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Numerologia Cabalística (Parte I) - O Método dos 22 Arcanos e da

Árvore das Vidas

Nessa série de 2 posts vou expor dois métodos comuns na numerologia da


Cabala, o primeiro (Os 22 Arcanos e a Arvore das Vidas), que requer alguns
cálculos mais elaborados que explicarei como devem ser feitos, está mais
associado aos 22 arcanos maiores do Tarô e um segundo método (Tabela de
Valores) associando valores numéricos de 1 a 9 as letras do alfabeto

Esse estudo segue um princípio semelhante ao usado nos mapas astrológicos,


só que ao invés de mostrar as influências de posições planetárias em um mapa
astral, mostra as influências dos números, associados ao nome e nascimento
de cada pessoa, bem como associando característica que podem influenciar
positivamente e negativamente e que a pessoa pode trazer nesse mapa
numerológico.

Não existem números bons ou maus, cada número traz significados e vibrações
próprias que podem ser interpretadas no estudo numerológico de cada pessoa,
favorecendo determinada atividade, mostrando interesses inatos que a pessoa
traz para a presente encarnação, bem como aponta provações e dificuldades
que a pessoa enfrentará ao longo da vida, mas não que seja algo ruim ou um
castigo, mas simplesmente um caminho às vezes mais difícil, que favorecerá o
crescimento moral e espiritual em determinada área da vida dessa pessoa.

Nesse ponto o estudo dos 22 arcanos é muito importante, pois no método que
mostrarei agora são exibidas 9 posições diferentes de arcanos, sendo
importante realizar uma interpretação em conjunto deles, até para não
interpretar de forma equivocada alguns arcanos que normalmente causam
repulsa ou medo por quem não está familiarizado, como por exemplo, “a
morte”, “o diabo”, “a torre” e “o dependurado”

O Significado dos 22 Arcanos Maiores: AQUI

Agora que conhecemos um pouco mais dos 22 Arcanos, vamos aprender o


método:

Os 22 Arcanos e a Árvore das Vidas


Primeiramente temos de ter o nome completo e a data de nascimento. Nesse
método as letras são convertidas em números da seguinte forma: a primeira
letra recebe o valor 1, a segunda letra recebe o valor dois caso não seja a
mesma igual a primeira letra. Vamos ver alguns exemplos:

Beto = 1 2 3 4
Caco = 1 2 1 3
Aaron = 1 1 2 3 4
Candido = 1 2 3 4 5 4 6

Sempre que uma letra se repete, ela recebe o primeiro valor atribuído a ela,
mais um exemplo:

Anastásio = 1 2 1 3 4 1 3 5 6
Beto Caco = 1 2 3 4 5 6 5 4

Iremos utilizar esse método pra encontrar os números relativos ao nome


completo de uma grande personalidade do Espiritismo: Chico Xavier.

Francisco 1 2 3 4 5 6 7 5 8
De            9 10
Paula       11 3 12 13 3
Candido   5 3 4 9 6 9 8
Xavier     14 3 15 6 10 2

Data de nascimento: 2+4+1+9+1+0 = 17

Letras que se repetem 3 vezes: A,D,C,I


Letras que se repetem 2 vezes: R,E,N,O
Letras que aparecem 1 vez: F,X,V,U,L,P,S

Temos 9 posições no mapa cabalístico dos 22 Arcanos:

Temperamento (a personalidade da presente encarnação): É o número


encontrado pela soma dos números do nascimento.

Destino (principais eventos e caminhos que serão mostrados ao longo da


vida): É o número encontrado pela soma do número de letras do nome da
pessoa, ou seja, quantas letras o nome da pessoa tem, se for um número
maior do que 22, este deve ser somado para redução.

Cabeça (razão, raciocínio): Número encontrado através do seguinte cálculo:


as letras que aparecem 3 vezes ou mais tem seu valor multiplicado por 3, em
seguida  são somadas entre si. O número encontrado se for maior que 22 deve
ser reduzido até um número igual ou menor que 22, isso vale para todos os
cálculos de posições. Importante: caso o nome não possua pelo menos uma
letra que se repita 3 vezes ou mais vezes, o número da posição Cabeça será
igual ao número da posição Destino. 

Missão (foco pessoal de vida): Número encontrado através do seguinte


cálculo: as letras que aparecem 2 vezes tem seu valor multiplicado por 2, em
seguida  são somadas entre si.

Coração (emocional, sentimento): Número encontrado através do seguinte


cálculo: as letras que aparecem 1 vez são somadas entre si.

Sexo (perfil anímico-magnético): Número encontrado pela soma dos números


de Cabeça + Missão + Coração

Família (perfil de atuação na sociedade): Número encontrado pela soma dos


números de Cabeça + Missão + Coração + Sexo
Lição de Vida (objetivo de aprendizado na presente encarnação): É o número
de valor mais alto encontrado na letra do nome.

Personalidade ( caráter espiritual, temperamento do espírito, tem forte


influência na posição Temperamento) : Número encontrado pela soma de
Destino + Cabeça + Missão + Coração + Sexo + Família + Lição de Vida

Vamos agora efetuar os cálculos:

Temperamento: 2+4+1+9+1+0 = 17
Destino : O nome completo tem 29 letras, como é maior que 22, devemos
somar: 2+9 = 11

Cabeça (razão, raciocínio): soma dos triplos de A,D,C,I = 9+27+15+18 = 69 = 15

Missão: soma dos duplos de R,E,N,O = 4+20+8+16 = 48 = 12

Coração (emocional, sentimento): soma dos valores de letras que aparecem


uma única vez: F,X,V,U,L,P,S = 1+14+15+12+13+11+7 = 73 = 10

Sexo (perfil anímico-magnético): Somando Cabeça + Missão + Coração temos


15+12+10 = 37 = 10

Família (perfil de atuação na sociedade): Somando Cabeça + Missão + Coração


+ Sexo temos 15+12+10+10 = 47 = 11

Lição de Vida (objetivo de aprendizado na presente encarnação): É o número


de valor mais alto encontrado na letra do nome, no caso é a letra V = 15

Personalidade ( caráter espiritual, temperamento do espírito, tem forte


influência na posição Temperamento) : Número encontrado pela soma de
Destino + Cabeça + Missão + Coração + Sexo + Família + Lição de Vida temos
então 11+15+12+10+10+11+15 = 84 = 12

Os Arcanos das 9 posições do mapa de Chico Xavier são:

Temperamento: 17 (A Estrela)
Destino: (A Força)
Cabeça: (O Diabo)
Missão: (O Dependurado)
Coração: (A Roda do Destino)
Sexo: (A Roda do Destino)
Família: (A Força)
Lição de Vida: (O Diabo)
Personalidade: (O Dependurado)

Comentários sobre o mapa:

Como já informado, a posição Temperamento é muito influenciada pela


posição Personalidade, sendo assim precisamos analisar primeiro a posição
Personalidade, que mostra o caráter espiritual, o temperamento do espírito.
O Arcano 12 (O Dependurado) mostra a fé, o ideal espiritual, mas através de
muito sacrifício, sobretudo no campo sentimental, quando aparece em perfil
de personalidade indica exatamente esse perfil de sacrifico pela fé, em
espíritos missionários como Chico Xavier esse ideal e sacrifício fazem parte da
índole espiritual, mas caso essa carta aparecesse em uma posição de Lição de
Vida, na maioria das vezes indica fortes provações visando despertar a
espiritualidade e o desejo de servir a questões mais elevadas. O Arcano 17 na
posição Temperamento indica que a personalidade de Chico Xavier era muito
simples, sentimental, com grande pureza e sensibilidade poética, que devido
a sua personalidade espiritual ser voltada para um ideal nobre e para o
sacrifício, canalizou toda essa sensibilidade e sentimento para a sua missão,
mesmo que através de um sacrifício. Na posição Destino temos o Arcano A
Força, indicando muita coragem, virtude e disposição anímica no caminho, na
jornada que ele teve nesta encarnação. Esse mesmo Arcano se repete na
posição Família que diz respeito à atuação da pessoa na sociedade, mostrando
exatamente o perfil de coragem e disposição virtuosa para cumprir seu ideal,
sua missão. A posição Missão mostra o foco pessoal de vida, o mesmo Arcano
da posição Personalidade, mostrando a inteira dedicação para cumprir seu
ideal, sua missão, mesmo que a custa de muitos sacrifícios pessoais. O
Arcano 10, A Roda do Destino aparece na posição Sexo e Coração, ou seja, no
perfil anímico e emocional, que demonstram as dificuldades e grandes
transformações que o Chico necessitou passar, uma grande força anímica e
moral para permanecer acima das perseguições e manter-se de pé para ajudar
os milhares de pessoas que o procuravam mesmo diante das dificuldades de
saúde e da falta de entendimento de muitas pessoas que não compreendiam a
natureza da sua missão e seu desprendimento, sobretudo nas questões
pessoais.

Para alguns pode ser surpreendente o Arcano 15, o Diabo aparecer em duas
posições no mapa do Chico, as posições Cabeça e Lição de Vida. Como já
explicado aqui, esse Arcano denota um grande magnetismo e força emocional
e toda essa força normalmente é instrumento de duras provações para a
maioria dos espíritos, mas não para espíritos missionários como Chico Xavier,
que possuía esse grande magnetismo e força emocional na sua razão, no seu
raciocínio, permitindo que executasse de forma brilhante e em grande
quantidade o intercambio mediúnico com os espíritos e tivesse saúde
suficiente para conseguir atender as milhares de pessoas que atendia e
ajudava. Na posição Lição de Vida esse Arcano mostra que o grande poder
social e financeiro alcançado pelo Chico e sempre utilizado em benefício do
próximo, tanto que doou tudo aquilo que ganhou com a venda de livros serviu
como grande aprendizado para o Chico, alias uma lição de vida que ele deixou
para todos os demais médiuns e cristãos, o de utilizar a riqueza material e a
fama sempre em benefício do próximo, de forma positiva, não se deixando
inebriar pelo poder, algo que infelizmente ocorre com muitas pessoas que
apresentam esse Arcano, sobretudo na posição Personalidade e facilmente se
inebriam pelas riquezas e fama.

No mapa que mostra as linhas dos Arcanos na Arvore das Vidas, podemos
observar também algumas coisas interessantes com relação ao perfil mostrado
no mapa do Chico Xavier (que está no topo desse post).

Os Arcanos do mapa do Chico Xavier mostram uma grande potencia anímica e


intenso magnetismo devido a duas posições de Força (Arcano 11) no Destino e
na atuação na sociedade, além de duas posições do Diabo (Arcano 15) na
razão e no objetivo interior Um perfil de grande poder que caso não formasse
o mapa de um espírito missionário, certamente seria instrumento de grandes
provações pra maioria das pessoas. Um bom indicativo no mapa é a presença
da Estrela (Arcano 17) na posição temperamento, um claro incentivo a
simplicidade, a busca pela naturalidade e equilibrio emocional, sem duvida
uma ótima carta em meio a uma perfil com tanta força anímica e magnética e
que faz uma otima ponte entre as esferas Binah e Chokmah, a maturidade e
equilíbrio entre a mãe e o pai, o astral e o mental e que conta ainda com dois
Arcanos 10 (Roda do Destino) no emocional e no perfil anímico magnético que
fortalecem o Arcano 17 e a postura de sabedoria e acesso mais amplo ao
mental que aparecem na esfera Chokmah. Sem dúvida, uma mapa cabalístico
talhado para um missionário espiritual, mas voltado para um perfil mais
agregador, de solidificar novas idéias mas de uma forma um pouco mais
suave.

Normalmente quando aparecem no perfil de missionários ligados a


espiritualidade os arcanos como O Imperador, A Torre, A Charrete ou A Morte
fortalecidos com o arcano da Força, é sinal de grandes mudanças mas através
de revoluções e intensa ruptura com valores  e caso esses arcanos apareçam
no mapa de pessoas de moral comum, ligados a espiritualidade, mas com
arcanos como O Julgamento ou O Diabo mal posicionados (por exemplo O
Diabo na posição personalidade ou temperamento ou O Julgamento na posição
destino) é necessário muito cuidado pois normalmente essa pessoa vem com
grande oportunidade e capacidades de resgatar dívidas kármicas mas na
maioria das vezes sucumbe novamente aos mesmos erros, usando de forma
equivocada a espiritualidade e recebendo um duro julgamento por esse mau
uso.

Inclusive na Arvore das Vidas o Arcano do Julgamento (Arcano 20) está


fazendo uma ligação entre a esfera Coroa e a esfera do Sol, passando por
debaixo da Morte (grandes mudanças, intensas rupturas) e encostando no
Dependurado, é uma metáfora clara que mostra de forma explicita a posição
de uma pessoa que recebe O Julgamento na posição Destino: ela recebe o
auxílio direto da Coroa, das altas consciências espirituais mas caso se desvie
do seu caminho espiritual um milímetro que seja por objetivos mundanos, A
Morte (grandes mudanças e reviravoltas) estará pronta para tirar todas as suas
“regalias” ou “poderes”, tanto que normalmente pessoas que tem O
Julgamento numa posição apresentam O Dependurado em outra posição, são
pessoas com dons espirituais mais “abertos” ou ostensivos, mas que estão por
um triz de serem puxadas caso não sigam a risca o sacrifício que foi planejado
no seu destino, no seu karma, sacrifício simbolizado no Dependurado.

No próximo post, na segunda parte dessa série, mostrarei o método da Tabela


e seus respectivos orixás

Após esse segundo post, o terceiro conterá uma ampla análise do mapa de
Jesus e algumas curiosas explicações envolvendo a numerologia dos 22
Arcanos com a data de nascimento de Jesus e a data de sua morte.

No post final dessa série uma ampla comparação da estrutura do Tabernáculo


de Moisés e a Arvore das Vidas, bem como uma explicação completa sobre o
significado iniciático da Menorah. 

Adendo: Cálculo no caso das pessoas casadas ou divorciadas


Devemos calcular sempre pelo nome que utilizamos, se a pessoa está casada
ela deve calcular o seu nome de casado juntamente com os números desse
"novo nascimento", ou seja, o dia do casamento, que mostrará a posição
Temperamento modificada, ou seja, a personalidade da presente encarnação
que a pessoa tende a desenvolver através dessa nova união sendo, entretanto,
sempre influenciada pela posição Personalidade (e note que para o cálculo da
posição Personalidade não se usa os números da posição Temperamento).

A pessoa divorciada, utilizando ou não o nome de casado, deve calcular os


dois nomes, de solteiro e casado, com as respectivas datas de "nascimento" e
então fazer uma leitura comparativa dos dois mapas, pois após o fim do
casamento é natural que ela assuma algumas posições que tinha antes de
casar e permaneça com algumas em virtude da experiência que vivenciou com
o casamento. Da mesma forma, as pessoas que acrescentam letras no nome
( "h" no final, ou mais um "l" ou "n") devem antes de mais nada observar a
influencia do acréscimo dessa letra no nome e ter em mente que essa
mudança mínima apenas altera a posição Família (ou seja a atuação na
sociedade). Essas são as pequenas exceções no cálculo da numerologia na
Cabala através deste método.

Read
more: http://profeciasoapiceem2036.blogspot.com/2012/05/numerologia-
cabalistica-parte-i-o.html#ixzz3uONCGWy8
Numerologia Cabalística (Parte II) - O Método da Tabela de Valores
e seus Orixás

Parte I : AQUI

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Esse segundo método utiliza uma tabela com valores numéricos de 1 a 9 para
as letras do alfabeto e a partir desta tabela que mostrarei abaixo, são
realizados os cálculos e a explicação para cada um dos 12 valores encontrados
(1 a 9 e 11, 22,33) e respectivamente os 12 orixás que regem esses valores.

Como exemplo, eu farei o cálculo da numerologia cabalística de uma bela


personalidade conhecida amplamente no meio espírita e espiritualista: Chico
Xavier. Precisamos antes de mais nada contarmos com o nome completo dele,
bem como sua data de nascimento. No caso de pessoas casadas, separadas ou
viúvas, vale a mesma regra mostrada ao final do texto da Parte I. 

Nome completo: Francisco de Paula Cândido Xavier


Data de nascimento: 02/04/1910

Aqui é importante decompor os números do dia, mês e ano a um número que


seja de no máximo dois dígitos, se for mais do que isso deve ser reduzido.
Dessa forma, o dia, mês e ano para o cálculo desta data fica: 02/04/11
(somamos 1+9+1+0). Em uma data hipotética, vejamos como calcular:

27/08/1969 = 27/08/25 (reduzimos o ano 1+9+6+9). Portanto, pra efeitos de


cálculo não usamos 1969, mas sim o número 25. 

Segundo método: A Tabela de Valores

Baseado nesta tabela nós daremos os valores numéricos a cada letra do nome:

Francisco = 6+9+1+5+3+9+1+3+6
De Paula = 4+5+7+1+3+3+1
Cândido = 3+1+5+4+9+4+6
Xavier = 6+1+4+9+5+9

Encontraremos a partir desses números 6 importantes posições:

Idealidade (personalidade, desejos pessoais) = encontramos esse número ao


somarmos os valores atribuídos às vogais.

Aparência (a forma como as outras pessoas enxergam você) = encontramos


esse número ao somarmos os valores atribuídos às consoantes

Destino (situações mais comuns que a pessoa encontrará ao longo da vida) =


encontramos esse número pela simples soma de Idealidade + Aparência
Missão de Vida (orientações para encarar seu Destino) = encontramos esse
número pela simples soma dos valores inteiros do dia, mês e ano.

Desafio Pessoal (característica principal a que viemos melhorar ou


desenvolver) = encontramos esse número fazendo o seguinte cálculo com a
data de nascimento: subtraia o valor do dia com o do mês (v1), em seguida o
valor do dia com o do ano (v2) em seguida subtraia v1 – v2. Caso surjam
números negativos, eles serão subtraídos como se fossem números positivos.

Número Poderoso (o número da sorte, para dia, mês ou ano favorecendo


energeticamente alguma ação, ou simplesmente um número que iremos usar,
seja numa casa ou para presentear alguém) = encontramos esse número pela
simples soma de Missão de Vida + Destino

O resultado das somas não deve ultrapassar um algarismo, a não ser que o
número encontrado seja 11, 22 ou 33. Em todos os outros casos o número
deve ser reduzido através de uma nova soma. Por exemplo, se encontramos
como resultado final o número 78, somamos 7+8 que resulta em 15 e
novamente somamos, 1+5 encontrando então o número 6. Após ensinar esses
cálculos, deixarei a tabela com o significado de cada um desses números para
todas as posições encontradas. Esse estudo é uma síntese que complementa o
método dos 22 Arcanos que mostrei na primeira parte dessa série.

Cálculo das Fases da Vida (Pináculos): Aqui encontraremos o número


correspondente a cada fase da vida (Pináculo).

Primeiro: soma do número do dia + mês


Segundo: soma do número do dia + ano
Terceiro: soma do Primeiro + Segundo
Quarto: soma do número do mês + ano

Cálculo do período de cada Pináculo:

Primeiro: Subtraia o número Missão de Vida do número 36, ele mostrará o ano
da sua vida em que se encerrará o primeiro dos quatro pináculos.
Segundo: Some o número 9 ao valor encontrado no Primeiro pináculo, ele
mostrará o ano da sua vida que se encerra o segundo dos quatro pináculos ou
fases da vida
Terceiro: Some o número 9 ao valor encontrado no Segundo pináculo, ele
mostrará o ano da sua vida em que se encerrará o terceiro dos quatro
pináculos.
Quarto: Se inicia com o término do terceiro pináculo ele dura até o período do
desencarne, obviamente para as pessoas que chegaram até essa idade, pois
em muitos casos a pessoa vive apenas um ou dois pináculos.

Cálculo de previsões:

São prognósticos, indicativos para dias, meses ou anos específicos. Para isso é
necessário primeiro encontrar o ano, mês e dia pessoal e dessa forma calcular
o número para uma data específica.
Ano Pessoal: Basta somar o número do dia + mês do seu aniversário com o ano
que se deseja fazer um prognóstico, lembrando que o número do ano deve ser
de no máximo dois dígitos. Por exemplo: 2012 = 2+0+1+2 = 5

Mês Pessoal: Basta somar o número do Ano Pessoal (relativo ao ano que a
pessoa deseja saber um prognóstico) com o valor do mês do seu interesse,
aqui é importante observar que esse mês vale sempre em relação ao mês do
seu aniversário. Por exemplo, alguém que nasceu em abril e queira um
prognóstico pro mês de julho, deverá somar o número 4 ( abril, maio, junho,
julho) que é o número de meses que faltam para o evento calculado em
relação ao mês de aniversário, no caso abril, que assume o posto de número 1
na contagem.

Dia Pessoal: Basta somar o número desejado ao número do Mês Pessoal


encontrado.

Temos aqui todos os cálculos do método da Tabela de Valores, vamos então


realizar os cálculos relativos ao nome do apóstolo da caridade: 

Francisco = 6+9+1+5+3+9+1+3+6
De Paula = 4+5+7+1+3+3+1
Cândido = 3+1+5+4+9+4+6
Xavier = 6+1+4+9+5+9

Nascimento: 2 /4/11

Idealidade: 1+9+6+5+1+3+1+1+9+6+1+9+5 = 57 = 12 = 3
Aparência: 6+9+5+3+1+3+4+7+3+3+5+4+4+6+4+9 = 76 = 13 = 4
Destino: 3+4 = 7
Missão de Vida: 2+4+11 = 17 = 8
Desafio Pessoal: 2 – 4 = - 2, 2 – 11 = - 9, 2 – 9 = -7 = 7
Número Poderoso: 7+8 = 15 = 6

Pináculos:

Primeiro: 2+4 = 6, Período de vida (36-8 = 28, do nascimento aos 28 anos)


Segundo: 2+11= 13 = 4, Período de vida ( 28+9 = 37, dos 28 aos 37 anos)
Terceiro: 6+13= 19= 10 = 1, Período de vida (37+9 = 46, dos 37 aos 46 anos)
Quarto: 4+11= 15= 6, Período de vida (dos 46 anos em diante)

Curiosamente o quarto pináculo do Chico Xavier teve a duração da soma dos


três primeiros, pois ele morreu exatamente com 92 anos. A soma dos números
encontrados nos quatro pináculos foi 17 (6+4+1+6), o arcano da Estrela, o
mesmo arcano encontrado no cálculo do segundo método para a posição de
força espiritual e temperamento, demonstrando claramente o caráter
missionário desse grande espírito.
Sempre que a soma dos números dos pináculos for igual a 13 ou se o primeiro
pináculo for igual a 4 (redução do 13 pela soma de 1+3), certamente a pessoa
passará por uma grande provação, transformação, um verdadeiro
renascimento, tanto físico ou moral, podendo vivenciar um desencarne nessa
época. No estudo dos pináculos do mapa cabalístico de Jesus, que mostrarei
nessa série de 4 posts, o segundo pináculo dele se inicia exatamente no ano
do seu desencarne (quando tinha 35 anos) e a soma dos números dos dois
pináculos é exatamente 13 (arcano da morte) sendo o primeiro pináculo o
número 4, não deixando dúvidas que ele desencarnaria cedo, antes de chegar
ao terceiro pináculo.      

Vamos realizar o cálculo do dia pessoal relativo ao desencarne do Chico


Xavier:

Aconteceu dia 30 de junho de 2002 ou 30/6/4 (2+0+0+2 = 4)

Ano Pessoal: 2+4+4 = 10 = 1


Mês Pessoal: abril + maio + junho = 3
Dia Pessoal: 30

1+3+30 = 34 = 7

Dos Arcanos Maiores certamente não poderia existir dia mais certo para o
desencarne de um verdadeiro missionário. Na simbologia iniciática é a subida
do iniciado através do arrebatamento que o leva numa carruagem ou charrete
(arcano 7) aos céus, tal como a subida de Elias descrita no livro de Reis.

Vejamos abaixo a tabela com o significado simplificado de cada um dos


números 1,2,3,4,5,6,7,8,9,11,22 e 33. São mostradas características positivas
e negativas, normalmente teremos a tendência de possuir um pouco de
ambas, podendo segundo nossa busca e vontade lutar para vencer as
características negativas e potencializar as positivas. No caso de espíritos
missionários, como Chico Xavier, a supremacia das características positivas
praticamente anula as negativas.

Número 1 – Planejamento, ação e ousadia (Arcano do Mago, da Roda do


Destino e do Sol, o mago manipulando ou trabalhando os destinos através da
força espiritual, do brilho pessoal). Orixá Regente: Oxalá

Idealidade: Ambição, dinamismo, determinação, extremamente independente


e criativo, muita iniciativa, inteligente, tendências ao egoísmo, uma pessoa
exigente consigo mesma, perfeccionista, inflexível: se acha a “dona da
verdade”, tende a ser teimosa.
Aparência: Original, autoritária, pessoa séria, é vista de forma bastante
responsável, pode ser antipático.
Destino: Vencer propagando suas idéias, auto-suficiente, desbravador, tem
muita iniciativa, é sempre um líder, inovador, corajoso, mas ao mesmo
tempo, agressivo e impulsivo.
Missão de Vida: Conheça seus limites e tenha paciência em todas as situações.
Desafio: Desenvolva a força de vontade.
Pináculo: Esta fase obriga você a manter-se sobre seus próprios pés,
dependendo apenas de si mesmo para chegar ao sucesso. Pode ser um período
difícil, mas promete grandes oportunidades.
Ano Pessoal: É neste ano que você começa a traçar as diretrizes para os
próximos nove anos. Pese muito bem os seus planos e vá em frente com
determinação. Esta não é uma época de associações, mas de mudanças.
Mês Pessoal: Tome iniciativas e esteja aberto a novos planos e conquistas.
Todas as realizações começadas aqui serão favoráveis, mas só terão frutos
mais tarde.
Dia Pessoal: Todas as coisas novas estão favorecidas hoje. Não tema as
mudanças.
Número Poderoso: Ativo e corajoso, intolerante, exibicionista, egoísta e
orgulhoso.

Número 2 – Refletindo sobre os sentimentos (Arcano da Sacerdotisa e do


Julgamento, a sacerdotisa em oração julgando a si mesma) Orixá Regente:
Nanã

Idealidade: Compreensão e necessidade de união, pessoa submissa. É estática,


fica esperando as coisas caírem do céu. Não consegue viver só. Às vezes é
uma pessoa “chorona” e dependente.
Aparência: Grande amiga e colaboradora, vista de forma doce e meiga. Mas
também aparenta uma pessoa frágil, passiva, dependente.
Destino: Cultivar harmonia nos relacionamentos sociais e afetivos, pouca
iniciativa, muito dependente, não faz nada sem consultar alguém em quem
confie.
Missão de Vida: Não se deixe influenciar pelos outros. Mantenha-se em seu
caminho.
Desafio: Aprenda a confiar em si mesmo.
Pináculo: Você estará muito sensível neste momento da vida, mas evite
demonstrar seus sentimentos. Podem surgir dificuldades em qualquer tipo de
associações.
Ano Pessoal: Um bom ano para todos os tipos de associações. Seja paciente e
tenha calma, esperando que as oportunidades venham até você quando
chegar o momento. A fase também aconselha a analisar as lições do passado.
Mês Pessoal Um contato maior com a natureza poderá recarregar todas as suas
energias neste mês. Aproveite para descansar ao máximo e não rejeite
convites, já que o mês promete contatos interessantes.
Dia Pessoal: O dia convida você à calma e à quietude. Mantenha-se sob
controle.
Número Poderoso: Passivo, receptivo, delicado, retrógrado, compreensivo e
intuitivo.

Número 3 – A alegria de viver (Arcano da Imperatriz, do Dependurado e do


Mundo. A dualidade do mundo, a imperatriz com sua nobreza e riqueza e o
dependurado em sacrifício por um ideal) Orixá Regente: Iansã

Idealidade: Criatividade, boa comunicação, alegre, vai sempre buscar


expansão em sua vida. Tem também grande tendência a uma distorção de
valores.
Aparência: Sabe entreter e estimular todos, alegre, extrovertido. Passa uma
imagem de expansão, crescimento e alto astral.
Destino: Ganhar reconhecimento, tanto profissional quanto social, capacidade
enorme de se expandir, tanto no aspecto material como no emocional. Supera
os problemas de saúde melhor que qualquer outro.
Missão de Vida: Desenvolva sua responsabilidade.
Desafio: Não disperse seus talentos.
Pináculo: Aproveite este período de boas ideias e desenvolva sua capacidade
criadora. Mas mantenha as emoções sob controle. Bom para finanças.
Ano Pessoal: Este ano é o ano da preguiça e de poucas responsabilidades de
peso. Uma ótima época para férias prolongadas ou para a prática de algum
hobby artístico. Aproveite.
Mês Pessoal: A seriedade não faz parte destes dias. É tempo de curtir os bons
amigos e usar a sua capacidade de expressão para atividades artísticas.
Dia Pessoal: Sorria, cante e seja otimista e procure esticar o bom astral de
hoje para os outros dias do mês.
Número Poderoso: Autoconfiante, otimista, alegre, cheio de sorte, convencido
e bem sucedido.

