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ÉTICA

E RESPONSABILIDADE SOCIAL
FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE
COORDENAÇÃO GERAL DE GRADUAÇÃO

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL


BRUNO HIPÓLITO

RECIFE, 2019
SUMÁRIO

Capítulo 1 - A falta do cuidado como sintoma da crise civilizacional ................................................... 5


Capítulo 2 - A ética do cuidado ................................................................................................................... 8
Capítulo 3 - Uma nova ética a partir de uma nova ótica ...................................................................... 13
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................... 19
BLOCO 4
A ÉTICA DO CUIDADO
Capítulo 1 - A falta do cuidado como sintoma da crise civilizacional

Para que você possa compreender o sentido e significado do cuidado, é necessário


situar-se sobre o estado atual da sociedade, suas crises e as principais consequências de
suas ações.
O atual estágio de desenvolvimento da sociedade é caracterizado por um aumento
significativo na influência da atividade humana na dinâmica dos processos biosféricos. A
era tecnocrática contribuiu grandemente para melhorar a qualidade de vida das
pessoas, ao mesmo tempo, gerou problemas ambientais em todo globo, cuja essência se
resume ao fato de que, se a sociedade continuar a se desenvolver na mesma direção e
no mesmo ritmo, a capacidade de nosso planeta de manter a vida rapidamente se
esgotará.

SAIBA MAIS
Para compreender sobre a era tecnográfica, acesse o link:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/politica/tecnocracia.htm

No processo de desenvolvimento histórico, a humanidade tem repetidamente


encontrado problemas difíceis. No entanto, foi somente no último quarto do século XX que
esses problemas adquiriram um caráter global e colocaram a humanidade à beira da
autodestruição. Nunca a população da Terra aumentou tão rapidamente. Nunca possuiu
tantas armas poderosas, capazes de destruir a vida na Terra. Nunca antes foram usados
tantos recursos naturais para apoiar o desenvolvimento da sociedade, em contrapartida,
nunca houve tanto desperdício como agora.

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O agravamento desses problemas nos obriga a repensar os fundamentos morais e éticos
básicos da vida e da sociedade. Somente se a sociedade reconhecer os princípios morais
e éticos básicos nas relações entre as pessoas, bem como os princípios de suas atitudes
em relação aos outros seres vivos e à natureza como um todo, é que será possível alterar
os prognósticos negativos do desenvolvimento social.

Há uma ideia comum de que qualquer problema pode ser resolvido por meios técnicos. O
progresso científico e técnico contribuiu para a solução de muitos problemas, portanto,
não é de surpreender que as pessoas continuem a esperar que a ciência e a tecnologia
ajudem a resolver novos problemas.

Segundo Garrett Hardin, biólogo americano, problemas como crescimento descontrolado


da população levando à superlotação, poluição do ar por emissões industriais e
automóveis, poluição da água, extração excessiva da água subterrânea, esgotamento
de recursos energéticos, queima de combustíveis fósseis e, consequentemente, o
aquecimento global, não podem ser resolvidos apenas por meios técnicos. Soluções para
problemas que não têm soluções técnicas devem ser buscadas não na esfera
tecnológica, mas na moral e ética, na esfera dos valores humanos.

As questões da evolução moral e ética da humanidade foram muitas vezes ignoradas por
pesquisadores e políticos, que consideravam a solução dos problemas do
desenvolvimento socioeconômico da sociedade como uma prioridade. Inspirados pelo
progresso científico e tecnológico, os pesquisadores e planejadores de desenvolvimento
não prestaram atenção suficiente à modelagem de estruturas sociais e relações sociais
que melhor se adequassem às novas realidades. Afinal, é aqui que surgem muitas
questões relacionadas a como as pessoas perceberão novas tecnologias, como a vida
da sociedade mudará com uso maciço de desenvolvimentos científicos e técnicos na
vida pública, como será difícil para uma pessoa se adaptar a novas realidades, que novas
oportunidades e mudanças sejam positivas ou negativas irão gerar na sociedade.

