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Ano I, nº 1, julho/dezembro de 2001

20 anos da Lei da Profissão de Sociólogo no Brasil: História da


Organização Profissional dos Sociólogos Brasileiros e Propostas
para o Alargamento de seu Mercado de Trabalho

Lejeune Mato Grosso Xavier de Carvalho1[1]

Transcorrem-se pouco mais de 20 anos da promulgação da Lei do


Reconhecimento da Profissão de Sociólogo no Brasil. Nesse período, o Brasil
promove o fim do regime militar, em uma transição gradual e de certa forma
consentida, para uma democracia ainda limitada. Mesmo com a chamada Nova
República e com certas liberdades democráticas conquistadas, como a Anistia e a
Constituinte, o período que se seguiu, marca o início da implantação do modelo
neo-liberal com o governo Collor de Mello, seguido pelos atuais já 6 anos de
Fernando Henrique, de consolidação e aprofundamento do modelo.

Assim, não se pode dizer que no período houve uma valorização da


profissão do sociólogo. No próprio regime militar, com a sanção do general
Figueiredo da Lei da Profissão no dia 10 de dezembro de 1980, a sua
regulamentação, sem entrar em muitos detalhes e sem cobrir lacunas que a
própria Lei deixou, só veio mesmo em 1984, quando os registros profissionais
passaram a ocorrer nas Delegacias Regionais do Trabalho – DRTs.

Isso nos remonta a pelo menos um dos graves problemas da Lei: a


ausência dos Conselhos Federal e Regionais de Sociólogos no país. Ao lado dos
jornalistas profissionais e educadores em geral (pedagogos e professores), os
1[1] Sociólogo e Professor da Universidade Metodista de Piracicaba –
Unimep desde 1985. É presidente da Federação Nacional dos
Sociólogos – Brasil – FNSB. O presente trabalho foi apresentado na
Semana de Estudos de Ciências Sociais da Universidade Federal de
Juiz de Fora, no dia 8 de maio de 2001.
sociólogos brasileiros formam as 3 únicas categorias profissionais regulamentadas
que ainda não possuem Conselhos profissionais2[2]. Mas essa é uma outra
discussão, que não será feita nesta presente exposição.

O período que se segue de 1984 até 1990, pode-se dizer que marca um
certo ascenso do movimento sindical em geral e em particular dos sociólogos. A
memorável campanha pelas eleições diretas em 1984, marcou a realização de
uma passeata só de sociólogos, da sede do Sindicato, então situado na rua
Augusta, até o Vale do Anhangabaú, que contou com a presença de cerca de 400
profissionais, convocados pelo Sindicato, então Associação Profissional.

Diversos Sindicatos e Associações são criados em todo o país. A


própria Federação Nacional é fundada em maio de 1988, como uma espécie de
sucessora da antiga Associação dos Sociólogos do Brasil – ASB, entidade de
caráter civil, fundada em 10 de novembro de 1977. O Congresso da então FNS
em 1990, no Pará, reuniu quase mil profissionais (ainda que originários de apenas
12 Estados). Aparentemente, o ascenso organizacional da categoria interrompe-se
por ai.

A partir desse momento e até os dias atuais, vê-se uma diminuição da


participação profissional da categoria. As entidades foram definhando-se, ainda
que algumas novas surgiram na década de 90. Mesmo os cursos, que chegaram a
ser 87 registrados oficialmente pelo MEC, hoje são apenas 60 em todo o país
(espalhados em 20 Estados brasileiros).

Uma das causas dessa diminuição da participação pode ser pelo fato
que os servidores públicos ganharam o direito de se sindicalizar e boa parte das
lideranças dos professores da rede pública e privada que atuava nas Associações
de Sociólogos, passaram a atuar nas entidades dos professores. Hoje mesmo,
diversas Associações e Sindicatos dos Professores são presididos por
sociólogos3[3].

2[2] O PL n.º 3.704/97 de autoria do deputado federal Aldo Rebelo, do


PCdoB de São Paulo, tramita na Câmara dos Deputados com uma
proposta de criação do Conselho Federal e Regionais de Sociólogos
no país, cujo texto foi discutido e aprovado nos fóruns deliberativos da
FNSB. Já foi aprovado por unanimidade na Comissão do Trabalho da
Câmara, Comissão que julga o mérito do projeto. Encontra-se com
parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça, aguardando
para entrar em pauta de votação, para depois seguir ao Senado
Federal.

3[3] Cabem destaques aos colegas Wellignton Teixeira


Gomes, fundador e segundo presidente da ASB, é
atualmente presidente da Federação Interestadual de
Professores – FITEE (engloba Minas Gerais, Goiás, Brasília
entre outros Estados); Augusto César Petta, atual
A grande questão da diminuição da participação liga-se,
fundamentalmente ao fato que vivemos até o momento dez longos anos de neo-
liberalismo no Brasil, com perdas dos direitos sociais, altas taxas de desemprego
(aberto e oculto), diminuição do papel do Estado e consequentemente das suas
funções sociais. Não ocorreram, conforme determinava a legislação, a criação dos
cargos e da função do sociólogos nas secretarias e órgãos públicos que tratassem
das questões sociais. Exemplo disso pode ser a da prefeitura de São Paulo, cujo
último concurso para sociólogo foi realizado em 1992 e de lá para cá, mais de 80
vagas foram abertas e não foram preenchidas pelo poder público4[4].