Número 4 – O trabalho persistente (Arcano do Imperador e da Morte, o líder


no constante trabalho de destruir e renovar tudo àquilo que está a sua volta e
não serve mais, com suas obrigações e riscos) Orixá Regente: Omulu

Idealidade: Seriedade, estabilidade, observação, teimosia, tem dificuldades


em atingir seus horizontes, vivendo assim, bastante limitada. Uma pessoa
organizada, cooperativa e que se dedica muito ao trabalho.
Aparência: Paciente e dedicada ao trabalho, vista como uma pessoa séria, por
outro lado, parece muitas vezes desligada do mundo a sua volta.
Destino: Ter estabilidade, principalmente na área econômica, as vezes tudo
para essa pessoa é muito difícil. Empenha-se muito, consegue pouco.
Meticulosa, crítica se preocupa demais com pequenos detalhes e acaba não
aproveitando as coisas boas da vida.
Missão de Vida: Não desanime diante das obrigações, sempre numerosas para
você.
Desafio: Não se entregue a preguiça.
Pináculo: A fase é de muito trabalho para solidificar os alicerces onde se
baseará o futuro. Poupe dinheiro e organize detalhadamente as idéias.
Ano Pessoal: Chegou o tempo de se voltar ao trabalho com energia. Este ano
tem tudo para ser produtivo. Fique longe da ociosidade e faça da disciplina
uma regra. Lembre-se de que as recompensas serão proporcionais ao seu
esforço.
Mês Pessoal: Organize-se e ponha as idéias em prática. O mês é de trabalho
duro.
Dia Pessoal: Fique atento a todos os detalhes das suas atividades. Este dia
promete muito trabalho.
Número Poderoso: Metódico, obstinado, responsável, detalhista, pedante,
pouco criativo, trabalhador, sem sorte.  

Número 5 – O fluir das emoções (Arcano do Hierofante e da Temperança, o


trabalho alquímico de equilíbrio entre razão e emoção) Orixá Regente: Ibeji
Idealidade: Liberdade, curiosidade, risonha, carismática, superficial (só
esquenta a cabeça em casos extremos), ciumenta. Comportamento repleto de
altos e baixos.
Aparência: Comunicativa e superficial, passa uma visão carismática. Pode ser
uma “mosca morta”, ter uma aparência péssima, mesmo assim será
considerada extremamente sedutora.
Destino: Viver aventuras e novas experiências, não para em emprego,
despreocupado, bagunceiro, quer curtir a vida, busca constantemente o
prazer, tem grandes tendências a vícios, como drogas e bebidas.
Missão de Vida: Olhe mais para sua vida interior e não vá atrás de modismos.
Desafio: Aprenda a se desprender das coisas.
Pináculo: Este período traz um desejo intenso por modificações. Você deverá
passar por várias inquietações e dúvidas. O progresso é garantido.
Ano Pessoal: Ano de mudanças, saia da rotina e invista em novas experiências.
Não tenha medo das novidades e não fique impaciente. Concentre-se em
canalizar suas energias para pensamentos e atitudes positivas.
Mês Pessoal: O período promete crescimento e expansão. Pode ser que você
seja promovido no trabalho.
Dia Pessoal: Ótimo dia para sair da rotina.
Número Poderoso: Versátil, aventureiro, nervoso, inconstante, sensual,
pessimista, destrutivo, irresponsável.

Número 6 – Afetividade com intenso magnetismo (Arcano dos Enamorados e


do Diabo, aquele ou aquela que desperta o carinho, a ternura e admiração das
pessoas pelo seu intenso magnetismo e valor que dão a família) Orixá
Regente: Exú

Idealidade: Simpatia, sensibilidade artística, hiper afetiva e extremamente


emotiva. Tem ligação com artes, música, cultura. Às vezes contestador e
teimoso. Busca harmonia familiar.
Aparência: Romântica incurável vista com ternura, as pessoas vão buscar no
número 6 alguém em quem podem confiar e com quem possam desabafar. É o
“ombro amigo”.
Destino: Dedicar-se à família, só consegue se estruturar se tiver harmonia, por
essa razão, busca o equilíbrio o tempo todo. Capacidade de concretização
excelente.
Missão de Vida: Cultive atitudes produtivas.
Desafio: Respeite a opinião alheia.
Pináculo: A ordem desta fase é o acúmulo de muitas responsabilidades,
especialmente no lar. Mas os seus esforços serão recompensados, trazendo
muita satisfação pessoal e até financeira. É o pináculo do casamento, das
associações.
Ano Pessoal: O lar deverá ser o centro das atenções, receba amigos, mude a
decoração da casa. Procure também trazer harmonia para o seu ritmo de vida
e seja generoso com as pessoas que convivem com você.
Mês Pessoal: Tente dar o máximo de atenção aos assuntos de casa. Os amigos
também precisarão de você,
Dia Pessoal: Ocupe-se mais com as coisas de casa e dedique atenção às
pessoas que convivem com você.
Número Poderoso: Caseiro, organizado, amoroso, dedicado, conservador,
ciumento, responsável.

Número 7 – A Busca constante pelo conhecimento espiritual (Arcano da


Charrete e da Torre, o iniciado que busca controlar os cavalos da emoção e da
razão através de uma intensa ligação com a espiritualidade, buscando destruir
tudo aquilo que já não serve mais para sua morada interior, sua torre). Orixá
Regente: Xangô

Idealidade: Introversão, independência, analítico e observador. Busca o


conhecimento o tempo todo. É porém dissimulado e depressivo. Muita
inteligência.
Aparência: Criativo, seguro, uma pessoa vista de forma séria e introspectiva.
Destino: Desenvolver a espiritualidade e buscar conhecimento em tudo.
Tem tendência a gostar de tudo o que está ligado ao esoterismo e a
espiritualidade.
Missão de Vida: Seja íntegro e autêntico.
Desafio: Evite a melancolia.
Pináculo: Este período traz um interesse pelo desenvolvimento espiritual e
pelo estudo das forças ocultas da natureza. É um momento de introspecção e
provavelmente de falta de dinheiro.
Ano Pessoal: Este ano é todo do seu eu interior. O momento é de reflexão e
auto análise para desenvolver suas qualidades espirituais e da sua
personalidade. Faça algum curso esotérico e busque suas próprias respostas
para a vida.
Mês Pessoal: Ótimo para os estudos em geral. Examine seus planos e
investigue as coisas atentamente
Dia Pessoal: Evite o barulho e a agitação. Ache um tempo para ficar só e
repensar nos seus planos e atitudes pessoais.
Número Poderoso: Introvertido, misterioso, inconstante, tímido e irracional.

Número 8 – Grande autoconfiança (Arcano da Justiça e da Estrela, o juiz de


si mesmo que precisa aprender a trabalhar com toda força e brilho que
possui) Orixá Regente: Oxum

Idealidade: Materialismo, orgulho, sensatez, consciência, desenvolve-se


intelectualmente com muita facilidade. Consegue se estruturar muito bem.
Chega, entretanto, a ser prático demais e pouco afetuoso. Bem organizado.
Aparência: Franco, ambicioso, esnobe, passa uma imagem de que é superior
aos outros. Muito ligado às coisas materiais.
Destino: Ter sucesso profissional e social pode ter todas as dificuldades do
mundo, mas vai fazer de tudo para ter seu próprio negócio. Empreendedor,
voltado para o lado material da vida. Prático demais.
Missão de Vida: Esqueça o egoísmo.
Desafio: Tenha equilíbrio e seja sensato.
Pináculo: Esta é uma boa fase para os assuntos financeiros, mas exige
coragem e esforço constante. Evite confiar em excesso nas pessoas que não
conhece.
Ano Pessoal: Chegou a hora de trabalhar para as realizações materiais. Tudo
que se refere ao dinheiro está favorecido este ano. É necessário que você
tome as rédeas da vida e não espere que as conquistas caiam do céu.
Mês Pessoal: Mês dos negócios financeiros. No trabalho mostre eficiência e
segurança, sem esquecer-se da diplomacia.
Dia Pessoal: Analise suas finanças e organize o trabalho numa rotina mais ágil.
Número Poderoso: Realista, enérgico, ambicioso, racional e introspectivo.

Número 9 – O líder espiritual humanitário (Arcano do Ermitão e da Lua, o


líder espiritual em eterna transmutação na busca constante por ajudar
aqueles que se mostram prontos a receber ajuda) Orixá Regente: Ogum

Idealidade: Compaixão, otimismo, imediatismo, é considerado o “irmão de


todo mundo” por ser extremamente solidário e humano. Apresenta, porém,
tendências à agressividade. É um ser mutável, mal consegue uma coisa e já
está pensando em outra. Uma pessoa humanitária.
Aparência: Generosa, devotada, companheirismo, disposto a ajudar todo
mundo, passa esta imagem, porém, pode ser a pessoa mais egoísta do mundo.
Destino: Transformar o mundo num lugar melhor e mais gostoso de se viver
consegue tudo o que quer, mesmo que seja com muito sacrifício. É muito
preocupado com a humanidade, quer resolver os problemas de todo mundo.
Missão de Vida: Não tente alterar o caminho dos outros. Seja compreensivo.
Desafio: Seja compreensivo.
Pináculo: Se você aprendeu a não ser egoísta, este período será muito
favorável. Do contrário ele promete tristezas. Podendo ser um divórcio, por
exemplo.
Ano Pessoal: Livre-se do passado. Prepare o terreno para dar início a um novo
ciclo de vida e lembre-se de que todo o começo significa o fim de algumas
coisas. Não fique triste, pois as novidades serão bem melhores e poderão
aparecer logo, saiba esperá-las com amor e com a mente aberta.
Mês Pessoal: Complete tudo o que foi começado e dê atenção aos outros.
Dia Pessoal: Simpatia e bom humor são vitais para hoje, exercite a
solidariedade.
Número Poderoso: Grande capacidade mental e espiritual, aventureiro,
otimista e generoso.

Número 11 – Humildade em meio à fama e sucesso (Arcano da força, a


bravura, a coragem, o idealista que precisa exercitar a humildade e a
paciência) Orixá Regente: Iemanjá

Idealidade: Forte inspiração artística.


Aparência: Desatento e idealista.
Destino: Reduza-o 1+1=2, ler o número dois: Cultivar harmonia nos
relacionamentos sociais e afetivos, pouca iniciativa, muito dependente, não
faz nada sem consultar alguém em quem confie.
Missão de Vida: Viva com humildade, mesmo em meio o sucesso e a fama.
Pináculo: Nesta fase as pessoas estarão esperando muito de você. O pináculo
promete fama e inspiração, mas fuja das tensões nervosas e da agitação
mental.
Ano Pessoal: Faça o possível para ajustar os ideais à sua realidade de vida.
Assim as oportunidades virão naturalmente até você, tenha fé.
Mês Pessoal: Sua atitude deve ser de compreensão e fé ilimitada nas próprias
inspirações. Sua imaginação estará plena.
Dia Pessoal: Deixe a sua intuição falar livremente, hoje não é um bom dia
para preocupações materiais.
Número Poderoso: idealista e paciente.

Número 22 – Talento e planejamento em constante movimento (Arcano do


Louco, o andarilho que persegue sua felicidade pelo mundo, o artista da côrte
e das ruas) Orixá Regente: Oxumaré

Idealidade: Espiritualidade.
Aparência: Talentoso, com grande poder de ação.
Destino: Reduza-o para 2+2=4, ler o número quatro: Ter estabilidade,
principalmente na área econômica, às vezes tudo para essa pessoa é muito
difícil. Empenha-se muito, consegue pouco. Meticulosa, crítica se preocupa
demais com pequenos detalhes e acaba não aproveitando as coisas boas da
vida.
Missão de Vida: Não esqueça seus ideais, porém seja racional com eles.
Pináculo: Materialismo e idealismo andam juntos, trazendo atividades
grandiosas. As realizações devem estar voltadas aos fins humanitários, deixe o
individualismo de fora.
Ano Pessoal: Seus projetos terão êxitos, desde que eles não virem apenas
interesses pessoais, persiga os seus sonhos e pense grande.
Mês Pessoal: Concretize seus planos e sonhos, não tenha pensamentos
limitados, pense grande e sem egoísmo.
Dia Pessoal: Se as suas idéias forem bem planejadas, dê andamento aos
planos.
Número poderoso: construtor, otimista.

Número 33 – A Tenacidade e a sorte sempre o acompanham (Arcano do


Louco e da Força, o andarilho protegido pelos céus, o artista que emociona e
conquista as multidões) Orixá Regente: Oxóssi

Idealidade: Reduza-o para 3+3=6, ler o número seis: Simpatia, sensibilidade


artística, hiper afetiva e extremamente emotiva. Tem ligação com artes,
música, cultura. Às vezes contestador e teimoso. Busca harmonia familiar.
Aparência: Obstinado, talentoso, aparência frágil que esconde grande força e
vontade
Destino: Reduza-o para 3+3=6: Dedicar-se à família, só consegue se estruturar
se tiver harmonia, por essa razão, busca o equilíbrio o tempo todo.
Capacidade de concretização excelente.
Missão de Vida: Defenda a justiça até mesmo nas situações sem importância.
Pináculo: A viagem em busca de si mesmo, a busca, a vontade sincera de ser
útil, forte busca espiritual, período de muita sorte
Ano Pessoal: Este seu ano pessoal está totalmente voltado para os outros.
Deixe o amor do seu coração vir à tona e seja tolerante e simpático. Dessa
forma o ano tem tudo para ser gratificante.
Mês Pessoal: Este é um mês com influências espirituais fortes. Viva os seus
ideais, mas não se esqueça dos amigos que precisam do seu apoio.
Dia Pessoal: Aceite as tarefas de hoje com paciência.
Número Poderoso: caridoso e conselheiro.

Vamos agora ver os significados dos números encontrados no mapa


numerológico do Chico Xavier:

Idealidade: (3) Criatividade, boa comunicação, alegre, vai sempre buscar


expansão em sua vida.
Aparência: (4) Paciente e dedicado ao trabalho, visto como uma pessoa séria,
por outro lado, parece muitas vezes desligado do mundo a sua volta.
Destino: (7) Desenvolver a espiritualidade e buscar conhecimento em tudo.
Tem tendência a gostar de tudo o que está ligado ao esoterismo e a
espiritualidade.
Missão de Vida: (8) Esqueça o egoísmo.
Desafio Pessoal: (7) Evite a melancolia.
Número Poderoso: (6) Caseiro, organizado, amoroso, dedicado, conservador,
responsável.

Comentário: As características resumem bem a personalidade de Chico


Xavier.

Pináculos:

Primeiro: (6), Período de vida do nascimento aos 28 anos = A ordem desta fase
é o acúmulo de muitas responsabilidades, especialmente no lar. Mas os seus
esforços serão recompensados, trazendo muita satisfação pessoal e até
financeira. É o pináculo do casamento, das associações.
Segundo: (4), Período de vida dos 28 aos 37 anos = A fase é de muito trabalho
para solidificar os alicerces onde se baseará o futuro. Poupe dinheiro e
organize detalhadamente as idéias.
Terceiro: (1), Período de vida dos 37 aos 46 anos = Esta fase obriga você a
manter-se sobre seus próprios pés, dependendo apenas de si mesmo para
chegar ao sucesso. Pode ser um período difícil, mas promete grandes
oportunidades.
Quarto: (6), Período de vida dos 46 anos em diante = A ordem desta fase é o
acúmulo de muitas responsabilidades, especialmente no lar. Mas os seus
esforços serão recompensados, trazendo muita satisfação pessoal e até
financeira. É o pináculo do casamento, das associações.

Comentário: A associação com Emmanuel, se iniciou exatamente no primeiro


período de vida, quando Chico contava com 21 anos. No segundo período de
vida, Chico lança Nosso Lar obra que definitivamente solidificou os alicerces
de sua obra mediúnica, quando ele contava com 33 anos. No terceiro período
de vida foi o período de ativo trabalho mediúnico em Pedro Leopoldo,
decisivo para o aumento da divulgação do seu trabalho espiritual. No último
pináculo novas associações: a breve aliança no trabalho mediúnico que durou
alguns anos com o médico Waldo Vieira e a crescente aparição em programas
televisivos como o pinga fogo, que ajudaram na divulgação do ideal espírita
tão defendido por Chico para fronteiras além do Brasil.    

O próximo post conterá uma ampla análise do mapa de Jesus e algumas


curiosas explicações envolvendo a numerologia dos 22 Arcanos com a data de
nascimento de Jesus e a data de sua morte.

No post final dessa série uma ampla comparação da estrutura do Tabernáculo


de Moisés e a Arvore das Vidas, bem como uma explicação completa sobre o
significado iniciático da Menorah.

Read
more: http://profeciasoapiceem2036.blogspot.com/2012/05/numerologia-
cabalistica-parte-ii-o.html#ixzz3uOP2CWwV
Numerologia Cabalística (Parte III) - A Numerologia de Jesus na
Cabala

Parte II :  AQUI
Antes de iniciarmos esse estudo vamos compreender um pouco mais do
significado oculto da Arvore das Vidas, seus 22 Arcanos e o nome sagrado de
Deus: YHWH

O tetragrama possui 4 letras com os seguintes valores no alfabeto hebraico: Y


= 10, H = 5, W = 6, H = 5

Dela formamos 4 simples combinações:

Y = 10
YH = 15
YHW = 21
YHWH = 26

Somados os valores temos o número 72, número exato das emanações divinas
ou 72 anjos cabalísticos. Desses 4 valores, os 3 primeiros são Arcanos distintos
(10, 15, 21) e um valor (26) é a soma de alguns Arcanos. Analisando a Arvore
das Vidas fica fácil descobrir:

Os Arcanos 21 e 15 (somando 36) levam a energia da esfera Kether (Coroa) até


Binah e em seguida flui até o Sol (Tipheret). Esse é o caminho duplo, a
energia que desce até o Sol.  O outro caminho engloba os Arcanos 10, 19, 6 e
1 (somando também 36) e levam a energia da esfera Kether até o mundo das
formas, o reino, à esfera de Malkuth.

Do lado esquerdo, o Mundo e o Diabo (Arcanos 21 e 15)

Do lado direito, A Roda do Destino, O Sol, Os Enamorados e O Mago (Arcanos


10, 19, 6, 1)

Do lado esquerdo quem rege a vibração são os orixás Iansã (21) e Exú (15)

Do lado direito quem rege a vibração são os orixás Oxalá (10, 19, 1) e Exú (6)

YHWH (26) representa a descida divina da energia de Deus através do Mago (1)
Solar (19) (Oxalá/Jesus) distribuindo amor pela humanidade (Os Enamorados)
e realizando o trabalho de guardião (Exú) das leis divinas.

Outra questão interessante é que a soma dos números de todos os Arcanos


mostram exatamente TODOS os números da data de nascimento e morte de
Jesus. Calculemos:

1+2+3+4+5+6+7+8+9+10+11+12+13+14+15+16+17+18+19+20+21+22 = 253

Em 21 de abril faltam exatos 253 para terminar o ano (ano normal, menos o
bissexto)

Em 10 de setembro estamos exatamente no 253ª dia do ano (ano normal,


menos o bissexto)
Jesus nasceu exatamente em 21 de setembro (entre virgem e libra) 3 anos
antes do ano zero e faleceu exatamente no dia 10 de abril do ano 33, no ano
36 da sua existência e com 35 anos e 7 meses de vida. Um grande fenômeno
astrológico (uma conjunção entre Alpha Leonis e Júpiter) amplamente
estudado pelos buscadores da data de nascimento de Jesus ocorreu na época
do seu nascimento, e ficou popularmente conhecido como “Estrela de
Belém”, até porque Jesus nasceu em Belém, não da Judéia, mas no pequeno
vilarejo conhecido como Belém da Galiléia, 10 dias depois do início do ano
novo judaico, num humilde vilarejo que ficava entre Nazaré e o Monte
Carmelo.

Outro dado interessante é que um astrólogo há quase 500 anos já sabia de


todas essas informações, até por ser um dos maiores astrólogos e cabalistas do
mundo: Nostradamus. Ele deixou a informação velada numa de suas quadras
mais conhecidas:

Centúria 10, Quadra 72:

"Em 1999 e 7 meses


Do céu virá um grande rei do terror
Ressuscitará o grande rei D’Angolmois
Antes que Marte reine para a felicidade"

Profecia dos 70 períodos: AQUI

Como já explicado aqui no blog, essa quadra é uma clara referência a profecia
dos 70 períodos de Daniel (Velho Testamento), que se inicia em 1967 e vai até
2036. O ano de 1999 equivale ao ano 33 dessa profecia, ano em que o grande
rei, Jesus, veio do céu ressuscitado, mas fala também que no ano de 1999
viria um rei oposto a Jesus, o grande rei do terror. Em 9 agosto de 1999
Vladmir Putin (um dos maiores magos negros encarnados na Terra), tornou-se
primeiro ministro escolhido por Yeltsin ( a mais alta liderança da Rússia na
época, o “céu”), decisão que provavelmente ele sacramentou dias antes, em
julho (mês 7). 

Putin é o rei D’Angolmois ressuscitado, uma encarnação desse mítico


personagem, que historicamente não existiu. Mas Nostradamus deixou uma
carta profética para Henrique II em 1555, rei francês que teve vários filhos,
incluindo um com Catarina de Médici que se tornou rei da França de 1574
a 1589, que enfrentou uma grave crise religiosa entre católicos e
protestantes. Esse rei, Henrique III, nasceu exatamente em 1551, a exata
soma dos números romanos do nome D’Angolmois = d+l+m+i = 1551.
Nostradamus profetizou que Henrique III reencarnaria séculos depois como um
novo líder europeu e que seria conhecido nesse cenário como rei do terror.
Além disso, dentro da palavra D’Angolmois temos a palavra Mongólia,
território que faz fronteira com a Rússia e tem parte de sua população
vivendo no sul da Rússia.
Vale lembrar que boa parte do território original dos mongóis faz parte hoje
da federação russa. Podemos observar isso nessa interessante animação de
vídeo que mostra os territórios da Europa do ano 1000 até 2012:

Mas voltemos a Jesus.... Nostradamus mostrou claramente que sabia o ano do


desencarne de Jesus (ano 33).  Mas ele também sabia a idade, e EXATA do
desencarne dele, basta somarmos os números da profecia : 1+9+9+9+7 = 35 e
pra não deixa dúvidas ainda ressaltou os meses de vida: 7. Ora, se ele sabia o
ano do desencarne (33) e a idade do desencarne de Jesus (35 anos e 7 meses)
provavelmente saberia o dia do nascimento, muito próximo da famosa
conjuntura astrológica que ocorreu em setembro.

Sabido isso vamos finalmente analisar a numerológia cabalística de Jesus, bem


como o posicionamento das suas 9 posições na Árvore das Vidas

Nome: Yeshua Ben Youssef


Data de nascimento: 21/09/-03

Yeshua: 1 2 3 4 5 6
Ben: 7 2 8
Youssef: 1 9 5 3 3 2 10

Letras repetidas 3 vezes: E,S = 6+9 = 15


Letras repetidas 2 vezes: Y,U = 2+10 = 12
Letras aparecem 1 vez: H,B,N,O,F = 11

Soma do nascimento: 2+1+0+9-0+3 = 15


Número final: 10
Número de letras no nome: 16

Posições:
Temperamento (força espiritual) = 15
Destino (Missão ou Karma) = 16
Cabeça (Razão) =  15
Missão (Foco) =  12
Coração (Emocional) =  11
Sexo (Força anímica) =  11
Família (Sociedade) = 13
Aprendizado (Objetivo interior) =  10
Personalidade =  16

Arcanos:
Temperamento (força espiritual) =  O Diabo
Destino (Objetivo traçado ou Karma) = A Torre
Cabeça (Razão) =  O Diabo
Missão (Foco) =  O Dependurado
Coração (Emocional) =  A Força
Sexo (Força anímica) =  A Força
Família (Sociedade) =  A Morte
Aprendizado (Objetivo interior) = A Roda do Destino
Personalidade =  A Torre
Comentário sobre o Mapa Cabalístico:

O mapa de Jesus apresenta uma força espiritual e anímica perfeitamente


talhada para a realização que foi confiada a ele, o mais fiel médium do Cristo
Planetário, o espírito mais evoluído moralmente e intelectualmente a pisar
encarnado no solo terrestre. As posições Cabeça e Missão apresentam os
mesmos arcanos do mapa de Chico Xavier. Como já explicado no mapa de
Chico Xavier o arcano Diabo na posição Cabeça e Temperamento (força
espiritual) denota uma incrível potência anímica, um fabuloso raciocínio, uma
incrível capacidade de assimilar uma grande quantidade de conhecimentos e
informações de forma constante, foi exatamente essa grande potencia
anímica que favoreceu o contato de Jesus com o Cristo planetário, permitindo
que um espírito excelso como Jesus pudesse aproveitar no máximo de suas
possibilidades o limitado cérebro físico que possuía que foi carregado com
uma intensa cota de ectoplasma, magnetismo e eletricidade acima da média
para suportar o potencial angélico do espírito de Jesus. 

Esse entendimento é confirmado pela posição Missão, onde aparece o arcano


O Dependurado, mostrando claramente a ampla conexão espiritual de Jesus
com as esferas superiores, seus pés voltados para o Alto e sua cabeça
planando sobre a terra, mas também trazendo muitos sacrifícios como denota
a figura, presa a esse ideal, o aceitando com resignação. Essa combinação,
envolvendo a potencia anímica do Diabo na posição Razão e o Dependurado na
posição Missão explicam a própria incapacidade de Jesus conseguir sobreviver
muito mais tempo do que aquele que ele teve (pouco menos de 36 anos), pois
a intensa atividade eletromagnética no cérebro físico e a grande cota de
ectoplasma necessária para manter um verdadeiro farol de luz preso a um
corpo físico humano levaram ao limite o aparelho circulatório de Jesus,
fazendo com que ele necessitasse expelir sangue em vários momentos de sua
missão, muitas vezes pelo nariz e na famosa passagem em que suou sangue no
Monte das Oliveiras pouco antes de ser preso pelos soldados romanos.

A posição Temperamento apresenta o arcano O Diabo, essa posição mostra o


perfil psicológico que o espírito imortal traz para a presente encarnação, ou
seja, uma parte da personalidade imortal do espírito. O arcano O Diabo
mostra uma grande vontade de viver a matéria, de experimentar as sensações
do mundo físico, algo que era necessário para o perfil psicológico de Jesus,
pois havia milhares e milhares de anos que Jesus não encarnava em um mundo
físico, segundo relatos de Ramatís foram necessários mil anos de preparação e
redução perispiritual para que ele pudesse ser acoplado a um corpo carnal.
Isso possibilitou a plena adaptação de Jesus ao corpo físico bem como sua
conexão com o Cristo Planetário, o Sol interior do planeta (não o Sol Negro,
mas o centro consciente de luz do Cristo Planetário), que se apresenta
também como a luz pura do Arcanjo Miguel sem uma forma humana e da
mesma forma se apresenta  na figura do anjo Miguel, espírito que é o líder de
todas as equipes de guardiões e espírito que na época da encarnação de Jesus
teve como missão liderar a equipe de guardiões que protegeu Jesus durante
toda a sua missão messiânica na Terra. Essa posição é facilmente
compreendida quando observamos os significados da posição Razão e Missão:
Jesus veio plenamente talhado para ser o mais fiel guardião dos
conhecimentos da alta espiritualidade, com a plena capacidade e ajuda do
Alto para transmitir esse conhecimento aos homens.

Tanto na posição Destino como na Personalidade aparece o arcano da Torre.


Como já explicado no post dos 22 Arcanos, a Torre simboliza a destruição
daquilo que já não serve mais para a reconstrução de algo novo, melhor, mais
sólido. E essa destruição vem exatamente através de um raio vindo do Alto,
do Sol. Isso denota a intima ligação desse arcano com o anjo Menadel,  que é
o anjo 36 da Cabala nas 72 emanações de Deus, assim como representa a
kamea Solar Tipheret (Sol) 6 x 6, a esfera na Arvore da Vida que centraliza o
caminho dos arcanos, pois é a única que conta com 8 arcanos ligados a ela (o
8 que simboliza o infinito circular da energia de cima pra baixo e de baixo pra
cima). Como veremos em um futuro post, o 36 é a base de toda a Arvore da
Vida, não a toa está centralizado na kamea solar (6 x 6 = 36). 

