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Além
do
horizonte


Eugene
O’Neill

SINOPSE

•  Uma
fazenda
nos
Estados
Unidos,
início
do

séc.
20.
Dois
irmãos
se
apaixonam
pela

mesma
moça.
Em
vez
de
escolher
Andrew,
o

mais
forte,
que
quer
conJnuar
na
fazenda,
ela

escolhe
Robert,
o
sonhador
que
quer
viajar

para
“além
do
horizonte.”
Por
causa
disso
há

uma
inversão
de
desJnos:
o
sonhador
fica

para
administrar
a
fazenda
e
o
realista
vai
para

o
mar.

•  A
moça,
Ruth,
descobre
tarde
demais
que
fez

a
escolha
errada.
A
fazenda
se
arruína
e
ela
e

Robert
perdem
uma
filha
pequena.
Andrew

volta
para
ajudar,
mas
Robert
já
está
quase

morrendo.
Ruth
confessa
seu
amor,
mas

Andrew
a
obriga
a
dizer
ao
marido
moribundo

que
era
ele
que
ela
sempre
havia
amado.

ATO
I,
cena
2

Sala de estar da fazenda Mayo por volta das nove horas da mesma noite. À esquerda,
duas janelas que dão para os campos. Encostada na parede entre as janelas, uma
escrivaninha antiga de nogueira, com tampa. No canto esquerdo, ao fundo, um
aparador com espelho. Na parede dos fundos à direita do aparador, uma janela que
dá para a estrada. Ao lado da janela uma porta que leva ao pátio...
Mais à direita, um sofá preto de crina de cavalo, e uma outra porta que se abre para
um quarto de dormir. No canto, uma cadeira de espaldar reto. Na parede da
direita, perto do meio, uma passagem para a cozinha. Mais para a frente, uma
estufa com balde de carvão, etc. No centro do piso recém carpetado uma mesa de
jantar de carvalho com toalha vermelha. No centro da mesa um lampião grande
para leitura. Quatro cadeiras, três de balanço com toalhinhas de crochê no
encosto, e uma de espaldar reto, estão arranjadas em volta da mesa.
O papel de parede é vermelho escuro com desenhos de guirlandas.Tudo no ambiente
está limpo, bem conservado e bem arranjado, embora o todo não dê impressão de
excesso de cuidado. A atmosfera transmite o conforto obtido por uma família unida
que trabalhou duro para prosperar.
Ato
II,
cena
1

Sala
de
estar
da
casa
da
fazenda
cerca
de
meio‐dia
e
meia
de
um
dia
quente
e

ensolarado
no
meio
do
verão,
três
anos
depois.
Todas
as
janelas
estão
abertas,

mas
nenhuma
brisa
agita
as
cor?nas
brancas
encardidas.
Uma
porta
de
tela

remendada
está
ao
fundo.
Através
dela
pode‐se
ver
o
quintal,
um
gramado

pequeno
dividido
pelo
caminho
de
terra
que
leva
até
o
portão
da
cerca
branca
de

madeira
que
beira
a
estrada.


O
ambiente
mudou,
não
tanto
na
aparência
externa
quanto
na
atmosfera
geral.

Pequenos
detalhes
significa?vos
evidenciam
a
falta
de
cuidado,
a
ineficiência,
de

uma
indústria
falida.
As
cadeiras
parecem
maltratadas
por
falta
de
pintura;
a

toalha
da
mesa
está
manchada
e
fora
de
lugar;
há
buracos
nas
cor?nas;
uma

boneca
sem
um
braço
jaz
debaixo
da
mesa;
uma
enxada
está
encostada
no
canto;

um
paletó
de
homem
está
jogado
no
sofá
ao
fundo;


O
tampo
da
escrivaninha
está
atulhado
de
bugigangas;
há
livros
empilhados

descuidadamente
sobre
o
aparador.
O
calor
escorchante
do
meio
dia
parece
ter

penetrado
a
casa,
fazendo
com
que
mesmo
os
objetos
inanimados
pareçam

exaustos.

Um
canto
da
mesa
está
posto
para
alguém
comer.
Através
da
porta
aberta
da
cozinha

vem
o
barulho
de
louça
sendo
lavada,
interrompido
a
intervalos
pela
voz
irritada

de
uma
mulher
e
um
choro
conLnuo
de
criança.




Ato
III,
cena
1

A
sala
de
estar
da
casa
da
fazenda
por
volta
de
seis
horas
da
manhã
de
um
dia
no

fim
de
outubro
cinco
anos
depois.
Ainda
não
amanheceu,
mas,
à
medida
que
a

ação
progride
a
escuridão
através
das
janelas
vai
gradualmente
ficando
cinza.

A
sala,
vista
à
luz
do
lampião
sem
quebra‐luz
e
sujo
de
fumaça
que
fica
no
centro

da
mesa,
apresenta
um
aspecto
de
decadência
e
dissolução.
As
cor?nas
das

janelas
estão
rasgadas
e
sujas
e
uma
delas
está
faltando


A
escrivaninha
fechada
está
cinza
de
pó
acumulado,
como
se
não
fosse
usada
há

anos.
Manchas
de
umidade
desfiguram
o
papel
da
parede.
Trilhas
gastas,
que

levam
à
cozinha
e
às
portas
de
saída,
aparecem
no
carpete
desbotado.
O

tampo
da
mesa
sem
toalha
está
manchado
pelas
marcas
de
panelas
quentes
e

comida
derramada.
O
pé
de
uma
cadeira
de
balanço
foi
remendado

desajeitadamente
com
um
pedaço
de
madeira.


Uma
camada
marrom
de
ferrugem
cobre
a
estufa.
Ao
lado
dela
há
uma
pilha
de

lenha
encostada
sem
maiores
cuidados
na
parede.A
atmosfera
geral
da
sala,

contrastada
com
a
de
anos
passados,
é
de
pobreza
habitual,
resignada
e
tão

sem
esperanças
que
já
não
tem
vergonha
ou
sequer
consciência
de
si



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