Registre-se ainda nesse período, uma pequena participação tanto dos


estudantes de Ciências Sociais, quanto dos cursos que formam os futuros
profissionais. São poucas as coordenações de cursos que preocupam-se em
manter vínculos com os profissionais do mercado de trabalho, com as escolas de
ensino médio para incluírem a disciplina de Sociologia nas grades curriculares das
escolas, em ampliarem as perspectivas do mercado de trabalho, procurando
estabelecer convênios de estágios profissionais para os estudantes etc. Os
ENECS ficaram esvaziados e pouco discutem sobre as perspectivas profissionais,
mercado de trabalho etc.

Nos anos da gestão de FHC, nada se fez para valorizar a profissão


ainda que além do próprio presidente, seu ministro da Cultura e dezenas de
assessores de alto escalão sejam sociólogos (incluído ai o atual líder do governo
na Câmara dos Deputados, o deputado Arnaldo Madeira). Pelo contrário. Os
desenvolver políticas anti-sociais e anti-populares, restringiu o mercado, cortou
verbas de projetos sociais, demitiu servidores (em todo o país, estima-se que mais
de um milhão de servidores foram cortados pelos chamados ajustes neo-liberais,
as tais “lições de casa”, que os governos do PSDB se orgulham e estufam o peito
quando dizem que fizeram).

Apesar dos problemas que surgiram nestes 20 anos que transcorreram


do reconhecimento da profissão, apesar dos cursos que foram fechados no
período e da não abertura de concursos públicos para a profissão, o balanço do
período é positivo. Há um visível esforço por parte de lideranças profissionais,
sindicalistas e de diversos cursos em todo o país que não se esmorecem. Mantém

presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores


em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE e Maria
Clotilde Lemos Petta, presidente do Sindicato dos
Professores de Campinas e Região, um dos maiores do
país.

4[4] Há sinais de que a atual prefeita, Marta Suplicy, do PT,


que tem em seus primeiro e segundo escalão, pelo menos
cinco colegas trabalhando, deve abrir concurso para o
preenchimento dessas vagas até o final de 2001.
altiva e firme o espírito e confiança na profissão, na sua importância e validade da
ciência para a sociedade.

Pretende-se apresentar a seguir, algumas cronologias sobre a luta


parlamentar para o reconhecimento da profissão, que durou em torno de 20 anos
e em seguida, no período que se segue à aprovação da Lei, faz-se uma cronologia
da organização profissional, com a realização dos Congressos Nacionais dos
Sociólogos, criação de entidades representativas etc. Após isso, um pequeno
resumo de como estamos hoje, em termos de números e ao final, apresentamos
algumas propostas de como vemos as perspectivas de melhoria da profissão e
alargamento do nosso mercado de trabalho, caso consigamos encaminhar as
sugestões que se apresenta, com a ajuda dos estudantes, dos cursos de Ciências
Sociais e dos profissionais do mercado de trabalho, organizados ou não em suas
entidades representativas.

Cronologia da Luta Parlamentar Para o Reconhecimento


Profissional

1961 - Surge na Câmara dos Deputados o primeiro Projeto de Lei, de


autoria do deputado federal por São Paulo, Aniz Badra, que tenta reconhecer a
profissão e conseguir a sua regulamentação. É o PL n.º 3.000/61 de 24 de maio.

1963 - O deputado Brito Velho apresenta na Câmara dos Deputados


um substitutivo ao Projeto de Lei do deputado Aniz Badra.

1966 - O então professor de direito da Faculdade de Filosofia e


Sociologia do Rio de Janeiro, e também sociólogo, Dr. Evaristo de Moraes
Filho5[5], coordena um grupo de alunos que elabora um projeto de Lei que
reconhece e regulamenta a profissão. Esse projeto foi entregue ao então ministro
da Educação do general Humberto de Alencar Castelo Branco, Raymundo
Moniz Aragão, em dezembro desse ano.

1967 - Após uma longa tramitação no Congresso Nacional, o projeto de


Aniz Badra com o substitutivo de Brito Velho é aprovado e vai à sanção
presidencial, mas é vetado pelo general presidente Castelo Branco, com o
seguinte argumento: "...[o projeto de Lei] se preocupa em forçar um mercado de
trabalho por meio de privilégios conferidos a uma certa classe de diplomados, bem

5[5] O professor Dr. Evaristo de Moraes Filho acabou por se


estabelecer como um dos mais renomados advogados
criminalistas do país, com escritório no Rio de Janeiro.
como delimita artificialmente as atividades do sociólogo, tornando-o, na prática,
impossível distinguir o que é próprio da pesquisa sociológica e da pesquisa de
outras Ciências Sociais..." (sic).

1971 - Pela segunda vez, é apresentado na Câmara dos Deputados um


Projeto de Lei que reconhece a profissão e procurava dar a sua regulamentação
profissional. É de autoria do deputado federal de São Paulo Francisco
Amaral6[6] (antigo MDB). Também o deputado por São Paulo, Faria Lima,
apresenta projeto semelhante. A Câmara rejeita a ambos os projetos.

1974 - Pela terceira vez, é apresentada no Congresso Nacional um


Projeto de Lei sobre a profissão de sociólogo. Desta feita, tem a autoria do
senador Vasconcelos Torres, que define o campo de atuação do sociólogo.

