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INTRODUÇÃO GERAL

1 O que se entende por espiritualidade


2 Espiritualidade no singular e espiritualidade no plural
a) Origem do termo “espiritualidade”:
b) Unidade e diversidade na espiritualidade:
c) A distinção entre espiritualidades:
3 Diversidade de vocações e comunhão na Igreja
a) A Igreja, comunidade de irmãos e estrutura vivente
b) Eclesiologia de comunhão e complementaridade das vocações

PARTE I: SÍNTESE TEOLÓGICA SOBRE O SACERDÓCIO


I O SACERDÓCIO MINISTERIAL
1.1 O único sacerdócio de Cristo
a) O sacerdócio do Antigo Testamento
b) Cristo e o sacerdócio do seu tempo
c) O sacerdócio de Cristo no tempo
1.2 Os presbíteros, representação sacramental de Cristo Cabeça e Pastor

II O MINISTÉRIO SACERDOTAL
2.1 Etimologia, história, pluralismo terminológico
a) Origem do termo “ministério”
b) A “ministerialidade” e o sacerdócio de toda a Igreja (cf PO 2)
c) O pluralismo terminológico dos ministérios
2.2 O ministério e as funções dos presbíteros
a) Ministro da palavra de Deus (cf Texto de At 20, 32/Ef 3, 7)
b) Ministro da santificação com os sacramentos
c) Guia e educador do povo de Deus

PARTE II: INTRODUÇÃO À ESPIRITUALIDADE SACERDOTAL

I SÍNTESE HISTÓRICA DA ESPIRITUALIDADE SACERDOTAL


1.1 Época patrística e medieval
1.2 Época moderna e contemporânea

II A ESPIRITUALIDADE SACERDOTAL NO MAGISTÉRIO DA IGREJA


2.1 Magistério pré-conciliar
2.2 “Presbyterorum ordinis” e Vaticano II
a) Gênesis do decreto e o influxo da Lumem Gentium
b) Chave eclesiológica da PO n 2 (cap I: O presbiterato na missão da Igreja)
c) O ministério Sacerdotal (PO 4-11)
d) A vida dos presbíteros (PO 12-21)
2.3 Outros documentos posteriores
a) PDV
b) O Diretório para o ministério e a vida dos presbíteros
c) A espiritualidade do padre diocesano hoje/ Uma espiritualidade do deserto
d) Elementos sobressalientes na espiritualidade do padre diocesano

III A SECULARIDADE NO PRESBÍTERO


3.1 Questões preliminares
a) Clarificação terminológica: secularidade, secularização, secularismo (ver texto de Rudy Albino)
b) A secularidade da Igreja
3.2 A secularidade própria dos presbíteros
a) Premissa: distinção de dois planos
b) Atividade temporal e sacerdócio
c) O impacto do ministério sobre as realidades terrenas
I INTRODUÇÃO GERAL

1 O que se entende por espiritualidade

A espiritualidade a vida segundo espírito de Deus (Rm 8,14). A plenitude da espiritualidade é estar em
perfeita comunhão com Deus, mas que nesse mundo se dá nessa tensão entre Adão e Cristo que residem
em nós. Logo, todo cristão é chamado a viver de modo espiritual, ou seja, viver segundo o Espírito Santo. A
palavra espiritualidade significa o modo particular que todo batizado vive a sua relação com Deus que é
tipificado pela filiação no batismo, porque ninguém pode dizer “Pai” a não ser no Espírito Santo. Essa
espiritualidade deve abarcar o sujeito na sua totalidade, ou seja, na sua maneira de ser, pensar e agir (vida
social, eclesial e particular). Cada um dentro do sue estado de vida.

2 Espiritualidade no singular e espiritualidade no plural

Hoje é possível falar com naturalidade perante o desenvolvimento da Teologia porque além do sacerdócio
ministerial e batismal há muitas outras expressões. Assim, a espiritualidade é um modo de vivência
segundo o Espírito Santo no sentido singular, mas a espiritualidade no plural (2Cor 12): todos somos filhos
de Deus – sacerdócio batismal; sacramento da ordem – sacerdócio ministerial. Essa diversidade pode ser
sacramental (matrimônio, batismo, ordem), local (orientais e ocidentais) e carisma (religioso, secular).

a) Origem do termo “espiritualidade”: Os termos “Spiritus”, “Pneuma” e “Ruáh” todos significam hálito de
vida (vitalidade Gn 2,7) um ser vivente, assim, a espiritualidade está na base do ser humano, é isso o que
coloca como superior (de modo positivo) a todos os animais. O aspecto da espiritualidade Sl 8, pouco
abaixo de Deus o fizeste, se referindo ao homem. Se o homem tem uma espiritualidade é porque um pouco
de Deus o homem tem isso porque só Deus é Espírito. Isso determina sua intima vocação, sua relação com
Deus.

b) Unidade e diversidade na espiritualidade: Há 3 espíritos: do mundo, do homem e de Deus. Quanto mais


conduzido pela Palavra de Deus o homem se aproxima espiritualmente da vontade de Deus dentro da sua
progressão espiritual. São Paulo vai falar de “homens espirituais”, pois é no batismo que uni todos os
homens na mesma realidade, logo o elemento comum da espiritualidade de todos se dá no batismo. Já a
distinção e a diversidade da espiritualidade dependem de cada vocação ou missão que se recebe ou até no
seu contexto histórico e cultural que se encontra. Mesmo tendo essa unidade de fundamento (batismo), há
uma distinção entre as espiritualidades.

c) A distinção entre espiritualidades: A distinção se dá por diversos fatores: geográfico, histórico e cultural;
e a distinção pela missão de cada um na Igreja. Há também uma distinção de carisma fundada em um único
fundador, por isso se fala da espiritualidade franciscana, marionita, tomista. Essa distinção não diverge e
nem fere a unidade da Igreja. Os papas afirmam que Deus dá os santos em cada época de acordo com a
necessidade da Igreja. Tendo os fundamentos elementos da espiritualidade cristã mesmo tendo suas
particularidades.

