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Dayane Carolyne Rocha¹, Gabriel Pantaroto Zito¹, Gustavo Scala Sartori¹, Fabricias Dias da Cunha
de Moraes Fernandes².
1- Discente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE). 2- Arquiteta e Urbanista, Mestre
em Arquitetura e Urbanismo, Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE)
RESUMO
No artigo, é mostrado todo o caminho projetual do arquiteto Oscar Niemeyer, com base em suas
principais obras localizadas em Brasília, a principal obra de estudo do artigo é a Catedral
Metropolitana de Brasília. Com base nos estudos, foram levantados dados suficientes para que
possamos entender como o arquiteto disseminou seus ideais construtivistas modernistas nos
edifícios públicos e religiosos após a década de 50. Ainda finalizando com os métodos construtivos
que o próprio arquiteto desenvolver para poder colocar de pé suas obras em Brasília, trazendo
austeridade e simplicidade em suas obras, tomando como base de estudo projetual do arquiteto,
foi feito o estudo de mais três obras pertinentes, chamadas Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto
e Congresso Nacional.
Palavras-chave: Arquitetura modernista, Construções inovadoras, Arquitetura em Brasília.
STUDIES ON THE ARCHITECTURE OF OSCAR NIEMEYER IN BRASÍLIA
ABSTRACT
In the article, the entire project path of the architect Oscar Niemeyer is shown, based on his main
works located in Brasilia, the main work of study of the article is the Metropolitan Cathedral of
Brasilia. Based on the studies, enough data was collected so that we can understand how the
architect disseminated his modernist constructivist ideals in public and religious buildings after the
1950s. In Brasília, bringing austerity and simplicity in his works, based on the architect's design
study, the study of three more pertinent works, called Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto and
Congresso Nacional, was carried out.
Keywords: Modernist architecture, Innovative constructions, Architecture in Brasilia.
Introdução
No presente artigo, buscamos estudar e entender como a arquitetura modernista se
desenvolveu pelas mãos do arquiteto Oscar Niemeyer, em foco do estudo, foram analisadas obras
localizadas na capital do Brasil, em Brasília, sendo uma fase chamada de maturidade, da
arquitetura propagada pelo arquiteto. Ainda nesse contexto, buscamos informações que nos
levam a decifrar os conceitos usados pelo arquiteto para desenvolver os edifícios públicos e
religiosos, partindo do ponto inicial de sua carreira como arquiteto, e todas as influências sofridas
pelos arquitetos Lúcio Costa e Le Corbusier, que ajudaram a formar a personalidade construtiva
de Oscar Niemeyer.
“Queria igreja em um bloco uniforme, simples e puro. Um objeto de arte. Por isso, rebaixei a nave,
criando a galeria subterrânea com a rampa de acesso, uma solução adotada também para as
ligações do batistério, da sacristia e do presbitério.” Oscar Niemeyer, Texto e desenhos de Oscar
Niemeyer – Raízes do Memorial Niemeyer 90 anos
Biografia
Por toda sua carreira podemos analisar cinco fases que mais se destacaram em sua arquitetura,
a primeira, foi onde o arquiteto sofreu influências de Lúcio Costa e Le Corbusier, por volta da década
de 30, utilizando formas lineares e racionais, junto com o uso de concreto em seus projetos. A
segunda fase, após os anos 40, ele traz em sua arquitetura mais curvas, junto com leveza e
suavidade. Sua terceira fase, nos anos 50, é marcada pelo uso de pilotis, explorando alturas
diferentes, e linhas mais arrojadas. Sua quarta fase, dura até os anos 70, nesse período o arquiteto
foi exilado fora do país, ganhando prêmios na Europa por sua arquitetura inovadora. Sua quinta e
última fase é marcada pela volta ao Brasil, e com a criação de edifícios que ressaltam a leveza, com
curvas, alturas diferentes com harmonia com seu entorno, uma arquitetura voltada para a
construção de edifícios públicos e culturais,
O arquiteto também ficou muito conhecido por suas obras em brasílias, a partir de 1956, já com
Juscelino Kubitschek como Presidente da República, o arquiteto foi recomendado pelo Presidente
para a construção do Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, sendo
colocado em suas mãos a construção da nova capital do Brasil, sendo inserida no estado de Goiás,
na região centro-oeste do país. Dentre seus projetos mais conhecidos, é notável a presença do uso
do concreto, vidro, curvas e vãos livres. “(…) Quando Juscelino transformou-se Presidente da
República, ele já tinha um arquiteto no bolso, era Oscar Niemeyer. Era um arquiteto previamente
escolhido. Isto quer dizer que o concurso foi somente na parte de urbanismo da cidade, o Plano
Piloto. Eu elaborei o Plano Piloto. Eu não pretendia participar do concurso, mas, no meio do prazo,
eu tive uma ideia, achei que valia a pena e concorri.” (COSTA, 1992).
CONCEITO E PARTIDO
Uma das obras mais marcantes na carreira do arquiteto é a Catedral Metropolitana localizada
em Brasília, para esse projeto, inicialmente o arquiteto buscava encontrar uma solução compacta
que expressa a pureza do edifício de qualquer ângulo, por isso propôs uma forma circular. Em sua
entrada principal pode ver uma composição com concreto e vidro refratário de cor neutra,
causando um destaque externo e interno no edifício. Niemeyer utilizou do conceito forma-
estrutura, que visa a utilização da estrutura como uma forma de ornato e diferenciação do edifício.
