Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estrutura Cristalina
ESTRUTURA ATÔMICA
ESTRUTURA CRISTALINA
MICROESTRUTURA
antes de entender fenômenos que determinam propriedades nos materiais a partir da MICROESTRUTURA deve-se
primeiramente entender a (ESTRUTURA ATÔMICA) e ESTRUTURA CRISTALINA dos materiais porque estas definem
algumas de suas propriedades mais importantes de interesse tecnológico.
3-1 INTRODUÇÃO
• Diferença significativa nas propriedades de materiais cristalinos e não cristalinos de mesma composição. Exemplos:
Diamante e carbono, BN-a e BN-b, Fe-a e Fe-g e outros. Fe-g
Fe-a
• Cerâmicos e polímeros não-cristalinos tendem a ser opticamente transparentes enquanto cristalinos não. Por quê?
• As propriedades dos materiais sólidos cristalinos depende da estrutura cristalina, ou seja, da maneira na qual os
átomos, moléculas ou íons estão espacialmente dispostos.
Fe-g
Fe-a
Ideais (teóricas): puras, temperatura 0 K, 1 atm pressão: baixa energia e maior empacotamento.
Exemplo esquemático de rede
Reais: compreendem os defeitos (imperfeições) possíveis nas ideais.
A célula unitária é menor porção da rede cristalina que retém as características de toda a rede.
Ideais (teóricas): puras, temperatura 0 K, 1 atm pressão: baixa energia e maior empacotamento.
Exemplo esquemático de rede
Reais: compreendem os defeitos (imperfeições) possíveis nas ideais.
3-2 ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS
3.2.3 Ordem a longo alcance
Cúbica
Tetragonal
a=b=c, abg°
a=bc, abg° Ortorrômbica
abc, abg°
Hexagonal* Monoclínica
Romboédrica a=bc, ab°,g° abc, ag° b Triclínica
a=b=c, abg° abc, abg°
32 Classes de Simetria – 230 Grupos Espaciais
3-3 CÉLULA UNITÁRIA
3.3.1 Número de átomos por célula unitária
O número de átomos por célula unitária é o número específico de pontos da rede que define cada célula unitária.
Um ponto no vértice da célula unitária cúbica é partilhado por oito células unitárias do arredor; assim, somente 1/8 de cada vértice pertence a uma
célula particular. No centro da face é compartilhado por 2 células unitárias.
Número de átomos por célula unitária no sistema cristalino cúbico.
CS
n° pontos da rede = 8*(vértices) * 1 = 1 átomo
célula unitária 8
CCC
CFC
CS CCC CFC HC
ao = 4r ao = 4r ao = 2r co = 1,633 ao
ao = 2r
31/2 21/2
Exemplo: O raio atômico do Fe é 1,24 A. Calcule o parâmetro de rede do Fe CCC e do FeCFC. Hexagonal Hexagonal Compacto
FeCCC
FeCFC
Relação entre o raio atômico e o parâmetro para as células unitárias do sistema cristalino cúbico
CS CCC CFC HC
NC= 6
NC= 8
NC= 12 NC= 12
3-3 CÉLULA UNITÁRIA
3.3.4 Fator de empacotamento
O fator de empacotamento (FE) é a fração de volume da célula unitária efetivamente ocupada por átomos, assumindo que os
átomos são esferas rígidas. FE = (n° átomos / célula) * volume cada átomo
volume da célula unitária
CS
FECS = (n° átomos / célula) * volume cada átomo = (1 átomo / célula) * 4/3pr3 = 1 * 4/3pr3 = 4/3pr3 = 0,52 ou 52%
volume da célula unitária ao3 (2r)3 8.r3
CCC
FECCC = (n° átomos / célula) * volume cada átomo = (2 átomos / célula) * 4/3pr3 = 2 * 4/3pr3 = 2 . 4/3pr3 = 0,68 ou 68%
volume da célula unitária ao3 (4r/31/2)3 64.r3/(31/2)3
CFC
FECFC = (n° átomos / célula) * volume cada átomo = (4 átomos / célula) * 4/3pr3 = 4 * 4/3pr3 = 4 . 4/3pr3 = 0,74 ou 74%
volume da célula unitária ao3 (4r/21/2)3 64.r3/(21/2)3
HC
FEHC = (n° átomos / célula) * volume cada átomo = (6 átomos / célula) * 4/3pr3 = 6 * 4/3pr3 = 25,12r3 = 0,74 ou 74%
volume da célula unitária ao3 3.(2r)3.1,633.cos30° 33,94r3
3-3 CÉLULA UNITÁRIA
3.3.5 Densidade
A densidade teórica de um cristal é igual a massa da célula unitária dividida pelo seu volume.