Toda essa simbologia explica, simplesmente, que Jesus foi o raio enviado por
Deus e que permaneceu ligado a Terra e ao Cristo Planetário como o raio que
sai do Sol e toca a Terra. O principal objetivo de Jesus foi justamente trazer
um novo entendimento das leis de Deus para o povo judeu, tanto que ele
colocou fim a primeira Aliança e iniciou a segunda, mantendo apenas as leis
divinas trazidas por Moisés e rompendo com as mais de 600 leis legislativas
mosaicas. Esse perfil de renovar, destruir e reconstruir (justamente por isso
era conhecido como tekton, construtor, não porque fosse um metalúrgico ou
um carpinteiro, mas porque era o verdadeiro construtor das leis espirituais, o
rei Melkiseque, o sumo Sacerdote dos Essênios, o supremo filho da luz, o raio
mais brilhante de Sol que já pisou na Terra.) Essa é a personalidade espiritual
de Jesus, sua essência eterna, bem como o seu objetivo principal ou destino:
colocar abaixo as estruturas religiosas as renovando de forma ampla, sólida,
simplificada e bela.

Já o arcano A Força aparece na posição Coração e Sexo, respectivamente o


emocional e a força anímica, telúrica, ectoplasmática trazida por Jesus. A
Força simboliza a autoridade moral, o autocontrole, a coragem daquele que
tem a força para abrir a boca do leão e controlá-lo com o seu magnetismo, a
bravura por detrás de uma aparência serena. Esse perfil exprime bem o lado
emocional de Jesus, a pureza e beleza de seus sentimentos pela humanidade,
combinados com uma força altiva e uma coragem serena, que não ataca para
se defender mas simplesmente domina com o poder magnético das próprias
mãos. 

Vale ressaltar que na Arvore das Vidas o arcano A Força está ligando as esferas
do Sol e Vênus, mostrando a clara ligação do perfil emocional e energético de
Jesus com esse planeta, a tal ponto dele próprio se proclamar Vênus no
Apocalipse (a estrela radiosa da manhã). Na Bíblia o termo estrela radiosa ou
luz da aurora aparece apenas 3 vezes, sempre fazendo referencias a reis, uma
bela metáfora que simboliza a luz no alto, no céu . Esse termo foi traduzido
na Vulgata Latina por São Jerônimo como Lúcifer (lucis ferre, portador da
aurora, como nos esclarece o aclamado teólogo espírita Severino Celestino)
que nada mais é do que um sinônimo para Vênus, não tem nada haver com
demônios, diabos ou capetas. Em Isaías, onde esse termo primeiro aparece
traduzindo a palavra hebraica hillel ben shachar  ou seja estrela (hillel ou
heilel) ben (filho/a) schachar (amanhecer) = estrela filha do amanhecer =
Vênus, é quando Isaías se refere a queda do rei Nabucodonosor o
representando como o famoso planeta (Vênus) e que na Vulgata Latina foi
traduzido como Lucis Ferre ou simplesmente Lúcifer, gerando grandes
equívocos por parte daqueles que ainda hoje comparam Lúcifer a um anjo
caído, diabo ou coisa parecida..

Num sentido mais amplo, midráshico, Jesus deixa claro nas entrelinhas, não
apenas que era um grande cabalista, nessa passagem do Apocalipse, mas que
também era discípulo de Hillel, o Ancião.  

A posição Família, que mostra a atuação da pessoa na sociedade, mostra o


arcano Morte, ou seja, grandes mudanças ao longo da vida, a transmutação, a
plena renovação através de um grande sacrifício, carta totalmente ligada com
as demais cartas de Jesus, pois A Torre e o Dependurado mostram claramente
essa idéia de renovação e sacrifico para que o objetivo ou a missão maior seja
alcançado. Existe na Bíblia uma referencia velada a esse arcano exatamente
no capítulo 4 de João, quando Jesus tem o dialogo com a samaritana no poço
de Jacó. Existe ainda a teoria de que o mesmo João, que também compilou o
Apocalipse, teria escrito cada um dos 22 capítulos do Apocalipse regido por
um Arcano.

A posição Aprendizado ou simplesmente o objetivo interior mostra A Roda do


Destino, a carta mostra uma espécie de Esfinge coroada, no topo da Roda em
posição de guarda com uma espada em punho. Da mesma forma, na Arvore
das Vidas, esse arcano aparece ligando a  esfera Kether (Fonte Creadora) à
Chokmah (Sabedoria, o mundo mental), denotando que o maior aprendizado
de Jesus durante seus quase 36 anos de vida foi estabelecer cada vez mais
uma conexão mental com as esferas superiores em busca de sabedoria. Essa
busca no entanto não foi passiva ou contemplativa, pois  esse arcano mostra
uma posição de guarda, de atenção ao movimento daqueles que espreitam e
tentam boicotar a execução desse aprendizado, um arcano que em suma
confirma a posição Temperamento, onde aparece a Charrete com esse mesmo
perfil de guarda e autocontrole de si mesmo e os perigos que estão a volta. 

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more: http://profeciasoapiceem2036.blogspot.com/2012/05/numerologia-
cabalistica-parte-iii.html#ixzz3uOPdXibG

Os 22 Arcanos Maiores do Tarô


Vou iniciar essa série de 4 textos sobre a numerologia cabalística com a
explicação dos significados dos 22 Arcanos Maiores, fundamentais na
abordagem que a Cabala realiza junto a numerologia, devido a grande
importância desses 22 Arcanos, que estão presentes nas ligações existente
entre as esferas da Arvore das Vidas. As figuras que utilizarei aqui são do Tarô
de Marselha na versão publicada por Kris Hadar no ano de 1995 no Canadá. 

O Mago (arcano 1) – Representa basicamente a concentração, o místico, a


ação criativa, aquilo que principia ou precisa começar. Indica o domínio,
concentração espontânea, esforço pessoal na busca da realização espiritual,
representa também o início, a causa primordial. Mentalmente apresenta
facilidade em concatenar novas idéias e temas relativos a espiritualidade,
sempre de forma muito inteligente. A produção criativa sempre é facilitada
com a presença dessa carta, muito vigor em atividades que necessitem de
controle psicológico, possui aspecto cordial podendo chegar a generosidade. O
lado negativo: pode tender a sugestão de mentiras em benefício próprio com
alto poder de persuasão, explorar a boa fé de pessoas inocentes, mau uso do
poder intelectual, dispersão através de objetivos menos nobres.
A Sacerdotisa (arcano 2) – Representa a sabedoria, a busca do conhecimento
e da conexão com os conhecimentos superiores da espiritualidade, o
conhecimento magístico intelectual. Indica reflexão, busca interna pelo
crescimento moral, intuição e paciência nessa busca. Alta capacidade de
resolver problemas urgentes, de forma silenciosa, discreta, porém confiante.
Temperamento amistoso, porém com dificuldade em demonstrar afeto devido
ao perfil introspectivo e meditativo dessa carta. Lado negativo: Perfil
dissimulado, hipócrita, rancoroso, indiferente emocionalmente, fanatismo
religioso ou pelas crenças que julga corretas, fantasias disfarçadas de
intuições, dificuldade em trabalhar as próprias emoções e equilibrá-las com a
razão.
A Imperatriz (arcano 3) – Representa a força terna, porém firme, a magia
que equilibra emoção e razão, a mediadora dos conflitos. Discernimento
aliado ao idealismo com grande equilíbrio, favorecendo a criatividade, a
compreensão, a amabilidade, em suma o domínio do próprio espírito.
Facilidade em reconhecer o ponto central de um problema, inclusive de
captar a essência da intenção de uma pessoa. Lado negativo: Desavenças
quando o equilíbrio dá lugar a presunção, afetação, pose, ego exacerbado,
certezas absolutas que podem transformar um ideal em obsessão, excesso de
vaidade e futilidade, perfil que pode se deixar seduzir por adulações, em
casos mais extremos a postura de nobreza e cordialidade dá lugar a uma
empáfia sem igual mascarada por uma falsa aparência de educação.

O Imperador (arcano 4) – Representa a autoridade, a liderança, a obediência


as leis morais. É o poder, o portal entre o físico e o espiritual, entre o visível
e o oculto, o iniciado nos mais altos mistérios espirituais, o protegido, aquele
que normalmente vem com grande quantidade de energia vital. Representa
também a constância, a execução firme e segura, aquele que tem prestígio e
coloca as coisas em ordem. É perseverante com vontade inquebrantável, com
inteligência equilibrada, pacífico e conciliador de sentimentos. Lado
negativo: Teimosia, autoritarismo, pode assumir um comportamento
obsessivo ou ser vítima de adversário tenaz, com o sentimento desequilibrado
torna-se facilmente tirânico e colérico, com comportamento autodestrutivo.
Normalmente o excesso de energia magnética e ectoplasmática pode abrir
portas psíquicas para excessos e intensos desequilíbrios, sobretudo
envolvendo agressividade e violência, física e mental.
O Hierofante / Papa (arcano 5) – Representa a transcendência do físico,
aquele que ensina, o iluminado, o que demonstra a lei, a filosofia, a religião,
o dever moral, a consciência daquilo que precisa ser feito, aquele que
pacifica, a autoridade moral, o sacerdócio, a lealdade, os bons conselhos, o
respeito, a indulgencia, a generosidade e a mansidão, aquele que revela, que
desperta a confiança, a inspiração para encontrar soluções lógicas, é solícito
mas sem ser sentimentalista, equilíbrio emocional, facilidade no estudo da
religião e das ciências. Lado negativo: Autoritarismo, falso moralista, teorias
limitadas, dogmatismo excessivo, falta de apoio espiritual, negligência, falta
de senso prático em suas ações.
Os Enamorados (arcano 6) – Representa o sentimento, a castidade, a prova
que impulsiona a execução do livre arbítrio, a escolha, a união, a integração,
a combinação, o equilíbrio entre as forças antagônicas (feminino e masculino,
sentimento e razão) como poder gerador. A decisão plenamente consciente, o
eleito (aquele que é flechado pelo anjo para integrar e harmonizar aquilo que
lhe é oposto), trazendo a necessidade de sacrifício e dedicação para atingir o
equilíbrio, sacrifício por um ideal maior que beneficie muitas pessoas, o
desejo sincero e consciente, a virtude, facilidade em realizar intercâmbio de
idéias e ideais com várias pessoas. Lado negativo: Desordem, tentações
perigosas, libertinagem, debilidade, indecisão, vícios (sobretudo sexualidade
desregrada), infidelidade.

A Charrete/ Carruagem  (arcano 7) – Representa o domínio, o repouso, a


observação analítica, o triunfo, a realeza, a superioridade, a realização,
aquele que tem as qualidades para conduzir, talentos, dons e capacidades
inatas, direção competente, talento para governar e para diplomacia, espírito
conciliador, força para conduzir forças diferentes,  afetuoso, protetor,
solícito, rápido nas ações, grande energia e intensidade sobretudo mental,
aquele que conquista, que difunde sua obra. Alegoricamente representa a
subida do iniciado, o desdobramento, a amplitude para acessar as esferas e os
mistérios espirituais, simbolizada na figura de Elias subindo na carruagem aos
céus, assim como no controle das 2 serpentes do caduceu de Hermes, que
representa a subida do conhecimento até atingir as asas de pomba no topo do
caduceu, as duas serpentes que representam os dois cavalos da carta ou as
duas esfinges (dependendo do baralho). As iniciais “S” e “M” da carta
representam São Miguel (Saint Michael, San Miguel), aquele que lidera os
guardiões, os exércitos celestes, as asas de pomba acima do bastão do
caduceu, o Cristo Planetário que repousa e triunfa no seu escolhido. Lado
negativo: Ambição descontrolada, megalomania, falta de consideração, perfil
ditatorial, oportunista, descontrolado, aquele que gasta energias físicas e
mentais acima daquelas que possui, podendo causar debilidades. Orgulho
excessivo.

A Justiça (arcano 8) – Representa o equilíbrio, a imparcialidade, o justo, a


capacidade de julgamento, a harmonia, aquele que concilia o ideal com o
possível, perfil metódico, objetivo, com persistência, disciplina, pensamento
flexível, adaptável, moderado, racional, administrador. Clareza mental,
autoridade reconhecida. Lado negativo: Aridez emocional, rigor excessivo,
tendência a excessos como explosões de raiva pela dificuldade em trabalhar
com o emocional e a excessiva preponderância do racional nessa carta,
tendência a culpar-se excessivamente.
O Ermitão (arcano 9) - Representa a consciência, o iniciado que busca na
solidão exterior conhecer a si mesmo dentro da sua própria caverna interior,
busca pela divindade interna, o religare com o Criador, o batismo do Espírito
Santo (batismo deriva da palavra grega baptizo que significa imergir,
mergulhar, no caso, mergulhar dentro de si mesmo), o estudioso dos
mistérios, a busca pelo autoconhecimento, o buscador incansável, perfil
meditativo que facilmente se desliga da realidade física na busca da conexão
espiritual, concentrado, silencioso, profundo, prudente, reservado, austero,
discreto, moderado, experiência inata de conhecimentos medicinais,
sobretudo de saúde espiritual. Mentalmente tem a capacidade de achar uma
solução brilhante para qualquer problema, sempre de forma espontânea
através de uma acurada intuição. Em um aspecto mais iniciático no Tarot, o
ermitão representa cronos, o senhor do tempo, o clássico perfil do profeta
que busca no silêncio do isolamento afastado do mundo profano o
conhecimento do futuro que está oculto, representa a clássica figura do guru,
aquele que transmite seus conhecimentos ao público, desprezando
convenções e vaidades, o verdadeiro, o Gabaon. Lado negativo: Timidez,
dificuldade de superar os reveses da vida, tendência a depressão, caráter
fechado, isolamento do convívio com outras pessoas, dificuldade em se
expressar em público 

 A Roda do Destino (arcano 10) – Representa os ciclos, de ascensão e queda,


na figura é possível observar uma Esfinge coroada no topo, acima da roda,
reinando enquanto a roda gira. Indica louvor, honra, esperteza, presença de
espírito para perceber as boas oportunidades, facilidade para adivinhar e
prever acontecimentos, alta capacidade de planejamento, perfil muito
espontâneo, disposto, bem humorado e tenaz. Raciocínio lógico, equilibrado.
A roda também representa a flor de lótus que nasce no lodo mas que vem
trazer a beleza e pureza para a escuridão, é o movimento de renovação
constante da roda, o fluir da vida.Lado negativo: Transformações que
acontecem com dificuldades, abandono, especulação, riscos. Intensas lutas
para manter algum objetivo alcançado, pois a Esfinge no topo permanece com
a espada empunhada enquanto monstros correm através da roda tentando
alcançar a posição segura onde está a Esfinge coroada, que representa o rei
guardião, aquele que reina mas está sempre com inimigos a espreita.    

A Força (arcano 11) – Representa a virtude, a coragem, a potência anímica,


uma aparência de fragilidade como a representada na mulher da figura, mas
que tem a bravura e a força para abrir a boca do leão e controlá-lo. Força
moral, autodisciplina e controle harmonioso das forças vitais, energia moral,
calma, espírito que domina a matéria, inteligência que domina o instinto,
subjugação das paixões inferiores. Ampla clareza psíquica pra avaliar
situações distinguir o verdadeiro do falso, amplo poder de conquista através
de um grande magnetismo, vontade férrea para superar os obstáculos. Lado
negativo: Desatenção, brutalidade, impaciência, alianças escusas com forças
inferiores em busca de mais poder, cólera, insensibilidade, crueldade, guerra,
discórdia veemente, conquista realizada por meios violentos ou por
subjugação.
O Dependurado (arcano 12) - Representa a fé, a aspiração espiritual, o ideal
crístico e iniciático através do sacrifício, da abnegação em prol do próximo é
o exemplo, o ensino, a lição publica que retifica um conhecimento, ação
desinteressada, submissão ao dever, esquecimento de si mesmo, filantropia,
entrega total a uma causa, sacrifício pessoal em prol de uma causa, idéias
voltadas para o futuro, paz interior, abertura espiritual, traz uma nova visão
do mundo para as pessoas. Virtudes divinas, paranormais, idealismo espiritual.
A suspensão pelo pé era tortura comum aos primeiros cristãos, os chamados
“mártires do cristo” descritos na Bíblia (Hebreus, Apocalipse). Representa a
ligação entre o homem encarnado e as esferas superiores, pois sua base (pés)
estão no Alto e a cabeça envolta de luz paira no mundo físico. Quando o
dependurado aparece numa leitura da numerologia cabalística na posição de
“cabeça”, “missão” ou ainda “aprendizado de vida” ou “personalidade” é
indício clássico de ampla missão espiritual na Terra, seja por provação
mediúnica ou por missão através de espíritos de luz, casos de Chico Xavier e
Jesus, que apresentam ambos o dependurado na posição “missão”, mostrando
claramente o perfil missionário de ambos.  Conjunções que envolvam a
posição do dependurado com a torre (arcano 16) indicam missionários de
espírito revolucionário fortalecidos com uma proteção e um poder incomum
vindo dos céus (o trovão, a luz divina que retira o homem do seu castelo ou
torre de ilusões), conjunção essa que se encontre na numerologia cabalística
de Jesus. Lado negativo: Apresentam problemas circulatórios (muitas vezes
decorrentes da intensa atividade mental/mediúnica, própria da figura do
dependurado onde o sangue do corpo corre todo para a cabeça,
potencializando de forma fabulosa o raciocínio e a capacidade mediúnica,
mas muitas vezes causando problemas no físico), perdas, auto-renúncia,
passividade (consciente da necessidade do sacrifício), êxito sem prazer,
normalmente vem a duras penas, sobretudo em projetos de ordem
sentimental.
A Morte (arcano 13) – Representa a transmutação, grandes mudanças, auxílio
para novas realizações num sentido de renovação positiva, domínio para criar
e destruir aquilo que não serve mais ou encerrou seu ciclo. Abandono de
velhos hábitos, profundidade intelectual, pensamento metafísico, dom para
enfrentar situações difíceis, resignação, desapego, amplo discernimento e
sabedoria sem sentimentalismos, com uma ampla noção do que precisa ser
feito. Lado negativo: simboliza a perda, a destruição, a morte, a dispersão,
interrupção de um projeto para que ele recomece de forma totalmente
diferente. Na cultura medieval, o arcano 13 foi associado às 13 pessoas
presentes na última ceia, do que surgiu um conto nessa época vaticinando que
quando 13 pessoas sentam numa mesa, uma delas irá morrer. Não à toa, na
numerologia cabalística de Jesus, a sua posição no “clã/sociedade” é
justamente o arcano 13, que demonstra a ampla mudança social, a morte e o
reinicio totalmente diferente através da ressurreição e disseminação dos seus
ensinamentos pelo mundo. Depois de explicar totalmente os arcanos e a
numerologia cabalística, eu trarei toda a análise numerológica cabalista de
Jesus.
 A Temperança (arcano 14) – Representa a inspiração, a alquimia, renovação,
adaptação, mudança de estado mental e emocional positiva, serenidade,
harmonia, equilíbrio, tolerância, paciência, flexibilidade para enfrentar
grandes transformações, conciliador, avesso a rigidez, aprendizado de como
trabalhar as emoções (na figura a mulher busca transportar a água de um
cântaro ao outro, mas isso precisa ser feito com cuidado, sem pressa para que
a água possa entrar pela pequena entrada do cântaro) é em suma a alquimia
de trabalhar as emoções, a personalidade, o poder de decisão, balanceando a
flexibilidade e o controle, usando as mãos para controlar sem deixar que o
fluxo da água controle as mãos. Lado negativo: Ausência de paixões,
dificuldade extrema de se doar emocionalmente em uma relação,
excessivamente contemplativo por vezes indeciso, passividade, indiferença,
falta de personalidade que muitas vezes faz seguir os passos da multidão,
submissão a moda ou ao que a maioria julga melhor ou correto.
O Diabo (arcano 15) – Representa o poder, a força emocional, poderosa
influencia sobre os outros, poder oculto, grande magnetismo, ação milagreira,
proteção contra as forças obscuras e os encantamentos, grande eloqüência.
Sua vibração e contagiante esplendor envolvem rapidamente quem chega
perto do campo mental de uma pessoa com o arcano 15, o poder da intensa
sedução, a sedução telúrica, anímica, que inebria os sentidos. É um poder
muito grande que caso caia numa posição de “cabeça” ou qualquer outra
posição de uma pessoa que não tenha boa índole espiritual, certamente será
ferramenta de duras provações e perdição. A carta O Diabo representa a
sedução, em seu aspecto mais material, físico, animalizado, justamente por
isso a carta mostra um ser andrógino em um pedestal acima de dois outros
seres, os controlando, mas de forma sedutora, pois eles estão numa posição
tranqüila, estando ali porque querem estar e o aspecto animalizado das
personagens mostra exatamente essa sedução física, anímica, magnética. Esse
grande poder de atração que venha junto de um espírito de nobreza moral
pode realizar incríveis prodígios e justamente por isso o arcano 15 está na
posição de “cabeça” tanto na numerologia de Chico Xavier como Jesus, a
posição da razão, do uso do conhecimento da energia mental, que devido a
moral elevada desses dois grandes homens canalizou toda essa energia
magnética e anímica para atrair as pessoas para um ideal nobre. Além disso,
etmologicamente a palavra diabo significa opositor, ou seja, esse arcano traz
um intenso magnetismo e energia anímica que pode auxiliar uma grande
revolução ou oposição a algum valor pré estabelecido numa sociedade e que
uma pessoa possuidora desse arcano em alguma posição relativa a
numerologia do seu nome, pode efetuar grandes mudanças positivas, desde
que possua aspectos morais positivos. Lado negativo: Paixão descontrolada,
luxúria, egoísmo, libertinagem domínio material, intrigas, uso de meios
ilícitos e ardilosos pra alcançar um objetivo. Quando este arcano sai na
posição "personalidade", que indica as características intrínsecas do espírito
imortal que ele traz em parte para o temperamento da atual encarnação, em
95% dos casos esse lado negativo está plenamente presente na pessoa e
influenciando de forma negativa a posição "temperamento".  

A Torre/ A Casa de Deus (arcano 16) – Representa a libertação, destruição


daquilo que não serve mais ou está com seu ciclo encerrado, para que se
inicie algo novo, melhor, com maior fartura e bonança, representa a transição
e abertura para um novo conhecimento, um novo ciclo, uma nova era. A
figura da carta é emblemática: um raio ou algo vindo do céu acerta em cheio
o topo da torre (seria um asteróide?), fazendo que com os homens tenham
que sair dela, abandonar velhas idéias, velhas ilusões. Temperamento
piedoso, religiosidade prática. Segundo nos ensina Ian Meckler, grande
estudioso da Cabala, o anjo Menadel, o 36ª da lista das 72 emanações de Deus
representa exatamente essa reconstrução e libertação. Mais pra frente
analisaremos melhor esse aspecto da Torre. Lado negativo: Projeto
brutalmente abortado, alerta não levado em conta, grande cataclismo,
confusão completa, falta castigada, catástrofe produzida por imprudência. Em
um aspecto mais amplo A Casa de Deus (La Maison Dieu) sendo destruída
representa uma ideologia religiosa que visa destruir instituições ou Igrejas
estabelecidas com o nome de Deus ou supostas casas de Deus. Não à toa, na
posição “destino” e na posição “personalidade” está o arcano Torre ou A Casa
de Deus sendo destruída para reconstrução, exatamente na numerologia
cabalística do nome de Jesus (que trarei em breve completa aqui no blog). 
A Estrela (arcano 17) – Representa a esperança, o crescimento emocional, a
confiança, a simplicidade, o natural. A carta mostra a mesma mulher do
arcano 14, mas agora despida dos paramentos, das defesas e bloqueios
emocionais, colocando seu sentimento (a água que derrama dos cântaros) no
grande oceano, ou seja, na própria vida, a maturidade emocional, a
maternidade de si mesmo, a pureza, a sensibilidade plena e poética, a
inspiração equilibrada, harmonia com o meio em que se manifesta.
Sentimentos nobres e encantamento para realizar de forma artística seus
objetivos. Lado negativo: Despudor, leviandade, romantismo exagerado,
coações, comportamento inapropriado para a vida prática (fantasias e ilusões
românticos), visão prática das coisas nublada devido a falta de um foco mais
racional e menos sentimentalista ou romanceado da realidade, idealização
excessiva do amor.  
A Lua (arcano 18) – Representa sensibilidade espiritual, o sentir daquilo que
está oculto, muitas vezes no inconsciente. Processo de mudança, conquista
(representado pela mudança das fases da Lua com a face humana nessa
carta), vitória dolorosa sobre velhos dramas interiores (representando as
lágrimas que caem do céu). O lagostim que aparece na carta é um animal que
durante a vida troca várias vezes de carapaça para crescer e após retirar a
velha carapaça e enquanto a nova carapaça cresce ele permanece uma maior
quantidade de tempo escondido, ou seja, essa carta marca momentos decisivo
da vida de uma pessoa, mostrando necessidade urgente de uma grande
mudança, muitas vezes dolorosa mas que precisa ser feita. Ela traz uma clara
idéia de contemplação, meditação (segundo a expressão do rosto humano na
Lua) durante esse processo de mudança, de “troca de carapaça” que aumenta
a sensibilidade e a capacidade de refletir sobre o que precisa ser refeito no
ciclo da vida. Lado negativo: Decepção, desilusão, depressão, neurose,
agitação, desordem mental, desespero, falta de foco.
O Sol (arcano 19) – Representa a vitória da luz sobre as trevas, o recomeço
melhor e mais cheio de luz. É uma carta intimamente ligada com a Torre
(arcano 16) pois mostra também o Sol, também dois homens, só que agora
sem os antigos paramentos que ostentavam no arcano 16, mas agora no topo
de uma nova Torre, que pode ser subentendida pelos tijolos ao
fundo.Curiosamente no chão dos dois arcanos (A Torre e O Sol) aparecem duas
pequenas pedras. No topo da Torre (arcano 16) existe uma coroa acima dos
tijolos que são quebrados nessa figura e eles são, exatamente, de cima pra
baixo, azul, amarelo e vermelho sendo que na carta do Sol os tijolos seguem
essa mesma ordem, só que de baixo pra cima, o que dá a certeza que essa
carta mostra a plena reconstrução da Torre, baseada em nobres valores. Essa
carta mostra claramente resolução, reconstrução melhor de algo que havia
sido perdido, vitalidade, alegria, concórdia, discernimento espiritual, clareza
de juízo, sabedoria, afeto, altruísmo, triunfo. Em um sentido ainda mais
iniciático, essa carta mostra dois jovens praticamente idênticos, uma alusão
ao mesmo nome de dois homens que participaram da construção do templo de
Salomão: o rei Hiram (de Tiro) e Hiram Abiff da tribo de Naftali, filho de uma
viúva e “tecton” (construtor que trabalha também com metalurgia,
arquiteto), ambos trabalharam na construção do templo e podemos observar
que do lado de cada um deles na carta está uma pedra (símbolo da
construção). Em suma, o arcano 19 mostra o templo reconstruído, o templo
de Salomão, a nova casa de Deus na Terra, confirmado pela posição desse
arcano na arvore da vida, na ligação entre Chokmah e Tipheret, o mundo
mental ligado ao Sol, o Pai ao filho, a sabedoria a beleza. Lado negativo: o
período favorável pode despertar deslumbramento, vaidade, pose, ego
inflado, dissimulação, falsas amizades por interesse.
O Julgamento (arcano 20) – Representa a auto análise, o exame de
consciência, o despertar consciente para uma nova atitude mediante algum
problema ou objetivo, a renovação de atitudes, a redenção moral, o despertar
da fé, doação, busca pela espiritualidade, convite da espiritualidade superior
para uma missão redentora, devoção, desejo de elevação moral e espiritual,
coragem para enfrentar os desafios dessa renovação interior, renascimento
espiritual, ascensão moral. Lado negativo: covardia para enfrentar mudanças,
vacilação, agito mental, mas sem uma ação prática de renovação,
incapacidade de realizar um juízo lúcido de si mesmo, julgamento por parte
de outras pessoas condenando postura equivocada, confronto com a realidade
espiritual de forma violenta (anúncio da trombeta), postura religiosa ou
espiritual meramente ritualística sem uma vontade sincera de mudança.
Resgate kármico imediato mediante uma provação (o homem que se levanta
do caixão quando toca a trombeta).
O Mundo (arcano 21) – Representa a alegria, celebração da vida, realização,
recompensa, comemoração, centramento pessoal, alegria de viver, o
equilíbrio interior, coroamento de uma obra, finalização feliz de uma obra,
reconhecimento, êxito, força decisiva, grande poder mental e psíquico,
grande inspiração e elevação espiritual. A figura mostra os 4 animais descritos
no Apocalipse: um homem, uma águia, um touro e um leão e no centro da
forma ovalada limitada pela grinalda está a esposa, uma clara referencia ao
capítulo 21 (o mesmo número do arcano) que diz em seu versículo 2: “ Eu
João, vi a santa cidade, a Nova Jerusalém, que de Deus descia do céu como
uma esposa ornada para o esposo”, a esposa ou mulher pura, a noiva, é uma
clara referencia a Igreja pura do Cristianismo primitivo, aquela que retorna no
século 21 (entre 2001 e 2100). Lado negativo: Dispersão, sacrifício por amor,
problemas sentimentais (a figura da noiva pura também indica a incapacidade
até certo ponto de lidar com problemas amorosos) que podem afetar o poder
de concentração e o foco, chamamentos mundanos.
O Louco (arcano 22) – Representa a busca do amor, espontaneidade,
admiração, impulsividade, despreocupação, escolha intuitiva acertada,
capacidade mediúnica, idéias em processo de transformação, novo rumo na
vida muitas vezes através de um evento doloroso, representa o autentico
andarilho que sente saudade do seu passado mas sabe que necessita se
desapegar daquilo que ficou pra trás. Lado negativo: irresponsabilidade,
indeterminação devido a múltiplas preocupações, incoerência, falência,
incapacidade de raciocinar, impulsos instintivos, confusão, insensatez,
remorsos. Em muitos casos essa carta demonstra a necessidade de buscar as
próprias origens após muitos erros cometidos, como na parábola do filho
prodigo.