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Para que possamos atender às expectativas das pessoas em relação à construção de
uma sociedade segura e sustentável, é importante reconhecer os problemas morais do
passado e determinar os dilemas éticos que precisam ser enfrentados no futuro.

Resumidamente, toda a diversidade de problemas morais e éticos pode ser dividida em


dois problemas gerais:

1) criação de uma boa pessoa


2) criação uma boa sociedade

O primeiro problema é que o progresso moral e ético requer pessoas desenvolvidas e


eticamente capazes de compreender os problemas existentes, resolvê-los de forma
criativa, propor soluções adequadas e, mais importante, ter um desejo de implementar
novas abordagens apropriadamente. Sem a disponibilidade de uma massa crítica de tais
pessoas, é difícil imaginar qualquer desenvolvimento progressivo da sociedade.

O segundo problema está relacionado ao fato de que o comportamento humano não


depende apenas de fatores internos, mas também da organização da sociedade, o que
pode induzir a pessoa a um comportamento “bom” ou “ruim”. Por exemplo, em um povo
de cumpridores da lei sociedade motivado para cumprir com as leis da sociedade e, por
outro lado, as pessoas tendem a burlar as leis numa sociedade onde tais leis são
facilmente quebradas, sem as devidas consequências.

A maioria dos problemas morais e éticos é inerente à sociedade humana há muito tempo,
mas se tornaram mais relevantes em nosso tempo devido à crescente interdependência
de regiões, países e pessoas e ao correspondente aumento na escala destes problemas.
Por exemplo, a crise ambiental só destacou os problemas morais e éticos da humanidade
existentes, mostrando que esses problemas tomaram proporções globais. A crise
ecológica nos faz repensar os problemas morais e éticos da humanidade, porque agora

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eles ameaçam a existência não apenas de sociedades individualmente, mas da biosfera
como um todo.

Você sabia que, historicamente, os problemas ambientais estavam associados


principalmente à poluição ambiental? Isso aconteceu devido ao fato de que os
problemas de poluição eram mais frequentemente abordados na mídia. A atual crise
ambiental é caracterizada por toda uma série de problemas: alterações climáticas,
crescimento populacional, esgotamento dos recursos naturais, poluição insuficiente e de
água doce, desflorestamento, desertificação, redução da biodiversidade, erosão do solo,
diminuição da camada de ozônio na estratosfera, aumento dos níveis das águas
subterrâneas, derretimento das geleiras devido ao aumento das temperaturas, à
urbanização, à propagação de doenças, à secagem de rios etc. Atualmente, há
tendências de exacerbação desses problemas, que podem levar à escalada da crise
ecológica em uma catástrofe ambiental que ameaça o genérico - a destruição de toda
a vida na Terra.

A sociedade moderna é frequentemente descrita como consumidora. O consumo tornou-


se o princípio central da vida econômica e social. Os valores do consumo penetraram em
todas as esferas da vida, formando novos fenômenos sociais e estilos de vida. Agora, as
pessoas usam muito mais coisas do que as gerações anteriores e também têm
necessidades materiais muito maiores.

Capítulo 2 - A ética do cuidado

Agora que já vimos os principais aspectos da crise civilizacional e suas respectivas


consequência, vamos compreender o que significa cuidar de si e dos outros.

Hoje, nossa vida está associada não somente ao atendimento da necessidade de


alimentos, como nos tempos de nossos antepassados, mas também ao desejo de
autodesenvolvimento e a obtenção de conhecimento sobre nós mesmos e sobre o
mundo, com o desejo de manter nossos interesses, bem como desenvolver habilidades

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criativas e autorrealização. Vivemos em um mundo abundante de informações, bens
materiais, cheio de possibilidades e, portanto, agora precisamos realmente da habilidade
de cuidar de si mesmo, cujo objetivo é manter a saúde e o bem-estar.

E o que é cuidado a si mesmo e com o outro?