Exemplo: Determine a densidade do FeCCC, que tem um a0 de 2,866A e massa atômica de 55,85 g/g.mol.
FeCCC
Massa da célula unitária = n° átomos / célula * massa atômica = 2 átomos * 55,85 g/g.mol
número de Avogadro 6,02 .1023 átomos/g.mol
Volume da célula unitária = a03 = (2,866 A)3 = 23,54.10-30 m3/célula
= massa célula unitária = (2 átomos) * 55,85 g/g.mol = 0,7879.10-7g/m3 = 7,879.10-6 g/m3 = 7,879 Mg/m3 ou g/cm3
volume célula unitária (23,54.10-30 m3) * 6,02 .1023 átomos/g.mol Mgm3 = g/cm3
A densidade medida é 7,870 Mg/m3. Por que a diferença da densidade teórica e a medida?
Exemplo: Calcule a mudança de densidade e de volume que ocorre quando o Fe CCC é aquecido e transforma-se em FeCFC. Na transformação de fase, o
parâmetro de rede muda de aoCCC = 2,863A para aoCFC = 3,591A.
CCC CFC FeCCC = massa célula unitária = (2 átomos) * 55,85 g/g.mol = 7,883 Mg/m3
volume célula unitária (23,54.10 m ) * 6,02 .10 átomos/g.mol
-30 3 23
0, 0, 1 e ½, 1, 0
ÍNDICES DE MILLER PARA DIREÇÕES:
1. Definir dois pontos por onde passa a direção ½, 1, 0 - 0, 0, 1 = ½ , 1 , -1
Direção A:
1. alvo= 1, 0, 0; origem= 0, 0, 0
2. alvo - origem = 1, 0, 0
3. sem frações
4. [1 0 0] Direção B:
1. alvo= 1,1,1; origem= 0, 0, 0
2. alvo - origem = 1, 1, 1
3. sem frações
4. [1 1 1]
Direção C:
1. alvo= 0, 0, 1; origem= 1/2, 1, 0
2. alvo - origem = -1/2, -1, 1
3. 2 (-1/2, -1, 1) = -1, -2, 2
4. [1 2 2]
3-4 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL
3.4.2 Direções da célula unitária
Caracterização de direções em um cristal: densidade linear, distância de repetição e fator de empacotamento.
DENSIDADE LINEAR: Número de átomos por unidades de comprimento: L = número de átomos
Exemplo: Calcule a densidade linear para a direção [1 1 1] do Cu CFC. unidade de comprimento
Dado: ao= 0,362 nm
Dr = a0 31/2
L = ½ + ½ = 1,60 átomo/nm
Dr = 0,362 x 31/2 0,626 nm
Dr = 0,627 nm
DISTÂNCIA DE REPETIÇÃO: De quanto em quanto se repete o centro de um átomo. É o inverso da densidade linear.
Exemplo: Calcule a distância de repetição para a direção [1 1 1] do Cu CFC.
Dado: ao= 0,362 nm
o centro do átomo se repete a cada
diagonal do cubo (Dr)
Dr = a0 31/2
Dr = 0,362 x 31/2
Dr = 0,627 nm (inverso da L)
FATOR DE EMPACOTAMENTO LINEAR: É quanto da direção está definitivamente coberta por átomos.
Exemplo: Calcule o fator de empacotamento para a direção [1 1 1] do Cu CFC.
