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Eficácia da Arbitragem Comercial Internacional na Resolução de Conflitos no Comércio

Exterior Brasileiro

Autoria: Debora Novak de Souza

Resumo

A utilização da arbitragem estava prevista na legislação brasileira, mas caiu em desuso com o
fortalecimento do Estado. Atualmente foi dado novo impulso à Arbitragem Comercial
Internacional através da nova lei brasileira de arbitragem. A arbitragem pode ser entendida
como um julgamento entre partes privadas, com um juiz também privado denominado árbitro.
O objetivo deste estudo é verificar se a Arbitragem Comercial Internacional é a forma mais
adequada de resolução de conflitos do comércio exterior brasileiro. Para se identificar
possíveis vantagens desse sistema foram realizadas entrevistas e análise de três casos de
arbitragens internacionais. Desse modo, identificou-se que tanto o judiciário quanto a
arbitragem possuem pontos positivos e negativos, mas, para determinados tipos de conflitos
do comércio internacional, a Arbitragem Comercial Internacional apresenta algumas
vantagens, como conhecimento específico do árbitro, celeridade e sigilo, que melhor atendem
às necessidades das partes.

1. Introdução

A Arbitragem Comercial Internacional tem seus primórdios nas sociedades grega e


romana antigas e é considerada uma forma alternativa ao sistema jurídico estatal desde que
este foi instituído, na Idade Média (GUERREIRO, 1993). A arbitragem teria função idêntica à
função jurisdicional do Estado, sendo menos estática na sua composição e execução,
beneficiando quem a ela recorrer devido à sua celeridade e especialização (GUERREIRO, op.
cit.). Sua celeridade surge da própria especialização, pois o árbitro escolhido pelas partes
conflitantes deverá ser conhecedor do tema do conflito e das leis aplicáveis para resultar no
melhor desfecho para ambas as partes.
A Arbitragem Comercial Internacional é amplamente utilizada nos dias atuais devido
a sua abrangência (STRENGER, 1996), podendo ser aplicada tanto aos países desenvolvidos,
ou de livre mercado, quanto aos países em desenvolvimento, sem restrição. Porém, há cerca
de três décadas havia entre empresários e advogados uma certa relutância em aceitar que a
arbitragem poderia ter êxito. Com o passar do tempo, houve uma transformação desta
mentalidade e a arbitragem passou a ser considerada como um procedimento normal para a
resolução de conflitos nacionais e internacionais (CREMADES, 1998). O crescente número
de países signatários de Convenções Internacionais que regulamentam a Arbitragem
Comercial Internacional confirma esta transformação. Estes tratados têm como objetivo
aumentar a cooperação entre as nações, demonstrando a importância que a arbitragem hoje
possui (CREMADES, 1998; STRENGER, 1996).
Devido ao seu caráter multi-cultural, a solução de um conflito entre duas ou mais
empresas, sediadas em países diferentes, com diferentes valores, necessidades e realidades, se
torna uma questão muito mais delicada do que a resolução de um conflito nacional,
envolvendo entidades que possuem a mesma bagagem cultural e histórica. Um conflito mal
resolvido pode fazer com que uma das partes envolvidas rompa o relacionamento comercial
gerador do conflito, ao passo que, se bem resolvido, este mesmo conflito pode reforçar a
confiança entre as partes, mantendo o vínculo entre estas (ETCHEVERRY, 1998).

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Com base nestas mudanças e as características delicadas e complicadas da
arbitragem, desenvolveu-se este estudo visando verificar se a Arbitragem Comercial
Internacional constitui a forma mais adequada para resolução de conflitos internacionais
decorrentes do comércio exterior brasileiro.

2. Arbitragem Comercial Internacional

Arbitragem é reconhecida como uma forma de justiça, pelo fato de ser “o exercício
de uma função judicial em transações do comércio internacional” (STRENGER, 1996, p. 24),
que pode ser exercida por qualquer pessoa, jurista ou leigo. A natureza da arbitragem
internacional é de caráter misto, tendo uma origem convencional no que diz respeito à
cláusula compromissória, e uma função jurisdicional, pois se estabelece contratualmente para
solucionar controvérsias entre pessoas de direito privado e/ou público (STRENGER, 1996,
p.24; BARRAL, 1999). As partes recorrem à arbitragem comercial internacional, pois
desejam um julgamento que considere seus costumes, como pessoas de negócios, já que a
justiça Estatal costuma aplicar estritamente as leis do direito, sem levar em conta as
particularidades do comércio (STRENGER, 1996).
Uma arbitragem pode ser definida como internacional quando as partes estiverem
estabelecidas em Estados diferentes; quando o local da arbitragem se localizar fora do Estado
no qual as partes se estabeleceram; ou quando houver transferência de mercadorias, serviços,
ou tecnologia de um país a outro (BAPTISTA, 1994; CAIVANO, 1998; GARCEZ, 1994;
UNCITRAL, 1985). Em resumo, isto significa que a arbitragem pode ser considerada
internacional a partir do momento em que alguma característica pertencente ao contrato
comercial exceder os limites de um país.
Devido à dinâmica da evolução do comércio internacional, os contratos
internacionais estão exigindo normas e procedimentos que não são compreendidas pela
doutrina jurídica clássica, a qual não consegue acompanhar esta evolução, mostrando-se
inadequada para este tipo de relação comercial (GARCEZ, 1994). Os contratos comerciais
internacionais são regidos por um conjunto de normas supranacional, não estabelecido “entre
nações, mas acima delas […] desligada de qualquer tipo de conexão com ordens jurídicas
internas ou nacionais” (GUERREIRO, 1993, p. 6). Assim, o comércio internacional tem na
lex mercatoria, que é a consolidação das práticas e costumes do comércio internacional, uma
lei própria e na arbitragem um meio alternativo de solução de conflitos (ETCHEVERRY,
1998; GARCEZ, 1994).
Na literatura recente é possível ler que a procura pela Arbitragem Comercial
Internacional tem aumentado devido às dificuldades enfrentadas nas cortes Estatais. A
identificação das características que diferem entre o litígio Estatal e o processo arbitral é
importante para que se escolha o procedimento mais adequado a cada caso. A arbitragem e a
justiça Estatal têm em comum o fato de serem decisões elaboradas por terceiros para
resolução de um conflito, onde esta decisão obrigatoriamente tem que ser seguida. Mas,
mesmo entre Estados que possuem sistemas jurídicos bastante evoluídos permanece entre as
partes litigiosas grande desconfiança a respeito da imparcialidade deste julgamento, devido à
falta de familiaridade com o sistema alheio, desconhecimento da língua local e inexperiência
do tribunal em matéria do comércio internacional (IOANNOU, 1995; STRENGER, 1996).
Além disso, as partes costumam evitar o procedimento estatal devido aos altos custos,
lentidão e alta publicidade. Costumam desconfiar do resultado dos juizes por conta de sua
falta de especialização no que diz respeito ao comércio internacional e sua possível
parcialidade devido à identificação nacional com uma das partes (STRENGER, op. cit.).