A sociedade moderna é frequentemente descrita como consumidora. O consumo tornou-


se o princípio central da vida econômica e social. Os valores do consumo penetraram em
todas as esferas da vida, formando novos fenômenos sociais e estilos de vida. Agora, as
pessoas usam muito mais coisas do que as gerações anteriores e também têm
necessidades materiais muito maiores.

Cuidar de si mesmo começa pelo estado de autoconsciência, ou seja, a capacidade de


distinguir entre o que bom ou ruim, o que é certo e errado. Como resultado, a pessoa
ganha acesso ao conhecimento de como se comportar, como e porque agir, passa a
conhecer a si mesmo e suas qualidades.

Para que possamos estar autoconscientes quanto a cuidar de nós mesmos, é necessário
construir rotas interessantes na vida e ser capaz de navegar bem por elas. Ao responder às
três perguntas “Quem sou eu?”, “Para onde vou?”, “O que eu quero fazer?”, uma pessoa
forma em si uma navegação interna confiável, que se torna seu apoio durante o
caminho.

No entanto, cuidar de si mesmo é uma prática necessária para que possamos cuidar dos
outros. Isso parece lógico e sensato, pois como podemos servir a outro se não fomos
capazes de servir a nós mesmos? Como saber o que pode ser bom para o outro quando
não entendemos o que é bom para nós mesmos?

Para que você possa compreender um pouco mais sobre o tema, sugerimos que assista
ao vídeo do médico psiquiatra e psicoterapeuta Mario Koziner sobre o significado de
cuidado consigo e com os outros a partir da fábula “Mito do cuidado”.

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https://www.youtube.com/watch?v=m5AX4tb1lbc

Após assistir ao vídeo, será que podemos refletir o porquê devemos cuidar de nós mesmos?

Para que você possa compreender um pouco mais sobre o tema, sugerimos que assista
ao vídeo do médico psiquiatra e psicoterapeuta Mario Koziner sobre o significado de
cuidado consigo e com os outros a partir da fábula “Mito do cuidado”.
Pois bem, para Foucault, o significado de cuidar de si mesmo é quando uma pessoa que,
percebendo sua existência como sua própria tarefa, constrói a si mesma, forma seu
próprio caráter. Cuidar de si mesmo, portanto, é um profundo significado existencial.

Eu cuido de mim mesmo, porque tenho valor. Eu sou o meu corpo, alma e consciência,
este é o valor essencial primário que me foi dado no nascimento. Eu sou aquele que
observa, vive, sente, está ciente da vida. A vida se manifesta através de mim e minha
tarefa é cuidar de mim mesmo e, portanto, da minha vida. Cuidar de si é cuidar da sua
vitalidade, bem-estar em todas as suas manifestações: física, mental, pessoal, familiar,
social, material, cultural, educacional.
Cuidar de si mesmo não é se colocar na condição de vítima: “Oh, quão infeliz estou! Oh,

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como me sinto mal”. Trata-se de participar ativamente de sua própria vida e manter a
vitalidade. É importante para se manter saudável em todos os aspectos: corpo, alma,
estado emocional, aparência, relacionamentos, conforto no lar, lazer etc. Enfim,
considerar-se com um ser integral

Um ser humano, desde o seu nascimento, é dotado de uma sensação de dependência


do mundo exterior, da natureza, da sociedade, de si próprio, do estado do seu corpo,
mente e alma. Cuidar de si mesmo, em primeiro lugar, é uma atividade que visa a
satisfação dos sentimentos naturais do indivíduo, suas dependências e incertezas.

Agora, sugerimos um vídeo que representa a importância do olhar que temos sobre nós
mesmos. Procure assisti-lo com bastante atenção, procurando identificar-se com os
personagens, seja como pessoal, como profissional ou como ser integral da sociedade.

https://www.youtube.com/watch?v=Il0nz0LHbcM

O que você achou do vídeo? Quais foram suas reflexões? Compartilhe suas impressões com seus
colegas no fórum.

