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INTRODUÇÃO
2. O QUE É PROJETO TEXTUAL?
3. ANÁLISE DE PROJETOS TEXTUAIS
4. DESVIO DE PROJETO TEXTUAL
5. ARGUMENTO DESENVOLVIDO INSUFICIENTEMENTE
6. DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA MODELO
7. NÍVEIS DE DESEMPENHO SEGUNDO A CARTILHA DO PARTICIPANTE ENEM
8. CONCLUSÃO
1. INTRODUÇÃO
Antes de empreendermos uma discussão, é preciso termos propriedade sobre o assunto. Como
sabemos, a dissertação argumentativa aborda um aspecto do assunto, ou seja, um tema e a
respectiva polarização em torno dele – por que motivo parte da sociedade o contesta, enquanto
outra parte o defende?; quais as consequências/os desdobramentos dessa questão?; quanto
custa aos cofres públicos o enfrentamento desse tema?; quais os caminhos para minimizar os
impactos dessa situação? etc., etc. (Para “puxar ideias”, o candidato pode “entrevistar” o tema.)
Entretanto, para que um ponto de vista seja aceito, com potencial de, inclusive, ser adotado pelo
leitor, precisamos, a partir do tema, organizar o raciocínio, selecionar, interpretar, levantar e
resolver questionamentos para defendermos nosso posicionamento crítico. Enfim, esse capítulo
focaliza, exatamente, a habilidade de o candidato planejar-se para o enfrentamento da situação-
problema proposta – a esse aspecto chamamos “projeto textual”.
É certo que esses elementos devem estar em harmonia – a harmonia é pressuposto daquilo que
é coerente. A organização e a concisão, ambas, também, têm de estar a serviço do projeto
textual, tornando-o claro/objetivo.
Quanto mais claro o projeto, mais bem delineada a estratégia para organizar, não só o raciocínio
do escritor, como também o do leitor, numa gradação por vezes hierárquica, por vezes
cronológica.
Se, num primeiro instante, conhecemos a arquitetura do texto, ao longo da leitura verificaremos
o cumprimento das etapas intermediária e final da obra/dissertação.
Muito comum o candidato apresentar o tema, conectando-o a um fato histórico (ou qualquer
outro repertório sociocultural).
Por exemplo:
Um ficcionista da literatura brasileira vem à tona quando se enfrentam os desafios para reduzir
o consumo de álcool entre adolescentes, qual seja, Lima Barreto, cuja biografia registra que, por
conta de ser negro e pobre, sofreu preconceito, o que o fez, ainda muito jovem, render-se à
bebida.
3. ANÁLISE DE PROJETOS TEXTUAIS
Projeto A
Um ficcionista da literatura brasileira vem à tona quando se enfrentam os desafios para reduzir
o consumo de álcool entre adolescentes1, qual seja, Lima Barreto, cuja biografia registra que, por
conta de ser negro e pobre, sofreu preconceito, o que o fez, ainda muito jovem, render-se à
bebida2. Infelizmente, no Brasil do século 213, 55% dos jovens de 13 e 14 anos já experimentaram
bebidas alcoólicas, apesar da haver legislação específica sobre o tema4. E não é só: 40% desses
adolescentes alegam que as respectivas famílias também consomem álcool5. Assim, é tempo de
Poder Público e sociedade civil, sob o rigor da lei, envidarem esforços para resolver a questão,
sob pena de retrocessos irreparáveis6.
Análise do Projeto A
1
– Apresentação parcial do tema;
2
– Repertório próprio, reconhecido e pertinente ao tema;
3
– Complemento da apresentação do tema;
4
– Antecipação do 1º argumento;
5
– Antecipação do 2º argumento;
6
– Tese, que, intimamente ligada ao 1º argumento, acena à proposta
interventiva.
Projeto B
Por vezes, verificamos que o candidato faz um projeto textual completo, organizado e claro, mas,
ao longo do texto, ele se desvia do que foi projetado ao: 1) lançar e desenvolver argumentos
novos; 2) propor ações interventivas que, de fato, não focalizam/não resolvem os problemas
levantados. Vamos analisar o desenvolvimento do projeto abaixo (completo, conforme análise
feita anteriormente.)
Projeto C
Parágrafo introdutório:
Um ficcionista da literatura brasileira vem à tona quando se enfrentam os desafios para reduzir
o consumo de álcool entre adolescentes1, qual seja, Lima Barreto, cuja biografia registra que, por
conta de ser negro e pobre, sofreu preconceito, o que o fez, ainda muito jovem, render-se à
bebida2. Infelizmente, no Brasil do século 213, conforme dados recentes do IBGE, 55% dos
adolescentes de 13 e 14 anos já experimentaram bebidas alcoólicas, apesar da haver legislação
específica sobre o tema4. E não é só: 40% desses adolescentes alegam que as respectivas famílias
também consomem álcool5. Assim, é tempo de Poder Público e sociedade civil, sob o rigor da lei,
envidarem esforços para resolver a questão, sob pena de retrocessos irreparáveis6.
