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RUIDO NAS TELECOMUNICACOES INTERESSE DO RUIDO A palavra rufdo 6 conhecida e utilizada na linguagem didria, o que traduz a exis- téncia de uma nogdo intuitiva sobre o rufdo. De fato, quando duas pessoas conversam, cada uma recebe através dos seus meios auditives uma informagao vinda do seu interlocutor e um som complicado que podemos designar por “'barulho de fundo”’ Exemplo: composicio dos diversos sons originados pelas maquinas de uma fabrica; a soma dos sons emitidos por carros, ani- bus, motores, businas, numa estrada, ete. E isto 6 conhecido por todos nés. De uma maneira geral esse barulho de fundo € suficientemente baixo para que cada interlocutor entenda o outro; mes- mo assim as pessoas procuram locais pou- co ruidosos. Mas € do conhecimento geral que, se a “barulheira” for forte, a con- versa sé & possivel “berrando no ouvido do parceiro”. Tornasse evidente que o rufdo perturba as, comunicagSes e tanto mais quanto mais forte ele for mais fraco seré o nivel da informagao. E esta a noo comum de rufdo. Mas 0 ruido néo é so dudio e ndo tem sé origem na composi¢ao aleatoria de diversas fontes sonoras. Vejamos um exemplo histérico que expli- ca os dois diferentes grupos de rufdo nas comunicagies. 54 Eng? 5.C. Costa E sabido que, na antiguidade, se comuni- cava distancia transmitindo uma infor- mago (noticia) de castelo em castelo (j4 nessa altura se procuravam os pontos al- tos) por meio de fogos ou reflexdes em espethos. Suponhamos que do castelo A se queria enviar ‘uma mensagem para o castelo B. Em A acendie-se uma fogueira e, com um refletor metdlico, provocase uma feixe lu- minoso dirigido para B. Através de inter- rupgées no feixe, de acorda com um cédi- go pré-estabelecido, podia-se enviar a men sagem. Mas, chegaria a mensagem corretamente a B? Vejamos que varias causas podiam impedir @ recepcao total ou parcial da notici a) Se a distancia fosse muito grande era evidente que a luz chegaria a B muito fraca. b) Nevoeiros, chuvas, etc., podiam ate- nuar de tal forma a luz que em B néo se receberia sinal nenhum. c) Uma tempestade com trovoadas po- deria confundir © indiv(duo encarregado de receber a mensagem. d) Outras fontes Juminosas préximas po- diam por em divida qual a fonte A. e) Se a comunicac%o fosse feita de dia {em geral nfo 0 era) a luz solar, evidente- mente, enfraqueceria o brilho da fonte A. Revista Sabor Eletronica Veros que hé varias fontes de rufdo que perturbam (ou mesmo impedem) a recep- go da informagao. & também dbvio a importancia da intensidade do sinal na chegada e a existéncia de vdrias causas que o podem afetar. E isso era téo bem sabido que n&o s6 se procurava usar es- pelhos convergentes (ganho da antena), como se recorria a disténcia pequenas en- tre Ae B, como, ainda, se limitava o campo de visio do individuo com ante- paros. Para distancias maiores recorria-se a “Cas- telos Repetidores” que recebiam as men- sagens e as repetiam para outros. Mas aqui temos novas fontes que poderzo ser responséveis por uma perturba¢éo na imormago original e de tal modo que na chegada ela tivesse um contetido diferente e até, em alguns casos, oposto. a) Num “Castelo Repetidor” o indivi- duo que recebe a mensagem podia regis tréla mal porque estava, por exemplo, isujeito a0 nervosismo de um cerco a esse castelo. b) Recebida a mensagem, ela era trans- mitida, muito provavelmente, oralmente, a0 encarregado de nova emissio e talvez até por um vocabulério proprio e néo por repetico palavra a palavra da mensa- gem recebida. c) Oalcaide do “Castelo Repetidor” tal- vez quisesse acrescentar uns pontos a no- ticia para traduzir a situag3o local. Vemos que, numa comunicagtio @ distén- cia, temos dois grupos de fontes de rufdo:) — as externas (trovoadas, Juz solar, outros fogos) — as internas (em cada estaco repetidora @ na recepedo final). Nas comunicagdes modernas também es- ta divisio 6 valida. Como fontes externas podemos considerar: Junho/76 — ru(do solar (o Sol & uma fonte muito, poderosa de radiages num espectro largo de freqiiéncias) —rufdo galatico (resultante dos muitos sois que habitam o espaco exterior) —rufdo humano (resultante das fabricas, linhas de transmissdo, motores, etc). E evidente que uma antena que recebe um sinal de RF vindo de uma emissora distante ‘'vé" nfo s6 a antena emissora como essas virias fontes de rufdo. O sinal que “entra” no receptor j4 é uma mistura de sinal desejado mais rufdo. Como fontes internas de rufdo podemos considerar: —rufdo térmico de agitac¢do molecular nos condutores; — rufdo nos elementos ativos (valvulas, transistores, etc.) dos amplificadores. Essas fontes de rufdo se sobrepdem ao sinal total recebido no receptor, produ- zindo, na safda, um sinal ainda mais “per- ‘turbado”. evidente que a inteligebilidade da men- sagem recebida seré tanto maior quanto mais forte for o, sinal na entrada do re- ceptor, menor o rufdo exterior (mais dire- tivas as antenas) e menos ruidoso © equi- pamento receptor. Quando se pretende estabelecer uma liga- g80 rédio, com ou sem repetidores, di sas alternatives se péem: feixe hertziano, satélite, dispersio troposférica. Além de consideragées econémicas, um aspecto im- portante a considerar é 0 rufdo. Para cada caso diversas séo as fontes de rufdo mais importantes a considerar; dificuldade é determinar qual a via que produziré uma menor poténcia global de ruldo na safda {para a mesma poténcia de sinal), Hé, portanto, necessidade de se conhecer as miiltiplas origens de rufdo, o seu espec- fluéncia que a temperatura, a 55 corrente @ a impedancia podem ter sobre essas origens. Exemplo: sabendo que a maior parte do rufdo introduzido por um receptor é devido ao primeiro am- plificador de RF, no caso dos receptores dos observat6rios rédio-astronomicos, pro- cura-se trabalhar com temperaturas crio- génicas nesses passos, j4 que o rufdo é proporcional 4 temperatura. Voltando aos exemplos auditivos, 6 