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Algumas vantagens da arbitragem são sua compatibilidade com diversas culturas,
rapidez dos procedimentos, flexibilidade, confiabilidade, especialização dos árbitros,
autonomia da vontade das partes para aplicação da lei, decisão irrecorrível e de execução
obrigatória, possibilidade de escolha de um local neutro, ausência de interferência da justiça
Estatal, confidencialidade de informações maior do que no sistema judiciário, utilização de
árbitros neutros que tenham experiência no assunto da disputa, potencial economia de tempo e
dinheiro, e a preservação do relacionamento entre as partes na maior parte das ocasiões
(ETCHEVERRY, 1998; GARCEZ, 1994; SLATE II, 1998).
Estes são itens de grande preocupação na hora da escolha de um meio de resolução
de conflitos. A instituição arbitral escolhida, em muitos casos, tem um grande papel na hora
de controlar as despesas e o tempo gasto com o processo. O árbitro tem o papel
imprescindível de conduzir a arbitragem da forma mais eficiente e no menor tempo possível,
tentando evitar gastos excessivos. Mas para isso, ele precisa ser capacitado e ter tempo para se
dedicar ao caso (PUCCI, 1998).
Tem-se, sobretudo, a vantagem de se ter sigilo nas operações arbitrais, ao contrário
do judiciário, cujos autos estão livremente à disposição do público. A confidencialidade do
processo arbitral é garantida, muitas vezes, pela própria instituição arbitral, pois muitas já
dispõem em seus regulamentos sobre sigilo processual. Também, as partes podem ampliar ou
reduzir o alcance desse sigilo de acordo com suas necessidades (MUNIZ, 1999, p. 111). A
vantagem do sigilo oferecida pela arbitragem interessa às partes pelo fato de que impede
danos a sua imagem perante seus pares.
Na América Latina não há divulgação clara da Arbitragem Comercial Internacional,
o que leva ao aumento da desconfiança existente entre seus empresários em relação ao
processo (BARRAL, 1999). Para dirimir essas desconfianças, é necessário buscar
informações sobre as diferentes instituições arbitrais e também sobre os procedimentos
independentes, conhecidos como arbitragens ad hoc, que se constituem quando as partes não
designam uma instituição arbitral, nem um conjunto de regras, para servir de guia para a
realização do processo arbitral (STRENGER, 1998, p. 64). Assim, as partes conhecem as
funcionalidades do procedimento e das câmaras arbitrais, que auxiliam na simplificação dos
processos arbitrais, eliminando o sentimento de confusão existente no momento de definição
das diferentes etapas do julgamento arbitral (ETCHEVERRY, 1998).
Um dos mais gritantes problemas enfrentados na comparação da justiça estatal e a
arbitragem é o fato de que o cumprimento da sentença desta última, em alguns casos, acaba
sendo realizado apenas com execução forçada (STRENGER, 1996). Passo importante seria a
constituição de normas ou procedimentos realmente internacionais, os quais possibilitariam
reconhecimento automático por parte dos países de uma sentença arbitral. Parte das sentenças
é cumprida espontaneamente, sem necessidade de se recorrer ao Estado, pois muitas câmaras
arbitrais têm disposições que apontam os inadimplentes ao público (STRENGER, 1996). Para
evitar ser rotulado como inadimplente mesmo quem não concorda com o resultado acaba
cumprindo as determinações do laudo arbitral. Um grande defeito da Arbitragem Comercial
Internacional é a necessidade de se submeter uma decisão arbitral ao poder dos tribunais, pois
neste momento a autonomia do processo, que é uma de suas características mais importantes,
se encerra (STRENGER, 1996).
A necessidade de se recorrer aos tribunais para obter a homologação das sentenças
arbitrais, constitui, para quem prefere a arbitragem por sua celeridade, um desperdício de
tempo (STRENGER, op. cit.). Deveria-se, então, ter ido diretamente ao tribunal estatal, já que
quem vai decidir se a sentença tem valor de execução, ou não, é o próprio tribunal. A Lei
9.307/96 (BRASIL, 1996), a nova lei brasileira de arbitragem, avançou neste sentido

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acabando com a necessidade de laudos arbitrais proferidos no país serem homologados pela
justiça brasileira para serem executados. O poder de execução destes laudos provém do poder
conferido ao tribunal arbitral pelas partes e, agora, pela Lei 9.307/96.
Como exemplo de exigências que atrasam a homologação de laudos estrangeiros no
Brasil, tem-se a necessidade de apresentar cópia da cláusula arbitral que foi pactuada, do
laudo arbitral e sua fundamentação (BRASIL, 1996). Para que a execução do laudo proferido
no exterior seja mais eficiente e eficaz, todos os Estados devem reduzir suas exigências para
homologação do mesmo (ETCHEVERRY, 1998), facilitando assim a apresentação de
documentos (i.e. provas) e diminuindo o tempo de homologação.
Os países podem, a fim de agilizar o processo de reconhecimento do laudo
estrangeiro, aderir a alguma convenção internacional que favoreça este procedimento. Apesar
de diversos países já terem ratificado alguma dessas convenções, este número não é muito
significante no que diz respeito ao comércio verdadeiramente internacional. Ao mesmo
tempo, a crescente procura por este tipo de julgamento e, conseqüentemente, a adaptação das
normas do país em relação à arbitragem, mostra uma tendência mundial em transformar a
arbitragem em uma verdadeira jurisdição internacional (STRENGER, 1996).
Uma das razões mais significativas para a arbitragem ter conquistado um papel tão
grande nos últimos anos é a deficiência que os sistemas jurídicos nacionais apresentam
(CAIVANO, 1998), principalmente quanto a congestionamento, insuficiência de recursos
(financeiros e humanos), procedimentos obsoletos, e um sistema mal estruturado de
designação e controle do comportamento dos juízes (p. 141). Com todas estas limitações, as
partes correm um elevado risco de obter uma decisão inadequada.
A justiça estatal tem ainda outros aspectos que limitam seus benefícios aos olhos dos
litigantes. Não há possibilidade de designar o juiz que julgará o caso, ao contrário da
arbitragem. Tampouco podem as partes escolher a lei aplicável, solicitar prorrogação de
prazos, nem decidir as normas que regerão o procedimento decisório, como podem fazer no
processo arbitral (CAIVANO, 1998).
Quanto ao prazo que o tribunal arbitral tem para proferir a sentença, a nova lei de
arbitragem brasileira propõe, caso as partes não tenham estipulado prazo no compromisso,
que este seja de seis meses a partir da data de instituição do procedimento (BRASIL, 1996).
As prorrogações devem ser determinadas de comum acordo entre as partes e o(s) árbitro(s).
Contudo, quanto mais tempo demorar o procedimento, maior serão seus custos totais,
tornando a arbitragem onerosa às partes. Estes detalhes devem ser levados em consideração
na hora da escolha pela arbitragem.
Como mais uma vantagem da arbitragem, destaca-se que, além de poderem
determinar uma lei para julgar o caso, as partes ainda podem selecionar a arbitragem por
eqüidade, onde os árbitros julgam pelo que é considerado justo, e não com base na lei positiva
ou na jurisprudência (decisões tomadas em julgamentos anteriores). Esta escolha pela
eqüidade não significa que o julgamento arbitral irá se distanciar das leis possivelmente
aplicáveis, mas, sim, que os árbitros obtêm mais liberdade para seu julgamento. Isto com o
objetivo de chegar a uma decisão mais justa e equilibrada sobre o caso (STRENGER, 1996).
Apesar disto, o custo de um procedimento arbitral pode ser mais oneroso que o de
um julgamento Estatal (STRENGER, 1996). A arbitragem é um processo suficientemente
rápido e eficaz para solução de conflitos. Porém, este procedimento não é barato,
considerando-se apenas os seus custos: deve-se comparar estes custos com os custos totais de
um processo judicial (MUNIZ, 1999). Deste modo, estes valores se tornam justos, quando
vistos em comparação com o tempo gasto e a falta de sigilo e especialização do processo
judicial.

