Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2009;27(2):163-6
Resumo
Introdução – Este estudo teve como objetivo avaliar o crescimento da base do crânio e do corpo
cervicais. Materiais e Métodos – A amostra foi composta por 105 radiografias cefalométricas late-
da mandíbula nos estágios de aceleração, transição e desaceleração da maturação das vértebras
rais, de 36 indivíduos de ambos os sexos (20 do sexo feminino e 16 do sexo masculino), os quais
foram acompanhados radiograficamente por um período médio de cinco anos no Curso de Odon-
tologia da Universidade Paulista. Para a avaliação do comprimento total da base do crânio, foi uti-
lizada a medida Ba-Na; para a base do crânio anterior, foi utilizada a medida CC-Na; e para base
dida A-VPt , que compreende a mensuração do ponto A à linha pterigóidea vertical. Resultados –
do crânio posterior, a medida CF-Po. Para a avaliação do crescimento da maxila foi utilizado a me-
Após a realização dos testes estatísticos, foram encontradas diferenças em todos os estágios de
maturação para as medidas do comprimento total da base do crânio, enquanto que a base do crâ-
nio posterior apresentou diferenças significativas somente entre as fases de aceleração e transição.
A maxila apresentou medidas significativas entre os períodos de aceleração e transição, enquanto
Abstract
Introduction – The aim of this study is to evaluate the growth of cranial base and the maxilla in the
stages of acceleration, transition and deceleration of cervical vertebrae. Materials and Methods – The
sample was composed by lateral cephalometric radiographs from 36 subjects (20 females, 16
males), which was followed-up by a period of 5 years in Dentistry Course of University Paulista. For
the evaluation of the total length, anterior and posterior regions of the cranial base, was used the
length of maxilla. Results – It was found significant growth in all the stages for total cranial base
measures Ba-Na, CC-Na and CF-Po. For maxilla was used the measure A-VPt, to measure the total
measure, while for anterior and posterior cranial base measures were found significant growth only
the periods of acceleration and transition. Conclusion – The maxillary growth and the cranial base
between the stages of accelerations and transition. The maxilla showed significant values between
growth, during the puberty, showed significant increase in all the evaluated periods. The maxilla
and the anterior and posterior cranial base showed a significant growth in the same periods.
Key words: Skull base/growth & development; Maxilla/growth & development; Cervical verte-
brae; Puberty; Growth
* Ortodontista. Mestre em Odontologia na área de Ortodontia pela Universidade Paulista (UNIP). E-mail: lucianabrao@yahoo.com.br
** Professor(a) Doutor(a) do Departamento de Ortodontia e Ortopedia Facial da UNIP.
164
Malta LA, Faltin Junior K, Ortolani CLF. Avaliação do crescimento da base do crânio e da maxila durante o crescimento puberal. Rev Inst Ciênc
Saúde. 2009;27(2):163-6.
165
Tabela 1. Estatística descritiva das medidas da base do crânio Tabela 3. Estatística descritiva da medida da maxila nos pe-
nos períodos de maturação das vértebras cervicais ríodos de maturação das vértebras cervicais
Estágio de maturação das vértebras cervicais Estágio de maturação das vértebras cervicais
Medidas Aceleração Transição Desaceleração Medida Aceleração Transição Desaceleração
Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Ba-Na 9,83 0,30 10,19 0,34 10,47 0,38 A-VPt 4,73 0,35 4,99 0,34 5,22 0,39
Tabela 2. Diferença entre as médias (P<0.05 = significativa e crânio total, anterior, posterior nos períodos de
P> 0.05 não significativa) das medidas da base do aceleração (A), transição (T) e desaceleração (D) da
crânio total, anterior, posterior nos períodos de maturação das vértebras cervicais
aceleração (A), transição (T) e desaceleração (D) da
maturação das vértebras cervicais Periodo de maturação
Aceleração- Aceleração- Transição-
Periodo de maturação Medida Transição Desaceleração Desaceleração
Aceleração- Aceleração- Transição- Média Valor P Média Valor P Média Valor P
Medidas Transição Desaceleração Desaceleração
Média Valor P Média Valor P Média Valor P
A-VPt 0,25 P<0.05* 0,50 P<0.05* 0,24 P>0.05
Ba-Na 0,36 P<0.05* 0,64 P<0.05* 0,28 P<0.05* primento total da base do crânio foi observado cresci-
CC-Na 0,26 P<0.05* 0,34 P<0.05* 0,17 P>0.05 mento significativo em todos os períodos.