habi tualmente designado também por rufdo uma fonte sonora bem definida e constan- te no tempo, como o silvo de uma maqui- na qualquer. No entanto, em comunica- ges, nfo é habitual considerar essas fon- tes de perturbacdo, embora elas caiam dentro da idéia geral de rufdo-perturba¢ao. E isso porque uma fonte dessas elimind- vel, pelo menos teéricamente. £ 0 caso do rufdo produzido pelos 60 Hz da fonte de ‘alimentag3o: podemos melhorar a filtragem ou, até, usar baterias. O que nos interessa aqui sao aquelas per- turbacdes perfeitamente aleatérias cujas ‘origens, em geral, sio conhecidas, mas que, n&o permitindo a previsiio do seu valor instanténeo e distribuindo-se por to- do 0 espectro do sinal util, no permitem a sua eliminacao, nem mesmo tedricamen- te. Consideramos apenas o chamado rufdo aleatorio. O rufdo produzido por um tran- sistor 6 conhecido e sabem-se as suas ori- gens. Podemos reduzir esse rufdo (existem transistores mais ruidosos que outros), mas n8o podemos eliminé-lo. O valor instan- taneo da tensio de rufdo nao é conheci- do nem é previsfvel, de modo que no podemos somar ao conjunto sinal mais ruido uma fonte igual de perturbac%o mas de sinal contrério. Também o espec- tro do ruldo se distribui por todo o sinal pelo que néo é possfvel eliminar o rufdo “cortando fatias do espectro mais per- turbadas, sacrificando partes do sinal pro- priamente dito. Portanto, consideraremos apenas aquelas perturbagdes inevitéveis e apenas descrit(- veis sob forma estatistica, dado 0 seu ca- récter aleatério na distribuig3o dos valores instanténeos do rufdo. 56 Neste artigo comegaremos por um breve resumo hist6rico dos primérdios desta cién- cia do ru(do, indicando alguns dos princi- pais responsdveis pelos atuais conhecimen- tos. Em seguida sera feita uma descrigéo das diversas fontes de rufdo internas e exter- nas; naquelas analisaremos as vélvulas, os transistores de funco e ainda o FET. Antes das fontes exteriores, considerarse-4 a sobreposico de diversas fontes de rufdos internas como preparagzio para o calculo do “Noise Figure” de um amplificador. Para cada fonte de rufdo procurarse-é descrever a sua origem, a banda de fre- qiiéncias que cobre, o seu espectro e, ainda, indicar os resultados mateméticos que 0 quantificam. RESENHA HISTORICA Recordamos que a eletrénica propriamen- te dita nasceu com De Forest em 1906 com a invengo do trfodo. No entanto as primeiras constatagbes da existéncia de rufdo nesta disciplina surgiram logo em seguida, Foi W. Schottky que, pela primeira vez, em 1915, escreveu um trabalho sobre ruf- do. Ele no s6 previa a existéncia do que hoje chamamos de rufdo térmico, como analisava profundamente o“’SHOT NOISE” das valvulas. E 0 curloso é, que naquela época, as vilvulas eram profundamente tuidosas devido a defeitos de fabricacio, mas onde ele soube distinguir 0 “SHOT NOISE”. Outro contribuinte para este ramo da ciéncia foi J. B. Johnson que, em 1925, fez um trabalho sobre o rufdo de cinti- lago nas valvulas. Neste trabalho ele ana- lisava, ainda, 0 efeito redutor da carga espacial sobre o ruido. Entretanto, 0 ru(do térmico previsto pelo fundador deste ramo nio era encarado como importante, exatamente porque ele © considerava, no seu célebre artigo, bas- Revista Saber Eletrénica tante mais fraco que as perturbagBes pro- duzidas pelas outras fontes. Para o fim da década de vinte, com um dom{nio quase total do “SHOT NOISE”, J. B. Johnson (1927) notou que a resis- téncia de entrada na grade dos triodos era responsdvel por um rufdo adicional na safda. Em 1928 apresentaram o pro- blema a H. Hyquist o qual, em cerca de um més, apresentou toda a teoria do tufdo térmico. A partir de 1930, com estes dois tipos de ruido detectados € analisados, verificou-se que existiam outras fontes de ru(dos nas valvulas. Em 1923 S, Ballantine publicou um artigo sobre 0 rufdo produzido pela ionizacdo nas vélvulas a vacuo. Em 1938 W. Schottky e J. Bakker publi- caram dois artigos sobre o rufdo de parti- ¢40 nas valvulas multi-grades. North, em 1940, também analisou o assunto. Por volta de 1940, mais ou menos, todas as fontes de rufdo eram conhecidas e ha- via explicago coerente para a maioria de- las. Por esta 6poca (1947) surge o transistor @ a atenco volta-se mais para este novo componente. Muitos so os investigadores que se debrugam sobre o transistor dos quais podemos salientar A. van der Ziel e D.O. North. E as publicagdes sucedem-se a um ritmo tal que j4 nfo é possivel referir as mais importantes, to not6rias so todas elas. Recentemente (a partir da década de 60) © esforco 6 mais sobre os transistores FET e MOS-FET e sobre os circuitos integra- dos. Novamente A. van der Ziel pode ser referido como um contribuinte importan- te. FONTES DE RU/DO INTERNAS jiremos este capitulo em quatro par- sunhol76 — tudo térmico — rufdo nas vélvulas —rufdo nos transistores de jun¢ao — rufdo nos transistores FET e MOS-FET. Ruldo térmico Origem — Expressbes Anal/ticas £ também conhecido por rufdo Johnson ou Nyquist devido as importantes contri- buigées dadas por estes dois cientistas. Num condutor qualquer, a uma tempere- tura acima do zero absoluto, sabe-se que h& uma rede cristalina por entre 2 qual “yequeia!” um némero enorme de elétrons. Nessa rede, cada n6 esté sujeito a uma oscilapio térmica tanto mais forte quanto maior a temperatura. Esta agitagao comunica-se aos elétrons |i- vres os quais executam um permanente movimento Browniano dentro da rede cris- talina. E evidente que em qualquer seccdo reta do condutor haveré, em cada instante, um fluxo efetivo de corrente elétrica corres- pondente & somatéria dos movimentos dos muitos elétrons que atravessam essa seo¢ao. Mas, em média, esse fluxo seré nulo: tan- tos elétrons passam para a direita quantos passam para a esquerda (figura 1). Bk Figura 1 No entanto, haveré flutuagGes instantaneas em torno dessa média: ora o fluxo instan- téneo produz uma corrente para um lado, 87 ora produz para o