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MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ


DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE
ENGENHARIA ELÉTRICA
DISCIPLINA DE PROJETO FINAL

Conversor de interfaces RS232, RS485 e RS422 para Interface


RS485 e RS422 com proteção de isolamento ótico na linha de
dados, isolamento galvânico da fonte e supressores de surto.

Aluno:

Leonardo Francisco Santos


Leonardo.santos@nsn.com

Professor Orientador:

Ademar Luiz Pastro, M.Sc.


pastro@eletr.ufpr.br

Curitiba - PR
2007
MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE
ENGENHARIA ELÉTRICA
DISCIPLINA DE PROJETO FINAL

RELATÓRIO DE PROJETO FINAL

ii
Elaboração: Universidade Federal do Paraná
Ministério da Educação e do Desporto
Departamento Acadêmico de Eletricidade
Bloco PK - Tel. 361-3223
Cep 81531-990 - Curitiba - PR - Brasil

Brasil, Universidade Federal do Paraná.


Relatório de Projeto Final
Curitiba, UFPR-PR, 2007.
1. Universidade Federal do Paraná; Relatório.
2. Relatório de Projeto Final do aluno Leonardo Francisco Santos

iii
MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE
ENGENHARIA ELÉTRICA
DISCIPLINA DE PROJETO FINAL

RELATÓRIO DE PROJETO FINAL

Relatório do Projeto Final de graduação


realizado pelo aluno: Leonardo Francisco
Santos registro acadêmico GRR19953681,
durante o primeiro semestre de 2007.

Curitiba – PR
2007

iv
EQUIPE TÉCNICA

Professor Orientador

Ademar Luiz Pastro, M.Sc.

Projetista

Leonardo Francisco Santos

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Resumo

A comunicação de dados entre dispositivos eletrônicos é feita adotando

alguns padrões de interface entre os equipamentos. Dentro desses padrões

podemos destacar o RS232, RS422 e o RS485 como de grande utilização no

mercado. Esse trabalho contempla o projeto e a construção de um equipamento que

realiza a conversão dos sinais elétricos entre os padrões citados e garanta a

comunicação entre equipamentos que usem padrões diferentes, com atenção dada

às proteções elétricas para segurança na aplicação.

Abstract

Electronic devices communication is done using some Interface Standards

linking the equipments. Among all Standards, the RS232, RS422 and Rs482 impose

themselves as the most used in communication design market. This paper is about

the design and assembling of coupling equipment that converts electrical signals of

RS422, RS232 and RS485 Standards and makes possible communication between

equipments that uses different standards, with special attention to electrical safety

protections.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... 3

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 4

ACRÔNIMOS E GLOSSÁRIO................................................................................. 4

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 5

1.1. MOTIVAÇÃO.......................................................................................... 5

1.2. AGRADECIMENTOS............................................................................. 6

2. CONCEPÇÃO DO CONVERSOR................................................................ 6

2.1. NECESSIDADE DE MERCADO ........................................................... 7

2.2. ESPECIFICAÇÃO.................................................................................. 8

2.3. PADRÕES DE COMUNICAÇÃO........................................................... 9

2.3.1. PADRÃO RS232...................................................................... 10

2.3.2. PADRÃO RS485...................................................................... 13

2.3.3. PADRÃO RS422...................................................................... 14

2.3.4. COMPARAÇÃO ENTRE PADRÕES RS232, RS422

E RS485.................................................................................. 16

` 2.4. DIAGRAMA DE BLOCOS...................................................................... 16

3. IMPLEMENTAÇÃO DO CONVERSOR........................................................ 17

3.1. FONTE DE ALIMENTAÇÃO.................................................................. 18

3.1.1. DIAGRAMA DE BLOCOS DA FONTE.................................... 18

3.1.2. CIRCUITO DE ENTRADA....................................................... 19

3.1.3. RETIFICADOR DE ENTRADA................................................ 19

3.1.4. CIRCUITO DE CHAVEAMENTO............................................ 20

3.1.5. RETIFICADOR, FILTRO DE SAÍDA E CIRCUITO

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DE REALIMENTAÇÃO............................................................ 21

3.1.6. CIRCUITO CONTROLADOR.................................................. 22

3.1.7. CÁLCULO DOS COMPONENTES DA FONTE...................... 23

3.2. CIRCUITO DIGITAL............................................................................... 25

3.2.1 CIRCUITO DE ENTRADA......................................................... 25

3.2.2. CIRCUITOS CONVERSORES................................................. 25

3.2.2.1. CONVERSOR RS232................................................ 26

3.2.2.2. CONVERSOR RS485................................................ 27

3.2.2.3. CONVERSOR RS422................................................ 29

3.2.3. CHAVES SELETORAS............................................................ 30

3.2.4. CIRCUITOS DE PROTEÇÃO.................................................. 30

3.2.4.1. ISOLAMENTO ÓTICO................................................ 31

3.2.4.2. PROTEÇÃO DE SOBRETENSÃO............................. 32

3.2.4.3. RESISTORES DE TERMINAÇÃO..............................33

3.3. PLACA DO CIRCUITO DIGITAL............................................................ 34

3.4. RESULTADOS...................................................................................... 34

3.5. LEVANTAMENTO DE CUSTOS............................................................ 35

4. DIFICULDADES............................................................................................ 36

5. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS............................................................. 37

6. CONCLUSÃO............................................................................................... 38

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 39

8. ANEXOS....................................................................................................... 40

8.1. CRONOGRAMA INICIAL....................................................................... 40

8.2. ESQUEMÁTICOS E PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO................... 40

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de conversor de padrões de conexão de dados......................7


