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ESTADO DA BAHIA

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCESSO PGE N°: 2022.12.01.00009820


PROCESSO EXTERNO N°: 071.3480.2022.0033092-63
ORIGEM: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
INTERESSADO(A): 'UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana'

PARECER Nº PA-NPE-030-2023

LICENÇA PRÊMIO POR


ASSIDUIDADE. CONSULTA
SOBRE LICENÇA PRÊMIO POR
ASSIDUIDADE. AFASTAMENTO
DO INTEGRANTE DA CARREIRA
DO MAGISTÉRIO SUPERIOR
PARA REALIZAR CURSO DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM INSTITUIÇÕES
OFICIAIS OU RECONHECIDAS,
NO PAÍS OU NO EXTERIOR, E
PARA REALIZAR PÓS-
DOUTORAMENTO. FRUIÇÃO.
INCOMPATIBILIDADE COM O
EXERCÍCIO DE QUALQUER
ATIVIDADE RELACIONADA AO
CARGO. O exercício de qualquer
atividade relacionada ao cargo, como
orientação de alunos e participação em
bancas de conclusão, seja de doutorado,
mestrado e mesmo de graduação, não se
mostra compatível tanto com o gozo de
licença prêmio por assiduidade,
atualmente assegurada aos servidores
civis pelos arts. 4º a 7º da Lei nº
13.471/2015, quanto com a fruição do
afastamento garantido pelo art. 33,
incisos I e II, da Lei Estadual da Bahia nº
8.352, de 02 de setembro de 2002, ao
integrante da carreira do magistério
superior para realizar curso de pós-
graduação em instituições oficiais ou

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reconhecidas, no país ou no exterior, e


para realizar pós-doutoramento.

A Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, por seu Núcleo de


Assessoria da Reitoria - UEFS/REIT/NARE, consulta a Procuradoria Geral do Estado –
PGE sobre a regularidade da atuação por parte de professores da instituição em gozo de
licença prêmio e de afastamento para pós-doutorado tanto em bancas de trabalho de
conclusão, seja de doutorado, mestrado e graduação, quanto em orientação de alunos.

É o relatório. À análise.

Tanto a licença prêmio por assiduidade, atualmente assegurada aos


servidores civis pelos arts. 4º a 7º da Lei Estadual da Bahia nº 13.471/2015, quanto o
afastamento garantido pelo art. 33, incisos I e II, da Lei Estadual da Bahia nº 8.352, de
02 de setembro de 2002, ao integrante da carreira do magistério superior para realizar
curso de pós-graduação em instituições oficiais ou reconhecidas, no país ou no exterior
e para realizar pós-doutoramento, são legalmente considerados como tempo de efetivo
exercício, arts. 118, inciso IV, alínea “d” da Lei nº 6.674/1994, e 33 da Lei nº
8.352/2002:

- Lei nº 6.674/1994 (grifo ausente do original)

“Art. 118 - Além das ausências ao serviço previstas no artigo 113, são
considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de:

...

XI - licença:

...

d) prêmio por assiduidade;

...”

- Lei Estadual da Bahia nº 8.352, de 02 de setembro de 2002 (grifo


ausente do original)
“Art. 33 - Além dos casos já previstos em Lei, o integrante da carreira do
magistério superior poderá afastar-se de suas funções, computando o seu
afastamento como de efetivo exercício de magistério, nos seguintes casos:

I - para realizar curso de pós-graduação em instituições oficiais ou

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reconhecidas, no país ou no exterior;

II - para realizar pós-doutoramento;

...”

Tais períodos, devidamente remunerados, são computados, pois, para


diversos direitos, ainda que não haja concreta prestação de serviços do servidor.
Ora, se a lei assegura o afastamento remunerado e o cômputo do período
para diversos efeitos, veda também a concomitância de efetivo labor no desempenho do
cargo, até porque não seria remunerado pela contraprestação financeira percebida ao
longo do afastamento.
No âmbito do Estado da Bahia, rege o magistério superior a Lei Estadual
da Bahia nº 8.352 de 02 de setembro de2002, que em seu art. 3º, deixa claro caber aos
docentes, exercer, além das atividades de direção e assessoramento na administração
acadêmica, as tarefas pertinentes à pesquisa, ensino e extensão:
“Art. 3º - Nas Universidades, mantidas pelo Estado da Bahia, entende-se por
atividades de magistério superior:

I - as pertinentes à pesquisa, ensino e extensão que, indissociáveis, sirvam à


aprendizagem, à produção do conhecimento, à ampliação, difusão e
comunicação do saber;

II - as inerentes ao exercício de direção e assessoramento na administração


acadêmica.

