A4 CORREIO POPULAR
Campinas, sábado, 9 de abril de 2011
Cidades
Editores: Adriana Villar, Claudio Liza Junior, Jorge Massarolo, Marcia Marcon, Ricardo Alécio e Ricardo Brandt
BOTAFOGO ||| SOLUÇÕES
Centro comercial inicia revitalização
Grupo apresenta projeto de complexo de R$ 150 milhões para ocupar área da antiga rodoviária
Maria Teresa Costa
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
teresa@rac.com.br
Investidores deverão aportar
R$ 150 milhões na implanta-
ção do Centro Comercial An-
drade Neves, que será cons-
truído no terreno da antiga ro-
doviária de Campinas, no bair-
ro Botafogo, anunciou ontem
o presidente da Suave Comu-
nicação e Negócios, Itamar
Suave, que coordena o proje-
to comercial. Além da Cem
Empreendimentos, que adqui-
riu o terreno de propriedade
da Maternidade de Campinas,
estão envolvidos no negócio a
Suave e a União dos Investido-
res de Campinas Participação
Ltda. (Unic), que irá coorde-
nar o pool de investidores —
segundo Suave, mais quatro
empresas deverão participar
da incorporação e desenvolvi-
mento do empreendimento.
Pool de investidores
pretende financiar as
obras na Andrade Neves
O grupo apresentou on-
tem, na Câmara Municipal,
um pré-projeto da obra, que
será protocolado na segunda-
feira na Prefeitura. A apresen-
tação do estudo, no entanto,
não significa o fim dos impas-
ses que existem sobre a qua-
dra entre as avenidas Barão
de Itapura e Andrade Neves e
as ruas Marques de Três Rios
e Barão de Parnaíba. O estudo
levou em consideração toda a
quadra da antiga rodoviária,
de 12 mil metros quadrados,
embora o grupo de empresas
não tenha ainda adquirido 4,4
mil metros quadrados do ter-
reno, pertencentes a quatro
proprietários. Essas áreas es-
tão sendo negociadas. “Se não
conseguirmos comprar, então
iremos alterar o projeto”, dis-
se Suave.
O empreendimento prevê
três pavimentos no subsolo
SAIBA MAIS
A legislação de uso e ocupação do
solo da quadra onde estava a
antiga rodoviária foi alterada no
ano passado para permitir a
revitalização do local. Pela nova
lei, na quadra entre as ruas Barão
de Parnaíba, Marquês de Três
Rios, Barão de Itapura e Andrade
Neves será permitida a construção
de empreendimento único no
quarteirão, com taxa máxima de
ocupação de 75% e coeficiente de
aproveitamento de quatro vezes a
área do terreno original.
FISCALIZAÇÃO ||| PRÉDIO
Prefeitura cobra da ALL manutenção de barracão
Imóvel abandonado em frente à saída do terminal metropolitano serve de abrigo para assaltantes e usuários de drogas
Camila Ancona
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
camila.ancona@rac.com.br
O secretário municipal de
Cooperação nos Assuntos de
Segurança Pública, Carlos
Henrique Pinto, fiscalizou on-
tem à tarde o galpão abando-
nado da antiga Ferrovia Pau-
lista (Fepasa) que fica em fren-
te à saída do Terminal Metro-
politano Prefeito Magalhães
Teixeira, no Centro de Campi-
nas. O local é usado por usuá-
rios de drogas e assaltantes,
além de ter virado abrigo pa-
ra moradores de rua e motel
para alguns casais, como noti-
ciado anteontem pelo Cor-
reio.
O secretário afirmou que
notificou a América Latina Lo-
gística (ALL), empresa que
opera modais ferroviário e ro-
doviário, para realizar a devi-
da manutenção no local. “Já
notifiquei a ALL e reafirmo
O terreno onde ficava a antiga rodoviária, demolida no ano passado: projeto para a área é confirmado
para estacionamento, três pa-
vimentos para implantação
de um shopping e centro de
convenções e restaurantes e
mais quatro torres de seis an-
dares que serão erguidas em
cima do shopping para instala-
ção de hotel, clínicas, área cor-
porativa e salas comerciais. A
estimativa é de 80 mil metros
quadrados de construção.
Há a intenção também, co-
que o galpão é de responsabi-
lidade da empresa”, afirmou.
O secretário afirma que tem
documentos que provam que
o galpão ainda está sob a con-
cessão da empresa. A compa-
nhia, por meio de sua assesso-
ria de imprensa, reafirmou
que o prédio não está mais
sob a sua responsabilidade. O
armazém teria sido, segundo
a ALL, devolvido ao governo
federal em 2007.
A empresa afirma ainda
que havia interesse da Prefei-
tura de Campinas, na época,
de implantar o terminal rodo-
viário no local. A ALL assu-
miu a concessão das linhas
férreas do Estado de São Pau-
lo em 2006. A reportagem pro-
curou a Secretaria do Patrimô-
nio da União (SPU), do Minis-
tério do Planejamento, Orça-
mento e Gestão, mas não te-
ve retorno até o fechamento
desta edição.