Figura 2 – Sinais de comunicação RS232............................................................... 10
Figura 3 – Exemplo de codificação RS232.............................................................. 11
Figura 4 – Níveis Lógicos no RS232....................................................................... 11
Figura 5 – Níveis de sinal no padrão RS485........................................................... 14
Figura 6 – Modelo de rede de comunicação usando RS422................................... 15
Figura 7 – Diagrama de blocos do conversor.......................................................... 17
Figura 8 – Diagrama de blocos da fonte ................................................................. 18
Figura 9 – Circuito de entrada da Fonte.................................................................. 19
Figura 10 – Circuito retificador................................................................................. 20
Figura 11 – Circuito de Chaveamento..................................................................... 21
Figura 12 – Circuitos de saída da fonte................................................................... 22
Figura 13 – Circuito Controlador.............................................................................. 23
Figura 14 – Circuito Conversor RS232.................................................................... 27
Figura 15 – Circuito de comunicação RS485 usando o 75176................................ 28
Figura 16 – Circuito de comunicação do Padrão RS422......................................... 29
Figura 17 – Isolamentos Óticos............................................................................... 31
Figura 18 – Circuito de Proteção a Sobretensão..................................................... 32
Figura 19 – Reflexão de sinal.................................................................................. 33
Figura 20 – Níveis de Sinal Obtido no RS485 full duplex........................................ 35

Figuras nos Anexos

Figura 8.1 – Disposição dos componentes na Placa Digital.................................... 40

Figura 8.2 – Conexões elétricas da face superior da Placa Digital......................... 41

Figura 8.3 – Conexões elétricas da face inferior da Placa Digital........................... 41

Figura 8.4 – Protótipo.............................................................................................. 42

Figura 8.5 – Esquema elétrico da Fonte Chaveada................................................ 42

Figura 8.6 – Esquema elétrico do circuito Conversor Digital................................... 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Principais características dos Padrões RS232, RS422 e RS485.......... 16


Tabela 2 – Funções dos Drivers e Receptores........................................................ 26
Tabela 3 – Função de Transmissão do integrado 75176........................................ 28
Tabela 4 – Função de Recepção do integrado 75176............................................. 28
Tabela 5 – Custo de desenvolvimento de Protótipo................................................ 36

ACRÔNIMOS E GLOSSÁRIO

AWG - Unidade de medida usada para padronização de fios e cabos elétricos


CMOS - Família de dispositivos eletrônicos que usa Semicondutores
Complementares de Metal-óxido.
DB9,DB25 e DB37 - Padrões de conectores (9 pinos, 25 pinos e 37 pinos)
Diodo Zener - diodo que trabalha na região de ruptura de tensão reversa
Driver -Emissor de sinais
EIA - Electronic Industries Association(Associação das Indústrias eletrônicas)
Filtro L/C - Filtro eletrônico composto por Indutores e Capacitores
Flyback - tipo de projeto elétrico para fontes.
Full Duplex e Half Duplex - Envio e recepção de sinais simultâneos ou alternados
GND - Referência de potencial elétrico nulo ou zero
Isolamento Galvânico - Transferência de energia elétrica sem ligação física.
Jumpers - Conexões elétricas indiretas(onde não é possível chegar com trilhas nas
placas)
MOSFET - Família de dispositivos eletrônicos que usa transistor de efeito de campo
de metal-óxido
PWM - Modulação de sinal na largura de pulso
Resistores de "Pull UP" - Ajustam o nível de sinal de um ponto do circuito elétrico
em relação à referência positiva.
Resistores de "Pull Down" - Ajustam o nível de sinal de um ponto do circuito
elétrico em relação à referência nula.
TTL - Família de dispositivos eletrônicos que usa Lógica transistor-transistor.

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1. INTRODUÇÃO

Os diferentes padrões utilizados atualmente para comunicação de dados

entre dispositivos eletrônicos, têm limitações de alcance e de número de conexões,

o que leva a uma variedade de padrões de comunicação no ambiente de automação

industrial, de escritório ou doméstico.

Apesar de ter um enfoque predominantemente acadêmico, o projeto pode ser

viabilizado comercialmente, visto que, o mercado nacional para dispositivos de

comunicação dados está em expansão e ainda não temos similares nacionais com

custo razoável.

Serão apresentadas neste documento todas as etapas de desenvolvimento

do conversor: concepção, projeto, montagem de protótipo e testes. Serão também

avaliadas as possibilidades de continuidade do desenvolvimento e dos resultados

obtidos, bem como um estudo de custos para implementação.

1.1. MOTIVAÇÃO

Este projeto foi iniciado com a intenção de ampliar o conhecimento nos

conceitos assimilados ao longo dos anos como aluno de graduação e de aplicá-los

de forma prática. Ele visa disponibilizar ao mercado uma opção abrangente de

conversão de padrões de comunicação para a indústria de automação, o mercado

doméstico e acadêmico.

Foi dedicada especial atenção aos sistemas de proteção ótica, galvânica e de

sobretensão, pois, as soluções nacionais atendem somente parte do escopo desse

projeto e soluções mais completas só estão presentes em modelos importados que

têm custo elevado.

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1.2. AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer aos colegas Heuller Procópio e Luis Moedinger por sua

colaboração e tempo dedicados a auxiliar na conclusão desse projeto. Sem sua

ajuda e paciência nos inesgotáveis questionamentos, esse projeto não seria

implementado no atual nível de maturidade.

Agradeço também ao orientador professor Ademar Luiz Pastro, pela

orientação, tempo dedicado e pelo conhecimento colocado à disposição para o

desenvolvimento desse projeto.

Finalmente, gostaria de agradecer minha família, Pai, Mãe, Esposa e Filha

que se envolveram diretamente dedicando tempo e paciência e entendendo os

momentos de ausência necessários para conclusão desse projeto de Graduação.

2. CONCEPÇÃO DO CONVERSOR

Para o desenvolvimento do conversor, foram verificados os modelos

disponíveis de conversores no mercado nacional, com fabricação nacional e

importados. Nestas consultas, ficou evidenciado que a grande maioria dos

conversores trabalha com somente um padrão de conversão, RS232/422 ou

RS232/485. Outra característica verificada foi a falta de vários tipos de proteção nos

produtos ofertados.

Partindo dessa informação, elaborou-se uma especificação, mostrada a

seguir, que prevê a conversão de três padrões de comunicação,

RS232/RS485/RS422 para RS485/RS422 com a maioria das proteções necessárias

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para uma operação segura em ambientes industriais ou domésticos, o que

proporciona uma maior gama de aplicação do conversor.

2.1. NECESSIDADES DE MERCADO

Uma configuração típica para comunicação de dados, sofre constantes

atualizações, possuindo vários equipamentos e padrões de comunicação diferentes,

como mostra a ‘Figura 1’.