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CUIDAR DE SI E DO PRÓXIMO COMO A PRÁTICA DA VIDA A PARTIR DA ÉTICA CRISTÃ.

Agora que já aprofundamos bem sobre os conceitos da ética do cuidado, iremos


conhecer a ética do cuidado pelo olhar da ética cristã.

O ponto central da ética do Evangelho, o mandamento do amor, tem uma natureza


dupla, conectando-se com o próximo e com Deus. " Amarás ao Senhor teu Deus de todo
o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Esse é o grande e
primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a esse, é: Amarás ao teu próximo como
a ti mesmo. "(Mateus 22: 37-39).

A prática moral, gerada por um amor misericordioso, inclui o serviço as outras pessoas, o
desejo gratuito de assegurar que suas necessidades humanas universais e interesses
individualizados sejam satisfeitos.
Ética cristã, ou o ensino moral do cristianismo, define a bússola moral do comportamento
humano, que é baseado na compreensão cristã da natureza, do propósito do homem e
do seu relacionamento com Deus.

A fonte da ética cristã é principalmente a vida de Cristo, os mandamentos do Sermão da


Montanha, a vida e pregação de Seus discípulos, os apóstolos, bem como exemplos de
vida moral manifestada na vida da Igreja moderna. A ética cristã se manifesta não
apenas na história das ideias morais, mas de forma concreta na vida da Igreja.

Embora a Bíblia forneça materiais para a construção da ética, ela não oferece ética que
possa ser imediatamente adotada como um guia para a ação. Os autores dos livros
bíblicos viviam cada um em seu próprio tempo, para o qual existia sua própria moralidade
específica.

A principal diferença entre a ética cristã e outros sistemas éticos deriva do fato que
determina todas as principais características da cosmovisão cristã: Deus desceu do céu,

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sofreu pelas pessoas, foi crucificado e ressuscitado. São as ações e comportamento de
Cristo, como o Seu próprio modo de vida, que é um exemplo e padrão para os Seus
seguidores.

A ética cristã não é um sistema de princípios teóricos como um modo de vida adequado
aos cristãos. Todos os requisitos morais são baseados nas ações salvadoras de Deus e,
portanto, podem ser entendidas apenas no contexto da história da salvação. A obra da
salvação realizada por Cristo não apenas precede os deveres morais, mas também os
torna possíveis de realização.

Capítulo 3 - Uma nova ética a partir de uma nova ótica

Normas éticas, baseadas no respeito e no cuidado pelas outras pessoas e pelo planeta,
são a base da vida inteligente. O desenvolvimento da sociedade deve acontecer sem
ameaçar a sobrevivência de gerações futuras.

Os benefícios e custos do uso dos recursos naturais e da proteção do meio ambiente


devem ser distribuídos de maneira justa entre as diferentes sociedades, entre os ricos e os
pobres, bem como entre as gerações presentes e futuras.

Toda a vida na Terra, junto com o solo, a água e o ar, é um enorme sistema
interdependente chamada de biosfera. Se pelo menos um componente for modificado,
isso poderá gerar um efeito prejudicial em todo o sistema. Desenvolver a sociedade de
maneira a não prejudicar a sobrevivência de outras espécies e não destruir seu habitat é
uma questão de ética. Embora nossa sobrevivência dependa do uso de outros tipos de
animais, flora e fauna, não devemos tratá-los com crueldade ou desperdício.

A fim de implementar o princípio do respeito e cuidado por tudo na Terra, é necessário


desenvolver padrões éticos para a vida inteligente através de um diálogo entre líderes
políticos e religiosos, pensadores, figuras públicas, grupos cívicos e todas as pessoas que se
importam com o que acontece com a vida na Terra. O resultado de suas atividades deve

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ser uma declaração clara e aceitável para todos os princípios do comportamento
humano dentro dos limites da existência sustentável na Terra.

