados serão propostas condições adequadas
que viabilize a melhoria da produtividade associada a satisfação dos colaboradores.

2. PARÂMETROS DA ERGONOMIA ADOTADOS PARA O ESTUDO


Moraes e Mont’Alvão (2003) afirmam que estudos interdisciplinares e a
industrialização foram fundamentais para o nascimento da Ergonomia, os estudos de
engenheiros, psicólogos e fisiólogos buscavam adaptar operacionalmente equipamentos,
ambientes e tarefas aos aspectos neuropsicológicos, aos limites psicológicos de memória, a
atenção e ao processamento de informações, esses estudos interdisciplinares viriam a
contribuir para resolução de problemas e tomada de decisões de acordo com as características
cognitivas de seleção de informações.
A ergonomia tem o papel de identificar os esforços e as condições oferecidas pelo
sistema, para daí utilizar suas ferramentas para propor melhorias nas condições de trabalho
visando gerar conforto e satisfação aos seus usuários e interessados, bem como, promover a
elevação da produtividade de forma adequada e segura.
Segundo Santos (2008), a ergonomia estuda entre outros assuntos as características
materiais do trabalho, o meio ambiente físico, a duração da tarefa, o modelo de treinamento e
aprendizagem e as lideranças, além de realizar análises das atividades físicas e cognitivas de
trabalho; das informações e do processo de tratamento das informações. Levando em
consideração aspectos como: esforço, julgamento, atenção, concentração, percepção,
motivação.
Alguns parâmetros são definidos para auxiliar na intervenção das atividades
produtivas realizadas pelo homem, associado aos seus postos de trabalho e ao tipo de
atividades desenvolvidas. Estes parâmetros podem garantir a qualidade e a produtividade do
sistema homem-tarefa-máquina, e são fundamentais para a categorização dos problemas.

3
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

Visando proporcionar conforto postural e ambiental, trabalho adequado e ganho de


produtividade, dentre outros ganhos que façam parte do bem estar do trabalhador, da sua
satisfação e do retorno produtivo que ele possa oferecer, mediante condições adequadas.
Dentre os parâmetros reconhecidos pela ergonomia os abordados neste estudo
(Cognitivos, Operacionais e Organizacionais) possuem características distintas, porém se
integram de forma direta, pois estão associados ao comportamento dos indivíduos, ao
ambiente e a realização das tarefas. Portanto, neste caso em específico o estudo foca os
aspectos inerentes as categorias da Ergonomia Cognitiva, Operacional e Organizacional.
2.1 Ergonomia Cognitiva
Para Moraes e Mont’Alvão (2003) a Ergonomia Cognitiva caracteriza-se por aspectos
relacionados com as questões da compreensão, lógica, compatibilização de repertórios e
informações, significação de mensagens, complexidade da tarefa, dentre outros aspectos que
resultam em perturbações para a seleção de informações, para as estratégias cognoscitivas e
comprometem sua autonomia na resolução de problemas e tomada de decisões, como as
dificuldades de decodificação, aprendizagem e memorização, em face de inconsistências
lógicas e de navegação dos subsistemas comunicacionais e dialogais. Já a ABERGO (2008)
define os processos mentais, como percepção, memória, raciocínio e resposta motora
conforme afetem as interações entre os homens e outros elementos de um sistema.
De uma forma geral a Ergonomia Cognitiva trata o fato de como as pessoas
conceituam e processam informações absorvidas em situações decorrentes do seu trabalho,
dentre as competências cognitivas estão à capacidade de abstração e de raciocínio. O
individuo com problemas cognitivos pode apresentar dificuldades de percepção, absorção e
retenção de informações se submetido a fatores como carga mental, estresse, pressão
psicológica, entre outros que fazem parte do cotidiano das empresas.
Ergonomia Cognitiva conhecida também como engenharia psicológica, trata-se do
aspecto mental (percepção, atenção, armazenamento e recuperação de memória, etc).
Estuda a capacidade e os processos de formação e produção de conhecimentos em
sistema em geral. Incluem carga mental de trabalho, desempenho de habilidades,
erro humano, interação entre o ser humano e a máquina. (VIDAL, 2007 apud
ALMEIDA 2008)1.
2.2 Ergonomia Operacional
Para caracterizar a Ergonomia Operacional, Moraes e Mont’Alvão (2003) apresenta
aspectos como; o ritmo intenso das atividades, a repetitividade e monotonia inerente ao
processo produtivo, bem como a pressão por prazos de produção e de controle.
Os problemas de caráter operacionais apresentam como características a ausência de
alguns eventos no desenvolvimento das tarefas, como; programação de tarefas, interação da
equipe, adequação do ritmo aos indivíduos, autonomia dos colaboradores, pausas
programadas, supervisão adequada, precisão, tolerância, controles de qualidade e
dimensionamento das equipes com equilíbrio entre o volume de serviço e a mão de obra
disponível.
Os aspectos inerentes a parte operacional das atividades comprometem rapidamente a
produtividade, pois altera o ritmo circadiano do individuo (ritmo que corresponde a um
período de aproximadamente 24 horas onde ocorrem oscilações de funções fisiológicas sobre
influência da luz) e motiva o estresse devido as pressões sofridas para cumprimento de prazos.

