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Este livro será dividido em duas partes, sendo a primeira sobre a origem do
Bitcoin, no qual será explorado as tecnologias, os motivos da sua criação.
Abordaremos também o surgimento das altcoins2, como o Ethereum e modelos de
ICOs3, bem como será apresentado o Defi4 e outras aplicações da tecnologia. Na
segunda, falaremos sobre o bitcoin e criptoativos como investimentos, ou seja,
apresentar o que seriam os primeiros passos para quem quer investir, melhores
práticas, teses de investimento mais comuns e como são usados para composição
de portfólios e as métricas que são utilizadas para avaliá-los.
Mesmo que o seu interesse seja apenas investir, não deixe de entender a parte
conceitual que está na primeira parte deste livro. Sem a compreensão do tema, você
não conseguirá montar suas teses de investimento, e por vezes não conseguirá
separar um bom investimento de um mau investimento.
Conhecer bem o tema vai te ajudar também a evitar cair em golpes. Do tempo
que comecei a estudar o tema até hoje, já vi todos os tipos de golpes, de empresas
que “garantiam” lucro de 5% ao mês com arbitragem ou mineração (vamos entender
melhor o que é isso no livro), até empresas de fachada que vendiam consultoria em
investimentos em bitcoin. Quanto maior o desconhecimento, maior a possibilidade
para estes estelionatários. Foi esse tipo de desinformação que me motivou a escrever
este e-book, e se eu puder ajudar você a tomar boas decisões, me darei por satisfeito.
Afinal, o que é o Bitcoin? Uma commodity? Uma moeda? Ouro digital? Dinheiro da
internet? Internet do dinheiro? Vou propor três definições diferentes desse mesmo
protocolo. Apenas para contextualizar, permita-me fazer uma rápida distinção quando
eu usar Bitcoin (com a letra maiúscula) e bitcoin (com a letra minúscula) ou BTC. Ao
usar a letra maiúscula estarei me referindo ao sistema criado, ou seja, a própria rede.
Já, ao usar a letra minúscula ou a abreviação BTC será para descrever a unidade da
moeda.
Fonte: Bitnodes
No mapa acima, podemos ver um mapa de calor das regiões que possuem
“nós” rodando o programa do Bitcoin. Nós ou nodes, em inglês, são entidades, com
seus respectivos computadores, rodando o Bitcoin Client, o “programa do Bitcoin”.
Qualquer um pode usar e participar da rede. As instruções você encontra aqui:
https://bitcoin.org/en/posts/how-to-run-a-full-node
Cada nó possui uma cópia de toda a cadeia de blocos (blockchain) do Bitcoin.
À medida que são feitas novas transações, essas transações entram nos novos
blocos que vão sendo criados a cada dez minutos aproximadamente. Ou seja, os
blocos são a lista de todas as transações na rede do Bitcoin.
Logo, irá notar que a validação da transação precisa ter um “aceite” da rede
por um todo, o que significa dizer que não existe um computador que tem mais poder
que os demais. Não existe um órgão regulador, um ponto central dessa rede que
determina a validade das transações. A rede é distribuída e descentralizada, com
todos os nós colaborando em prol da sua segurança.
Fonte: Blockchain.com
i. Os principais componentes do bloco são:
À medida que novos mineradores vão entrando na rede, o sistema vai fazendo
ajustes automáticos na dificuldade de validar blocos com a manutenção da taxa de
emissão de novos blocos a cada 10 minutos. Ou seja, quanto maior o hashrate (poder
de mineração dos mineradores), mais complexas as soluções criptográficas que eles
têm que resolver e vice-versa. Isso obriga a rede a se manter constantemente
atualizada e mais potente, reforçando a sua segurança. Ao mesmo tempo, a política
monetária de emissão de novos blocos, e, portanto, novos bitcoins se mantém
constante.
Fonte: Glassnode.
A partir da apresentação sobre o que é Bitcoin e bitcoin, trataremos sobre algumas
características que o tornam revolucionário.
Duplo Gasto
Por se tratar de um ativo digital, como é possível garantir que não haja gasto
duplo, isto é, assim como nos arquivos de .mp3 em que você envia diversas cópias
para diversas pessoas de um mesmo arquivo e fica com o original, como evitar que
isso também ocorra com o bitcoin, ou seja, você envia o mesmo bitcoin para diversas
pessoas e não gasta efetivamente? Na economia tradicional, quem garante que o seu
dinheiro (que hoje é digital também, pois mais de 90% do Real não existe fisicamente)
não tenha gasto duplo são as instituições financeiras e os Bancos Centrais. No Bitcoin
é a rede descentralizada.
