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FICHA TÉCNICA

Realização e promoção: Instituto de Direito Contemporâneo – IDC


Coordenação: Rafael Arruda Alvim Pinto e Felipe Augusto de Toledo Moreira
Conteúdo técnico: Ana Carolina de Toledo Moreira e Luiz Henrique Cezare
Revisão técnica: Ana Carolina de Toledo Moreira e Luiz Henrique Cezare
Professores convidados para o curso: Cristiane Druve, Evaristo Aragão Santos, José
Alexandre Manzano Oliani, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Maria Lúcia Lins
Conceição, Nelson Luiz Pinto, Osmar Paixão, Rita Vasconcelos, Rogerio Licastro
Torres de Mello e Teresa Arruda Alvim.

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SUMÁRIO DESTE MÓDULO

9. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO
9.1. CONTEXTO NORMATIVO
9.2. FLUXOGRAMA
9.3. MODELOS
9.3.1. Agravo em recurso especial
9.3.2. Agravo em recurso extraordinário

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9. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO

9.1. Contexto normativo

4. NCPC Art. 1.042


V. também: art. 334, VIII.

ENUNCIADOS DA SÚMULA DO STF


Súmula 639: “Aplica-se a Súmula 288 quando não constarem do traslado do agravo
de instrumento as cópias das peças necessárias à verificação da tempestividade do
recurso extraordinário não admitido pela decisão agravada”.
Súmula 288: “Nega-se provimento a agravo para subida de recurso extraordinário,
quando faltar no traslado o despacho agravado, a decisão recorrida, a petição de
recurso extraordinário ou qualquer peça essencial à compreensão da controvérsia”.

Enunciados do FPPC
Enunciado nº 225: “(art. 1.042) O agravo em recurso especial ou extraordinário será
interposto nos próprios autos”. (Grupo: Recursos Extraordinários).
Enunciado nº 228: “(art. 1.042, §4º) Fica superado o enunciado 639 da súmula do
STF após a entrada em vigor do CPC (‘Aplica-se a súmula 288 quando não
constarem do traslado do agravo de instrumento as cópias das peças necessárias à
verificação da tempestividade do recurso extraordinário não admitido pela decisão
agravada’)”. (Grupo: Recursos Extraordinários).
Enunciado nº 229: “(art. 1.042, §4º) Fica superado o enunciado 288 da súmula do
STF após a entrada em vigor do CPC (‘Nega-se provimento a agravo para subida de
recurso extraordinário, quando faltar no traslado o despacho agravado, a decisão
recorrida, a petição de recurso extraordinário ou qualquer peça essencial à
compreensão da controvérsia’)”. (Grupo: Recursos Extraordinários).

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9.2. Fluxograma

AGRAVO EM RE E RESP
(NCPC, art. 1.042)

Decisão de inadmissão de RE e/ou RESP proferida



pelo tribunal a quo (art.1.030, §1º)

Interposição do Agravo em RE e/ou REsp,


em 15 dias úteis, perante
o Tribunal a quo

Intimação do recorrido para



apresentar contrarrazões em 15
dias úteis (art.
1.042, §3º)


Envio do Agravo ao tribunal

superior competente (art. 1.042,

§4º)

Decisão proferida Prolação de acórdão e julgamento


pelo Relator do RE e/ou REsp (art. 1.042, §5º)

Cabimento de Agravo Possibilidade, Possibilidade,


Interno conforme o caso, conforme o caso,
(art. 1.021) de interposição de interposição
de Embargos de de Embargos de
Declaração (art. Divergência (art.
1.022) 1.043)

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9.3. MODELOS
9.3.1. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR (…) PRESIDENTE DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (…)1

Recurso Especial nº: (…)


Autos do processo originário nº (…)

(Agravante), já qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, nos autos do


Recurso Especial em que figura como Recorrida (Agravada), igualmente qualificada, com
fundamento nos artigos 1.042 e seguintes do Código de Processo Civil, vem a presença de
V. Exa. interpor o presente AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL, em face da r. decisão
monocrática de fls. ___ que inadmitiu o recurso especial de fls. ___/___, conforme as
razões anexas.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.
Advogado (OAB).

Egrégio Superior Tribunal de Justiça (…)


1
Enunciado n. 225 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “O agravo em recurso especial ou extraordinário será
interposto nos próprios autos.”.