CF-Po 0,27 P<0.05* 0,44 P<0.05* 0,17 P>0.05 Kasai et al.6 (1995) defenderam a que base do crânio
influencia o crescimento maxilofacial. Investigaram a re-
para a avaliação do comprimento da total da maxila du- lação entre a base do crânio e a morfologia craniofacial de
rante os períodos de maturação das vértebras cervicais. 46 crânios de japoneses que constituíam amostras de
A diferença das médias entre os períodos de matura- más oclusões de Classes I e II. Uma análise dos principais
ção das vértebras cervicais foram analisadas e os resul- componentes de medidas lineares e angulares mostrou
tados encontram-se na Tabela 4. que a base do crânio anterior e posterior, bem como seu
Ao avaliar as diferenças das médias, conclui-se que a ângulo, podem influenciar o crescimento da mandíbula e
maxila cresce durante todos os períodos da maturação, da maxila de diferentes maneiras, sendo a maxila mais
porém este crescimento foi significativo entre os períodos afetada pela região anterior, e a mandíbula, pelas regiões
de aceleração e transição. média e posterior da base do crânio. Em síntese, o tama-
Discussão
nho e a forma da base do crânio estavam relacionados ao
crescimento facial, à inclinação da maxila e a ambos os
prognatismos, maxilar e mandibular.
Durante o crescimento, a maxila desloca no sentido ân- Mitani15 (1973) avaliou os efeitos do crescimento no
tero-inferior. Há depósito ósseo na superfície posterior da desenvolvimento craniofacial na puberdade, especial-
tuberosidade maxilar, aumentando o comprimento do arco mente na quantidade, proporção e tempo. Por meio dos
dentário assim como a dimensão ântero-posterior da ma- traçados radiográficos, concluiu-se que o padrão de cres-
cimento para região posterior da base do crânio e a ca-
xila, para acomodar a erupção dos dentes posteriores. A
beça da mandíbula foi estatisticamente significativo entre
maxila se desloca para baixo e para frente também devido
os dois sexos; o crescimento da região posterior da base
ao crescimento da base do crânio por meio da aposição
óssea nas suturas e sincondroses8.
do crânio não é completamente dependente do cresci-
mento do cérebro; o crescimento da base do crânio coin-
Devido esta relação direta que a maxila encontra-se cide com o surto das bases ósseas, porém o crescimento
com a base do crânio, este estudo avaliou o crescimento da região posterior pode variar durante a vida; o cresci-
da base do crânio e da maxila durante o crescimento pu- mento total da região posterior da base foi menor para os
beral a fim de relacionar suas épocas de crescimento. indivíduos do sexo feminino, mas em 60% dos casos
Ao avaliar a quantidade de crescimento da maxila du- coincidiu seu crescimento com o crescimento da maxila.
rante a puberdade, nos períodos que antecede, durante e Embora tenha-se encontrado alguns indivíduos que
depois do surto de crescimento puberal, nota-se que a ma- apresentaram crescimento da maxila em épocas mais
xila não acompanhou o período de pico de crescimento dos tardias, a maioria da amostra apresentou picos de cres-
demais ossos do corpo. Seu maior incremento na sua ex- cimento logo no início da curva de crescimento puberal.
tensão ocorreu entre os períodos de aceleração e transição, Este resultado é importante, principalmente quando é ne-
enquanto que durante o período de transição e desacele- cessário realizar tratamentos ortopédicos em pacientes
ração foi encontrado crescimento, mas não significativo. com má oclusão de Classe II, onde é necessário intervir
Este mesmo resultado que mostra a falta de interação da e redirecionar o crescimento da maxila.
época de pico de crescimento da maxila com o restante Portanto, a maxila e a base do crânio apresentaram
dos ossos do corpo, foi encontrado por O’Reilly21 (1979). épocas semelhantes de crescimento significativo durante
Ao avaliar o crescimento da base do crânio, observa- a puberdade. Esta semelhança se deve principalmente à
se que a maxila acompanhou o surto de crescimento da estreita relação que a maxila e os ossos que formam a
região anterior e da posterior. Quando avaliou-se o com- base do crânio apresentam entre si.
