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PME 2310 - Origem Da Microestrutura Dos Metais
PME 2310 - Origem Da Microestrutura Dos Metais
MECÂNICA
Prof. Dr. André P. Tschiptschi - PMT
Prof. Dr. Hélio Goldenstein - PMT
Prof. Dr. Amilton Sinatora – PME
A maioria dos métodos de obtenção dos metais passa necessariamente por uma etapa de
fusão de matérias primas, obtendo-se metal líquido, seguida da solidificação deste metal.
A solidificação pode ser em moldes, obtendo-se peças com dimensões próximas às
dimensões finais em outros casos, como para lingotes ou pós obtidos por solidificação de
gotículas, o material, antes de atingir as forma final, deve ser trabalhado no estado
sólido. (ou sólido mais líquido).
ΔT = Ts – T (Equação 1.1)
Onde:
Ts é a temperatura de equilíbrio entre as fases líquido e sólido (temperatura de inicio da
solidificação);
T é a temperatura na qual a reação de solidificação esta ocorrendo.
Sabe-se, ainda, que a taxa de nucleação N* depende ainda mais fortemente do super-
resfriamento obedecendo a uma relação do tipo
Das equações 1.2 e 1.3 depreende-se que quanto maior o super-resfriamento menor será
o tamanho do núcleo crítico e maior a quantidade de núcleos formados. A diminuição da
mobilidade atômica com o decréscimo da temperatura impõe um limite natural ao aumento
indefinido da taxa de nucleação com o super-resfriamento. A etapa de crescimento
também depende do super-resfriamento de uma forma semelhante.
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Para finalizar estas considerações preliminares sobre solidificação é importante lembrar
que a nucleação de cristais é em geral heterogênea, ou seja, ocorre sobre substratos que
podem ser a parede do molde, partícula sólida de impurezas ou do próprio metal sólido
presentes no líquido. Em decorrência, o número de átomos necessários para a formação
de um núcleo bem como o super-resfriamento necessário para a solidificação são, na
realidade, significativamente menores do que os que ocorreriam se a nucleação fosse
homogênea.
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maioria dos casos práticos fora do equilíbrio e sem que haja uma restrição externa à
variação da temperatura, ou seja, a temperatura de reação na prática pode variar no
transcurso da reação. A temperatura efetiva de reação será fruto do balanço térmico
entre o calor retirado pelo meio ambiente a liberação de calor latente durante a
solidificação decorrente das reações de nucleação e crescimento. A variação de
temperatura pode ser visualizada em curva Temperatura X tempo, conhecidas como
curvas de análise térmica, visualizadas na Figura 1.1.
(A) (B)
Em sistemas binários como o da figura 1.3, nos quais após a solidificação obtêm-se uma
solução sólida, ocorrerá variação da temperatura durante o andamento da solidificação,
como se depreende da aplicação da regra das fases. Verifica-se que à pressão constante
o número de graus de liberdade será igual a 1 (F = 1) pois P = 2 (duas fases), C = 2 (dois
componentes, dois elementos químicos).
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Obtendo-se curvas semelhantes a anterior para várias composições químicas pode-
se ligar os pontos de início e de fim de solidificação como ilustrado na Figura 2. Dessa
forma determinam-se as linhas liquidus, de início de solidificação e solidus, de fim de
solidificação. As curvas liquidus e solidus tem ainda mais um significado. A solidus indica
para cada temperatura a composição da fase sólida que esta em equilíbrio com líquido e a
liquidus indica para a mesma temperatura a composição da fase líquida em equilíbrio com
sólido. O coeficiente de partição k = Cs/Cl indica a relação entre a composição das
fases. Quando este coeficiente é maior que a unidade, o soluto concentra-se no sólido
durante a solidificação e no liquido quando k< 1.
Figura 1.2: A - Sistema binário. B - Curva de resfriamento idealizada para uma liga do
sistema.