O partido escolhido pelo arquiteto foi a utilização de concreto, vidro, e arcobotantes que
foram construídos de forma invertida, a pedido de Niemeyer, que optou por submeter esses
elementos a uma forma totalmente diferente de sua original, sendo utilizados como vigas.
A Igreja encontra-se situada na Praça de Acesso, ao lado da Esplanada dos Ministérios, local
sugerido pelo urbanista Lúcio Costa, e foi inaugurada no dia 31 de maio de 1970. O edifício é
considerado uma obra de arte por dentro e por fora, e foi graças a este projeto que Niemeyer
recebeu o prêmio máximo da arquitetura o Prêmio Pritzker, em 1988 (VIVA DECORA, 2019).
A construção da Catedral de Brasília teve duas etapas. Na primeira etapa, entre 1959 e 1960,
foi construída a nave, são 16 colunas de concreto que convergem num círculo central, cada uma
delas tem 42 metros de altura e, ao todo, pesam 90 toneladas. A área circular ocupada pela Catedral
de Brasília é de 70 metros de diâmetro.
Na segunda fase, foram feitos os fechamentos em vidro, concluída a escavação da nave e feito o
paisagismo, como os espelhos d'água (VIVA DECORA, 2019).
O templo de Brasília teve a sua pedra fundamental lançada no dia 12 de setembro de 1958. A
estrutura ficou pronta cerca de dois anos depois, em 1960. A inauguração, de fato, aconteceu dez
anos mais tarde, em 31 de maio de 1970 e o edifício foi tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional no dia 19 de novembro de 1991 (VIVA DECORA, 2019).
Localização do terreno
Catedral Metropolitana
A catedral projetada pelo arquiteto, teve uma ideia de refletir como uma grande escultura a
ideia religiosa, representando um monumento de oração grandioso, ele é circular e possui colunas
que se elevam para o céu, sendo um gesto de comunicação com o divino.
Ao todo o edifício possui 70 metros de diâmetro, com dezesseis pilares com 40 metros de altura,
em seu exterior podemos encontrar a torre dos sinos, que foram batizados de Santa Maria, Pinta,
Nina e Pilarica, e são sustentados por um torre de 20 metros de altura. Ainda em seu corpo principal
podemos encontrar uma cruz com 12 metros de altura, que é refletida pelo grande espelho d’água
localizado no entorno do edifício, possuindo 12 metros de largura e 40 centímetros de
profundidade. Uma das características que mais chamam a atenção é seus grandes vitrais, que
acompanham sua estrutura, inicialmente projetados pelo arquiteto em vidro incolor, possuindo
uma extensão de 2 mil metros quadrados, isso tudo para que seu interior fosse o mais iluminado
possível com luz natural.
Cruz localizada no topo da obra
Fonte: Catedral de Brasília. Planta Baixa. Revista Acrópole, Ano 22, N. 256, Fev. 1960
1- Entrada; 2- Nave; 3- Altar; 4- Púlpito; 5- Côro; 6- Capela; 7- Acesso ao Batistério; 8- Acesso á sacristia e serviços
gerais
ANÁLISE ESTRUTURAL E FORMAL
Na parte estrutural da catedral, trata-se de uma estrutura no qual é equilibrada por 16 pilares.
E sua sustentação é feita por dois anéis de concreto armado. O superior, com aproximadamente
6,8m de diâmetro e está localizado próximo ao topo dos pilares, absorvendo os esforços de
compressão. Esse anel passa por dentro dos pilares, tornando-se imperceptível aos olhos. Já o anel
inferior com 60m de diâmetro, ao nível do piso, absorve os esforços de tração, funcionando como
um tirante, reduzindo as cargas nas fundações, que recebem apenas esforços verticais. Esse anel só
é visível no interior da catedral. A laje de cobertura não tem função estrutural, mas apenas de
vedação.
Laje de cobertura, que
não tem função
estrutural, mas apenas
de vedação.
Fonte:https://blogdaarquitetura.com/uma-analise-estrutural-da-
catedral-de-brasilia-de-oscar-niemeyer/ > acesso em 23/05/2021
O inferior funciona como um tirante e se subdivide em outros quatro anéis, um deles com dois
metros de base, unidos por vigas e formando uma grelha circular. O fechamento desta grelha se dá
através de duas lajes de vedação, na parte inferior e superior.
O anel inferior de tração foi concebido de forma a permitir a transmissão exclusiva de esforços
verticais aos blocos de fundação. O espaço entre o anel e a infraestrutura foi preenchido com placas
de Neoprene, para liberar a rotação nesses apoios. A estrutura de suporte dos vitrais é composta
por treliças de aço tridimensionais, fixadas ao longo dos pilares de concreto, através de barras de
aço. A estrutura do espelho d'água que circunda a catedral é de concreto protendido e só foi
realizada dez anos após o início das obras.
Estrutura de concreto
protendido
A fundação da catedral, os tubulões foram escavados a céu aberto com diâmetro de 0,70cm de
profundidade de aproximadamente 28m com as bases alargadas. São 16 blocos ligados através de
cintamento, um em cada bloco, que suportam o anel de onde saem as 16 colunas que marcam a
estrutura da Catedral de Brasília. O anel de tração esta separado dos pilares da infraestrutura por
placas de Neoprene (50cm x 50cm x 2.5cm).