Dado: ao= 0,362 nm
r = a0 21/2/4
r = 0,362 x 21/2 /4 FEL = 2r/ Dr = 0,408 ou 40,8%
r = 0,128 nm
3-4 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL
3.4.3 Planos
Um cristal possui planos de átomos que influenciam as
propriedades e o comportamento de um material.
ÍNDICES DE MILLER PARA PLANOS: 1 1 1
1. Definir três pontos onde o plano corta x, y e z. 1/1 1/1 1/1
2. Calcular os recíprocos dos valores obtidos. Não tem frações
3. Eliminar as frações sem reduzir ao m.m.c. (1 1 1)
4. Escrever entre parênteses, e se houver n° negativo o sinal
x y z
é colocado sobre este n°: (h k l)
OBS.: Se o plano passar pela origem, desloque-a.
Observações importantes:
- Iguais Índices de Miller para direção e plano, significa que estes apresentam perpendicularidade.
- Índices de Miller simétricos são o mesmo plano, depende apenas do referencial (planos e seus
negativos são idênticos).
Plano A:
1. 1 1 1 Plano B:
2. 1/1 1/1 1/1 1. 1 2
3. Não tem frações 2. 1/1 1/2 1/
4. (1 1 1) 3. 2 1 0
4. (2 1 0)
Plano C: passa
pela origem
(x’, y’, z’)
1. -1
2. 1/ 1/-1 1/
3. 0 -1 0
4. (0 -1 0)
3-4 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL
3.4.3 Planos
Caracterização de planos em um cristal: densidade planar, fator de empacotamento e distância entre planos.
DENSIDADE PLANAR: Número de átomos por unidades de área: P = número de átomos no plano
Exemplo: Calcule a densidade planar para os planos {1 1 0} do Cu CFC. área do plano
Dado: ao= 0,362 nm
P = 2 x (¼ + ½ + ¼ ) = 10,8 átomos/nm2
ao x ao 2½
FATOR DE EMPACOTAMENTO PLANAR: É quanto da área está efetivamente coberta por átomos: FEP = área dos átomos
Exemplo: Calcule a densidade planar para os planos {1 1 0} do Cu CFC. área do plano
Dado: ao= 0,362 nm
FEP = 2 x p r2 = 0,56 ou 56%.
r = a0 2 /4
1/2
ao x ao 2½
r = 0,362 x 2 /4
1/2
r = 0,128 nm
DISTÂNCIA INTERPLANAR: Distância de 2 planos com mesmos índices de Miller. Para o sistema cúbico: D(h, k, l) = ao/(h2+k2+l2)1/2
Exemplo: Calcule a distância interplanar entre dois planos adjacentes [1 1 0 ] para o Au CFC.
Dado: ao= 0,408 nm.
A relação de raios entre o ânion (geralmente maior) e o cátion vai determinar o tipo de arranjo cristalino de um composto iônico. O cátion
(geralmente menor) preencherá os vazios intersticiais da rede, procurando maximizar a ocupação do sítio, respeitando a neutralidade de cargas
na rede.
3-6 CRISTAIS IÔNICOS
ENERGIA DE LIGAÇÃO EM UMA REDE TRIDIMENSIONAL
Constante de Madelung de vários cerâmicos: • Os valores de A para a estrutura AX
não são muito maiores que 1;
Tipo Estrutura Nome Valor de A
• Diferença no tipo de estrutura AX
AX NaCl Cloreto de sódio 1,748 difere muito pouco os valores de A;
CsCl Cloreto de césio 1,763 • A ligação mais forte é da estrutura
ZnS Blenda de zinco 1,638 do corindum
Cálculo do tamanho de um sítio intersticial: (a) cúbico (cúbico simples); (b) octaédrico e (c) tetraédrico do CFC.