3 Diversidade de vocações e comunhão na Igreja

Há também uma distinção a partir da missão e da vocação, tais como a espiritualidade: laical, sacerdotal,
religiosa e matrimonial. O primeiro elemento de distinção está no sacramento no batismo e sacerdotal, a
partir desta distinção de unidade primaria que se há firma todas as demais distinções de espiritualidade. O
sacerdócio é o maior de todos os carismas.

a) A Igreja, comunidade de irmãos e estrutura vivente: Assim o que é específico da espiritualidade


sacerdotal é a santificação pelo exercício do ministério. O padre se torna santo através do exercício do seu
ministério. Já aquilo que é específico da vocação religiosa é vivência dos votos evangélicos. Dos leigos é a
santificação do mundo. Da vocação matrimonial é a santificação através da vida familiar. LG 29 fala sobre a
vocação diaconal. O papel do leigo na paróquia é secundário, o papel do sacerdote é da santificação pelo
seu exercício. A santificação do mundo não compete ao sacerdote, mas aos leigos o padre não tem que se
meter em causas sociais, culturais e políticas. Cada um dentro da sua vocação produz a comunidade da
Igreja.

b) Eclesiologia de comunhão e complementaridade das vocações: A vocação universal é a santidade que


se tem em cada missão de cada um. Não se pode limitar o que é específico de cada vocação. Assim, a
santificação se dá pelo exercício de cada por meio na qual foi chamado daquilo que é próprio da sua
vocação e missão no mundo e na Igreja.

Por isso, há três elementos dos princípios gerais da distinção de vocações e comunhão da Igreja:

1) Todo cristão é chamado a santidade e a uma vida de autêntica de espiritualidade, mas essa
autenticidade não pode se privar de outros para a salvação. LG 32 – a Igreja é santa e todos são
chamados a santidade;
2) As diversas vocações se caracterizam a vida da Igreja, mas não esgotam toda a vocação, há
realidades que não comportam a essas vocações mais conhecidas (sacerdotal, laical, religiosa);
3) Se um leigo é chamado a santificação do mundo, logo a realidade terrena tem uma valência e
validade teológica, há uma valor cristão no mundo.

PARTE I: SÍNTESE TEOLÓGICA SOBRE O


SACERDÓCIO
Se divide em dois grandes aspectos sobre a teologia sacerdotal: sacerdócio ministerial e ministério
sacerdotal.

I O SACERDÓCIO MINISTERIAL

A doutrina conciliar à respeito do sacerdócio, e afronta a identidade sacerdotal remetendo-a à origem


trinitária e a Cristo: (PDV, 12). Os elementos essenciais que constituem a identidade do sacerdote, a partir
de três elementos (Trinitário, cristológico e sacramental; há um quarto elemento que é o eclesiológico –
não há Igreja sem sacerdócio e não há sacerdócio sem Igreja). O sacerdócio ministerial não é uma simples
função ou delegação, ou seja, não tem origem na comunidade cristã, mas é no interior do ministério da
Igreja como sacramento, como fonte a derivação, participação e continuação do sacerdócio de Cristo. Os
elementos constitutivos da identidade do sacerdócio ministerial: consagração, missão e Essa “absoluta
novidade” é um sacerdócio próprio de Cristo. PDV 12: “O presbítero encontra a verdade plena da sua
identidade no fato de ser uma derivação, uma participação específica e uma continuação do próprio Cristo ,
sumo e único Sacerdote da nova e eterna Aliança: ele é uma imagem viva e transparente de Cristo
Sacerdote”.

1.1 O único sacerdócio de Cristo

a) O sacerdócio do Antigo Testamento: A função do sacerdócio no Antigo Testamento:


oferecer sacrifício, graças e bençãos ao povo e . Somente Israel recebe a identidade de povo
sacerdotal, assim o povo inteiro tem o papel de mediador; assim se faz o povo de Deus como a
Igreja (mediadora por meio do sacerdócio batismal e ministerial).
b) Cristo e o sacerdócio do seu tempo: Jesus é sacerdote? Ele está em aberta discrepância com o sacerdócio
de Israel, Ele está mais próximo com os profetas. A ação salvífica de Cristo seja uma ação sacerdotal
eminente, que leva a cumprimento aquilo que o sacerdócio levítico apenas acenava. Ora, a perfeita
mediação de Cristo, a sua missão sacerdotal, é continuada pelos apóstolos. O caráter hereditário dos
antigos sacerdotes, faz afirmar ainda que o sacerdócio de Cristo não é hereditário, mas um sacerdócio que
está Nele mesmo, na qual os demais são participantes desse sacerdócio, por amor a Cristo. Os presbíteros
são na Igreja e para a Igreja.

c) O sacerdócio de Cristo no tempo: o cristão não está em condição de realizar tal mediação, senão unido
a Cristo, antes, só pode realiza-la através de Cristo, já que Ele é o único mediador. É por isso que na
economia da salvação, além do sacerdócio comum e ao seu serviço, há um sacerdócio que é sacramento
daquela necessária mediação de Cristo. O ministro, com a sua ação, instrui, guia e santifica os fiéis a fim
que desenvolvam, em união com Jesus, a mediação sacerdotal em meio ao mundo. O sacerdócio de Cristo
é o caminho inverso do sacerdócio de Israel, na qual Cristo não só entra para dar acesso, mas que inaugura
o sacerdócio com a encarnação de estar envolvido com os homens e próximos de Deus.

