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Manual de Orientação Funcional


SUMÁRIO

DAS RECOMENDAÇÕES EM GERAL

ATENDIMENTO AO PÚBLICO

DO PROCESSO PENAL EM GERAL

     DA FASE PRÉ-PROCESSUAL

          CUIDADOS E DILIGÊNCIAS

          ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL

          DENÚNCIA

     DA FASE PROCESSUAL

          OBSERVAÇÕES GERAIS

          CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI

          SENTENÇA E RECURSOS

JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - SONEGAÇÃO FISCAL

EXECUÇÃO PENAL

CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL CIVIL E MILITAR

PROCESSO CIVIL EM GERAL

     RECOMENDAÇÕES GENÉRICAS

FAMÍLIA E SUCESSÕES

REGISTROS PÚBLICOS

INCAPAZES E AUSENTES

MASSAS FALIDAS

MANDADO DE SEGURANÇA

AÇÃO POPULAR

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

FUNDAÇÕES

ACIDENTES DO TRABALHO

INFÂNCIA E JUVENTUDE

CONSUMIDOR

MEIO AMBIENTE E PATRIMÔNIO CULTURAL

PESSOA IDOSA E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA

DIREITOS HUMANOS

ANEXOS – ATOS E RECOMENDAÇÕES

DAS RECOMENDAÇÕES EM GERAL

1. Assunção na Promotoria de Justiça - comunicações

Ao assumir o cargo de titular na Promotoria de Justiça, deve o membro do


Ministério Público, mediante ofício, comunicar o fato ao Juiz de Direito,
Prefeito Municipal, Presidente da Câmara Municipal, Presidente da
Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Delegado de Polícia,
Comandante da unidade local da Polícia Militar e outras autoridades civis e
militares da comarca.

2. Endereço residencial

Comunicar, por ofício, no prazo de 30 dias, à Procuradoria-Geral de Justiça


e à Corregedoria-Geral o seu endereço residencial com o respectivo código
postal, os números de telefones fixo e celular, e endereço eletrônico, se
houver, atualizando-os no mesmo prazo quando ocorrer alteração.

3. Conduta pessoal

Manter, pública e particularmente, conduta ilibada e compatível com o


exercício do cargo, evitando relacionar-se ou exibir-se em público na
companhia de pessoas de notórios e desabonadores conceitos criminais ou
sociais, bem como abster-se de freqüentar locais mal-afamados, em
prejuízo do respeito e do prestígio inerentes à Instituição.

4. Compra de direitos e bens - vedação

Ao representante do Ministério Público é vedado adquirir bens ou direitos


de protagonis­tas de procedimentos em que intervenha, a qualquer título.

5. Mudança do gabinete

O Ministério Público deve ser previamente ouvido em qualquer iniciativa de


alteração do local do gabinete do Promotor de Justiça no Fórum.
Inexistindo solução de consenso, levar o assunto ao conhecimento da
Procuradoria-Geral de Justiça, mediante representação por escrito,
instruída com os documentos que se façam necessários.

6. Uso de bens públicos

Ao membro do Ministério Público é vedado valer-se do cargo ou de seu


local de trabalho visando obter vantagem de qualquer natureza, para si ou
para outrem, bem como usar, para fins particulares, papéis ou impressos
oficiais do Ministério Público e qualquer outro bem pertencente à
Instituição.

7. Bens patrimoniais

Conservar os bens pertencentes à Instituição, usando-os exclusivamente


nos serviços afetos às suas funções.

8. Material administrativo - transmissão ao sucessor

Conservar e transmitir ao seu sucessor, mediante recibo, sempre que


possível, os materiais, mobiliário e equipamentos, inclusive de informática e
comunicação, pertencentes à Promotoria, usando‑os exclusivamente nos
serviços afetos ao cargo.

9. Trajes adequados

Trajar-se, no exercício de suas funções ou em razão delas, de forma


compatível com a tradição, decoro e respeito inerentes ao cargo.

10. Obrigações legais e contratuais

Adimplir rigorosamente suas obrigações legais ou contratuais de qualquer


natureza.

11. Respeito e urbanidade

Zelar pelo respeito aos membros do Ministério Público, aos Magistrados, às


demais autoridades e aos Advogados, bem como tratar com urbanidade as
partes, testemunhas, funcionários e o público em geral.

12. Horário de expediente

Comparecer diariamente à Promotoria de Justiça e nela permanecer


durante o horário de expediente, salvo nos casos em que tenha de
participar de reuniões ou realizar diligências necessárias ao exercício de
suas funções.

13. Recepção de expedientes

Receber, diariamente, o expediente que lhe for encaminhado durante o


horário normal de serviço.

14. Organização do gabinete

Manter a organização, funcionalidade e discrição do seu gabinete de


trabalho, compatíveis com a dignidade do cargo e tradição da Justiça.

15. Utilização de impressos do Ministério Público

Utilizar-se, em seus trabalhos, exclusivamente de impressos e papéis-


suporte confeccionados de acordo com os modelos oficiais indicados pela
Procuradoria-Geral de Justiça, não permitindo seu manuseio e utilização
por pessoas estranhas ao Ministério Público.

Sugere-se que, ao invés de imprimir determinadas cotas em papel já


autuado, contíguas aos termos do Cartório criminal, arriscando-se a
danificá-lo na impressora, substitua-os por papel com timbre e identificação
da Instituição, dando-lhe visibilidade dentro do processo.

16. Atos, avisos e portarias

Cientificar-se dos atos, avisos e portarias dos órgãos da Administração


Superior da Instituição, consultando, sempre que possível, o Diário da
Justiça do Estado, mantendo em arquivo aqueles de interesse da
Promotoria de Justiça.

17. Pastas e livros

Organizar e manter atualizados os livros e pastas obrigatórios da


Promotoria de Justiça.

18. Protocolo de documentos

Manter em arquivos próprios recibos ou protocolos de documentos ou


procedimentos encaminhados a outros órgãos e autoridades e o material
de apoio técnico enviado pela Instituição ou por outros órgãos.

19. Cópias de trabalhos

Cuidar para que requisições, requerimentos, petições, ofícios e outros


trabalhos sejam, quando necessário, feitos com cópias, de todas constando
protocolo ou recibo do destinatário, para, em seguida, serem arquivadas
em pasta apropriada na Promotoria.

20. Controle de feitos

Manter sistema de protocolo e de controle de tramitação de procedimentos


em curso na Promotoria de Justiça.

21. Controle de inquéritos policiais

Exercer permanente controle de devolução de procedimentos policiais ou


de requerimentos e petições, transmitindo-o ao seu sucessor quando deixar
o exercício do cargo.

22. Livro-carga

Manter atualizado o livro-carga do Ministério Público, exigindo que todos os


feitos com vista ao órgão ministerial sejam nele registrados, fiscalizando a
respectiva baixa.

23. Identificação

Identificar-se e apor a assinatura em todos os trabalhos que executar,


sendo vedado o uso de chancela.

24. Manifestações manuscritas

Evitar valer-se do lançamento manuscrito de cotas, ainda que de pequena


expressão, utilizando-se, sempre que possível, do texto produzido por
intermédio dos editores e recursos eletrônicos de impressão, visando
propiciar ao leitor perfeita legibilidade do conteúdo, equilíbrio e riqueza
estética ao trabalho e visibilidade à Instituição dentro do processo.

25. Atos e diligências

Participar de todos os atos e diligências que lhe competirem, bem como


daqueles convenientes ao trabalho ou à Instituição.

26. Vista dos autos - intimação pessoal

Não transigir com quaisquer medidas ou propostas que restrinjam ou


anulem o direito do representante do Ministério Público de ter vista dos
autos em seu gabinete e de receber intimações pessoais. Quando o zelo e
a presteza no exercício das funções o recomendarem, o Promotor poderá
deslocar‑se para receber vistas ou intimações.

27. Comunicação verbal de fato - providências

Ao receber comunicação verbal de fato que legitime a ação do Ministério


Público, reduzi-la a termo, preferencialmente à vista de testemunha, e dar-
lhe o encaminhamento adequado (requerimento, petição ou ofício
requisitório), para instauração ou intervenção no competente procedimento.

28. Manifestações - cuidados a serem tomados

Mencionar, ao manifestar-se nos autos, a comarca, o número do processo


e o nome da parte, para identificar o caso a que se refere e, se necessário,
a data em que o recebeu com vista.

Nos atos em que oficiar, fazer relatório, dar os fundamentos em que


analisará as questões de fato e de direito e lançar o seu pronunciamento
com precisão, clareza e objetividade.

Obedecer rigorosamente, em seus pronunciamentos, os prazos legais e,


em caso de excesso, justificá-lo nos próprios autos.

Atentar para que as manifestações nos autos sejam feitas com rigor
terminológico, de acordo com os princípios éticos e ajustadas à seriedade e
à harmonia que regulam o funcionamento da Justiça.

Substituir por cópia reprográfica os documentos obtidos através de fac-


símile, antes de arquivá-los ou juntá-los aos autos.

29. Manifestações impessoais nos trabalhos

O Promotor de Justiça oficia, sempre, como agente da Instituição.


Recomenda-se, pois, nas promoções, denúncias e pronunciamentos em
geral o uso da terceira pessoa do singular - o Ministério Público -, evitando-
se a pessoalidade das manifestações.

30. Justiça Pública - Ministério Público

Recomenda-se nas manifestações processuais de qualquer espécie o uso


da denominação Ministério Público, evitando-se a expressão Justiça
Pública (a sociedade, a vítima, substituídas processuais), de arraigada
praxe judiciária, requerendo que nas futuras autuações assim se faça
constar.

31. Retenção de dinheiro e valores

Evitar reter papéis, dinheiro ou qualquer outro bem que represente valor,
confiados a sua guarda, promovendo sua imediata destinação legal.

32. Procedimentos incidentes - autos apartados

Zelar para que procedimentos incidentais sejam processados em autos


apartados, a fim de evitar tumulto no processo principal.

33. Audiências - comparecimento

Comparecer sempre às audiências para as quais for intimado, à exceção


de quando houver coin­cidência de horário ou de data. Nessa hipótese,
deve o Promotor de Justiça comunicar tempestivamente à Procuradoria-
Geral de Justiça, para as providências cabíveis, quando a questão não
puder ser solucionada pelo sistema de substituição automática.

34. Comunicações à Corregedoria-Geral

Comunicar, por ofício, à Corregedoria-Geral do Ministério Público:

a) o novo exercício, no caso de promoção, remoção, designação ou


substituição;

b) as informações que, devidamente documentadas, possam ser


acrescentadas aos assentamentos funcionais e representem dados
objetivos para comprovar seu efetivo merecimento.

35. Declaração de bens - remessa anual à Corregedoria-Geral

Apresentar, por ocasião da investidura no cargo, e encaminhar anualmente,


até 31 de maio, declaração de bens que compõem seu patrimônio privado,
inclusive do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que
vivam sob a dependência econômica do declarante, facultada a entrega de
cópia da declaração anual do imposto de renda apresentada à Delegacia
da Receita Federal, que nesse caso poderá ser feita até 15 (quinze) dias do
prazo estabelecido para o cumprimento da obrigação fiscal.

36. Comunicação ao Conselho Superior - movimentação na carreira

O membro do Ministério Público, nos pedidos de promoção, remoção,


permuta ou opção, deve indicar que os serviços da Promotoria de Justiça
encontram-se em dia, ou os motivos de eventual acúmulo ou atraso,
facultada a apresentação de certidões, devendo, ainda, declinar o endereço
da respectiva residência na comarca em que estiver oficiando, ex vi do
artigo 129, § 2º, parte final, da Constituição Federal.

37. Comunicações de interesse geral

Comunicar à Procuradoria-Geral de Justiça quando houver questões


alusivas ao interesse geral do Ministério Público.

38. Atualização de dados cadastrais

Zelar pela atualização de seus dados pessoais e funcionais perante a


Corregedoria-Geral do Ministério Público e a Procuradoria-Geral de Justiça.

39. Férias - providências

Quando do ingresso no gozo de férias, deverá o Promotor de Justiça deixar


disponível o gabinete devidamente equipado e, para que seu substituto
tome ciência, a pauta das audiências e dos prazos abertos para recurso e
razões.

Não entrar em férias ou licença, sem devolver a Cartório todos os


processos ou inquéritos que eventualmente tenha em carga e cujo prazo
termine antes do início das mesmas, com a devida manifestação.

40. Movimentação na carreira - providências

Quando da promoção, remoção, permuta ou opção, o Promotor de Justiça


deverá devolver em cartório, com a manifestação cabível, todos os
processos ou inquéritos que estejam com carga, deixando o serviço em dia
ou justificando, nos autos, eventual irregularidade.

41. Movimentação na carreira - prazo de assunção

Nos casos de promoção, remoção ou permuta, o prazo para a entrada em


exercício na função é de até quinze (15) dias, a critério da Procuradoria-
Geral de Justiça, a contar da publicação do respectivo ato.

42. Afastamentos - providências

Afastar-se do exercício do cargo somente após autorizado pela


Procuradoria-Geral de Justiça.

Obter dos cartórios judiciais, para resguardo próprio, ao deixar ou


interromper o exercício do cargo, certidão conclusiva sobre a inexistência
de quaisquer autos em seu poder.

43. Cassação de férias - prazo

Os Promotores de Justiça titulares que pretendam a cassação das férias


regulamentares, deverão manifestar tal interesse ao Gabinete do
Procurador-Geral de Justiça, no período de 15 de maio a 1º de junho e 15
de novembro a 1º de dezembro de cada ano.

44. Substituição automática

Providenciar sua substituição automática nas hipóteses legais e


regulamentares, comunicando, com antecedência e formalmente ao
substituto legal, à Procuradoria-Geral de Justiça e ao Juízo de Direito
perante o qual oficie.

45. Plantão permanente

O Promotor de Justiça, quando integrante da escala de plantão, deve


abster-se de pleitear afastamento por motivo de férias e licenças,
excetuadas aquelas indispensáveis.

46. Representação do MP em eventos oficiais

Representar o Ministério Público nas comarcas do interior :

a) nas solenidades, em especial naquelas em que presente qualquer chefe


de Poder da República ou do Estado do Paraná, o Procurador-Geral de
Justiça, o Corregedor-Geral do Ministério Público ou membro do Ministério
Público;

b) nas comemorações realizadas ao ensejo das datas cívicas nacionais,


estaduais e municipais.

47. Imprensa - cautelas - participação em programas de comunicação

Recomenda-se ao Promotor de Justiça não antecipar a veiculação de


notícias de medidas adotadas, cuja execução possa vir a ser frustrada,
evitando dar exclusividade a qualquer órgão da imprensa, resguardando,
sempre, a presunção de inocência dos envolvidos. Utilizar-se, sempre que
o caso recomendar, para a difusão de informações, da Assessoria de
Imprensa da Procuradoria-Geral de Justiça.

O representante do Ministério Público deve abster‑se de participar e de


manifestar‑se em programas de rádio, televisão, ou de qualquer outro meio
de comunicação que, por sua forma ou natureza, possam comprometer a
respeitabilidade de seu cargo ou o prestígio da Instituição.

48. Correições - providências

Adotar todas as providências necessárias à realização de correições


ordinárias e extraordinárias pela Corregedoria-Geral do Ministério Público.

49. Promotor eleitoral - cuidados

No exercício de atribuições eleitorais, deve o Promotor proceder com a


máxima discrição e não revelar preferências políticas de cunho pessoal,
nem anunciar previsões de possíveis resultados em eleições, sendo-lhe
vedado compor Junta Eleitoral.

50. Promotor - garantias e prerrogativas

O representante do Ministério Público deve submeter à consideração do


Procurador-Geral de Justiça e do Corregedor‑Geral do Ministério Público
qualquer fato que atente contra as garantias e prerrogativas do Ministério
Público.

51. Atendimento a pedidos de outros Promotores

Dar pronto atendimento às diligências e providências em geral que lhe


forem solicitadas por outros órgãos do Ministério Público, observados os
limites de suas atribuições e possibilidades de recursos materiais e
humanos. As solicitações poderão ser deduzidas informalmente, bastando
o órgão solicitante esclarecer os motivos da solicitação e o destino das
diligências ou informações requeridas. Quando as solicitações forem
deduzidas mediante ofício, deverá o Promotor de Justiça acusar o seu
recebimento, pela mesma via, comunicando as providências adotadas.

52. Impedimento e suspeição - providências

Nos casos de impedimento e suspeição, o representante do Ministério


Público deverá mencionar, nos autos, apenas o motivo legal ou a
circunstância de ser o mesmo de natureza íntima, abstendo-se de maiores
considerações e comunicando, em ofício reservado ao Procurador-Geral de
Justiça, os motivos de suspeição de natureza íntima invocados. As
hipóteses de suspeição e impedimento aplicam-se a qualquer
procedimento em que intervenha o Ministério Público.

53. Relatórios de intervenção

Incumbe ao membro do Ministério Público de primeiro grau a apresentação


de relatório mensal de atividades à Corregedoria-Geral até o dia 5 (cinco)
do mês subseqüente, conforme modelo constante do ato próprio.

54. Atuação conjunta

Nas hipóteses de conveniência da atuação conjunta de mais de um


Promotor de Justiça, requerer, previamente, designação especial ao
Procurador-Geral de Justiça.

55. Atuação de Promotor em estágio probatório - informações

Ao Promotor de Justiça cabe oficiar reservadamente, quando solicitado ou


sempre que julgar conveniente, à Corregedoria-Geral do Ministério Público,
oferecendo subsídios a respeito da atuação e conduta funcional de
Promotor em estágio probatório que com ele exerça ou tenha exercido seu
cargo.

56. Falhas e dificuldades do serviço - informações e sugestões

Apontar, em correspondência dirigida aos Órgãos da Administração


Superior do Ministério Público, as falhas ou dificuldades eventualmente
existentes nos serviços a seu cargo, oferecendo sugestões para o seu
aprimoramento.

57. Estágio probatório - providências

O agente do Ministério Público em estágio probatório providenciará a


remessa à Corregedoria-Geral do Ministério Público, até 15 dias após o
final de cada trimestre civil, de cópia de cada uma das manifestações
jurídicas, de qualquer natureza, que vier a emitir, nos procedimentos de que
tiver vista ou der início, excetuando-se apenas aquelas manifestações de
mero expediente ou de impulso processual.

É facultada a remessa de documentos que revelem os esforços realizados


no sentido de aprimorar sua cultura jurídica, como publicação de livro, tese,
dissertação, ensaio, artigo, estudo, etc.

ATENDIMENTO AO PÚBLICO

1. Horário de atendimento

O atendimento ao público deve, preferencialmente, ser feito diariamente,


ou, guardadas as peculiaridades de cada comarca e de acordo com a
demanda, fixando-se dias e horários, sem prejuízo das audiências. Nos
casos urgentes, atender os interessados a qualquer momento.

2. Contatos com serviços de apoio

Entrar em entendimento com o Setor de Assistência Social da Prefeitura


local, onde houver, objetivando ação conjunta na resolução dos assuntos
pertinentes ao mister.

3. Postura no atendimento

Procurar, durante o atendimento, não se envolver com o fato narrado,


adotando postura imparcial e serena, buscando, sempre, a verdade
objetiva.

4. Composição amigável - cuidados

Evitar, quando for tentada composição amigável, adiantar o resultado da


questão sem antes ouvir a outra pessoa interessada.

5. Composição amigável - interesses das partes

Procurar, sempre que possível, obter composição amigável que atenda aos
interesses das pessoas envolvidas, sem, entretanto, impor solução, ainda
que esta lhe pareça a melhor.

6. Presença dos Advogados

Em qualquer hipótese, abster‑se de realizar acordos entre as partes


interessadas sem a presença dos Advogados constituídos, se houver.

7. Instrumento de transação - providências

Obtida a transação, digitar, de maneira simples e compreensível, o termo


de composição amigável, referendando e entregando uma via às pessoas
envolvidas e arquivando a outra.

8. Instrumento de transação - cautelas

O Promotor de Justiça deve usar linguagem simples e de fácil


compreensão dos envolvidos no acordo, tendo a cautela de obter a certeza
de que entenderam o objetivo daquilo que foi firmado.

9. Eficácia do acordo referendado - lembrança às partes

Lembrar que o acordo deverá, para sua plena eficácia como título, revestir-
se da característica de liquidez, ou seja, obrigação certa quanto à sua
existência e determinada quanto ao seu objeto.

10. Inexistência de conciliação - procedimento

Não sendo possível a conciliação, orientar os necessitados a pleitearem


justiça gratuita, mas não indicar qualquer Advogado, permitindo total
liberdade ao Juiz na nomeação.

DO PROCESSO PENAL EM GERAL

DA FASE PRÉ-PROCESSUAL

CUIDADOS E DILIGÊNCIAS

1. Conflito de atribuições

Propor a remessa dos autos à Procuradoria-Geral de Justiça quando


divergir, antes do oferecimento da denúncia, da promoção de Promotor de
Justiça de outra vara ou comarca, referente à classificação do crime ou à
competência de Juízo, ao invés de suscitar conflito de jurisdição. As
divergências entre Promotores de Justiça em matéria de competência, de
regra, configuram mero conflito de atribuições, cuja solução compete ao
Procurador-Geral de Justiça.

2. “Notitia criminis” - providências em caso de comunicação verbal

Ao receber comunicação verbal de crime de ação pública ou de ilícito


contravencional e não houver inquérito policial instaurado, tomar por termo
as respectivas declarações, preferencialmente em presença de
testemunha, encaminhando-o à Autoridade Policial acompanhado de ofício
requisitório de abertura de inquérito, se for o caso.

3. “Notitia criminis” - providências em caso de comunicação escrita e


documentos

Caso a notícia do crime seja recebida por escrito, através de requerimento,


carta, certidão, processo administrativo, sindicância ou quaisquer outros
documentos, e não houver inquérito policial instaurado sobre o fato,
registrar e encaminhar as peças e respectivo ofício requisitório à autoridade
competente, salvo se houver elementos suficientes para a propositura da
ação penal, hipótese em que deverá ser, desde logo, oferecida a denúncia,
requisitando-se apenas a qualificação e o indiciamento.

4. “Notitia criminis” - carta anônima e jornal

Nos casos de recebimento de notícias anônimas ou veiculadas pela


imprensa, indicando a prática de crime de ação pública, é prudente, antes
de requisitar a abertura de inquérito policial, convocar a indigitada vítima ou
seu representante legal para confirmar o fato.

5. Inquérito Policial Militar

Na hipótese de recebimento de inquérito policial militar, remetido à Justiça


comum, verificar, junto à autoridade policial e ao cartório distribuidor, a
eventual existência de inquérito policial ou ação penal pelo mesmo fato,
procedendo da seguinte forma:

a) havendo inquérito policial, requerer o apensamento dos autos, para


posterior exame conjunto;

b) havendo denúncia, requerer o apensamento dos autos do IPM à ação


penal já instaurada;

c) inexistindo inquérito ou denúncia, examinar os autos de IPM, como um


inquérito comum, oferecendo denúncia, requerendo o arquivamento ou
novas diligências, estas, agora, requisitadas à Polícia Judiciária;

d) havendo inquérito policial arquivado, requerer o apensamento dos autos


e nova vista, para exame da prova acrescida e manutenção do pedido de
arquivamento ou oferecimento de denúncia, se houver nova prova.

6. Ação penal condicionada - representação da vítima

Verificar, nos casos de ação penal pública condicionada, a existência da


representação da vítima ou de quem tiver qualidade para representá-la,
bem como a existência, quando for o caso, de atestado ou declaração de
pobreza. A representação não exige rigorismo formal, bastando a
demonstração de vontade inequívoca de que o autor do fato delituoso seja
processado. A representação poderá ser evidenciada através do boletim de
ocorrência, do comparecimento à Polícia objetivando providências, ou
pelas próprias declarações do ofendido. Deverá o representante do
Ministério Público reduzir a termo a representação do ofendido, sempre que
lhe for feita oralmente.

7. Documento comprobatório de idade - juntada

Promover a juntada aos autos de documento idôneo comprobatório da


idade do indiciado, quando houver dúvida sobre ela e para os efeitos dos
arts. 27, 65, I, e 115 do CP, bem como de certidão de nascimento ou de
casamento da vítima ou do indiciado, quando necessária para a exata
capitulação do delito ou para a caracterização de circunstâncias
agravantes, qualificadoras ou causas especiais de aumento de pena.
Admitese reprodução desses documentos, desde que autenticados.

8. Quantias em dinheiro

Promover o imediato recolhimento a estabelecimento bancário, à ordem do


Juízo, das quantias em dinheiro, papéis e valores que venham anexados
ao procedimento ou expediente, bem como a anotação, em se tratando de
moeda falsa, dessa característica.

9. Ministério Público - plantão

Nas hipóteses de prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva


e de apreensão em flagrante de adolescente infrator, o Promotor de Justiça
em regime de plantão prestará atendimento em seu gabinete de trabalho
durante o expediente forense, e, fora desse horário, o atendimento será
prestado em local por ele estabelecido, com prévia ciência ao Escrivão do
cartório respectivo.

10. Flagrante - análise do auto de prisão

Ao se manifestar sobre cópias de prisão em flagrante delito, verificar:

a) se era caso de prisão em flagrante (art. 302 do CPP);

b) se foram observadas as formalidades constitucionais e legais na


lavratura do auto (art. 5º, LXI, LXII, LXIII e LXIV, CF/88; art. 304 a 306,
CPP);

c) se é caso de concessão de liberdade provisória, ou seja, se estão


presentes, ou não, os motivos que autorizariam a decretação da prisão
preventiva, observada a Lei dos Crimes Hediondos.

11. Inquérito policial - prazo - cobrança - devolução - cautelas

A autoridade policial, estando o indiciado solto, deverá concluir o inquérito


em 30 dias (art. 10 do CPP). Excedido esse prazo, a autoridade deverá
remetê-lo a Juízo no estado em que se encontra, solicitando a prorrogação
do prazo para a realização das diligências faltantes. Cabe ao Ministério
Público, no exercício do controle externo da atividade policial, fiscalizar o
cumprimento dessa norma, evitando que inquéritos policiais permaneçam
indefinidamente na Delegacia de Polícia.

Na devolução de inquéritos à Polícia — o que só deve ocorrer em casos


excepcionais — para complementação das investigações, especificar
objetivamente as diligências que deverão ser realizadas, propondo um
prazo para seu cumprimento (que não deve, em regra, exceder o prazo
legal primário de 30 dias) e fiscalizando sua observância.

12. Diligências imprescindíveis - denúncia

Somente as diligências realmente imprescindíveis ao oferecimento da


denúncia autorizam seu retardamento. Entende-se como imprescindíveis
as diligências referentes à caracterização da autoria da infração penal, à
materialidade e à sua correta tipificação legal. Qualquer outra diligência
haverá de ser tomada como prescindível, devendo ser requerida
juntamente com o oferecimento da denúncia.