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Cs sendo a composição do sólido;
Cl, a composição do liquido
Quando este coeficiente é maior que a unidade, o soluto concentra-se no sólido durante a
solidificação e no liquido quando k< 1.
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Onde:
Fs é a fração de sólido;
Fl é a fração de líquido;
L3 é a composição do líquido em T3;
X3 = Xé a composição original média do metal;
α3 é a composição do sólido em T3;
Como a difusão no estado sólido é muito mais lenta que no estado líquido é de se esperar
que o ajuste das composições se dê mais rapidamente no estado líquido não havendo
tempo suficiente para homogeneização de composições no estado sólido. Na figura 1.5
para a liga de composição X0, a solidificação se inicia em T1 com a formação de cristais
de composição α1. Em T2 o líquido passa para a composição L2 e o sólido que se forma tem
a composição α2. A composição média do sólido neste instante pode ser representada por
α'2 já que não houve tempo suficiente para que houvesse modificação da composição dos
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primeiros cristais formados . Quando a temperatura cai para T3 a composição do sólido é
dada por α'3 já mais afastada da composição de equilíbrio α3. Na temperatura T4 tería-
se o término da solidificação da liga X0 em equilíbrio, com a composição α4 = X0.
Entretanto a composição média do sólido é α'4 existindo ainda uma porcentagem de
líquido presente.
Quando a temperatura cai para T5 temos o final da solidificação pois o último cristal
solidificado tem composição α5 e a composição da liga é α'5 = X0.
Pode-se expressar a composição de cada uma das camadas formadas na solidificação fora
do equilíbrio através de equações. Uma delas, devida a Scheil, expressa a concentração
na camada solidificada como:
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Cs = k C0 (1- fs)(k-1) (Equação 1.8)
Onde:
Cs é a composição do último sólido formado;
C0 é a composição do líquido;
fs é a fração de sólido na temperatura;
k é o coeficiente de partição.
2.4- Homogeinização
Onde:
D é o coeficiente de difusão na temperatura de estudo;
D0 é o coeficiente de difusão referência;
Q é a energia de ativação para difusão;
R é a constante dos gases;
T é a temperatura de difusão em graus Kelvin
Quando a liga foi aquecida um pouco acima da linha solidus diz-se que foi liquada ou queimada.
A fusão geralmente ocorre nos contornos de grão e regiões interdendríticas da liga formando
um fino filme de líquido separando os cristais. A resistência da liga é destruída imediatamente;
peças fundidas e complexas perdem a forma e podem rachar e quebrar-se em pedaços. As ligas
com grande intervalo de solidificação são caracterizadas como "frágeis a quente" pois a liquação
pode ocorrer a uma temperatura bastante abaixo daquela em que se esperaria o início de fusão..
A ocorrência de microssegregação requer que se tome cuidados adicionais na seleção da
temperatura de tratamento térmico pois causa decréscimo da temperatura sólidus
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2.5- Liquação
Quando a liga foi aquecida um pouco acima da linha solidus diz-se que foi liquada ou
queimada. A fusão geralmente ocorre nos contornos de grão e regiões interdendríticas da liga
formando um fino filme liquido que separa os cristais. A resistência da liga é destruída
imediatamente; peças fundidas e complexas perdem a forma e quando tocadas podem rachar e
quebrar-se em pedaços. As ligas com grande intervalo de solidificação são caracterizadas como
"frágeis e quente" pois a liquação pode ocorrer a uma temperatura bastante abaixo daquela em
que se esperaria início de fusão. Como mencionado acima a liquação pode ocorrer em
temperaturas menores que a temperatura solidus se a liga estiver zonada..
A solidificação fora das condições de equilíbrio produz, como se viu acima, estruturas
microssegregadas. Além disso, em virtude da solidificação ser, na prática heterogênea e se dar,
sempre com algum super-resfriamento, ocorrem a formação simultânea de diversos núcleos de
cristalização em cada peça ou lingote.
