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Atendimento das 8:30 às 17:30 h trabalhos acadêmicos

Sintonia dos servos 18


Associado da: Como sintonizar um servo e qual a sua utilidade

Controle remoto por Laser Pointer


22
Confira as utilidades deste dispositivo para
montagens eletrônicas
Associação Nacional dos Editores de Revistas

Uso de Relés 24
Monte um relé experimental e ainda aumente a
sensibilidade dos relés
Associação Nacional das Editoras de
Publicações Técnicas, Dirigidas e Especializadas.
Supercondutores 30
Veja o que suas tecnologias poderão nos
oferecer no futuro

A história dos rolamentos 34


Quais os motivos que levaram sua criação e
como criar um rolamento axial
n notícias

Robo
Jeef Eckert

Asimo ganha versão


comemorativa
Ano passado a Honda teve
uma queda prevista de 78,8% nas
vendas em relação a 2007. Con-
sequentemente o famoso ASIMO e
suas outras invenções tecnológicas
sofreram com o corte de custos,
mas recentemente foi decidido que
uma réplica de 15 metros estará
disponível para a Rose Parade da
California. O objetivo é celebrar os
50 anos da Honda em operação na
América.
Esta versão faz uma homena-
gem as pessoas ecologicamente
conscientes, sendo construída in-
teiramente com materiais naturais.
Estes materiais incluem sementes
de alface, arroz e flores podendo ser
considerada uma salada agradável
para depois da parada. Também
está na mostra uma moto Honda
Super Cub e um carro FCX Clarity
movido a hidrogênio.

Réplica do ASIMO para


Rose Parade 2009
Cortesia da Honda

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notícias n
Inspeção
automática de
lâminas

Robô inspeciona as lâminas e pás do


rotor de conversores de energia eólica

De volta a época em que o galão Criado por engenheiros do Frau- trar padrões de temperatura afim de
de gasolina foi vendido a 4 dólares nhofer Institute for Factory Operation detectar anormalidades.
e os bancos americanos ainda pare- and Automation, o novo robô autô- Ele também carrega um sistema
ciam ter dinheiro, T. Boone Pickens nomo RIWEA inspeciona as lâminas ultrassônico para detectar objetos
anuncia o projeto de uma fazenda dos rotores centímetro por centíme- que o equipamento térmico não con-
de vento de 10 bilhões de dólares. A tro, detectando rachaduras e delami- segue, tornando-o mais preciso que o
inovação trabalha com cerca de 2.700 nações causadas por forças inerciais, olho humano. De acordo com a Frau-
turbinas eólicas para gerar 4.000 MW erosão colisão com pássaros, aero- nhofer, o RIWEA pode cumprir sua
de energia e é o primeiro robô pro- naves ultra-leves etc. Na operação tarefa em qualquer tipo de gerador,
jetado especificamente para inspe- básica, o robô irradia calor na super- independente do tamanho ou loca-
cionar equipamento de geração de fície da lâmina e utiliza uma câmera lização. Para maiores informações
energia eólica. térmica de alta resolução para regis- acesse: www.iff.fraunhofer.de.

Trabalhadores Robô em forma de serpentina


capaz de escalar postes
Cortesia do Virginia Tech

são substituídos
por máquinas
escaladoras
Os ganhadores do prêmio realiza- projetados para escalar postes e con-
do pela Feira Internacional de Projetos struções enrolando-se e movimentan-
Capstone foram os robôs escaladores do-se para cima via uma junção osci-
de postes. O HyDRAS (Hyper-redun- lante móvel.
dant Dsicrete Robotic Articulated Usando sensores e câmeras os
Serpentine) Ascent I e Ascent II, jun- robôs podem inspecionar as estrutu-
tamente com o CURCA (Climbing In- ras ou realizar outras tarefas perigo-
spection Robot with Compressed Air), sas. “A finalidade geral é deixar os
levaram o prêmio de 1 milhão de won trabalhadores das construções civis
Coreanos (aproximadamente 2.000 em segurança e livrando-os de que-
reais) pela honraria. das já que as quedas foram respon-
Os escaladores autônomos, desen- sáveis por 809 mortes em 2006” e
volvidos pelo Laboratorio de Robôtica o que afirma o U.S. Bureu of Labor
e Mecanismo do Virginia Tech, foram Statistics.

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n notícias

Robo
Maior feira de eletrônicos do mundo
apresenta novas tendências
Consumer Electronics Show 2009 aposta em novidades
para celulares e televisores

Las Vegas foi palco do CES nove horas de conversação. Sua Durante a feira, também tiveram
- Consumer Electronics Show, even- embalagem é feita de material reci- destaque as TVs com integração à
to mundial de eletrônicos, que acon- clado e sua tinta composta à base internet. As marcas Samsung e LG,
teceu entre os dias 8 e 11 de janeiro. de soja. Aos interessados, ele tam- por exemplo, mostraram a adoção de
A feira apresentou novas tendências bém estará à venda no primeiro tri- serviços do Yahoo. Esses aparelhos
para o mercado tecnológico. mestre deste ano. permitem que informações on-line
A abertura oficial contou com o Já os televisores chamaram a cheguem ao telespectador. Com o
discurso do diretor-executivo da Mi- atenção em seus stands devido-a controle remoto em mãos, o usuário
crosoft, Steve Ballmer. Ele, que ocu- tecnologia 3D. A exibição mais im- se tornará um internauta e acessará
pou pela primeira vez o lugar de Bill pressionante foi feita pela Panasonic em sua tela as notícias minuto-a-mi-
Gates na abertura do evento, noticiou com o “3D Full HD Plasma Theater nuto do Yahoo News.
que a versão de testes do Windows System”. Ela chegou a montar um Outros serviços como os vídeos
7 foi oferecida ao público a partir do cinema com tela de 103 polegadas. do Youtube, MySpace, eBay e Flickr
dia 9 de janeiro. Ele ainda completou Com capacidade de 20 pessoas a também estarão a sua disposição.
que o sistema é mais simples, rápido empresa exibiu desenhos, games Outra aposta alta da LG foi a locação
e confiável. e jogos de futebol americano. O di- de filmes através da Netflix, onde os
Mas as apostas para este ano es- ferencial, no entanto, foram as ima- compradores poderão baixar o conte-
tavam em tecnologias móveis e em gens tridimensionais da abertura das údo digital diretamente no televisor.
televisores. A LG, por exemplo, lan- Olimpíadas de Pequim. Neste ano os especialistas acredi-
çou o telefone de pulso LG-GD910. A Panasonic também optou por in- taram que o foco estava voltado aos
Ele realiza videochamadas com co- vestir em monitores finos para HDTVs produtos menores, ecologicamen-
nexão 3G, reconhecimento de voz, de Plasma (PDPs) e LCD, obtendo te corretos e mais conectados, que
além de todos os serviços comuns maiores avanços em qualidade de pudessem ajudar os consumidores a
como mensagens instantâneas e imagem e desempenho ambiental. economizar.
MP3. De acordo com o presidente da A NeoPDP, tecnologia recém desen-
LG, Woo Paik, a novidade estará dis- volvida pela empresa, está integrada
ponível ainda em janeiro deste ano. a um monitor LCD de consumo de
É so aguardar! energia de 90 kWh ao ano, altamente
A Motorola também anunciou eficiente, que alcança boa resolução
seu modelo Moto Renew W233. O de imagem em movimento de 1000 li-
telefone, na cor verde, é fabricado nhas, próxima a de um PDP. Ela pos-
a partir de garrafas recicladas. sui o mais baixo consumo de energia
O telefone promete utili- entre todas as LCD HDTVs do mundo,
zar menos energia, baixando a necessidade de energia a
garantindo ao quase a metade quando comparada
usuário ao seu modelo anterior.

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notícias n
Jovem Cientista
está com inscrições
abertas até o dia
do 31 de julho
Participantes de nível médio, superior e orientadores
concorrerão às premiações

O Prêmio Jovem Cientista já está lhos: Fontes Alternativas de energias


em sua XXIV edição e para este não poluentes; Exploração Racional
ano propõe o tema “Energia e Meio de recursos energéticos; Impacto
Ambiente – soluções para o futuro”. O socioambiental da geração de ener-
objetivo do concurso organizado pelo gia hidrelétrica e da produção de bio-
CNPq é buscar soluções para os pro- combustíveis; Controle da emissão de
blemas ligados a população. Aos inte- poluentes e efeito estufa no setor ener-
ressados, a inscrição pode ser feita até gético; Edificações inteligentes ; Efici-
o dia 31 de julho através do site www. ência das diferentes fontes de energia;
jovemcientista.cnpq.br. Uso de sistemas isolados para geração
Nesta edição, o foco é o estudo, de energia elétrica; Ampliação e efici-
desenvolvimento e uso de energias ência do uso de fontes renováveis de
alternativas para estimular a produ- energia; Produção sustentável de bio-
ção e consumo de fontes de energia diesel; Tecnologias energéticas apro-
de maneira sustentável, ou seja, aten- priadas a pequenos produtores rurais
der às necessidades do presente sem e Impactos da geração de energia
comprometer a possibilidade das futu- sobre os recursos biológicos e a bio-
ras gerações atenderem também às diversidade.
suas próprias. A premiação dos participantes
A premiação é dividida em cinco graduados será de R$ 20 mil para o
categorias: Graduado, Estudante vencedor; R$ 15 mil para o segundo
de Ensino Superior, Estudante de colocado e R$ 10 mil para o terceiro.
Ensino Médio, Orientador e Mérito Já para Estudantes de Ensino Supe-
Institucional. Há ainda uma Menção rior os valores serão de R$ 10 mil
Honrosa para um pesquisador com para o primeiro lugar, R$ 8.500 para o
título de doutor que se destaque por segundo e R$7 mil para o terceiro.
sua trajetória na área relacionada ao Os orientadores dos graduados
tema do prêmio. Ele é indicado pelas e estudantes de ensino superior
sociedades científicas selecionadas agraciados também ganharão com-
previamente pelo CNPq. putadores e impressoras. No Mérito
Os estudantes de ensino médio Institucional, serão pagos R$ 30 mil
poderão escolher os temas: Energia: para cada uma das duas institui-
geração e uso; Impactos ambientais; ções – uma de Ensino Médio e uma
Impactos sociais e Soluções: susten- de Ensino Superior - que tiverem
tabilidade e energia. Os três primeiros o maior número de trabalhos com
classificados desta categoria recebe- mérito científico inscritos.
rão um computador e uma impres- O pesquisador que for indicado
sora, e essa mesma premiação será para Menção Honrosa ganhará R$
dada aos orientadores e às escolas 15 mil e uma placa alusiva. Além da
dos três alunos. premiação relacionada, os três pri-
Já os alunos de ensino superior meiros colocados de cada uma das
e os graduados poderão optar pelos categorias ainda ganharão bolsa de
seguintes tópicos para seus traba- estudo do CNPq.

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n notícias

Siemens desenvolve Kits para


formação de “pequenos cientistas”
Empresa pretende ampliar entrega de “Discovery
Box” para demais escolas públicas do país

A Siemens entregou 150 kits ‘Dis- de soluções urgentes. Por isso, esse sor encontrará o seguinte material de
covery Box’ para escolas públicas de kit ajudará as crianças a vivenciarem apoio: um DVD, um livro com o conte-
Jundiaí em 2008. A ação, que benefi- sua realidade na prática e colaborará údo do DVD, pôsteres, além de fichas
ciará cerca de quatro mil crianças, faz para ativar o hábito do consumo cons- que descrevem cada experimento, jo-
parte do programa Generation21 que ciente, além de estimular a curiosidade gos e outras atividades educativas.
visa contribuir para o desenvolvimento desses alunos”, comentou Primo. Na caixa de Meio Ambiente e Saú-
de estudantes. A cerimônia de entrega Cada kit é composto por duas cai- de, o estudante aprenderá desde um
aconteceu no Parque da Uva, em Jun- xas com 22 experimentos científicos. A método simples de purificar a água
diaí, com a presença do prefeito Ary primeira caixa tem experimentos nas até a identificar partes do corpo huma-
Fossem e do presidente da Siemens áreas de Meio Ambiente e Saúde e a no e reconhecer quais alimentos são
do Brasil, Adilson Primo. outra, Energia e Eletricidade. Eles ain- mais saudáveis. Já a caixa Energia e
O presidente da empresa fez o dis- da podem ser reaproveitados de um Eletricidade estimulará atividades que
curso de abertura do evento e desta- ano para outro bastando apenas repor despertam o interesse das crianças
cou o compromisso da Siemens com os componentes de baixo custo, assim por temas como circuitos elétricos,
o desenvolvimento sustentável. Esta como velas, carvão, anilina e etc. Os condutores e isolantes, calor, energias
foi a primeira iniciativa no país e os componentes de maior valor poderão alternativas etc. Primo completou que
planos da empresa são de estendê- ser reutilizados como o dínamo, so- a Siemens tem como objetivo promo-
los agora em 2009. “A escassez de quetes, tubos e termômetros. ver a formação dos estudantes nas
recursos naturais e a busca por fontes O kit é voltado para crianças de 6 áreas da ciência e da tecnologia, as-
alternativas de energia são exemplos anos, que estão na idade pré-escolar, sim como estimular o desenvolvimento
resultantes de tendências já enfrenta- e foi criado para utilização em sala de de talentos e ampliar as oportunidades
das mundialmente e que necessitam aula. Dentro de cada pacote o profes- educacionais.