13. Diligências faltantes - devolução de inquéritos - indiciado preso

Evitar a devolução à Polícia de inquéritos em que figure indiciado preso,


instaurando, desde logo, se for o caso, a ação penal e requisitando, em
expediente complementar, as diligências faltantes.

14. Diligências imprescindíveis - notificações e requisições

As diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia poderão ser


realizadas diretamente pelo próprio Promotor de Justiça, valendo-se, para
tanto, de suas atribuições legais de expedir notificações e formular
requisições.

15. Diligências - dilação de prazo

Nos pedidos de dilação de prazo, analisar a pertinência das diligências


faltantes, cuja demora esteja acarretando o atraso, requisitando, desde
logo, outras diligências necessárias, quando não tenham sido cogitadas
pelo Delegado de Polícia que preside o inquérito.

16. Laudos de exame de corpo de delito nos crimes de lesões


corporais

a) nos crimes de lesões corporais graves requisitar a realização de exame


complementar, se essa providência já não tiver sido tomada pela
autoridade policial;

b) sendo deficiente a fundamentação do laudo de exame de corpo de delito


complementar no que concerne à gravidade das lesões corporais pelo
perigo de vida, cuidar para que sejam supridas as omissões detectadas;

c) nos casos de lesões corporais graves de que resultem deformidades


permanentes, verificar se o laudo complementar está instruído com
fotografia, requisitando-a sempre que ocorrer dano estético ou assimetria;

d) restando prejudicado o exame direito, requisitar a realização de exame


de corpo de delito indireto, com base em informes médico-hospitalares ou
no relato do ofendido e testemunhas.

17. Laudos de necropsia - dados importantes

Verificar, requisitando, na hipótese negativa, sejam complementados para


estes fins:

a) se os laudos de necropsia, nos casos de homicídio doloso, estão


acompanhados de ficha biométrica da vítima e de diagrama que mostre a
localização dos ferimentos e a sua direção;

b) se há indicação do tempo da morte;

c) se, referentes a ferimentos produzidos por projétil de arma de fogo,


indicam:

- ocorrência de zonas de chamuscamento, esfumaçamento ou tatuagem,


na pele ou na roupa do ofendido;

- os ferimentos de entrada e de saída quando o projétil transfixar o corpo da


vítima;

- a trajetória do projétil no corpo do ofendido e os órgãos lesados;

d) se, nos casos de afogamento, indicam os sinais externos e internos


dessa causa mortis, especialmente a espuma traqueobrônquica e o
enfisema aquoso, requisitando sua complementação se, por motivação
deficiente, não excluir a hipótese de morte por causa diversa;

e) se, nos casos de enforcamento, indicam os sinais reveladores dessa


causa mortis, especialmente a face cianosada e com equimoses, petéquias
ou manchas de Tardieu, rotura das carótidas, etc., excluindose, dessa
forma, a hipótese de violência anterior.

18. Crimes contra a liberdade sexual - estupro - laudo pericial

Na perícia sobre estupro, atentar:

a) para o estado mental do acusado a fim de medir sua capacidade de


entendimento do fato delituoso, averiguando também suas possibilidades
físicas de constranger e submeter a vítima aos seus instintos sexuais;

b) a comprovação da cópula vaginal;

c) para as provas de violência ou de luta apresentadas pela vítima nas mais


diversas regiões do corpo, como: equimoses, escoriações evidenciadas
com maior freqüência nas partes internas das coxas, nos braços, na face,
ao redor do nariz e da boca (como tentativa de impedir os gritos da vítima),
e escoriações na região anterior do pescoço (quando há tentativa de
esganadura ou para amedrontá-la).

19. Armas apreendidas - perícias

Requisitar, nos procedimentos em que houver apreensão de armas:

a) laudo de exame de confronto balístico entre a arma apreendida e os


projéteis ou cápsulas recuperados (no próprio processo ou em outros
procedimentos contra o mesmo autor do crime);

b) laudo verificatório da potencialidade do instrumento, que deverá indicar a


existência ou não de mancha de substância hematóide e de impressões
digitais.

20. Incêndio - perícia

Nos laudos periciais referentes ao delito de incêndio, atentar para a


indicação da causa e do lugar em que teve início o sinistro, se houve perigo
para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor.

21. Exames documentoscópicos - grafotécnicos

Tratando-se de exames para a verificação da autenticidade ou falsidade de


documentos, no que se refere ao papel-suporte (papéis dotados de
requisitos de segurança e impressos em geral) ou às assinaturas e
preenchimentos manuscritos neles contidos, observar:

a) que seja remetida, sempre que possível, a via original do documento,


pois os exames realizados sobre reproduções não permitem, via de regra,
o estabelecimento de conclusão categórica, podendo ser ratificada ou
retificada, no todo ou em parte, após a inspeção direta do exemplar
primitivo;

b) que é imprescindível, sempre, para se atribuir a autoria de uma


assinatura suspeita de falsidade a alguém, determinar-se preliminarmente
sua efetiva inautenticidade, sendo necessário, portanto, a adequada
colheita de material gráfico padrão da pessoa que teria legitimidade para
lançar o autógrafo questionado e daquela(s) suspeita(s) de eventualmente
forjá-la.

22. Jogo do bicho exame pericial

Nos procedimentos em que se apura a prática da contravenção penal


denominada jogo do bicho, em que é indiciado intermediador (cambista ou
apontador), requisitar laudo de exame grafotécnico para a determinação da
autoria dos conteúdos manuscritos.

23. Crimes contra o patrimônio - avaliação - furto qualificado - prova


do arrombamento e da escalada

Nos delitos contra o patrimônio zelar para que a avaliação direta ou indireta
do objeto do crime seja contemporânea à data da prática delitiva.

Nos crimes de furto qualificado:

a) por rompimento de obstáculo à subtração da coisa, requisitar a prova


pericial do arrombamento, se essa providência não tiver sido tomada pela
autoridade policial, zelando para que contenha a indicação dos
instrumentos utilizados e mencione a época presumida da prática do fato;

b) mediante escalada, requisitar a prova pericial para constatação da altura


e do tipo de obstáculo.

24. Locais de crimes em geral

Requisitar, quando necessário, a realização de laudo de levantamento do


local do crime (recognição visual), instruído com croqui, fotografias,
esquemas gráficos, sinalização, descrição do sítio dos acontecimentos,
eventuais apreensões e arrecadações, histórico, indicação de testemunhas
e outros dados de interesse.

25. Perícia em máquinas eletrônicas “caça-níqueis”

Quesitos (para fins de caracterização de eventual crime contra a economia


popular – art.º 2º, inciso IX, da Lei n.º 1.521/51):

a) qual a origem da fabricação da máquina?

b) qual o modelo ou marca da máquina?

c) os seus componentes eletrônicos têm a mesma origem (nacionalidade


ou fabricante)? Se negativo, onde e por quem foram fabricados? Qual a
origem do país fabricante das placas ou CPU’ s?

d) há identificação do fabricante, através de lacre fixado na máquina? Este


lacre apresenta-se íntegro ou violado? Este lacre poderia ter sido
substituído por outro não original?

e) a máquina conta com guia de importação e/ou nota fiscal?

f) os dados específicos constantes na nota fiscal e/ou guia de importação


são coincidentes com os apresentados na máquina examinada? E os
componentes eletrônicos (placas e CPU’ s) são coincidentes com as
informações da nota fiscal e/ou guia de importação?

g) a CPU, as placas e/ou componentes de programação (memória)


constantes da máquina permitem suas substituições? Estas substituições,
se ocorridas, deixam vestígios?

h) na máquina em questão, houve substituição de peça?

i) a máquina possui dispositivo do tipo micro-chave ou switches?

j) essas micro-chaves ou switches são acionadas manualmente?

k) de que modo se dá esse acionamento manual?

l) esse acionamento manual permite alterar a programação modificando a


probabilidade do ganho - o pagamento - tornando a máquina mais difícil ou
mais fácil para o jogador?

m) qual a porcentagem de pagamento da máquina examinada?

n) diante o exame realizado, o resultado do jogo (vitória ou não do jogador)


depende exclusivamente da habilidade ou da sorte?

o) esse resultado pode ser manipulado pelo acionamento das micro-chaves


ou switches?

p) diante o examinado, na opinião dos srs. Peritos, a máquina caracteriza


jogo de azar?

26. Tóxicos - constatação e exame toxicológico definitivo

Nos crimes previstos na Lei Antitóxicos, no que tange à materialidade do


delito, é suficiente a existência, nos autos, para fins de denúncia, do auto
ou laudo de constatação da natureza da substância. O laudo pericial
definitivo deverá ser anexado aos autos até a audiência de instrução e
julgamento, observando-se sua motivação quanto à potencialidade da
substância entorpecente e requerendo-se sua complementação na
hipótese de fundamentação deficiente.

27. Incidente de insanidade mental - quesitos

A realização do exame de insanidade mental pode ser ordenada tanto no


inquérito policial quanto na ação penal. No incidente de insanidade mental
formular, sem prejuízo de outros específicos para o caso, os seguintes
quesitos:

a) o acusado..., ao tempo da ação (ou da omissão), era, por motivo de


doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento?

b) o acusado..., ao tempo da ação (ou da omissão), por motivo de


perturbação da saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, estava privado da plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?

c) caso afirmativo qualquer dos quesitos anteriores, a periculosidade


apresentada pelo acusado enseja internação ou tratamento ambulatorial?
Justificar;

d) qual o prazo mínimo necessário da medida de segurança (internação ou


tratamento ambulatorial)?

Em se tratando de embriaguez proveniente de caso fortuito ou motivo de


força maior, indagar também:

a) a inimputabilidade ou semi-imputabilidade era proveniente de


embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos? Justificar;

b) essa incapacidade era proveniente de embriaguez completa? Justificar.

Quando se tratar de exame de dependência toxicológica para fins de


verificação de imputabilidade penal, apresentar os seguintes quesitos, sem
prejuízo, igualmente, de outros específicos para o caso tratado:
a) o acusado ... era, ao tempo da ação (ou da omissão), em razão de
dependência, ou por estar sob o efeito de substância que determina
dependência física ou psíquica, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?

b) o acusado..., ao tempo da ação (ou da omissão), em razão de


dependência, ou por estar sob o efeito de substância que determina
dependência física ou psíquica, encontrava-se privado da plena capacidade
de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento?

c) caso afirmativo qualquer dos quesitos anteriores, a periculosidade


apresentada pelo acusado enseja internação ou tratamento ambulatorial?
Justificar;

d) qual o prazo mínimo necessário da medida de segurança (internação ou


tratamento ambulatorial)?

28. Armas e outros objetos do crime - cautelas

Zelar para que as armas, instrumentos do crime e outros objetos


apreendidos na fase pré-processual, sejam encaminhados a Juízo, onde
deverão ser recebidos pelo cartório, através de termo nos autos.

29. Busca e apreensão - quebra de sigilo

Nos requerimentos de mandado de busca e apreensão, de quebra de sigilo


bancário, fiscal e de dados telefônicos, manifestar-se de forma
fundamentada, demonstrando a imprescindibilidade da diligência em face
do conteúdo e do objetivo da investigação.

Requerer a adoção de medidas com o objetivo de impedir que terceiros,


ressalvadas as prerrogativas profissionais, tenham acesso aos documentos
e dados sigilosos obtidos.

30. Crimes de ação penal privada - decadência

Nos inquéritos instaurados por crime de ação penal privada, requerer a


permanência dos autos em cartório durante o prazo decadencial,
aguardando-se a iniciativa do querelante, propondo-se que seja
cientificado.

ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL

1. Extinção de punibilidade e arquivamento

Quando a punibilidade do fato delituoso noticiado no inquérito policial


estiver extinta pela prescrição em abstrato ou por outra causa legal, deve o
Promotor de Justiça requerê-la, postulando o arquivamento e a baixa do
registro policial, que são conseqüências do primeiro ato.

2. Arquivamento - fundamentação

As promoções de arquivamento do inquérito policial ou de outras peças de


informação devem, sempre, ser fundamentadas, obedecida a formalidade
da exposição sucinta dos fatos, discussão e pedido final.

3. Arquivamento - explicitação das diligências - exaurimento

Para que se arquive inquérito ou peças de informação é necessário que a


investigação tenha sido completa e exauriente, o que deve transparecer
expressamente nas razões do pedido.

4. Arquivamento crime culposo - cuidados

Evitar, ao requerer o arquivamento de inquérito instaurado por crime


culposo, a afirmação de ocorrência de culpa exclusiva da vítima, cingindo-
se à análise da conduta culposa do indiciado, ante os reflexos de tal
conclusão, sobretudo em eventuais ações de cunho indenizatório.

DENÚNCIA

1. Denúncia - princípio da oficialidade ou da obrigatoriedade

Somente quando estiver demonstrado absolutamente estreme de dúvida


que o agente atuou amparado por uma das causas excludentes de ilicitude
ou de culpabilidade penais previstas em lei, pode o Promotor de Justiça
deixar de oferecer denúncia ante a ocorrência de fato típico

2. Denúncia - exclusão de indiciado - princípio da indivisibilidade da


ação penal

Quando o fato for praticado por mais de uma pessoa, mas a denúncia for
oferecida contra apenas um ou alguns, devem ser indicadas, em cota
motivada e separada, as razões da exclusão de determinada pessoa da
relação processual, evitando-se, assim, o denominado arquivamento
implícito.

3. Denúncia - identificação e origem do inquérito policial

A denúncia deve conter referência ao número do inquérito policial que a


embasa e a Delegacia de Polícia de origem (municipal, regional, sub-
divisional, especializada ou federal).

4. Denúncia - qualificação

Na peça incoativa, primordialmente para evitar homonímia, o acusado deve


ser qualificado, sempre que possível, quanto aos seus apelidos,
nacionalidade, estado civil, ocupação profissional, naturalidade, idade e
filiação, indicando-se seu domicílio, residência, local de trabalho e onde
poderá ser localizado para tomar ciência pessoal dos atos do processo. Se
estiver preso, indicar, ainda, o estabelecimento onde se encontra recolhido.

5. Denúncia - data e lugar do fato

Deve a denúncia mencionar, sempre que possível, ainda que aproximada,


a data (hora, dia, mês e ano) e o lugar em que o fato delituoso foi praticado,
circunstâncias relevantes para a fixação da competência do Juízo, da
prescrição e da decadência.

6. Denúncia - nome da vítima - referência

O nome do ofendido deve, necessariamente, constar da exposição do fato


feita na denúncia. Se houver mais de um, todos eles deverão ser
mencionados.

7. Denúncia - características fundamentais

A denúncia é uma peça sucinta, de acusação direta e objetiva. Nela o


Promotor de Justiça narra a conduta delitiva do agente, sem discussão ou
análise dos elementos informativos contidos no expediente que lhe serve
de sustentação, nem referência às alegações do indiciado, vítimas ou
testemunhas. É uma peça processual afirmativa. Deve, portanto, conter
uma síntese dogmática de um fato punível extraído do inquérito policial ou
de outra fonte idônea de informação.

8. Denúncia - imputação fática - juízos subjetivos e objetivos

Na descrição do fato delituoso não há lugar para juízos subjetivos do órgão


acusador quanto à pessoa do denunciado (v.g. mau-caráter, larápio,
meliante, elemento, delinqüente), o modo como agiu (v.g. agrediu
violentamente), os meios utilizados (v.g. arma de fogo de alta precisão), ou
à pessoa da vítima (v.g. boa pessoa). Tais questões concernem à prova a
ser carreada na instrução e não ao tipo penal, não se refletindo na eventual
condenação, mas sim na individualização da pena. Assim, por exemplo,
nos crimes contra a vida ou a integridade física, a narrativa deve ater-se
aos fatos objetivamente considerados: descrição do instrumento utilizado
(arma de fogo, calibre 38, etc.), do meio e do modo empregados para a
agressão (socos, pontapés, etc.), a região em que a vítima foi atingida, os
tipos de ferimentos sofridos e a gravidade da lesão (usando, sempre, os
termos médico-legais).

9. Denúncia - circunstâncias da infração penal - elementares do tipo -


descrição da imputação fática - características gerais

Nas denúncias deve-se primeiramente descrever circunstanciadamente o


fato, individualizando-o no tempo e no espaço, adequando-o às expressões
utilizadas pelo legislador e às informações essenciais e pertinentes ao caso
concreto, e não transcrever pura e simplesmente as elementares do tipo,
sob pena de inépcia, cuidando para:

a) expor as circunstâncias da infração penal na seqüência cronológica dos


acontecimentos;

b) não empregar expressões e vocábulos latinos ou em idioma estrangeiro,


bem como gírias, salvo na transcrição de expressões utilizadas pelo
denunciado e tipificadoras da infração penal;

c) nas infrações penais dolosas é necessária a alusão expressa ao


elemento subjetivo do tipo que informou a conduta do denunciado (com
intenção de matar, ferir, subtrair, etc.), propiciando exata compreensão da
figura típica;

d) nos crimes tentados, fazer referência ao fato impeditivo de sua


consumação; assim, por hipótese, é preciso esclarecer que o “homicídio
não se consumou porque o acusado, ao desferir tiros de revólver na vítima,
errou o alvo, ou que, ao pretender apunhalá-la, a vítima se livrou dos
golpes que lhe eram endereçados, fugindo do local do fato”, etc.;

e) mencionar o instrumento utilizado na prática infracional, esclarecendo se


foi ou não apreendido e em poder de quem;

f) mencionar as folhas dos autos onde se encontram dados relevantes,


especialmente a da fotografia do denunciado, para eventual
reconhecimento;

g) nos casos de concurso de agentes, descrever a ação (ou omissão)


isolada de cada um dos co-autores, quando desenvolverem condutas
distintas, mencionando se agiram em comunhão de vontades, unidade de
propósitos e de esforços;

h) que os crimes praticados contra mais de uma pessoa sejam descritos na


denúncia de forma especificada, destacando-se as diversas ações (ou
omissões), de modo a permitir sua classificação como concurso material ou
delito continuado;

i) que quando a opinio delicti contemple uma agravante ou uma causa


especial de aumento da pena, esta circunstância seja obrigatoriamente
descrita na parte expositiva da denúncia e integre a capitulação;

j) consignar a motivação dos crimes dolosos e, nos culposos, descrever o


fato caracterizador da culpa e sua modalidade (imprudência, imperícia e
negligência);

k) nos crimes omissivos descrever a ação que o agente estava obrigado a


praticar;

l) mencionar o tipo penal ao qual se sub-some o fato descrito, indicando,


quando for o caso, a aplicação combinada das normas atinentes ao
concurso de agentes, ao concurso de delitos, à tentativa, às circunstâncias
agravantes e às qualificadoras;

m) requerer a nomeação de curador ao réu menor de 21 anos;

n) formular pedido de recebimento da denúncia, processamento e


julgamento final da ação, evitando, no fecho da exordial, postular, desde
logo, a condenação;

o) indicar o rito processual adequado;

p) apresentar o rol de testemunhas, se houver. A vítima e as testemunhas


devem ser qualificadas de modo a facilitar sua identificação, devendo
constar o local onde poderão ser encontradas. Em se tratando de policiais,
civis ou militares, mais importante do que a residência, é indicar a
repartição ou a unidade em que servem.

10. Denúncia - crime praticado com menor - corrupção

Quando o crime for praticado com a participação de menor de 18 anos de


idade, tal fato caracteriza o concurso formal, ainda que na modalidade
“facilitação”, com o crime definido na Lei nº 2.252/54. Assim, é
imprescindível constar da peça acusatória a idade do menor e menção à
existência de documento que a comprove.

11. Denúncia - menção ao exame pericial

Se o crime atribuído ao acusado é daqueles que deixa vestígios, deve a


denúncia fazer expressa menção ao exame de corpo de delito existente na
peça informativa.

12. Denúncia - relação de parentesco entre envolvidos - certidão do


Registro Civil

Quando a relação de parentesco funciona como elementar do tipo, causa


especial ou circunstância agravante, a denúncia deve referir a certidão do
assento do Registro Civil ou documento equivalente. No caso de não
constar do inquérito, deverá ser requisitada diretamente ou requerida
através do Juízo.

13. Denúncia - capitulação - concurso de crimes

Se a inicial atribui ao acusado a prática de mais de um fato delitivo, a


capitulação deve referir‑se, necessariamente, ao concurso de crimes, e,
quando idênticos, à quantidade. É conveniente que na inicial acusatória o
crime continuado somente seja atribuído quando inequívoco. Nos demais
casos, é preferível a menção ao concurso material, ficando o exame da
existência da continuação entre as diversas condutas delitivas para o final
da instrução.

14. Denúncia - idade do acusado menor de 21 e maior de 70 anos -


referência

A idade do acusado, nos termos dos arts. 27, 65, I, e 115, do Código Penal,
é circunstância relevante para a determinação da imputabilidade, da menor
responsabilidade da conduta e da redução do prazo prescricional. Deve
ser, portanto, expressamente referida na denúncia, que mencionará
necessariamente, a certidão comprobatória existente no inquérito;
inexistente a certidão, requisitá-la em diligência.

15. Denúncia - ação pública condicionada - cuidados

Quando a ação penal for pública condicionada, a denúncia deve informar o


atendimento das condições de procedibilidade, tais como representação ou
requisição, no preâmbulo, e o estado de pobreza, fazendo referência à
prova respectiva na parte expositiva, sendo importante atentar para a data
do fato, para efeito de decadência.

16. Denúncia - lesão corporal - região atingida e ferimentos

Em se tratando de crime de lesão corporal não basta, na denúncia, a mera


referência ao auto de exame de corpo de delito. É preciso indicar a região
em que a vítima foi atingida, assim como os tipos de ferimentos sofridos e a
gravidade da lesão.

17. Denúncia - lesões recíprocas - narração

Tratando-se de lesões corporais recíprocas, não pode a denúncia atribuir a


iniciativa da agressão a só um dos denunciados. Deverá narrar a conduta
de cada um deles.

18. Denúncia - crimes contra o patrimônio - objetos subtraídos,


apropriados - menção

Nos crimes contra o patrimônio, deve a inicial acusatória indicar qual ou


quais os objetos subtraídos, apropriados, etc., não bastando a mera
referência ao auto de apreensão, de arrecadação ou de avaliação
constantes da peça informativa da denúncia. Deve‑se informar, ainda, em
poder de quem foram os objetos apreendidos.

19. Denúncia - crimes contra o patrimônio - valor dos bens

O valor da coisa nos crimes contra o patrimônio é elemento relevante e


deve vir mencionado na denúncia, extraindo‑o do laudo de avaliação
existente no inquérito policial. Se requisitado, zelar para que a avaliação
seja contemporânea à data do fato.

20. Denúncia - receptação dolosa - narração

A denúncia pela prática do crime de receptação dolosa deve referir o fato


que traduz a origem ilícita do objeto receptado e, se possível, de que forma
o denunciado sabia dessa circunstância.

21. Denúncia - receptação culposa - narração

Em se tratando de acusação pela prática de receptação culposa, deve a


denúncia explicitar quais os fatos que autorizam a conclusão de ter o
agente atuado culposamente.

22. Denúncia - crimes praticados mediante violência ou ameaça -


narração

Nos crimes cometidos mediante violência ou grave ameaça, é necessário


dizer em que consistiu uma ou outra.

23. Denúncia - crimes de quadrilha ou bando

Nos crimes de quadrilha ou bando, descrever a finalidade da associação


criminosa (prática de crimes) e o caráter de permanência e estabilidade.

24. Denúncia - crime de falso testemunho

Indicar qual afirmação foi reconhecida como falsa, qual a verdade sobre o
fato e mencionar o resultado do processo no qual se praticou o falso, em
face dos efeitos da retratação.

25. Denúncia - entorpecentes

Mencionar a quantidade, a forma de acondicionamento e as circunstâncias


da apreensão da droga.

26. Denúncia - crime de prevaricação

Narrar o sentimento ou interesse pessoal que impulsionou o agente a


praticar o delito de prevaricação, relacionando-o, quando possível, com os
fatos e circunstâncias noticiados nos autos.

27. Denúncia - crime culposo - narração

Em se tratando de crime culposo, deve a denúncia descrever o


comportamento do agente, caracterizador da imprudência, da imperícia ou
da negligência, sendo insuficiente a simples referência a qualquer uma
dessas modalidades.

28. Crimes contra a honra - recebimento da queixa

Abster-se, nos crimes contra a honra, de se manifestar sobre o


recebimento ou a rejeição da queixa antes da audiência de conciliação
prevista em lei.

29. Denúncia - requerimentos complementares - separação do texto

Apresentar, com o oferecimento da denúncia, requerimento individualizado


contendo o elenco de providências destinadas à complementação ou
correção do procedimento investigatório e à apuração da verdade real,
especialmente:

a) a prisão preventiva, quando cabível, explicitando os elementos dos autos


que a justifiquem;

b) os antecedentes criminais e policiais, inclusive de outros Estados,


quando for o caso; verificar, quando da juntada aos autos da folha de
antecedentes ou das informações dos Distribuidores Criminais, se há
notícia de outros processos, requerendo certidões com breve relatório,
contendo a indicação da data do trânsito em julgado das sentenças
condenatórias;

c) as anotações constantes do assentamento individual (relatório da vida


profissional onde constam os elogios, punições, transferências, faltas, etc.),
quando figurar policial civil ou militar, ou outro servidor público como
denunciado;

d) a remessa ao Juízo dos laudos de exame de corpo de delito faltantes,


inclusive os complementares e outras perícias;

e) o envio de fotografia do acusado, quando necessária para o seu


reconhecimento em Juízo;

f) certidões de peças de outros procedimentos, quando relacionadas com o


fato objeto da denúncia;
g) expedição de ofício à autoridade policial competente com vistas ao
indiciamento do denunciado, se essa providência já não tiver sido tomada
na fase pré-processual;

h) certidão de remessa ao Juízo, juntamente com o inquérito, das armas e


instrumentos do crime e de outros objetos apreendidos na fase pré-
processual, fiscalizando o seu recebimento pelo cartório, através do
respectivo termo nos autos;

i) a ouvida das testemunhas excedentes como sendo do Juízo, caso o rol


apresentado na denúncia ultrapasse o número máximo permitido em lei, ou
para eventual e futura substituição.

DA FASE PROCESSUAL

OBSERVAÇÕES GERAIS

1. Citação por edital - cuidados prévios

Verificar, antes de requerer a citação por edital, se o réu foi procurado por
Oficial de Justiça em todos os endereços constantes do processo como
sendo os de sua residência ou local de trabalho, requerendo informações,
especialmente:

a) a Prefeitura Municipal, quando o endereço residencial ou de trabalho do


acusado não for encontrado e não constar dos mapas e guias da cidade;

b) dos cadastros da Copel — Companhia Paranaense de Energia Elétrica e


do Detran — Departamento Estadual de Trânsito, por intermédio do
respectivo Centro de Apoio;

c) do órgão de classe, relativamente ao endereço de trabalho do


profissional a ele filiado.