1975 - A quarta tentativa de reconhecimento profissional volta a ocorrer


com o deputado Francisco Amaral, do MDB de São Paulo, mas o Projeto não
caminha e fica parado nas Comissões Técnicas da Câmara dos Deputados.

1980 - Finalmente, uma versão parecida com os projetos anteriores do


deputado Francisco Amaral acaba sendo aprovada na Câmara dos Deputados e
vai a sanção presidencial. Em 10 de dezembro o general presidente João
Baptista de Oliveira Figueiredo, sanciona a Lei n.º 6.8887[7].

1983 - O então Ministro do Trabalho Murilo Macedo edita Portaria de n.º


3.230 de 15 de dezembro desse ano, que enquadra a profissão de Sociólogo no
31º grupo da Confederação Nacional dos Profissionais Liberais - CNPL.

1984 - O general presidente da República da época, João Batista de


Oliveira Figueiredo, assina Decreto com seu Ministro do Trabalho, Murilo
Macedo, que regulamenta a profissão e dá outras providências, à Lei 6.888/80,
que reconheceu a profissão de sociólogo no Brasil. É o Decreto de n.º 89.531 de
5 de abril desse ano8[8].

1991 - É editado uma resolução em 17 de abril, assinada por Celecino


de Carvalho Filho, Coordenador do Grupo Gestor do Cadastro Nacional do
Trabalhador, CNT, do Ministério do Trabalho. Publica-se assim a Tabela de
Classificação Brasileira de Ocupações do MTb. A profissão sociólogo é
enquadrada no Grupo 0/1, denominado "Trabalhadores das Profissões Científicas,

6[6] O ex-deputado Francisco Amaral é prefeito da cidade


de Campinas, SP até 31 de dezembro de 2000.

7[7] publicada no Diário Oficial da União de 11 de dezembro


de 1980.

8[8] publicado no Diário Oficial da União do dia 9 de abril do


mesmo ano.
Técnicas, Artísticas e Trabalhadores Assemelhados". No subgrupo 1-92, os
sociólogos recebem o código profissional n.º 1-92.20.

As Etapas e os Principais Momentos da Organização da Profissão


no Brasil nos Últimos 20 Anos

1980 - É realizado o II Congresso Nacional de Sociólogos na cidade


de Recife, entre os dias 23 e 26 de setembro (com tema ‘’Por uma Sociedade
Democrática). Nesse Congresso, para um mandato de dois anos, é eleito o
sociólogo mineiro Wellington Teixeira Gomes9[9], que fica no cargo até 1982.
Desse evento participaram cerca de 700 profissionais.

1981 - Surge a primeira Associação Profissional de Sociólogos, de


caráter pré-sindical, preparando terreno para a organização de Sindicatos, que foi
a Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro - APSERJ.

É realizado o III Congresso Nacional de Sociólogos na cidade de


Brasília, entre os dias 15 e 18 de setembro. O tema desse evento foi "Atuação
Profissional e Prática Política do Sociólogo".

1982 - Surge a Associação dos Sociólogos do Distrito Federal.

É realizado o IV Congresso Nacional de Sociólogos na cidade de


Fortaleza, entre os dias 7 e 10 de setembro. O tema desse evento foi "Conjuntura
e Prática Sociológica no Brasil". Nesse Congresso é eleita presidente da ASB a
socióloga paulista Maria Sílvia Portela de Castro10[10]. Ficará no cargo até 1986.

É Fundada em outubro a Associação Profissional dos Sociólogos do


Estado de São Paulo, que funcionará juntamente com a Associação de caráter
civil. Seu primeiro presidente é Adauto Durigan11[11].

9[9] o sociólogo Wellington Teixeira Gomes atua de forma


prioritária no movimento sindical docente. Preside
atualmente a Federação interestadual de Trabalhadores
em Estabelecimentos de Ensino - FITEE.

10[10] Hoje trabalhando na assessoria da Central Única dos


Trabalhadores - CUT Nacional e assessora para programas
do Mercosul.

11[11] Aposentou-se em 1998 pelo Banespa.


1984 - É realizado o V Congresso Nacional de Sociólogos na cidade
do Rio de Janeiro, Campus da UERJ, entre os dias 24 e 27 de maio. O tema
desse evento foi "Os Sociólogos e a Construção da Democracia no Brasil". A partir
desse Congresso, a sua periodicidade passa a ser bianual. Ai ocorre uma
mudança estatutária por decisão da plenária de delegados, permitindo a reeleição
dos cargos da diretoria. Dessa forma, Maria Sílvia Portela de Castro, ganha mais
um mandato na presidência da ASB.

1985 - Nesse ano surgem os dois primeiros Sindicatos de Sociólogos


em nível estadual: são os dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Pelas
legislação sindical e trabalhista anterior, para que pudesse ser criada uma
Federação Nacional, seriam precisos que existissem no país pelo menos 5
entidades sindicais com carta sindical expedidas pelo Ministério do Trabalho. A
carta sindical de Minas Gerais é a primeira do país, datada de 21 de abril desse
ano. A de São Paulo é recebida em agosto. O sociólogo Vinícius Caldeira
Brandt12[12], é eleito presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São
Paulo.

1986 - O VI Congresso Nacional de Sociólogos realizado em


Curitiba, entre os dias 6 e 9 de julho, decide indicar na sua Plenária Final de
Delegados Sindicais, uma Comissão Pró-Federação Nacional. Ela é presidida por
Manoel Aires de Moura13[13], presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado
de Pernambuco. A Comissão tinha a incumbência de preparar o próximo
Congresso Nacional, elaborar uma proposta de Estatutos da Federação Nacional
e representar minimamente a categoria a nível nacional. O temário desse
Congresso foi " O Sociólogo e a Constituinte".