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notícias n
Pesquisadores
anunciam a menor
célula combustível
do mundo
Inovação armaneza maior energia em um mesmo
espaço para substituir baterias de celulares

Com três milímetros de com- hidrogênio. O gás preenche o compar-


primento e um de espessura, a nova timento e empurra a membrana para
tecnologia criada por pesquisadores cima, bloqueando a água.
dos Estados Unidos poderá ser utiliza- O hidrogênio é gradualmente es-
da no desenvolvimento de minúsculos gotado à medida que reage com os
geradores de eletricidade a partir do eletrodos para criar um fluxo de ele-
hidrogênio, que substituirá as atuais tricidade. Quando a pressão do hi-
baterias de aparelhos portáteis. drogênio cai, mais água pode entrar
A célula combustível do grupo para manter o processo. Como o ta-
Saeed Moghaddam, na Universidade manho do dispositivo é pequeno, a
de Illinois em Urbana-Champaign, é tensão superficial controla o fluxo de
um pequeno dispositivo que gera en- água pelo sistema. Isso significa que a
ergia sem consumi-la. E, embora as célula funciona mesmo quando movida
baterias já façam este serviço, a célula ou girada, o que é perfeito para aplica-
combustível é capaz de armazenar ções em celulares.
mais energia no mesmo espaço. O dispositivo empregado no es-
Ela é composta por apenas quatro tudo foi capaz de gerar 0,7 volts em
componentes. Uma fina membrana uma corrente de 0,1 miliampères du-
separa um reservatório de água de rante 30 horas até que o combustível
uma compartimento localizado abaixo, utilizado acabasse. Mas o grupo conta
que contém um metal hídrido. Ainda que uma nova versão da tecnologia
mais abaixo estão montados os ele- obteve uma corrente de 1 miliampère
trodos. na mesma voltagem.
Minúsculos furos na membrana fa- Até o momento não foi possível
zem com que as moléculas de água fazê-la funcionar em um tocador de
atinjam o compartimento adjacente na MP3, mas, segundo o pesquisador,
forma de vapor. Uma vez lá, o vapor é o suficiente para alimentar micror-
reage com o metal hídrido para formar robôs.

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n notícias

Estudo prova que força Casimir


pode manifestar-se de
maneira repulsiva
Descoberta podera ser empregada em inúmeras apli-
cações nanotecnológicas

Pela primeira vez um trio de pes- Capasso e seus colegas substitu- ção a outros com o mínimo de fricção
quisadores liderado pelo professor íram uma das superfícies metálicas estática”, disse Capasso.
da Escola de Engenharia e Ciência imersas em um fluido por uma de sílica O diferencial é que as Forças de
Aplicada na Universidade Harvard, e verificaram que a força entre elas Casimir atrativas limitam a miniaturiza-
Federico Capasso, descobriram uma mudou de atração para repulsão. ção de dispositivos conhecidos como
forma de obter a Levitação Quântica. Para medir esta repulsão, os pes- Mems (Micro Electromechanical Sys-
Este efeito quântico, também conhe- quisadores colocaram uma microes- tems), utilizados nas mais diversas
cido como força de Casimir, poderá fera coberta de ouro em um cantiléver aplicações, como no acionamento de
trazer importantes aplicações para a mecânico imerso em um líquido cha- airbags em automóveis. O motivo é
física mundial. mado bromobenzeno e mediram seu que a atração faz com que as partes
Já em 1948, pesquisas foram desvio conforme variavam a distância de um mecanismo se grudem umas
realizadas pelo físico holandês Hen- até a placa de sílica. às outras, tornando-as inoperantes. Já
drik Casimir que previu que duas “Forças de Casimir repulsivas são com a repulsão, o mesmo não ocorre.
placas condutoras perfeitas não de grande interesse, uma vez que Os autores do estudo apontam o
carregadas eletricamente atrairiam podem ser usadas em sensores de desenvolvimento de peças nanomé-
uma à outra no vácuo, por conta força ou de torque ultrassensíveis para tricas para situações em que é neces-
das flutuações quânticas no campo levitar um objeto imerso em um fluido sária a fricção estática ultrabaixa entre
eletromagnético no vácuo entre as em distâncias nanométricas da super- peças mecânicas micro ou nanométri-
placas. Desde então, a previsão fície. Dessa forma, esses objetos se cas. Especificamente, os pesquisado-
foi verificada diversas vezes, mas tornam livres para realizar movimentos res destacam a fabricação de bússolas,
sempre de forma atrativa. de rotação ou de translação em rela- acelerômetros e giroscópios.

Siemens elege os vencedores do


Prêmio Werner von Siemens
Premiação aconteceu em dezembro de 2008 no
Museu da Língua Portugesa

A Siemens premia pela terceira presa ao desenvolvimento de inova- De um total de 238 projetos ins-
vez os melhores colocados nas ca- ções no Brasil. Recursos naturais critos, apenas 20 foram seleciona-
tegorias Estudantil - Novas Idéias e são finitos e, ao mesmo tempo, es- dos e concorreram ao primeiro lu-
Ciência & Tecnologia com o Prêmio tão sujeitos aos ciclos econômicos. gar das três categorias. “A Siemens
Werner von Siemens. A cerimônia O conhecimento, não”, disse Primo. observou o potencial de benefícios
de entrega aconteceu em dezembro Em 2008, os vencedores ganha- que os projetos inscritos poderiam
de 2008 e o Museu da Língua Por- ram R$ 10 mil para as modalidades gerar para a sociedade brasileira.
tuguesa, em São Paulo, foi o local Indústria, Energia e Saúde da ca- Essa avaliação traduz a iniciativa
escolhido. tegoria Estudantil - Novas Idéias, da companhia em investir cada vez
Para o presidente da Siemens além de telefones Gigaset Siemens mais no crescimento da pesquisa e
no Brasil, Adilson Primo, fomentar e certificados da premiação. Seus da inovação tecnológica no País”,
a inovação e a busca pelo conhe- orientadores também foram hon- afirmou Primo.
cimento são os principais objetivos rados com os mesmos prêmios. E Entre os vencedores da área
da iniciativa. “O Prêmio Werner von para Ciência & Tecnologia foram R$ estudantil em Energia estava o tra-
Siemens é uma contribuição da em- 15 mil, além do certificado. balho “Nanotubos de carbono: Re-

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notícias n
duzindo as perdas em sistemas de um dosímetro indicador de acúmu- Em Indústria, o primeiro lugar
transmissão de energia” do aluno lo de radiação à base de semicon- foi para o projeto da mestranda em
de engenharia elétrica do Centro dutores orgânicos para uso em fo- Tecnologia Nuclear do Instituto de
Universitário da Fundação Educa- toterapia neonatal”, da futura física Pesquisas Energéticas e Nuclea-
cional Inaciana - FEI, Eric Costa. da Universidade Federal de Ouro res (Ipen), Thais de Oliveira, inti-
Seu trabalho consiste de um cabo Preto, Cláudia Karina Barbosa de tulado “Recuperação e reciclagem
elétrico formado por nanocamadas Vasconcelos. Ela desenvolveu um dos ácidos nítrico e sulfúrico e do
de carbono depositadas sobre fios dosímetro capaz de reduzir a quan- molibdênio do rejeito líquido das in-
de alumínio que oferece maior con- tidade de exames de sangue rea- dústrias de lâmpadas”. Segundo a
dutividade que as tecnologias con- lizados em recém-nascidos. Uma pesquisadora, todos esses elemen-
vencionais. de suas funções é diminuir o lixo tos, depois de recuperados, apre-
Na modalidade Indústria quem hospitalar. sentam condições satisfatórias de
obteve destaque foi o estudante de Ja em Ciência & Tecnologia, na reutilização.
engenharia elétrica Rafael Guedes modalidade Energia, o prêmio prin- Por fim, a “Avaliação ultrasso-
Abreu, da Pontifícia Universida- cipal foi para o trabalho “Redução nométrica da consolidação e da
de Católica do Rio Grande do Sul do atrito em dispositivos eletrome- densidade óssea cortical” contem-
(PUC/RS), com o “Sistema de moni- cânicos: melhoria da eficiência no plada em Saúde. Este trabalho foi
toramento remoto de desmatamento uso e geração da energia elétrica”, desenvolvido pelo doutorando em
em tempo real”. A idéia do projetista de Ane Cheila Rovani, Carlos Ale- Ortopedia da Faculdade de Medici-
foi transmitir as informações via sa- jandro Figueira e Felipe Cemin, do na de Ribeirão Preto (USP), Giulia-
télite para um setor central em prol Centro de Ciências Exatas e Tec- no Barbieri. O equipamento ainda
de obter ações imediatas contra o nologia da Universidade de Caxias encontra-se em fase experimental
crime. do Sul (RS). Este projeto objetiva e até o momento demonstra po-
Para Saúde, ainda na categoria aumentar a eficiência de consumo tencial de aplicação clínica. Seu
Estudantil, o primeiro lugar ficou energético em dispositivos eletro- diferencial está na portabilidade de
para “Idéia e desenvolvimento de mecânicos. fácil operação.

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e escola

Monta-treko

Nesta série você encontra diversas sugestões de experi-


mentos práticos para completar seus cursos e trabalhos
de Ciências. Fenômeno da indução, balança de Ampère,
montagem de um zumbidor e eletroímã são apenas alguns
exemplos que você confere a seguir.

Projetos e experimentos Para saber o número do fio utili- 1


Medição da espessura de um
com fios esmaltados zado devemos observar a tabela que fio esmaltado
Os fios de cobre esmaltados en- demonstra o diâmetro corresponden-
contrados em motores, transforma- te. No entanto, nos mais finos fica di-
dores e muitos outros dispositivos fícil medir este diâmetro diretamente.
elétricos e eletrônicos podem ser Assim, o que se faz é enrolar 10 ou 20
utilizados em uma boa quantidade voltas em um lápis, conforme mostra
de experimentos didáticos e traba- a figura 1, e depois dividir o valor me-
lhos escolares. dido por este número de voltas.
Muitos dispositivos tais como Por exemplo, se enrolarmos
transformadores, bobinas, campai- 20 voltas de fio e medirmos 3 mm
nhas, motores, solenóides e relés saberemos que cada volta corres-
fazem uso de um tipo de fio de cobre ponde a aproximadamente 0,15 mm
que é recoberto por uma fina capa de e que portanto esta é a espessura
esmalte que serve de isolante. Com do fio. Basta consultar o valor mais
estes fios são enroladas bobinas que, próximo da tabela para o correspon-
ao serem percorridas por uma cor- dente AWG.
rente elétrica, criam um campo mag- Apesar de não parecer, os fios
nético. Este campo magnético é o esmaltados são isolados, isto é, re-
responsável pelos efeitos que fazem cobertos por uma fina camada de es-
o dispositivo funcionar. malte isolante.
Os fios esmaltados podem ter es- Isso significa que, se quisermos
pessuras que variam desde os mais soldar ou ligar um desses fios a qual-
finos que um fio de cabelo até os quer outro componente ou a uma
mais grossos, que podem ter alguns placa de circuito impresso, ou ponte 2
Como tirar o esmalte para poder
milímetros de diâmetro. Tecnica- precisaremos remover a camada de soldar ou ligar um fio esmaltado
mente pode-se indicar o fio por sua esmalte isolante. Isto pode ser feito
espessura em milímetros ou ainda raspando-se com uma lâmina para o
através de um número “AWG”, e este caso dos mais grossos e mesmo mais
número será mais alto quanto mais finos (com muito cuidado), ou ainda
fino for o fio. com uma lixa, veja a figura 2.
Nas experiências que descreve- Se tentarmos soldar um fio esmal-
mos e na maioria dos dispositivos que tado ou ligá-lo a uma pilha, por exem-
encontramos em eletrodomésticos e plo, sem raspar o local de contato, a
aparelhos eletrônicos os fios têm nú- corrente elétrica não poderá passar
meros tipicamente entre 18 e 34. caso não seja removido o esmalte.

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3 4 5
escola
e
Identificação de um fio Dispositivos de onde podem ser Um eletroímã construído com um
esmaltado bom retirados fios esmaltados prego e fio esmaltado.

