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Número do processo: 1.0024.06.

219756-1/001(1)
Relator: VALDEZ LEITE MACHADO
Data do Julgamento: 10/04/2008
Data da Publicação: 09/05/2008
Ementa: AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DANO - ACIDENTE DE TRÂNSITO -
CONVERSÃO Á ESQUERDA - CULPA DO CONDUTOR DO VEÍCULO QUE EFETUOU A
MANOBRA - CONDENAÇÃO EM LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - NÃO CARACTERIZADA. Age
com culpa o condutor do veículo que, ao trafegar pela mesma via do veículo abalroado, converge à
esquerda de forma negligente, causando a interceptação do veículo que se aproximava em sentido
contrário. Utilizar-se de procedimento previsto em lei, para defesa de seus interesses, é um direito
assegurado à parte, não havendo porque se aplicar a pena de litigância de má-fé em tais casos.
Súmula: NEGARAM PROVIMENTO.

Ora, a meu ver, não merece qualquer reparo a sentença que concluiu que a colisão decorreu de
culpa exclusiva do réu, conforme se pode verificar do disposto no CTB, mais especificamente nos
artigos 34, 35 e, principalmente o artigo 38, II:

"Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor
deverá:

(...)

II - ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o máximo possível de seu eixo ou da linha
divisória da pista, quando houver, caso se trate de uma pista com circulação nos dois sentidos, ou
do bordo esquerdo, tratando-se de uma pista de um só sentido.

(...)".

Assim, deixando o réu de verificar que o veículo da autora aproximava-se do entroncamento e que
seria muito arriscado convergir à esquerda, agiu negligentemente, interceptando a trajetória do
veículo da autora.

O réu aponta o excesso de velocidade do veículo da autora como causa determinante para a
ocorrência do sinistro, todavia este fato não restou comprovado nos autos, não havendo que se falar
em culpa do motorista da requerente.

A questão foi muito bem apreciada pela sentença, que esclareceu que:

"Tenho, pois que o BO e os depoimentos não deixam dúvida a respeito da dinâmica do acidente,
restando claro que o veículo do réu, que seguia pela rua platina no sentido centro bairro, fez uma
conversão a esquerda, interceptando a trajetória do veículo da autora, que seguia pela mesma rua
platina, em sentido contrário. A manobra efetuada no veículo do réu afronta o disposto nos art. 34 e
38, parágrafo único do CTB. Quanto ao excesso de velocidade que o réu imputa ao veículo da
autora, para os autos não veio a prova satisfatória" (f. 76).

Neste sentido colaciono:

AÇÃO REGRESSIVA DA SEGURADORA - COLISÃO DE VEÍCULOS - CONVERSÃO À


ESQUERDA - PRESUNÇÃO DE CULPA - INTELIGÊNCIA DO ART. 38, INCISO II DO CTB -
EXCESSO DE VELOCIDADE DO VEÍCULO SEGURADO - NÃO-COMPROVAÇÃO -
COBRANÇA REGRESSIVA PROCEDENTE.

É de conhecimento geral que a legislação de trânsito define algumas condutas que ensejam a
presunção de culpa. Dentre elas podemos citar a colisão na traseira, o descumprimento de parada
obrigatória, a saída de garagem ou de posição de estacionamento para entrar na via de trânsito sem
a devida atenção.

Confirmada a versão da vítima pelo próprio ofensor, qual seja, a conversão à esquerda, a este
compete comprovar circunstância que o exima de responsabilidade e, não o fazendo, presume-se
sua culpa e caracteriza-se sua responsabilidade civil.

Quem intenta manobra de conversão à esquerda deve fazê-lo com cuidado e cautela, observando a
distância e o tráfego de veículos que seguem em linha reta, de forma a não os interceptar".

(Apelação Cível n. 453.532-2, 9ª Cam. Cível do extinto TAMG, Relatora Juíza Márcia de Paoli
Balbino, julg. 26-6-04).

"EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO


- CONVERSÃO EM LOCAL PROIBIDO - CAUSA DETERMINANTE DO ACIDENTE -
EXCESSO DE VELOCIDADE - CULPA CONCORRENTE - NÃO DEMONSTRADA -
DENUNCIAÇÂO DA LIDE PELA RÉ - TERCEIRO CONDUTOR - EMBRIAGUEZ -
AGRAVAMENTO DO RISCO DO SEGURO - SITUAÇÃO NÃO CONFIGURADA -
SENTENÇA REFORMADA - RECURSO PRINCIPAL PROVIDO - LIDE SECUNDÁRIA
PROCEDENTE - RECURSO ADESIVO IMPROVIDO.- Não é de se reconhecer culpa
concorrente, se os documentos e as provas trazidas aos autos são concludentes no sentido de que a
causa determinante do acidente foi a conduta do motorista do veículo que efetuou conversão à
esquerda em local proibido, interceptando a trajetória do outro. - O alegado excesso de velocidade
não deve ser considerado fato determinante do evento danoso, pois a culpa grave necessária e
suficiente para o dano exclui a concorrência de culpa ou a culpa sem a qual o dano não se teria
produzido. - O agravamento do risco ensejador da perda do direito ao seguro deve ser imputado à
conduta direta do próprio segurado".

(Apelação Cível n. 1.0024.02.628642-7/001, 12ª Cam. Cível, TJMG, Relator Des. José Flávio de
Almeida, julg. em 6-9-06).

"INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. RESPONSABILIDADE. CONVERSÃO À


ESQUERDA. MANOBRA DE RISCO. CULPA CONCORRENTE. EXCESSO DE
VELOCIDADE. PROVA. NECESSIDADE.

Ao realizar conversão à esquerda em rodovia, é dever do condutor observar atentamente as


condições do tráfego e só dar início à manobra quando verificar que não há risco de colisão.

Para ser reconhecida a culpa concorrente do motorista atingido pelo veículo que realizava a
conversão à esquerda, deverá haver prova concreta de que ele dirigia em excesso de velocidade."

Número do processo: 1.0024.06.119045-0/001(1)


Relator: ROGÉRIO MEDEIROS
Data do Julgamento: 04/09/2008
Data da Publicação: 03/10/2008
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DE VEÍCULO -
SEGUNDA APELAÇÃO INTEMPESTIVA - IMPRUDÊNCIA AO EFETUAR CONVERSÃO -
DEVER DE INDENIZAR - ATO ILÍCITO - PEDIDO ABATIMENTO VEÍCULO SALVADO -
INOVAÇÃO RECURSAL - RECURSO IMPROVIDO. Considerando que durante o recesso
forense, o curso do prazo não se suspende nem se interrompe, prorrogando-se o seu vencimento
para o primeiro dia útil subseqüente, tenho que o presente recurso não pode ser conhecido. Conclui-
se que o acidente ocorreu em virtude de manobra indevida de conversão, em local proibido, pelo
veículo segurado (caminhão), e não em virtude de excesso de velocidade, fato este não
comprovado, sendo a indenização por danos materiais medida que se impõe. No direito privado, a
responsabilidade civil consubstanciada no dever de indenizar, advém do ato ilícito, resultante da
violação da ordem jurídica com ofensa ao direito alheio e lesão ao respectivo titular, exigindo o
pedido indenizatório a caracterização da responsabilidade aquiliana, que não dispensa a prova da
ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente, além do nexo causal entre o comportamento danoso
e a lesão que resultará, características estas que se assentam na teoria subjetiva ou da culpa. Não
tendo sido a referida questão levantada pela apelante antes da prolação da sentença, não se pode
pretender que sobre ela se manifeste este Tribunal, sob pena de violação de dois princípios basilares
do direito, quais sejam, o duplo grau de jurisdição e o devido processo legal.
Súmula: NÃO CONHECERAM DO SEGUNDO RECURSO E NEGARAM PROVIMENTO
AO PRIMEIRO.

Analisando detidamente as provas constantes dos autos, notadamente o croqui de fls. 194-TJ,
verifica-se que o trecho onde ocorreu o acidente é uma curva e em, assim sendo, certo é que não
poderia o veículo segurado fazer uma conversão naquela localidade por ser local proibido e com
expressa vedação legal. Se é proibida a ultrapassagem em curvas, que dirá uma conversão, ainda
mais no período noturno, com pouca visibilidade.

Nesse sentido, o Código de Trânsito Brasileiro determina que:

"Art. 34 - O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la
sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele,
considerando sua posição, sua direção e sua velocidade.

Art .38 - Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor
deverá:

(...)

Parágrafo único . Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem
aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista de via da qual
vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem;"

Ao que parece o condutor do caminhão fez a conversão com o intuito de abastecer no posto
gasolina próximo, quando veio a colidir com o veículo Corolla exatamente na faixa de
acostamento, conforme Laudo do Instituto de Criminalística de fls. 64-TJ. Ora, se considerado o
fato de que o veículo estava fazendo curva e no exato momento do acidente se encontrava no
acostamento deveria estar devidamente sinalizado, para que fosse evitado o acidente, já que se
tratava de período noturno. Não há comprovação nos autos nesse sentido.