1
VIDAL CESAR, Mario, Introdução à Ergonomia. Disponível em: Acesso: 04 de março de 2007.

4
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

Em muitos casos as equipes alocadas para as atividades operacionais não são suficientes para
atender a demanda, gerando sobrecarga de trabalho e mental, o que prejudica a adequação do
ritmo, a implementação de pausas necessárias e o controle da qualidade do serviço.
Por se tratar principalmente dos fatores ligados a sobrecarga a Ergonomia Operacional
visa adequar demanda a produção, de forma humanizada e produtiva, sem o
comprometimento da saúde física e/ou mental dos indivíduos envolvidos nas atividades e
buscando alcançar o melhor índice de qualidade possível.
2.3 Ergonomia Organizacional
A Ergonomia Organizacional é caracterizada por Moraes e Mont’Alvão (2003) através
dos problemas ligados a falta de parcelamento adequado das atividades, participação, gestão,
jornada de trabalho com avaliação de horário, turnos e escalas, bem como a falta de seleção e
treinamento de pessoal, visando capacitação para as atividades produtivas. A implementação
dessas ações, que encontram-se em falta, viabiliza a objetividade, responsabilidade,
autonomia e participação dos colaboradores envolvidos no processo produtivo.
Também conhecida como macroergonomia, a ergonomia organizacional está
relacionada com a otimização dos sistemas socio-técnicos, incluindo sua estrutura
organizacional, políticas e processos. Tópicos relevantes incluem trabalho em turnos,
programação de trabalho, satisfação no trabalho, teoria motivacional, supervisão, trabalho em
equipe, trabalho à distância e ética.
Reforçando o conceito anterior, Moraes e Mont’Alvão (2003) faz referência a análise
macroergonômica como responsável pelo trato dos níveis gerenciais hierárquicos, da
comunicação na empresa, da participação dos trabalhadores e da organização do trabalho.

3. FATORES QUE AFETAM AS ATIVIDADES PRODUTIVAS


Existem alguns fatores que podem afetar diretamente as atividades produtivas dos
indivíduos em seus ambientes de trabalho comprometendo de forma positiva ou negativa os
resultados esperados. São eles:
3.1 Carga e atividade mental
A carga mental está relacionada à capacidade mental do indivíduo. O conceito de
atividade mental é definido por Grandjean (1998) como a elaboração da informação fornecida
ao cérebro. O trabalho mental nas perspectivas do autor está dividido em duas atividades: a
Mental que corresponde aos níveis de exigência da criatividade, associado aos conhecimentos
técnicos para o desenvolvimento intelectual; e a de Processamento de informações que
consiste em perceber, interpretar e elaborar mentalmente informações fornecidas pelos órgãos
dos sentidos, relacionando-as com os conhecimentos dando origem as decisões.
3.2 Ambiente de Trabalho e Humanização
Ao ambiente de trabalho está vinculado o bem estar dos indivíduos que realizam a
tarefa, ou seja, as condições ambientais quando favoráveis contribuem para o bom
desenvolvimento do trabalho, é no ambiente que estão presentes estímulos e frustrações que
acometem os trabalhadores interferindo na sua produtividade.
Intrínseco ao ambiente de trabalho está a questão da humanização. Para Guimarães
(2006) a humanização do trabalho é a permissão para que cada pessoa exercite suas
habilidades com sentimento e auto-realização.
3.3 Organização no Trabalho