outro e com intensida- des variéveis. Essas flutuac®es so perfeitamente aleato- rias € como tal néo podem ser desoritas por uma fun¢ao determin{stica no tempo. S6 uma descriggo estat{stica € possivel. Figure 2 Tomando um condutor homogéneo e uni- formemente aquecido a uma certa tempe- ratura absoluta T e fechando-o sobre si proprio (figura 2), ¢ possivel calcular o valor médio quadratico dos valores instan- taneos de corrente na secgfo de fecho. Pog = AKT. + . pf) . Af onde: K — constante de Boltzman (1,38 x 10°23 W. seg/* K) T = temperatura absoluta em *K R — resisténcia ohmica do condutor em Q P(f) — fator de Planck Af — largura de banda da janela (de freqiléncias) de medigao. Antes de analisarmos a expressio anterior podemos pensar na situa¢do do condutor nao se fechar sobre si préprio: resisténcia com os terminais livres. Ao fluxo instantaneo de elétrons em cada secego reta do condutor vai corresponder um desequilfbric instanténeo entre a car- 58 Vernos que num circuito em que existe um condutor, vamos ter uma tenséo ou uma corrente perturbadora independente de qualquer corrente ou tensio de sinal que sobre ele exista. Portanto, vamos ter uma perturbacZo, um rufdo, que é inevi- tével, j4 que condutores s&o indispensé- veis @ estes ndo podem funcionar 20 zero absoluto. Anélise das Expressées do Rufdo Térmico Podemos comecar pela expressiio de i? o Como era de prever, aumentando a tem- peratura do condutor, a agita¢do molecular aumenta pelo que o movimento Broco- niano da “populagSo" de elétrons torna-se mais rapido. Maiores sero os fluxos efe- tivos de elétrons numa secgao reta qual- quer, pelo que o valor médio quadratico da corrente elétrica deve aumentar. Por isso, ele 6 proporcional a T. A constan- te K de Boltzman surge como o habitual fator de converséo de temperatura em energia. Mas é de prever que também os elétrons encontrem maior dificuldade em movimen- tar-se devido ao aumento do niimero de choques por segundo que, em média, cada elétron sofre com os nés da rede. Como isto 6 exatamente a resisténcia Ghmica do condutor, era de prever que i? gf fosse inversamente proporcional 2 R ga elétrica distribuida ao longo do condu- tor. A cada desequilfbrio corresponderé uma _certa tenséo instanténea entre os terminais do condutor. Claro que, em média, essa tenséo serd nula, mas os seus valores instanténeos terfo uma certa distribuiggo estat(stica ao longo do tempo. Neste caso, 6 poss(vel demonstrar que, para um condutor em equilfbrio térmico, & temperatura absoluta T, 0 valor quadré- tico médio dessa tenséio vale: @ eg = 4KTR. pif) . af Revista Saber Eletrdnice 0 fator plf) ¢ dado por: ht KT Afi. : tf ekT-1 h = const. de Planck = = 6.62 x 10°94 4s. que resulta da conhecida distribuiga0 es- tatistica de Plank associada a natureza quantica da energia. Podemos verificar que para a temperatura ambiente (290? K) 0 cociente hf/p = = 1,65 x 10713 5. Isto significa que, para freqiéncias até a ordem de 1 000 GHz, podemos dizer que" < 1 e, portanto, KT 10 pif) = 1. Se associarmos isto ao fato de Pog ser proporcional a Af, vemos que 0 valor de ? yf por unidade de largura de banda é constante e independente da localizagdo dessa banda — para a gama de frequiéncias presentemente utilizadas, ou seja todas as freqiiéncias contribuem igualmente para © ru(do térmico. A semelhanca disto com © espectro da luz branca leva a designar este rufdo por BRANCO. Quanto & expresso de 6 4¢ podemos fazer idénticos comentérios. No entanto obser- vamos que a temperatura tem uma dupla aco positiva sobre a tensdo. Por um lado aumenta a agitago Browniana ¢, como tal, 0 fluxo em cada secofo reta do con- dutor. Por outro lado aumenta a resis- tancia do condutor, o que vai aumentar ainda mais o néimero médio de choques de cada elétron por segundo. Ambos os Junho/76 efeitos vio aumentar o caracter aleatério do movimento dos elétrons e, portanto, aumentar os desiquilfbrios locais na dis- tribuigo de carga elétrica ao longo do condutor. A somatoria desses desiquilf- brios locais independentes provocaré maio- res picos de tensio entre os terminais do condutor. Devido a0 fato de plf) = 1 para agama habitual de freqiéncias, este fetor em geral no aparece. Em ambas. as express6es no aparece qual- quer referéncia & corrente elétrica que por ventura esteja imposta ao condutor. A ra- zo de ser é que a velocidade média de uns elétrons devido a agitagdo térmica & muito maior que a velocidade que Ihes & imposta para constituir uma corrente, pe- lo menos para os valores habituais de densidade de corrente. 0 movimento Browniano de cada elétron no ¢ pratica- mente afetado, a menos que se apliquem, externamente, campos elétricos tio fortes que modifiquem substancialmente a tra- jetéria de cada um. Note-se que isto no quer dizer que a passagem de uma corrente num condutor no possa afetar o nfvel de ruido por ele produzido visto que ha o efeito de Joule @ © conseqiientemente aquecimento do material. Circuitos equivalentes. Poténcia disponivel ‘As duas expresses dadas para o rufdo ‘térmico sugerem que se possa representar um condutor e 0 respectivo rufdo por uma fonte ideal de tens4o em série com um resistor com o valor da resisténcia do condutor eg5 = W4.K.T.R. AF (figura 3). fee eee R Cet Figura 3 59 Repare-se que o gerador nao apresenta polaridade, visto que apenas se conhece © valor eficaz da tensSo no tempo. Neste circuito R & suposto nao ruidoso. Em vez do modelo de Thevenin, podemos optar pelo de Norton ee fan R (figura 4). Estes circuitos tém o mérito de nos per- wmitir efetuar calculos em circuitos com varias fontes de rufdo. ruido térmico 4 temperatura de 290°K em fungao da largura de banda Af. Sobreposiggo de Fontes de Rufdo. Correlacao Comecemos por considerar dois resistores em paralelo e A mesma temperatura. Pre- tende-se saber qual o valor quadrético mé- dio da tensio de rufdo aos terminais do conjunto. Usando o modelo de Norton para cada resisténcia obtemos o circuito