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Setembro/Outubro 2021
ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95 Ano LI- nº 409
Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL
LAICADO DOMINICANO
SÍNODO DA IGREJA
(continuação da página anterior) geridos, destacando e procurando converter precon-
2. Uma interrogação fundamental impele-nos e ori- ceitos e práticas distorcidas que não estão enraizadas
enta-nos: como se realiza hoje, a diferentes níveis no Evangelho;
(do local ao universal) aquele “caminhar juntos”
que permite à Igreja anunciar o Evangelho, em con- · credenciar a comunidade cristã como sujeito credí-
formidade com a missão que lhe foi confiada; e que vel e parceiro fiável em percursos de diálogo social,
passos o Espírito nos convida a dar para crescer co- cura, reconciliação, inclusão e participação, recons-
mo Igreja sinodal? trução da democracia, promoção da fraternidade e
da amizade social;
Enfrentar juntos esta interrogação exige que nos
coloquemos à escuta do Espírito Santo que, como o · regenerar as relações entre os membros das comuni-
vento, «sopra onde quer; ouves o seu ruído, mas não sabes dades cristãs, assim como entre as comunidades e os
de onde vem, nem para onde vai» (Jo 3, 8), permanecen- demais grupos sociais, por exemplo, comunidades de
do abertos às surpresas para as quais certamente nos crentes de outras confissões e religiões, organizações
predisporá ao longo do caminho. da sociedade civil, movimentos populares, etc;
Ativa-se deste modo um dinamismo que permite co- · favorecer a valorização e a apropriação dos frutos
meçar a colher alguns frutos de uma conversão sino- das recentes experiências sinodais nos planos univer-
dal, que amadurecerão progressivamente. Trata-se de sal, regional, nacional e local.
objetivos de grande relevância para a qualidade da (…)
vida eclesial e para o cumprimento da missão de A interrogação fundamental que orienta esta con-
evangelização, na qual todos nós participamos em sulta do Povo de Deus, é a seguinte:
virtude do Batismo e da Confirmação. Indicamos
aqui os principais, que enunciam a sinodalidade Anunciando o Evangelho, uma Igreja sinodal “caminha
como forma, como estilo e como estrutura da Igre- em conjunto”: como é que este “caminhar juntos” se realiza
ja: hoje na vossa Igreja particular? Que passos o Espírito nos
convida a dar para crescermos no nosso “caminhar juntos”?
· fazer memória do modo como o Espírito orientou o Para dar uma resposta, sois convidados a:
caminho da Igreja ao longo da história e como hoje
nos chama a ser, juntos, testemunhas do amor de 1. perguntar-vos que experiências da vossa Igreja
Deus; particular a interrogação fundamental vos traz à
mente?
· viver um processo eclesial participativo e inclusivo,
que ofereça a cada um – de maneira particular àque- 2. reler estas experiências mais profundamente:
les que, por vários motivos, se encontram à margem que alegrias proporcionaram? Que dificuldades e
– a oportunidade de se expressar e de ser ouvido, a obstáculos encontraram? Que feridas fizeram emer-
fim de contribuir para a construção do Povo de gir? Que intuições suscitaram?
Deus; 3. colher os frutos para compartilhar: onde, nestas
experiências, ressoa a voz do Espírito? O que ela
· reconhecer e apreciar a riqueza e a variedade dos nos pede? Quais são os pontos a confirmar, as pers-
dons e dos carismas que o Espírito concede em liber- petivas de mudança, os passos a dar? Onde alcança-
dade, para o bem da comunidade e em benefício de mos um consenso? Que caminhos se abrem para a
toda a família humana; nossa Igreja particular?
NOTÍCIAS
ESTREMOZ /ELVAS do isto, agradeço a Deus e à sua Santa Mãe (Cecília).
“Um encontro com Deus e com os irmãos. Um momento de
Fraternidade de Estremoz partilha fraterna” (Ana).
visita Fraternidade de Elvas Que a celebração do Ano Jubilar possa derramar
abundantes graças sobre a Ordem dos pregadores e
toda a família dominicana. O Papa Francisco, na carta
de felicitações de bênção apostólica endereçada ao
Mestre Geral, convida a Família Dominicana a abra-
çar uma nova primavera do Evangelho e conta com os
dominicanos para se inserirem no desafio que a
«inalienável dignidade humana de filhos de Deus»
afirmada no Evangelho coloca à Igreja: «Fortalecer os
laços de amizade social, superar as estruturas económicas e
políticas injustas, e trabalhar pelo desenvolvimento integral»
de cada pessoa. Na nossa pequenez e fragilidade quere-
mos como fraternidade leiga dominicana na Cidade
de Estremoz acolher e viver estes apelos.