1.2 Os presbíteros, representação sacramental de Cristo Cabeça e Pastor

O cristão, o batizado, não se dá a si mesmo a comunhão com Deus, não é Ele a criar a união com Deus,
antes a recebe de Cristo. Neste sentido, podemos dizer que Cristo se encontra no cristão, enquanto vida já
comunicada no batismo e nos sacramentos, e diante do cristão, enquanto fonte daquela vida, daquela
união entre Cristo e o cristão se insere o sacerdócio ministerial. Cada sacerdote é isto: ministro,
instrumento do qual se serve o Senhor para fazer-se presente na Igreja e comunicar a sua vida. PDV 15:
A dupla oferenda do sacerdotes: a eucaristia e a oferta dos povos e nações.

Compreendemos então que o ministério, a função sacerdotal não é simplesmente o fruto de um cargo
recebido pela comunidade (ideia protestante), mas é consequência de um rito sacramental no qual Cristo,
Cabeça e Pastor da Igreja, toma posse da pessoa ordenada e a constitui seu ministro e ser representante
para comunicar a sua vida à comunidade cristã. Certamente, neste agir do ministro em nome in persona
Christi, Cabeça e Pastor há graus diversos: o ponto máximo desta representação se encontra nos ritos
sacramentais, que não são “atos do ministro‟, mas “atos de Cristo‟ através do ministro.

II O MINISTÉRIO SACERDOTAL

Poderia parecer que “sacerdócio ministerial” e “ministério sacerdotal” sejam sinônimos, mas na realidade
não o são. No jogo das palavras se trocam de posição o substantivo – que indica a realidade essencial – e o
adjetivo – o qual exprime o aspecto qualificante. Ambas expressões coincidem no significar a “profissão” do
sacerdote e os “ministérios” sacerdotais, mas enquanto “sacerdócio ministerial” exprime o fato de ser
sacerdote (se sublinha o ser do sacerdote), “ministério sacerdotal” faz referência às suas atividades e ou às
suas funções próprias (se ressalta o agir e o fazer do sacerdote).

2.1 Etimologia, história, pluralismo terminológico

a) Origem do termo “ministério”: O sufixo latino ter serve para por em contraste dois conceitos ou
realidades. Por exemplo, noster/vester (nosso/vosso), magis-ter/minus(i)s-ter (aquele que é o chefe; e
aquele que é o servidor). os chefes se chamavam magister e os seus ajudantes os servidores, ministri. O
sacerdote é o minister, ou seja, aquele que é um servidor do magister, preparando a vítima para o
sacrifício.

b) A “ministerialidade” e o sacerdócio de toda a Igreja (cf PO 2): O sacerdócio e o ministério são dois
aspectos ou elementos que definem toda a Igreja, seja na Cabeça seja nos membros do seu corpo.
Jesus é o ministro por excelência, a origem da ministerialidade de toda a Igreja e modelo dos seus
ministros. Ora, a ministerialidade e o sacerdócio de Cristo se estendem a todo o seu Corpo Místico – a
Igreja --, embora nem todos participem de tais realidades do mesmo modo (todos são ministros, mas cada
um a seu modo, na qual se diverge entre sacerdócio ministerial e batismal). Os apóstolos são constituídos
na ordem do episcopado, ou seja, a totalidade do sacerdócio; cooperadores do ministério episcopal (tem o
problema dos bispos que colaboram com outros bispos). Primeiro o sacerdócio batismal, e depois o
ministério sacerdotal (episcopado, sacerdotes e diaconato); é colocado o sacerdócio batiamsl porque o
ministério sacerdotal está a serviço dos batizados (por meio do múnus de santificar, ensinar e guiar), mas
seu ponto alto do MS é a oferta do sacrifício da eucaristia . PDV – continuação, derivação e participação do
sacerdócio de Cristo.

c) O pluralismo terminológico dos ministérios: os diversos nomes utilizados nos primeiros dois
séculos para exprimir os diversos conceitos, mas sempre com a ideia de permanência, Não há,
portanto, o uso unívoco dos termos. Já se tem uma relação daqueles que apascentam e são
apascentados, não pelo domínio de poder (sacro-domínio), mas pelo serviço (sacro-serviço):
 Os chefes das igrejas locais ou bispo são : os apóstolos (com minúscula: assim Barnabé é
apresentado como “apóstolo juntamente com Paulo” em ICor 9, 5 e At 14, 4; os
subordinados de Paulo como Timóteo em Éfeso, e Tito em Creta); as pessoas confiáveis
para o ensino [os lábios do sacerdote procura o ensinamento] (IITm 2, 2).
 Os membros do colégio dirigente das comunidades locais são : os epískopoi (inspetores)
de Filipos (Fl 1, 1) e de Creta (Tt 1, 7); os presbíteros em Jerusalém (At 11, 30); diretores-
guias, presidentes, primícias. Como se vê, há muitos termos para exprimir a mesma
realidade.

Embora os termos “sacerdote” e “leigos” não estão presentes nos documentos e nos escritos
daquele tempo, isto não nos autoriza a pensar que não existisse o sacerdócio ministerial nem o
laicato, antes do ano 200 d.C. O sacerdócio ministerial foi uma transposição terminológica
daquilo que já existira em Cristo, único e sumo sacerdote do sacrifício redentor da Cruz, que se
perpetua na Eucaristia. Com outras palavras, os chefes das comunidades cristãs tinham as
mesmas tarefas antes e depois de serem chamados “sacerdotes”, a partir da segunda metade do
séc. II. Sua função não mudou, só ouve uma precisão terminológica, mas não de função.

