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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Centro de Ciências Biológicas


Departamento de Microbiologia e Parasitologia
Disciplina Biologia Parasitária
Discente Cláudia de Moura Dias

Avaliaçã teórica I

1. Na década de 1980, no Brasil registrou-se a primeira epidemia de dengue em


Roraima, posteriormente, no Rio de Janeiro e região nordeste. A partir da segunda metade
da década de 80 houveram sucessivas epidemias, constituindo um grave problema de
saúde pública, sendo a principal doença viral transmitida por um mosquito, o Aedes
aegypti. Este é o vetor da dengue e demais doenças virais, como zika e chikungunya. Hoje
considerado uma espécie cosmopolita , o A. aegypti é originário da África, apresentando
ampla distribuição principalmente pelas regiões tropicais e subtropicais, que são mais
favoráveis para sua proliferação e distribuição.

Focando no âmbito do Estado de Santa Catarina, a presença de focos do A. aegypti,


teve um crescimento anual no período de 2009 até 2015. Neste último, ocorreu com alta
intensidade o fenômeno El niño, com um alto índice de pluviosidade, resultando o aumento
de focos do vetor como nunca antes registrado no estado. De 2015 para 2016 houve uma
queda no número de focos, aproximadamente 30 mil focos a menos, porém a partir de
2016 até o ano atual, 2018, apresenta-se novamente, registros crescentes do número de
focos no estado. No período de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, a DIVE/SC -
Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, identificou mais de dois mil focos
em 91 municípios, sendo 64 destes considerados infestados, uma crescente de 20,7% ao
mesmo período de 2016/2017 (53 municípios infestados). A infestação está relacionado
com a disseminação e infestação dos focos.

Estudos relacionam o número de focos com o crescimento inadequado das áreas


urbanas, indicando um aumento das taxas de infestação. Esse fator contribui para elevar
a quantidade dos potenciais criadouros, na maioria das vezes representado por lixo
depositado de forma e em locais inadequados, como em áreas públicas e/ou terrenos
baldios. Em 2012, o estado de Santa Catarina registrou o lixo urbanos como o segundo
tipo de criadouro mais comum, representando o desenvolvimento de mais de 12% dos
focos do mosquito. No mesmo ano, aproximadamente 50% dos focos do mosquito
registrados no estado, foram no município de Chapecó, sendo evidente o risco de
dispersão do vetor para outras localidades, devido ao ponto de localização estratégica do
município no estado e o alto fluxo de transportes aéreos e terrícolas para outras regiões.
Esta situação é um alerta para o risco de epidemia, evidenciando a fragilidade de políticas
públicas, ações educacionais, gestão de resíduos, a resistência da população em cooperar
com campanhas de controle, agravado pelo alto fluxo de automóveis e pessoas.

As condições climáticas também são influências diretas para o surgimento de novos de


focos: estudos evidenciam que a crescente presença de focos se relaciona com os
períodos de maior pluviosidade, nos meses de setembro e outubro, e a associação com as
altas temperaturas, nos meses de novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março; sendo
que no mês de dezembro há a associação dos dois fatores, chuvas seguidas de altas
temperaturas, ideal para proliferação. Estes resultados auxiliam na compreensão dos
fatores de risco para o estado, podendo auxiliar na implementação de políticas públicas de
controle dos focos de vetor, visto que inexiste uma vacina eficaz para a dengue, e o
controle da doença - e das demais transmitidas por este vetor - deve ser realizado através
do controle populacional do A. aegypti. Porém a atual ação de políticas públicas apresenta
uma ação com resultados deveras limitados, devido a limitação recursos humanos e
materiais; o próprio crescimento inadequado das áreas urbanas, dependência excessiva o
qual potencializa a seleção de organismos mais resistentes e a pouca participação da
população, a qual possui pouco conhecimento sobre o ciclo de vida do vetor. A situação
agrava-se devido a déficit nas políticas municipais de coleta de lixo, abastecimento de
água e saneamento básico.

A comunicação midiática - televisão e rádio - possui grande potencial para para levar o
conhecimento, educando e informando, porém este setor privilegia informações com
caráter de denúncia, sem ênfase para demais faces da situação, usando do
sensacionalismos, alarmando e confundindo a população. É necessário inovações na
educação, saúde e comunicação. Esta poderia iniciar-se pela interação intersetoriais de
caráter político, social, educacional, econômico, etc, estabelecendo e fortalecendo um
engajamento para mitigação/solução de um causa problemática comum à todos.

2. Para início das ações de controle da dispersão da leishmaniose visceral é


necessária a detecção de casos caninos, humanos, silvestres. Realizando a verificação
sorológica de cães das regiões/bairros com casos já identificados ou com suspeitas. Esta
pode ser através da abordagem com os proprietários dos caninos e coleta de material para
exames laboratoriais, estipulando ao menos um número mínimo de abordagens mensais -
exemplo de 200 abordagens/mês.