De mais a mais, não há qualquer comprovação nos autos de que o veículo do apelado estava em
excesso de velocidade. Ao contrário, é fato inconteste que o condutor do veículo segurado fazia
conversão em uma curva, local este expressamente proibido para tal desiderato pela reduzida
visibilidade. Deveria o condutor do veículo segurado ter agido com cautela, e realizado manobra
em local seguro e permitido, afim de atingir o seu objetivo que era o de abastecer.

O fato do veículo Corolla ter deixado aproximadamente 56 (cinqüenta e seis) metros de marcas de
sua frenagem na pista, não quer dizer que tenha havido excesso de velocidade, mas tão somente o
esforço feito pelo apelado para evitar o acidente, sendo certo que por se tratar de rodovia é sabido
que a velocidade permitida para tráfego é acima da permitida em centros urbanos.

Registra-se que não há qualquer indício de excesso de velocidade no Laudo Pericial fornecido
pelos peritos de São Paulo.

Logo, conclui-se que o acidente ocorreu em virtude de manobra indevida de conversão em local
proibido pelo veículo segurado (caminhão) e não em virtude de excesso de velocidade, fato este
não comprovado, sendo a indenização por danos materiais medida que se impõe.

Partindo da premissa de que restou comprovada a culpa exclusiva do veículo segurado (caminhão)
e existindo os demais elementos integrantes do ato ilícito (nexo causal e dano), o apelante deverá
indenizar a apelada pelos prejuízos sofridos.

No direito privado, a responsabilidade civil consubstanciada no dever de indenizar, advém do ato


ilícito, resultante da violação da ordem jurídica com ofensa ao direito alheio e lesão ao respectivo
titular, exigindo o pedido indenizatório a caracterização da responsabilidade aquiliana, que
imprescinde da prova da ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente, além do nexo causal entre
o comportamento danoso e a lesão que resultará, características estas que se assentam na teoria
subjetiva ou da culpa.

É o que se extrai do art. 186 do atual Código Civil, em correspondência com o artigo 159 do
Código Civil de 1916:

"Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."

Portanto, para que haja o dever de indenizar, há a necessidade de configuração da culpa do agente,
e do nexo causal entre esta e o dano.

O renomado doutrinador Caio Mário da Silva Pereira leciona:

"a) em primeiro lugar, a verificação de uma conduta antijurídica, que abrange comportamento
contrário a direito, por comissão ou por omissão, sem necessidade de indagar se houve ou não o
propósito de malfazer; b) em segundo lugar, a existência de um dano, tomada a expressão no
sentido de lesão a um bem jurídico, seja este de ordem material ou imaterial, de natureza
patrimonial ou não patrimonial; c) e em terceiro lugar, o estabelecimento de um nexo de
causalidade entre um e outro, de forma a precisar-se que o dano decorre da conduta antijurídica, ou,
em termos negativos, que sem a verificação do comportamento contrário a direito não teria havido
o atentado ao bem jurídico." (in "Instituições de Direito Civil", v. I, Introdução ao Direito Civil.
Teoria Geral do Direito Civil, Rio de Janeiro: Forense. 2004. p.661).

Confira-se entendimento jurisprudencial desta Colenda Câmara nesse sentido:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - IMPRUDÊNCIA E/OU


NEGLIGÊNCIA DO CONDUTOR DO VEÍCULO AO EFETUAR CONVERSÃO - COLISÃO
COM BICICLETA QUE TRAFEGAVA NO PASSEIO - REQUISITOS - DEVER DE INDENIZAR
- CONFIGURAÇÃO - INCAPACIDADE LABORATIVA - DANO MATERIAL -
CONFIGURAÇÃO - PENSIONAMENTO MENSAL DEVIDO - LUCROS CESSANTES -
AUSÊNCIA DE PROVA - DANO MORAL - EXISTÊNCIA - INDENIZAÇÃO DEVIDA -
PARÂMETROS DE ARBITRAMENTO. - Para que configure o ato ilícito previsto no art. 186 do
Novo Código Civil, que obriga o agente causador do dano e repará-lo, é imprescindível que haja
prova do fato lesivo, causado por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, do dano
patrimonial ou moral e do nexo de causalidade entre este e o comportamento do agente. -
Comprovados os elementos que impõem a responsabilidade ao agente causador do dano, deve ser
acolhido o pleito indenizatório (...). (TJMG, Apelação Cível nº 2.0000.00.497688-7/000, 14ª Câm.
Cível, rel. Dês. Elias Camilo, julgado em 27/04/2006)."

