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27/10/2020

Prof. FELIPPE BORRING ROCHA


F E S U D EPERJ Defensor Público/RJ. Mestre e Doutor em Direito.
TURMA INTENSIVA – DIREITO PROCESSUAL CIVIL Professor de cursos de pós-graduação e preparatórios
para concursos públicos. Articulista, palestrante e

RITOS ESPECIAIS autor, dentre outros, dos livros Teoria Geral dos
Recursos Cíveis, Manual dos Juizados Especiais Cíveis
e Princípio da Jurisdição Equivalente. Membro do IAB,
do IBDP e dos Conselhos Editoriais das Revistas da
Prof. Felippe Borring Rocha EMERJ e da UNINOVE.

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BIBLIOGRAFIA
MARCATO, Antônio Carlos. Procedimentos
Prof. Felippe Borring Rocha especiais. SP, Atlas.
Instagram: @felippe_borring THEODORO JR., Humberto. Curso de Processo
Civil, Vol. II. São Paulo: RT.
Twitter: @felippeborring DIDIER Jr., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro
Blog: Processo Civil em Movimento da; CABRAL, Antonio do passo. Por uma Nova
http://felippeborring.blogspot.com/ Teoria dos Procedimentos Especiais. Salvador:
Juspodivm.

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BRAGA, Paula Sarno. Norma de Processo e


norma de procedimentos. Salvador: Juspodivm; RITOS ESPECIAIS
LEONEL, Ricardo de Barros. Tutela jurisdicional
diferenciada. SP: RT; Teoria Geral dos Ritos
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio
dodo

Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de Ritos em espécie


processo civil. SP: RT;

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TEORIA GERAL DOS RITOS


Processo e procedimento O que diferencia o procedimento judicial dos
demais procedimentos é, além do seu locus e da
O procedimento é a exteriorização da relação natureza das normas que vão determiná-lo, a
processual e, por isso, representa o modo e a sua estrutura dialética;
forma como se movem os atos no processo;

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A estrutura dialética do procedimento se


assemelha à chamada Dialética de Higel: parte-
se de uma hipótese (petição inicial), que é Em razão de vários fatores (qualidade da parte,
contraposta a uma antítese (contestação) para se valor da causa, indisponibilidade do direito etc)
chegar a uma tese (sentença). Assim, a decisão é a forma com que o processo se desenvolve em
construída sob o crivo do contraditório; juízo assume feições diferentes;

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Procedimento especial e tutela diferenciada


No âmbito do processo de conhecimento, o
rito pode ser comum ou especial. O A tutela ordinária, paradigma da TGP, é aquela
procedimento comum é o que se aplica a todas de natureza cognitiva, contenciosa, sentencial e
as causas para as quais a lei processual não exauriente, prestada por meio do rito comum.
haja instituído um rito próprio ou específico Assim, a tutela é considerada diferenciada
(art. 318 do CPC). Seu âmbito é, portanto, quando ela se afasta destas características;
delimitado por exclusão (residual);

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Aplicação subsidiária do rito comum


Todo rito especial é voltado para prestar uma
tutela diferenciada. Mas nem toda tutela O rito comum funciona como a base
diferenciada é prestada por meio de um rito estruturante de todos os ritos especiais. Assim,
especial. Uma decisão cautelar proferida numa naquilo que o rito especial não regular deve ser
demanda sob o rito comum é um exemplo de aplicado subsidiariamente as regras referentes
tutela diferenciada que não é prestada por meio ao rito comum. A compatibilização entre essas
de um rito especial. regras, no entanto, por vezes não é harmônica.