Os cães não infectados devem receber uma coleira repelente para evitar a
contaminação pelo flebótomo, importante o proprietário receber as devidas orientações,
como sobre troca e validade da coleira, cuidados como uso diário de repelente, evitando
estar fora de casa ao entardecer, telar as aberturas da casa e de onde o animal pernoita.
Já para aqueles animais infectados, deve-se orientar o proprietário sobre os riscos de
manter o animal em convivência humana, realizando no tutor do animal o exame
sorológico, assim como nos moradores e animais da redondeza. O ideal é o animal ser
encaminhado para eutanásia, porém, o proprietário tem o direito de recusar, assim,
pode-se encaminhar o caso para a Vigilância Sanitária do município, a qual poderá
expedir um auto de infração; em persistência na recusa é acionado o Ministério Público de
Santa Catarina, o qual pode ordenar a eutanásia do animal ou responsabilizar o tutor do
animal e cobrá-lo que mantenha e apresente periodicamente documentos comprobatórios
do tratamento vitalício do animal. Sobre a eutanásia, o Projeto de Lei nº 6.474/2013 traz
em seu texto, que a medida extrema seria “permitida nos casos de males, doenças graves
ou enfermidades infectocontagiosas incuráveis que coloquem em risco a saúde de
pessoas ou de outros animais” como apresenta-se no caso da leishmaniose

No caso de cães errantes, o centro de zoonoses pode resgatá-los das ruas e realizar o
teste sorológico que definirá se estes poderão ser adotados, em caso negativo do teste, ou
eutanasiados, no caso positivo para infecção. Coleiras repelentes devem ser distribuídas
gratuitamente para cães os quais seus tutores sejam vulneráveis socioeconomicamente,
através de cadastros e comprovação de renda, assim como em clínicas veterinárias de
atendimento popular. A partir de novas leis municipais pode-se implementar a
obrigatoriedade do uso de coleiras. Campanhas educacionais de conscientização e
prevenção devem ser feitas midiaticamente por rádios e canais televisivos locais;
divulgação de panfletos e cartazes informativos pela cidade e em clínicas veterinárias,
postos de saúde, agropecuárias, pet-shops e escolas, envolvendo e sensibilizando a
comunidade.

Para detecção de casos humanos, tutores de animais infectados devem realizar os


exames, assim moradores da redondeza da ocorrência; levantamentos em hospitais e
postos de saúde devem ser realizados como uma rede onde os próprios profissionais de
atendimento, como médico e enfermeiros devem lançar as informações em um sistema
digital coordenado e fiscalizado pela Secretaria de Saúde do município, assim como um
sistema digital semelhante também deve ser desenvolvido para uso de veterinários. Dessa
forma o mapeamento e as informações sobre a infecção e dispersão do parasita pode
corroborar para estratégias de mitigação e erradicação. Com a comunidade médica do
município pode-se desenvolver woskshops de formação para reconhecimento da LVH e
ação rápida na profilaxia. Veterinários também devem alertar aos tutores de animais sobre
os riscos da doença para os estimados animais e humanos.

Importante realizar o monitoramento da população de flebotomíneos, através de


armadilhas dispostas em locais estratégicos, como no limite entre o regiões de mata e
regiões domiciliares. A verificação e identificação de reservatórios silvestres é fundamental
para o controle da infecção.

Na prevenção de casos alóctones, deve ser realizada intensas campanhas de


divulgação da lei municipal de obrigatoriedade da coleira repelente em animais de
estimação, através de projetos e em parcerias com empresas turísticas para alertar os
visitantes dos riscos de contração da doença; o teste da LVC pode ser realizado em
animais de turistas e distribuição de coleiras repelentes para cães que chegarem no
aeroporto e rodoviária da cidade. Como o controle para aqueles turistas que chegam na
cidade de outras formas, como transporte particulares, a divulgação através de parcerias
com outros municípios, estados, empresas de turismo, aviação, rodoviárias, etc é
fundamental.

Além de questões ecológicas é evidente que aspectos que envolvem n esferas, como
política, jurídica, educacional e institucional, mostram-se como forças motrizes de uma
dinâmica transmissional, creio que seja por conjuntas posicionamentos efeitos ecológicos
que a LVC tenha se propagado de tal forma no município de Florianópolis

QUESTÕES DE LIVRE ESCOLHA:

Na identificação das espécies causadoras dos surtos de diarréia, pode-se coletar a


água de torneira da localidade onde houveram os realizar observações microscópicas e,
se necessário, um teste de imunoensaio enzimático (ELISA). Dependendo dos organismos
encontrados, apenas a microscopia pode não ser o suficiente para identificação de
espécies, como o complexo Entamoeba histolytica/E. dispar.

Para se identificar a contaminação, deve-se coletar água não tratada, antes da


estação de tratamento, e água tratada, depois da estação de abastecimento do local,
podendo verificar a eficácia da estação de tratamento; hortifrutis produzidos e
comercializados na localidade também devem ser inspecionados, para identificar se a
água usada na rega (a qual deve ser analisada também) está ou não contaminada.

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