No trajeto do terminal até
mo antecipou o Correio, de
adquirir imóveis no entorno
da antiga rodoviária para im-
plantar áreas complementa-
res ao centro comercial. Suave
disse, no entanto, que as nego-
ciações dos imóveis estão em
curso, mas a prioridade é re-
solver os impasses que ainda
existem sobre o terreno. A
maior dificuldade, segundo
ele, será resolver a negociação
Secretário Carlos Henrique Pinto, acompanhado por guardas municipais, vistoria galpão abandonado
a Estação Cultura, os usuários
do sistema de transportes pre-
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pelos telefones 3772-8116 e 3772-8162
Leandro Ferreira/AAN
sobre 2,1 mil metros quadra-
dos da Nehmy & Valin, desa-
propriada pela Prefeitura, mas
que ainda tem entraves jurídi-
cos. Essa parte da quadra abri-
gou durante muitos anos um
esqueleto de construção que
foi implodido no ano passa-
do. A empresa incorporadora
desse prédio, a Ercasa Em-
preendimentos Imobiliários
S.A., está na Justiça para rece-
cisam passar pelo antigo gal-
pão da ferrovia. As madeiras
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ber indenização pela demoli-
ção. “A Nehmy é dona do ter-
reno e nós somos incorpora-
dores e temos todo o interesse
em resolver esse impasse”,
afirmou o presidente da Erca-
sa, Eduardo Vilhena. Segundo
ele, o prédio demolido foi ava-
liado em R$ 4,5 milhões pela
Justiça.
Outro problema surgiu on-
tem na reunião da comissão
da Câmara que acompanha a
situação da Maternidade: há
pelo menos cinco pessoas
que adquiriram, em 1976, par-
te do prédio incorporado pela
Ercasa e que querem também
receber indenização. O verea-
dor Dario Saadi (DEM), presi-
dente da comissão, disse que
o direito dessas pessoas terá
que ser respeitado. “Durante
um tempo elas pagaram e
quando a obra foi paralisada,
deixaram de efetuar o paga-
mento, mas continuam tendo
direito de receber.”
Não foi divulgado o valor
da venda do terreno da Mater-
nidade. Segundo Suave, o mo-
tivo é evitar a especulação
imobiliária. “Assim que come-
çamos conversar com proprie-
tários das quadras no entorno
da rodoviária, o preço come-
çou a subir e, como temos
uma negociação em curso pa-
ra adquirir o restante do terre-
no da quadra da antiga rodo-
viária, é melhor evitar falar em
valores”, justificou.
O presidente da Maternida-
de, Carlos Alberto Cortes, in-
formou que a Cem Empreen-
dimentos já pagou o sinal do
terreno. Como a Prefeitura
rompeu o contrato de conces-
são que a Maternidade tinha
na exploração da rodoviária,
há o compromisso do municí-
pio em remunerar o hospital
pelo tempo que ainda teria na
administração do terminal. Al-
guns pagamentos foram feitos
e a dívida, segundo Cortes,
computando juros e correção,
estaria em torno de R$ 10 mi-
lhões. Uma alternativa para
pagar essa dívida seria a Prefei-
tura fazer dação em pagamen-
to, ou seja, pagar a dívida com
o terreno que ela desapro-
priou da Nehmy & Valin. “Es-
tamos apostando nesse acor-
do.”
Cortes disse também que
os proprietários dos demais
terrenos que estão dentro da
quadra da antiga rodoviária
têm disponibilidade para ne-
gociar. A Casa Ezequiel S.A. é
proprietária de 1,3 mil metros
quadrados e, segundo Cortes,
está disposta a participar do
empreendimento. O mesmo
ocorre com Carlos de Oliveira,
um dos proprietários de uma
área de 493 metros quadra-
dos.
Gustavo Tilio/Especial para a AAN
utilizadas para cercar as aber-
turas do galpão não foram su-
Terreno pode
ser dado para
saldar dívida
secretário de
O Negócios Jurídicos,
Antônio Caria
Neto, disse ontem que a
Prefeitura poderá
entregar à Maternidade o
terreno que desapropriou
dentro da quadra da
antiga rodoviária em
pagamento da dívida que
tem com o hospital, a
chamada dação em
pagamento, mas que
antes o hospital terá de
oferecer algumas
garantias. Por exemplo,
que o atendimento que
presta pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) não será
afetado e que o
empreendimento que
surgirá no terreno irá
revitalizar aquela região.
A Maternidade, informou,
terá que demonstrar as
vantagens para a
Administração da dação
em pagamento. Por
exemplo, que o
empreendimento irá
revitalizar aquela área.
“Havíamos acordado que
a Maternidade
participaria da
revitalização e que teria
um valor mensal para
sustentar o atendimento
SUS ao longo dos anos.
Mas isso, pelo jeito, caiu
por terra, porque o
hospital vendeu o terreno.
Precisamos ter certeza
que o atendimento às
gestantes e aos
recém-nascidos não será
afetado”, afirmou. Caria
disse que, assim que
receber o projeto, irá
analisar e levar ao prefeito
Hélio de Oliveria Santos
(PDT) para decisão.
O presidente da
Maternidade, Carlos
Alberto Cortes, disse que
garante a manutenção do
SUS e a UTI neonatal
durante sua gestão, que
termina em março de
2012. “Depois disso, não
posso dar garantias”,
afirmou. Segundo ele, a
instituição tem
expectativa de zerar o
déficit operacional (de R$
200 mil mensais) até a
metade do ano, e de que a
Prefeitura melhore a
remuneração dos serviços
prestados aos paciente
dos SUS. (MTC/AAN)
ficientes para evitar a degrada-
ção. Todas as janelas estão es-
touradas e dentro do prédio
— que ainda tem trilhos da li-
nha férrea — há muito entu-
lho, latas de cerveja, cobertor,
colchão, roupas, restos de
marmita, garrafas de pinga e
muitas caixas de fósforo utili-
zadas para drogas.
Mato
O novo terminal, gerenciado
pela Empresa Metropolitana
de Transportes Urbanos
(EMTU), que é anexo à nova
rodoviária de Campinas, con-
trasta com a degradação do
prédio. Ainda ao lado do ar-
mazém, há uma área com ma-
to alto que tem sido utilizada
por assaltantes, segundo dis-
seram alguns ambulantes. O
alambrado que cerca a área,
até a Estação Cultura, tam-
bém está todo quebrado e
tem favorecido a presença de
vendedores no local.