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Cumulabilidade de demandas sujeitas a ritos


diferentes
Em regra, a cumulação de duas demandas com Assim, p. ex., na cumulação de uma demanda
ritos diferentes vai levar à adoção do rito declaratória com uma demanda de consignação
comum para as duas. O art. 327, § 2º, do CPC, em pagamento, é possível aplicar as regras
entretanto, permite que, nestes casos, sejam sobre o depósito previstas no rito especial
aplicadas subsidiariamente as técnicas próprias desconsiderado (ação de consignação em
do rito especial desconsiderado; pagamento);

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Regras de processo e regras de procedimento


Existem procedimentos, no entanto, que são Não há uma distinção clara entre normas de
tão especiais (p. ex., inventário e partilha) ou procedimento e de processo. Mas essa diferença
que estão inseridos em microssistemas (p. ex., é relevante, em razão da distribuição da
Juizados Especiais), que não admitem competência legislativa: as normas de processo
cumulação com outros procedimentos. São são editadas pelo Congresso Nacional (art. 22, I,
chamados de ritos “infungíveis” ou “irredutíveis da CF) e as de procedimento, por este e pelas
ao rito comum”. Assembleias Legislativas (art. 24, XI, da CF).

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A criação de procedimentos especiais


Nos primórdios do direito processual, só
Com a afirmação científica do direito
existiam ritos especiais. Com o passar do tempo
processual, a lógica foi alterada. Os ritos
e o aumento da complexidade das relações
especiais passaram a ser construídos a partir da
sociais, no entanto, foi necessário criar um rito
estrutura do rito comum. Assim, na maioria das
provisório (tampão) para dar conta das novas vezes, o rito especial regula apenas aquilo em
questões. Assim, nasceu o rito comum; que difere do rito comum;

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A flexibilidade procedimental
Todo rito tem uma flexibilidade intrínseca (p. ex.,
Com isso, foram desenvolvidas técnicas para se não há prova oral a ser produzida, não precisa
criação de ritos especiais: sumarização, de AIJ). Além disso, no CPC existem hipóteses
ampliação, inclusão de uma fase liminar ou de onde as partes (arts. 191 e 357, § 2º) e o juiz
uma audiência prévia ou justificação, monitória, (art. 139, VI) podem modificar a estrutura do
provisória etc. procedimento (comum ou especial), para melhor
adequá-lo à causa.

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A adequação procedimental
A previsão de um rito especial envolve matéria Diante da eventual irregularidade no
de ordem pública, de natureza cogente. Assim, a procedimento adotado para a causa, incumbe
parte não pode escolher um rito diferente ao juiz verificar se é possível a adaptação ao rito
daquele previsto em lei, salvo no caso dos correto, a convalidação do rito adotado ou se é
procedimentos da Lei 9.099/95 (LJEC) e da ação necessária a anulação dos atos processuais já
monitória; praticados e a retomada do procedimento./

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OS RITOS ESPECIAIS EM ESPÉCIE


Introdução
Existem ritos especiais espalhados por todo o Vamos estudar neste momento apenas alguns
CPC. Na parte geral (tutela provisória dos ritos especiais previstos no Título III (Dos
antecedente), no procedimento comum `Procedimentos Especiais) do Livro I (Do
(exibição de documento), no livro dedicado à Processo de Conhecimento) da Parte Geral.
execução e no livro dedicado aos processos nos
tribunais (ação rescisória);
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Consignação em pagamento (art. 539/549) A partir do depósito, cessam para o autor os


encargos e os riscos da obrigação, salvo se o
Cabível quando o credor recusa o pagamento, pedido for rejeitado. Se o depósito for inferior
quando há dúvidas sobre quem é o credor ou ao valor devido, os encargos recaem sobre o
quando não se sabe onde está o credor. Visa saldo. A imposição de ônus sucumbenciais ao
declarar o cumprimento de uma obrigação por réu, no entanto, depende da demonstração do
meio do depósito da quantia ou da coisa devida; cabimento da ação e da correção do depósito;

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Se não souber quem é o credor ou onde ele se