Quanto à questão do respeito ao limite do contrato de seguro firmado, tenho que restou prejudicada
haja vista a expressa determinação da sentença vergastada nesse sentido.

Por fim, o requerimento de abatimento na condenação do valor auferido pela apelada com a venda
do salvado não merece ser acolhido porque esta matéria não foi argüida anteriormente, constituindo
a alegação em inovação recursal.

Ora, não tendo sido a referida questão levantada pela apelante antes da prolação da sentença, não se
pode pretender que sobre ela se manifeste este Tribunal, sob pena de violação de dois princípios
basilares do direito, quais sejam, o duplo grau de jurisdição e o devido processo legal.

A propósito, proclama a jurisprudência:

"A apelação devolve ao Tribunal o conhecimento das questões suscitadas e discutidas no processo,
não merecendo conhecimento a pretensão recursal que contenha inovação, sob pena de atropelo ao
contraditório e ao duplo grau de jurisdição." (TAMG - Ap. 324.305-8, 1ª C. Cível, Rel. Gouvêa
Rios, j. em 06/2/2001).

Ensina Moacyr Amaral Santos:

"A apelação provoca o reexame da causa. Por ela se devolve ao tribunal o conhecimento das
questões suscitadas e discutidas no juízo a quo, para seu reexame e novo julgamento. Falamos em
reexame para acentuar que, no sistema brasileiro, se devolve ao juízo do recurso o conhecimento
das mesmas questões suscitadas e discutidas no juízo a quo. Haverá, no juízo do recurso, um novo
pronunciamento, um novo julgamento com base no mesmo material de que serviu o juízo de
primeiro grau. Os argumentos poderão variar, mas com fundamento nos mesmos fatos deduzidos e
nas mesmas provas produzidas no juízo inferior." (Primeiras Linhas de Direito Processual Civil,
III/115).

Número do processo: 1.0407.06.011095-1/001(1)


Relator: VALDEZ LEITE MACHADO
Data do Julgamento: 15/05/2008
Data da Publicação: 10/06/2008
Ementa: AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS - ACIDENTE DE TRÂNSITO - VIA
PREFERENCIAL -DESRESPEITO - IMPRUDÊNCIA - INDENIZAÇÃO DEVIDA. O boletim de
ocorrência policial é documento portador de presunção 'iuris tantum' de veracidade, eis que
elaborado por autoridade ou agente público, assim, deve prevalecer até prova robusta em contrário
ou sua elisão através de outros elementos idôneos de convicção. Desrespeitando o condutor de
veículo via preferencial, age com imprudência, em desobediência ao artigo 29, III, 'a', do CTB,
devendo ressarcir os prejuízos a que deu causa.
Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO.

Conforme se constata dos autos, o abalroamento dos veículos ocorreu por culpa exclusiva do
apelante, que foi imprudente ao adentrar a pista de rolamento sem observar a preferência dos
veículos que trafegavam naquele tipo de pista, consoante se observa do Boletim de Ocorrência
emitido pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal (f. 06-13):

"V2 efetuava ultrapassagem em local permitido no momento em que VI saía de uma via lateral
para adentrar a rodovia no sentido contrário ao de V2. Na tentativa de evitar a colisão na mesma
faixa, ambos se deslocaram para o acostamento, onde houve a colisão".

Assevera-se que o Boletim de Ocorrência goza de presunção iuris tantum de veracidade, por se
tratar de documento público emanado de agente público e necessário se faz que apresente a parte
prova bastante para desconstituí-lo, sob pena de prevalecer a versão dos fatos por ele narrada,
elucidando este entendimento o seguinte julgado:

"O boletim de ocorrência policial é documento portador de presunção juris tantum de veracidade
porque elaborado pela autoridade ou agente público, portanto, prevalece até prova em contrário, ou
sua elisão através de outros elementos idôneos de convicção e por isso não há como recusar-lhe
credibilidade" (RT 716/213).

Ressalte-se que o V1 é o veículo de propriedade do autor e estava sendo conduzido por ele e V2 o
veículo de propriedade da ré Clarissa, o qual estava sendo conduzido pelo réu Breno Wesley.

O Código de Trânsito Brasileiro é claro ao estabelecer:

"Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes
normas:

(...)

III - quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não
sinalizado, terá preferência de passagem:

a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela;

b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando por ela;

c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor; (...)" (grifo meu).