Quando aproveitamos os fios es-


maltados de algum aparelho é preciso
ter cuidado em verificar se ele ainda
está em bom estado. O que ocorre
é que muitas vezes o dispositivo é
abandonado porque queima, ou seja,
sua temperatura eleva-se antes dele
sofrer um dano que o impeça de fun-
cionar. Quando isso acontece, o fio
tem sua capa de esmalte enegrecida 6
Guindaste com eletroímã capaz de
e danificada, passando a “descascar” levantar pequenos objetos de metal
em diversos pontos.
Um bom fio, conforme indica a
figura 3, deve ser marrom claro e
não apresentar sinais de queima. O ~
aparelho de onde ele for retirado não
deve “cheirar a queimado”.
Diversos são os dispositivos de
onde o leitor poderá retirar os fios es-
maltados. Na figura 4 você pode ver
alguns deles.
Os transformadores, por exemplo, bobina de fio esmaltado cria um forte Experimentos adicionais
podem possuir dois enrolamentos com campo magnético que se concentra • Monte um pequeno guindaste
fios de espessuras diferentes. Des- no prego. O prego passa então a controlado por um interruptor
montando suas lâminas com cuidado atrair pequenos objetos de metal co- para atrair pequenos pedaços
você terá acesso ao carretel de onde mo alfinetes, clipes, pregos, lâminas de metal, conforme mostra a
pode-se tirar muito fio esmaltado para de barbear etc. figura 6.
nossas experiências e montagens. • Tente aproximar o eletroímã de
Campainhas de casa, relés e até Exemplo de explicação pequenos ímãs permanentes e
mesmo motores de eletrodomésticos Explique como uma corrente elé- verifique em qual caso obtém-se
(abandonados por emperramento ou trica cria campos magnéticos e eles atração e repulsão. Explique o
quebra de partes, por exemplo) forne- podem ser concentrados por materiais que ocorre com base no sentido
cem este tipo de fio. ferrosos. Mostre na experiência que ti- de circulação da corrente pela
pos de materiais podem ser atraídos. bobina do eletroímã.
Projeto 1: Eletroímã Use diferentes materiais como: clipes,
Lista de Materiais: Projeto 1
Trata-se de um simples eletroímã pregos, objetos de plástico, madeira
2 metros de fio esmaltado entre 28 e 32
que pode ser construído com um pe- e papel, alumínio etc, separando os
1 prego pequeno (2 a 3 cm)
daço de fio esmaltado e um pregui- que podem e não podem ser atraídos
1 pilha média ou grande
nho. pelo eletroímã. Peça aos alunos que
Enrole de 50 a 200 voltas de expliquem porque.
fio esmaltado no prego e raspe as Não mantenha o eletroímã por Questionário: Projeto 1
pontas do fio no local que deve fa- muito tempo ligado, mas apenas al- 1) O que é o efeito magnético da cor-
zer contato com a pilha, confira na guns segundos (até 10) de cada vez. rente elétrica?
figura 5. A corrente intensa tende a esgotar a 2) Como funciona o eletroímã?
Segurando os fios em contato com pilha rapidamente e a aquecer a bobi- 3) Cite aplicações práticas para os
a pilha, a corrente que circula pela na de fio esmaltado. eletroímãs.

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e escola
7
Competição Montagem de um galvanômetro
Uma maneira de se tornar um
projeto atraente é propor um desafio
ou competição para os alunos. Neste
caso, pode-se:
• Montar uma varinha de pescar
^
com o eletroímã e propor uma
competição em que quem ga-
nha é o que consegue “pescar”
mais peixinhos magnéticos de
uma bacia. Os peixinhos são de
papelão com clipes presos e a
bacia contém areia.
• Ver quem consegue levantar
mais peso. Utilize pesos pro-
gressivos de materiais metálicos
ou ainda uma cestinha com um
8
clipe, colocando gradativamente Determinando a sensibilidade do
mais areia. galvanômetro

Projeto 2:
Galvanômetro experimental
Confira um galvanômetro simples ^
que pode ser montado com base no
efeito magnético da corrente elétrica.
O galvanômetro é um instrumento
que indica a passagem de corrente
elétrica por um circuito.
Na figura 7 indicamos como o
galvanômetro pode ser montado com
seu circuito.

Exemplo de explicação
O fio esmaltado é enrolado de mo-
do a formar uma bobina em uma for-
ma de papelão ou cartolina. Quando a
corrente elétrica (que deve ser detec-
tada) circula pela bobina, um campo
magnético é criado. Este campo atua potenciômetro, girando um pouco o Lista de Materiais: Projeto 2
sobre o clipe pendurado na linha, mu- cursor dele. A corrente diminui e a 2 a 4 metros de fio esmaltado fino (28 ou
dando sua posição. movimentação do clipe, ao se tocar mais fino)
Pelo movimento do clipe pode- com os fios na pilha, é menor. Au- 1 pilha média ou grande
mos avaliar a intensidade da corrente mente a resistência gradualmente 1 potenciômetro de 47 k ohms
circulante: uma forte corrente causa até o ponto em que, ao tocar com os 1 resistor de 100 ohms
uma movimentação maior do clipe. fios na pilha, o clipe não se movimen- 1 clipe de prender papel
te mais. Podemos então determinar 1 pedaço de fio rígido 18 a 22
Experiência a sensibilidade do galvanômetro, ou 1 pedaço de linha comum
No circuito da figura 8 usamos um seja a menor corrente que ele pode 1 pedal de papelão ou cartolina
potenciômetro para ajustar a intensi- detectar, de duas formas: Multímetro (opcional)
dade da corrente e assim determinar Primeiro, pelo ângulo do gi-
a sensibilidade do galvanômetro. ro do eixo em relação ao máximo.
Inicialmente colocamos o poten- Por exemplo, se a detecção termi- Questionário: Projeto 2
ciômetro na posição de mínima re- nar com 50% do giro, isso significa 1) Explique o funcionamento do galvanô-
sistência (todo para a esquerda ou 22 500 ohms (47 k ohms = 47 000 metro.
no sentido anti-horário). Com isso a ohms). Isso nos dá uma corrente 2) De que modo o sentido de circulação
corrente no galvanômetro é maior. que é calculada dividindo a tensão da corrente influi no movimento do
Tocando-se com os fios os ter- da pilha (1,5 V) pelos 22500 ohms, clipe?
minais da pilha, a movimentação ou seja, 0,0000666 A. Convertendo 3) É possível aumentar a sensibilidade do
para milionésimos de ampère (mi- aparelho usando uma agulha imantada
do clipe deve ser maior. Depois,
croampères) temos: 66,6 mA. em lugar do clipe?
aumente um pouco a resistência do

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9 10
escola
e
Utilização do multímetro para determinar a Experimento de Oersted
sensibilidade do galvanômetro

A segunda forma se dá medindo a Experiência Projeto 4:


resistência com o multímetro, confor- Basta encostar os fios nos ter- Construção de um solenóide
me ilustra a figura 9. minais da pilha para que a corrente Um solenóide é uma bobina ci-
Basta também dividir a tensão da pi- circule por um momento (a pilha não líndrica sem núcleo no seu interior.
lha (1,5 V) pela resistência encontrada. deve ficar permanentemente ligada Quando uma corrente elétrica circula
ao fio pois sendo a corrente intensa, por um solenóide cria-se um campo
Sugestões ela se esgotaria rapidamente). Com magnético, que é mais intenso no
• Veja qual dos alunos consegue a circulação da corrente, o campo seu interior.
montar o galvanômetro mais magnético criado atua sobre a agulha É possível construir facilmente
sensível. ou clipe movimentando-o. A agulha um solenóide e mostrar que objetos
• Procure mostrar de que modo o tende a ficar perpendicular ao fio por de metais ferrosos colocados nas
número de voltas da bobina in- onde passa a corrente. suas extremidades são atraídos pa-
flui na sensibilidade. ra seu interior quando a corrente é
Sugestões estabelecida.
Competição Pode utilizar uma bússola em lu- Na figura 11, o solenóide é cons-
Faça uma competição para ver gar da agulha imantada ou clipe. A truído e utilizado num pequeno ca-
quem consegue montar o galvanôme- utilização de uma bobina como no ex- nhão.
tro mais sensível. perimento (2) aumenta a intensidade
do campo e o sistema pode ser usado Exemplo de explicação
Projeto 3: para detectar correntes, ou seja, co- Mostre através de desenhos
Experiência de Oersted mo galvanômetro. como é o campo magnético criado
Veja o efeito magnético da cor- por um solenóide. Parta da expe-
rente elétrica que Hans Christian Competição riência de Oersted para explicar
Oersted, professor secundário na Desafie seus alunos para ver porque o campo se concentra no
Dinamarca, descobriu numa experi- quem mede com mais precisão uma seu interior.
ência simples. intensidade conhecida de corrente,
Na figura 10 mostramos o experi- utilizando a balança de Ampère. Experiência
mento pronto para ser utilizado. Coloque pregos, alfinetes ou
Lista de Materiais: Projeto 3 outros pequenos objetos nas ex-
Explicação 1 pilha grande tremidades do solenóide e, de-
Quando uma corrente elétrica 1 pedaço de fio esmaltado pois, encoste os fios do solenóide
circula por um meio condutor, por 1 clipe ou agulha imantada por um momento nos terminais das
exemplo um fio, um campo magnético 1 pedaço de fio rígido 18 a 22 pilhas.
é criado. Este campo possui linhas 1 pedaço de linha O campo criado vai “puxar” para
de força tais que tendem a envolver 2 pregos dentro do solenóide os pequenos ob-
o fio. Isso significa que uma agulha 1 tábua pequena jetos de metal. Mostre que somente
imantada (ou um material ferroso em objetos de metais ferrosos são atraí-
forma de agulha) colocado nas pro- Questionário: Projeto 3 dos para o seu interior.
ximidades do fio tende a se orientar 1) De que modo o sentido da corrente Não mantenha o solenóide ligado
segundo as linhas de força do campo influi no campo magnético criado? por mais do que alguns segundos de
produzido. Esta orientação faz com 2) Qual a diferença entre o campo criado cada vez. A corrente intensa tende a
que o clipe ou agulha imantada fique pela corrente e o campo criado por aquecê-lo e a esgotar rapidamente
perpendicular ao fio. um ímã permanente? as pilhas.

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Lista de Materiais: Projeto 4 Construção do canhão com solenóide
4 pilhas pequenas, médias ou grandes
1 tubinho de papelão de 1 cm de diâ-
metro e de 5 a 6 cm de comprimento.
20 ou mais metros de fio esmaltado fino
(28 ou mais fino)
Pequenos objetos de metal como clipes,
preguinhos, alfinetes, etc.

Questionário: Projeto 4
1) As linhas de força do campo de um
solenóide são abertas ou fechadas?
2) Do que depende a intensidade do
campo magnético criado?
3) Por que os objetos de metal fer-
roso são puxados para o interior do
solenóide?

Sugestões 12
do linhas de força que se expandem. Indução de tensão no enrolamento
• Monte o canhão eletromagnético Ao expandir-se, estas linhas cortam secundário de um transformador
conforme a figura 11. as espiras da segunda bobina (deno-
• Um toque nos terminais do supor- minada enrolamento secundário). O
te de pilhas vai fazer com que o resultado será a indução no segundo
êmbolo seja puxado fortemente enrolamento de uma tensão.
para o interior do solenóide ati- Quando a corrente se estabiliza na
rando longe a “bala”, que nada primeira bobina, as linhas não mais
mais é do que um grão de feijão cortam a segunda e com isso a indu-
ou uma pelotinha de papel. Fa- ção para.
ça uma competição entre seus Se a corrente na primeira bobina
alunos para ver quem monta o for interrompida, as linhas de força
canhão que atira mais longe. do campo magnético se contraem e
• Mostre que o campo criado é da cortam novamente as espiras da se-
mesma natureza que o de ìmãs 13
gunda bobina. O resultado disso é a Enrolando o transformador
permanentes, podendo atrair indução de uma tensão mas agora experimental
ou repelir conforme o pólo do com polaridade invertida. Veja então
ímã próximo. que se uma corrente for estabelecida
e desligada rapidamente no enrola-
Competição mento primário, haverá a presença de
• Veja quem monta o solenóide picos ou pulsos de tensão no secun-
com mais força. dário com polaridade que se inverte
• Monte o canhão e faça uma constantemente, conforme ilustra a
competição para ver quem atira figura 12.
o projétil mais longe. Este fato da corrente precisar
variar constantemente num dos en- Lista de Materiais: Projeto 5
Projeto 5: rolamentos para haver indução no 1 pilha pequena ou média
Transformador experimental outro, faz com que o transformador 1 argola de metal ferroso ou ferrite
Os transformadores são disposi- seja um dispositivo que funciona so- 40 metros de fio esmaltado fino (30 a 34)
tivos que podem converter energia mente em circuitos de corrente alter- 1 multímetro
elétrica mudando-se a tensão e a cor- nada ou ainda corrente que varie de 1 lima
rente. Está é uma versão experimetal outra forma.
para você verificar como este tipo de Questionário: Projeto 5
dispositivo funciona. Experiência 1) Explique o funcionamento do trans-
Na figura 13 temos o modo de se formador.
Como funciona enrolar o transformador experimental. 2) Por que não há indução com corrente
Um transformador tem duas bobi- Os enrolamentos são formados contínua pura aplicada ao enrolamento
nas enroladas com fios esmaltados em por aproximadamente 50 a 100 voltas primário?
um núcleo comum. Quando aplicamos de fio fino na argola. Assim o campo 3) Dê exemplos de uso prático de trans-
uma tensão em uma das bobinas (de- magnético criado por uma bobina tem formadores.
nominada enrolamento primário) um suas linhas percorrendo a argola, que 4) Qual a diferença entre corrente con-
campo magnético é produzido, crian- as concentra na segunda bobina. tínua e alternada?