da figura 5. Figura 4 Por exemplo, podemos calcular qual a poténcia méxima que podemos retirar de uma destas fontes. Colocando uma carga RL = R aos terminais, concluiremos facil- mente que: Poténcia maxima de Ruido em Af Neasi al Esta poténcia no depende do valor da resisténcia R o que era de prever se pen- sarmos que esta energia dispon(vel por segundo vem da energia térmica recebida pelo condutor do meio ambiente e como tal nada tem a ver com R. Podemos fazer um célculo do valor desta poténcia numa banda de 1 Hz e a temperatura habitual de 290°K (17°C): N= 4 x 10°77 Watt = -174 dBm © valor -174 dBm surge freqiientemente em calculos de rufdo. Fomece-se em anexo um grafico que per- mite calcular répidamente a poténcia de 60 Figura 6 Recorrendo ao teorema da sobreposicao, podemos escrever que a tenso instantéi nos terminais &: i + ig iy tig e ‘ ieee Gye Gp Ry Ro Mas para 0 rufdo no nos interessa calcular @ instantaneo porque no conhecemos i, € ig em cada momento. Interessa-nos, sim, 6 valor quadrético médio: 2 _ lirtiovet _ Piet + Pact + 2lir-ial? ef ee I ete cel ee ef (a; + Gal? (G, + G2? Se as duas fontes forem completamente incorreladas sera nulo o termo cruzado 2(i1 . igef. Portanto, sem correlacao en- tre as fontes, viré: pee 2 = Nereis 2, = “tet # "er (G1 + G2)? Revista Saber Eletronica isto 6, somam-se os valores quadrdticos médios das duas fontes. Repare-se que se somam os quadrados dos valores eficazes mas no os valores eficazes em si mesmo. Este resultado é perfeitamente geral ¢ in- dependente da natureza das fontes de rudo. Podiam ser duas fontes quaisquer, por exemplo, uma térmica e outra de um transistor. Mas no nosso caso de fontes de rufdo térmico, podemos utilizar as expressées cea de Het © "Det Redes Passivas em Equilfbrio Térmico No caso de dispormos de uma rede pura- mente resistiva em equilfbrio térmico a temperatura T, & relativamente fécil veri- ficar que ainda podemos calcular o valor quadrético médio da tenséo de ruido nos terminais AB (fig. 7) considerando o resis- tor equivalente visto daqueles pontos. 0B, = AKT Rog af Basta substituir cada um pelo seu corres- pondente circuito equivalente de Thevenin ‘ou Norton e calcular a somatéria dos va- lores quadraticos médios das tensées im- postas por cada resistor entre A e B. Figura 7 Junho/76 2. _4KTG1 Af +4KT G2 af _ 4kTat (Gy + G2)? G1 + G2 ef, = 4KT Rp Af Rp= 1 =F re Esta expresso mostra-nos que tudo se passa como se tivéssemos um s6 resistor de valor igual ao: dois em f ralelo. Para o caso de dois resistores em série e a mesma temperatura é fécil, usando o mo- delo de Thevinin para cada um deles, concluir que tudo se passa como se tivés- semios um $6 igual a soma dos dois (fig. 6). Figura 6 © problema aparentemente complica'se quando a rede dispde de bobinas e capa- citores. Em primeiro lugar porque L e C no sto puros. Uma bobina é, na realidade, uma série (ou paralelo) de R e de L. Também um capacitor apresenta uma resis- téncia de fuga em paralelo com C. Mas os modelos equivalentes destes com- ponentes eliminam essas dificuldades. Em segundo lugar, bobinas e capacitores sfo saletivos na freqiiéncia. No enténto, H. Nyquist demonstrou que ainda neste caso 0 ruldo pode ser calculado tomando para resisténcia a parte real da impedéncia de entrada da rede medida entre A e B. e i ae Zap=RaptiXag eee 4 KT Rag Af Como em geral Rag é funco da fre- qiiéncia, s6 a podemos considerar cons- tante se Af for muito estreita. 61 Para 0 caso de banda larga (fg; fy) tere- mos que somar: fo eg, = 4 «x f Rag (fl.df Hi as contribuigdes de cada parcela infinite- simal df. Podemos ver um caso particular de uma rede ndo puramente resistiva: um circuito ressonante paralelo. Supondo que as per- das so. s6 da bobina, teremos 0 circuito de figura 8 j4 com a fonte de rufdo equi- velente de Thevenin. e724. K TRAE Figura 6 Figura 9 62 A partir deste circuito chegamos & seguin- ‘te expresso do rufdo 2 aed, “AB er ‘onde se pode verificar que a impedancia entre paranteses é exatamente a parte real da impedancia vista de AB. Confirma- mos assim o teorema de Nyquist. Largura de Banda Equivalente de Ruido No exemplo anterior e, de uma maneira geral, em todos os casos em que haja as- sociagio de resisténcias e elementos rea- tivos, 0 rufdo braneo produzido pelas di- versas fontes surgiré nas safdas fortalecido em algumas freqiiéncias e enfraquecido para outras. No cléssico caso de um capacitor em pa- ralelo com R, é evidente que o ru(do sera atenuado nas altes freqiiéncias devido & presenca de C (figura 9). Outro caso com interesse é o de um filtro “excitado” por uma fonte de rufdo branco. E evidente que na safda do filtro o es- pectro do ru(do teré a forma da curva da banda passante do filtro (figura 10). Se A (W) for a relaclo entre tensao de sa(da e tenso de entrada, podemos es- Revista Saber Eletrénica ane =i Potencia de ruido termico: ‘em fungi da banda Af & 290°K (17°C) N=K.T.Of: Nasm=— 174-+40 log AF. Junho/6 63 crever que o valor quadrético médio da tensdo de rufdo na saida seré as Oey j | aw) | aw observando em toda a banda de freqiién- cia de 0 a =. A fonte de rufdo é branca Essa largura B é evidentemente dada por me fi atw) | aw x Repare-se que esta largura de banda nao tem de coincidir com a largura de banda a 3 dB do filtro. Séo questdes completa mente independentes. No entanto, habi- tualmente, as duas bandas nao diferem muito uma da outra. € esta largura de banda B que se designa por banda equivalente de rufdo. Um caso em que nos interessa conhecer 0 valor de 8 é na entrada de um receptor com a etapa de RF sintonisada. A potén- cia total de rufdo que penetra o receptor sera proporcional a B e hd, portanto, ne- cessidade de se determinar 0 B dos filtros associados a esse paso. Unidades de Medida de Rufdo A poténcia de rufdo fornecida por uma fonte de rufdo é, felizmente, baixa. Pode mos calcular o valor da poténcia dispon/- vel de rufdo térmico de um resistor & tem- peratura