                                    *                                    *                                    *      

Pra já começarmos a exercitar alguns cálculos, existem dois deles muito


simples: calcular o arcano regente de um ano (ou seja, aquele que terá uma
influencia superior nos acontecimento desse ano, apesar de todos os arcanos
influenciarem os acontecimentos de um ano). Pra descobrir esse arcano basta
somar os algarismos do ano e, caso apareça um número maior do que 22,
reduzir o número com uma nova soma. Exemplos:

2012 = 2+0+1+2 = Hierofante/papa (ano que tende a impulsionar o


entendimento maior  da espiritualidade, mesmo que de modos estranhos
como no caso da histeria provocada pela profecia maia, ano em que pode
haver mudança brusca de líderes religiosos, inclusive por desencarne bem
como amplas mudanças governamentais em diversas nações do mundo)
1989 = 1+9+8+9 = 27 = 9 = Ermitão (a figura clássica do guru, o ermitão
entrando na sua caverna com uma luz e um cajado, representando sua
sabedoria e sua força, que ensina secretamente aos seus discípulos, como os
primeiros cristãos que se reuniam em cavernas para o estudo e para fugir da
repressão romana, os conspiradores ocultos, aqueles que realizam as reformas
em silencio, na surdina, exatamente essa carta representou o ano em que o
muro de Berlim caiu, sem guerras entre nações, mas um elaborado plano
baseado na intuição e na discrição. O Ermitão exerce papel semelhante ao
Hierofante (Papa), mas enquanto o papa é o líder visível, aquele que está no
trono, o ermitão é o líder invisível, que está na caverna, que escolhe seus
alunos ou aprendizes, no Cristianismo Primitivo o papa é Paulo e o ermitão é
João Evangelista, na Maçonaria Hiram o rei é o papa, Hiram Abiff  o
metalúrgico, o alquimista é o ermitão

Agora, pra uma data específica:

21/12/2012 = 3+3+5 = 11 = A Força é um arcano que representa  a virtude, a


potência anímica e nesse exato dia este Arcano estará exaltando ainda mais
as características do Arcano 5, o Hierofante/ Papa que é o regente de 2012, é
a representação exata para o dia em que um portal será aberto trazendo mais
energia e força para o início da intensificação da faxina na casa terrestre e
que ocorrerá e começará custe o que custar, pois será um processo regido
pelo Hierofante/papa (arcano que rege esse ano) e que demonstra seu poder
no trono, entre as duas colunas. Período de lutas e tentativas desesperadas
das trevas em impedir esse processo, mas o Hierofante/papa permanece ali,
ditando o ritmo, guiando de forma inexorável a faxina que se inicia e se
prolonga pelos próximos 24 anos, numa reforma que certamente trará
algumas características negativas desses dois arcanos, como guerra e
autoritarismo por parte de alguns líderes “no trono”, pois a autoridade e a
guerra pelo poder também estarão como forças ativas.

Nos 3 textos seguintes trarei o método de cálculo da numerologia cabalística,


depois um post calculando a numerologia cabalística de Jesus e por fim um
texto comparativo entre a Árvore das Vidas com seus 22 Arcanos Maiores e a
estrutura do Tabernáculo de Moisés (onde ficava guardada a Arca da Aliança),
estrutura essa que serviu de base inspiradora para a construção posterior do
primeiro templo, feita pelo rei Salomão. Somando esses 4 textos será possível
que cada um exercite e estude essa numerologia e possa aplicá-la da melhor
maneira no seu dia a dia, buscando o autoconhecimento e o Religare com a
própria essência.

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arcanos-maiores-do-taro.html#ixzz3uOPgV4BF
Significado dos 22 Arcanos maiores

(0 ou 22) O Louco
O Arcano da Busca e do Amor
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Ao contrário do que ocorre nos demais arcanos, a
margem superior da lâmina não tem numeração, razão
pela qual se costuma atribuir-lhe o valor de
arcano 0 ou 22, segundo a necessidade.
Um homem anda com um bastão na mão direita. Está de
costas, mas seu rosto, bem visível, aparece de três
quartos. Sobre o ombro direito leva uma vara em cuja
extremidade há uma pequena trouxa.
O personagem está vestido no estilo dos antigos bobos da
corte: as calças rasgadas deixam ver parte da coxa
direita. Um animal que poderia ser um felino parece
    arranhar esta parte exposta ou ter provocado o rasgão.

De um chão árido, acidentado, brotam cinco plantas.


O viajante tem a cabeça coberta por um gorro que desce
até a nuca e lhe cobre as orelhas; esta estranha touca
transforma seu rosto barbudo numa espécie de máscara.
Veste uma jaqueta, presa por um cinto amarelo; seus pés
estão cobertos por calçados vermelhos.
Tarô de Marselha (1750)
Significados simbólicos
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A busca e o Filho Pródigo. A experiência de ultrapassar os
limites.
Espontaneidade, despreocupação, admiração, saudade.
Impulsividade. Inconsciência. Alienação.

Interpretações usuais na cartomancia

Passividade, completo abandono, repouso, deixar de  


resistir. Irresponsabilidade. Inocência.
Escolha intuitiva acertada. Domínio dos instintos;
capacidade mediúnica. Abstenção. O não-fazer.
Mental: Indeterminação devida às múltiplas
preocupações que se apresentam e das quais se tem
apenas uma vaga consciência. Ideias em processo de
transformação. Conselhos incertos.
Emocional: Revezes sentimentais, incerteza com os
compromissos, sentimentos vulgares e sem duração.
Infidelidade.
Físico: Inconsciência, desordem, falta à palavra dada,
insegurança, desprazer. Abandono voluntário dos bens
materiais. Assunto ou negócio enfraquecido. Do ponto de
vista da saúde: transtornos nervosos, inflamações,
abscessos.
Desafios e soombra: Enquanto andarilho, o Louco Il Matto (1450)
significa queda ou marcha que se detém. Abandono Tarocchi Visconti-Sforza
forçado dos bens materiais; decadência sem muita restaurado por Scarabeo

possibilidade de recuperação. Complicações, atoleiro,


incoerência.
Nulidade. Incapacidade para raciocinar e autodirigir-se,
entrega aos impulsos cegos. Automatismo. Confusões
inconscientes. Extra-vagância. Castigo causado pela
insensatez das ações. Remorsos vãos.

História e iconografia
Reis e senhores, desde épocas remotas, tinham bufões em seus palácios,
verdadeiras caricaturas da corte. Histórias sobre eles, bem como as representações
gráficas desse personagem, podem ser contadas às dezenas.
Mas a imagem deste Arcano – um louco
solitário que atravessa os campos e é
agredido por um animal – não havia sido
representada até então: é própria do Tarô
e, nesse sentido, representa uma de suas
contribuições mais originais do ponto de
vista iconográfico.
Van Rijneberk arrisca a hipótese de que o
espírito burlesco e irreverente da Idade
Média teria parodiado, neste personagem,
a classe dos Clerici vagante que, segundo
   
ele, eram “estudantes migratórios e
inquietos, sempre em busca de novos
mestres de quem pudessem aprender
ciências e ideias, e de novas tabernas onde
pudessem beber fiado um pouco de vinho
bom”.
Mais de um autor vê nesses viajantes
O Filho Pródigo
insaciáveis e pouco escrupulosos os
Tela de Jheronimus Bosch (1450-1516)
primeiros agentes – talvez ignorantes da
sua missão, mas de grande eficácia real –
da Reforma religiosa.
No desenho feito por Wirth aparece pela primeira vez
impresso o termo Le fou (O Louco) para designar o arcano
sem número, embora tradicionalmente fosse conhecido por
este nome desde muito antes. Tanto o baralho Marselha
original, bem como seus numerosos contemporâneos
franceses (e os exemplares dos copistas espanhóis) 
chamam Le Mat a esta carta.
Paul Marteau levantou a hipótese de que este nome seria
uma alusão ao jogo de xadrez, já que o protagonista está em
cheque (pelos outros, pelo mundo), numa situação de
encurralamento semelhante à do xeque mate. A
palavra mat, no francês, significa "fosco, abafado, indistinto"
e ainda o "xeque mate", no xadrez. Já o termo mât, quer
dizer "mastro".
Outro estudioso do Tarô, Gwen Le Scouézec, sugere duas
variantes etimológicas: o nome viria literalmente
do árabe (mat: morto), ou seria uma apócope
do italiano matto (louco, doido), nome com que aparece
no tarocchino de Bolonha.

Tarô de Oswald Wirth

I. O Mágico ou O Mago
O Arcano da Mística, da Concentração, do Impulso Criado
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

O título francês desta carta, Le Bateleur, pode ser traduzido


também como Prestidigitador, Malabarista, Pelotiqueiro, Bufão,
Acrobata ou Cômico. O termo Prestidigitador talvez fosse o mais
adequado ao simbolismo dinâmico do personagem, mas é
comum que seu nome seja traduzido do inglês Magician, Mágico
ou Mago.
Um prestidigitador, de pé, frente à mesa onde coloca os seus
instrumentos, segura uma esfera ou um disco amarelo entre o
polegar e o indicador da mão direita, enquanto com a mão
esquerda aponta obliquamente para o chão uma vareta curta.
O personagem é representado de frente, com o rosto voltado
  para a esquerda. (Nas referências aos protagonistas de cada
carta, será considerada sempre a esquerda e a direita do leitor).
Usa um chapéu cuja forma lembra o símbolo algébrico de infinito
(   ) e seus cabelos, em cachos louros, escapam desse curioso
chapéu. Veste uma túnica multicolorida, presa por um cinto
amarelo.
Sobre a mesa, da qual se veem apenas três pernas, há diversos
objetos: copos, pequenos discos amontoados, dados, uma bolsa
O Prestidigitador (Mágico)
e uma faca com a lâmina descoberta ao lado de sua bainha.
Tarô de Marselha (1750)
Restaurado por  O prestidigitador está só, no meio de uma campina árida com
Camoin-Jodorowsky
três tufos de  erva;  no  horizonte,  entre as pernas da figura,
uma árvore se desenha contra o céu incolor.

Significados simbólicos
Arcano da relação entre o esforço pessoal e a realidade
espiritual. Domínio, poder, autorrealização, capacidade, impulso
criador, atenção, concentração sem esforço, espontaneidade.
O ser, o espírito, o homem ou Deus; o espírito que se pode
compreender; a unidade geradora dos números, a substância
primordial. Ponto de partida. Causa primeira. Influência
mercuriana.

Interpretações usuais na cartomancia


Destreza, habilidade, finura, diplomacia, eloquência, capacidade
para convencer, espírito alerta, inteligência rápida, homem
inquieto nas suas atividades e negócios.  
Mental: Facilidade para combinar as coisas, apropriação
inteligente dos elementos e dos temas que se apresentam ao
espírito.
Emocional: Psicologia materialista; tende para a busca das
sensações, do vigor, da qualidade criativa. Generosidade unida à
cortesia. Fecundidade em todos os sentidos.
Físico: Muita vitalidade e poder sobre as enfermidades de O Mágico
ordem mental ou nervosa, neuroses e obsessões. Indica uma
Tarocchi Visconti-Sforza. Original
tendência favorável para questões de saúde, mas não assegura de 1450.
a cura. Para conhecer o diagnóstico é necessário considerar
outras cartas.
Desafios e sombra: Charlatão persuasivo, sugestivo, ilusionista, intrigante, politiqueiro,
impostor, mentiroso, explorador de inocentes. Agitação vã, ausência de escrúpulos.
Discussões, brigas que podem se tornar violentas, dado o vigor do personagem. Mau uso
do poder, orientação defeituosa na ação, operações inoportunas. Tendência à dispersão nas
ações, falta de unidade nos processos e atividades. Dúvida. Indecisão. Incerteza frente aos
acontecimentos.

História e iconografia
Desde a Idade Média são bem conhecidos esses personagens que ganhavam a vida com
suas habilidades.  Seu ofício combinava frequentemente a apresentação de danças e a
prática de charlatanismo – muitos deles passavam o tempo a vagabundear pelas feiras.
 

   

"L’Escamoteur", O Ilusionista – Pintura de Jerome Bosch (1453-1516)


 
Não há muitas marcas literárias de sua passagem pela cultura europeia, mas, em
compensação, foi um personagem de prestígio nas artes gráficas desde os primeiros
tempos. As gravações medievais costumam mostrá-lo no desempenho de suas mágicas
frente a um grupo de espectadores absortos.
O Tarô suprime as testemunhas e acrescenta detalhes originais (a mesa de três pernas, a
posição das pernas e dos braços do protagonista, entre outros), mas o seu parentesco com
os registros sobre as feiras é evidente.
  Pode-se acrescentar que, no mundo islâmico, o Prestidigitador foi
também um personagem de vasta popularidade.
Num sentido mais geral, o Prestidigitador pode ser considerado
símbolo da atividade originária e do poder criador existente no
homem. Como ponto de partida do Tarô, é também o primeiro passo
iniciático, a vontade básica no caminho para a sabedoria, a matéria
primordial dos alquimistas, o barro paradisíaco do qual será obtido o
Adão Kadmon.
“Se o mundo visível não passa de ilusão – pergunta-se
OswaldWirth – o seu criador não será o ilusionista por excelência?”
Neste plano, o Prestidigitador identifica-se com a materialidade do
ser criado, até que o demiurgo e a criatura tornam-se o mesmo:
certamente há aqui um sentido psicológico, para o qual a identidade
é produto da experiência pessoal (o homem é o resultado das suas
Tarô de Oswald Wirth próprias ações). Desta maneira, pode-se interpretar a supressão da
quarta perna da mesa como representativa do ternário humano no
mundo (espírito-psique-corpo).
Uma das especulações em torno do personagem do Arcano I pode ser estabelecida a partir
da sua atividade intensa, de seu dinamismo sem repouso (produto de seu caráter de
intermediário entre o sensível e o virtual), atributo que o relaciona de modo estreito ao
simbolismo de Mercúrio.
Nesse sentido, a vareta que traz na mão esquerda seria a evocação
do caduceu, assim como seu estranho chapéu corresponde quase
exatamente ao capacete alado da divindade. Seu nome grego
significaria “intérprete, mediador”, o que confirmaria essa hipótese.
Muito já se estudou sobre o papel fundamental desempenhado por
Hermes Trimegisto na história do ocultismo; os alquimistas
desenvolveram boa parte de suas sutis investigações em torno do
 
simbolismo de Mercúrio; não é absurdo, portanto, supor que o Tarô
tenha sido colocado sob sua invocação.
O arcano do Mago é também relacionado ao Aleph –   –, primeira
letra do alfabeto hebraico, e pode ser associado à ideia de princípio
e também ao primeiro som articulável ( a ) que, segundo a tradição
“expressa a força, a causa, a atividade, o poder” e seria o
paradigma do homem em sua relação com as demais criaturas.
Hermes (Mercúrio)

II. A Papisa (ou A Sacerdotisa)


O Arcano da Sabedoria, da Gnose, do Princípio Receptivo
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Uma mulher sentada, com um livro aberto sobre a saia e uma
coroa tripla na cabeça, olha para a esquerda e veste uma túnica
vermelha sobre a qual se desdobra um manto azul (em algumas
    versões as cores são opostas). Duas partes da sua tiara estão
ornadas de florões, mas a parte superior é uma simples abóbada.
Um véu, que lhe cai sobre os ombros, cobre totalmente os seus
cabelos; na mesma altura desse véu, por trás, aparece uma
cortina cujos pontos de fixação não são visíveis. Tampouco se
podem ver os pés da mulher, assim como a base do trono.
Fato curioso, que é reencontrado somente no arcano XXI, é que a
figura ultrapassa a margem superior do quadro: o extremo da
tiara supera a linha negra, um pouco à direita do número II.

Significados simbólicos
A Sabedoria, a Gnose, a Casa de Deus e do homem, o santuário,
a lei, a Cabala, a igreja oculta, a reflexão.
Fala também do binário, do princípio feminino, receptivo,
materno.
Mistério. Intuição. Piedade. Paciência, influência saturnina
passiva.
II. A Papisa
Tarô de Marselha (1450)

        Interpretações usuais na cartomancia


Reserva, discrição, silêncio, meditação, fé, confiança atenta. Paciência, sentimento
religioso, resignação. Favorável às coisas ocultas.
Mental: Grande riqueza de ideias. Responde a problemas concretos melhor do que a
questões vagas.
Emocional: É amistosa, recebe bem. Mas não é afetuosa.
Físico: Situação garantida, poder sobre os acontecimentos, revelação de coisas ocultas,
segurança de triunfo sobre o mal. Boa saúde, mas com um ritmo físico lento.
Desafios e sombra: Dissimulação, hipocrisia, intenções secretas. Mesquinharia, inação,
preguiça. Beatice. Rancor, disposição hostil ou indiferença. Misticismo absorvente, fanático.
Peso, passividade, carga. As intuições que traz invertem seu sentido e se tornam falsas.
Atraso, lentidão nas realizações.

História e iconografia
A tradução exata do nome que o Tarô de Marselha dá a este
arcano (La Papesse) é A Papisa. Outras versões, como A
Sacerdotisa ou A Alta Sacerdotisa, vêm do nome que lhe é
atribuído modernamente em inglês (The High Priestess).
Muitos autores acreditam que a figura da Papisa faça alusão a
um fato histórico, ou melhor, lendário, que ocupa um lugar
notável na literatura da Idade Média: a pretensa existência de
um Papa do sexo feminino. A tradição popular diz que uma
mulher ocupou a cadeira de São Pedro sob o nome de João
VIII.  
Embelezada com o correr do tempo, uma de suas versões
combina com o simbolismo maternal que se atribui à estampa:
segundo tal versão, a papisa teria ficado grávida de um dos
seus familiares e, como não se recolheu na época devida, o
parto teria se dado em plena rua, durante uma procissão entre
a igreja de São Clemente e o palácio de Latrão.
Com a dramática descoberta do embuste, o enfurecido séquito
papal teria assassinado Joana e seu filho. Segundo tradições
romanas, no lugar do homicídio, permaneceu durante séculos II. Papisa
um túmulo ornado por seis letras P, que poderiam ser lidas de
Tarô de Catelin Geoffroy
diferentes maneiras (jogando com a inicial comum de Papa, Lion (França), 1557 
Pedro, pai e parto).
Ainda com relação a essa lenda, deve-se assinalar um fato notável:
na célebre Bíblia ilustrada alemã do ano de 1533, a grande
prostituta do Apocalipse está representada com uma tiara na
cabeça, A tradição afirma que foi desenhada deste modo por desejo
expresso e sugestão de Martinho Lutero.
De qualquer modo, para o estudo tradicional e iconográfico do Tarô,
é importante distinguir claramente entre o sentido simbólico e o
registro de fatos históricos.
Também podemos entender que a carta de número 2, passiva,
    feminina, yin, está revestida na simbologia do tarô da mesma
dignidade receptiva do pontífice, o Papa, carta de número 5.
Enquanto o Mágico não poderia permanecer em repouso (numa
unidade andrógina onde tudo é impulso e estímulo), a Sacerdotisa
é o próprio repouso: sentada, majestosa, receptiva, seu reino é
binário, uma etapa na distinção da polaridade do universo. Se o
binário equivale a conflito, no sentido de rompimento da unidade,
de abandono do caos essencial onde não existem as magnitudes
Tarô de Oswald Wirth nem os nomes, é também a primeira etapa dolorosa e
Publicado em 1927 imprescindível das vias iniciáticas, o começo da busca da
identidade.
A Sacerdotisa representa a submissão majestosa às exigências dessa iniciação, o equilíbrio
que a repartição elementar de forças produz no conflito.

O que o Arcano I era para a encarnação das energias


espirituais o Arcano II o é quanto à aceitação dessa
metamorfose: o reconhecimento prévio da luta entre os
princípios negro-branco, noite-dia, yin-yang.
Alguns autores veem na Sacerdotisa a representação deÍsis,
com todas as suas conotações noturnas e ocultas. Também a
associam a Cassiopeia, a rainha negra da Etiópia e mãe da
constelação Andrômeda, e a Belkis, a belíssimarainha de
Sabá, para quem Salomão teria composto o Cântico dos
Cânticos. Essa relação da Sacerdotisa com deusas e rainhas
negras (ou escuras) não parece casual e acentua a
contrapartida com a carta a seguir: o simbolismo branco,  
luminoso e diurno do Arcano III (A Imperatriz), com quem a
Sacerdotisa forma a dupla oposta e complementar da
feminilidade.
Este símbolo subterrâneo, que se refere ao aspecto esotérico
da revelação, teria passado para o cristianismo sob a forma
das virgens negras, cujo ritual se realiza com frequência
numa cripta ou num lugar inacessível.
Mãe, esposa celeste, senhora do saber esotérico, a Papisa ou
Sacerdotisa ocupa na estrutura do Tarô o lugar da porta, da
passagem entre o exterior e o interior, do ponto imóvel e Isis, deusa do amor 
e da magia, que se tornou 
comum entre a casa e a rua.
a deusa-mãe do Egito
III. A Imperatriz
O Arcano da Magia Sagrada, da Força Mediadora, da Mãe
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Uma mulher coroada, sentada num trono, mantém contra si, com
sua mão direita, um escudo ornado com uma águia amarela,
enquanto que com a esquerda sustenta um cetro que termina por
um globo encimado pela cruz.
Está representada de frente, com os joelhos separados e com os
pés ocultos nas dobras da túnica. A cintura da Imperatriz está
marcada por um cinto, que se une a uma gola dourada. A coroa
leva florões amarelos e permite que os cabelos da figura se
derramem sobre os ombros.
    O trono está bem visível e seu espaldar sobressai à altura da
cabeça da Imperatriz. No ângulo inferior esquerdo da estampa
cresce uma planta. A águia desenhada no escudo olha para a
direita.
Significados simbólicos
O verbo, o ternário, a plenitude, a natureza, a fecundidade, a
geração nos três mundos.
Sabedoria. Discernimento. Idealismo. Influência solar intelectual.
Marselha-Camoin (1450) É o arcano da Magia Sagrada, instrumento do poder divino.

Interpretações usuais na cartomancia


Gravidez, criatividade, sucesso. Compreensão, inteligência,
instrução, encanto, amabilidade. Elegância, distinção, cortesia.
Domínio do espírito, abundância, riqueza.
Mental: Penetração na matéria por meio do conhecimento das
coisas práticas. Os problemas vêm à tona e podem ser
reconhecidos.
Emocional: Capacidade para penetrar na alma dos seres.
Pensamento fecundo e criador.
Físico: Esperança, equilíbrio. Soluciona os problemas. Renova e
melhora as situações. Poder contínuo e irresistível nas ações.
 
Desafios e sombra: Desavenças, discussões em todos os
planos. As coisas se embaralham e ficam confusas. Atraso na
realização de um acontecimento que, no entanto, ocorrerá.
Afetação, pose, coqueteria. Vaidade, presunção, desdém. 
Futilidade, luxo, prodigalidade. Deixa-se levar pelas adulações,
falta de refinamento, modos de novo-rico.

História e iconografia
A Imperatriz
O arcano da Imperatriz, adornada com os símbolos atribuídos à Tarocchi Visconti-Sforza
feminilidade triunfante, relaciona-se a um amplo repertório: Restaurado por Scarabeo

Ela é a Madona cristã, a esposa do rei ou mãe do herói; a deusa primordial de todos os
ritos matriarcais; as quatro damas do baralho.
Sobre a figura da Imperatriz parece ser mais importante considerar
a sua localização no Tarô (como a terceira da série) e a sua relação
com outras figuras do que o seu simbolismo individual, já que o
caráter difuso da carta torna sua amplitude inesgotável. Assim, será
interessante recapitular tudo que foi escrito sobre o simbolismo do
três e a ordem do ternário, bem como às variadas significações
atribuídas às damas dos Arcanos Menores.
Na versão de Wirth, a Imperatriz aparece aureolada por doze
estrelas, das quais somente nove são visíveis: é evidente o duplo
   
sentido alegórico desta representação em sua referência simultânea
aos signos do Zodíaco e ao período da gestação. Como o 9 é
também representação da inteligência, no momento da sua
maturidade, é possível associar os atributos centrais do Arcano III:
feminilidade-experiência-sabedoria.
Relacionada em todas as cosmogonias ao simbolismo lunar e à face
oculta do conhecimento (Sacerdotisa), a mulher admite também um
Tarô de Oswald Wirth período solar (Imperatriz), do qual há correspondências nas
França, 1912 organizações culturais mais remotas da humanidade.
Do ponto de vista matriarcal, a Imperatriz não é ainda a
Eva protagonista do pecado e da queda, mas a que
aparece em certas tradições talmúdicas: a fundadora, que
reencontra Adão depois de trezentos anos de separação; a
que aniquila Lilit – a rival estéril e luxuriosa – para
organizar junto ao primeiro pai a família dos homens.
 
Alguns comentaristas do Islã veem nesta Eva triunfante do
adultério a representação da passagem das sociedades
anárquicas ao princípio de ordem dos tempos históricos.
Seu túmulo mítico se localiza em Djeda ou Djidda, às
margens do mar Vermelho e próximo da montanha
sagrada de Arafat, onde o teria ocorrido seu reencontro
com Adão, para formar o casal primordial.
A Imperatriz, finalmente, é símbolo da palavra e
representa o envoltório material do corpo, seus órgãos e
suas funções. Ouspensky a imagina repousando sobre um
trono de luz, bela e fecunda, em meio à interminável
primavera.

Lilit e a rebeldia feminina

IIII. O Imperador
O Arcano da Autoridade, da Paternidade e da Obediência
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Sentado num trono com as pernas cruzadas, um homem coroado
é visto de perfil. Em sua mão direita traz um cetro que termina
por um globo e pela cruz, enquanto a outra mão segura o cinto.
No primeiro plano, à direita, um escudo com a imagem de uma
águia parece apoiar-se no chão.
Um colar amarelo prende uma pedra (ou um medalhão) de cor
   
verde. A coroa se prolonga extraordinariamente por detrás da
nuca.
O trono, uma cadeira em cujo braço esquerdo se apoia o
Imperador, repousa — como a mesa do Arcano I — sobre um
terreno aparentemente árido, do qual brota uma solitária planta
amarela.
Ao contrário do emblema da Imperatriz, a águia do Arcano IIII
olha para a esquerda. O desenho das águias, por outro lado,
difere notavelmente num e noutro caso.
A notação IIII, no topo do desenho, que ocorre também nos
arcanos VIIII, XIIII e XVIIII não é habitual na numeração romana
(que registraria IV, IX, XIV e XIX).
Essa forma de grafar, porém, faz parte da tradição gráfica do
Tarô, tal como aparece na versão de Marselha e na maioria das
coleções de cartas antigas.

IIII. O Imperador
Tarot de Marseille (1750)

Significados simbólicos
O poder, o portal, o governo, a iniciação, o tetragrama, o quaternário, a pedra cúbica ou
sua base. Proteção paternal.
Firmeza. Afirmação. Consistência. Autoridade. Poder executivo. Influência saturnina-
marciana. Concretização, habilidades práticas, ordem, estabilidade, prestígio.

Interpretações usuais na cartomancia


Direito, rigor, certeza, firmeza, realização. Energia perseverante, vontade inquebrantável,
execução do que está resolvido. Protetor poderoso.
Mental: Inteligência equilibrada, que não despreza o plano utilitário.
Emocional: Acordo, paz, conciliação dos sentimentos.
Físico: Os bens, o poder passageiro. Contrato firmado, fusão de sociedades, situação do
acordo. Saúde equilibrada, mas com tendência à exuberância excessiva.
Desafios e sombra: Resultados contrários ao pretendido, ruptura do equilíbrio. Queda.
Perda dos bens, da saúde ou do domínio sobre coisas e seres. Oposição tenaz, hostilidade
preconcebida. Teimosia, adversário obstinado; assunto contrário aos interesses.
Autodestruição, grande risco de ser enganado. Autoritarismo, tirania, absolutismo.