O objetivo do desenvolvimento é melhorar a qualidade da vida humana. O crescimento


econômico é um componente importante do desenvolvimento, mas não deve ser um fim
em si mesmo. Embora os objetivos de desenvolvimento sejam diferentes em cada nação,
alguns desses objetivos são universais. Eles incluem uma vida longa e saudável, educação,
acesso aos recursos necessários para um padrão de vida decente, liberdade política,
direitos humanos garantidos e proteção contra a violência. O desenvolvimento só se torna
real quando melhora a vida de todas as maneiras.

Em países com rendimentos mais baixos, o crescimento econômico é urgentemente


necessário para melhorar a qualidade da vida humana. Já nos países que têm renda
significativa, há a necessidade de reduzir o consumo de recursos naturais, criar fontes
alternativas de energia, reduzir o impacto sobre o meio ambiente, para que, assim, seja
possível manter e aumentar o padrão de vida de todas as pessoas.

O desenvolvimento ecologicamente racional deve incluir ações direcionadas para


proteger a estrutura, função e diversidade da natureza em escala global, uma vez que a
vida da humanidade depende delas. Isso nos obriga a salvar os sistemas de suporte à vida
e os processos ambientais que ocorrem neles, o que tornam nosso planeta habitável.
Salvar a biodiversidade inclui não apenas todos os tipos de plantas e animais e outras
formas de vida, mas também toda a gama de diversidade genética dentro de cada
espécie e a diversidade dos ecossistemas.

Se faz urgente assegurar o uso racional e cuidadoso dos recursos naturais renováveis, tais
como solos, animais silvestres e domésticos, florestas, montanhas, terra fértil, bem como
ecossistemas de água doce e marinhos que proporcionam a pesca. O uso de tudo isso é
completamente viável, desde que haja plena capacidade de recuperação dos recursos
naturais.

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Existem limites da capacidade potencial que os ecossistemas da Terra podem suportar
sem graves perturbações. Esses limites variam geograficamente e dependem de muitas
razões como a quantidade de pessoas que vivem em determinada região, quantidade
de comida, energia e matérias-primas que uma determinada sociedade está usando
e/ou desperdiçando. Políticas destinadas a harmonizar o tamanho da população e estilo
de vida com as possibilidades da natureza devem andar de mãos dadas, bem como
desenvolver e utilizar que poupam recursos naturais.

O esgotamento de recursos naturais não renováveis, como minerais, petróleo, gás e


carvão, deve ser reduzido ao mínimo. Apesar do fato de que esses recursos não podem
ser usados indefinidamente, sua vida útil pode ser estendida, por exemplo, com a ajuda
de tecnologias de reciclagem, transformando, sempre que possível, em recursos
renováveis. Isso é necessário se levarmos em conta que a Terra terá que suportar a vida
de bilhões de pessoas que ainda não nasceram, mas que precisaram garantir um padrão
de vida suficientemente adequado.

Desde modo, podemos dizer que o desenvolvimento da ética pode ser expresso não
apenas através de conceitos filosóficos, mas também ambientais. A ética no sentido
ecológico é uma restrição da liberdade de ação na luta pela existência.

Para abraçar a ética da existência racional sustentável, as pessoas devem reexaminar


valores morais e mudar seu comportamento. A sociedade deve apoiar e promover os
valores propostos para uma nova ética e rejeitar aqueles que contradizem um estilo de
vida ambientalmente saudável. As informações devem ser disseminadas por meio de
estruturas formais e não formais de educação ambiental, para que as ações necessárias à
sobrevivência e ao bem-estar da humanidade sejam sustentadas pela população mais
amplamente possível.

Para mudar a mente e o comportamento das pessoas, é necessário realizar uma


campanha de informação que apoie tanto o governo quanto as organizações não-

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governamentais. Em todos os países, programas e projetos para educar as pessoas sobre
a existência racional devem ser preparados.