A ação deve ser proposta no lugar do encontra, o rito pode ser bifásico. 1ª fase:
pagamento. Como o rito é dúplice, o réu pode determinar se o depósito é adequado para por
requerer a complementação do depósito, fim à obrigação; 2ª fase: determinar quem deve
indicando o que deveria ser depositado e receber o depósito, se mais de uma pessoa se
levantando a parcela incontroversa. Se a apresentou afirmando ser o credor. Neste caso,
sentença reconhecer a insuficiência do depósito, o autor deixa o processo, que seguirá somente
valerá como título executivo para o réu. entre os alegados credores;
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Caso ninguém se apresente como credor para Em todos os casos, cabe ao autor provar que
receber o depósito, o réu será citado por edital e houve a recusa, que ela foi ilegítima e que o
a 2ª fase será voltada para a promover a depósito é suficiente para satisfazer a obrigação.
arrecadação de coisas vagas (art. 746 do CPC);

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Procedimento extrajudicial de consignação em


pagamento Se não recusar, presume-se que o credor aceitou
Se a obrigação for em dinheiro, o devedor pode o depósito feito em seu nome. Com isso, ele
fazer o depósito em instituição bancária, pública poderá levantar o valor. Caso o credor recuse, o
onde houver, no local do pagamento. Assim, o devedor será comunicado de que tem um mês
credor será comunicado pelo correio que dispõe para propor a ação de consignação, sob pena do
de 10 dias para recusar o depósito feito; depósito perder o efeito./

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Exigir contas (art. 550/553) O pedido de apresentação de contas formulado


Cabível quando quem tem o direito de receber em face do administrador (inventariante, tutor,
contas quer cobrá-las de quem tem o dever de curador etc) será proposta em apenso ao
prestá-las. Além disso, definida a prestação das processo onde foi nomeado e a sua
contas, a parte que deixou de satisfazer, total ou remuneração ficará sujeita à execução, se for
parcialmente, a sua prestação, será condenada condenado por não ter cumprido as suas
ao seu cumprimento; obrigações;

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Se o réu prestar as contas quando for citado, o Na 2ª fase, se o réu não prestar as contas, não
rito será monofásico. Caso contrário, será poderá impugnar as contas apresentadas pelo
bifásico. 1ª fase: determinar se o réu tem o autor. Em qualquer caso, poderá ser realizada a
dever de prestar as contas; 2ª fase: determinar a prova pericial;
apresentação das contas e julgar a sua correção;

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O rito na 2ª fase é dúplice, logo, o réu pode Possessória (art. 554/569)


requerer, ao prestar contas, o reconhecimento
Introdução
de que o autor não cumpriu com as prestações
que lhe cabiam. Se a sentença reconhecer que Visa tutelar o aspecto fático da posse (ius
as prestações devidas pelas partes não foram possessionis), que representa o poder sobre a
coisa e que pode ou não decorrer da
integralmente cumpridas, valerá como título propriedade. Quem tem ius pessedendi deve
executivo para que o interessado busque seu proteger a posse alegando a propriedade (ação
cumprimento nos próprios autos./ petitória);

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Para obter a tutela possessória, é preciso que o


A defesa da posse pode acorrer através de demandante prove a sua posse pública,
diferentes tipos de ação (ação de despejo, ação contínua e justa e a ocorrência de uma conduta
demarcatória, embargos de terceiro etc). ilícita por parte do demandado (turbação,
Destarte, a ação possessória tem aplicação esbulho ou ameaça). Não obstante, é preciso
residual, sempre que a posse não estiver que a posse tenha função social (art. 5º, XXIII, da
submetida a um regime procedimental próprio; CF) e que o bem não seja público;

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Na hipótese de ações possessórias voltadas para Características das ações possessórias


bens móveis, aplicam-se as regras gerais a) Fungibilidade;
previstas no CPC. Em se tratando de bens b) Cumulatividade;
imóveis, entretanto, aplica-se a regra absoluta c) Natureza dúplice;
do forum rei sitae (art. 47 do CPC). d) Exceptio non dominium.