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Outro benefício da arbitragem é o padrão de comportamento dos árbitros (PUCCI,
1998). Quando as partes escolhem um árbitro ou uma instituição arbitral, elas depositam nesta
sua confiança de que terão um processo justo. A seriedade e conduta ética dos árbitros
garantem este desfecho. O termo “ética” engloba todas as regras da conduta humana, tanto
profissionais, quanto morais, entretanto, os Princípios Éticos na arbitragem vão além da
conduta do árbitro, refletindo o que as partes interpretam desta conduta. Cada indivíduo, com
suas crenças e costumes, interpretará de uma forma diferente o comportamento do árbitro.
Neste sentido, os árbitros devem se manter imparciais, para decidir de forma justa mesmo
tendo predisposição no caso; independentes, não tendo relacionamento com as partes, nem os
demais árbitros; e neutros, não tomando partido a favor nem contra alguma das partes
(PUCCI, 1998; STRENGER, 1996).
Como um número crescente de países está aderindo à arbitragem, as diferenças
culturais influenciam não só a realização de negócios entre partes de diferentes origens,
afetando, também, a definição das partes sobre o procedimento arbitral (STRENGER, 1996).
As partes podem não concordar quanto às regras que devem orientar a arbitragem, assim
como não aceitar ser submetida a este tipo de procedimento. Certas culturas ainda vêem a
Arbitragem Comercial Internacional com desconfiança, preferindo o sistema jurídico de seu
país por já conhecer seus procedimentos.
Na principal convenção internacional sobre Arbitragem Comercial Internacional, a
Convenção de New York, de 1958, se decidiu pela uniformidade das leis nacionais de
arbitragem para aumentar a eficácia desta como meio de solução de conflitos. Diversos países
subscrevem esta convenção, porém, entre estes não se encontra o Brasil. A arbitragem não se
identifica como um sistema homogêneo de justiça internacional, pois muitos países não
ratificaram as convenções a este respeito (STRENGER, 1996). Além disso, alguns países
consideram-na como forma inadequada de resolução de conflitos, apesar de a meta da
arbitragem como um todo ser “a solução eqüitativa da disputa, pressupondo a rapidez e a
eficiência procedimental respectiva” (MUNIZ, 1999, p. 97).
Para se compreender o funcionamento de um processo arbitral é necessário conhecer
as etapas que levam a sua constituição. A elaboração de uma arbitragem internacional tem
quatro fases: a fase contratual, com a constituição da cláusula arbitral; duas fases
procedimentais, para apresentação das partes e suas queixas e o período de apresentação de
provas; e a fase final, onde é proferido e executado do laudo arbitral (ETCHEVERRY, 1998).
Entre profissionais que trabalham freqüentemente com contratos internacionais
estabeleceu-se a prática de, no início de um relacionamento comercial, adicionar ao contrato
uma cláusula referente ao uso da Arbitragem Comercial Internacional. Isso se deve ao fato de
a arbitragem ter dois elementos: um contratual, procedente da vontade das partes, que leva a
existência do segundo, o jurisdicional, proveniente da jurisdição do árbitro (GUERREIRO,
1993). É a autonomia da vontade que confere fundamento à arbitragem, pois permite a
liberdade de contratá-la.
A arbitragem é um processo privado que tem seu início num acordo entre as partes, a
respeito da submissão de uma disputa à decisão por tribunal arbitral. Esta decisão pode ser
tomada na hora da redação do contrato que irá reger o negócio, com a inserção de uma
cláusula compromissória, ou no decorrer do relacionamento, pois mesmo sem a cláusula as
partes podem submeter o desentendimento à arbitragem. A principal diferença entre estes dois
casos é que uma vez inserida a cláusula no contrato as partes têm obrigação de recorrer a ela,
enquanto que num relacionamento cujo contrato não a possui, as partes podem optar, sem
obrigação, pela arbitragem a qualquer momento, até mesmo quando o conflito já estiver
instaurado (STRENGER, 1996).

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A autonomia da vontade é um dos ingredientes fundamentais para se ter eficiência na
arbitragem internacional. Isto por quê a arbitragem internacional é um processo voluntário,
em que as partes se encontram livres para criar e caracterizar a cláusula arbitral da forma que
melhor se adaptar às suas necessidades e optando pelo sistema de sua preferência
(BAPTISTA, 1994; SLATE II, 1998).
A cláusula compromissória, ou arbitral, é um “pacto de compromisso”
(GUERREIRO, 1993, p. 52), necessário para as partes sentirem segurança no procedimento
arbitral. Nela as partes registram sua vontade de usar a Arbitragem Comercial Internacional
para solucionar conflitos futuros referentes à matéria do contrato (NAÓN, 1998; SLATE II,
1998). Os aspectos que serão submetidos à arbitragem também poderão constar na cláusula,
assim como poderá ser predeterminado o lugar da arbitragem, o número de árbitros, a lei
aplicável (que poderá ser a lei de qualquer país ou ainda os usos e costumes do comércio
internacional), e o procedimento arbitral (normas que regem o modo como as diferenças
devem ser arbitradas) (ETCHEVERRY, 1998; GARCEZ, 1994; GUERREIRO, 1993;
IOANNOU, 1995). Além disso, deve-se ter preocupação em determinar se esta mesma
cláusula se aplicará a todas disputas ou apenas a primeira que surgir (SLATE II, 1998).
A cláusula compromissória tem quatro aspectos essenciais que garantem sua
funcionalidade: produzir o compromisso entre as partes, manter cortes estatais fora do
processo até que este esteja terminado, conferir aos árbitros poder para decidir todos os tipos
de conflitos que poderão surgir, e estabelecer um procedimento que resulte em uma sentença
arbitral de qualidade (STRENGER, op. cit., p. 71, 116).
“Cláusulas brancas”, que manifestam o desejo das partes de que seus conflitos sejam
resolvidos por arbitragem, sem especificar os pontos acima citados, devem ser evitadas, pois a
falta de um número mínimo de informações pode dar às partes uma idéia falsa de segurança
para o processo arbitral, principalmente em casos de maior complexidade (MUNIZ, 1999;
STRENGER, 1996). Da mesma forma, cláusulas “pletóricas” devem ser evitadas por serem
demasiado explicativas. Estes detalhes podem tornar-se contraditórios, atrapalhando o
desenvolvimento da arbitragem (STRENGER, 1996).
Como em alguns tribunais a cláusula arbitral é considerada um contrato independente
daquele onde ela se insere, torna-se necessário, também, a elaboração do compromisso
arbitral, onde se especifique o motivo do litígio e quem serão os árbitros. Para uma arbitragem
ter validade no Brasil, este segundo “contrato” (compromisso arbitral) é obrigatório
(SAMTLEBEN, 1999; STRENGER, 1996).
O compromisso arbitral deve ser visto como um instrumento que possibilita a
instauração da arbitragem, apresentando os pormenores do procedimento arbitral que irá se
desenrolar (além daqueles constantes na cláusula compromissória), tais como, se haverá
substituição de árbitros, prazos para apresentação de provas e proferimento do laudo, lei e
local da arbitragem, e responsabilidade sobre pagamento de despesas e honorários (BRASIL,
1996; GARCEZ, 1994; STRENGER, 1996). Este detalhamento é unicamente para garantir
que o processo esteja suficientemente delineado para não ocorrer contratempos e para que a
sentença arbitral proferida seja a mais justa possível. Desta forma, o compromisso arbitral não
passa de uma receita para seguir durante a arbitragem, feita sob medida para cada caso
(STRENGER, op. cit.).
A existência da cláusula impõe às partes a obrigação de solicitar a formação do
tribunal arbitral no momento em que surgir o conflito (STRENGER, 1996). Caso não ocorra
desta forma (se uma parte não quiser recorrer à arbitragem), a existência da cláusula permite
que, em arbitragem realizadas no Brasil, a outra parte exija à justiça estatal o reconhecimento
das informações da cláusula como determinantes do processo que será seguido (BRASIL,

