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Introdução Ao Direito Constitucional - Módulo I
Introdução Ao Direito Constitucional - Módulo I
Introdução Ao Direito Constitucional - Módulo I
Essa definição ainda é satisfatória nos dias atuais? Isto é: podemos dizer que o
Direito se divide em dois grandes ramos, público e privado, e que o Direito
Constitucional pertence àquele primeiro ramo, isoladamente?
Essa clássica divisão do direito, ora atribuída aos romanos, ora associada ao
jurista francês Jean Domat, enxergava uma distinção entre leis civis e leis
públicas. Estas cuidavam dos assuntos estatais, enquanto aquelas tratavam de
matérias da vida privada, como as regras contratuais, a capacidade civil e o
direito de família. O Direito Civil era a “Constituição Privada”, e regulava a vida
do indivíduo sob o ponto de vista de seu patrimônio.
Levando-se em conta esse novo quadro jurídico e social, que será detalhado
mais adiante, o Direito Constitucional ocupa, hoje, o centro do ordenamento
jurídico, e o influencia por completo, tanto na esfera privada quanto na pública.
Ele é filtro de todo o sistema jurídico e tem, no princípio da dignidade da
pessoa humana, o seu principal valor.
a) VISÃO TRADICIONAL
Pág. 4 - Direito Constitucional: antes e depois
b) VISÃO CONTEMPORÂNEA
Pág. 5 - Exemplo
Para exemplificar: na relação Estado-particular, o direito fundamental da
igualdade ou isonomia nos diz que as regras do concurso público têm que ser
iguais para todos. Mas esse princípio deve ser seguido na relação particular-
particular? Por exemplo, uma empresa deve seguir o princípio da igualdade na
hora da contratação ou da demissão de um empregado?
a) EFICÁCIA VERTICAL
b) EFICÁCIA HORIZONTAL
Gomes Canotilho
Essas questões nos levam a pensar, sem dúvida, num fenômeno chamado
constitucionalismo. E, aqui, é preciso ressaltar que ele não possui um sentido
único nem universal. Como aponta Gomes Canotilho, é melhor dizer que
existiram – e existem – movimentos constitucionais ao longo da história. O que
se passou na Inglaterra não se reproduziu nos Estados Unidos da América,
nem tampouco na França. Da mesma maneira, o Brasil teve sua própria versão
de constitucionalismo.
Pág. 8 - O Constitucionalismo
Pág. 9 - Importância
Esse modelo foi colocado em xeque no fim do século XIX e começo do século
XX, pois a autorregulação do mercado não permitiu o enriquecimento de todos.
Na verdade, gerou concentração de renda e grande exclusão social. Direitos
básicos, como saúde, trabalho e educação, não faziam parte da vida da
maioria das pessoas.
Pág. 11 - Influências
Pág. 12 - Marcos
Atenção
Histórico do
Constitucionalismo Exemplos
Qual decisão deve prevalecer? Marcelo Neves defende que não se deve impor
uma ou outra decisão, mesmo porque esses órgãos não possuem grau de
hierarquia entre eles. Deve-se buscar a orientação socialmente mais
adequada. É preciso que haja um diálogo entre as Cortes Constitucionais para
se definir o caminho a ser tomado.
Para encerrar esta unidade, veja mais alguns exemplos e conheça mais um
pouco deste tema assistindo à seguinte entrevista dada pelo professor, que
aborda, também, os assuntos da ponderação de princípios e do controle do
Judiciário:
Vídeo 1/3
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=XFi9UcjGmAw
Vídeo 2/3
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=G-pHlVQURsY
Vídeo 3/3
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=UtYwOTj5cUA
Pág. 1 - Introdução
Por isso, este curso não esgotará o tema. Na verdade, temos o interesse de
despertar a curiosidade do estudante para que ele possa, posteriormente,
buscar mais informações e realizar novas pesquisas.
Apesar de alguns juristas considerarem a EC nº. 1/69 como mais uma carta
constitucional brasileira, analisaremos seu texto em conjunto com a
Constituição de 1967. Reconhecemos o caráter “revolucionário” do diploma e
trataremos desse tópico na Unidade 4.
Banco do Brasil
A Constituição de 1824 foi a que por mais tempo vigorou em nosso país: 65
anos. Ela é fruto de acontecimentos que se iniciam com a vinda da Família
Real Portuguesa, no ano de 1808. Devido à ocupação das terras portuguesas
pelas tropas napoleônicas, a monarquia teve que se retirar de Portugal,
estabelecendo-se no Brasil, ainda colônia.
Além disso, foi assinado o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas,
em cumprimento ao apoio dado pelos ingleses aos portugueses na viagem até
o Brasil. Ele marcou o fim do pacto colonial e trouxe vários privilégios aos
britânicos, que poderiam negociar diretamente com o Brasil, sem ter que
passar pelas alfândegas de Portugal.