Descentralização
“I don’t believe we shall ever have a good money again before we take the thing
out of the hands of government, that is, we can’t take it violently out of the hands of
government, all we can do is by some sly roundabout way introduce something they
can’t stop” Friedrich Hayek 1984
“Não dá para negar que visões acerca do dinheiro são tão difíceis de
descrever quanto nuvens em movimento.” (Schumpeter 1994)
6 Fidúcia: palavra que vem do latim que significa confiança, em que se acredita boa-fé ou seja,
confiança de que o fiduciante deposita no fiduciário determinado valor. Assim, os Governos passam
a ser os fiduciários de valor das moedas.
Essa história pode ser contada também olhando as notas de dólares. Perceba
abaixo como muda o texto na parte inferior da nota de dez dólares. Inicialmente temos
a escrita “dez dólares em moedas de ouro pagável ao portador”:
Por que isso tudo é importante? Porque o bitcoin nasceu pra ser escasso, um
“Hard Money”, assim como o ouro. Veja abaixo como o banco central americano
expandiu a oferta monetária de dólares, e como isso se compara com a perda de
poder de compra do dólar.
E não estamos falando somente do dólar, observe todas as principais moedas
do mundo no século XX em relação ao ouro. Perceba o quanto 1971, a data de saída
do acordo de Bretton Woods, foi relevante.
“O dinheiro fácil de produzir não é dinheiro, e o dinheiro fácil não enriquece a
sociedade; pelo contrário, torna-a mais pobre ao colocar toda a sua riqueza
arduamente ganha à venda em troca de algo fácil de produzir.” Saifedean
Ammous, The Bitcoin Standard: The Decentralized Alternative to Central Banking
No gráfico abaixo, extraído do artigo “The Bullish Case for Bitcoin” de Vijay
Boyapati, podemos entender como funciona a inflação do Bitcoin. Costumamos dizer
que o Bitcoin é desinflacionário, pois, com o passar do tempo, a emissão vai
diminuindo. Isso é diferente de dizer que ele é “deflacionário” que é um erro conceitual
frequentemente cometido por Bitcoiners, pois o Bitcoin não produz deflação8.
7 Bailout aos bancos: significa uma ajuda financeira, isto é, uma injeção de liquidez dada geralmente
pelo Governo às entidades financeiras pré falidas ou falidas para cumprimento dos seus
compromissos.
8 https://medium.com/the-bitcoin-times/stop-calling-bitcoin-deflationary-84462cb90345
Fonte: Vijay Boyapati.
Para quem lembra das aulas de microeconomia, um bem com oferta inelástica
e escassa, com uma demanda elástica e crescente, só pode resultar em aumentos
de preços ao longo do tempo.
Fonte: Pantera Capital.
Por tudo isso, o BTC tem uma conotação libertária muito grande principalmente
para os seus “early adopters”. Uma possibilidade de liberdade do sistema financeiro
dos bancos centrais que tanto privilegia uma minoria.
Por isso também, o Bitcoin é chamado de ouro digital. Alguns acreditam que o
BTC possa ser até melhor como ouro por ter propriedades como:
i. Cada vez mais mineradores vão sendo plugados à rede e, com isso, a
dificuldade de hackear fica mais difícil.
ii. Cada vez mais blocos vão sendo minerados e, com isso, a cadeia vai ficando
mais e mais robusta.
iii. Lindy effect9 (Efeito Lindy)– quanto mais tempo uma tecnologia existe, maior
a sua expectativa futura de vida. Isto é, podemos ver abaixo as semelhanças entre
as curvas de adoção do Bitcoin com a adoção da internet.
Fonte: Wikipédia.
Um outro caso de uso do Bitcoin que tem se tornado cada vez mais comum e
é mais tangível aos olhos do observador, é o uso do itcoin para remessas de dinheiro.
Atualmente, consegue-se enviar bilhões de dólares para o outro lado do mundo em
menos de uma hora pagando dezenas de dólares. A tecnologia é tão superior ao
sistema de remessas e compensações utilizado atualmente entre bancos, o SWIFT,
que este caso de uso do Bitcoin foi um dos mais rápidos a se desenvolver.
Ainda de acordo com a gestora Ark, o Bitcoin deveria atingir uma capitalização
de mercado acima de U$ 1 Trilhão caso se torne a principal rede de compensação
mundial.
A criptomoeda
do futuro.
Quero participar
Disclaimer: Lucros passados não são garantia de retornos futuros. Invista com responsabilidade. Para
minimizar os riscos, opte por uma carteira diversificada. O mercado de criptomoedas é volátil, não
recomendamos que você coloque todo seu dinheiro em um único ativo.