1988 - No VII Congresso Nacional dos Sociólogos realizado em


Salvador, realizado entre os dias 24 e 27 de maio, no Centro de Convenções, por
proposta do sociólogo e professor Lejeune Mato Grosso de Carvalho, delegado
sindical por São Paulo, decidiu-se, em sua Plenária Final de Delegados Sindicais
fundar a Federação Nacional dos Sociólogos. Os Estatutos são aprovados no ano
seguinte e determina-se as diretrizes para as lutas nacionais, bem como os
procedimentos para o registro sindical e civil da nova entidade nacional. É eleita
presidente a socióloga e servidora pública Míriam Costa Oliveira14[14]. Um ano
depois, alterna-se na presidência o sociólogo carioca Mauro Peterson

12[12] Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes –


UNE, ex-pesquisador do Cebrap e ex-professor da
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Faleceu em
1999.

13[13] Sociólogo dos quadros do Banco Nacional de


Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

14[14] Atualmente servidora da Assembléia Legislativa do


Estado de Minas Gerais.
Domingues15[15]. O temário desse Congresso foi "Sociedade Brasileira: Crise e
Perspectivas".

Ainda neste ano, é realizado o Congresso Nacional Extraordinário de


Sociólogos na cidade de Natal – RN, com a tarefa específica de aprovar os
Estatutos da nova Federação, bem como seu Regimento Interno, para que
pudesse ser registrada em Cartório de Registro de e Documentos de Pessoa
Jurídica e o número do Cadastro Geral dos Contribuintes do Ministério da
Fazenda. Ambos os documentos foram obtidos no Estado de Minas Gerais, onde
ficou a diretoria provisória da FNS recém criada.

1990 - É realizado o VIII Congresso Nacional dos Sociólogos na


cidade de Belém - PA, entre os dias 7 e 11 de maio, no Centro de Convenções do
Estado. A temática desse evento foi "O Projeto de Estado Brasileiro e a
Amazônia". A abertura desse Congresso, com quase 2 mil inscritos, foi feita pela
professor emérito de Sociologia, Florestan Fernandes. Nesse evento é eleita
presidente da Federação Nacional a socióloga Rosângela Novaes Lima16[16], do
Pará.

1992 - É realizado o IX Congresso Nacional de Sociólogos na


cidade de São Paulo, entre os dias 25 e 29 de agosto, no Campus da
Universidade de São Paulo. O tema desse evento foi "O Brasil e a Nova Ordem
Internacional". A abertura ocorreu no Teatro da PUC de São Paulo, com cerca de
mil participantes. Nesse Congresso foi eleito para presidente da Federação
Nacional o sociólogo José João de Oliveira17[17]. O próximo Congresso da FNS
deveria ocorrer em Recife – PE, em 1994, mas por dificuldades de infra-estrutura
este não aconteceu, sendo o mandato da diretoria eleita em 92 prorrogado até 96.

1996 - É realizado na cidade de Porto Alegre, entre os dias 9 e 13 de


setembro, no Campus da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, o X
Congresso Nacional dos Sociólogos, cuja temática foi "A (ir)racionalidade
Ocidental: As Perspectivas para o Século XXI". Nesse Congresso em sua plenária
final serão discutidos as perspectivas da organização sindical dos sociólogos e da
Federação Nacional, bem como a questão da oportunidade da criação dos
Conselhos Federal e Estaduais de Sociologia em todo o país. Nesse Congresso

15[15] Atualmente professor de Sociologia da Universidade


Federal do Espírito Santo.

16[16] Atualmente professora da Universidade Federal do


Pará, realizando seu curso de doutorado na Universidade
Estadual de Campinas.

17[17] Servidor do Ministério da Justiça - Fundação


Nacional de Amparo ao Índio do Paraná.
foi eleito presidente da FNS o sociólogo Lejeune Mato Grosso Xavier de
Carvalho18[18].

1999 – É realizado na cidade de Salvador, entre os dias 9 e 14 de


maio, no Centro de Convenções da Bahia, o XI Congresso Nacional dos
Sociólogos, com o tema foi “O mundo em Redefinição: Trajetórias Políticas e
Sociais Emergentes”. O congresso foi o maior da história organizada do
movimento, na medida que estiveram presentes 500 delegados de 19 Estados
brasileiros. O sociólogo e professor Lejeune Mato Grosso Xavier de Carvalho foi
reeleito para um mandato de 3 anos.

QUEM SOMOS, QUANTOS SOMOS?

Os Primeiros Sociólogos formaram-se em 1937, pela Escola de


Sociologia e Política de São Paulo. Consideram-se Sociólogos no Brasil, de
acordo com a legislação vigente, todos os que possuam o Bacharelado em
Ciências Sociais.

Dados de uma pesquisa de 1985 com base nos diplomas registrados no


MEC e projetados para a atualidade, indicam a existência no Brasil de 40 mil
profissionais formados pelas escolas. Estima-se que tenham registro
profissional das Delegacias do Trabalho um máximo de 10 mil sociólogos19[19].

18[18] Professor da Universidade Metodista de Piracicaba e


Sociólogo da Fundação Unesp em Convênio com o Instituto
de Terras do Estado de São Paulo da Secretaria da Justiça
e da Defesa da Cidadania.