2.2 O ministério e as funções dos presbíteros

Se o sacerdote representa Cristo, repropõe Cristo em meio aos homens, então a sua atividade
consiste no fazer aquilo que Ele fez: ensinar (papel magisterial), perdoar os pecados (santificar) e
guiar às pastagens a sua grei (governar). PO 1: O sacerdote participa do ministério de Cristo (a
serviço de Cristo, mestre) e em colaboração com bispo (ele outorga a faculdade do exercício desse
poder, mas o poder está em Cristo, dado a Igreja).
a) Ministro da palavra de Deus (cf Texto de At 20, 32/Ef 3, 7): A representação da mensagem
evangélica é para a Igreja um dever derivado do mandato do Senhor Jesus. Sujeito da
evangelização é a inteira Igreja e, portanto, essa diz respeito a todos os batizados. (PO 2/a). São
João Paulo II é mais explícito na Carta Enc. Redemptoris missio n. 90: “O chamado à missão
deriva de per si do chamado à santidade. Neste processo o presbítero é aquele que ocupa a
condição de agir como cabeça, na e com a autoridade de Cristo sacerdote. (PO n. 4/a).
Colocam-se, então duas exigências ao ministério presbiteral. Há, em primeiro lugar, o caráter missionário
da transmissão da fé. O ministério da palavra não pode ser abstrato ou distante da vida das pessoas (uma
pregação contextualizada) Evangelii Nuntiandi, n 41 “a importância do testemunho”.

b) Ministro da santificação com os sacramentos: Sem dúvida os sacramentos ocupa um lugar


proeminente na vida e no ministério dos presbíteros, Como centro dos sacramentos é a
eucaristia (para lá vai e tudo volta da eucaristia). Vai atualizar o múnus salvífico do sacerdote e
do povo de Deus. (PO n. 5). O sacerdote é um instrumento privilegiado de santificação dado por
Cristo e continuada pela Igreja. A celebração da eucaristia é o ponto alto da obra do sacerdote
pela santificação do seu povo e a partir da eucaristia vai estar presente na realidade de outros
sacramentos e sacramentais.
E O Diretório explica no n. 66: “A Eucaristia é princípio, meio e fim do ministério sacerdotal.
Eucaristia é princípio, meio e fim do múnus de santificar. O sacerdote deve favorecer e
sustentar e alimentar a tríplice o povo: a Palavra, Eucaristia e a Comunidade (podendo
guiar, refundar, pertença a comunidade).
N. 67: O sacerdote é sacramento de Cristo na relidade humana, o padre empresta os seus talentos e o seu
modo de ser devem ser traduzidos o modo de Cristo, pois a realidade propria ja não pertence mais ao
padre, só assim ele consegue ser dom de Deus para os seus irmãos e para o povo, de modo que o sacerdote
seja ponte do povo para Deus e não obstáculo. É recomendado, mas nunca aparece como obrigação, até
mesmo nas promessas diante bispo, na ordenação não é feito essa promessa, mas é feito a promessa de
rezar a Liturgia das Horas.
No n. 70 do Diretório: O sacramento da penitência é uma dedicação fundamental para o exercício desse
ministério da confissão. O povo precisa da graça penitencial. A maturidade espiritual de uma comunidade
é definida pela relação profunda pela eucaristia e confissão. O próprio sacerdote também tem essa
necessidade desse sacramento.

c) Guia e educador do povo de Deus: O anúncio da Palavra e a celebração dos sacramentos


comportam o encontro com as pessoas, a sua animação e formação e, portanto, requerem a “guia”
ou “presidência” de uma comunidade cristã . De fato, lemos na PO n. 6: Não é bom que o padre
fica a vida inteira lá diante da comunidade e nem seja um período rápido. Tratar todos com grande
humildade e abertura. Saber admoestar como “educadores da fé” na qual exige esforço e
paciência, promovendo a fé nos que não tem e suscitar a fé nos que tem. Compete ao sacerdote
para si e para outros, ou seja, com a colaboração do bispos, de outros padres e do próprio povo, de
modo que o sacerdotes devem ser colaborativos. O ministério deve agregar muitas pessoas boas
para si. Cuidar da comunidade que lhe foi confiado, isso requer um serviço esponsal que pela
comunidade o padre reza, cuida, guia e se santifica. O padre deve ser aquele que leva a unidade,
agrega, ensina e edua na fé, e não aquele que dispersa a comunidade dentre todas as vocações e
carismas da comunidade. O múnus de guiar deve ser orientado por três olhares: para Deus (para
manter o rumo), voltado sobre si mesmo (saber quem você é) e olhar sobre os outros (para que
possa ter uma relação própria daquela realidade).

PARTE II: INTRODUÇÃO À ESPIRITUALIDADE SACERDOTAL


I SÍNTESE HISTÓRICA DA ESPIRITUALIDADE SACERDOTAL
A definição de Espiritualidade é a vida segundo o Espírito Santo, enquanto a a espiritualidade
sacerdotal é a vivência do ministério sacerdotal segundo Cristo, o bom pastor. Partindo da Sagrada
Escritura, figuras dos santos sacerdotes ao longo da História da Igreja, documentos sobre o
sacerdócio (PO, PDV, Sacerdotii Nostri Primordia, de João XXIII), se tem uma noção da fonte
para se fazer uma Teologia da espiritualidade sacerdotal. Compete dois responsáveis principais
pelo fomento da espiritualidade sacerdotal: o bispo (fomentar a espiritualidade no sacerdócio) e o
próprio padre (com a formação permanente). “A espiritualidade sacerdotal é uma vivência do
sacerdócio ministerial segundo o espírito de Cristo Bom Pastor” (PO 13).