Assim, D. João VI retorna a Portugal, mas deixa no Brasil seu filho, D. Pedro de
Alcântara, na condição de Príncipe Regente.
Uma vez que a maioria dos proprietários de terra era brasileira, os portugueses
seriam excluídos do poder, tanto como eleitores quanto como representantes.
Vendo essa jogada jurídica dos liberais, o imperador dissolveu a Assembleia
(esse episódio ficou conhecido como “Noite da Agonia”, que aconteceu do dia
11 para o dia 12 de novembro de 1823) e nomeou somente portugueses para
redigir a Constituição, que seria imposta ou outorgada em 25 de março de
1824.
Clique em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/a-longa-
noite-da-agonia para saber o que foi a "Noite da Agonia"
Pág. 6 - Províncias
No entanto, essa tentativa não foi bem sucedida, tendo sido totalmente
extirpada com a Lei nº. 105 de 1840, que interpretou as modificações trazidas
pela Lei 16/1834. Aliás, a referida lei ficou conhecida como “Lei de
Interpretação”.
Estava regulado nos arts. 98, 99, 100 e 101. Veja o que diz, com a grafia da
época, o art. 98:
Pág. 11 - República
O Poder Judiciário, por sua vez, passou a ter um órgão máximo independente,
o Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro detalhe importante é que, com a Constituição de 1891, não havia mais
religião oficial no Brasil. O País, agora, era laico, leigo ou não confessional. Em
virtude disso, algumas práticas mudaram: era proibido o ensino religioso nas
escolas públicas; os cemitérios eram administrados pela autoridade municipal e
não mais pela Igreja; não existia mais o padroado (direito de o imperador
intervir nas nomeações de bispos e de alguns cargos eclesiásticos), bem como
o recurso à Coroa para atacar as decisões dos Tribunais Eclesiásticos. Houve,
portanto, a separação total entre Igreja e Estado.
Para encerrar esta unidade, assista aos vídeos do professor Boris Fausto, que
faz alguns comentários sobre esse momento histórico no Brasil:
Vídeo 1/3
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=mWbZdmQcSz
Y
Vídeo 2/3
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=zk4DQae6JFg
Vídeo 3/3
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=75Qd7IB2hkg
Constituição de 1934
Pág. 3 - Eleições
Diante desse quadro, a nossa terceira Constituição teve grande ênfase social,
sofrendo influências da Constituição Alemã de 1919 (Constituição de Weimar),
que também possuía a mesma preocupação. A Carta de 1934 marca uma
importante transição do nosso constitucionalismo, que passa a garantir os
direitos sociais ou direitos de segunda geração, como por exemplo os direitos
trabalhistas, o direito à saúde e à educação e o direito de greve. Além, é claro,
dos já consagrados direitos de primeira geração (direitos civis e políticos:
liberdade, igualdade perante a lei, direito à vida e à propriedade).
Pág. 5 - Estado Social de Direito
Continuamos a ser um país laico, sem religião oficial, mas esta característica
foi amenizada, visto que a Constituição de 1891 havia sido muito severa sobre
o tema. Dessa maneira, o casamento religioso voltou a produzir efeitos civis, e
o ensino religioso em escolas públicas se tornou facultativo.
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=SGsxqNxlS_E
PLANO COHEN - A matéria a seguir conta que, na verdade, o Plano Cohen foi
uma fraude para tentar manter Getúlio Vargas no poder. Vale a pena lê-lo.
Clique em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/plano-cohen-
uma-fraude-para-manter-vargas-no-governo.htm para ler o PLANO COHEN
Apesar de ter estabelecido em seu art. 187 que seria submetida a plebiscito
nacional, isso nunca aconteceu. Sua característica principal foi o autoritarismo,
tendo sido fechado o Parlamento, e o Judiciário passou a ser controlado pelo
Executivo.
Para se ter uma ideia, o art. 170 da Carta de 1937 dispôs que “durante o
estado de emergência ou o estado de guerra, dos atos praticados em virtude
deles não poderão conhecer os Juízes e Tribunais”. Isso equivalia a dizer que
por mais atrozes que fossem as condutas de militares, o cidadão não poderia
levar isso ao conhecimento de nenhum juiz. Vivíamos numa tripartição apenas
“formal” dos Poderes, pois na prática apenas o Poder Executivo comandava o
País.
No entanto, a área mais afetada foi a dos direitos fundamentais. Veja algumas
dessas modificações:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=OseApZU_TX4
Porém, com o início da 2ª Guerra Mundial, o Brasil declarou guerra aos países
do “Eixo” (a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Japão), combatendo, assim,
do lado dos “Aliados” (EUA, URSS, China, França e Inglaterra).
Tendo perdido apoio e entrado em crise política, Getúlio Vargas se viu obrigado
a convocar eleições para a Presidência do Brasil. Por meio da Lei
Constitucional nº. 9, de 1945, ele o faz e começa a corrida das eleições.