19[19] Para a obtenção de seus registros profissionais, os


colegas devem se dirigir diretamente às DRTs nos Estados
(capitais), munidos dos seguintes documentos fotocopiados
(sem autenticar, levando os originais para conferência): RG,
CIC, Carteira de Trabalho (fotocópia da página da foto e do
verso onde tem a qualificação da pessoa). Chegando lá,
terá que preencher um requerimento ao Delegado Regional
(o modelo eles tem por lá). Será preciso aguardar em torno
de 60 dias para que o carimbo na carteira seja feito,
outorgando aos profissionais o número de seu registro, que
o acompanhará pelo resto da vida e o habilita legalmente,
ao exercício da profissão de Sociólogo. Estamos
incentivando que todos os colegas formados (apenas os
bacharéis em Ciências Sociais), façam o seu registro, na
medida que ainda não temos nosso Conselho Federal de
Ao todo no Brasil formam-se por ano em torno de 700 profissionais, em
cerca de 60 escolas, existentes em 20 Estados do país e no Distrito Federal.
Existem 21 cursos de Mestrado e 13 de Doutorando, bem como estão registrados
no CNPq 180 grupos de pesquisa em Sociologia.

Existem 10 Sindicatos, com graus diferenciados de organização, nos


seguintes Estados: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia,
Pará, Rio Grande do Norte, Pernambuco Maranhão e Piauí. Existem ainda 8
Associações de Sociólogos nos seguintes Estados: São Paulo, Pernambuco,
Espírito Santo, Amazonas, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Acre e Bahia. Tais
entidades representativas de sociólogos no plano estadual congregam cerca de 5
mil associados.

No plano nacional, existe a Federação Nacional dos Sociólogos – Brasil


- FNSB, fundada em 27 de maio de 1988. Existe ainda a Sociedade Brasileira de
Sociologia, de caráter acadêmico. Há também a Anpocs – Associação Nacional
de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Articula-se entre os cursos de graduação
a criação de uma Associação Nacional de Graduação em Ciências Sociais –
Angracs. Como entidades co-irmãs, existem ainda a Associação Brasileira de
Antropologia - ABA e a Associação Brasileira de Ciência Política - ABCP.

A Federação é filiada à International Sociological Association – ISA,


que é um órgão da Unesco e congrega Sociólogos e pesquisadores da área de
sociologia de mais de 130 países. É presidida (até 2002), pelo prof. Dr. Alberto
Martinelli (da Itália). Mantém contatos também com o International Institute of
Sociology - IIS, presidido pelo prof. Dr. Masamishi Sasaki, do Japão.

A FNSB é também filiada à Central Única dos Trabalhadores – CUT e à


Confederação Nacional dos Profissionais Liberais – CNPL, que por sua vez é
filiada à União Mundial das Profissões Liberais – UMPL, com sede em Paris,
ambas presidida pelo farmacêutico brasileiro Dr. Luiz Eduardo Gautério Gallo

A Lei da profissão (6.888/80) não fixou um piso salarial para a categoria.


Por indicação da FNSB, aprovado nos XI Congresso Nacional de Sociólogos
(maio de 1999), recomenda-se um valor mínimo de remuneração para recém
formados com os seguintes valores: 30 horas semanais - R$1.600,02 e 40 horas
semanais - R$2.133,36 (2 Salários Mínimos do DIEESE em valores de abril de
2001).

Sociólogos, nem os Regionais, como outras profissões


regulamentadas. Maiores dúvidas podem ser tiradas nas
próprias DRTs.

[20] Horton & Hunt, 1980, página 31.


Onde Estão Hoje os Sociólogos?

A presença de sociólogos hoje é uma realidade e uma constante. Se é


bem verdade que boa parte dos formados ainda não exerce totalmente a sua
plenitude e capacidade profissional adquirida no curso de ciências sociais, por
outro, em uma sociedade com a marca da complexidade como as atuais, a
tendência é que os profissionais da sociologia adquiriram um papel cada vez
maior nesse tipo de sociedade.

"...Atualmente, os sociólogos estão cada vez mais encontrando empregos nos


departamentos do governo, grandes empresas, hospitais, grandes órgãos do bem
estar e outras organizações. Afora o trabalho de pesquisa, estão empenhados em
planejamento e direção de programas de ação da comunidade; assessoria em
relações públicas, relações empregatícias, problemas de moral ou de 'relações
intergrupos' dentro da organização; trabalho com relações humanas de muitas
espécies..."20[20].

Em função de nossa experiência profissional, do que temos visto no


mercado de trabalho, dos depoimentos de colegas que nos tem sido feitos, de
leituras de artigos e trabalhos publicados, constata-se que existem colegas
sociólogos hoje atuando, seja contratado diretamente como profissional dessa
forma, seja contratado genericamente como “técnico”, em pelo menos 15 grandes
áreas do mercado de trabalho. A saber:

1. sindical - exercendo funções de assessoramento sindical;


planejamento político e sindical; campanhas salariais; negociações coletivas e
dissídios de categoria; cursos de formação sindical etc.;

2. meio ambiente - elaborando relatórios de estudos e de impacto de


meio ambiente; cuidando de relações sociais com o meio; acompanhando projetos
de assentamentos humanos rurais em áreas de barragens etc.;