5
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

Para Couto (2002) “organização do trabalho é todo o conjunto de ações feitas pelo
gestor e pelos facilitadores para que a prescrição de trabalho, objetivos, planos e metas, ditada
pela direção da organização sejam cumpridos”.
A organização do trabalho tem o objetivo de estabelecer regras, procedimentos e um
fluxo ordenado das tarefas visando motivar o rendimento e a qualidade das atividades
produtivas, bem como atender as necessidades de seqüenciamento das tarefas para aliviar a
sobrecarga de trabalho. No contexto organizacional é necessário que seja adotada uma política
de gestão capaz de conciliar produtividade, segurança e satisfação, que atendam aos anseios
do trabalhador e do empregador.
3.4 Fatores Humanos
São características humanas que interferem no desempenho de atividades produtivas
no trabalho. Guimarães (2006) salienta que se forem considerados os fatores humanos e
organizacionais envolvidos no trabalho é possível alterar aspectos como ambiente físico,
ambiente psicossocial, jornada de trabalho, rigidez organizacional e remuneração, visando
gerar maior satisfação com o trabalho.
São fatores humanos que interferem nas atividades produtivas:
a) Ritmo circadiano e as diferenças individuais
Para Guimarães (2006) o ritmo circadiano corresponde as oscilações das funções
fisiológicas do organismo num ciclo de aproximadamente 24 horas. Aspectos ligados as
diferenças indivíduais podem classificar os indivíduos como matutinos e vespertinos, a partir
dos estudos sobre ritmo circadiano é observado que os indivíduos matutinos apresentam
melhor disposição e eficiência na parte da manhã, enquanto que os vespertinos apresentam
essa mesma disposição na parte da tarde (IIDA, 2003).
b) Fadiga
IIDA (2003) “fadiga é o efeito de um trabalho continuado, que provoca uma redução
reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho. A fadiga
é causada por um conjunto complexo de fatores, cujos efeitos são cumulativos”.
c) Estresse
Para Selye (1956, apud Grandjean 1998)2 estresse é a reação do organismo a uma
situação ameaçadora proveniente de causas externas. O estresse prejudica ou impede a
realização normal do trabalho
d) Motivação
Motivação é o processo pelo qual se mantém ativado e em funcionamento um
sentimento de determinação, impulso, objetivo e necessidade (IIDA, 2003). Motta e
Vasconcelos (2005) fazem referência aos estudos de Abraham Maslow (1943), que
considerava o homem como um ser complexo que possui necessidades ligadas ao seu ego, ao
desenvolvimento pessoal, a aprendizagem e a realização.

4. METODOLOGIA PROPOSTA
 Apreciação Ergonômica, composta pela sistematização; problematização inerentes ao
sistema e parecer Ergonômico com aplicação da técnica GUT.
 Diagnose Ergonômica que consiste na interpretação e estudo dos dados colhidos, através
de questionários, da observação sistemática e da análise das tarefas produtivas.

2
SEYLE, H.: The Stress of Life. McGraw-Hill,NewYork (1956)

6
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

 Projetação Ergonômica que são as recomendações ergonômicas nos parâmetros de


conforto, segurança e desempenho eficiente estabelecidos por estudiosos da área e pela
NR17 - Norma Regulamentadora instituída no Brasil pelo Ministério do Trabalho e
Previdência Social através da Portaria n. 3.751 em 23/11/90, que trata especificamente da
ergonomia.