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Espécies de ações possessórias Espécies de ritos possessórios


a) Ação de manutenção da posse: quando há A ações possessórias seguirá o rito especial
uma turbação possessória; quando a lesão à posse tenha ocorrida há
b) Ação de reintegração de posse: quando há menos de ano e dia da propositura da demanda.
um esbulho possessório; Se a lesão à posse ocorreu há mais de ano e dia,
c) Ação de interdito proibitório: quando há uma o rito será o comum, com as características
ameaça de turbação ou esbulho possessório. gerais das ações possessórias.

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A fase liminar
A única diferença procedimental do rito especial Ainda que a lesão tenha ocorrido há menos de
das ações possessórias é a chamada fase de ano e dia, se o autor não pedir a liminar
liminar possessória. Assim, se a lesão à posse possessória na petição inicial ou ela foi
ocorreu há mais de ano e dia, o autor não pode indeferida, não haverá fase liminar e rito será o
pedir a liminar possessória, mas pode pedir uma comum desde o começo;
tutela antecipada ou cautelar;

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Se a lesão ocorreu há menos de ano e dia, autor


pediu a liminar possessória e o juiz marcou
Se a lesão ocorreu há menos de ano e dia e o audiência de justificação, pode entender
autor pediu a liminar possessória, que foi necessária a produção de prova oral para julgá-
deferida imediatamente, acabou a fase liminar e lo (fase liminar completa), o réu é citado para ir
rito passa a ser o comum; à audiência. Depois da audiência, o juiz decide
sobre a liminar e se inicia o prazo para o réu
responder. Em seguida, o rito é o comum;

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Ação possessória multitudinária


Obs.: Se o réu for uma pessoa jurídica de direito Na realidade, não se trata de uma nova
público, o juiz não poderia deferir a liminar modalidade de ação, mas de regras a serem
possessória inaudita altera pars. Neste caso, o aplicadas no caso da ação possessória
juiz teria que obrigatoriamente marcar uma apresentar no polo passivo grande número de
audiência de justificação. Trata-se de uma regra pessoas. Naturalmente, o foco aqui são as
que deve ser interpretada pelo sistema de grandes ocupações de terra, normalmente
ponderação de interesses. organizadas por movimentos sociais;

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As regras podem ser divididas em: Inventário e da partilha (art. 610/673)


a) Necessidade de citação pessoal dos A ação de inventário e partilha pode assumir
ocupantes que forem encontrados, citando-se três ritos:
por edital os demais; a) inventario e partilha solene;
b) Participação do MP como custos legis e a b) arrolamento;
Defensoria Pública, como custos vulnerabilis; c) alvará judicial.
c) A propositura da demanda deve ser divulgada
pelos meios de comunicação e publicidade./
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Inventário e partilha solene


O rito solene é aplicável sempre que não couber O rito possui limitação da cognição no plano
um dos demais ritos (aplicação residual). O horizontal (rito documental). Por isso, as
inventário, qualquer que seja o procedimento, questões que dependam de dilação probatória
deve ser aberto dentro de 2 meses da abertura deverão ser remedidas às vias ordinárias, com
da sucessão (real ou ficta); eventual sobrestamento do feito ou reserva de
quinhão;

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Recebida a petição inicial, o juiz deverá nomear


O rito é bifásico. 1ª fase: inventariança; 2ª fase: o inventariante e determinar que ele preste o
partilhamento. A petição inicial só precisa compromisso de bem e fielmente desempenhar
comunicar o óbito e pedir a abertura do o cargo, assinando o termo de inventariante.
inventário e a nomeação de inventariante, Deverá também nomear curador especial ao
juntado os documentos pertinentes; ausente, se o não tiver e ao incapaz, se
concorrer na partilha com o seu representante;

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O inventariante deve ser, pela ordem, o cônjuge Até que o inventariante preste o compromisso,
ou o companheiro convivente, o herdeiro (com os bens do espólio permanecem na posse de
preferência para aquele que se achar na posse e quem estava com eles. Ele será chamado de
administração do espólio), o testamenteiro, o administrador provisório e terá que prestar
inventariante judicial ou, não havendo contas de sua administração no procedimento;
inventariante judicial, uma pessoa idônea;