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14
escola
e
O circuito completo para a experi- Circuito completo para a experiência
ência é visto na figura 14.
O que fazemos é esfregar a pon-
ta do fio ligado à pilha na lima de
modo que a corrente que circula pe-
la bobina sofra variações bruscas,
fato fundamental para que ocorra a
indução conforme vimos. O resulta-
do disso é que ao fazer esta opera-
ção, a tensão induzida será acusada
pela agulha do multímetro (ou por
um galvanômetro, como o que mon-
tamos em experimento anterior, veja
sugestões). Observe que o multíme-
tro deve ser colocado numa escala
de tensões alternadas. 15
Utilização de um transformador
Mostre que se deixarmos o fio comum no mesmo experimento
encostado na lima sem esfregá-lo,
de modo que a corrente se estabilize
na bobina, não haverá indução. Para
que o transformador funcione é pre-
ciso ter variações da corrente.
Nesta última fase da experiência
não deixe o fio encostado por muito
tempo, pois a corrente intensa pode
esgotar rapidamente a pilha além de
aquecer a bobina.

Sugestões
• Um LED em série com um resis-
tor de 470 ohms pode ser usado 16
Montagem do zumbidor
para acusar a corrente induzida
no secundário.
• Um galvanômetro também pode
ser usado para esta finalidade,
desde que em série tenhamos
colocado um diodo como o
1N4148.
• A mesma experiência pode ser
realizada com um transformador
comum, conforme indicamos na
figura 15.

Competição
Utilize um LED em série com um
resistor de 1 kW para ver quem con-
segue fazer um transformador que o A montagem do zumbidor e de seu esta latinha a corrente é interrompida.
acende com mais força. Pode ser uti- circuito pode ser vista na figura 16. Com isso, cessa a força de atração e
lizado o multímetro para medir o pico Observe o ponto em que as la- a latinha tende a voltar à sua posição
de corrente gerado. tinhas encostam uma na outra. É normal encostando na outra. O resul-
muito importante raspar a tinta das tado é o restabelecimento da corrente
Projeto 6: Zumbidor latinhas neste ponto para que o con- e uma nova atração. A corrente fica
Importante aplicação dos eletro- tacto elétrico seja perfeito. então sendo estabelecida e interrom-
ímãs que pode ser realizada com pida rapidamente, levando a latinha a
base num simples pedaço de fio Explicação uma vibração. A consequência dessa
esmaltado. O mesmo princípio é en- Quando as latinhas se mantêm em vibração é a produção de um som se-
contrado nas buzinas de carro e em contato a corrente pode circular pela melhante ao de um zumbido. As cam-
outros dispositivos. Para construir bobina enrolada no prego, produzin- painhas e buzinas de carro funcionam
um simples zumbidor você precisará do assim um forte campo magnético desta forma. A rigidez e o tamanho das
do seguinte material:(Veja na LM) que atrai uma das latinhas. Ao atrair latinhas determinam o som produzido.

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e 17
escola
18
Uso de um alto-falante para obter Princípio da Balança de Ampère
som amplificado

Experiência Projeto 7: 19
Montagem da Balança de Ampère
Na montagem ajuste as latinhas Balança de Ampère
para que encostem uma na outra. Os campos magnéticos produzi-
Ligue a pilha ao circuito (raspe as dos pela corrente que circula por dois
pontas do fio esmaltado para haver condutores elétricos paralelos são
contacto). Deve haver a vibração da responsáveis por forças de repulsão
latinha maior, produzindo som. Tente que tende a afastá-los, se tiverem
usar duas ou mais pilhas, se o som o mesmo sentido, veja a figura 18.
produzido for muito fraco. Não deixe Usando esta força pode-se fazer uma
o zumbidor muito tempo ligado, pois “balança” que, pela intensidade da
a corrente intensa tende a aquecer a força exercida entre condutores, pos-
sua bobina. sibilita a medição da intensidade de
uma corrente elétrica.
Sugestões Esta balança, denominada “ba-
• Ligue um alto-falante comum em lança de ampère” pode ser cons-
série com o circuito para obter a truída facilmente utilizando-se fio
reprodução do som amplificado, esmaltado comum e mais alguns
conforme exibe a figura 17. componentes de fácil obtenção. O
• Ligando um manipulador em seguinte material será necessário
série com a pilha podemos ter para a construção dessa balança:
um telégrafo experimental para (veja na LM)
demonstrações. Na figura 19 observamos a mon-
tagem dessa balança.
Competição Na montagem, duas bobinas, de
Faça uma competição para ver umas 10 espiras de fio cada, são
qual zumbidor toca mais alto. colocadas na posição indicada. O
ponto em que os fios esmaltados são O ângulo de afastamento será tão
Lista de Materiais: Projeto 6 emendados deve ser descascado maior quanto a intensidade do cam-
5 a 10 metros de fio esmaltado fino 30 (raspado) para que haja bom contato po magnético e, portanto a intensida-
a 34. elétrico. Para maior confiabilidade de da corrente circulante. Pode-se
1 prego ou parafuso de 3 a 4 cm de será interessante soldar todas as então avaliar a intensidade da cor-
comprimento ligações ou usar terminais de para- rente pelo afastamento das bobinas.
1 base de madeira de 1,5 x 5 x 12 cm fusos. No experimento é possível variar a
2 pedaços de lata cortados conforme intensidade da corrente através do
mostra a figura 16 Exemplo de explicação potenciômetro, mostrando os diver-
4 pregos pequenos São enroladas duas bobinas que sos ângulos obtidos.
1 pilha comum pequena, média ou ficam lado a lado. Quando uma cor-
grande rente elétrica circula pelas duas bobi- Experiência
nas, são criados campos magnéticos Encoste os fios no terminal da pi-
Questionário: Projeto 6 com tal orientação que entre as bobi- lha inicialmente com o potenciôme-
1) Por que ligando a pilha diretamente à nas surge uma força de repulsão. O tro na posição de menor resistência.
bobina não são produzidas vibrações? resultado é que, sendo uma das bobi- A bobina móvel deve afastar-se de
2) Como funciona uma campainha de nas móvel, ela tende a se afastar da um certo ângulo (se a bobina tender
corrente alternada? bobina fixa. a aproximar-se basta inverter sua

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e
Lista de Materiais: Projeto 7 uma bobina induzem uma tensão Experiência
20 metros de fio esmaltado de espessura nesta bobina. Se esta bobina for Prenda o ímã num pedaço de pau
22 a 28. ligada a um circuito externo ocorre ou num lápis de modo a haver maior fa-
1 base de madeira a circulação de uma corrente. A in- cilidade de movimentação. Rapidamen-
2 metros de fio rígido 16 ou 18 dução é um fenômeno dinâmico que te introduza e retire o ímã do tubinho. A
1 pedaço de linha pode ser demonstrado através da agulha indicadora deve movimentar-se
1 pilha comum experiência descrita a seguir. Para mostrando que corrente elétrica foi pro-
1 potenciômetro de 100 ohms ela precisaremos do seguinte mate- duzida. Mostre que se o ímã ficar pa-
rial: (veja na LM) rado no interior do tubinho ou fora, não
Questionário: Projeto 7 Na figura 20 vemos o modo como haverá indução de corrente.
1) Explique porque as bobinas se repelem. deve-se fazer a ligação dos diversos
Por que ocorre atração se uma das bo- elementos para esta experiência e Sugestões
binas tiver sua ligação invertida? detalhes da construção. • Use um multímetro para mostrar a
A bobina enrolada no tubinho corrente induzida em lugar da segun-
ligação). Depois abra o potenciô- de papelão tem de 30 a 100 voltas da bobina.
metro gradualmente, repetindo a de fio. A agulha é pendurada junto • Mostre que se a bobina se mo-
experiência. A corrente vai sendo à segunda bobina de modo a ficar vimentar em relação ao ímã haverá
reduzida, e o afastamento da bobina sujeita a seu campo. Esta bobina também a indução de corrente.
vai ocorrer com ângulos cada vez tem de 10 a 20 espiras do mesmo
menores. fio. Competição
Não mantenha a pilha ligada Premie quem acender um LED
ao circuito por muito tempo, pois a Exemplo de explicação com maior brilho ou gerar maior pulso
corrente é intensa podendo descar- Quando movimentamos rapida- de tensão indicada por um multímetro. f
regá-la. mente o imã de modo que ele en-
tre e saia do tubinho com a bobina, Lista de Materiais: Projeto 8
Sugestões uma tensão é induzida nesta bobina 20 metros de fio esmaltado fino 28 a 32
• Ligue um amperímetro em sé- e com isso uma corrente que circula 1 pequeno ímã permanente
rie com o circuito para medir a pela segunda bobina. O resultado é 1 agulha imantada ou clipe para papel
corrente nas diversas fases da que a corrente na segunda bobina 1 pedaço de madeira ou cartão de 15 x
atua sobre a agulha imantada que 15 cm
experiência.
1 tubinho de papelão de 1 cm de diâmetro
• Faça um gráfico associando se movimenta. Veja que se o ímã
ou pouco mais (que caiba o ímã no seu
os ângulos de abertura das permanecer parado as linhas de for-
interior) e de 3 a 5 cm de comprimento
bobinas com a intensidade da ça não cortam as espiras de forma 1 pedaço de linha comum
corrente. dinâmica e não há indução. A indu- 30 cm de fio rígido 16 a 20
• Premiar a balança mais sen- ção só acontece quando o ímã se
sível ou a que proporcionar a movimenta. Questionário: Projeto 8
indicação mais precisa de uma A bobina com o tubinho deve 1) Explique o fenômeno da indução
corrente conhecida. ficar bem afastada da bobina que eletromagnética.
atua sobre a agulha para que a in- 2) Como energia elétrica pode ser pro-
Projeto 8 - Indução fluência na movimentação da agulha duzida por dínamos e alternadores?
Linhas de força de um campo seja apenas do campo desta segun- 3) Por que o fenômeno da indução é
magnético cortando as espiras de da bobina. dinâmico?

20
Fenômeno da indução

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r robótica

Sintonia de Servos
Neste artigo mostramos o que é sintonizar um servo,
porque isso é necessário e como é feito este procedi-
mento para que esse dispositivo siga o mais próximo
possível o sinal de comando externo.
Newton C. Braga

Todos os sistemas de Se o sistema for dotado de um limentação e na saída estão sempre


servomotores que funcionam em laço amortecimento, conforme mostra a defasados de 180 graus nas frequên-
fechado (com realimentação), quer mesma curva, não teremos esta os- cias mais baixas, isso não acontece
sejam analógicos ou digitais, preci- cilação, mas isso pode levá-lo a uma quando a frequência aumenta.
sam passar por um processo de sin- resposta mais lenta. Pode até acontecer que, em
tonia. A finalidade deste processo é Na prática, sintonizar um servo frequências mais elevadas, o sinal
fazer com que o servo siga da manei- consiste em ajustar o potenciômetro tenha polaridade tal que represente
ra mais próxima quanto seja possível, de ganho de modo que possa ter um uma realimentação positiva, e com
o sinal de comando externo. comportamento que evite as oscila- isso o circuito entraria em oscilação
ções em torno do ponto de equilíbrio ou apresentaria outras anomalias de
Necessidade de Sintonia nas mudanças de posição e que leve funcionamento.
As características de funciona- à posição desejada o mais rápido
possível. 1
mento dos servos fazem com que Características de resposta de um
seu movimento seja gerado por uma Se bem que existam cálculos sistema de servos
tensão de erro. Somente quando complexos que levem a sintonia cor-
existe uma diferença entre a tensão reta de um servo, na prática pode ser
aplicada na entrada e a tensão de re- necessário um procedimento mais
ferência dada pela posição do servo simples (ou mais empírico), pois o
é que ele se movimenta para reduzir velho chavão que bem se aplica à
este “erro”. eletrônica e a mecatrônica também é
O ganho do sistema determina válido: “Na prática, a teoria é outra.”
quanto rápido ou duro é o sistema
para tentar reduzir este erro. Examinando o Funciona-
Um sistema que tenha um ganho mento de um Servo
elevado pode gerar um torque eleva- Um servomotor é um sistema que
do para corrigir a posição do servo, opera em um circuito fechado de re-
mesmo quando a tensão de erro é alimentação negativa. Se a realimen-
muito pequena. Um sistema deste tação fosse positiva, teríamos um
tipo é fundamental para corrigir rapi- oscilador, observe a figura 2.
damente as posições do servo quan- Por realimentação negativa en-
tendemos o fato de que o sinal obti- 2
do se exige isso. Circuito fechado de um servo
Entretanto, os servos e suas car- do na saída é aplicado à entrada de
gas movimentadas possuem uma realimentação com a fase invertida.
certa inércia que exige que o servo Em outras palavras, o sinal de saída
acelere e desacelere de modo a e o sinal de realimentação estão em
acompanhar as variações dos sinais antifase ou defasados de 180 graus.
de entrada. A existência desta inér- Isso é conseguido com facilidade
cia tende a fazer com que o sistema bastando que o sinal de saída seja
tenha uma característica de auto- aplicado à entrada inversora do cir-
correção que o faz oscilar em torno cuito usado para esta finalidade, que
da posição eu deve ser atingida, con- normalmente a possui.
forme ilustra a figura 1. Na prática, entretanto, temos de
Isso acontece se não houver considerar que o comportamento de
amortecimento, o que leva o sistema um circuito deste tipo varia com a
a atingir o equilíbrio depois de diver- frequência. Assim, se podemos ga-
sas oscilações em torno deste ponto. rantir que o sinal na entrada de rea-