Parágrafo único - Compreende-se por atividades de extensão, objetivando


promover o intercâmbio com a comunidade, cursos, serviços especiais, ações
de natureza científica, artística, sociocultural, além de consultoria e
assessoramento especializado, compatíveis com os fins da Universidade.”

Para tanto, as atividades do docente do magistério superior deverão se


dar de acordo com o plano de trabalho mencionado pelo art. 21 da mesma Lei nº
8.352/2002, de modo a adequá-las aos regimes de carga horária ali previstos.
Ora, as atividades de orientação de alunos, bem como de participação em
bancas de conclusão, seja de doutorado, mestrado e mesmo de graduação, caberá
ordinariamente aos próprios professores da graduação, salvo norma especial instituindo
outras possibilidades a tanto.
No caso do Magistério Superior do Estado da Bahia, a orientação de
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alunos e a participação em bancas de conclusão, seja de doutorado, mestrado e mesmo


de graduação, em regra, deverão ser incluída no plano de trabalho previsto no art. 21 da
Lei nº 8.352/2002, a ser prestada pelos próprios professores da graduação, sem prejuízo
de que, por lei específica, de algum outro modo ocorram, sendo, pois, típicas do cargo
de professor do magistério superior
Neste sentido, o exercício de qualquer atividade relacionada ao cargo,
como orientação de alunos e participação em bancas de conclusão, seja de doutorado,
mestrado e mesmo de graduação, durante os períodos reservados ao gozo de licença
prêmio por assiduidade e de afastamento do integrante da carreira do magistério para
realizar curso de pós-graduação em instituições oficiais ou reconhecidas, no país ou no
exterior e para realizar pós-doutoramento, se configuraria como labor de servidor
público em prol da Universidade pelo exercício do cargo em período legalmente
assegurado como de licença e afastamento, podendo ensejar eventual imputação à
autarquia de exigência indevida de trabalho durante período reservado ao gozo desta
licença e de tal afastamento, acompanhado de pleito de pagamento de indenização por
dano moral e material decorrente não somente do trabalho desempenhado, mas também
da imposição de prestação destas atividades.

Deste modo, o exercício de qualquer atividade relacionada ao cargo,


como orientação de alunos e participação em bancas de conclusão, seja de doutorado,
mestrado e mesmo de graduação, não se mostra compatível tanto com o gozo de licença
prêmio por assiduidade, atualmente assegurada aos servidores civis pelos arts. 4º a 7º da
Lei nº 13.471/2015, quanto com a fruição do afastamento garantido pelo art. 33, incisos
I e II, da Lei Estadual da Bahia nº 8.352, de 02 de setembro de 2002, ao integrante da
carreira do magistério superior para realizar curso de pós-graduação em instituições
oficiais ou reconhecidas, no país ou no exterior, e para realizar pós-doutoramento.

Porque presentes as hipóteses dos incisos II e III do art. 5º do Decreto nº


11.737/2009 (II - potencialidade de repercussão ou produção de efeito multiplicador;
III - significativo interesse sistêmico ou risco de danos ao erário;”), suscito
Procedimento de Uniformização Administrativa, a fim de que seja ofertado ao menos
caráter uniforme ao entendimento que vier a ser fixado sobre a questão.
Traçadas estas considerações, submeto à análise da Procuradora
Assistente, em vista da sugestão de uniformização do parágrafo anterior, mas também
porque configuradas todas as hipóteses do art. 2º da Ordem de Serviço nº PA-
0009/2016.

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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO, 13 DE JANEIRO DE 2023

Gustavo Lanat Pedreira de Cerqueira Filho


Procurador do Estado

##TAG_ASSINATURA##_0
Documento assinado eletronicamente por GUSTAVO LANAT PEDREIRA DE CERQUEIRA FILHO:89176022587, em 13/01/2023, às
17:56:52, com fundamento no art. 13º, Incisos I e II, do Decreto nº 15.805, de 30 de dezembro de 2014.

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PROCESSO PGE N°: 2022.12.01.00009820


PROCESSO EXTERNO N°: 071.3480.2022.0033092-63
ORIGEM: Universidade Estadual de Feira de Santana
INTERESSADO(A): 'UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana'

DESPACHO Nº PA-NPE-790-2023

Acolho, na integra, os termos do parecer PA-NPE-030-2023, da lavra do


Procurador Gustavo Lanat.

A licença prêmio é uma modalidade de afastamento remunerado do cargo,


uma vez preenchidos os requisitos para a sua aquisição, atualmente previstos na Lei
n. 13.471/2015. O mesmo ocorre com a situação de afastamento garantido pelo art.
33, incisos I e II, da Lei Estadual da Bahia nº 8.352, especificamente deferido para
realização de curso de pós-graduação em instituições oficiais ou reconhecidas, no país
ou no exterior, bem assim pós-doutoramento.