História e iconografia
Alguns estudiosos chamam atenção para um aspecto significativo
desta figura: o Imperador tem as pernas cruzadas. Este detalhe
corroboraria a tese de inspiração germânica do arcano, visto que
no antigo direito alemão esta posição era prescrita ritualmente
para os altos magistrados (1220). No entanto, imagens
semelhantes e igualmente antigas aparecem nas iconografias
francesa e inglesa, representando altos dignitários.  
O caráter cerimonial e prestigioso do cruzar as pernas pode ter
uma origem mais remota, possivelmente oriental, já que isso não
é habitual no panteão greco-romano.
O antigo simbolismo, convertido em liturgia pela codificação
alemã, admite também um profundo sentido psicológico: cruzar
as pernas e os braços indica concentração volitiva, encerra o
protagonista na sua esfera pessoal e, do ponto de vista gestual,
afirma claramente o desejo de individuação.
Outros detalhes merecem ser assinalados a propósito desse
personagem. É comum, associar o simbolismo
doTetragrammaton à figura do Imperador. É sabido que o
tetragrama traduz ao nome de Deus omitindo-o, ao decompô-lo
no nome das letras que o formam: Yod – He – Vau– He.
A leitura do nome das letras (grafadas da direita para a
esquerda, em hebraico), dá Jehová, que não é o nome de Deus,
mas alusão a ele.

O Imperador (1455)
Tarot Gringonneur
ou Charles VI

Os cabalistas, como demonstra este exemplo, trabalham também com o pensamento


analógico, tal como se vê nos demais estudos tradicionais.
“A ideia é perfeitamente clara” – escreve Ouspensky – “se o Nome de
Deus está realmente em tudo (ou seja, se Deus está presente em
  tudo),  então tudo deve ser análogo a tudo mais: a parte menor
deverá ser análoga ao Todo, a partícula de pó análoga ao Universo, e
He <- Vau <- He <- Yod todos análogos a Deus”.
Do ponto de vista cabalístico, a relação Tetragrama-Imperador parece muito fecunda, já
que, comparada com as três letras anteriores (ou os três arcanos), consideradas
respectivamente como o princípio ativo (I), o princípio passivo (II) e o princípio do
equilíbrio ou neutralizador (III), a quarta letra ou carta é considerada o resultado e,
também, o princípio da energia latente.
Isto se harmoniza perfeitamente com a versão de Wirth sobre o
Arcano IIII, segundo a qual ele não é apenas o Príncipe deste
mundo, que "reina sobre o concreto, sobre o que está
corporificado", mas é também o paradigma do homem estritamente
normal, em posse de suas potencialidades, mas ainda não realizado
pela iniciação.
Nesse sentido, representa o quaternário de ordem terrena, de
organização da vida sensível, e pode ser relacionado também ao
demiurgo dos platônicos, às divindades inferiores em geral (os
    heróis, antes dos deuses), e a toda tentativa de criação de vida no
nível terreno e perecível.
Também se vê nele, enquanto rei que propicia a prosperidade e o
crescimento de seu povo, uma correspondência ao mito de
Hércules, “portador da maçã, que leva as maçãs de ouro ao jardim
das Hespérides”.
Hércules, enquanto herói solar, que resume como nenhum outro as
Tarô de Oswald Wirth fases do processo iniciático no sentido da liberação individual que,
Publicado em 1912
esotericamente, só se pode alcançar através do trabalho e do
esforço.
Como Hércules, também o Imperador não transcende a condição humana, embora o
princípio indique que poderá levá-la à sua mais alta manifestação.
É considerado, em sua face não trabalhada, como representante do aspecto violento e
agressivo do masculino, mas também como dispensador da energia vital e, neste aspecto,
como a Natureza abundante, divisível, nutritiva.
V. O Papa (O Pontífice ou o Hierofante)
O Arcano da Transcendência, da Iluminação, da Pobreza
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

Um grupo de três personagens em que um deles é visto de frente,


sentado, com a mão direita levantada no sinal da benção, tendo
em sua mão esquerda o eixo de uma cruz de seis braços; sua
cabeça está coroada por uma tiara. Os outros dois personagens
que se encontram em primeiro plano, de costas para quem
contempla a imagem, têm os rostos voltados para o primeiro
personagem.
Este, protagonista da figura, tem veste azul, capa vermelha ornada
de amarelo. Sua mão esquerda está fechada e, na maior parte dos
tarôs clássicos, coberta por luva que tem impressa uma cruz dos
  templários. A barba e o cabelo do Pontífice são brancos.

Percebe-se apenas vagamente a cadeira em que o personagem


central está sentado, com duas colunas ao fundo.
Os dois personagens que estão de costas mostram a tonsura. O da
esquerda aponta sua mão direita para o solo, com os dedos
separados. O homem da direita aponta para o alto com sua mão
esquerda, com os dedos juntos.
Tarô de Marselha Significados simbólicos
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É o arcano da bênção, da iniciação, da demonstração, do ensino. 
Dever. Moral. Consciência. Santidade.
Lei, simbolismo, filosofia, religião. Evoca os níveis mais altos de consciência.

Interpretações usuais na cartomancia


Autoridade moral, sacerdócio, instrução. Proteção, lealdade. Observância das convenções,
respeitabilidade. Ensino, conselhos equilibrados. Benevolência, generosidade, indulgência,
perdão. Mansidão.  
Busca de sentido, revelação, hora da verdade, confiança,
indicações do caminho da salvação.
Mental: O Pontífice representa a forma ativa da inteligência
humana, que traz principalmente as soluções lógicas. Significa
também os pensamentos inspirados por um nível mais alto de
consciência.
Emocional: Sentimentos poderosos, afetos sólidos, solicitude,
sem cair em sentimentalismos. O Pontífice indica os
sentimentos normais, tal como devem ser manifestados na
vida, de acordo com as circunstâncias.
Físico: Equilíbrio, segurança na situação e na saúde. Segredo
revelado. Vocação religiosa ou cientifica. Especialista em sua
área.
Desafios e sombra: Indica um ser desconectado de sua razão
e seus instintos, na obscuridade, carente de apoio espiritual.
Projeto retardado.
Chefe sentencioso, moralista estreito, rígido, prisioneiro das
formalidades, metafísico dogmático, professor autoritário, O Papa
teórico limitado, pregador da “boca pra fora”. Tarô Gringonneur (1455)
Conselheiro desprovido de sentido prático.
Problemas com saúde, indecisão, negligência.

História e iconografia
O Arcano V é uma das figuras que permitiram precisar com maior exatidão a antiguidade
do Tarô, já que seus detalhes iconográficos remontam a um modelo perdido em que se
inspirou necessariamente o desenho de Fautrier (Tarô de Marselha), o que é confirmado
pelas diferenças e semelhanças com maços mais antigos, como os de Baldini (1436-1487)
e Gringonneur (1450).
Em primeiro lugar, é preciso destacar que o Pontífice do Tarô de Marselha é barbudo,
enquanto seus precursores renascentistas e medievais não o são. Há estudos que
estabelecem uma curiosa cronologia da moda papal neste aspecto. Torna-se assim evidente
que o tarô clássico copia um modelo mais antigo que não chegou até nós, mas que
assegura a continuidade evolutiva do Tarô desde os imagiers du moyen age até a
atualidade.
Outro detalhe interessante é o da evolução da tiara papal na iconografia do Tarô. A tiara
(com seu simbolismo sobre a existência dos três reinos ou mundos) não é um elemento
litúrgico que permaneceu invariável ao longo da História. Boa parte dos estudiosos tende a
concluir que as composições das tiaras representadas no Tarô clássico foram inspiradas em
gravações anteriores ao século XV, possivelmente dos fins do primeiro milênio.  
A luva papal ornada com a cruz-de-malta indica também a origem
remota da imagem, já que desde os tempos de Inocêncio III (1197-
1216) a cruz havia sido substituída por uma plaqueta circular.
Arcano da capacidade adivinhatória, da intuição filosófica, do
conhecimento espontâneo, o Pontífice simboliza também (por seu
número) o homem como intermediário entre a divindade e o plano
das coisas criadas.
A soma destes simbolismos permite associá-lo ao mediador por
excelência, o pacifista, o construtor de pontes, o que encontra a
    saída para situações aparentemente insolúveis, mediante um
luminoso clarão intuitivo.
O Papa também é visto como representante da lei moral, não
escrita, que domina a consciência. As sete pontas da cruz que
segura em sua mão direita simbolizam o setenário (A Lei de Sete)
em suas diversas expressões, entre elas as sete
virtudes necessárias para vencermos os sete pecados capitais.
Na abordagem astrológica associa-se: orgulho-Sol, preguiça-Lua,
Tarô de Oswald Wirth inveja-Mercúrio, cólera-Marte, luxúria-Vênus, gula-Júpiter e avareza-
Saturno.
Para correlações entre as virtudes e as cartas do Tarô, veja As Sete Virtudes Cristãs e o
Tarôcom comentários de vários tarólogos.

Wirth o imagina o Papa como um ancião pleno de indulgência para com as debilidades
humanas, pontificando ante duas categorias de fiéis: aqueles que compreendem
(representados pelo personagem com a mão para o alto); e os que formam o rebanho cego
e inconsciente que obedece por temor ao castigo, e não por autodeterminação
(representados pelo personagem que aponta a mão para o chão). Estas combinações (alto
e baixo, direita e esquerda) voltam a colocar a ordem do quaternário como modelo de
organização.
Considerado do ponto de vista do quaternário formado pelos arcanos anteriores, o Pontífice
representaria o conteúdo da forma, a quintessência concebível (se bem que imperceptível),
o domínio da quarta dimensão.
VI. Os Namorados (Os Enamorados ou Os Amantes)
O Arcano da Iniciação, da Castidade e do Livre arbítrio
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Um homem, entre duas mulheres, é visado por uma flecha que
parece pronta para ser disparada por um anjo, Cupido, à frente de
um disco solar.
O homem, no centro do grupo, olha para a mulher da esquerda.
Ele tem cabelos louros, as pernas descobertas, e sua vestimenta é
uma túnica de listas verticais, com um cinto amarelo, sobre o qual
se apoia a sua mão direita.
A mulher da direita, com os cabelos louros soltos sobre os ombros,
tem um rosto jovem, fino. A mão esquerda está pousada sobre o
peito do homem. Já o seu braço direito, conforme é muitas vezes
   
descrito, aponta para baixo, de modo que seus braços parecem
cruzados. Mas esse braço a altura de seu ventre pode, também,
ser descrito como sendo do homem.
A outra mulher, a da esquerda, está representada de costas, mas
o rosto aparece de perfil. Tem cabelos que escapam livremente de
um curioso chapéu. Dirige a mão direita para a terra e pousa a
esquerda sobre o ombro do jovem.
O anjo, de cabelos louros e asas azuis, segura uma flecha branca
Os Enamorados
com uma das mãos enquanto com a outra segura um arco da
Tarô Marselha Camoin
mesma cor.
Do disco solar surgem 24 raios pontiagudos, um dos quais é superposto pela asa do anjo.

Significados simbólicos
Envolvimento afetivo, disposição amorosa, sentimentos.
Matrimônio, ligação, união. Integração de ambos os sexos
ao poder gerador do universo.
Livre arbítrio, escolha. Maioridade. Prova.
Encadeamento, combinação, equilíbrio, enredo, abraço.
Luta, antagonismo.

Interpretações usuais na cartomancia


Decisão, escolha por vontade própria. Votos, aspirações,
desejos. Exame, deliberações, responsabilidades. Afetos.  
É a carta da união e do matrimônio. Pode representar para
os consulentes de ambos os sexos a iminência de uma
escolha a ser realizada.
Mental: Amor pelas belas formas e pelas artes plásticas.
Emocional: Dedicação e sacrifícios.
Físico: Os desejos, o amor, o sacrifício pela pátria ou pelos
ideais sociais, assim como todos os sentimentos
manifestados fortemente no plano físico.
Desafios e sombra: Dúvida, indecisão, impotência. Má Os Enamorados no Tarô 
conduta, infidelidade, libertinagem. Debilidade, falta de Charles VI (1368-1422)
prumo.
Ruptura, separação, divórcio, desordem. Prova a ser vivida. Tentações perigosas, risco de
ser seduzido.

O detalhe dos braços da mulher


Nas descrições do tarô classico fica muitas vezes uma dúvida com relação ao braço na
altura do ventre da mulher da direita. O braço é dela ou do homem que se encontra no
centro da carta? De fato, nas xilogravuras antigas os traços não são nítidos e a avaliação
dependerá em grande parte do modo como a estampa foi colorida, conforme poderá ser
apreciado nos exemplos abaixo.

Da esquerda para a direita, tarôs de Jean Noblet (1650), Dodal (1710), 


Marselha Grimaud (1760) e o retaurado por Kris Hadar (1995).

No tarô de Marselha da editora Grimaud (1760) as mangas brancas da mulher dão a


entender que é dela o braço em questão, embora o perfil da mão só pudesse ser a do
personagem masculino. Já no jogo restaurado em 1998 por Camoin e Jodorowsky (a
primeira ilustração no alto da página), o homem e a mulher têm mangas azuis e, assim, a
ambiguidade persiste. Apenas na versão do tarô de Marselha restaurado por Kris Hadar, o
tarólogo altera o detalhe no encontro dos ombros dos dois personagens e faz com que a cor
amarela da manga marque o braço como sendo do homem. Ou seja, como é comum na
história das cartas, as questões persistem...

História e iconografia
Em vasos e quadros da época romana, encontra-se com frequência a imagem de um casal
de namorados ante uma terceira pessoa ou elemento (em geral um Cupido).
O Arcano VI parece referir-se de forma alegórica a uma ideia diferente: a famosa parábola
de Hércules na encruzilhada entre a Virtude e o Vicio, tal como conta Xenofonte nas
suas lembranças de Sócrates. É bem provável que esta parábola – e suas variantes, como
a de Luciano, o Jovem, disputado pela Arte e pela Ciência, entre as mais conhecidas– tenha
sido popular na Idade Média, visto que é citada por vários autores dessa época (Cícero,
noTratado dos Deveres; São Basílio, no seu Discurso aos Jovens).
A idéia fundamental deste tema – ou seja, a    
necessidade de escolha entre dois caminhos –
encontra-se igualmente em muitas imagens cristãs.
Pode-se citar como exemplo uma miniatura bizantina
do século X, onde Davi está representado entre duas
mulheres que simbolizam a Sabedoria e a Profecia: a
pomba que pousa sobre a cabeça do rei lembra em
muito o Cupido do Arcano VI.
A antiguidade desta parábola é indiscutível, mesmo que
as suas representações gráficas mais remotas não
tenham chegado até nos. Na vida de Apolônio de Tiana,
narrada por Filostrates no final do século II, há uma
curiosa passagem em que um sábio egípcio diz a
Apolônio:
“Tu conheces, nos livros de imagens, a representação
de Hércules em que ele, jovem, ainda não escolheu o Davi, entre a Sabedoria e a Profecia
seu caminho. O Vício e a Virtude o rodeiam, tentam
atraí-lo, cada um o quer para si...”
É preciso remontar mais uma vez aos pitagóricos para encontrar o simbolismo gráfico do
tema, representado entre eles pela letra Y, emblema da escolha vital que todo homem
realiza no final da infância.
O traço da metade inferior da letra Y representaria precisamente a
infância, isenta de vícios ou virtudes; os braços que partem da
bifurcação da letra representariam cada uma dessas tendências,
enquanto que o ponto onde a bifurcação se produz seria o momento
exato em que a puberdade se manifesta.
É comum encontrar nos manuscritos medievais esta referência à
letra Y: “bifurcação, ou letra de Pitágoras”. Não é casual, assim,
que alguns desenhos modernos do Tarô mencionem esta lâmina
como A Dúvida ou A Prova.
    Esse mesmo significado é mencionado no Antigo Testamento – no
Deuteronômio, no primeiro dos Salmos, e mais explicitamente ainda
em Jeremias. A ideia não reaparece no Novo Testamento, mas sim
no começo dos Ensinamentos dos Doze Apóstolos, texto não
canônico, presumivelmente composto por volta do século II: “Dois
são os caminhos; um leva à Vida e outro à Morte”.
Uma interpretação totalmente diferente vê nessa estampa o ato do
compromisso matrimonial dos noivos diante do sacerdote, ou seja, a
Tarô de Oswald Wirth cerimônia matrimônio enquanto sacramento.  É o caso de alguns
dos
célebres pintores renascentistas – Rafael, Perugino – deram testemunho dessa cerimônia
na vida da Virgem.
Wirth vê no Enamorado a primeira fase individual da trajetória iniciática, quando o homem
terminou a sua formação, mas não começou ainda o seu trabalho.

Outra vertente de interpretação menciona o simbolismo sexual do


“senário”, partindo do sentido literal do nome da Carta.
“Entre os pitagóricos – disse Clemente de Alexandria – o seis é um
numero sexual, chamando-se por esta razão O Matrimônio”.
Nas analogias geométricas, o Enamorado se identifica ao selo de  
Salomão, ou seja, tem claro vínculo com cópula dos triângulos
entrelaçados.
Do ponto do vista psicológico, é sem dúvida a metáfora mais
transparente do caminho para a identidade, que apenas se realiza no
conflito e no intercâmbio com o mundo e com os outros. Selo de Salomão
VII. O Carro
O Arcano do Domínio, do Repouso
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Dois cavalos arrastam uma espécie de caixa, montada sobre duas
rodas e coberta por um dossel, onde se encontra um homem
coroado, que traz um cetro em sua mão direita. Na parte frontal
do carro (a única visível), em boa parte dos tarôs clássicos, há um
escudo com duas letras, que variam com as editoras.
Mais do que citar dois simples cavalos, podemos ressaltar que se
tratam de corpos dianteiros fundidos ao carro. Os dois animais
olham para a esquerda, mas a sua disposição é tal que parecem
andar cada um para o seu lado. O cavalo da esquerda levanta a
pata direita, e o da direita, a pata esquerda. O dossel repousa
  sobre quatro colunas.
O homem, que tem uma coroa do tipo das de marquês, tem a
mão esquerda sobre um cinto amarelo, na altura da cintura, e na
mão direita traz um cetro que termina por um ornamento esférico
encimado por um cone. O peito do personagem está coberto por
uma couraça. Cada um dos seus ombros está protegido por uma
meia-lua, com rostos de expressão diferente.
Os cabelos do personagem são amarelos e seu olhar se encontra
O Carro no Tarô Marselha
ligeiramente voltado para a esquerda, no mesmo sentido que o
Restauro de Kris Hadar
dos animais atrelados à carruagem.
Cinco plantas brotam do solo. Não aparecem rédeas ou qualquer outro meio de guiar o
carro.
 
Significados simbólicos
Contemplação ativa, repouso. Vitória, triunfo. 
O setenário sagrado, a realeza, o sacerdócio.
Magistério. Superioridade. Realização.

Interpretações usuais na cartomancia


Êxito legítimo, avanço merecido. Talento, dons,
capacidade, aptidões postas em marcha. Tato para
governar, diplomacia, direção competente.
Conciliação dos antagonismos, condução de forças
divergentes. Progresso, mobilidade, viagens por terra.
Mental: As coisas se realizam, mas falta ainda montar
as peças de conjunto.
Emocional: Afeto manifestado; protetor, serviçal.
Físico: Grande atividade, rapidez nas ações. Boa saúde,
força, atividade intensa. Do ponto de vista do dinheiro:
gastos ou ganhos, movimento de fundos.
Significa também notícia inesperada, conquista.
Pode ser interpretado igualmente como difusão da obra O Carro no Tarô Gringonneur ou
ou atividades do consulente através de palavras e, Charles VI (1368-1422)
segundo sua localização na tiragem, significa elogios ou
calúnias.
Desafios e sombra: Ambições injustificadas, vanglória,
megalo-mania.  Falta de talento e de consideração. 
Governo  ilegítimo, situação usurpada, ditadura. Oportunismo perigoso. Preocupações,
cansaço, atividade febril e sem repouso. Perda de controle.

História e iconografia
O desfile dos heróis triunfantes de pé sobre seus carros de guerra é um costume pelo
menos tão antigo quanto os próprios carros de guerra. Court de Gébelin – e com ele os que
acreditam numa origem egípcia do Tarô – imagina que o Arcano VII nada mais é que a
reapresentação do Osíris triunfal, e que os cavalos são uma herança vulgar da Esfinge.
Mais coerente, contudo, é relacionr essa figura às apoteoses lendárias que comoveram a
Idade Média, época em que se localiza sua iconografia.
Pode também lembrar um conto do ciclo mítico
de Alexandre, o Grande, reproduzido desde a
Antiguidade até o Renascimento.
Levado até o Oriente pela sucessão de seus
triunfos, Alexandre teria chegado até o fim do
mundo. Quis então saber se era verdade que a
Terra e o Céu se tocavam num ponto comum.
Para isto seduziu com ardis – é preciso recordar
que a astúcia é também prerrogativa dos heróis
 
– os dois pássaros gigantes que existiam na
região; prendeu-os e acomodou entre eles uma
cesta.
Com uma lança na mão, em cujo extremo havia
atravessado um pedaço de carne de cavalo, o
conquistador subiu ao seu carro improvisado.
Com a promessa de comida que oscilava diante
de seus olhos, os Grifos começaram a mover-se
Apolo e o Grifo
e alçaram voo.
Os heróis não podem, contudo, sobrepor-se aos deuses: na metade do caminho Alexandre 
recebeu  um emissário dos deuses, um enfurecido Homem Pássaro que insistiu para que
ele desistisse de seu projeto. Muito a contragosto, Alexandre aceitou a censura e atirou a
lança para a Terra, para onde desceram os Grifos, impacientes e vorazes.
Essa lenda, nascida certamente no Oriente, foi introduzida na Europa no fim do século II.
Estendeu-se em seguida por todo o Ocidente cristão e era conhecida desde a baixa Idade
Média. Numerosas ilustrações e várias esculturas que a representam chegaram até nós. A
Crônica Mundial, de Rudolph von Ems (século XIII) a reproduz em uma detalhada
miniatura; em São Marcos de Veneza está o relevo talvez mais significativo para rastrear as
fontes inspiradoras do Arcano VII: a cesta de Alexandre é ali uma caixa semelhante à de
O Carro; aparecem também as rodas esboçadas.

   
Elias no Carro de Fogo (A visão de Ezequiel)
Tela de Giuseppe Angeli, 1712 - 1798

Durante a Idade Média, a arte dos imagiers parece ter-se servido desta lenda como uma
alegoria do orgulho.
Por sua amplitude simbólica e pela beleza da sua composição, O Carro figura entre os
arcanos de maior prestígio do Tarô. É, também, um dos que oferecem maiores lacunas de
interpretação.
O arcano 7 é associado à Zain, sétima letra do alfabeto hebreu, que corresponde ao nosso
Z; representa mobilidade, inquietude, deslocamentos rápidos, ação em ziguezague.
Há autores que relacionam as rodas do Carro aos
torvelinhos de fogo da visão de Ezequiel.
Quando se traduz a lâmina pela palavra carro – protótipo
dos sistemas de troca – representa o que é móvel,
transferível, interpretável. Nesse caso, seu aspecto oracular
é associado às mudanças provocadas pela palavra: elogios,
calúnias, difusão da obra, boas ou más notícias; e, por
extensão, aos sistemas de intercâmbio em geral (economia,
movimento de fundos).
Aponta-se aqui a questão das relações entre esta
mobilidade e o dinamismo mercurial do Prestidigitador, já
que esses arcanos se encontram no início e no fechamento 
do primeiro setenário do Tarô.
Talvez esta analogia possa ser levada mais longe, e não
parece impossível que a figura toda seja uma ilustração
desta passagem bíblica. Em Ezequiel (I, 4-28), com efeito,
aparecem não só as rodas, o carro e os animais, mas
também “sobre o trono, no alto, uma figura semelhante a
um homem  que  se  erguia sobre ele. E o que dele
aparecia, da cintura para cima, era como o fulgor de um
metal resplandecente”, o que é uma descrição bem próxima
do personagem do Arcano VII. Nessa mesma passagem Currus Triumphalis
podemos encontrar também analogias válidas para o Amsterdã, 1671
simbolismo geral do Arcano XXI (O Mundo).
Há quem veja ainda, nos animais presos, uma anfisbena (serpente de duas cabeças), ou
poderes antagônicos que é necessário subjugar para prosseguir – “assim como no caduceu
se equilibram as duas serpentes contrárias”. O veículo representaria o simbolismo do
Antimônio (ou a Alma Intelectual dos alquimistas), mencionado como Currus
Triumphalisnum tratado de Basílio Valentin (Amsterdã, 1671).
A totalidade do arcano sugere, para Wirth, a ideia do corpo sutil da alma, graças ao qual o
espírito pode se manifestar no campo do material. Esta ideia de um halo ou dupla
transubstancial que não pode ser relacionada a nenhum dos três aspectos do homem
(corpo –> alma –> espírito), mas que tende a relacioná-los entre si, gozou de um vasto
prestígio esotérico: é o corpo sideral de Paracelso (ou astral, na linguagem teosófica),
como também o “corpo aromático”, de Fourier, ou o Kama rupa do budismo soteriológico.

Siglas no escudo
Finalmente,cabe examinar as letras inscritas no escudo – S e M – tal como aparecem no
Tarô de Marselha da Editora Grimaud.
  Alguns supõem que sejam as iniciais do título Sua Majestade, o rei
vitorioso em seu regresso de batalhas que comandou. Outros
acreditam, que as letras S e M representem os princípios
alquímicos Sulfur e Mercurius, antagônicos e complementares, tais
como parecem reiterados pela disposição da parelha de cavalos.

           


O Carro em tarôs clássicos: sem letras no escudo da carruagem – Jacques Vieville (1650) – e com
letras IN no Jean Noblet (1650),  VT no Nicolas Convert (1760) e FT  no François Tourcaty (1800)

Ao observamos, porém, as gravuras antigas dos baralhos podemos constatar que existem
evidências de que a inclusão de sílabas têm razões menos esotéricas do que alguns supõe.
Há gravuras em que o escudo permanece vazio, mas em boa parte dos baralhos clássicos,
o espaço é preenchido com letras que variam de jogo para jogo, usualmente com as iniciais
do proprietário da casa impressora, como exemplificam as cartas acima que circularam
amplamente pela Europa. Algo semelhante se passa com a carta Dois de Ouros (veja), que
traz uma faixa quase sempre preenchida com o nome dos editores.
Não é este, porém, o único ponto controverso do arcano que Éliphas Lévy chamou de “o
mais belo e mais completo de todos que compõem a chave do Tarô”.

VIII. A Justiça
O arcano do Equilíbrio, da Imparcialidade
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

Uma mulher, sentada num trono, tem em sua mão direita uma
espada desembainhada com a ponta virada para cima, e na
esquerda uma balança com os pratos em equilíbrio. A mão que
segura a balança encontra-se à altura do coração.
Este personagem, que é visto de frente, está vestido com uma
 
túnica cujo panejamento sugere uma mandorla (figura geométrica
em forma de amêndoa; veja arcano 21 – O Mundo), espaço de
conciliação das polaridades.
Não se veem os pés da mulher nem a cadeira propriamente dita.
Aparece, em compensação, com toda nitidez, o espaldar do trono:
as esferas que o arrematam estão talhadas de maneira diferente.

Significados simbólicos
Justiça, equilíbrio, ordem.
Capacidade de julgamento.
Conciliação entre o ideal e o possível. Harmonia. Objetividade,
regularidade, método.
Balança, avaliação, atração e repulsão, vida e temor, promessa e
ameaça.

Tarô Marselha-Camoin

Interpretações usuais na cartomancia


Estabilidade, ordem, persistência, normalidade. Lei, disciplina,
lógica, coordenação. Flexibilidade, adaptação às necessidades.
Opiniões moderadas. Razão, sentido prático. Administração,
economia. Obediência.
Soluções boas e justas; equilíbrio, correção, abandono de velhos
hábitos.
Mental: Clareza de juízo. Conselhos que permitem avaliar com
justeza. Autoridade para apreciar cada coisa no momento
oportuno.
Emocional: Aridez, secura, consideração estrita do que se diz,
possibilidade de cortar os vínculos afetivos, divórcio, separação.
Este arcano representa um princípio de rigor.
Físico: Processo, reabilitação, prestação de contas. Equilíbrio de
saúde, mas com tendência a problemas decorrentes de excessos
(obesidade, apoplexia), devido à imobilidade da carta.
Desafios e sombra: Perda. Injustiça. Condenação injusta,
processo com castigo. Grande desordem, perigo de ser vítima de Visconti Sforza (1450)
vigaristas. Aburguesamento.

