REGIÃO.
RECURSO ORDINÁRIO, pedindo vênia para que mande juntar aos autos acima
referenciados, as suas razões em anexo.
O Reclamante reitera a manutenção dos benefícios da assistência judiciária por ser pessoa
pobre nos termos da lei, não podendo arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, tudo nos termos do artigo 4º da lei 1.060/50 e artigo 5º Inc. LXXIV da CF.
Termos em que,
Pede deferimento.
RAZÕES DO RECURSO
Egrégio Tribunal!
Doutos Julgadores!
Emérito Relator.
3 - ACUMULO DE FUNÇÃO
O MM. Juiz singular julgou improcedente o pleito referente ao acumulo de função, alegando
que não restou comprovado que o recorrente realizava serviços outros para os quais não fora contratado, entretanto,
tal decisão deverá ser modificada, vejamos:
Constata-se Nobres Julgadores que a MM. Juíza singular julgou improcedente o pedido
de desvio de função, baseando seu entendimento em dois pontos: primeiro na alegação de que o contrato de
trabalho do reclamante descreve que o mesmo poderá desempenhar qualquer função desde que compatível
com sua condição pessoal. E segundo, sob a alegação de que testemunha apresentada pelo reclamante narrou a
data do inicio do desvio diferente da alegada pelo reclamante em sua inicial.
Primeiramente, cumpre esclarecer aos nobres julgadores que o fato de constar no
contrato de trabalho de experiência do reclamante que este poderia desempenhar qualquer serviço
compatível com a sua condição pessoal, não significa que este poderia exercer qualquer tarefa função distinta
daquela para a qual foi contratado, mas sim, que poderia exercer tarefas compatíveis com suas condições de
conferente, ou seja, as demais funções que poderia realizar deveria ser compatíveis com a qualificação técnica e
o nível de responsabilidade do cargo deste trabalhador, que era conferente e não motorista de caminhão e
empilhadeira.
Diferente do que entendeu o MM. Juiz singular, a legislação veda as variações que alterem
qualitativamente e/ou se desviem, de modo sensível, dos serviços a cuja execução se obrigou o trabalhador; que era
exatamente o que ocorria com o Reclamante pois exercia claramente a função de motorista de caminhão e
empilhadeira, sem perceber remuneração mensal correspondente.
Quanto ao fato de que houve o desvio de função, é incontroverso nos autos, pois a própria
reclamada reconheceu em sua tese de defesa, ao afirmar ser verídicas as funções desenvolvidas pelo
reclamante descritas em sua inicial, fato este inclusive ratificado pela testemunha apresentada pelo reclamante.
Assim, a r. sentença de fls., deverá ser reformada em todos os seus termos, por ser de
justiça, determinado a condenação da Recorrida no pagamento do plus salarial.
O MM. Juiz singular entendeu ser improcedente o pedido de horas extras e seus reflexos,
alegando o seguinte:
“...Conquanto a empregadora não tenha apresentado o CAGED, para comprovar que empregava menos que 10
trabalhadores à época do contrato de trabalho do autor (Súmula 338, I, do Col. TST), entendo que, na espécie, o ônus
da prova pertence ao demandante.
Isso porque, o reclamante declinou jornada inverossímil na exordial (de segunda-feira a sábado, 13h às 24h, sem
intervalo intrajornada), não se podendo admitir que um homem médio se ative por 11h diárias em seis dias na semana
sem gozar de períodos para descanso e alimentação. Em casos tais, consoante jurisprudência deste Eg. Regional, deve
haver prova robusta a cargo do reclamante, uma vez que o ordinário se presume, mas o extraordinário deve ser
comprovado.”
Ocorre nobres julgadores, que a r. sentença deverá ser reforma, tendo em vista que vai
totalmente na contramão da nossa legislação pátria.
Nos termos do parágrafo 2º do artigo 74 da CLT, o empregador que contar com mais de dez
trabalhadores tem a obrigação de adotar controle de entrada e saída dos seus empregados, seja por meio de
registro manual, mecânico ou eletrônico. E, havendo reclamação trabalhista em que se discute extrapolação da
jornada, a empresa deve apresentar esses registros, sob pena de se presumir verdadeira a jornada alegada pelo
trabalhador. Esse é o teor da Súmula 338, I, do TST.
Trata-se de hipótese de prova tarifada, onde não é dado ao julgador dispensá-la e, a falta
destes documentos, tem-se como verdade processual os horários de trabalho indicados na petição inicial, vejamos
as jurisprudências:
HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE CARTÕES DE PONTO. Na forma do § 2º do art. 74, da CLT, está a
recorrente obrigada a manter os controles de frequência de todo o período do contrato de trabalho, correndo
o risco de condenação, como sucede no caso em tela, se de tal mister se descurou.
(TRT-1 - RO: 00012608420125010246 RJ, Relator: Monica Batista Vieira Puglia, Terceira Turma, Data de
Publicação: 06/09/2017)
Além do mais, Nobres Julgadores, a empresa ré não trouxe ao autos quaisquer documentos
que possam esclarecer o número de empregados existentes, não apresentando sequer testemunhas com este
objetivo e, não havendo prova de que a reclamada possui menos de dez empregados, cabia à empresa ré o ônus
da prova quanto à jornada cumprida pelo reclamante, do qual notadamente não se desincumbiu.
Assim, por tudo que ficou demonstrado e comprovado nos autos, deverá a r. sentença de fls,
ser modificada e consequentemente, julgado totalmente procedente as horas extras pleiteadas bem como seus
reflexos nas demais verbas
PELO EXPOSTO, requer aos Nobres Julgadores, após uma análise mais profunda das
provas constante dos autos, hajam por bem em conhecer do presente recurso e dar-lhe PROVIMENTO reformando
TOTALMENTE a r. sentença de primeiro grau, JULGANDO TOTALMENTE PROCEDENTE todos os pedidos
formulados pelo Reclamante em sua na inicial.