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O inventariante é o administrador judicial e o


representante legal do espólio. A ele cabe O inventariante que não cumprir com seus
também prestar contas de sua gestão e requerer deveres a qualquer tempo pode ser removido
a declaração de insolvência. O inventariante de ofício pelo juiz ou a pedido dos interessados.
pode alienar bens, transigir, pagar dívidas e fazer Neste último caso, será instaurado um incidente
as despesas necessárias para conservação e de remoção do inventariante, autuado em
melhoramento dos bens do espólio; apartado;

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Uma vez nomeado, o inventariante deve


apresentar as primeiras declarações em até 20 Se entres os bens pertencentes ao espólio
dias da data em que prestou o compromisso. houver uma empresa, deverá ser feito o balanço
Nas primeiras declarações, deve descrever o ou a apuração de haveres, para quantificar a
falecido (inclusive seu cônjuge), os herdeiros, os participação do de cujus na empresa e permitir
legatários, os bens que integram o espólio o cálculo do valor a ser partilhado;
(inclusive os créditos) e as dívidas;

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Recebidas as primeiras declarações, serão Em seguida, serão intimados das primeiras


citados para no prazo de 15 dias se manifestar declarações a Fazenda Pública, o Ministério
sobre os seus termos o cônjuge, os herdeiros, os Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente,
legatários. Mas quem já estiver habilitado nos e o testamenteiro, se o finado deixou
autos, não precisará ser citado; testamento;

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No prazo da citação, os herdeiros devem trazer à


colação os bens que receberam do falecido em
Se houver alguma impugnação às primeiras vida ou os valores correspondentes aos demais
declarações, após a oitiva do inventariante, o herdeiros, considerando-se as benfeitorias
juiz deverá verificar se a questão depende de realizadas. Se o herdeiro negar o recebimento
dilação probatória, para ser remetida às vias dos bens ou a obrigação de os conferir, o juiz
ordinários. Caso contrário, decidirá a questão; poderá sequestrar os bens sujeitos à colação ou
imputar ao seu quinhão hereditário o valor
deles, se já não mais o possuir;
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Antes de encerrada a fase de partilha os


credores do espólio poderão requerer o
Depois de homologada a partilha, o herdeiro ou pagamento das dívidas, vencidas ou não.
legatário preterido terá que rescindir a sentença Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao
que a homologou para poder pleitear sua declarar habilitado o credor e mandará que se
faça a reserva do valor para o seu pagamento. O
inclusão no espólio; pagamento poderá ser feito com bens do
espólio ou com a sua expropriação, nos autos do
inventário;
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Resolvidas as questões referentes às primeiras As últimas declarações poderão ser impugnadas,


declarações, é feita a avaliação dos bens no prazo de 15 dias. Resolvidas as questões, o
integrantes do espólio, que não tiverem valor juízo determinará a elaboração do cálculo do
expresso ou aceito pelas partes. Em seguida, o imposto a ser pago, que poderá ser impugnado
inventariante prestará as últimas declarações, no prazo de 5 dias, quando o juiz poderá
onde poderá ratificar, emendar, aditar ou mandar a retificação do cálculo. Preclusa a
completar as primeiras declarações; decisão, o inventariante terá 90 dias para pagar
o imposto;
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Pagos os tributos, as partes interessadas podem


apresentar um esboço da partilha, descrevendo
Alguns juízes afirmam que o julgamento do os interessados, seus quinhões, legados e
cálculo do tributo é feito por “sentença”, apesar créditos. Se não fizerem um esboço ou não
de ser uma decisão interlocutória. Proferida a houver acordo entre eles, o juiz nomeará um
decisão, encerra-se a fase de inventário e partidor judicial para fazê-lo. Feito o esboço, as
começa a fase de partilha; partes poderão impugná-lo no prazo de 15 dias;