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1996). Esta característica se refere apenas às arbitragens ad hoc, pois quando há uma
instituição para guiar o processo, as partes estão sujeitas aos seus regulamentos. Contudo, a
existência da cláusula não afasta a possibilidade de recorrer à justiça Estatal, caso as partes
desistam, ou se recusem, a usar a arbitragem.
Deve-se citar, ainda, que as partes podem optar por não escolher uma lei específica a
ser seguida, podendo estabelecer que esta escolha seja feita pelos árbitros ou pela instituição
arbitral, ou ainda, escolher os princípios gerais do direito, que são as idéias fundamentais das
diferentes instituições jurídicas, ou os usos e costumes do comércio internacional, conferindo
aos árbitros maior poder de interpretação no julgamento (STRENGER, 1996; STRENGER,
1998). Sendo as partes de origens diferentes, há muitos interesses em questão, e as diferentes
leis devem ser avaliadas em conjunto, pois o que pode ser definido como aplicável para uma
determinada legislação pode ferir a ordem pública (conjunto de normas e princípios éticos que
regem as relações domésticas e internacionais de cada país) de outra, tornando a sentença
inválida perante esta última (CAIVANO, 1998; NAÓN, 1998; STRENGER, 1996).
Por todos os motivos expostos acima, pode-se afirmar que de um procedimento
arbitral surge uma solução aceitável a ambas as partes (ETCHEVERRY, 1998, p. 67). As
mudanças verificadas levam a crer que, futuramente, a institucionalização da arbitragem
levará ao crescimento de seu uso e os avanços tecnológicos trarão melhorias de produtividade
e custo ao processo. A Arbitragem Comercial Internacional constitui um progresso enorme no
comércio internacional e há uma possibilidade crescente de que dela surja um direito
realmente internacional (STRENGER, 1996).

3. Metodologia

O tema Arbitragem Comercial Internacional tem sido pouco estudado até hoje sob o
ponto de vista de Administração de Empresas. Por isso, desenvolveu-se esta pesquisa
qualitativa para identificar determinados atributos do processo, avaliando e interpretando estes
conceitos de forma condizente com as necessidades do empresariado brasileiro (OLIVEIRA,
2000; ROESCH, 1999). Esta pesquisa é de nível exploratório-explicativo, pois visa
caracterizar a arbitragem e explicar por quê esta é ou não a melhor forma de resolver conflitos
internacionais (GIL, 1999).
Para verificar o que realmente ocorre no decorrer do processo de Arbitragem
Comercial Internacional, realizou-se um estudo de campo, que é ideal para estudos
aprofundados com uma amostra de tamanho reduzido (GIL, 1999), escolhendo-se três casos
reais de julgamentos arbitrais disponíveis na webpage da UNIDROIT (International Institute
for the Unification of Private Law). Um foi realizado na forma denominada como arbitragem
ad hoc, ou seja, quando as partes determinam todo o processo, sem recorrer aos ditames de
alguma instituição arbitral. Outro foi arbitrado no Tribunal Arbitral da Cidade do Panamá. O
terceiro caso foi arbitrado na Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio
Internacional (CCI). A CCI é referência mundial entre entidades que trabalham com soluções
alternativas para disputas do comércio internacional. Os mecanismos criados pela Câmara são
específicos para situações deste tipo de comércio. Em 1923, a CCI já havia criado a Corte
Internacional de Arbitragem, sua representante para a realização de processos arbitrais
(CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL, 2000).
Os dados mencionados nestes resumos se baseiam na disponibilidade da fonte de
cada um. A escassez de dados ocorre devido ao princípio do sigilo existente na Arbitragem
Comercial Internacional, o que limita a possibilidade de análise destes casos.

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Também, durante os meses de abril e maio de 2005 foram realizadas cinco
entrevistas em profundidade com juristas, professores e o diretor de uma câmara arbitral,
possibilitando a compreensão da realidade vivenciada por estes e como formam suas opiniões
a respeito da Arbitragem Comercial Internacional. As entrevistas e os casos foram analisados
usando a análise de discurso (ROESCH, 1999), que permite inferir o propósito e as
motivações das variações na linguagem e na informação obtida dos entrevistados e textos,
cruzando as respostas das entrevistas com a análise dos casos escolhidos.