Cada núcleo de cristalização tem uma direção cristalográfica e vai dar origem a um
grão. Os metais solidificados normalmente são, portanto, policristalinos, com cada grão com uma
direção cristalográfica aleatória, correspondente à orientação do núcleo que a originou. É
possível solidificar um monocristal; neste caso a solidificação se dá a partir de um único núcleo
ou semente. Esta forma de solidificação tem grande importância prática, como na fabricação de
semicondutores e pás de turbinas especialmente na sua região mais quente.
No caso mais geral, ao se preencher um molde com metal líquido, a rápida extração de calor
junto à superfície interna (parede do molde) vai promover uma intensa cristalização nesta
região, formando uma camada de grãos extremamente finos e abundantes, conhecida como
região coquilhada. Estes grãos apresentam direções cristalográficas ao acaso, aleatórias.
Este fato faz com que se estabeleça uma competição entre os inúmeros cristais nucleados junto
á superfície do molde. Como normalmente existe um gradiente de temperatura na direção normal
à parede da lingoteira, os cristais que por acaso tenham suas direções de crescimento rápido
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alinhadas ou paralelas à direção de máxima extração de calor irão crescer mais rapidamente,
como esquematizado na Figura 1.6.
A região colunar está presente na maioria das peças ou lingotes. Ela é tanto maior quanto
maior a capacidade térmica do molde em comparação com o metal líquido. Assim, moldes
menores ou de paredes mais grossas tendem a dar regiões colunares mais espessas,
devido a um gradiente térmico mais intenso, implicando em um crescimento unidirecional
de sólido.
No centro das peças ou lingotes costuma aparecer uma região formada por grãos com
formato poligonal, de dimensões iguais em todas as direções (grãos equiaxiais), que é
chamada de região equiaxial.
A figura 1.7 mostra esquematicamente as três zonas encontradas, no caso mais geral, em
uma peça fundida.
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Figura 1.7 - Zonas clássicas de cristalização de uma peça solidificada.
Nos metais cúbicos, tanto o eixo principal da dendrita como seus braços secundários (e
eventualmente ternários) correspondem a direções <100>, direções de crescimento mais
rápido dos cristais.
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Figura 1.8 - a) Crescimento dendrítico na zona colunar; b) Crescimento dendrítico na zona
equiaxial.
Os grãos alongados da zona colunar apresentam dendritas longas, com o braço principal
alinhado na direção do gradiente térmico, ao passo que os grãos da zona equiaxial
apresentam dendritas aproximadamente equiaxiais.
O tamanho dos grãos das três regiões dos lingotes ou peças é muito importante como se
verá em outro capítulo, pois está relacionado diretamente com as propriedades de
resistência dos metais. Este tamanho de grão pode ser variado na solidificação mediante,
por exemplo, a elevação do super-resfriamento para a solidificação, uma vez que, como
discutido anteriormente, maiores super-resfriamentos levam a menores tamanhos de
grão. Outro caminho já apontado para o refino dos grãos é intensificar a nucleação
heterogênea, mediante, por exemplo, adição artificial ao liquido de substratos.
Este fenômeno não teria maior importância se a variação de composição química não
acarretasse também a variação de propriedades mecânicas. Por exemplo, as regiões que
contém teores de enxofre, ou de fósforo, ou de ambos, acima de certos limites,
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apresentam propriedades mecânicas inferiores. O aço torna-se mais duro, quebradiço,
menos maleável e oferece um campo favorável à propagação de fissuras. Por esse motivo,
na especificação do aço, ou de peças de aço, é comum fixarem-se com rigor os limites
máximos tolerados para os teores desses elementos. A sua verificação é feita pela
análise química de uma amostra tirada de modo que os valores determinados representem
a composição média do material.
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Figura 1.9 - Transformação de heterogeneidade dendrítica em textura fibrosa por
conformação plástica.