6
Razões de Recurso de Agravo em Recurso Especial.

Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (dados do processo de origem)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Da decisão agravada

O Agravante interpôs recurso especial contra o v. acórdão recorrido que manteve a


r. sentença de primeiro grau, a qual, sem o costumeiro acerto, julgou improcedente a ação
indenizatória movida na origem, afastando, em síntese, a condição de consumidor por
equiparação do Agravante, nos termos do art. 17 do Código de Defesa do Consumidor.

Ao exercer o juízo de admissibilidade do presente Apelo Nobre, o Eminente


Presidente do Tribunal a quo entendeu por bem inadmitir o trânsito do recurso, tendo em
vista que não estaria presente o requisito de prequestionamento e, também, haveria a
incidência da súmula nº 07 deste Egrégio Superior Tribunal de Justiça, visto que a pretensão
recursal veiculada pela Recorrente teria o condão de reanalisar o contexto fático da
demanda.

É contra essa decisão que o Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – Do prequestionamento

Um dos fundamentos utilizados pela r. decisão agravada para inadmitir o recurso


excepcional, diz respeito à suposta falta de pré-questionamento das questões ventiladas nas
razões recursais, o que, no entendimento do Tribunal a quo, encontraria óbice na súmula
211 do Superior Tribunal de Justiça.

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Com a devida vênia, da análise detida dos autos, é possível identificar que a
equiparação do Agravante como consumidor, nos termos do art. 17 do Código de Defesa do
Consumidor, vem sendo ventilada desde a petição inicial (fls. ____), na réplica à
contestação (fls. ____) e nas razões recursais anexadas ao recurso de apelação (fls. _____),
sendo, inclusive, objeto de expressa apreciação pela r. sentença.

Além disso, a despeito de o v. acórdão recorrido não ter enfrentado expressamente a


questão ora debatida, o Agravante opôs embargos de declaração em face do v. acórdão
recorrido, visando sanar o vício de omissão, o que, por si só, teve o condão de incluir os
elementos ventilados pelo Recorrente no v. acórdão recorrido, nos termos do art. 1.025 do
Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de
pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Assim sendo, resta claramente demonstrado que o Agravante, ao contrário do


quanto consignado pela v. decisão monocrática recorrida, cumpriu o requisito do pré-
questionamento para o regular processamento do Apelo Nobre, seja porque ventilou as
questões ora debatidas desde a Exordial, sendo, inclusive, apreciado pelo D. Juízo de
primeiro grau, seja porque o Agravante opôs embargos de declaração em face do v.
acórdão, incidindo, portanto, o disposto no art. 1.025 do Código de Processo Civil.

III – Da não incidência da Súmula 07 do Superior Tribunal de Justiça

Por outro lado, a r. decisão recorrida merece reforma igualmente no que tange o
fundamento de inadmissibilidade por incidência da Súmula nº 07/STJ, pautado,
supostamente, na necessidade de o Superior Tribunal de Justiça ter de revolver a matérias
fática produzida nos autos.

Isso porque, D. Julgador, conforme se depreende da simples leitura do v. acórdão


recorrido, os elementos fáticos que devem ser submetidos à subsunção aos dispositivos
legais foram expressamente consignados pelas instâncias ordinárias. Em outras palavras:
não será preciso que o Superior Tribunal de Justiça revolva a matéria fática tratada nos
autos, mas, sim, o reenquadramento da norma jurídica aos fatos já assentados pelo Tribunal
a quo.

8
Nesse sentido, registre-se entendimento jurisprudencial consolidado do Colendo
Superior Tribunal de Justiça acerca possibilidade de os Tribunais Superiores revisarem o
enquadramento jurídico sobre os fatos já fixados pelas instâncias ordinárias:

PROCESSO CIVIL E COMERCIAL. ENUNCIADO Nº 126 DA SÚMULA/STJ. VIOLAÇÃO REFLEXA


OU INDIRETA À CONSTITUIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA ENUNCIADO Nº 07 DA SÚMULA/STJ.
REVISÃO DO ENQUADRAMENTO JURÍDICO DOS FATOS. NÃO INCIDÊNCIA. PEDIDO.
INTERPRETAÇÃO. LIMITES. MARCA. COLIDÊNCIA. PROVA DE EFETIVA CONFUSÃO DO
CONSUMIDOR. DESNECESSIDADE. CARACTERIZAÇÃO. PARÂMETROS DE ANÁLISE.
DISPOSITIVOS LEGAIS ANALISADOS. ARTS. 124, XIX, DA LEI Nº 9.279/96.
1. Ação ajuizada em 12.03.2004. Recurso especial concluso ao gabinete da Relatora em 08.11.2012.
2. Recurso especial em que se discute se há violação da marca “CORPELLE”, bem como concorrência
desleal, na utilização da marca “CORTELLE”, para comercialização de produtos em um mesmo
segmento de mercado.
3. Não tem incidência o enunciado nº 126 da Súmula/STJ nos casos em que a alegada violação à
Constituição Federal é de natureza reflexa ou indireta. Precedentes.
4. O conhecimento do recurso especial como meio de revisão do enquadramento jurídico dos fatos
realizados pelas instâncias ordinárias se mostra absolutamente viável; sempre atento, porém, à
necessidade de se admitirem esses fatos como traçados pelas instâncias ordinárias, tendo em vista o
óbice contido no enunciado nº 07 da Súmula/STJ. Precedentes.
5. O pedido deve ser extraído da interpretação lógico-sistemática da respectiva petição (inicial,
contestação, recurso etc.), a partir da análise de todo o seu conteúdo. Precedentes.
6. A proteção conferida às marcas, para além de garantir direitos individuais, salvaguarda interesses
sociais, na medida em que auxilia na melhor aferição da origem do produto e/ou serviço, minimizando
erros, dúvidas e confusões entre usuários.
7. Para a tutela da marca basta a possibilidade de confusão, não se exigindo prova de efetivo engano por
parte de clientes ou consumidores específicos. Precedentes.
8. Tendo em vista o subjetivismo que cerca a matéria, a caracterização da colidência entre marcas se
mostra uma tarefa das mais árduas.
Diante disso, acabou-se por estabelecer parâmetros visando a possibilitar uma confrontação
minimamente objetiva: (i) as marcas devem ser apreciadas sucessivamente, de modo a se verificar se a
lembrança deixada por uma influência na lembrança deixada pela outra; (ii) as marcas devem ser
avaliadas com base nas suas semelhanças e não nas suas diferenças; e (iii) as marcas devem ser
comparadas pela sua impressão de conjunto e não por detalhes.
9. Deve-se reconhecer a colidência na hipótese em que houve primeiro o registro da marca CORPELLE,
para o ramo de vestuário, seguindo-se, tempos depois, o registro da marca CORTELLE, para o mesmo
segmento de mercado. Há clara e indiscutível existência de semelhança gráfica e fonética entre as
marcas, capaz de gerar confusão no consumidor médio. As palavras que compõem cada uma das marcas
são iguais em quase tudo, se diferenciando por uma única letra (CORPELLE e CORTELLE), tendo a
marca posterior aproveitado inclusive a utilização repetida da letra “l” (CORPELLE e CORTELLE).
Constitui peculiaridade da espécie, ainda, o fato de que os produtos com a marca CORPELLE era
comercializados nas próprias lojas da recorrida, tendo, curiosamente, havido a suspensão desse
fornecimento no exato momento em que a recorrida passou a vender em seus estabelecimentos a sua
marca própria CORTELLE. A conduta denota a má-fé no comportamento da recorrida, caracterizadora
de concorrência desleal, ficando evidente que a intenção foi confundir o consumidor, causando-lhe a
impressão de que os produtos com a marca CORPELLE continuavam a ser comercializados em suas
lojas, quando na verdade houve substituição por produtos de sua marca própria CORTELLE.
10. Recurso especial provido2 – Sublinhamos.

Portanto, D. Julgador, diante da desnecessidade de revolvimento fático pelo


Tribunal Superior, visto que o quadro fático já foi devidamente assentado pelas instâncias
ordinárias - e, principalmente, pelo v. acórdão recorrido-, cabendo, apenas, o

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Recurso Especial nº 1.342.955/RS, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rel. Min. Nancy Andrighi, julg. em
18.02.2014, disponível na internet em <www.stj.jus.br>, arquivo capturado em __.__.____.