IV. SÍNTESE HISTÓRICA DA ESPIRITUALIDADE


SACERDOTAL
1.1 Época patrística e medieval

A) Doutrina patrística sobre a espiritualidade sacerdotal: Não há aqui uma elaboração completa e
sistemática sobre o sacerdócio, mas isso não significa que não havia. Com poucos escritos dessa época
nesse sentido aparece a imagem de Cristo, bom pastor (guiar e mediador do rebanho) e apóstolos (ser
imitador dos apóstolos como eles são de Cristo).
> As Cartas de Santo Inácio de Antioquia (+- 150): Ele apresenta o bispo como se fosse um
governante e os padres como colaboradores, sem unidade no presbitério não há unidade na Igreja.
> São Gregório Nazianzeno (329-390): É um texto mais esquematizado que aparece: o
sacerdote participa do sacerdócio de Cristo, que o sacerdote é o cooperador de Cristo na obras e
méritos da redenção.
> Santo Ambrósio (333-397): Foi um autêntico sacerdote que na sua obra (do oficio dos
ministros) tem algumas normas pastorais exigentes dos seu tempo, normas litúrgicas e orientações
morais. Já há uma exigência de santidade por meio dos sacerdote.
> São João Crisóstomo (344-407) escreveu a obra “Sobre o sacerdócio”, em seis
livros. Com a obra mais lida antiguidade que é um diálogo com Ambrósio falando sobre as
qualidades e instrumentos para a ordem do episcopado. Todas as virtudes sacerdotais estão
atreladas a caridade (o termo caridade pastoral é atual).
> Santo Agostinho (345-430) Seu resumo do sacerdote para Santo Agostinho é um
ofício do amor, aqueles que anuncia a Deus por interesse de Deus e não por interesse próprio
(mercenários). Isso requer um estilo de vida apostólico e uma vida comunitária (fazendo com que os
seus padres vivessem com ele).
> São Jerônimo (342-420): Não basta ter um estilo de pobreza, mas que se transforme
em obras de caridade, se apegando a Sagrada Escritura e Sagrada Tradição.
> A Regra Pastoral do Papa São Gregório Magno (540-604): A palavra deve ser
meditada por aquele que prega.

b) A vida sacerdotal no período medieval: No final do primeiro milênio e ao início do segundo houve no
sacerdócio uma perda do espírito de imitação da vida dos apóstolos, o que podemos denominar como
decadência da vida apostólica, marcado pela processo de decadência e de secularização. Século de
chumbo = Diante da decadência se inicia um esboço de uma realidade sacerdotal mais fomrla com
os seminários.

1.2 Época moderna e contemporânea

a) A reforma tridentina: O assim denominado “Catecismo Tridentino” (Publicado em


1566) recolhe todos estes aspectos. A vida sacerdotal descrita pelo Concílio requeria
uma reforma pessoal com uma profunda vida de oração, de castidade e de pobreza.
A Escola Francesa teve grande influxo sobre a formação sacerdotal do clero francês,
em parte devido ao simples fato que muitos seminários foram confiados aos
Lazaristas. Também neste período floresceram alguns movimentos e escolas de
espiritualidade sacerdotal, entre as quais destacamos: a escola agostiniana (que se
mantém desde o séc. IV), a Escola carmelitana, a Escola inaciana ou jesuítica, e os
clérigos regulares8. Embora algumas dessas escolas já existissem anteriormente,
passam neste momento por uma espécie de reflorescimento, é o caso das escolas:
agostiniana, franciscana e carmelitana.
Concílio de Trento é uma resposta fazendo uma elaboração teológica que foi formada segundo o
São Tomás de Aquino sobre o sacerdócio com a formação dos seminários. Há os textos
dogmáticos e pastorais com intenção de dar os fundamentos da reforma do sacerdócio. Catecismo
para os párocos (isso porque o primeiro catequista na paróquia é o padre) que estavam nas
exigências daquela época que os padres estavam sendo atacado pelos protestantes. Vida de oração
profunda, castidade, pobreza e obediência. Já na Espanha há os pioneiros da formação sacerdotal
(são João D’Avila, são João di Ribeira [fundou um colégio para futuros padres] e São José de
Calasans).

b) Figuras e doutrina sacerdotal antes do Vaticano II: Tempo de muito florescimento, mas com
muitas contradições. No sec. XVIII teve canonização como fruto dos séculos anteriores. SJMV
é um modelo a ser imitado. Em síntese, no período precedente ao Vaticano II houve um
renascimento sacerdotal, graças à teologia e a uma renovação da vida sacerdotal, que permitiu a
passagem aos aprofundamentos conciliares. É preciso também constatar que nos anos
imediatamente precedentes ao Concílio houve alguns fermentos negativos: a procura de uma
eficácia imediata e de aggiornamento numa sociedade em contínuo progresso preparava na
sombra uma crise inesperada que se tornou clara ao final do próprio Concílio.
c) O Concílio Vaticano II e o pós-concílio: Os três documentos que tratam do
sacerdócio (os decretos Presbyterorum ordinis, sobre a vida e o ministério dos
presbíteros fala da plenitude do sacerdócio; Optatam totius, sobre a formação dos
futuros sacerdotes; e Cristus Dominus, sobre o ofício pastoral dos bispos) foram
promulgados durante a quarta e última seção do Concílio (final de 1965).
PO podem ser resumidas nos seguintes pontos:
 1º “Os sacerdotes são (...) instrumentos vivos de Cristo eterno sacerdote” (PO 12):
então, identidade como participação à consagração e missão de Cristo; consagração
como dedicação completa;
 2º “Os presbíteros alcançam a santidade no seu modo próprio se no espírito de
Cristo exercerem as próprias funções com empenho sincero e incansável” (PO 13):
espiritualidade no exercício do ministério;
 3º “Praticam a ascética própria do pastor de almas” (PO 13): atitude de serviço e
fisionomia da caridade pastoral com as virtudes concretas do Bom Pastor.