2. Citação por edital - art. 366 do CPP

Realizada a citação por edital, zelar para que se opere a suspensão do


processo e do prazo prescricional, não tendo comparecido o réu, nem
constituído defensor, requerendo, desde logo, fundamentadamente, a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, quando cabível,
a decretação da prisão preventiva.

Durante o período de suspensão do processo, requerer periodicamente


informações das Varas de Execuções Penais e da Delegacia de Vigilância
e Capturas da Polícia Civil (DVC) sobre eventual prisão do acusado.

Manter na Promotoria de Justiça relação dos processos suspensos com


base no art. 366 do Código de Processo Penal.

Requerer o prosseguimento do processo sem a presença do acusado, nos


casos previstos em lei, e o interrogatório do réu revel que vier a ser preso
no curso do processo, mesmo após a sentença de primeiro grau.

3. Interrogatório - presença de Advogado ou Curador - defesas


colidentes - diferentes patronos

Zelar para que o réu seja interrogado na presença de defensor, constituído


ou nomeado, e ainda na presença de curador, se for menor de 21 anos,
nada impedindo que o curador e o defensor sejam uma só pessoa; nesse
último caso, deve constar expressamente no termo de audiência que o
defensor também exerce o outro encargo.

Em caso de haver mais de um réu cuidar para que sejam defendidos por
diferentes patronos, quando suas teses de defesa forem colidentes.

Observar se o defensor constituído do acusado preso ou o defensor dativo


foram intimados para apresentação da defesa prévia.

4. Alegação de menoridade - dúvida - exame médico-legal

Requerer, quando o acusado alegar ser menor de 18 anos e não for


possível a obtenção de certidão de nascimento, seja ele submetido a
exame médico-legal para verificação de idade.

5. Exame de insanidade mental

Requerer, quando houver dúvida quanto à integridade mental do acusado,


que este seja submetido a exame médico-legal, apresentando os quesitos
pertinentes ao caso.

6. Audiência - dispensa do réu - cautela

Não concordar com pedidos de dispensa de presença de réus em


audiências, especialmente quando o reconhecimento pessoal for elemento
de prova.

7. Audiência - adiamento - cautela

Opor-se a pedidos de adiamentos de audiência quando perceber intuito


protelatório ou quando houver prejuízo para o andamento da ação penal ou
risco de prescrição; não sendo o caso, aguardar a instalação da audiência,
para que as partes e testemunhas sejam desde logo intimadas da nova
designação.

8. Audiência - cautelas - testemunhas faltantes - providências

Nas audiências de instrução:

a) estudar previamente os autos, providenciando a extração de cópias das


principais peças para acompanhamento quando sua complexidade o
justificar;

b) observar as hipóteses de contradita de testemunha;

c) atentar para as situações de incomunicabilidade das vítimas e


testemunhas;

d) zelar para que o depoimento não seja conduzido;

e) na hipótese de acareação, verificar se as pessoas estão sendo inquiridas


sobre os pontos controvertidos, previamente estabelecidos no requerimento
ou na deliberação do próprio Juiz;

f) se possível, manifestar-se, desde logo, no final das audiências, sobre as


testemunhas que não tiverem comparecido, desistindo ou insistindo em
seus depoimentos, ou substituindo-as, de forma a permitir que o acusado e
seu defensor sejam intimados da nova designação.

9. Precatórias - prazo para cumprimento - cópia de peças

No requerimento de expedição de cartas precatórias para inquirição de


vítimas e testemunhas, postular seja fixado prazo para cumprimento , bem
como instruídas com cópias da denúncia e das declarações prestadas na
Polícia, e, ainda, da fotografia do réu, se for necessário o reconhecimento,
intimando-se a defesa.

Quando se tratar de casos complexos, contatar o membro do Ministério


Público oficiante no Juízo deprecado, encaminhando-lhe diretamente os
informes e perguntas que deseja sejam feitas à pessoa a ser inquirida.

10. Excesso de prazo - formação da culpa - cisão do processo

Requerer a separação do processo quando houver vários réus e disso


puder resultar excesso de prazo para formação da culpa dos que estiverem
presos ou demora excessiva para encerramento da instrução, com risco de
prescrição, ou por outro motivo relevante.

11. Prazo do art. 499 do CPP - providências

Examinar, na fase do art. 499 do Código de Processo Penal, todo o


processo e requerer o que for necessário para sanar eventuais nulidades,
complementar a prova colhida na instrução e esclarecer os antecedentes
do acusado, especialmente no tocante à reincidência.

12. Debates em audiência e alegações finais

Por ocasião dos debates em audiência e das alegações finais:

a) relatar resumidamente o processo;

b) requerer a conversão do julgamento em diligência quando


imprescindível;

c) argüir as nulidades absolutas eventualmente ocorridas;


d) analisar a prova colhida e os fundamentos de fato e de direito nos quais
fundar sua convicção;

e) manifestar-se, ao postular a condenação, sobre a dosimetria da pena,


com abordagem expressa das circunstâncias judiciais, atenuantes e
agravantes, e demais causas genéricas e especiais de aumento ou de
diminuição da pena, propondo a sanção que se afigurar mais justa,
atentando para a existência de reincidência — não basta, nas alegações,
apontar a ocorrência da reincidência, é preciso comprová-la com a
respectiva certidão. Requerer o regime de cumprimento inicial, suspensão
condicional ou substituição por pena alternativa;

f) cuidar, nas manifestações orais, para que seja realizado o seu fiel
registro no termo.

13. Alegações e arrazoados - relatórios - cuidados

Nas alegações finais, razões e contra-razões recursais, é importante que o


relatório contenha a data do recebimento da denúncia e da publicação da
sentença, marcos interruptivos da prescrição.

14. Alegações e arrazoados - teses

Nos relatórios de alegações finais, pronunciamentos, razões e contra-


razões recursais, devem ser consignadas as teses articuladas pelas partes
e a fundamentação da sentença, em um ou em outro caso.

15. Alegações finais - crime hediondo - regime fechado

Quando postular a condenação por crime hediondo, requerer que a pena


seja cumprida integralmente em regime fechado, velando pela interposição
de recurso, caso a sentença, nessa hipótese, determine o cumprimento da
pena inicialmente em regime fechado, em total afronta ao texto da Lei n.º
8.072/90.

CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI

1. Alegações em processos de júri - características

Nos processos de competência do Tribunal do Júri, ao oferecer as


alegações, no prazo do art. 406 do Código de Processo Penal:

a) apontar os indícios de autoria e materialidade exigidos para a pronúncia;

b) demonstrar a existência de qualificadoras e agravantes imputadas ao


acusado;

c) indicar os artigos de lei nos quais o acusado deverá ser pronunciado;

d) requerer ou manifestar-se fundamentadamente acerca da prisão do


acusado, quando for o caso;

e) fundamentar os pedidos de impronúncia, absolvição sumária ou


desclassificação;

f) não deve o Promotor de Justiça, salvo quando necessário, fazer um


trabalho exaustivo de análise da prova, a fim de não enfraquecer a
acusação para o plenário, sendo impróprio reconhecer alguma
razoabilidade nas teses da defesa. Melhor é ater-se à prova da existência
do crime e de indícios suficientes da autoria.

2. Libelo - redação - requisitos

Ao elaborar o libelo recomenda-se:

a) fazê-lo em artigos simples, claros e concisos, em congruência com a


decisão de pronúncia;

b) formular, nos casos de concurso de agentes (co-autoria e participação),


um libelo para cada réu, de modo que cada um preencha, individualmente,
todos os requisitos do art. 417 do Código de Processo Penal;

c) fazê-lo em séries quando forem várias as vítimas ou existirem crimes


conexos;

d) descrever em artigos próprios as qualificadoras confirmadas pela


pronúncia, não se limitando aos termos genéricos da lei;

e) mencionar todas as circunstâncias agravantes até então demonstradas


nos autos;

f) arrolar as testemunhas que devam depor em plenário, assinalando sua


imprescindibilidade;

g) requerer, na cota de oferecimento do libelo, as diligências julgadas


indispensáveis, especialmente certidão atualizada de antecedentes
judiciais, a apresentação da arma do crime para exibição em plenário e a
complementação das diligências anteriormente requeridas e ainda não
atendidas.

3. Julgamento em plenário do júri - providências

No julgamento pelo Tribunal do Júri:

a) se for o caso, apresentar textos de literatura técnica, ilustrações da


anatomia humana, quadros explicativos, esquemas, mapas e outros
objetos, desde que de exibição permitida, a fim de estimular a memória
visual dos jurados;

b) fornecer, quando necessário, cópias de peças dos autos aos jurados,


desde que nelas não conste nenhum tipo de anotação ou destaque;

c) impugnar, quando conveniente, o uso de documento introduzido a


destempo pela defesa, requerendo o registro da impugnação na ata de
julgamento;

d) oferecer exceção oral nos casos de impedimento ou suspeição, durante


o sorteio dos jurados;

e) restringir a leitura de peças em plenário àquelas absolutamente


imprescindíveis;

f) não concordar com a dispensa de testemunha na hipótese de ser


necessária eventual acareação;

g) efetuar protestos diretamente ao Juiz Presidente nas situações que


possam prejudicar o exercício da acusação, especialmente para garantir o
uso da palavra, bem como para impedir que a defesa, na tréplica, inove
suas teses;

h) requerer sejam consignadas em ata todas as ocorrências que possam


acarretar nulidade, procurando sempre que possível ditar as razões de
suas manifestações;

i) quando houver mais de um réu a ser julgado, em caso de cisão do


julgamento, requerer que se julgue primeiro o autor principal, observando
que esta escolha é do Promotor de Justiça, no momento do sorteio de
jurados;

j) estando presente assistente de acusação, cuidar para a prévia divisão do


tempo dos debates;

k) explicar aos jurados a forma de votação dos quesitos e suas


conseqüências para o julgamento;

l) na sala secreta, atentar para a contagem de votos dados aos quesitos,


pugnando pela exibição das cédulas computadas pelo Juiz Presidente e
procedendo a oportuna conferência com o termo de votação.

4. Decisão do júri - apelação limitada

Ao apelar da decisão do júri é necessário especificar, no termo ou petição


do recurso, qual (ou quais) das alíneas do inciso III do artigo 593 do CPP
motiva (ou motivam) a irresignação.

SENTENÇA E RECURSOS

1. Sentença - intimações - fiscalização do MP

Fiscalizar a intimação da sentença ao réu e seu defensor constituído ou


dativo, providenciando para que a efetivação da diligência seja
adequadamente certificada nos autos e requerendo, quando for o caso, a
expedição de editais.

2. Recurso - modo de interposição

Ao recorrer, deverá o Promotor delimitar claramente a irresignação


formulada, evitando expressões genéricas, principalmente quando a
sentença envolver vários fatos, mais de um réu, penas diversas,
condenação de uns e absolvição de outros, etc.

3. Recurso - razões - requisitos

Além do exame do mérito, para fim de recurso, verificar se a sentença


preenche os requisitos formais exigidos por lei, bem como a exatidão da
pena imposta, do regime aplicado ou de eventual medida de segurança,
requerendo que a decisão seja declarada na hipótese de obscuridade,
contradição ou omissão.

4. Recurso - razões e contra-razões

Nas razões e contra-razões do recurso, indicar o Tribunal competente para


o seu processo e julgamento, consoante os artigos 101, VIII, e 103, III, da
Constituição do Estado do Paraná.

5. Vítima pobre - reparação de dano

Nos casos de crimes, para obtenção da reparação do dano pela vítima que
é pobre, observar os artigos 63, 64 e 68 do CPP. Se for o caso, propor,
desde logo, a competente ação.

6. Habeas-corpus - manifestação do Ministério Público em 1º grau

Em habeas-corpus impetrados em primeira instância, tendo vista dos autos


recomenda-se ao agente ministerial manifestar-se, muito embora a
omissão do Código de Processo Penal, pois tal remédio jurídico se dispõe
a garantir a liberdade de ir e vir do cidadão e o Ministério Público tem a
tarefa de exercer a fiscalização do cumprimento da lei.

JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL

(Lei n.º 9.099/95)

1. Presença do Ministério Público nos atos judiciais

É imprescindível a presença do Ministério Público tanto na audiência


preliminar, (art. 72), quanto na audiência de instrução e julgamento (art.81).

2. Procedimento nos crimes de ação penal publica condicionada -


representação - oportunidade

Tratando-se de crimes de ação penal pública condicionada, caso a vítima


não tenha oferecido representação, ao Promotor de Justiça incumbe
atentar para a designação da audiência preliminar e para o prazo
decadencial, sendo bastante a manifestação da vítima no senti­do de querer
processar o autor do fato.

3. Prisão em flagrante

Cometida a infração penal de menor potencial ofensivo, a prisão em


flagrante será imposta caso o autor do fato, após a lavratura do ter­mo, não
concorde em ser imediatamente encaminhado ao Juizado ou não assuma o
compromisso de a ele comparecer (art. 69, parágrafo único).

4. Prescindibilidade do termo circunstanciado

O Promotor de Justiça poderá, independentemente da lavratura do termo


circunstanciado, requerer a designação da audiência preliminar, se com a
notícia da infração penal de menor potencial ofensivo estiverem
identificados elementos suficientes sobre o fato e sua autoria.

5. Cautelas do termo circunstanciado

Ao receber o termo circunstanciado, deve o Promotor de Justiça verificar se


dele constam, ainda que resumidamente, as versões do autor do fato, da
vítima e, sendo o caso, de testemunhas presenciais. Sendo o termo
circunstanciado lacônico ou deficiente, caberá ao Ministério Público suprir a
irregularidade havida, quando possível, evitando a devolução dos autos à
autoridade policial para diligências.

6. Laudo pericial ou prova equivalente

Tratando-se de delito que deixe vestígios, ao termo circunstanciado deverá


ser anexado o laudo de exame de corpo de delito. No entanto, na ausência
deste, o Promotor de Justiça poderá oferecer a denúncia quando for
possível aferir-se a materialidade do crime através de boletim médico ou
prova equivalente. Nesse sentido, até mesmo a ficha clínica do hospital ou
pronto-socorro será considerada.

7. Certidões criminais e folhas de antecedentes

O Promotor de Justiça deve atentar para a juntada aos autos das certidões
criminais, bem como da folha de antecedentes, antes da realização da
audiência preliminar, com o fito de verificar se o autor da infração penal
apresenta condenação, por sentença transitada em julgado pela prática de
crime sujeito a pena privativa de liberdade, e se as condições judiciais são
favoráveis à proposta de transação e à concessão de suspensão
condicional do processo. Sendo o autor do fato policial civil, militar ou outro
servidor público, providenciar a juntada das anotações constantes em seu
assentamento individual.

8. Composição de danos

Sendo o caso de ação penal pública incondicionada, a composição dos


danos entre autor e vítima não impede a formulação da denúncia nem a
apresentação da proposta (art. 76, “caput” c/c 74, parágrafo único).

Ao membro do Ministério Público cabe o acompanhamento da composição


de danos civis, quando o acordo resultar em extinção da punibilidade do
autor do fato.

9. Arquivamento de termo circunstanciado

O Promotor de Justiça promoverá o arquivamento do termo


circunstanciado, se for o caso, na própria audiência preliminar, logo após a
tentativa de composição dos danos.

10. Termos de audiência - atos relevantes

O Promotor de Justiça deverá zelar para que todos os atos relevantes


cons­tem do termo resumido (art. 81, § 2º), especialmente se a audiência
não estiver sendo gravada, como prevê o § 3º do art. 65.

11. Fundamentação das intervenções

Entendendo o Ministério Público não ser cabível a apresentação da


proposta de transação penal ou de suspensão do processo (art. 89), deverá
fundamentar essa posição, explicitando os motivos pelos quais esses
benefícios não devam ser aplicados ao autor do fato.

12. Audiência preliminar - intervenção do MP - presença do Juiz


togado

Perante o Juizado Especial Criminal, a atuação do conciliador ou Juiz leigo


é limitada à composição civil dos danos, intervindo o Ministério Público
como fiscal da lei, presente no recinto o Juiz togado (art. 72).

13. Conciliadores

As funções do Ministério Público são incompatíveis com aquelas


desempenhadas pelos juízes leigos e conciliadores, não podendo os
Promotores, em hipótese alguma, atuar nos Juizados Especiais como se
conciliadores fossem (arts. 21 e 22).

14. Atribuições dos conciliadores

Aos conciliadores incumbe, tão somente, conduzir a conciliação, sob a


orientação do Juiz; e cabe, exclusivamente ao Juiz de Direito, homologar
os acordos feitos pelas partes.

15. Audiência preliminar - proposta de transação - participação de Juiz


leigo ou conciliador

Inexistindo composição civil, ou tratando-se de ação penal pública


incondicionada, observados os artigos 75 e 76 da Lei n.º 9.099/95, é
recomendável que o Juiz togado presida a proposta de transação, ou, ao
menos, esteja presente no recinto, vedada, em qualquer hipótese, a
participação de Juiz leigo ou conciliador.

16. Audiência preliminar - denúncia oral - presença do Juiz togado

Diante dos princípios da oralidade e celeridade que regem o Juizado


Especial Criminal, a presença do Juiz togado, por ocasião do oferecimento
da denúncia oral, é indispensável.

17. Critérios de aplicação de pena restritiva de direito

Na transação penal, a proposta deve limitar-se ao valor da multa ou da


espécie e período de pena restritiva de direito. É vedada a proposta com
conteúdo que exponha a pessoa ao ridículo, à humilhação ou ao vexame.

18. Proposta de transação penal

O Ministério Público tem a exclusiva iniciativa de propor a transação penal,


não cabendo ao Juiz propô-la, realizando acordo com o autor do fato, pois
estaria avocando função privativa do Parquet, estabelecida
constitucionalmente. A proposta do Ministério Público deverá ser
especificada quanto à qualidade e à quantidade da pena.

19. Recusa de proposta de transação penal pelo Ministério Público

Considerando o inciso III do § 2º do art. 76, se o Ministério Público se


recusa a propor a aplicação de pena menos grave, deverá fundamentar e
motivar sua manifestação, não bastando mencionar, tão-somente, o
dispositivo legal.

20. Concurso de crimes

Havendo concurso de crimes, um da competência do Juizado Especial


Criminal e outro da competência do Juízo comum, prevalecerá a
competência da Justiça comum, sem prejuízo da possibilidade de aplicação
de suspensão condicional do processo, desde que presentes as suas
condições, e da eventual exigência de representação nos delitos de lesões
corporais dolosas leves e lesão corporal culposa.

21. Desclassificação ocorrida no plenário do júri

Ocorrida a desclassificação no júri para um delito de menor potencial


ofensivo, o Juiz-presidente do Tribunal do Júri não poderá prosseguir no
processo para condenar o réu, cumprindo-lhe, após o trânsito em julgado
da sentença, remeter os autos ao juiz competente, se não for ele próprio,
devendo ser ouvida a vítima a respeito da representação.

22. Assistente da acusação na transação penal

Não caberá assistente de acusação nesta fase, haja vista a inexistência de


ação penal.

23. Denúncia oral e requisitos

Em face da impossibilidade de transação, o Promotor de Justiça, na própria


audiência, havendo indícios de autoria e materialidade, oferecerá a
denúncia, que será reduzida a termo.

A denúncia oral, presentes as condições da ação, deverá obedecer os


artigos 41 e 43 do Código de Processo Penal.

24. Citações e intimações

Oferecida a denúncia, nos moldes do art. 78, as citações e intimações


serão realizadas nessa oportunidade. Ausente o acusado, será expedido
mandado recomendando que o mesmo deve comparecer à audiência de
instrução e julgamento acompanhado de Advogado. Ausente o ofendido ou
o seu responsável civil, sua intimação seguirá os termos do art. 67.

A citação do autor do fato deverá ser, necessariamente, pessoal (artigo 66,


“caput”). Na impossibilidade desta, as peças deverão ser remetidas para o
Juízo comum (art. 66, parágrafo único).

25. Intimação e número de testemunhas

O Ministério Público e a defesa poderão requerer a intimação de


testemunhas até cinco dias antes da audiência de julgamento. A defesa,
caso não requeira a intimação, tem a prerrogativa de trazer suas
testemunhas.

Não tendo a Lei n.º 9.099/95 especificado o número máximo de


testemunhas, aplica-se o limite estabelecido pelo artigo 539 do Código de
Processo Penal (no máximo cinco).

26. Oportunidade da proposta de suspensão condicional

Quando do oferecimento da denúncia, o Ministério Público poderá, desde


logo propor a suspensão do processo. No entanto, ausentes, nesse
momento, os requisitos legais para a realização da proposta, nada obsta
que seja feita posteriormente.

27. Suspensão do processo - exclusividade - do Ministério Público

O Promotor de Justiça, a teor do art. 89, tem exclusividade na atribuição da


proposta, ou não, da suspensão do processo, devendo fazê-lo
fundamentadamente, sendo defeso ao Juiz tomar a iniciativa, ainda que a
requerimento da parte. Na hipótese de discordância, cumpre ao Juiz aplicar
subsidiariamente o art. 28 do CPP.

28. Transação penal e suspensão condicional do processo - concurso


de crimes

Os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo


serão aplicados, nas hipóteses de concurso formal ou material e de crime
continuado, se a soma das penas mínimas cominadas a cada crime,
computado o aumento respectivo, não ultrapassar o limite de um ano.

29. Audiência de instrução - presidência do Juiz togado

Ainda que informal o Juizado Especial Criminal, não há previsão legal na


prática de atos jurisdicionais típicos por parte de conciliador ou juiz leigo,
vigendo na sua plenitude o princípio constitucional do juiz natural.

30. Fiscalização do sursis processual durante a vigência do benefício

Durante o período probatório da suspensão condicional do processo, o


representante do Ministério Público deverá zelar pelo cumprimento das
condições impostas e verificar, regularmente, com os meios ao seu dispor,
se o acusado está sendo processado em outro feito.

31. Inaplicabilidade da Lei n.º 9.099/95 na Justiça Militar

No âmbito da Justiça Militar são inaplicáveis as disposições da Lei n.º


9.099/95, nos moldes do art. 90-A da lei supracitada.

32. Lei n.º 9.099/95 nos crimes de trânsito

Nos crimes cuja pena máxima não ultrapasse a um ano, aplicam-se as


regras do Juizado Especial Criminal. A Lei n.º 9.099/95 valerá como norma
geral e o CTB prevalecerá ante a sua especialidade, havendo conflito entre
elas.

33. Homicídio culposo na direção de veículo, suspensão condicional


do processo, transação penal e conciliação extintiva de punibilidade

Nos termos da redação do parágrafo único do art. 291 do CTB, tratando­-se


de homicídio culposo na direção de veículo, é inaplicável a suspensão
condicional do processo (art. 89 da Lei n.º 9.099/95), a transação penal ou
a conciliação cível extintiva da punibilidade (art. 74 e 76 da Lei 9.099/95).

34. Lesão corporal culposa na direção de veículo, suspensão


condicional do processo, transação penal e conciliação extintiva de
punibilidade

Aplicam-se as disposições dos artigos 74, 76 e 89 da Lei n.º 9.099/95,


tratando-se de lesão corporal culposa praticada na direção de veículo
automotor.

35. Turmas Recursais - intervenção

Os membros do Ministério Público intervêm perante as Turmas Recursais


dos Juizados Especiais Criminais, instituídas pela Resolução n.º 2/96 do
Tribunal de Justiça do Estado, em revezamento mensal, iniciando-se pelo
menos antigo na comarca, sendo que as substituições serão feitas
automaticamente, obedecendo a ordem de antigüidade dos Promotores
com atribuições criminais nas respectivas comarcas de entrância final, e a
ordem de antigüidade quando houver mais de um Promotor na comarca de
entrância intermediária ou, quando não, pelo Promotor da comarca de
entrância intermediária mais próxima.

36. Competências dos tribunais

Os Tribunais Estaduais têm competência originária para conhecimento e


julgamento de habeas corpus e mandados de segurança quando o Juiz de
Direito for o coator. Também as correições parciais devem ser
encaminhadas aos Tribunais Estaduais.

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA - SONEGAÇÃO FISCAL

1. Procedimento administrativo fiscal - providências preliminares

Recomenda-se a adoção das seguintes providências preliminares, logo que


é dada ao Ministério Público a primeira vista do procedimento
administrativo fiscal:

a) registrar e autuar a documentação recebida como “Procedimento


Administrativo”, no âmbito da própria Promotoria, conforme faculta o art. 26,
inciso I, da lei 8.625/93 ( Lei Orgânica Nacional do Ministério Público);

b) oficiar à Delegacia Regional da Receita Estadual que abrange o


Município onde se consumou o ilícito fiscal, solicitando remessa de
informações acerca do efetivo pagamento do débito tributário e demais
encargos (multa e correção monetária) indicando, no ofício, o número do
Auto de Infração (localizado no canto superior esquerdo do documento
encaminhado pela Fazenda), solicitando ainda que seja noticiado eventual
pagamento e a forma como ocorreu (pagamento integral, parcelamento,
etc.) ;

c) oficiar à Junta Comercial do Estado do Paraná solicitando o envio de


cópias autênticas do Contrato Social e todas as alterações subseqüentes,
relativamente à empresa autuada pelo fisco, ou ata de assembléia geral no
caso de sociedade anônima;

d) verificar se constam do procedimento administrativo fiscal todas as notas


fiscais, a que eventualmente nele haja alusão (originais ou cópias
autenticadas);

e) verificar se constam do PAF (Procedimento Administrativo Fiscal), as


cópias dos Livros de Registro de Entrada de Mercadorias, de Registro de
Saídas de Mercadorias, e de Apuração de ICMS, bem como, ao final,
cópias das GIAS de ICMS, relativas a cada período de apuração (mensal);

f) com a juntada dessa documentação, via de regra se torna dispensável a


instauração de inquérito policial, haja vista que a prova documental é
suficiente à formação da opinio delicti;

g) ao oferecer denúncia, caso entenda que o valor do prejuízo ao erário


público é substancial, deve o Promotor de Justiça instaurar novo
procedimento administrativo visando apurar se o contribuinte é proprietário
de bens móveis e imóveis aptos a serem seqüestrados a fim de assegurar
o pleno ressarcimento, oficiando aos Cartórios de Registro de Imóveis da
Comarca onde reside o contribuinte ou situa-se a empresa, ao Detran,
Telepar e Receita Federal;

h) deverá o Promotor, em seguida, promover medida cautelar


assecuratória, consistente no seqüestro de bens do contribuinte, com base
no Decreto-Lei n.º 3240/41, ainda em vigor, que disciplina o seqüestro de
bens de pessoa indiciada por crime de que resulta prejuízo para a Fazenda
Pública. Uma vez deferido o seqüestro, com a conseqüente nomeação de
depositário fiel dos bens móveis, pela autoridade judiciária, e averbação do
seqüestro dos bens imóveis no Registro de Imóveis (art. 4º, § 1º, inc. I e II,
do Decreto 3.240/41), terá o Promotor o prazo de 15 dias para ingressar
em Juízo com pedido de especialização em hipoteca legal, objetivando a
criação de garantia em favor da Fazenda Pública.