3. planejamento urbano - nas áreas das secretarias municipais e


estaduais de planejamento urbano; relações sociais urbanas etc.;

4. reforma agrária - assentamentos de trabalhadores rurais sem terra;


estudos de perfil de assentados; estudos sócio-econômicos de populações a

20
serem assentadas, atuando em equipes multidisdiplinares de profissionais (com
economistas, geógrafos, agrônomos etc.);

5. mercado editorial - assessoramento na área de publicações


especializadas e técnicas; pareceres como consultores especializados etc.;

6. empresas de pesquisa de opinião pública e de mercado - os


sociólogos fazem desde a elaboração do “survey” de perfil dos entrevistados,
como todo o planejamento, execução e relatoria das pesquisa, bem como treina
entrevistadores de campo, define a base amostral, orienta programadores de
informática sobre o sistema de apuração etc.;

7. recursos humanos - muitas empresas hoje possuem em suas áreas


de RH sociólogos atuando no processo desde contratação, treinamento, análises
das relações humanas no trabalho; alguns são até chefes de RH; outros atuam na
área de relações industriais, negociações trabalhistas e sindicais, dissídios
coletivos etc.;

8. legislativo - são muitos os profissionais que atuam na assessoria


legislativa parlamentar, em mesas de Câmaras e Assembléias Legislativas e
mesmo no Congresso Nacional;

9. relações internacionais - com a globalização, um dos mercados de


trabalho que mais cresce na atualidade; praticamente todas as grandes empresas
possuem departamentos de relações internacionais (ainda que na sua maioria
voltado para o comércio), mas passam a contratar analistas e consultores
internacionais; atuam na área diplomática; desenvolvem estudos sobre conflitos
regionais e dão pareceres sobre os mesmos, propondo soluções etc.;

10. área da saúde - participam ativamente de grupos multidisciplinares


de saúde com outras profissões em instituições de reabilitação profissional,
medicina preventiva e curativa em geral21[21];

11. Docência – este é um dos mercados mais cativos, com pouca


concorrência; docência de sociologia no ensino médio e em quase todos os cursos
superiores do país; cursos especiais de cidadania e ética que vem sendo dados a
trabalhadores em cursos de reciclagem.

12. Marketing Político - assessoria política; análise política e estatística


em geral de resultados de levantamento de pesquisas e sondagens eleitorais;
assessoramento em campanhas eleitorais.

21[21] registre-se que em São Paulo, o curso de ciências


sociais das Faculdades São Camilo, mantém um
bacharelado em ciências sociais com ênfase na área de
saúde e em meados de 98, formar-se-á a primeira turma.
13. Pesquisa Social - todas as pesquisas desenvolvidas por agências
sociais, excetuando-se as de opinião pública (pesquisas étnicas, demográficas, de
gênero etc.).

14. Comunicações - assessoramento das redes de comunicações de


massa; análises de resultados de audiências; pesquisas qualitativas de
audiências; impactos de programas nos ouvintes; índices de satisfações com a
programação etc.

15. Jurídica e Carcerária – atuam em estudos de delinqüências sociais;


estudos de violência social; socio-patias; estudos de populações carcerárias;
análises de perfis etc.

As principais propostas que se apresentam para um alargamento do


mercado de trabalho

Em função disso e levando-se em conta as decisões tomadas pelos


sociólogos nos seus últimos Congressos Nacionais, em especial o X Congresso,
realizado de 9 a 13 de setembro de 1996 na PUC do Rio Grande do Sul e o XI
Congresso, realizado de 9 a 14 de maio de 1999 em Salvador, Bahia, a Federação
Nacional dos Sociólogos – Brasil – FNSB, vem apresentando à comunidade dos
sociólogos brasileiros, professores universitários e de ensino médio,
pesquisadores e profissionais ativos do mercado de trabalho em geral, um
conjunto de propostas que, se viabilizadas e encaminhadas, podem apontar
amplas perspectivas de melhorias não só do mercado, mas da valorização
profissional como um todo. São as seguintes as propostas consolidadas:

1º) Reforma curricular


Com uma ampla participação dos estudantes de Ciências Sociais, com a
secretaria da UNE dessa áreas (ENECS) e com a participação das chefias de
departamentos e coordenações de cursos da área, devem ser debatidos
amplamente uma proposta de currículo mínimo que atenda às necessidades de
um mercado emergente e cada vez mais profissionalizante e competitivo, sem no
entanto deixar de continuar formando estudiosos e pesquisadores da realidade
social brasileira. Trabalhar em harmonia com a Comissão de Especialistas do
MEC para a área de CS. A proposta que essa comissão de especialistas
apresentou esta sendo debatido em todas as escolas e aguarda para ser votada
pelo Conselho Nacional de Educação e posteriormente ser referendada pelo MEC.

2º) Criação do Conselho Federal de Sociólogos – CFS

Esta proposta foi aprovada pelo X Congresso Nacional de Sociólogos e


encontra-se para votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos
Deputados, com parecer favorável e é de autoria do deputado federal Aldo Rebelo,
do PCdoB/SP (PL n.º 3.704/97). É muito sentida e grande parte dos cursos e
profissionais que nos procuram nos indagam sobre o porque ainda não termos
conselhos do tipo profissionalizantes e fiscalizatórios do exercício profissional e
que funcionem como tribunais éticos. É uma antiga aspiração da categoria.