História e iconografia

A representação da Justiça como uma mulher com balança e


espada (ou livro) data provavelmente de um período remoto
da arte romana.
Durante a primeira parte da Idade Média, espada e balança
passaram a ser atributos do Arcanjo Miguel, comumente
  designado por Micael ou São Miguel, que parece ter herdado
as funções do Osíris subterrâneo, o pesador de almas.
Mais tarde estes elementos passam para as mãos da
impassível dama, da qual há figurações relativamente
antigas na arte medieval: um alto-relevo da catedral de
Bamberg (1237) Bamberg, datado de 1237, a representa deste modo.

Tudo indica que a iconografia do Arcano VIII seguiu com


Na repartição do Tarô em três setenários, a ordem que Oswald
Wirth estabelece é descendente, correspondendo aos arcanos I-VII
a esfera ativa do Espírito; aos VIII-XIV, a esfera
intermediária,anímica; aos arcanos XVI-XXI, a esfera passiva
do Corpo.
O segundo setenário – que se inicia com a Justiça – corresponde
àAlma ou ao aspecto psicológico da individualidade.
“O primeiro termo de um setenário – diz Wirth – desempenha
 
necessariamente um papel gerador. Assim, o espírito emana da
Causa Primeira (O Prestidigitador), a alma procede do Arcano VIII,
e o corpo, do XV (O Diabo)”.
Examinado do ponto de vista dos ternários, a Justiça (8), ocupa o
segundo termo do terceiro ternário, sendo precedida pelo Carro (7),
que cumpre aí a função geradora, enquanto ela, a Justiça, passa a
exercer a função de organizadora.
<-- A Justiça no Tarô de Oswald Wirth

Neste sentido – confirmado por sua localização na ordem dos


ternários – Wirth ressalta o caráter esotérico do Arcano VIII:
nada pode viver sem cobrir a distância entre a origem e o
equilíbrio, já que os seres não existem a não ser em virtude da lei
à qual estão submetidos.
É interessante também analisar a correspondência simbólica entre
a Justiça (8) e o Imperador (4), já que há uma aliança
evidente entre os princípios de Poder e Lei e a busca da harmonia
do governo (de um estado, de uma situação, da individualidade).  
Vale lembrar a esse respeito que, tradicionalmente, cabe ao
soberano a aplicação da justiça.
Na mitologia grega, Zeus gera em Têmis (a fraternal divindade
justiceira do Olimpo), entre outras filhas, as Horas ou Quatro
Estações, e Diké (ou Diqué), a personificação da Justiça. Essa
filiação permite relacionar o Arcano VIII à ordem do quaternário,
detalhe que já se evidencia a partir de seu número (8 = 2 x 4).
Diké, a deusa grega da Justiça -->
IX . O Eremita
O Arcano da Consciência, do Iniciado
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

O Eremita ou Ermitão (VIIII) é representado por um homem, de


pé, tem na mão esquerda um bastão que lhe serve de apoio,
enquanto que com a direita levanta uma lanterna até a altura do
rosto. Está representado de três quartos, com o rosto voltado para
a esquerda. Veste uma grande túnica e um manto azul com o
forro amarelo. Seu capucho, caído sobre as costas, parece
continuar a túnica e é arrematado por uma borla amarela.
A lâmpada, aparentemente hexagonal, tem apenas três de seus
lados visíveis, sendo o central vermelho e os restantes amarelos.
    O fundo da gravura é incolor, e o chão de um amarelo estriado de
listas negras, muito semelhante ao reverso do manto.

Significados simbólicos
O Iniciado, o buscador incansável. Sabedoria, iluminação, estudo,
autoconhecimento.
Meditação, recolhimento, saber desligar-se. Reavaliação da vida e
dos objetivos.
Concentração, silêncio. Profundidade.
Tarô de Marselha-Camoin
Prudência. Reserva. Limites. Influência saturnina.

Interpretações usuais na cartomancia  

Austeridade, moderação, sobriedade, discrição. Médico experiente,


sábio que cala seus segredos. Celibato. Castidade.
Mental: Contribuição luminosa à resolução de qualquer problema.
Esclarecimento que chegará de modo espontâneo.
Emocional: Alcançar as soluções. Coordenação, encontro de
afinidades. Significa também prudência, não por temor, mas para
melhor construir.
Físico: Segredo descoberto, luz que se fará sobre projetos até
agora ocultos. Na saúde: conhecimento do estado real, consultas
que podem remediar os problemas.
Desafios e sombra: Obscuridade, concepção falsa de uma
situação. Dificuldades para nadar contra a corrente. Timidez,
isolamento, depressão, recusa de relações. Ritualismo
Mutismo, circunspecção exagerada, isolamento, caráter fechado.
Avareza, pobreza. Conspirador. Taciturno. Obssessivo.
Tarô Visconti Sforza -->

História e iconografia
O Ermitão é, sem dúvida, um dos arcanos menos alegóricos do Tarô. A imagem de um
peregrino em hábito de monge, portando um cajado, pode ser encontrado em dezenas de
iluminuras em manuscritos dos séculos XV e XVI. O único detalhe que o afasta desta
monotonia é a lâmpada que leva na mão direita: por ela imagina-se que seja uma
ilustração da conhecida história de Diógenes em busca de um homem honesto. Esse relato
foi muito popular na alta Idade Média e no Renascimento e, de fato, vários modelos
renascentistas do Tarô chamam o Arcano VIIII de Diógenes.
Alguns estudiosos acreditam que boa parte do simbolismo do Ermitão liga-se aos princípios
fundamentais desse filósofo cínico: desprezo pelas convenções e vaidades, isolamento,
renúncia à transmissão pública do conhecimento.
Mas este mutável personagem teve ainda outras representações:
notarocchino de Bolonha, aparece com muletas e asas; no de Carlos
VI, tem uma ampulheta no lugar da lâmpada (o que o associa
aCronos ou Saturno, medidores do tempo).
Outra interpretação surge ainda do aparente erro ortográfico que se
pode ver no Tarô de Marselha, onde a carta figura
como L'Hermiteem lugar de L'Ermite. Etimologicamente, o nome não
derivaria então do grego eremites, eremos = deserto, mas
provavelmente de Hermes e seu polivalente simbolismo. A esse
    respeito, podemos lembrar que é precisamente a Thot, equivalente
egípcio de Hermes, que Gébelin e seus seguidores atribuem a
invenção do Tarô.
Wirth explica os atributos do Eremita como termo final do terceiro
ternário do Tarô, relacionando-o com os arcanos VII e VIII, que o
precedem nesse ternário. Nessa relação, O Carro aparece como o
homem jovem e impaciente para realizar a obra do progresso, que A
Justiça se encarrega de retardar, amiga como é da ordem e pouco
Tarô de Oswald Wirth amante das improvisações; O Ermitão seria o conciliador deste
antagonismo, evitando tanto a precipitação quanto a imobilidade.
Muitos autores interpretam o seu significado como oposto e complementar ao do Arcano V
(O Pontífice): o Eremita não é o codificador da liturgia, o responsável executivo de uma
igreja, o pastor de um rebanho: seu pontificado é silencioso e sutil, seus discípulos são
escolhidos. Na relação iniciática, é evidente que representa o “guru” e por isso foi definido
como “o artesão secreto do futuro”.

X. A Roda da Fortuna (ou Roda do Destino)


O Arcano dos Ciclos e da Natureza caída
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

Sobre o aro de uma roda de seis raios, suspensa no ar por um


suporte, seguram-se três animais estranhos. O fundo é branco; o
chão está cortado por listas negras. A roda se apóia sobre dois
pés ou suportes paralelos; o da esquerda não chega ao eixo.
Do centro da roda saem seis raios – azuis até menos da metade e
em seguida brancos – que se fixam na parte interna do aro: dois
deles formam ângulo reto com o chão; os outros quatro
representam um xis (ou o dez romano, número da carta, ou ainda
    uma cruz de Santo André).
À direita, um animal intermediário entre cachorro e lebre (com
patas traseiras que não combinam com esses animais) parece
subir pela roda; à esquerda, uma espécie de macaco desce de
cabeça para baixo. Na parte superior, uma plataforma suporta
uma figura que pode ser vista como uma esfinge coroada; três
das suas patas repousam sobre a base, enquanto a pata anterior
esquerda empunha uma espada desembainhada.
<--Tarô de Marselha-Camoin (1750)

Significados simbólicos
Os ciclos sucessivos na natureza e na vida humana. As fases da manifestação, o
movimento de ascensão e de declínio.
A mobilidades da coisas, as Influências lunares e mercurianas.

Interpretações usuais na cartomancia


Boa sorte, louvor, honra.
Alternativas da sorte. Instabilidade.
Esperteza, presença de espírito que não deixa escapar as boas
oportunidades. Iniciativa feliz, adivinhação de ordem prática,
sorte. Êxito casual, como o ganho na loteria. Espontaneidade,
disposição inventiva.
Animação, brio, bom humor.
Mental: Lógica, regularidade. Juízo equilibrado e sadio.
Emocional: Traz animação e reforça os sentimentos.
Físico: Os acontecimentos não serão estáveis, porque
necessitam de uma mudança, uma evolução. Esta mudança  
tende a ser para melhor, no sentido do desenvolvimento.
Segurança na dúvida. Do ponto de vista da saúde: não haverá
problemas circulatórios. Bons augúrios para um futuro
casamento.
Desafios e sombra: A transformação se fará com dificuldade,
mas poderá ocorrer quando fizer falta. É preciso modificar desde
o princípio, partir de outras bases. Descuido.
Especulação, jogo, abandono ao azar.
Insegurança. Imprevisão, caráter boêmio, pouca seriedade. Tarô Visconti Sforza
1450 (restaurado)
Situação instável de ganhos e perdas. Aventuras, riscos.
Diminuição da sorte.

História e iconografia
Uma das alegorias mais antigas e populares, a imagem que reproduz o Arcano X causa
uma impressão estranha ao observador contemporâneo. Isto se deve ao fato de que nos
últimos séculos a iconografia do tema tornou-se puramente verbal: qualquer um entende o
conceito de “roda do destino”, mas dificilmente se faz dela uma representação visual.
Desde a Antiguidade Clássica, contudo, até o Renascimento, foi justamente o contrário que
aconteceu.  Em vários textos romanos descreve-se o Destino como uma mulher cega, louca
e insensível, que atravessa a multidão caminhando sobre uma pedra redonda (para
simbolizar a sua instabilidade); a roda aparece com frequência nos sarcófagos, como
evidente alusão ao caráter cíclico da vida.
Até o final do primeiro milênio não se encontram outros exemplos valiosos sobre o tema,
mas depois de alguns séculos ele ressurge com total esplendor. É na sua plenitude
iconográfica que o reencontramos a partir de meados do século XIII em rosetas de várias
catedrais góticas (Amiens, Trento, Lausanne) e de numerosas igrejas: pequenas figuras,
representando os momentos e estados da vida, que sobem e descem pelos raios de uma
roda.
Roda da Fortuna numa gravura de 1165
Ilustração no livro Hortus Deliciarum (Jardim das Delícias)

Um exemplo muito antigo pode ser visto no Hortus deliciarum, de Herrade de Landsberg,
abadessa do claustro de Santa Odília (Estrasburgo), morta em 1195. Nesta imagem
completa, como em muitas posteriores, quatro personagens que aparecem representados
como reis, são movidos pela roda que é manejada pelo Destino ou Fortuna em pessoa.
As legendas que acompanham os personagens não deixam dúvida sobre o significado da
alegoria: Spes, regnabo (esperança, reinarei), diz o rei ascendente da esquerda; Gaudium,
regno! (Alegria, reino!), exclama o que se encontra sobre a plataforma superior; Timor,
regnavi... (Temor, reinava...) murmura o da direita, que desce de cabeça para baixo;
enquanto que o quarto, que foi atirado da roda e jaz na terra, aceita a evidência da sua
condição: Dolor, sum sine regno (Dor, estou sem reino).
É evidente que,  numa leitura alegórica,  os quatro personagens não passam de apenas
um, submetido às variações do destino.
  O simbolismo deste personagem quatro-em-um refere-se também
às fases da lua e às idades do homem (infância, juventude,
maturidade, velhice).
A substituição dos reis por animais ou monstros é um pouco mais
tardia (século XIV, ou final do XIII), mas a ideia que este arcano
simboliza é certamente mais antiga que a civilização ocidental.
Wirth vê no livro de Ezequiel, o profeta que antecipa a queda de
Jerusalém, a explicação transparente do Arcano X. No plano
simbólico, segundo esse autor, muitos dados podem ser extraídos
do simbolismo geral da roda. “Refere-se em última instância à
decomposição da ordem do mundo em duas estruturas essenciais e
distintas: o movimento rotatório e a imobilidade; a circunferência
da roda e seu centro, imagem do 'motor imóvel' aristotélico”.
O aspecto solar e zodiacal do simbolismo da roda a relaciona sem
dúvida com o conceito dos ciclos (o dia, as estações, a vida do
Tarô de Oswald Wirth homem), ou seja, daquele que nasce para morrer, mas que também
morre para ressuscitar.
René Guénon afirma que a roda é símbolo de origem céltica e assinala seu parentesco com
as flores emblemáticas (rosa no Ocidente, lótus no Oriente), com as rosetas das catedrais
góticas e, em geral, com as figuras mandálicas. No taoísmo aparece como metáfora do
processo ascendente-descendente (evolução e involução, progresso espiritual e regressão).

XI. A Força
O Arcano da Virtude e do predomínio da Qualidade
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

Uma mulher abre com as duas mãos as mandíbulas de um leão. É


vista de três quartos e olha para a direita; o leão, por sua vez,
está de perfil. A mão direita da mulher, está apoiada no focinho
do leão, enquanto que a esquerda segura o maxilar inferior.
O personagem veste uma saia azul e uma capa ou manto
vermelho, com laterais de tamanhos diferentes, já que a da
    direita chega ao chão enquanto que a da esquerda não passa da
cintura.
Todas as partes visíveis de seu corpo estão representadas em cor
carne; tem ainda um chapéu, cuja forma lembra o do
Prestidigitador (O Mágico).
Do leão, vê-se apenas a cabeça, a juba e as patas dianteiras. O
fundo e o chão são incolores. Em algumas versões, a sandália da
mulher, que surge sob a roda da saia, parece apoiar-se no ar.

Significados simbólicos
Virtude. Coragem. Potência anímica. Integração harmoniosa das
forças vitais.
Força moral, autodisciplina, controle.

Tarô de Marselha-Camoin

Interpretações usuais na cartomancia


Energia moral, calma, coragem. Espírito que domina a
matéria. A inteligência que doma a brutalidade. Subjugação
das paixões.
Lucro nos empreendimentos empresariais.
Mental: Esta carta traz uma grande agudeza para distinguir
entre o verdadeiro e o falso, o útil e o inútil, e uma clareza
precisa na avaliação.
Emocional: Domínio sobre as paixões, poder de conquista.
Para uma mulher que está para se casar: conseguirá que sua
personalidade não seja anulada pelo afeto que sente pelo
marido. Proteção afetuosa.  

Físico: Vontade para vencer os obstáculos, domínio da


situação; faz valer seus legítimos direitos. Capacidade para
tomar direção em todos os assuntos materiais.
Desafios e sombra: A pessoa não é dona da sua força; é
brutal, desatenta, deixa-se levar pelo poder em vez de utilizá-
lo. Os fatos ou as pessoas o abatem; sua força será
aniquilada, e será vítima de forças superiores. Impaciência.
'Forteza' - Força (1465)
Cólera, ardor incontido. Insensibilidade, crueldade. Incêndio.
Carta 36 no Tarô de Mantegna
Lutas, conquista violenta. Cirurgia. Veemência, discórdia.

História e iconografia
A Força, simbolizada pelo homem triunfante sobre os animais ou sobre a natureza, foi
amplamente glorificada na literatura antiga e na arte medieval. No Antigo Testamento
aparece a história de Sansão, e na mitologia greco-latina a saga dos trabalhos
deHércules. A batalha do herói com o leão de Nemeia foi usada provavelmente como
alegoria da força desde a antiguidade mais remota: nas escavações realizadas nos
arredores de Troia, encontrou-se um capacete do século VII a.C. com o desenho de um
homem que abre com as mãos as mandíbulas de um leão. A Idade Média recorre com
frequência a esta imagem, como símbolo da força moral e espiritual, usando como
protagonista Sansão ou então o Rei Davi.
 
No Tarô, porém, trata-se de uma mulher que
representa a Força, na mais difundida alegoria
do leão (versão de Marselha), aos lado da
representação que incluias colunas (Tarô de
Carlos VI e Mantegna).
O antecedente mais ilustre desta transposição
alegórica é a lenda grega de Cirene, a ninfa
caçadora que envergonhou e seduziu o
instável Apolo.
Píndaro conta de uma excursão do deus até o
monte Pelion, na Tessália, para a qual ele
teria partido excepcionalmente bem armado,
a fim de se prevenir dos perigos que
poderiam lhe acontecer em tão longa
travessia; ali encontrou Cirene, que “sozinha
e sem lança alguma combatia um imenso Cirene coroada por Líbia. Baixo relevo do séc. IV
leão..." www.ed-dolmen.com

Embora o Arcano XI seja uma ilustração perfeita desta lenda, não se encontra um só
exemplo que a reproduza nos manuscritos medievais. Iconograficamente, a carta da Força
seria assim uma das contribuições mais originais do Tarô.
Uma instrução curiosa, escrita na margem de uma página de  La Somme du Roi, 
manuscrito do ano de 1295, orienta o pintor que iria ilustrar os textos. Embaixo do número
12, pode-se ler: “Aqui vai uma dama de pé que domina um leão. O nome da dama é
Força”. Mas a miniatura nunca foi executada.
A dama serena e triunfante do Arcano XI encerra a primeira
metade do Tarô; representa, assim, a culminação da via seca e
racional inaugurada pelo Prestidigitador. Do ponto de vista
iconográfico, liga-se a ele pela expressão corporal – de pé, em
atitude de ação repousada e, fundamentalmente, pelo chapéu que
segue no seu desenho o signo do infinito.
Um exercício curioso de “adição e redução mística” permite
relacionar as quatro figuras femininas da primeira parte do Tarô.
   
Com efeito: 3 (Imperatriz) + 8 (Justiça) = 11 (Força), que se reduz
a: 11 = 1 + 1 = 2 (Sacerdotisa). Partindo da via seca (masculina)
dos arcanos, este esquema feminino (úmido e intuitivo) se presta a
múltiplas especulações combinatórias.
Alguns estudiosos vêem na Força uma clara alusão zodiacal: Leão
vencido por Virgem, ou, o que dá no mesmo, o calor ardente, que
corresponde à plenitude do verão, domado pela antecipação serena
do outono (no hemisfério norte).
Neste sentido é preciso interpretar a parábola esotérica do Arcano XI: o personagem não
mata o leão, mas o doma; a sabedoria consiste em não desprezar o inferior, em não
aniquilar o que é bestial, mas sim em utilizá-lo. Não é outro o resultado natural que se
depreende da Grande Obra alquímica.

XII. O Pendurado (O Enforcado)


O Arcano da Fé, da aspiração Espiritual
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

    Um homem está suspenso, pelo pé, numa trave de madeira que


se apoia em duas árvores podadas. Os dois suportes são
amarelos e cada um conserva seis tocos da poda, pintados de
vermelho; terminam em forquilha, sobre as quais repousa o pau
superior. São verdes as duas bases das quais nascem as árvores
da provação, e nos quais brotam plantas de quatro folhas. A
corda curta que suspende o homem desce do centro da barra
transversal. [Conf. ilustração, ao lado, do Tarô de Marselha - Grimaud]
O personagem veste uma jaqueta terminada em saiote marcado
por duas meias-luas, à direita e à esquerda, que podem ser
bolsos. O cinto e o colarinho da jaqueta são brancos, assim como
os dez (ou nove) botões – seis acima e quatro (ou três) abaixo da
cintura.
A cabeça do Enforcado encontra-se no nível da base das árvores.
Suas mãos estão ocultas atrás da cintura. Naturalmente, a perna
pela qual está suspenso – a esquerda – permanece esticada,
enquanto que a outra está dobrada na altura do joelho, cruzando
por trás a perna esquerda.

Significados simbólicos
Abnegação. Aceitação do destino ou do sacrifício. 
Provas iniciáticas. Retificação do conhecimento. Gestação. Exemplo, ensino, lição pública.

Interpretações usuais na cartomancia


Desinteresse, esquecimento de si mesmo. Submissão ao dever,
sonhos generosos. Patriotismo, apostolado. Filantropia, entrega
a uma causa. Sacrifício pessoal. Ideias voltadas para o futuro.
Semente.
Mudança de vida, iniciação, abertura espiritual, sacrifício por
algo valioso. Paz interior, nova visão do mundo.
Mental: Possibilidades diversificadas, flutuações. Indica coisas
em processo de amadurecimento; não define nem conclui
nada.
Emocional: Falta de clareza, indecisão, particularmente no
campo afetivo.
Físico: Abandono de algumas coisas, renúncias, projetos
duvidosos. Impedimento momentâneo para a ação. Um  
assunto iniciado é abandonado e só poderá ser resolvido
através de uma ajuda. Do ponto de vista da saúde: transtornos
circulatórios.
Desafios e sombra: Êxito possível, mas parcial, sem
satisfação nem prazer, sobretudo em projetos de ordem
sentimental.
Reticências, planos ocultos. Resoluções acertadas, mas que
não se executam; projetos abortados; plano bem concebido
que fica na teoria. Promessas não cumpridas, amor não Tarô Gringonneur
ou Charles VI (1392)
correspondido.
Impotência. Perdas. Autorrenúncia, passividade. Risco de bons
sentimentos serem desviados para ações condenáveis.

História e iconografia
Em 1591 – tomando como testemunho a História Eclesiástica de Eusébio – Galônio
descreveu as torturas sofridas pelos mártires dos primeiros séculos da cristandade. “As
mulheres cristãs – escreve – eram frequentemente suspensas pelo pé durante todo um dia,
e os algozes faziam de tal modo que suas partes mais íntimas ficavam a descoberto, de
maneira a mostrar o maior desprezo possível à santa religião de Cristo”.
A suspensão pelo pé foi amplamente
executada pelos supliciadores romanos e há
testemunhos também de
vítimas medievais. Uma canção de gesta do
século XIII informa que este castigo foi
aplicado a um trovador por um dos duques
de Brabante, quando este o surpreendeu em
diálogo mais que musical com a duquesa.
Mas o enforcamento pelo pescoço, mortal,
tem histórias mais remotas e, no caso
deJudas, trata-se de um gesto autoimposto
na sequência do sacrifício que fez para que
se cumprissem as profecias.
Uma tradição que vem dos primórdios da
Igreja cristã é a de que um outro
   
apóstolo,Pedro, teria insistido em ser
crucificado de cabeça para baixo por não se
sentir digno de reproduzir o suplício de
Cristo.
No que diz respeito às artes gráficas, há
inúmeras miniaturas dos séculos XIII e XIV
com reproduções de santos e mártires
pregados pelos pés a uma barra elevada.
Mas é preciso chegar aos fins do século XV
para descobrir uma imagem análoga à do
Crucificação de Pedro.  Enforcado do Tarô.
Afrescoi de Filippino Lippi (1457-1504),
De outro ponto de vista, pode-se dizer que a
na Cappellla Brancacci, Florença, Italia.
Antiguidade nos deixou vários testemunhos
www.jesuswalk.com
de figuras invertidas que em nenhum caso
poderiam ser ligadas ao suplício.
Essa postura é adotada com frequência por divindades nuas assírio-babilônicas, nos
cilindros de argila que reproduzem cenas de conjunto.
É possível imaginar que as deusas nesta posição significavam outra coisa: propunham uma
leitura ritual que, agora, parece absurda ou incompreensível.

Alguns estudiosos lembram, a esse respeito, os ensinamentos


que atribuem ao homem o papel de estabelecer a ligação entre
o Céu e a Terra, num espaço definido que o preserva de
influências e contaminações. “Toda suspensão no espaço
participa do isolamento místico, sem dúvida relacionado à ideia
de levitação e de vôo onírico”.
Muitas lendas, de diferentes origens, atribuem aos enforcados
características mágicas e os dotam de vidência e mediunidade.
Para Wirth, interessado pelo simbolismo iniciático, o 
protagonista do Arcano XII é homólogo ao
do Prestidigitador (I), já que também inicia uma das vias, mas
partindo do extremo oposto. Vê, assim, o Pendurado como o
princípio de intuição pelo qual o ser humano pode alcançar um
resplendor de divindade: como colaborador da grande obra que
mudará para o bem a carga negativa do universo; como a vítima
sacrifical para a redenção.
Atribuem-se ainda, ao arcano, virtudes divinatórias e telepáticas;
é com frequência relacionado com a arte e a utopia. Alguns o
veem como arcano possessivo, mas é necessário compreendê-lo
num sentido puramente idealista, como manifestação de amor Tarô de Oswald Wirth
que carece de objeto individual (amor ao próximo).
Uma especulação interessante pode ser feita partir de seu número na ordem do Tarô, que o
relaciona ao décimo-segundo signo do zodíacao, Peixes, ou ainda ao conjunto
dosimbolismo zodiacal e ao dodecadenário: os doze signos e os doze meses do ano, os
doze apóstolos, as doze tribos de Israel...

XIII. A Morte (ou Arcano sem Nome)


O Arcano das Transmutações e da Vida Eterna
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

  Esta carta, comumente designada como “Morte”, não tem nome


algum inscrito no tarô de Marselha ou em suas suas variantes
mais recentes. No entanto, em jogos similares franceses, do
século 17, o título "La Mort" está presente, como se vê, mais
abaixo, na carta do baralho impresso por Jean Noblet.
Um esqueleto revestido por uma espécie de pele tem uma foice
nas mãos. Do chão negro brotam plantas azuis e amarelas entre
restos mortais de seres humanos. O fundo não está colorido.
No primeiro plano, à esquerda, uma cabeça de mulher; à direita,
uma cabeça de homem com uma coroa.
Um pé e uma mão aparecem também no chão; outras duas mãos
– uma mostrando a palma e outra as costas – brotam atrás,
ultrapassando a linha do horizonte.
O esqueleto está representado de perfil e parece dirigir-se para a
Tarô de Marselha-Camoin direita. Maneja a foice, sobre a qual apoia as duas mãos. Em
algumas variantes, seu pé direito não está visível.
Para o iniciante, mostra-se como a carta mais temível, mas os
estudos simbólicos ajudam a entender um outro sentido no plano
da evolução humana.

Significados simbólicos
Grandes transmutações e novos espaços de realização.
Dominação e força. Renascimento, criação e destruição.
Fatalidade irredutível. Fim necessário.

Interpretações usuais na cartomancia


Fim de uma fase. Abandono de velhos hábitos.
Profundidade, penetração intelectual, pensar metafísico.
Discernimento severo, sabedoria drástica. Resignação,
estoicismo, dom para enfrentar situações difíceis.
Indiferença, desapego, desilusão.
Mental: Renovação de ideias, total ou parcial, porque algo
vai intervir e tudo transformar; como um fenômeno
catalisador ou um corpo novo que modifica totalmente a
  ação do corpo atual.
Emocional: Afastamento, dispersão. Destruição de um
sentimento, de uma esperança.
Físico: Morte, perdas, imobilidade. Completa transformação
nos negócios ou atividades.
Desafios e sombra: Do ponto de vista da saúde,
estagnação de enfermidade ou processo. A morte poderá ser
evitada, mas em troca de uma lesão incurável. Segundo sua
La Mort (A Morte)
posição, pode significar a morte, em seus múltiplos matizes,
Tarô Jean Noblet (1650)
mas também maus, más notícias.
Prazo fatal. Xeque-mate inevitável, mas não provocado pela vítima.
Ânimo baixo, pessimismo, perda de coragem.  
Interrupção de um processo para começar de modo diametralmente oposto.

História e iconografia
E provável que a alegoria da morte representada como um esqueleto com a foice, seja
original do Tarô; se isto for verdade, trata-se de uma das contribuições fundamentais feitas
pelas cartas à iconografia contemporânea, considerando a ampla popularidade desta
metáfora macabra.
Van Rijneberk divide o estudo deste arcano em três aspectos: o número treze,
oesqueleto, a foice. Como emissário de uma premonição sombria, o treze tem seu
antecedente cristão nos comensais da Última Ceia, de onde a tradição extraiu um conto
bastante popular da Idade Média: quando treze pessoas se sentam à mesa, uma delas
morrerá em breve.
Esta superstição seria herdeira de outras 
versões mais antigas: Diodoro da Sicília,
contemporâneo do imperador Augusto,
explica desse modo a morte de Filipe da
Macedônia, cuja estátua havia sido
colocada junto as dos 12 deuses
principais, dias antes de ser assassinado.
Simbolicamente, o número 13 representa
a unidade superadora do duodecimal,
ou seja, a morte necessária de um ciclo
completo, que implica também – ainda
que este aspecto tenha sido esquecido na Dança da morte
transmissão popular – a ideia consequente Gravura em madeira (1493) - www.deathreference.com
de renascimento.
Na arte cristã primitiva não há traços da
representação devastadora deste símbolo.
Tal fato não será estranho se lembarmos
das ideias centrais dos catecúmenos, ou
seja, a morte entendida como pórtico de
uma vida melhor.
A arte dos primeiros séculos transmite a confiança na proximidade do Juízo Final (e a
consequente ressurreição da carne), o que traduz a absoluta falta de medo frente a um
estado transitório.
O esqueleto propriamente dito só aparece em todo o seu esplendor nas Danças da morte,
disseminadas pelos cemitérios e claustros europeus, quase que simultaneamente, e com
certeza não antes do séc. XV.