2. Extinção da punibilidade pelo pagamento do débito

Antes do recebimento da denúncia, se o agente promover o pagamento do


tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, extingue-se a
punibilidade dos crimes contra a ordem tributária, consoante dispõe a Lei
n.º 9.249/95, em seu artigo 34, razão pela qual outra alternativa não restará
ao Promotor de Justiça senão promover o arquivamento dos autos.

3. Parcelamento do débito fiscal

Malgrado bastante discutida a matéria, orienta-se o Promotor a adotar a


posição do Pleno do STF, e mesmo do TJPR, ainda ao tempo em que
vigorava o art. 14 da Lei 8.137/90, no entendimento de que

se o artigo 14 da Lei n. 8137/90 exige, para a extinção da punibilidade, o


pagamento do débito antes do recebimento da denúncia, essa extinção só
poderá ser decretada se o débito em causa for integralmente extinto pela sua
satisfação, o que não ocorre antes de solvida a última parcela do pagamento
fracionado. Assim, enquanto não extinto integralmente o débito do pagamento,
não ocorre a causa da extinção da punibilidade em exame, podendo, portanto,
se for o caso, ser recebida a denúncia.

Oportuno, ainda, atentar para o disposto no art. 154, parágrafo único, do


Código Tributário Nacional .

4. Anistia

No caso de concessão de anistia, ou parcelamento com os benefícios da


anistia pleiteados e concedidos indevidamente, atentar para o art. 180 do
Código Tributário Nacional, já que

o artigo 180 do Código Tributário Nacional não foi derrogado pela atual
Constituição Federal, pois não há incompatibilidade entre os seus preceitos e os
da Carta Magna, no que tange à anistia. Logo, esta não se aplica ‘aos atos
qualificados em Lei como crimes ou contravenções.

5. Agente do ilícito penal tributário

O art. 11 da Lei 8.137/90 repete a fórmula do art. 29 do Código Penal.


Entretanto, cumpre atentar para o entendimento doutrinário, no sentido de
que

O sujeito que consta como administrador no contrato social da empresa à época


da conduta (tempo do crime, art. 4º do CP) praticada por intermédio desta,
presume-se autor do delito, ao menos na modalidade intelectual, devendo
provar o contrário, caso impute a iniciativa anímica da conduta a terceiro (por
exemplo, um funcionário), invertendo, assim, o ônus da prova devido à alegação
de circunstância fática nova nos autos (art. 156 do CPP), divergente das
circunstâncias constantes da documentação constitutiva da pessoa jurídica.

6. Elemento subjetivo dos crimes tributários

Todos os crimes tributários terão o dolo como elemento integrante. Não


existe crime tributário que se configure por culpa.

7. Competência processual

Quando o crime for cometido tendo por objeto um tributo da União, a


Justiça Federal será competente para processo e julgamento. Se, todavia,
o tributo objeto do crime for estadual ou municipal, a competência
processual será da Justiça do Estado a que pertença o tributo, ou do
município cujo tributo foi elidido de maneira criminosa.

8. Crime de sonegação fiscal

Os crimes de sonegação fiscal, ou contra a Ordem Tributária, estão


previstos nos art. 1º e 2º da Lei 8.137/90. Os crimes previstos no art. 1º,
incisos I a V são materiais. Por seu turno, os crimes previstos no parágrafo
único do art. 1º, e no art. 2º, são formais.

9. Consumação

O crime fiscal material consuma-se no último prazo concedido pela


legislação tributária para recolhimento do tributo.

O crime fiscal formal é de consumação instantânea, aperfeiçoando-se no


momento em que o agente pratica a conduta descrita no tipo. Entretanto,
convém lembrar que a doutrina exige prazo mínimo de 10 dias de
descumprimento para a consumação do crime previsto no art. 1º, parágrafo
único, não podendo ser minorado pelo fisco.

10. Descaminho

O crime de descaminho significa fraude no pagamento de impostos e taxas


devidos pela entrada ou saída de mercadorias ou gêneros.

11. Ação penal pública nos crimes contra a ordem tributária

Os crimes referidos na Lei nº 8.137/90 são de ação penal pública


incondicionada, aplicando-se-lhes o disposto no artigo 100 do Código
Penal. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público
para a cabal apuração dos fatos supostamente criminosos.

12. Fraudes - casos freqüentes que redundam em crimes contra a


ordem tributária

ICMS

Nota calçada

Fraude na qual o contribuinte insere nas vias fixas do bloco de notas fiscais
valor inferior àquele lançado na via do consumidor final, que corresponde
ao valor da operação efetivamente realizada, com o que reduz tributo
devido à Fazenda Pública Estadual. Essa conduta está inserida no art. 1º,
inc. II, da lei n.º 8137/90.

Nota paralela

Fraude na qual o próprio contribuinte, ou mediante colaboração de gráfica,


imprime dois blocos de notas fiscais com a mesma numeração e série,
fazendo constar no rodapé do documento fiscal um número de AIDF ,
verdadeiro ou fictício, e, quando da venda de mercadoria ao consumidor
final, o contribuinte preenche a nota paralela que não é contabilizada na
empresa (lançada nos livros obrigatórios de saída de mercadorias e de
apuração de ICMS), suprimindo, assim, o tributo devido ao Estado naquela
operação. Tal conduta se enquadra nos incisos III e IV do art. 1º da Lei
8137/90.

Crédito frio

Fraude através da qual o contribuinte, por si, ou valendo-se da participação


de outras empresas, lança mão de notas fiscais inidôneas (falsas —
ideológica ou materialmente), geralmente relativas a empresas já
canceladas perante a Fazenda Pública Estadual, ou de empresas
inexistentes, de fato ou de direito.

É comum, quando o contribuinte usa nota fiscal de empresa cancelada,


argumentar em sua defesa que desconhecia essa situação da empresa
perante o fisco estadual, porque lhe seria impraticável contatar com a
Receita Estadual toda vez que comprasse mercadorias. Diante dessa
argumentação, deve o contribuinte provar a efetividade da operação,
apresentando cópia autenticada de documento de depósito bancário ou
cópia do cheque que serviu para pagamento da operação questionada. No
caso de não apresentar prova definitiva do pagamento é porque a compra
da mercadoria não se realizou, caracterizando a fraude.

A fraude em questão diz respeito ao princípio da “não cumulatividade” do


ICMS, previsto na CF/88, (art. 155, § 2º, inc. I), que permite ao contribuinte
abater em suas operações posteriores de saída de mercadorias o ICMS já
pago quando das operações de sua entrada.

Assim, o contribuinte lança no Livro de Registro de Entrada de


Mercadorias, valor relativo ao ICMS pago quando da compra de
mercadorias, “gerando” um crédito de ICMS perante o Estado do Paraná
(forjado), que é abatido, ao final de cada exercício fiscal (30 dias), com o
imposto devido. Desta forma o contribuinte, valendo-se de um crédito
inexistente, compensa o valor que deveria pagar, praticando, em
conseqüência, sonegação fiscal. Tal fraude se enquadra no art. 1º, inc. II,
da Lei 8.137/90.

Apropriação de créditos por “Diferencial de Alíquotas” - utilização na


redução ou supressão do ICMS - formas de consecução da fraude

A fraude ocorre quando o contribuinte paranaense realiza operação de


compra junto à empresa localizada em outro Estado da Federação (por
exemplo: São Paulo, onde a operação interestadual está sujeita à alíquota
de 12% (doze por cento), incidente sobre o valor da operação) e,
considerando a não cumulatividade do imposto prevista na Constituição
Federal, vem a se creditar, além dos 12% por ele pagos, de mais 5% (não
pagos), alegando que nas operações de compra dentro do Estado do
Paraná, se pratica o percentual de 17%, beneficiando-se, por sua própria
conta, indevidamente, do diferencial de 5%. Frise-se que este diferencial de
5% jamais foi pago pelo contribuinte e, constitui, na verdade, geração
criminosa de crédito fictício. Tal conduta enquadra-se no art. 1º, inc. I e II,
da Lei 8.137/90.

Subfaturamento

Esta fraude consiste no fato de o contribuinte lançar na nota fiscal valor


inferior ao efetivamente pago pelo consumidor final, além de lançar este
valor no Livro de Registro de Saída de Mercadorias, a fim de reduzir o valor
do tributo devido ao Estado. Esta conduta enquadra-se no art. 1º, inc. I e II,
da Lei 8.137/90.

Venda tributada de mercadorias sem o fornecimento de nota fiscal - “caixa


2”

Tal fraude consiste no fato de o contribuinte negar ou deixar de fornecer


nota fiscal quando realiza operação tributada de venda de mercadorias,
suprimindo, assim, o imposto devido naquela operação mercantil realizada.
Esta conduta se enquadra no art. 1º, inc. I e V, da Lei 8.137/90.

Fraude no pagamento do ICMS pelo sistema da substituição tributária

Via de regra, os tributos são cobrados dos contribuintes, ou seja, das


pessoas que realizam os fatos que dão origem à obrigação tributária.
Entretanto, o legislador (art. 128 do CTN), ou para evitar a sonegação, ou
para facilitar a ação fiscalizatória do Estado, elege responsáveis tributários,
ou seja, escolhe um determinado contribuinte para arcar com a carga
tributária dos contribuintes anteriores ou posteriores, que estejam, por
qualquer razão, relacionados à mesma atividade comercial ou produtiva.
Assim, na responsabilidade por substituição, o dever de pagar o tributo,
deixa de ser do contribuinte e passa a ser do substituto.

O regime de substituição tributária consiste em atribuir a um terceiro a


obrigação tributária do sujeito passivo natural. A regra em questão diz-se
vulgarmente “para trás”, quando é atribuída a responsabilidade para o
cumprimento de obrigações das operações anteriores e “para frente”, das
operações subseqüentes. Tais procedimentos visam combinar técnicas de
arrecadação e de fiscalização, concentrando e antecipando a receita e
racionalizando as atividades inerentes, principalmente a de fiscalização
pela redução do universo de contribuintes passíveis de maiores controle.

Assim, em face de tal regime, surgem duas figuras tributárias distintas: o


contribuinte de fato e o contribuinte de direito. O contribuinte de fato é
aquele que efetivamente arca com o ônus do pagamento do imposto,
enquanto que o contribuinte de direito é o responsável pela retenção
temporária e posterior repasse do valor cobrado do contribuinte de fato, aos
cofres públicos.
Desta forma, a fraude ocorre quando o substituto eleito cobra, no preço da
mercadoria, sob a forma de custo, antecipadamente, o tributo devido por
seus sucessores ou antecessores e posteriormente não o repassa à
Fazenda Pública, omitindo estas informações das autoridades fazendárias.
Portanto, locupleta-se indevidamente, eis que se apropria definitivamente
do tributo que arrecadou por antecipação, e que deveria ser repassado ao
fisco paranaense, obtendo vantagem ilícita mediante a supressão do tributo
(ICMS), cuja retenção antecipada não foi declarada ao Fisco. Tal fraude
vem consubstanciada no art. 2º, inc. II, da Lei Federal 8.137/90.

ISS

Forma de evasão fiscal

A fraude consiste no fato de o contribuinte instituir empresa em município


cuja alíquota do ISS é menor em relação àquele onde a empresa esta
efetivamente sediada e operando. A legislação não impede que a empresa
tenha sede ou filial em município onde a alíquota de ISS é menor, desde
que, efetivamente ela lá esteja instalada e exerça suas atividades. A fraude
diz respeito ao fato da empresa existir somente de direito (no papel), e não
de fato, no município cuja carga tributária é menor.

Caso a Receita Municipal não tenha juntado provas suficientes da


inexistência de fato da empresa no município onde a carga tributária é
menor, é prudente que tal levantamento seja feito direitamente pela
Promotoria, ou através da autoridade policial.

Pagamento de tributo com cheque sem fundos

Apesar de aparentemente poder-se enquadrar tal conduta como crime


contra a ordem tributária, na verdade o agente jamais conseguirá suprimir
ou reduzir o tributo devido, uma vez que o art. 162, § 2º, do Código
Tributário Nacional, somente considera extinto o débito pago através de
cheque após o resgate do mesmo pelo sacado. Assim, o pagamento de
tributo com cheque sem suficiente provisão de fundos pode caracterizar
crime de estelionato, seja na forma do “caput” ou na forma do inc. VI do art.
171 do Código Penal, mas não crime contra a ordem tributária.

Falsificação de chancela de autenticação bancária em guia de recolhimento


de imposto

Repetem-se aqui os argumentos aduzidos no item supra, quando do


tratamento da matéria relativa a cheque sem fundos, pois a falsificação de
guia de recolhimento de imposto não tem o condão de suprimir ou reduzir o
crédito tributário devido à Fazenda Pública, podendo tal conduta
caracterizar crime de falsificação de documento público ou estelionato,
dependendo da circunstância, mas não crime contra a ordem tributária.

EXECUÇÃO PENAL

1. Intervenção do MP na execução penal

Cabe ao Promotor de Justiça:

a) fiscalizar a execução das medidas aplicadas em sede de transação


penal, das condições da suspensão condicional do processo e da
suspensão condicional da pena, bem como as penas restritivas de direitos
e privativas de liberdade, além das medidas de segurança, oficiando em
todas as fases do processo executivo e dos incidentes de execução, e
quando necessário, interpor os recursos cabíveis das decisões proferidas
pela autoridade judiciária;

b) fiscalizar, mensalmente, o cumprimento das condições legais e


consensuais estabelecidas na suspensão condicional do processo e no
sursis, requerendo a prorrogação do benefício na hipótese do não
comparecimento do réu em Juízo, bem como na ausência de comprovação
da efetiva reparação do dano antes do escoamento do prazo estabelecido;

c) requerer a revogação da suspensão condicional do processo e do sursis,


pelo descumprimento injustificado das condições legais e consensuais
estabelecidas, após regular intimação do réu para justificar-se.

2. Guias de recolhimento e internamento

O Promotor de Justiça deve fiscalizar a regularidade formal das guias de


recolhimento e internamento, verificando a pena aplicada ao réu, o prazo
prescricional e, tratando‑se de pena privativa de liberdade, atentar para o
regime prisional fixado na sentença e para a adequação do local onde se
encontra preso o condenado, tomando as providências cabíveis para sanar
as eventuais irregularidades. Observar o pagamento da multa e das custas
processuais.

3. Providências necessárias do processo executivo

Quando necessário, na execução penal, o Promotor de Justiça deverá


requerer ou verificar a:

a) instauração de incidentes de excesso ou desvio de execução;

b) aplicação de medida de segurança bem como a substituição da pena por


medida de segurança;

c) revogação da medida de segurança;

d) conversão de penas, a prorrogação ou regressão nos regimes e a


revogação da suspensão condicional da pena e do livramento condicional;

e) internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;

f) canalização de prestação pecuniária exclusivamente para entidades com


destinação social e atividades assistenciais, regularmente registradas nos
órgãos da categoria, conselhos estaduais e municipais;

g) correta orientação da pena restritiva de direitos de prestação de serviços


à comunidade para órgãos públicos ou entidades com destinação social e
atividades assistenciais, regularmente registradas nos órgãos da categoria,
conselhos estaduais e municipais.

4. Incidentes de progressão e regressão do regime de pena

Cabe ao Promotor de Justiça manifestar-se nos incidentes de progressão e


regressão do regime de pena, requerendo a sua modificação, quando for
necessário.

5. Progressão para o regime semi-aberto

Tratando-se de progressão para o regime semi-aberto, recomenda-se ao


representante do Ministério Público observar:

a) a existência de decreto expulsório, perante o Ministério da Justiça, no


caso de condenado estrangeiro;

b) as hipóteses legais de impossibilidade de progressão (crimes hediondos


e equiparados);

c) o preenchimento, por parte do condenado, dos requisitos legais de


ordem objetiva e subjetiva;

d) a existência do exame criminológico, quando necessário, com as


informações sobre a conduta carcerária e laborterapia e outros elementos
relativos às áreas social, psicológica e psiquiátrica;

e) eventual prisão cautelar decretada em outro feito impedindo a


transferência do condenado para

f) regime menos rigoroso.

6. Falta disciplinar de natureza grave

Incorrendo o condenado em falta disciplinar de natureza grave, observar as


disposições legais do artigo 118 da LEP.

7. Remição da pena pelo trabalho

Tratando-se de remição da pena, cumpre ao Promotor de Justiça atentar


para:

a) o atestado de trabalho;

b) a inclusão, no cômputo do cálculo de tempo, do trabalho eventualmente


desempenhado por ocasião da prisão provisória (trabalho interno);

c) a impossibilidade de concessão de remição tratando-se de condenado


em regime aberto, nos moldes do artigo 126 da LEP.

8. Pedidos de livramento condicional

Nos pedidos de livramento condicional, o Promotor de Justiça deverá


observar:

a) o cumprimento de tempo de pena específico para situação dos


condenados primários (um terço) e reincidentes em crime dolosos ou com
maus antecedentes (metade), e para autores de crimes hediondos e
equiparados (dois terços);

b) a impossibilidade da concessão do benefício ao reincidente específico


em crime hediondo;

c) comprovação da reparação do dano causado pela infração, salvo


impossibilidade de fazê-lo;

d) a existência de menção explícita, no laudo de exame criminológico, às


condições pessoais do preso, que façam presumir que ele não voltará a
delinqüir;

e) comprovação de satisfatório comportamento durante a execução da


pena, bom desempenho no trabalho atribuído e aptidão para prover a
própria subsistência através de trabalho honesto;

f) a existência de parecer do Conselho Penitenciário do Estado.

9. Pena restritiva de direitos

Incumbe ao Promotor de Justiça:

a) fiscalizar a execução da pena restritiva de direitos e, em se tratando de


sentença condenatória, requerer a sua conversão em pena privativa de
liberdade;

b) fiscalizar a regularidade formal das entidades e órgãos beneficiários das


penas restritivas de direitos, bem como das medidas aplicadas em sede de
transação penal e suspensão condicional do processo;

c) promover a criação de cadastro, na comarca, de entidades aptas a


receber os benefícios das penas restritivas de direitos e medidas aplicadas
em sede de transação penal e suspensão condicional do processo.

10. Não-pagamento de pena de multa imposta cumulativamente

Atentar para o fato de que o não-pagamento da pena de multa imposta


cumulativamente, consoante dispõe o artigo 118, §1º, da LEP, implica em
regressão do regime aberto, bem como, à luz do disposto no artigo 81,
inciso II, CP, revogação da suspensão condicional da pena.

11. Visitas carcerárias

Durante a realização das visitas carcerárias, o Promotor de Justiça deverá:

a) verificar a existência de presos irregulares, adotando as medidas


judiciais cabíveis para fazer cessar o constrangimento ilegal;

b) ouvir os presos, anotando suas reclamações;

c) observar as condições de segurança e higiene das celas;

d) verificar a existência de adolescentes detidos por determinação judicial


e, em caso positivo, zelar para que seu recolhimento se faça em sala
especial;

e) elaborar relatório circunstanciado consignando, no livro próprio, tudo o


que reputar relevante;

f) efetivar as providências pertinentes às reclamações dos presos e, em


sendo necessário, encaminhar à Procuradoria-Geral de Justiça o relatório
das visitas, sugerindo a adoção das medidas que ultrapassem os limites de
suas atribuições.

12. Visita aos estabelecimentos de cumprimento das penas restritivas


de direitos

Nas visitas aos órgãos públicos e entidades beneficiárias das penas


restritivas de direitos e das medidas aplicadas em sede de transação penal
e suspensão condicional do processo, cumpre ao Promotor de Justiça
verificar:

a) as instalações e a existência de pessoal apto a executar as penas


restritivas de direitos;
b) se os serviços prestados pelos réus possibilitam a sua reintegração
social;

c) se os recursos advindos da prestação pecuniária são regularmente


aplicados em benefício da comunidade.

13. Indulto e comutação

Observar, nos casos de indulto e comutação, os requisitos estabelecidos


nos respectivos decretos presidenciais, zelando para que sempre haja o
parecer do Conselho Penitenciário.

CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL CIVIL E MILITAR

1. Regulamentação do controle externo da atividade policial

Nos moldes do artigo 129, inc. Vll, da Constituição Federal, cumpre ao


Ministério Público, como função institucional, o exercício do controle
externo da atividade policial. Esse controle, no Estado do Paraná, está
disciplinado no âmbito da Lei Complementar n.º 85/99 (art. 57, inc. XII) e
em ato próprio do Procurador-Geral de Justiça.

2. Significado do controle externo

O controle externo da atividade policial não implica, para as Polícias, sofrer


redução de seu prestígio político e social, tampouco suportar nova
hierarquia administrativa, posto que referido controle é, antes, fruto do
sistema comum de freios e contrapesos impostos pela Carta Magna entre
os Poderes e as instituições públicas.

3. Controle interno das Polícias

O Ministério Público não tem ingerência sobre os assuntos de economia


interna das polícias, bem como sobre o estilo de cada autoridade policial de
proceder as investigações ao seu modo, sendo ela, inquestionavelmente,
quem dirige as apurações e preside sua formalização, mediante a lavratura
do termo circunstanciado e a instauração do inquérito policial.

4. Atividades do controle externo

No exercício do controle externo da Polícia Judiciária Civil e da Policia


Militar, recomenda-se ao Promotor de Justiça, no âmbito de suas
atribuições:

a) realizar visitas às Delegacias de Polícias e aos órgãos encarregados de


apuração das infrações penais militares, assegurado o livre ingresso a
esses estabelecimentos;

b) examinar quaisquer documentos relativos à atividade de Polícia


Judiciária, podendo extrair cópias;

c) exercer o controle da regularidade do inquérito policial;

d) receber representação ou petição de qualquer pessoa ou entidade por


violações relacionadas com o exercício da atividade policial;

e) instaurar procedimentos administrativos na área de sua atribuição;

f) representar à autoridade competente para adoção de providências que


visem sanar omissões, prevenir ou corrigir ilegalidades ou abuso de poder
relacionados com a atividade de investigação penal;

g) requisitar à autoridade competente abertura de inquérito policial sobre


omissão ou fato ilícito ocorridos no exercício da atividade policial.

5. Requisição de sindicância das corporações militares

Cumpre ao Promotor de Justiça, no exercício do controle externo, requisitar


as sindicâncias levadas a efeito no seio das corporações militares, haja
vista que as mesmas, em face do princípio constitucional, não podem ficar
ao alvedrio dos comandantes militares, porque a opinio delicti compete,
com exclusividade, ao Ministério Público.

6. Requisição ou notificação do Governador do Estado, membros da


Assembléia Legislativa, do Poder Judiciário de segunda instância e
Secretários de Estado

O membro do Ministério Público solicitará ao Procurador-Geral de Justiça a


requisição ou notificação sempre que se destinem às autoridades
supracitadas.

7. Não-atendimento da requisição ministerial

É o termo técnico e adequado à designação de pedido que não faculta ao


destinatário desatender, sob pena de crime (prevaricação ou
desobediência). O desatendimento de requisição ministerial, por pura
desídia, em tese configura infração disciplinar, havendo de ser acionado o
superior hierárquico da autoridade faltosa (requisição de sindicância ou
procedimento disciplinar, nos moldes do artigo 26, Ill, LONMP).

8. Acompanhamento de investigações

Como corolário do controle externo da atividade policial, o membro do


Ministério Público é detentor de direito líquido e certo de acompanhar as
investigações respectivas, através de uma participação ativa nas
diligências apuratórias, não significando, contudo, direção das
investigações, estipulação de prioridades e métodos, designação de datas
e providências, expedição de ordens internas, autuação de interrogatórios,
presidência dos inquéritos e tudo mais que seja da alçada privativa da
autoridade policial.

9. Respeito às dificuldades e carências das polícias

Cumpre ao membro do Ministério Público, em que pesem as prerrogativas


de fiscalizar externamente as Polícias, respeitar as dificuldades e as
carências que peculiarizem cada unidade policial, e, numa visão
macroscópica, a própria Polícia como um todo.

10. Bom senso e ética do membro do Ministério Público

O membro do Ministério Público, na condição de agente político e detentor


de prerrogativas constitucionais, não deverá se afastar dos limites do bom
senso e das normas éticas, bem como da política do bom relacionamento
interinstitucional.

11. Procedimento administrativo

Os Promotores de Justiça Criminais, com fulcro no artigo 129, inciso Vl, da


CF/88, e art. 58, inc. I, da Lei Complementar Estadual n.º 85/99, poderão
instaurar procedimento administrativo investigatório de ofício, ou através de
representação ou qualquer outro meio de informação, quando houver
necessidade de esclarecimentos complementares para formar o seu
convencimento.

12. Denúncia com base em peças informativas

Faz-se necessário ressaltar que o Código de Processo Penal autoriza a


propositura de ação penal com base em peças informativas, no caso, o
procedimento administrativo (art. 46, § 1º). Não há impedimentos legais
para que o Promotor de Justiça que apurou venha a oferecer, ele próprio, a
denúncia criminal e sustentar a ação penal correlata, pois, como parte que
é, nesse caso não se caracteriza impedimento ou suspeição.

13. Finalidades do procedimento administrativo investigatório

O procedimento administrativo investigatório deverá atender às seguintes


finalidades:

a) a prevenção da criminalidade;

b) a celeridade, o aperfeiçoamento e a indisponibilidade da persecução


penal;

c) a prevenção e a correção de irregularidades, ilegalidades ou abuso de


poder relacionados com a atividade de investigação criminal;

d) a retificação de falhas na produção da prova, inclusive técnica, para fins


de persecução penal.

14. Instauração e presidência do procedimento administrativo


investigatório

O procedimento administrativo investigatório será presidido pelo Promotor


de Justiça no âmbito de suas atribuições criminais. Instaurar-se-á, por
termo de abertura, autuado e registrado em livro próprio, com o seguinte
teor:

a) descrição do fato objeto de investigação;

b) o nome e a qualificação do autor da representação, se for o caso;

c) a determinação das diligências iniciais ou esclarecimentos e o meio pelo


qual se tomou conhecimento do fato.

O membro do Ministério Público, ao presidir procedimento administrativo


investigatório, zelará pelo respeito aos direitos inerentes à intimidade, à
privacidade do indivíduo, ao sigilo das informações, se for o caso, bem
como pela integração das suas atribuições, da Polícia Judiciária e de outros
órgãos colaboradores.