Frise-se que o condutor do veículo que transita pela via secundária, antes de realizar a manobra,
deve se certificar se é possível a travessia sem risco para si, para os carros da via preferencial e para
os pedestres, o que evidentemente não foi observado pelo autor, que desrespeitou o disposto nos
artigos 34 e 44 do CTB, causando a colisão.

Reproduzindo-se referidos dispositivos legais:

"Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la
sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele,
considerando sua posição, sua direção e sua velocidade".

"Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve demonstrar
prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que possa deter seu veículo com
segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência".

Colaciono os seguintes julgados nesse sentido:

"O Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 44, estabelece que o condutor de veículo, ao se
aproximar de qualquer tipo de cruzamento, deve agir com cautela, transitando em velocidade
moderada, de forma que possa deter seu veículo com segurança para dar passagem a pedestres e a
veículos que tenham o direito de preferência". (Extinto TAMG, Apelação Cível nº
2.0000.00.356760-6/000(1), 3ª Câmara Cível, rel. Des. Maurício Barros, j. 10-04-2002).

"EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - VIA PREFERENCIAL -


PARADA OBRIGATÓRIA - IMPRUDÊNCIA.

- Age com imprudência o condutor de veículo automotor que, desrespeitando sinalização de parada
obrigatória, adentra em via preferencial, vindo a abalroar veículo que nela trafega. - É dever de
todo condutor de veículo automotor obedecer às normas de trânsito e, em especial, quando a via na
qual trafega encontra-se devidamente sinalizada. - Apelação não provida". (Extinto TAMG,
Apelação Cível nº 2.0000.00.393193-5/000(1), 2ª Câmara Cível, rel. Des. Pereira da Silva, j. 23-
09-2003).

Ademais, não há como se imputar aos réus a responsabilidade pelo acidente ocorrido, tendo em
vista que a ultrapassagem efetuada pelo veículo em que aqueles se encontravam foi realizada em
local permitido.

O depoimento da testemunha Jorge Antônio Pereira Melo, de f. 121, corrobora os fatos narrados no
Boletim de Ocorrência e a conseqüente culpa do autor pelo evento danoso:

"(...) Afirma que a fotografia 01, f. 16, demonstra o local onde ocorrera o acidente, e conforme o
que está vendo em relação à referida fotografia, na pista de rolamento existe uma faixa tracejada".

No que tange ao depoimento da testemunha Antônio Eustáquio da Silva, ainda que tenha afirmado
que a ultrapassagem ocorreu em local proibido, apurou-se que aquele prestou informações em juízo
de duvidosa veracidade, visto que seu depoimento foi contraditório em relação às outras provas
juntadas aos autos, fazendo, inclusive, com que o julgador determinasse a apuração da existência
de crime de falso testemunho.

Reproduzindo-se trecho da sentença a esse respeito:

"Importa ressaltar, ainda, que a testemunha trazida aos autos pelo autor, Sr. Antônio Eustáquio da
Silva, ainda que compromissada nos termos do art. 415 do CPC, prestou informações em juízo de
duvidosa veracidade, visto que se disse presente no momento em que ocorreu a colisão, juntamente
com a outra testemunha trazida pelo autor, Sr. Jorge Antônio Pereira de Melo e que os requeridos
realizavam manobra em local proibido.

Entretanto, contrariando seu depoimento, a segunda testemunha negou que tivesse presenciado o
momento do acidente, pois se encontrava dentro da residência do Sr. Antônio Eustáquio da Silva,
acompanhado do mesmo". (f. 158).
Assim, presentes provas suficientes do fato, da culpa, dos danos e da relação de causalidade (art.
186, do CC/2002), não há como prosperar o recurso do autor, devendo ser mantida a improcedência
do seu pedido, bem como sua condenação ao ressarcimento dos danos causados ao veículo dos
réus.

Diante do exposto, rejeito preliminar e nego provimento ao recurso, para manter a bem lançada
sentença primeva.

Custas recursais pelo autor, no entanto, suspendo a exigibilidade do pagamento, nos termos do
artigo 12 da Lei 1.060/50, pelo fato do mesmo litigar sob o pálio da justiça gratuita.