7
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

5. APLICAÇÃO PRÁTICA
A empresa objeto do estudo é de pequeno porte, com atividades na área de engenharia
de instalações presente no mercado há 10 anos. As atividades desenvolvidas pela mesma estão
relacionadas ao desenvolvimento de projetos comerciais de instalações (elétrica, automação
comercial, hidráulica e combate a incêndio), com o objetivo de atender aos seus clientes com
qualidade, seriedade e agilidade nas entregas do seu produto final. Os estudos foram
realizados basicamente na área técnica que é formada por uma coordenação de projetos e
pelos setores de projetos e desenho.
Os projetos desenvolvidos visam atender as necessidades de cada cliente, além de
atender as adequações constantes decorrentes de alterações solicitadas pelo cliente final. As
atividades de cada profissional foram avaliadas considerando as condições de trabalho e o
nível de envolvimento na tarefa.
A aplicação da metodologia proposta permite identificar os níveis de conforto e
satisfação que o sistema deve oferecer ao homem e como intervir para adequá-lo caso este não
esteja atendendo de forma satisfatória.
O sistema em questão é ordenado hierarquicamente pelos níveis de subordinação
decrescente iniciado na coordenação de projetos, seguido do setor de projetos e desenho
respectivamente. Este sistema obedece a um fluxo de atividades que se inicia no recebimento
do projeto de arquitetura, pela coordenação, de onde é direcionado para elaboração do projeto,
desenho das peças gráficas e suas respectivas revisões até chegar ao produto final que é
entregue para o cliente.
5.1 Apreciação Ergonômica
Para compreensão da Sistematização é relevante se entender o conceito de sistema,
bem como a descrição do sistema estudado. Segundo Stair e Reynolds (2006) “sistema é um
conjunto de elementos ou componentes inter-relacionados que coletam, manipulam e
disseminam dados e informações e ainda oferecem um mecanismo de realimentação para
atingir um objetivo”.
Nesta fase a análise requer a descrição do sistema homem-tarefa-máquina foco do
estudo em questão.
 Homem – Profissionais de nível técnico e/ou superior da área de engenharia com
conhecimento em projetos de instalações;
 Tarefa – Elaborar projeto de instalações com o objetivo de atender aos anseios do cliente.
No sistema estudado a tarefa envolve conhecimento intelectual e técnico;
 Máquina – Para realização das tarefas pertinentes ao sistema são utilizados micro
processadores dotados de: sistemas próprios para produção das peças gráficas dos projetos
(AutoCAD), editores de textos, para a confecção dos memórias descritivos e
especificações técnicas dos matérias e serviços, bem como softwares de planilhas
eletrônicas para elaboração dos memoriais de cálculos referentes aos projetos.
a) Sistematização: mostra esquematicamente como o sistema é alimentado, quais as
restrições para alcançar as metas estabelecidas, os requisitos necessários, suas saídas, e os
resultados desapropriados que podem ocorrer, conforme figura 1.
b) Problematização das Tarefas: o quadro 1 mostra algumas das tarefas realizadas pelos
colaboradores, abrangendo todo o setor técnico e os problemas associados a essas tarefas,
sua categorização e os custos e constrangimentos adquiridos.

8
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

Restrição
Prazos Curtos e Mão de Obra escassa

Meta
Elaborar projetos de instalações
com qualidade, seriedade e
agilidade, visando atender as
expectativas do cliente.
Entradas Saídas
Sistema  Contrato de elabo-  Projetos bem
Sistema
ração do projeto; Sistema Alvo Ulterior
Alimentador elaborados;
Coordenadora; Coordenação de  Prazos Cliente
Cliente  Técnicos; Projetos cumpridos.
 Software (Autocad);
Normas.
Requisitos Resultados Desapropriados
Projetos mal elaborados;
Ambiente adequado às atividades; Entregas com atraso;
Recursos necessários disponíveis; Retrabalho;
Carga de trabalho adequada; Desgaste e sobrecarga;
Clima organizacional satisfatório; Desordem organizacional.
Incentivo a motivação.
Figura 1 – Sistematização
Quadro 1 – Problematização das Tarefas
CATEGORIA DO CUSTOS E
SETOR TAREFA PROBLEMA PROBLEMA CONSTRAGIMENTOS

1. Distribuição e Coordenação dos Projetos

O projeto de arquitetura é
Coordenação 1.1 - Encaminhamento do encaminhado incompleto para o Organizacional Insatisfação,
de Projetos projeto de arquitetura início das tarefas de elaboração desânimo e
para os projetistas; dos projetos de instalações; desmotivação.
Má distribuição de tarefas,
1.2 - Distribuição dos devido aos diferentes níveis de Organizacional / Sobrecarga de
projetos de acordo com qualificação e experiência dos Operacional trabalho.
as disciplinas; projetistas;
2. Desenvolvimento dos Projetos
Percepção da falta de
2.1 - Análise do projeto de informações essenciais na Cognitivo Aumento da
Setor de arquitetura; ansiedade desânimo
Projetos arquitetura para elaboração do
projeto de instalações; e desmotivação.
O fluxo de informações vinda do
2.2 - Solicitação de cliente não acompanha os Organizacional / Sobrecarga de
Informações necessárias prazos de entrega do projeto, e Operacional trabalho, estresse e
para elaboração do ainda assim estes se mantêm aborrecimento.
projeto de instalações; inalterados;
3. Desenho dos Projetos
A falta de procedimentos
3.1 - Adequação do interfere no desenvolvimento da Organizacional Conflito e baixa
Setor de projeto de arquitetura produção.
Desenho tarefa quanto a sua
para instalações; padronização e qualidade;
Excesso de correções em
3.3 - Correção dos função das constantes Cognitivo / Sobrecarga de
projetos. Organizacional / trabalho, estresse,