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reenquadramento jurídico, impõe-se reconhecer a ausência de incidência do Enunciado nº 7
do Superior Tribunal de Justiça.

III – Dos requerimentos

Diante do exposto, o Agravante requer a V. Exa.:

i) Seja, inicialmente, a Agravada intimada pelo Diário Oficial, na pessoa de seus


advogados constituídos, para que, querendo apresente resposta no prazo legal, nos termos
do art. 1.042, §3º, do CPC;

ii) Caso constatado eventual vício ou ausência de algum documento exigível, seja a
Agravante intimada para sanar o vício, no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC;

iii) Ato contínuo, requer a V. Exa. seja exercido o juízo de retratação da r. decisão
agravada, a fim de reformar a r. decisão monocrática que inadmitiu o Apelo Nobre, na
medida em que estão presentes todos os requisitos para o seu processamento;

iv) Na hipótese de V. Exa. entender não ser o caso de retratação, seja, então,
remetido o presente recurso ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art.
1.042, §4º, do CPC, para conhecer o presente recurso e, ao final, dar provimento à pretensão
recursal da Agravante para o fim de reformar a r. decisão monocrática que inadmitiu o
Apelo Nobre, na medida em que estão presentes todos os requisitos para o seu
processamento.

v) Finalmente, em caso de provimento do presente recurso, a Agravante requer a


majoração dos honorários fixados pelo v. acórdão recorrido, à luz dos critérios
estabelecidos nos §§ 2º ao 6º, do art. 85, do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

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9.3.2. AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. DESEMBARGADOR (…) PRESIDENTE DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE (…)1

Recurso Extraordinário nº: (…)


Autos do processo originário nº (…)

(Agravante), já qualificada, por seus procuradores abaixo assinados, nos autos do


Recurso Extraordinário em que figura como Recorrida (Agravada), igualmente qualificada,
com fundamento nos artigos 1.042 e seguintes do Código de Processo Civil e art. 313,
inciso II, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, vem a presença de V. Exa.
interpor o presente AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO, em face da r.
decisão monocrática de fls. ___ que inadmitiu o recurso extraordinário de fls. ___/___,
conforme as razões anexas.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.
Advogado (OAB).

Egrégio Supremo Tribunal Federal


Razões de Recurso de Agravo em Recurso Extraprdinário.

1
Enunciado n. 225 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “O agravo em recurso especial ou extraordinário será
interposto nos próprios autos.”.

11
Agravante: (…)
Agravada: (…)
Origem: (dados do processo de origem)

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Eminente Relator
Ínclitos Julgadores

I – Da decisão agravada.

O Agravante interpôs recurso extraordinário contra v. acórdão recorrido que


reformou a r. sentença de primeiro grau, a qual, com a costumeira maestria do Magistrado
de piso, julgou procedente a ação de obrigação de fazer c/c indenização, sob o fundamento
de existência de coisa julgada.

Ao exercer o juízo de admissibilidade do presente Apelo Nobre, o Eminente


Presidente do Tribunal a quo entendeu por bem inadmitir o trânsito do recurso, tendo em
vista que não estaria presente o requisito de prequestionamento e, também, seria hipótese de
incidência da súmula nº 279 deste Colendo Supremo Tribunal Federal, ao presente caso,
visto que a pretensão recursal veiculada pelo Agravante teria o condão de reanalisar o
contexto fático da demanda.

É contra essa decisão que o Agravante pretende a reforma por meio do presente
incidente recursal.

II – Do prequestionamento

O primeiro fundamento utilizado pelo Tribunal a quo para inadmitir o Apelo Nobre
diz respeito à suposta falta de pré-questionamento das questões ventiladas nas razões
recursais e a consequente incidência do enunciado da súmula nº 356 do Supremo Tribunal
Federal.

Respeitada a convicção do Tribunal a quo, fato é que, da análise detida dos autos, é
possível identificar que os fundamentos ventilados nas razões recursais do Apelo Nobre
estão sendo ventilados desde a petição inicial (fls. ____) até as razões recursais anexadas ao

12
recurso de apelação (fls. ___), inclusive com enfrentamento expresso pela r. sentença de
primeiro grau (fls. ___), o que demonstra o prévio debate da questão.