Com efeito, é significativo o número de jovens que, por consumirem drogas, abandonam os
estudos. Uma vez desocupados, as chances de também engajarem-se no mundo das drogas
ilícitas mais pesadas são grandes. (...).
Portanto, é preciso que os hospitais reservem vagas às pessoas que consomem álcool, para que
reduza o número de mortes por acidentes automobilísticos provocados por motoristas
alcoolizados. (...).
Por exemplo:
Argumento, conforme projeto textual: (...) 55% dos jovens de 13 e 14 anos já experimentaram
bebidas alcoólicas, apesar da haver legislação específica sobre o tema.
Desenvolvimento: É preciso, ainda, dizer que, muitos jovens, apesar de conhecerem os riscos a
que estão expostos, insistem em beber.
Percebemos que, no exemplo acima, o acréscimo àquilo que havia sido projetado foi irrisório –
faltou habilidade ao candidato para ampliar/desenvolver o argumento.
Um ficcionista da literatura brasileira vem à tona quando se enfrentam os desafios para reduzir o
consumo de álcool entre adolescentes1, qual seja, Lima Barreto, cuja biografia registra que, por conta de ser
negro e pobre, sofreu preconceito, o que o fez, ainda muito jovem, render-se à bebida2. Infelizmente, no
Brasil do século 213, conforme dados recentes do IBGE, 55% dos adolescentes de 13 e 14 anos já
experimentaram bebidas alcoólicas, apesar da haver proibições legais sobre a questão às famílias e
prescrições ao próprio Estado4. E não é só: 40% desses adolescentes alegam que as respectivas famílias
também consomem álcool5. Assim, Poder Público e sociedade civil, sob o rigor da lei, devem resolver a
problemática, sob pena de retrocessos irreparáveis6.
Muito embora o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) proíba a venda de bebida alcoólica para
jovens, isso acontece com frequência, haja vista não haver nem fiscalização eficiente nem punição àqueles
que infringem a lei. Nesse sentido, o Estado é corresponsável pelo alto índice de adolescentes que, graças ao
vício, abandonam os estudos, o que implica, geralmente, o consumo de drogas mais pesadas. Além disso, a
mesma lei que determina que a guarda e o cuidado dos filhos compete aos pais, prescreve também que, em
havendo comportamentos desidiosos por parte da família, cabe ao Conselho Tutelar tomar medidas de
proteção ao adolescente. O Estado é, então, omisso não só no que seja pertinente à redução como também
aos recursos possíveis a evitar o consumo de álcool entre os adolescentes.
Além disso, por vezes, o uso do álcool é, de certa forma, incentivado pela própria família, ao consumir
a bebida. Sem dúvida, é na adolescência que se organizam e se equilibram (ou não) as reações físicas e
emocionais, as quais definem o perfil de um cidadão – o mau exemplo dos pais é determinante ao
comportamento do filho. Outrossim, a literatura médica aponta que são grandes as chances de um
adolescente que consome álcool tornar-se um adulto dependente químico.
Portanto, são imperativas e emergenciais as medidas para reduzir o consumo de álcool por
adolescentes. Aos municípios, segundo as prescrições dos dispositivos do ECA, cabem fiscalizar e a punir
exemplarmente estabelecimentos que forneçam bebidas alcoólicas a menores de idade. Isso deve ser feito
por meio da Guarda Municipal, em estreita parceria com a Delegacia de Polícia. Às Secretarias de Estado de
Educação, por sua vez, cabem determinar às instituições de ensino visitas regulares às casas de recuperação
de dependentes químicos, com a participação não apenas dos alunos, como também dos respectivos pais, a
fim de conscientizá-los a respeito dos riscos a que estão expostos, caso incidam no consumo de álcool. Isso
feito, o jovem de hoje terá uma biografia diferente da de Lima Barreto, que, apesar de tudo, foi e é notável.
7. NÍVEIS DE DESEMPENHO
8. CONCLUSÃO
Ao final das explicações para a avaliação da Competência 3, temos por certo que o corretor reúne
condições para avaliar se o candidato, realmente, leu, entendeu e atendeu aos apelos da proposta,
segundo o projeto textual a ser desenvolvido, parte por parte, ao longo do texto.