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ESCOLHAS

© 2021. Michel Barbosa • Aluno UFRJ - DRE 121076627


Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde
que citada a fonte.

FICHA TÉCNICA
Este livro faz parte do trabalho final de Design Básico &
Seminário Básico I da turma 2021.1, para a conclusão do 1º
período em Desenho Industrial - Projeto de Produto.
Projeto Gráfico: Michel Barbosa
Textos e Diagramação: Michel Barbosa
Ilustrações: Michel Barbosa
Professor orientador: Patrícia March

M 623 Santos, Michel Barbosa, 1996 -


Escolhas: Decidindo o Seu Futuro/ Michel Barbosa -
Rio de Janeiro, Edição Independente, 2021.
1,79 MB.; PDF

1. O metrô e o trem. 2. A ligação. 3 Comunicação Visual e Desenho


I Título.
SUMÁRIO

Introdução------------------------------------ 11
Capítulo 1: O metrô e o trem------------------- 13
Capítulo 2: A ligação-------------------------- 19
Capítulo 3: Comunicação Visual e Desenho------ 27
Capítulo 4: O Design-------------------------- 33
Capítulo 5: O Fim do Dia---------------------- 37
INTRODUÇÃO

Acredito que nós não decidimos com a certeza


sobre o resultado delas. Apenas tomamos atitudes
com a expectativa de que tudo dê certo no final,
mas bate aquela insegurança e nos perguntamos
“Será que fiz a escolha certa?”.

Até que, com o passar das situações, vemos quais


os frutos nascem a partir de tal decisão. Estar aqui,
hoje, dissertando essa introdução, é fruto de uma
decisão tomada em setembro no ano de 2015.

Naquele ano, com aquela pressão de qual carreira


seguir, perto de terminar o ensino médio, precisava
fazer algum curso ou se engajar numa carreira pro-
fissional. Uma preocupação com um futuro me fez
procurar algum curso disponível para me profissio-
nalizar, e o programa do PRONATEC era uma opor-

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tunidade. É sobre essa decisão que este pequeno
livro relata o dia que escolhi a área do Design.

Esse livreto traz essa experiência, do momento tive


que decidir, sabendo que poderia ser uma oportu-
nidade, não a última, mas, sim, única de fazer uma
escolha certa que, infelizmente, quase errei jus-
tamente pela pressão em ter que fazer algo com o
medo de perder tempo.

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O TREM
E O METRÔ
Ao conversar com uns colegas de turma do ter-
ceiro ano, no ensino médio, quando estávamos
discutindo sobre qual carreira profissional se-
guir, foi abordado as oportunidades do programa
PRONATEC, que foi um programa do governo Dilma
para jovens se qualificarem no nível técnico.

Alguns estavam decididos a seguir a carreira da


nutrição, outros da indústria química, têxtil, e ou-
tros não quiseram seguir nenhuma das possibilida-
des do campo técnico.

Após dias de conversa sobre carreira profissional, fiz


uma pesquisa profunda sobre os cursos disponíveis
no programa com parceria a Firjan-SENAI. Pensei
que seguiria a carreira na indústria têxtil ou fazer

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moda, fazendo o curso de técnico em produção de
moda. Era o único curso com vagas disponíveis que
tinha mais ou menos a ver com aquilo que desejava
fazer.

Organizei o meu dia seguinte! Saí da escola, passei


em casa e me organizei para fazer a inscrição no
curso. Entrando no metrô para fazer baldeação com
o trem, estava inseguro ainda sobre a decisão, pois,
não tinha certeza e não queria fazer um curso rela-
cionado com moda, por achar arrogante as pessoas

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que estão nesse cenário. Tinha medo da competi-
ção egocêntrica, pelo que também a possibilidade
de uma piora de caráter foi uma dos motivos que
me deixaram inseguro.

Fiz uma comparação metafórica sobre as linhas


do metrô, porque pensei na minha vida como uma
composição sobre os trilhos com destinos, pensan-
do se algo poderia mudar minha decisão. Quando
estava já no trem, em direção ao Senai Cetiqt,
descendo na estação de Riachuelo, quase saindo da
estação, recebi uma ligação que mudou drastica-
mente a escolha do curso.

Dentro do meu coração, na minha mente, disse


para mim mesmo: “Você não pode fazer moda e
isso não tem a ver com você!”

O TREM E O METRÔ 19
A LIGAÇÃO

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Quase não usamos o celular para fazer ligação
hoje em dia, na maioria das vezes apenas deixa-
mos uma mensagem, encaminhamos áudios no
WhatsApp. Mas naquele período as coisas não
estavam tão atualizadas como hoje. A ligação era
importante.

A carga do meu celular não estava completa. Corria


o risco de não receber uma ligação. Quando estava
perto de decidir parte da minha vida, uma amiga
me ligou desesperadamente. Ela gritava: “Migo!
Migo! Não faça essa inscrição porque o SENAI abriu
vaga para comunicação visual”. E eu “Jéssyca o que
é isso?”, respondeu ela: “É área de design gráfico,
tudo a ver com você!”. Rapidamente, voltei para o
trem e esperei chegar na estação em Maracanã.

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Naquele dia, errei o caminho, pois existem duas
unidades da Firjan-SENAI naquela região. O ho-
rário estava perto de bater às 16h00, ou seja, as
inscrições seriam encerradas. Andei, corri, cansei
e já estava quase perto de ter uma queda de pres-
são. Com muito sacrifício cheguei no outro polo do
Senai, no Maracanã.

Estava ofegante e feliz, eufórico e com dúvidas


também. Fiz minha inscrição no curso mesmo as-

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sim, com a expectativa de construir minha carreira
como profissional.