9
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

alterações nas arquiteturas o Operacional aborrecimento e


que gera redefinições de sensação de
projeto. cansaço.
c) Parecer Ergonômico
O Parecer Ergonômico relaciona os problemas identificados aos desvios do sistema
com aplicação da técnica de GUT (Gravidade, Urgência, Tendência) para hierarquização e
priorização dos problemas. A identificação de problemas cognitivos, operacionais e
organizacionais, reforça a importância do estudo dos mesmos e permitem observar em quais
condições tais problemas interferem no processo produtivo e afetam o bem estar e a satisfação
dos colaboradores.
Com base nas características, citadas anteriormente, para os problemas Cognitivos
observa-se que os colaboradores são acometidos por dificuldades na realização das suas
tarefas, devido ao comprometimento do raciocínio, a carga mental, o estresse, a pressão
psicológica inserida no processo. O que gera, nos colaboradores, dificuldades na realização
das suas tarefas que por conseqüência compromete o rendimento.
Quanto aos problemas Operacionais identificados, é percebido, no sistema, que a
equipe alocada para desenvolvimento das tarefas, não é suficiente mediante seus prazos, para
atender ao volume de projetos contratados. Gerando a sobrecarga, o que compromete a
qualidade do serviço além da saúde física e/ou mental dos indivíduos envolvidos no processo.
Os problemas Organizacionais pontuados estão relacionados com a falta de
implementação de ações que venham a corrigir questões como parcelamento adequado das
atividades, participação, gestão adequada, jornada de trabalho, falta de pessoal, e até mesmo a
capacitação para atender ao processo produtivo. O desenvolvimento das atividades geralmente
não estão baseados em procedimentos, o que contribui positivamente para a otimização do
processo produtivo.
É relevante salientar que a política adotada pela empresa perante o cliente, não
estabelece com o cliente uma compensação dos prazos uma vez que este tem significativa
participação nos gargalos que ocorrem no decorrer do desenvolvimento dos projetos.
Aplicada a técnica GUT, que sugere uma ordem de prioridades para as ações a serem
implementadas, com base na Gravidade, Urgência e/ou Tendência relativa a cada problema,
hora avaliado, o objetivo é atenuar os custos e constrangimentos associados aos mesmos.
Quadro 2 – Aplicação da Técnica GUT
PROBLEMA G U T TOTAL PRIORIZAÇÃO
1. Coordenação de Projetos
1.1 Projeto de arquitetura
4 5 4 80 1º
incompleto
1.2 Má distribuição de tarefas; 3 3 4 36 2º
2. Setor de Projetos
2.1 Percepção da falta de
4 5 4 80 2º
informações;
2.2 O fluxo de informações não
5 5 4 100 1º
acompanha os prazos;
3. Setor de Desenho
3.1 Falta de procedimentos; 5 5 4 100 2º
3.2 Excesso de correções. 5 5 5 125 1º

10
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

O quadro 2 mostra que, através da análise GUT dos problemas listados para cada
setor, foi gerada uma ordem de prioridade visto a gravidade do problema, a urgência em
resolver este e a tendência que tais problemas possam apresentar caso não sejam
implementadas as ações de melhoria. É possível observar que o problema priorizado no mais
baixo nível na hierarquia é reflexo dos problemas tambem priorizados nos demais, logo é
possível perceber que os problemas apresentam um efeito cascata, ou seja, se na origem da
tarefa ocorre um problema este interfere em todos os demais níveis da tarefa.
5.2 Diagnose Ergonômica
A fim de investigar as interferências causadas pelos problemas ergonômicos, e
partindo do princípio que estes problemas podem ser identificados e categorizados dentro dos
aspectos Cognitivos, Operacionais e Organizacionais, foi implementada a aplicação de um
questionário. O questionário aplicado na área técnica teve o objetivo de identificar além do
perfil dos colaboradores, suas condições de trabalho e a carga e custos humanos relacionados
a estas condições.
As informações mais expressivas foram tabuladas e traduzidas em gráficos ilustrativos
das condições atuais do sistema.
a) Sistema de trabalho: com carga horária média de 9 horas por dia, trabalhando pelo menos
2 sábados por mês e em alguns casos 1 domingo no mês. 93% dos entrevistados fazem hora
extra, sendo que apenas 64% são remunerados pelas horas extras trabalhadas, como mostra as
figuras 2 e 3.
Hora Extra x Colaborador Horas Extras x Remuneradas