Figura 1 – Exemplo de conversor de padrões de conexão de dados

Os conversores têm como principal objetivo permitir que sinais de padrões

diferentes e, principalmente, características de aplicação diferentes entre eles,

possam ser utilizados num mesmo ambiente operacional.

Nesse ambiente, um equipamento que possa tratar mais de um padrão tem

aplicações tais como aumentar a distância de conexões dos padrões, que no caso

do RS232 é de somente 15 metros, permitir a comunicação entre os diferentes

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padrões, isolar eletricamente um sistema do outro, adicionar proteções elétricas e de

ruído, entre outras.

Para atender as necessidades desse mercado, um produto deveria conter, no

mínimo, as seguintes características:

• Baixo custo de produção e manutenção;

• Compatibilidade com os padrões atuais de transmissão de dados;

• Apresentar proteções para os principais distúrbios elétricos

encontrados nos ambientes onde será instalado;

• Garantir a qualidade do sinal transmitido, mesmo que em grandes

distâncias.

• Conexão prática com os sistemas já instalados.

2.2. ESPECIFICAÇÃO

Partindo das necessidades descritas acima, foi elaborada uma especificação

para o projeto a ser desenvolvido. A relação a seguir, mostra essas especificações

de forma qualitativa:

• O projeto deve ter as entradas de padrão RS232, RS422 e RS485 e as

saídas de padrão RS422 e RS485;

• O equipamento deve converter os sinais de entrada para os níveis do

padrão de saída e garantir a compatibilidade e qualidade do sinal de

saída.

• As entradas e saídas devem ter isolamento elétrico entre si;

• O sistema deve operar com alimentação de +125 Vcc, um padrão de

alimentação usado na indústria, ou com alimentação entre 80 e 240 Vac;

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• As interfaces a serem convertidas devem ser escolhidas através de

chaves seletoras;

• Devem ser projetadas proteções para ruído na transmissão de dados,

surtos elétricos no canal de comunicação, possíveis reflexões de sinal

por causa de casamento de impedância e dispositivos para garantir a

qualidade do sinal;

• Os componentes eletrônicos, conectores, cabos e outros materiais

utilizados devem ser de fácil aquisição no mercado nacional visando

baixos custos de produção e manutenção;

• A fonte será fornecida com o conversor e deve apresentar as

proteções necessárias para garantir a funcionalidade do equipamento.

2.3 PADRÕES DE COMUNICAÇÃO

No início da transmissão de dados entre dispositivos eletrônicos, a

comunicação de dados era entendida como a troca de informação digital entre um

computador de grande porte(mainframe) central e um computador terminal remoto,

ou possivelmente entre dois terminais sem a presença de um computador.

Tais dispositivos eram ligados através de linhas telefônicas e, portanto,

necessitavam de modems em cada ponta da linha para a modulação e demodulação

do sinal.

Essas características levaram à criação de um modelo que garantisse uma

comunicação segura, e também a comunicação de equipamentos de diferentes

fabricantes. Este modelo iniciou o desenvolvimento dos padrões de comunicação de

dados que evoluiu para os padrões adotados atualmente.

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2.3.1. PADRÃO RS232

O Recommended Standard 232, RS232, é um padrão desenvolvido pela

Electronic Industries Association (EIA) e ITU V.24/V28. Ele descreve uma interface

padrão simples para equipamentos de comunicação de dados. O padrão RS232

inclui características do sinal elétrico (níveis de tensão), características de interface

mecânica (conectores), descrição funcional de circuitos interligados (a função de

cada sinal elétrico) e alguns tipos comuns de conexões terminal para modem. As

portas seriais do padrão IBM- PC seguem o RS232. [1]

O RS232 possui dois sinais de comunicação sendo o “Tx” aquele que envia

os dados, o “Rx” o que recebe os dados. Esse sinal binário é comparado com a

tensão do terceiro sinal GND como demonstra a ‘Figura 2’.

Figura 2 – Sinais de comunicação RS232

Os caracteres são enviados, um a um, como um padrão de bits. A principal

forma de codificação é a assíncrona start-stop, a qual define um bit de partida

seguido de 7 ou 8 bits de dados, possivelmente um bit de paridade, e mais 1 ou 2

bits de parada. O RS-232 é recomendado para conexões curtas (quinze metros ou

menos). A ‘Figura 3’ mostra um exemplo de codificação.

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Figura 3 – Exemplo de codificação RS232

Os sinais do RS232 variam de 3 a 25 volts positivos ou negativos, valores

próximos de zero não são sinais válidos. A região entre as tensões +3V e -3V é

chamada zona de transição. Os valores dependem da fonte de energia disponível.

O nível lógico “1” é definido por ser tensão negativa e tem significado

funcional de OFF (desligado). O nível lógico “0” é positivo e o seu significado

funcional é ON (ligado). A ‘Figura 4’ mostra os níveis lógicos e a zona de transição

do RS232.

Figura 4 – Níveis Lógicos no RS232

O sinal de “GND” tem a função de aterrar as outras conexões e é necessário

por ser através dele que se tem a referência do sinal. Se os equipamentos estiverem

muito longe, com diferentes fontes de eletricidade, o “GND” se degradará entre os

dois dispositivos e a comunicação irá falhar.

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As definições de sinais no RS232 podem ser subdivididas em seis categorias:

Sinal terra e armadura, Canal primário de comunicação, Canal secundário de

comunicação, Situação do Modem e sinais de controle, Sinais de sincronismo do

transmissor e receptor e Canal de sinais de teste.

Entretanto, somente duas dessas categorias são utilizadas na implementação

do conversor, pois, os padrões RS422 e RS485 não utilizam os demais sinais. As

duas categorias utilizadas são resumidas a seguir:

• Sinal Terra e armadura. Pinos 7, 1 e a carcaça, no DB25, compõem

essa categoria; é responsável pela referência única de Terra do padrão

RS232.

• Canal primário de comunicação. É usado para transferência de

dados e contempla os sinais de controle. O pino 2 é o de dados transmitidos (TxD) e

quando nenhum sinal é transmitido o pino é mantido com sinal lógico “1”. O pino 3 é

o de dados recebidos (RxD) e mantém sinal lógico “1”, se não há transmissão de

dados.