Número do processo: 1.0145.04.186076-1/001(1)


Relator: ROBERTO BORGES DE OLIVEIRA
Data do Julgamento: 28/03/2006
Data da Publicação: 30/05/2006
Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - ABALROAMENTO -
DEVER DE INDENIZAR. - Conforme artigo 186 do Código Civil de 2002, são pres-supostos da
obrigação de indenizar a existência de a-ção, ou omissão, imputável ao agente, a sua culpabili-dade,
o dano provocado à vítima, bem como o nexo de causalidade, entre este e o comportamento ilícito. -
Age com imprudência o condutor do veículo que, inad-vertidamente, invade a pista de rolamento do
outro au-tomotor, causando o acidente. - O fato constitutivo do direito, daquele que pretende obter
ressarcimento por ato ilícito, deve ser efetivamente demonstrado, incumbindo ao Suplicante o ônus
probató-rio concernente à culpa do ofensor, nos termos do art. 333, I do CPC. - Agravo retido e
primeira apelação não providos e se-gunda provida.
Súmula: Neg. prov. ag. ret. e 1º ap., e der. prov. ao 2º.

Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve de-monstrar
prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que possa deter seu veículo com
segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que te-nham o direito de preferência."

No presente caso, o segundo Apelante tinha o direito de preferência, pois transitava na pista correta
de rolamento, com velocidade moderada, enquanto o primeiro Apelante encontrava-se parado em
local proibido. O primei-ro Apelante, por sua vez, descuidou-se dos cuidados mínimos exigidos
pela legislação de trânsito, posto que, conforme demonstrado alhures, ao realizar uma conversão,
invadiu a pista de rolamento em que trafegava o Apelante, dando causa ao acidente.

Número do processo: 2.0000.00.502259-1/000(1)


Relator: MÁRCIA DE PAOLI BALBINO
Data do Julgamento: 25/08/2005
Data da Publicação: 29/09/2005
Ementa: CIVIL - INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - LEGISLAÇÃO DE
TRÂNSITO - DESCUMPRIMENTO - RESPONSABILIDADE CIVIL - OCORRÊNCIA -
INDENIZAÇÃO - DANO MORAL - VALOR ESTIMATIVO - SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA -
NÃO CARACTERIZAÇÃO. Restando comprovado o descumprimento da legislação de trânsito
pelo motorista do veículo causador do acidente, responde o condutor, dessa forma, por
responsabilidade civil de indenizar. O valor pleiteado de indenização por dano moral é meramente
estimativo. Não há se falar, portanto, em sucumbência, se a indenização for arbitrada em valor
inferior ao pedido, uma vez que há acolhimento do direito material pleiteado na inicial.
Súmula: Negaram provimento

Dispõe o Código de Trânsito Brasileiro:

"Art. 26 - Os usuários das vias terrestres devem:

I - Abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de
pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas".

"Art. 28 - O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção
e os cuidados indispensáveis à segurança do trânsito".

DANO MORAL

Número do processo: 1.007.05.204685-5/001(1)


Relator: BITENCOURT MARCONDES
Data do Julgamento: 29/04/2009
Data da Publicação: 29/05/2009
Ementa: ACIDENTE DE TRÂNSITO - RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA - CULPA -
INTELIGÊNCIA DO ART. 186, CC/02 - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS
- RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. I - O ordenamento jurídico pátrio adota, como
regra geral, a teoria da responsabilidade civil subjetiva, que tem como fundamento a conduta dolosa
ou culposa do agente, a teor do disposto no art. 186, do Código Civil de 2002. II - Comprovada a
existência dos danos materiais e morais, o pagamento da indenização é medida que se impõe.III - O
valor da indenização por danos morais deve ter caráter dúplice, tanto punitivo do agente, quanto
compensatório em relação à vítima, que tem direito ao recebimento de quantia que lhe compense a
dor e a humilhação sofridas, e arbitrada segundo as circunstâncias do caso concreto.
Súmula: NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.

A indenização por danos morais, como cediço, não resultam de diminuição patrimonial, mas de
dor, de desconforto.

Comenta o jurista Carlos Alberto Bittar, citado pelo Desembargador Hyparco Immesi, relator do
acórdão proferido pela Quarta Câmara Cível, no âmbito da apelação cível nº
1.0000.00.335350/000, verbis:

Qualificam-se como morais os danos em razão da esfera da subjetividade, ou do plano valorativo


da pessoa na sociedade, em que repercute o fato violador; havendo- se, portanto, como tais, aqueles
que atingem os aspectos mais íntimos da personalidade humana (o da intimidade e da consideração
pessoal), ou o da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua (o da reputação ou da
consideração social). 2
E mais adiante conclui:

Com isso, os danos morais plasmam-se no plano fático, como lesões às esferas da personalidade
humana situadas no âmbito do ser como entidade pensante, reagente e atuante nas interações
sociais, ou conforme os Mazeaud, como atentados à parte afetiva e à parte social da personalidade.