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3
robótica r
Assim, é muito importante, ao se Ganho e deslocamento de fase com
projetar um sistema de servo, saber frequência de um servo comum
qual é a margem de frequências
que pode ser usada nos sinais de
comando de modo a se manter a
estabilidade.
Isso envolve não só um cuidado-
so projeto e sintonia dos elementos
do circuito, mas também do próprio
sistema mecânico que ele o servo
deve acionar.
Uma das maiores dificuldades
que encontramos na análise de um
sistema com realimentação (closed
loop) é que todos os elementos são
interativos.
A entrada é aplicada à saída, que
então é cancelada, e assim não so-
bra nada para ser medido!
Para se estudar um circuito deste
tipo o que se faz é interromper a rea-
limentação, abrindo-a, e então anali-
sar o que ocorre com o circuito. Em nenhum ponto da operação 4
Resposta com ganho baixo
Com a análise do circuito nas do servo deve ocorrer este problema,
condições sem realimentação (ga- devido a alteração de fase introduzi-
nho máximo), podemos saber o que da pelo circuito.
acontece com seu ganho e com sua Na maioria dos casos, entretan-
fase em função da frequência do si- to, é possível prever tanto o ganho
nal de entrada. Na figura 3 temos as como as variações de fase que ocor-
características típicas de um circuito rem quando se usa um sistema de
usado no controle de servos. servos, o que permite eliminar pro-
Observe que a escala de ga- blemas deste tipo.
nhos é logarítmica (dB) e que uma Na prática, só é necessário fazer
redução de ganho de apenas 6 dB um exame apurado destas caracte-
significa uma redução no ganho de rísticas caso aconteça problemas
tensão de 50%. que nos levem a desconfiar que
O ponto de 0 dB é o ponto em que sua origem resida na variação de
temos o ganho unitário de tensão, ou ganho, ou na mudança de fase do
seja, aquele em que a tensão de saí- sinal de realimentação introduzida
da tem o mesmo valor que a tensão no circuito. 5
Características reais de um servo
de entrada. Podemos dizer que nes- Neste caso, uma solução a ser não carregado
te ponto temos a máxima frequência adotada é manter o ganho inferior a
em que teoricamente o dispositivo um quando o deslocamento de fase
pode ser usado como amplificador. é de 180 graus. Veja na figura 4 o
No gráfico de fase, a escala é em que ocorre.
graus e mostra como a diferença de
fase entre o sinal de entrada e o sinal Um Servo na Prática
de saída se alteram com o aumento Levando em conta as caracterís-
da frequência. ticas que analisamos, a resposta de
Veja que, se chegarmos ao ponto um servo na prática, é bem diferente
em que a realimentação se atrasa em daquela que a teoria poderia indicar
180 graus, com o desvio adicional de como linear. Na figura 5 é possível
180 graus que obtemos aplicamos observar estas características, para o
este sinal na entrada negativa, volta- caso de um servo não carregado.
mos a ter a mesma fase do sinal ori- Analisando estes gráficos, é pos-
ginal (360 graus). Isso significa que a sível notar algumas diferenças entre
realimentação introduzida no circuito o que é um servo na teoria e o que
se torna positiva e não negativa, com esperar na prática.
a produção de oscilações, instabili- O primeiro ponto que salta à vis-
dades e outros problemas. ta é o ganho elevado do circuito nu-

Mecatrônica Fácil nº44 19

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r robótica
6 Considerando a
Sistema de servo com carga inercial
Inércia da Carga
No momento em que o servo
tem de atuar sobre algum siste-
ma mecânico, que possui certa
inércia, seu comportamento pode
mudar mais ainda. Tanto as carac-
terísticas de fase como de ganho
são alteradas quando o servo é
carregado.
Devemos considerar neste caso
não apenas a redução de ganho
devido à inércia da carga, como
também o aparecimento de um pi-
co adicional devido à oscilação do
eixo acoplado à carga. Na figura 6
mostramos os gráficos que levam
em conta a adição de uma carga a
um servo.
Observe que o ganho pode até
ser maior do que o que ocorre na fre-
qüência natural de ressonância de 2
kHz. Em um caso como este o motor
pode começar a vibrar ou “apitar” com
frequências de controle ainda mais
baixas, quando a constante de tempo
é ajustada.
A amplitude deste pico adicio-
nal de ganho depende da forma
ma frequência de aproximadamente curva de frequência que passa pelo como o servomotor é acoplado à
2 kHz, para este exemplo. ganho de 0 dB ou ganho unitário de carga.
Nesta frequência temos a resso- tensão. Um acoplamento por mola, por
nância do eixo acoplado ao sensor, Para os servos comuns, usados exemplo, aumenta em muito este
causando uma oscilação por torção. em aplicações industriais, a frequên- pico, exigindo a atuação sobre o
Observe que, nesta mesma fre- cia em que isso acontece está tipica- controle de ganho para que não haja
qüência, o deslocamento de fase mente entre 40 e 300 Hz. instabilidades de funcionamento. É
dos sinais de controle e de entrada No gráfico de fase, observe que claro que um ganho menor vai ter
muda abruptamente, chegando aos o ponto beta (β) é denominado “mar- efeitos sobre a resposta do sistema,
360 graus que vão causar a altera- gem de fase na freqüência de cru- além de outros fatores que devem
ção de realimentação negativa para zamento”. ser considerados.
positiva. Se este beta for muito pequeno, o
Num projeto que use este siste- sistema tende a oscilar e sobredispa- Conclusão
ma, na freqüência de ressonância rar na frequência de cruzamento. Is- Neste artigo demos uma idéia
do eixo, o ganho deve ser menor do so significa que beta pode ser usado dos fatores que devem ser levados
que 1 para que não tenhamos osci- para representar o amortecimento. em conta ao se ajustar ou “sintoni-
lações. Um sistema que tenha um beta zar” um servo. Como um circuito ele-
O controle da constante de tempo elevado tem um fator de amorte- trônico sensível, o servo deve estar
do circuito determina em que ponto o cimento alto. O controle de amor- corretamente sintonizado com as
ganho começa a se deslocar. Pode- tecimento (damping) atua sobre a características do sistema mecânico
se fazer uma analogia deste controle margem de fase possibilitando seu que ele deve acionar.
com o controle de agudos de um am- aumento na freqüência de cruza- Entendendo como isso acon-
plificador de áudio, o qual atua sobre mento (crossover). tece o profissional, além de me-
o ganho das altas frequências. Este controle atua sobre o circuito lhor instalar e ajustar servos em
Devemos ajustar este controle de realimentação produzindo o que equipamentos industriais, também
para manter o ganho do circuito em é denominado “aceleração da reali- estará apto a localizar falhas de
menos do que 1 quando a frequência mentação”. funcionamento de um equipamen-
se aproxima de 2 kHz. Uma rede de compensação cria to que, em muitos casos, não são
Um outro ponto de interesse nes- uma derivação para o sinal de reali- provocadas por defeitos de com-
tes gráficos é o de cruzamento ou mentação na freqüência de crossover, ponentes, mas sim por um ajuste
“crossover”. Trata-se do ponto da aumentando assim a margem de fase. mal feito. f

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p projeto

Controle remoto por


Laser Pointer
Laser Pointers são comuns e baratos, hoje em dia. Além
da utilidade de servir de ponteiro para ajudar em pales-
tras e aulas, este pequeno dispositivo pode ter um uso
adicional para os leitores que dominam as técnicas
de montagens eletrônicas: é possível utilizá-lo como
um transmissor para um sistema simples de controle
remoto por feixe de luz. É justamente o receptor para Newton C. Braga
este controle remoto que descrevemos neste artigo.

A grande vantagem dos Como funciona ligado, garantindo, dessa forma, que
Laser Pointers, quando usados como Um circuito integrado 555 funcio- ele sempre inicie o funcionamento
transmissores para um sistema de na como monoestável gerando um com o relé desenergizado.
controle remoto simples, é que eles pulso de duração constante determi-
podem concentrar muita luz numa pe- nado por R2 e C1, quando o seu pino Montagem
quena área, o que significa que tanto o de disparo vai ao nível baixo por um Na figura 2 vemos o circuito
receptor não precisa ser muito sensível instante. completo do controle remoto com
como o alcance será muito grande. No pino de disparo (2) ligamos um um laser pointer, exceto a fonte de
De fato, com um bom ajuste de LDR como sensor e em série um cir- alimentação.
sensibilidade o alcance pode facil- cuito de ajuste que permite compen- Todos os componentes podem ser
mente superar os 50 metros, exis- sar a luz ambiente, levando o receptor montados numa placa de circuito im-
tindo apenas uma dificuldade para o ao ponto de maior sensibilidade. presso com a disposição apresentada
operador: ter pontaria suficiente para Quando o sensor (LDR) recebe na figura 3.
acertar o receptor a esta distância. um pulso de luz, sua resistência dimi- O layout da placa pode eventu-
O circuito que descrevemos é um nui e o pino 2 do CI 555 é aterrado almente ser alterado em função das
receptor biestável que aciona um relé ocorrendo,então, o seu disparo. dimensões e da pinagem do relé
com um pulso de luz do laser pointer, A saída do 555 (pino 3) é ligada usado. Qualquer relé sensível (até
e o desliga no pulso seguinte. à entrada de um flip-flop tipo D que 50 mA) para 12 V pode ser emprega-
A carga controlada depende ape- consta do circuito integrado 4013. do neste circuito.
nas do relé utilizado e o sensor é mui- Na saída do flip-flop temos um O LDR pode ser de qualquer tipo e
to sensível, podendo também operar transistor que alimenta um relé. Quan- será montado num tubinho opaco de
com outras fontes de luz tais como do a saída do flip-flop vai ao nível alto, modo a receber luz apenas de uma
uma pequena lanterna, ou mesmo o o transistor se satura e o relé é ener- direção, evitando assim ao máximo a
farol de um carro. gizado fechando seus contatos. interferência da luz ambiente que pode
Dentre as aplicações possíveis, A cada pulso do 555 o flip-flop mu- incidir lateralmente.
podemos citar: da de estado, energizando e desener-
gizando o relé e com isso controlando 1
• Acionamento de sistema de emer- Fonte de alimentação 12 V
gência em indústrias a carga externa.
• Abertura de portões a distância Para alimentar o circuito podemos
• Acionamento de eletrodomésticos usar a fonte de alimentação de 12 V
e eletrônicos mostrada na figura 1.
• Disparo de alarmes a distância Com o uso de relés sensíveis de
• Disparo de armadilhas 6 V, o circuito também pode ser ali-
O circuito é alimentado com uma mentado por pilhas comuns.
tensão de 12 V e na condição de es- A rede formada pelo resistor de
pera (com o relé desenergizado) a 100 k ohms e o capacitor de 100 nF
corrente drenada é muito baixa, da no pino 10 do 4013 tem por finalidade
ordem de 1 mA. proporcionar o reset do flip-flop ao ser

22 Mecatrônica Fácil nº44

MF44_controle.indd 22 26/1/2009 16:32:59


projeto p
2
Circuito completo do receptor

Este componente também po- 3


ga Placa do receptor do controle
de ser instalado longe do receptor, remoto usando Laser Pointer
caso a aplicação exija. Até mesmo
uma lente convergente na parte
frontal do tubinho pode ser prevista
para aumentar a sua diretividade e
sensibilidade.