ambiente e numa banda de 1 kHz. N= KT af = 4 x 10°78 watt até freqiiéncias muito acuna da gama de freqiéncias envolvidas nos circuitos prati- cos. Este infinito n’o é pois usado com todo 0 rigor matemético. Se o filtro fosse ideal e caracterizado pela amplitude ao que o filtro real apresenta na frequéncia central fc, seria _necessdrio, ele ter uma largura de banda B para ngo alterar o valor do rufdo na safda. Figura 10 A ordem de grandeza dos valores habi- tuais de poténcia de rufdo leva-nos a es- colher duas unidades de medida: —o picowatt: (pW) = 107! watt — 0 decibel referido a0 miliwatt: dBm = = 10 log No caso anterior teriamos N= 4 x 10-8 pw = - 144 dBm a a \ evi wt fi (oe oO EE os hid MN Pade (Qe S 2) pp? ie Revista Saber Eletronica -RUIDO NAS ad TELECOMUNICAGOES © Eng? J.C. Costa RUIDO NAS VALVULAS Introdugao Nas valvulas, principalmente as multigrades, existe uma série de fontes de ruido com origens desde o carater granular do feixe ‘de elétrons, até a efeitos superficiais da camada emissora do catodo. lremos abordar as seguintes fontes: — Rufdo “SHOT” — Rufdo de Particao — Ruido induzido na grade — Ru/ido de lonizagao '— Rufdo de Cintilagao — Ruido de Emissio Secundaria embora em geral, se dé mais importancia ao rufdo “SHOT”. Salienta-se que se consideram aqui apenas as valvulas termionicas. RUIDO “SHOT” Caso do Diodo de Vacuo a) E sabido, que mantendo o catodo a uma certa temperatura T e incrementando a tens3o positiva aplicada 4 placa, a cor- rente através do diodo cresce inicialmente, seguindo a conhecida lei dos 3/2 e depois estaciona, limitada pela capacidade maxima de emissio do catodo associada a T. | Vipk curva caracteristica de um Diodo Revista Saber Eletrénica Temos, portanto, duas regides de funciona- mento diferentes: — corrente limitada pela carga espacial {lei dos 3/2) — corrente limitada pela temperatura do catodo (saturacdo). b) Comecamos pelo rufdo “SHOT”, no ca- so da corrente limitada pela tempera- tura. Tal como no rufdo térmico dos condu- tores, a origem Ultima desta fonte de rufdo, esta no carater discreto da carga elétrica. A corrente através do diodo, é uma espécie de chuva de elétrons que se abate sobre o catodo. Em média, é constante o numero de elé- trons que chegam a placa, mas é inevita- vel uma flutuacéo no tempo dos valores instantaneos, nessa quantidade de elétrons. hor x valor instontdnec de ip i | LUE Observacdo “microscopica’” da corrente instan- tanea do Diodo Podemos dizer, que na corrente da placa, existe uma componente D.C. constante no tempo, e@ uma componente aleatoria varidvel no tempo. E esta componente, a corrente de ruido “SHOT”. Como grandeza aleatéria, essa componen- te variavel apenas sera caracterizada esta- tisticamente. Usamos o seu valor médio quadratico (o valor médio simples 6, evi- dentemente, nulo). Demonstra-se que esse valor médio quadra- tico vale: i2, = a 2.e. | Af DC Setembro/76 pc valor D.C. da corrente de placa carga do elétron 1.6 x 10°? Coulomb largura de banda em Hz Esta expressdo, diz-nos que esta fonte de rufdo, é do tipo “Rufdo Branco” visto que todas as frequéncias contribuern igual- mente para o ruido. No entanto, e tal como no rufdo térmico, isto néo é valido para todas as frequéncias. Para frequéncias muito altas, isto é, para aquelas em que o tempo de transito médio dos elétrons entre catado e placa é da or- dem do perfodo dessa frequéncia, este rul- do baixa* até se anular** Como os tempos de transito rondam o nanosegundo (1 x 10°” seg) podemos to- mar como limite de validade da formula anterior, a casa dos 100 MHz. Ainda da formula anterior, se conclui que o ruido cresce com o valor D.C. da cor- rente de placa. Isto era de prever visto que quanto maior o feixe de elétrons, maiores devem ser as variagOes no tempo desse mesmo feixe. c) Analisemos agora, o caso de um diodo na regido de influéncia da carga espacial. Se a tensdo da placa nado é extremamente alta, a corrente através do diodo é limita- da pela nuvem de elétrons que se amon- toam junto ao catodo e que constitui uma barreira @ passagem dos elétrons para a placa. *E importante notar que isto é no caso do diodo na situagdo de saturagdo tér- mica. **Q fator a utilizar é 4 Flaof} = ——— [loot )? + 2(1 - cos tof - wfsin cd) | (wh) 4 : NUVEM E de prever, que essa barreira va atenuar as flutuagdes ma corrente de placa. Se a emissdo de elétrons pelo catodo tende a crescer mMomentaneamente, essa nuvem a- densa-se provocando uma diminuicgao na corrente. Se a emissdo baixa, a nuvem ra- refaz-se e facilita a passagem dos elétrons. Surge-nos assim um fator de atenuacao I’. fis De r2 vat ef Be. geralmente entre 0,1 e 1,0. O seu valor exato depende da temperatura TK do catodo e da tensdo Vp da placa. A re- lacao é complicada, mas para (eVp)/(KT,) > 1 temos: n2 = 2K(0.644 To) K = const. Boltzmam | T, = temp. do catodo K e = carga do elétron Vo = tensdo da placa Se recorrermos a definicao da condutancia de placa do diodo dip a. qd avp a expresso do rufdo, nas condicdes de limitago pela carga espacial (lei dos 3/2), toma o seguinte aspecto: oe. 2, = 4.K.gg (0.644 T,) of K const. Boltzmam Gaia condutancia de placa T, = temp. catodo °K. Para se sentir a ordem de grandeza desta corrente, podemos calcular para um caso t(pico de 1000°K no catodo, gy = 5mA/V e “f = 20 KHz. O resultado g lof = 19 nA. A férmula obtida, mostra que novamente, o ruido é do tipo Branco pelo menos no dominio de validade da formula. Tal co- mo no caso do diodo saturado, € o tempo de transito, que condiciona o limite de validade daquela relagdo. No entanto ha uma diferenca importante: é que apds esse limite, 0 rufdo nao baixa, pelo contrdrio cresce com a frequéncia, podendo ultra- passar o valor rufdo gerado por um diodo em saturacao. Circuitos Equivalentes Para que possamos combinar varias fontes de rufdo, necessitamos de um modelo li- near para o diodo nas duas situagdes ana- lisadas do ponto de vista do rufdo. No caso do diodo em