Dessa forma, não há dúvida acerca da configuração dos danos morais sofridos pela apelada em
decorrência do acidente.

No que tange ao quantum fixado na sentença, isto é, R$ 5.000,00 (cinco mil reais), atende
perfeitamente à função dúplice da indenização por danos morais - punitivo do agente e
compensatório em relação à vítima - notadamente em razão da gravidade das lesões causadas pelo
evento danoso, conforme demonstram os documentos colacionados à inicial.

Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

EMENTA: ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL - MORTE POR CHOQUE


ELÉTRICO - DANO MORAL - VALOR DA INDENIZAÇÃO - JUROS DE MORA - TERMO
INICIAL - SÚMULA 54/STJ.1. O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ com o escopo
de atender a sua dupla função: reparar o dano, buscando minimizar a dor da vítima, e punir o
ofensor, para que não volte a reincidir.2. Posição jurisprudencial que contorna o óbice da Súmula
7/STJ, pela valoração jurídica da prova.3. Fixação de valor que não observa regra fixa, oscilando
de acordo com os contornos fáticos e circunstanciais.4. Acórdão que fixou o valor do dano moral
em R$ 20.000,00 (vinte mil reais) reais que se mantém.5. Em se tratando de ilícito extracontratual,
incide o teor da Súmula 54/STJ, sendo devidos juros moratórios a partir do evento danoso.6.
Recurso especial improvido.3

Número do processo: 1.0335.05.002240-9/001(1)


Relator: JOSÉ ANTÔNIO BRAGA
Data do Julgamento: 04/11/2008
Data da Publicação: 15/12/2008
Ementa: INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - LESÃO CORPORAL - DANOS
MORAIS - REQUISITOS - PARÂMETROS. Comprovados o dano, a conduta culposa e o nexo
causal, é de se impor ao autor do ilícito o dever de reparar o dano, na medida de sua
responsabilidade. A incapacidade temporária decorrente de dano físico gera o dever de reparação
moral, posto que o direito à integridade física é bem juridicamente protegido, devendo ser
indenizada a vítima de sua violação. O valor do dano moral deve ser arbitrado com moderação,
norteando-se o julgador pelos critérios da gravidade e repercussão da ofensa, da posição social do
ofendido e da situação econômica do ofensor.
Súmula: NEGARAM PROVIMENTO A AMBAS AS APELAÇÕES E ALTERARAM PARTE
DISPOSITIVA DA SENTENÇA.

Dano, como se sabe, é toda ofensa a um bem jurídico.

Para a configuração da obrigação de indenizar por ato ilícito, exige-se a presença de três elementos
indispensáveis que, no dizer de Caio Mário da Silva Pereira, constituem-se:

"a) em primeiro lugar, a verificação de uma conduta antijurídica, que abrange comportamento
contrário a direito, por comissão ou por omissão, sem necessidade de indagar se houve ou não o
propósito de malfazer; b) em segundo lugar, a existência de um dano, tomada a expressão no
sentido de lesão a um bem jurídico, seja este de ordem material ou imaterial, de natureza
patrimonial ou não patrimonial; c) e em terceiro lugar, o estabelecimento de um nexo de
causalidade entre um e outro, de forma a precisar-se que o dano decorre da conduta antijurídica, ou,
em termos negativos, que sem a verificação do comportamento contrário a direito não teria havido
o atentado ao bem jurídico."

In casu, restou evidente a culpa do condutor do veículo -Nery Cardoso - que não respeitou a
sinalização de trânsito.

José de Aguiar Dias conceitua culpa como "a falta de diligência na observância da norma de
conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com o
resultado, não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das
conseqüências eventuais de sua atitude" ("in" Da Responsabilidade Civil. v. 1. Rio de Janeiro:
Forense, 1979. p. 127).

Também se observou a comprovação da relação de causalidade entre os danos sofridos pela parte
autora e o acidente de trânsito ocorrido.

A ocorrência de violação moral afigura-se inconteste, tendo em vista as situações dramáticas - dor
sentida no momento do acidente, lesão no tornozelo e pé esquerdo, internação hospitalar e
impossibilidade de trabalho - pelas quais passou o autor, razão pela qual não se pode negar o dever
de reparação.

Importante colacionar o conceito doutrinário de dano moral:

"São lesões sofridas pelas pessoas, físicas ou jurídicas, em certos aspectos da sua personalidade, em
razão de investidas injustas de outrem. São aqueles que atingem a moralidade e a afetividade da
pessoa, causando-lhes constrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e sensações
negativas. Os danos morais atingem, pois, as esferas íntima e valorativa do lesado, enquanto os
materiais constituem reflexos negativos no patrimônio alheio."