Por outro lado, apesar de o Tribunal a quo não ter enfrentado expressamente a
questão constitucional ventilada no Apelo Nobre, o Agravante, diante da manifesta
omissão, opôs os devidos embargos de declaração, o que, por si só, enseja a inclusão dos
elementos constitucionais no v. acórdão, conforme dispõe o art. 1.025 do Código de
Processo Civil, in verbis:

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de
pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Ademais, registre-se importante lição de Rodolfo de Camargo Mancuso acerca da


impossibilidade de inadmissão dos recursos excepcionais, diante da oposição de embargos
declaratórios:

Parece indisputável que as consequências da leniência, da recalcitrância, ou da recusa injustificada do


Tribunal a quo, no tocante ao que constitui objeto dos embargos declaratórios prequestionadores
(condutas aquelas configuradoras de negativa de prestação jurisdicional!) não podem recair sobre a
parte que, diligentemente, intenta pavimentar o acesso ao STF ou ao STJ, tendo que, para tal, trazer à
baila a questão constitucional ou de direito federal comum2.

Assim sendo, resta claramente demonstrado que, ao contrário do consignado pela r.


decisão recorrida, a matéria constitucional veiculada no recurso extraordinário foi
devidamente prequestionada, seja porque a Recorrente ventilou as questões ora debatidas
desde a Exordial, inclusive, com expresso enfrentamento na r. sentença, seja porque opôs
embargos de declaração em face do v. acórdão recorrido, incidindo, portanto, o disposto no
art. 1.025 do Código de Processo Civil.

III – Da não incidência da Súmula 279 do Supremo Tribunal Federal

Outro fundamento consignado na r. decisão denegatória, refere-se à necessidade de


revolvimento do quadro fático delineado nos autos para acolhimento da pretensão recursal,
o que atrairia a incidência da Súmula 279/STF.

Com a devida vênia ressaltada, referido fundamento também não merece ser
mantido.

2
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso Extraordinário e recurso especial. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.
325

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Isso porque, D. Julgador, conforme se depreende da simples leitura do v. acórdão
recorrido, os elementos fáticos que devem ser submetidos à subsunção à questão
constitucional foram expressamente consignados pelas instâncias ordinárias. Em outras
palavras: não será preciso que o Pretória Excelso revolva a matéria fática tratada nos autos,
mas, sim, apenas promova o reenquadramento da norma constitucional aos fatos já
assentados pelo Tribunal a quo.

Portanto, D. Julgador, diante da desnecessidade de revolvimento fático por esta


Corte Suprema, tendo em vista que o quadro fático foi devidamente assentado pelas
instâncias ordinárias e, principalmente, pelo v. acórdão recorrido, cabendo, apenas, o
reenquadramento jurídico, impõe-se reconhecer a ausência de incidência do Enunciado nº
279 do Supremo Tribunal Federal.

III – Dos requerimentos

Diante do exposto, o Agravante requer a V. Exa.:

i) Seja, inicialmente, a Agravada intimada pelo Diário Oficial, na pessoa de seus


advogados constituídos, para que, querendo apresente resposta no prazo legal, nos termos
do art. 1.042, § 3º, do CPC;

ii) Caso constatado eventual vício ou ausência de algum documento exigível, seja a
Agravante intimada para sanar o vício, no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC;

iii) Ato contínuo, requer a V. Exa. seja exercido o juízo de retratação da r. decisão
agravada, a fim de reformar a r. decisão monocrática que inadmitiu o recurso
extraordinário, na medida em que estão presentes todos os requisitos para o seu
processamento;

iv) Na hipótese de V. Exa. entender não ser o caso de retratação, seja, então,
remetido o presente recurso ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 1.042, §4º, do
CPC, para conhecer o presente recurso e, ao final, dar provimento à pretensão recursal da
Agravante para o fim de reformar a r. decisão monocrática que inadmitiu o recurso
extraordinário, na medida em que estão presentes todos os requisitos para o seu
processamento.

14
v) Finalmente, em caso de provimento do presente recurso, a Agravante requer a
majoração dos honorários fixados pelo v. acórdão recorrido, à luz dos critérios
estabelecidos nos §§ 2º ao 6º, do art. 85, do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Data.
Advogado (OAB).

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