Os cabos para RS232 podem ser construídos com conectores disponíveis em

qualquer loja de eletrônicos. Os cabos podem ter conectores de 3 a 25 pinos. Cabos

"Flat RJ" (cabos de telefone) podem ser usados com conectores RJ-RS232 e são os

que apresentam a configuração mais fácil.

A razão pela qual é possível criar uma interface mínima com apenas três fios

para comunicações no padrão RS232 é que todo sinal RS-232 utiliza o mesmo fio

Terra para referência.

2.3.2. PADRÃO RS485

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Também desenvolvido pela EIA, o padrão RS485 especifica uma forma

diferencial de transmissão de sinais. A diferença de tensão entre os canais de

transmissão de dados é o que define o sinal transportado. [2]

É uma transmissão serial, half-duplex e multiponto onde uma polaridade do

sinal corresponde ao nível lógico “1” e a polaridade inversa representa o nível lógico

“0”. Os sinais variam de -7V a 12V.

O RS485 indica somente as características elétricas do “driver” e do “receiver”

e não especifica nenhum tipo de protocolo de dados. A alta velocidade de tráfego é

característica desse tipo de transmissão, entre 100kbits/1200m e 35Mbits/10m. Por

utilizar uma linha diferencial balanceada em par trançado, pode atingir os 1200 m

citados anteriormente sem perda na qualidade do sinal.

O RS485 é utilizado na indústria em comunicação de dados proprietários em

chão de fabrica e em automação predial, pois, pode controlar vários equipamentos

com somente um canal de comunicação sem ser atingido por interferências

eletromagnéticas por usar sinais diferenciais.

Também é muito utilizado em automação predial, por usar somente um cabo

e aceitando longos comprimentos, ideal para comunicação com equipamentos

remotos.

A linha diferencial do RS485 consiste em dois pinos:

• A ou(-) ou TxD-/RxD- ou Pino Inversor que é negativo (quando

comparado com o pino B) quando a linha de transmissão está ociosa;

• B ou (+) ou TxD+/RxD+ ou Pino Não-inversor que é positivo (quando

comparado com o pino A) quando a linha de transmissão está ociosa.

Sendo que as denominações A e B são as convencionalmente utilizadas.

Adicionalmente às conexões A e B, o padrão também especifica um terceiro ponto

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de interconexão, chamado C, que representa o “Terra” comum.

A ‘Figura 5’ mostra a variação de tensão nos pinos A e B de uma conexão

RS485 durante a transmissão de um Byte padrão RS232.

Figura 5 – Níveis de sinal no padrão RS485

2.3.3. PADRÃO RS422

O padrão RS422, como os citados anteriormente, especifica características

elétricas para transmissão de sinais digitais. Neste caso, trata-se de uma

transmissão com tensão balanceada ou de sinalização diferencial, com linhas de

transmissão unidirecionais e não reversíveis, com terminação ou não, ponto a ponto

ou multidrop que não permite drivers múltiplos, somente receptores múltiplos. [3]

Algumas das vantagens oferecidas por esse padrão incluem o receptor

diferencial, um driver diferencial, e altas taxas de transmissão de dados em baixas

distâncias. A especificação não indica um limite superior para taxas de transmissão,

mas sim, demonstra como a taxa se degrada com o aumento do comprimento do

cabo.

O RS422 especifica somente as características de sinalização para um único

sinal balanceado. Possui sinais de comunicação Tx+, Rx+, Tx- e RX-. Os sinais de

dados são indicados pela diferença de tensão entre as duas linhas de comunicação

e não pelo nível de tensão em relação a um “Terra”. Isso reduz muito os ruídos

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induzidos por fontes externas e, consequentemente, aumenta a distância que pode

ser atingida na transmissão.

Protocolos e pinagem de conectores são tratados em outra especificação. A

conexão mecânica dessa interface é especificada pela EIA-530 para o conector

DB25 ou pela EIA-449 para o conector DB37, entretanto, pode ser aplicado com 4

conectores para implementar somente os pares de transmissão e recepção. [4]

O padrão RS422 não possibilita implementar uma rede de comunicação

multiponto, como a RS485, mas um driver pode ser conectado a até 10 receptores.

A ‘Figura 6’ mostra um exemplo dessa configuração.

Figura 6 - Modelo de rede de comunicação usando RS422

Este padrão é largamente utilizado como um meio para estender o alcance de

um sinal RS232. O comprimento máximo utilizado para cabos sem comprometer o

sinal transmitido é de 1200 metros.

2.3.4. COMPARAÇÃO ENTRE PADRÕES RS232, RS422 E RS485

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Para melhor visualização, as características de cada padrão foram colocadas


na tabela 1.

RS232 RS422 RS485


Diferencial Não Sim Sim
Número máximo de drivers 1 1 32

Número máximo de receptores 1 10 32


Half duplex Half duplex Half duplex
Modos de operação Full duplex
Topologia de rede Ponto a ponto Multidrop Multiponto
Distância máxima (padrão) 15 m 1200 m 1200 m
Taxa de Transmissão a 12 m 20 Kbs 10 Mbs 35 Mbs
Taxa de Transmissão a 1200 m (1 Kbs) 100 kbs 100 kbs
Impedância do driver 3.7 kΩ 100 Ω 54 Ω
Sensibilidade de entrada do receptor ±3V ± 200 mV ± 200 mV
Variação de entrada do receptor ± 15 V ± 10 V – 7..12 V
Tensão máxima de saída do driver ± 25 V ±6V – 7…12 V
Tensão mínima de saída do driver
(com carga) ±5V ± 2.0 V ± 1.5 V

Tabela 1 – Principais características dos Padrões RS232, RS422 e RS485

2.4. DIAGRAMA DE BLOCOS

Iniciando o trabalho para atender as necessidades indicadas na especificação

do sistema, definiu-se o diagrama em blocos do sistema, mostrado na ‘Figura 7’.

Esse diagrama demonstra as principais etapas para aquisição, conversão, proteção,

disponibilização do sinal de comunicação e alimentação do circuito.