saturagao (limitagao térmica), ele sera representado apenas por uma fonte ideal de corrente, lef Circuito Equivalente para um Diodo Saturado uma fonte ideal de corrente, sem qualquer impedancia em paralelo. De fato, dentro da zona de saturacZo, a tensdo aos termi- nais do diodo nao condiciona o, seu com- portamento. As flutuacdes da corrente, Revista Saber Eletrénica nao condicionarao Vp: pelo que, nao pode- mos colocar uma impedancia em paralelo com o gerador. Ja no caso do diodo com a corrente limi- tada pela carga espacial, o circuito equiva- lente, inclui uma resisténcia em paralelo, com o gerador de corrente equivalente de ruido, visto que, qualquer variacao na tensdo da placa, altera a carga espacial e, portanto, a atenuacdo por ela introduzida. Essa resisténcia é 0 inverso da condutancia de placa. ige= 2Kg4(0,644 TAF dI P 847 Ne a dv P Circuito Equivalente para um Diodo nao Saturado d)Podemos agora, fazer uma aplicacio. Temos o circuito de figura e pretendemos calcular o valor quadratico médio da ten- sao de rufdo- entre os pontos A e B. Admitimos que o diodo funciona abaixo da saturacao - regido de carga espacial. Considerando ainda o ruido térmico da carga Ry, 0 circuito equivalente seré o da figura abaixo. Atendendo o que as fontes sao incorrelatas: 2 pe i | 2 _ efg ef e (gq + G, )? Note-se que isto, ndo é a mesma coisa que somar as tensdes produzidas por cada fonte, visto que, a impedancia associada a cada fonte, constitui uma carga para a outra fonte. Combinagao de Fontes Podemos ficar com uma idéia, da impor- tancia relativa das duas fontes, tomando as expressdes das duas correntes. Setembro/76 oJ 4K 4f i .[0.644.T..gq + TR- GL] (gq + Gi)? Para o caso habitual em que G, esta a temperatura ambiente (= 290°K), e o ca- todo aquecido a 1000°K vemos que é preciso uma resisténcia de carga 4 bastan- L te baixa, em relacdo a we que as duas Sd fontes tenham igual importancia. Em ge- ral, o rufdo interno (SHOT) da valvula, predomina em relacao ao rufdo térmico da carga 1/G,. Usando valores numéricos gq = 2mA/V = 1000°K RL= a = tke TR = 20°C vem-nos 0.644 Teag = 1.3 TRG. = 0.29 Para uma banda de 20KHz, a tens3o viria aproximadamenie igual a 0,44y V eficazes. Caso do Triodo de Vacuo a) Comecemos por analisar a forma, por que se manifesta cardter penhuler do feixe de elétrons. No caso do triodo, a situacao que interessa (por ser a mais habitual), 6 caracterizada por uma tensdo negativa na grade e a existéncia de uma carga espacial entre o catodo e a mesma grade (abaixo da satu- ragao térmica). E evidente que o fendmeno, é exatamente © mesmo que no diodo: chuva discreta de cargas negativas sobre a placa, com uma média constante no tempo, mas com flu- tuagdes instantdneas, sendo estas flutua- ¢Oes amortecidas pela presencga da carga espacial. Podemos, portanto, escrever de imediato. = Qelp oT? at Mas neste caso, a carga espacial é definida ndo sé por Vp, mas pela combinacao das tensdes de placa e grade. E conhecido gue. podemos substituir o triodo por um diodo com a placa na posicdo da grade e com uma tensdo equivalente Vay: Vp Vax ne [Vg : Bh Vg = tensdo da grade v5" tensdo da placa ll fator de amplificagdo de tensdo onde o é um pardmetro caracter/stico da valvula e que permite calcular o valor mé- dio do potencial elétrico no plano da grade e que, obviamente, vai depender da gros- sura e@ espa¢amento dos fios da grade. Normalmente toma valores entre 0,5 e 1,0. E esta tensdo Vay: Que entra na expressdo de [ para o triodo. E, procedendo tal co- mo no caso do diodo, recorrendo a defi- nigaéo da transcondutancia do triodo ge ie m aVq chega-se a 2 = 4.K.(0.644 T.) Sm af ef . . = c = ie a Revista Saber Eletrinica K = const. de Boltzman Im = 2 MA/V ph = 10 Te = Temp. ahenliste catodo 5-68 Ry 1KQ Gn, = transcondutancia = 1000" i. Te K af = 20KHz Sf = Largura de banda Hz Tp = 293°K Esta formula, é perfeitamente andloga ado diodo com carga espacial mas substituindo gy por O,,/¢- Novamente ela so 6 valida, até frequéncias da ordem dos 100 MHz {relacdo com o tempo de transito). b) Quanto ao circuito equivalente do trio- do, do ponto de vista do rufdo “SHOT” observado na placa, temos um gerador ideal de’ corrente que produz uma corren- te de rufdo dada pela formula anterior, em paralelo com uma resisténcia cL a resistencia dinamica de placa 'p Ip lee = ak 2m ™M (0.644 Tel « Exemplo de Aplicagao . Circuito Real e Circuito Equivalente i2 2 dl lee | ei om 7 ae fees KA dV e Circuito Equivalente para o Triodo ; on Note-se que na formula, surge Grn, Mas a - [0.644 T, a +1, - Si] impedancia em paralelo é 9p: Isto 6 dife- g rente comparado com o diodo. 0.644 T,, — = 1.61 De fato, na regido de corrente limitada pela carga espacial, qualquer alteragdo no’ Tp - Gy, = 0.29 valor de Vp tem influéncia sobre a cor- rente lb através de Ip: : =—— = 0.2 mA/V Podemos aplicar a um caso numérico: Sp : Setembro/76 7 fof = 1,2 uv Vemos que novamente, o rufdo térmico da resisténcia de carga R, € desprezavel, em face do rufdo tipo “SHOT”. E ficamos ainda, com idéia sobre a ordem de gran- deza da tensdo do rufdo. RUIDO INDUZIDO NA GRADE Origem Tem particular interesse, no caso da grade de controle das vdlvulas. Nao existe no caso dos diodos e, em geral, nao apresenta interesse no caso das grades polarizadas positivamente. A origem desta fonte de rufdo, esta nova- mente ligada ao carater granular do feixe de elétrons numa valvula. Interessa-nos agora, a regiao da valvula em torno da grade. de controle polarizada negativamente. A cada elétron que passa através da grade, esta associada uma corrente na grade tal como desenhada esquematicamente na se- guinte figura. i —<$<$<$<$<—_i— panes —s | aproximaca Fluxo de elétrons através da grade de controle Da sobreposicdo das diversas correntes ele- mentares, resulta uma corrente total, que em média, sera nula ja.que tantos elétrons se aproximam quantos se afastam. Mas porque o feixe de elétrons, tem flutua- ¢des no tempo (efeito “SHOT”), a corren- te instantanea introduzida na grade nao é nula. . Corrente induzida na grade pela passagem de um elétron Mas como, em geral, existe no circuito da grade uma certa impedancia, a essa corrente aleatéria esta associada uma ten- sdo de rufdo resultante da passagem des- ta corrente por essa impedancia. Esta tensdo “aplicada’’ 4 grade de coman- do, ira ser amplificada como qualquer si- nal, surgindo na safda (placa), como uma corrente adicional de rufdo. Expressdo Analitica. Espectro de frequéncia. O valor quadratico médio da corrente in- duzida na grelha de comando pelas flutua- codes da caudal de elétrons, vale 9g m . = 4k (00s T) 2. “lorade ao AP. wt £2 Revista Saber Eletrinica pelo que a corrente na placa associada sera 2 : 2 i i. °fplaca = (Gm 2g - 4.K.