O Executivo passou a ser exercido pelo Presidente do STF, José Linhares, até
que o General Gaspar Dutra foi eleito para chefiar o país, a partir de 1946.
Antes disso, a Lei Constitucional nº. 13, de 1945, atribuiu poderes constituintes
ao Parlamento, para que este elaborasse outra constituição.
Dessa forma, João Goulart voltou a ocupar a chefia do Poder Executivo, sob o
sistema presidencialista, e, por ter um viés populista, coordenou as “Reformas
de base”. Nessas reformas, o presidente Jango permitiu que os analfabetos
votassem, iniciou a reforma agrária, limitou a remessa de capital ao exterior e
deu grande incentivo à educação.
Síntese
Embora conste que o texto foi promulgado, é bom frisar para o estudante que
ele foi imposto unilateralmente pelo regime militar. Houve apenas as
formalidades de votação, aprovação e promulgação. Na verdade, o Parlamento
estava ali para atender aos interesses do “Comando da Revolução”.
A Tripartição dos Poderes também não existiu na prática, pois o Executivo foi
extremamente fortalecido, esvaziando a competência dos demais Poderes. O
Presidente governava mediante a edição de Decretos-Lei, fazendo do
parlamento um mero coadjuvante. Some-se a isso o fato de que as eleições
presidenciais eram indiretas e se davam pelo Colégio Eleitoral.
Pág. 6 - AI-5
Mas foi com o AI-5 que a Ditadura deixou seu maior “legado”, ao restringir,
violentamente, os direitos fundamentais do indivíduo. Por ele, o Presidente
poderia decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembleias
Legislativas e das Câmaras dos Vereadores, sendo que, nesse período, ele
assumiria as funções desses órgãos.
Conforme o art. 10 do Ato, a garantia de habeas corpus foi suspensa nos casos
de crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e
a economia popular. E, de forma mais autoritária, excluiu da apreciação judicial
os atos praticados em acordo com seus comandos.
Num golpe dentro do golpe, os militares assumem o poder. Eles editam o AI-
12, que permite a uma “Junta de Militares” governar o país enquanto Costa e
Silva estivesse afastado por motivos de saúde. Em seguida, editam a EC nº
1/69, acrescentando alguns pontos importantes na CF/67. Vejamos alguns
detalhes dessa “Emenda”.
Pág. 11 - Diretas já
Também como passo rumo à democratização, podemos citar o
estabelecimento de eleições diretas para governador dos Estados e o
movimento “Diretas Já”, que pretendia tornar diretas as eleições para
Presidente da República. A Proposta de Emenda Constitucional nº. 5/83 –
“PEC Dante de Oliveira”, como ficou chamada – encabeçou essa tentativa.
Todavia, mesmo tendo imenso apoio popular, ela foi rejeitada.
Vídeos
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jMe7KqlJG5k
Nas eleições indiretas de 1985, Tancredo Neves é eleito o primeiro civil depois
de um longo período de governo só de militares. Suas promessas eram de
estabelecer a “Nova República”, baseada num governo democrático.
Porém, ele adoeceu e faleceu, não chegando a tomar posse como presidente.
Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, José Sarney, que também era civil.
Ele cumpriu a promessa de Tancredo e instituiu uma Comissão de Notáveis
(Comissão Afonso Arinos), para elaborar um anteprojeto de Constituição.
Pág. 13 - Redemocratização
Clique em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
para abrir a Constituição Federal e confira a íntegra dos arts. 20 a 23.
Continuamos a ser um país laico, sem religião oficial, e ter a capital do país em
Brasília. A redemocratização trouxe de volta a tripartição real dos Poderes,
que, conforme o art. 2º, são independentes e harmônicos entre si. No âmbito
do Poder Judiciário, criou-se o Superior Tribunal de Justiça (STJ), competente
para uniformizar o entendimento dos magistrados no tocante às ações que se
fundamentem em lei federal. Dessa forma, O STF passou a cuidar das
matérias estritamente constitucionais.
Pág. 14 - Direitos fundamentais do indivíduo
Enfim, não podemos deixar de anotar que foi com a “Constituição Cidadã” que
os direitos fundamentais do indivíduo foram consolidados em nosso
ordenamento. Alguns até de forma inédita, como, por exemplo, o fato de o
racismo e a tortura terem se tornado crimes inafiançáveis; e a possibilidade de
impetrar habeas data “para assegurar o conhecimento de informações relativas
à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público” ou “para a retificação de
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo” (art. 5, inciso LXXII).
O tema dos direitos fundamentais será analisado com mais detalhes no Módulo
3. Por ora, devemos ter em mente que a CF/88 representou uma quebra de
paradigma com o sistema anterior (CF/67), pois alçou os direitos fundamentais
como centro do ordenamento jurídico, tendo a dignidade da pessoa humana
como um dos fundamentos do Estado brasileiro.
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.