Neste ano Jubilar da comemoração dos 800 anos Cremilde Rodrigues, op.
(presidente da fraternidade)
da morte de São Domingos a Fraternidade de Estre-
moz decidiu terminar o ano de atividade 2020/2021
indo ao encontro dos irmãos e irmãs da Fraternidade
PORTO
de Elvas, no dia 7 de agosto, para juntas celebrarem a
Fraternidade de São Domingos no Porto
festa de São Domingos.
(Nª Srª do Rosário e Cristo-Rei)
Ao chegar à Igreja de São Domingos em Elvas, o
presidente da Fraternidade Tó Zé fez o acolhimento à
À mesa com frei João
Fraternidade de Estremoz, com carinho, simplicidade
e alegria e numa visita por ele conduzida foi fazendo
uma explicação da riqueza estética, religiosa e domini-
cana existente na Igreja do nosso Pai São Domingos e
da sua história. Seguidamente, deu-se início a um
tempo de oração, reflexão, evocação da santidade de
Domingos, preces e oração do Jubileu.
A celebração eucaristia da solenidade de São Do-
mingos foi muito sentida e participada por todos os
presentes. Enquanto presidente da fraternidade de
Estremoz, tenho muita alegria em partilhar testemu-
nhos de alguns dos membros que estiveram presentes:
“A certeza de que o Divino e o Humano se interligaram e
estiveram presentes naquela tarde” (Carla). “A peregrina-
ção à Igreja de São Domingos de Elvas foi para mim um Na sua reunião de Outubro, esta Fraternidade es-
momento de enriquecimento espiritual. Todo o clima envol- tudou parte do texto da conferência de Março deste
vente me ajudou a saborear e a viver a Palavra. Pude des- ano do Fr. Rui Carlos Lopes OP sobre o tema jubilar:
frutar da alegria, do acolhimento, da simplicidade que os »À mesa com Domingos». E vivendo essa mesma experi-
nossos irmãos de Elvas nos proporcionaram, o que me levou ência de estar à mesa em fraternidade, viveu igual-
a sentir como é bom viver em fraternidade. (Antónia). “É mente a celebração dos 90 anos de vida do seu assis-
difícil explicar a alegria interior que senti, o estado de Espí- tente religioso Fr. João Leite OP. GS
rito tão leve e tão lá em cima, distante das coisas terrenas
que me parecia estar de mão dada com São Domingos. Tu-
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Laicado Dominicano Setembro/Outubro 2021
NOTÍCIAS
MACEDO DE CAVALEIROS
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FAMÍLIA DOMINICANA
ÁFRICA
Primeiro frade moçambicano
Fr. Pedro Manuel Ouana OP é o primeiro frade
moçambicano da Ordem dos Pregadores. Assim nos Devido ás dificuldades financeiras provocadas pela
relata o Boletim Inter-Africano-OP crise pandémica do Covid 19, a Casa das Irmãs Domi-
de Agosto deste ano. nicanas encerrou as suas portas definitivamente.
Nascido em 1983 em Maputo, Mo- São inúmeros os eventos que tiveram lugar nesta
çambique, licenciou-se em filosofia casa ao longo das últimas décadas: assembleias do Lai-
na Universidade São Tomás de cado, jornadas da Família dominicana, dias de forma-
Aquino de Maputo na área dos ção, etc.
recursos humanos e ética. Foi ad- Ali a Família Dominicana estava em casa. Que fal-
mitido na Ordem dos Pregadores ta nos vai fazer!
em 2012 e realizou o noviciado no Cristina Busto,o.p.
Quénia. Proferiu os seus votos so-
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PAPA FRANCISCO
«E a todos quero pedir em nome de Deus….»
A 18 de Outubro, o Papa Francisco enviou uma ví- traficantes de armas que cessem totalmente as suas
deo-mensagem aos líderes dos Movimentos Popula- atividades, que fomentam a violência e a guerra, mui-
res e na qual, sob a forma de vários pedidos «em nome tas vezes como parte de jogos geopolíticos cujo custo
de Deus» segundo uma métrica poética muito bela, são milhões de vidas e deslocações.
resume, ou melhor, indica os principais pontos da
doutrina social da Igreja para os dias de hoje. Quero pedir, em nome de Deus, aos gigantes da tec-
nologia que deixem de explorar a fragilidade huma-
Selecionamos, para o espaço disponível, o que nos na, as vulnerabilidades das pessoas, para obterem
pareceu mais relevante. GS lucro, independentemente de como aumentam os
discursos de ódio, o grooming [aliciamento de meno-
——————————————————————————————————— res na internet], as fake news [notícias falsas], as teori-
as da conspiração, a manipulação política.