Imediatamente depois do encerramento do Concílio se manifestaram sintomas de crise, os mais


evidentes e inquietantes exatamente entre o clero: se trata do fenômeno que foi qualificado com
crise sacerdotal. Tudo isto manifestava uma insatisfação e uma crise de identidade. Paulo VI a
convocar o Sínodo dos bispos de 1971 para tratar dois problemas urgentes: o sacerdócio e a justiça
no mundo. Uma reivindicação do sacerdote aos moldes da vida laical. Aqui devemos interrogar-
nos sobre a causa da crise. Concílio ofereceu uma doutrina bem precisa sobre os ministérios
ordenados, na sua raiz está uma crise de fé, a eclesiologia, uma crise de identidade e uma crise do
ser humano.
Antes da PO não se tinha essa noção de esgotar sobre o tema, mas há uma base fundamental do
sacerdócio nela. O principal elemento da identidade sacerdotal é participação na mesma missão
sacerdotal de Cristo de modo sacramental (imprimindo um caráter indelével). Aqui fala que o
sacerdote se santifica no seu ministério (porque antes se entendia de que para ser santo era
necessário ser padre ou religioso). A crise atual crise da menos valia, secularização radicalizado,
falta de credibilidade, uma fé emocional [crise de fé], fragilidade humana. O Concílio Vaticano II
era para valorizar os leigos e não desvalorizar os padres; e os padres passam a se identificar com
outras formas de vida laical.

V. A ESPIRITUALIDADE SACERDOTAL NO MAGISTÉRIO DA IGREJA


1. Magistério pré-conciliar: Os documentos do Magistério sobre o sacerdócio têm início no
século XX com a Encíclica Haerent animo (08.08.1908) de São Pio X (1903-1914), que constitui
um resumo de modo sistemático da doutrina sobre o tema e funda a exigência da santidade no
sacerdote na configuração com Cristo, destacando os seguintes pontos: a santidade sacerdotal, nas
suas exigências, natureza e meios. Um itinerário da vida sacerdotal, na qual o futuro da Igreja
depende da qualidade dos sacerdotes.
A Encíclica Ad Catholici sacerdotti (20.12.1935) de Pio XI (1922-1939 ) é um amplo estudo bíblico, patrístico
e teológico sobre a natureza do sacerdócio, a vocação sacerdotal e a exigência da santidade. A exortação
apostólica Menti nostrae (23.09.1950) de Pio XII (1939-1958) põe no centro a santidade e a formação
espiritual, sublinhando a dimensão litúrgica e espiritual, também no seu aspecto místico . A Encíclica
Sacerdotti nostri primordia (01.08.1959) de São João XXIII (1958- 1963) foi – o recordamos – um
elogio à figura do santo Cura D‟Ars, modelo de ascese, de virtudes evangélicas, de oração e de
zelo apostólico e pastoral. Enfim, o Beato Paulo VI (1963-1978) – o Concílio já iniciado – publicou a Carta
Apostólica Summi Dei Verbum (04.11.1963), que é uma síntese teológica sobre as vocações, a sua natureza
e os seus sinais.

2.2 “Presbyterorum ordinis” e Vaticano II:

a) Gênesis do decreto e o influxo da Lumem Gentium: Que se tornou o PO, tendo como base
no n. 28 da LG; CD e OT. O processo de redação da PO sofreu influxo das discussões dos outros
documentos que já haviam sido aprovados (em particular, da constituição sobre a Igreja, Lumen
Gentium; do decreto sobre o ofício pastoral dos bispos, Christus Dominus; do decreto sobre a
formação sacerdotal, Optatam totius; e do decreto sobre a atividade missionária da Igreja, Ad
gentes). De fato, o n. 28 da LG oferece a doutrina basilar sobre o sacerdócio: a natureza colegial e
o ponto de encontro das relações eclesiais (com o bispo, com os outros presbíteros, com os leigos,
com os não católicos) no qual o presbítero exercita o seu ministério.

b) Chave eclesiológica da PO n 2 (cap I: O presbiterato na missão da Igreja): A LG 28 havia dado o


esquema da doutrina sobre o presbiterato, mas não esclareceu a natureza do ministério pra dar resposta à
crise de identidade e a outras questões como a relação entre ministério e vida dos presbíteros. Que no fim
é falar da natureza da Igreja. Uma vez assinalada a natureza do ministério no interior da missão da Igreja,
flui de modo natural o caráter racional do presbítero com o bispo, o qual é subordinado no exercício do
ministério.

Esta ideia podemos condensá-la em duas expressões: “consagração para a missão” e “inteira atividade
ministerial endereçada à Eucaristia”. No presbítero como em Cristo “que o Pai santificou e enviou ao
mundo” (Jo 10, 36), a consagração (dimensão cultual) é para a missão (dimensão evangelizadora), esta
última é condicionada pela primeira. Pela sua consagração o sacerdote, no culto, pode oferece os homens
a Deus como oferta agradável; pela sua missão, na evangelização, podem oferecer Jesus Cristo aos homens.