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Figura 7 – Diagrama de blocos do conversor

3. IMPLEMENTAÇÃO DO CONVERSOR

O conversor contém duas partes distintas, a fonte de alimentação, que é

responsável também pelo isolamento galvânico do circuito e o circuito digital,

responsável pelo tratamento do sinal transmitido entre os diferentes padrões.

Para implementação desse projeto, essas etapas foram desenvolvidas como

componentes isolados e, posteriormente, integrados no mesmo circuito usando, o

software Orcad, da Cadence Software. Após a etapa de design do circuito, foram

desenhadas as placas da fonte e do circuito digital e finalmente, completado o

protótipo.

A seguir, são explicadas as principais etapas de projeto do equipamento, bem

como, as características e funcionalidades dos principais componentes.

3.1. FONTE DE ALIMENTAÇÃO

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Devido aos tipos de proteções desejadas para esse projeto, optou-se por

desenvolver uma fonte de alimentação específica, não recorrendo a nenhuma fonte

padrão de mercado.

O modelo adotado foi o de uma fonte chaveada projetada como flyback, pois,

permite que tenhamos múltiplas saídas e isoladas galvanicamente em relação à

entrada. [5]

3.1.1. DIAGRAMA DE BLOCOS DA FONTE

A fonte pode ser dividida em onze blocos essenciais, conforme demonstra a

‘Figura 8’. Os blocos de retificação de saída e filtros de saída são idênticos, pois, a

tensão projetada é idêntica.

Figura 8 – Diagrama de blocos da fonte

3.1.2. CIRCUITO DE ENTRADA

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O Circuito de entrada é composto por um indutor, T3, responsável por atenuar

as correntes causadas pelas ondas de chaveamento de alta tensão que vem do lado

do Dreno do circuito de controle e um capacitor, C8, que em conjunto com o indutor

atenua as correntes emitidas na operação diferencial e que são causadas pelas

formas de onda triangulares ou trapezoidais da corrente do primário durante o

chaveamento.

A ‘Figura 9’ mostra o diagrama elétrico do circuito de entrada.

Figura 9 – Circuito de entrada da Fonte

Completando o circuito temos um fusível projetado para proteção contra

eventuais sobre-correntes.

3.1.3. RETIFICADOR DE ENTRADA

O circuito retificador de entrada é composto por uma ponte de diodos e um

capacitor que age como filtro como mostrado na ‘Figura 10’.

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Figura 10 – Circuito retificador

Como o nome diz, este circuito é responsável por retificar o sinal AC de

entrada num sinal de alta tensão DC para alimentar o circuito de chaveamento. A

característica mais importante é a tensão de operação, entre 85 volts e 265 volts.

3.1.4. CIRCUITO DE CHAVEAMENTO

O circuito de chaveamento, em conjunto com o controle, são os circuitos mais

importantes da fonte. Ele é responsável pela manutenção e chaveamento do sinal

aplicado no primário. É composto por um conjunto de dois diodos, um chamado de

Clamp, D2, e outro de bloqueio, D3, que trabalham em conjunto para garantir o

“pinçamento” dos pulsos de tensão causados pela indutância do outro componente

do circuito, o enrolamento primário do transformador, T1.

A ‘Figura 11’ mostra o diagrama elétrico do circuito de chaveamento.

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Figura 11 – Circuito de Chaveamento

O secundário do transformador é enrolado de maneira a fornecer as tensões

para cada uma das saídas e também para o circuito de realimentação do controle.

Este componente é o que merece maior cuidado em seu projeto, pois tem que ser

projetado respeitando todas as características e necessidades da fonte chaveada.

3.1.5. RETIFICADOR, FILTRO DE SAÍDA E CIRCUITO DE REALIMENTAÇÃO

Essas etapas realizam retificação da tensão de secundário, através de

diodos, D4 e D5 respectivamente, e capacitores, C4 e C5, e também filtram esse

sinal, no caso dos circuitos de saída, através de um filtro L/C, composto por L1 e C2

e L2 e C3, respectivamente. Como as tensões de saída são idênticas, temos dois

circuitos com componentes iguais que compartilham o mesmo GND.

A segunda saída alimenta, através de um resistor, R2, um diodo zener, D7, e

a parte emissora de um acoplador ótico, U2, do circuito de realimentação. Isto é feito

para garantir o isolamento galvânico entre os circuitos de conversão de cada

interface.

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Este circuito, formado por um circuito retificador, D6 e C6, alimentando a parte

receptora do acoplador ótico, U2, é acionado pela segunda saída de tensão e

garante que a informação de nível de sinal seja realimentada no circuito controlador.

A figura 12 mostra os circuitos de saída da fonte. [6]

Figura 12 – Circuitos de saída da Fonte

3.1.6. CIRCUITO CONTROLADOR

O circuito controlador é responsável pela correta operação da fonte chaveada.

Toda operação de controle é realizada por um circuito integrado que controla o

circuito de chaveamento através de uma referência realimentada de uma das saídas

da fonte.

O circuito integrado, U3, é composto basicamente por um MOSFET, um

controlador PWM (Pulse Wavelength Modulation ou Modulação em largura de

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pulso), um circuito de start up de alta tensão, um compensador e circuitos de

proteção [7]. A operação é realizada através de 3 pinos: Dreno(D), Controle(C) e

Fonte(S).

A ‘Figura 13’ mostra como o integrado é conectado aos outros circuitos.

Figura 13 – Circuito Controlador

O Dreno vai ligado ao circuito de chaveamento, o Controle recebe o sinal do

circuito de realimentação e o Fonte é conectado ao GND do lado primário.

3.1.7. CÁLCULO DOS COMPONENTES DA FONTE

O primeiro passo para calcular os componentes da fonte é definir os

requisitos de operação do sistema a ser alimentado [8]:

• Entrada (VAC) : 85-265V

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• Freqüência de entrada: 60Hz

• Freqüência de chaveamento: 100Khz

• Tensão de Saída(Vo): 3x 5 Volts

• Potência de Saída(Po): 2x 2 Watts

• Eficiência (η): 0,75 (padrão)

• Variação no sinal de saída: ±5%

• Regulação de carga : ±1%

Partindo desses requisitos, escolhemos o controlador TOP221 para utilização no

circuito. Este integrado, para atender os valores acima, precisa de uma tensão de

realimentação de 12V e utilizar, o circuito de realimentação com acoplador ótico e

diodo zener.