Assim, uma vez afastado do vínculo em qualquer das hipóteses acima


especificadas, não se pode autorizar o exercício de atividade relacionada ao cargo, sob
pena até de se configurar uma provável suspensão da licença ou afastamento
concedido.

Portanto, como bem conclui o opinativo retro, “o exercício de qualquer


atividade relacionada ao cargo, como orientação de alunos e participação em bancas
de conclusão, seja de doutorado, mestrado e mesmo de graduação, não se mostra
compatível tanto com o gozo de licença prêmio por assiduidade, atualmente
assegurada aos servidores civis pelos arts. 4º a 7º da Lei nº 13.471/2015, quanto com
a fruição do afastamento garantido pelo art. 33, incisos I e II, da Lei Estadual da
Bahia nº 8.352, de 02 de setembro de 2002, ao integrante da carreira do magistério
superior para realizar curso de pós-graduação em instituições oficiais ou
reconhecidas, no país ou no exterior, e para realizar pós-doutoramento”.

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Com estas considerações, evoluo os autos a i. Chefe da


Procuradoria Administrativa com a sugestão de que seja conferido caráter uniforme
ao entendimento.

PROCURADORIA GERAL DO ESTADO, 23 DE OUTUBRO DE 2023

Vanesca Lopes de Araújo Politano


Procuradora Assistente

##TAG_ASSINATURA##_0
Documento assinado eletronicamente por VANESCA LOPES DE ARAUJO POLITANO:90283457520, em 23/10/2023, às 16:42:12, com
fundamento no art. 13º, Incisos I e II, do Decreto nº 15.805, de 30 de dezembro de 2014.

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PROCESSO EXTERNO N°: 071.3480.2022.0033092-63
ORIGEM: Universidade Estadual de Feira de Santana
INTERESSADO(A): 'UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana'

DESPACHO DE QUALIFICAÇÃO Nº PA-040-2023

A consulta formulada pela Universidade Estadual de Feira de Santana –


UEFS, por meio do Ofício inaugural (documento nº 00057657791, fora corretamente
deslindada no Parecer PA-NPE-030-2023, chancelado pelo Despacho PA-NPE-790-
2023, cujas conclusões endosso.

De fato, a licença prêmio disciplinada nos arts. 4º à 7º da Lei nº


13.471/2015 e o afastamento autorizado no art. 33, incisos I e II, da Lei nº 8.352/2002,
ao integrante da carreira do magistério superior, são considerados períodos em que o
servidor deixa de exercer atribuições de seu cargo, função ou emprego, por razões
apontadas na lei.

Sob essa ótica, o exercício de qualquer atividade relacionadas ao cargo,


função ou emprego, restaria vedado, porquanto confrontaria com a finalidade e as
características próprias dos afastamentos em questão, sendo totalmente incompatível com
o gozo dos aludidos benefícios, podendo tal situação, inclusive, ensejar eventual pleito de
pagamento de indenização, como bem salientaram os i. opinativos precedentes.

À luz de tais considerações e dos fundamentos materializados no despacho


citado, confiro, nos termos do art. 88, IV, alínea “r”, do Decreto estadual nº
11.738/2009 c/c art. 9º, I do Decreto estadual nº 11.737/2009, caráter uniforme à
seguinte orientaçao:

“O exercício de qualquer atividade relacionada ao cargo, como


orientação de alunos e participação em bancas de conclusão, seja de

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doutorado, mestrado e mesmo de graduação, não se mostra compatível


tanto com o gozo de licença prêmio por assiduidade, atualmente
assegurada aos servidores civis pelos arts. 4º a 7º da Lei nº 13.471/2015,
quanto com a fruição do afastamento garantido pelo art. 33, incisos I e
II, da Lei Estadual da Bahia nº 8.352, de 02 de setembro de 2002, ao
integrante da carreira do magistério superior para realizar curso de pós-
graduação em instituições oficiais ou reconhecidas, no país ou no
exterior, e para realizar pós-doutoramento”

Com essas considerações, retornem os autos à UEFS para conhecimento.

PROCURADORIA ADMINISTRATIVA, 09 DE NOVEMBRO DE 2023

Eliane Andrade Figueiredo


Procuradora Chefe

##TAG_ASSINATURA##_0
Documento assinado eletronicamente por ELIANE ANDRADE FIGUEIREDO:37748068534, em 09/11/2023, às 12:29:04, com fundamento
no art. 13º, Incisos I e II, do Decreto nº 15.805, de 30 de dezembro de 2014.

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