A educação ambiental formal para crianças e adultos deve ser ampliada e integrada em
todos os níveis. Os currículos, assim como todos os materiais disponíveis no momento,
devem ser revisados. É necessário proporcionar uma preparação mais eficaz das pessoas
para o caminho do desenvolvimento sustentável. Precisamos de especialistas que possam
ajudar os agricultores, pescadores e artesãos, bem como muitos outros grupos da
sociedade, a usarem os recursos naturais com sabedoria. Os órgãos públicos devem dar
prioridade a esse aspecto na educação das pessoas.

Alcançar a existência sustentável em escala global dependerá da estreita cooperação


entre todos os países. No entanto, seus níveis de desenvolvimento econômico são
diferentes e é necessário ajudar os países de baixa renda a alcançar uma vida sustentável
e proteger o meio ambiente. Os recursos naturais do podem ser usados racionalmente?

A humanidade deve viver dentro da capacidade potencial dos ecossistemas da Terra.


Não há alternativa razoável para isso. Se não usarmos os recursos naturais do nosso
planeta racional e prudentemente, o futuro será tirado das gerações futuras. É necessário
hoje escolher um estilo de vida e caminhos de progresso que assegurem a proteção
ambiental e não ultrapassem as possibilidades naturais de nosso planeta.

Atualmente, nossa civilização está em perigo por causa do modo de vida que levamos.
Dados de 2017 apontam que 7,5 bilhões de pessoas que vivem na Terra estão esgotando
os recursos naturais, causando um sério impacto destrutivo nos ecossistemas do planeta. A
menos que medidas sejam tomadas para reduzir o desperdício de produção, reduzir o
desperdício de recursos naturais, bem como estabelecer relações mais justas entre países
ricos e pobres a Terra não suportará uma vida satisfatória para todas as pessoas.

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Portanto, uma nova abordagem baseada em dois requisitos é fundamental. Uma delas é
a ampla disseminação de novos princípios éticos relacionada à vida racional da
humanidade “dentro de suas possibilidades”.
Outro requisito é a integração da conservação ambiental e do desenvolvimento social.
Preservar o meio ambiente irá restringir e guiar o progresso da humanidade dentro da
capacidade potencial dos ecossistemas da Terra, enquanto novas tecnologias capazes
de assegurar uma vida longa e saudável para todas as pessoas são desenvolvidas.

Para que você possa entender um pouco mais sobre o que estamos falando até agora,
assista ao vídeo de Leonardo Boff sobre ética do cuidado e, em seguida, compartilhe suas
reflexões com seus colegas no fórum de apoio.

https://www.youtube.com/watch?v=Nsl2oCWZKvE

Agora que estudamos sobre a ética do cuidado e sua importância para contemporaneidade, é
hora de relaxarmos um pouco, não é mesmo?

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Assista ao vídeo em linguagem de cordel que aborda, de forma descontraída, a
importância e responsabilidade do cuidado que devemos ter com todos.

https://www.youtube.com/watch?v=iIcPKEZww9o

Chegamos ao fim de mais um bloco. No próximo, traremos diferentes aspectos sobre este
tema.

Até lá!

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REFERÊNCIAS

HARDIN, Garett James. Tragédia dos Comuns. 1969.

MARTÍNEZ-ALIER, Joan. Economia ecologica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,


Programa de Pós-Graduação em Economia, 1996.

MASLOW, A. H. A Theory of Human Motivation. 1943. Disponível


http://psychclassics.yorku.ca/Maslow/motivation.htm. Acesso em 11/05/2019.

BAUMAN, Zygmunt. A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Zahar,


2008.

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano-compaixão pela terra. Editora Vozes
Limitada, 2017.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade III: o cuidado de si. Graal, 1985.

GALVÃO, Bruno Abilio. A ética em Michel Foucault: Do cuidado de si à estética da


existência. Intuitio, v. 7, n. 1, p. 157-168, 2014.

CHAUI, Marilena. Introdução Para que Filosofia?. 2009.

GEISLER, Norman L. Ética cristã. Opções e questões contemporâneas, v. 2, 1997.

GRENZ, Stanley J. A busca da moral: fundamentos da ética cristã. São Paulo: Vida, 2006.

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