15. Diligência em outra comarca

Havendo necessidade da realização, em procedimento administrativo


investigatório, de diligência em outra comarca, esta poderá ser solicitada ao
respectivo órgão de execução do Ministério Público.

16. Comprovação de comparecimento

Sendo solicitada, pelo interessado, o Promotor de Justiça fornecerá


comprovação escrita do seu comparecimento.

17. Providências de caráter geral na área de atuação da autoridade


policial

Ao ser constatada anormalidade operacional ou outra situação que enseje


pedido de providências junto aos órgãos superiores dos organismos
policiais, seja dado conhecimento do(s) fato(s) à Corregedoria da Polícia
Civil ou ao Comando-Geral da Polícia Militar, diretamente ou através da
Corregedoria-Geral do Ministério Público.

PROCESSO CIVIL EM GERAL

RECOMENDAÇÕES GENÉRICAS

1. Interesse público - intervenção do MP - obrigatoriedade

Quando a lei expressamente prever a intervenção do Ministério Público, em


casos que defina de modo especificado (arts. 82, I e II, 944 e 1.105 do
Código de Processo Civil, bem como em leis especiais, falências, mandado
de segurança, ação popular, execução fiscal, acidentes do trabalho,
Estatuto da Criança e do Adolescente, etc.), o Promotor de Justiça intervirá
obrigatoriamente.

2. Interesse público - intervenção do MP - discricionariedade

Nos casos do art. 82, III, do CPC, poderá o agente do Ministério Público
avaliar a efetiva existência do interesse público, intervindo ou não no
processo civil, sempre, e obrigatoriamente, de modo fundamentado.

3. Atribuições concorrentes - critérios

Se houver mais de uma causa bastante para a atuação ou intervenção do


Ministério Público, recomenda-se adotar os seguintes critérios:

a) funcionará o membro da Instituição incumbido do zelo do interesse


público mais abrangente, segundo a seguinte ordem crescente: interesses
individuais, interesses individuais homogêneos, interesses coletivos,
interesses difusos e interesse público; ainda, para o mesmo fim, considera-
se mais abrangente o interesse indisponível em relação ao interesse
disponível;

b) tratando-se de interesses de abrangência equivalente, oficiará no feito o


membro do Ministério Público investido da atribuição mais especializada;

c) tratando-se de atribuições igualmente especializadas, atuará no feito o


membro do Ministério Público que por primeiro oficiar no processo ou
procedimento, ou seu substituto legal;

d) ao membro do Ministério Público a que couber oficiar no feito ou no


procedimento, incumbirá exercer todas as funções de Ministério Público.

4. Custos legis - intervenção de outro Promotor - desnecessidade

No processo civil não existe mais de um interesse público. Se o Ministério


Público atuar como órgão agente, pelos princípios constitucionais da
unidade e indivisibilidade não será necessária a participação de outro
Promotor de Justiça como custos legis.

5. Interesse público - intimação - requerimento do MP

O agente do Ministério Público, tomando conhecimento de que tramita


processo onde está presente interesse público, deve requerer ao Juiz vista
para atuar como custos legis.

6. Custos legis - manifestação depois das partes

O Promotor de Justiça, atuando como custos legis, deverá zelar para que
tenha vista do processo após a manifestação das partes.

7. Recursos - legitimidade

O Ministério Público pode recorrer em todos os feitos em que atue como


órgão agente e nos que deva atuar como órgão interveniente.

8. Impedimentos e suspeições

O membro do Ministério Público estará sujeito às mesmas hipóteses de


impedimento e de suspeição dos Juízes (arts. 134 e 135 do CPC), exceto
quanto ao caso do inciso V, do art. 135, quando atue como parte no
processo.

9. Preliminares

Se houver questões processuais a abordar em pronunciamentos e


arrazoados, devem ser argüidas, de forma destacada, em preliminar à
matéria de mérito.

10. Pronunciamentos e arrazoados recursais - cuidados na elaboração

Nos pronunciamentos e arrazoados recursais devem ser consignadas, no


relatório, as teses articuladas pelas partes e os fundamentos da sentença,
cuidando, na conclusão, em qualquer manifestação, para fazê-lo com
convicção, requerendo, promovendo, propondo, etc. Cumpre, sempre,
indicar o Tribunal competente para conhecimento da matéria.

11. Debates e memoriais - requisitos

Por ocasião dos debates ou entrega de memoriais:

a) relatar resumidamente o processo;

b) pronunciar-se sobre todas as questões suscitadas;

c) pronunciar-se sobre nulidades suscitadas ou argüi-las, se for o caso;

d) analisar a prova colhida e os fundamentos de fato e de direito nos quais


fundar sua convicção;

e) suscitar as questões constitucionais pertinentes.

FAMÍLIA E SUCESSÕES

1. Ação de alimentos

Tratando-se de ação alimentícia, deve o Ministério Público observar as


situações previstas no art. 98 do ECA e, sendo pertinente, remeter o caso
ao Juízo competente.

2. Petição inicial nas ações de alimentos

O Promotor de Justiça de Família, ao analisar a petição inicial das ações de


alimentos, deve verificar, dentre outros aspectos:

a) se as necessidades do autor e as possibilidades do réu estão


demonstradas para a fixação de alimentos provisórios;

b) a prova de parentesco ou da obrigação de alimentar do réu;

c) que a pensão alimentícia seja fixada em percentual vinculado à


remuneração mensal do alimentante e descontada em sua folha de
pagamento, se possível.

3. Ação revisional de alimentos

Cumpre ao Ministério Público, nas ações revisionais de alimentos,


observar:

a) se a inicial está devidamente instruída com os documentos


imprescindíveis à propositura da ação, principalmente a cópia autenticada
do acordo homologado ou da sentença, transitada em julgado, em que foi
definida a pensão revisanda;

b) se a inicial demonstra, inequivocamente, a modificação da situação


financeira das partes;

c) se, através de tutela antecipada, deve-se fixar alimentos provisórios,


majorando ou reduzindo a pensão revisanda.

4. Execuções de alimentos

Cabe ao Ministério Público zelar para que a execução de alimentos se


processe nos mesmos autos onde foram ajustados ou fixados por
sentença.

5. Prisão civil do devedor de alimentos

Se a execução de alimentos obedecer ao rito do art. 733 do Código de


Processo Civil, em caso de falta da justificação ou de sua rejeição, a prisão
civil do devedor só poderá ser decretada se houver pedido expresso do
credor, ficando caracterizado o inadimplemento voluntário e inescusável do
débito alimentar.

6. Ações de nulidade de casamento

O Ministério Público, nas ações de nulidade de casamento, não sendo


parte, oficia como custos legis.

7. Curador ao vínculo

O Ministério Público deve observar se ocorreu a nomeação de curador ao


vínculo, bem como se o mesmo está exercendo seu múnus de forma
efetiva e participando de todos os atos processuais.

8. Ação de anulação de casamento

O Ministério Público intervém como fiscal da lei

9. Ação de separação judicial

A intervenção do Ministério Público, nas ações de separação judicial, dar-


se-á como fiscal da lei.

10. Audiência de conciliação

Cumpre ao Ministério Público, nos termos da Lei n.º 968, de 10.12.49,


fiscalizar a realização da audiência prévia de conciliação e ainda observar
se a audiência de instrução e julgamento foi precedida de nova tentativa de
conciliação.

11. Estudo psicossocial - guarda e direito de visita de filhos

Quando na separação judicial estipular-se a guarda e direito de visita de


filhos, recomenda-se ao Promotor de Justiça, se necessário, requerer a
realização de estudo psicossocial.

12. Ação de separação cumulada com alimentos

Quando na ação de separação houver pedido de alimentos, cumpre ao


Ministério Público zelar para que seja produzida prova acerca da
necessidade e da possibilidade alimentícia.

13. Ação de conversão de separação judicial em divórcio

Cumpre ao Ministério Público:

a) requerer o apensamento dos autos do processo de separação;

b) não sendo possível, requerer a juntada aos autos de cópia da sentença


e do acórdão ou, se for o caso, do acordo homologado na separação
consensual;

c) requerer, no caso de dúvida, a juntada aos autos de certidão de


casamento atualizada, a fim de constatar a eventual existência de
averbação do restabelecimento da sociedade conjugal.

14. Ação de divórcio direto litigioso ou consensual

Cumpre ao Ministério Público observar:

a) o decurso de prazo mínimo previsto para a propositura da ação;

b) fiscalizar se foi promovida a tentativa de conciliação;

c) os requisitos legais da inicial, nos termos do art. 40, § 2º, da Lei nº 6.515,
de 26. 12. 77.

15. Ação de fixação e modificação de guarda de filhos ou de regime de


visitas

Recomenda-se ao Promotor de Justiça não concordar, de regra, sem prévia


audiência de justificação, com a concessão de medida liminar de
modificação de guarda ou de regime de visitas, ou mesmo com o pedido de
busca e apreensão.

16. Ação de investigação de paternidade e investigação oficiosa -


cumulação com alimentos

a) nas ações de investigação e negatória de paternidade, recomenda-se ao


Promotor de Justiça requerer a realização do exame hematológico, bem
como concordar com o requerimento da elaboração do exame de DNA pelo
Perito da confiança do Juiz, desde que as partes comprometam-se a arcar
com as despesas em caso de impossibilidade da sua realização ocorrer na
rede pública;

b) nos procedimentos administrativos de averiguação oficiosa da


paternidade, intervém o Ministério Público no interesse do incapaz;

c) o procedimento administrativo de averiguação oficiosa da paternidade


revela a indisponibilidade do direito do incapaz, e ainda que a mãe não
queira declinar quem seja o suposto pai, não pode dispor do direito de
averiguação oficiosa;

d) em procedimento de averiguação oficiosa da paternidade, quando o


suposto pai não atender a notificação, ou atendendo, negar a alegada
paternidade, havendo elementos suficientes, deverá ser intentada a ação
de investigação de paternidade;

e) é conveniente que a ação de investigação de paternidade seja cumulada


com alimentos, quando no interesse de incapaz, por questão de economia
processual;

f) em ação de investigação de paternidade cumulada com alimentos,


quanto a estes não pode a parte suportar a demora do processo, sendo
possível o requerimento liminar de antecipação dos efeitos da tutela, a
título de alimentos provisórios, em qualquer fase do processo, desde que
haja prova da verossimilhança das alegações, conjugando-se o art. 7º, da
Lei n.º 8.560/92 (cognição exauriente), com o art. 4º, da Lei n.º 5.478/68
(cognição sumária).

17. Suprimento de idade para casamento

O Ministério Público, nos processos de suprimento de idade para


casamento, além da comprovação da idade, deve observar a prova, por
laudo médico, da gravidez e da capacidade física e mental para a
consecução do matrimônio.

18. Separação de corpos e de bens

Nos processos de suprimento de idade para casamento, inexistindo falta de


condições de coabitação, faz-se necessário a separação de corpos,
fixando-se o regime obrigatório da separação de bens.

19. Razão da intervenção do Ministério Público no direito sucessório

O Ministério Público, nos procedimentos de jurisdição voluntária e demais


causas concernentes às disposições de última vontade, é chamado a
intervir como custos legis, nos moldes do inc. II do art. 82 do CPC.

20. Causas concernentes a disposições de última vontade que exigem


a intervenção do Ministério Público

a) procedimento de abertura, registro e cumprimento do testamento


cerrado;

b) procedimento da confirmação do testamento particular, marítimo,


nuncupativo ou codicilo, e de sub-rogação de vínculos;

c) procedimentos da extinção de usufruto e fideicomisso;

d) procedimento dos inventários, independente do rito, desde que haja


testamento;

e) ações declaratórias de nulidade do testamento;

f) ações anulatórias de testamento;

g) ações declaratórias de nulidade de cláusulas testamentárias;

h) ações de anulação de partilha, desde que fundada em testamento;

i) ações que visem redução de liberalidades;

j) ações do legatário para haver entrega de legado;

k) ações de desapropriação ou outras que recaiam sobre bens vinculados.

21. Testamento ou codicilo

O Ministério Público, nos processos de aprovação e registro de testamento,


deve observar:

a) a juntada aos autos da certidão de óbito do testador e, nos casos de


testamento particular, cerrado e de codicilo, os originais;

b) a existência de poderes especiais do procurador do testamenteiro;

c) as audiências de aprovação de testamento particular, atentando para o


cumprimento das disposições legais pertinentes, zelando para que as
questões intrínsecas do testamento sejam discutidas no inventário,
procedimento em que se faz a sua execução.

22. Ação de anulação de testamento

O Ministério Público, nas ações de anulação parcial ou total de testamento,


deve observar a citação de todos os interessados, inclusive o testamenteiro
compromissado, bem como zelar pela oitiva das testemunhas do
testamento e, se for o caso, do oficial público que o lavrou.

23. Inventário com testamento

Nos inventários com testamento, o Ministério Público deve, além de zelar


para que sejam respeitadas as disposições de última vontade do de cujus :

a) requerer a juntada de cópia autêntica do testamento;

b) fiscalizar a citação dos herdeiros e testamenteiro compromissado;

c) havendo cláusula testamentária restritiva, requerer a comprovação das


dívidas declaradas com o propósito de evitar o esvaziamento do monte em
detrimento dos vínculos;

d) zelar para que os vínculos testamentários sejam consignados no auto de


adjudicação ou no esboço de partilha, incidindo sobre imóveis;

e) requerer o depósito em conta judicial, tratando-se de quinhão gravado


constituído de dinheiro, exigindo comprovação nos autos.

24. Procedimentos cautelares - intervenção

Nos procedimentos cautelares, oficiar em todas as medidas, ainda que


preparatórias ou inominadas, quando deva o Ministério Público intervir na
ação principal.

25. Interdições

Nos pedidos de interdição e nos processos em que o interdito for


interessado:
a) requerer, quando for o caso, a nomeação de Advogado para promover
ou assumir a defesa do interdito;

b) ter em consideração, ao se manifestar sobre pedido de nomeação de


curador provisório, a conclusão de eventual laudo médico oficial, em caso
de interdição de segurado da Previdência Social;

c) zelar para que, quando possível, a perícia seja realizada por médico
psiquiatra, preferencialmente de estabelecimento público;

d) fiscalizar para que a sentença de interdição seja registrada, bem como


para que seja averbada a que puser termo à interdição ou determinar a
alteração de curador ou dos limites da curatela;

e) exigir, no caso de compra, alienação ou permuta de bens no interesse do


incapaz, rigorosa apuração do respectivo valor.

REGISTROS PÚBLICOS

1. Motivo da intervenção do Ministério Público no direito registrário

A razão da intervenção do Ministério Público na questão registrária


depreende-se da indisponibilidade de interesses onde, por força de norma
constitucional, o Parquet é obrigado a intervir.

2. Intervenção nos feitos de retificação de registros imobiliários

A participação do Ministério Público, nos moldes do § 3º do art. 213 da Lei


n.º 6.015, de 1973, nos pedidos de retificação, é obrigatória sempre na
qualidade de fiscal da lei.

3. Intervenção nos feitos de averbação de registros imobiliários

Não há dispositivo legal que imponha a intervenção do Ministério Público


no procedimento de averbação. Entretanto, havendo procedimento
administrativo, não sendo possível o oficial ex oficio praticar o ato da
averbação, o Ministério Público intervirá em defesa dos interesses
indisponíveis envolvidos no funcionamento do sistema registrário.

4. Intervenção nos feitos de cancelamentos de registros imobiliários

A intervenção do Ministério Público não é prevista em lei. Entretanto, a


Promotoria de Registros Públicos, por força das regras genéricas do art.
1.105 c/c o art. 82, ambos do CPC, poderá intervir nas hipóteses do art.
250 da Lei de Registros Públicos.

5. Intervenção nos feitos de retificação de registro civil de pessoas


naturais

O § 1º do art. 109 da Lei n.º 6.015, de 1973, contempla a participação do


Ministério Público.

6. Pedidos de alteração de nomes

Nos pedidos de alteração de nome, o Promotor de Registros Públicos deve


observar os seguintes documentos:

a) certidão de nascimento atualizada do requerente;

b) relação dos últimos domicílios do requerente, bem como certidões,


conforme o caso, dos Cartórios Distribuidores Cível e Criminal da Justiça
Estadual e Federal, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho, da Justiça
Militar, dos Cartórios de Protesto e de outros documentos necessários para
impedir que a alteração visada possa facultar o descumprimento de
responsabilidades legais.

7. Reconhecimento voluntário de paternidade

O reconhecimento de paternidade poderá ser feito voluntariamente através


de documento público ou particular, dispensando a anuência do outro
genitor que, discordando, poderá utilizar-se dos instrumentos processuais
próprios para impugnar.

8. Legitimidade do Ministério Público para propor ação de


investigação de paternidade

O Ministério Público, nos termos do art. 2º, § 5º, da Lei nº 8.560, de


29.12.92, tem legitimidade para ajuizar ação de investigação de
paternidade.

9. Intervenção nos feitos de averbação de registro civil de pessoas


naturais

Há necessidade da intervenção do Ministério Público quando se trate de


pedido de averbação, por força do art. 97 da lei registrária.

10. Intervenção nos feitos de cancelamento de registro civil de


pessoas naturais

Não há norma expressa prevendo a intervenção do Ministério Público nos


casos de cancelamento de registro civil. Entretanto, considerando que o
procedimento pode assumir, conforme a situação, outros desdobramentos
(procedimento administrativo, procedimento de jurisdição voluntária), a
Promotoria de Registros Públicos, por força das regras dos arts. 1.105 e
82, ambos do CPC, poderá intervir.

11. Habilitação de casamentos

Nos procedimentos de habilitação de casamento o Ministério Público deve


fiscalizar:

a) as declarações que devem constar do memorial;

b) os documentos que devem instruí-la;

c) a afixação da publicação dos proclamas de casamento, exigido na


hipótese de nubentes domiciliados em diferentes distritos, e certidão
relativa à remessa do edital para publicação;

d) a comprovação da homologação da sentença, no caso de um dos


contraentes ser separado judicialmente ou divorciado;

e) a autenticação de certidões de nascimento, casamento ou de óbito, pela


autoridade consular brasileira do local de origem, quando for o caso.

12. Dispensa dos proclamas

Cabe ao Ministério Público fiscalizar os pedidos de dispensa dos


proclamas, restringindo-os rigorosamente às hipóteses legais, exigindo,
quando conveniente, prova da ocorrência do motivo invocado.

13. Trasladação de assento de casamento

Deve o Promotor de Justiça, nos pedidos de trasladação de pedidos de


assento de casamento, observar:

a) certidão estrangeira do casamento, no original, legalizada pelo


consulado brasileiro no país de origem;

b) a tradução oficial da certidão estrangeira por tradutor juramentado;

c) certidão de nascimento de inteiro teor, e atualizada, do cônjuge brasileiro


para possibilitar a verificação de possíveis averbações anteriores ao
casamento estrangeiro;

d) documento de identidade do cônjuge estrangeiro em que conste seu


estado civil.

14. Trasladação de assento de nascimento

Nos pedidos de trasladação de assento de nascimento, a Promotoria de


Justiça de Registros Públicos deve observar:

a) certidão estrangeira do nascimento, no original, legalizada pelo


consulado brasileiro no país de origem;

b) certidão de nascimento ou documento que comprove a nacionalidade


brasileira de um dos genitores;

c) declaração de residência.

15. Outras hipóteses de intervenção do Ministério Público

a) registro tardio de nascimento;

b) averbação de patronímico de concubino;

c) conversão da união estável em casamento;

d) averbação de escritura de adoção nos moldes do Código Civil;

e) averbação de reconhecimento de filho.

INCAPAZES E AUSENTES

1. Razão da intervenção do Ministério Público pelos incapazes

O fundamento da intervenção do Ministério Público pelos incapazes está na


indisponibilidade de direitos. O que torna indisponível o direito de que é
titular o incapaz é a falta, real ou presumida, de desenvolvimento mental
suficiente que lhe permita a autodeterminação no mundo do direito.

O art. 5º da Lei n.º 7.853/89 estabelece que a matéria pertinente às


deficiências é de interesse público, devendo, em qualquer demanda, ainda
que individual, ajuizada por pessoa portadora de deficiência, contar com a
intervenção ministerial, desde que a matéria verse sobre a deficiência, em
qualquer de suas modalidades: física, motora ou mental.

2. Fundamentação legal

Segundo o art. 82, I, do Código de Processo Civil, há intervenção do


Ministério Público “nas causas em que há interesses de incapazes”.

3. Identificação do “interesse de incapaz”

A demonstração de interesse de incapaz num processo evidencia-se


quando qualquer das pessoas previstas nos art. 5º e 6º do Código Civil
figure no pólo ativo ou passivo da relação processual.

4. Momento da intervenção do Ministério Público

A legitimação do Ministério Público para dar assistência ao incapaz pode


surgir tanto no momento inicial do procedimento, quando o incapaz esteja
no pólo ativo, como em momento posterior, como o de seu comparecimento
em Juízo, ou após o decurso do prazo para a contestação.

5. Ausência de intervenção do Ministério Público

Em regra, gera nulidade absoluta.

6. Conflito de interesses - curador especial - nomeação

Verificar se ocorre o conflito de interesses previsto no art. 9º, inciso I, do


Código de Processo Civil, requerendo, se necessário, a nomeação de
curador especial, abstendo‑se o Promotor de Justiça de atuar nesta
condição.

7. Curadoria de incapazes - cautelas prévias

Nos feitos em que o Promotor de Justiça oficie como Curador de


Incapazes, recomenda-se:

a) verificar se há legitimidade para sua intervenção, requerendo faça-se


prova da existência da incapacidade (juntada de certidão de nascimento,
de prova de interdição ou ausência, etc.) ou, ao menos, de fundada
suspeita daquela;

b) nos casos de fundada suspeita de incapacidade, requerer a aplicação


analógica do disposto no art. 218 do Código de Processo Civil.

8. Réu preso

Não há razão para nomear curador especial ao réu preso se este contestou
a ação através de Advogado constituído.

9. Réu revel

A intervenção do Ministério Público é obrigatória tratando-se de réu revel


citado por edital, não prejudicando a nomeação de curador especial, cuja
ausência acarreta a nulidade do processo.

10. Importâncias pertencentes a interditos - processo único

Zelar para que as importâncias pertencentes ou devidas aos interditos


fiquem depositadas no próprio processo de interdição, sob movimentação e
fiscalização subordinadas ao Juízo respectivo.

11. Importâncias pertencentes a incapazes - depósito

Cuidar para que as importâncias pertencentes a menores e demais


incapazes ou ausentes, sejam depositadas em conta judicial, com juros e
correção monetária, em nome daqueles e à ordem do Juízo,
preferencialmente em estabelecimento oficial de crédito, velando pela
respectiva comprovação nos autos e, quando for o caso, pela
responsabilização de quem de direito.

12. Aquisição de bens em benefício de menores - cautelas

Em se tratando de aquisição de bens em nome de menores, é sempre de


bom alvitre a juntada ao processo de certidões negativas do Cartório
Distribuidor, em nome dos proprietários, visando preservar os interesses
dos incapazes adquirentes. A existência de distribuição de protesto, por
exemplo, não recomendaria a transação imobiliária, dada a possibilidade,
não remota, de ajuizamento de ações visando a anulação do negócio
jurídico por fraude à execução ou contra credores.

MASSAS FALIDAS

1. Razão da intervenção do Ministério Publico

O fundamento da intervenção do Ministério Público na fiscalização das


massas falidas assenta-se na indisponibilidade do interesse circunscrito à
necessidade de se proteger o crédito, como instituição básica da estrutura
econômica. A lei processual exige a intervenção do Ministério Público para
atuar como custos legis, haja vista que as normas do processo falimentar,
sendo de direito público, devido ao interesse social, devem ser
resguardadas.

2. Cautelas da Promotoria de Massas Falidas

O Promotor de Justiça, no processo falimentar, deve observar a:

a) competência do juízo;

b) prova da qualidade de comerciante do requerente ou do requerido;

c) regularidade da representação processual;

d) regularidade da citação.

3. Providências do MP após prolatada a sentença

Após tomar ciência da sentença que decretou ou não a falência, cabe ao


Promotor de Justiça:

a) verificar se a sentença preenche os requisitos legais;

b) diligenciar no sentido da imediata publicação do edital para convocação


dos credores, bem como para que o síndico seja compromissado;

c) requisitar expedições de ofícios à Junta Comercial para obtenção das


certidões necessárias;

d) acompanhar a tomada de declarações do falido;

e) zelar para que o síndico inicie imediatamente a arrecadação e demais


providências que o caso concreto possa exigir.

4. Fiscalização das informações do falido

O falido, nos moldes do artigo 34, inciso Vl, da Lei de Falências, tem o
dever de prestar, verbalmente ou por escrito, as informações reclamadas
pelo Ministério Público sobre as circunstâncias e fatos que interessam à
falência.

5. Prisão civil do falido

A prisão civil do falido poderá ser decretada, por ordem do Juiz ou a


requerimento do Promotor de Justiça, em duas hipóteses:

a) descumprimento dos deveres impostos pela Lei de Falências (art. 35);

b) no caso de não juntar aos autos a relação de credores (§1º, artigo 60).

6. Destituição do síndico

O síndico, nos moldes do artigo 66, da Lei Falimentar, poderá ser destituído
pelo Juiz, de ofício, a requerimento do representante do Ministério Público
ou de qualquer credor, nos seguintes casos:

a) exceder quaisquer dos prazos legais;

b) infringir quaisquer outros deveres que lhe foram impostos;

c) defender interesses contrários aos da massa.

7. Providências concernentes à persecução criminal

Os artigos 103 e seguintes da Lei Falimentar são dispositivos legais que


fazem referência à atuação ministerial no âmbito da persecução criminal de
natureza falimentar.

8. Falências - responsabilidade criminal

Como os crimes falimentares prescrevem em 02 (dois) anos, contados da


data em que deveria estar encerrada a falência (Súmulas 147 e 592 do
STF; artigos 132, § 1º e 199, parágrafo único do DL 7.661/45), o Promotor
de Justiça deve tomar as providências cabíveis no sentido de fiscalizar as
obrigações do falido (art. 34) e a regular instauração do inquérito judicial
(artigos 103, § 1º, 14, parágrafo único, inc. V; 80; 63, inc. V; 66; 68 e 69, §§
3º e 5º) e, no caso de oferecimento de denúncia ao Juízo da falência, no
prazo de 05 (cinco) dias (artigos 108 e 109, § 2º), observar a Súmula 564
do STF.