Prova e uso
Para provar o aparelho basta ligar
na sua saída uma carga qualquer co-
mo, por exemplo, um abajur ou outro
eletrodoméstico.
Ligue o aparelho e ajuste P1 para
obter o limiar do disparo. Volte um
pouco o controle de sensibilidade e,
com um laser pointer, teste a ação
do relé.
Se o relé tender a repicar (fechan-
do e abrindo mais de uma vez com
os pulsos de luz emitidos) aumente
o valor de C2. Este capacitor, depen-
dendo da aplicação, pode assumir
valores de até 2,2 μF.
Comprovado o funcionamento é
só fazer a instalação definitiva.
Se houver a tendência ao disparo
com relâmpagos (no caso de uso ex-
terno), um capacitor de 100 nF a 1 μF
pode ser ligado em paralelo com o
LDR para aumentar a inércia. Esco- Lista de materiais:
lha um valor que não afete também a Semicondutores: Capacitores
sua sensibilidade ao laser pointer. f CI1 - 555 - circuito integrado - timer C1 - 47 nF - poliéster ou cerâmico
CI2 - 4013 - Duplo Flip-flop tipo D CMOS C2 - 100 nF - poliéster ou cerâmico
Q1 - BC548 - transistor NPN de uso geral C3 - 100 μF x 16 V - eletrolítico
Importante:
D1 - 1N4148 ou equivalente - diodo de
Muito cuidado deve ser tomado com o silício de uso geral Diversos
uso do Laser Pointer em lugares com mui- LDR - LDR redondo comum de qualquer
tas pessoas. O feixe de laser nunca deve Resistores: (1/8 W, 5%) tamanho
ser apontado para as vistas das pessoas, R1 - 10 k ohms K1 - 12 V x 50 mA - relé sensível
já que sua radiação é perigosa. Posicione R2 - 47 k ohms Placa de circuito impresso, laser pointer,
o sensor de tal forma, que ao ser usado, R3 - 100 k ohms material para fonte de alimentação, caixa
nunca haja o perigo de pessoas cortarem R4 - 4k7 ohms para montagem, fios, solda etc.
o feixe de luz de modo acidental. P1 - 1 M ohms - trimpot ou potenciômetro

Mecatrônica Fácil nº44 23

MF44_controle.indd 23 26/1/2009 16:33:18


dispositivos
d
O relé é um componente
de grande utilidade e
aparece em boa parte nos
projetos de eletrônica,
mecatrônica, robótica,
automação e controle e
eletrônica automotiva.
Veremos neste artigo seu
funcionamento, utilida-
des e como aumentar a
sensibilidade deste dis-
positivo.
O leitor poderá montar
um relé experimental
para demonstrações
didáticas e pequenos
projetos. Evidentemente,
das milhares aplicações
possíveis veremos algu- 3
mas, mas daremos ele- C
mentos para que o leitor ap
desenvolva tantas outras
quanto sua imaginação
permitir

Uso de Relés Newton C. Braga

Com frequência nos circuitos Nas proximidades de uma bobina que circula pela bobina do relé. Com a
aparecem relés, que em alguns casos (eletroímã) existe uma armadura de bobina sem corrente (desenergizada),
por falta de conhecimento dos leitores, metal ferroso, que pode movimentar a lâmpada permanece apagada.
ou mesmo por alguma dificuldade de um contato elétrico. Com a bobina energizada a lâm-
obtenção, consistem em um impedi- Quando não circula corrente pela pada acenderá.
mento para sua realização prática. bobina, não há campo magnético e,
Conhecendo melhor os relés, o portanto, a armadura se mantém fixa 1
Estrutura de um Relé
leitor verá que são componentes in- em sua posição, com os contatos 3 e
dispensáveis em muitas aplicações e 4 separados. 5
é conveniente ter sempre alguns dis- Ao circular uma corrente pela bobi- A
poníveis no seu estoque de material. na, é criado um campo magnético que ac
A finalidade do artigo é forne- atrai a armadura e, com isso, faz com
cer elementos para facilitar o uso e que os contatos 3 e 4 encostem um
a escolha de relés para eletrônica, no outro.
principalmente os que envolvem as Em outras palavras, sem corrente
aplicações comuns. na bobina, os contatos 3 e 4 estão
Analisaremos as características de abertos e não pode fluir corrente pelo
um relé e como fabricá-lo ou improvi- circuito que controla. Com a circulação
sá-lo a partir de outros recursos. de corrente pela bobina, os contatos 3
e 4 fecham, e uma corrente pode pas-
O Relé sar pelo circuito que controla.
Um relé consiste em uma chave ou Ligando um circuito externo, como
comutador eletromagnético, cuja es- ilustra a figura 2, ele pode ser total-
trutura básica é mostrada na figura 1. mente controlado apenas pela corrente

24 Mecatrônica Fácil nº 44

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dispositivos
d
2
Circuito externo controlado
com microrrelés, uma corrente fraca, 12, 24, 48 ou mesmo 110 volts) e pela
através de um relé
como a que obtemos de um transistor, corrente (100 mA, 50 mA, etc).
ou mesmo diretamente de um sen- Se dividir a tensão de acionamento
sor, pode fechar os contatos do relé, pela corrente correspondente, facil-
e com isso controlar aparelhos que mente encontrará a resistência da bo-
exigem correntes maiores como, por bina. Por exemplo, um relé de 6 volts
exemplo, lâmpadas, motores, etc. para 100 mA tem uma resistência de
Num microrrelé típico precisamos bobina de 6/0,1 = 60 ohms (0,1 ampé-
de uma corrente de apenas 0,05 am- re é o mesmo que 100 mA).
pères para fechar os contatos, e com Pode-se, por outro lado, indicar a
isso controlar uma corrente externa tensão de acionamento e a resistência
de até 2 ampères, ou seja, 40 vezes da bobina. Para calcular a corrente,
maior! basta dividir a tensão pela resistência.
O relé pode então ser utilizado Um relé de 6 volts com 60 ohms de
como sensível dispositivo de controle bobina é acionado com uma corrente
com características adicionais impor- de 6/60 = 0,1 A ou 100 mA).
tantes, que são: É preciso observar, entretanto,
que os valores de tensão indicam
• Existe um isolamento completo qual a maneira ideal de usar o relé
entre o circuito que controla a num circuito.
sua bobina e o circuito ligado Na prática o relé pode funcionar
aos contatos. com uma tensão ligeiramente menor e
• O circuito de controle pode ter também com tensões até 50% maio-
3 res. As tensões maiores até assegu-
Carga de 2 A controlada com características completamente
diferentes daquele que é con- rarão uma atração maior da armadura
apenas 0,05 A
trolado. que proporciona eficiência e rapidez
• Um relé pode ter muitos contatos, de contato.
A tensão apenas não pode ser
e com isso controlar diversos
muito maior que estes 50% porque
circuitos simultaneamente.
a bobina tende então a esquentar e
• Tipos especiais de relés podem
causar a queima do relé. Neste caso
ter ações temporizadas ou travas,
é a dissipação máxima que deve ser
eliminando a necessidade de levada em conta, observe a figura 5.
circuitos para esta finalidade. Existem tipos de relés cujas bobi-
nas são projetadas para acionamento
4 Características com corrente contínua e tipos de relés
Aplicação de tensão na bobina Para usar um relé numa determi- que podem operar com corrente alter-
nada aplicação, precisa-se interpretar nada. Em geral, os tipos para corrente
suas características. alternada são aqueles cujas bobinas
Assim, em primeiro lugar é preciso são indicadas para tensões elevadas
conhecer as características de sua como as encontradas na rede de ali-
bobina, que determinarão que tipo de mentação de 110 V ou 220 V.
circuito de disparo ou acionamento Na tabela 1 dada a seguir vemos
pode-se empregar. as características dos relés comu-
5 Para os relés sensíveis, estas bo- mente encontrados em aplicações co-
A dissipação é fundamental no binas são formadas por milhares de muns, para servir de orientação para
acionamento de um relé espiras de fios finos. Para o aciona- o leitor. A pinagem destes relés será
mento da bobina, existem três gran- vista posteriormente.
dezas elétricas que entram em jogo.
Para obter a corrente necessária T1
ao disparo, precisamos aplicar uma Tabela 1
certa tensão na bobina, e esta tensão Tensão Corrente Resistência
é função da resistência que o fio do (v) (mA) (ohms)
enrolamento apresenta. (Figura 4)
Uma característica importante do Os relés podem então ser espe- 5 111 45
relé é que o circuito controlado pode cificados por duas destas três gran- 6 92 65
ter características totalmente distintas dezas, pois o conhecimento de duas 12 43 280
do circuito que controla a bobina. As- delas nos permite calcular facilmente
24 22 1070
sim, se a bobina for feita com muitas a terceira. Pode-se especificar um re-
espiras de fio muito fino, como ocorre lé pela tensão de acionamento (3, 6, 48 12 4000

44 Mecatrônica Fácil nº 44 25

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dispositivos
d 6 8
Outro tipo de especificação impor- Contato de um relé Desligando uma carga com o
tante para um relé é a que se refere acionamento do relé
às características dos contatos.
No relé tomado como exemplo tí-
nhamos dois contatos que permane-
ciam desencostados quando a bobina
estava desenergizada e encostavam
quando fluía corrente pela bobina.
Confira na figura 6 que, temos um
contato fixo, denominado (comum), e
um contato que na condição de dese-
7
nergização está aberto, ou seja, é o Relé com contato NF
contato normalmente aberto ou abre-
viado por NA. Quando energizamos a
bobina este contato fecha.
9
Existem relés que podem ter os Relé com contatos NA e NF
contatos dispostos de outra forma e
também em um número maior. Uma
possibilidade interessante é mostrada
na figura 7.
Neste tipo de disposição, eles es-
tão fechados ou ligados quando a bo-
bina está desenergizada. Dizemos que
trata-se de um relé com um contato
normalmente fechado ou abreviada-
mente NF. Quando energiza-se o relé,
10
os contatos abrem, desligando um cir- Identificação dos contatos NA e
cuito externo. Veja então que um relé NF para microrelés comuns
com contatos NF pode ser usado para
desligar alguma coisa com a energiza-
ção de sua bobina, e não somente pa-
ra ligar, conforme sugere a figura 8.
E, é claro, pode-se combinar os
dois tipos de contatos num único relé.
Observe a figura 9. Trata-se de um
relé com contatos reversíveis NA e
NF, como os tipos comuns encontra-
dos no mercado especializado para
as versões denominadas microrreles
com invólucros para soldagem direta 11
Utilização de um relé
em placas de circuito impresso.
Estes pequenos relés possuem
dois contatos reversíveis, o que quer
dizer que é possível controlar inde-
pendentemente dois circuitos tanto
utilizando as funções NA como NF.
Na figura 10 temos a identifica-
ção destes contatos para os microrre-
les comuns usados nos projetos.
Os contatos de um relé são estru-
turas mecânicas bastante delicadas.
Quando eles abrem ou fecham, con-
trolando correntes intensas, ocorrem
faiscamentos que, com o tempo, vão
gastando e queimando os contatos.
Assim uma especificação impor-
tante é a corrente máxima que os
contatos do relé podem controlar. Pa-
ra os microrreles esta corrente é da
ordem de 2 ampères.

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dispositivos
d
12
Inversão de polaridade com um
relé de contatos reversíveis

13
Utilização de um diodo em
Usando Relés paralelo com um relé
Para utilizar um relé, é importan-
te saber qual o tipo de acionamento
que ele pode ter, e que tipo de carga
controlar. De posse de um circuito de
acionamento de um relé, conforme
indica figura 11, podemos usar tanto
seus contatos NA como NF para con-
trolar uma carga ou circuito externo.
Assim, em (a) temos a alimentação
de um circuito externo, uma lâmpada
ou uma cigarra, por exemplo, quando
o relé fecha seus contatos, ou seja, totalmente expandido com as linhas
quando sua bobina é percorrida por de força se espalhando por todo o es-
uma corrente. paço que envolve o componente. No
Já, em (b) temos a utilização dos momento em que o relé é desativado,
contatos NF, quando então o circuito ou seja, a corrente de sua bobina é
externo é desligado quando a bobina cortada, ocorre um fenômeno: as li-
é percorrida por uma corrente. nhas de força do campo magnético
Veja, porém, que nesta segunda se contraem rapidamente e cortam as
aplicação, estando o circuito externo espiras da bobina induzindo uma alta
desligado, o relé estará sendo percor- tensão.
rido por uma corrente, o que significa Esta tensão tem polaridade inversa
um consumo de energia por seu cir- daquela que disparou o relé e, aplica-
cuito de disparo. da a um transistor, poderia facilmente
Uma aplicação interessante para causar sua queima. Num simples relé
um relé de dois contatos reversíveis é de 6 ou 12 V com corrente de bobi-
exibida na figura 12. Esta consiste na na de 50 a 100 mA, esta tensão pode
inversão de polaridade de uma fonte ser superior a 100 volts enquanto um
de corrente contínua. transistor como o BC548 suporta no
Pode-se inverter a rotação de um máximo, entre o coletor e o emissor,
motor simplesmente energizando o uma tensão de 30 volts.
relé. Este tipo de circuito encontra Colocando um diodo em parale-
uma grande quantidade de aplica- lo com a bobina, mas polarizado de
ções em robótica e mecatrônica além modo inverso em relação à tensão de
de automação industrial, substituindo acionamento, ele oferece um percurso
as denominadas pontes H. de baixa resistência para a circulação
Os leitores já devem ter notado da corrente gerada pela tensão indu-
que nos projetos que fazem uso de zida na abertura que, então, não pode
transistores disparando um relé, sem- causar dano ao transistor.
pre é empregado um diodo em parale- Se preferir aumentar a sensibili-
lo com a bobina. Este diodo é do tipo dade de um relé, disparando-o com
de silício de uso geral como o 1N4148 correntes muito menores que as exi-
ou mesmo 1N4002. (Figura 13) gidas pelas suas bobinas é possível
Quando um relé é energizado, o fazer uso de circuitos excitadores ou
campo magnético de sua bobina está drivers com transistores.