7%

36%

64%

93%

Faz Hora Extra Não Faz Hora Extra H.E. Remunerada H.E. Não Remunerada

Figura 2 - Gráfico de H.E. x Colaborador Figura 3 - Gráfico de H.E. Remuneradas


O prolongamento dos turnos de trabalho, em função das horas extras, promove a
sobrecarga, altera o ritmo circadiano dos colaboradores interferindo na capacidade produtiva
dos mesmos, e quando estas não são devidamente remuneradas o problema alcança o mérito
da insatisfação.
b) Alterações da execução: as tarefas que requerem consultas periódicas a normas, exigem a
transmissão de informações, a execução de cálculos mentais e escritos, leitura, tradução e
decodificação, e ainda as que demandam organização e controle do trabalho de outras
pessoas, ocorrem com significativa freqüência. Porém estas atividades sofrem constantes
interrupções afetando o ritmo do trabalho com indicações constantes de alterações ou
realização de atividades paralelas. O registro dessas queixas está ilustrado na figura 4.

11
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

Frequência de Queixas de Interrupções

22%

78%

Se queixa de interrupções Não se queixa de interrupções

Figura 4 - Gráfico de Freqüência de Queixas de interrupções


O alto índice de interrupções das atividades (78%) leva a descontinuidade do
raciocínio, a quebra do ritmo de trabalho, e consequentemente a prejuízos na produtividade.
c) Motivação: as iniciativas para motivação raramente acontecem no ambiente de trabalho e,
para integração ocorre com certa freqüência, conforme ilustrado no gráfico da figura 5. Vale
salientar que este incentivo à integração ocorre na maioria das vezes por iniciativa dos
próprios colaboradores.
Fatores ambientais e motivacionais interferem na produtividade, indivíduos motivados
realizam seu trabalho com habilidade e determinação, enquanto que os desmotivados tedem a
realizar seus trabalhos de forma monótona, desanimada, e sem a menor determinação;

Ocorrência de Incentivo a:

10
9
8
7
6
Motivação
5
Integração
4
3
2
1
0
Sempre Frequentemente Raramente Nunca

Figura 5 - Gráfico de Ocorrência de Incentivos a Motivação e Integração

d) Carga e Custos humanos: a ocorrência de repercussões devido a carga física e/ou mental
resultante do trabalho existe e se apresenta de formas variadas, numa escala crescente de
ocorrências e manifestações, conforme ilustrado na figura 6.

12
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

Carga e Custos Humanos

60%
50%
50%
43%
40%

Carga e Custos
30%
Humanos
21%
20%
14%

10% 7%

0%
1 2 3 4 5

Figura 6 - Gráfico de Carga e Custos Humanos do trabalho


Legenda:
1 - Falta de ânimo e desinteresse, consumo de remédios e sensação de incapacidade;
2 - Mau humor, irritabilidade, dificuldade de atenção, transtornos digestivos e alterações
sexuais;
3 - Dificuldade de memorização, dores musculares e perturbações do sono;
4 - Tensão e ansiedade;
5 - Cansaço excessivo.
As repercussões identificadas no questionário estão diretamente ligadas aos custos e
constrangimentos característicos dos parâmetros ergonômicos estudados (Cognitivos,
Operacionais e Organizacionais).
5.3 - Projetação Ergonômica / Recomendações
As recomendações visam minimizar ou até eliminar os problemas identificados como
interferências no processo produtivo, na busca de melhorias nas condições de trabalho e maior
satisfação e conforto para os colaboradores com melhor desempenho produtivo, baseada na
NR17 e nos resultados obtidos com a aplicação das ferramentas da ergonomia.
O quadro de análise GUT associado ao quadro de problematização evidenciam que
para os problemas categorizados pela técnica, como nível 1 de prioridade, estão relacionados
a custos e constrangimentos como insatisfação, desânimo, desmotivação, aborrecimento,
sensação de cansaço, fadiga, sobrecarga, e estresse. Já para os problemas categorizados no
nível 2 de priorização, os custos e constrangimentos identificados são a sobrecarga, ansiedade,
desânimo, desmotivação, fadiga e até conflito, gerando baixa produção. É evidente que
existem custos e constrangimentos comuns aos dois níveis de categorização e que todos,
independente da sua priorização, afetam a produtividade substancialmente.
No quadro 3 são apresentadas recomendações para os problemas identificados, em
específico, obedecendo os aspectos Cognitivos, Operacionais e Organizacionais, como
sugestão de melhoria do processo e ajustes das atividades produtivas.
Quadro 3 – Recomendações para melhorias
TAREFA PROBLEMA RECOMENDAÇÕES

