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18/10/2021 13:24 Análise microbiológica de alimentos: importância do plano de amostragem - Food Safety Brazil

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Análise microbiológica de
alimentos: importância do plano de
amostragem
Patrocinador • 27 de setembro de 2014
Patrocinador, Perigos biológicos •  7 min leitura •  6

Entre os vários parâmetros que indicam a qualidade e a inocuidade de alimentos, os mais



importantes
 são aqueles que definem as suas características microbiológicas. É importante
lembrar que alimentos crus, como carnes, leite, vegetais, pescados, e muitos outros, têm
microrganismos chamados “autóctones”, ou seja, microrganismos naturalmente presentes, que
fazem parte da microbiota natural destes produtos. Sua presença é, portanto, esperada.
Entretanto, os alimentos podem ter microrganismos contaminantes que podem causar
alterações indesejáveis, reduzindo sua vida útil, e podem ser patogênicos, comprometendo a
saúde do consumidor.

Para que se faz análise microbiológica de um alimento? Ela é necessária para a obtenção de
informações sobre as condições de higiene durante sua produção, processamento,
armazenamento e distribuição para o consumo, sobre sua vida de prateleira e sobre o risco que
representa à saúde. Quando um alimento é suspeito de ter causado uma enfermidade de
origem alimentar, a elucidação do agente etiológico reveste-se da maior importância, para que
as medidas corretivas corretas possam ser adotadas.

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Para que os resultados da análise microbiológica de um alimento reflitam de forma fiel as
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condições microbiológicas do alimento analisado, vários requisitos devem ser atendidos. Além
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do uso de métodos analíticos adequados, é necessário assegurar que as amostras analisadas


representam o alimento como um todo. Nenhum destes requisitos é fácil de ser seguido, pois
os microrganismos contaminantes nos alimentos podem ser inúmeros, não só em quantidade,
mas também em variedade, requerendo métodos específicos de análise, e sua distribuição no
alimento não é uniforme.

Considerando que a análise microbiológica do produto todo ou de um lote inteiro de produtos é


impraticável, por razões de custo e pelo caráter destrutivo deste tipo de análise, analisa-se
amostras retiradas do alimento ou do lote. A determinação do número de amostras a serem
analisadas e os critérios de decisão compõem o que se denomina um plano de amostragem.

Os planos de amostragem são desenvolvidos com a finalidade de avaliar as condições


microbiológicas de lotes e permitir um julgamento sobre a sua aceitação ou rejeição.  Planos de
amostragem foram inicialmente propostos pela Comissão Internacional de Especificações
Microbiológicas para Alimentos (ICMSF – International Commission on Microbiological
Specifications for Foods) em 1974, e vêm sendo revistos desde então. O Codex Alimentarius,
órgão internacional formado pela FAO (Food and Agricultural Organization) e pela OMS
(Organização Mundial da Saúde), ambos da Organização das Nações Unidas (ONU), é 

atualmente o fórum de discussão destes assuntos. A Organização Mundial do Comércio, que


normatiza a comercialização de alimentos entre diferentes países, recomenda a adoção de
padrões, orientações e normas desenvolvidos pelo Codex Alimentarius.

Segundo a ICMSF, os diferentes planos de amostragem podem pertencer a quinze categorias


distintas, de acordo com o grau de risco que os microrganismos contaminantes nos alimentos
oferecem ao consumidor. Este grau de risco é determinado pelo tipo de microrganismo
presente, pela sua quantidade no alimento e pela probabilidade de seu número aumentar,
diminuir ou se manter estável no alimento até o momento de ser consumido (Tabela 1). Alguns
microrganismos são importantes porque deterioram o produtos (categorias 1, 2 e 3), outros são
indicadores da possível presença de microrganismos patogênicos (casos 4, 5 e 6), outros são
patogênicos mas causam doenças brandas e de difusão restrita (categorias 7, 8 e 9), outros
são patogênicos mas causam doenças brandas mas difusão extensa (categorias 10, 11 e 12) e
outros são patogênicos e causam doenças graves(categorias 13, 14 e 15).
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Em relação à análise microbiológica de alimentos, é necessário definir alguns conceitos


importantes, como lote, n, c, m e M. Lote é o total de unidades de um produto produzido,
manuseado ou armazenado em condições idênticas, dentro de um determinado período, n é o

número de unidades retiradas de um lote que serão analisadas independentemente (unidades


amostrais) e c é o número máximo aceitável de unidades do lote em que as contagens
microbianas estão acima do limite mínimo (m) e abaixo do limite máximo tolerado (M) para o
microrganismo investigado (unidades defeituosas).