3º) Criação de Sindicatos e Associações nos Estados e


fortalecimento da Federação Nacional

Apesar das dificuldades sindicais enfrentadas pelos trabalhadores em


todo o país, em função da conjuntura adversa e recessiva, deve-se lutar para
preservar ao máximo os espaços já criados e conquistados, bem como procurar,
se possível, ampliá-los ainda mais. Assim, organizar sindicatos nos estados que
não possuem ou mesmo fundar associações de caráter civil e cultural é de suma
importância.

4º) Pelo cumprimento e ampla difusão do Código de Ética


Profissional
Indicativo para quando os Conselhos Federal e Regionais passarem a
existir ou para que as entidades sindicais o apliquem em seus Estados, na falta
dos órgãos fiscalizadores profissionais. Este documento foi discutido no X
Congresso de 1996 em Porto Alegre e posteriormente referendado por uma
reunião do Conselho Deliberativo da FNSB de março de 1997. Discutiu-se ainda
por duas outras reuniões do Conselho. Ele não tem força de Lei, pelo fato que não
foi aprovado por um Conselho Profissional, mas é recomendativo.

5º) Luta pela Sociologia no Ensino Médio

Desencadear nacionalmente uma campanha com apoio dos cursos, dos


estudantes e dos profissionais, em especial professores da área, para que a
Sociologia seja garantida em todas as escolas de Ensino Médio no Brasil, das
redes públicas e privadas, conforme prevê a Lei n.º 9.394 (Lei das Diretrizes e
Bases da Educação Nacional) de 20 de dezembro de 1996 (artigo 36, parágrafo
1º, inciso III). Projeto de Lei da Câmara de n.º 9/2000 de autoria do deputado
Padre Roque, do PT/PR encontra-se em votação na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado que obriga a inclusão de Sociologia e Filosofia em todas as
escolas de Ensino Médio no Brasil (este projeto já foi aprovado pela Câmara dos
Deputados e na Comissão de Educação e Cultura do próprio Senado, todos por
unanimidade). Após ser aprovado em seu aspecto constitucional (e o PLC é
constitucional, como já o atestou a Câmara dos Deputados) ele será encaminhado
ao plenário do senado, que pode ser votado por acordo de líderes e depois disso,
segue para a sanção presidencial. Espera-se que ainda este ano isso venha a
ocorrer.

6º) Campanha pela valorização do sociólogo enquanto profissional


necessário à sociedade

Desencadear uma ampla campanha na sociedade, com apoio das


entidades estaduais, com apoio da SBS, ALAS, ISA e ANPOCS, bem como a
Executiva Nacional do ENECS e de todos os cursos de CS, que valorize a
importância e a necessidade de sociólogos estarem presentes nas empresas
públicas e privadas, que carreiras de sociólogos sejam estabelecidas no serviço
público, que a presença de sociólogos em grupos multidisciplinares e
interdisciplinares estejam assegurados. Essa campanha deve ser feita por
profissionais da área de publicidade e marketing.
7º) Reformulação da Lei 6.888/80

A atual Lei possui muitos problemas. Não reservou o mercado, não


previa a própria ampliação do mercado e a necessidade de que fossem
demarcados espaços profissionais com outras profissões. Devemos apresentar ao
Congresso Nacional uma sugestão de alteração (aprovado no X Congresso). Esta
não é uma prioridade no momento, pois sabemos que é muito difícil e trabalhoso
reformular leis em Brasília. Devemos centrar esforços e despender nossas
energias prioritariamente na introdução da sociologia no ensino médio e criação
dos Conselhos.

8º) Pela criação da Angracs

Articula-se entre os cursos de CS no país a criação da Associação


Nacional de Cursos de Graduação em Ciências Sociais – Angracs, nos mesmos
moldes da Anpocs, para o pós-graduação. Esta proposta foi aprovada no II
Encontro Nacional de Cursos de CS22[22], reunindo cerca de 40 cursos de todos
os Estados. Formou-se uma Comissão Pró-Angracs formada por 4 professores
que discutem os encaminhamentos legais, organizacionais e acadêmicos. Indicou-
se a sua fundação formal durante o III Encontro Nacional de Cursos de CS que
ocorrerá na UFC nos dias 3 e 4 de setembro de 2001, onde seriam discutidos os
seus estatutos, caráter da entidade e eleger-se-ia a sua primeira diretoria
provisória.

22[22] Realizado na USP, nas CS, nos dias 17 e 18 de abril


de 2000. O III Encontro está marcado para ser realizado na
cidade de Fortaleza, no campus da UFC, quando da
realização do X Congresso Brasileiro de Sociologia da SBS.
Espera-se pelo menos 50 cursos presentes dos 60
existentes.
9º) Pela introdução da disciplina de sociologia nos vestibulares

Uma das formas de se ampliar a difusão da ciência, contribuindo para


que ela seja introduzida nos cursos de ensino médio, é a exigências pelos
vestibulares das Universidades brasileiras de que o egresso do ensino médio
tenha noções de sociologia, tal qual a própria LDB (Lei 9.394/96) assim o
determina em seu artigo 36. Tal medida deve ser anunciada com pelo menos 2 a 3
anos de antecedência, para que as escolas e cursinhos, possam ter tempo para
prepararem seus candidatos. Já adotam essa medida as Universidade Federal do
Pará, Estadual de Londrina e mais recentemente a Federal do Pará indicou essa
possibilidade para 2002.