tetraédrico
CS cúbico CFC octaédrico
2R + 2r = D = ao 3½ ao = 2R
D/4 = R+ r
2R + 2r = 2R 3½ 2R + 2r = ao = 4R/ 2½
ao 3½/4 = R + r
r = 3½ R - R 2r = (4R/ 2½) - 2R
(4R /2½).3½/4 = R + r
r = (3½ - 1) R 2r = 0,828 R
(R.3½)/2½ - R = r
r /R= 0,414
r /R= 0,732 r /R= 0,225
3-6 CRISTAIS IÔNICOS
Os íons se tocam pela diagonal do cubo: Os íons se tocam na aresta do cubo: Os íons se tocam pela diagonal do cubo
Dc = 2 (R+r) ao= 2(r+R)/31/2 ao = 2 (R+r) ao= 4(r+R)/31/2
3-6 CRISTAIS IÔNICOS
Estruturas do tipo AX
BaTiO3
Estrutura da Perovskita
3-7 CRISTAIS COVALENTES
3.7.1 Estruturas do Diamante
C Ocupação dos interstícios ~ ZnS Totalmente covalente Exemplos: Ge, Si, Pb
ao= 8r / 31/2
ii) defeitos lineares: discordâncias. Propriedades: mecânicas (deformação plástica), fragilidade, dureza.
iii) defeitos planares: superfícies interna e externa, interfaces (falhas de empilhamento, contorno de fases). Propriedades:
magnéticas e dielétricas.
Influência na densidade:
Exemplo: O ferro tem a densidade medida de 7,87 Mg/m3. O parâmetro de rede do FeCCC é 2,866 A. Calcule a percentagem de vacâncias no ferro puro.
Dados: a0 = 2,866 A; MFe = 55,85g/gmol.
Deveriam ser 2
= n° átomos/célula x massa de cada átomo 7,87 Mg/m3 = n° átomos/célula x 55,85 g/gmol n° átomos/célula = 1,998 átomos no
volume da célula unitária x n° Avogadro (2,866 x 10 -8 cm)3 x 6,02 x 1023 FeCCC!
Exemplos:
3-9 IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO
Defeitos pontuais
Quanto à origem do defeito
INTRÍNSECO: Surge no material apenas pelo efeito da TEMPERATURA. Vacâncias, defeitos tipo
Schottky e tipo Frenkel Termodinamicamente defeitos devem estar presentes em uma estrutura
cristalina energia de formação G=H - TS (aumento do termo TS na energia livre). Balanço
entre variação de entalpia aumenta com a criação do defeito e variação da entropia. Isso acarreta
na diminuição da energia livre na formação inicial do defeito. Normalmente existem mais defeitos
presentes nos cristais do que corresponde à concentração de equilíbrio termodinâmico, porque
cristais são preparados a altas temperaturas
FRENKEL: consiste em um par de defeitos: uma vacância e um íon intersticial FORMAÇÃO DO DEFEITO FRENKEL
Defeito na rede do cátion: MM↔VM + Mi [Mi]= xi [VM]=xv xi.xv=xf =exp(-gf /kT)
2
Exemplo: Supondo a estrutura CCC com ao= 0,4 nm, com uma discordância como na figura ao lado,
determine o comprimento e a direção do vetor de Burgers.
Comprimento: D(hkl)= ao/(h2+k2+l2)0,5 D(222)= 0,4/(22+22+22)0,5 = 0,115 nm
Direção:
3-9 IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO
Defeitos planares
SUPERFÍCIE EXTERNA: Mais evidente dos defeitos de superfície
devido a descontinuidade. Coordenação atômica na superfície
não é comparável a dos átomos no interior do cristal. Átomos
superficiais tem seus vizinhos em apenas um lado, logo possuem
mais energia e estão menos firmemente ligados aos átomos
externos.
CONTORNO DE GRÃO: Microestrutura de metais e outros materiais sólidos consistem de muitos grãos. Grão: porção de
material onde o arranjo cristalino é idêntico, variando sua orientação. Contorno de grão: fronteira entre os grãos.
3-9 IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO
Defeitos volumétricos
Algumas estruturas sem ordenamento a longo alcance são consideradas como defeitos volumétricos, como é o caso
do vidro e dos polímeros
Vidros
Polímeros
Adaptado de C. P. Bergmann