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DIREITO PENAL (LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE)

Estatuto do Desarmamento II
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ESTATUTO DO DESARMAMENTO II

São exemplos de armas de fogo de uso permitido:


• Revólver calibre 38;
• Espingarda calibre 32;
• Espingarda calibre12;
• Pistola calibre 380.

STJ: Há delito único quando apreendidos mais de uma arma, munição, acessório ou
explosivo em posse do mesmo agente, dentro do mesmo contexto fático, não havendo que
se falar em concurso material ou formal entre as condutas, pois se vislumbra uma só lesão
de um mesmo bem tutelado.

Ex.: se um indivíduo é flagrado com 3 armas de uso permitido, ele não responderá 3
vezes por isso, mas será considerado crime único. Contudo, no momento da individualiza-
ção da pena, o magistrado poderá incrementar a pena base, devido à quantidade de armas
encontradas. Por outro lado, se forem encontradas 1 arma de uso permitido e outra de uso
proibido, haverá dois tipos penais diferentes.

Em resumo:
• Mesma classificação = uso permitido, restrito ou proibido.
• Uso permitido + uso restrito/proibido = concurso de crimes.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
5m Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Características:
• Delito de ação múltipla/de conteúdo variado/plurinuclear.
• Arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização ou em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar.
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• Crime de maior potencial ofensivo (reclusão de 3 a 6 anos e multa).


• Crime comum, vago, instantâneo ou permanente, de perigo abstrato, de mera conduta.

Condutas equiparadas:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo
ou artefato;

Obs.: a aplicação não se restringe às armas de uso restrito. Abrange todos os tipos de
arma, havendo registro/porte ou não. Sendo assim, ainda que seja uma arma de
fogo de uso permitido, diante da supressão ou alteração, o indivíduo responderá pelo
artigo 16, § 1º, I – o qual tem uma pena aumentada diante desse ato.
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo
de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade
policial, perito ou juiz;
10m III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qual-
quer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, muni-
ção ou explosivo.

ATENÇÃO
Com o advento da Lei n. 13.964/2019, o caput do art. 16 e as condutas equiparadas do §
1º, desde que atinentes às armas de uso restrito, deixaram de ser hediondas.
Nesse caso, se trata de uma novatio legis in mellius que tem como efeito a retroatividade,
desse modo o juiz da execução penal poderá, de forma automática, afastar a hediondez de
crimes outrora considerados hediondos, além disso isso repercutirá também na progres-
são de regime prisional desse indivíduo.
15m

A conduta hedionda é somente aquela prevista no § 2º do art. 16, que trata especifi-
camente das armas de uso proibido.
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Os decretos de 2019 dispõem que as armas de uso proibido são aquelas definidas em
tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, armas com poderio bélico, bem como
as armas dissimuladas, como, por exemplo, um guarda-chuva aparentemente inofensivo,
que é uma arma.

O porte de arma de fogo desmuniciada configura delito previsto no Estatuto do



Desarmamento?
SIM. Pacífico no STJ e STF. Isso porque, por serem delitos de perigo abstrato, é irrele-
vante o fato de a arma apreendida estar desacompanhada de munição, já que o bem jurídico
tutelado é a segurança pública e a paz social.

E o porte de munição desacompanhada da respectiva arma?



SIM, a posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) con-
figura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja carac-
terização não importa o resultado concreto da ação. O objetivo do legislador foi o de ante-
cipar a punição de fatos que apresentam potencial lesivo à população, prevenindo a prática
de crimes.

São necessárias a apreensão e a realização de perícia na arma/munição?



NÃO. É prescindível a realização de perícia na arma de fogo apreendida. Trata-se de
delito de mera conduta ou de perigo abstrato, sendo irrelevante a demonstração de seu efe-
tivo caráter ofensivo.
20m

Obs.: para a caracterização do crime de roubo, não é necessário que essa arma seja apre-
endida, pois outros meios de prova podem ser utilizados. Imagine que um indivíduo
esteja caminhando com sua arma de fogo na rua, e resolva mostrá-la para alguém,
mas essa rua é monitorada por câmeras de vigilância. Após 2 dias de investigação,
a polícia chega até esse indivíduo, o qual não está mais com a arma, porém ele
responderá pelo crime de porte de arma, já que a filmagem pode atestar de forma
idônea a prática do delito.
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Se for realizada a perícia e restar atestada a ineficiência do objeto, haverá crime de



posse ou de porte?
Se o laudo pericial for produzido e ficar constatado que a arma não tem nenhuma condi-
ção de efetuar disparos (ineficiência absoluta), não haverá crime. Conduta atípica.

Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos
ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade.

• O caput é uma modalidade de crime culposo, praticado por negligência, omissivo


próprio e de perigo abstrato. Ex.: criança brincando com arma de fogo de um adulto.
• Crime de menor potencial ofensivo (detenção, de 1 a 2 anos, e multa).
• A consumação exige apoderamento da arma pelo inimputável/semiimputável.

Disparo de arma de fogo ou acionamento de munição


Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em
via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime:
25m Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Ex.: o indivíduo que dispara a arma de fogo para comemorar a vitória do seu time.
• Crime de maior potencial ofensivo, doloso.
• Elemento espacial: lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em
direção a ela.
• Subsidiariedade: desde que não tenha como finalidade a prática de outro crime. Deve-
-se analisar sempre o dolo do agente.
• Crime comum, de perigo abstrato. É afiançável (STF declarou inconstitucional o pará-
grafo único).

DIRETO DO CONCURSO

1. (FGV/XXIV EXAME DE ORDEM) Cláudio, na cidade de Campinas, transportava e por-


tava, em um automóvel, três armas de fogo, sendo que duas estavam embaixo do ban-
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co do carona e uma em sua cintura. Abordado por policiais, foram localizadas todas as
armas. Diante disso, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Cláudio pela
prática de três crimes de porte de arma de fogo de uso permitido, em concurso material
(Art. 14 da Lei n. 10.826/2003, por três vezes, na forma do Art. 69 do Código Penal).
Foi acostado nos autos laudo pericial confirmando o potencial lesivo do material, bem
como que as armas eram de calibre 38, ou seja, de uso permitido, com numeração de
série aparente. Considerando que todos os fatos narrados foram confirmados em juízo,
é correto afirmar que o(a) advogado(a) de Cláudio deverá defender o reconhecimento
a. De crime único de porte de arma de fogo.
b. Da continuidade delitiva entre os três delitos imputados.
c. Do concurso formal entre dois delitos, em continuidade delitiva com o terceiro.
d. Do concurso formal de crimes entre os três delitos imputados.

COMENTÁRIO
30m
Não há concurso material de crimes, pois são três armas encontradas no mesmo contexto
fático e de mesma natureza, todas elas de uso permitido. Portanto, o crime é único.

GABARITO
1. a

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES

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