4. Resultados

Os entrevistados consideram a Arbitragem Comercial Internacional como um


procedimento alternativo de solução de conflitos do comércio internacional, visto que não
utiliza as vias judiciais comuns. Para um dos entrevistados deve-se seguir a Lei 9.307/96
(BRASIL, 1996), que, em seu Art. 34, explica que uma arbitragem é internacional somente se
realizada fora do território brasileiro, ao contrário do apresentado pela Lei-Modelo da
UNCITRAL (1985). Contudo, os demais entrevistados estão de acordo com a literatura,
afirmando que para a arbitragem ser internacional deve haver algum elemento estranho à
nacionalidade das partes, tais como: sede das partes em países diferentes, local da arbitragem
em local distinto da sede das partes, e existência de objeto internacional no contrato, como
entrega de mercadoria no exterior.
As informações colhidas constataram que a Arbitragem Comercial Internacional e a
justiça Estatal são processos diferentes, porém, complementares, e, dependendo do litígio, um
pode ser mais adequado que o outro. A comparação dos dois sistemas não é simples, por
serem bastante diferentes. Estas diferenças são as mesmas encontradas entre outros serviços
prestados pelo Estado em relação a serviços da iniciativa privada, como, por exemplo,
possibilidade de recurso no judiciário, falta de sigilo e inflexibilidade. Na arbitragem, de
acordo com as respostas, o procedimento é célere, o que ajuda na manutenção da relação
contratual. É, também, sigiloso, mais simples e flexível que o judiciário, e aplica efetivamente
a lex mercatoria.
De acordo com Caivano (1998), as diversas opções que as partes têm para montar o
processo arbitral, como escolha da lei, do árbitro, do local, entre outras, são facilidades que
levam a um processo mais adequado à necessidade das partes. Os entrevistados
demonstraram, no entanto, que as arbitragens que mais obtêm sucesso são as que seguem
previsões contratuais sobre o processo. Depois de instaurado um conflito, as partes terão
dificuldades para chegarem a um acordo sobre o procedimento, portanto, elas devem
estabelecer os detalhes antes que surja o conflito, já na cláusula compromissória. Não
havendo cláusula, é aconselhável que as partes optem por uma arbitragem institucional, onde
todos estes detalhes serão determinados pela câmara arbitral escolhida, evitando conflitos
adicionais. Segundo o quinto Entrevistado, a verdadeira Arbitragem Comercial Internacional
é institucional e não ad hoc.
Além de poderem determinar os aspectos do processo arbitral, mas não do processo
Estatal, foram apontadas outras duas diferenças cruciais. Uma é o fato de que o juiz
provavelmente chamará um perito para analisar as provas e ajudá-lo em sua decisão, enquanto
o árbitro, por ser conhecedor do tema debatido, tem condições de tomar uma decisão com
seus próprios recursos. E a outra diferença é quanto à credibilidade, pois conforme estas
entrevistas, o juiz ainda tem maior credibilidade que o árbitro. O fato de ser concursado passa
à população uma imagem de isenção do juiz, enquanto na arbitragem, há uma certa
desconfiança em relação aos árbitros, por não se saber como chegaram àquela instituição ou

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àquele tribunal. No Brasil, explicou um Entrevistado, esta desconfiança é em grande parte
cultural, devido à tradição autoritária no país (ou seja, a forte presença do Estado) e sua
diminuição depende muito da credibilidade da instituição escolhida para arbitrar o caso.
Apesar de o Brasil ainda não ter desenvolvido uma cultura verdadeiramente a favor
do uso da arbitragem, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal, declarando a
constitucionalidade da Lei 9.307/96, em 2002, segundo o Entrevistado 1, a arbitragem ganhou
mais notoriedade, e passou a ser vista como uma forma realmente alternativa de resolução de
conflitos que não compete com o Estado.
Nenhum dos dois processos de solução aqui tratados é perfeito, mas através das
respostas dos participantes pode-se afirmar que o judiciário apresenta como obstáculos a
incerteza com relação à sentença, devido à falta de conhecimento do juiz sobre as práticas do
comércio, e morosidade, devido à sobrecarga de processos e recursos. Enquanto no caso da
arbitragem, há três grandes empecilhos para sua utilização. O primeiro é o custo da
arbitragem, que é maior que o custo de litigar no judiciário, porém o fato de ser mais rápida e
sigilosa pode compensar seu custo maior (MUNIZ, 1999; STRENGER, 1996). O segundo é
desconfiança, não só em relação ao árbitro, mas pelo desconhecimento do processo arbitral e
sua legislação. E o terceiro motivo é que ela deve ser reservada para conflitos de valores
maiores, visto que nem todo conflito vale a pena ser levado à arbitragem, devido às altas taxas
da câmara arbitral.
O autor Garcez (1994) relatou em sua obra que a Arbitragem Comercial
Internacional é um processo de solução de conflitos que pode vir a substituir a justiça Estatal,
porém a maioria dos Entrevistados não acha que uma substituição seja possível, já que os dois
sistemas se complementam. De acordo com os entrevistados, a escolha do processo deve ser
com base na relação custo/benefício das formas de solução existentes. Assim, a Arbitragem
Comercial Internacional e o judiciário não são processos em oposição, mas processos que
integram o mesmo sistema de solução de conflitos.
Nacionalmente, há muita resistência por parte do empresário brasileiro, evidenciado
nas entrevistas pelo fato de muitos não fazerem contratos. Mais uma vez, aparece o motivo
cultural, pois os empresários não têm a cultura de que “um contrato pode prevenir
problemas”, conforme uma entrevista, mas acreditam que é só mais uma burocracia. Apesar
de demorar muito tempo para alterar essa cultura, dois Entrevistados acreditam que no futuro
há chance da arbitragem ganhar mais notoriedade se realizada com eficiência, ética e de
acordo com a legislação brasileira, fazendo aumentar o seu uso. Entretanto, em âmbito
internacional pode-se considerar que a arbitragem já substitui o sistema jurídico, pois a
maioria dos contratos internacionais já apresenta a cláusula compromissória.
De acordo com as entrevistas os fatores importantes para o resultado são sigilo,
independência das decisões e o conhecimento do árbitro sobre o tema. Esta constatação
lembra o que foi relacionado por Pucci (1998) e Strenger (1996), de que os árbitros devem se
manter neutros e independentes, e serem escolhidos por seu conhecimento. A parcialidade
pode existir tanto na justiça Estatal quanto na arbitragem, porém, a neutralidade do árbitro em
relação às partes e à causa é fundamental para o correto desenvolvimento da arbitragem.
Os padrões éticos da arbitragem são garantidos pelo fato de que o árbitro, para se
manter na função, depende de sua reputação. Além disso, a cultura brasileira demonstra a
crença de que o Estado é infalível, o que não é verdade. O Estado é composto por pessoas,
que nem sempre são neutras. Por isso, nas entrevistas foi afirmado que não se deve rotular um
procedimento como antiético por causa do comportamento de uma pessoa.
Os critérios levantados pelos entrevistados como os mais importantes para
identificação do funcionamento de cada tipo de julgamento estão de acordo com as