O capacitor do circuito de entrada, C1, é escolhido ajustando o tempo de

condução da ponte retificadora em Tc=3ms, e baseado em tabela fornecida pelo

fabricante, usando-se a fórmula de 3µF por watt de potência de saída. No caso

dessa fonte temos 4W de potência total, então C1 tem valor de 12 µF.

Para se calcular o diodo Clamp, precisa-se saber o valor da tensão refletida

de saída (valor tabelado pelo fabricante) e através disso calcular a tensão de

operação do Zener Clamp. Para uma entrada entre 85-230 volts tomamos a tensão

refletida como 135 V, o que nos dá uma tensão no Zener de 200 V.

O cálculo do transformador foi realizado com um fator de utilização de

primário de Kp= 0,5 e variação do fluxo magnético de ∆B = 0,3T. Isso nos deu um

transformador enrolado com fio AWG26, num núcleo E20, com 58 espiras no

enrolamento primário e 4 espiras em cada enrolamento de secundário.

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3.2. CIRCUITO DIGITAL

Essa etapa do projeto tem como principal função, servir como entrada,

conversão e saída de sinais transmitidos, tendo como função adicional inserir

proteções contra surtos de energia, reflexão e isolamento ótico.

A seguir são apresentados os principais circuitos e características

operacionais desta etapa. São eles: o circuito de entrada, os circuitos conversores,

as chaves de seleção de interfaces e o circuito de saída. [9]

3.2.1 CIRCUITO DE ENTRADA

O circuito de entrada é composto por 3 conectores (um DB9 e um tipo Borne

de três pinos para RS232 e um tipo Borne de 5 pinos para RS485 e RS422).

O circuito RS232 também tem uma chave seletora para inversão de RX-TX

para evitar que uma conexão errada dos cabos de saída comprometa a

funcionalidade do equipamento.

Esta etapa do projeto foi desenvolvida para atender aos conectores hoje

utilizados como padrão na indústria, podendo ser alterado para aplicações

específicas.

3.2.2. CIRCUITOS CONVERSORES

Estes circuitos visam converter o sinal recebido em um dos conectores

RS232, RS422 ou RS485 no sinal equivalente RS422 ou RS485 na saída. Também

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temos algumas portas inversoras com histerese para compensar possíveis ruídos

introduzidos no sinal.

Ela é composta de três circuitos elétricos, um para cada tipo de interface,

descritos a seguir.

3.2.2.1. CONVERSOR RS232

No conversor RS232, é utilizado um integrado driver/receptor RS232, o

MAX232. Sua principal função é converter as entradas RX-TX do RS232 no receiver

em níveis TTL/CMOS de 5 V e converter os níveis CMOS/TTL em níveis RS232 no

driver. A tabela de função de cada driver e receiver é mostrada abaixo. Nota-se que

o driver e o receiver são inversores do sinal lógico.

Cada Driver Cada Receptor


Entrada Saída Entrada Saída
L H L H
H L H L
H = Nível Alto H = Nível Alto
L = Nível Baixo L = Nível Baixo

Tabela 2 – Funções dos Drivers e Receptores

O circuito para operação do integrado foi montado utilizando somente um

conjunto driver/receiver do integrado que utiliza as portas T2IN-OUT e R2IN-OUT.

Para isso, deve-se alimentar os pinos 11(T1IN) e 13 (R1IN) com VCC e deixar os

pinos 12 (R1OUT) e 14 (T1OUT) em aberto, para garantir a operação do integrado.

Os capacitores ligados aos pinos 1 a 6 são de valores indicados no Catálogo do

componente.

A ‘Figura 14’ mostra o diagrama elétrico dessa etapa do projeto.

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Figura 14 – Circuito Conversor RS232

3.2.2.2. CONVERSOR RS485

Esse circuito aparece na entrada e saída do equipamento, sendo composto

por um circuito integrado 75176 para entrada, outro para saída, uma porta inversora

74HC14 trabalhando como buffer de corrente e proteção contra ruídos e um

capacitor de 10 pF. Esses capacitores foram dispostos ao lado de cada componente

integrado para filtrar possíveis ruídos decorrentes de distúrbios elétricos. [10]

Sua função é de receber e converter os sinais elétricos RS485 para os

padrões TTL/CMOS. O circuito integrado 75176 faz esse papel, pois é um

transceiver de três-estados capaz de tratar sinais de -7V a 12V e compatível com o

padrão RS422.

Suas tabelas de funções são mostradas a seguir:

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Tabela 3 – Função de Transmissão do integrado 75176

Tabela 4 – Função de Recepção do integrado 75176

Onde X – Condição nula

Z – Estado de Alta Impedância

Falha – Condição imprópria da linha de transmissão causando

dissipação de energia excessiva no driver.

Os circuitos elétricos dos conversores de cada etapa do circuito, são

demonstrados na ‘Figura 15’

Figura 15 – Circuito de comunicação RS485 usando o 75176

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Existem outros integrados que realizam a mesma função, mas o 75176 tem

uma ótima relação custo benefício e é encontrado com facilidade no mercado

regional de componentes.

Os terminais B3, A3, B1 e A1 são conectados aos circuitos de proteção que

serão discutidos a seguir.

3.2.2.3. CONVERSOR RS422

O circuito que trata da conversão do padrão RS422 é composto por dois

75176, pois o RS422 usa dois pares diferenciais para trafegar os dados ao invés de

1 par como o RS485. A ‘Figura 16’ mostra o circuito elétrico de comunicação do

padrão RS422.

Figura 16 – Circuito de comunicação do Padrão RS422

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Visando economia de custos, usamos o circuito do padrão RS485, descrito

anteriormente, como um dos canais diferenciais do RS422. Para isso, inserimos uma

chave seletora nos circuitos de entrada e saída, que informa qual dos canais vai

operar como driver ou receiver.