A igreja protestante tirou a eucaristia e sacerdócio, por isso fica difícil estabelecer e definir o que é
igreja sem a visão dessas duas realidades que estão interligadas com a Igreja. Não existe Igreja
sem sacerdotes e não há sacerdotes sem a Igreja. Dentro da Igreja há essa distinção entre o
sacerdócio batismal e ministerial, mas são todos sacerdotes. Ao falar da santificação do sacerdócio
passa pelo sacerdócio de Cristo, na qual como ministro o sacerdote está a frente da Igreja, mas isso
não elimina a sua condição de fiel, do sacerdócio batismal.
Ficar atento a consagração e missão do sacerdote, isso porque antes do Concílio Vaticano II
existia uma tensão entre o sacerdote como o homem do culto (ficando restrito a celebração da
Missa, mas isso não toca o ser do sacerdote, somente no que ele faz = sacerdócio ministerial) e
consagração (aquilo que o sacerdote é, mas não aquilo que ele faz). O sacerdote visa a sua
consagração em vista da missão; a consagração é para a missão e a missão (faz) encontra sua base
na consagração (ser). A consagração não é para o culto, mas para a missão (envolver-se com as
misérias do mundo).
Carta Diogneto falando que os cristãos tinham em tudo a semelhança com todos, mas eles estão no
mundo sendo que ele faz o bem, essa separação não é uma retirada ou indiferença, porém uma
testemunhas da fé e a mentalidade. Isso porque o mundo em que Cristo veio é esse com a
mentalidade cruel.
A PO 3. vai falar que as virtudes humanas como algo fundamental para a vida do sacerdote,
porque o padre ele tem que ficar no equilíbrio entre a se envolver demais e envolver de menos. O
aspecto relacional está ligado diretamente no ministério sacerdotal: com o bispo, com o
presbitério, com os fiéis e com os infiéis.
Sacerdócio fideidônio = quando se tem um lugar que tem muito sacerdote e em outros poucos
sacerdotes; são sacerdotes diocesanos enviados em missão para outras regiões com escassez de
sacerdote.
c) O ministério Sacerdotal (PO 4-11): No primeiro capítulo, PO afrontava a ontologia sacerdotal; agora, no
segundo passa a tratar da deontologia presbiteral (o agir segue o ser). Um constante ponto de referência
será a origem do sacramento da ordem, e quais funções são subordinadas ao bispo no seu exercício. Os
temas tratados neste segundo capítulo estão organizados em três seções: 1ª O exercício do tríplice múnus
(n. 12-14); 2º a relação dos presbíteros com os outros (n. 7-9); e 3ª a distribuição do clero e as vocações
sacerdotais (n. 10-11).

d) A vida dos presbíteros (PO 12-21): Os temas foram reorganizados em três seções: 1º o
chamado dos presbíteros à perfeição (n. 12-14); 2º peculiares exigências espirituais na vida dos
presbíteros (n. 15-17); 3º subsídios para a vida dos presbíteros (n. 18-21). O sacerdócio da uma
graça a mais (peculiar) para crescer na obrigação da santidade. Unidade de vida significa duas
coisas: (causa) o centro da vida sacerdotal é Cristo, que leva uma coerência de vida entre o interior
com exterior (consequência). Se o n. 14 da PO diz “mas os sacerdotes são especialmente
obrigados a tender a esta perfeição, porque esses receberam uma nova consagração a Deus
mediante a ordenação”, então é porque quer indicar que os presbíteros tem uma razão a mais, um
motivo especial para serem santos. Isto é, a ordenação confere uma particular graça para ordenar o
ministério e a própria vida verso a santidade, de modo tal que essa, por sua vez, “contribui não
pouco para o cumprimento eficaz do seu ministério” (PO 12). Com outras palavras: o ministério
facilita a santidade, e a santidade facilita o ministério.

2.3 Outros documentos posteriores

a) A exortação apostólica Pastores Dabo Vobis: de São João Paulo II, aos 25.03.1992 é fruto dos
trabalhos da 8ª Assembleia geral do Sínodo dos Bispos do ano 1990, dedicada “à formação dos
sacerdotes nas circunstâncias atuais”, “com o intento – assinala o Papa – de levar a cumprimento
a doutrina conciliar sobre este tema e de torná-lo mais atual e incisivo nas circunstâncias
hodiernas” (PDV 2). A PDV tem características que em certo modo constituem uma novidade (Teve
grande valor do sacerdócio na vida pastoral, missionário, espiritual e teológico):

1º A fundamentação bíblica que encontramos no início da exortação e de cada capítulo; 2º A PDV é


verdadeiramente pós-sinodal, 3º Esta exortação sobre o sacerdócio tem como destinatários todos os fiéis
(povo de Deus). 4º o modo com o qual o tema da PDV é tratado tem algo de novo: mais que um texto
jurídico e técnico, é uma síntese teológica-espiritual-pastoral preparada para acompanhar o sacerdote ao
longo do caminho da vida.

A chave de leitura: Uma contínua referência trinitária: Isto já estava presente na LG, PO e OT, mas
na PDV tem uma particular relevância: o pano de fundo trinitário é o fio condutor do documento.
Se parte da Trindade para apresentar a identidade do sacerdote, a sua sacramentalidade e a sua
relacionalidade. O ministério se compreende somente se si exercita em relação à Trindade (PDV
15, 26); A sacramentalidade: é o ponto chave da exortação. Com enfoque na consagração e
missão (o sacerdote não se funda naquilo que ele faz mas naquilo que ele é); A chave
cristológica-eclesiológica: este ponto é importante porque aborda a corrente que vê na
comunidade eclesial o princípio originário do ministério sacerdotal; A formação: não esqueçamos
que o objeto da exortação é propriamente a formação dos sacerdotes. A PDV apresenta a
formação sacerdotal inicial (cap. V) como integração de quatro dimensões: a formação humana,
espiritual, intelectual e pastoral; A caridade pastoral: A PDV confere à caridade pastoral um
papel central na vida e no ministério do sacerdote : estuda a sua natureza (PDV 23, 70), a faz
presente no processo de unificação da vida e da pessoa do sacerdote (PDV 23), no celibato e na
dedicação total do sacerdote (PDV 23 e 29). A caridade pastoral é própria do pastor que brota na
caridade de Cristo, sendo ela uma continuidade da caridade pastoral com o celibato.
b) O Diretório para o ministério e a vida dos presbíteros: Publicado pela primeira vez pela
Congregação para o Clero aos 31.01.1994, seguiu-se uma segunda edição no histórico dia da
renúncia do Grande Papa Bento XVI (11.02.2013). O documento é inserido na categoria de
“diretório”, isto é, uma espécie de instrução para regular uma determinada atividade. O Diretório é
composto de três capítulos, esses são os objetivos:
1º “A identidade do presbítero”: se contempla a dimensão trinitária, cristológica, pneumatológica
e eclesiológica do presbítero. Conclui com uma seção sobre a comunhão sacerdotal (com o bispo,
com o presbitério, com os fiéis).
2º “A espiritualidade sacerdotal”. Se recordam todas as dimensões existenciais do presbítero: o
contexto histórico hodierno (desafio das novas seitas), a vida de oração, a caridade pastoral, a
pregação da Palavra, a Eucaristia e a Penitência, a guia da comunidade, o celibato, a obediência, o
espírito de pobreza, e a devoção mariana.
3º A formação permanente: assinala os princípios, a organização e os meios, os responsáveis, e os
destinatários de tal formação.
O diretório é aquilo que estabelece o que uma determinada profissão deve ser regida, dando
normas do seu funcionamento.