MANDADO DE SEGURANÇA

1. Observações indispensáveis ao oficiar como fiscal da lei

a) verificar se estão presentes as condições da ação e os pressupostos


processuais de regularidade de instauração e desenvolvimento válido da
relação processual, especialmente examinando se há legitimidade do
impetrante e da autoridade coatora, se o pedido tem amparo legal, se
existe para o impetrante o interesse de agir e se o juiz tem competência
originária ou adquirida para a ação;

b) zelar pela regularidade da representação processual do impetrante,


observando, quando se tratar de pessoa jurídica, se o outorgante do
mandato tinha poderes para tanto, em face dos atos constitutivos da
sociedade;

c) velar pela regularização do processo, requerendo, quando for o caso e


preliminarmente à apresentação de pronunciamento final, a notificação do
impetrante para promover a citação dos litisconsortes necessários;

d) lembrar que o ajuizamento da ação de mandado de segurança exige


prova pré-constituída da existência do direito líquido e certo, não
comportando dilação probatória;

e) somente apresentar requerimentos de diligências excepcionalmente e de


forma fundamentada, no caso de se tratar de providência indispensável ao
exame do pedido;

f) apreciar cada uma das defesas argüidas contra a impetração, bem como
todas as questões de fato e de direito trazidas aos autos e consideradas
juridicamente pertinentes;

g) pronunciar-se sempre sobre as questões de mérito, propondo, conforme


o caso, a concessão ou a denegação da segurança, ainda que haja
convencimento acerca de possível causa processual de extinção do
processo sem julgamento do mérito.

2. Cautelas ao oficiar como impetrante

a) elaborar cuidadosamente a petição inicial, expondo com clareza os fatos


e fundamentos jurídicos do pedido, indicando os textos legais pertinentes,
atribuindo valor à causa e postulando, quando for o caso, a concessão de
liminar;

b) anexar à petição inicial todos os documentos necessários;

c) comunicar a impetração à Procuradoria-Geral de Justiça, com a remessa


de cópia da inicial, para possibilitar o acompanhamento posterior em
segunda instância.

AÇÃO POPULAR

1. Exigências legais

Ao analisar a adequação da petição inicial às exigências legais, verificar


especialmente:

a) a presença dos requisitos previstos no art. 282 do Código de Processo


Civil;

b) se o autor fez prova da cidadania, juntando cópia do título de eleitor ou


documento equivalente;

c) a competência do Juízo;

d) se a inicial está convenientemente instruída com os documentos


indispensáveis, ou, na hipótese contrária, se o autor popular comprovou
haver tentado obtê-los, sem sucesso, e requereu a requisição judicial dos
mesmos;

e) se foram incluídos no pólo passivo as pessoas jurídicas e todos os


responsáveis pelo ato impugnado , com a qualificação mínima que permita
a regular citação;

f) se foi requerida a citação dos beneficiários conhecidos do ato


impugnado, sugerindo que ela se faça por edital na hipótese em que a
dificuldade da realização da diligência ou a multiplicidade de beneficiários
possa dificultar a tramitação do processo.

g) requerer vista dos autos ao tomar conhecimento do ajuizamento da


ação, caso os mesmos não lhe tenham sido encaminhados desde logo.

2. Litispendência - reunião dos processos

Verificar a eventual existência de outras ações populares contra as


mesmas partes e com os mesmos fundamentos, postulando, em qualquer
fase, a reunião dos processos no Juízo prevento.

3. Manifestação inicial

Após o aperfeiçoamento de todas as citações:

a) manifestar-se sobre todas as questões processuais pertinentes, ainda


que não tenham sido argüidas, evitando, nesta fase, qualquer exame do
mérito;

b) pronunciar-se sobre as provas requeridas, propondo o indeferimento


daquelas de manifesta impertinência;

c) sugerir, na hipótese em que se apresentar duvidosa a pertinência da


prova, seja determinado à parte interessada que justifique a sua
necessidade;

d) examinar a pertinência da produção de prova pericial que tenha sido


requerida, cuidando para que sejam deferidos apenas os quesitos
diretamente relacionados com o objeto da ação, formulando outros, se
entender conveniente;

e) requerer a produção de provas necessárias que não tenham sido


propostas pelas partes;

f) acompanhar a produção das provas, zelando para que sejam colhidas


com celeridade;

g) adotar as providências necessárias à apuração de responsabilidade


criminal, quando a prova oferecer elementos que indiquem, em tese, a
prática de ilícito penal;

h) requerer a adoção do rito abreviado quando as partes não postularem


produção de provas ou se todas tiverem sido indeferidas, zelando para que
se lhes confira oportunidade para o oferecimento de alegações finais.

4. Audiência - memoriais - desistência do autor

a) oferecer manifestação final, em audiência ou por meio de memorial,


examinando todas as questões de mérito;

b) se o autor popular desistir da ação ou der causa à extinção do processo


sem julgamento do mérito, promover o seguimento da ação e assumir o
pólo ativo, desde que entenda injustificável a desistência ou o abandono;
ou, ainda, expor as razões pelas quais reputa inconveniente o
prosseguimento da ação, postulando a extinção do processo;

c) promover, no caso de omissão do autor, a execução da sentença


condenatória.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

1. O ajuizamento da ação civil pública

A ação civil pública deverá seguir os princípios do Código de Processo


Civil, observadas as particularidades trazidas pela Lei Federal n.º 7.347/85
e pela parte procedimental do Código de Defesa do Consumidor, atentando
sempre para os requisitos da petição inicial e lembrando que admite pedido
de condenação, declaratório ou constitutivo.

2. Princípio da obrigatoriedade

A atuação do Ministério Público está condicionada ao princípio da


obrigatoriedade, o que indica que somente poderá postular a extinção da
ação civil pública sem julgamento do mérito quando, no curso do processo,
surgir fato novo que descaracterize a situação vigente à época do
ajuizamento da ação e que faça cessar a lesão ou a ameaça de lesão ao
interesse tutelado.

3. Liminar e tutela antecipada

a) atentar para o cabimento de liminar e de pedido de tutela antecipada;

b) ao pleitear a concessão de liminar ou tutela antecipada, postular também


o arbitramento de cominação adequada para a hipótese de
descumprimento da obrigação ou multa diária, sugerindo o seu valor;

c) na hipótese de a liminar ou a tutela antecipada ser postulada em


desfavor do Poder Público, zelar por sua oitiva prévia, no prazo de 72
(setenta e duas) horas , ressalvada a possibilidade da lesão se concretizar
nesse período.

4. Competência absoluta e jurisdição

a) observar que a competência para o julgamento de ação civil pública é


absoluta, do Juiz do local em que o dano ocorreu ou deveria ocorrer;

b) caso a ação seja de competência da Justiça Federal , atentar para o fato


de que, inexistindo Vara Federal na comarca, seu julgamento caberá ao
Juiz Estadual, investido de jurisdição federal;

c) nas ações versando sobre interesses difusos e coletivos da infância e


juventude, a competência absoluta será a do Juiz do local em que foi ou
deveria ter sido praticada a ação danosa.

5. Instrução e cautelas administrativas

a) instruir os autos da ação civil pública com o inquérito civil ou com o


procedimento preparatório, conforme o caso;

b) manter na Promotoria de Justiça cópia da petição inicial, bem como das


primeiras peças dos autos do inquérito civil, do procedimento preparatório e
da própria ação civil pública;

c) remeter ao Centro de Apoio Operacional respectivo, cópias da petição


inicial, das decisões liminares e sentenças proferidas nas ações civis
públicas propostas, cuidando para que conste da remessa informações
acerca da Vara para a qual a ação foi distribuída, além do número dos
respectivos autos.

6. Tramitação e perícias

a) observar rigorosamente os prazos processuais para manifestação, que


no caso são próprios, importando em preclusão o seu descumprimento;

b) proceder ao acompanhamento regular da tramitação do processo por


intermédio de consultas ao cartório respectivo;

c) observar que na ação civil pública não há adiantamento de custas,


honorários periciais, emolumentos ou qualquer outra despesa. Não cabe,
igualmente, condenação em honorários advocatícios no caso da ação
ajuizada pelo Ministério Público ser julgada improcedente;

d) indicar assistente técnico sempre que deferida a produção de prova


pericial, formulando quesitos. A indicação de assistente técnico deverá
recair, preferencialmente, em profissional integrante do corpo técnico de
apoio ao Ministério Público , em funcionário de órgão público ou em
profissional de confiança do Promotor de Justiça, com capacitação na
matéria. Colher, junto ao profissional indicado, subsídios para a formulação
dos quesitos.

7. Celebração de acordo

a) no caso de celebração de acordo no curso da ação civil pública, zelar


para que todas as medidas necessárias para a integral reparação do dano,
ou sua efetiva prevenção, sejam contempladas, valendo-se de
aconselhamento técnico, se entender conveniente;
b) o Ministério Público somente poderá transigir quanto ao prazo, forma e
modo de cumprimento da obrigação;

c) a transação celebrada nos autos da ação civil pública não se sujeita a


reexame ou homologação pelo Conselho Superior do Ministério Público;

d) inserir, no termo de transação, sempre que cabível, cominação para a


hipótese de descumprimento das obrigações assumidas e submeter a
transação à homologação judicial.

8. Condenação e execução

a) zelar para que toda condenação em dinheiro reverta para o fundo de


reparação dos interesses difusos lesados;

b) na hipótese da ação civil pública ter por objeto ato de improbidade


administrativa, a condenação em dinheiro deverá reverter para a pessoa
jurídica prejudicada pelo ato ilícito e não para o fundo;

c) observar que, nas hipóteses de tutela de interesses individuais, ainda


que homogêneos, os particulares lesados terão preferência no recebimento
das verbas objeto da condenação;

d) ajuizar a ação de execução assim que se convencer de que o réu,


mesmo condenado, não cumprirá voluntariamente a sentença, observando
os procedimentos previstos no Código de Processo Civil.

9. Atuação como fiscal da lei na Ação Civil Pública

a) assumir o pólo ativo da relação processual sempre que houver


desistência ou abandono injustificados da ação civil pública. No caso de
entender justificado o abandono ou a desistência, manifestar-se
fundamentadamente a respeito, expondo os motivos pelos quais não irá
assumir o pólo ativo da demanda, devolvendo os autos para decisão;

b) impugnar a transação celebrada entre autor e réu da ação civil pública


sempre que entender esteja havendo disposição do conteúdo material da
demanda, de sorte a impossibilitar a integral reparação do dano. A
oposição poderá ser oferecida, quer mantendo o Ministério Público a
posição de fiscal da lei, quer pedindo sua habilitação no pólo ativo da
demanda, como litisconsorte do autor. A impugnação oferecida como fiscal
da lei não obsta a homologação judicial do acordo, competindo ao
Ministério Público recorrer da decisão, se for o caso. Na hipótese de a
impugnação ser formulada pelo Ministério Público na qualidade de
litisconsorte, o acordo não poderá ser homologado;

c) promover a execução da sentença que julgou procedente a ação civil


pública se o autor não o fizer no prazo de 60 (sessenta) dias, contado de
seu trânsito em julgado.

FUNDAÇÕES

1. A fiscalização do Ministério Público

As fundações privadas e as entidades ou organizações de assistência


social que tenham sede ou que atuem no território do Estado do Paraná
estão sob a fiscalização do Ministério Público Estadual.

2. Atividade do Ministério Público na fiscalização das fundações

O Ministério Público, em matéria fundacional, exerce atividade


administrativa e judicial.

3. Atribuições da Promotoria de Fundações

Nos moldes do art. 67, inciso XII, da Lei Complementar Estadual n.º 85/99,
caberá ao Ministério Público:

a) fiscalizar e inspecionar as fundações;

b) requerer:

- que os bens doados, quando insuficientes para constituir a fundação,


sejam convertidos em títulos de dívida pública, se de outro modo não tiver
disposto o instituidor;

- a remoção dos administradores das fundações nos casos de negligência


ou prevaricação, e a nomeação de quem os substitua, salvo o disposto nos
respectivos estatutos ou atos constitutivos;

- notificar quaisquer responsáveis por fundações que recebam legados,


subvenções ou outros benefícios para prestarem contas de sua
administração e, em caso de desatendimento, promover a ação própria;

- promover o seqüestro dos bens das fundações ilegalmente alienados e as


ações necessárias à anulação dos atos praticados sem observância das
prescrições legais ou estatutárias;

- examinar as contas das fundações e promover a verificação de que trata


o art. 30, parágrafo único, do Código Civil;

- elaborar os estatutos das fundações, se não o fizerem aqueles a quem o


instituidor acometeu o encargo;

- velar pelas fundações e oficiar nos processos que lhes digam respeito;

- dar ciência ao Procurador-Geral de Justiça das medidas que tiver tomado


no interesse das fundações, remetendo as respectivas peças de
informação;

- exercer outras atribuições que lhe sejam conferidas em lei ou


regulamento.

4. Órgão do Ministério Público com atribuições

Terá atribuições para fiscalizar as fundações, o órgão do Ministério Público


Estadual onde se situa a sede da instituição.

5. Cautelas da Promotoria de Fundações

Antes da lavratura da escritura de instituição de qualquer fundação, o


membro do Ministério Público deverá observar se todos os requisitos legais
foram preenchidos, procedendo, se necessário, às eventuais correções no
projeto do estatuto, adequando-o ao interesse público.

6. Elementos constitutivos do ato de instituição de fundações

O ato de instituição de fundações será formalizado através de escritura


pública, observando-se:

a) forma solene de instituição (escritura pública ou testamento);

b) dotação especial de bens livres;

c) suficiência dos bens ao atendimento dos fins da fundação;

d) finalidade;

e) licitude e possibilidade do objeto;

f) a existência de estatutos ou designação de pessoa que os elabore dentro


do prazo estipulado pelo instituidor;

g) caráter de liberalidade do ato;

h) inexistência de fins lucrativos;

i) designação e sede da instituição.

7. Prazo para o Ministério Público

O prazo do Ministério Público, para analisar o pedido de instituição de


fundação, será de 15 (quinze) dias, conforme dispõe o art. 1201 do CPC.

8. Intervenção do Ministério Público

O Ministério Público deverá intervir como anuente na escritura de


instituição de fundação cuja finalidade e estatuto tenham sido previamente
aprovados, bem como em todas as escrituras em que houver interesse de
fundação.

9. Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa

O Ministério Público deverá intervir nos procedimentos especiais de


jurisdição contenciosa ou voluntária em que houver interesse de fundação,
sob pena de nulidade do processo.

10. Prazo de requisição de documentos de interesse de fundações

O membro do Ministério Público deverá requisitar, no prazo de 06 (seis)


meses do término do exercício financeiro, balanço contábil, relatório das
atividades desenvolvidas, cópias das atas das eleições dos órgãos
administrativos e outros documentos de interesse da fundação, para
fiscalizar o cumprimento das normas estatutárias, bem como a destinação
de seus recursos.

11. Visitas às fundações

O membro do Ministério Público, com o objetivo de observar o


desenvolvimento das atividades das fundações, deverá realizar visitas
periódicas.

12. Vacância dos órgãos dirigentes da fundação

O membro do Ministério Público deverá, com os meios ao seu dispor, tomar


providências visando o preenchimento dos órgãos dirigentes da fundação,
em caso de vacância.

13. Aquisição ou venda de bens pelas fundações

Cabe ao Ministério Público fiscalizar a avaliação prévia de bens imóveis ou


de considerável valor que devam ser adquiridos ou alienados pela
fundação.

14. Alteração dos estatutos

A alteração dos estatutos das fundações depende da aprovação do


Ministério Público.

ACIDENTES DO TRABALHO

1. Atuação da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do


Trabalhador

A Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Trabalhador prestará


atendimento e orientação às vítimas de acidentes de trabalho e aos seus
beneficiários, como também promoverá a instauração de Inquérito Civil
Público, Ação Civil Pública e Execução de Termo de Compromisso, desde
que existam possíveis danos ao meio ambiente de trabalho.

2. Interesse tutelado

A atuação do Ministério Público na área de acidentes de trabalho visa à


proteção do interesse individual (ações acidentárias e indenizatórias) e
interesse coletivo circunscrito a toda coletividade trabalhadora que almeja a
garantia da implantação de normas de segurança necessárias à eliminação
de riscos à saúde e à integridade física e mental do trabalhador.

3. Mecanismos de atuação do Ministério Público

Identificando situação que mereça ações preventivas do Ministério Público,


o Promotor de Justiça poderá dispor da prerrogativa de promover inquérito
civil, termo de ajuste de conduta, ação civil pública. Em relação ao
interesse individual, desde que preenchidos os requisitos legais (art. 64 e
68 do CPP), e em havendo dano à saúde do trabalhador, promoverá a ação
acidentária e indenizatória.

4. Atribuições da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do


Trabalhador

Ante a complexidade da matéria acidentária e indenizatória e a


conseqüente necessidade de especialização, há cumulação de persecução
penal e civil nas atribuições da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde
do Trabalhador.

Cumpre ao Promotor de Justiça:

a) propor ações de indenização decorrente de ato ilícito, na qualidade de


substituto processual do trabalhador vítima de acidente de trabalho;

b) propor ações acidentárias, na qualidade de assistente;

c) instaurar o inquérito civil, para a defesa do meio ambiente do trabalho;

d) requisitar a instauração de inquérito policial, quando ocorrer óbito em


acidentes de trabalho;

e) atuar em conjunto com instituições afins (INSS, Ministério do Trabalho,


Secretaria Municipal de Saúde, Sindicatos, etc.), objetivando contribuir com
a prevenção de acidentes de trabalho e para a promoção de políticas
públicas.

5. Proposição da ação acidentária

O Ministério Público tem legitimidade para propor a ação acidentária,


assistindo o infortunado do trabalho contra o Instituto Nacional do Seguro
Social (Leis n.ºs 6.367/76 e 8.213/91).

6. Rol documental necessário ao ajuizamento da ação acidentária

Em regra, a ação acidentária deverá ser ajuizada com os seguintes


documentos:

a) cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CPTS),


especialmente das páginas onde constem a identificação do trabalhador, o
registro do contrato de trabalho, os últimos salários percebidos e eventual
anotação de acidente e doença;

b) comunicação do acidente de trabalho (CAT);

c) cópia do C. I. C. e da cédula de identidade (RG);

d) parecer médico, especialmente nos casos de doença profissional e de


alguns acidentes típicos, o qual poderá ser obtido junto ao CEMAST
(Centro Metropolitano de Apoio à Saúde do Trabalhador) ou qualquer outro
órgão público que mantenha convênio de cooperação com o Ministério
Público, e, nos outros municípios, junto à Vigilância Sanitária.

7. Ausência de comunicação do acidente ao INSS

A CAT não é requisito para ajuizar a ação acidentária, mesmo porque o


trabalhador não pode ser penalizado pela desídia do empregador, que é
responsável pela emissão de tal documento. Contudo, o Promotor de
Justiça deve diligenciar no sentido de que outros órgãos ou profissionais
preencham a CAT (Vigilância Sanitária ou médico que prestou
atendimento).

8. Elementos constitutivos da petição inicial da ação acidentária

A petição inicial deverá ser assinada pelo acidentado e/ou seus


dependentes/beneficiários, bem como pelo Promotor de Justiça, constando
na mesma o seguinte:

a) o salário percebido pelo acidentado à data do acidente ou do


afastamento;

b) o número do benefício de natureza previdenciária, se for o caso;

c) os períodos de tratamento, com data de eventual alta médica,


identificando-se as agências que procederam os benefícios;

d) quesitos médicos.

9. Intervenção do Ministério Público

O Promotor de Justiça intervém nas ações acidentárias nos moldes do art.


82, III, e art. 83, ambos do Código de Processo Civil.

10. Intervenção do Ministério Público como custos legis

Intervindo o Ministério Público como fiscal da lei nos processos que versem
sobre acidentes de trabalho, recomenda-se, logo na primeira oportunidade,
requerer:

a) a juntada aos autos dos documentos essenciais (cópia da carteira de


trabalho, comunicação do acidente, etc.), caso não tenha sido
providenciado pelo acidentado;

b) a expedição de ofício à empregadora solicitando informações salariais e


médicas referentes ao acidentado;

c) junto ao INSS, o prontuário médico do acidentado, bem como informes


sobre os benefícios concedidos, períodos de tratamento, data ou previsão
de alta, renda mensal inicial de cada benefício concedido, coeficientes de
atualização e valores pagos;

d) perícia médica;
e) apresentação de quesitos.

11. Proposição da ação indenizatória

O Promotor de Justiça poderá interpor ou não ação civil reparatória por ato
ilícito contra o empregador, tendo este incidido em dolo ou culpa na
ocorrência de acidente de trabalho (arts. 159; 1521, III; 1537; 1538 e 1539,
do Código Civil c/c arts. 81 e 602, I e II, do Código de Processo Civil e art.
68 do Código de Processo Penal).

Devem acompanhar a petição inicial, documento de identificação do


trabalhador e termo de declaração que autorize o Ministério Público a atuar
como substituto processual, entre outros.

Cumpre observar que atuando como substituto processual o Ministério


Público é o autor, e tem os mesmos ônus processuais que o demandado
(apresentar quesitos, rol de testemunha, especificar provas, alegações
finais, recorrer, etc.)

Face à possibilidade do pedido ser julgado improcedente recomenda-se


que não se postulem honorários advocatícios na petição inicial.

12. Persecução criminal da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde


do Trabalhador

A Promotoria de Justiça tem atribuições para proceder apuração da


responsabilidade criminal do empregador ou de seus prepostos quando há
situação de risco grave e iminente à vida e/ou saúde do trabalhador no
ambiente de trabalho, ou quando não há cumprimento de normas de
segurança e higiene do trabalho (art. 19, § 2º, da Lei n.º 81.213/91e art.
132 do Código Penal).

Havendo necessidade de prova pericial a ser produzida antecipadamente,


recomenda-se a ao membro do Ministério Público que se manifeste
favoravelmente à antecipação.

13. Laudos periciais e esclarecimentos

Ao Promotor de Justiça cumpre examinar os laudos periciais, observando


se o perito e os assistentes técnicos indicados pelas partes responderam
aos quesitos formulados, devendo requerer os esclarecimentos
necessários quando da omissão ou lacuna dos laudos.

14. Vistoria dos locais de trabalho

Cumpre ao Ministério Público, em caso de doença do trabalho ou moléstia


profissional, e acidentes típicos (óbito ou lesão corporal), requerer a
realização de vistoria de trabalho ou suprir sua ausência com outras
provas, nos casos de real impossibilidade. Esta solicitação pode ser dirigida
à Delegacia Regional do Trabalho ou à Vigilância Sanitária municipal.

15. Inquérito civil público

Caso o laudo pericial indique irregularidades no meio ambiente de trabalho,


deverá o Promotor de Justiça instaurar inquérito civil público, com o fim de
se adequar o meio ambiente de trabalho às normas legais.

Para a audiência que terá por escopo a assinatura do Termo de


Compromisso entre as partes, recomenda-se que o Promotor de Justiça
convoque, além do perito que elaborou o laudo, os representantes das
autoridades sindicais da categoria.

16. Cautelas na alegações finais

Nas ações acidentárias recomenda-se ao Promotor de Justiça mencionar


expressamente:

a) o beneficio a ser concedido;

b) a data de seu início;

c) o critério para cálculo do salário de benefício;

d) os períodos determinados para concessão;

e) as eventuais compensações;

f) o critério de atualização (indicar índices de correção);

g) o critério para cálculos dos juros e honorários.

Nas ações indenizatórias recomenda-se ao Promotor de Justiça mencionar


expressamente:

a) o termo inicial e final da indenização por danos materiais;

b) o momento para o pagamento dos danos morais e demais verbas;

c) as eventuais compensações;

d) o critério de atualização (indicar índices de correção);

e) o critério para cálculos dos juros e honorários.

Ao tomar ciência da sentença, examinar se todos os benefícios, acessórios


e, sendo o caso, as verbas indenizatórias postuladas, foram concedidos
corretamente, interpondo, em hipótese contrária, o recurso cabível.

17. Execução de Sentença

Na execução de sentença, conferir as contas apresentadas pela parte ou


pelo contador, impugnando-as quando em desacordo com a decisão e
interpondo recurso quando configurado prejuízo ao trabalhador.

Tratando-se de ação acidentária ou indenizatória ajuizada pelo Ministério


Público, a inicial de execução deve ser acompanhada de memória de
cálculo que poderá ser solicitado para um auditor/contador, pertencente ao
quadro de funcionários do Ministério Público.

18. Transações lesivas ao trabalhador

É dever do Ministério Público discordar das transações lesivas aos


interesses dos trabalhadores, tendo em vista que o direito é irrenunciável,
possuindo natureza alimentar.

19. Atuação extrajudicial - interação da Promotoria de Justiça

Recomenda-se ao Promotor de Justiça:

a) participar das reuniões do Conselho Estadual de Saúde ou Comissões


de Saúde do Trabalhador;

b) acompanhar as políticas públicas implementadas nos municípios


pertencentes à comarca, referentes da saúde do trabalhador;

c) ao assumir suas funções na comarca, inteirar-se da legislação local (leis


orgânicas dos municípios e leis municipais extravagantes) acerca da
medicina e segurança no ambiente do trabalho;

d) incentivar a criação de Comitê de Óbito e Amputações, visando facilitar a


atuação ministerial no campo da prevenção dos acidentes de trabalho.

INFÂNCIA E JUVENTUDE

1. Comunicação aos órgãos de proteção da criança e do adolescente

Ao assumir o cargo de Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, o


membro do Ministério Público deverá comunicar, por ofício, aos membros
do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do
Conselho Tutelar.

2. Recomendações ao Promotor de Justiça da Infância e Juventude

Cumpre ao Promotor de Justiça com atuação na Infância e Juventude:

a) inteirar-se da legislação municipal relacionada à política de atendimento


à infância e à juventude, especialmente a que institui e regula o
funcionamento do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e ao
Conselho Tutelar, bem como das deliberações tomadas pelo primeiro;

b) promover as medidas judiciais cabíveis em caso de incompatibilidade da


lei municipal com os preceitos do ECA e das Constituições Federal e
Estadual;

c) garantir, com os meios ao seu dispor, a lisura e a forma democrática de


escolha e eleição dos conselheiros tutelares, tendo em vista a efetiva
representatividade dos eleitos;

d) participar, sempre que possível, das reuniões dos Conselhos Municipais


de Direitos da Criança e do Adolescente, tanto no sentido de fiscalizar a
atuação de tais órgãos deliberativos e controladores das ações do
Executivo Municipal, como no sentido de estimular e provocar a expedição
de deliberações e resoluções normativas, relativas às políticas públicas e
programas de governo a serem implementados, ampliados e/ou mantidos
na área da infância e juventude;

e) zelar para que no plano orçamentário plurianual, na Leis de Diretrizes


Orçamentárias e na Lei Orçamentária anual do município, a área da
infância e juventude seja contemplada com a “preferência na formulação e
execução das políticas sociais públicas” e com a “destinação privilegiada
de recursos públicos” previstas no art. 4º, parágrafo único, letras “c” e “d”,
da Lei n.º 8.069/90, como decorrência do princípio constitucional da
absoluta prioridade à criança e ao adolescente, insculpido no art.227,
caput, da Constituição Federal, notadamente através da previsão de
recursos suficientes à criação, ampliação e manutenção das políticas e
programas de atendimento previstos nos arts.90, 101, 112 e 129, todos da
Lei n.º 8.069/90, de modo a atender as demandas existentes no município.