Ambos os esquemas elétricos tem portas 74HC14 para buffer de corrente e

retirada de ruídos. No caso do circuito de saída temos os LEDs que indicam quando

o circuito está operando como RX ou TX.

As entradas B3, A3, B4, A4 e saídas B1, A1, B2, A2 são conectadas aos

circuitos de proteção que serão discutidos a seguir.

3.2.3. CHAVES SELETORAS

O equipamento tem 6 chaves responsáveis por selecionar os modos de

operação do conversor. Essas chaves podem ser divididas em 3 grupos, seletoras

de padrão, seletora de impedância e proteção contra a inversão de RX-TX no

RS232.

3.2.4. CIRCUITOS DE PROTEÇÃO

O circuito digital além de converter os diversos padrões de comunicação,

também tem a função de proteger os equipamentos ligados a ele. Para isso, foram

incluídos alguns sistemas de proteção ao projeto digital. Estes recursos serão

discutidos a seguir.

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3.2.4.1. ISOLAMENTO ÓTICO

Para garantir que a diferença de tensão entre os equipamentos no canal de

comunicação não causem danos nos equipamentos conectados ao dispositivo,

foram incluídos no circuito dois acopladores ópticos 6N136, que fazem o isolamento

elétrico entre as diferentes etapas do circuito.

Cada canal de comunicação, RX e TX, têm um acoplador ótico,

acompanhado de uma porta inversora com histerese para eliminação de ruídos da

transmissão.

O 6N136 pode operar em até 2MHz e tem uma tensão de isolamento de 2500

Vac. O circuito de apoio foi projetado usando informações do Catálogo do

componente. A ‘Figura 17’ mostra o circuito elétrico onde estão inseridos esses

componentes.

Figura 17 – Isolamentos Óticos.

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3.2.4.2. PROTEÇÃO DE SOBRETENSÃO

Para garantir a capacidade do equipamento para tratar surtos de tensão

aplicados aos canais de comunicação, foi inserido aos canais de entrada e saída um

circuito de proteção.

Este circuito é composto de alguns resistores de “Pull Up”, R12, R14, R24 e

R26 e “Pull Down”, R20, R22, R32 e R34, responsáveis por manter um sinal nas

portas de entrada e saída mesmo que não exista nenhum sinal sendo transmitido e

um conjunto de diodos de comutação rápida UF4007 e diodos supressores de surto

1,5kE6,8A.

A principal função é garantir que qualquer surto de tensão no canal de

comunicação seja suprimido. Para isso usamos os diodos de comutação rápida em

conjunto com os diodos supressores de surto, fazendo com que a sobretensão seja

direcionada aos 1.5kE6,8 A ao invés de passar ao canal de comunicação.

Esse circuito não existe para a entrada RS232, pois, com a pequena distância

possível nesse padrão, 12 metros, a possibilidade de geração de sobretensão

nociva à interface é praticamente nula. A ‘Figura 18’ mostra o diagrama elétrico

desse circuito.

Figura 18 – Circuito de Proteção a Sobretensão


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3.2.4.3. RESISTORES DE TERMINAÇÃO

Os resistores de terminação são comuns nas redes de padrão RS422 e

RS485 e sua principal função é evitar a reflexão do sinal transmitido nos canais de

comunicação.

A ‘Figura 19’ mostra como funciona a reflexão nos canais.

Figura 19 – Reflexão de sinal

A reflexão causa distorção do sinal, o qual contribui para erros na

comunicação. Este problema pode ser solucionado incluindo uma impedância, de

valor próximo à impedância característica da linha de transmissão, no final da

mesma; isso se faz através dos resistores de terminação.

Incluímos dois valores de resistores de terminação, 120Ω e 220Ω que podem

ser alterados através de chave seletora para atender aos principais valores

característicos de impedância.

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3.3. PLACA DO CIRCUITO DIGITAL

A placa do Circuito Digital foi projetada usando o software Orcad, da Cadence

Software. Foi utilizada uma placa dupla face e uma disposição de componentes para

que houvesse redução do número de “jumpers” necessários para implementação do

Circuito.

O esquema elétrico e o layout final são mostrados no anexo 8.2.

3.4. RESULTADOS

Após a montagem dos componentes na placa do circuito Digital, foram

realizados testes para verificar a funcionalidade dos circuitos projetados.

Devido à indisponibilidade de equipamentos com todos os protocolos, os

testes foram realizados usando um gerador de sinais regulado para níveis de sinal e

freqüência similares aos dos padrões adotados.

Esses sinais foram injetados em cada uma das interfaces, simulando um sinal

de Rx ou TX e foram verificados os níveis de tensão e as formas de onda do sinal

em cada etapa do circuito, para verificar se estavam de acordo com os sinais

esperados para essas etapas.

Os resultados para a interface RS232/RS485 estavam dentro do esperado,

tendo os níveis de sinal e formas de onda os valores esperados, inclusive, a

interferência esperada ao incluir os resistores de terminação.

Ao testar os modos de operação RS485/RS422 houve funcionamento parcial,

com resultados diferentes do esperado ao selecionar o modo full duplex do RS485.

A “Figura 20” mostra o sinal obtido em relação ao sinal esperado

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Figura 20 – Níveis de Sinal Obtido no RS485 full duplex

Os mesmos resultados foram obtidos num segundo protótipo, o que levou a

descoberta de erro em uma das trilhas da placa de circuito impresso, levando o

diodo D20, do circuito de proteção de surto a ser polarizado diretamente, gerando a

queda de tensão no sinal de saída.

Testes adicionais deverão ser realizados nesse modo de operação para

estabilizar o circuito antes de torná-lo comercial.

3.5. LEVANTAMENTO DE CUSTOS

Foram levantados os custos para desenvolvimento do Protótipo, incluindo a

etapa da fonte. As tabelas 5 e 6 mostram esses valores para o protótipo e para o

custo estimado de produção de cada placa.

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Custo do desenvolvimento do Protótipo


Discriminação Valor (R$)
Confecção das placas (2) 400
Componentes eletrônicos 90
TOTAL 490
Neste valor não estão considerados custos de
desenvolvimento, Licenças de Software e Custos
operacionais.