13
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

1. Distribuição dos Projetos


1.1 - Encaminhamento do projeto O projeto de arquitetura é encaminhado Estabelecer critérios para início do projeto
de arquitetura para os projetistas; incompleto para o início das tarefas de de instalações.
elaboração dos projetos de instalações;
1.2 - Distribuição dos projetos de Má distribuição de tarefas, devido aos Implantação de programa de qualificação
acordo com as disciplinas; diferentes níveis de qualificação e para projetistas, visando alcançar um
experiência dos projetistas; padrão de conhecimento técnico mais
uniforme.
2. Desenvolvimento dos Projetos
2.1 - Análise do projeto de Percepção da falta de informações Para este problema a melhoria vem da
arquitetura; essenciais na arquitetura para elaboração implementação da recomendação
do projeto de instalações; proposta para o item 1.1
2.2 - Solicitação de Informações O fluxo de informações vinda do cliente não Fazer constar em contrato que os prazos
necessárias para elaboração do acompanha os prazos de entrega do projeto, do projeto serão alinhados ao fluxo das
projeto de instalações; e ainda assim estes se mantêm inalterados; informações recebidas do cliente.
3. Desenho dos Projetos
3.1 - Adequação do projeto de A falta de procedimentos interfere no Criação de procedimentos para execução
arquitetura para instalações; desenvolvimento da tarefa quanto a sua das atividades, visando a padronização,
padronização e qualidade; organização e garantia da qualidade dos
serviços.
3.2 - Correção dos projetos. Excesso de correções em função das Fazer constar em contrato condições e
constantes alterações nas arquiteturas o que limite para alterações de arquitetura,
gera redefinições de projeto. visando minimizar o excesso de retrabalho
gerado em função destas.

Genericamente percebe-se que os problemas abordados e estudados através das


ferramentas da ergonomia não são unicamente oriundos da falta de: planejamento, regras e
procedimentos, programa de qualificação, entre outros, como sugere o quadro de
problematização. A falta de planejamento ou o planejamento inadequado do trabalho costuma
resultar em uma alta freqüência de urgências e emergências, geralmente tratadas adotando
recursos como: horas extras, dobras de turno e aceleração da velocidade do processo, o que
interfere no ritmo de cada indivíduo gerando sem dúvida um quadro de sobrecarga de trabaho.
Outro aspecto importante é a implementação de procedimentos, que viabilizaria objetividade,
responsabilidade, autonomia e participação dos colaborados envolvidos no processo
produtivo.
O estudo mostra ainda situações típicas que alimentam custos e constrangimentos que
afetam os colaboradores, como por exemplo: a pressão para cumprimento de prazos, que
impulsiona mais uma vez a sobrecarga, devido ao prolongamento do turno de trabalho em
função das horas extras. Na fase de observação foi percebido que esta é uma condição que
alguns colaboradores se submetem para obter melhoria da renda ou até mesmo para não correr
riscos de desligamento. A ilustração gráfica destas situações pode ser observada nas figuras 2
e 3. Para evitar a geração de horas extras por motivos escusos recomenda-se adotar um
sistema de remuneração de acordo com as exigências das tarefas associados à qualificação
profissional através de políticas claras para os funcionários. Quanto à sobrecarga gerada é
recomendada a reestruturação do ambiente com vistas na organização do trabalho garantindo
que o conteúdo das tarefas seja adequado a capacidade de cada indivíduo.
Estudos mostram que cada indivíduo tem seu próprio ritmo de trabalho, estas situações
podem ser corrigidas respeitando-se as diferenças individuais e estabelecendo com os clientes
prazos dentro das reais capacidades produtivas, evitando a projeção de sobrecarga. A
tolerância exacerbada para atendimento ao cliente gera relevantes custos com retrabalho além
dos custos e constrangimentos associados aos colaboradores. A sobrecarga costuma ser
causada por menosprezo à complexidade das tarefas, assumindo-se prazos muito curtos,
ocasionando horas extras e outras formas de sobrecarga, que originam ainda um alto nível de
estresse entre os colaboradores. Para atenuar este alto nível de estresse recomenda-se respeitar