Aquela ligação mudou totalmente o rumo da minha


vida, diante de um dramático momento de decisões
que poderiam ser tomadas e acabar traçando uma
linha na minha vida sob uma frustração por não
estar fazendo o que realmente tivesse a ver com o
que gosto. Se não fosse a Jéssyca através daquela
ligação, nem sei onde estaria.

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COMUNICAÇÃO VISUAL
E O DESENHO
O tempo que fiz a inscrição até iniciar o curso foi
curto e peguei uma das últimas vagas disponíveis.
Quando iniciei o curso, lembro que as unidades
curriculares iniciais me trouxeram uma sensação
incrível.

Estudar sobre cor, história da arte, tipografia, dese-


nho, luz e análise da imagem me aquietou. Descobri
que o universo da comunicação era o que me
completava, que tinha a ver com o que fiz sempre
desde criança: desenhar.

Desenhar sempre foi uma forma de transportar


minhas dores, meus medos e de me esvaziar das
pressões e traumas. Sempre gostei de papel, lápis,
canetinha e caneta. Desenhava por horas. Cheguei

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até desenhar com tijolo sobre o asfalto figuras
como do Jerry (do desenho “Tom & Jerry”), projetar
amarelinhas no chão com 6 anos.

As pessoas ficavam admiradas quando desenhava


com aquela precisão. Até que na escola, durante
o colegial, na antiga segunda série, os professo-
res sentaram e conversaram comigo, pedindo para
desenhar um castelo para ser inserido no conto do
Soldadinho de Chumbo.

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Os meus desenhos sempre comunicaram todos
os meus sentimentos. Hoje consigo entender me-
lhor como desenhar era uma forma de manifestar,
artisticamente, o que estava dentro de mim, o que
não conseguia explicar com palavras. Mas, quando
cheguei na adolescência, parei de desenhar, não fiz
cursos para aprimorar todo aquele talento.

Quando comecei o curso técnico a nostalgia tomou


conta de mim. Reencontrei com o meu eu criança.
Papel, tinta/pigmento, grafite, fotografia e edições
de imagens, tudo isso me lembrou dos momentos e
das longas horas que passava desenhando.

A comunicação visual era a ponte entre o prodígio


desenhista adormecido.

COMUNICAÇÃO VISUAL E O DESENHO 31


O DESIGN
O que se deu ao longo do curso de comunicação
visual até sua conclusão, foi uma base firme para
declarar ser o que escolhi fazer para o resto da
vida. Não se trata mais de sucesso, mas de uma
satisfação em pensar design, observar design, viver
design.

Ao concluir o curso, no ano de 2016, parte dos meus


colegas migraram para diversas áreas do design.
Um estuda História da Arte na UFRJ, outro virou
fotógrafo urbano, outros cursaram/cursam design
gráfico. Mas, também outros decidiram que não
era a área deles, ao que daquela turma saiu fisio-
terapeuta, bibliotecária, cantor, instrumentista (de
percussão) e outras coisas.

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Ninguém, de certa forma, saiu do Design.

Entretanto, muitos não sabem que, de alguma for-


ma, estudar comunicação visual e entender sobre
outras áreas do design influenciou nas suas car-
reiras. Afinal, o design está na mecânica, o design
está nas cores, o design está na comunicação de
ideias e conceitos, na expressão do ser humano, no
auxílio técnico em servir, ajudar e organizar.

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Estar na UFRJ, cursando Projeto de Produto, o de-
sign do produto, entender todas as representações
possíveis, diz sobre como realmente me encontrei
no Design. Talvez, quem sabe, futuramente, chegue
a outra área do design, mas com certeza que sem-
pre tive de que é isso que gosto de fazer.

Os colegas seguiram suas carreiras, mas, sem


dúvidas, em algum momento da vida deles, irão
lembrar de que o Design marcaram suas vidas e o
futuro de cada um.

O DESIGN 37
O FIM DO DIA
Quando o dia chegou ao fim, percebi que tomei a
melhor decisão da minha vida. Porque tudo o que
aconteceu depois daquele dia girou e gira em torno
daquela escolha.

O que aconteceu de ruim, o que aconteceu de bom,


os desafios e obstáculos, os ganhos e perdas, altos
e baixos… absolutamente tudo o que ocorreu desde
aquele dia modificou minha vida.

A forma de ver o dia, de observar as pessoas e de


observar qualquer objeto, produto, placa e material
publicitário, de panfleto a outdoor, tudo ganhou
uma percepção diferente diante dos meus olhos.
Nada ficou monótono quando entrei pelas portas
daquela instituição de curso. Talvez, a maior mu-

O FIM DO DIA 41
dança foi a admiração pelos profissionais da área e
o relacionamento com as pessoas — isso é o me-
lhor, mesmo!

Aquele dia nunca mais volta, mas o que foi plan-


tado ainda está em crescimento. E cada dia, a raiz
criativa firma meus pés. Tudo se tornou incrivel-
mente mais fascinante. Só resta nas recordações os
momentos ímpares que escolher viver design me
fez tomar decisões.

As escolhas nos fazem dar passos para futuras


decisões, portanto, se a vida lhe der oportunidades,
escolha o que te modifica, o que te torna uma pes-
soa determinada, e durma tranquilamente diaria-
mente sabendo que foi a melhor coisa que você já
fez para si.

O FIM DO DIA 43
Essa foto é um dos registros arquivados como memória
do tempo que fiquei no SENAI. Acho que meu sorriso de-
monstra o quanto me fez bem aqueles meses.

MICHEL BARBOSA
ESCOLHAS

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