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Figura 1.10: Exemplo de solução sólida substitucional.
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Figura 1.12: Efeito do tamanho de grão na tensão de escoamento (VanVlack)
Onde:
Sy é a tensão de escoamento,
So é a resistência do reticulado à movimentação de discordâncias
d, é o tamanho de grão.
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Tabela 1: Aplicações e propriedades das ligas C71500 e C70600 (Metals Handbook Vol 2
1979)
Liga Aplicações Propriedades
Su Sy A(%)
(Mpa) (Mpa)
C71500 Condensadores, Tubos 305 110 42
evaporadores e trocadores de calor,
tubos para água do mar, tubos
destiladores.
C71500 H55 As mesmas 415 395 10
C70600 As mesmas 415 170 45
Nesta tabela a designação H55 indica um dos encruamento da liga por laminação a
frio. No caso significa “encruamento moderado para aplicações gerais”. A designação H
deriva de Hardned e resultou num aumento da tensão de resistência e numa grande
elevação da tensão de escoamento acompanhada de redução no alongamento. Estes são
resultados comuns no encruamento dos metais e podem ser produzidos pela laminação,
estiramento, forjamento, embutimento, ou mesmo durante o ensaio de tração a frio. O
efeito da deformação plástica a frio pode ser removido por tratamentos térmicos que
promovem a recristalização do material. Como ocorre o encruamento, as alterações nas
propriedades mecânicas dele decorrente e a recristalização foram estudadas em
PMT2100 e podem ser revistas nos itens 6.6 a 6.8 do VanVlack.
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Figura 1.13: Efeito do aumento da quantidade de soluto substitucional em algumas
propriedades de ligas do sistema Cu-Ni.
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Tabela 2: Especificações e custos relativos de materiais para molas.
A Figura 13, da mesma fronte mostra as propriedades dos materiais acima. Verifica-se
que a resistências das molas decresce com a elevação do seu diâmetro. Nota-se ainda que
a forma de decréscimo depende do material.
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Figura 13: Propriedades dos materiais para molas em função do diâmetro do fio.
Com o que se aprendeu até este ponto e talvez um pouco de pesquisa adicional é
possível responderem-se as duas primeiras questões da lista:
Questões
01 - Explique as propriedades dos materiais para molas trefilados em função do
diâmetro.
02 - É possível obter uma mola de diâmetro maior com propriedades de uma com
diâmetro menor? Como?
03Esquematize a evolução da microestrutura durante a solidificação de uma liga de um sistema
binário isomorfo
04 - Qual o efeito do aumento da taxa de resfriamento no número de grãos da região coquilhada.
Discuta usando curvas de resfriamento.
05 – O tamanho de grão pode ser variado na solidificação mediante, por exemplo, a
elevação do super-resfriamento para a solidificação. Mediante análise das equações 1.2 e
1.3 justifique esta afirmativa.
06 - Qual o efeito do aumento da taxa de resfriamento no número de grãos da região
coquilhada. Discuta usando curvas de resfriamento.
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07 - O que deve acontecer com o numero de braços secundários de dendritas em função
do aumento do super-resfriamento? Justifique.
08 - Qual a conseqüência sobre a microssegregação do aumento da taxa de
resfriamento? Refletir na resposta as questões 3, 4 e 5.
09 - Para uma mesma temperatura dentro de um campo de duas fases compare, usando a
regra das alavancas a quantidade de líquido e sólido entre um sistema que se solidifica em
equilíbrio e outro que se solidifica fora do equilíbrio.
10 - Discuta o efeito de se aquecer lentamente ou rapidamente uma peça com
microssegregação durante o tratamento térmico de homogeneização da mesma.
Bibliografia
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Handbook, vol 15 - Casting. Formerly, 9th Ed. Metals Handbook, 1988, p 99 -186.
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7 R. C.Juvinal & Marshek K.M Fundamentals of Machine Component Design John Wiley &
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