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observações de diversos autores. Já afirmava Muniz (1999), que os resultados de qualquer
conflito devem ser rápidos, e por isso ele recomendou o uso da arbitragem. Assim como
Caivano (1998) e Strenger (1996) apontaram para deficiências do sistema jurídico
(congestionamento, falta de recursos, obsolescência), eles também mencionaram que a
arbitragem possibilita a manifestação da vontade das partes com a escolha do árbitro, da lei e
do local. Além disso, o comportamento dos árbitros durante o processo arbitral é um fator
essencial para o crescimento do uso da Arbitragem Comercial Internacional, pois a retidão e
responsabilidade demonstradas pelos árbitros farão com que as partes tenham confiança no
resultado do julgamento (PUCCI, 1998). As entrevistas confirmam o posicionamento destes
autores para a obtenção de um resultado justo.
Alguns autores consideram a arbitragem como mais adequada aos conflitos do
comércio internacional por trabalhar de acordo com a cultura de cada parte. As entrevistas
revelaram que apesar de se mostrar adequada aos conflitos internacionais, não se pode afirmar
que a arbitragem é mais ou menos justa que o judiciário. Os entrevistados afirmaram que a
arbitragem, quando realizada numa instituição com credibilidade, seguindo certos critérios
que atendem à legislação, é superior, principalmente para questões do comércio internacional.
Assim apresentando, geralmente, mais vantagens do que desvantagens. Apesar disto, ela não
serve para qualquer tipo de controvérsia, aparecendo aqui, novamente, a necessidade de
avaliar a relação custo/benefício dos métodos antes de fazer a escolha definitiva por um deles.
Após a realização do processo deve-se executar a sentença. Mesmo a maioria dos
laudos sendo cumprida espontaneamente, os entrevistados afirmaram que a execução judicial
é uma garantia para a parte vencedora. As partes contratam a arbitragem de comum acordo
antes de instaurado o conflito, porém, existindo a possibilidade de recorrer da decisão do
árbitro, provavelmente é o que vai ocorrer. Por isso é muito importante amarrar bem os
detalhes antes de precisar da arbitragem, para não ter conflitos adicionais.
O primeiro passo para execução é a homologação da sentença pelo judiciário do país
no qual esta deve ser executada. No Brasil a homologação só é necessária para arbitragens
realizadas fora do país (BRASIL, 1996). Isto é importante, conforme os participantes da
entrevista, pois os Estados precisam uma garantia de que a decisão não será contrária às suas
normas de ordem pública.
Cada procedimento, como foi verificado neste trabalho, tem suas vantagens e
desvantagens. Os entrevistados concordam que, apesar de a homologação ser um passo
demorado devido à sobrecarga do judiciário (STRENGER, 1996), a interferência do Estado
no processo arbitral é necessária para a manutenção da soberania do Estado e como uma
garantia para as partes de que seus direitos constitucionais não foram lesados durante a
arbitragem. Ao mesmo tempo, essa interferência torna-o mais lento e acaba com o sigilo do
processo arbitral, pois os processos da justiça Estatal são arquivos públicos. Além disso, ao se
submeter um laudo arbitral à homologação e execução judicial a autonomia da Arbitragem
Comercial Internacional se encerra. A autonomia da vontade é uma das características mais
importantes da arbitragem, e sua perda é um grande defeito do processo arbitral atual
(STRENGER, 1996).
Mesmo numa arbitragem realizada sem essa interferência, é possível ter garantia
quanto ao laudo final se as partes usarem uma instituição séria, com credibilidade, e se
tiverem, também, um advogado que conheça bem a arbitragem auxiliando-as. Um
entrevistado observou que hoje as partes ainda não dispõem desta segurança. O fato de buscar
a arbitragem mostra que as partes estão em conflito, sendo, então, importante que um terceiro
imponha esta solução para garantir que a sentença seja cumprida e que seus direitos
constitucionais não sejam ofendidos.

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Em suma, o que foi apontado pelos entrevistados e pelos autores analisados
demonstra que a Arbitragem Comercial Internacional tem muitos aspectos considerados
importantes pelas partes envolvidas, como sigilo, menor tempo, conhecimento especializado
do árbitro (GARCEZ, 1994; SLATE II, 1998; ETCHEVERRY, 1998). Entretanto, para o
processo tornar-se mais conhecido e eficiente (ETCHEVERRY, 1998), os países devem
facilitar o procedimento de homologação da sentença arbitral estrangeira, possivelmente
adotando legislações semelhantes à Lei Brasileira de Arbitragem que desobrigou a
homologação de laudos proferidos no país. No futuro, o ideal seria que a fase de homologação
fosse dispensada, tornando automático o reconhecimento de sentenças arbitrais.
A pesquisa de campo se deu com a análise de três casos de julgamentos arbitrais. O
primeiro caso estudado se refere a um julgamento arbitral na forma denominada arbitragem
ad hoc, pois as partes “montam” o procedimento arbitral visto que não escolheram uma
instituição arbitral para realizar o processo. O principal fator do conflito foi que uma empresa
da Europa Ocidental realizou uma parceria mais vantajosa, levando a um relacionamento
instável entre essa e sua distribuidora da Europa Central. Com este novo relacionamento a
primeira parou de fabricar certos produtos, encerrando as entregas à empresa da Europa
Central. A distribuidora cessou suas atividades alegando que a falta de produto impedia a
continuação do seu negócio. Então, a empresa ocidental a processou por danos materiais.
A distribuidora tinha que adquirir uma quantidade mínima de produtos por ano.
Como em 2002 ela não adquiriu produto, a fabricante considerou que a distribuidora havia
quebrado sua parte no contrato, e a processou por danos e lucros cessantes. O tribunal ouviu
as partes, avaliou a documentação e chegou à conclusão que seria contra a boa fé se o tribunal
considerasse apenas a data do último pedido. Assim, considerou o fato de a cota de 2001 estar
excedida quando foi feito o pedido; a época do pedido (fim de ano); e, as entregas efetivas,
que foram em maio de 2002, para declarar que a alegação da empresa ocidental de prejuízos e
lucros cessantes não havia sustentação (UNIDROIT, 2005).
Identifica-se que a empresa fabricante não age de boa fé quando acusa a distribuidora
de não atingir as cotas mínimas anuais firmadas no contrato. A empresa da Europa Ocidental
também prejudicou a distribuidora ao encerrar sua produção, porém a desconfiança entre as
partes abalou seu relacionamento e levou ao processo arbitral.
O caso arbitrado em instituição panamenha descreve o fato, e as conseqüências, de
uma empresa ter rompido unilateralmente o compromisso contratual existente entre ela e sua
colaboradora. Em 1997 uma produtora de bananas de Porto Rico firmou contrato de
distribuição exclusiva com uma empresa panamenha, com duração até 2004. O contrato
previa venda em consignação à distribuidora, porém em 1999 a produtora solicitou alteração
para vender a um preço fixo e a distribuidora se responsabilizar pela exportação do produto
aos seus clientes. Um ano depois, a produtora fez nova modificação, avisando que ia exportar
suas bananas diretamente a uma afiliada no mercado de destino. Com o fim abrupto do
contrato a distribuidora panamenha se sentiu lesada e iniciou o processo arbitral.
As partes haviam escolhido o Centro de Conciliação e Arbitragem da Cidade do
Panamá para resolver conflitos. Como o compromisso arbitral não previa a lei aplicável, foi
determinada arbitragem por eqüidade, considerando também os usos e costumes do comércio
internacional e os Princípios de Contratos Comerciais Internacionais do UNIDROIT.
A base do processo foi o não-cumprimento do prazo do contrato pela produtora de
bananas. A empresa panamenha demandava pagamento de multa por rompimento do contrato,
prejuízos e danos morais, e pagamento das custas do processo arbitral. A empresa produtora
se defendeu, afirmando que o novo acordo encerrava o contrato anterior. Ainda declarou que,
por não haver cláusula compromissória no contrato, não se poderia apresentar o caso a