(0.644 1) . g Oat. w? ¢2 o onde ¢, 6 o tempo médio entre os dois picos da corrente induzida por um elétron na grade, e Zq a impedancia do circuito de grade. O importante aqui é: — esta componente de ruido é fundamen- talmente rufdo “SHOT” FALE MAIS ALTO“ NAO CON- J SIGO BUVIR, NADA, POR CAUSA DO RUIPO TeRMICO! ) Setembro/76 — esta componente cresce com a Trequén- cia: 6 dB/oitava — esta componente nao é independente do rufdo “SHOT” inicialmente estuda- do. As duas fontes sao correladas. —este rufdo sé é de considerar quando a frequéncia de observacdo for muito elevada: Em geral costuma-se englobar esta fonte de rufdo no rufdo “SHOT” aceitando-se como Branco nas baixas e médias frequén- cias. Nas altas frequéncias ele cresce a 6 dB/oct (ou mais, devido a que a carga espacial perde o seu efeito amortecedor), devido ao rufdo induzido na grade de controle. Por este motivo os circuitos equivalentes até agora estudados mantém a sua vali- dade. RUIDONAS = TELECOMUNICAGOES + Eng? JC Costa Se RUIDO DE PARTICAO Origem Nas valvulas que trabalham com uma ‘ou mais grades positivas, existe uma fonte de ruido que resulta da diviséo da corrente total de catodo pela placa e por essa ou essas grades. De fato, 0 fluxo de elétrons que atraves- sa qualquer grade, apresenta elétrons que passam a dist&ncias varidveis (e com dire- ¢6es varidveis), dos fios das grades. Daqui, resulta que haveré elétrons que seréo cap- tados pelas grades positivas, e outras que néo o serdo. Simplesmente em cada ins- tante, o ntimero de elétrons que estado den- tro das condicées de captura, varia de ins- tante para instante. A divisdo (partic&o) de corrente 6, portanto, feita em cada instan- te de forma imprevisivel A corrente que chega a placa, ndo sera constante no tempo, embora apresente um valor médio constante. As flutuagées dessa corrente devido as flutuacdes nas divis6es, constitui o ruldo de partigéo. claro que também as correntes das grades positivas, apresentardo também ruldo de particéo. Outubro/76 Um exemplo vulgsr, 60 p&ntodo, onde a divisdo se efetua entre a grade blindagem e a placa. Note-se que estas flutuagées de corren- te de placa, sdo independentes das flutua- ges que j4 possam vir produzidas, no cau- dal global de elétrons saido do cétodo (in- correlagao). Sendo independentes, isso significa que os desvios médios quadraticos com uma e outra origem, se somam. A poténcia de rufdo na corrente de placa(ou grade-blinda- gem), 6 a soma das poténcias de ruido de Parti¢aéo e “SHOT”. Logo, uma vélvula em que algumas delas funcionam com tenséo positiva, é mais ruidosa que o diodo ou um triodo. Em particular, um péntodo é mais ruidoso que um triodo, Por esta razdo, a etapa de entrada de um receptor a valvulas, nunca usa um p&ntodo mas sim um triodo. Expresso analftica, Banda de Freqién- cias. A propésito do ruido “SHOT”, foi referi- do que nas vélvulas com grade de contré- le, o ruido devido aquele efeito, produzia uma corrente de ruido. oat . ee ee Dee onde I 2, traduz a atenuac4o imposta pela carga de espaco. Esta formula foi primeiramente indicada para o caso de um diodo e em seguida, aplicou-se ao caso de uma valvula com grade de contréle sem especificar de que tipo de valvula. No caso do triodo, e na situagdo habi- tual de grade negativa, a generalizacéo 6 imediata e nao levanta problemas, porque ndo hé divida sobre que correntes estéo em causa (i, e |.) Mas no caso de vélvulas com outras grades (exemplo: péntodo), para além da de controle, e que funcionam com tenséo positiva, hé o problema de averiguar que correntes so as que surgem na férmula. Em geral, interessa-nos mais 0 desvio mé- dio quadrético da corrente de placa. O rufdo nacorrente da grade de blindagem,néo tem tanto interesse. O problema, portanto, 6 saber: - qual a férmula para o “SHOT NOISE”, na corrente de placa para ume vélvula com particgéo de corrente. - qual a férmula para o ruido de parti- ¢&o, na corrente de placa. E possivel mostrar que a soma dos dois ruidos, provoca um desvio quadrético mé- dio na corrente de placa de = 20h -Tp- . ar fied em fk 1, = valor D.C. da corrente da blindagem |_ =valor D.C. da corrente de cétodo onde [2,6 0 fator de reducéo de ruido, devido a carga espacial. Esta formula, mostra claramente que T2 2 25 ou seja que, por exemplo, um péntado 6 mais ruidoso que um triodo. 