c) A espiritualidade do padre diocesano hoje/ Uma espiritualidade do deserto: Diante deste


cenário, sustentar e manter uma sólida espiritualidade sacerdotal exige algumas disposições
indispensáveis: saber calar (calar para ouvir a Deus e ao povo), contemplar (encontrar Deus no
mundo em que se vive e na realidade que segue), ouvir (ouvir a Deus, pessoas e a si), caminhar,
discernir. Tais atitudes são indispensáveis para afugentar da vida a tentação da adesão a tantos
bezerros de ouro que se apresentam como solução em meio às crises: o sucesso, o culto à
personalidade, o dinheiro, o individualismo (PO fala que o sacerdócio deve ter uma vida
relacional), o poder, a compulsão tecnológica, a vigorexia, o aburguesamento, o prazer...

d) Elementos sobressalientes na espiritualidade do padre diocesano: A espiritualidade do deserto tem


como marca característica o silêncio e a palavra. O silêncio é a atitude de quem quer escutar o
que o Espírito Santo diz ao seu tempo. “Ele se cala para ouvir o que o Espírito está dizendo à Igreja
(Ap 2, 7)”.

III A SECULARIDADE NO PRESBÍTERO

3.1 Questões preliminares

a) Clarificação terminológica: secularidade, secularização, secularismo (ver texto de Rudy Albino):

 Seculus = mundo criado, as coisas do mundo e a noção de “espírito do mundo”, segundo João.
 Secularização = é o oposto de cristandade (união entre as esferas civis e eclesial), logo a
secularização é o ordenamento não mais a partir da fé, mas das construções civis. Aqui está
somente no âmbito separação entre essas esferas.
 Secularismo = aqui é mais que a separação, mas uma oposição entre as duas esferas, onde a
esfera civil entende que a esfera eclesial deve ser banida (porque a vida contemplativa não
serve mais para o homem). É singular ao laicismo.
 Secularidade = parte do princípio de que há uma autonomia entre as duas esferas e que não há
uma contraposição, porém, uma cooperação entre ambas. Semelhante a laicidade.

b) A secularidade da Igreja: O núcleo, a substância, da “secularidade” é constituído da relação


entre Igreja e mundo. Não se pode entender como uma etapa de superação da separação (da
secularização) ou seja, a Igreja não mexe no âmbito civil. Outro problema é viver o presente como
uma nostalgia do passado aí cai no fundamentalismo, isso faz com que não possa viver o momento
presente, e outra coisa são as condições culturais que mudaram ao longo do tempo.
Postas fidei – a angústia do sacerdócio de hoje é que as ideias pastorais mesmo que novas vão
ficando obsoletas. Outro problema é a redução da fé ao sentimentalismo e de modo individualista.
Tradicionalismo = tentativa de trazer o passado no presente. Não se deve sair da história, fugir do
mundo, mas levar o sacerdócio nesse mundo (Chirsti Fidelis Laici n.15 – a encarnação é faz parte
na natureza e missão da Igreja, na qual o sacerdote está incluso). Logo, o padre vive a dimensão
secular, mas não vive de modo secular; é próprio do sacerdote viver é o ministério = caridade
pastoral) e do leigo é índole secular (atuação da ordem temporal na política, economia, social [LG
31]). Logo, a noção de “padre secular” na qual tem o sentido de que o sacerdote tem uma incidência
no mundo, mas isso não é o fundamental do sacerdote (LG 31) porque a atuação no mundo é
própria do leigo.

3.2 A secularidade própria dos presbíteros

a) Premissa: distinção de dois planos: O tema não é fácil porque se entrelaçam dois planos que conviria
distinguir sem separar:

 Plano eclesiológico-sacramental - faz referência à estrutura originária e hierárquica da Igreja


fundada sob a distinção entre o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial.
 Plano espiritual-carismático - o distanciamento do mundo da parte dos religiosos – não o
esqueçamos – é próprio para a salvação do mundo (eles vivem neste mundo a dimensão da
secularidade da Igreja: purificam o mundo refletindo neste o mundo que está por vir).

b) Atividade temporal e sacerdócio: Como o padre vai viver a dimensão secular? O seu ministério
tem repercussão nas dimensões temporais se dá através dos seus testemunhos e está no exercício do
próprio ministério em tempo oportuno ou não. Não existe “padre secular” é padre diocesano com
dimensão secular.

c) O impacto do ministério sobre as realidades terrenas: O padre pode estabelecer alguma atuação no
mundo secular? Sim, desde que seja em obediência do Bispo. E também desde que estabelece esses
princípios na PO n.8: ao estudo científico, ensino, trabalhos manuais, atuar como operário (desde que seja
necessário para seu legítimo sustento) e quando se trata de uma estratégica missão da Igreja. O problema é
quando o sacerdote quer assumir algum cargo para preencher um vazio do ministério. Na PO n.3 a
evangelização é para todos; dois princípios do sacerdócio: não vive de modo terreno e não vivam alheio ao
mundo.

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