(Carlos Alberto Bittar, "Reparação Civil por Danos Morais", in Tribuna da Magistratura, p. 33).

No mesmo sentido, apresenta-se a orientação jurisprudencial:

"EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ATROPELAMENTO - LESÃO CORPORAL - DANO


MORAL PRESUMIDO - REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO - DESCABIMENTO.

Em se tratando de atropelamento, em decorrência do qual sofreu a vítima várias lesões corporais,


que a fez se submeter a três cirurgias, o dano moral é presumido, sendo irrelevante a demonstração
do prejuízo concreto sofrido pela parte. Esta espécie de dano subsiste pela deformidade física,
associada às dores do momento do acidente e durante o tratamento, o que, por óbvio, acarreta
sofrimento, dissabor e angústia, elementos esses caracterizadores do dano moral.

O valor do dano moral deve ser arbitrado com moderação, norteando-se o julgador pelos critérios
da gravidade e repercussão da ofensa, da posição social do ofendido e da situação econômica do
ofensor."

(APELAÇÃO CÍVEL N. 504.097-9, DESEMBARGADORA HELOÍSA COMBAT, j.12/05/2005).


"INDENIZAÇÃO - ACIDENTE DE TRABALHO - ART. 7º, INCISO XXVIII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - LUCROS CESSANTES - RECEBIMENTO DE SALÁRIO
DURANTE O PERÍODO DE INCAPACIDADE - NÃO INCIDÊNCIA DA INDENIZAÇÃO -
FRATURA DO PÉ ESQUERDO - DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA - DANO MORAL -
INCIDÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR - VOTO VENCIDO.

O simples fato de fratura de membro, ocasionando incapacidade temporária, gera o dever de


reparação moral, posto que o direito à integridade física é bem juridicamente protegido, devendo
ser indenizada a vítima de sua violação."

(Apelação Cível nº 264.935-6. Comarca de Areado. Terceira Câmara Civil do TAMG. Relator: Juiz
Edilson Fernandes. Julgado em 07.10.1998).

Restou evidente, portanto, a prova dos danos morais suportados pelo autor, in re ipsa, por força do
próprio evento, representadas pela incapacidade laborativa temporária e a lesão corporal sofrida.

Termos em que se conclui pela manutenção da condenação em danos morais.

Resta, portanto, verificar a possibilidade de aumento ou redução do quantum indenizatório.

Quanto à indenização por danos morais, incumbe registrar que esta cumpre dupla finalidade, a
saber: a) amenizar o sofrimento da vítima (ou de seus familiares, em certos casos), pois a dor
etérea, de natureza psicológica, bem como a dor/incômodo físicos não podem ser objeto de
mensuração por critérios monetários; b) coibir a reincidência do agente que, ao ter uma perda no
seu patrimônio como forma de penitência de uma conduta repudiada pela ordem jurídica, refletirá
melhor sobre a sua atuação na sociedade à qual ele mesmo pertence.

Todavia, a condenação à compensação por danos morais não pode servir de pretexto jurídico para
gerar o enriquecimento indevido da vítima (ou de seus familiares, quando for o caso), mas deve
atingir o patrimônio do causador do dano com o intuito salutar e moderado de propiciar a sua
reflexão e de evitar a sua reincidência em circunstâncias análogas.

Assim, no que respeita ao quantum a ser arbitrado a título de compensação pelo dano moral,
considera-se que o critério para sua fixação deve corresponder a um denominador comum, sendo
sua avaliação de competência única e exclusiva do julgador, que o valorará segundo o grau da
ofensa e as condições das partes.

Ensina Maria Helena Diniz, em sua obra, Curso de Direito Civil - Responsabilidade Civil, que:

"Realmente, na reparação do dano moral o juiz deverá apelar para o que lhe parecer eqüitativo ou
justo, mas ele agirá sempre com um prudente arbítrio, ouvindo as razões das partes, verificando os
elementos probatórios, fixando moderadamente uma indenização. Portanto, ao fixar o quantum da
indenização, o juiz não procederá a seu bel-prazer, mas como um homem de responsabilidade,
examinando as circunstâncias de cada caso, decidindo com fundamento e moderação",
acrescentando que:

"A reparação pecuniária do dano moral não pretende refazer o patrimônio, visto que este, em certos
casos, não sofreu nenhuma diminuição, mas dar ao lesado uma compensação, que lhe é devida,
pelo que sofreu, amenizando as agruras oriundas do dano não patrimonial" (07/77).

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