As pestes, no final do séc. XIV, evocam a morte inelutável. Reis ou vassalos, todos são afetados.
Danse Macabre de Bernt Notke, 1440-1509, na Igreja de S. Nicolau, em Tallinn, Estônia. (www.wikipedia.com)

O tema das composições desse período mostra-se idêntico em todos os lugares: o


esqueleto se apodera (o matiz está apenas no grau de violência ou gentileza) de criaturas
humanas de ambos os sexos, de qualquer idade e condição.
Outro elemento que as Danças da morte têm em comum é que todas são posteriores ao
Tarô, de cuja popularidade puderam extrair o encanto de suas imagens.
  Nestas danças, no entanto, não há esqueletos com foices, mas sim
com diversos objetos (uma espada, um arado, um par de tesouras,
um arco e flechas) que se referem em geral ao ofício da pessoa que
será levada pela morte.
Em Joel (4,13), Mateus (13,39), Marcos (4,29) e no Apocalipse
(14,14-20) podem ser encontradas metáforas bíblicas em que se
fala da foice como instrumento de justiça empunhado por Jeová,
pelo Filho do Homem e, mais tarde, pelos anjos: como derivação
deste princípio moral.
Oswald Wirth  Os esotéricos não veem a morte como falha ou imperfeição: as
também não coloca formas se dissolvem, variam de aparência quando se tornam
nome na carta 13 incapazes de servir ao seu destino. Desse modo, entre
o Imperadore a Morte (primeiros termos do segundo e do quinto
ternário, respectivamente), há apenas uma diferença de matizes:
ao esplendor máximo do poder e da matéria sucede sua extinção,
que é uma conseqüência lógica e também uma necessidade. Como
parábola do processo iniciático em oposição à vida corrente, é talvez
o arcano mais explícito: “O profano deve morrer –
lembraWirth – para que renasça a vida superior que a Iniciação
concede”.
A morte guarda relações simbólicas com a terra, com os quatro elementos, e com a
gama de cores que vai do negro ao verde, passando pelos matizes terrosos. Também é
associada ao esterco, menos pelo que este possa ter de desagradável do que pelo
processo de transmutação material que representa.

XIV. A Temperança
O Arcano da Inspiração e da Alquimia
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

Um anjo com rosto feminino derrama o conteúdo de um vaso em


outro. O personagem é visto de frente, com o rosto ligeiramente
inclinado para a esquerda e para baixo, e o tronco voltado na
mesma posição.
Sua vestimenta tem várias cores: azul, de cada lado do corpete,
e na metade esquerda da saia; vermelho, nas mangas e na outra
parte da saia. As asas são azuis (ou cor de pele, na edição
Grimaud). Os pés permanecem ocultos pelas pregas da saia.
    A flor no topo da cabeça, o botão amarelo no meio do peito (ou
um panejamento dourado, em outras versões), salientam chacras
ativos do personagem.
Três linhas onduladas unem os vasos que o anjo segura; o líquido
derramado pode representar as energias em transmutação.
Na edição Camoin (ilustração ao lado), a barra do vestido, em
amarelo, representaria serpentes entrelaçadas, sob controle do
anjo, aos seus pés. Ou seja, representa seu vínculo com a
circulação das energias em diferentes níveis de manifestação.

Significados simbólicos
A elaboração cuidadosa das polaridades. A transmutação dos elementos e a alquimia.
Renovação da vida, abertura às influências celestes, circulação, adaptação, flexibilidade.
Serenidade. Harmonia. Equilíbrio.
Interpretações usuais na cartomancia
Tolerância, paciência, praticidade, felicidade. Aceitação dos
acontecimentos, flexibilidade para adaptar-se às circunstâncias.
Educação, trato social. Caráter elástico para enfrentar as
transformações. Temperamento descuidado.
Mental: Espírito de conciliação, ausência de paixões no
julgamento; dá o sentido profundo às coisas, na medida em que
representa um princípio eterno de moderação. Exclui a rigidez, o
emperramento. Corresponde à disposição de flexibilidade e de
maleabilidade.
Emocional: Os seres se reconhecem e se encontram por suas  
afinidades. Sob a influência desta carta são felizes, mas não
evoluem e não conseguirão se livrar um do outro.
Físico: Conciliação nos negócios, atividades e empreendimentos.
Dá estímulo para pesar os prós e contras, encontrar a maneira
de estabelecer um compromisso, mas sem preocupações se o
empreendimento será ou não coroado de êxito. Reflexão, decisão
que não pode ser tomada de imediato.
Do ponto de vista da saúde: enfermidade difícil de curar, porque
Dellarocca - 1836
se alimenta de si mesma.
Desafios e sombra: Desordem, discordâncias. Indiferença. Falta de personalidade,
passividade. Inconstância, humor irregular, desequilíbrio. Tendência a se deixar levar pela
corrente, submissão à moda e aos preconceitos. Resultados não conformes às aspirações.
Derramamento, saída, fluxo involuntário. As coisas seguem o seu curso.

História e iconografia do arcano da Temperança


A mulher que derrama líquido é uma alegoria muito
comum durante a Idade Média para representar
avirtude da temperança: supunha-se
quemisturava água no vinho para diminuir os
seus efeitos. Curiosamente, a mesma imagem
serviu durante os primeiros séculos do cristianismo
para ilustrar o contrário: o milagre das bodas de
Caná, onde – por ordem de Jesus – a água se
transforma em vinho.
Com outros significados pode ser encontrada nos
versos de Horácio: “O cântaro reterá por longo
tempo o perfume que o encheu pela primeira vez”.
Mistura de anjo e mulher, A Temperança evocou
sempre, para os investigadores do Tarô, o mito    
dohermafrodita. Tema recorrente e vastíssimo,
por um de seus aspectos – que é o que aqui
interessa – a androginia tem sido considerada
desde tempos antigos como premonição feliz. Isto
faz da Temperança uma carta amável, do ponto de
vista adivinhatório, cuja presença alivia a densidade
do oráculo.
Arcano de reunião, e portanto de equilíbrio –
aconiunctio oppositorum, em sua fase anterior à
bissexualidade – onde o derramar do líquido já foi
interpretado como metáfora das transformações:
apassagem do espiritual ao físico, do
sentimento à razão.
Do ponto de vista astrológico está em paralelo com
as representações aquarianas, que por sua vez
guardam correspondência com o simbolismo
deIndra, divindade hindu da purificação.

Temperance, Pedro del Pollaiuolo, 1470


www.aiwaz.net

Wirth relaciona a androginia da Temperança ao quinto ternário do


Tarô, que provém da morte assexuada (XIII) e culmina no Diabo
bissexual (XV). É preciso assinalar também sua localização
comoúltimo termo do segundo setenário, que corresponde à
Alma ou psique, plano da personalidade fluente, flexível e instável
na natureza, relacionada às águas em quase todas as teofanias,
assim como o Espírito é associado à luz (fogo, ar) e o Corpo à terra.
O derramamento entre vasos gêmeos e opostos levam, por outro
lado, as especulações sobre os prodígios terapêuticos: o Arcano
    XIIII é claramente o curador, o agente reparador e reconstituinte,
aquele que verte harmonia universal sobre o desequilíbrio individual.
Como o Eremita, lembra os médicos, curandeiros e charlatães; mais
ainda, lembra conselheiros, confessores e terapeutas.
A Temperança pode ser vista, ainda, no contexto do
inesgotávelsimbolismo aquático, pois se refere à matéria unívoca
(o oceano primordial), à corrente circulatória que mantém a vida
(chuva, seiva, leite, sangue, sêmen), à mãe (meio aquoso no plano
Tarô de Oswald Wirth pré-natal) e às imersões como rito de morte e ressurreição
(batismo).

XV. O Diabo
O Arcano da Contra-inspiração e da Sedução
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Três personagens estão representados de pé. No meio, sobre um
pedestal vermelho em forma de cálice, um hermafrodita com asas
e chifres. Abaixo, duas figuras, uma delas feminina e a outra
masculina, pequenas e dotadas de atributos animais; estão
presas, por uma corda que lhes passa ao pescoço, a um aro que
se encontra no centro do pedestal.
O personagem central está totalmente marcado pela dubiedade:
despido, veste apenas cintos vermelhos que parecem segurar
seios e genitais postiços; tem na cabeça uma curiosa touca
amarela, da qual sobem dois chifres de veado; duas asas
  amarelas (ou azuis, na ed. Grimaud), de formato semelhante à
dos morcegos, brotam das suas costas. Tudo indica que o
personagem é do sexo masculino, mas seus seios estão
desenvolvidos como os de uma mulher. Uma face se inscreve em
seu ventre e, nos joelhos, dois olhos. Suas mãos e pés
apresentam características simiescas; a mão direita, erguida,
mostra o dorso; a esquerda segura a haste de uma tocha.
O par acorrentado é visto de três quartos. Estão completamente
nus, mas têm uma touca vermelha da qual sobem chifres negros.
Tarô de Marselha-Hadar Os dois têm rabo, patas e orelhas de animal; escondem as mãos
atrás das costas e ficamos sem saber se estão atadas ou não.
No nível em que os dois personagem menores se encontram, o chão é preto, mas na altura
do pedestal torna-se azul (ou ou vermelho) com listras variadas. O fundo é incolor.

Significados simbólicos
    As provas e provações. As tentações e seduções.
    Magias. Desordem. Paixão. Luxúria. Dependência.
    Intercâmbio, eloquência, mistério, força emocional.

Interpretações usuais na cartomancia


Paixões indomáveis. Atração sexual. Ação mágica, magnetismo. Capacidade milagreira.
Poder oculto, exercício de influências misteriosas.
Proteção contra as forças obscuras e os encantamentos.
Mental: Grande atividade, mas totalmente egoísta e sem
qualquer preocupação pela justiça.
Emocional: Pluralidade, diversidade, avidez, inconstância.
Busca em todas as direções para atrair tudo. Sem a menor
preocupação com o próximo. Libertinagem.
Físico: Grande irradiação neste plano, em particular no
domínio material e nas realizações concretas. Poderosa
influência sobre os outros.  
Forte atração pelo poder material. Tem, contudo, uma
deficiência: todo o sucesso que promete tende a ser obtido por
vias censuráveis. Desta forma a fortuna será alcançada e os
delitos têm grande probabilidade de permanecerem impunes.
Inclui também a punição: de acordo com a sua relação com as
outras cartas, pode significar que os sucessos serão efêmeros
e que o castigo virá na sequência.
Do ponto de vista da saúde: instabilidade nervosa, transtornos
psíquicos; aparição de enfermidades hereditárias. Tarô Minchiate Etruria (1725)

Desafios e sombra: A ação parte de uma base má e seus efeitos podem ser calamitosos.
Desordem, inversão de planos, coisas obstruídas. Do ponto de vista da saúde: ampliação
do mal, complicações. Disfunção. Superexcitação, sensualidade. Ignorância, intriga.
Emprego de meios ilícitos. Enfeitiçamento, fascinação repentina, escravidão e dependência
dos sentidos. Debilidade, egoísmo.
História e iconografia
Durante a baixa Idade Média o Diabo era representado usualmente como
um dragão ouserpente,  imagem derivada,  sem dúvida,  de seu papel  no  Gênese.
Por um processo simbiótico – característico da iconografia –
Eva e o Diabo se fundiram com frequência na figura
da serpente com cabeça de mulher: isto pode ser visto
quase sempre nas ilustrações dos mistérios franceses que falam
da Queda.
O desenvolvimento antropomórfico, que levou o Diabo a se
converter na figura que conhecemos tem sua origem,
provavelmente, nas tradições talmúdicas e nas lendas pré-
cristãs, segundo as quais a serpente edênica teria tido mãos
e pés de homem, membros que perdeu como castigo por sua
maldita intervenção no drama do Paraíso, ficando condenada a
 
arrastar-se até o fim dos tempos.
De modo similar o Diabo aparece no Apocalipse de Abraão,
onde o Tentador é descrito como um homem-serpente,
descrição retomada por Josefo e por boa parte dos autores
judeus dessa época.
Já no Antigo Testamento (Jó 1,6-12 e 2,1-7) menciona-se
estahumanização de Satã, e em Mateus (4, 3-11) aparece
São Miguel e o Dragão com toda clareza o antropomorfismo do personagem. Ele é
Mont St. Michel - França assim descrito num manuscrito de Gregório de Nicena, onde
toma a forma de um homem jovem, alado e nu da cintura
para cima.
No final do primeiro milênio a imagem do Diabo sofre a sua
mais cruel metamorfose, que transforma o mais formoso
dos anjos em sinônimo de abominação e horror.
Van Rijneberk atribui aos miniaturistas anglo-saxões essa
mudança iconográfica, que correspondia à simplicidade
analógica da época. Se o Diabo continha a soma de todos os
pecados e escândalos, seria lógico, dessa forma, que fosse
representado como o apogeu de feiúra e pavor.
O homem com garras das figuras mais tênues sofreu a
inclusão de chifres, dentes enormes, pêlos, cascos de
bode, seios enrugados, rabo que terminava em seta. Assim  
aparece nos manuscritos alemães dos séculos X e XI, e
noMissel Oxonien do bispo Léofric (960-1050). O Diabo da
lâmina do Tarô – um morcego hermafrodita – mostra-se
como herdeiro dessa representação.
Van Rijneberk destaca o sentido metafísico de Satã para os
Pais da Igreja, longe ainda dessas representações. Entre os
séculos III e IV, Atanásio relatou as fadigas que
costumavam acompanhar os tentados: o aspecto São Miguel e o Diabo
do Maligno produzia mais angústia do que repulsa; sua voz Normandia, 1480
era terrível e seu movimento oculto como o de um
assassino.
  Tanto Cirlot como Oswald Wirth – a partir de
seus respectivos planos de observação – evitam
entrar no complexo campo da demonologia ao
comentarem o Arcano XV. 
Assim, o primeiro destes autores se limita a
compará-lo ao “Baphomet dos templários, bode
na cabeça e nas patas, mulher nos seios e
Primeira tentação de Jesus Cristo braços” e a mencionar que o personagem tem
Copenhague, 1222
como finalidade “a regressão ou a paralisação no
fragmentado, inferior, diverso e descontínuo”.
Oswald Wirth, por outro lado, afirma que o Diabo
é o inimigo do Imperador (IV) na luta política
pelo poder no mundo material, e se pergunta
quem é “que opõe os mundos ao Mundo, e os
seres entre si”.
Para  Ouspensky,  o Diabo  “completa o triângulo cujos outros dois lados são a morte e o
tempo”, no sentido da formalidade do ilusório.
Ele dá origem ao terceiro e último setenário do Tarô, plano do
mundo físico ou do corpo perecível do homem. Do ponto de vista da
finitude temporal, não é menos importante do que o Prestidigitador
para o reino do espírito, ou o triunfal protagonista de O Carro (VII)
para a análise psicológica.
"Na medida em que sempre houve áreas sombrias e ainda
desconhecidas para o conhecimento e que presumivelmente, os
enigmas subsistirão sempre – diz Jaime Rest no seu artigo Satanás,
Suas Obras e Sua Pompa —, o demoníaco foi e continuará sendo
uma constante de nossa realidade, já que esta experiência parece
 
nutrir-se primariamente de algo que se desdobra além do domínio
humano, e cuja índole tremenda e estremecedora suscita em nós
este abalo íntimo que os teólogos denominam temor numinoso”.
O estudo dessa figura pode incluir as metamorfoses sofridas pelo
Diabo (incluindo a variabilidade do aspecto: da beleza
resplandecente com que Milton e William Blake o imaginaram até o
horror da sua corte nas telas de Goya) para retornar ao memorável
ponto de partida de onde se concebe sem dificuldades a Tarô de Oswald Wirth
permanência do demonismo: Satã como “um desafio da ordem que
os homens atribuíram a Deus”.
  A figura do Tentador, por outro lado, é inseparável
das legiões que o servem (ou seja, da ideia do
Inferno), e o Tarô repete esta associação ao
representá-lo junto com o casal acorrentado – seres
que podem ser tanto seus prisioneiros como seus
colaboradores. A repetição do esquema dantesco é
atribuída por Carrouges à paralisia imaginativa dos
séculos posteriores em relação ao tema; daí a
fixação e o empobrecimento do ciclo mítico na
literatura europeia.
Esta visão demonológica contemporânea, que faz do
Diabo uma metáfora conflitante da dignidade
humana, não é menos importante que a tradicional.
Impõe-se, ao menos, como mais uma referência
para a análise atualizada do Tarô.
Os comentários reunidos até aqui, porém, estão
longe de esgotar as indicações para o estudo deste
personagem tão ambíguo.
Vale a pena conhecer as reflexões de G. O. Mebes,
Baphomet em Os Arcanos Maiores do Tarô, sobre o papel de
Gravura de Eliphas Levi (1810-1875) Baphomet, enquanto representação "da bipolaridade
do turbilhão astral", passagem inevitável no
processo evolutivo.

O Livro de Jó e o curioso papel de Satanás


Nos estudos do arcano 15 costumo lembrar de um contraponto às abordagens usuais dessa
figura ambígua. Gosto de citar a passagem inicial do Livro de Jó (Jó 1, 6-12):
Um dia, foram os filhos de Deus apresentar-se ao
Senhor. Entre eles, também Satanás. O Senhor disse,
então, a este: “De onde vens?” – “Acabo de dar umas
voltas pela terra”, respondeu ele. O Senhor disse-lhe:
“Reparaste no meu servo Jó? Na terra não há outro
igual: é um homem íntegro e reto, teme a Deus e
afasta-se do mal.” Satanás respondeu ao Senhor: “É
sem motivo, que Jó teme a Deus? Não levantaste um
muro de proteção ao redor dele, de sua casa e de todos
os seus bens? Abençoaste as obras de suas mãos, e
seus bens cresceram na terra. Estende, porém, um
pouco a tua mão e toca em todos os seus bens, para
ver se não te lançará maldições na cara!” Então o
Senhor disse a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele  
possui está a teu dispor. Contra ele mesmo, porém,
não estendas a mão”. E Satanás saiu da presença do
Senhor.
Fica explícito que Satanás dialoga com o Senhor e é
autorizado a realizar as provas. Jó sofre toda sorte de
revezes que se estendem mesmo depois de o Diabo se
convencer das virtudes desse santo homem. Mas, no
final de tudo, o Senhor restituiu em dobro a Jó tudo
que lhe fora tirado: "Jó viveu ainda cento e quarenta e
quatro anos e viu seus filhos e os filhos de seus filhos Jó e o Diabo
até a quarta geração. E morreu velho e cumulado de Xilogravura de autor desconhecido
dias."
Costumo recorrer ao bom humor para traduzir um certo papel do personagem do arcano
15: ele é o inspetor de qualidade autorizado por Deus para colocar os homens à prova. E
esse mesmo papel se repete quando Cristo se prepara para sua missão final nesta terra: o
Diabo vem testar o próprio filho de Deus oferecendo tentações de poderes. Sem maiores
problemas o Cristo passa pelas provas e o Diabo sai de cena.
Essa conotação de "inspetor de qualidade" pode nos ajudar, entre outros atributos, a
refletir sobre estratégias de ação, quando o arcano 15 sai numa tiragem com a função de
indicar o conselho ao consulente para enfrentar algum desafio ou para corrigir uma
situação difícil.
Pensar simbolicamente exige muito mais do que classificar sumariamente as cartas como
"boas" ou "ruins". Esse alô vale também para buscamos compreensão mais ampla da carta
13, A Morte, e da 16, A Torre.
XVI. A Torre ou Casa de Deus
O Arcano da Libertação e da Construção
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
O céu está coberto de esferas coloridas; dois homens caem de
uma torre fulminada por um raio. A torre – localizada num terreno
montanhoso, do qual brotam seis plantas verdes – tem três
janelas azuis; a maior delas parece estar num andar mais alto que
as outras. Não aparece a porta de entrada, na edição Grimaud.
Um raio com várias cores, linhas exuberantes, decapita o edifício,
que é arrematado por quatro ameias. Sobre o fundo incolor do céu
podemos contar 4 esferas na parte superior, 14 esferas à
esquerda, 19 esferas à direita.
  Um dos homens está caindo na frente da torre; do outro, mais
atrás, vê-se apenas a parte superior do corpo. Os dois estão de
perfil. No Tarô clássico, não aparecem tijolos ou pedras caindo
sobre os homens, como se colocassem suas vidas em risco.
As pequenas manchas que se observam no chão, na frente da
torre, não têm uma definição clara: podem ser pedras, líquido,
pegadas.
Significados simbólicos
Tarô de Marselha
Rompimento das formas aprisionadoras, liberação para um novo
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início. Desafios dos momentos de transição.
Destruição da rigidez e das cristalizações desnecessárias. Abertura. Conhecimento.
Desmoronamento e queda. Quebra dos limites de segurança.

Interpretações usuais na cartomancia


Alterações, subversões, mudanças, debilidades. Libertação da alma aprisionada; quebras.
Conhecimento súbito. Relances esclarecedores. Parto, crise saudável, transmutações.
Modificação traumática, separação repentina e inesperada. 
Perdas, insegurança. Desconfiança em si mesmo, inquietação
provocada por negócios arriscados.
Benefício recebido devido aos erros de outras pessoas. 
Austeridade, uma tendência à timidez. Temperamento
piedoso, religiosidade prática que não deprecia o material.
Mental: Indica o perigo que pode haver em insistir numa
certa direção, em manter uma ideia fixa. Advertência para
evitar tropeços e precipitações que poderão aniquilar os
planos em andamento.
Emocional: Domínio sobre os seres, mas sem caridade nem
amor, já que se exerce com despotismo. Tarde ou cedo,
sofrerá uma rejeição afetiva.
Físico: Projeto brutalmente abortado. Sinal ou anúncios que
não foram levados em conta; deve-se buscar cautela nas A Torre no Tarocchi 
atividades e negócios. Minchiate Etruria (1725)

A chama que decapita a torre pode ser interpretada, no


entanto, como uma liberação. Do ponto de vista da saúde:
não passar os limites das forças vitais, já que uma
enfermidade espreita. 
Se há alguma enfermidade, indica o restabelecimento após um período penoso.
Desafios e sombra: Cataclismo, confusão. Enfermidade. Falta castigada, catástrofe
produzida por imprudência. Maternidade clandestina. Escândalo, hipocrisia desmascarada.
Excesso, abuso. Presunção, orgulho. Empreendimentos utópicos.

História e iconografia
A imagem de um homem que se precipita no vazio, do alto de uma torre, é uma das
alegorias mais remotas que se conhece para representar o orgulho. Custa pouco intuir que
esta metáfora – e a aniquilação celeste que a acompanha – tem filiação direta ao destino
da torre de Babel.
Alguns estudiosos pensam que a sua inclusão no Tarô pode
ser devida a uma impressionante corroboração histórica: o
processo contra os templários e a sua queda vertiginosa,
contemporânea dos imagiers que compuseram o Tarô.
Mais ambígua parece ser a chuva de esferas multicolores,
cuja leitura não admite outra interpretação que a da
influência do “alto” (com variações, esta chuva se repete
nas cartas XVIII e XIX, arcanos de evidente simbolismo
 
sideral).
Em uma miniatura pertencente a um manuscrito da Bíblia
Pauperum (1350 a 1370), vê-se que o fogo do altar é
aceso por meio de uma chuva semelhante à destes três
Baixo relevo do século 13 arcanos.“Celita flamma venit / Et plebis pectora lenit”
Catedral de Notre Dame de Amiens
("Vem a chama celeste / E aplaca o peito do povo"), é o
França que diz a legenda, clara paráfrase do milagre concedido a
Elias diante da multidão cética (I Reis 18, 38-39).
Além do nome com que figura aqui, o Arcano XVI é também
conhecido como A Torre ferida pelo raio, e pelo enigmático La
Maison-Dieu, que aparece no Tarô de Carlos VI, na versão de
Marselha, e que Oswald Wirth aproveita no seu desenho atualizado.
O próprio Wirth, porém, não dá uma explicação satisfatória para
este último nome, limitando-se a corroborar o evidente simbolismo
arquitetônico da figura, que se refere ao homem por sua
verticalidade; à casa e às obras que ele constrói sobre a Terra – de  
onde se poderia deduzir também uma parábola sutil sobre o
orgulho, pelo despropósito da tentativa de imitar o Grande
Arquiteto.
Em certas versões do Tarô, parcialmente conservadas, o Arcano XVI
apresenta um diabo que bate um tambor. Mas sua figura é
secundária porque em primeiro plano aparece a goela de um
monstro, entre cujos dentes se debate um ser humano.
Isso parece indicar que o fundo simbólico desse arcano, vale dizer,
as analogias que se pode estabelecer na série torre-casa-goela-
Tarô Oswald Wirth
vagina-gruta-caverna primordial são muito anteriores à sua
representação no jogo de cartas.
Podemos constatar que este é o primeiro edifício que figura no Tarô e, de longe, o mais
destacado. Neste sentido é preciso agregar à série analógica proposta as seguintes
indicações: toda torre é emblemática do simbolismo ascensional e na Idade Média
representou frequentemente a escala intermediária entre a Terra e o Céu. Por seu aspecto
murado, cuidadosamente defendido, também estabelece analogias com a virgindade.

XVII. A Estrela
O Arcano da Esperança, do Crescimento e da Mãe do futuro
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Uma mulher com um joelho apoiado no chão tem uma jarra em
cada mão, derrama o conteúdo de uma delas numa superfície de
água (rio ou lago) e, da outra, na terra. No céu há oito estrelas.
A mulher é jovem e está completamente nua; seus cabelos caem
livremente sobre as suas costas e ombros. O joelho que está
apoiado no chão é o esquerdo; a ponta do pé direito está em
contato com a água. Representada ligeiramente de três quartos,
seu olhar parece ignorar o trabalho que realiza. Do chão brota
    uma planta com três folhas e, um pouco mais atrás, dois
arbustos diferentes se destacam contra um céu incolor; sobre o
que se encontra à direita da mulher um pássaro negro de asas
abertas parece estar pousado ou a ponto de levantar voo.
No céu podem ser vistas duas estrelas de sete pontas e cinco
estrelas de oito pontas. Estão dispostas simetricamente em volta
de uma estrela muito maior, que tem dezesseis pontas, oito
amarelas e oito vermelhas.
<-- A Estrela no Tarô de Marselha restaurado por Kris Hadar

Significados simbólicos
Esperança, confiança. Idealismo. Imortalidade. Plenitude. Beleza. Natureza.
O céu da alma. Influência moral da ideia sobre as formas.

Interpretações usuais na cartomancia


Pureza, entrega às influências naturais, sadias. Confiança no  Ilustração in Andrea Vitali
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destino. Plenitude e sensibilidade poética, intuição. Bondade,
espírito compassivo. Energia, convalescença.
Mental: Alguém traz uma força para ser utilizada, mas não
diretamente. É a inspiração do que deve ser feito.
Emocional: Uma corrente de equilíbrio e de esplendor.
Físico: A satisfação, o amor humano em toda a sua beleza; o
destino dos sentimentos que animam o ser. Realização das coisas
através da ordem e da harmonia.
Em questões referentes à arte, esta carta fala do dom de
encantamento, ou seja, o resplendor que atrai o próximo.
Desafios e sombra: Harmonia desviada de seu objetivo inicial;
estabilidade física pouco duradoura; falta de atetnção; descuido e
displicência.
Falta de vergonha, despudor, leviandade. Falta de
espontaneidade. Coações, moléstias. Natureza artificial e anti-
higiênica.
Tendência para a evasão e para o romantismo exagerado. Falta
de aptidão para a vida prática. Estreiteza de visão, doenças.
A Estrela no Tarô de Bartolomeo Colleoni, Milano 1460-1470 -->

História e iconografia
O número de estrelas representadas neste arcano varia, segundo o modelo do Tarô, de seis
a oito. Astronomicamente, parece referir à constelação das Plêiades (uma estrela grande,
rodeada de sete menores) ou ao setenário sideral com o Sol no centro.
“Fala-se de sete Plêiades – disse o sutil Ovídio – mas
na verdade não vemos mais que seis."
Devido à reprodução quase textual da alegoria do
signo de Aquário , muitos vêem no Arcano XVII uma
herança zodiacal. Mas van Rijneberk nota, com razão,
que tanto este signo bem como suas alegorias das
correntes de água, foram tradicionalmente
representados com figuras masculinas.
Outra diferença entre a carta e seu pretendido modelo
  é o número de ânforas: tanto Aquário quanto os seus
similares alegóricos (que incluem representações do
Dilúvio) transportam um só recipiente.
É possível, desse modo, atribuir à Estrela uma relativa
originalidade, o que permite supor que a frequente
mudança de sexo de Aquário, em imagens posteriores
Representação de Aquário ao século XVI, teria se inspirado no Tarô.
Ganimedes, o mais belo mortal, levado
por Zeus ao Olimpo, para ser escanção No verbete dedicado a este signo zodiacal no
(= servidor de vinho) dos deuses. seuDicionário de Símbolos, Juan-Eduardo Cirlot passa
uma informação que vale a pena citar:
“No zodíaco  egípcio de Denderáh o homem de Aquário dispõe de duas ânforas, troca que
explica melhor a transmissão dupla das forças, em seus aspectos ativo e passivo, evolutivo
e involutivo, duplicidade que aparece substantiva no grande símbolo de Gêmeos”.