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dispositivos
d 17
14
Excitação de um relé a partir do Utilizando os contatos adicio-
555 ou de integrados TTL nais de um relé como trava

18
Disparo de um relé com ten-
sões alternadas

15
Disparo de relés a partir
de LDRs.

16
Circuitos utilizados para acionar
relés a partir de fototransistores
19
Montagem de um relé experimental

Para excitar um relé a partir de O disparo a partir de foto-sensores da luz no LDR, ou seja, temos um
um 555 ou de um integrado TTL, a como LDRs pode ser feito conforme alarme de sombra.
configuração ideal é a mostrada na ilustra a figura 15. Como os fototransistores tem me-
figura 14. No circuito da figura (a) temos o nos sensibilidade precisamos de uma
O resistor ligado na base do tran- acionamento do relé pela incidência amplificação maior e podemos fazer
sistor tem valores típicos entre 1k e de luz no LDR. Trata-se de um alarme uso dos circuitos apresentados na fi-
4k7, mas se houver bom ganho até de luz. O potenciômetro faz o ajuste gura 16. Um é o alarme de luz, e o
mesmo um resistor de 10 k / ohms da sensibilidade. Já o circuito (b) faz o outro de sombra, e os potenciômetros
pode ser usado. acionamento do relé pela diminuição fazem o ajuste da sensibilidade.

28 Mecatrônica Fácil nº 44

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dispositivos
d
20
Circuito de acionamento do relé experimental.

Os contatos extras de relés que fácil obtenção, e que a partir de uma


possuam dois reversíveis de 6 e 12 simples pilha, controla uma lâmpada
V com correntes de acionamento de de alta potência.
50 a 100 mA podem ser utilizados nu- Pode-se acender ou apagar uma
ma função importante que é a trava. lâmpada de 25 a 60 watts usando
Quando o relé fecha seus contatos, uma simples pilha. Na figura 19 te-
mesmo que ativado por uma corrente mos a montagem do relé.
de curta duração, os contatos extras O fio esmaltado fino (28 a 32) po-
podem ser utilizados para manter in- de ser obtido de transformadores ve-
definidamente o relé energizado. lhos, campainhas ou mesmo outros
Confira a figura 17. Estes con- relés que estejam fora de uso. O fio
tatos extras são usados para “rea- esmaltado aproveitado deve ser de
limentar” sua bobina, mantendo-o cor marrom brilhante, pois se possuir
travado. Para desligar o relé, é pre- cor escura é sinal que foi “queimado”
ciso interromper por um momento a e não danificado por interrupção ou
sua alimentação. Esta aplicação é curto, e o fio perdeu seu isolamento.
interessante quando os relés forem A parte metálica dos contatos é
usados em circuitos de alarmes. feita com pedaços de lata em conser-
O disparo com tensões alter- va que deve ser cortada e raspada
nadas pode ser conseguido com a para que a tinta, isolante, não impeça
utilização de um circuito retificador, a passagem da corrente.
conforme mostra a figura 18. O circuito de acionamento é ilus-
O diodo retifica a corrente e C1, trado na figura 20.
cujo valor estará entre 100 μF e Quando o interruptor de pressão
1 000 μF, faz a filtragem, evitando a é apertado o relé deve fechar seus
vibração dos contatos como no caso contatos (o prego deve atrair a arma-
de um relé de corrente contínua. dura móvel), e o circuito da lâmpada
será fechado com seu acendimento.
Relé Experimental Este mesmo circuito pode servir
Para demonstrar o princípio de de sugestão para o acionamento
funcionamento de um relé, damos remoto de uma campainha usando
uma montagem experimental bastan- pilha em um circuito seguro de baixa
te simples e interessante. Trata-se de tensão que, de modo algum, apre-
um relé improvisado com material de senta perigo de choque. f

44 Mecatrônica Fácil nº 44 29

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dispositivos
d

Supercondutores
O “milagre” da ausência da resistência elétrica existe e chama-se
supercondutividade. Materiais que perdem a resistência elétrica já
existem e novos tipos estão sendo pesquisados, podendo revolucio-
nar a ciência eletrônica nos próximos anos. Neste artigo tratamos
dos supercondutores e do que eles podem nos fornecer no futuro.
Newton C. Braga

Todo material, por me- feitos de materiais de condutividades teriais não terá resistência elétrica
lhor condutor que seja, apresenta uma diferentes terão resistências elétricas alguma, ou seja, se tornará um super-
certa resistência à passagem da corrente diferentes, conforme sugere a figura 1. condutor, observe a figura 3.
elétrica, ou seja, uma oposição à movi- Dois fatores influem nos proble- O que acontece na prática é que
mentação dos portadores de cargas. mas que ocorrem quando correntes em determinada temperatura ocorre
É justamente para vencer esta opo- elétricas devem ser transmitidas por
sição que energia tem de ser dispendida meios que apresentam uma certa re- 1
no estabelecimento de uma corrente, e sistência elétrica. Condutores de materiais diferentes apre-
esta energia se converte em calor. Além do fato de que a circulação de sentam resistências diiferentes
O material será tanto melhor con- uma corrente por um meio que tenha
dutor quanto menos oposição ele ofe- uma certa resistência provoca a gera-
recer à passagem da corrente e esta ção de calor, deve-se ainda considerar
característica é inerente a este mate- que a resistividade e, portanto, a difi-
rial, não dependendo do seu formato culdade de passagem desta corrente
ou das suas dimensões. varia com a própria temperatura.
Esta característica é dada pelo que Quanto mais o material se aque-
denominamos “condutividade elétrica” ce, maior se torna sua resistência
e varia de material para material. As- elétrica, conforme mostra a curva ca- 2
Resistência muda com a temperatura
sim, o ouro, a prata e o cobre são ex- racterística de uma lâmpada comum
celentes condutores por apresentarem incandescente vista na figura 2, que
uma elevada condutividade elétrica é dada pelo comportamento de seu
ou baixa resistividade, enquanto que filamento de tungstênio.
materiais como o ferro, ou o mercúrio No entanto, observando em um
são maus condutores por terem baixa gráfico que, abaixando gradativamente
condutividade ou elevada resistividade a temperatura dos materiais, elas con-
(a resistividade é o inverso da condu- vergem no gráfico para um ponto em
tividade). que sua resistividade se torna nula.
Isso significa que dois condutores Isso significa que neste ponto, um
de mesma espessura e comprimento condutor fabricado com estes ma-

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dispositivos
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uma transição rápida da resistência, Diversas escalas podem ser usa- Supercondutividade
e não seu desaparecimento de forma das para expressar este valor e no Este fenômeno foi descoberto pelo
gradual. nosso país a mais utilizada é a de físico holandês Kamerlingh Onnes em
Em temperaturas da ordem de 1 a graus centígrados ou Celsius. Esta 1911, e recebeu justamente o nome
7 graus kelvin (entre -272 e -266 graus escala tem por ponto de referência, de supercondutividade.
centígrados), a resistência desaparece onde marcamos o 0, o ponto em que Na figura 5 temos um gráfico em
completamente e o material se torna ocorre a fusão do gelo. O segundo que a transição de um material para
um supercondutor. ponto de referência é o ponto de ebu- o estado de supercondutor com o
lição da água em condições normais desaparecimento da resistividade é
Zero absoluto de pressão, onde marcamos 100. mostrada.
A temperatura de um corpo é a Temperaturas de objetos mais frios Não são todos os elementos que
medida do grau de agitação de suas que o ponto de fusão do gelo serão podem chegar a este estado.
partículas, ou seja, de seus átomos. expressas por valores negativos de Assim, nas pesquisas iniciais foi ob-
Esta agitação, na verdade, traduz a temperatura. servado o fenômeno em diversos metais
quantidade de energia que os áto- Veja, entretanto, que se a tempe- puros como o telúrio, cádmio, estanho,
mos possuem e pode ser expressa ratura é uma medida do grau de agita- mercúrio, chumbo, bismuto etc.
por um valor numérico, ou seja, por ção das partículas, valores negativos O grande problema é que, quando
uma temperatura. não têm muito significado. tratamos de materiais puros como os
Se formos esfriando cada vez mais metais indicados acima, o fenômeno
3 um corpo, seus átomos vão diminuindo
Resistência converge a zero no zero só se manifesta em temperaturas pró-
absoluto a intensidade de sua vibração até um ximas do zero absoluto, o que dificulta
instante em que, teoricamente, eles bastante sua utilização prática.
devem parar completamente de vibrar. Manter o material na temperatura
Como um movimento mais lento em que o fenômeno ocorre implica na
que o parado não existe, este ponto utilização de vasos de Dewar (garrafas
seria muito melhor para se marcar o térmicas) e em banhos de hélio ou
zero de uma escala do que o ponto nitrogênio líquido, o que significa um
de fusão do gelo. Este seria o mínimo grande gasto e a necessidade de equi-
absoluto de esfriamento de qualquer pamento especial, veja a figura 6.
objeto, pois não seria possível obter No entanto, observa-se que di-
temperatura mais baixa: não existe versos metais podem ser usados na
movimento mais lento que o parado. forma de ligas que, dependendo de
Experiências e cálculos mostram sua composição, podem manifestar o
4 que a temperatura em que isso acon- efeito da supercondutividade em tem-
Conversão de graus celsius em Kelvin
tece é de aproximadamente -273 graus peraturas mais altas.
centígrados ou seja, 273 graus centígra- A busca dos cientistas é certamente
dos abaixo do zero da escala Celsius. por um material que seja supercondu-
Nesta temperatura temos o ponto de tor na temperatura ambiente, mas isso
“Zero Absoluto”. ainda está longe de ser conseguido.
Podemos, então, estabelecer uma Dessa forma, para os compostos
escala muito melhor para designar de nióbio com carbono se consegue
temperaturas se usarmos este ponto uma temperatura de transição da or-
como zero. dem de 15 graus Kelvin enquanto que
Esta escala existe e é denominada para o nióbio com estanho essa tem-
escala absoluta de temperaturas ou peratura vai aos 18 graus Kelvin.
escala Kelvin. Novas ligas com temperaturas mais
5 Temos então os graus Kelvin, altas como a liga de chumbo com arsê-
Na temperatura de transição a resistência que são do mesmo tamanho que os nio e bismuto alcançam pontos de tran-
desaparece centígrados de modo que o 0 grau sição para a supercondutividade que
centígrado passa a corresponder a chegam aos 90 graus Kelvin!
273 kelvin, e o 0 grau Kelvin a – 273
centígrado, conforme exibem os dois Outras propriedades
termômetros da figura 4. Mas, não é apenas a resistividade
Assim sendo, quando falamos nas que cai a zero quando um material
menores temperaturas que podem exis- é resfriado abaixo do ponto de tran-
tir nos referimos às temperaturas perto sição. Diversas outras popriedades
do “zero absoluto” em que quase toda interessantes se manifestam.
agitação térmica dos átomos desapare- Uma das propriedades que se mo-
ce e fenômenos como o da supercondu- difica de forma acentuada é a capaci-
tividade podem se manifestar. dade térmica. A taxa de absorção de