«Bem-aventurados os pacificadores, por-
que serão chamados filhos de Quero pedir, em nome de Deus, aos gigantes das
Deus» (Mt 5, 9). telecomunicações que liberalizem o acesso aos conte-
údos educativos e o intercâmbio com os professores
Queremos que esta bem-aventurança se estenda, pe- através da internet, para que as crianças pobres pos-
netre e unja cada canto e cada espaço onde a vida sam receber uma educação em contextos de quaren-
está ameaçada. (:::) E começo a pedir. A pedir a to- tena.
dos. E a todos quero pedir em nome de Deus.
Quero pedir, em nome de Deus, aos meios de comu-
Aos grandes laboratórios, que liberalizem as paten- nicação social que ponham fim à lógica da pós-
tes. Que realizem um gesto de humanidade e permi- verdade, da desinformação, da difamação, da calúnia
tam que cada país, cada povo, cada ser humano, te- e daquela atração doentia pelo escândalo e pelo duvi-
nha acesso à vacina. Há países onde apenas três, qua- doso; que procurem contribuir para a fraternidade
tro por cento dos habitantes foram vacinados. humana e a empatia com as pessoas mais feridas.
Quero pedir, em nome de Deus, aos grupos financei- Quero pedir, em nome de Deus, aos países podero-
ros e organismos internacionais de crédito que per- sos que cessem as agressões, bloqueios e sanções uni-
mitam que os países pobres garantam as necessidades laterais contra qualquer país em todas as partes do
básicas ao seu povo e perdoar as dívidas tão frequen- mundo. Não ao neocolonialismo. Os conflitos de-
temente contraídas contra os interesses desses mes- vem ser resolvidos em organismos multilaterais, tais
mos povos. como as Nações Unidas. Já vimos como acabam as
intervenções, invasões e ocupações unilaterais, mes-
Quero pedir, em nome de Deus, às grandes empresas mo que se realizem sob os mais nobres motivos ou
mineiras, petrolíferas, florestais, imobiliárias e agro- coberturas.
alimentares que deixem de destruir florestas, zonas Este sistema, com a sua lógica implacável de lucro,
húmidas e montanhas, que deixem de poluir rios e está a fugir de qualquer controlo humano. É tempo
mares, que deixem de intoxicar as pessoas e os ali- de pôr travões à locomotiva, uma locomotiva fora de
mentos. controlo que nos está a conduzir rumo ao abismo.
Ainda há tempo.
Quero pedir, em nome de Deus, às grandes empresas
alimentares que deixem de impor estruturas mono- Aos governos em geral, aos políticos de todos os par-
polistas de produção e distribuição que inflacionam tidos, quero pedir, juntamente com os pobres da ter-
os preços e acabam por ficar com o pão dos famin- ra, que representem os seus povos e que trabalhem
tos. para o bem comum. Quero pedir-lhes a coragem de
olhar para os próprios povos, de fitar as pessoas nos
Quero pedir, em nome de Deus, aos fabricantes e (continua na página seguinte)
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LEITURAS OPortunas
* Título: A Arte de Viver em Deus
* Autor: Fr. Timothy Radcliffe OP
* Ano: 2021
* Editora: Paulinas / paulinas.pt
* Preço: 20,99
F I C H A T É C N I C A
Jornal bimensal Colaboram neste número: Fr. Gonçalo Diniz. Cremilde Rodrigues,
Publicação Periódica nº 119112 / ISSN: 1645-443X Armindo Geraldes
Propriedade: Fraternidades Leigas de São Domingos
Contribuinte: 502 294 833 Depósito legal: 86929/95 Administração: Maria do Céu Silva (919506161)
Endereço: Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 PORTO Rua Comendador Oliveira e Carmo, 26 2º Dtº
E-mail: laicado@gmail.com 2800– 476 Cova da Piedade
Directora: Cristina Busto Redacção: José Alberto Oliveira/Gabriel Os artigos publicados expressam apenas a opinião dos seus autores.
Silva.
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