Os planos de amostragem podem ser de duas ou de três classes. Em um plano de duas


classes, o produto analisado é classificado como aceitável ou inaceitável, ou seja, o resultado
está abaixo ou acima de um critério pré-estabelecido, respectivamente.  Já em um plano de
três classes, o alimento analisado pode pertencer ainda a uma terceira categoria, denominada
marginal, definida por resultado que se encontra entre os limites m e M (Fig 1e 2)


Figura 1: Classificação do alimento de acordo com os critérios m e M

Figura 2: Planos de duas e de três classes, segundo ICMSF, 2002 

A Tabela 2 apresenta os diferentes planos de amostragem de duas e de três classes. Os


planos de amostragem para as categorias 1 a 9 são de três classes, enquanto para as
categorias 10 a 15 são de duas classes. Conforme pode ser visto, à medida que o risco
aumenta, aumenta também o rigor o plano de amostragem, com aumento de n e diminuição de
c, sendo o mais tolerante n = 5 e c = 3 (categoria 1) e o mais rigoroso n = 60 e c = 0 (categoria
15). O site
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c. Para facilitar a compreensão da Tabela 2, Política
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o exemplo da pesquisa de Salmonella em
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uma lingüiça crua. Se o produto será congelado, portanto o risco tende a diminuir, o plano de
amostragem do produto congelado é da categoria 10, ou seja, devem ser analisadas 5
amostras do mesmo lote (n = 5), e nenhuma pode ser positiva para este patógeno (c = 0). Se a
linguiça for mantida em refrigeração, sendo pouco provável que o patógeno se multiplique,
deve-se aplicar o plano da categoria 11, ou seja, n = 10, c = 0 e se o produto for mantido em
temperatura ambiente, com alta probabilidade de multiplicação de Samonella, deve-se aplicar a
categoria 12, ou seja, n = 20 e c = 0.

Considerando que as decisões de aprovar ou rejeitar um lote são baseadas nos resultados das
unidades retiradas deste lote, deve-se levar em conta que este resultados não
necessariamente indicam a situação exata do lote. Existe sempre a possibilidade de rejeitar um
lote que esteja satisfatório, assim como aprovar um lote insatisfatório.  No primeiro caso, há um
risco para o produtor e no segundo, um risco para o consumidor. Na tabela 3, são apresentadas
as probabilidades de aprovar um lote de acordo com o número de unidades amostrais 

analisadas (n) e a porcentagem de defeituosos neste lote, quando um plano de duas classes é
utilizado. Por exemplo, admitindo-se que um lote que tenha 20% de defeituosos, ao analisar 5
amostras (n = 5) a probabilidade de aceitação do lote é 33%. Se forem analisadas 20 amostras,
essa probabilidade cai para 0,1%. Para um lote com 2% de defeituosos, ao analisar 5 amostras
existe 90% de probabilidade de se aprovar este lote e aumentando o n para 20, esta
probabilidade será 67%.

Tabela 3: Probabilidades de aceitação de lotes contendo diferentes proporções de unidades

aceitáveis e defeituosas, de acordo com valores de n (plano de duas classes)*

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Na tabela 4, são apresentadas as probabilidades de aprovar um lote de acordo com o número
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de unidades amostrais analisadas (n), o número de unidades defeituosas toleradas (c) e a


porcentagem de defeituosos neste lote, quando um plano de duas classes é utilizado. Por
exemplo, admitindo-se que um lote que tenha 20% de defeituosos, ao analisar 5 amostras (n =
5) e tolerar 3 amostras defeituosas (c = 3) a probabilidade de aceitação do lote é 99%, mas se c
for 2 essa probabilidade baixa para 94% e se for c = 1, baixa para 74%.  Aumentando-se n para
15, as probabilidades de aprovar o lote serão 84% se c for 4, 40% se c for 2 e 17% de c for 1.

 Tabela 4: Probabilidades de aceitação de lotes contendo diferentes proporções de unidades

aceitáveis e defeituosas, de acordo com valores de n e c (plano de  três classes)*

Na legislação brasileira sobre requisitos microbiológicos em alimentos, verifica-se que tanto a


Portaria no 146, 1996, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, quanto a


Resolução RDC-12, 2001, da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
determinam os valores de n, c, m e M nos critérios microbiológicos para  aprovação de
alimentos disponibilizados para a população, adotando n = 5 para todos os planos de
amostragem, e valores de c, m e M que variam de acordo com o alimento e o microrganismo
considerado.

  Por

Bernadette D G M Franco

Universidade de São Paulo

Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental

Laboratório de Microbiologia de Alimentos

Para 3M Food Safety


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Bibliografia:

Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada RDC-12, 2001.
Disponível em http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_01rdc.htm.

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria no 146, 1996. Disponível em


http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?
operacao=visualizar&id=1218

Franco, B.D.G.M., Landgraf, M. Microbiologia dos Alimentos, Editora Atheneu, 6ª reimpressão,


2009.

International Commission on Microbiological Specifications for Foods (ICMSF). Microorganisms

in Foods 2: Sampling for Microbiological Analysis: Principles and Specific Applications. 2nd ed.,

University

of Toronto Press, 1986.

International Commission on Microbiological Specifications for Foods (ICMSF). Microorganisms


in Foods 7. Microbiological testing in food safety management. Kluwer Academic/ Plenum
Publishers, 2002.

Montville, T.J., Matthews, K.R. Food Microbiology. An introduction. 2nd ASM Press 2008.


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