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arbitragem. Esta mesma empresa ainda demonstrou que o tribunal arbitral era incompetente
perante o caso, pois no contrato de distribuição de bananas foi definido que primeiro
utilizariam a conciliação para resolver suas diferenças antes de apelar para a Arbitragem
Comercial Internacional.
O tribunal arbitral decidiu pela sua total competência, e no final do procedimento
estabeleceu que: (1) o contrato de distribuição de bananas era válido perante o tribunal; (2)
havia responsabilidade pela ruptura unilateral do contrato antes do seu vencimento; (3) o
contrato foi rompido quando a distribuidora deixou de receber as frutas objeto do contrato; e,
(4) a parte que deixou de cumprir o pactuado no contrato era responsável perante a outra por
danos e prejuízos, incluindo lucro cessante. Com isso, foi estabelecido que a empresa
produtora de bananas era responsável pelo rompimento do contrato e deveria pagar à sua
distribuidora uma justa indenização por danos e prejuízos, assim como todos os gastos que a
vencedora veio a contrair no decorrer da arbitragem (UNIDROIT, 2005).
De acordo com este caso, percebe-se que é comum o uso de meios alternativos de
resolução de conflitos em contratos internacionais, pois as partes haviam escolhido
inicialmente a conciliação para este fim. Contudo, as partes demonstravam dificuldade em se
comunicar adequadamente e a parte lesada optou por ir diretamente à arbitragem. A
distribuidora deveria ter encaminhado primeiro um pedido de conciliação ao tribunal, visto
que se deve fazer o possível para respeitar o que foi estabelecido no contrato.
Como a distribuidora entrou diretamente com o pedido de Arbitragem Comercial
Internacional, a produtora de bananas estava correta em solicitar a incompetência do tribunal
arbitral para defender seus direitos e as determinações do contrato. Tem-se aqui um exemplo
de quanto é difícil chegar a um acordo depois de instaurado o conflito.
O caso arbitrado na CCI leva à identificação da importância da escolha da lei
aplicável na Arbitragem Comercial Internacional. Uma empresa alemã, fabricante de
máquinas industriais, assinou dois contratos com uma empresa indiana, para entrega e
instalação de um equipamento. Esta última alegou que o equipamento entregue estava
defeituoso e quis devolvê-lo. Neste momento a empresa fabricante solicitou o início do
julgamento arbitral, no tribunal de Zurique, na Suíça. Para se defender, a indiana afirmou que
o contrato era inválido, alegando comportamento fraudulento por parte da fabricante durante
as negociações, prometendo coisas que não pôde cumprir, como entregar o equipamento
dentro do prazo e sem defeito.
O resumo do caso no website da UNIDROIT informa apenas sobre a decisão do
tribunal arbitral sobre a lei aplicável a causa, informando que as partes haviam estipulado a
legislação suíça para reger qualquer conflito surgido do contrato ou em relação a ele. Porém,
quando instaurado o tribunal, a empresa indiana não aceitou que a arbitragem fosse regida
pela lei suíça, alegando que esta lei só se aplicava ao contrato, e não aos conflitos que
poderiam surgir deste, solicitando a aplicação da lei indiana.
O tribunal decidiu que a lei aplicável realmente deveria ser a lei suíça. O tribunal
analisou os termos do contrato e os princípios de confiança e boa fé, concluindo que uma
pessoa de negócios dificilmente adotaria duas legislações, uma para o contrato e outra para as
negociações, rejeitando a alegação da empresa indiana de que a lei suíça não se aplicava.
Além disso, o tribunal considerou que um problema surgido durante a negociação do contrato
não é um assunto independente, sendo aplicável a lei do contrato. O tribunal observou,
também, que a lei indiana julgaria comportamento fraudulento da mesma forma que a lei
suíça, não havendo motivo para não aplicar a lei prevista na cláusula (UNIDROIT, 2005).
As partes têm autonomia para escolher qualquer lei que acreditam ser a mais
adequada para sua relação, inclusive os usos e costumes do comércio internacional, podendo

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elaborar uma cláusula específica para este fim, evitando, assim, conflitos adicionais
(ETCHEVERRY, 1998; STRENGER, 1996). Neste caso havia uma cláusula arbitral no
contrato, demonstrando que não deveria haver mais dificuldades na hora da arbitragem.
Entretanto, havia uma grande desconfiança entre as partes no momento em que foi iniciado o
processo arbitral, impossibilitando o consenso sobre a lei aplicável, mesmo havendo
disposição a respeito na cláusula compromissória.
Após a coleta destes dados, foi realizada uma análise dos fatos de cada um dos casos
em relação ao resultado das entrevistas. Verificou-se, inicialmente, concordância a respeito de
muitos critérios da Arbitragem Comercial Internacional entre os autores da área e os
entrevistados. A arbitragem é considerada com desconfiança em muitas culturas, contudo, não
deveria ser desta forma (STRENGER, 1996). A adequação deste método aos conflitos do
comércio internacional é evidenciada através dos pontos levantados durante as entrevistas.
Foi possível identificar nos casos estudados que quando se instaura um conflito surge
grande dificuldade de comunicação entre as partes, fato que pode ser evitado, de acordo com
os entrevistados, com a inserção de uma cláusula compromissória completa no contrato
comercial. Deve-se, também, mencionar na cláusula a lei aplicável ao caso, pois sendo as
partes de Estados distintos, estarão submetidas a sistemas legislativos diferentes. No terceiro
caso foi possível visualizar as dificuldades enfrentadas na hora de determinar a lei aplicável,
ponto extremamente delicado e importante para todo o processo arbitral (STRENGER, 1996).
Nas entrevistas também foi afirmado que os processos em que havia uma cláusula
compromissória antes do surgimento do conflito foi obtido sucesso em um maior número de
casos. Os entrevistados aconselharam que as partes podem prever a cláusula nos contratos, ou
ainda, podem optar per seguir o procedimento de uma câmara arbitral. De qualquer forma, as
partes deverão considerar todas as circunstâncias envolvidas no conflito, fazendo as escolhas
mais adequadas para garantir uma solução rápida e justa (CAIVANO, 1998).
Os aspectos levantados, pelos autores e pelos entrevistados, como mais significativos
para um julgamento arbitral de qualidade foram: celeridade, conhecimento específico do
árbitro, aplicação da lex mercatoria, sigilo, flexibilidade, neutralidade e independência do
árbitro (GARCEZ, 1994; ETCHEVERRY, 1998; PUCCI, 1998; SLATE II, 1998;
STRENGER, 1996). Ao contrário disto, no judiciário de qualquer país, não só do Brasil, não
se vê a aplicação efetiva dos usos e costumes do comércio. De acordo com os entrevistados
isto se deve à falta de conhecimento específico do juiz. Além disso, não se encontram no
judiciário os pontos acima mencionados, o que empobrece o resultado obtido por este sistema.
Assim, se confirma que, apesar da arbitragem ter custo elevado, suas vantagens compensam
este incômodo (MUNIZ, 1999; STRENGER, 1996).
Uma vez realizado o procedimento arbitral, as partes esperam pelo cumprimento da
sentença. Os entrevistados apontaram que, como a má fé existe até nos relacionamentos
internacionais, a homologação da sentença arbitral ainda é necessária para garantir os direitos
constitucionais das partes e a ordem pública do local. A execução judicial da sentença, de
acordo com um entrevistado, garante o cumprimento da mesma, mas deve ser considerada
como último recurso para a finalização do processo arbitral.
Por fim, para a arbitragem se tornar mais conhecida e mais respeitada, é necessário
que os países facilitem seus processos para reconhecimento do laudo arbitral, podendo até
instituir processos de reconhecimento automático, nos moldes do convênio existente entre o
Brasil e a França (ETCHEVERRY, 1998; STRENGER, 1996).
Tanto a Arbitragem Comercial Internacional quanto a justiça Estatal têm vantagens e
desvantagens, segundo os participantes desta pesquisa. O que deve pesar na hora da