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6 8
Utilização de vasos Dewar O spin é associado a uma “rotação Levitação magnética
dos elétrons“

calor de um material depende de sua No interior do material seria forma- O trilho deste trem seria formado
natureza e é um número que pouco da uma espécie de nuvem de elétrons por muitos supercondutores alinhados
varia com a temperatura ou varia de com grande mobilidade, e que pode- criando fortes campos magnéticos,
forma linear. Porém, quando o mate- ria conduzir com extrema facilidade a conforme exibe a figura 9.
rial passa para o estado de supercon- corrente elétrica. Com isso os elétrons Na parte inferior do trem haveria
dutor a sua capacidade térmica passa do interior do material entram em um um supercondutor que então repeli-
a apresentar uma característica de estado de “superfluidez”, podendo se ria os supercondutores fixos de mo-
descontinuidade com pontos de va- movimentar livremente sem encontrar do a manter o veículo flutuando, ou
riação por saltos. resistência alguma. seja, sem contato com os trilhos. O
Outra característica que muda no sistema de propulsão seria dado pelo
estado de supercondutividade é a Como obter próprio ângulo de propulsão, que po-
magnética. Os supercondutores são Para se obter um material super- deria ser alterado à vontade por um
materiais diamagnéticos ideais, onde condutor basta ter a liga ou metal sistema mecânico.
a indução magnética interna é nula. apropriado e esfriá-lo até a temperatu- A grande vantagem do sistema
Este fenômeno é explicado pelo ra em que o fenômeno se manifesta. seria a ausência completa de atritos
fato de existirem correntes numa finís- Experiências muito interessantes e portanto de vibrações. O trem se
sima camada externa do material su- podem ser realizadas em laboratórios movimentaria de modo totalmente si-
percondutor, que compensam a ação usando supercondutores esfriados lencioso e macio.
de qualquer campo magnético exter- em hélio ou nitrogênio líquido, depen- Outra aplicação é na obtenção de
no. Este fato faz com que os super- dendo da temperatura necessária à sistemas de acoplamento de meca-
condutores possam ser “destruídos” manifestação do estado de supercon- nismos sem atrito, uma vez que isso
por campos magnéticos intensos. dutividade. pode ser feito pelo campo magnético
Uma delas é a ilustrada na figura criado pelo material.
A explicação científica 8, tradicional em todas as demonstra- No espaço fala-se numa nave de
O que realmente sucede com o ções envolvendo este material, onde propulsão iônica com supercondutores.
material para ele perder a resistência um pequeno ímã “flutua” sobre um Anéis supercondutores acelerariam fei-
quando sua temperatura baixa até o pedaço de supercondutor. xes de elétrons a velocidades da ordem
ponto de transição para o estado de O que ocorre, conforme vimos, é de 80000 quilômetros por segundo,
supercondutor? que as linhas de força do campo mag- conforme sugere a figura 10.
As especulações teóricas sobre o nético do ímã não podem penetrar Uma nave com este tipo de motor
que levaria um corpo a se tornar um no material semicondutor que, então, alcançaria velocidades que qualquer
supercondutor vêm de longe, mas, foi “cria” uma corrente em sentido tal que outra tecnologia conhecida atualmen-
somente a partir de 1956 que o físico tenda a se opor ao campo externo. te não conseguiria.
americano Cooper demonstrou que o Desfa forma, o supercondutor passa a
ponto fundamental para a obtenção repelir o ímã que assim “flutua” sobre Aplicações na eletrônica
do estado de supercondutividade de o material. A possibilidade de se obter mate-
um corpo é a formação de pares de O grande desafio para os cientis- riais com propriedades superconduto-
elétrons com momentos de spin situ- tas é obter materiais supercondutores ras em temperaturas ambientes abre
ados paralelamente, conforme mostra em temperaturas ambientes e não so- portas para aplicações fantásticas.
a figura 7. mente naquelas próximas do zero ab- Uma aplicação extremamente im-
Em 1957 uma explicação adicional soluto. Isso permitiria a construção de portante seria na transmissão de ener-
foi proposta: a de que os pares de elé- diversos dispositivos com aplicações gia elétrica, visto que os fios poderiam
trons com spin opostos seriam sincroni- práticas importantes. ser consideravelmente mais finos e
zados pela vibração térmica do material, O conhecido trem experimental não teriam nenhuma perda, mesmo
criando assim uma espécie de barreira que “flutua” sobre imãs seria algo que quando transportando correntes muito
energética na sua superfície. aproveitaria este fenômeno. intensas.

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9
Trem levitando sobre supercondutores

10
Motor iônico baseado em supercondu-
tores

Não haveria a necessidade de


uma elevação tão grande da tensão,
que também é uma causa de perdas
consideráveis provocadas pelas fugas
de cargas para o ar.
O chiado que ouvimos nos dias
úmidos perto das linhas de transmis-
são de alta tensão é um indicativo,
justamente, dessas perdas de energia.
São cargas que escoam para o ar.
Quando escrevíamos este artigo,
anunciava-se em New York o plano
para a construção da primeira linha
de transmissão de energia para uso
comercial.
O cabo supercondutor de 600 me-
tros custará 30 milhões de dólares e
operando com uma tensão de 138 mil
volts, transmitirá uma potência de 600
megawatts.
Em qualquer tipo de equipamen-
to elétrico (máquinas industriais, por
exemplo) a resistência é responsável
por perdas que poderiam ser elimina-
das completamente.
Na eletrônica, quando for possível
obter dispositivos supercondutores
operando na temperatura ambiente,
uma nova revolução tecnológica de-
verá ocorrer.
Equipamentos com velocidades e
capacidades até então inimagináveis
passarão a ser construídos e estarão
ao nosso alcance. f

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m mecânica

A História dos
Rolamentos
Confira neste artigo a histó-
ria dos rolamentos, os moti-
vos que levaram à sua criação
e também como montar um
rolamento axial com mate-
riais alternativos.

Renato Paiotti

Ninguém sabe ao certo quem rios metros, ou levando-se um barco A solução mais simples, porém
criou o rolamento, mas podemos construido nas docas para o mar. A mais trabalhosa, é ilustrada na fi-
afirmar que ele foi inventado e solução para este problema é fácil, gura 1, onde inúmeras toras de ma-
aperfeiçoado, visto que ao longo coloque sobre uma carroça de ma- deira eram colocadas em fileira, e
dos anos as máquinas tiveram de deira e pronto, é só empurrar. a pedra era empurrada sobre elas.
reduzir o atrito provocado pelos Mas imagine uma grande carro- Neste caso, quando a última madei-
contatos que dois materiais cau- ça com 2 eixos, duas rodas na frente ra perdia contato com a pedra, ela
savam quando eram locomovidos. e duas atrás. O peso da pedra es- era removida e colocada na frente
Imagine-se no antigo Egito, tendo-se taria apoiado em apenas 4 pontos, da pedra para continuar rolando até
que movimentar uma pedra por vá- e com certeza o eixo iria se partir. o local final.

1
Inúmeras toras de madeira eram coloca-
das em fileira para mover o cavalo

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mecânica m
Por mais estranho que possa 2
Esteira com roletes livres, o objeto desliza
parecer, este sistema é utilizado sobre os roletes, que giram sobre o próprio
até hoje, lógico que as toras foram eixo - www.tektroll.com.br
substituídas por roletes de aço, mas
para movimentar máquinas pesadas
de um ponto A para um ponto B é
uma solução.
Outro exemplo de aplicação são
as esteiras de roletes, porém elas já
estão postas entre o ponto A e o pon-
to B, onde somente o objeto (a pedra)
desliza sobre eles, conforme mostra a
figura 2. Os roletes são fixos, girando
sobre o próprio eixo.

Nos antigos moinhos


Os antigos moinhos, que geral-
mente eram movidos pelas forças
das águas, ventos, tração animal ou
humana, tinham seus eixos em con-
tato direto com madeiras, pedras ou
ferros, e a única forma de diminuir o
atrito e aumentar a velocidade era Um dos maiores inventores da alguns protótipos que serviriam de
passar banha animal ou graxa nas Renascença, Leonardo DaVinci, ten- base para os diversos rolamentos
partes críticas dos equipamentos tando reduzir o máximo possível o que usamos hoje. Na figura 4 temos
(Figura 3). atrito, esboçou em seus rascunhos estes desenhos. Notem que Leonar-

3
Roda d´agua - O ponto
de apoio do eixo sofria
forte atrito water-wheel.
blogspot.com

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m mecânica
do, prevendo que o atritos entre as 4
Esboço de Leonardo Da Vinci no Institute
esferas criaria um contato de uma of Museum of History of Science
contra a outra, ele os desenhou de www.imss.fi.it/index.html
uma forma que elas não se tocassem.

Era industrial
Foi no começo da era industrial que
o rolamento começou a se aperfeiçoar
pela necessidade de produzir e condu-
zir objetos com maior rapidez, que os
engenheiros da época começaram a
projetar rolamentos específicos.
As máquinas, devido aos proces-
sos de produção, giravam cada vez
mais rápidas, e os eixos, antes pre-
sos por mancais, superaqueciam, por
mais graxa e óleo com que elas fossem
banhadas.
Porém, foi nas bicicletas que elas se
mostraram tão eficientes, que James
Moore ganhou a primeira corrida de bi-
cicletas, Paris-Rouen - 1869. Um dos
motivos que o levou à vitória foi o fato
de sua bicicleta contar com rolamen-
tos, aproveitando a inércia da força
aplicada nos pedais que era reduzida
pelo atrito. Já imaginou uma bicicleta
onde o cubo dos pedais e das rodas
não fossem rolamentos? Era só parar
de pedalar, que a bicicleta perdia velo-
cidade em questões de centímetros.

Categorias
Os rolamentos podem ser dividi-
dos em duas categorias, os radiais e
o axiais.
Os rolamentos radiais têm o lado
exterior da circunferência da roda em 5
Rolamento aberto . it.wikipedia.org/
torno da circunferência menor e os wiki/Cuscinetto_(meccanica)
rolamentos axiais possuem o lado
esquerdo girando em paralelo com o
lado direito. A diferença é que os rola-
mentos radiais são presos a um eixo
e a parte móvel se acopla na outra
parte, já os axiais são presos a pla-
taformas, como um sanduíche, tendo
mais área de apoio.
Conforme as necessidades das
máquinas em aperfeiçoarem-se, mais
elas precisam de um determinado tipo
de rolamento, isso porque cada má-
quina ora precisa de mais velocidade,
ora sofrerá mais pressão ou deverá ter
mais precisão. Outro fator mais apu-
rado de escolha é referente aos tipos
de folgas que o rolamento irá operar.
Por isso, encontramos diversos tipos
de rolamentos, nem tanto pela parte
externa, mas na parte interna deles.
Para entender melhor como é forma-

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mecânica m
6
Diversos tipos de rolamentos.
www.skf.com

do um rolamento básico, temos na fi- ferrugem, e inclusive pelo atrito e peso Tanto na parte de produtos como na
gura 5 um esquema de um rolamento da carga que recebe, por isso, mantê- parte de biblioteca, você encontrará
de esferas aberto. lo sempre bem lubrificado é importante um vasto material a ser estudado,
Existe ainda o rolamento no qual as para sua vida útil. Qualquer fissura na além do internauta poder acessar o
esferas são substituídas por roletes. carcaça, nas esferas ou nos anéis de site em português.
Estes tipos de rolamentos suportam vedação, já é um motivo para fazer o
uma carga maior que os rolamentos rolamento oscilar e causar ruídos, não Montagem de um rolamento
de esferas, porém podem oscilar mais, só no rolamento em si, mas em toda axial para estudo
tornando os rolamentos de esferas pre- a máquina em que ele está instalado. Neste passo-a-passo você encon-
cisos e silenciosos. Temos também os Sujeiras que eventualmente caiam na tra um simples rolamento axial (com
rolamentos Y, rolamentos de esferas parte interna do rolamento consiste em base fixa e suporte superior móvel),
com o canto angular, os autocompen- um fator agravante para causar danos para sentirmos o atrito causado pela
sadores, os de agulhas e os toroidais. no rolamento. contato das duas bases com a ajuda
Veja diversos na figura 6. Há sensores específicos para loca- das esferas.
Há rolamentos mais específicos lizar rolamentos com problemas de vi- O material utilizado é um tu-
ainda, mas como foi dito anterior- bração e emperramento, e através de bo de porta-CDs, bolinhas de gu-
mente, tudo depende da necessida- uma manutenção preditiva é possível de e um suporte de fita crepe.
de do projeto. estender a vida útil dos rolamentos. Depois de montado, tire as bolinhas
de gude e tente rodar a base supe-
Cuidados para o rolamento Saiba mais rior; depois coloque as bolinhas de
O rolamento é uma peça mecânica Para encontrar maiores informa- gude a faça o mesmo teste. Note
que sofre desgastes, tanto pela ação ções recomenda-se acessar o site como as esferas ajudam na redução
do ambiente, quanto pela corrosão e da SKF no endereço: www.skf.com. do atrito! f

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m mecânica

Monte um rolamento axial


com material alternativo
Esta montagem é simples. Veja o mate- Em seguida corte o centro da tampa do
rial necessário para montá-la: porta-CDs, onde o eixo do pino deve
Um pino vazio de porta-CDs, um passar, sem deixar atrito entre ambas as
sabugo (parte de papelão) de fita ade- partes.
siva, dez bolinhas de gude, cola tipo Depois que a cola secar, distribua as
super-bonder, uma régua, uma lixa e um bolinhas de gude na base do pino do
estilete ou tesoura. porta-CDs do lado de fora do sabugo.
Primeiramente, apoie o sabugo da fita Pegue a tampa do pino do porta-CD,
sobre a tampa do pino do porta-CDs. vire-o de cabeça para baixo e insira o
Coloque em volta as bolinhas de gude, eixo da base no buraco feito na tampa.
fixe a régua sobre o sabugo e confira Segurando todo o conjunto como um
se as bolinhas de gude estão mais altas sanduíche, vire-o de cabeça para baixo,
que o sabugo. Caso o sabugo estiver gire a base do pino para ver o quanto
mais alto que as bolinhas de gude, será gira. Tente fazer o mesmo sem as boli-
necessário lixá-lo até que fique com nhas de gude e note a diferença.
pelo menos 1 mm abaixo das bolinhas de Por fim, é só apoiar qualquer objeto
gude. Este procedimento é de extrema sobre a base e girar sem ter o problema
importância para que não haja atrito do atrito. Você poderá aproveitar o
entre o sabugo e a base. eixo da base para acoplar um motor.
Agora com a parte interna do porta- Lembre-se que este rolamento é feito
CDs, cole o sabugo de forma centrali- com material alternativo e não suporta
zada, deixando o eixo do pino pra cima. muito peso.

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