Tabela 5 – Custo de desenvolvimento de Protótipo

4. DIFICULDADES

As primeiras dificuldades encontradas para realização desse projeto foram

determinar quais seriam as funcionalidades a serem incorporadas no circuito que

atendessem as necessidades de mercado e que fosse factível de ser implementadas

no tempo disponível.

Outro tema que demandou esforço foi a necessidade de aprender a usar as

ferramentas de softwares necessárias para o design do circuito e das placas de

circuito. O conhecimento prévio nessas ferramentas era nulo em alguns casos.

A simulação, pretendida no inicio desse projeto, teve quer ser deixada para

implementação em desenvolvimentos futuros, pois, não tinha modelos para alguns

componentes escolhidos devido ao seu custo e criá-los demandaria dedicação e

tempos somente disponíveis em caso de implementação comercial.

Houve dificuldade em conseguir que empresas especializadas em

enrolamento de transformadores realizassem a construção do transformador dentro

do prazo de apresentação desse trabalho.

Como o transformador da fonte projetada não tem similar no mercado e a

produção desse tipo de transformador requer além de conhecimento de técnicas de

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construção, materiais especiais para isolamento entre os enrolamentos, optou-se por

construir o protótipo em desenvolvimentos futuros, com prazos maiores, utilizando

empresas especializadas.

O disponibilidade de alguns componentes como diodos rápidos ou

acopladores ópticos para os circuitos de proteção também dificultaram a

implementação do protótipo.

O fornecimento de componentes como as placas de Circuito Impresso para

protótipo é demorado e caro em nossa região.

5. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Como a comunicação de dados é um campo em constante evolução,

devemos levar em conta o desenvolvimento futuro de facilidades e alterações nas

características do conversor. Algumas delas são as seguintes:

• Implementação de detecção automática de tipos de padrão a serem

convertidos.

• Inclusão de outros tipos de interface, como USB ou fibras óticas.

• Alteração de alguns componentes para aumentar a capacidade de

transmissão de dados.

• Desenvolvimento de soluções de baixo custo derivadas do mesmo

projeto, atendendo somente algumas das características descritas.

• Aprofundamento no desenvolvimento da fonte chaveada visando o

mercado que necessita de isolamento galvânico entre as interfaces

convertidas.

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• Desenvolvimento de rotinas de testes e aplicação com condições de

mercado para viabilização do projeto como produto comercial.

6. CONCLUSÃO

Os mercados industrial, acadêmico e doméstico para dispositivos de

comunicação de dados vêm crescendo em ritmo acelerado devido à expansão de

plantas industriais, o desenvolvimento de novos centros comerciais e urbanos.

Como os dispositivos fabricados em larga escala normalmente não atendem

as necessidades específicas de proteção ou tipos de conexão disponíveis, cria-se a

necessidade de desenvolvimento de soluções mais dedicadas a nichos de mercado,

como o dispositivo desse projeto.

Foi demonstrado que, podemos desenvolver, com baixo custo, uma solução

abrangente e de qualidade para conversão de padrões de comunicação de dados.

Essa solução atende às normas e requisitos planejados e pode ser desenvolvida

para tornar-se um produto competitivo de mercado.

O projeto demonstrou ser viável tecnicamente e comercialmente,

dependendo somente do desenvolvimento de algumas funcionalidades, de

fornecedores que possam fornecer os componentes com qualidade e prazo

melhores do que os conseguidos no estágio de protótipo,

Finalmente, houve o ganho pessoal de conhecimento no desenvolvimento de

projeto adquirido ao longo desses 4 meses, em áreas como design de circuito,

tratativas de falhas sistêmicas, layout de circuitos, o uso dos padrões citados,

relacionamento com fornecedores e montagem dos componentes.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Data communications Basics - Christopher E. Strangio - 2006


http://www.camiresearch.com/Data_Com_Basics/data_com_tutorial.html#anchor205159

[2] RS422/485 Application Note - B&B Electronics – 2007

[3] RS-422 Bus - Leroy Davis – 2007


http://www.interfacebus.com/Design_Connector_RS422.html#top

[4] Introduction to RS422 - Lammert Bies - 2007


http://www.lammertbies.nl/comm/info/RS-422.html#intr

[5] Switching-Mode Power Supply Design Introduction - Jerrold Foutz - 2006


http://www.smpstech.com/tutorial/t01int.htm#SMPSDEF

[6] Power Integrator Reference Designs - 2007


http://www.powerint.com/designsupport.htm

[7] Fontes Chaveadas - José Antenor Pomilio - Publicação FEE 13/95 – revisão 2007
http://www.dsce.fee.unicamp.br/%7Eantenor/fontchav.html

[8] The Power Fontes Manufacturers Association Handbook - 2nd Ed


http://www.smpstech.com/books/bookp.htm#PSMA0001

[9] Catálogos dos componentes: MAX232, 74HC14, 75176 e 6N136

[10] Evitando Ruídos em Projetos de PCI - Suporte Eletronica .org —2007


http://www2.eletronica.org/artigos/outros

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8. ANEXOS

8.1. CRONOGRAMA INICIAL

8.2. ESQUEMATICOS E PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO

Todos os esquemáticos e placas foram projetados usando a ferramenta

Orcad 9.0.

A figura 8.1 demonstra a face superior da placa, somente com a disposição

dos componentes e conectores.

Figura 8.1 – Disposição dos componentes na Placa Digital

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A figura 8.2 demonstra a face superior da placa, mostrando as trilhas do

circuito elétrico.

Figura 8.2 – Conexões elétricas da face superior da Placa Digital

A figura 8.3 demonstra a face inferior da Placa, onde estão as demais trilhas

que compõem o circuito elétrico.

Figura 8.3 – Conexões elétricas da face inferior da Placa Digital

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A figura 8.4 mostra a placa com os componentes já montados utilizada como

Protótipo.

Figura 8.4 – Protótipo

A figura 8.5 mostra todo o esquema elétrico da fonte chaveada

Figura 8.5 - Esquema elétrico da Fonte Chaveada

A figura 8.6 mostra todo o esquema elétrico do circuito Conversor Digital

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Figura 8.6 – Esquema elétrico do circuito Conversor Digital

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