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Após pagos os impostos e as dívidas e juntadas


as certidão necessárias, o juiz homologará por
sentença a partilha. Transitada em julgado a Os vícios da partilha transitada em julgado
sentença, cada interessado receberá os bens poderão ser corrigidos por:
que lhes tocarem. Se entre estes bens houver a) emenda;
algum imóvel, será lavrado formal de partilha, b) ação de anulação;
para averbação. O formal de partilha constitui c) ação rescisória;
título executivo (art. 515, IV);

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Inventário cumulativo
Sobrepartilha Num mesmo procedimento é possível partilhar
Trata-se de um novo procedimento solene de os bens de duas ou mais pessoas, quando eles
inventário e partilha dentro do mesmo processo, estiverem todos dentro da mesma linha
quando se verificar a existência de bens não sucessória. A cumulação pode ser originária
inventariados, litigiosos, de liquidação difícil ou (abertura conjunta) ou sucessiva (abertura ao
morosa ou ainda situados em lugar remoto; longo da tramitação);

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Arrolamento
São duas hipóteses de cabimento:
Inventário extrajudicial a) arrolamento sumário: quando existe apenas
Inventário realizado perante o cartório. Ele um herdeiro do falecido (adjudicação) ou
somente será cabível se os interessados quando os interessados são capazes e estão de
estiverem de acordo e não houver testamento acordo sobre a inventariança e o partilhamento;
ou incapaz. b) arrolamento simples quando o espólio for de
pequeno valor, igual ou inferior a 1000 SM;

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O arrolamento concentra numa única fase as


Se houver mais de um herdeiro, será nomeado
atividades de inventariança e partilhamento. A
um inventariante. Não havendo impugnação
inicial deve descrever o falecido, os herdeiros, os
sobre a estimativa dos bens, o juiz, após ouvir a
legatários e seus cônjuges, bem como
Fazenda, homologa o plano de partilha ou de
apresentar o plano de partilha ou de
adjudicação e expede os formais e alvarás.
adjudicação, com a descrição dos bens
Verificando-se ausente algum dos requisitos
(embasada por documentos e certidões
legais, deverá o juiz determinar a conversão do
pertinentes) e seu valor (por estimativa);
arrolamento em inventário e partilha solene.
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Alvará judicial Se o falecido tiver deixado outros bens, além


É o rito para o recebimento dos valores descritos dos valores descritos na Lei nº 6.858/80, o
na Lei nº 6.858/80, que não foram recebidos em pedido de alvará deverá ser feito
vida pelo titular, quando este não tiver deixado incidentalmente ao rito de inventário ou
outros bens para serem inventariados; arrolamento;

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Embargos de terceiro (arts. 674/681)


É a ação cabível para quem, não sendo parte no
O pagamento é feito em quotas iguais, aos processo, sofrer constrição ou ameaça de
dependentes habilitados perante a Previdência constrição por ato de judicial sobre bens que
Social ou na forma da legislação específica dos possua ou sobre os quais tenha direito. O
servidores civis e militares, e, na sua falta, aos objetivo é alunar o ato de constrição e,
sucessores previstos na lei civil./ eventualmente, manter ou reintegrar o
embargante na posse do bem constrito;

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Trata-se de uma ação de conhecimento Nos casos onde o ato de constrição foi realizado
incidental ao feito onde corre o procedimento por carta, os embargos serão oferecidos no juízo
onde a constrição foi ou poderá ser deprecado, salvo se o ato foi determinado pelo
determinada. Por isso, é feita a distribuição por juízo deprecante ou se a carta já foi devolvida;
dependência;

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c) o coproprietário, no caso de constrição sobre


Os embargos podem ser opostos pelo: a copropriedade;
a) o cônjuge ou companheiro do executado, d) aquele que sofre constrição judicial por força
quando defende bens próprios ou sua meação; da desconsideração da personalidade jurídica;
b) o adquirente ou beneficiário do bem constrito, e) o credor com garantia real, no caso de
no caso de fraude à execução; constrição sobre o objeto do seu direito;