3. Arquivo da legislação municipal pertinente

Cabe ao Promotor de Justiça organizar e manter em arquivo, na


Promotoria, a legislação municipal relativa ao Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, ao Conselho Tutelar e ao Fundo
Municipal, e as deliberações e resoluções do Conselho Municipal
relacionadas à política de atendimento e ao processo de escolha dos
representantes da sociedade civil junto ao órgão e dos conselheiros
tutelares.

4. Auto de apreensão e apresentação de adolescente

Em não sendo grave o ato infracional praticado, a liberação do adolescente


aos pais ou responsável pode ser feita diretamente pela autoridade policial,
sob termo de compromisso de sua apresentação ao representante do
Ministério Público.

Tratando-se de auto de apreensão em flagrante, deve ser feita, em regra,


no mesmo dia ou em vinte e quatro horas, de acordo com o artigo 175, §§
1º e 2, do ECA, permanecendo a necessidade de plantão nos fins de
semana e dias feriados.

A liberação e entrega do adolescente apreendido aos pais ou responsável,


se não for o caso de internação provisória, independe de autorização
judicial, podendo ser efetuada diretamente pelo agente ministerial,
mediante termo.

5. Relatório de investigação

Excluída a ocorrência de flagrante, e sendo a autoria conhecida desde o


início, a autoridade policial encaminhará diretamente ao representante do
Ministério Público relatório das investigações e demais documentos.

6. Remissão ministerial

Observados os preceitos do artigo 126 do ECA, a remissão poderá ser


concedida qualquer que seja a natureza do ato infracional, sendo que, caso
inclua medida sócio-educativa em meio aberto a ser cumprida pelo
adolescente, dado o caráter transacional do ato, deverá ser colhido o seu
expresso consentimento e o de seus pais ou responsável.

7. Revisão da remissão

Nos moldes do artigo 128 do ECA, a medida aplicada através da remissão


poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido
expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
Público.

Não pode o Juiz, de ofício, alterar ou suprimir as medidas sócio-educativa


e/ou protetivas ajustadas pelo representante do Ministério Público com o
adolescente em sede de remissão, cabendo à autoridade judiciária, em
caso de discordância, apenas a remessa dos autos, por despacho
fundamentado, ao Procurador-Geral de Justiça, na forma do previsto no
art.181, § 2º, da Lei n.º 8.069/90.

Caso assim não proceda, deve o agente ministerial interpor correição


parcial da decisão respectiva.

8. Liberdade assistida

A liberação é feita sob termo de compromisso de apresentação do


adolescente ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou,
sendo impossível, no primeiro dia útil imediato.

9. Medidas sócio-educativas

O rol das medidas sócio‑educativas descrito no artigo 112 do ECA é


taxativo, ou seja, é vedada a imposição de medidas diversas daquelas
enunciadas neste dispositivo.

10. Promoção de arquivamento

O representante do Ministério Público promoverá o arquivamento dos autos


de ato infracional quando:

a) estiver demonstrada, desde logo, a inexistência do fato;

b) não constituir o fato ato infracional;

c) estiver comprovado que o adolescente não concorreu para a prática do


fato.

11. Ato infracional imputado a criança

Cuidando-se de ato infracional imputável a criança, o Promotor de Justiça


não promoverá o arquivamento, mas o remeterá ao Conselho Tutelar
(artigo 136, inciso I, ECA), e, à falta deste, à Autoridade Judiciária, nos
termos do artigo 262 do ECA.

12. Representação

Não sendo caso de arquivamento ou remissão deverá o órgão do Ministério


Público oferecer representação à Autoridade Judiciária, visando à aplicação
de medida sócio-educativa. A representação é a peça formal pela qual tem
início o procedimento sócio-educativo. Toda ação sócio-educativa,
independentemente do ato infracional praticado, é pública incondicionada,
e somente o Ministério Público poderá oferecer representação, não se
aplicando à espécie as regras de procedibilidade previstas nas leis penal e
processual penal.

13. Elementos da representação

A representação deverá conter os elementos constantes do artigo 181, §


2º, do ECA, não devendo ser previamente especificada a medida sócio-
educativa a ser aplicada, pois tal solução não depende apenas da conduta
infracional em si considerada, mas também de elementos outros que
deverão ser apurados no decorrer do procedimento, inclusive através de
uma avaliação técnica idônea.

14. Internação provisória

A internação provisória tem por fundamento a gravidade do ato infracional e


sua repercussão social, das quais deflui a necessidade de garantir a
segurança pessoal do adolescente ou da ordem pública. Trata-se de
medida excepcional, que exige exaustiva fundamentação, não se
confundindo com a prisão preventiva ou temporária de imputáveis,
tampouco obedecendo os requisitos legais para o decreto destas.

15. Prazo para conclusão do procedimento

Estando o adolescente internado, o prazo para conclusão do procedimento


não poderá, em nenhuma hipótese, ultrapassar quarenta e cinco dias, que
deverão ser contados da data da efetiva privação de liberdade do jovem, e
não do decreto da medida de internação provisória.

16. Procedimento sócio-educativo

O procedimento para apuração de ato infracional praticado por adolescente


tem por objetivo a rápida aplicação das medidas sócio-educativas e/ou
protetivas que melhor atendam as necessidades pedagógicas do jovem,
razão pela qual não se deve limitar à apuração da autoria e materialidade
da infração, mas, ao contrário, receber preferência de instrução e
julgamento em relação a similares instaurados contra imputáveis.

17. Sentença sócio-educativa

A sentença sócio-educativa deve atender aos mesmos requisitos exigidos


no artigo 381 do CPP, aplicado subsidiariamente ao procedimento de
apuração de ato infracional atribuído a adolescente, por força do disposto
no artigo 152 do ECA.

18. Sentença sancionatória

A sentença sancionatória poderá compreender medidas sócio-educativas


próprias (artigo 112, inciso I a Vl, ECA) e impróprias (artigo 112, inciso VII
c/c art. 101, incisos I a Vl, do ECA), a cujo cumprimento obrigatório não
poderá o adolescente se furtar, sob pena de incidência do disposto no
art.122, inciso III e § 1º, da Lei n.º 8.069/90.

Observar ainda que:

a) a apuração da presença dos requisitos do art.122, inciso III, da Lei n.º


8.069/90 (reiteração e falta de justificativa para o descumprimento da
medida sócio-educativa anteriormente imposta), para fins de aplicação da
internação-sanção, por força do disposto no art. 5º, incisos LIV e LV, da
Constituição Federal, e art.110 da Lei n.º 8.069/90, deve ocorrer em
procedimento contraditório, no qual se garanta ao adolescente a ampla
defesa, inclusive por intermédio de Advogado;

b) por se aplicar, mesmo à internação prevista no art.122, inciso III, da Lei


n.º 8.069/90, o princípio constitucional da brevidade, não é possível a
fixação, desde logo, pela decisão que decreta a medida privativa de
liberdade respectiva, de prazo para sua duração, notadamente quando este
for o máximo previsto no art.122, § 1º da Lei n.º 8.069/90;

c) em razão do princípio constitucional da excepcionalidade da internação,


essa medida sócio-educativa somente poderá ser imposta após a
comprovação da efetiva impossibilidade da aplicação de outras (em meio
aberto ou semiliberdade) ao adolescente, não sendo a gravidade do ato
infracional praticado e/ou a falta de programas sócio-educativos
alternativos no município, motivos que, isoladamente, autorizam aquela
solução extrema.

19. Recursos do ECA

O sistema recursal do Código de Processo Civil é aplicável às ações e


procedimentos que tramitem na Justiça da Infância e da Juventude. As
disposições recursais do CPC que forem incompatíveis com as regras
peculiares do ECA não podem ser aplicadas aos procedimentos nele
previstos.

20. Apuração de irregularidades de atendimento

As entidades de atendimento governamentais e não-governamentais são


obrigadas a inscreverem seus programas no CMDCA e a obedecer
determinados critérios em seu atendimento, objetivando a garantia dos
direitos das crianças e adolescentes. Daí que a inobservância desses
direitos enseja sua apuração, nos moldes do artigo 191 e seguintes do
ECA.

Cabe ao Ministério Público a fiscalização periódica dessas entidades,


zelando também para seu devido cadastramento junto ao CMDCA.

21. Apuração de infração administrativa

O procedimento disciplinado nos artigos 194 a 197 do ECA tem por objetivo
apurar infrações às normas de proteção à criança e ao adolescente, bem
como à respectiva imposição de penalidade administrativa (multa e
fechamento do estabelecimento por até quinze dias ).

A multa administrativa deve ser fixada em salários-de-referência, que


posteriormente deverão ser corrigidos por cálculo do contador judicial para
valores atuais, e não em salários-mínimos, com os quais aqueles, embora
hoje extintos, não se confundem. Observe-se também que o prazo de
prescrição da multa administrativa é de 05 (cinco) anos, por ser
considerada uma “receita não tributária”, sendo inaplicável à espécie o
prazo prescricional previsto no art.114 do Código Penal.

22. Portarias Judiciais - observações

Quanto à Portarias Judiciais expedidas com base no art. 149 da Lei n.º
8.069/90, recomenda-se:

a) as portarias judiciais somente podem ser expedidas nas hipóteses


restritas do art.149, inciso I, da Lei n.º 8.069/90 (o inciso II do citado
dispositivo refere-se apenas às situações que comportam alvarás), em
sede de procedimento específico, embora inominado, instaurado de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, Conselho Tutelar ou qualquer
outro interessado, tendo por fundamento o disposto no art.152 da Lei n.º
8.069/90;

b) a intervenção do representante do Ministério Público no procedimento


que resulta na expedição da portaria judicial (assim como no caso do
alvará), é obrigatória , sob pena de nulidade do ato;

c) para que possa ser atendido o disposto no art.149, §§ 1º e 2º, da Lei n.º
8.069/90, é imprescindível a realização, pelo corpo de comissários de
vigilância da infância e juventude e outras autoridades públicas
encarregadas da fiscalização de estabelecimentos comerciais (vigilância
sanitária, bombeiros etc.), de vistorias e sindicâncias em cada um dos
estabelecimentos a serem atingidos pelo ato judicial, que deverão ser
indicados nos procedimentos e ter sua situação individualizada pela
decisão respectiva, contra a qual, por possuir forma e natureza jurídica de
sentença, cabe recurso de apelação.

23. Guarda e tutela em situação de risco

A Justiça da Infância e Juventude somente será competente para apreciar


pedidos de guarda e tutela em estando a criança ou adolescente em
situação de risco, na forma do previsto no art. 98 da Lei n.º 8.069/90, o que
de regra não ocorrerá em pedidos nos quais se pretende regularizar a
posse de fato já exercida pelo aspirante à medida.

24. Competência para adoção de criança e adolescente

A adoção de criança ou adolescente rege-se segundo as regras do ECA,


sendo competente a Vara da Infância e Juventude, independentemente da
situação jurídica dos adotandos.

25. Constituição do vínculo da adoção

Em se tratando de criança e adolescente, o vínculo da adoção constitui-se


por sentença e é irrevogável, não sendo possível a efetivação por escritura
pública.

26. Cadastro central de adoção

A habilitação, perante o Juízo da Infância e Juventude, de pessoas ou


casais interessados em adotar, decorre da necessidade de se aferir suas
condições materiais, psicológicas e morais, bem como o preparo e
motivação para a obtenção da medida, sendo imprescindível a intervenção
de equipe técnica habilitada.

A previsão legal da criação de um cadastro de pessoas ou casais


habilitados à adoção e daquele contendo a relação de crianças e
adolescentes em condições de serem adotados, visa dar transparência e
permitir um controle da forma como a medida vem sendo aplicada. Tem por
finalidade, também, controlar a estrita observância à ordem de inscrição
estabelecida no primeiro (ressalvada a hipótese de parentesco entre
adotante-adotando ou outros motivos plenamente justificados). Esses
objetivos são reputados imprescindíveis à moralização do instituto e à
própria credibilidade da Justiça da Infância e Juventude.

A relação de crianças e adolescentes em condições de serem adotados,


caso inexistentes pretendentes na comarca, deve ser encaminhada ao
cadastro central existente junto à Comissão Estadual Judiciária de Adoção
– CEJA.

27. Idade máxima permitida para a adoção

À data do pedido, o adotando não pode ter idade superior a dezoito anos,
salvo se já estiver sob guarda ou tutela dos adotantes, hipótese em que
poderá conceder-se a adoção até aquele completar vinte e um anos.

28. Idade do adotante e do adotando

O adotante deve ter pelo menos vinte e um anos e a diferença de idade


entre ele e o adotando há de ser de, no mínimo, dezesseis anos,
ressalvado que, no caso de adoção por cônjuges ou concubinos, basta que
um deles atenda a tais requisitos e fique demonstrado que o deferimento
da medida apresenta reais vantagens ao adotando.

29. Adoção por concubinos

É permitida a adoção por homem e mulher que vivam em concubinato,


desde que comprovada a estabilidade da família, nos moldes do artigo 42,
§ 2º, do ECA.

30. Adoção por divorciados ou separados judicialmente

Os divorciados ou separados judicialmente, estando de acordo sobre a


guarda e o regime de visitas, podem adotar conjuntamente, quando o
estágio de convivência tenha se iniciado na constância da sociedade
conjugal, consoante o artigo 42, § 4º, do ECA.

31. Adoção post mortem

A adoção será efetivada post mortem quando, induvidosa a manifestação


de vontade, o requerente vier a falecer no curso do procedimento já
instaurado especificamente para obtenção daquela medida, nos termos do
artigo 42, § 5º, do ECA.

32. Adoção de adolescente e criança

Na adoção de adolescente é necessário o seu consentimento. Na adoção


de criança, esta, sempre que possível, deverá ser previamente ouvida,
considerando-se sua opinião.

33. Adoção internacional

Tratando-se de adoção internacional, recomenda‑se ao Promotor de


Justiça:

a) certificar-se de que foram esgotadas todas as possibilidades de


colocação da criança ou do adolescente em família substituta brasileira,
através da obtenção de certidão, junto ao cartório competente, da
inexistência de pessoas ou casais nacionais cadastrados interessados em
adotar, bem como junto ao Cadastro Central mantido pela CEJA;

b) zelar para que haja transparência na escolha do pretendente estrangeiro


e respeito à ordem de inscrição junto à Comissão Judiciária de Adoção
Internacional (CEJAI);

c) observar a juntada do procedimento original do pedido de habilitação


concedido pela CEJAI;

d) recorrer da decisão que conceder a custódia de criança a estrangeiro


residente no exterior que não comprove estar habilitado à adoção perante a
CEJAI, zelando para que, quando do recebimento do recurso, seja
observado o disposto no art. 198, inciso VI, da Lei n.º 8.069/90.

34. Estágio de convivência em adoção internacional

Deve o Promotor de Justiça, sendo o caso de adoção internacional, zelar


para que o estágio de convivência seja cumprido integralmente em território
nacional, nos moldes do artigo 46, § 2º, do ECA.

35. Destituição do pátrio poder

Ocorrendo graves violações dos deveres inerentes ao pátrio poder, e


verificada a absoluta inviabilidade da manutenção ou retorno, ao menos de
imediato, da criança ou adolescente à família de origem, recomenda-se ao
Promotor de Justiça ajuizar a ação de destituição ou suspensão do pátrio
poder.

Em sendo o caso de suspensão do pátrio poder, sempre preferível à


destituição, zelar para que esta seja decretada por prazo determinado, ao
longo do qual deve ser a família encaminhada para programas específicos
com vistas à sua restruturação, na forma do previsto no art.129 da Lei n.º
8.069/90.

36. Família substituta

a) tendo em vista o contido nos arts. 4º, caput, 6º, 19, 23 e parágrafo único,
bem como da inteligência dos arts. 25 usque 27 e 129, todos da Lei n.º
8.069/90, que privilegiam a manutenção, o quanto possível, da criança ou
adolescente no seio de sua família natural, e também considerando que o
direito fundamental à convivência familiar pertence àqueles, não podendo
ser objeto de disposição por parte de seus pais ou responsável, o
consentimento destes à colocação de seus filhos em família substituta não
é motivo que, por si só, autoriza a aplicação, de plano da medida
respectiva;

b) em tal situação, devem ser os pais avaliados e orientados por


profissionais, bem como encaminhados a programas específicos de apoio e
promoção à família (que, se inexistentes, devem ter sua implementação
providenciada pelo CMDCA), de modo que se lhes apresentem alternativas
que permitam a manutenção dos filhos em sua companhia.

c) deve-se evitar a concretização, sem justo motivo, das chamadas


“adoções intuitu personae” (nas quais os pais indicam a pessoa ou casal
para qual querem “doar” seus filhos), na medida em que tal indicação, além
de ser ilegal e imoral, dada a indisponibilidade do pátrio poder e do fato de
a criança ou adolescente não serem objetos de propriedade de seus pais,
pode esconder o verdadeiro “comércio” de uma vida humana, considerado
crime pelo art. 238 da Lei n.º 8.069/90.

d) mesmo caso a criança não tenha a paternidade previamente


reconhecida, é necessário que, antes de se acatar o consentimento da mãe
à adoção por terceiro (após esgotadas as tentativas de manutenção dos
vínculos com a mesma), seja o suposto pai notificado a manifestar-se
acerca da paternidade que lhe é atribuída, que, se confirmada, lhe dará
preferência à manutenção da criança em sua companhia.

CONSUMIDOR

1. Razão da intervenção do Ministério Público

Cabe ao Ministério Público, por disposição constitucional, promover a


defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos afetos
às relações de consumo. O Ministério Público, nos moldes do artigo 92, do
Código de Defesa do Consumidor, atuará sempre como custos legis, se
não ajuizar a respectiva ação coletiva.

2. Do consumidor

O CDC se aplica a toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se ao consumidor a
coletividade que intervenha na relação de consumo; as vítimas dos
acidentes de consumo, bem como todas as pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas contratuais e comerciais nas relações de consumo.

3. Extensão das relações de consumo

As relações de consumo circunscrevem-se a bens móveis e imóveis,


materiais e imateriais, assim como a qualquer atividade fornecida no
mercado mediante remuneração, inclusive pelas pessoas jurídicas de
direito público, direta ou indiretamente, e as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária.

4. Comunicação aos órgãos de defesa do consumidor

Ao assumir o cargo de Promotor de Justiça do Consumidor, o membro do


Ministério Público, além de oficiar aos órgãos de proteção ao consumidor,
deverá certificar-se da existência de organizações não-governamentais e
outras entidades que possam auxiliá-lo em sua função.

5. Formalização de convênios

O Promotor de Justiça do Consumidor, havendo necessidade, poderá


sugerir à Procuradoria-Geral de Justiça a realização de convênios
objetivando a obtenção de apoio técnico aos órgãos de execução.

6. Atribuição da Promotoria de Justiça da Capital

Consoante dispõe o artigo 93, inciso II, do CDC, no caso de dano a


interesses individuais homogêneos com dimensão regional ou nacional,
ressalvada a competência da Justiça Federal, as atribuições para apuração
e eventual ajuizamento de medidas judiciais são da Promotoria de Justiça
do Consumidor da Capital.

7. Lesão individual

Havendo lesão de natureza individual, o Promotor de Justiça deverá


encaminhar o consumidor para atendimento pelo Procon.

8. Inexistência de órgão de proteção ao consumidor

Não havendo na comarca órgão local de proteção aos interesses do


consumidor, deve o Promotor de Justiça atendê-lo e, se houver
necessidade, expedir notificação ao reclamado designando audiência para
tentativa de acordo. Realizado o acordo, o Promotor de Justiça deverá
documentá-lo e homologá-lo, nos termos do artigo 57, parágrafo único, da
Lei n.º 9.099/95. Não sendo possível a formalização do acordo, instruir o
reclamante a constituir Advogado ou deduzir sua pretensão diretamente
perante o Juizado Especial Cível.

9. Intervenção do MP nas ações individuais

O Ministério Público somente intervirá nas ações de interesses individuais


que versem sobre relações de consumo ocorrendo as hipóteses previstas
pelo artigo 82 do CPC.

10. Revisão de cláusulas contratuais

Nos contratos em geral é cabível a revisão de cláusulas contratuais


abusivas, ainda que inexista vício do ato jurídico.

11. Prevalência dos interesses do consumidor

A Lei n.º 8.078/90 prevê expressamente que o consumidor é a parte


hipossuficiente da relação jurídica, razão pela qual as divergências de
interpretação dos contratos devem ser resolvidas sempre a seu favor.

12. Responsabilidade civil do fornecedor

A responsabilidade civil do fornecedor, de acordo com o sistema de tutela


das relações de consumo, é objetiva e se dá nos artigos 12, 14, 18 e 20 do
CDC, dentre outros.

13. Suspensão do prazo decadencial

Nos termos do artigo 26, § 2º, inciso III, da Lei n.º 8.078/90, a instauração
de inquérito civil suspende o prazo decadencial na hipótese de vício do
produto ou do serviço.

MEIO AMBIENTE E PATRIMÔNIO CULTURAL

1. Comunicação aos órgãos de proteção ao meio ambiente

Ao assumir a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, oficiar aos órgãos


estaduais, municipais e entidades de proteção ambiental, comunicando o
fato e solicitando apoio para o exercício de suas funções.

2. Solicitações à Prefeitura Municipal

Oficiar à Prefeitura Municipal, solicitando o envio da Lei Orgânica do


Município, do Código de Edificações e de Posturas, bem como de
legislação regendo eventuais unidades de conservação criadas e mantidas
pelo município, e rol do tombamento de bens pelo Poder Público local.

3. Relações com os órgãos de proteção ambiental

O Promotor de Justiça com atribuições ambientais deverá, periodicamente,


manter reuniões com os órgãos de proteção ambiental, visando à avaliação
permanente das condições ambientais da comarca.

4. Contato com profissionais especializados

Deve o Promotor de Justiça manter contato com profissionais


especializados das diversas ciências envolvidas na defesa do patrimônio
ambiental, com o propósito de obter apoio técnico quando necessário.

5. Cumulação da persecução penal e civil

No exercício das atribuições de Promotor de Justiça Ambiental, atentar


para a cumulação das persecuções penal e civil.

6. Instauração de investigação

Ao tomar conhecimento de atos atentatórios ao patrimônio ambiental,


cumpre ao membro do Ministério Público instaurar investigação, através de
inquérito civil ou procedimento preparatório, para a cabal apuração dos
fatos.

7. Vistorias

Havendo necessidade de vistoria para a instrução do procedimento


investigatório, o Promotor de Justiça deverá fazer-se acompanhar de
técnico vinculado a órgão público, que tenha atribuições para a elaboração
de laudo.

8. Notificação e compromisso de ajustamento de conduta

Carreadas as provas necessárias, notificar o degradador objetivando o


compromisso de ajustamento de conduta, na forma do artigo 5º, § 6º, da
Lei Federal nº 7.347/85.

9. Tutela do patrimônio cultural

O Promotor de Justiça deve observar que o patrimônio cultural é


constituído de bens de valor artístico, estético, turístico, arqueológico,
paleontológico e paisagístico.

10. Tombamento

Observar que o tombamento não constitui, mas apenas declara a


importância cultural de determinado bem, razão pela qual mesmo os bens
desprovidos de tombamento podem ser protegidos através da ação civil
pública. A abertura de procedimento para tombamento implica a exigência
de preservação.

11. Obras em bens tombados

Zelar para que qualquer obra ou atividade realizada nos bens tombados
tenham a chancela da entidade preservacionista responsável pelo
tombamento.

12. Objeto de tombamento

O tombamento pode incidir em bens móveis e imóveis (construções


isoladas, conjuntos urbanos, bairros, cidades e espaços naturais).

13. Procedimento investigatório na tutela do patrimônio cultural

Lesado o bem integrante do patrimônio cultural, deve o Promotor de Justiça


instaurar procedimento investigatório, adotando as medidas necessárias
para sua reparação integral ou, se for o caso, para indenização, devendo
ser oficiado à entidade preservacionista, solicitando a realização de vistoria
e do laudo pertinente.

14. Audiências públicas - participação

Recomenda-se ao Promotor de Justiça participar de todas as audiências


públicas relacionadas ao Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seu
Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), nos municípios que fazem
parte da comarca.

15. Centro de Apoio - cópias de denúncias

O Promotor de Justiça deve remeter cópia de denúncias oferecidas na


comarca ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias do Meio
Ambiente.

16. Autos de infração ambiental - requisição aos órgãos ambientais

Cumpre ao Promotor de Justiça requisitar cópia dos autos de infrações


ambientais lavrados pelos órgãos ambientais, dentre eles o Instituto
Ambiental do Paraná - IAP e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente,
para verificação de eventuais indícios de crimes previstos na Lei n.º 9.605,
de 12 de fevereiro de 1.998.

PESSOA IDOSA E PORTADORA DE DEFICIÊNCIA

1. MP na defesa das pessoas idosas e portadoras de deficiência

Cabe ao Ministério Público exercer a defesa dos direitos e garantias


constitucionais das pessoas idosas e portadoras de deficiência, através de
medidas administrativas e judiciais, partindo-se da garantia da própria
acessibilidade, mediante a remoção de barreiras arquitetônicas onde há
exigência legal de asseguramento do acesso.

2. Atendimento das pessoas idosas e portadoras de deficiências

Cumpre ao Promotor de Justiça atender às pessoas idosas e portadoras de


deficiência, recebendo representações ou petição de qualquer pessoa ou
entidade por desrespeito aos direitos assegurados nas Constituições
Federal e Estadual, bem como em legislações extravagantes.

3. Deslocamento do Promotor de Justiça para fazer o atendimento

Tratando-se de pessoas portadoras de deficiência, o membro do Ministério


Público, quando necessário, deverá deslocar-se ao domicílio da mesma
com o escopo de avaliar a extensão do seu problema, adotando a medida
mais adequada à solução.

4. Visitas a estabelecimentos

Cabe ao Ministério Público realizar visitas e fiscalizar periodicamente os


estabelecimentos que prestem serviço ao idoso, bem como à pessoa
portadora de deficiência. Sempre que possível, quando da fiscalização dos
estabelecimentos que abriguem pessoas idosas e portadoras de
deficiência, fazer-se acompanhar da autoridade policial, de integrantes da
Vigilância Sanitária e de outros órgãos públicos, para o fim de eventual
autuação ou mesmo interdição da entidade, pois a proliferação de asilos
clandestinos, especialmente, tem exposto a risco a saúde, o bem-estar e a
vida de idosos usuários. Lembrar que a Política Nacional do Idoso prevê o
internamento em asilo como exceção.