10 * Para a corrente de blindagem, a férmule é seme- Ihante, trocando-se corrente de placa com a de blindagem e vice-versa nas duas formulas. Também uma valvula misturadora, é sempre muito ruidosa. H4 varias razées para. isso, uma delas, resulta do ndmero elevado de grades positivas, que reduz bastante a corrente de placa o que origina que T?, cresca em relagéo aT?, Em qualquer circunstancias, verios que © rufdo de partic&o, no altera o caréter de espectro uniforme do “SHOT NOISE”. Isto 6, ruido de parti¢éo 6 também ruido bran- co, enquanto néo se ultrapassar a marca dos 100 MHz. Circuito Equivalente para o péntodo Num péntodo funcionando na situag4o habitual de grade de blindagem positiva e grade supressora nula ou negativa, a ten- so da placa, pouca influéncia tem sobre o feixe de elétrons que abandona o catodo. Também a divisdo de corrente entre placa e blindagem em ‘geral, 6 pouco afetada pela tensdo da placa. Dequi, resulta que o circuito equivalente de ruido para a placa de um pentodo 6 um gerador de corrente em paralelo com uma elevada Impedancia - resisténcia dinamica de placa. Curva Caracterfstica de Placa de um Pén- todo Rovista Saber Eletrénica seal i, =2e. TF .Af Circuito Equivalente de Placa de um Pén- todo RUIDO DE EMISSAD SECUNDARIA Origem: Esta fonte de ruido, tem particular inte- resse no tétrodo, quando polarizedo com baixes tensées de placa. E sabido, que o bombardeamento da placa pelos elétrons primérios provoca uma emissio secundaria de elétrons que, no caso de existir um eletrodo perto mais Positivo que a placa, atrai esses secundé- rios. Mas a cada elétron primério que chega 4 placa, no corresponde sempre a emis- so de um secundério, Ha flutuacdes nes- sa emissiio secundaria, que so completa mente independentes das flutuagées da emissdo priméria. Temos portanto, uma nova fonte de rui- do no circuito de placa. Expressdo Analitica. Circuito Equivalen- te. Néo est4 ainda bem definida, a lei desta fonte de ruido, no entanto « férmula seguinte, dé resultados dentro da ordem de grandeza. onde |, , 6 0 valor médio da corrente correspondente a emisséo secundaria. Esta lei, novamente mostra o cardter Branco desta fonte de ruido. No entanto, isto s6 6 vélido, até fre- quéncias abaixo do inverso do tempo de transito da vélvula. Num tétrodo em que haja aprecidvel emissdo secundaria, o circuito equivalente Outubro(76 de ruido na placa, envolve duas fontes: - a fonte que traduz os ruidos, "SHOT e Particdo - a fonte que traduz 0 ruido de emisséo secundaria Normalmente a grade de blindagem funciona desacoplada 4 massa pelo que o circuito equivalente seré o seguinte: Circuito equivalente de tétrodo para corrente de placa a corrente de cétodo 4 iy wobtiat | SH a =e. 1. Ot onde as duas fontes sdo completamente incorrelatadas. © valor da corrente de emisso secun- déria, |_, na pratica tem de ser estimado a partir das correntes de placa e de blinda- gem. Curva Caracteristica de Placa de um Tétro- do 0 circuito equivalente indicado, mostra bem que um tétrodo funcionando na regido de forte emisséo secundéria, 6 mais tuidoso que um péntodo para a mesma corrente de placa. RUIDO DE IONIZAGAQ Este ruido, tem em geral pouco interes- se, visto que a tecnologia atual de constru- go de valvulas de vacuo, permite reduzir muito a concentragao de moléculas parasi- tas, na atmosfera da vélvula. As valvulas modernas, apresentam um nivel de ruido de ionizacéo bastante abaixo do ruido “SHOT”. Este ruido, resulta da presence de algu- mas poucas moléculas parasitas, dentro da valvula. O fluxo primario de elétrons, pode provocar a jonizagio aleatéria dessas moléculas. Apés a ionizacao de uma molécula, trés mecanismos de ruido surgem: - 0 elétron libertado, 6 atraldo pela pla- ca, provocando mais um impulso na corrente de placa. - 0 fon positivo, dirige-se para o catodo podendo ser captado pela grade de controle (negativo). Surge assim uma corrente parasita nessa grade. - 0 lon-positivo, acaba por cair no vale negativo da tensfo (regio da carga especial), onde, durante a sua existén- cia, reduz o valor dessa carga e, por- tanto, provoca um pico de corrente de placa. Verifica-se que o valor continuo da corrente de grade de controle, |, dé uma idéia, do nivel de ruido que “estes tras mecanismos provocam. Na pratica, para | menor que 10 nA, 0 ruido de ionizagao abafado pelas outras fontes. Porque no caso habitual, esta fonte de tuido @ muito fraca comparada com os outros, néo apresentamos a expresséo analitica do ruido. RUIDO DE CINTILAGAO* Origem Esta, 6 a segunda fonte de ruido, que tem importancia prdtica. Principalmente ela revela-se importante nas muito baixas fréquéncias: audio ou sub-éudio. Nao ha ainda, uma explicacdo unica e universalmente aceita para explicar este fendmeno em todos os casos. ‘Sabe-se que depende da natureza (tun- gsténio, 6xido etc) do catodo e do acaba- mento (porosidade) da sua superficie. E claro-que a temperatura do catodo, 6 uma condicionante importante. Por esta razo, as vélvulas usadas em amplificadores D.C. ou de frequéncias da 12 ordem do Hertz (cadeias de controle), tem um catodo especial com um acabamento cuidadoso. Véries explicagdes, tém sido propostas, desde que Schottky se referiu a esta fonte de perturbacéo. A primeira, foi apresentada pelo proprio Schottky sugerindo que este r devido a variagées locais na emissao ele- trénica do catodo, devido a chegada ou safda de um fon ao/do cétodo. Outra fonte foi sugerida como sendo a propria resisténcia ohmica da camada emissora do catodo. Finalmente tem-se pensado que o problema ndo € tanto flutuagées na emis- ‘840 do catodo mas sim flutuagées na velo- cidade com que elétrons séo emitidos devido a uma forte queda de tenséo numa fina camada superficial da cobertura emis- sora do catodo. Van der Ziel admite que essa queda de tenséo sofra flutuac3es no tempo principalmente nos locais onde existem poros. De qualquer forma o importante 6 esse tipo de ruido (cintilagdo), tem um efeito decrescente com a frequéncia. Para as fre- guéncias usadas em telecomunicacées {exceto dudio), em geral este ruido nao se manifesta por estar abaixo do “SHOT”. O valor da frequéncia para o qual estes dois ruidos se igualam 6 que depende da valvu- la, especialmente do tipo de catodo. Caracteristicas So basicamente as saguintes: - fonte de ruido independente do “SHOT” _- localizagéo na gama das baixas fre- aiiéncias - espectro de poténcia da forma gera 1/f onde o toma valores entre 0,8 € 1,3 sendo @_ = 1 0 valor mais vulgar. Para o caso mais vulgar de a = 1, poderemos ent8o escrever ‘we N= C+ onde C 6 uma constante que depende da valvula (do catodo e respectiva temperatu- ra). * E conhecido por se”. icker Noise” ou “Excess Noi- Revista Saber Eletrénica pape “el

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