10º) Pela criação de estágios profissionalizantes

Sentimos ainda que muitos cursos e mesmo os próprios estudantes, tem


resistência à realização de estágios profissionais. Nossa proposta aprovada no X
Congresso em 1996, prevê essa possibilidade. A proposta dos especialistas do
MEC que se encontra no CNE para aprovação, não fala de forma incisiva sobre
essa questão, deixando isso em aberto. Devemos procurar estabelecer convênios
com prefeituras, órgãos públicos, ONGs, secretarias de estado, empresas estatais
de energia e meio ambiente, sindicatos etc. no sentido de garantirmos vagas de
estágios para estudantes de ciências sociais (não temos propostas de valores,
mas os estágios tem sido feito na base de 4 horas diárias de trabalho com
remuneração mínima de 3 salários mínimos, além de vale-transporte e vale-
refeição).

11º) Pelo estabelecimento de carreira de sociólogo

A Lei 6.888/80 fala em criação de carreiras no serviço público. Isso não


vem sendo feito. Mesmo nas prefeituras que já possuem sociólogos em seus
quadros, estes acabam ganhando menos do que outras profissões como
advogados, engenheiros psicólogos, médicos etc. Devemos lutar pela equiparação
salarial com outras profissões de nível superior. Mais ainda, devemos lutar para
não sermos descaracterizados, colocando-nos genericamente o título de
“analistas” ou “técnicos”. Especialmente nas prefeituras e estados governados por
partidos do campo progressistas, que mantém divergências com as políticas neo-
liberais, devemos procurar mostrar a esses administradores a importância dos
profissionais sociólogos no serviço público. E para isso, os coordenadores de
cursos e chefes de departamentos jogam um papel muito importante.

12º) Pelo estabelecimento do Dia do Sociólogo e símbolo da


profissão

Praticamente todas as outras 35 profissões regulamentadas no país


possuem os seus dias e suas datas comemorativas. Praticamente, só os
sociólogos brasileiros não possuem a sua data. Essa é uma reivindicação que
vimos sentindo com o passar dos anos. A FNSB não tem uma proposta sobre isso,
mas tem defendido em Congressos a discussão desse tema. Tem levantado que
seria importante que o Dia do Sociólogo e seu símbolo, estivessem ligados a
algum fato relacionado com a história da profissão, seja do ponto de vista
internacional ou um fato marcante em plano nacional23[23].

13º) Criação de cargos públicos e realização de concursos para


sociólogos

Devemos proceder ampla articulação dos cursos de CS, suas


coordenações e departamentos, os Centros Acadêmicos, com as Câmaras
Municipais e prefeituras, no sentido de serem criadas vagas de sociólogos em
todas as administrações públicas, em todas as secretarias municipais e estaduais
e mesmo nos ministérios federais, autarquias, empresas de economia mista,
estatais (as poucas que ainda sobraram e não foram privatizadas). Esse esforço

23[23] No IX Congresso de 92 na USP, levantou-se na


plenária final a proposta que se pesquisasse do dia de 1887
em que a Faculdade de Educação da Universidade de
Bourdeaux, França, decidira a entrada da disciplina de
Sociologia nos currículos dos cursos de Pedagogia e
chamou para ministrar essas aulas o professor Émile
Durkheim, então com 28 anos. Em plano nacional, existe a
proposta de que seja no dia da instituição do cursos de
Sociologia e Política na ESP/SP em 1933 ou ainda o próprio
dia 10 de dezembro, dia da sanção da Lei da Profissão
(6.888).
deve ser direcionado em especial nas localidades administradas por prefeitos e
governadores que não concordam com a ajuste neo-liberal.

Conclusões

Apesar de todos os problemas, das dificuldades no alargamento do


mercado de trabalho, apesar da ainda baixa mobilização dos cursos de Ciências
Sociais e da pouca participação dos profissionais em suas entidades, vemos com
muita animação as perspectivas e o futuro da profissão e ciência.

Com a perspectiva da inclusão da disciplina nos currículos dos cursos


do ensino médio, com a entrada em diversos vestibulares da disciplina de
sociologia, com a reforma curricular em curso em plano nacional, aguardando
apenas votação no CNE e com a possibilidade de ser criada a Associação
Nacional dos Cursos de Ciências Sociais, somado a isso a criação do Conselho
Federal, há que se imaginar a ampliação das possibilidades políticas e
profissionais para os sociólogos brasileiros.

O sistema neo-liberal vem dando, no Brasil e no mundo, sinais claros de


decadência e falência de seus pressupostos. Dia após dia, vem perdendo apoios
de populações inteiras, de lideranças políticas, enfim, vem dando sinais de
falência e esgotamento. A crescente exclusão social, concentração de renda,
empobrecimento populacional vem gerando revolta em grande parte da
população, que não aceita mais ser governada como ocorre no momento.

Dessa forma, em uma sociedade que contrata médicos para curar as


suas doenças, que contrata contadores para fazer as suas contabilidades, que
contrata engenheiros para edificar suas casas, saberá também reconhecer a
importância de um profissional que, ao ter por objeto a própria sociedade e suas
populações, que interage com seu próprio objeto e o transforma, saberá também
reconhecer a importância dos sociólogos, que não só diagnosticam e detectam
problemas de diversas ordem, realizam estudos e pesquisas sobre os mais
amplos e diversos aspectos da vida social e nacional, mas apresentam também as
suas propostas, soluções, constróem cenários alternativos e apontam
perspectivas.

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