Quanto ao internamento em asilo, observar ainda a proibição do art. 18 do


Decreto 1.948/96, quanto à permanência em instituições asilares, de
caráter social, de idosos portadores de doenças que exijam assistência
médica permanente ou enfermagem intensiva, cuja falta possa agravar ou
pôr em risco sua vida ou a vida de terceiros.

5. Trabalho da pessoa portadora de deficiência

Verificar se os municípios que compõem a comarca têm previsão legal da


reserva de vagas nos concursos públicos, com critérios de admissão,
agindo, em caso negativo, para a correta regulamentação desse direito.

6. Ensino à pessoa portadora de deficiência

Atentar para que a educação destinada à pessoa portadora de deficiência


ocorra preferencialmente na rede regular de ensino, consubstanciado no
denominado ensino inclusivo.

7. Acesso a documentos

Ao membro do Ministério Público é permitido examinar quaisquer


documentos, expedientes, fichas e procedimentos relativos ao idoso e à
pessoa portadora de deficiência, atentando para o sigilo do seu conteúdo.

8. Cumulação da persecução civil e criminal

No exercício das atribuições da Promotoria de Justiça dos idosos e


portadores de deficiência, há cumulação da persecução penal e civil.
Assim, é permitido ao membro do Ministério Público requisitar a
instauração de inquérito policial e realizar diligências investigatórias, bem
como ajuizar a ação penal e a ação civil pública para a defesa dos
interesses das pessoas idosas e portadoras de deficiência.

9. Procedimentos administrativos e inquéritos civis

Cabe ao Ministério Público, no exercício da defesa dos direitos da pessoa


idosa e portadora de deficiência, instaurar procedimentos administrativos
ou, se for o caso, inquéritos civis.

10. Representação à autoridade competente

Cumpre ao Ministério Público representar à autoridade competente para a


adoção de providências que visem sanar omissões, prevenir ou corrigir
irregularidades no tratamento de pessoas idosas e portadoras de
deficiência, promovendo, ainda, no âmbito de suas atribuições, o efetivo
cumprimento das normas concernentes à preservação dos seus interesses.

11. Conselho do idoso e da pessoa portadora de deficiência

Cabe ao membro do Ministério Público implementar a criação ou o


aperfeiçoamento dos Conselhos do Idoso e da Pessoa Portadora de
Deficiência.

12. Relações com os conselhos do idoso e da pessoa portadora de


deficiência

Deve o membro do Ministério Público estreitar relações com os Conselhos


do Idoso e da Pessoa Portadora de Deficiência, bem como com outras
entidades voltadas à promoção da política de bem-estar dessas pessoas,
com o objetivo de, em conjunto, buscar soluções satisfatórias aos seus
interesses.

DIREITOS HUMANOS

1. Ministério Público e direitos humanos

A principal missão do representante do Ministério Público, na atualidade, é


o compromisso pela manutenção do Estado Democrático, e este
compromisso somente se efetiva com a observância da Constituição e dos
instrumentos de Direitos Humanos, sejam eles aderidos ou aceitos
tacitamente pela comunidade jurídica internacional.

2. Ministério Público e a pedagogia dos direitos humanos

As atribuições constitucionais do Ministério Público exigem que cada um de


seus membros se converta num verdadeiro pedagogo dos Direitos
Humanos, com o fito de defender a comunidade bem como os princípios
fundamentais da cidadania.

3. Ministério Público e sociedade civil

O Ministério Público deve estreitar relações com a sociedade civil,


representada pelas Organizações Não-Governamentais, visando, além de
uma interação dinâmica para a proteção dos direitos fundamentais da
sociedade, a formação de uma nova mentalidade com vistas à plenitude da
defesa da causa de proteção internacional dos direitos humanos.

4. Organismos de defesa dos direitos humanos no âmbito interno

O Ministério da Justiça, órgão do Poder Executivo Federal, na sua estrutura


administrativa possui o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana e o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, como
órgãos de defesa dos Direitos Humanos.

5. Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana

Tem a incumbência de preservar e garantir a aplicação dos direitos


fundamentais da cidadania para, através de sindicâncias, apurar
responsabilidades. Este Conselho visa executar medidas práticas para
viabilizar a inviolabilidade dos direitos indisponíveis e essenciais ao ser
humano, como a criação da Secretaria Nacional de Direitos Humanos,
pasta responsável pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado
no ano de 1996 pelo governo federal.

6. Conselho Nacional de Política Criminal e Penintenciária

É um órgão vinculado ao Ministério da Justiça, responsável pelo


direcionamento das políticas públicas em matéria de execução penal, com
sede na capital da República. Trata-se de um colegiado composto por 13
membros nomeados pelo Ministro da Justiça, para um mandato de dois
anos. Incumbe ao CNPCP: propor diretrizes de política criminal quanto à
prevenção do delito, administração da justiça criminal e execução das
penas e medidas de segurança; promover a avaliação periódica do sistema
criminal para a sua adequação às necessidades do país; estimular e
desenvolver a pesquisa criminológica; estabelecer os critérios para a
elaboração da estatística criminal; inspecionar e fiscalizar os
estabelecimentos prisionais; representar à autoridade competente para a
interdição de estabelecimento penal, instauração de sindicância ou
processo administrativo, em caso de violação das normas referentes à
execução penal.

7. A Proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Brasil

O Brasil, nos moldes dos princípios constitucionais, participa do Sistema


Internacional de Proteção dos Direitos Humanos, cuja base jurídica iniciou-
se com a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da
Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, ambas de 1948.

8. Brasil faz parte do Sistema das Nações Unidas e dos Estados


Americanos

A inclusão do Brasil no Sistema das Nações Unidas e dos Estados


Americanos deu-se mediante adesão voluntária aos principais Tratados de
Direitos Humanos, com o propósito de poder beneficiar-se de mecanismos
auxiliares de esforços nacionais para a defesa e a promoção dos direitos
humanos.

9. Obrigação do Estado brasileiro às convenções de proteção

O Estado brasileiro, como integrante do Sistema Internacional de Proteção


dos Direitos Humanos, obriga-se juridicamente tanto em relação à
substância dos tratados quanto a colaborar com os principais mecanismos
de supervisão do cumprimento das obrigações convencionais, tais como a
Comissão de Direitos Humanos (CDH) da ONU e a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA, cujo trabalho consiste
na tramitação de petições sobre denúncias de violações que seguem um
modelo quase judicial.

10. Órgãos do sistema interamericano de proteção dos Direitos


Humanos

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana


de Direitos Humanos são os órgãos encarregados da proteção dos direitos
fundamentais no sistema interamericano, nos termos estabelecidos pela
Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

11. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos

A Comissão é um organismo autônomo da OEA, cuja função principal é


promover a observância e a defesa dos direitos humanos, bem como servir
de órgão consultivo da OEA. É um organismo com faculdades legais,
diplomáticas e políticas, estabelecido em 1959, na Quinta Reunião de
Consulta dos Ministros de Relações Exteriores em Santiago, Chile.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem as seguintes


funções:

a) dar curso às denúncias individuais quando se alega uma violação aos


direitos humanos;

b) preparar informes sobre a situação dos direitos humanos nos Estados


membros da OEA;

c) realizar estudos e propor medidas a serem tomadas pela OEA com o


objetivo de fomentar o respeito aos direitos humanos.

12. A Corte Interamericana de Direitos Humanos

A Corte Interamericana de Direitos Humanos é um órgão de caráter


jurisdicional criado pela Convenção Americana com o objetivo de
supervisionar o seu cumprimento.

A Corte tem duas funções:

a) contenciosa: a função contenciosa refere-se à sua capacidade de


resolver casos em virtude do estabelecido nos art. 61 e seguintes da
Convenção.

b) consultiva: circunscreve-se à capacidade para interpretar a Convenção e


outros instrumentos internacionais de direitos humanos.

13. Reconhecimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos


pelo Brasil

O Brasil, através do Decreto Legislativo nº 89, 1998, publicado no D.O.U


em 04/12/1998, reconheceu a competência contenciosa da Corte
Interamericana de Direitos Humanos em todos os casos relativos à
interpretação ou aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos
para fatos ocorridos a partir do reconhecimento, de acordo com o previsto
no § 1º do art. 62 desse instrumento internacional.

14. Conseqüências do reconhecimento da competência da Corte


Interamericana de Direitos Humanos

A Corte Interamericana de Direitos Humanos é uma instituição judicial e


autônoma, com a finalidade de aplicar e interpretar a Convenção
Americana de Direitos Humanos. A adesão do Brasil à Corte implica aceitar
sua jurisdição contenciosa no julgamento de casos que envolvam violações
dos direitos humanos. Submetidas à consideração da Corte, esta dispõe de
autoridade para exigir do Estado violador que garanta ao lesionado o direito
violado e/ou o pagamento de uma indenização justa.

15. Corte Internacional de Justiça da ONU

É o principal órgão judiciário da ONU, com jurisdição que compreende


todos os casos que lhe forem submetidos referentes a matéria
especialmente prevista na Carta e em outros Tratados. Cada Estado-
membro das Nações Unidas compromete-se a conformar-se com a
sentença da Corte. Em caso de uma das partes deixar de cumprir as
obrigações impostas em virtude da decisão proferida, está previsto o direito
de recurso ao Conselho de Segurança da ONU, para a execução de
medida que achar necessária.

16. Amplo alcance das obrigações convencionais de proteção no


Estado brasileiro

As disposições dos tratados de direitos humanos vinculam não só o


governo brasileiro, mas também e sobretudo os Poderes, os órgãos e os
agentes do Estado, ou seja, o alcance das obrigações internacionais de
proteção aos direitos fundamentais do ser humano circunscrevem-se não
somente ao Poder Executivo, mas também aos Poderes Legislativo e
Judiciário. Faz-se necessário que todas as unidades da federação e suas
respectivas instituições se convençam da necessidade e do valor da
instância internacional para o aperfeiçoamento do regime interno de tutela
dos direitos humanos.

1  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do


Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril de 2000. Regimento
das correições, inspeções e estágio probatório, art. 28, inc. IV.

2  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do


Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril de 2000, art. 27, inc.
III.

3  Ibid., art. 27 e 28.

4  PARANÁ. Lei complementar n.º 85, de 27 de dezembro de 1999. Lei


orgânica do Ministério Público do Paraná, art. 155, inc. XV.

5  Em razão do volume de processos existentes e com o propósito de


otimizar o tempo e a necessária intervenção do Ministério Público, não é
incomum o lançamento de cotas manuscritas de pequena expressão pelos
lidadores da cena forense. Há quem o faça sob esse argumento —
compreensível — da maior praticidade e celeridade. Outros, pelo apego à
plástica singular e identidade personalíssima que emana do rico movimento
produzido pelo punho escritor, principalmente aqueles que se orgulham —
também com irrepreensível motivação — de possuírem caligrafia de padrão
modelar. Cumpre, entretanto, reconhecer que nem sempre o cursivo
espelha apreciável morfologia, reproduzindo moldes caligráficos elegantes
e facilmente legíveis. A despeito da existência ou não de tal riqueza
estética, é mister referir que a recomendação de se evitar cotas e
manifestações manuscritas tem por objetivo propiciar uma maior
visibilidade institucional dentro do processo, o que se obtém mediante a
utilização do logotipo e dos elementos formais puros e abstratos
complementares, como o emblema e a identificação do Ministério Público e
da respectiva Promotoria de Justiça. Lançada na fórmula impressa, a
manifestação ocupará lugar de destaque dentro do processo, podendo-se,
facilmente, ao folheá-lo, identificar a intervenção (ou as várias
intervenções) do órgão do Ministério Público. Torna-se fácil e agradável,
então, avaliar de forma mais fiel o conteúdo e a intensidade da presença do
próprio Promotor de Justiça dentro do feito. Quando grafada em cursivo, ao
contrário, muitas vezes se tem dificuldade em encontrar o pronunciamento
do agente ministerial, pois de regra está entremeado aos termos e
carimbos notariais, quando não em exíguos e desprestigiados campos
marginais do papel-suporte. Essa dispensável parcimônia, além de revelar
uma certa leniência ou acomodação, imprime também um caráter
personalista à intervenção. Neste aspecto, vale lembrar que o Promotor de
Justiça oficia, sempre, em nome do Ministério Público. Ainda que se grafe
com letra vistosa e bem legível, há que observar a impessoalidade e a
impossibilidade de se estabelecer, a partir desse critério imantado de juízo
de valor (letra virtuosa ou garatujas), uma regra ou recomendação
condicionada à qualidade plástica da grafia.

6  BRASIL. Lei n.º 8.625, de 12 de fevereiro de 1993. Lei orgânica


nacional do Ministério Público, art. 41, IV, e PARANÁ. Lei
complementar n.º 85..., art. 153, IV.

7  BRASIL. Lei n.º 8.625..., art. 43, III.

8  PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 108 e PARANÁ. Conselho


Superior do Ministério Público. Regimento interno, de 12 de setembro de
2001, art. 23.

9  BRASIL. Lei n.º 8.429, de 2 de junho de 1992. Lei da improbidade


administrativa, art. 13.

10  PARANÁ. Conselho Superior do Ministério Público. Regimento


interno..., art. 26.

11  PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 132.

12  PARANÁ. Conselho Superior do Ministério Público. Assento n.º 25, de


12 de março de 1991.

13  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 627, de 6 de

maio de 1998, art. 2º.

14  PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público. Recomendação n.º


02, de 18 de fevereiro de 1999.

15  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do


Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril de 2000.

16  BRASIL. Lei n.º 4.737 de 17 de julho de 1965. Código eleitoral, art. 36,
37, 158 - 169.

17  PARANÁ. Lei complementar n.º 85..., art. 155, inc. XIX

18  PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público. Ato n.º 1, de 7 de


fevereiro de 2000

19  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do


Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 10 de abril de 2000.

20  BRASIL. Lei n.º 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código civil, art. 1533.

21  BRASIL. Lei n.º 8.625..., art. 10, inciso X e PARANÁ. Lei complementar
n.º 85..., art. 19, inciso XIX.

22  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 129, de 10 de


fevereiro de 1993 e PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução
n.º 1.181, de 23 de outubro de 1996.

23  BRASIL. Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, art. 129, inc.


VI e VIII.

24  “Não basta o risco potencial, aferido pela natureza e sede das lesões,
para caracterizar o perigo de vida, pois este só deve ser reconhecido por
critérios objetivos comprobatórios do perigo real a que ficou sujeita a
vítima”...”O diagnóstico necessita fundamentar a probabilidade letal, não
bastando a natureza e local das lesões”...”Não basta que o laudo afirme o
perigo de vida, sendo necessária a descrição dos sintomas objetivos”
(DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 5. ed. Rio de Janeiro :
Renovar, 2000. p. 256).

25  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça ; Corregedoria-Geral do


Ministério Público. Ato Conjunto n.º 1, de 21 de setembro de 2001.
(disponível no site institucional).

26  É sempre preciso e atual o ensinamento do prof. Paulo Cláudio TOVO,


no sentido de que a “narrativa da denúncia ou história do fato deve, em
princípio, responder a cada uma destas indagações: Quem? Fez o que? A
quem? Onde? Quando? Por quê? Como (com que meios ou
instrumentos)?” (TOVO, Cláudio. Apontamentos e guia prático sobre a
denúncia no processo penal brasileiro, Porto Alegre : S. A. Fabris, 1986.
p. 50.).

27  A providência de requerer o regular processamento até final julgamento


da ação é a de melhor técnica, tendo em vista que somente com a
instrução é que o Ministério Público, dependendo do que for produzido,
poderá requerer a condenação ou a absolvição do acusado.

28  Insiste-se na observação, basicamente, no sentido de orientar a


instrução processual, de modo a evitar procrastinação e transtornos
advindos da dificuldade de localização. Além disso, insta ponderar que: a) a
plena qualificação inibe o risco da ocorrência de homonímia no
chamamento; b) a regular intimação (vide casos especiais do art. 221, § 3º,
do CPP), torna possível a condução coercitiva (art. 218); c) constando a
idade, a possibilidade de afastamento ou o internamento da testemunha, há
condições de postular, sem detença, a antecipação de depoimento (art.
225), ou a oitiva onde estiver (art. 220); d) a integral qualificação no rol
também permite a identificação de vizinhos (que podem indicar o paradeiro
da testemunha não encontrada), ou de parentes (pelo mesmo motivo
anterior e na hipótese de recusa a depor - art. 206); e) da mesma forma,
previne o Escrivão quanto à expedição de cartas precatórias; f) ainda,
consabido que se oferece a incoativa logo depois de apurado exame do
Inquérito Policial, momento em que o Promotor de Justiça detém, via de
regra, precisa e segura informação sobre a atual localização das partes,
podendo, nesta perspectiva, fornecer endereço alternativo, coletado, muita
vez, doutra parte do caderno informativo (v.g., do relatório da autoridade
policial); e g) por fim, de posse de tais informes, alistados na proemial, o
titular da ação penal terá melhores condições de analisar, com celeridade e
até na própria audiência, a necessidade ou conveniência de eventual
desistência ou substituição de testemunha, por outra ou alguma referida
(art. 209, § 1º).

29  BRASIL. Decreto-lei 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de


processo penal, art. 158.

30  BRASIL. Decreto-lei 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de


processo penal, art. 155.

31  BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 372.

32  BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 222.

33  Ibid., art. 366.

34  Vide PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público.


Recomendação n.º 6, de 16 de agosto de 1999.

35  A insistência na invocação da regra do in dubio pro societate nas


alegações visando a pronúncia (fase do art. 408, do CPP), pode,
eventualmente, ser mal interpretada pela Defesa, no sentido de que foi
reconhecida a existência de dúvida por parte da Promotoria de Justiça em
relação ao quadro probatório que se formou nos autos, surgindo assim um
argumento a ser explorado em plenário do Júri. Ainda que este falso
raciocínio possa ser facilmente rebatido, corre-se, desnecessariamente, o
risco de ser aceito por algum jurado. Demais disto, convém relembrar que
comprovação da tese defensiva constitui ônus exclusivo da defesa
(BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 156 do CPP).

36  BRASIL. Decreto-lei 3.689. Código de processo penal, art. 461.

37  Conforme redação dada pela: PARANÁ. Emenda constitucional n.º 7,


de 24 de abril de 2000.

38  BRASIL. Constituição federal, de 5 de outubro de 1988, art . 129,


inciso VIII, última parte e BRASIL. Lei n.º 8.625, art. 43, inciso III.

39  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 412, de 1º de


abril de 1997 e PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º
413, de 1º de abril de 1997.

40  PARANÁ. Secretaria de Estado da Fazenda ; Ministério Público. Norma


conjunta n.º 1, de 2 de março de 2001.

41  Tal providência é necessária tendo em vista o disposto no art. 34 da lei


9.249/95, que considera extinta a punibilidade dos crimes contra a ordem
tributária do agente que pagar integralmente o imposto e demais
encargos devidos à Fazenda Pública, antes do recebimento da denúncia.
O parcelamento do débito tributário não é suficiente para ensejar a extinção
da punibilidade, conforme jurisprudência dominante.

42  Esclareça-se que o comerciante é obrigado a manter registradas todas


as entradas e saídas de mercadorias de seu estabelecimento em livros
específicos (Livro de Registro de Entrada de Mercadorias e Livro de Saída
de Mercadorias), onde são lançados, entre outros dados, o valor do
imposto creditado em decorrência da aquisição de mercadorias (no livro
REM) e do imposto pago, em decorrência da venda de mercadorias (no
livro RSM), bem como um terceiro livro, denominado Livro de Apuração de
ICMS, no qual é lançado o valor do imposto resultante da diferença entre o
valor creditado e o valor pago. Finalmente, o valor obtido na apuração final
de um exercício fiscal (mês) é lançado na GIA, que é um documento
emitido pelo comerciante e endereçado ao fisco, onde é apresentado o
resultado do imposto apurado e indica se existe “saldo credor” (que será
transportado para o exercício seguinte, na coluna “créditos”) ou se há
imposto a recolher.

43  BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Inquérito - Questão de Ordem n.º


1028/RS. Diário da Justiça da União, Brasília, p. 30606, 30 ago. 1996.

44  BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código tributário


nacional, art. 154, par. único.

45  PARANÁ. Tribunal de Justiça. Habeas-corpus n.º 53.748-2. Relator:


Des. Tadeu Costa. (confirmado em grau de recurso pelo STJ).

46  ANDREAS, Eisele. Crimes contra a ordem tributária. São Paulo :


Dialética, 1998. p. 221.

47  Na forma do art. 228 da RICMS, qualquer documento fiscal só poderá


ser impresso mediante prévia autorização da repartição fazendária
competente do fisco estadual, ressalvados os casos de dispensa previstas
no próprio regulamento. A autorização será concedida por solicitação do
estabelecimento gráfico à Agência de Rendas de sua jurisdição, através de
“Autorização de Impressão de Documentos Fiscais - AIDF”, que conterá,
em outras informações: número de ordem, nome, endereço e número da
inscrição estadual e no CGC, do estabelecimento gráfico, nome,
endereço e números da inscrição estadual e no CGC, do usuário dos
documentos fiscais a serem impressos, etc.

48  O ICMS é pago em moeda e em créditos, e o montante a pagar é


sempre o resultado de uma subtração que tem por minuendo a quantia a
pagar a título de tributo e por subtraendo o total de créditos acumulados
nas operações anteriores. O ICMS é pago mês a mês ao final do período
de apuração, e não em cada operação realizada. O contribuinte deve
somar todos os créditos provenientes das entradas de mercadorias, bens
ou serviços tributados ou tributáveis por meio do ICMS, sendo que depois
deve somar todos os débitos decorrentes das saídas de mercadorias ou
serviços tributados ou tributáveis, sendo que o resultado da operação, se
positivo, deve ser pago pelo contribuinte ao fisco, se negativo permite que
escriture esse crédito no novo período de apuração (sistema de conta
gráfica fiscal).

49  Extraído dos comentários de YAMAMOTO, Paulo ; TORRES, Giancarlo


S. A. Substituição tributária. Curitiba: SEFA//CRE/IGF, 1996.

50  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Ato n.º 158, de 15 de


dezembro de 2000.

51  Expressão opino: constata-se que se usa, ainda, por influência da antiga
praxis judiciária, em diversas passagens, a expressão “...opino...”. A
propósito, a aposição das ressalvas “opino, s.m.j., ou sub censura” (até
já se registrou alhures: “é humildemente o parecer”), como se a promoção
ministerial carregasse dose de indulgência, pode propalar a imagem de um
Ministério Público distante, indiferente, burocrático e débil, quando, na
verdade, a importância da atuação ministerial deve ser exibida inclusive na
função de custos legis no processo, mediante atuar com esmero e firme -
requerendo, promovendo, propondo, etc. - de maneira que o
pronunciamento deve ser dotado, sobretudo, de firme convicção e
conseqüente poder de convencimento.

52  BRASIL. Lei n.º 4.717, de 29 de junho de 1995. Lei da ação popular,
art. 1º, § 3º.

53  Ibid., art. 5º.

54  Ibid., art. 1º, §§ 4º a 7º.

55  Ibid., art. 1º.

56  BRASIL. Lei n.º 4.717..., art. 6º.

57  BRASIL. Lei n.º 4.717..., art. 7º, § 2º, inc. II.

58  Ibid., art. 5º, § 3º.

59  BRASIL. Lei n.º 4.717..., art. 7º, inc. V.

60  Ibid., art. 9º.

61  BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de proteção e


defesa do consumidor, art. 81–100, 103-104.

62  BRASIL. Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de processo

civil, art. 282.

63  BRASIL. Lei 7.347, de 24 de julho de 1985. Lei dos interesses


difusos, art. 3º, combinado com BRASIL. Lei 8.078..., art. 83 e BRASIL.
Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente,
art. 212.

64  BRASIL. Lei 7.347..., art. 12 ; BRASIL. Lei 5.869... Código de processo
civil, art. 273 ; Lei 8.078... Código de proteção e defesa do consumidor,
art. 84, § 3º.

65  BRASIL. Lei 7.347..., art. 11 ; BRASIL. Lei 8.078... art. 84, § 4º.

66  BRASIL. Lei 8.437, de 30 de junho de 1992. Dispõe sobre concessão


de medidas cautelares contra atos do poder público, art. 2º.

67  BRASIL. Lei 7.347..., art. 2º.

68  BRASIL. Constituição federal..., art. 109.

69  BRASIL. Ibid., art. 109, § 3º.

70  BRASIL. Lei 8.069..., art. 209.

71  BRASIL. Lei 7.347..., art. 18 ; BRASIL. Lei 8.078..., art. 87.

72  Consultar o Centro de Apoio Operacional respectivo.

73  BRASIL. Lei 5.869... Código de processo civil, art. 269, inc. III.

74  BRASIL. Lei 7.347..., art. 13.

75  BRASIL. Lei n.º 8.429... , art. 18.

76  BRASIL. Lei 8.078..., art. 99, 100.

77  BRASIL. Lei 5.869... Código de processo civil, art. 499, § 2º.

78  Ibid., art. 48.

79  BRASIL. Lei 7.347..., art. 15.

80  PARANÁ. Procuradoria-Geral de Justiça. Resolução n.º 1050, de 11 de


agosto de 1997.

81  PARANÁ. Corregedoria-Geral do Ministério Público. Recomendação n.º


4, de 13 de maio de 1999.

82  BRASIL. Lei 8.069..., art.151, 186, § 4º.

83  BRASIL. Lei 8.069..., art.110, in fine, e 113.

84  BRASIL. Lei 8.069..., art. 111, inciso III e 207.

85  Insculpido em BRASIL. Constituição Federal... art. 227, § 3º, inciso V,


primeira parte e reproduzido em BRASIL. Lei 8.069..., art. 121, caput , e §
2º, primeira parte.

86  Insculpido em BRASIL. Constituição Federal... art. 227, § 3º, inciso V,


segunda parte e reproduzido em BRASIL. Lei 8.069..., art. 121, caput.

87  BRASIL. Lei 8.069..., art. 90, parágrafo único.

88  Ibid., art. 95.

89  Ibid., art. 91.

90  BRASIL. Lei 8.069..., art. 258.

91  BRASIL. Lei 8.069..., art. 152, in fine, e art. 202.

92  Ibid., art. 204.

93  BRASIL. Lei 8.069..., art. 199.

94  Observar BRASIL. Lei 8.069..., art. 29 e BRASIL. Lei n.º 3.071, de 1º de
janeiro de 1916. Código civil..., art. 378.

95  BRASIL. Lei 8.069..., art. 50 e §§.

96  Ibid., art. 29, 43.

97  BRASIL. Lei 8.069..., art. 50, § 1º.

98  Observar BRASIL. Lei 8.069..., art. 45 e §§.

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