Malta LA, Faltin Junior K, Ortolani CLF. Avaliação do crescimento da base do crânio e da maxila durante o crescimento puberal. Rev Inst Ciênc
Saúde. 2009;27(2):163-6.
166
Referências
1. Arat M, Koklu A, Ozdiler E, Rubenduz M, Erdogan B. Craniofacial 13. Iseri H, Solow B. Average surface remodeling of the maxillary base and
growth and skeletal maturation: a mixed longitudinal study. Eur J Orthod. the orbital floor in female subjects from 8 to 25 years. An implant study.
2001;23:355-61. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;107:48-57.
2. Bambha JK. Longitudinal cephalometric roentgenographic study of face 14. Kasai K, Moro T, Kanazawa E, Iwasawa T. Relationship between cranial
and cranium in relation to body height. J Am Dent Assoc. 1961;63:776- base and maxillofacial morphology. Eur J Orthod. 1995;17:403-10.
99. 15. Mitani H. Contributions of the posterior cranial base and mandibular con-
3. Bergersen EO. The male adolescent facial growth spurt: its prediction and dyles to facial depth and height during puberty. Angle Orthod. 1973;43:
relation to skeletal maturation. Angle Orthod. 1972;42:319-38. 337-43.
4. Bjork A. Timing of interceptive orthodontic measures based on stages of 16. Moore RN, Moyer BA, DuBois LM. Skeletal maturation and craniofacial
maturation. Trans Eur Orthod Soc. 1972:61-74. growth. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990;98:33-40.
5. Braun S, Rudman RT, Murdoch HJ, Hicken S, Kittleson R, Ferguson DJ. 17. Nanda RS. The rates of growth of several facial components measured
C-axis: a growth vector for the maxilla. Angle Orthod. 1999;69:539-42. from serial cephalometric roentgenograms. Am J Orthod. 1955;41:658-
6. Brodie AG. The behavior of cranial base and its components as revealed 75.
by serial cephalometric roentgenograms. Angle Orthod. 1955;2:148-60. 18. Nanda RS, Ghosh J. Longitudinal growth changes in the sagittal rela-
7. Doppel DM, Damon WM, Joondeph DR, Little RM. An investigation of tionship of maxilla and mandible. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
maxillary superimposition techniques using metallic implants. Am J Ort- 1995;107:79-90.
hod Dentofacial Orthop. 1994;105:161-8. 19. Nanda SK. Differential growth of the female face in the anteroposterior
8. Enlow D, Hans M. Essentials of facial growth 2nd ed. Ann Arbor, MI: dimension. Angle Orthod. 1992;62:23-34.
Needham Press; 2008. 20. Ochoa BK, Nanda RS. Comparison of maxillary and mandibular growth.
9. Franchi L, Baccetti T, McNamara JA Jr. Mandibular growth as related to Am J Orthod Dentofacial Orthop 2004;125:148-59.
cervical vertebral maturation and body height. Am J Orthod Dentofacial 21. O’Reilly MT. A longitudinal growth study: maxillary length at puberty in
Orthop. 2000;118:335-340. females. Angle Orthod. 1979;49:234-8.
10. Hassel B, Farman AG. Skeletal maturation evaluation using cervical 22. Proffit WR, Fields HW Jr. Contemporary orthodontics. St Louis: Mosby;
vertebrae. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;107:58-66. 2007.
11. Hopkin GB, Houston WJB, James GA. The cranial base as an etiologi- 23. Silveira AM, Fishman LS, Subtelny JD, Kassebaum DK. Facial growth
cal factor in malocclusion. Angle Orthod. 1968;38:250-5. during adolescence in early, average and late maturers. Angle Orthod.
12. Hunter CJ. The correlation of facial growth with body height and skele- 1992;62:185-90.
tal maturation at adolescence. Angle Orthod. 1966;36:44-54. 24. Siqueira VCV, Martins DR, Canuto CE, Janson GRP. O emprego das ra-
diografias da mão e punho no diagnóstico ortodôntico. Rev Dent Press
Ortodon Ortop. 1999;4(3):20-9.
Recebido em 12/12/2008
Aceito em 20/3/2009
Malta LA, Faltin Junior K, Ortolani CLF. Avaliação do crescimento da base do crânio e da maxila durante o crescimento puberal. Rev Inst Ciênc
Saúde. 2009;27(2):163-6.