Uma fonte menos provável, mas não impossível, da 


iconografia desta estampa pode ser encontrada no Livro
doApocalipse (XVI, 3, 12): ali é dito que os sete anjos
derramarão suas taças sobre o solo e o ar, mas sobretudo
sobre os cursos d'água.
A estrela – individual e guia; sinal da divindade sobre o céu
do herói – é um emblema comum a diversas mitologias.
Delas passa para a tradição e a arte cristãs, e na atualidade
pode ser encontrada em numerosas manifestações folclóricas
no seu sentido alegórico mais transparente: a pureza,
odestino prometido, a elevação.
São João Crisóstomo (Patrística grega, tomo LVI) parece ter
recolhido a seguinte lenda: um povo oriental, do qual só
sabemos que vivia perto do oceano e que tinha entre as suas
tradições um livro atribuído a Set, escolheu em época remota A Estrela
doze homens dentre os mais sábios, cuja missão era única e Tarô Visconti Sforza(1450)
surpreendente: vigiar o nascimento de uma estrela que o
livro previa; se algum deles morria, seu filho ou parente mais
próximo era eleito para substituí-lo. Mantiveram este rito
durante gerações, até que a estrela da sorte apareceu no
horizonte: três deles foram então encarregados de segui-la, o
que fizeram por dois anos, durante os quais nunca lhes faltou
bebida nem comida. 
“O que fizeram depois – conclui o curioso pergaminho – é explicado de forma resumida nos
Evangelhos."
Quanto ao arbusto que aparece à esquerda, Wirth acredita que seja
uma acácia, “mimosa do deserto, cujo verdor persistente simboliza
uma vida que se recusa a extinguir-se”. O prestígio mítico da acácia
é tão vasto quanto intrincado: além de ser a planta emblemática
daesperança na imortalidade, é também protagonista de
histórias notáveis: entre suas raízes teria sido enterrado Hiram Abiff
— o lendário mestre dos construtores do templo de Salomão e
detentor da tradição perdida — depois de ser assassinado; da sua
madeira teria sido construída a cruz de Jesus Cristo.
 

Podemos acrescentar que a jovem da figura lembra o princípio


feminino de certos ritos primordiais, “a mãe sempre jovem, a
consoladora, a clemente, a natureza amável e bela, a terna amante
dos homens”. É sob este aspecto que os oráculos tendem a
relacioná-la à juventude e ao bom humor, ao sonho e às suas
revelações, e à realidade da poesia.
<-- A Estrela no Tarô de Oswald Wirth

Fulcanelli acrescenta ainda o duplo sentido simbólico da estrela, como


concepção enascimento, e faz uma bela descrição de um vitral da sacristia de Saint-Jean
de Rouen, onde estão representados Benito e Felicitas, pais de São Romão; os esposos
estão deitados na cama totalmente nus; sobre o ventre da mulher, que acaba talvez de
conceber o santo, pode-se ver uma estrela.
XVIII. A Lua
O Arcano da inteligência instintiva, dos ciclos vitais
Compilação de 
Constantino K. Riemma

A Lua parece atrair (ao contrário do Sol) dezenove manchas de


cor, em forma de lágrimas. Essa direção das gotas varia com os
diferentes desenhos, mesmo entre as versões clássicas.
Embaixo da Lua há dois cães e, mais atrás, duas torres. Alguns
autores reconhecem um dos animais como cão e, o outro, como
lobo.
Em primeiro plano, um lagostim (a maioria das descrições fala
em “caranguejo”) encontra-se num tanque que, com suas bordas
retas, parece construído; os dois cães têm a língua para fora,
dando a entender que querem lamber as gotas. Do chão brotam
    várias plantas (ou apenas três, em algumas versões).
As duas torres parecem delimitar e proteger o espaço no qual se
encontram os animais e o tanque.
A Lua está ao mesmo tempo cheia e crescente; dentro desta
última figuração vê-se o perfil humano; os raios são de dois
tamanhos. As dezenove lágrimas estão dispostas em forma de
colar, numa fileira dupla e com a ponta para baixo.

Tarô de Marselha Significados simbólicos


www.camoin.com
A inteligência instintiva, os ciclos vitais e emocionais.
Os elementos da natureza, o mundo em sua aparência, a luz refletida, as imagens, as
formas materiais, as expressões simbólicas e as analogias.
Imaginação. Reflexão, reflexos e relances. Aparências. Ilusões. 
O momento de reavaliar a direção, de buscar inspiração no retorno à fonte.

Interpretações usuais na cartomancia


O mundo sensível, instintivo, vital. Experimentação, trabalho, penosa conquista da
verdade. Instrução pela dor; trabalho cansativo, mas necessário.
Vidência passiva, receptividade, sensibilidade, lucidez.  
Navegação, mudança. Inconstância, insegurança, medo. 
Irracionalidade, fantasias, penumbra.
Mental: Em caso de negociações: mentira; em caso de
trabalho pessoal: erro. Olhar superficial em todos os níveis.
Emocional: Sentimentos conturbados ou em desordem,
passionais, aparentemente sem saída. Ciúmes. Hipocondria.
Ideias quiméricas.
Físico: Obscurecimento. Agitação. 
Escândalo, difamação, denúncia, segredo que fica público.
Se a pergunta se refere à saúde, pode significar desordens no Tarô italiano de 1835
sistema nervoso, o que pode tornar recomendával uma Carlo Dellarocca - Milão

mudança de ambiente, para buscar lugares secos e com calor.


Desafios e sombra: O instinto – causa de miragens – acentua
seus efeitos pela situação ascendente do pântano. Estado de
consciência confuso que permanece latente e sem se
manifestar. Erros dos sentidos, falsas suposições. Embustes,
enganos, decepção, desilusão.
Teorias equivocadas, falso saber, vidência histérica. Ameaça,
chantagem.
Viagem inoportuna, caprichos. Caráter perturbado, neurótico.

História e iconografia
Em vários desenhos do Tarô anteriores ao de Marselha – como
é o caso do denominado Gringonneur, de aproximadamente
1455 – o arcano XVIII representa dois astrólogos, elaborando
cálculos sob uma lua minguante. Os diversos elementos do
baralho de Marselha – os cães, o caranguejo, o tanque, as
torres – não aparecem neles. A própria Lua só é apresentada
ao contrário do desenho concêntrico (perfil humano,
crescente), tal como aparece no Tarô de Marselha.
Já nos desenhos mais conhecidos, as duas torres podem ser
consideradas como pórticos monumentais, que defendem ou
protegem o espaço interno, no qual se encontram os animais.
    É imporante lembrar que a Lua (Diana-Hécate, na mitologia
grega) é ao mesmo tempo Janua Coeli e Janua Inferni: a porta
do Céu e a porta do Inferno, o que as coloca em estreita
relação com os dois cães (ou lobos) a uivar. Constituem
indicadores da ideia de dualidade, bipolaridade.
Athanasius Kircher (1601-1680) localizava Anúbis e
Hermanúbis (divindades representadas com cabeça de chacal) 
ante as duas portas do Céu: Anúbis no solstício de inverno,
frente à porta da ascensão, indicada pelo signo de Capricórnio
Tarot Gringonneur no hemisfério norte; Hermanúbis no solstício de verão, frente
ou Charles VI (1445) à porta da descida, ou do homem, indicada pelo signo de
Câncer.
Clemente de Alexandria, por outro lado, descreveu as procissões
egípcias, que incluíam o passeio de dois cães-
deuses: “segundo eles, guardiães das portas no Sol, no norte e
no sul”, o que poderia ter relação com os solstícios do inverno e
da primavera.    

Embora não haja exemplos de zoolatria entre os gregos, é


verdade que consagraram diversos animais para a companhia
dos deuses. No caso de Artemisa – afirma Plutarco, em Isis e
Osíris – seu cortejo era formado por dois cães; é significativo
lembrar que a caçadora celeste era, para seu povo, uma
divindade lunar.
Quanto ao caranguejo, sua relação com a Lua é antiga e
constante, aparecendo em ritos e lendas em numerosas
culturas. Isto pode ser atribuído à marcha para trás do animal,
comparável ao movimento da Lua na observação direta do céu.
Do ponto de vista astronômico, o caranguejo se relaciona com o
simbolismo geral da carta e das torres em particular: Câncer é,
como se sabe, signo do solstício de verão, no hemisfério norte.

Hermanubis

As gotas coloridas em forma de lágrimas que chovem da Lua (ou se dirigem para ela) estão
desenhadas de ponta para baixo; no arcano seguinte (O Sol) aparecem com a ponta para
cima, em particular no Tarô de Marselha.
Ouspensky viu nas imagens do Arcano XVIII uma alegoria
daviagem heróica, um resumo claro do simbolismo relacionado ao
trânsito e a passagem: o tanque de água (matéria primordial), o
caranguejo que emerge (devorador do transitório, como o
escaravelho entre os egípcios), os cães que interceptam a
passagem (guardiães, qualificadores da aptidão do viajante para
enfrentar o mistério), as torres no horizonte (cheias de ciladas e
também de portas – meta, fronteira).
   
Cirlot imagina que os cães impedem a passagem da Lua para o
domínio do logos (conhecimento solar) e comenta a descrição
deWirth sobre o que não se vê na gravura: “Atrás dessas torres
há uma estepe e atrás um bosque (a floresta das lendas e contos
folclóricos), cheio de fantasmas. Depois há uma montanha e um
precipício que termina num curso de água purificadora. Essa rota
parece corresponder à descrição dos xamãs em seus êxtases."
<-- A Lua no Tarô de Oswald Wirth

O que se mostra evidente é que o Arcano XVIII está mais relacionado que qualquer outro
com o plano iniciático da via úmida (lunar).  É por essa razão que Oswald Wirth
relaciona a Lua à intuição e ao imaginativo, ainda que entre suas interpretações mais
recorrentes em relação à Lua figure a sensualidade.
A aproximação do Arcano XVIII com o vasto simbolismo lunar seria interminável, desde a
sua relação com o ciclo fisiológico feminino até o panteão das divindades noturnas,
passando por suas implicações cósmicas, mágicas e astrológicas.
Parece mais prudente considerar que a Lua não se refere a tudo que nomeia, mas sim à
situação específica que compõe com os outros elementos da carta. É bom cuidar para não
limitar este arcano ao repertório específico da Astrologia.
XVIIII ou XIX. O Sol
O Arcano da Intuição
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  
 
Dois meninos estão de pé diante de um muro, sob um sol
com rosto humano, do qual chovem treze lágrimas coloridas.
Os dois personagens vestem apenas uma tanga ou calção
(azuis, na ed. Grimaud). O menino que vemos à direita apoia
sua mão na nuca de seu camarada, estendendo o braço
esquerdo um pouco para trás. O outro tem a sua mão
esquerda na altura do plexo solar de seu companheiro, e o
braço direito numa posição mais ou menos paralela.
No chão, duas pedras, similares às que aparecem na carta
XVI - A Torre. O muro que está por detrás dos meninos é
amarelo, com a borda superior vermelha. Na restauração, ao
  lado, a base é de tijolos azuis.
Do disco solar, humanizado pelo desenho de um rosto visto
de frente, surgem 75 raios; 16 têm forma triangular – a
metade com as bordas retas e a outra metade com as
bordas onduladas — e os 59 restantes são simples raios
negros. Treze gotas, ou lágrimas, ocupam o espaço entre o
Sol e os meninos.

Significados simbólicos
- Vitalidade, alegria. Ressurreição diária ao final da noite.
- Intuição, clareza. O princípio celeste. Luz. Razão.
Tarô de Marselha / Kris Hadar - Concórdia. Influência solar.
Interpretações usuais na cartomancia
Discernimento, clareza de juízo e de expressão. Talento
literário ou artístico. Paz, harmonia, bom acordo. Felicidade
conjugal. Fraternidade, inteligência e bons sentimentos.
Reputação, glória, celebridade. Alegria, sucesso, vitalidade,
força, vivacidade. Compreensão, calor, amor, crescimento.
Mental: propósitos elevados. Sabedoria nos escritos, difusão
popular harmoniosa; pensamento que alcança grande altura.
Emocional: Afeto cavalheiresco, desvelo, altruísmo. Os
grandes sentimentos.
Físico: A saúde, a beleza física. Elemento de triunfo, saída  
para qualquer situação adversa que se esteja atravessando.
Desafios e sombra: Grande adversidade, sorte contrária,
tentativas na escuridão.
Deslumbramento. Vaidade, pose, fanfarrice. Susceptibilidade,
amor-próprio.
Miséria dissimulada sob uma fachada exuberante. Aparência
simuladora, decoração. Artista fracassado, incompreendido.

O Sol no Tarot Visconti Sforza (1450) - restauro Lo Scarabeo -->

História e iconografia
Para van Rijneberk, o arcano XVIIII não tem originalidade
iconográfica, já que a sua figura central – o Sol – é a mesma que
pode ser encontrada em qualquer figuração do astro, e que os
elementos restantes são também especialmente pobres.
Talvez os dois meninos façam uma alusão astrológica ao signo
deGêmeos, período do ano que, no hemisfério norte, corresponde
ao solstício de verão.
    No desenho ao lado, que Oswald Wirth concebeu para este arcano,
os integrantes do par de protagonistas são de sexo diferente e,
embora pareçam adolescentes, já não são crianças. O autor atribui a
eles a condição de filhos da luz, e também a de uma alegoria
dasbodas entre o sentimento e a razão.
Na escala individual, simbolizam a tarefa de regeneração que o
universo começou a realizar a partir da queda. É por isso que Wirth
os considera como “aqueles que reconquistarão o Paraíso”.
No Tarô de Carlos VI, no lugar do par aparece uma fiandeira com
o fuso entre as mãos; provavelmente trata-se de uma referência
a Penélope e ao ardil com o qual conseguiu preservar-se até a
volta do herói.
Nas variantes contemporâneas ao Tarot Gringonneur ou Charles
VI, por volta da metade do século XV, pode-se ver também a
reprodução dos quatro cavaleiros do Apocalipse.    
Não é impossível que, como sugere van Rijneberk, o par de
crinças, que aparece no tarô clássico, represente o rico e
complexo simbolismo do signo de Gêmeos. É importante
lembrar que a passagem do Sol pelo signo de Gêmeos indica, no
hemisfério norte, o ponto de nascimento do verão, estação
associada ao reino solar e luminoso.
A alternância de raios retos e ondulados da efígie solar do Tarô
de Marselha, seria uma alusão ao duplo efeito das radiações do
astro (luz e calor).
No campo divinatório costuma-se opor o Sol à Lua por analogia
de contrários: luz quente x luz fria; luz potente x luz fraca;
diax noite; masculino x feminino...

Tarô Charles VI (1455)

Relacionado ao aspecto Filho das divindades trinitárias, as


qualidades do Sol aparecem frequentemente como atributos
dos heróis, seja porque estes são exaltados à altura do Sol,
ou porque o Sol se manifesta de maneira excepcional em
alguma circunstância de suas vidas. Um exemplo é que o Sol
se oculta prodigiosamente como protesto pela morte do
eleito, nas lendas de Héracles e Sigfrido.
No Antigo Testamento pode-se rastrear a filiação solar
deSansão (Juízes 13.16), desde o seu nome até o lugar em
    que acontecem suas façanhas (Betsemer, que significa "casa
do Sol"), passando pelas relações entre força e cabelo,
análogas às peripécias do Sol no seu trânsito pelas estações.
Uma variante deste tema pode ser encontrada no drama
doGólgota, tal como o contam os Evangelhos (Mateus 27,
45; Marcos 15, 33; Lucas, 23, 44-45).
Como no caso do arcano XVIII (A Lua), no entanto, é
Castor e Pólux, necessário prevenir contra uma excessiva ênfase no
os gêmeos mitológicos. simbolismo solar do arcano XVIIII, o que lhe daria uma
importância desmedida no conjunto das vinte e duas cartas.
XX. O Julgamento
O Arcano da Ressurreição
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

  Na parte superior da carta, rodeado de nuvens, um anjo toca uma


trombeta. Na parte inferior, três personagens nus – um dos quais,
o do centro, está de costas – parecem estar em atitude de oração.
O personagem que está de costas emerge de uma espécie de
sarcófago ou túmulo; seus cabelos são azuis e tem uma tonsura.
Ao seu lado, visíveis somente até a cintura, os dois personagens
restantes – uma mulher à sua esquerda e um homem com barba,
à sua direita – parecem olhar para a figura do centro. Têm as
mãos juntas, como numa prece.
Sobre um céu incolor, o anjo está rodeado de um círculo de
nuvens azuis, das quais saem vinte raios: dez são amarelos; os
outros dez, vermelhos. De suas vestes vê-se apenas um corpete
branco e umas mangas azuis (ou vermelhas, em algunas
versões). Segura a trombeta com a mão direita, que está próxima
O Julgamento da boca; a esquerda apenas a toca, segurando um retângulo com
uma cruz.
Tarô de Marselha-Camoin
Significados simbólicos
Os julgamentos essenciais, a avaliação dos rumos da existência.
O despertar. Exame de consciência. Sopro redentor. 
Renovação. A promessa da vida eterna.

Interpretações usuais na cartomancia


Entusiasmo, exaltação emocional, intensidade dos sentimentos,
espiritualidade. Capacidades ocultas, dom de adivinhação.
Atos prodigiosos, medicina milagrosa. Santidade, doação.
Renovação, nascimento, retorno de assuntos do passado ou sua
atualização. Recados, propaganda, proselitismo, apostolado.
Estar sujeito à avaliação de outros, ser julgado por suas ações.
Mental: O homem convocado a um estado superior; tendências
e desejos de elevação.
Emocional: Devoção, exame de consciência.  
Físico: Estabilidade nos assuntos que estão encaminhados.
Saúde e equilíbrio.
Desafios e sombra: Erro em relação a si mesmo e a todas as
coisas; provas e trabalhos que resultarão de um juízo falso.
Vacilação espiritual, ofuscamento da inteligência. Bobo evocador
de fantasmas.
Ruído, alvoroço, agitação inútil.
O Juizo - Tarô Lombardo Dellarocca (1810)   -->

História e iconografia do Juizo Final


As gravuras cristãs, em geral, mostram duas diferentes
ideias de ressurreição. A primeira, dos Evangelhos,
refere-se aos fenômenos no momento da morte de Jesus:
“Abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos, que
dormiam, ressuscitaram, e, saindo dos sepulcros depois
da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e
apareceram a muitos” (Mateus, 28, 52-53).
Um exemplo desta versão pode ser visto numa miniatura
do século XII. “A terra recebeu ordem de devolver os
  seus mortos”, diz a legenda que a acompanha. A
ilustração, ao lado, oferece ideia similar.
A segunda, mais amplamente difundida, é a do Juízo
Final. Sobre ela escreveram Mateus (25, 31-46) e, com
maior detalhe, João (Apocalipse, 20, 12).
Os artistas que se inspiraram nesta última versão se
viram obrigados a selecionar, cada um à sua maneira,
dentre a profusão de símbolos e alegorias verbais,
aqueles evocados por João para narrar esta cena.
← Juízo Final na igreja Notre-Dame des Fontaines (França)
As primeiras representações do Juízo Final remontam ao
ano mil, aproximadamente, mas alcançaram a perfeição
nos séculos XII e XIII, nas catedrais. Conhece-se apenas
um exemplo anterior a estas datas: trata-se de um baixo-
relevo em marfim (Tours, c. 800).
Em todas essas imagens, os mortos surgem inteiramente
nus dos seus túmulos, o que seguramente foi tomado de
 
fontes tradicionais (o Livro de Jó; a carta de São Columban
a Hunaldus – ano 615; o opúsculo Desprezo do Mundo, de
Inocêncio III – cerca de 1200).
Uma tradição popular, surgida nesta mesma época,
acredita que os mortos surgiriam de seus túmulos como
esqueletos, mas que se revestiriam então da carne e da Vitral da St. Chapelle - Paris
pele perdidas assim que tomassem contato com a luz.
A presença dos ressuscitados, bem como o anjo com a trombeta
que parece convocá-los, remetem claramente o arcano XX do Tarô a
essas imagens do Juízo Final; até a bandeirola da trombeta, que
reproduz uma cruz de malta, é frequente nos modelos em que a
carta provavelmente se inspirou.
Num sentido geral, o simbolismo do Arcano XX refere-se à morte da
alma, ao esquecimento da sua finalidade transcendente, no qual o
homem pode cair: o sarcófago ou túmulo representaria as fraquezas
e apetites carnais, e o anjo com a trombeta faz a convocação do
  espírito: a oportunidade pela qual desperta o anseio latente de
ressurreição que se supõe adormecido em todo ser humano.
Para Wirth, o trio de ressuscitados representa a família
essencial(Pai-Mãe-Filho) no momento de sua regeneração, e o
último dos seus termos (o Filho) representa uma nova metamorfose
do protagonista do caminho iniciático.
Quando se admite que o Tarô constitui uma alegoria da Iniciação, é
Tarô de Oswald Wirth possível reconhecer o Prestidigitador-Enamorado-Carro-Enforcado
no homem nu do túmulo, “pronto para receber o Magistério”.

XXI. O Mundo
O Arcano da Alegria e da Celebração da Vida
Compilação de 
  Constantino K. Riemma  

  Dentro de uma grinalda amendoada dança um personagem


nu, coberto só parcialmente por um véu que desce do seu
ombro esquerdo; na mão do mesmo lado traz uma vareta. Nos
cantos da carta, quatro figuras evocam a representação
simbólica tradicional dos evangelistas: anjo, águia, leão e
touro (embora este último pareça mais um cavalo).
A grinalda está formada de folhas simples e oblongas (no Tarô
de Marselha da editora Grimaud, as folhas do terço superior
são amarelas, as do meio vermelhas e as da parte inferior
azuis); está amarrada, em cima e embaixo, por laços
vermelhos em forma de xis.
Dentro do espaço ovulado que a grinalda limita – com o pé
direito pousado sobre um suporte vermelho (ou amarelo) e a
perna esquerda dobrada por trás do joelho direito – está o
personagem que parece dançar. Sua cara poderia ser
masculina, mas tem seios de mulher; o véu curto que o cobre
Tarô de Marselha-Grimaud
tapa justamente o seu sexo. Em uma mão leva a vara, na
outra um objeto indeterminado.
No ângulo superior direito da carta há uma águia, a cabeça
aureolada por um círculo vermelho, olhando para a esquerda;
no ângulo oposto, um anjo olha para baixo.
Nos ângulos inferiores se vê, à direita, um leão amarelo com auréola rosada, representado
de frente; à esquerda, uma espécie de cavalo, o único dos quatro sem auréola. Este último
animal, que é visto de três quartos, olha para a frente e para a esquerda. Tanto o leão
como o cavalo parecem dotados de asas de composição semelhante às folhas da grinalda.

Significados simbólicos
Finalização, realização. Recompensa. Apoteose. 
Encontrar o próprio lugar no mundo. Centralizar-se.
Alegria de viver. O sensível, a carne, a vida transitória. O equilíbrio inspirado.

Interpretações usuais na cartomancia


Sorte grande, êxito completo. Coroamento da obra, finalização de
um processo. Força decisiva. Circunstâncias muito favoráveis,
meio propício. Integridade absoluta. Contemplação envolvida.
Êxtase. Alegria, reconhecimento, riqueza.
Representa o elemento feminino. É uma carta de caráter muito
individual.
Mental: Grande poder da mente. Tendência para a perfeição.
Magistério mental e psíquico.
Emocional: Significa elevação do espírito, sentimentos amorosos
no sentido altruísta, sem egoísmo nem sensualidade. Amor à 
humanidade, tarefas sociais a cumprir. Sentimentos guiados pelo
desejo de aperfeiçoar tudo que se faz. Para os artistas:
inspiração abundante.
Físico: Experiência rica. Atividades sólidas e brilhantes. Êxito em
níveis não transcendentes (mundanos, transitórios). Boa saúde.
Desafios e sombra: Fracasso. Processo que afeta os
sentimentos. Sacrifício por amor. Obstáculo formidável. 
Ambiente hostil, todos estão contra. Disposições mundanas.
Dispersão, distração. Incapacidade para se concentrar. Grande
Tarô Visconti-Sforza
revés da sorte, ruína. Desconsideração social.

História e iconografia
São Jerônimo, no século IV, parece ter sido o primeiro a associar os quatro
evangelistasaos animais da visão de Ezequiel. Mil anos depois é freqüente encontrá-los
em relevos e mosaicos, e aparecem com grande freqüência nas miniaturas dos manuscritos
posteriores a esta data. 
Em outras tradições são equivalentes a diversas alegorias derivadas do quaternário, entre
as quais sobressai a que representa a rosa-dos-ventos.
Quanto à grinalda, seu processo iconográfico pode ser seguido com clareza. Na arte da
Índia – de onde passou às culturas mediterrâneas – numerosas divindades eram
tradicionalmente marcadas por essa orla oval, que se refere ao povo do mundo.
Mitra, o Sol radiante, foi representado durante a época helenística como um homem jovem
e nu, dentro de uma grinalda na qual figuravam os signos do zodíaco. Num baixo-relevo
encontrado em Módena, vê-se Cronos numa composição próxima à do arcano XXI,
incluindo ainda as figuras dos cantos.
Este grafismo parece ter dado origem à difundida auréola que, a princípio, era amendoada
(mandorla); só bem mais tarde adotou a forma redonda das estampas modernas.

     

Cristo e os Evangelistas - iluminura de 1.220 Nossa Senhora de Guadalupe (México) - séc. 16


in www.wikipedia.org in www.wikimedia.org

Tanto nos pórticos das catedrais góticas, quanto nos murais de estilo bizantino das 
antigas igrejas e nas iluminuras dos manuscritos religiosos, é a figura do Cristo que ocupa
o centro da mandorla, também denominada "vesica pisces". A mondorla preenchida 
por Nossa Senhora, figura feminina, torna-se mais comum após o Renascimento.

Milhares de santos foram figurados na Idade Média dotados de auréola, embora não seja
arriscado supor que isto foi uma derivação estética proveniente das mais antigas imagens
da Virgem Maria que tinham este atributo.
Van Rijneberk assegura que por trás do simbolismo de sacralização (auréola = aura de
santidade) pode-se ler o significado que a associa à virgindade, já que desde tempo
remoto esta era representada pela amêndoa, cujo fruto acreditava-se havia nascido por
geração espontânea.
 
Van Rijneberk acrescenta que, neste caso, a figura vertical e a
forma oval que a circunda “parecem representar, de maneira mais
ou menos velada, uma vagina simbólica”. Sob este aspecto, o
arcano XXI representaria o amor. Neste caso, cabe estabelecer uma
analogia entre a protagonista de O Mundo e o "Nascimento de
Afrodite", divindade com a qual tem numerosos pontos em comum.
Se as séries do Tarô e os seus sistemas de relações se organizam,
como se viu, pela dupla variável de ternários e de setenários, é
evidente a importância do simbolismo de O Mundo (21 = 7 ternários
= 3 setenários = 7 x 3 = 3 x 7).
É a partir desse significado numerológico que muitos definem o
principal sentido do arcano O Mundo como sendo “a totalidade ou
o conjunto do manifestado”, o que é referendado pela alegoria
quaternária, ordem sempre associada aos modelos de organização.
Neste sentido, o arcano XXI seria também o Destino Maior (que
universaliza o tema do Destino Menor ou cotidiano, representada
Tarô de Oswald Wirth
pelo arcano X, a Roda da Fortuna), o rigoroso mecanismo que rege
a pontualidade da rotação da Terra, das estações, das crescentes e
minguantes, do dia e da noite.
Ouspensky entende que esta carta apresenta o resumo do cotidiano – que se oferece
continuamente aos sentidos sem ser inteligível na sua totalidade, mas apenas
fragmentariamente, já que “tudo o que se vê, as coisas os fenômenos, não são senão
hieróglifos de idéias superiores”.

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