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Os embargos serão opostos em face de quem o


ato de constrição aproveita, assim como o seu O juiz deverá determinar a intimação pessoal de
adversário no processo principal, quando for terceiro titular de interesse em embargar o ato,
sua a indicação do bem para a constrição caso verifique, no curso do procedimento, que
judicial; ele não foi incluído na demanda;

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Os embargos podem ser opostos a qualquer Na petição inicial o embargante fará a prova de
tempo no processo de conhecimento, enquanto sua posse ou de seu domínio e da sua qualidade
não transitada em julgado a sentença. No de terceiro, oferecendo documentos e rol de
procedimento executivo, podem ser opostos em testemunhas. Se tiver necessidade de produzir
até 5 dias depois da adjudicação ou da prova oral da sua posse, deverá requerer a
alienação, mas sempre antes da assinatura da designação de “audiência preliminar” designada
respectiva carta; pelo juiz;

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O embargante poderá requerer liminar


A citação será feita na pessoa do advogado do
suspendendo as medidas constritivas sobre o
embargado constituído nos autos. Se não o tiver,
bem objeto dos embargos (cautelar), bem como
a citação será pessoal. O embargado terá 15 dias
a determinando a manutenção ou a reintegração
para contestar;
da sua posse (satisfativa). Para tanto, o juiz
poderá exigir caução do embargante;

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Se o embargante for credor com garantia real, o Oposição (arts. 682/686)


embargado somente poderá alegar que o A oposição visa permitir que o opoente
devedor comum é insolvente, que o título é nulo manifeste seu interesse sobre a coisa ou o
ou não obriga a terceiro ou que outra é a coisa direito sob litígio numa ação principal. Por isso,
dada em garantia. Em seguida, o rito seguirá o ela deve ser apresentada antes de ser proferida
procedimento comum./ a sentença na ação principal;

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Se um dos opostos reconhecer a procedência da


A oposição é uma ação autônoma e acessória, oposição, esta continuará em relação ao outro
com distribuição por dependência. Recebida a oposto. A ação principal e a oposição deverão
petição inicial, os opostos serão citados, na tramitar em conjunto. Oferecida a oposição
pessoa de seus respectivos advogados, para quando a AIJ já estiver iniciada, a ação principal
contestar o pedido no prazo de 15 dias; ficará suspensa após o encerramento da fase
probatória, salvo se houver interesse na
instrução conjunta;

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Família (arts. 693 a 699)


Não se trata de um procedimento especial, mas
Ambas as demandas deverão ser julgadas de regras aplicáveis às ações de família de
simultaneamente. Na sentença, a oposição caráter contencioso (rol meramente
deverá ser tratada como uma questão exemplificativo das ações):
prejudicial ao mérito da causa principal./ a) Prioridade da autocomposição, com
possibilidade de suspensão do rito para as
partes buscarem auxílio externo;

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b) Audiência de mediação e conciliação g) Após a etapa de audiência, o rito será o


obrigatória; comum;
c) Citação sem cópia da petição inicial; h) O MP só intervém quando houver interesse
d) Citação com 15 dias de antecedência da de incapaz;
audiência; i) Necessidade do acompanhamento de um
e) Citação pessoal; especialista para oitiva de incapaz, quando a
f) Necessidade de acompanhamento de causa versar sobre abuso ou alienação
advogado nas audiências; parental./

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Monitória (arts. 700/702)


Existe quem defenda que o rito monitório tem
A ação monitória é cabível quando o credor tiver natureza executiva, pois visa em primeiro lugar
uma prova escrita sem eficácia executiva relativa satisfazer o crédito do autor. Há quem diga que
a uma obrigação vencida e não paga. As é um procedimento híbrido (cognitivo-
obrigações podem ser pecuniárias e executivo). A maioria, no entanto, atribui ao rito
mandamentais. O devedor, no entanto, deve ser a natureza de procedimento de conhecimento,
capaz; com eficácia executiva;