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determinação de qual processo usar é a relação custo/benefício entre o conflito e o método de
solução que pode ser adotado.
De forma concisa, pode-se resumir que, na opinião dos entrevistados a Arbitragem
Comercial Internacional tem características que a torna mais adequada para conflitos
derivados do comércio internacional. Observou-se na pesquisa de campo que é necessário
chegar a uma decisão que seja justa, mas ao mesmo tempo, demonstrando à parte faltosa
porquê seu comportamento e suas alegações não foram consideradas corretas. A dificuldade
que as partes sentem em se comunicar foi demonstrada em todos os casos, exemplificando a
desconfiança existente em momentos de conflito. Um desfecho cuidadosamente elaborado
pelos árbitros só pode resultar numa sentença satisfatória. Mais uma vez, cabe ressaltar o que
Etcheverry (1998) salientou em sua obra: um conflito bem resolvido, com base na boa fé,
deve aumentar a confiança entre as partes, para que estas possam continuar a se relacionar
futuramente.

5. Conclusão

Ao longo da realização desta pesquisa foi possível confirmar que, apesar de haver
desvantagens, o conceito de Arbitragem Comercial Internacional que se destaca nas mentes
dos entrevistados está de acordo com os principais autores da área. A arbitragem se apresenta,
para eles, como uma alternativa para a solução de conflitos surgidos de relações do comércio
internacional. As diversas características que compõem estes conflitos devem ser
consideradas na hora de optar pela Arbitragem Comercial Internacional ou a justiça Estatal.
A Arbitragem Comercial Internacional enfrenta diversas dificuldades, tais como,
poucas pessoas conhecem seu funcionamento e a legislação que a regulamenta, e a falta de
credibilidade em alguns países (BARRAL, 1999; ETCHEVERRY, 1998; STRENGER,
1996). Apesar disto, podem ser consideradas como dificuldades maiores às enfrentadas pelo
judiciário de muitos países, inclusive do Brasil, pois como afirmaram os entrevistados, a
justiça Estatal é um sistema sobrecarregado de processos, com poucos recursos para
solucioná-los. Também podem ser consideradas como desvantagens da justiça Estatal a falta
de sigilo e de conhecimento específico do juiz, lentidão, e inexperiência do judiciário neste
tipo de conflito.
As vantagens mais mencionadas da Arbitragem Comercial Internacional, tanto pelos
participantes quanto pelos autores estudados, foram celeridade, agilidade e redução de custos.
A Arbitragem Comercial Internacional pode ser mais cara, em termos monetários, que o
judiciário, porém, soluciona o conflito em menos tempo. Por isso, mencionou-se tanto a
necessidade de avaliar a relação custo/benefício entre o tipo de conflito e o tipo de solução
proposta, pois enquanto a arbitragem custa mais caro num curto período, o judiciário pode
levar anos para resolver o mesmo conflito, aumentando os honorários dos advogados, as
custas do tribunal e eventuais prejuízos à imagem e aos futuros negócios das partes litigantes.
Por isso, a rapidez da Arbitragem Comercial Internacional compensa seu custo.
As entrevistas resultaram no conceito de que a Arbitragem Comercial Internacional
serve para solução de conflitos internacionais relacionados a bens patrimoniais disponíveis, de
acordo com a Lei 9.307/96 (BRASIL, 1996). A arbitragem se adequou ao comércio
internacional por respeitar os costumes e diferenças culturais de cada parte, e obterá um
resultado eficaz se as partes tomarem cuidado na elaboração da cláusula compromissória,
detalhando o processo e escolhendo uma instituição arbitral com credibilidade para auxiliar
no desenvolvimento do processo.

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O propósito inicial desta pesquisa foi verificar a adequação da Arbitragem Comercial
Internacional para a solução de conflitos entre entidades brasileiras e estrangeiras. Com base
no que foi registrado nas entrevistas e na pesquisa de campo, pode-se afirmar que o processo
tem demonstrado resultados bastante satisfatórios. As sentenças têm sido proferidas em curto
espaço de tempo, o pagamento dos custos do processo, ou melhor, quem irá pagá-los, costuma
ser decidido pelo tribunal arbitral, e a execução da sentença continua garantida pelo Estado.
Desta forma, apesar de a arbitragem ser pouco conhecida e pouco reconhecida no
Brasil como sendo um processo passível de utilização para solucionar conflitos comerciais,
seu crescente uso e maior divulgação contribuirão para uma mudança na forma de se
administrar conflitos surgidos das crescentes relações internacionais.
Mesmo com as limitações encontradas para a realização deste estudo, como as
restrições para a publicação de casos arbitrados, o reduzido número da amostra e a falta de
controle sobre esta, espera-se possibilitar uma melhor compreensão do que é a Arbitragem
Comercial Internacional e suas vantagens. A primeira limitação se deve ao sigilo do processo,
que reduz o número de casos disponíveis a serem pesquisados. A delimitação de apenas cinco
entrevistados reduziu a diversidade de opiniões que poderiam ter sido observadas, porém,
entrevistas em profundidade não suportam grandes amostras, justamente porque se deve
concentrar esforços em aprofundar a análise de informações, e não na quantidade de
informações colhidas. E a última limitação deriva do fato de os casos estudados serem fatos
passados, os quais não podem ser influenciados pelo pesquisador (GIL, 1999).
O estudo deste assunto não se esgota no tema aqui apresentado. É possível encontrar
novas fontes para aprofundar a pesquisa sobre temas como os tipos de convenções de
arbitragem; impactos da ordem pública na gestão de processos arbitrais; impactos da falta da
cláusula compromissória no relacionamento comercial; uso da arbitragem nos conflitos de
investimentos, propriedade intelectual e e-commerce; e proteção ao meio ambiente.

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