14
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

além do repouso aos finais de semana, a regularidade do gozo das férias, minimizando assim
o desgaste do colaborador ao ponto em que possa causar prejuízo a organização.
Analisando o ritmo de trabalho dos setores envolvidos na tarefa, observa-se que há
uma deficiência organizacional ou até mesmo motivacional, que interferem na produtividade,
este é um caso que requer adequação do modelo de gestão adotado, considerando
principalmente a implementação de programas de incentivos motivacionais, visto que os
indivíduos possuem necessidades sociais acompanhadas da auto-estima e auto-realização.
Entre as cargas e os custos humanos adquiridos em função da atual condição
organizacional da empresa, o cansaço excessivo, a tensão e a ansiedade se apresentam como
vilões. O que é ilustrado graficamente na figura 6 da etapa anterior. Em geral para estes
aspectos as recomendações estão voltadas também para a reestruturação operacional e
organizacional da empresa com foco no planejamento das atividades, além da intencificação
de programas de incentivos a integração e motivação, visando o bem estar dos colaboradores
e a consequente melhoria na produtividade.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Ergonomia permite o estudo não só de aspectos físicos, mas também de aspectos
cognitivos, operacionais e organizacionais, como evidenciado no estudo. O bem estar do
indivíduo em seu ambiente de trabalho está ligado ao envolvimento dos fatores psicológicos
individuais e sociais.
Este estudo pode proporcionar a empresas interessadas condições de avaliar as reais
condições que as mesmas oferecem aos seus colaboradores e conscientizá-las de que a falta de
atenção para estes aspectos pode estar comprometendo a sua produtividade. As
recomendações foram fundamentadas e baseadas em estudos e observações propondo
mudanças significativas com vistas em resultados positivos evitando o comprometimento da
saúde física e/ou mental dos funcionários.
A oportunidade de perceber questões tão subjetivas inerentes aos indivíduos mesmo
estando inserida num contexto da engenharia mostra o quanto é abrangente o conceito de
Ergonomia e as importantes vertentes que pode satisfazer.

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA (ABERGO). Disponível em:
< http://www.abergo.org.br/oqueeergonomia.htm >. Acesso em 02 de agosto 2008.
ALMEIDA, Joelma dos Santos. Em busca de uma melhor produtividade no trabalho. Disponível em:
<http://www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/ergonomia>. Acesso em 12 de maio 2008.
COUTO, Hudson de Araújo. Como Implantar a Ergonomia na Empresa - A Prática dos Comitês de
Ergonomia. Belo Horizonte: ERGO Editora, 2002.
DANTAS, Julizar. Trabalho e coração saudável: aspectos psicossociais: impactos na promoção da saúde. 1.
ed. Belo Horizonte: ERGO Editora, 2007.
GRANDJEAN, Etienne. Manual de Ergonomia: Adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo. Ergonomia de Processo: Macroergonomia e Organização do
Trabalho. 5. ed, Vol. 2 – Porto Alegre, 2006.
IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. 6. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2003.
MORAES, Anamaria; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: Conceitos e Aplicações. 2. ed. Rio de Janeiro:
2AB, 2003.

15
Desenho do
projeto

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO


A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

MOTA, Fernando C. Prestes; VASCONCELOS, Isabella F. Gouveia de. Teoria Geral da Administração. 2.
ed. São Paulo: 2005.
Santos, Bruno Freire. UNIVERSIDADE DE COIMBRA – Departamento de Engenharia Informática. Disponível
em: <http://www.stefem.org.br/downloads/3499541a59e3f9db2e6c6ef68ceebf33.pdf>,. Aceso em 05 de julho de
2008.
Santos, Neri dos. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) - DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Disciplina Ergonomia e Segurança Industrial. Disponível
em: <http://www.esp.ufsc.br/regon/disciplinas/EPS5225/conteudo.htm>. Acesso em 28 de abril 2008.
STAIR, Ralph M.; REYNOLDS, George W. Princípios de Sistema de informações. Tradução 4. ed. São Paulo:
2006.

16

Você também pode gostar