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O credor poder requerer a produção antecipada


A ação monitória pode ser utilizada contra a da prova oral, para transformá-la em prova
Fazenda Pública, dando ensejo ao cabimento da documental e, assim, viabilizar o rito. Por outro
remessa necessária, quando presentes os lado, o credor pode usar o rito monitório,
requisitos legais. É possível a utilização de todos mesmo que tenha título executivo judicial;
os meios de citação no procedimento monitório.

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Por outro lado, se houver dúvidas sobre a O autor deve apresentar a petição inicial com a
aptidão do documento para deflagrar o prova documental da obrigação descumprida. A
procedimento monitório, o autor pode emendar petição inicial deve também indicar o valor da
a petição inicial, para adequá-la ao rito comum; dívida, da coisa ou do conteúdo patrimonial da
obrigação, que servirá como parâmetro ao valor
da causa;

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Verificando a evidência do direito afirmado pelo Citado, o réu pode:


autor, o juiz recebe a petição inicial e determina a) depositar o valor ou entrega da coisa: nesse
a expedição do mandado monitório, contendo a caso, fica livre das custas (não dos honorários) e
ordem de pagamento, com honorários fixos de o procedimento se encerra;
5% do valor da causa, no prazo de 15 dias, e a b) ficar inerte: nesse caso é proferida uma
citação do réu para no mesmo prazo se “decisão” que transforma a obrigação contida no
manifestar; documento em título executivo judicial;

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c) Pedir o parcelamento da obrigação pecuniária A posição majoritária é que não existe


(concordata civil); necessidade de proferir uma sentença, se o réu
d) “embargar”: trata-se de uma contestação; ficar inerte. Não obstante, a decisão que
após o oferecimento, o procedimento seguirá o determinou a expedição do mandado monitório,
rito comum, mas o réu (embargante) deverá após a constituição do título, desafia apelação,
indicar o valor que entende devido caso alegue sem efeito suspensivo, e pode ensejar a
excesso na cobrança, sob pena de rejeição propositura de ação rescisória.
liminar da alegação;

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Usucapião
O juiz condenará o autor de ação monitória A ação de usucapião retrata uma demanda
proposta de má-fé o réu que de má-fé opuser cognitiva, que busca qualificar juridicamente
embargos ao pagamento de multa de até 10% uma situação jurídica afirmada (aquisição da
por cento sobre o valor da causa, em favor da propriedade). Sua eficácia preponderante é
parte contrária./ declaratória, pois promove o acertamento
jurídico da situação fática deduzida em juízo;

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Na ação de usucapião de bem imóvel, Serão


publicados editais para dar ciência`aos
Na vigência do Novo CPC, todas as ações de interessados (art. 259, I) e a citação dos
usucapião deverão tramitar sob o rito comum. confinantes será feita pessoalmente, exceto
Existem apenas duas regras especiais aplicáveis quando tiver por objeto unidade autônoma de
à ação de usucapião de bens imóveis; prédio em condomínio, caso em que tal citação
é dispensada (art. 246 § 3o).

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Mesmo com o fim do rito especial, a tendência Mas nada obsta, por exemplo, que o autor
geral é que os requisitos previstos no CPC/73 produza a planta do imóvel ou junte certidões
continuem a ser exigidos sob a vigência do ao longo do procedimento. Esses requisitos não
CPC/15, por aplicação analógica do art. 216-A da podem mais ser considerado como requisitos
Lei de Registros Públicos, acrescentado pelo art. para a admissibilidade da demanda, salvo se
1.071 do CPC, que trata da usucapião enquadrados no art. 320;
extrajudicial;

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FIM DA
Por outro lado, com o fim do rito especial da
APRESENTAÇÃO
usucapião, não há mais base legal para se exigir
a intervenção do MP.//

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